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ARTE EDUCAO INCLUSIVAA arte na incluso de pessoas com deficincia fsica,
intelectual e sensorial
Por Adriana Medeiros, Ana Luiza Faro e Marcelo Ferreira
O curso Arte Educao Inclusiva foi premiado em primeiro lugar em sua categoria no edital Pr-Artes Visuais 2012 uma iniciativa da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro por meio de sua Secretaria Municipal de Cultura. Projeto este, realizado pelo GPEF Cultural, entre os dias 1 de setembro e 24 de novembro de 2012, sendo o resultado de um longo trabalho em equipe na busca por elaborar um curso capaz de abordar diversas e amplas questes pertinentes sociedade atual.
Primeiramente, trata-se de um olhar cuidadoso sobre a questo da incluso de alunos com deficincia em classes antes regulares do ensino pblico. Por outro lado, o carater transdisciplinar das linguagens artsticas, to preciosas para a utilizao em sala de aula e ainda to desconhecida por parte dos educadores de outras reas.
Foi sobre esses dois pilares que se construram as bases pedaggicas do curso Arte Educao Inclusiva, desenvolvido com a principal misso de desmistificar tanto a arte quanto o trabalho com deficientes, colaborando assim, para a formao de profissionais do ensino mais seguros diante dos desafios que se apresentam em seu dia-a-dia profissional.
Partindo dessas premissas, o primeiro mdulo do curso, intitulado Incluso: uma panormica, iniciou a sequncia de aulas com duas palestras introdutrias ao tema. A primeira sobre a histria da incluso e a segunda sobre incluso em museus. Os outros quatro mdulos foram estruturados em dois momentos que se intercalavam: nas aulas tericas, profissionais especializados foram chamados para esclarecer os principais pontos acerca das diversas deficincias; Nas aulas prticas, a partir da discusso acerca das obras de quatro artistas, os participantes desenvolveram objetos com o intuito de estimular determinadas questes da sensibilidade humana, como a coordenao motora fina e ampla, noo/localizao espacial, tato e olfato.
Esses quatro mdulos balizaram-se, respectivamente, nas obras de Lygia Clark, Portinari, Hlio Oiticica e Mestre Vitalino. Os objetos/obras produzidos nesse processo resultaram, por fim, na exposio O Mundo dos Sentidos, em cartaz na galeria Espao Experimental do Centro Municipal de Arte Hlio Oiticica entre os dias 10 e 18 de novembro, perodo em que foi visitada por, aproximadamente, 300 pessoas, dentre elas, grupos de cegos, surdos e deficiente intelectuais.
importante destacar que os alunos do curso participaram no apenas da confeco das obras expostas, como tambm montaram a exposio, aps uma aula terica sobre curadoria educativa, ministrada no dia 09 de Novembro.
O trabalho coletivo seguiu at o ltimo encontro, dedicado avaliao do curso. Na presena do Coordenador do Projeto Marcelo Ferreira, da Supervisora de Educao Inclusiva Adriana Medeiros e da Consultora de Arte Educao Ana Luiza Faro, os alunos puderam expressar suas impresses positivas e negativas acerca do processo do curso, alm de participarem ativamente da elaborao do projeto do curso, proposto para o prximo ano e da configurao deste livreto, resultado dos trabalhos em 2012.
Ficamos felizes em constatar que as manifestaes dos participantes foram, em sua maioria, positivas. Todos os profissionais convidados foram amplamente elogiados pelos seus conhecimentos e profissionalismo. A falta de tempo e suas conseqncias foram, no entanto, as reclamaes mais recorrentes. Isso no chegou a surpreender os realizadores do curso, uma vez que estvamos cientes de que o corte de tempo decorrido por diferentes fatores externos ao projeto prejudicaria seu planejamento original.
A realizao do ltimo encontro nesses moldes foi uma grande oportunidade de se esclarecer essas questes e nos retratar formalmente frente aos participantes pelos eventuais contratempos. No obstante, constatamos ao longo do processo do curso, a enorme carncia por parte dos educadores de oportunidades de complemento de formao semelhantes. A realizao desse projeto mostrou-se, portanto, um grande ganho para a sociedade em geral.
Durante as aulas, formou-se um espao de troca de conhecimento e, acima de tudo, de desmistificao da pessoa com deficincia. Muito alm
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do compartilhamento do mesmo espao, a incluso est no cultivo de um sentimento de pertencimento, em que as semelhanas que unem todo o ser humano so postas em foco e trabalhadas em busca do desenvolvimento conjunto de todos.
Sendo assim, a viabilizao de cursos como este trs benefcios em diversas instncias: aos educadores, que tm a oportunidade de alimentarem seus conhecimentos; aos seus alunos deficientes ou no que recebero aulas diferenciadas; aos pais dos alunos, que tero seus filhos desenvolvendo novas habilidades; ao Centro Municipal de Arte Hlio Oiticica, que investe na formao de um pblico apreciador da cultura e das artes; Secretaria Municipal de Cultura da Cidade do Rio de Janeiro, que contribui ativamente para a formao de uma sociedade mais acessvel.
______________________________________________________
Nas pginas que seguem, voc poder conferir alguns detalhes da programao de cada encontro:
Encontro 1 e 2 - 01 de Setembro
Incluso: Uma panormicaPalestra: A Histria da Incluso.Palestrante: Eline Silva RodriguesO tema trouxe questes da posio e condio do deficiente fsico,
intelectual e sensorial na histria social e sua introduo no espao educativo.
Palestra: Incluso em Espaos expositivos.Palestrante: Ana Ftima Berqu Carneiro FerreiraA palestrante abordou questes sobre a incluso e acessibilidade
em espaos expositivos e as aes desenvolvidas pelo setor educativo dos museus e centros culturais para o atendimento aos vrios tipos de deficincias.
Encontro 3 e 4 - 15 de Setembro
Palestra: Lygia Clark: A explorao sensorial na deficincia intelectualPalestrante: Luciene Laranjeira RosrioEncontro abordou uma breve introduo sobre a vida e obra da
artista plstica Lygia Clark e os vrios aspectos da deficincia intelectual. Aps apresentao, acompanhada de perguntas sobre o universo da
deficincia intelectual, houve dinmicas de grupo e atividades prticas sobre a explorao e confeco de materiais plsticos - ponto, linha, textura, superfcie e volume - que estimulassem os sentidos.
Encontro 5 e 6 - 22 de Setembro
Palestra: Hlio Oiticica: O Desenvolvimento motor na deficincia auditiva
Palestrante: Mariana Gonalves Ferreira de CastroNeste terceiro encontro abordou-se uma breve introduo sobre a
vida e obra do artista plstico Hlio Oiticica - destacando o perodo da criao de performances - e as particularidades da deficincia auditiva. Aps e durante a apresentao houve vrias perguntas sobre o universo da deficincia auditiva. Em seguida foi sugerido a distribuio de grupos para uma dinmica com exerccio sobre performance, onde a evoluo corporal e a coordenao motora ampla foram bastante exploradas.
Acompanhado as dinmicas performticas, os grupos criaram parangols sensoriais utilizando tecidos com formatos de capas e texturas diferentes. Essa atividade objetivava a interao com os objetos criados atravs da estimulao coordenao motora ampla e o equilbrio.
Encontro 7 e 8 - 29 de Setembro
Palestra: As Crianas de Portinari: A percepo espacial na surdocegueira
Palestrante: Marcia Noronha de MelloNeste encontro houve um breve relato sobre o artista Candido
Portinari e o perodo em que pintava as brincadeiras infantis. Associado ao tema, a abordagem da deficincia sensorial, foi a definio sobre surdocegueira.
Aps primeiro momento de introduo sobre o artista e aspectos da deficincia, foi sugerido uma dinmica de grupo utilizando a explorao das formas dos brinquedos existentes no universo infantil pipas, pies, bolas, pula cordas e bonecas - objetivando a memorizao e apreenso das formas de cada objeto. Aps esta etapa, os alunos confeccionaram vrios bonecos de meia cala, utilizando jornais e tecidos de diferentes texturas, objetivando estimular a percepo sinestsica, ttil e a memria.
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Encontro 9 e 10 - 20 de Outubro
Palestra: Mestre Vitalino: A percepo ttil e motora na deficincia visual
Palestrante: Maria Clara SantAnnaA atividade iniciou com um breve relato sobre a vida do artista e as
propriedades teraputicas encontradas na argila - como ela provoca a transformao, estruturao e reconhecimento do deficiente visual.
Aps a introduo do tema, foi sugerido que os alunos se dividissem em grupos e memorizassem seu espao de atuao antes de iniciarem as atividades prticas, que se daria com os olhos vendados. Aps est dinmica os alunos receberam peas de cermicas confeccionadas por alunos cegos do IBC de diferentes formas e texturas para que fossem memorizadas e reproduzidas atravs de uma releitura ttil. O objetivo deste trabalho foi desenvolver a percepo ttil, coordenao motora fina e a memria.
Ao trmino das atividades os grupos observaram e teceram sugestes sobre os resultados plsticos criados por eles para atendimento ao deficiente.
Encontro 11 - 09 de Novembro
Palestra: Curadoria EducativaPalestrante: Janis ClmenNeste encontro discutiu-se sobre os principais pontos e aspectos
do pensamento curatorial e sobre as bases do conceito curadoria educativa.
Aps a palestra, os participantes selecionaram os objetos produzidos ao longo do curso e montaram a exposio segundo as demandas da acessibilidade.
Assim, decidiu-se montar uma sala dedicada expresso corporal, onde ficaram os parangols, inspirados em Hlio Oiticica e os bonecos de meia, inspirados em Portinari. Na outra galeria foi dedicada percepo ttil e olfativa, onde ficaram os trabalhos inspirados em Lygia Clark e Mestre Vitalino.
Coquetel de abertura da exposio Mundo dos Sentidos - 10 de Novembro
Apresentao do grupo musical Moringas SonorasProjeto da Artista Plstica Clara FonsecaRegente (Professora Voluntria): Alessandra NettoOrganizao: Valria Aparecida PereiraMsicos: Ismael Marques, Joaquim Pedro Neto (Marrom), Lus
Ramos, Wanderley Rufino de Oliveira, Maria Ivoneide Soares, Maria Cristina Galdino da Silva e Jos Carlos Lira.
um grupo formado pelos alunos da reabilitao que frequentam a oficina de cermica do IBC Instituto Benjamin Constant, fruto do projeto de construo em argila de moringas, que produzissem sons atravs de um furo no bojo da pea.
Encontro 12 - 24 de Novembro
Tema: Reflexes [Im] PertinentesCondutoras do encontro: Ana Luiza Faro e Adriana MedeirosTodo processo educativo s se consolida no dilogo e, por isso, o
ltimo encontro do curso Arte Educao Inclusiva I foi exclusivamente dedicado troca de ideias e impresses, reflexo e anlise dos caminhos percorridos ao longo do curso.
Neste dia, os donos da palavra foram os participantes que puderam se expressar acerca dos principais pontos de desenvolvimento do projeto: contedo, qualidade, benefcios, falhas etc. Em suma, foi uma grande e preciosa - oportunidade de troca que nos aproximou do exerccio da alteridade, em que os pontos de vista puderam ser divididos e discutidos abertamente.
Desta forma, construiu-se coletivamente tanto o teor do presente material quanto algumas questes pertinentes segunda edio do Arte Educao Inclusiva - proposto para 2013.
Este encontro foi planejado para expressar aos participantes o respeito que suas opinies e suas experincias individuais merecem ter, com a certeza de que o crescimento verdadeiro est na troca e na busca por aprimorarmos nosso trabalho, tendo em elevado grau as demandas dos educadores que se interessam por projetos como o Arte Educao Inclusiva. Fechamos o curso felizes com o que conseguimos alcanar, mas certos de que o processo educacional est sempre em aberto...
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Por uma sociedade inclusivaPor Eline Silva Rodrigues
O discurso em prol da construo de uma sociedade inclusiva, com base na consigna incluso de todos vem crescendo no mundo principalmente nas ltimas dcadas. Nesse contexto, o conceito de incluso que historicamente foi restrito a grupos especficos como, por exemplo, o nomeado pessoas com deficincia ou minorias tnicas, tem experimentado novas nuances e consequentemente maior visibilidade social.
Em que pesem os recentes avanos pela superao de estados de excluso social, o desafio da incluso de todos persiste. Os mecanismos de banimento social e de perpetuao da condio de marginalidade em que vive importante parcela da populao brasileira, fato que compromete a consecuo do projeto de uma sociedade inclusiva. Nessa perspectiva, no cabe mais falar de incluso de grupos ou sujeitos especficos, mas de um projeto que abarque a proposta de incluso e participao de todos.
Cabe enfatizar que a participao dos grupos sociais ditos excludos, mbil essencial deste projeto de construo de uma sociedade inclusiva. Possibilitar e incentivar o protagonismo de todos os atores envolvidos neste projeto de construo de um mundo mais inclusivo pressupe mais do que valorizar a diversidade, mas, sobretudo, compreender a diferena como possibilidade, oportunidade.
Avanamos neste ideal quando os valores de uma sociedade plural, inclusiva e participativa so compreendidos como processos sociais contnuos, repletos de rupturas, retrocessos e novos avanos. O respeito diversidade como valor implica em atitudes que levem da contemplao ao cotidiana.
Entretanto necessrio ir alm da constatao de que somos todos diferentes. preciso localizar e corrigir as distores minorando ou eliminando os mecanismos produtores de desigualdade. Sociedade inclusiva uma sociedade para todos, independente de sexo, idade, religio, origem tnica, orientao sexual ou deficincia; uma sociedade no apenas aberta e acessvel a todos os grupos, mas que estimula
a participao; uma sociedade que acolhe e aprecia a diversidade da experincia humana.
Incluso em MuseusPor Ana Ftima Berqu
O acesso informao, no mais amplo sentido, acesso ao conhecimento, e este vitalmente importante para ns no continuarmos sendo menosprezados e dependentes das pessoas que enxergam. Ns no precisamos de piedade nem de ser lembrados que somos vulnerveis. Precisamos ser tratados com igualdade e comunicao a forma de realizar isto. (Louis Braille)
A sociedade contempornea est cada vez mais sujeita ao domnio do sentido da viso. O Museu como produto dessa sociedade visual convida os visitantes a estabelecerem relao com o contedo exposto atravs, principalmente, da explorao pelo sentido da viso. Ressalta-se o carter conceitual de instituio social voltada ao atendimento do pblico, portanto, de carter aberto que deve oferecer condies de amplo acesso aos seus edifcios, suas colees, seus outros espaos e demais elementos musealizados, como ratifica a definio de Museu do Estatuto do Conselho Internacional de Museus, The International Council of Museums --- ICOM 1:
Instituio permanente, sem fi ns lucrativos, aberta ao pblico, a servio de uma sociedade e de sua evoluo, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e expe para fi ns de estudo, educao e lazer os testemunhos do homem e do seu meio-ambiente (grifo nosso).
As pessoas com deficincia visual, portanto, tm sido gradativamente excludas de atividades e manifestaes culturais nestes espaos, contrariando um dos direitos bsicos de cidadania, que se refere igualdade de oportunidades de acesso informao.
O Museu, para fazer valer o que lhe compete, pode disponibilizar a
1 Criado em 1946, o ICOM uma Organizao no-governamental que mantm relaes formais com a UNESCO, executando parte de seu programa para museus, tendo status consul vo no Conselho Econmico e Social da ONU. Disponvel em:< h p://www.icom.org.br/index.cfm?canal=icom> Acesso em: 10 de agosto 2012.
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Informao Especial, aplicada ao recurso da udio-descrio, consistindo tal modelo informacional em adaptaes para que este segmento de pblico seja incentivado a participar e desfrutar de oportunidades tal qual as pessoas sem deficincia.
Uma sociedade inclusiva no acontece de um momento para o outro, assim tambm um Museu para todos, mas preciso comear o processo de modo a reunir o maior nmero de instituies.
Lygia Clark: A explorao sensorial na deficincia intelectual
Por Adriana Medeiros
A deficincia intelectual a reduo do funcionamento cognitivo. Como tal, assume um vasto e complexo nmero de quadros clnicos, mas tem como caracterstica real a insuficincia do desenvolvimento mental.
As pessoas com este tipo de deficincia se diferem por suas caractersticas mentais, sensoriais, neuromotoras ou fsicas, seu comportamento social e suas capacidades de comunicao. Podendo ser classificada em diagnsticos como leve, moderada, severa ou profunda. Esta forma de classificao estabelecida por um diagnostico de coeficiente de inteligncia (QI).
O reconhecimento desta deficincia feito a partir da observao no atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e na dificuldade no aprendizado. No entanto, para que o diagnostico se efetive, necessrio que haja uma srie de sinais associados, a partir dos quais se confirme a deficincia intelectual. O diagnostico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, composta por pelo menos um fonoaudilogo, um terapeuta ocupacional, um psiclogo e um mdico.
As crianas com atraso cognitivo precisam de mais tempo para apreender o conhecimento, ou seja, aprender a falar, a caminhar e as competncias necessrias para cuidar de si, tal como comer e vestir-se de forma autnoma.
Vrias outras sndromes tambm fazem parte da deficincia
intelectual, como: Down, Angelman, Rubinstein-Taybi e Lennox-Gastaut.
Ao trabalharmos com os deficientes intelectuais devemos garantir que eles tenham uma vida normal, proporcionando-lhes meios adequados de incluso e adaptao para uma vida feliz. Isso implica o comprometimento em viabilizarmos a estas pessoas um tratamento igualitrio, onde a arte pode proporcionar estmulos ao seu desenvolvimento global, ressaltando suas potencialidades.
Hlio Oiticica: O Desenvolvimento motor na deficincia auditiva
Por Adriana Medeiros
Deficincia auditiva o nome usado para indicar a perda profunda, moderada ou leve da audio, ou seja, a capacidade de escutar os sons. Essa deficincia pode ser congnita ou causada posteriormente por algum tipo de doena.
A perda desta capacidade sensorial pode ser devida a alguma anomalia no ouvido interno, mdio e externo, podendo ser unilateral ou bilateral, afetando um ou ambos os ouvidos e variando em graus e nveis.
Durante muito tempo acreditava-se que as pessoas que tinham este tipo de deficincia tambm apresentavam dficit de inteligncia. Com a incluso dos surdos na educao, compreendeu-se que a dificuldade no desenvolvimento da inteligncia nessas pessoas era devido falta de estimulo na comunicao entre surdos e ouvintes.
O desenvolvimento das diversas lnguas de sinais e o trabalho de ensino das lnguas orais permitiu aos surdos os meios de desenvolvimento de sua inteligncia. No Brasil temos a LIBRAS (Lngua Brasileira de Sinais), lngua gestual usada pela maioria dos surdos e tem em sua modalidade de articulao, o saber visual-espacial. Assim, para se comunicar em Libras, no basta apenas conhecer os sinais: necessrio conhecer a sua gramtica e combinar as frases para poder estabelecer uma comunicao.
Para se efetivar uma comunicao atravs da lngua de sinais, necessria a combinao das configuraes das mos, dos movimentos
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do corpo e a expresso facial. Dessa forma, a Libras se apresenta como um sistema lingustico de transmisso de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
A lngua de sinais associada ao fazer arte, permite ao aluno surdo a explorao e desenvolvimento motor amplo, a expressividade de gestual e a evoluo corporal performtica associada, no curso Arte Educao Inclusiva, ao trabalho do artista plstico Hlio Oiticica.
As Crianas de Portinari: a percepo espacial na surdocegueira
Por Marcia Noronha Mello
A surdocegueira atualmente reconhecida como uma DEFICINCIA NICA. Sua privao MULTISENSORIAL uma vez que abrange o comprometimento ou mesmo a perda total de dois importantes sentidos: viso e audio. O grande impacto da surdocegueira se d na comunicao, na percepo do espao onde a pessoa est inserida, levando-a a um profundo isolamento social, que se inicia muitas vezes na famlia.
Na surdocegueira so reconhecidos dois grandes grupos: os chamados congnitos, pr-lingusticos2 e os ps-lingusticos cujo domnio de uma linguagem permite uma melhor comunicao e mesmo uma boa escolarizao, desde que sejam disponibilizados os recursos humanos e de tecnologia assistiva adequados.
No atendimento educacional ou de reabilitao de pessoas com surdocegueira a estimulao dos sentidos remanescentes o primeiro passo para o desenvolvimento de suas capacidades, habilidades e at mesmo identidade.
A preocupao em conciliar o acesso cultura e ao mesmo tempo trabalhar os conceitos de orientao e mobilidade, localizao espacial, movimento e percepo corporal, me levou a participar do presente projeto, levando a minha experincia profissional a professores de diferentes reas interessados na incluso efetiva desta populao.2 Pr-linguismo: a perda sensorial se d antes da aquisio de linguagem, seja ela oral ou gestual.
Mestre Vitalino: A percepo ttil e motoraPor Maria Clara SantAnna
Para trabalhar com cermica o indivduo no precisa de um alto grau de instruo ou especializao. A argila um material malevel e permite que, no seu manuseio, as pessoas deficientes visuais possam, aos poucos, expressarem suas individualidades e subjetividade. Isso, devido ao fato de que o manuseio da argila e o simples contato com as tcnicas bsicas de construo da cermica constituem um canal privilegiado de expresso dos sentimentos e sensaes humanas.
Da mesma forma, ao criarem objetos utilitrios, figuras humanas, animais, cenas do cotidiano e objetos que expressam a f e as crenas, eles tero a chance de experimentar um processo milenar e universal, integrante do desenvolvimento de todos os povos.
O fazer cermico proporciona aos deficientes visuais oportunidades raras do ponto de vista teraputico-ocupacional, uma vez que a prtica da cermica engendra uma srie de possibilidades, como a descoberta de vocaes e talentos e da comprovada melhoria das pessoas com outras necessidades especiais alm da cegueira.
Algumas adaptaes podem ser feitas nas ferramentas usuais para o trabalho com a argila, de forma a no afastar as mos do objeto que est sendo confeccionado, o que dificultaria a identificao. Podem ser utilizadas moedas para trabalhar o interior das peas e recortes de cartes de crdito para o lado externo. J a decorao, pode ser feita com pintura a dedo com argilas coloridas, em vez do uso do pincel. Desta maneira, intensifica-se o contato direto entre o objeto e as mos do escultor.
O instrutor deve estar sempre aprendendo a lidar com as limitaes de seus alunos que trabalham com a memria visual ou com a imaginao da experincia ttil quando cego de nascena. Nossas limitaes so berrantes diante da liberdade com que as pessoas cegas criam. Sem uma preocupao esttica, eles exercem plenamente a sua criatividade. A melhora da qualidade de vida, a incluso social, o aumento da autoestima e a integrao no meio familiar, so consequncias naturais do trabalho com cermica, que ainda colabora com o movimento das
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Mundo dos Sentidos - Arte Educao InclusivaEntrelaamentos, silncios e rudos
Por Janis Clmen
Curadora
Uma frase que me acompanha j h algum tempo, novamente ecoa em meus pensamentos; me apropriei desta fala durante uma aula, com um grande mestre, que disse assim: O espao expositivo como um texto, e ns na prtica desse espao somos leitores, somos afetados pelas obras.
interessante pensar que toda organizao de uma exposio tem sua genealogia, suas caractersticas intrnsecas, algumas silenciosas, outras ruidosas. Quantas pessoas estiveram envolvidas em diferentes aes para que possamos usufruir de tal espao? Artista, produtores, curador, assistentes... dentre outros, o trabalho de todas estes, juntos ou separadamente, deu forma ao conjunto expositivo.
So muitos os elementos que configuram a complexidade de uma exposio, e cada um destes dado a ser lido, contextualizado, questionado. Quando nos referimos ao termo leitura, estabelecemos que existe um processo de significao e assim uma possvel construo de sentido, quer para uma nica obra de arte ou toda uma exposio. Um mundo de experincias a serem inauguradas pulsa no ambiente.
fundamental, contudo, partirmos de que o homem, ser de relaes e no s de contatos, no apenas est no mundo, mas com o mundo. Estar com o mundo resulta de sua abertura realidade, que o faz ser o ente de relaes que . (FREIRE, Paulo. Educao como Prtica de Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.)
Ler, sentir, decifrar, entender, interpretar... para criar sentido preciso se colocar em relao com o mundo no qual estamos imersos e com aqueles com quem compartilhamos espaos-tempo, sermos afetados pelo que coexiste a ns, deixar que algo nos acontea, que as coisas
nos toquem, do contrrio apenas teremos tido um simples contato.
Mundo dos Sentidos s se desenhou dessa maneira por causa da participao de cada indivduo envolvido nas diversas etapas que compuseram o Arte Educao Inclusiva.
No encontro que resultou na exposio, conversamos sobre as razes que nos levam a escolher certas configuraes dos espaos de nossas casas, de como os lugares sociais determinam nossos corpos, nossos movimentos e percursos. Pensamos em sugerir um ambiente que acolhesse a cada pessoa em sua pluralidade e particularidade. Ao mesmo tempo em que se apresentasse como um convite para vivenciar e experimentar os objetos, coabitando e tornando cada signo legvel. Uma complexidade da qual todos fazemos parte.
O que a complexidade? [...] um tecido de constituintes heterogneas inseparavelmente associadas: ela coloca o paradoxo do uno e do mltiplo. [...] A complexidade efetivamente o tecido de acontecimentos, aes, interaes, retroaes, determinaes, acasos, que constituem nosso mundo fenomnico. Mas ento a complexidade se apresenta com os traos inquietantes do emaranhado, do inextricvel, da desordem, da ambiguidade, da incerteza.... ((MORIN, Edgar. Introduo ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2011.)
E para suspender minhas reflexes por hora gostaria de propor que tenhamos sempre em considerao que atravs da experincia, da construo de conhecimentos em arte e outros campos do saber, que adquirimos ferramentas para compreender o mundo.
PREFE
PrefeitEduard
Vice-PCarlos
SecretEmilio
Chefe Rita de
SubseWalter
SubseRosem
AssesPedro
AssesRobert
CoordRobso
GerentSnia G
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GerenBrenda
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PREFEITURA
Prefeito da Cidade do Rio de JaneiroEduardo Paes
Vice-PrefeitoCarlos Alberto Vieira Muniz
Secretrio Municipal de CulturaEmilio Kalil
Chefe de GabineteRita de Cssia de Samarques Gonalves
Subsecretrio de CulturaWalter Santos Filho
Subsecretria de GestoRosemary Fernandes Lessa Vidal
Assessor de Assuntos EstratgicosPedro Igor Alcntara
Assessor de ComunicaoRoberto Blattes
Coordenador de Museus, Centros Culturais e Artes VisuaisRobson Bento Outeiro
Gerente de Centros CulturaisSnia Gentile
Gerente de MuseusAndra Falco
CENTRO MUNICIPAL DE ARTE HLIO OITICICA
GerenteBrenda Coelho Fonseca
AdministraoCarmen Gloria R. P. Santos
Lenice dos Santos Lima
MUNDO DOS SENTIDOS
CuradoriaJanis Clmen
Coordenador GeralMarcelo Ferreira
Coordenadora de MontagemAdriana Medeiros
Coordenadora PedaggicaAna Luiza Faro
Arte Educadoresngelo Mello da SilvaEduardo Costa da Silva
MontagemDurvelina Simon, Luciana Tavares dos Santos, Monica Nogueira de Freitas, Paulo Csar da Motta Nunes e Vernica Aparecida Pinto Lima.
LIVRO ARTE EDUCAO INCLUSIVA30 de Novembro de 2012
Coordenao Geral do LivroMarcelo Ferreira
Coordenao Editorial e PesquisaAdriana Medeiros e Ana Luiza Faro
Consultoria EditorialRafael SantAnna Meyer
TextosAdriana Medeiros, Ana Ftima Berqu Carneiro Ferreira, Ana Luiza Faro, Eline Silva Rodrigues, Janis Clmen, Marcelo Ferreira, Marcia Noronha de Mello, Maria Clara SantAnna
Diagramao
Caroline Vance
Colaborao
Andrea Panaro Ramos, Angelo Mello da Silva, Ceclia Xavier Carvalho, Charles do
Carmo
JulianaLucianPereiraAbranc
ARTE
CoordMarcel
SupervAdriana
ConsuAna Lu
AssistRafael
PalestAna FEline SLucienMarciaMaria CMarian
DesignCarolin
FotgrMrcio
MoringProjetoRegenOrganiMsicoOliveira
www.f
Colab
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les do
Carmo Vicente, Fabiana Falco de O. Cruz, Gabriela Costa Cabral, Joceli Morais,
Juliana Peixoto Magalhes, Kizzy Emanoelle Cesrio da Silva, Livia Silva de Jesus, Luciana Tavares dos Santos, Maria Adelina Di Mari Salles, Maria de Lourdes Morais Pereira, Monica Nogueira de Freitas, Nilza Cristina de Sousa Culmant Ramos, Roberta Abranches, Roberto Viana Alfaia, Vernica Aparecida Pinto Lima e Viviane Santos.
ARTE EDUCAO INCLUSIVA
Coordenador do ProjetoMarcelo Ferreira
Supervisora de Educao InclusivaAdriana Medeiros
Consultora de Arte EducaoAna Luiza Faro
Assistente de ProduoRafael SantAnna Meyer
PalestrantesAna Ftima Berqu Carneiro FerreiraEline Silva RodriguesLuciene Laranjeira RosrioMarcia Noronha de MelloMaria Clara SantAnnaMariana Gonalves Ferreira de Castro
Designer Arte GrficaCaroline Vance
FotgrafoMrcio dos Santos
Moringas SonorasProjeto da Artista Plstica Clara FonsecaRegente (Professora Voluntria): Alessandra NettoOrganizao: Valria Aparecida PereiraMsicos: Ismael Marques, Joaquim Pedro Neto (Marrom), Lus Ramos, Wanderley Rufino de Oliveira, Maria Ivoneide Soares, Maria Cristina Galdino da Silva e Jos Carlos Lira
www.facebook.com/Curso.ArteEducacaoInclusiva
Colaboradores
Apoio: Realizao:
Centro Municipal de Arte Hlio Oi cicaRua Lus de Cames, 68 - Centro
Rio de Janeiro - RJTel.: (21) 2242-1012
www.facebook.com/CMA.HelioOi cica