Arguição de nulidade da citação CPC 214

Embed Size (px)

Citation preview

PEDIDO NULIDADE CITACAO

EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 00 VARA CVEL DE CURITIBA - PR.

Ao de Reparao de Danos

Proc. N. 13244.55.2012.7.88.0001/0009

Autora: PEDRO DAS QUANTAS

R: EMPRESA ZETA LTDA

Intermediada por seu procurador abaixo assinado onde, em razo de urgncia, nos termos do art. 37 da Legislao Adjetiva Civil (segunda parte), pede concesso de prazo de 15 dias para juntada da procurao -- , comparece, com o devido respeito presena de Vossa Excelncia, EMPRESA ZETA LTDA, pessoa jurdica de direito privado, com sua sede em So Paulo (SP), na Av. Beta, n. 0000, centro, incrita no CNPJ (MF) sob o n. 33.555.777/0001-88, unicamente para, com supedneo no art. 214, 2, do Cdigo de Processo Civil, arguir a NULIDADE DA CITAO,em decorrncia dos motivos abaixo expostos. DA NULIDADE DO ATO CITATRIO

Como matria de fundo do presente arrazoado, a R argumenta, no presente estgio processual, to-somente a nulidade do ato citatrio, linhas essas que assevera com estribo no art. 214, 2, do Caderno de Ritos.

Observa-se destes autos que o ato citatrio, realizado por mandado, direcionou-se a empregado da R, no caso senhor Francisco da Paz, auxiliar administrativo. Este, vale destacar, jamais tivera poderes especiais para receber ato citatrio, maiormente pelas funes que exerce na sociedade empresria em espcie. Por prudncia, a corroborar tais argumentos, de logo acostamos ao presente arrazoado cpia da CTPS do referido empregado. (doc. 01) I

Dessarte, observa-se que o mencionado empregado nunca detevivera poderes de gerncia e/ou administrao, onde, para tanto, carreamos cpia do contrato social e do ltimo aditivo da sociedade empresria em vertente. (docs. 02/03)CDIGO DE PROCESSO CIVILArt. 12 Sero representadas em juzo, ativa e passivamente:( . . . )VI as pessoas jurdicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, no os designando, por seus diretores.

Art. 215 Far-se- a citao pessoalmente ao ru, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado.

Art. 223 (...)

Pargrafo nico A carta ser registrada para entrega ao citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o ru pessoa jurdica, ser vlida a entrega a pessoa com poderes de gerncia geral ou de administrao.

Nula, pois, sem sobra de dvidas, a citao em mira. Maior razo para isto, que todos os scios encontravam-se na empresa, sendo totalmente impertinente a citao na pessoa de mero empregado da Promovida.

Na hiptese em estudo, ou seja, de citao invlida, a nulidade absoluta posto que este ato pressuposto essencial para a validade do processo. A citao vlida essencial para que o processo possa se desenvolver regularmente, conforme o disposto no art. 214 do CPC. certo, porm, que a falta ou nulidade de citao so supridas pelo comparecimento espontneo do demandado (art. 214, 1).A importncia da citao vlida tanta que alguns autores chegam a consider-la pressuposto processual de validade. (CMARA, Alexandre Freitas. Lies de Direito Processual Civil. 16 Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, vol. 1. Pg. 271)

Com referncia ainda ao tema ora abordado, tomemos as lies de Humberto Theodoro Jnior, o qual professa que:

Permite, outrossim, o 1 do artigo 215, a citao excepcional do mandatrio, administrador, feitor ou gerente, mesmo em se tratando de ru pessoa fsica, [sic] e ainda que inexistam poderes especficos outorgados para recebimento da citao, desde que se observem os seguintes requisitos:a) tenha a ao se originado de atos praticados pelos referidos gestores;

b) esteja o ru ausente, no no sentido tcnico, porque ento sua representao caberia ao curador, mas, no sentido prtico, ou seja, de pessoa fora do domiclio. No suficiente o fato de ter o ru domiclio ou residncia fora da sede do juzo, se conhecidos, nem tampouco basta o afastamento eventual e breve do demandado. O que autoriza a medida excepcional do art. 215, 1, a ausncia prolongada e indefinida, maliciosa ou no, que torna embaraosa a citao pessoal. (In, Curso de direito processual civil. 51 Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. Pg. 270)

Importa ressaltar, ademais, alguns julgados que encontram-se em sintonia com a tica aqui empregada: AGRAVO DE INSTRUMENTO. COBRANA DE DESPESAS CONDOMINIAIS. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA DE IMVEL. PACTO NO REGISTRADO. TRANSMISSO DE POSSE. Responsabilidade do promitente comprador pelas prestaes vencidas posteriormente ao contrato. Ilegitimidade passiva do promitente vendedor. Excluso escorreita. Precedentes. "A despeito de ainda no ter sido registrado o contrato de promessa de compra e venda, cabe ao promitente comprador de unidade autnoma as obrigaes respeitantes aos encargos condominiais, quando j tenha recebido as chaves e passado a ter assim a disponibilidade da posse, do uso e do gozo da coisa" (STJ, RESP n. 135.122/RJ, Rel. Min. Cesar asfor Rocha). Citao postal. Recebimento da carta (AR) por terceira pessoa. Irregularidade. Cincia inequvoca da r acerca da actio no comprovada. Revelia inocorrente. Exegese do art. 215 do CPC. Necessidade de renovao do ato, sob pena de nulidade futura. Recurso conhecido e improvido. "Na linha da orientao adotada por este tribunal, para a validade da citao de pessoa fsica pelo correio, necessria a entrega da correspondncia registrada diretamente ao destinatrio, de quem deve ser colhida a assinatura no recibo, no bastando, pois, que a carta apenas se faa chegar no endereo do citando" (STJ, RESP n. 810.934/RS, Rel. Min. Jorge Scartezzini). (TJSC - AI 2011.041154-4; Capital; Terceira Cmara de Direito Civil; Rel. Juiz Saul Steil; Julg. 17/04/2012; DJSC 30/04/2012; Pg. 99)RECURSO DE APELAO. AO DE DESEJO C/C COBRANA DE ALUGUEIS E ACESSRIOS. PRELIMINAR. NULIDADE DE CITAO. CITAO VIA CORREIO-PESSOAFSICA. RECEBIMENTOPOR TERCEIRO. NECESSIDADE DA ENTREGA DA CARTA REGISTRADA PESSOALMENTE AO RU. INOCORRNCIA DESSA FORMALIDADE. NULIDADE DO ATO CITATRIO. VIOLAO DA REGRA CONTIDA NOS ARTS. 215 E 223, PARGRAFO NICO, DO CPC. AUSNCIA DE PROVA EM CONTRRIO. PRELIMINAR ACOLHIDA. RECURSO PROVIDO. Nula a citao realizada pelo correio, quando a entrega da correspondncia registrada no ocorre diretamente ao destinatrio, aquele que deve apor assinatura no recibo. Cabe ao autor o nus de provar que o ru teve conhecimento da demanda contra ele ajuizada. (TJMT - APL 104344/2011; Capital; Sexta Cmara Cvel; Rel. Des. Guiomar Teodoro Borges; Julg. 21/03/2012; DJMT 29/03/2012; Pg. 45)AGRAVO DE INSTRUMENTO. AO DE OBRIGAO DE FAZER.

Recurso interposto contra deciso que decretou a revelia do ru. Citao efetivada na pessoa de conselheiro do condomnio na ausncia do sndico. Previso em assemblia da figura do subsndico, substituto do representante regular do condomnio. Nulidade da citao que se impe, porquanto ao arvorar-se na condio de representante do condomnio atuou ilegitimamente o conselheiro, haja vista que a validade da citao implica na pessoalidade do ato, como enuncia o artigo 215 do cdigo de processo civil, cujos efeitos materiais da constituio em mora e da interrupo do prazo prescricional somente se produzem em face da perfectibilidade do ato em relao quele indicado no plo passivo. Provimento do recurso. Agravo regimental. Aplicao do principio da fungibilidade, recebendo o recurso como agravo inominado. Desprovimento do agravo inominado. (TJRJ - AI 0064615-48.2010.8.19.0000; Oitava Cmara Cvel; Rel. Des. Luiz Felipe Francisco; Julg. 15/03/2011; DORJ 30/03/2011; Pg. 96)EM CONCLUSO

Dessarte, com abrigo nos artigo 243, 247, 248 e 249, todos da Legislao Instrumental Civil, a Promovida vem pleitear(01) que seja decretada a nulidade do presente processo, a partir da citao, reabrindo-se, por tal fundamento, o prazo para a R ofertar sua defesa. (CPC, art. 214, 2)

Respeitosamente, pede deferimento.

Curitiba (PR) 00 de maio de 0000.

1