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SIGNIFICANDO A APRENDIZAGEM COM OS MAPAS CONCEITUAIS
Clismeri Moreira Krubniki*
RESUMO: Este artigo tem o objetivo de analisar a organização do trabalho
pedagógico em relação às dificuldades de aprendizagem dos alunos da 5ª
série do Colégio Estadual “Jorge Queiroz Netto” no ano de 2008/2009,
sugerindo uma proposta metodológica de encaminhamento dessas dificuldades
através da elaboração de mapas conceituais. A proposta de organização do
processo de ensino está fundamentada na teoria da aprendizagem significativa
de David Ausubel. O conhecimento da técnica dos mapas conceituais
desenvolvida por Joseph Novak e o trabalho com o software Cmap Tools como
recursos didáticos pretende dar suporte a prática do professor, implementando
o processo de ensino e de aprendizagem.
Palavras-chave: Trabalho Pedagógico. Dificuldades de Aprendizagem.
Aprendizagem Significativa. Mapas Conceituais.
MEANING THE LEARNING WITH CONCEPT MAPS
ABSTRACT: This article aims to analyze the organization of pedagogical work
about the difficulties of learning of students of 5th stage of Colégio Estadual
“Jorge Queiroz Netto”, in the years 2008/2009, suggesting a methodological
proposal for forwarding these difficulties through concept maps. The proposed
organization of the teaching process is based on the theory of meaningful
learning by David Ausubel. The technical knowledge of concept maps
developed by Joseph Novak and the work with the software Cmap Tools as
teaching resources aims to support the practice of teacher, implementing the
process of teaching and learning.
Keywords: Educational work. Difficulties of learning. Meaningful learning.
Concept maps.
________________________
*Pedagoga da Rede Pública Estadual do Paraná e Especialista em Psicopedagogia
pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Colaborou com está produção o professor Oscar
Escobar do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
2
INTRODUÇÃO
Após passar pelo processo classificatório para participar do Programa de
Desenvolvimento Educacional - PDE, desde o estudo do referencial, a
realização da prova até o resultado final ainda não tínhamos a idéia de como a
prática pedagógica se tornaria objeto de análise. A partir do momento que
começamos a participar dos primeiros encontros e a esboçar o projeto de
pesquisa, que se tornaria o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola,
começamos a perceber como o trabalho pedagógico seria o foco da produção
a ser elaborada.
Reconhecer o professor da rede pública como produtor de saberes
sobre o processo de ensino e de aprendizagem é um incentivo para que o
mesmo coloque os problemas enfrentados no cotidiano da escola em
discussão.
Um desses problemas é a dificuldade de aprendizagem dos alunos, que
acabam reprovando, ou mesmo avançando para a série seguinte não
dominando os conhecimentos básicos da série que freqüentou. Este fato
juntado à vontade de levar ao conhecimento dos professores uma possibilidade
de enfrentamento, através do uso do computador como instrumento
metodológico, fez com que vislumbrasse uma oportunidade de projeto que
buscaria promover a aprendizagem dos alunos a partir da reorganização do
trabalho do professor, utilizando o computador com os alunos.
A técnica do mapeamento conceitual, fundamentada na teoria da
aprendizagem significativa, possibilitou a organização dos conteúdos das
disciplinas da série de modo a facilitar a aprendizagem. O ensino baseado na
utilização dos mapas conceituais tem como objetivo introduzir um recurso que
auxilie o trabalho do professor no enfrentamento das dificuldades de
aprendizagem.
3
A utilização do software Cmap Tools subsidiou o trabalho, permitindo
aos alunos e aos professores elaborarem e compartilharem seus mapas,
facilitando a compreensão do conteúdo trabalhado e estudado.
A intervenção na sala de aula permitiu ao professor e ao aluno o
revezamento na construção do conhecimento através da prática dialógica, nas
quais as dificuldades de aprendizagem geraram possibilidades de
enfrentamento com a elaboração do trabalho pedagógico prevendo novas
situações de aprendizagem. O cotidiano da sala de aula foi o laboratório para a
coleta de dados, análise e definição das possibilidades de aprendizagem.
As oficinas realizadas na sala de informática do Paraná Digital
permitiram aos professores explorarem as ferramentas disponibilizadas no
software Cmap Tools, organizando as aulas a partir da proposta de
encaminhamento dos conteúdos através da construção de mapas conceituais.
De início, a proposta se direcionava aos professores do ensino
fundamental – 5ª a 8ª séries, porém após as primeiras orientações sobre
delineamento e abrangência do tema, optamos por trabalhar com os
professores das 5ª séries, de todas as disciplinas: Língua Portuguesa,
Matemática, Ciências, História, Geografia, Inglês, Ensino Religioso, Arte e
Educação Física. A proposta foi desenvolvida no Colégio Estadual “Jorge
Queiroz Netto” – Ensino Fundamental, Médio e Profissional, no qual trabalho
há 13 anos como pedagoga e professora.
Durante a elaboração do projeto surgem variáveis que interferem no
processo de ensino, como: o comprometimento das políticas públicas com o
trabalho pedagógico, o compromisso dos pais com a aprendizagem de seu
filho, a organização da escola para com o processo de ensino e a prática
pedagógica dos professores.
No momento da elaboração do projeto de pesquisa, os professores
pensavam em temáticas relacionadas à sua área de atuação para
desenvolverem com seus alunos. Já os pedagogos, pensavam em temáticas a
serem desenvolvidas com os professores, portanto o assunto a ser pesquisado
deveria ser interessante no sentido de repensar a prática pedagógica e
motivador no sentido de incentivar o desenvolvimento de uma metodologia de
ensino inovadora.
4
Quando falamos em inovação pensamos em tecnologia, quando falamos
em tecnologia pensamos em computador e quando falamos em computador
pensamos sobre como utilizá-lo no processo de ensino. Essa premissa
fundamentou o projeto sobre como organizar o trabalho pedagógico de modo a
promover a aprendizagem, usando o computador como recurso metodológico.
Responder ao desafio de ensinar de modo a promover aprendizagem é
o objetivo do ensino. Porém, na escola a realidade que se apresenta ainda é a
do fracasso escolar evidenciado pelo número de alunos que apresentam
dificuldades de aprendizagem durante o processo de escolarização.
Neste universo, o trabalho pedagógico não tem sido repensado a partir
das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos. Nos momentos
de análise do processo educativo não realizam encaminhamentos com base
nos dados fornecidos pela avaliação diagnóstica, que procura dar pistas sobre
as dificuldades apresentadas pelos alunos em aprender.
Os resultados obtidos nas avaliações não estão servindo de parâmetro
para o diagnóstico do nível de aprendizagem dos alunos; esses resultados
deveriam subsidiar a redefinição do processo de ensino como um todo.
A avaliação tem contribuído com o fracasso escolar quando é tomada
como medida para categorizar os alunos por suas notas correspondentemente
ao nível cognitivo. Os que não se enquadram na média são considerados
alunos com dificuldades ou problemas de aprendizagem.
O processo de aprendizagem ainda está relacionado à nota que o aluno
atinge nas áreas do conhecimento ao final de cada um dos bimestres da série
que frequenta. Isso se explica através dos conselhos de classe que ainda
classificam os alunos pelas suas notas: os que não aprenderam o conteúdo e
os que aprenderam. A tônica recai sobre o resultado e não sobre o caminho
percorrido pelos alunos no processo de aprendizagem.
Como não adianta constatar uma determinada situação e nada fazer
com os dados que ela revela, buscamos refletir sobre o processo de ensino-
aprendizagem definindo encaminhamentos de mudança na prática de sala de
aula.
O fracasso escolar, que também é da escola, se evidencia pela
incompatibilidade da proposta da mesma em trabalhar com interesses,
5
necessidades, conhecimento, aprendizagem, enfim características do
desenvolvimento dos alunos.
Na escola, para a qual o projeto de intervenção foi desenvolvido,
constatou-se o fracasso escolar analisando os resultados bimestrais, que
indicou o grande número de alunos que apresentam dificuldades de
aprendizagem. Nos relatórios finais observou-se o grande número de alunos
reprovados na 5ª série, alguns são multirepetentes.
Cabe salientar que alguns reprovados foram aprovados por decisão do
colegiado de professores no conselho de classe final, que após analisarem
cada situação, decidiram quais poderiam prosseguir para a série subseqüente.
A produção didático-pedagógica deteve-se à questão das dificuldades
de aprendizagem, tanto dos alunos que são reprovados como dos que são
aprovados, pois avançar para a série subseqüente não garante,
necessariamente, que ocorreu aprendizagem.
A realidade do fracasso na escola diz respeito aos responsáveis pela
freqüência do aluno, aos responsáveis pelas metodologias de ensino, aos
responsáveis pela implementação dos recursos que viabilizam o processo
educativo, aos responsáveis pela análise dos modos diferenciados de
aprender. Enfim, responsabilizar é fácil, porque são muitos os envolvidos é
possível até dividir as responsabilidades, difícil é refletir sobre a
responsabilidade em promover o sucesso escolar. Sucesso é uma palavra
positiva, pois quem tem sucesso é feliz. Então, podemos concluir que os alunos
que fracassam durante o processo de escolarização estão infelizes. E, quem
somos nós para decidirmos a felicidade ou não dos nossos alunos. Somos
reconhecidos pela nossa capacidade de ensinar, e, se isso traz felicidade,
porque não fazê-lo. A escola deve preocupar-se em possibilitar aos seus
alunos a vivência de uma escolarização bem sucedida.
A escola aceita esse diagnóstico porque ofereceu o acesso, sem
questionar as condições de permanência e até de não-permanência do aluno.
Se a escola é um espaço privilegiado da igualdade, porque existem alunos que
não se desenvolvem e aprendem como seus colegas para estarem juntos no
ano seguinte, na série seguinte? Se o professor ofereceu oportunidades de
aprendizagem, porque existem os que não dominam os conteúdos necessários
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para freqüentarem a série seguinte ou a modalidade de ensino seguinte? Por
que os pais precisam se conformar com a decepção de seu filho em não
avançar nos estudos junto com a sua turma, com seus colegas?
É preciso desmistificar as causas geradoras do fracasso da
aprendizagem desvinculada de patologias, visões distorcidas e equivocadas
como justificativas que buscam omitir os envolvidos no processo educativo de
suas competências em promoverem o sucesso dos alunos na escola,
conseqüentemente, na vida.
A figura dos alunos com problemas serve para justificar o fracasso
escolar através da patologização do ensino, com o objetivo de deslocar o foco
da discussão sobre a prática pedagógica para uma visão conformada de que o
fracasso do aluno é decorrente de distúrbios de aprendizagem, problemas
afetivos e de contexto sócio-cultural.
Os estudos de Patto, evidenciaram que “o pensamento educacional
brasileiro tinha a tendência em atribuir os sucessos e os fracassos dos alunos a
fatores individuais. Os alunos de classes populares eram vistos como “fracos” e
se vinculava a produção escolar desses alunos às oportunidades oferecidas
pelo contexto social em que viviam; enfatizando a relação entre as diferenças
no rendimento escolar e o meio sócio-econômico do qual cada criança
provinha.” (PATTO, 1990, P.37).
Ao centrar o fracasso como causa e efeito de responsabilidade médica,
psicológica e sociológica o mesmo não precisa ser analisado pela competência
pedagógica, eximindo a escola de sua parcela de culpa pelo insucesso dos
alunos. Esse processo não é verdadeiro, pois embutido ao fracasso do aluno
está o da instituição e de seus envolvidos.
Com o objetivo de oportunizar a releitura do ensino e da aprendizagem
como processos decorrentes e recorrentes, esta produção busca possibilitar a
reflexão sobre as dificuldades que permeiam o processo educativo, no que
tange à aprendizagem dos alunos, em relação à organização do trabalho
pedagógico. Ou, como o nível de competência da aprendizagem pode definir o
nível de competência do ensino. Para isso, é preciso visualizar a aprendizagem
e o ensino como processos que interagem em função do conhecimento, pois o
ensino se apóia em uma concepção de aprendizagem.
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É importante, ao definir o nível de aquisição do conhecimento através da
aprovação ou da reprovação, que a instituição escolar coloque em xeque a
maneira como o ensino tem se processado em seu contexto. O fracasso
escolar também se caracteriza como o fracasso da organização pedagógica
em não propiciar aprendizagem aos alunos. As metodologias de ensino
contribuem para o fracasso escolar à medida que não correspondem aos
interesses e necessidades dos alunos.
Muitas vezes, o professor fecha os olhos para a realidade do fracasso
escolar, afirmando que aprender é tarefa do aluno e se este não tem
competência para tal, conforme-se com a situação. Esta afirmação perde o seu
valor a partir do momento em que o processo educativo torna-se
responsabilidade de todos os envolvidos. Portanto o fracasso escolar
representa o fracasso de professores, pedagogos e gestores em não
garantirem aprendizagem aos alunos.
O TRABALHO PEDAGÓGICO E AS DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM
A intenção deste trabalho é aprofundar a reflexão sobre a organização
da prática pedagógica em relação às dificuldades de aprendizagem e promover
a elaboração dos mapas conceituais como estratégia facilitadora da
aprendizagem significativa.
As dificuldades de aprendizagem não tem solicitado a organização do
trabalho do professor na perspectiva da prevenção e da busca de soluções
para as mesmas, é preciso analisar o trabalho pedagógico desenvolvido, para
então organizar metodologias que possibilitem a reversão deste quadro.
Nas entrevistas realizadas com os professores, sobre as dificuldades
para ensinar, apareceram as seguintes respostas: falta de interesse do aluno,
falta de colaboração dos pais, “Indisciplina”, superlotação das salas de aula,
material didático, ansiedade e deslumbramento do aluno com a novidade de
estar na 5ª série, defasagem de aprendizagem das séries iniciais, imaturidade
e pouco tempo para o professor preparar as atividades
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Acredita-se que a dificuldade está no aluno em não aprender,
justificando que apresentam problemas no desenvolvimento psicomotor,
cognitivo, perceptivo, lingüístico, não dominam os conhecimentos básicos da
série anterior, não contam com o apoio da família no acompanhamento das
atividades escolares, estão desinteressados e desmotivados para estudar.
O professor não ensina diferente aos que aprendem diferente, não
reelabora sua proposta de trabalho a partir do diagnóstico das diferentes
maneiras de aprender; entende que só existe uma forma de ensinar, cabendo
aos diferentes (alunos) se adequarem a mesma.
Existem professores que continuam prevendo os mesmos conteúdos e
as mesmas metodologias sem buscar dialogar sobre a sua prática em sala de
aula. Os professores tornaram-se reticentes, “não questionando a prática
pedagógica excludente que produz o fracasso escolar”. (CARVALHO, 2002,
p.63). O professor é resistente à idéia de colocar sua prática em análise,
mesmo que o objetivo seja de melhorá-la; por mais que vivencie as mudanças
no dia-a-dia, não as contextualiza no ato educativo, isto gera propósitos
contrários, tanto das expectativas do professor quanto do aluno.
Nos dias atuais, a confrontação entre o trabalho pedagógico e as
dificuldades de aprendizagem fez com que a sala de aula se transformasse
num espaço para experienciar metodologias que melhor respondam ao
sucesso do aluno na escola.
Nesse processo o papel do aluno e do professor se definem à medida
que ambos efetivam suas participações de modo fundamentado. Isso demanda
reconhecer que o professor não é o detentor do conhecimento, dos conteúdos
e das metodologias, mas tem o comprometimento de organizá-los para
produzir condições favoráveis para que ocorra o ensino e a aprendizagem.
O aluno é o sujeito, que ao interagir no seu contexto, permite o
redimensionamento do processo educativo a partir da análise das informações
sobre sua aprendizagem e seu desenvolvimento.
Na entrevista com os professores sobre quais fatores colaboram para
que o aluno não aprenda, surgiram as seguintes respostas: “indisciplina”, falta
de atenção, desorganização, descumprimento de tarefas, sono, falta de
alimentação, desinteresse, problemas pessoais, forma de apresentação do
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conteúdo, descaso da família, imaturidade, falta de estímulo, problemas
familiares, falta de estrutura, distúrbios de aprendizagem, amigos envolvidos
com drogas, atenção com aparelhos eletrônicos e falta de entrosamento entre
professor-aluno
Os fatores elencados dizem respeito à diversidade de interesses,
motivação e nível cognitivo, levando em conta as diferenças pessoais e
culturais dos alunos. Apenas dois aspectos se relacionam ao trabalho do
professor. Isto é, a forma de apresentação dos conteúdos remetendo a prática
do professor e a forma de abordar os conteúdos trabalhados em sala de aula e
a falta de entrosamento entre professor-aluno.
O que justifica a preocupação dos professores em repassarem os
conteúdos sem problematizá-los, valorizando a forma linear de transmissão dos
conhecimentos; desconsiderando potencialidades críticas e criativas e
incapacitando o aluno de refletir sobre a sua existência no cotidiano sócio-
econômico e cultural, gerando o conformismo com situações que mascaram a
realidade da desigualdade.
A partir desse diagnóstico é fácil perceber que as propostas de ensino
nem sempre estão em acordo com as propostas de aprendizagem, pois as
restrições de oportunidades para dialogar sobre os problemas, as inquietações,
as dificuldades, as possibilidades, as propostas decorrentes ou recorrentes à
prática pedagógica, fazem com que o professor organize o trabalho
preocupado em cumprir conteúdos pré-estabelecidos de sua área de atuação.
As informações coletadas devem subsidiar e sugerir a elaboração de
propostas para as interpretações sobre a aprendizagem, analisando e definindo
as possibilidades de implementá-las, dentro do espaço escolar.
As pesquisas demonstram que a escola deve possibilitar momentos de
análise e encaminhamentos sobre processo educativo, num movimento
permanente de coleta de dados que promovam a reflexão e demandem novas
possibilidades de intervenção na organização do trabalho escolar.
Quando as propostas de ação concebem o aluno com características
diferentes dos demais como um fator de desigualdade, segrega-os ao grupo
dos que não aprendem. Isso demonstra, que os professores buscam trabalhar
com grupos homogêneos em sala de aula. Ao invés de trabalhar a partir da
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realidade da diversidade, de alunos diferentes, o professor com sua habilidade
em classificar, os seleciona e compartimenta sem perspectivas de mudança, ou
seja, quem não aprendeu jamais aprenderá.
Ao referenciar o respeito à realidade do aluno, historicamente, as
práticas pedagógicas se desvirtuaram de seu objetivo em promover à
apreensão do conhecimento adotando atitudes espontaneístas, sem diretivismo
e sem fundamentação.
A escola não pode permitir que o ato pedagógico se reduza a um
processo mecânico que se efetiva com a utilização de técnicas de transmissão
do conhecimento. O objetivo da escola deve ser o de assumir o desafio de
educar tendo como pressuposto a compreensão das diferenças sócio-culturais
e dos diferentes estilos cognitivos.
Como a atualidade exige um profissional com capacidade de resolver
problemas e administrar conflitos, faz necessária uma política de valorização
dos profissionais da educação que subsidiem a prática em atividades de
aperfeiçoamento e não de adestramento. Políticas que valorizem ações
coletivas comprometidas com a história de seus agentes na perspectiva de
mudar, de transformar a sociedade, hoje tornou-se prioritário.
O projeto desenvolvido na escola pretendeu ajudar a compreender a
organização do trabalho pedagógico, criando e adequando metodologias que
busquem superar o fracasso escolar; visualizando a aprendizagem e o ensino
como processos que interagem em função da produção do conhecimento e de
práticas pedagógicas diferenciadas, de modo a contribuir para alterar a
realidade encontrada.
A escola deve organizar espaços de discussão sobre o fazer
pedagógico. Essa é a oportunidade para que a escola promova a reflexão em
torno da abrangência social do papel dos educadores. Se existem conflitos, é
preciso abordá-los com análise crítica e fundamentada para o
redimensionamento das ações na sala de aula.
Aqui o trabalho dos pedagogos da escola é de fundamental importância,
levantando os problemas das dificuldades de aprendizagem e relacionando-as
com a prática desenvolvida. Diagnosticar a problemática e elaborar junto com
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os professores as possibilidades de implementação da prática pedagógica com
o objetivo de proporcionar avanços no processo de ensino e de aprendizagem.
A partir dessa concepção de educação nos propomos a repensar a
formação do professor, organizando reuniões pedagógicas como momentos de
reflexão, pesquisa e diálogo com os colegas, para então, propor metodologias
que se adequem à possibilidade de aprendizagem que respeite as diferenças.
O papel do professor é o de desencadeador das possibilidaddes de
aprendizagem, numa realidade de ritmos diferentes em que ela ocorre,
experiência de vida distintas entre os alunos e perfis cognitivos diferenciados.
O bom professor é aquele que consegue envolver seus alunos com responsabilidade, com ética, com conteúdos adequados às suas condições e necessidades sócio-históricas. Conhecendo melhor os seus desejos e os de seus alunos, o professor poderá [...], realizar sua utopia, seu sonho de professor, como também poderá ajudar seus alunos a realizarem suas verdades, seus sonhos, seus desejos. O que é ensinar senão mostrar que a questão maior [...] é [...], descobrir se existe um destino que não seja, ele próprio, a viagem da aprendizagem? (SOARES, 1998, p. 33)
Numa visão crítica, a prática educativa é desenvolvida a partir dos
problemas da realidade concreta, na qual o ensino e a aprendizagem se
articulam em todo o seu desenrolar. Mesmo tendo o educando como sujeito
desse processo, ainda falta o aprofundamento que desenvolva uma ligação
entre o ensino e a sua vida cotidiana. Assim, o saber cotidiano e o saber
científico, se constituem em contradições sócio-culturais que irão delimitar o
currículo escolar.
Quando refere-se a análise do trabalho escolar necessário se faz
repensar o plano de trabalho docente, pois toda aula começa muito antes do
momento de entrar em classe. Sempre existe um esforço para preparar o
trabalho a ser desenvolvido com os alunos. É preciso percorrer o caminho,
definindo objetivos e elaborando metodologias, conforme interesses,
possibilidades e condições da realidade para a qual será desenvolvida a ação.
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Criar algo de novo através do trabalho pedagógico, transformando a
realidade, supõe conhecer as reais condições, estabelecer o que se pretende
atingir e perceber o aluno como sujeito do processo de compreensão do
mundo.
Para isso, é preciso coletar aspectos da realidade, sobre a história
escolar dos alunos, níveis de aprendizagem, interesse, habilidades e
dificuldades. Essas informações servem para o professor definir conteúdos e
metodologias, selecionar materiais e organizar as atividades, conforme esses
aspectos levantados.
O aluno(a) constrói seu conhecimento, mas precisa ser motivado pelo
que tem significado e promove a sua auto-estima. A consciência dos acertos,
erros e lacunas permite que compreenda seu próprio processo de
aprendizagem.
O professor precisa conhecer as referências sócio-culturais, paixões,
curiosidades, valores, costumes, opiniões, idéias dos alunos. Isso exige
preparo profissional, domínio do conteúdo e da metodologia de ensino. Para
tanto, é necessário conciliar os interesses dos alunos com os objetivos das
atividades planejadas.
O verdadeiro fazer-didático é aquele capaz de refletir corretamente cada situação de aprendizagem a partir do exame concreto da realidade onde educador-educando estão inseridos, envolvendo, cuidadosamente todos os dados necessários à solução que intrinsecamente, será sempre parcial, porém aproximar-se-á mais das necessidades educacionais concretas [...] (RAYS, 1990, p. 45)
Planejar o trabalho pedagógico revela uma intenção da prática educativa
que se quer desenvolver na qual é possível perceber sua dimensão política,
desde o momento da previsão de conteúdos, de metodologias, de processos
de avaliação da aprendizagem, de objetivos.
O objetivo da aprendizagem deve ser o de proporcionar meios para a
formação do educando crítico e criativo através da assimilação dos
conhecimentos. Neste sentido, Masseto (1991, p. 24) ressalta os níveis de
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aprendizagem a serem atingidos: “[...] a aquisição, a reelaboração dos
conhecimentos aprendidos e a produção de novos conhecimentos .”
Nesta perspectiva, o plano de ação docente exige postura pedagógica e
comprometimento político que iram se efetivar através do trabalho coletivo, no
qual os envolvidos. (pais, alunos, professores, especialistas, etc. ) discutem,
decidem, agem e avaliam as propostas coletivamente.
Diante dessa proposta é necessário resgatar o saber produzido, que
permita ao aluno ler e escrever sua própria história e produzir um novo
conhecimento para que possa interpretar o mundo que o rodeia e, nele intervir.
Cabe ao professor, buscar subsídios didático-pedagógicos que vão ao
encontro das necessidades e interesses dos alunos, que os façam sentirem-se
felizes na escola. Essa dimensão se dá através da competência do professor
em organizar e articular o conhecimento, que implica humildade e simplicidade
em suas atitudes, bem como o despojamento de preconceitos e
questionamento de valores que muitas situações são consideradas como
válidos, ao não contextualizá-los e questioná-los. A este respeito é oportuno o
que diz, Marcondes:
Os professores devem buscar sedimentar a postura reflexiva através da organização coletiva em propostas que visem uma melhor compreensão do seu próprio papel, do questionamento do conteúdo dos textos escolares, das metodologias empregadas, das formas de avaliação e das suas próprias condições de trabalho [...] e buscar alternativas de superar de forma conjunta os impasses encontrados. (MARCONDES, 1997, p. 43).
A construção do professor como sujeito da ação pedagógica planejada
deve ser criativa, competente e compromissada, Essa busca se realiza no dia-
a-dia da sala de aula, na articulação da aprendizagem.
Porém é necessário lembrar que o desenvolvimento tecnológico é tão
variado que torna impossível processar com a mesma velocidade a
sistematização da escola sob o “novo paradigma do conhecimento que se
encontra em transição.” (FAZENDA, 1991, p. 16).
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Estas reflexões permitem analisar a prática pedagógica como o marco
do sucesso ou do fracasso do aluno no decorrer da sua escolarização. É
através da maneira como é organizada a ação do professor para ensinar que o
aluno poderá obter êxito na aprendizagem.
Para encaminhar as possibilidades de ensinar é preciso considerar os
mecanismos para aprender, que se desenvolvem desde o nascimento pelas
interações dos indivíduos na sociedade em que se encontram inseridos. O
aluno constrói o conhecimento através de interações com os professores, com
seus colegas de classe e com o próprio conhecimento trabalhado e produzido
coletivamente em sala de aula.
Isso significa que todo aluno pode aprender, criar, produzir e interpretar,
se os professores conhecerem as condições em que a aprendizagem ocorre e,
a partir dessa reflexão organizam a sua ação.
Ao ensino cabe a tarefa de propiciar situações desafiadoras e
desencadeadoras de aprendizagem. O professor analisa o que o aluno produz
e cria condições para que seu conhecimento avance em direção a novos
patamares de compreensão e de interpretação.
Como ressalta André: “A atitude observadora da professora permite-lhe
conhecer cada aluno, percebendo a diversidade de vivências, interesses e
universo culturais que existem entre as crianças na sala de aula[...]perceber a
riqueza de experiências e saberes [...] leva a professora a valorizar e incorporar
esse conhecimento no seu trabalho.” (1999,p.101).
Para isso, o professor deve conhecer os referênciais sócio-culturais de
seus alunos para então planejar as atividades de ensino de modo a contemplar
momentos de intervenção que garantam aprendizagem significativa, a este
respeito podemos observar que:
A questão, talvez esteja em tentar recriar esse espaço de aprendizagem, partindo das trajetórias de vida de nossos alunos, de suas histórias, da história de seus pais. Para quê? Para através de tudo isso, tentar resgatar o sentido de ensinar/aprender, seja costurando, adequando ou sintonizando os conteúdos com as necessidades ou prioridades dos alunos, seja construindo conteúdos novos. (SOARES, 1998, p. 33)
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A diversidade de estilos cognitivos entre os alunos faz com que a
metodologia seja diferenciada cabendo ao professor privilegiar conteúdos
significativos, problematizá-los em situações que explorem as dimensões da
aprendizagem e dos processos de desenvolvimento. O papel da escola, nesta
perspectiva, passa a ser a organizadora de propostas que privilegiem o acesso
ao conhecimento e sua reelaboração através de possibilidades diferenciadas
de acordo com as particularidades sociais dos alunos, reveladas no cotidiano
da sala de aula.
À medida que o cotidiano da escola torna-se objeto de análise para
compreensão do processo ensino-aprendizagem, surgem novas circunstâncias
que induzem aos alunos a terem sucesso no processo de escolarização. Aos
envolvidos nesta realidade, cabe a tarefa de atualizarem sua postura perante o
processo histórico que recria e cria maneiras diferentes de ensinar e aprender.
É importante destacar que a postura, o discurso deve ser coerente com a
prática, com a ação. Caso não exista este equilíbrio os conteúdos tornam-se
estéreis, os procedimentos inócuos e os educadores trabalham de forma
inadequada, que em última instância, gerará propósitos contrários às suas
expectativas e às formas de organizar o ensino.
O papel desempenhado pelas teorias sobre a aprendizagem e o
desenvolvimento colaboram para que os professores repensem sua prática a
partir de características psicológicas e sócio-culturais de seus alunos,
fornecendo subsídios teóricos e metodológicos para que o processo educativo
se viabilize de modo responsável, comprometido e competente.
No desenvolvimento e na aprendizagem o meio e o organismo exercem
ação recíproca que promovem mudanças; a construção do conhecimento se
realiza durante o decorrer da vida do indivíduo que ao interagir com o outro e
com o meio elabora suas características e sua visão do mundo.
Ao professor cabe a tarefa de perceber, nas diferentes situações de
aprendizagem, o momento de ajudar o aluno a alcançar níveis mais elevados
de conhecimento. Para isso, deve conhecer aspectos individuais e coletivos
dos alunos com os quais irá organizar o trabalho pedagógico.
O professor é o organizador das condições para que ocorra a aquisição
do conhecimento, através de situações que motivem o aluno a aprender. É
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preciso por em prática metodologias que possibilitem essas mudanças.
Segundo Zanella, “... quanto mais se desenvolve, mais o ser humano se torna
completo e complexo em suas conexões mentais, pensa melhor, estabelece
relações mais eficientes, apresentando melhores condições de pensar, aplicar,
generalizar e, consequentemente, agir.” (ZANELLA, 2003, p.32).
Conceber o desenvolvimento e a aprendizagem como processos que
interagem durante a escolarização traz contribuições importantes no sentido de
considerar que o aluno constrói o conhecimento, produzindo novas formas de
pensar, de aprender e de apropriar-se dos conteúdos trabalhados
Os professores desmistificam as teorias ao elaborarem uma prática
adequada às diversidades presentes no ambiente escolar, de modo a promover
a aprendizagem e o desenvolvimento.
O papel desempenhado pelas teorias sobre o desenvolvimento e a
aprendizagem requerem o enfrentamento das dificuldades de aprendizagem a
partir da compreensão das características biológicas e sociais do
desenvolvimento psicológico e dos aspectos cognitivos e afetivos que
envolvem o ser humano. Com o objetivo de colaborar para que o processo
ensino-aprendizagem se efetive, a prática pedagógica necessita de
reformulações baseadas na realidade que está posta, ou como escreve Freire
(1993, p.32): “[...] buscar unidade na diversidade.”
Neste sentido, a análise das teorias que explicam a aprendizagem e o
desenvolvimento seja como processos isolados ou que se complementam,
colabora para a tomada de posições a partir da confrontação de suas
implicações para a educação. Os avanços no processo de ensino e
aprendizagem se darão quando os professores atuarem de acordo com o
diálogo desencadeado entre essas teorias.
As abordagens apresentam a possibilidade de reinterpretação dos
elementos que envolvem a prática pedagógica, como as diferenças individuais
culturais, a relação entre professor e aluno, as metodologias e outros. Neste
sentido, cabe a escola redimensionar a sua função social de democratizar o
saber através do acesso e permanência do aluno, de modo a promover o
aprendizado como resultado desejável que conduza ao desenvolvimento.
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Essa tarefa exige mais do que se intitular construtivista, interacionista ou
sócio-interacionista, mesmo porque é inviável a escolha de uma teoria
específica, porém, é inevitável a constatação de profissionais da educação que
consomem teorias como “a melhor” e até as utilizam de forma simplista.
A análise reflexiva das diferentes abordagens é o referencial que
viabiliza a prática pedagógica comprometida com a aprendizagem e o
desenvolvimento dos alunos. O professor ao vivenciar a dinâmica da sala de
aula confronta a teoria com a prática e reelabora maneiras de ensinar e
aprender integrando as diferenças individuais às diversidades sociais e
culturais.
Ao organizar o trabalho contextualizado com os interesses e
necessidades dos alunos, o professor elabora sua proposta de ação voltada
para o espaço de suas aulas como momentos desencadeadores de desafios;
que redimensionam a prática a partir do confronto das perspectivas do aluno
com as possibilidades do professor.
Segundo, Oliveira, “Caberia aos educadores, e à escola como
instituição, construir estratégias de ensino que contemplassem as diferenças
individuais e grupais, no sentido de permitir o desenvolvimento e a expressão
das várias potencialidades humanas universais corporificadas nas diferentes
modalidades de funcionamento psicológico, as quais são possibilitadas pelas
diferentes culturas e pelo percurso de desenvolvimento individual.” (OLIVEIRA,
1997, p.53).
Considerando essas influências e aproximando teorias de ensino, o
professor analisa que o aluno aprende em ritmos diferenciados - uns
respondem rapidamente às solicitações das aulas e outros demoram, mas
ambos aprendem.
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E MAPAS CONCEITUAIS
A teoria cognitiva de David Ausubel sobre a aprendizagem significativa
norteou esta proposta no sentido de fundamentar a prática de sala de aula.
Moreira explica que:
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A aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação ancora-se em conceitos relevantes preexistentes na estrutura cognitiva de quem aprende... o desenvolvimento de conceitos é facilitado quando os elementos mais gerais, mais inclusivos de um conceito são introduzidos em primeiro lugar, e posteriormente, então, esse conceito é progressivamente diferenciado, em termos de detalhe e especificidade.
O professor deve reconhecer o conhecimento dos alunos e trabalhar a
partir dessas representações. Isso quer dizer que o conhecimento se
reestrutura durante a aprendizagem significativa, num processo dinâmico.
De acordo com o exposto sobre aprendizagem significativa, o papel do
professor é “ensinar utilizando recursos e princípios que facilitem a passagem
da estrutura conceitual da matéria de ensino para a estrutura cognitiva do aluno
de uma maneira significativa”. (MOREIRA, 1982, p.12).
Responder a tarefa de ensinar, de modo a promover o estabelecimento
de uma aprendizagem significativa, é o objetivo pretendido deste projeto. O
mapeamento conceitual, técnica criada por Joseph Novak na década de
setenta, surge como uma possibilidade de se trabalhar com o conceito de
aprendizagem significativa.
Os mapas conceituais são diagramas que indicam as relações entre
conceitos, ou entre palavras que usamos para representá-los. Figuras como
elipses, retângulos, círculos podem ser utilizados, porém nada significam em
um mapa conceitual. Eles podem seguir um modelo hierárquico no qual
conceitos mais inclusivos estão no topo e conceitos específicos estão na base,
mas não se trata de um modelo obrigatório, nem tão pouco o uso de setas.
Elas podem ser usadas para dar sentido de direção a determinadas relações
conceituais. O que deve ficar claro num mapeamento conceitual são os
conceitos contextualmente mais importantes e os secundários ou específicos.
O mapa conceitual é um instrumento capaz de evidenciar significados
atribuídos a conceitos e relações entre conceitos no contexto de um corpo de
conhecimentos, de uma disciplina, de uma matéria de ensino.
Estes mapas servem para tornar significativa a aprendizagem do aluno,
que transforma o conhecimento sistematizado em conteúdo curricular,
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estabelecendo ligações deste novo conhecimento com os conceitos relevantes
que ele já possui, estruturando o pensamento do sujeito
O professor pode utilizar-se dos mapas conceituais para: tornar claro
conceitos difíceis, estabelecer relações entre conceitos, reforçar a
compreensão e a aprendizagem dos alunos, visualizar conceitos chaves e suas
inter-relações, e auxiliar no processo de avaliação e identificar conceitos não
entendidos e que possam estar faltando.
O aluno é orientado sobre os objetivos pretendidos e como poderá
trabalhar para que eles sejam atingidos, junto com o professor, que estará
avaliando esse processo destacando os conceitos relevantes do
tema/assunto/conteúdo tratado e promovendo ajuda.
Não existe mapa conceitual como o “correto”, o professor apresenta o
mapa do conteúdo estudado, segundo os significados dos conceitos e de suas
relações significativas. O aluno apresenta o seu mapa, dando evidências sobre
como está aprendendo o conteúdo. Na análise dos mapas produzidos pelos
alunos, o professor deve perceber que alguns sugerem falta de compreensão,
nesse momento poderá solicitar explicações, orais ou escritas, em relação ao
mapa apresentado.
Neste projeto, os mapas conceituais podem ser elaborados diretamente
no computador, utilizando o software Cmap Tools. Antes disso, o professor
poderá oportunizar aos alunos a elaboração de seus mapas por escrito, para
depois transcrevê-los no Word ou no PowerPoint, como uma maneira de
familiarizar-se com as ferramentas disponibilizadas no computador.
O software Cmap Tools, foi desenvolvido pela University of West Florida
– UWF e permite digitalizar os mapas conceituais, modificá-los sempre que for
necessário e compartilhar a discussão dos mesmos através da Internet. Esta
proposta pedagógica esta sendo implementada pela Universidade Federal de
Rio Grande do Sul. A característica dialética de utilização deste recurso
evidencia-se quando alunos e professores alteram os mapas; possibilitando a
construção coletiva através de ambientes colaborativos.
Também é de suma importância o conhecimento e a utilização de
recursos tecnológicos que auxiliem nesse processo, como mecanismos
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facilitadores da aquisição do conhecimento transmitido pelos professores aos
seus alunos.
O uso do computador e de suas ferramentas deve se tornar acessível
aos alunos e aos professores, para que ambos possam aprender e ensinar
num ambiente de construção do conhecimento. É preciso desmistificar a sua
utilização como recurso pedagógico, sem transformá-lo em panacéia para os
problemas educacionais.
A escola deverá integrar o computador aos seus espaços de saber, de
modo a restabelecer a aprendizagem, auxiliando o professor na utilização
desta tecnologia numa perspectiva reflexiva e significativa
Para isso, a escola precisa tornar-se mobilizadora de transformações e o
professor assumir uma nova atitude diante do conhecimento e da
aprendizagem. Valente, diante deste problema assim se expressa:
A mudança da função do computador como meio educacional acontece juntamente com um questionamento da função da escola e do papel do professor. A verdadeira função do aparato educacional não deve ser a de ensinar, mas sim a de criar condições de aprendizagem. Isso significa que o professor precisa deixar de ser o repassador de conhecimento – o computador pode fazer isso e o faz muito mais eficientemente do que o professor – e passar a ser o criador de ambientes de aprendizagem e facilitador do processo de desenvolvimento intelectual do aluno. (VALENTE,2000, p. 15-16)
É preciso criar condições para que o professor saiba contextualizar o
aprendizado e a experiência vividas em sua formação para a realidade da sala
de aula, compatibilizando as necessidades dos alunos aos objetivos que
pretende atingir.
A utilização de tecnologias da informação e da comunicação tem
possibilitado um repensar sobre o processo de ensino, tornando-o objeto de
análise e discussão como desencadeador de propostas que busquem viabilizar
a aprendizagem.
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Os avanços tecnológicos devem ser encarados como possibilidades de
utilização de recursos que auxiliam o processo de mudança pedagógica, sendo
o computador uma nova maneira de representar o conhecimento.
O papel do professor...é o de facilitador, mediador da construção do
conhecimento. Então, o computador passa a ser aliado do professor na
aprendizagem, proporcionando transformações no ambiente de aprender e
questionando as formas de ensinar.
Desse modo, entende-se que o educador deve buscar utilizar o
computador como apoio pedagógico proporcionando que a aprendizagem
esteja respaldada na descoberta, na investigação e no diálogo e, que o aluno
construa o conhecimento.
Segundo Almeida: “a preparação para usar o computador em sala de
aula deve ser um processo que mobilize e prepare o professor para incitar seus
alunos a: aprender a aprender...” (1999, p. ).
O uso do computador e de suas ferramentas deve favorecer a
construção de práticas pedagógicas que atendam às características e às
necessidades educativas dos alunos, que despertem um interesse significativo
em explorar os conteúdos de forma dinâmica e interativa.
Em relação à utilização do computador como recurso na educação,
alguns professores se negam a conhecer a sua utilização e outros conhecem e
utilizam sem rigor pedagógico. Em face dessa “novidade”, é urgente organizar
propostas que busquem aproximar o trabalho pedagógico das possibilidades
de uso do computador.
Cabe destacar que o professor não precisa ser um especialista em
informática, basta que tenha familiaridade no manejo do software e seja criativo
para explorar todas as possibilidades que o recurso oferece. Também exige
que os professores tenham compreensão dos conteúdos específicos de
atuação.
Segundo Prado: “(...) o aprendizado de um novo referencial educacional
envolve mudança de mentalidade (...). Mudança de valores, concepções, idéias
e, conseqüentemente, de atitudes não é um ato mecânico. É um processo
reflexivo, depurativo de reconstrução, que implica em transformação e,
transformar significa conhecer.” (1993, p.99).
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FINALIZANDO
Para buscar novas formas de intervir na realidade escolar é necessário
proporcionar espaços de estudo, discussão e reflexão com os professores para
que os mesmos possam expor suas concepções, idéias, teorias, experiências,
desafios, enfim, realizar estudos de aprofundamento teórico e metodológico
que promovam o sucesso do aluno no processo de escolarização.
A reflexão sobre os entrelaçamentos da organização do trabalho
pedagógico com as dificuldades de aprendizagem evidenciam a importância da
mediação docente como possibilidade de superação da problemática dos
alunos que não estão conseguindo aprender. Assim, os professores tornam-se
capazes de refletir, tomar decisões e mudar o rumo de sua ação a partir da
interpretação que faz do processo de aprendizagem dos alunos
Este trabalho procurou refletir sobre a organização do desenvolvimento
pedagógico e do processo de aprendizagem, sugerindo e propondo aos
professores e professoras a utilização da técnica do mapeamento conceitual
como metodologia no enfrentamento das dificuldades de aprendizagem. A
implementação desta proposta exige dos professores a análise das
dificuldades de aprendizagem como possibilidade de reflexão sobre as suas
práticas e a superação dos problemas encontrados em sala de aula.
No momento em que os professores organizam o plano da ação docente
é preciso considerar o que os alunos conhecem sobre os conteúdos a serem
trabalhados, para depois organizar as ações a serem realizadas e
reconstruídas, considerando os objetivos propostos e a avaliação da
aprendizagem dentro de uma perspectiva construtivistsa, pois a realidade
desenvolvida nesta experiência pedagógica evidenciou que esta forma
favorece a aprendizagem.
Este artigo sugere um referencial que pode imprimir um movimento
dinâmico ao fazer pedagógico, constituindo-se como apoio para a elaboração
de metodologias de trabalho no espaço escolar que estimulem o
desenvolvimento de atividades com os alunos de modo a promover a
aprendizagem significativa.
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O ensino ao utilizar uma didática pedagógica que inclua o uso do
computador pode se constituir numa possibilidade que virá a promover a
aprendizagem significativa, desde que os professores considerem os objetivos
pretendidos com as atividades desenvolvidas.
Durante a realização da pesquisa, constatou-se que existem poucos
referenciais sobre o encaminhamento do processo de ensino-aprendizagem
utilizando recursos tecnológicos. A tecnologia que nos parece tão próxima na
vida cotidiana ainda não está organizada como recurso nas metodologias de
ensino. Os professores que participaram das oficinas não conheciam o
software Cmap Tools, nem mesmo que já se encontra disponível no Paraná
Digital. A escola, que já dispõe de recursos tecnológicos, necessita organizar a
capacitação dos professores promovendo a aprendizagem sobre a utilização
destes recursos como meios facilitadores do processo de ensino. A sala de
informática deve se constituir como espaço que favoreça situações de
aprendizagem significativa de forma integrada ao conhecimento/conteúdo
desenvolvido na sala da aula.
É importante ressaltar que a aprendizagem significativa pode ocorrer a
partir da elaboração dos mapas conceituais utilizando ou não o computador;
não é o recurso em si que demanda a aprendizagem e sim a metodologia.
Portanto, esta experiência pedagógica pode constituir-se e contribuir no
andamento das práticas dos professores e professoras que trabalham seus
conhecimentos no espaço escolar, torna-se um desafio para todos aqueles
que, direta ou indiretamente, trabalham nesta múltipla dimensão chamada
educação.
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