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21 Encarte especial - Não pode ser vendido separadamente OCA arquitetura | construção | design Março de 2011 (Foto: Divulgação)

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nº 21Encarte especial - Não pode ser vendido separadamente

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índiceeditorial

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Múcio de Castro Filho

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5 a 10Arquitetura: Atribuição do Arquiteto

Nesta mês o Oca apresenta a história do CAU – Conselho de Arquitetos e Urbanistas. Depois de décadas lutando para ter um conselho próprio, os arquitetos brasileiros receberam a boa notícia ao final do ano passado. Quem conta como tudo começou e como foi o desenrolar de todo esse processo é o arquiteto Tiago Holzmann da Silva, em um artigo elaborado pelo mesmo.

Aproveite a sua leitura!

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(segue)

São Paulo sediou, em 1991, o Congresso Brasileiro de Arquitetos que se realiza a cada três anos em uma cidade diferente e que reúne milhares de arquitetos para discussões, palestras, exposições e outras tantas atividades. É uma verdadeira festa da arquitetura brasileira. Ano passado foi o 19º CBA, no Recife e em Olinda, que

Por Tiago Holzmann da SilvaArquiteto UFRGS 1994, Mestre ETSAB/UPC 1996, ex-professor UFRGS e UniRitter, Conse-lheiro Superior do IAB, Conselheiro do CREA-RS, diretor da 3C Arquitetura e Urbanismo

ArquitetoArquitetura: Atribuição do

reuniu mais de 3 mil pessoas. Em 1991 eu estava na faculdade,

já havia participado de alguns encontros de estudantes, e me mandei para São Paulo com a turma da faculdade. Fui para lá motivado pela grandiosidade do evento, para ver de perto os arquitetos famosos apresentando seus projetos, pelas exposições e pela festa, claro. Já adianto que as festas não eram tão boas como a dos ENEAs e ELEAs, em compensação, lá eu apertei a mão do Lucio Costa. O autor de Brasília era também o homenageado do Congresso. Ele estava ali, encarquilhadinho já, sentado em um sofá de uma sala “vip” que os estudantes, obviamente, não respeitam. Entrei e apertei a mão do Lucio Costa. Segurei com delicadeza, seria mais exato.

quem não sabe quem é a Lina, é

Lina Bo Bardi é a arquiteta mais importante do Brasil, mesmo que tenha nascido na Itália, veio para cá fugida da Segunda Guerra e aqui produziu a sua arquitetura e nos demonstrou seu amor: “quando a gente nasce, não escolhe nada, nasce por acaso. Eu não nasci aqui, escolhi esse lugar para viver. Por isso, o Brasil é meu país duas vezes”. Bonito, né?

dos corredores do Anhembi, aliás, eu e a toda a torcida do Flamengo. Para registrar esse fato, ainda comprei um belo pôster com a reprodução de um desenho dela e tenho até hoje pendurado na parede da minha casa.

Meu pai, que também é arquiteto e sempre foi envolvido com as entidades dos arquitetos – sindicato, Federação, IAB – também estava lá, conhecia todo mundo e me apresentava todo mundo. Se por um lado rolava aquele constrangimento:

e também vai ser arquiteto”, “seguindo a carreira do pai, hein” e essas coisas. Por outro lado, também era super “vip” porque eu acabava conhecendo vários “cabeções” e também facilitava meu acesso à sala onde encontrei o Lucio Costa, por exemplo.

Entre esses tantos arquitetos aos quais fui apresentado, foi um que eu nunca havia ouvido falar que mais me impressionou. Pois esse arquiteto, já um senhor idoso, tirou do bolso do paletó um papelzinho, feito com tipografia, onde se lia “ARQUITETURA ATRIBUIÇÃO DO ARQUITETO”. Eu recebi, meio sem graça, aquele papelzinho que parecia bilhetinho de surdo-mudo no ônibus, pequenininho e fininho. Depois que eu peguei e li, ele emendou umas três ou quatro frases longas e articuladas sobre a arquitetura, sobre os arquitetos, sobre a importância da nossa profissão e sobre como ela deveria ser unida.

O arquiteto Eduardo Kneese de Mello, apesar de minha estudantil ignorância, era um destes grandes arquitetos, que, além de competente e consagrado em suas atividades

de maneira voluntária às questões

momento, eu, que já havia recebido inconscientemente toda uma sensibilização pela atuação do meu pai, comecei a me dar conta que a

coletivo, um todo maior que nossa

havia algo mais no meu mundo da Arquitetura, além das aulas, do estágio e das festas da faculdade.

Se minha “consciência de classe” nasceu exatamente nesse momento não importa, o que importa é que esse foi o momento simbólico, quando descobri que a Arquitetura

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era apenas uma faculdade que eu estava concluindo para depois fazer projetos e obras e ganhar dinheiro.

A partir desse momento, comecei a notar que havia muita coisa além

Arquitetura era também uma grande causa em favor das pessoas e da cidade, de um ambiente melhor, de um mundo mais justo. Descobri que passa pela Arquitetura a solução do problema da habitação, que passa pela Arquitetura o problema da democratização do acesso às obras públicas através dos concursos públicos, que passa pela Arquitetura o planejamento de espaços mais sustentáveis e socialmente mais justos.

Desde então, percebo que as lutas dos Arquitetos têm rendido bons frutos: a aprovação do Estatuto das Cidades, a criação do Ministério das Cidades, a aprovação da Lei da Assistência Técnica Gratuita, os programas de construção de habitação social, a recuperação do planejamento urbano e dos planos setoriais, entre outros. Claro que essas conquistas não são exclusivas

parte de suas principais bandeiras.Outra dessas bandeiras históricas

era a criação de um Conselho

Arquitetos e Urbanistas e a consequente saída dos arquitetos do Sistema Confea/CREA (Confea é nacional e CREA são os estaduais). Arquitetos gaúchos como Demétrio

Maximiliano Fayet, José Albano Volkmer, entre muitos outros e apenas citando os que já não estão entre nós, acreditavam que um conselho exclusivo ajudaria naqueles

melhorar a qualidade da arquitetura

arquitetos.Legalmente, o papel de um

e defender a sociedade”. Até a aprovação da Lei do CAU, no mês

de dezembro passado, a tarefa de

CREA, que ainda é responsável por “promover e defender” todas as engenharias (civil, elétrica, mecânica, minas, alimentos e ambiental), a agronomia, geologia, meteorologia, todos os técnicos de nível médio, etc. O Sistema Confea/CREA tem sob sua responsabilidade “cuidar”

O arquiteto Kneese de Mello propagava, em sua célebre frase, que a arquitetura é atribuição exclusiva de

não deveriam ter o direito de exercer algo para o qual não tem formação. Era uma referência direta aos colegas engenheiros civis que, legalmente amparados pelo CREA já naquela época, aventuravam-se sobre as nossas atribuições e competências, principalmente na área do projeto e arquitetura.

Estando dentro do CREA, os arquitetos não conseguiram alterar essa situação visto que são minoria. No CREA, os engenheiros

opinam sobre a arquitetura sem haver estudado arquitetura. Confundem deliberadamente reforma com restauro, acreditam que qualquer um pode fazer um plano diretor, tentam eliminar nossas competências em instalações prediais, não entendem as responsabilidades de um arquiteto de interiores, tratam o paisagismo como se fosse apenas plantio de árvores. E pior, os arquitetos que são conselheiros do CREA também decidem questões importantes sobre

conhecimento técnico e outras responsabilidades que não as do arquiteto. É como se um advogado fosse consultado sobre uma operação de amídalas.

A aprovação da Lei 12.378/2010 que cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU – é resultado de uma luta que tem origem em 1958, antes ainda da legislação atual do

CREA (5194/63). Mais recentemente, em 1998 as cinco entidades nacionais dos arquitetos constituíram-se em Colégio Brasileiro de Arquitetos – CBA – e passam a atuar em conjunto: Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas – FNA, a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo – ABEA, a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas – ABAP, a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – ASBEA e o Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB.

As entidades discutiram e encaminharam ao Congresso Federal em 2002 o Projeto de Lei 4747 que foi aprovado em 2007, mas foi vetado pelo presidente Lula por ser inconstitucional. Porém, em seu texto

determinou a redação de um novo PL com o mesmo teor para reenvio ao Congresso.

O novo Projeto de Lei do CAU foi enviado ao Congresso em dezembro de 2008, tramitou durante dois anos na Câmara e no Senado e foi aprovado em dezembro passado. Enviado ao presidente Lula, e como um de seus últimos atos, em 31 de dezembro de 2010, o presidente Lula sanciona a “Lei Nº 12.378, que Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e dá outras providências”.

A aprovação da Lei 12.378/2010 que cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU – não representa nossa total independência

basta em si mesma. O CAU representa apenas nossa autonomia

trabalho, seguirão unidas e parceiras. Arquitetos e engenheiros civis, elétricos, mecânicos, etc, seguirão

colaboradores, co-responsáveis

em suas atribuições por projetos e obras na área da construção civil, seguirão trabalhando juntos no desenvolvimento das cidades e da sociedade.

A diferença é que, a partir de agora, teremos o CREA e o CAU, assim como acontece com médicos,

em saúde, que trabalham juntos na

próprio. Simples.Os arquitetos brasileiros que

já estavam acumulando avanços e vitórias na política urbana, no planejamento, na habitação, agora unidos em suas entidades nacionais, provaram que era possível também uma grande vitória para

Muitas vezes eu já escutei de colegas arquitetos a frase feita que “a categoria é desunida e que cada arquiteto só pensa em si”. Porém, mais uma vez esse lugar comum foi desmentido pelos fatos. Unidos, os arquitetos venceram mais uma luta dentro do Executivo e do Congresso Nacional, aprovando o CAU e convencendo a todos da justeza da nossa causa.

Agora é o próprio Confea e os CREAs, que estão a buscar respostas

tratando de discutir a reformulação do atual Sistema a partir do nosso exemplo e espelhando-se na nossa luta.

Se a arquitetura é nossa atribuição,

Homenageio o saudoso Kneese de Mello, um dos precursores dessa longa luta, e a todos os colegas que, além de desenvolverem

competência e ética, ainda têm energia para dedicarem-se às causas

é a missão para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo e “Arquitetura é atribuição de arquiteto”.

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1933 – Presidente Getúlio Vargas sanciona a Lei 23.569/33 que cria os Conselhos Regionais e o Conselho Federal de engenharia e arquitetura;

1958 – o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), sob liderança de João Vilanova Artigas e Eduardo Kneese de Mello, encaminhou ao Presidente Juscelino Kubistchek um Projeto de Lei que desmembrava o então Conselho de Engenharia e Arquitetura;

1958 – o Projeto de Lei foi retirado pelo próprio IAB, atendendo à solicitação do Confea para que a questão fosse melhor discutida num Congresso específico de engenheiros e arquitetos, o qual acabou nunca sendo realizado;

1966 - Presidente Castello Branco sanciona a Lei n° 5.194 que cria o Sistema Confea/CREAs, incluindo as profissões de Agronomia e Geologia, entre outras;

1994 – aprovado no Senado um novo Projeto de Lei, mas as divergências entre as entidades representativas dos arquitetos fizeram com que a matéria fosse retirada antes da sua análise final;

1997 – emitida medida provisória que “desautarquisava” os Conselhos Profissionais. Os arquitetos reunidos no XV Congresso Brasileiro de Arquitetos, em Curitiba, declararam-se em Assembléia Permanente;

1998 - as cinco entidades nacionais dos arquitetos constituíram-se em Colégio Brasileiro de Arquitetos e passam a atuar em conjunto: Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas – FNA, a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo – ABEA, a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas – ABAP, a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura – ASBEA e o Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB;

2000 – novo anteprojeto de Lei discutido no congresso brasileiro de arquitetos do Mato Grosso;

2002 - anteprojeto de Lei, que depois se tornou o PL-4747, foi apresentado aos arquitetos brasileiros em ato público com a presença das cinco entidades nacionais de arquitetos;

2003 - aprovado manifesto de apoio a CAU, sem votos contrários, na plenária final no 17º Congresso Brasileiro de Arquitetos, com o apoio das cinco entidades nacionais e dos arquitetos Oscar Niemeyer, Paulo Mendes da Rocha, Lelé, Ruy Ohtake e os mais de 5.000 arquitetos presentes;

2003 - anteprojeto do CAU montado e assinado pelas cinco entidades nacionais e com o apoio da FeNEA e da Cordenadoria Nacional das Câmaras de Arquitetura do Confea/CREAs, seguiu para o Congresso Nacional e foi

apresentado pelo senador José Sarney que publicava o PL-347 (depois 4747);

2005 – aprovado no Senado, o PL foi encaminhado à Câmara Federal, seguiu a tramitação de praxe, mas sofreu alterações, retornando assim, para o Senado;

2007 – após mais dois anos de discussão, o PL-4747 foi aprovado pelo plenário do Senado e seguiu para sanção presidencial;

31 de dezembro de 2007 – Presidente Lula veta o projeto, alegando que a iniciativa de tal matéria é inconstitucional por ser de competência exclusiva do Executivo e não do Legislativo. Porém, reconhece o mérito e a necessidade de criação do CAU, e determina a redação de um novo PL com o mesmo teor para reenvio ao Congresso;

2008 – o próprio Confea realiza pesquisa que aponta que 74,1% dos arquitetos brasileiros eram favoráveis á criação do CAU;

2008 – reafirmado o apoio ao CAU pela União Internacional dos Arquitetos – UIA, Federação Pan-americana de Arquitetos – FPAA, e Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo – FeNEA;

Dezembro de 2008 - apresentação e envio ao Congresso do novo Projeto de Lei pelo Poder Executivo;

Agosto de 2009 – realização de Audiência Pública, em Brasília, sobre a criação do CAU, na Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público;

Novembro de 2009 - Câmara de Arquitetura do CREA-RS manifestou formalmente seu apoio ao CAU;

Setembro de 2009 - aprovado por unanimidade o parecer do relator o deputado gaúcho Luis Carlos Busato na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP);

Abril de 2010 – aprovado com somente um voto contrário o parecer favorável ao CAU na Comissão de Finanças e Tributação (CFT);

Novembro de 2010 - aprovado com somente um voto contrário o parecer favorável ao CAU na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC);

Dezembro de 2010 - aprovado o PL do CAU no Senado Federal;

31 de Dezembro de 2010 – Presidente Lula sanciona a Lei Nº 12.378, que Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal – CAUs, e dá outras providências.

Desde 1958, a história da luta dos Arquitetos brasileiros pelo seu conselho próprio

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capa Março de 2011OCA8

1. A Lei federal 12.378/2010 já está totalmente em vigor? 2. Recebi o Boleto de Anuidade do CREA do meu Estado. O

que faço, pago? Espero o Boleto do CAU? 3. Sou arquiteto formado em Engenharia de Segurança do

Trabalho. Como faço para ter meu registro no CAU? E as minhas atribuições quais serão?

de Arquiteto e Urbanista? 5. As minhas dívidas com o CREA do meu Estado, como faço

para resolver?6. Tenho em andamento processos no CREA do meu Estado

transferido para o CAU?7. Sobre as eleições, que dia elas vão acontecer? Sou obrigado

a votar ou não?8. Como faço para me candidatar ao cargo de Conselheiro do

CAU no meu Estado?9. Moro num Estado que tem poucos arquitetos e urbanistas

residentes e foi uma luta conseguir o CREA aqui. Agora o CAU vai existir aqui? Vai se instalar?

Conselheiro do CREA do meu Estado. Eu continuo? 11. As entidades de arquitetos vão ter como indicar

conselheiros estaduais? 12. Eu tenho um Plano de Saúde no CREA/MUTUA do meu

Estado. Ele vai continuar a existir com o CAU? 13. Quem é o responsável pelo CAU no meu Estado? A quem

devo me dirigir hoje para resolver meus problemas ou dar ideias e sugestões?

14. Como posso ajudar para instalar o CAU na minha cidade? Vai continuar tendo Inspetorias?

15. É verdade que a anuidade do CAU vai ser de R$ 350,00? 16. A lei do CAU não prevê mais o recolhimento de

ARTs? 17. Quantos conselheiros o futuro CAU terá no meu Estado? 18. Tenho uma empresa mista em sociedade com

engenheiros. Vou precisar me registrar no CREA e no CAU? Quanto eu vou pagar por isso?

são somente nossas? Engenheiros vão continuar elaborando projetos de arquitetura?

20. Sou Diretor de um Curso de Arquitetura e Urbanismo em uma Universidade. Vou precisar registrar o Curso no CAU? Como faço?

21. Quando o CAU começa a funcionar na minha cidade? O que tenho de fazer?

22. Sou arquiteto e urbanista formado no exterior. Como farei para receber meu registro no CAU e poder exercer minhas atividades no Brasil?

24. Haverá restrição nas minhas atribuições de arquiteto e urbanista quando o CAU passar a funcionar ou terei o direito adquirido da Resolução nº 218 do CONFEA, já que nossa Constituição diz que nenhuma lei pode ser retroativa?

25. Hoje, a minha região (interior do Estado), tem vários arquitetos e urbanistas conselheiros no CREA e ajudam nossa cidade e região. No CAU há alguma garantia de representação da minha região (voto distrital, por exemplo) ou todo mundo se candidata e ganham os mais votados, mesmo que todos sejam da capital?

26. Se eu estiver fora do Brasil no dia da eleição e não puder

27. Faço parte de uma associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia onde tenho que apresentar a anuidade do CREA para poder ser sócio. Vou poder apresentar a anuidade do CAU no ano que vem? Eu posso ser expulso da Associação?

28. Como será resolvida a situação dos arquitetos e urbanistas associados à MUTUA?

da lei?

32. As entidades de arquitetos (IAB, Sindicato, associações), neste período de transição, receberão os repasses de ARTs? No CAU está previsto contribuições às entidades de arquitetos?

poderão permanecer registradas no CREA com arquitetos em seus quadros?

php?cod=29

33 dúvidas dos profissionais sobre a implantação do CAU no Brasil e no RS

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capaMarço de 2011OCA 9

A Lei Federal 12.378/2010, aprovada em 31 de dezembro passado, determinou que estão valendo apenas os seus artigos 56 e 57, referentes à transição. Todos os demais artigos e determinações da Lei somente passarão a valer após a eleição e posse dos conselheiros e do Presidente do CAU. Ou seja, durante este ano os arquitetos seguirão dentro do CREA e regidos pela Lei 5194/1993, exatamente como sempre foi. Até a posse dos conselheiros do CAU nada muda.

A transição, segundo determina a Lei, está sendo coordenada pelas Câmaras de Arquitetura do próprio CREA com a participação das entidades. Os atuais coordenadores de Câmara são os responsáveis por todas as tarefas de construção e organização do CAU e também

do mês de fevereiro foram

todo esse processo. Foi eleito para coordenador nacional o gaúcho Jorge Pias Raineski, conselheiro pelo IAB no CREA de Santa Catarina e para coordenador adjunto o potiguar Néio Lucio Archanjo, conselheiro pelo IAB no CREA do Rio Grande do Norte. Na ocasião também foram criados 5 grupos de trabalho, sendo que o Rio Grande

- Regulamentação, Normatização e Estrutura Administrativa” que

Gislaine Saibro, atual coordenadora da Câmara de Arquitetura do CREA-RS representando a AAI Brasil/RS.

O que diz a nova Lei – alguns

dos avanços sobre a legislação atual:

* Eleição: a escolha dos conselheiros do CAU, nacional

e nos regionais, será por eleição direta com voto obrigatório de todos os profissionais;

* Atribuições profissionais: serão EXATAMENTE as mesmas de hoje, com a vantagem de estarem registradas em texto de Lei e não por uma resolução interna como é no CREA;

* Código de Ética e Disciplina: está inserido no texto da Lei;

* Anuidades e taxas: valores e formas de reajuste previstos em Lei;

* Patrimônio: o artigo que determinava a divisão do patrimônio do CREA foi vetado, mas segue a luta no Congresso para derrubar o veto;

Mais informação:* Integra da lei aprovada: http://www.iab.org.br/images/stories/lei12.378.pdf

* Site do CAU mantido pelas entidades nacionais: www.cau.org.br

* Site do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do RS: www.iabrs.org.br

* Site do CAU, mantido pelo Fórum das Entidades do RS: http://www.iabrs.org.br/cau/

* Artigo do Adv. Eduardo Pizzatto Schultz: “O que muda na atividade profissional do Arquiteto e do Urbanista com a Lei 12.378/2010 e a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo”: http://www.eduardopizzattoadv.blogspot.com/2011/02/o-que-muda-na-atividade-profissional-do.html

* Endereço eletrônico da Câmara de Arquitetura do CREA-RS: [email protected]

A Transição do CREA para o CAU

d irigentes das entidades de arquitetos de todo o Brasil reunidos no Palácio do Planalto, em Brasília, durante o evento da sanção da l ei, no dia 31 de dezembro de 2010. ao centro, de gravata atrás do presidente, o arquiteto Clovis ilgenfritz da Silva, conselheiro do iaB-RS e representante dos gaúchos naquele momento histórico

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capa Março de 2011OCA10

“Depois de mais de cinquenta anos os arquitetos brasileiros conseguem criar seu conselho profissional próprio. Uma verdadeira “corrida de bastão” fez com que os arquitetos fossem aprofundando suas discussões e convencendo a categoria, o legislativo, o judiciário e o executivo ao longo de todos esses anos. Estamos agora no início da construção de nosso conselho. Queremos um conselho novo, do século XXI. Queremos um conselho que seja uma Autarquia Federal Pública Especial, que atenda as necessidades principalmente da sociedade brasileira mas também da arquitetura e dos profissionais arquitetos. Queremos um conselho ágil, competente e eficaz que consiga mostrar à sociedade brasileira qual o papel que a Arquitetura e o Urbanismo deve desempenhar no Brasil e principalmente fazer com que nosso povo reconheça a necessária e insubstituível contribuição que os arquitetos devem oferecer na construção de nosso pais”. Arq. Gilson Paranhos, Presidente Nacional do IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil

“O CAU veio para livrar os Arquitetos do caos que o CREA criou para nossa

profissão. Com nosso Conselho próprio vamos poder mudar a qualidade de vida que hoje é caótica nas periferias das cidades. Todo apoio ao CAU e a autonomia dos arquitetos para organizarem e promoverem sua profissão.” Arq. Clovis Ilgenfritz da Silva, fundador e 1º presidente do Saergs, ex-presidente da FNA, membro do Conselho Superior do IAB-RS, autor da Lei Federal da Assistência Técnica Gratuita às famílias de baixa renda.

“Os arquitetos têm hoje a oportunidade única de constituir o seu próprio Conselho. Este deve corresponder aos esforços que foram empreendidos durante anos de lutas para que o sonho do CAU se tornasse realidade. Para a construção do Conselho de Arquitetura e Urbanismo é preciso que todos participem, que encaminhem suas dúvidas e contribuições. O CAU será tanto melhor quanto mais fielmente espelhar as propostas de todos os arquitetos para a sua regulamentação. A Câmara de Arquitetura do CREA-RS pode acolher dúvidas e propostas, que serão encaminhadas as demais instâncias responsáveis pela transição e eleição do CAU, o que está previsto para ocorrer até o final de 2011”. Arq. Gislaine Saibro, Representante da Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil/RS – AAI Brasil/RS no Crea-RS. Coordenadora da Câmara Especializada de Arquitetura do CREA-RS – 2011. Membro representante do IAB no CBA – Colégio Brasileiro de Arquitetos

“A aprovação do CAU representa muito para os arquitetos, começando pela garantia de nossas atribuições profissionais, sempre ameaçadas pelo sistema CREA/CONFEA, a possibilidade de desenvolvermos uma verdadeira política de valorização da Arquitetura que beneficie de fato a população pela qualificação das construções e das cidades. O espaço para corrupção e desperdício que hoje vemos no Sistema CREA/CONFEA será muito menor, pois todos os arquitetos irão participar e fiscalizar o Conselho de Arquitetura e Urbanismo”. Arq. Carlos Alberto Sant’Ana, Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Rio Grande do Sul, Conselheiro do CREA-RS.

“O Conselho dos arquitetos é uma luta antiga, iniciada na década de 1950. Um sonho que agora vira realidade. Tenho certeza que nossa profissão será valorizada pela sociedade com o CAU. Poderemos lutar pelos nossos direitos na Justiça ao invés de enfrentar plenárias repletas de outras profissões que constantemente passam a mão na cabeça de irregularidades, como a Resolução 83 para Restauro. A fiscalização dos profissionais deverá ser mais eficiente. As ações do Conselho dificilmente extrapolarão suas atribuições, fato comum no CREA. O Crea quer ensinar, construir, fazer política, sua página na internet e suas publicações estão repletas de ações que não tem nenhuma relação com suas atribuições legais. Quero um conselho que fiscalize e que atue dentro da Lei. Agora é o CAU para os arquitetos e urbanistas!” Arq. Cicero Alvarez, presidente do SAERGS - Sindicato dos Arquitetos do RS, professor no curso de arquitetura e urbanismo do IPA, conselheiro estadual do IAB-RS, ex-presidente do Conselho Estadual de Cultura do RS.

“O CAU é um direito reivindicado pelos arquitetos desde várias décadas. Uma luta de diferentes gerações, tanto dos arquitetos quanto

dos estudantes. Estudantes que já estão graduados há muito tempo e hoje arquitetos finalmente comemoram a criação do Conselho próprio, que mais que um direito dos profissionais, é fundamental para o fortalecimento da arquitetura brasileira e desenvolvimento humano de nossa sociedade. Por essas e por outras, fui um colaborador na luta pelo CAU e agora pela construção do nosso Conselho.” Arq. Rafael Pavan dos Passos, ex Diretor nacional da FENEA - Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura, membro do Conselho Superior do IAB-RS.

“Após quase 50 anos de exercício profissional é com imensa satisfação que vejo a realização de um velho sonho de nossa classe e objeto de muito tempo de luta pela sua concretização. O CAU é de fundamental importância para o desenvolvimento qualitativo de nosso trabalho. Importante nesse momento acentuar que esta não é uma vitória corporativa e sim um avanço institucional que vai permitir uma maior qualificação da arquitetura brasileira e o acesso qualificado da população a este serviço que, a exemplo de outros como Medicina e Direito não podem ser previlégio de alguns e sim direito básico e fundamental de todos.” Arq. Cesar Dorfman, ex professor UFRGS, ex diretor do Saergs, membro do Conselho Superior do IAB-RS.

“Nasci em Erechim, aos 17 anos fui para Porto Alegre para completar o ensino médio. Estive lá por 11 anos, iniciei o curso de Arquitetura na Unisinos e acabei me formando na Universidade Santa Úrsula no Rio de Janeiro, onde morei por mais 11 anos. Voltei para Erechim faz 20 anos, e aqui sou Arquiteto e Artista Plástico.Desde o ensino fundamental ficava desenhando nos cadernos durante as aulas e por isso Artes Plásticas e Arquitetura, que para mim tem tudo a ver, também com cinema, teatro, dança, poesia, música, design, meio ambiente, sustentabilidade e urbanismo. Durante esses anos trabalhei, e continuo a me interessar por estas outras áreas por gostar e acreditar que elas dão uma formação maior para o Arquiteto.Mas como trabalhar e começar a aplicar esses conhecimentos no interior? Ainda mais há 20 anos atrás, quando a informática não existia na nossa área, e a arquitetura era feita à nanquim e papel vegetal. Sem falar das cabeças que confundiam (e muitas ainda confundem) o Engenheiro e o Arquiteto sem saber distinguir a atuação de cada um. O que é o Arquiteto? O que ele faz mesmo? E o mercado dominado por construtoras, com poucos Arquitetos e muitos Engenheiros (nada contra, são parceiros da mesma área mas em outras funções). Então, 20 anos atrás, em Erechim, parti para trabalhar em Arquitetura de interiores, área duvidosa e de pouca concorrência, mas que hoje é uma das áreas mais concorridas com muitos profissionais e grandes eventos – casas cor, etc.Agora, neste 2011 globalizado, informatizado, on line, tá ligado? As gerações mudaram as cabeças, viajaram pelo mundo e voltaram, melhorou muito a comunicação, o acesso à informação, mas ainda falta qualidade na nossa área profissional e mais profundidade na relação Arquiteto e Cliente. Os cursos de Arquitetura se esparramando pelo interior. Em 2010 inaugurou a UFFS em Erechim com curso de Arquitetura e outros tantos. Antes, no norte do estado, era só na UPF, e agora tem também a IMED, em Passo Fundo. O Arquiteto já conta com um espaço mais definido, mas para 50% da população (ou muito mais?) ainda somos profissionais acessórios, dispensáveis e caros, sem falar que muitos Engenheiros ainda insistem em invadir a nossa praia.O IAB - Instituto de Arquitetos do Brasil - entrincheirado no RS há 63 anos, comemorados agora em março, segue empenhado nas lutas dos arquitetos, fomentando as discussões, divagações e sonhos de seus sócios. Agora, depois de lutar 50 anos pelo Brasil à fora, conquistou o CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo. E essa vitória muda tudo. Vamos para o segundo tempo ou tempo real, pois, agora o Arquiteto está formando seu próprio conselho, passará a reger e ser regido por Arquitetos, e não mais por uma infinidade de engenharias e outras profissões. Teremos a grande chance de mostrar que somos muito bem preparados e competentes para deixar esse mundo melhor e mais bonito.Bem, muda tudo, e essa é a importância dos Arquitetos no interior, em ajudar a montar um conselho que dê a devida importância à profissão que, quando afastada das capitais, tem mais necessidade de se misturar e se superar para existir.” Luiz Fiori - Arquiteto, Presidente do IAB Erechim - Núcleo José Albano Volkmer

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