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Tacadas pelo Mundo CRÔNICA de uma 40

Artigo New Golf Irlanda Escocia

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Artigo New Golf Irlanda Escocia

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Tacadas pelo Mundo

CRÔNICA de uma viagem inesquecível

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Um grupo de 35 pessoas

viveu dez dias incríveis

na Europa. A edição 2013

da Volta ao Mundo com

a ABGS foi especial e

quem participou teve a

oportunidade de conhecer

o melhor do golfe e da

cultura da Irlanda e da

Escócia, o berço mundial

do esporte

Por Celso Teixeira *

Tacadas pelo Mundo

Aqueles que prati-cam sabem que o golfe é muito mais que um esporte que proporciona

momentos de lazer e exercício. É uma paixão. Viajar para o lo-cal onde começou essa histó-ria tem um grande simbolismo e se torna um objeto de desejo, quase um rito obrigatório para o gol� sta. Esta coluna relata de forma cronológica uma viagem à Irlanda e Escócia, realizada pelos seniores da ABGS, como etapa do programa Volta ao Mundo com a ABGS, que já percorreu lugares como Ilha da Madeira, Lisboa, Barcelona & Costa Brava, Tunísia e Sicilia, Toscana e Veneto, Paris e Normandia.

CRÔNICA de uma viagem inesquecível

Ryder Palmer Course (Irlanda)

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Chegamos a Dublin, na Irlanda, no dia 26 de maio. Era um domingo ensolarado na terra de James Joyce e Oscar Wilde. Uma fria, mas agra-dável temperatura por volta dos 14 graus. Todos os irlandeses nos cumprimentavam com um inevitá-vel “que dia maravilhoso”. Isso me deixava preocupado. Achava que este talvez fosse um dos poucos dias assim no ano. Fomos muito bem recebidos pelo caloroso povo irlandês. Já na chegada podíamos ver que a terra dos duendes e fa-das era real e por todo lado se po-dia ver simbolismos denunciando um povo muito supersticioso, com crenças interessantes.

Ficamos no K-Club Hotel, no condado de Kildare, a cerca de 30 minutos de Dublin. A paisagem é espetacular. É um hotel tipica-mente irlandês, mas estabelecido em um palácio de estilo francês de 1831, que foi reformado para virar o K-Club, um dos quatro “fi-ve-star red” da Irlanda. Ficar lá já é uma grande atração. São suítes e apartamentos luxuosos e salas com obras de arte famosas, pin-turas originais de Degas, Botero, do mais famoso pintor irlandês, Jack Yeats, entre outros. As ativi-dades vão desde a arte da falco-aria, nos belos jardins do hotel, até pescaria e equitação. O golfe é um capítulo à parte, com dois campos desenhados por Arnold Palmer: o Smurfitt Course e o Pal-mer Ryder Course, sede de dez etapas do Tour Europeu e uma Ryder Cup (2006).

O dia-a-dia no Reino Unido

O primeiro dia foi especial. O espetacular bar do hotel logo se encheu de brasileiros ávi-dos por um “irishcoffee” ou um “irishwhiskey”. Ao ensolarado

K Club Hotel

Torrance Course (Fairmont)

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domingo se seguiu uma segun-da-feira típica irlandesa. O dia amanheceu chuvoso, mas nada que afugentasse os bravos gol-� stas, que jogaram no Smur� tt Course. Em seguida, irishcoffee, irishwhiskey, Guiness e por aí vai. Logo após o jogo, fomos até Dublin para uma visita à inacreditável fá-brica da Guiness. Pudemos acom-panhar o processo de fabricação da tradicional cerveja irlandesa. Depois � zemos um tour pela ci-dade e voltamos ao K-Club. Mui-tos ainda � caram em Dublin para aproveitar os pubs da região.

A terça-feira amanheceu mais bonita e o nosso jogo foi no Ry-der Palmer Course, um campo espetacular, considerado um “links interior”, com uma paisa-gem suntuosa e alguns buracos que nos lembram o Augusta Na-tional, principalmente aqueles ao lado do rio que acompanha o campo. Terminamos com o sol nos brindando. Enquanto isso, as não gol� stas tiveram um dia cheio. Foram a Kildare, no museu das estrelas, onde há a prataria da Irlanda, e depois no shopping da região. Ainda visitaram Castleto-wn House Celbridge, um dos mais importantes edifícios residen-ciais do país.

Despedimos-nos da Irlanda na quarta-feira e embarcamos em um ônibus de luxo exclusivo, em direção a St. Andrews, na Escócia. Foi uma experiência espetacular viajar com um grupo maravilhoso de 35 pessoas pelas estradas da Irlanda, Irlanda do Norte e Escó-cia. Inicialmente seguimos desde o K-Club até o porto de Larne, na Irlanda do Norte, cruzando Bel-fast, onde o tomamos um ferry boat e, muito confortavelmente, chegamos a Ayr, na Escócia, berço de Robert Burns, o grande poeta escocês sobre quem falaremos mais adiante.

Start no Old Course

Puro Links

Na Swilcan Bridge

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Onde tudo começou

Após um excelente almoço em BrigO’Doon, seguimos via-gem e chegamos a St. Andrews. Nesta época o sol se põe lá pelas 23h. Ainda foi possível curtir um � nal de dia no maravilhoso re-sort Fairmont, um cinco estrelas com dois campos, a sete minutos do centro de St. Andrews e do Old Course.

Vale o registro de que para se jogar Old Course sem ser sócio ou morador da cidade, há ape-nas duas maneiras: comprando com bastante antecedência um pacote de viagem com tee time garantido, o que representa 1250 libras a mais do que o pacote nor-mal, ou tentando o ballot, quan-do os pretendentes a um horário se inscrevem e, no dia anterior, conferem o resultado do sor-teio, o que pode signi� car jogar em horários não muito usuais ou até não ser sorteado. Nosso

grupo optou pelo ballot e como Deus é brasileiro - e gol� sta - to-dos jogamos em horário nobre, em foursomes, com jogadores de nosso grupo. Melhor impossível. Economia de 25.000 libras. Yes!

No dia seguinte, oito inte-grantes de nosso grupo foram

jogar no Old Course e os demais no Kittocks, um dos campos do Fairmont. Este é um dos poucos da região que permite o jogo com golf carts. Os demais devem ser jogados caminhando, usando pullcart ou caddies. Optamos pe-los caddies e foi uma experiência muito interessante, pois vimos que a língua do golfe é univer-sal. Mesmo com muitos de nos-so grupo não sabendo nada de inglês, puderam se comunicar perfeitamente. Jogar nos links escoceses com caddies, todos jo-gadores com handicap abaixo de 5, foi muito bom. Antes de entrar em campo tivemos uma clínica com um pro� ssional que nos deu dicas de como jogar em campos tipo links. As damas acompa-nhantes seguiram para o seu passeio, que incluiu East Neuk, reino de Fife, na Escócia, onde vi-sitaram vilarejos costeiros, apre-ciaram a comida local e viram os costumes do povo.

A sexta-feira foi dia de jogo no Torrance Course. O nome se deve ao jogador escocês Sam Torrance, que desenhou este

No Castelo da Rainha Mãe

Turma do Kilt

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espetacular links à beira-mar. Uma paisagem indescritível com a cidade de St. Andrews ao fun-do. Os links escoceses são mui-to planos. Jogar caminhando, principalmente considerando a temperatura amena, não é tare-fa difícil. A natureza sempre in-� uencia o jogo, seja pelo vento, pela chuva ou pela ausência des-tes fatores. Aí entendemos por-que nos British Opens jogadores fazem 65 num dia de sol, sem vento, e jogam 85 no dia seguin-te, com chuva e vento. Também ao visitar esta região entende-mos porque ali é o berço do gol-fe. Pastagens planas naturais, à beira-mar, nos mostram que há 500 anos era possível jogar golfe

sem tanto maquinário so� stica-do que temos hoje nos campos.

As senhoras não gol� stas aproveitaram o dia numa das mais espetaculares paisagens escocesas, o Glamis Castle, o castelo onde nasceu e foi criada a rainha mãe da Rainha Elizabe-th II. Por lá tomaram chá e per-correram aposentos privativos da família real.

A experiência no Old Course

No sábado, mais oito de nosso grupo foram jogar no Old Cour-se. É algo que extrapola o jogo de golfe. Curtimos cada buraco,

cada momento. No buraco 9, um trailer vende mini garra� nhas de whisky. Tomar um Famous Grouse caminhando pelo buraco dez é sensacional. Este buraco tem ao fundo a base aérea de St. Andrews e o canal Eden Estuary. Segue-se um par 3 e, a partir do 12, começam os buracos mais di-fíceis do campo. Chegar ao gre-en no momento certo não é difí-cil, pois eles são muito grandes. Existem greens com 3.000 m2, duplos, que servem a dois bura-cos. Agora fazer dois putts é ou-tra história. Outra característica são os fairways cortados muito rentes e que se confundem com os próprios greens. Usar o putter a partir dos fairway é muito co-

High Lands

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* Celso Teixeira é CEO da Golf Travel (www.golftravel.com.br), agência de turismo

especializada em destinos de golfe. Para dar sugestões, fazer críticas ou tirar dúvidas,

entre em contato através do e-mail: [email protected]

mum. Ninguém deixou de expe-rimentar os “hell bunkers” colo-cados no meio dos fairways, que representam o verdadeiro azar. Podem punir um tiro perfeito.

A partir do buraco 12 começa-mos a nos aproximar de novo da cidade. No 17, batemos a bola por cima do hotel e chegamos � nal-mente no buraco 18. Eram quase três da tarde de um sábado e os fairways do 18 e do 1 estavam cheios de pessoas que passea-vam em meio aos gol� stas, sem a menor perturbação do jogo. O Old Course é um parque acessí-vel ao público. Tiramos a ines-capável foto na ponte Swilcan e concluímos o buraco ao som de uma gaita de fole escocesa ao fundo na praça em frente ao gre-en do 18, com um grande público a incentivar as tacadas, pelo me-nos as de razoáveis para boas.

Enquanto isso, as senhoras fa-ziam um full day em Edimburgo, antes parando no Iate Britania, ancorado na Escócia, conhecen-do o Castelo, a milha real e tudo o que a capital escocesa oferece.

No domingo não houve jogo de golfe. Rendemo-nos a outra paixão escocesa: o whisky. Visi-tamos a destilaria Famous Gros, onde é fabricado o whisky pre-ferido dos escoceses. Fica nas highlands, onde a vida é mais difícil, o inverno é mais rigoroso. É uma verdadeira terra dos ro-mances medievais.

Na segunda-feira jogamos em outro campo especial, o Kings-barns, que � ca na localidade de

mesmo nome, a dez minutos de nosso hotel e está classi� cado entre os 20 melhores campos do mundo. Um links espetacular, de primeiríssimo nível, com uma qualidade de atendimento e de manutenção irreparáveis. Foi um fechamento com chave de ouro.

Mas nossa viagem não ter-minaria aí. O gran � nale estava marcado para o clubhouse do Fairmont, num penhasco acima do mar de St. Andrews, com um campo de cada lado. Lá tivemos uma cerimônia de premiação ti-picamente escocesa. Um gaiteiro recebeu um a um naquele � nal de tarde com uma paisagem ma-ravilhosa. No jantar foi servido o Haggis (espécie de sarapatel es-cocês) após o “Adress for a Hag-gis”, um poema de Robert Burns declamado pelo presidente do Club Robert Burns - considerado o poeta escocês mais festejado pela população. Assim seguimos ao som de músicas cantadas e tocadas na gaita de fole. Emba-

lados pelo vinho e pelo whisky, também cantamos nossas mú-sicas. Uma experiência inesque-cível para nossos gol� stas, que não resistiram e participaram desta festa, vestidos a caráter, com o famoso Kilt Escocês. No dia seguinte partimos de volta ao Brasil com a certeza de ter-mos vivido um importante capí-tulo de nossas histórias.

Agradeço a todos os 35 parti-cipantes deste nosso maravilho-so grupo.

População passeando pelos buracos 1 e 18

Foto

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