ARTIGO C.a.M. Arquitetura Indústria Da Construção e Mercado Imobiliário

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  • 7/23/2019 ARTIGO C.a.M. Arquitetura Indstria Da Construo e Mercado Imobilirio

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    Arquitetura, indstria da construo e mercado imobilirio

    Ou a arte de construir cidades insustentveis

    Carlos Alberto Maciel

    Uma coisa que eu acho importante ns entendermos que no mundo

    capitalista tudo exige capital. No existe um arquiteto, que milita numarea de to grandes investimentos, que acha porque ele bonito, tem bons

    olhos ou faz um gesto mais curvo, o capital venha pedir a ele para aud!

    lo. No. "oc#s t#m que se preocupar, arquitetos, e eu falo aos ovens que

    esto aqui, a entender de que maneira voc#s vo conseguir uma associa$o

    com o capital.

    %oaquim &uedes '()

    *uando me dei conta, e acreditava que estava preparado para avan$ar, os

    bombeiros haviam definido a altura '+m), os consultores ingleses a

    modula$o dos pilares '- automveis) e os engenheiros a espessura das

    laes '-cm). /om o n0cleo central imposto pelas normativas de seguran$a

    '1 escadas e 2 elevadores), a largura do edif3cio saiu do esfor$o

    poss3vel que a lae poderia suportar '1+m).4er que a arquitetura das torres sempre assim, tipo 56ig 7ac58 4iza

    construindo ao lado, mais esperto, me confirmou que sim. 7as de nada

    serve lamentar!nos.

    9 silhueta foi imposta e 9lberti 'firmitas, utilitas, venustas)

    definitivamente enterrado. :estava!nos a arquitetura da pele ';erzog

    tinha razo).

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    e mercado. 4e arquitetos e mercado imobilirio coexistem h tempos, as

    variadas contradi$?es nesta complexa rela$o tampouco so novidade.

    Bodo empreendimento passa por uma sequ#ncia de planeamento, implanta$o e

    comercializa$o '-). Nesse processo poss3vel diferenciar, de um lado,

    condicionantes que podem ser entendidos como pragmticos, cuos fundamentos

    so mais facilmente aferidos por se tratarem de defini$?es que se do A oudeveriam dar!se ! em inst>ncias tcnicas ! variveis de proeto de arquitetura

    e engenharia, tcnicas construtivas, custos efetivos de implanta$o, custos

    efetivos de comercializa$o ! ou legais A restri$?es de legisla$o de uso do

    solo, preven$o e combate a inc#ndio, impacto ambiental, entre outrasC e de

    outro lado condicionantes cuo valor ou preciso so intang3veis, que podem

    ser denominados de no!pragmticos '2).

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    9lguns dos princ3pios de proeto utilizados por arquitetos e engenheiros na

    otimiza$o do processo de produ$o nesta etapa soD

    a) mxima propor$o de rea comercializvel em rela$o @ rea total do

    empreendimento. 4o aspectos decorrentes desta premissa a redu$o proporcional

    de reas de circula$?es verticais e horizontais atravs da concentra$o do

    acesso @s unidades, do que derivam, entre outras coisas, os tradicionaispartidos em H;I de edif3cios de apartamentos com 2 ou J unidades e a redu$o

    proporcional de reas de garagem, utilizando as vagas presas de modo a

    otimizar a rea sem perder em quantidade de vagasC

    b) menor per3metro de fachada para maior rea do pavimento, eliminando

    reentr>ncias e sali#ncias, o que significa gastar menos material e mo de obra

    para a constru$o de mesma rea comercializvel A em 0ltima inst>ncia, o

    c3rculo seria a planta mais eficiente neste aspecto, que por bvias quest?es

    construtivas e de arrano interno, converte!se no quadrado 'K)C

    c) menor rea de anelas, uma vez que, por serem tecnologicamente mais

    avan$ados, os sistemas de esquadrias geram maior custo de constru$o tantopelo custo da prpria tecnologia como da mo de obra mais especializada quando

    comparados aos sistemas tradicionais de veda$o 'alvenarias de tiolo cer>mico

    com os mais diversos acabamentos, constru3dos por mo de obra com pouca ou

    nenhuma qualifica$o)C

    d) concentra$o de prumadas, reduzindo o custo de instala$?esC

    e) estruturas com vos pequenos, com sistemas assimilados pelos

    construtores e pela mo de obra, sem transi$?es e no necessariamente

    moduladas A modula$o curiosamente no parece ser uma preocupa$o da grande

    maioria de arquitetos e engenheiros calculistasC

    f) repeti$oD tanto pelo espelhamento de unidades, como pela ado$o dopavimento tipo. 9 repeti$o, por princ3pio, tende a gerar economia de escala.

    /ontudo, raramente se encontram aplicados princ3pios de coordena$o modular, o

    que efetivamente contribuiria para a racionaliza$o de processos construtivos

    e no necessariamente determinariam a organiza$o repetida do apartamento!

    tipo. 9o contrrio, a repeti$o que se verifica na ind0stria da constru$o

    civil parte da elabora$o de uma planta!tipo, que costuma ignorar qualquer

    lgica de modula$o ou racionaliza$o e se define como se fosse constru3da uma

    0nica vez e de modo artesanal, e a repete, agregando ao processo alguns

    procedimentos semi!industrializados, porm espec3ficos para aquele

    empreendimento. 9 repeti$o portanto circunstancial e localizada, e seu

    produto excessivamente determinado e limitado a uma 0nica tipologia.

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    na produ$o da unidade de moradia '(). Um princ3pio baseado na concep$o de

    sistemas e no na produ$o de obetos '(() poderia contribuir para uma

    significativa amplia$o das alternativas tipolgicas nas cidades, e mesmo, em

    um 0nico empreendimentoC

    g) flexibilidadeD a mesma atitude parcial, incompleta e contraditria aparece

    neste argumento de venda de empreendimentos residenciais recentesD a plantaflex3vel. Na maioria dos casos, a ideia de flexibilidade no se constri

    conforme amplamente pesquisado e realizado pela arquitetura moderna, ou sea,

    pela ado$o de lgicas modulares e de uma disposi$o de estruturas,

    instala$?es e organiza$o espacial interna com maior racionalidade,

    setorizando os espa$os funcionalmente determinados A como sanitrios e cozinha

    A de modo a liberar as reas secas e indeterminadas funcionalmente para

    permitir sua reorganiza$o conforme a necessidade espec3fica dos diversos

    usurios. 9o contrrio, o que se faz demonstrar, a partir da mesma planta

    convencional com pequenas altera$?es, duas ou tr#s possibilidades pr!

    determinadas de transforma$o do espa$o interno, ora integrando quartos para

    constituir su3te com maior rea, ora integrando um quarto @ sala, ora

    integrando a cozinha @ sala, conferindo!lhe apar#ncia menos conservadora, oradando alguma utilidade alternativa @ depend#ncia de empregado. Uma

    flexibilidade mais radical se realizaria se os empreendimentos fossem de fato

    customizveis, entendidos como infraestruturas de suporte, com as reas

    molhadas, instala$?es, estruturas e aberturas pensadas dentro de uma lgica de

    coordena$o modular que pudessem ser ocupadas por seus usurios finais com os

    materiais de acabamento e a disposi$o espacial deseados, sem a necessidade

    de demoli$?es em edifica$?es recm!constru3das, como se faz usualmente '(1).

    %! &ustos de implantao e comerciali'ao

    =s custos de implanta$o re0nem o custo do terreno, o custo de proetos e o

    custo da constru$o. 4omam!se a eles o custo da comercializa$o e os custos de

    regulariza$o A alvars, escrituras e registros das unidades, registro de

    incorpora$o ! e se ter o custo total do empreendimento. "enda!se pelosvalores praticados pelo mercado, a diferen$a resultar no lucro, aps a

    remunera$o do capital empregado para a realiza$o do processo. = custo do

    terreno pr!determinado pela sua localiza$o e pelas possibilidades de

    constru$o determinadas pela legisla$o. = custo de proetos de arquitetura e

    engenharia irrelevante na totalidade do empreendimento. Na prtica, costuma

    incidir entre (, a -Q do custo da constru$o, o que corresponde a no mais do

    que , a (Q do valor final de venda do empreendimento. = custo de

    comercializa$o tambm pr!definidoD KQ do valor final de venda a

    remunera$o dos corretores, geralmente inclu3dos a3 os valores investidos em

    divulga$o 'ressalta!se que, financeiramente, a venda aproximadamente (

    vezes mais importante do que os proetos em todo o processo) A Lig. (.

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    &rfico com a propor$o de valores relativos em um empreendimento imobilirio em

    6elo ;orizonte, 7&, elaborado a partir de valores de mercado naquela cidade em

    1(. = tra$o vermelho representa a remunera$o A e a respectiva valoriza$o

    profissional. R/arlos 9lberto 7aciel, 1(.S

    :estam duas variveis manipulveis para tornar o empreendimento competitivo e

    rentvelD o custo da constru$o e o lucro. Nesta polaridade se revelam os mais

    diversos tipos de empreendedores, desde aqueles mercenrios que geram v3cios

    ocultos de constru$o para ampliar seu lucro at aqueles que asseguram um bom

    n3vel de qualidade como refer#ncia A ou HdiferencialI ! para seus

    empreendimentos. Uma das estratgias mais comuns da lgica da constru$o

    destinada @ venda a transfer#ncia de custos e responsabilidades da fase de

    constru$o para a fase de uso. Um claro exemplo dessa prtica a total

    desconsidera$o de aspectos relacionados ao clima ! como a correta orienta$o

    e a instala$o de elementos de prote$o e atenua$o solar. 9o deixar de

    implantar elementos de atenua$o solar durante a fase de constru$o, amplia!se

    o lucro inicial e se transfere ao usurio final o Mnus pelo pior desempenho

    energtico da edifica$o. 9 economia na fase de constru$o se reverte em

    sobrecusto de manuten$o atravs do maior consumo de energia decorrente da

    instala$o de equipamentos de ar condicionado, ou exige novos investimentos,

    na fase de uso e por parte do usurio final, para implantar dispositivos de

    atenua$o solar. 7ais raros so os exemplos de empreendedores que investem em

    qualidade construtiva e arquitetMnica.

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    tambm amplia o lucro. Fa3 resulta um ponto decisivo na determina$o do lucro

    do empreendimento que produz as mais variadas consequ#ncias nas tomadas de

    deciso em todo o processoD o tempo.

    (! )empo * de implantao e de comerciali'ao

    4e o lucro aferido aps a remunera$o do capital empregado na realiza$o do

    empreendimento, reduzir o tempo de constru$o e de venda implica em reduzir ocusto do capital empregado. 9ssim, uma consequ#ncia natural do planeamento

    dos empreendimentos a redu$o dos prazos de implanta$o, o que estimularia,

    em tese, a ado$o de processos de industrializa$o da constru$o e de montagem

    a seco, com sobreposi$o de etapas e transfer#ncia de parte das atividades de

    produ$o para fora do canteiro de obras. /ontudo, o que se verifica na prtica

    um sentido oposto de racionaliza$o, que no incide sobre os processos

    construtivos, mas sobre a forma dos edif3cios. 7ascar elucida este aspecto da

    produ$o imobiliria com grande clareza, ao comentar a rela$o entre a altura

    das edifica$?es, o tempo de constru$o e seu consequente custo em fun$o da

    remunera$o do capital imobilizadoD

    Na realidade, os aumentos do custo de constru$o por custo de dinheiroimobilizado so muito variveis de pa3s para pa3s, de regio para regio

    e at de empresa para empresa, porque dependem, por um lado, da

    programa$o da obra adotada e, por outro lado, da taxa de uros do

    mercado financeiro. 'T) as alturas de custo m3nimo dependem do momento

    que vive o pa3s onde se constri. Nos per3odos de recesso 'per3odos com

    taxas altas), as alturas econMmicas so menoresC em per3odos de expanso

    'per3odos geralmente com taxas menores), as alturas de custo m3nimo sero

    maiores. '(-)

    Fa3 se verifica que um dos elementos mais importantes para a defini$o da

    paisagem urbana de pa3ses em desenvolvimento, com edifica$?es baixas e

    compactas, de constru$o rpida, a sua alta taxa de uros, que imp?e a

    necessidade de redu$o do tempo de implanta$o dos empreendimentos. 9ssociadaa um contexto produtivo em que as escolhas tecnolgicas so orientadas pela

    oferta de mo!de!obra barata e pouco qualificada, a necessidade de redu$o de

    tempo conduz @ simplifica$o dos processos e a ado$o de tcnicas

    tradicionalmente empregadas e facilmente assimilveis por esse contingente de

    reserva que opera a constru$o.

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    permanente por apagar a memria, como se o edif3cio e o lugar conseguissem

    preservar!se novos ao longo do tempo.

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    trabalharo os arquitetos. &eralmente esses argumentos no abordam, por uma

    bvia limita$o de forma$o dos vendedores, aspectos qualitativos dos

    edif3cios, que decorrem diretamente da qualidade de sua arquitetura, tais como

    as virtudes de sua implanta$o, da inser$o urbana do edif3cio, da disposi$o

    espacial interna, da abertura @ luz natural, @ ventila$o e a visuais de maior

    interesse, a ordena$o construtiva e seu potencial para gerar flexibilidade

    real. *uando descrevem o produto imobilirio, limitam!se a aspectosquantitativos como o n0mero de vagas de estacionamento, o n0mero de quartos e

    banheiros, o n0mero de elevadores, o padro dos materiais de acabamento, os

    inumerveis equipamentos de uso comum, e os recursos tecnolgicos embarcados

    no edif3cio ! os sistemas de seguran$a, a portaria blindada, o aquecimento das

    piscinas, a pot#ncia do som do home-theaterde uso coletivo. 7esmo quando

    abordam a qualidade dos materiais, no buscam afirmar sua perman#ncia, ou

    efici#ncia A qualidades utilitrias A, mas o foco se centra no que os

    corretores chamam de HdiferencialI, ou o que faz com que o obeto a ser

    consumido se diferencie de outros, ustifique seu pre$o e sugira

    exclusividade.

    =s argumentos de venda A e naturalmente os prprios empreendimentos

    imobilirios A v#m sendo fortemente influenciados pelas mostras de decora$o,que prop?em uma super!especializa$o funcional e criam novas denomina$?es para

    antigos espa$os '(J).

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    proeto presentes nos edif3cios contempor>neos, cua excessiva

    compartimenta$o gera moradias que, em alguns casos, possuem mais banheiros e

    vagas de garagem do que moradores.

    %! /elimitao de pblico alvo

    Bodos os edif3cios produzidos pelo mercado, seam habitacionais ou comerciais,

    buscam a estratifica$o scio!econMmica de seus moradores e usurios. 9 quase

    totalidade da produ$o recente dessa arquitetura edita e aperfei$oa os padr?esde segrega$o.

    =s edif3cios de moradia so em geral pensados para grupos estratificados

    social e economicamente A moradores!tipo para apartamentos!tipo. G cada vez

    mais raro encontrar edif3cios com alguma variedade de tipos, com reas

    variadas e para p0blico diversificado, como se fez amplamente na produ$o

    imobiliria residencial dos anos aos + '1-). 7esmo nos recentes grandes

    condom3nios verticalizados com m0ltiplas torres, que compartilham reas comuns

    similares a clubes, a diferen$a entre os apartamentos!tipo de cada torre

    m3nima, buscando ampliar ligeiramente o p0blico potencial atravs da oferta de

    apartamentos em uma faixa de pre$os alargada, mas preservando integralmente o

    perfil scio!econMmico uniforme do conunto dos moradores.

    Eor outro lado, todos os grandes edif3cios no residenciais v#m editando a

    lgica do Shopping CenterA espa$os que estruturam o cotidiano a partir da

    lgica do consumo, simulando uma falsa urbanidade de corredores e pra$as

    acess3veis somente a quem tem poder de consumo, dando as costas para a cidade

    e ampliando os dispositivos de seguran$a. Nas cidades, a grande maioria das

    novas urbaniza$?es privatiza ilegalmente os espa$os p0blicos sob a forma de

    falsos condom3nios, com a leni#ncia do poder p0blico. Bodos os esfor$os

    contempor>neos de planeamento e proeto voltados para o mercado se dedicam a

    privatizar o urbano e a eliminar a diversidade. ncias do

    mercado, esta segrega$o scio!econMmica tem por obetivo facilitar e acelerar

    a venda entre consumidores de uma determinada faixa de renda. 4e o que se

    vende no o imvel, mas o statusque ele representa e que diferencia seuproprietrio, ampliando!lhe aparentemente o prest3gio e a exclusividade,

    misturar tipos de unidades, faixas de renda e perfis sociais e econMmicos dos

    moradores ou consumidores eliminaria a percep$o dessa diferen$a '12).

    (! Valor da di0erena

    9 arquitetura teve uma ampla penetra$o e uma significativa import>ncia no

    mercado imobilirio nos anos 2 a +, em um momento em que as qualidades de

    uso e a concretude material das coisas ainda guardavam algum valor A os

    famosos valores de uso de troca, em um momento anterior @ aplica$o da

    obsolesc#ncia programada na arquitetura. nea. %ean 6audrillard amplia a lgica dos

    sistemas de obetos para alm do obeto de valor utilitrio e do obeto de

    valor de troca

    '...) acrescentando o obeto simblico e o obeto do signo @ categoria do

    obeto.

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    podem ser resumidas como as da utilidade, do mercado, do presente e

    dostatus, respectivamente. Na lgica da primeira categoria, o obeto

    torna!se um instrumento, na segunda um bem, na terceira um s3mbolo, e na

    quarta, um signo. '...) seu aspecto diferencial ou relacional torna!se

    crucial na compreenso deles. 9lm disso, embora haa um aspecto

    utilitrio em muitos obetos, o que essencial para eles sua

    capacidade de significar um status. /om rela$o a isso, at mesmo anega$o pode ser uma lux0ria A como quando o Hbom gostoI exige que uma

    sala no fique demasiadamente atulhada de obetos. '1)

    9 arquitetura, neste >mbito, passa @ total irrelev>ncia, assumida

    incontestavelmente pelos an0ncios imobiliriosD se o produto propriamente no

    interessa, os an0ncios, que outrora apresentavam uma planta do pavimento tipo

    e uma perspectiva externa do edif3cio, passaram a vender apartamentos com uma

    foto de algum fato notvel preexistente no terreno A uma vegeta$o relevante,

    uma vista, um vizinho notvel !, uma detalhada explica$o sobre as virtudes e

    exclusividades da localiza$o, e uma bela imagem da piscina integrada

    ao fitness center."ende!se a iluso da diferen$a e da exclusividade. =

    apartamentoD quatro su3tes, quatro vagas na garagem. /omo qualquer outro.

    =cultos nesta lgica do marOeting imobilirio esto a redu$o de reaprivativa das unidades '1K), o respectivo aumento do n0mero de unidades

    diluindo o custo proporcional das reas de uso comum, maior valor agregado com

    alguns onerosos materiais da moda, e a consequente venda rpida com lucros

    astronMmicos.

    V ! $equenas contra0ac1es2 nunca demolir, reconecer a cidade, projetar

    in0raestruturas, assumir novos pap3is

    Neste contexto de produ$o do espa$o em que o arquiteto tem a relev>ncia de um

    tra$o A e remunera$o proporcional @ sua relev>ncia !, algumas pequenas, mas

    importantes a$?es permitem identificar alternativas @ massifica$o

    funcionalista que decorre dessa lgica.

    9 primeira delas um exemplo que vem de fora. *uando tratamos do habitar emuma metrpole contempor>nea, em que as densidades populacionais so

    alt3ssimas, o custo da terra, exorbitante e as infraestruturas,

    congestionadas, o que mais escasso, e portanto se converteria no maior luxo

    poss3vel, no so os materiais, mas sim, espa$o A maior rea constru3da

    privativa com qualidade ambiental, como afirmam Fruot, acaton e "assalD

    Uma casa tima uma casa luxuosa. = luxo um termo que surpreende

    quando se trata de habita$o popular, mas, no obstante, o HluxoI uma

    no$o menos amb3gua do que HqualidadeI. 9quela no$o imprescind3vel

    porque no deixa d0vidas quanto @ inten$o de quem a emprega.

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    reas centrais de nossas capitais t#m uma grande quantidade de edif3cios

    produzidos entre os anos 2 e + cua renova$o iminente e urgente, e que

    podem ser salvos da demoli$o. 9 atitude de no demolir apresenta ainda forte

    preocupa$o ambiental, ao, por um lado, dispensar um enorme esfor$o e

    investimento para a nova constru$oC e por outro lado, evitar uma grande

    gera$o de res3duos.

    Um segundo exemplo importante a iniciativa pontual de incorporadoras que

    investem em arquitetura. = representante mais relevante desse pequeno grupo

    a incorporadora deiaYarvosZ, de 4o Eaulo, que introduz preocupa$?es incomuns

    na concep$o de seus empreendimentos '1P)D o respeito aos bairros em que

    constroem, a gera$o de impactos positivos nos locais, a cria$o de pequenas

    pra$as e espa$os p0blicos integrados aos edif3cios, a racionaliza$o no uso de

    recursos naturais, a racionaliza$o dos elementos permanentes de estrutura e

    infraestrutura de modo a favorecer a transforma$o e criar real flexibilidade,

    e, mais importante, a op$o deliberada por contratar bons arquitetos para

    desenhar seus produtos.

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    ao usurio e um rigor construtivo que revela um consistente aprendizado com

    aqueles que lhes precederam.

    Eor 0ltimo, uma a$o poss3vel no contexto do mercado e da produ$o imobiliria

    parte do reconhecimento dos limites e dificuldades para se atingir resultados

    relevantes atravs da prtica reativa convencional de produ$o de proetos por

    demanda de incorporadores. &uardadas as raras exce$?es em que a arquiteturaintegra a pauta que formata os empreendimentos, em geral a prtica de

    elabora$o de proetos nesse contexto resume!se @ formaliza$o da legisla$o e

    @ execu$o da respectiva aprova$o legal do proeto unto aos rgos

    competentes. Uma alternativa a essa prtica reativa o deslocamento do

    arquiteto de sua posi$o de proetista, prestador de servi$os, para a de

    construtor ou de incorporador. 9o faz#!lo, o arquiteto assume para si uma

    por$o mais significativa do poder de deciso A o que se reflete

    proporcionalmente na sua responsabilidade e na sua remunera$o. 9lguns

    precedentes importantes podem orientar a abertura novos caminhos no sentido da

    melhoria da produ$o arquitetMnica nesse contexto.

    Na 9rgentina, a exist#ncia de um dispositivo legaldenominado ideicomisopermite que arquitetos comandem todo o processo de

    concep$o, constru$o e comercializa$o de edif3cios residenciais '--).

    9travs da organiza$o de grupos de proprietrios ou investidores que

    financiam o processo de constru$o, conduzido sob a coordena$o de um

    arquiteto, amplia!se significativamente a diversidade da oferta imobiliria

    quanto @ tipologia e padro construtivo. 9mplia!se, tambm, o campo de atua$o

    dos arquitetos e consequentemente seu potencial de remunera$o '-2). = mais

    vis3vel efeito desse sistema uma qualidade consideravelmente superior da

    constru$o mdia nas cidades, o que contribui, somado a outros cuidados de

    planeamento no >mbito p0blico, para garantir uma qualidade m3nima das cidades

    e de suas paisagens urbanas.

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    Elanta do pavimento tipo do edif3cio Bingu R6runo 4anta /ec3lia, 1KS

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    somtrica do apartamento do

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    imobilirias.httpD[[]]].planalto.gov.br[ccivil^-[leis[2P(.htmRacesso em

    1P[2[1(1S

    2

    Fevo esta diferencia$o, entre condicionantes pragmticos e no!pragmticos, ao

    estudo de 6runo 4anta /ec3lia sobre a obra do arquiteto Golo 7aia. /f. 49NB9

    /

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    extenso do edif3cio conformada por duas empenas estruturais de concreto e um

    pilar central. = espa$o de conv3vio, neste caso, incorpora os quartos, mas de

    maneira dilu3da e flex3velD os quartos so definidos por armrios mveis e portas

    pivotantes piso!teto. /om o recurso do elemento mvel, diferentes arranos so

    poss3veis. Eara todo este espa$o, adotado na fachada um mesmo elemento que

    caixilho, brise e armrio.

    No outro setor longitudinal do apartamento, que complementa o primeiro e com ele serelaciona, concentram!se prumadas hidrulicasD banhos, cozinha, lavanderia e quarto

    de empregada. 9 viabilidade deste setor surge no corte. 9 ventila$o da cozinha e

    banhos resultado de dutos horizontais compostos pelas prprias nervuras das

    laes. 9s duas vigas longitudinais so desenhadas abaixo das vigas transversais, de

    forma a permitir que os dutos!nervura atravessem toda a espessura do edif3cio que,

    permevel, respira. No desenho da ventila$o est novamente invocado o carter de

    artefato da constru$o.I /f. 76:=NB=, 7aria sabel. 0r1s $dif2cios de 3abita()o

    para a ormaespa(o& Modulares, 4emini e #rot5tipo. o 4eminrio F=/=7=7= 6rasil,

    4o /arlos, out. 1-, p.(2. Fispon3vel emDhttpD[[]]].docomomo.org.br[seminario

    Q1Q1pdfs[(:.pdfRacesso em [P[1(-S

    (

    9 obra de %oo Lilgueiras ima, em especial a fbrica do /B:4 ! /entro deBecnologia da :ede 4arah ! um exemplo relevante dessa lgica. =s diversos

    componentes desenvolvidos pelo arquiteto e sua equipe vo de elementos construtivos

    a mobilirio e equipamentos, e permite a constru$o de edif3cios de escala e

    programa variados, no apenas de hospitais. 9 experi#ncia de constru$o dos B/U5s !

    Bribunais de /onta da Unio, em diversas capitais do pa3s, produzindo os

    componentes na fbrica de 4alvador e os transportando para montagens nas diversas

    cidades resultou em edif3cios invulgares constru3dos com custo abaixo da mdia da

    constru$o convencional em tempo reduzido a menos da metade. No caso do B/U de 6elo

    ;orizonte, no mais do que (1 dias foram gastos das movimenta$?es de terra @

    concluso do edif3cio. amentavelmente a economia e a efici#ncia atingidas com a

    experi#ncia explicitaram o disp#ndio econMmico e a inefici#ncia dos sistemas de

    contra$o e constru$o de edif3cios p0blicos e surpreendentemente o /B:4 foi

    proibido de produzir outros edif3cios que no para a prpria institui$o. Lica a

    d0vidaD a quem interessa impedir a economia e o avan$o tecnolgico dentro da esfera

    p0blica8

    ((

    /hristopher 9lexander desenvolve o racioc3nio sobre a lgica dos sistemas

    geradores, que se definiriam por um conunto de elementos e um conunto de regras

    que poderiam gerar uma quantidade quase infinita de varia$?es. /f. 9

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    do necessrio.I Um extenso panorama sobre a questo da obsolesc#ncia programada no

    capitalismo da segunda metade do sculo XX apresentado no filmeD CM#6A6, 076A6,

    CM#6A6. 8a historia secreta de la obsolescencia programada.Fire$o de /osima

    Fannoritzer. 6arcelonaD :B"

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    9lguns exemplos so o

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    /f. 49NB9 /