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Aristides de Sousa Mendes Uma homenagem Escola Secundária de Viriato : Equipa BE

Aristides de Sousa Mendes

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biografia do cônsul de Bordéus

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Page 1: Aristides de Sousa Mendes

Aristides de

Sousa

Mendes Uma homenagem

Escola Secundária de Viriato : Equipa BE

Page 2: Aristides de Sousa Mendes

Aristides de Sousa Mendes

Biografia

Aristides de Sousa Mendes é, atualmente, considerado um herói da

História de Portugal.

Pretendemos prestar também esta singela homenagem, aproveitando o

lançamento do filme sobre a sua vida, assinalando, também o facto de ser o

protagonista de uma das obras escolhidas para a Comunidade de leitores,

cuja temática é a discriminação e por ser natural da região de Viseu.

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Nascimento e família

Aristides de Sousa Mendes do Amaral e Abranches nasceu a 19 de julho

de 1885, em Cabanas de Viriato (Carregal do Sal), localidade situada a

cerca de 30km a

sul de Viseu.

Pertencia a uma

família

aristocrática e católica da Beira-Alta. O pai, José de Sousa Mendes,

terminou a carreira de juiz no Tribunal da Relação de Coimbra. A mãe, Maria

Angelina do Amaral e Abranches, descendia da “Casa de Midões”, uma Casa

com tradições “Liberais”. Aristides de Sousa Mendes tinha um irmão

gémeo, César, e um irmão mais novo, José Paulo.

Aristides cursou Direito na Universidade de Coimbra, juntamente com seu

irmão César, tendo sido um dos seis melhores estudantes do seu curso.

Depois de se licenciar, em 1907, com 22 anos, fez o estágio de advocacia,

tendo defendido alguns casos no início da sua carreira.

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Carreira diplomática e família

Em 1910, ainda durante a monarquia, Aristides e César ingressaram na

carreira diplomática. Aristides exerceu funções como Cônsul de Carreira na

Guiana Britânica, em Zanzibar, no Brasil (Curitiba e Porto Alegre), nos

Estados Unidos, (San Francisco e Boston), em Espanha (Vigo), no

Luxemburgo, na Bélgica e, finalmente, em

França (Bordéus).

Casado com sua prima direita, Maria

Angelina, a família de Aristides de Sousa

Mendes foi crescendo a par da sua

carreira diplomática. Assim, quatro dos

seus filhos nasceram em Zanzibar, dois no

Brasil, dois nos Estados Unidos, um em

Espanha, dois na Bélgica e três,

perfazendo o total de 14. Valorizando a

presença da família, Aristides de Sousa Mendes optou por nunca dela se

separar, assegurando a educação dos seus filhos, em todos os países por

onde passou.

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Cônsul em Bordéus

A vida de Aristides assume uma dimensão inesperada em 1940, em Bordéus,

França. Aristides vai para Bordéus, em agosto de 1938, contrariado, não

entendendo por que razão Salazar o não promove para um posto no Extremo

Oriente.

Em Setembro de 1939, começa a Segunda Guerra Mundial, e logo em

novembro desse ano, Salazar, de forma clara, alinha-se ao lado do mais

forte, Hitler, para poupar Portugal a uma

hipotética invasão nazi. Esse alinhamento

traduziu-se pela promulgação da Circular

14, através da qual Salazar proíbe a

concessão de vistos a judeus, apátridas e

outros “indesejados”. Na prática, nenhum

diplomata português estava autorizado a

passar vistos de entrada, em Portugal, a

judeus.

Apesar desta circular Aristides concede

vistos de entrada em Portugal.

No início de 1940, Aristides é formalmente avisado por Salazar para não

conceder mais vistos a judeus, pois “se o fizer, ficará sujeito a

procedimento disciplinar”. Paris, entretanto, cai ante o avanço das tropas

nazis, a 14 de junho, e, no dia seguinte, Bordéus fica submergida de

refugiados.

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A desobediência

A 19 de junho, Aristides segue para o Consulado em Bayonne, onde continua

a maratona de concessão de vistos, na própria rua, uma vez que as escadas

do edifício poderiam não suportar o peso de tão grande fila de espera. Vai

depois para Hendaye/Irun e continua de um lado para o outro, salvando

pessoas nas estradas do sul de França, nas

estações de caminhos-de-ferro, conduzindo

mesmo um grupo de refugiados através dos

Pirenéus, a pé e de automóvel.

Segundo os registos da polícia política

PVDE, que a partir de 1945 se transformara

na PIDE, entraram em Portugal, só nos dias

17, 18 e 19 de Junho de 1940, cerca de 18

000 pessoas com vistos assinados pelo

“Cônsul desobediente”. “Os guardas da fronteira de Vilar Formoso não se

lembram de ter visto tanto movimento.” O Alto Comissariado para os

Refugiados da Sociedade das Nações calculou que nesse verão terão

entrado, em Portugal, mais de 40 000 refugiados. Esse número é confirmado

pela organização judaica “Joint”. Na sua casa em Cabanas de Viriato,

Aristides recebeu dezenas de refugiados, sobretudo no Verão de 1940,

nomeadamente, as famílias dos Ministros belgas, no exílio, Albert de

Vleeshchouwer e Van Zealand, um alto responsável das finanças belga, assim

como muitas freiras e outros religiosos conhecidos do seu tempo de Louvain.

Page 7: Aristides de Sousa Mendes

O afastamento do cargo e a morte

A 23 de junho de 1940, Salazar determina o seu afastamento de Aristides

de Sousa Mendes do cargo, enviando o Embaixador Teotónio Pereira para

Bordéus.

Em Portugal, Sousa Mendes solicita, em vão, uma audiência a Oliveira

Salazar. Este determinou, a 4 de julho, a abertura de um processo

disciplinar ao diplomata. Como

consequência, Aristides de

Sousa Mendes é afastado da

carreira diplomática e de

qualquer atividade profissional,

sendo ostracizado pelos seus

pares, familiares e amigos. Os

filhos, perseguidos e sem

conseguir encontrar trabalho em Portugal, são obrigados a emigrar.

Entre 1940 e 1954, Aristides entra num processo de “decadência”,

perdendo, mesmo, a titularidade do seu gesto salvador pois, Salazar

apropria-se do ato. Através da propaganda do Estado Novo, os jornais do

regime louvam Salazar: “Portugal sempre foi um país cristão” é o título de

um Editorial do Diário de Notícias do mês de Agosto de 1940, em que

Salazar é louvado por ter salvado refugiados no Sul de França. Até Teotónio

Pereira, reclama, nas suas “Memórias”, a ação de Aristides de Sousa Mendes

como sendo de sua autoria!

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A sua morte

O cônsul morre a 3 de Abril de 1954.

“Lisboa, 3 de Abril de 1954. Estou no Hospital da Ordem Terceira, na Rua

Serpa Pinto. Abro a mala, retiro o lenço, enxugo os olhos. O meu tio, Dr.

Aristides de Sousa Mendes, acaba de falecer, trombose cerebral agravada

por pneumonia. A sua esposa, a

minha tia Angelina, morreu em

1948 com uma hemorragia

cerebral e ficou vários meses em

coma, coitada.

Todos os seus filhos, meus primos,

vivem hoje nos Estados Unidos e

no Canadá, conseguiram escapar a

tempo deste purgatório... Sou eu a

única familiar presente.

O meu tio era um homem bom, sempre a pensar no bem dos outros. É por

isso que morre pobre e desonrado.”

Page 9: Aristides de Sousa Mendes

Reabilitação da sua memória

No seguimento da sua auto defesa também os refugiados e os próprios

filhos de Sousa Mendes

continuaram a divulgar e a

defender a sua atuação como

Cônsul de Portugal em

Bordéus, na fatídica semana

de 17-23 de Junho de 1940,

em que se disputava o futuro

da França e da Europa.

Os depoimentos do Rabbi Chaim Krugger e de outros refugiados foram

recolhidos e confirmados pelo Yad Vashem, que reconheceu Aristides de

Sousa Mendes como Justo entre as Nações, “Righteous Gentile”, em

Outubro 1966. Entretanto, o seu filho Sebastião Miguel, que acompanhou

todo o drama, tinha já publicado um livro, parcialmente romanceado, com o

título “Flight through Hell “ em que registou alguns dos principais momentos

da vida do pai.

A sua filha Joana redobrou-

se a escrever cartas a

várias entidades e ao

próprio Salazar. Na

Califórnia, o seu filho João

Paulo recolheu assinaturas numa petição a favor da reabilitação que foi

entregue ao governo português.

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Finalmente, em Maio 1987, o Presidente Mário Soares confere-lhe a título

póstumo, a Ordem da Liberdade entregue à filha Joana na Embaixada de

Portugal, em Washington, e na presença de numerosos descendentes e

representantes das comunidades judaicas e portuguesas. Poucos dias depois,

Aristides de Sousa Mendes é homenageado pelas comunidades portuguesas

e judaicas em Newark, New Jersey. Em 1989, a Assembleia da República

finalmente reparou a grave injustiça que lhe fora cometida, reintegrando

Aristides de Sousa Mendes no serviço diplomático por unanimidade e

aclamação. As homenagens sucedem-se desde então.

A vida de Aristides de Sousa Mendes é também filme: “Desobediência”

incide sobre a vida desta figura emblemática portuguesa.

(biografia inspirada nas informações do site:

http://www.fundacaoaristidesdesousamendes.com/)

Page 11: Aristides de Sousa Mendes

Vistos para a vida

Em 1940 Sousa Mendes passa vistos a milhares e

milhares de refugiados de guerra.

É um espanto, este Dr. Mendes. Na manhã do dia 17 de Junho de 1940 avisa-

me:

- Rabi, sossegue, vou passar vistos

a toda gente.

Nos dias 17, 18 e 19, ele e dois dos

seus filhos mais velhos trabalham

sem parar, nem sequer para

almoçar ou jantar, exaustão.

Passam milhares e milhares de

vistos, os refugiados já organizados em filas. Os passaportes são colectivos,

familiares. No meu constam oito nomes, o

meu, o da minha mulher e os dos meus

filhos. Assim acontecendo com quase todos,

calculo que o Dr. Mendes, nesses três dias,

tenha passado uns 30 mil vistos, dos quais

10 mil a judeus, pelo menos.

Não se dá por contente. Obedecendo às

instruções que recebera de Lisboa, o Cônsul

de Portugal em Bayonne recusa-se a passar

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vistos aos refugiados de guerra. Porém o Dr. Mendes é seu superior.

Desloca-se a Bayonne, que

fica junto da fronteira

franco-espanhola, e é ele-

mesmo quem, mais uma vez,

passa milhares de vistos. O

mesmo acontece com o

Consulado de Portugal em

Hendaia. Também aí o Dr. Mendes passa milhares de vistos.

No dia 24 de Junho o Dr. Mendes mostra-me e traduz-me um telegrama que

acabara de receber. É chamado imediatamente a Lisboa e acusado

por Salazar, o Primeiro-ministro português, de “concessão abusiva de vistos

em passaportes de estrangeiros". Depois de 32 anos de serviço, o Dr.

Mendes vai ser demitido sem receber qualquer reforma ou indemnização, e

12 filhos tem ele para criar. Cuidar de 12

filhos é obra! Compadeço-me, voz

embargada, ihre mazle, má sorte a sua.

Mas é ele quem atalha, quem me anima: -

Rabi, se tantos judeus sofrem por causa

de um demónio não-judeu, também um

cristão pode sofrer com o sofrimento de

tantos judeus...

A grosse Mensche, um grande

Homem!

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SALAZAR NÃO PERDOA

O meu nome é Schmil Goldberg. Mas, se quiserem, podem tratar-me por

Samuel. Sou judeu e americano. Em 1941 estou em Portugal para dar

assistência a refugiados de guerra, trabalho voluntário. Na Cozinha

organizada pela Comunidade Israelita de Lisboa tenho a oportunidade de

conhecer o Dr.

Aristides de

Sousa Mendes.

Foi ele o

diplomata, o

Cônsul que, em

França, passou

milhares e

milhares de vistos a judeus fugidos do nazismo. Uns já partiram para a

América, outros ainda estão em Portugal. Também prestamos auxílio ao Dr.

Sousa Mendes, pois ele e a família estão muito carenciados. Foi demitido,

não recebe qualquer pensão do Governo e, apesar de licenciado em Direito,

está proibido de exercer a advocacia e os seus filhos foram impedidos de

frequentar a Universidade. O seu irmão, que era embaixador, também foi

demitido.

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Vê-se que Salazar jamais perdoará o gesto humanitário do Dr. Sousa

Mendes. Num povoado do Distrito de Viseu, o ex-Cônsul possui um palácio

onde chegou a albergar muitas famílias de refugiados, às quais, em França,

passara vistos para entrada em Portugal. Mas, para atender às necessidades

da sua numerosa família, foi obrigado a hipotecar todo o recheio. O Dr.

Sousa Mendes já não dispõe de meios financeiros para sobreviver, está

condenado à miséria. Temos o dever de auxiliá-lo e auxiliamos. Até lhe

proporcionamos condições para que alguns dos seus filhos emigrem para os

Estados Unidos e Canadá. Os que lá se estabelecerem mandarão cartas de

chamada para os outros, estou certo disso.

Page 15: Aristides de Sousa Mendes

RECLAMAÇÃO

Em 1945, terminada a guerra, desaparecem os condicionalismos políticos que

desaconselhavam a reapreciação do meu processo. Envio carta ao Presidente

da Assembleia Nacional. A mim me referindo na 3.ª pessoa, reclamo:

«Tendo-lhe sido enviadas instruções pelo ministro dos Negócios

Estrangeiros sobre vistos em passaportes, essas

instruções continham na 1ª alínea a proibição

absoluta de os dar aos israelitas, sem

discriminação de nacionalidade.

Tratando-se de milhares de pessoas de

religião judaica, de todos os países

invadidos, já perseguidas na Alemanha

e noutros países seus forçados

aderentes, entendeu o reclamante que

não devia obedecer àquela proibição por a

considerar inconstitucional em virtude do

art.º 8.º n.º 3 da Constituição, que garante liberdade e

inviolabilidade de crenças, não permitindo que ninguém seja perseguido por

causa delas, nem obrigado a responder acerca da religião que professa,

medida que aliás se lhe tornava necessária para saber a religião dos

impetrantes, e assim negar ou conceder o visto.

Nestes termos, se o reclamante não obedeceu à ordem recebida do

Ministério, não fez mais que resistir, nos termos do n.º 18 do art. 8º da

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Constituição, a uma ordem que infringia manifestamente as garantias

individuais, não legalmente suspensas nessa ocasião (art.º 8.º, n.º 19).

E não se pretenda que a inviolabilidade de

crenças não é, segundo a Constituição, um

direito para os estrangeiros visados, por

não se acharem residindo em Portugal,

único caso em que poderiam ter os

mesmos direitos que os nacionais (do art.º

7.º) pois não se trata no caso presente de

um direito dos estrangeiros mas de um

dever dos funcionários portugueses, que

nem em Portugal nem nos seus

Consulados, também território português,

poderão sem quebra da Constituição

interrogar seja quem for sobre a religião professada, para negar qualquer

acto da sua competência, o que a admitir-se significaria odiosa perseguição

religiosa, mormente quando se impunha o direito de asilo que todo o país

civilizado sempre tem reconhecido e praticado em ocasiões de guerra ou

calamidade pública.»

Concluo:

«Não alegou na resposta que deu no mesmo processo disciplinar estas

circunstâncias, pelo motivo de, lavrando a guerra na Europa, não querer dar

publicidade e relevo a uma atitude, por parte de funcionários do Estado, que

sobre ser inconstitucional poderia ser interpretada como colaboração na

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obra de perseguição do governo hitleriano contra os judeus, o que

representaria uma quebra da neutralidade adoptada pelo governo.

Não pode porém suportar a evidente injustiça com que foi tratado e

conduziu ao absurdo, a que pede seja posto rápido termo, de o reclamante

ter sido severamente punido por factos pelos quais a Administração tem

sido elogiada, em Portugal e no estrangeiro, manifestamente por engano,

pois os encómios cabem ao país e à sua

população cujos sentimentos altruístas

e humanitários tiveram larga aplicação

e retumbância universal, justamente

devido à desobediência do reclamante.

Em resumo, a atitude do Governo

Português foi inconstitucional,

antineutral e contrária aos

sentimentos de humanidade e,

portanto, insofismavelmente “contra a

Nação”.

Pede deferimento (a) – Aristides de Sousa Mendes »

Não recebo qualquer resposta. Estou pois definitivamente condenado à

miséria e à desonra.

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MEMÓRIA

1. Em 1967, em Nova Iorque, a Yad Vashem, organização israelita para a

recordação dos mártires e heróis do Holocausto, homenageia Aristides de

Sousa Mendes com a sua mais alta distinção: uma medalha comemorativa com

a inscrição do Talmude «Quem salva uma vida humana é como se salvasse um

mundo inteiro». A Censura salazarista impede que a imprensa portuguesa

noticie o acontecimento.

2. Encorajada com a homenagem de

Israel, Joana Sousa Mendes, filha de

Aristides, em 1969 escreve ao Presidente

Américo Tomás a pedir a reabilitação da

memória do seu pai. Não obtém qualquer

resposta.

3. Em Portugal, o “caso” Sousa Mendes

só vem a público em 1976 com um artigo

de António Colaço no Diário Popular. Tema

retomado em 1979 por António Carvalho num

outro artigo em A Capital.

4. Ainda em 1979 o Presidente Mário Soares concede, a título póstumo, a

Ordem da Liberdade a Aristides de Sousa Mendes.

5. Em 1988, depois de muitas resistências do Antigamente infiltrado no

Abril, a Assembleia da República e o Governo português, pressionados pelos

Page 19: Aristides de Sousa Mendes

filhos de Sousa Mendes e pelos americanos (entre estes o congressista Tony

Coelho), finalmente procedem à reabilitação do Cônsul.

6. Após a morte de Aristides foram executadas as hipotecas do recheio da

Casa do Passal. Esta

ficou ao abandono e

os vizinhos

passaram a usá-la

como galinheiro,

pocilga e curral. As

novas autoridades

portuguesas, as

democráticas,

estimularam uma

fundação a recuperá-la para hotel ou museu. Projecto congelado: a Casa do

Passal continua a desfazer-se, é hoje uma cariada cabana de Viriato. Com o

seu desaparecimento, ainda há quem tenha a esperança que também

desapareça a memória de

Aristides Sousa Mendes –

será esse um consolo do

Antigamente.

A autora de “Vidas Poupadas –

a ação de três diplomatas

portugueses na II Guerra

Mundial”, Manuela Franco, menciona um telegrama de 21 de junho, enviado

por Aristides de Sousa Mendes ao Ministério dos Negócios Estrangeiros,

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onde este confirma ter ordenado que se passassem vistos

“indiscriminadamente e de graça”

O historiador Yehuda

Bauer, no seu livro “A

History of the Holocaust”,

escreve: “o Cônsul

português em Bordéus,

Aristides de Sousa

Mendes, concede vistos de

trânsito a milhares de

judeus refugiados, em transgressão das regras do seu governo. Talvez a

maior ação de salvamento feita por uma só pessoa durante o holocausto”.

http://www.vidaslusofonas.pt/sousa_mendes.htm

Page 21: Aristides de Sousa Mendes

"Os homens são do tamanho dos valores que defendem. Aristides de

Sousa Mendes foi, talvez por isso, um dos poucos heróis nacionais do

seculo XX e o maior símbolo português saído da II Guerra Mundial. Em

1940, quando era cônsul, em Bordéus, protagonizou a "desobediência

justa". Não acatou a proibição de Salazar de se passarem vistos a

refugiados: transgrediu e passou 30 mil, sobretudo judeus. Foi demitido

compulsivamente. A sua vida estilhaçou-se por completo. "É o herói

vulgar. Não estava preso a causas. Estava preso a uma sugestão

fundamental: a sua consciência" afirma o jornalista Ferreira Fernandes.

(2006 - Grandes Portugueses)

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Em Israel são plantadas 20 árvores em memória de Aristides de Sousa

Mendes na Floresta dos Mártires, em Jerusalém, um bosque que recorda

não apenas as vítimas mas também aqueles que ajudaram judeus durante a

II Grande Guerra.

Vi a árvore que lhe foi dedicada no Jardim dos Justos em

Jerusalém. É impressionante.

Nunca conseguiremos render a este Homem e a esta família, o

respeito que mereciam. Este país não é para heróis como Aristides,

onde se homenageiam mais depressa os medíocres ou os chicos

espertos.

Ainda bem que ainda há quem se lembre dele.

Page 23: Aristides de Sousa Mendes

"Prezo-me de Ter recebido de meus pais um nome limpo e honrado,

que me cumpre manter e transmitir aos meus filhos íntegro como

o herdei".

Foi esta, afinal, a fortuna deixada aos seus herdeiros, por

Aristides de Sousa Mendes.

Um nome limpo e honrado, que nos cabe agora a nós

portugueses e ao mundo, evocar, respeitar e perpetuar, como

tributo ao seu então incompreendido sacrifício.

Duas bisnetas de Aristides

de sousa Mendes colocam a

coroa de flores junto do

Memorial da estação de metro,

em Lisboa.