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Art 01-Uma semente fecunda - Instituto do Ceará · da hipófise conservada em álcool na desova dos peixes. In: Livro de . a – Commissão Technica de Piscicultura do * Commissão

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ARTIGOS

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Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste (1932 – 1945)

Melquíades Pinto Paiva*

Pedro eyMard CaMPos Mesquita**

Sumário

Este trabalho trata dos resultados científicos e práticos da Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste (1932 – 1945), criada para atuar na área semiárida do nordeste brasileiro. Seu chefe-fundador foi o cientista Rodolpho von Ihering. Estão relacionados o pessoal que serviu à instituição, instalações e equipamentos disponíveis, e apresentado o seu organograma. Especial atenção foi dada à fase primeira de suas atividades, expedições e sede em Campina Grande (PB), antes da mudança para Fortaleza (CE). Os fecundos resultados dos trabalhos da Commissão e seus sucessores abrangem os seguintes as-pectos: biodiversidade regional, limnologia dos açudes, biologia de peixes, reprodução induzida de peixes, peixamento dos açudes, melhoria das pescarias e cultivos intensivos de tilápia-do-Nilo. Um bom exemplo da aplicação de achados científicos para o desenvolvimento econômico e social de uma região.

Abstract

A fecund seed: Northeast’s Technical Commission of Fishculture (1932 – 1945)

This paper deals with scientific and practical results from the Northeast’s Technical Commission of Fishculture (1932 - 1945), created to work in the semi-arid northeastern Brazil. Its chief- founder was the scientist Rodolpho von Ihering. The personnel who served the institution, instalations and available equipments are listed, and its chart is presented. Special atten-

* Sócio Efetivo do Instituto do Ceará e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.** Coordenador de Pesca e Aquicultura do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas

(DNOCS).

Revista do Instituto do Ceará - 201310

tion was given to the first phase of its activities, expeditions and headquartered in Campina Grande (PB), before moving to Fortaleza (CE). The fecund results of the Commission’s work and its successors cover the following aspects: re-gional biodiversity, limnology of dams, fish biology, induced breeding of fish, stocking the dams, improving fisheries and intensive cultivation of Nile-tilapia. A good example of the application of scientific findings to the economic and social development of one region.

epresamentos de águas dos riachos periódicos, na área das secas nordestinas do Brasil, já eram feitos por indígenas ali radicados. Com o barramento dos rios, começou em verdade a açudagem, como prática de assegurar o suprimento d’água para crescentes populações humanas, irrigação das lavouras e bebida dos rebanhos. Desde cedo, os açudes mostraram-se bons produtores de pescado.

Através de portaria firmada em 12 de novembro de 1932, no auge de grande seca, o então Ministro de Estado de Viação e Obras Públicas, o eminente nordestino José Américo de Almeida (1887 – 1980) – FIGURA 1, resolveu criar a Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste, subordinada à Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas, com os seguintes objetivos:

– promover o povoamento das águas interiores regionais com peixes de boa qualidade, prolíficos e precoces, e defender essa fauna contra os seus inimigos e moléstias;

– metodizar as pescarias e determinar as épocas de sua realização;– divulgar os processos de conservação do pescado.Tendo em vista o alcance destes objetivos, ela deveria estudar

o maior número possível de espécies, para escolher as que convinham ser disseminadas nas águas interiores nordestinas, com preferência para aquelas pertencentes à ictiofauna nacional; pesquisar as condições lim-nológicas das diferentes coleções d’água encontradas na região nordes-tina; escolher as plantas aquáticas adequadas à alimentação dos peixes herbívoros; ensaiar a criação metódica dos alevinos e estabelecer normas para o cultivo de peixes em larga escala no nordeste do Brasil; investigar as moléstias e os inimigos naturais dos peixes e os modos de prevenção/debelação; estabelecer os meios de combate às piranhas e impedir sua expansão em águas ainda indenes. (ANÔNIMO, 1932; PAIVA, 1972).

11Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

Primeiros anos

Para a chefia da nova e importante Commissão foi designado o notável cientista brasileiro Rodolpho Theodor Wilhelm Gaspar von Ihering (1883 – 1939) – FIGURA 2, que pouco antes havia se demo-rado na Paraíba, a convite do Interventor Federal Anthenor de França Navarro (1898 – 1932), com o objetivo de estudar as possibilidades de utilização econômica da fauna regional. Belo relato sobre estes anos primeiros e heróicos foi escrito por BONANÇA (1983), filha e secre-tária voluntária do chefe.

A equipe pioneira dos pesquisadores recrutados por Rodolpho von Ihering esteve assim constituída: Achilles Scorzelli Jr. (1908 – 1984), Antônio Carlos Estevão de Oliveira (1880 – 1946), Benedito Borges Vieira (1910 – 1989), Luiz Canale (1908 – 1950), Mário Ulysses Viana Dias (1914 – 2001), Pedro de Azevedo (1908 – 1973) e Stillman Wright (1898 – 1989). Isto sem contar com nove pesquisadores de contratos tem-porários, os estagiários, os visitantes e os colaboradores (FIGURAS 3 – 5).

FIGURA 1 – José Américo de Almeida (1887 – 1980).

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FIGURA 2 – Rodolpho Theodor Wilhelm Gaspar von Ihering (1883 – 1939).

FIGURA 3 – Rodolpho von Ihering, ladeado por Pedro de Azevedo (à esquerda) e Stillman Wright (à direita) – (Campina Grande – PB) – (Ano de 1934).

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FIGURA 4 – Reunião social do pessoal da Commisão Téchnica de Piscicultura do Nordeste, possivelmente em algum lugar da Paraíba. À direita: em pé e de óculos, Rodolpho von Ihering, e sentada Dora von Ihering (nome de solteira); à esquerda e sentada, Isabel von Ihering; no centro (de frente e sentados), o casal vestido de branco, Doris A. Wright (de boina) e Stillman Wright.

FIGURA 5 – Pessoal da Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste, à margem do rio São Francisco (PE). Os três últimos, da direita para a esquerda, são Rodolpho von Ihering, Isabel von Ihering e Stillman Wright, vendo-se ainda a criança Stillman Wright III.

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A preocupação inicial dos trabalhos de campo, desenvolvidos pela Commissão, foi a de conhecer as características das águas dos açudes, tendo em vista as necessidades da piscicultura. “A qualquer trabalho de piscicultura deve preceder uma meticulosa inquirição que permita conhecer minuciosamente a flora e a fauna, tanto das margens como do fundo do açude e em especial da microfauna, aquella que fornece o bom alimento aos peixes recemnascidos. Ahi estão incluidos os protozoarios, os pequenos vermes, as larvas de insectos e tanta outra bicharia miúda que escapa ao conhecimento de quem não presta atenção a estes habitantes da vasa. Além disto, é preciso conhecer algo da temperatura e da composição chimica das aguas, factores que determinam modificações essenciais na biologia (limnologia).” (IHERING, 1933: 19 – 20).

A fase expedicionária da Commisão teve início na Paraíba (FIGURAS 6 – 7), em viagem por todas as suas zonas fisiográficas (abril/maio – 1933). Em seguida, começaram as investigações na me-tade oriental do Rio Grande do Norte (maio/junho – 1933). Após de-morada permanência no Recife (PE), ela se dirigiu a Jatobá de Tacaratu (atual Petrolândia), na margem pernambucana do rio São Francisco, para estudar a biologia dos seus peixes e começar o peixamento de açudes com espécies mais promissoras (FIGURA 8).

FIGURA 6 – Carro-laboratório da Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste, usado durante as suas expedições. Em frente: Rodolpho von Ihering.

15Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

FIGURA 7 – Interior do carro-laboratório da Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste.

FIGURA 8 – Primeiro transporte de peixes, feito pela Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste, em Jatobá de Tacaratu (atual Petrolândia) – (PE – 1933).

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No início de 1934, a Commissão ficou sediada em Campina Grande (PB), à rua dos Paus Grandes, nº 62 (agora rua João Alves de Oliveira), perto do açude Bodocongó, onde foi instalado o primeiro posto de piscicultura da região nordestina do Brasil (FIGURA 9). Foram selecionados quatro açudes dos seus arredores, para realização de estudos mais detalhados.

Finalmente, em maio de 1935, sua sede foi transferida para Fortaleza (CE). Antes de se fixar na nova sede (1936), a Commissão esteve no Pará, explorando a ilha de Marajó e o rio Tocantins. Fez ainda estudos no rio Parnaíba (PI) – em ambas as viagens, procurou espécies mais promissoras de peixes, para aclimação nos açudes nordestinos.

Anos de consolidação

Com a transferência da sede para Fortaleza (FIGURA 10), o corpo de pesquisadores da Commissão foi acrescido com o ingresso de ex-estagiários, a saber: Oceano Atlântico Linhares (1904 – 1984), Osmar Fontenele (1915 – 1993), Rui Simões de Menezes (1917 –

FIGURA 9 – Vista recente (setembro/2012) do açude Bodocongó, em plena área urbana de Campina Grande (PB). Foto de Francisco Crêunio Pinto Lima.

17Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

2001) e Waldemar Carneiro de França (1909 – 1970). Ainda com os naturalistas Francisco de Oliveira Melo (1914 – 2007) e José Salles de Oliveira (1903 – 1962).

Também, passou a contar com modernas instalações administra-tivas e laboratórios situados no bairro Gentilândia (FIGURA 11), tendo em anexo o Posto de Piscicultura de Fortaleza e tanques de criação de peixes junto à lagoa do Tauape (FIGURAS 12 – 13).

Um grande progresso foi alcançado com a definição e aprovação do organograma da Comissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste, no âmbito da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (FIGURA 14).

Rodolpho von Ihering chefiou a Comissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste até novembro de 1937. Foi substituído, sucessivamente, por

FIGURA 10 – Fachada da casa na rua Rodolfo Teófilo (hoje Waldery Uchoa) nº 198, na Gentilândia (Fortaleza – CE), pri-meira sede cearense da Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste. Da esquerda para a direita: em pé – Rodolpho von Ihering, Mário Viana Dias, Luíz Canale e Waldemar Carneiro de França; sentados – Pedro de Azevedo e Herman Lent.

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Pedro de Azevedo (1937 – 1940), Benedito Borges Vieira (1940 – 1941) e Antônio Carlos Estevão de Oliveira (1942 – 1946).

FIGURA 11 – Novas instalações administrativas e laboratórios da Commisão Téchnica de Piscicultura do Nordeste, no bairro Gentilândia (Fortaleza – CE).

FIGURA 12 – Tanque para estágio de reprodutores do Posto de Piscicultura de Fortaleza, no bairro Gentilândia (Fortaleza – CE).

19Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

Em decorrência do decreto-lei nº 8.436, de 28 de dezembro de 1945, a Commissão foi transformada em Serviço de Piscicultura, setor permanente do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.

FIGURA 13 – Tanques de criação de peixes junto à lagoa do Tauape (Fortaleza – CE).

FIGURA 14 - Organograma da Commisão Téchnica de Piscicultura do Nordeste.

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“Durante cinco (5) anos como chefe da CTPN, Rodolpho von Ihering montou no semiárido nordestino uma sólida estrutura para de-senvolvimento da pesca e da piscicultura, cujo ponto mais alto foi a fundação de uma escola de cientistas pesqueiros de mais alto nível, que até hoje vem repassando de geração em geração a valiosa experiência adquirida, como garantia para o povo do sertão de uma vida digna e abundante.” (GURGEL 2011 : 248).

Principais trabalhos publicados

AZEVEDO, P. – 1935 – Explicação dos quadros expostos pela Comissão Technica de Piscicultura do Nordeste na Feira Internacional de Amostras do R. de Janeiro. Campo, Rio de Janeiro, 6 (11) : 17 – 21, 16 figs.

AZEVEDO, P. – 1938a – Da Biologia dos Peixes Nordestinos (Fragmento Biocenotico. In: Livro Jubilar do Professor Lauro Travassos, p. 51 – 60, Rio de Janeiro. Editado pelo Instituto Oswaldo Cruz.

AZEVEDO, P. – 1938b – O cascudo dos açudes nordestinos “Plecostomus plecostomus”. Arq. Inst. Biol., São Paulo, 9 (20) : 211 – 224, 14 figs., est. 24.

AZEVEDO, P. & CANALE, L. – 1938 – A hipófise e sua ação nas go-nadas dos peixes neotropicos. Arq. Inst. Biol., São Paulo, 9 (17) : 165 – 186, 3 figs., est. 16.

AZEVEDO, P.; DIAS, M. V. & VIEIRA, B. B. – 1938 – Biologia do saguirú (Characidae, Curimatinae). Mem. Inst. Osw. Cruz, Rio de Janeiro, 33 (4) : 481 – 553, 4 + 12 figs., 3 ests.

AZEVEDO, P. & GOMES, A. L. – 1942 – Contribuição ao estudo da biologia da Traíra, Hoplias malabarica (Bloch, 1794). Bol. Ind. Anim, São Paulo, 5 (4) : 15 – 64, 4 + 7 + 44 figs.

AZEVEDO, P. & OLIVEIRA, A. C. E. – 1939 – Sôbre o emprêgo da hipófise conservada em álcool na desova dos peixes. In: Livro de Homenagem aos Professores Álvaro e Miguel Ozório de Almeida, pp. 35 – 42, Rio de Janeiro. Editado pelo Instituto Oswaldo Cruz.

21Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

AZEVEDO, P. & VIEIRA, B. B. – 1938a – Contribuição para o Catálogo Biológico dos peixes fluviais do Nordeste do Brasil. Boletim da Inspetoria Federal de Obras Contra as Sêcas, Rio de Janeiro, 9 (1) : 82 – 92, [3] ests.

AZEVEDO, P. & VIEIRA, B. B. – 1938b – Contribuição para o Catálogo Biológico dos peixes fluviais do Nordeste do Brasil II. Piábas (Characidae, Tetragonopterinae). Boletim da Inspetoria Federal de Obras Contra as Sêcas, Rio de Janeiro, 10 (1) : 71 – 75, [3] ests.

AZEVEDO, P. & VIEIRA, B. B. – 1939 – Contribuição para o Catálogo Biológico dos peixes fluviais do Nordeste do Brasil III. Saguirú, Curimata elegans Steindachner (Characidae, Curimatinae). Boletim da Inspetoria Federal de Obras Contra as Sêcas, Rio de Janeiro, 11 (2) : 181 – 184, 1 ests.

AZEVEDO, P. & VIEIRA, B. B. – 1940 – Realizações da Comissão Técnica de Piscicultura – 1940 . Boletim da Inspetoria Federal de Obras Contra as Sêcas, Rio de Janeiro, 13 (2) : 113 – 124, [28] ests.

CARDOSO, D. M. – 1934 – Relação genito-hipofisaria e reprodução nos peixes. Arq. Inst. Biol., São Paulo, 5 : 132 – 136, 2 figs.

DROUET, F.; PATRICK, R. & SMITH, L. B. – 1938 – A flora de quatro açudes da Paraíba. An. Acad. Brasil. Ciên., Rio de Janeiro, 10 (2) : 89 – 103.

IHERING, R. v. – 1933 – 1º, 2º e 3º Relatórios Parciaes (Parahyba, Rio G. do Norte, Pernambuco). In: Comissão Técnica de Piscicultura do Nordeste do Brasil, pp. 19 – 52, [2] mapas, [3] figs. (em páginas não numeradas). Ministério de Viação e Obras Públicas, 52 pp., ilus., Recife.

IHERING, R. v. – 1934a – Commissão Technica de Piscicultura do Nordeste do Brasil – Programa de Trabalho – 5º Relatório Parcial re-ferente ao periodo de janeiro a julho de 1934. Ministério de Viação e Obras Públicas, 19 pp., [2] ests., São Paulo.

IHERING, R. v. – (1934b) 1985 – Aspectos biológicos do sertão. Ciência e Cultura, São Paulo, 37 (2) : 308 – 316.

IHERING, R. v. – 1935a – Progressos technicos realizados pela

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Commissão Technica de Piscicultura do Nordeste. Boletim da Inspetoria Federal de Obras Contra as Sêcas, Rio de Janeiro, 4 (1) : 18 – 19, 1 est.

IHERING, R. v. – 1935b – O papel da hipófise na piscicultura nacional. Campo, Rio de Janeiro, 6 (11) : 22 – 23, [8] figs.

IHERING, R. v. – 1935c – Die Wirkung von Hipophyseninjektion auf den Laichakt von Fishen. Zool. Anz., Leipzig, 3 (11/12) : 273 – 279.

IHERING, R. v. – 1936 – Fischereiliche Erfalrungen in Nordost – Brasilien. Zeitsch. f. Fisch., n. d., Hilfswiss, Neudamm und Berlin, 34 : 549 – 559, 8 abb.

IHERING, R. v. – 1937a – Piscicultura no Brasil. Inspetoria Federal de Obras Contra as Sêcas, 57 pp., 16 figs., Fortaleza.

IHERING, R. v. – 1937b – A method for inducing fish to spawn. The Progressive Fish – Culturist, Washington, (34) : 15 – 16.

IHERING, R. v. – 1937c – Bewegung des Ei – Inhaltes zweier brasi-lianischer Süsswasserfische. Zool. Anz., Leipzig, 120 (3/4) : 45 – 51.

IHERING, R. v. & AZEVEDO, P. – 1934 – A curimatã dos açudes nor-destinos (Prochilodus argenteus). Arq. Inst. Biol., São Paulo, 5 : 143 – 184, 6 figs., ests. 4 – 9.

IHERING, R. v. & AZEVEDO, P. – 1936 – As piábas dos açudes nor-destinos (Characidae, Tetragonopterinae). Arq. Inst. Biol., São Paulo, 7 (8) : 75 – 106, 2 figs., ests. 9 – 12.

IHERING, R. v.; CARDOSO, D. [M.]; AZEVEDO, P. & PEREIRA Jr., J – 1935 – Hypophysis and fish reproduction. Proc. XXth Internat. Physiol. Congress, Moscow, 21 (5/6) : 211 – 212.

IHERING, R. v. & WRIGHT, S. – 1935 – Fisheries investigations in N. E. Brazil. Trans. Amer. Fish. Soc. Washington, 65 : 267 – 271.

MENEZES, R. S. – 1943 – O método da hipofisação de peixes na pis-cicultura. Campo, Rio de Janeiro, 14 (abril) : 39 – 44.

MENEZES, R. S. – 1945 – Ação de hipófises de peixes doadores em diestro sôbre peixes reprodutores em estro. Rev. Brasil Biol., Rio de Janeiro, 5 (4) : 535 – 539.

23Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

MENEZES, R. S.; FONTENELE, O. & CAMACHO, E. C. – 1945 – Sôbre o uso do extrato glicerinado de hipófises de peixe na reprodução dos peixes do nordeste do Brasil. Rev. Fac. Med. Vet., São Paulo, 3 (1 / 2) : 175 – 182.

PEREIRA, C. – 1935 – Ascaridata e Spirurata parasitos de peixes do nordeste brasileiro. Arq. Inst. Biol., São Paulo, 6 (6) : 53 – 62, 25 figs.

PEREIRA, C. – 1938 – Travema travema n. g. e n. sp. (Nematoda, Oxiuridae, parasito de Curimatus elegans (Pisces: Characinidae) no nordeste brasileiro. In: Livro Jubilar do Professor Lauro Travassos, pp. 381 – 383, Rio de Janeiro. Editado pelo Instituto Oswaldo Cruz.

PEREIRA, C.; DIAS, M. V. & AZEVEDO, P. – 1936 – Biologia do nematoide “Procamallanus cearensis” n. sp. Arq. Inst. Biol., São Paulo, 7 (17) : 209 – 226, 8 figs., ests. 30 – 33.

WRIGHT, S. – 1934a – Alguns dados da physica e da chimica das águas dos Açudes Nordestinos. Boletim da Inspetoria Federal de Obras Contra as Sêcas, Rio de Janeiro, 1 (4) : 164 – 169, [4] ests.

WRIGHT, S. – 1934b – Da Physica e da Chimica das águas do Nordeste do Brasil. II. Chloretos e Carbonatos. Boletim da Inspetoria Federal de Obras Contra as Sêcas, Rio de Janeiro, 2 (5) : 206 – 211, 1 est.

WRIGHT, S. – 1937 – Da Physica e da Chimica das águas do Nordeste do Brasil. III. Condições Thermicas. Boletim da Inspetoria Federal de Obras Contra as Sêcas, Rio de Janeiro, 8 (2) : 179 – 186, 1 fig.

WRIGHT, S. – 1938 – Da Física e da Química das águas do Nordeste do Brasil. IV. Condições Químicas. Boletim da Inspetoria Federal de Obras Contra as Sêcas, Rio de Janeiro, 10 (1) : 37 – 54, 3 + 3 ests. Anos subsequentes

Após a administração de Antônio Carlos Estevão de Oliveira, já referida, o setor de pesca e piscicultura do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas teve os seguintes dirigentes: Waldemar Carneiro de França (1946 – 1952), Carlos Bastos Tigre (1952 – 1956), Osmar Fontenele (1956 – 1961), Rui Simões de Menezes (1961 – 1962), Osmar Fontenele (1963 – 1972), Raimundo Adhemar

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Braga (1973 – 1974), José Jarbas Studart Gurgel (1974 – 1989), José Napoleão de Carvalho (1989 – 2000), Renata Teles Polary Bovigueiro (2000 – 2008), João Fernandes Fontenelle (2008 – 2009) e Pedro Eymard Campos Mesquita (2010 – ).

As estações de piscicultura da Inspetoria Federal / Departamento Nacional de Obras Contra as Secas foram/são as seguintes:

1 – Estação de Piscicultura de Campina Grande (PB), junto ao açude Bodocongó, extinta com a mudança da Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste em 1935.

2 – Estação de Piscicultura da Gentilândia (Fortaleza – CE) e o anexo da lagoa do Tauape, inaugurada(o) em 1936 e 1939, já extinta(o).

3 – Estação de Piscicultura Pedro de Azevedo, abastecida pelo açude Lima Campos (Icó – CE), inaugurada em 1942.

4 – Estação de Piscicultura Waldemar Carneiro de França, junto ao açude Amanari (Maranguape – CE), inaugurada em 1956.

5 – Estação de Piscicultura Estevão de Oliveira, junto ao açude Itans (Caicó – RN), inaugurada em 1966.

6 – Estação de Piscicultura Oceano Atlântico Linhares, junto ao açude Jacurici (Itiúba – BA), inaugurada em 1968.

7 – Estação de Piscicultura Adhemar Braga, junto ao açude Caldeirão (Piripiri – PI), inaugurada em 1977.

8 – Estação de Piscicultura Bastos Tigre, junto ao açude Poço da Cruz (Ibimirim – PE), inaugurada em 1982.

9 – Estação de Piscicultura Osmar Fontenele, abastecida pelo açude Aires de Sousa (Sobral – CE), inaugurada em 1995.

10 – Estação de Piscicultura Rui Simões de Menezes, junto ao açude Castanhão (Alto Santo – CE), inaugurada em 2006.

11 – Estação de Piscicultura Joaquim Firmino Filho, junto ao açude São Gonçalo (Souza – PB), inaugurada em 2008.

12 – Estação de Piscicultura José Ailton Nogueira Mota, junto ao açude Jaramataia (AL), inaugurada em 2010.

25Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

13 – Estação de Piscicultura de Gracho Cardoso, junto ao açude Três Barras (SE), que não teve inauguração oficial, mas já está funcio-nando desde 2010.

14 – Estação de Piscicultura de Porto Alegre (PI), ainda não inaugurada. Operou por algum tempo sob gestão da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, mas está retornando ao controle do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.

Os previstos postos de piscicultura de Boa Vista (Santa Maria da Boa Vista) e Itaparica, ambos na margem pernambucana do rio São Francisco, não foram construídos.

Desde 1985 está em atividade o Centro de Pesquisas Ictiológicas Rodolpho von Ihering, junto ao açude Pereira de Miranda (Pentecoste – CE) – FIGURAS 15 – 16.

FIGURA 15 – Vista do Centro de Pesquisas Ictiológicas Rodolpho von Ihering, a jusante do açude Pereira de Miranda (Pentecoste – CE).

Revista do Instituto do Ceará - 201326

Ao longo do tempo, foram introduzidas nos açudes nordestinos pela Inspetoria Federal/Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, 1 espécie de crustáceo e 20 espécies de peixes (TABELA I), isto sem contar com outro camarão-sossego, ambos trazidos do rio Amazonas para alimentar espécies carnívoras.

Além das espécies efetivamente introduzidas nos açudes (TABELA I), 21 outras permaneceram ou ainda se encontravam res-tritas a ambientes controlados (1987), sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (TABELA II).

FIGURA 16 – Entrada do edifício central do Centro de Pesquisas Ictiológicas Rodolpho von Ihering (Pentecoste – CE), vendo-se os dois autores deste trabalho, o primeiro com sua bengala.

27Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

Espécies Anos ProcedênciasOcorre(ra)m nas pescarias comerciais

camarão–canela* 1939 Rio Amazonas

apaiari* 1938 Pará – Brasil

carpa–espelho 1972 São Paulo – Brasil

curimatã–pacu* 1935 Rio São Francisco

pescada–cacunda* 1935 Rio Amazonas

pescada–do–Piauí 1949 Rio Parnaíba

piau–verdadeiro* 1938 Rio São Francisco

pirapitinga 1970 Amazonas – Brasil

pirarucu* 1939 Pará – Brasil

tambaqui 1966 Amazonas – Brasil

tilápia–de–Zanzibar 1971 Costa do Marfim

tilápia–do–Congo 1956 São Paulo – Brasil

tilápia–do–Nilo 1971 Costa do Marfim

tucunaré–comum* 1939 Pará – Brasil

tucunaré–pinima* 1944 Pará – Brasil

Não aparecem nas pescarias comerciais

barbusa 1961 Índia

mandi–amarelo* 1933 Rio São Francisco

pacu* 1935 Rio São Francisco

pescada–do–Amazonas* 1936 Rio Amazonas

pirá* 1934 Rio São Francisco

sofia* 1933 Rio São Francisco

TABELA I – Espécies de crustáceos e peixes introduzidos nos açudes públicos contro-lados pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).

Observação: as espécies assinaladas com asterisco (*) foram introduzidas pela Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste.Fonte: GURGEL & OLIVEIRA (1987) – Efeitos da introdução de peixes e crustáceos no semiárido do nordeste brasileiro.

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Espécies Anos Procedências

camarão–de–pedra 1968 Rio Parnaíba

camarão–de–Penedo 1972 Rio São Francisco

bagre–branco 1975 Rio Parnaíba

bagre–de–canal 1973 Estados Unidos

bozó 1958 Rio São Francisco

carpa–cabeça–grande 1979 China

carpa–capim 1979 China

carpa–prateada 1979 China

fidalgo 1953 Rio Parnaíba

frexeiro 1971 Rio Parnaíba

mandubé 1953 Rio Parnaíba

mapará 1975 Rio Amazonas

matrinchão 1949 Rio São Francisco

pacu–manteiga 1961 Rio Amazonas

peixe–rei* 1935 Argentina

pescada–cacunda* 1942 Rio São Francisco

piramutaba 1973 Rio Amazonas

surubim 1973 Rio Parnaíba

surubim–pintado 1979 Rio São Francisco

tamoatá 1979 Rio Amazonas

truta–arco–íris 1983 Estados Unidos

Observação: as espécies assinaladas com asterisco (*) foram introduzidas pela Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste.Fonte: GURGEL & OLIVEIRA (1987) – Efeitos da introdução de peixes e crustáceos no semiárido do nordeste brasileiro.

TABELA II – Espécies de crustáceos e peixes introduzidos no semiárido nordestino, que permaneceram ou ainda se encontravam restritas a ambientes controlados (1987), sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Obras Contra as Sêcas (DNOCS).

29Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

Semente fecunda

A produção científica sobre pesca e piscicultura da(o) Inspetoria Federal/Departamento Nacional de Obras Contra as Secas é abundante e valiosa. Da mesma forma, é louvável o aumento da produtividade pesqueira nos açudes nordestinos e a expansão dos cultivos regionais de peixes. São frutos de semente fecunda.

Aqui serão detalhados resultados positivos em diferentes áreas do conhecimento e atuação, a saber: biodiversidade regional, limno-logia dos açudes, biologia de peixes, reprodução induzida de peixes, peixamentos dos açudes, melhoria das pescarias e cultivos intensivos da tilápia–do–Nilo. Tudo a partir do pioneirismo da Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste e/ou de suas instituições sucessoras.

Biodiversidade regional

Desde o início das atividades da Commissão, foi permanente o interesse em aumentar conhecimentos sobre a flora e a fauna regio-nais, com a coleta sistemática de plantas e animais das caatingas e de suas águas.

Logo se constatou e confirmou-se a pobreza da biota semiárida, em qualidade e quantidade, com baixo endemismo. Foram encon-tradas 106 espécies novas, sendo 14 de vegetais e 92 de animais, das quais 18 de peixes. Na ictiofauna, poucas espécies de valor comercial. (GURGEL, 2011 : 246).

Já em 9 de dezembro de 1933, na cidade do Rio de Janeiro e du-rante o I Congresso dos Problemas do Nordeste, Rodolpho von Ihering apresentou importante comunicado sob o título “Aspectos Biológicos do Sertão”, onde mostrou a sua visão abrangente e integral sobre a na-tureza do nordeste do Brasil (DIAS, 1984). Esta contribuição está antes referida [IHERING (1934b) 1985].

Limnologia dos açudes

Os primeiros estudos sobre as características físicas e químicas das águas dos açudes nordestinos foram conduzidos por Stillman Wright, a serviço da Commissão.

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Após o breve período anual de chuvas, a distribuição dos gases e sais em solução, bem como a temperatura, passam a ser estratificadas nos açudes: as águas se tornam mais limpas, por causa da decantação do material em suspensão (FIGURA 17).

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31Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

Biologia dos peixes

Séria preocupação dos técnicos da Commissão esteve dedicada ao estudo da biologia dos peixes regionais, principalmente no que diz respeito à reprodução, alimentação, crescimento e precocidade, alcan-çando maiores tamanhos, à procura das espécies mais apropriadas às pescarias comerciais (FIGURA 18).

FIGURA 18 – Alguns dados comparativos da biologia dos peixes do nor-deste brasileiro. Informações originais contidas em AZEVEDO, 1938 : 58 – In: PAIVA, 1974 : 6.

Revista do Instituto do Ceará - 201332

Reprodução induzida de peixes

O maior obstáculo para a criação dos peixes de piracema está na incapacidade de sua reprodução em águas lênticas.

Tendo em vista a necessidade de povoar os açudes nordestinos com tais peixes, a Commissão avolumou pesquisas sobre o assunto, disto resultando o seu maior achado científico, com o método da hipo-fisação, para a indução da desova dos peixes de piracema em cativeiro.

Em março de 1934, foi conseguida a primeira desova induzida de peixes no nordeste do Brasil, com exemplares da curimatã, no labora-tório junto ao açude Bodocongó (Campina Grande – PB) – FIGURAS 19 – 21. Desde então, tornou-se possível a reprodução em cativeiro e criação dos alevinos de peixes migradores, para povoamento dos açudes regionais.

O método da hipofisação foi posteriormente aperfeiçoado, sendo agora de uso rotineiro nas estações de piscicultura (MENEZES, FONTENELE & NEPOMUCENO, 1982).

FIGURA 19 – Acesso à hipófise de curimatã, pela abertura do crânio de exemplar doador.

33Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

FIGURA 20 – Remoção do encéfalo de curimatã, para retirada da hipófise.

FIGURA 21 – Suspensão em soro fisiológico do hormônio hipofisário, sendo injetada no dorso de reprodutor(a) da curimatã.

Revista do Instituto do Ceará - 201334

Peixamento dos açudes

Logo em 1933 começou a produção de alevinos nas estações de piscicultura, tanto de espécies regionais como aclimadas, para peixa-mento dos açudes. Isto para aumentar a produtividade das pescarias, evitar a depleção/sobrepesca de espécies e fazer o peixamento de novos corpos d’água (TABELA III).

Pelos dados apresentados, verifica-se o predomínio da produção de alevinos das espécies aclimadas, o que comprova a eficiência das prá-ticas adotadas no manejo de seus reprodutores, nos postos de piscicultura.

Melhoria das pescarias

No tocante ao aumento da produtividade pesqueira dos açudes nordestinos, as atividades compreendem as seguintes vertentes:

– obras de engenharia, tais como escada-de-peixe, para a subida dos peixes de piracema, e escama-peixe, para impedir o acesso de pira-nhas aos açudes (FIGURA 22);

FIGURA 22 – Escada-de-peixe e escama-peixe construídas junto ao açude Lima Campos, (Icó – CE), pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.

35Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

– erradicação de piranhas em bacias hidrográficas (MENEZES, FONTENELE & NEPOMUCENO, 1982);

– peixamentos com alevinos de espécies prolíficas, precoces e de alto valor comercial (TABELA III);

– melhoria dos barcos e aparelhos de pesca;– controle estatístico da produção pesqueira, para avaliar resul-

tados e evitar depleção e/ou sobrepesca de espécies (TABELA IV).Como era de se esperar, principalmente por causa dos peixamentos,

é grande o predomínio da produção pesqueira das espécies aclimadas.

TABELA IV – Produção de pescado de 186 açudes públicos administrados pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.

Produção de pescado (t)anos espécies regionais espécies aclimadas totais2008 4.956,40 12.626,40 17.582,802009 4.830,00 13.470,60 18.300,602010 4.949,90 13.715,70 18.665,602011 4.843,90 13.639,00 18.482,902012 2.325,49 3.415,58 5.741,07

Média 4.381,14 11.373,46 15.754,60

Observação: a queda de produção em 2012, que deve continuar em 2013, foi causada por grande seca em toda a região nordeste do Brasil.Fonte: Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS.

Alevinosanos espécies regionais espécies aclimadas totais2008 2.832.247 45.817.422 48.649.6692009 1.490.400 42.721.680 44.212.0802010 919.361 37.392.668 38.312.0292011 571.361 33.317.703 33.889.0642012 318.366 36.219.752 36.538.118

Médias 1.226.347 39.093.845 40.320.192

TABELA III – Alevinos de espécies regionais e aclimadas, produzidos pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (2008 – 2012).

Fonte: Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS.

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Cultivos intensivos de tilápia–do–Nilo

Com a aclimação da tilápia–do–Nilo em 1971 (TABELA I), tornou-se possível o seu cultivo intensivo no nordeste do Brasil, cuja produção alcançou a média anual de 24.301 toneladas nos últimos anos no Estado do Ceará (TABELA V).

Agradecimentos: Somos gratos às seguintes pessoas: Anésia Torres Vieira Bayma, Francisco Crêunio Pinto Lima, Hitoshi Nomura, Isabella Bernstein Scorzelli, Jesualdo Pereira Farias, Mariana Ferreira de Menezes, Marize Procópio e Miguel Angelo de Azevedo (Nirez). Todos nos ajudaram a preparar este trabalho, fornecendo informações, bibliografia e fotografias.

Bibliografia consultada

ANÔNIMO – 1932 – Instruções para os Serviços de Piscicultura e de Reflorestamento e Postos Agrícolas do Nordeste Brasileiro. Oficina dos Correios e Telégrafos, II pp., Rio de Janeiro.ANÔNIMO – 1944 – Peixamento dos açudes dp Nordeste, executado pela Comissão Técnica de Piscicultura, até 31/12/1943. Voz do Mar, Rio de Janeiro, 23 (191) : 179 – 181, 183.BONANÇA, D. v. I. – 1983 – Ciência e Belezas nos Sertões do Nordeste.

Anos Toneladas2008 20.7902009 22.7882010 23.9272011 26.2802012 27.720

Média 24.301

TABELA V – Produção de tilápia-do-Nilo, resultante de cultivos in-tensivos no Estado do Ceará (2008 – 2012).

Fonte: Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará – ADECE.

37Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

In: IHERING, R. v. & BONANÇA, D. v. I. – Ciência e Belezas nos Sertões do Nordeste, pp. 31 – 139, 25 figs. Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, 305 pp., ilus., Fortaleza.BRAGA, R. A. – 1972a – Pesca e piscicultura continentais no nordeste do Brasil (Resenha histórica). Bol. Cear. Agron., Fortaleza, 13 : 57 – 67.BRAGA, R. A. – 1972b – Ecologia e etologia de piranhas (gen. Serrasalmus) no Nordeste do Brasil. Universidade de São Paulo, tese de doutoramento em Ciências, 305 pp., ilus, São Paulo.DIAS, M. V. – 1984 – O naturalista Rodolpho von Ihering. In: PAIVA, M. P. (coord.) – A permanência de Rodolpho von Ihering, pp. 76 – 85. Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, 211 pp., [1] + 28 figs., Rio de Janeiro.FONTENELE, O. – 1961 – Escadas de peixes nos açudes do nordeste brasileiro. Bol. Soc. Cear. Agron., Fortaleza, 2 : 11 – 21, 6 figs.GURGEL, J. J. S. – 2011 – 80 anos da pesca e piscicultura do DNOCS (1932 – 2012). Rev. Inst. Ceará, Fortaleza, 125 : 235 – 266, 9 figs.GURGEL, J. J. S. & OLIVEIRA, A. G. – 1987 – Efeitos da introdução de peixes e crustáceos no semiárido do nordeste brasileiro. Coleção Mossoroense, sér. dB/nº 453, 28 pp., 6 figs. (em páginas não nume-radas), Mossoró.MENEZES, R. S. – 1960 – Notas sôbre as piranhas e pirambebas, Serrasalmus Lacépède no nordeste brasileiro (Pisces, Characidae, Serrasalminae). Bol. Soc. Cear. Agron., Fortaleza, 1 – 83 – 101.MENEZES, R. S. – 1964 – A Pesca e os Peixes da Bacia do Rio Parnaíba, Piauí. Chácaras e Quintais, São Paulo, 110 (5) : 625 – 626, 628 – 630; 110 (6) : 745 – 752.MENEZES, R. S.; FONTENELE, O. & NEPOMUCENO, F. H. – 1982 – Lista de trabalhos sobre pesca continental e recursos da bio-massa nordestina. Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, 70 pp., Fortaleza.NOMURA, H. – 1984 – Análise sucinta da obra científica, literária e de divulgação do doutor Rodolpho von Ihering. In: PAIVA, M. P. (coord.) – A permanência de Rodolpho von Ihering. Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza. 211 pp., [1] + 28 figs., Rio de Janeiro.

Revista do Instituto do Ceará - 201338

NOMURA, H. – ( ) 1997 – Vultos da Zoologia Brasileira. Coleção Mossoroense, 2ª. ed., volume I, 155 pp.; volume II, 139 pp.; Mossoró. Os anteriores volumes I – V estão reunidos em dois novos volumes.NOMURA, H. – 1995 – Vultos da Zoologia Brasileira – VI. Coleção Mossoroense, sér. C / vol. 861, 139 pp., Mossoró.PAIVA, M. P. – 1963 – Sinopse sobre as águas interiores do nordeste do Brasil. Bol. Soc. Cear. Agron., Fortaleza, 4 : 1 – 15.PAIVA, M. P. – 1972 – As investigações científicas e o aproveitamento de recursos pesqueiros dos açudes nordestinos. Bol. Cear. Agron., Fortaleza, 13 : 17 – 28.PAIVA, M. P. – 1973 – Recursos pesqueiros e a pesca na bacia do Rio Parnaíba (Brasil). Bol. Cear. Agron., Fortaleza, 14 : 49 – 82.PAIVA, M. P. – 1974 – Crescimento, alimentação e reprodução da traíra, Hoplias malabaricus (Bloch), no nordeste brasileiro, Universidade Federal do Ceará, 32 pp., 21 figs., Fortaleza.PAIVA, M. P. – 1982 – Grandes represas do Brasil. Editerra Editorial Ltda., 292 pp., 3 figs., X ests., Brasília.PAIVA, M. P. (coord.) – 1984 – A permanência de Rodolpho von Ihering. Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, 211 pp., [1] + 28 figs., Rio de Janeiro.PAIVA, M. P. – 1995 – Fauna do nordeste do Brasil : I – Conhecimento científico. In: PAIVA, M. P. & CAMPOS, E. – Fauna do nordeste do Brasil : conhecimento científico e popular, pp. 7 – 194, 4 figs. Banco do Nordeste do Brasil S.A., 273 pp., ilus. Fortaleza.PINHEIRO, L. C. M. & FERREIRA, N. G. (orgs.) – 1960 – Catálogo das publicações editadas pelo DNOCS. Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, sér. I, E / nº 193, 44 + 8 pp., (as últimas não numeradas), Rio de Janeiro.REID, J. W. – 1989 – Stillman Wright (1898 – 1989). Journal of Crustacean Biology, San Antonio, 9 (4) : 680 – 683, 1 fig.WRIGHT, D. A.; FREDINE, G. & STEVENSON, J. – 1989 – Obituary : Dr. Stillman Wright (1898 – 1985). Fisheries, Washington, 14 (3) : 22, 1 fig.

39Uma semente fecunda: Commissão Téchnica de Piscicultura do Nordeste

ANEXO I

Glossário de nomes vulgares e científicos de crustáceos e peixes nativos e introduzidos no nordeste do Brasil, pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).

Camarão–canela = Macrobrachium amazonicum (Heller); ca-marão–de–pedra = Atya scabra (Leach); camarão–de–Penedo = Macrobrachium acanthurus (Wiegmann); camarão(ões) – sossego = Macrobrachium amazonicum (Heller) e/ou Macrobrachium jelskii (Miers).

Acará = Cichlaurus bimaculatus (Linnaeus); apaiari = Astronotus ocellatus (Cuvier); bagre–branco = Selenaspis herzbergii (Bloch); bagre–de–canal = Ictalurus punctatus (Rafinesque); barbusa = Barbus conchonius (Hamilton–Buchanan); bozó = Franciscodoras marmoratus (Reinhardt); cangati = Trachycorystes striatulus (Steindachner); carpa–cabeça–grande = Hypophthalmichthys nobilis (Richardson); carpa–capim = Ctenopharingodon idella Valenciennes; carpa–espelho = Cyprinus carpio Linnaeus; carpa–prateada = Hipophthalmichthys molitrix Valenciennes; cascudo = Plecostomus plecostomus Linnaeus; curimatã = Prochilodus cearensis Steindachner; curimatã–pacu = Prochilodus marggravii (Walbaum); fidalgo = Ageneiosus valenciennes Bleeker; frexeiro = Hemiodus par-naguae Eigenmann & Henn; guaru = Poecilia vivipara Schneider; mandi–amarelo = Pimelodus clarias (Bloch); mandubé = Ageneiosus brevifilis Valenciennes; mapará = Hypophthalmus edentatus Spix; matrinchão = Brycon hilarii (Valenciennes); pacu = Myleus micans (Reinhardt); pacu–manteiga = Myletes edulis Castelnau; peixe–rei = Odonthestes bonariensis (Valenciennes); pescada–cacunda (rio Amazonas) = Plagioscion surinamensis (Bleeker); pescada–cacunda (rio São Francisco) = Pachyurus squamipinnis Agassiz; pescada–do–Amazonas = Plagioscion squamosissimus (Heckel); pescada–do–Piauí = Plagioscion squamosisssimus (Heckel); piabas = espécies da família Tetragonopteridae; piau = Leporinus friderici (Bloch); piau–verdadeiro = Leporinus elongatus Valenciennes; pirá = Conorhynchus conirostris (Valenciennes); piramutaba = Brachyplatystoma vaillantii (Valenciennes); piranhas = espécies de Serrasalmus Lacépède; pira-pitinga = Colossoma brachipomum (Cuvier); pirarucu = Arapaima

Revista do Instituto do Ceará - 201340

gigas (Cuvier); saguiru = Curimata elegans Steindachner; sofia = Pachyurus francisci (Cuvier); tilápia–de–Zanzibar = Oreochromis hornorum (Trewavas); tilápia–do–Congo = Tilapia rendalli (Boulenger); tilápia–do–Nilo = Oreochromis niloticus (Linnaeus); su-rubim = Pseudoplatystoma fasciatum (Linnaeus); surubim–pintado = Pseudoplatystoma corruscans Agassiz; tambaqui = Piaractus macro-pomum (Cuvier); tamoatá = Hoplosternum littorale (Hancock); traíra = Hoplias malabaricus (Bloch); tucunaré–comum = Cichla ocellaris Schneider; tucunaré–pinima = Cichla temensis Humboldt; truta–arco–íris = Salmo gairdinerii irideus Gibbons.