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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 68%6¸’,263$5$806,67(0$’(*(67›2$0%,(17$/’( 352-(726’(5()/25(67$0(172&20(XFDO\SWXVVS1$ 5(*,›2’2/,725$/1257(’2(67$’2’$%$+,$ Artur Wilson Ramos de Santana Lima Orientador: Prof° José Imaña-Encinas Dissertação de Mestrado Brasília-DF: agosto, 2004.

Artur Wilson Ramos de Santana Lima Orientador: Prof° José ... Artur W. Ramos... · 6 X E Vt GL RS DU P WHJ m QOM I FRP ... É concedida à Universidade de Brasília permissão para

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

68%6Ë',26�3$5$�80�6,67(0$�'(�*(67­2�$0%,(17$/�'(�352-(726�'(�5()/25(67$0(172�&20�(XFDO\SWXV�VS�1$�5(*,­2�'2�/,725$/�1257(�'2�(67$'2�'$�%$+,$��

Artur Wilson Ramos de Santana Lima����

Orientador: Prof° José Imaña-Encinas

Dissertação de Mestrado

Brasília-DF: agosto, 2004.

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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Artur Wilson Ramos de Santana Lima�����

Orientador: Prof° José Imaña-Encinas

Dissertação de Mestrado

Brasília-DF: agosto, 2004.

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LIMA, Artur Wilson Ramos de Santana 6XEVtGLRV�SDUD�XP�VLVWHPD�GH�JHVWmR�DPELHQWDO�GH�SURMHWRV�GH�UHIORUHVWDPHQWR�FRP� (XFDO\SWXV� VS na Região do Litoral Norte do Estado da Bahia. Artur Wilson Ramos de Santana / UnB. 2004. 179 p., 297 mm Dissertação de Mestrado da Universidade de Brasília, no Centro de Desenvolvimento Sustentável. 1.Desenvolvimento Econômico. 2. Desenvolvimento Sustentável. 3. Políticas Públicas e Gestão de Reflorestamento. 4. Gestão Ambiental. 5. Fragmentos de Vegetação Natural. 6. Eucalipto. 7. Solos. 8. Recursos Hídricos. 9. Agrotóxicos. 10. Fertilizantes. 11. Copener. I. Autor. II. Título. III. UNB-CDS

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta Dissertação e emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte desta Dissertação de Mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor.

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA CENTRO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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Artur Wilson Ramos de Santana Lima

Dissertação de Mestrado submetida ao Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Mestre em Desenvolvimento Sustentável, área de concentração em Política e Gestão Ambiental, opção Profissionalizante. Aprovado por ______________________________________________________________ José Imaña-Encinas, Profº Dr. em Ciência Florestal, Universidade de Brasília ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Brasília-DF, 07 de julho de 2004.

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A meu pai, Argemiro (LQ�PHPRULDP), por ter indicado o rumo e o ritmo

que devo dar aos meus passos, para cumprir jornadas, fazer escolhas,

e alcançar objetivos.

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$*5$'(&,0(1726� A Deus, por tudo. A minha mãe, Elizabete, pelo amor, cuidado e paciência. A minha esposa, Lindiane, pelo amor, carinho e amizade. Aos amigos e colegas de trabalho e de curso, pelo incentivo. Ao Centro de Recursos Ambientais, por ter a visão de futuro que gerou esta oportunidade, e pelo suporte material, sem o qual este trabalho não teria se concretizado. Ao Centro de Desenvolvimento Sustentável, pela vanguardista e ininterrupta construção do conhecimento sócio-ambiental que deu o alicerce a este trabalho. À Copener Florestal Ltda, pela valorização da pesquisa científica, traduzida no livre acesso a seus dados e arquivos internos, na presteza e qualidade das informações fornecidas por seus técnicos, e no apoio logístico. Ao meu Orientador, Prof. José Imaña-Encinas, pelo exemplo de seriedade e competência científica sabiamente aplicadas no desenvolvimento deste trabalho.

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$�DQWLJD�PRUDO�������H[LJH�GR�LQGLYtGXR�Do}HV�TXH�VH�GHVHMD�VHUHP�GH�WRGRV� RV� KRPHQV�� R� TXH� p� DOJR� EHOR� H� LQJrQXR�� FRPR� VH� FDGD� TXDO�VRXEHVVH�� VHP� GLILFXOGDGHV�� TXH� SURFHGLPHQWR� EHQHILFLDULD� WRGD� D�KXPDQLGDGH� H�� SRUWDQWR�� TXH� Do}HV� VHULDP� GHVHMiYHLV�� p� XPD� WHRULD�FRPR�D�GR�OLYUH�FRPpUFLR��SUHVVXSRQGR�TXH�D�KDUPRQLD�XQLYHUVDO�tem�GH� SURGX]LU�VH� SRU� VL� PHVPD�� FRQIRUPH� OHLV� LQDWDV� GH�DSHUIHLoRDPHQWR�

Friedrich Nietzsche

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5(6802�����

Os projetos de reflorestamento com fins industriais atingiram um considerável nível de qualidade, refletindo-se na importância que a atividade florestal atualmente ocupa na economia brasileira. O setor de papel e celulose é um dos maiores responsáveis por esta situação, visto que há décadas vem envidando esforços no sentido de alcançar maiores índices de produtividade e qualidade. Todavia, nas últimas três décadas, a questão ambiental vem ocupando um espaço crescente na sociedade, resultando em questionamentos quanto à relação entre as diversas atividades produtivas e a necessidade de preservação do meio ambiente. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu, então, como um meio de se interpretar o equilíbrio entre economia e ecologia. A gestão ambiental apresenta-se como o instrumento de aplicação do conceito de desenvolvimento sustentável, considerando a sustentabilidade em todas as suas dimensões, nos projetos de reflorestamentos industriais. No início da década de 1970, a implantação do Distrito Florestal do Litoral Norte do Estado da Bahia causou impactos sócio-ambientais em toda a região. A COPENER é a maior empresa reflorestadora dessa região e, por conseguinte, o alvo principal das preocupações da sociedade regional. Sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável, foi analisada a gestão de três projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV spp, administrados pela COPENER, e localizados nos arredores da Vila de Altamira, no município de Conde (BA), Região do Litoral Norte do Estado da Bahia. Neste trabalho, os indicadores de sustentabilidade foram adaptados, avaliados e propostos para aplicação aos reflorestamentos. Os resultados apresentados nesta dissertação mostraram que as práticas do atual sistema de gestão não garantem a sustentabilidade dos projetos de reflorestamento da COPENER. Apesar dos avanços nas dimensões econômica, espacial e ambiental, as dimensões social, cultural e política carecem de ações específicas. Estes resultados são subsídios para a construção e implementação de um sistema de gestão ambiental que possibilite uma coerente e correta integração das ações da empresa desde a fase de planejamento, passando pela execução e manutenção, até o processo de exploração de seus projetos de reflorestamento. Concomitantemente, eles poderão ajudar na elaboração e aprimoramento de políticas públicas que conciliem desenvolvimento econômico e preservação ambiental. As duas vertentes integradas contribuirão, assim, para a satisfação de necessidades da sociedade atual, sem impedir que gerações futuras também satisfaçam as suas necessidades. Palavras-chave: reflorestamentos – meio ambiente - desenvolvimento sustentável – gestão ambiental – eucalipto.

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$%675$&7�����The planted forests projects for industry reached a considerable level of quality, which was reflected on the forestry business importance for the Brazilian economy nowadays. The pulp and paper business is one of the greatest responsible factors for this situation, since it has making efforts to get the highest productivity and quality levels, during the last decades. However, on the last thirty years, the environmental aspect has been increasing its place in the society that results in arguing points about the relation between the different productive activities and the need for environmental preservation. Then, the concept of sustainable development showed up like a form to comprehend the balance between economics and ecology. The environmental management is introduced as an instrument for the application of the concept of sustainable development, considering the sustainability in its all dimensions, on the projects of industrial planted forests. In the early 1970’s, the implantation of the Forestry District on the North Shore Region of the State of Bahia (Brazil), has caused social and environmental impacts through the whole region. COPENER is the largest forestry company in that region and, because of this, it is the main target of the regional society concerns. From the perspective of the sustainable development, the management of three planted forest projects with (XFDO\SWXV spp by COPENER was analyzed. The projects are located near Altamira’s Village, in the county of Conde (BA), Northern Shore of the State of Bahia. In this paper, indicators of sustainability were also adapted, evaluated and proposed for application on planted forests. The results introduced by this dissertation have showed that the practices of the current management system do not assure the sustainability of the planted forests projects. Despite of the advances in the economic, spatial and environmental dimensions, the social, cultural and political dimensions need specific actions. The results are subsidies for the construction and implementation of an environmental management system that will allow a coherent and correct integration of the company’s actions from the planning, through the execution and maintenance steps, until the exploration process of its projects. At the same time, they will be able to help in the elaboration and improvement of the public policies that harmonize economic development and environmental preservation. Thus, both integrated ways will contribute to satisfy the current society needs without obstructing the satisfaction of future generations needs. Keywords: planted forests – environment – sustainable development – environmental management – (XFDO\SWXV.

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680È5,2�� LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS LISTA DE SÍMBOLOS ,1752'8d­2.....................................................................................................………... 16 ���5(9,6­2�'(�/,7(5$785$...........................................................................……… 21 1.1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO........................................................................ 21 1.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.................................................................... 25 1.3 POLÍTICAS PÚBLICAS E A GESTÃO DE REFLORESTAMENTOS...................... 33 1.4 GESTÃO AMBIENTAL........................……………………………………………..... 37 1.4.1 SISTEMAS DE GESTÃO....................………………………………………...…..... 39 1.4.2 PLANEJAMENTO AMBIENTAL..........………………………………………….... 41 1.4.3 OS FRAGMENTOS DE VEGETAÇÃO NATURAL……………………………..... 42 ���0$7(5,$,6�(�0e72'26...........…………………………………….…………….. 45 ���2�5(&8562��2�(8&$/,372.................………………………………………….... 54 ����,03$&726�'$�6,/9,&8/785$�'2�(8&$/,372............................................. 64 3.1.2 IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS E CULTURAIS.............................................. 67 3.1.3 SIMPLIFICAÇÃO DO AMBIENTE E ALTERAÇÕES NA PAISAGEM……….... 73 3.1.3 SOLOS............................……………………………………………….………….... 76 3.1.4 RECURSOS HÍDRICOS.......................................………………………………….. 80 3.1.5 USO DE AGROTÓXICOS..………….……………………………………………... 83 3.1.6 FERTILIZANTES.............................. ……………………………………………..... 85 ���2�/8*$5��$�5(*,­2�(�$�È5($�'(�(678'2...................................................... 86 4.1 CONTEXTUALIZAÇÃO.........................…………………………………………….. 86 4.2 A REGIÃO DO LITORAL NORTE DO ESTADO DA BAHIA.................................. 90 4.3 OS PROJETOS DE REFLORESTAMENTO DO BLOCO ALTAMIRA...............….. 98 4.3.1 O LEVANTAMENTO SEMI-DETALHADO DE SOLOS E A AVALIAÇÃO DA POTENCIALIDADE DAS TERRAS...................................................................................

107 ���$�(035(6$��&23(1(5....................................................................................…….. 115

��� 5(68/7$'26�� $�*(67­2�$0%,(17$/� (�$� 6867(17$%,/,'$'(�'26�352-(726�'(�5()/25(67$0(172........................................................................

127 6.1 VISITAS DE CAMPO E ENTREVISTAS..................................................................... 127 6.2 A INSERÇÃO DA COPENER NA DINÂMICA REGIONAL...................................... 130 6.3 OS IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS....................................…………………….... 134 6.4 A GESTÃO DOS PROJETOS DE REFLORESTAMENTO...........………………….. 151 6.5 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE............................................................... 161 &21&/86Æ2...................................................................................................................... 165 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................................... 166 REFERÊNCIAS................................................................................................................... 168

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/,67$�'(�),*85$6�� FIGURA 1.1 - Modelo atual de desenvolvimento................................................................. 22 FIGURA 1.2 - Modelo de desenvolvimento sustentável....................................................... 31 FIGURA 2.1 - Localização dos pontos visitados durante a etapa inicial de seleção de projetos de reflorestamento da COPENER, para a delimitação da área de estudo.....................................................................................................................................

47 FIGURA 2.2 – Modelo de roteiro para entrevistas................................................................ 49 FIGURA 2.3 - Localização dos pontos visitados nos reflorestamentos da FERBASA, na Região do Litoral Norte.........................................................................................................

50

FIGURA 2.4 - Localização dos pontos visitados em reflorestamentos da VERACEL, no Extremo Sul do Estado da Bahia...........................................................................................

50

FIGURA 3.1 - O desdobramento dos reflorestamentos industriais....................................... 55 FIGURA 3.2 - Fatores e causas que determinam a qualidade e a sustentabilidade do solo.........................................................................................................................................

63

FIGURA 4.1 - Áreas reflorestadas no Brasil......................................................................... 89 FIGURA 4.2 - Localização da Região do Litoral Norte do Estado da Bahia........................ 95 FIGURA 4.3 - Configuração do Distrito Florestal do Litoral Norte da Bahia, 2003............ 96 FIGURA 4.4 - Localização dos projetos do Bloco Altamira, em relação à Vila de Altamira e às cidades de Esplanada e Cardeal da Silva.........................................................

100

FIGURA 4.5 - Representação gráfica do balanço hídrico da região de Altamira................. 101 FIGURA 4.6���Participação de cada projeto na formação do Bloco Altamira (ha)............... 103 FIGURA 4.7 - Distribuição das áreas de plantio nos projetos do Bloco Altamira (ha)....... 103 FIGURA 4.8 - Distribuição das áreas com vegetação natural nos projetos do Bloco Altamira (ha)..........................................................................................................................

104

FIGURA 5.1 - Distribuição dos reflorestamentos da COPENER no DFLN......................... 123 FIGURA 6.1 - Localização dos pontos visitados nos projetos de reflorestamento do Bloco Altamira, da COPENER, no município de Conde (BA)........................................................

129

FIGURA 6.2 - Gráficos da evolução da população rural: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde, 1970-2000........................................................................................................................................

137 FIGURA 6.3 - Gráfico da evolução da população rural: município de Alagoinhas, 1970-2000........................................................................................................................................

138

FIGURA 6.4 - Gráficos da evolução da população urbana: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde, 1970-2000........................................................................................................................................

140 FIGURA 6.5 - Gráfico da evolução da população urbana: município de Alagoinhas, 1970-2000..............................................................................................................................

141

FIGURA 6.6 - Gráficos da evolução da área ocupada pela silvicultura em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde..............................................................................................

147 FIGURA 6.7 - Gráficos da evolução da área ocupada pela agricultura em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde..............................................................................................

148 FIGURA 6.8 - Gráficos da evolução da área ocupada pela pecuária em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde..............................................................................................

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FIGURA 6.9 - Distribuição das terras, segundo as classes de aptidão, no Bloco Altamira.................................................................................................................................

160

FIGURA 6.10 - Relação entre áreas de plantio e fragmentos de vegetação natural, no Bloco Altamira.......................................................................................................................

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/,67$�'(�7$%(/$6���

TABELA 3.1 - Componentes do custo de produção de celulose (US$/t métrica) dos principais produtores e exportadores mundiais.........................................................................

58

TABELA 3.2 - Maiores produtores de celulose a partir de reflorestamentos de eucalipto...... 58 TABELA 3.3 - Desempenho da Indústria de papel e celulose no Estado da Bahia................. 60 TABELA 3.4 - Relação entre área dos Estados e área reflorestada pelo setor florestal, em ordem decrescente de percentual de ocupação, 2002...............................................................

66

TABELA 3.5 - Mão-de-obra empregada pelo setor florestal................................................... 67 TABELA 3.6 - Estrutura do setor agropecuário do Estado da Bahia, 2000............................. 68 TABELA 3.7 - Propriedade das Terras no Distrito Florestal do Extremo Sul da Bahia, 1975-1980.................................................................................................................................

70

TABELA 3.8 - Área total e de lavoura, efetivo bovino e pessoal ocupado no Distrito Florestal do Extremo Sul da Bahia, 1975-1980........................................................................

71

TABELA 3.9 - Comparação entre o modelo patronal e o modelo familiar.............................. 72 TABELA 3.10 - Remoção de nutrientes na exploração convencional de reflorestamentos com eucaliptos..........................................................................................................................

77

TABELA 4.1 - Médias anuais e desvio padrão nos componentes climáticos monitorados nos postos meteorológicos de Quatis e Salgado, pertencentes à COPENER, 1985-1994........

97

TABELA 4.2 - Formação do Bloco Altamira, da COPENER, 2003........................................ 99 TABELA 4.3 - Contribuição dos projetos para a formação da paisagem no Bloco Altamira, da COPENER, 2003..................................................................................................................

102

TABELA 4.4 - Unidades de mapeamento do levantamento semi-detalhado de solos do Bloco Altamira..........................................................................................................................

110

TABELA 4.5 - Distribuição espacial das unidades de solos nos projetos Altamira I, II e III, do Bloco Altamira.....................................................................................................................

111

TABELA 4.6 - Fatores de limitação do uso do solo para a avaliação da potencialidade das terras para os reflorestamentos do Bloco Altamira...................................................................

113

TABELA 5.1 - Cronograma anual de produção de madeira para atender à demanda da COPENE...................................................................................................................................

118

TABELA 5.2 - Distribuição dos plantios na área de abrangência da COPENER (DFLN), em ordem decrescente de área ocupada, 2003..........................................................................

121

TABELA 5.3 - Distribuição das áreas da COPENER, segundo a variação da precipitação pluviométrica............................................................................................................................

124

TABELA 5.4 - Incrementos Médios Anuais (IMA) (em m3/ha/ano) atuais e estimados para plantios monoclonais, em primeira e segunda rotações, de híbridos ((�� JUDQGLV� [� (��XURSK\OOD�, em três tipos de solo...............................................................................................

125 TABELA 6.1 - Evolução quantitativa da população na zona rural: municípios de Alagoinhas e Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1970-2000.........................................

135

TABELA 6.2 - Evolução quantitativa da população na zona urbana: municípios de Alagoinhas e Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1970-2000.........................................

139

TABELA 6.3 – Evolução da área ocupada (em hectares) pela silvicultura: município de Conde (BA), DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995......................................................

144

TABELA 6.4 - Evolução da área ocupada (em hectares) pela agricultura: município de Conde (BA), DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995......................................................

145

TABELA 6.5 - Evolução da área ocupada (em hectares) pela pecuária: município de Conde (BA), DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995.................................................................

145

TABELA 6.6 - Produtividades de clones superiores comparativamente a plantios de sementes ou mix clonais de (�JUDQGLV x (�XURSK\OOD������������������������������������������������������������...

152

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TABELA 6.7 - Características, impactos e medidas mitigadoras, na implantação dos projetos Altamira I, II e III, da COPENER...............................................................................

154

TABELA 6.8 - Uso e ocupação do solo nos projetos de reflorestamento do Bloco Altamira, da COPENER, 2003..................................................................................................................

157

TABELA 6.9 - Distribuição das terras do Bloco Altamira, segundo as classes de aptidão..... 158 TABELA 6.10 - Indicadores de sustentabilidade e seus componentes, para os projetos de reflorestamento Altamira I, II e III, da COPENER… … … … … … … … … … … … … ..............

163 �

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/,67$�'(�$%5(9,$785$6�(�6,*/$6�� ABRACAVE Associação Brasileira de Florestas Renováveis ANFPC Associação Nacional de Fabricantes de Papel e Celulose BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Mundial BNB Banco do Nordeste do Brasil BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BRACELPA Associação Brasileira de Celulose e Papel CENIBRA Celulose Nipo-Brasileira S.A. CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CERFLOR Certificação de Origem de Matéria-Prima Florestal CIA Centro Industrial de Aratu CMMAD Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente COPEC Complexo Petroquímico de Camaçari COPENER Copene Energética S.A. - Copener Florestal Ltda CRA Centro de Recursos Ambientais DFLN Distrito Florestal do Litoral Norte DURAFLORA Duratex Florestal Ltda EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPAMIG Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação FERBASA Companhia de Ferro-Ligas da Bahia FISET Fundo de Investimentos Setoriais IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEA Institute for Development of Eucalyptus Applications IMA Incremento Médio Anual INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IPEF Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais MMA Ministério do Meio Ambiente ONU Organização das Nações Unidas PIB Produto Interno Bruto PND Plano Nacional de Desenvolvimento RLN Região do Litoral Norte do Estado da Bahia SBS Sociedade Brasileira de Silvicultura SEAGRI Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia SEPLAN Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia SEPLANTEC Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia VERACEL Veracruz Celulose S.A. VL Volume líquido

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/,67$�'(�6Ë0%2/26�� % Por cento .../ano Por ano .../dia Por dia .../ha Por hectare .../t Por tonelada Ca Cálcio Cd Cádmio cm Centímetro cm2 Centímetro quadrado cm3 Centímetro cúbico DBO Demanda Biológica de Oxigênio DEF Déficit Hídrico DQO Demanda Química de Oxigênio E Leste EP Evapotranspiração potencial ET Evapotranspiração Total ETR Evapotranspiração Real EXC Excedente Hídrico g Grama ha Hectares K Potássio kg Quilograma km2 Quilômetro quadrado m Metro m2 Metro quadrado m3 Metro cúbico Mg Magnésio mm Milímetros N Norte N Nitrogênio Na Sódio ºC Grau Celsius pH Potencial hidrogeniônico P Fósforo PPT Precipitação Pluviométrica Total S Sul S Enxofre TEMP Temperatura t Tonelada W Oeste

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Ao analisar a evolução das principais civilizações, Sachs (2000) constatou que todas

elas foram fundamentadas na biomassa e afirmou ser necessária uma abordagem holística e

interdisciplinar, na qual cientistas naturais e sociais trabalhem juntos em favor do alcance de

caminhos sábios para o uso e aproveitamento dos recursos da natureza, respeitando a sua

diversidade.

Segundo Souza (1992), para um grande número de países em desenvolvimento da

região tropical, a principal fonte primária de energia é a biomassa vegetal. Por essa razão,

torna-se imperiosa a realização de estudos relativos à rapidez do crescimento das florestas

plantadas, à diversidade de espécies e usos da madeira e seus subprodutos. Campinhos Júnior

(1992) afirmou que mais da metade da madeira produzida no mundo anualmente é utilizada

por países tropicais e em desenvolvimento. A expectativa estimada em 20%, para o

crescimento da humanidade na primeira década do século XXI, indica o ritmo crescente da

demanda de biomassa vegetal. O autor argumentou que a devastação das florestas naturais é

dez vezes superior ao reflorestamento nos países tropicais. O declínio das florestas naturais

em área ou composição de espécies, se deve principalmente à expansão da fronteira agrícola.

Assim, o estabelecimento de reflorestamentos tornou-se imperativo para atender à demanda

industrial.

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Silvicultura (2003), a cultura do

eucalipto no mundo totaliza aproximadamente dez milhões de hectares plantados em

reflorestamentos industriais. A Índia é responsável por 48% desse total, seguida pelo Brasil

(29%) e China (6,7%). Dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a

Alimentação (2003) indicam que a produção de madeira de florestas plantadas tem substituído

de maneira significativa a madeira proveniente de florestas naturais. No Brasil, no ano de

2000, 62% da demanda interna de madeira foi atendida pelas florestas plantadas. Esta

substituição poderá ajudar a reduzir parcialmente a pressão de desmatamento de florestas

naturais, em que a colheita não sustentável de madeira é a maior causa de degradação

florestal.

Por outro lado, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação

(2000) informou que a expansão da atividade florestal provoca impactos ambientais

consideráveis. Além dos impactos diretos sobre os ecossistemas naturais, destacam-se aqueles

relacionados aos seguintes aspectos: a) abertura, manutenção e utilização de estradas; b)

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instalação, funcionamento e desativação de acampamentos; c) acúmulo de resíduos da

atividade rural; d) efeitos sobre a saúde humana; e) aspectos culturais e sociais nas

comunidades atingidas. A mesma instituição apontou estratégias de mitigação desses

impactos, através de: identificação e análise das relações entre aspectos ambientais e a

atividade florestal; análise dos efeitos da aplicação de padrões ambientais nas operações

florestais; e pesquisa sobre meios de considerar os custos ambientais da atividade florestal e

de compensações por benefícios ambientais e pela utilização da floresta.

Segundo a SBS (2003), em 2002, a atividade de base florestal contribuiu com 4% do

Produto Interno Bruto brasileiro e com 10% das exportações do país, superando produtos das

áreas agrícola e industrial. No Brasil, o eucalipto figura como a principal fonte de matéria-

prima para a produção de celulose, carvão vegetal e, em menor proporção, a madeira serrada,

indústria da construção civil e a farmacopéia. Em termos de área plantada, o setor conta hoje,

com aproximadamente 4,5 milhões de hectares de reflorestamentos de eucaliptos

(BRACELPA, 2003).

Políticas públicas incentivaram a implantação de empreendimentos florestais no Litoral

Norte do Estado da Bahia, a partir da década de 1970, impactando as dinâmicas de muitos

municípios. Ao longo desse período, as decisões técnico-científicas foram caracterizadas pelo

paradigma cartesiano e pela prevalência da lógica de mercado. A concepção do modelo de

alternativa energética baseada na utilização de madeira de reflorestamento, bem como de

escolha das áreas a serem exploradas, foi desencadeado, e se iniciou sem uma ação estatal

reguladora compatível com a dimensão impactante dos empreendimentos, no que tange ao

meio ambiente. Alfaro (1985) afirmou que os mais graves equívocos que comprometeram a

condução de vários projetos de reflorestamento ocorreram na seleção de espécies introduzidas

e nas técnicas de implantação e manutenção dos plantios. Capitani et al. (1992) e Maia et al

(1992), por seu turno, destacaram a utilização intensiva do fogo, os plantios em veredas e em

terrenos declivosos, a utilização do traçado ortogonal para a malha viária e o talhonamento, e

o emprego abusivo de cortes rasos.

Com o fim dos incentivos fiscais, em 1988, os reflorestamentos se tornaram

responsáveis pelo abastecimento com matéria-prima, nos setores da produção de celulose,

papel e carvão vegetal. As novas exigências do mercado e o redirecionamento da produção

definiram mudanças na administração dos empreendimentos, ocasionando a agregação de

novos impactos aos anteriores, com respectivos desafios e perspectivas. Apesar disso, os

projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV se consolidaram na Região do Litoral Norte do

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Estado da Bahia. Os impactos ambientais sobre o meio físico, biótico e sócio-econômico e

suas respectivas medidas mitigadoras ainda não foram plenamente avaliados.

Ao mesmo tempo, o Estado carece de informações consolidadas que subsidiem a

formulação de políticas públicas no processo de planejamento e no acompanhamento das

dinâmicas sócio-ambientais. A análise dos impactos ambientais produzidos pelos

reflorestamentos de eucaliptos, fornecerá subsídios ao Estado para o planejamento, cuja tarefa

consistirá, segundo Sachs (1986a), em harmonizar interesses sócio-econômicos, ecológicos e

culturais, definindo uma estratégia de ecodesenvolvimento.

Na gestão de projetos de reflorestamento, o principal argumento em favor das empresas

reflorestadoras reside no contínuo aprimoramento técnico-científico de suas práticas de

gestão. Um sistema de gestão ambiental, ao incluir o conceito de desenvolvimento sustentável

e seus desdobramentos, funciona para a empresa como um instrumento de prevenção e

mitigação de impactos sócio-ambientais, constituindo-se em um alicerce para a

sustentabilidade dessa atividade econômica. Mota (2001) afirmou que os danos causados ao

meio ambiente geram custos que afetam as contas, e que computam apenas fluxos monetários

e transações econômicas, sem contemplar o meio ambiente. Segundo Pearce (1993), a

desconsideração dos fluxos de matéria e energia acarreta o insucesso da economia, posto que

afeta fortemente a sustentabilidade econômica. A transposição dessas linhas de raciocínio

para a gestão das empresas reflorestadoras desperta a necessidade de se investigar meios cada

vez mais eficazes de integração da gestão ambiental dos projetos de reflorestamento aos

componentes de sustentabilidade econômica da atividade.

Entre as incertezas que podem ser identificadas na gestão ambiental, está o

desconhecimento dos indicadores de sustentabilidade que podem ser aplicados aos sistemas

produtivos. O presente trabalho testará a aplicabilidade de indicadores de sustentabilidade em

projetos de reflorestamento. O que se propõe para além dessa visão é subordinar o sistema de

gestão ambiental a imperativos éticos, buscando-se reduzir a assimetria entre as dimensões

envolvidas no processo produtivo. Os benefícios oriundos da adoção de um sistema de gestão

ambiental com essa tipicidade poderão atingir as empresas, o Estado e a sociedade civil.

O desenvolvimento e a adoção de tecnologias que adicionam aos empreendimentos

componentes de sustentabilidade figuram como entre os caminhos mais concretos para o

alcance do desenvolvimento sustentável. Isso implica principalmente no redimensionamento

dos sistemas produtivos, sob a perspectiva deste conceito. A interpretação e a implementação

de um sistema de gestão ambiental pode figurar como instrumento de grande utilidade para o

enfrentamento desse desafio. Nesse sentido, esta pesquisa esteve focalizada no

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desenvolvimento de subsídios para um sistema gestão ambiental aplicável a projetos de

reflorestamento instalados na Região do Litoral Norte do Estado da Bahia.

Assim, estabeleceu-se a seguinte hipótese, como norteadora da pesquisa: a gestão

ambiental da COPENER confere sustentabilidade aos projetos de reflorestamento com

(XFDO\SWXV spp instalados na Região do Litoral Norte do Estado da Bahia.

�2%-(7,92�*(5$/��

O objetivo geral desta pesquisa foi a formulação de subsídios para o delineamento e

implementação de um sistema de gestão ambiental para projetos de reflorestamento, sob a

perspectiva do desenvolvimento sustentável.

2%-(7,926�(63(&Ë),&26�

1) Analisar o estágio atual dos principais impactos sócio-econômicos e ambientais sobre as

áreas de influência dos projetos de reflorestamento da empresa COPENER, na Região do

Litoral Norte do Estado da Bahia, e as suas respectivas estratégias de mitigação;

2) Analisar as relações existentes entre o sistema de gestão ambiental adotado pela empresa

COPENER e a sustentabilidade dos seus projetos;

3) Identificar indicadores de sustentabilidade aplicáveis ao sistema de gestão ambiental dos

projetos de reflorestamento e fornecer subsídios para a sua implementação.

� �

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A pesquisa possibilitou, assim, a estruturação da dissertação nos seguintes capítulos.

No Capítulo 1, a Revisão de Literatura apresenta os conceitos que foram estudados e

aplicados, por intermédio das reflexões dos diversos autores que formaram o referencial

teórico da pesquisa. O diálogo entre as linhas de pensamento foi estabelecido pela inserção de

interpretações e considerações.

No Capítulo 2, Materiais e Métodos, a metodologia empregada na pesquisa foi descrita.

Como não existe uma metodologia pré-definida para este tipo de pesquisa e para as

peculiaridades do objeto e da área de estudo, foi necessário selecionar os materiais e

desenvolver os métodos necessários ao alcance dos objetivos propostos.

O Capítulo 3, O Recurso: o Eucalipto, caracteriza o gênero (XFDO\SWXV, recurso que

fundamenta o objeto da pesquisa, com ênfase para os principais desdobramentos e impactos

que o seu cultivo acarreta.

Para o Capítulo 4, O Lugar: a Região e a Área de Estudo, foi construída uma

contextualização histórico-geográfica da Região do Litoral Norte do Estado da Bahia e uma

caracterização dos projetos de reflorestamento estudados durante a pesquisa. Adicionalmente,

foram descritas as práticas de planejamento e gestão utilizadas nesses projetos.

O Capítulo 5, A Empresa: COPENER, caracteriza a empresa que administra os projetos

de reflorestamento que compõem a área de estudo.

Os Resultados estão no Capítulo 6, A Gestão Ambiental e a Sustentabilidade dos

Projetos de Reflorestamento. Este capítulo sistematiza os resultados da pesquisa e a sua

discussão. Assim, foram abordadas a inserção da COPENER na região, os impactos sócio-

ambientais, a gestão dos projetos e a aplicação dos indicadores de sustentabilidade.

Por fim, a dissertação apresenta a Conclusão e as Recomendações, baseadas na

discussão dos resultados obtidos e nas suas correspondentes reflexões.

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���5(9,6­2�'(�/,7(5$785$��

Este capítulo tem o objetivo de apresentar uma síntese do estudo dos conceitos e

informações necessários à compreensão da problemática ambiental e do contexto sócio-

econômico e institucional que envolve os projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV spp

instalados na Região do Litoral Norte do Estado da Bahia. Estes dados compilados serão

úteis, também, para a discussão dos resultados obtidos.

����'(6(192/9,0(172�(&21Ð0,&2�

De acordo com Smith (1991), um quadro político instituído pelo Estado, caracterizado

pelo “laissez faire, laissez-passer”, estava na base da sua teoria do desenvolvimento

econômico, que previa uma acumulação de capital à medida que o mercado se implantasse.

Este mercado, por sua vez, seria o promotor da colocação dos produtos e da divisão do

trabalho, fatores necessários à produção barata.

Mais tarde, David Ricardo formulou a teoria clássica do desenvolvimento econômico,

identificando que a acumulação de capital permitirá maior procura da força de trabalho,

aumentando o “salário de mercado” acima do “salário de subsistência”. Aplicando-se o

pensamento malthusiano à teoria clássica, o aumento da população provocará a queda dos

salários até o ponto de subsistência. Stuart Mill determinou que as leis da produção são de

ordem natural, portanto invariáveis, das leis da distribuição que, por serem de ordem social,

podem modificar-se politicamente. Lluch (1979) concluiu que, a partir de Ricardo, surgiram

duas grandes linhas de pensamento econômico: a interpretação neoclássica; e a outra, seguida

pelos socialistas ricardianos e por Marx.

Segundo Marx (1982), as inovações tecnológicas poderiam atuar como um meio de

defesa das posições capitalistas, mas originariam um desemprego difícil de ser superado. No

modelo neoclássico formulado por Marshall (1996), o desenvolvimento econômico depende

da quantidade e qualidade dos bens produzidos. Schumpeter (1982) tentou explicar o

capitalismo contemporâneo eliminando a premissa da “livre concorrência”. Para ele, as

grandes mudanças no sistema capitalista se produzem devido ao surgimento de novos bens,

métodos de produção, mercados, ofertas de matérias-primas e estruturas. Tudo isso ele

denominou de “inovações”, introduzidas por um elemento-chave: “o empresário inovador”.

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Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o conceito de desenvolvimento econômico

implementou a teoria econômica de Keynes, formulada três décadas antes, que possibilitava a

ação regulatória do Estado e a manutenção de taxas elevadas de crescimento. O contexto

formulou uma ideologia otimista que previa o crescimento econômico indefinido, em um

processo de utilização intensiva de capital, redução da mão de obra, e utilização extensiva dos

recursos naturais.

Viotti (2001) assinalou que a industrialização era o veículo da incorporação acelerada

do progresso técnico ao processo produtivo e, portanto, da contínua elevação da produtividade

do trabalho e da renda. A industrialização foi considerada a causa originária do

desenvolvimento econômico. De acordo com Lluch (1979), quanto maior for o peso da

indústria, maior será o desenvolvimento.

A ideologia que se consolidava coroava e tornava mais sistemático o modelo de

desenvolvimento escolhido pela sociedade, adaptando-se a uma nova ordem mundial que fora

determinada pelo desfecho da Segunda Guerra Mundial, caracterizada pela hegemonia norte-

americana. Braga (2002), analisando esse tema, construiu um esquema do modelo atual de

desenvolvimento, representado na Figura 1.1. Tal modelo, em um sistema aberto, para seu

sucesso, dependeria de suprimentos inesgotáveis de energia e matéria prima, e de uma

capacidade infinita do meio de reciclar matéria e absorver resíduos.

�2�(1)248(�/,1($5�+80$12�

(QHUJLD�

Uso de Recursos

Processamento

Modificação

Recursos

Transporte

Consumo

Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto

�Figura 1.1 - Modelo atual de desenvolvimento (Braga, 2002. p. 47).

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Uma das características centrais, implícita nessa ideologia, era a total inconsciência em

relação às repercussões ambientais e à degradação ecológica derivada das atividades

econômicas. Os sistemas ficaram fechados, sem limites para o nível do “ input” (energia e

matérias primas) ou do “ output” (poluição). Essa ideologia econômica forneceu elementos

para a consolidação de organismos multilaterais de fomento, como o Banco Mundial (BIRD)

e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Conseqüentemente, no conceito de desenvolvimento econômico figuram os que

consideram que o processo de crescimento que se mede em termos de rendimento por

habitante e de produto interno bruto. Um outro grupo inclui a periodização do

desenvolvimento e, com base em determinadas características, situa cada país num ponto da

seqüência. Um terceiro grupo considera o desenvolvimento em um processo de mudança

social, com finalidade da igualar as oportunidades sociais, políticas e econômicas.

A teoria de Keynes constituiu a base da ideologia desenvolvimentista mais recente��Conforme Caporali (2002), sua principal peculiaridade se fundamenta na crise econômica dos

anos 1930, quando o principal problema enfrentado era o desemprego. A maximização do uso

de mão de obra e de capital era o desafio estabelecido na época. Os recursos naturais

renováveis pareciam ainda extremamente abundantes e a energia era barata. De acordo com

Lluch (1979), esta teoria baseia-se fundamentalmente em três proposições: a) a poupança,

referida ao conjunto de um país, depende mais do rendimento global que da taxa de juro

existente no mercado; b) a taxa de juro não desce abaixo de um determinado nível, ainda que

continue a liquidez do sistema continue crescendo; c) os investimentos crescem quando

diminui a taxa de juro.

Em 1969, um grupo de cientistas assinou o manifesto %OXHSULQWV� IRU�VXUYLYDO, que fez

eclodir o debate sobre o modelo de desenvolvimento econômico. O documento criticava a

irresponsabilidade com que a teoria econômica excluía princípios de ordem ambiental.

Posteriormente, foi criada a organização não-governamental, o Clube de Roma, composto por

especialistas de vários países que se dedicou a debater o futuro do planeta. Este grupo

publicou o estudo, /LPLWHV�GR�&UHVFLPHQWR, em que ficou provado que o progresso científico e

tecnológico estava criando um perigoso conflito entre o conforto humano imediato e a

preservação da vida no nosso planeta. O tom alarmista de /LPLWHV� GR� &UHVFLPHQWR�desencadeou várias avaliações contrárias, mas a questão natural doravante faria parte da teoria

econômica, tanto em relação aos insumos, como aos efluentes e rejeitos (CAPORALI, 2002).

Os debates influenciaram as conclusões da Conferência das Nações Unidas sobre o

Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em 1972. Criou-se o termo ecodesenvolvimento,

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para definir um compromisso que conciliasse o aumento da produção, pleiteado pelo Terceiro

Mundo, com o respeito aos ecossistemas.

Em 1973, durante a crise da guerra no Oriente Médio, os preços do petróleo foram

quadruplicados. Em conseqüência disso, desencadeia-se um processo especulativo sobre

quase todas as matérias-primas básicas, com sucessivas elevações nos preços. Nessa época, a

política econômica brasileira tinha como finalidade encontrar os recursos financeiros

necessários à ampliação da base do sistema industrial, tentando aumentar o coeficiente de

exportação e redirecionar o setor energético. Furtado (1981), constatou que o II PND,

formulado para reger a ação governamental no período de 1974-1979, tinha dois objetivos

estratégicos: a) ampliar a base do sistema industrial; e b) aumentar o grau de inserção da

economia no sistema de divisão internacional do trabalho. Nas suas considerações,

acrescentou que deveriam ser produzidas ações visando a aumentar consideravelmente a

produção celulose e papel. Essas atividades deveriam apresentar a dupla vocação de reforçar a

base do sistema industrial e de criar excedentes exportáveis.

As políticas públicas permitiram, assim, a consolidação dos incentivos fiscais para o

reflorestamento se adaptaram rapidamente a essa realidade. Essas políticas apontavam os

reflorestamentos com as finalidades simultâneas de dar suporte à reformulação do setor

energético e às atividades industriais estimuladas pelo II PND, assumindo um papel

estratégico no modelo de desenvolvimento econômico brasileiro. Em conseqüência, a

estrutura agrária e as novas áreas de reflorestamento produziram as bases para um novo

modelo de desenvolvimento econômico. Essas políticas públicas, por outro aspecto,

aceleraram a degradação do meio natural. Simultaneamente, a economia mundial começou a

conviver com problemas de natureza universal. As tendências inflacionárias crônicas iniciadas

durante os anos do pós-guerra indicavam uma profunda anomalia. Os mecanismos de

estímulo de tipo keynesiano traziam como resultado o aumento das pressões inflacionárias em

vez de crescimento. Em conseqüência, se produz uma transformação do sistema, que deveria

atuar radicalmente sobre os seus custos, e não sobre a demanda. A redução dos desperdícios –

de material, energia e mão de obra – impôs-se como nova estratégia.

No Brasil, durante o período de 1960 a 1990, as ações decorrentes do modelo

econômico (grandes grupos que detinham a vanguarda tecnológica), foram orientadas para a

exploração irracional de recursos naturais e energia. Paralelamente, em nível mundial, existia

uma crise econômica com origens na realização do produto, chamada FULVH�NH\QHVLDQD, e uma

outra crise, com origem na reprodução, conhecida como FULVH� ULFDUGLDQD. Ambas foram os

alicerces da crise que deu origem à elevação dos custos de produção, com conseqüente

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degradação da riqueza social. Nos modelos econômicos, os custos sociais do crescimento

aumentaram à medida que este se acelerou. O modelo de desenvolvimento econômico

brasileiro, nas últimas décadas do século XX, e imposto pela industrialização, provocou a

agudização das desigualdades sociais.

O setor florestal, especificamente o relacionado aos reflorestamentos, adquiriu um

acelerado processo de desenvolvimento econômico, iniciado nos anos 1960. Seu processo

tecnológico acompanhou o desenvolvimento, do uso inicial de mão de obra não qualificada à

formação de grupos de trabalhadores altamente tecnificados. Os investimentos no setor

alcançam, hoje, vários bilhões de reais, colocando-o, nos últimos anos, em mais de 3% do

Produto Interno Bruto (PIB).�Segundo Leff (2002), a recente conceitualização do processo econômico como um

processo entrópico levou a uma crítica radical da teoria do crescimento econômico, e a

fundamentar a economia na ecologia. O autor afirmou que os argumentos demonstram a

irracionalidade energética e ecológica dos princípios mecanicistas nos quais se fundou a

racionalidade econômica dominante. Entretanto, os princípios convencionais do

desenvolvimento econômico ainda não dão conta da articulação da ordem econômica com os

processos estruturadores ou desestruturadores das dimensões ecológica, ambiental, social e

cultural.

�����'(6(192/9,0(172�6867(17È9(/�

As críticas aos modelos convencionais de desenvolvimento econômico fundamentaram

a conceituação do desenvolvimento sustentável, com o reconhecimento dos limites do

crescimento econômico. Segundo Buey (2003), a descoberta mais importante que o

conhecimento e a perspectiva ecológica aportam ao pensamento contemporâneo é a existência

de um limite natural que entra em conflito com a cultura expansionista da produção industrial.

Guerra (1995) assinalou que o meio ambiente de uma região é um espaço físico, sócio-

econômico e cultural que está num contínuo processo de mudanças e transformações. Estas

ocorrem como resultado dos fenômenos naturais e pelas ações do homem. Entretanto, a

apropriação dos recursos naturais não acontece de uma forma eqüitativa e justa. Em vez de ser

uma fonte de benefícios múltiplos, o meio ambiente se tornou uma propriedade a ser

explorada com objetivos específicos.�

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Para Christofoletti (1990), existem dois sistemas na natureza: os geossistemas, que

compreendem a organização espacial oriunda dos processos do meio ambiente físico; e os

sócio-econômicos, que compreendem as organizações espaciais oriundas dos processos

ligados às atividades humanas.

O enfoque sistêmico caracteriza o desenvolvimento sustentável. Segundo Durand

(1998), são quatro conceitos fundamentais que estruturam o enfoque sistêmico. O primeiro, de

inter-relação entre dois elementos, que se estabelece em uma troca entre eles e em um

processo de retroalimentação, contrário ao pensamento aristotélico e cartesiano, que é a

relação causal. O segundo conceito é o de totalidade, ou seja, a mudança das partes para o

todo. Assim, um sistema é um todo que não pode ser analisado por meio de suas partes de

forma isolada. A organização é o terceiro conceito, relacionado à idéia de um tipo de

otimização dos componentes do sistema e o seu arranjo, porque comporta aspectos estruturais

e funcionais. O quarto conceito, a complexidade, relacionada a causas inerentes à composição

do sistema; a causas provenientes das incertezas de seu meio ambiente e a relações entre

determinismo e acaso.

Pretty (1995) destacou princípios para a diferenciação entre o paradigma sistêmico (ou

emergente), e o positivista. Para o autor, a sustentabilidade não pode ser definida com

precisão, pois esse conceito permite diferentes interpretações e opiniões, de acordo com cada

ator ou grupo envolvido. Nesse sentido, a participação de grupos e atores na formulação do

problema assegura uma visão múltipla. Também se refere ao fato de que o surgimento de uma

segunda situação problema acontece sempre que a primeira é resolvida.

O ponto mais importante é o reconhecimento do ambiente onde se instala a produção.

Assim, para se instalar um sistema produtivo no uso do solo, é necessário conhecer as

características e dinâmicas do ambiente regional. Isto implica em reconhecer as diferentes

dimensões desse ambiente (sócio-cultural, técnica, econômica, ecológica e política) e as inter-

relações que ocorrem entre fatores humanos e ambientais. Uma vez reconhecidas e analisadas

as faces do ambiente, pode-se traçar uma estratégia produtiva que, integrando-se nas suas

dinâmicas, seja capaz de atingir os objetivos almejados. Nessa linha de raciocínio, no final da

década de 1980, a idéia do desenvolvimento sustentável passou a ser defendida com maior

eficiência, tentando estabelecer vínculos entre a economia, filosofia, tecnologia e política.

Neste plano, estão inseridas as atividades silviculturais (PRETTY, 1995).

A verdadeira noção da importância do cuidado a ser tomado com as atividades

silviculturais e a relação destas atividades com o ambiente é que a sustentabilidade só será

possível na medida em que a relação com a natureza seja de amizade e integração, e não de

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competição e dominação. Georgescu-Roegen (1974) concluiu que o crescimento traz consigo

alguma forma de degradação do meio ambiente. Dessa forma, o processo econômico deve

utilizar os recursos naturais de um modo mais duradouro, sóbrio e saudável do que tem sido a

prática tradicional.

A concepção do ecodesenvolvimento, descrita por Sachs, surgiu quando ele propôs o

termo para ser adotado oficialmente, num seminário promovido pela ONU, no México, em

1974. A crítica feita por Henry Kissinger, então chefe da diplomacia do governo norte-

americano, e enviada ao chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,

provocou uma revisão do termo, originando a expressão “ desenvolvimento sustentável” .

Dessa forma, os economistas mais convencionais poderiam aceitar sem o receio de confundí-

lo com o termo “ desenvolvimento auto-sustentado” (NAREDO, 2003).

Uma década depois, Sachs (1986b) traçou novas linhas de orientação, incluindo a

satisfação das necessidades básicas, a solidariedade intergerações, e a preservação do meio

ambiente, embasadas em um sistema social que garantisse emprego e respeito a outras

culturas. Esses novos conceitos, conforme Moura (1996), foram inseridos em uma crítica à

modernização industrial e proporcionou o surgimento do modelo de desenvolvimento

sustentável. Assim, a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (1988)

publicou o relatório 1RVVR�)XWXUR�&RPXP, que se constituiu em uma referência central para o

desenvolvimento, propagando o conceito de desenvolvimento sustentável. O documento,

também conhecido como 5HODWyULR�%UXQGWODQG, representa o primeiro marco das discussões

entre desenvolvimento e a proteção ao meio ambiente. O� desenvolvimento sustentável foi

definido, então, como a tese de atender às necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Segundo o

relatório, para transformar o conceito em realidade, se faz necessário atender os seguintes

desafios: 1)� satisfazer necessidades do presente, o que inclui prioridade para satisfazer as

necessidades essenciais das populações pobres; 2) necessidades das futuras gerações, com o

estabelecimento de garantias para a sustentabilidade, através de políticas de desenvolvimento

que permitam o acesso aos recursos e seus benefícios.

O relatório 1RVVR�)XWXUR�&RPXP chamou atenção para o fato de que o desenvolvimento

sustentável supõe uma transformação progressiva da economia e da sociedade. Vieira (2002)

afirmou que o desenvolvimento sustentável é o processo de melhoramento e ampliação do

patrimônio econômico, ambiental e social, realizado de forma contínua e harmônica, com

distribuição equânime no tempo e no espaço. O relatório também alertou as indústrias básicas

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que o processo de expansão deve considerar o aumento da reciclagem e reutilização de

energia e materiais.

De acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (1991), para

se atingir o desenvolvimento sustentável, é necessário um equilíbrio dinâmico entre as

diferentes formas de capital: financeiro (dinheiro); humano (população); natural (recursos

naturais); cultural (cultura); e institucional (instituições de uma sociedade). O modelo

tradicional de igualar desenvolvimento e crescimento econômico buscava, prioritariamente,

definir a velocidade máxima para se acumular o capital financeiro. No enfoque atual de

desenvolvimento sustentável, o que se busca é definir quais as formas de capital devem ser

acumuladas e por quanto tempo.

Um intenso envolvimento de organizações não-governamentais ambientalistas e sócio-

ambientalistas, além do meio empresarial, com a questão do desenvolvimento sustentável,

caracterizou a fase que se iniciou nos anos 1990. O marco principal dessa fase foi a

Conferência Rio-92, cujo tema central foi o desenvolvimento sustentável enquanto concepção

de economia política. Nessa conferência, demonstrou-se não ser possível discutir meio

ambiente sem incluir as decisões e os critérios que orientam investimentos econômicos dos

diferentes agentes privados, governos e organismos multilaterais. No sentido da defesa do

desenvolvimento sustentável, a Declaração do Rio proclamou, no seu 3ULQFtSLR� �, que o

direito ao desenvolvimento deve ser exercido, de modo a permitir que sejam atendidas

eqüitativamente as necessidades de desenvolvimento e ambientais de gerações presentes e

futuras. No seu 3ULQFtSLR��, estabeleceu que para se alcançar o desenvolvimento sustentável, a

proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento, e não

pode ser considerada isoladamente dele (NOVAES; RIBAS; NOVAES, 2000).

A preocupação com o desenvolvimento sustentável aumentou no final do século XX,

quando organismos internacionais promoveram encontros no sentido de buscar soluções para

a crise dos paradigmas adotados pelo modelo desenvolvimentista, uma vez que o

desenvolvimento sustentável está diretamente ligado ao grau de satisfação da sociedade em

relação às suas expectativas. Quatro aspectos devem ser considerados: social, econômico,

ecológico e político. Segundo Flores e Nascimento (1994), sociedades com altos padrões de

desenvolvimento econômico e social darão prioridade aos avanços no controle ambiental,

enquanto que sociedades que tenham níveis de pobreza e desigualdade social acentuados terão

nesses temas maiores prioridades para atender suas expectativas.

Guerra (1995) compreendeu que o desenvolvimento sustentável não é um estado

perfeito e estático de harmonia; pelo contrário é um processo dinâmico que usufrui e percebe

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o hoje sem nunca desconsiderar o amanhã. Portanto, o modelo de desenvolvimento é uma

meta difícil de ser atingida, exigindo muita vontade política dos governos e dos diferentes

segmentos da sociedade, especialmente das empresas.

Segundo Jara (1998), o conceito de desenvolvimento sustentável tem dimensões

ambientais, econômicas, sociais, políticas e culturais e traduz várias preocupações, com o

presente e o futuro das pessoas, a produção e o consumo de bens e serviços, as necessidades

básicas de subsistência, os recursos naturais e o equilíbrio ecossistêmico, as práticas

decisórias e a distribuição do poder, e os valores pessoais e a cultura. O conceito é abrangente

e integral, distinto quando aplicado às diversas formações sociais e realidades históricas.

Santos (1998) alertou que se o modelo de desenvolvimento for negligente, ocasionará um

processo predatório que, aliado a um quadro de miséria, não poderá manter as capacidades

ambientais ao longo do tempo. O modelo de desenvolvimento escolhido por uma sociedade

deve, por conseguinte, considerar as diversas interfaces e dimensões envolvidas. Essas

considerações também se aplicam às diretrizes de uma empresa reflorestadora e que se

refletem na gestão de seus projetos.

Sachs (2000) considerou que a sustentabilidade espacial deve contribuir para uma

distribuição igualitária de terra para o assentamento humano; melhoria do ambiente urbano;

superação das diferenças inter-regionais; e estratégias de desenvolvimento ambientalmente

seguras para áreas ecologicamente frágeis. De acordo com Miranda Neto (1996), o grande

desafio do mundo contemporâneo será estabelecer políticas públicas que passem a reconhecer as

inter-relações entre ambiente e economia. O enfrentamento desse desafio interferirá na dinâmica

sócio-econômica, territorial, ambiental e cultural, com reflexos para a gestão dos projetos de

reflorestamento.

No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (1999) ponderou que o desenvolvimento

sustentável depende de um processo amplo de mudanças que envolvam o cidadão, o Estado e o

setor produtivo. Isso pressupõe uma integração de soluções nos campos econômico, social,

político e ambiental. Ao mesmo tempo, o setor produtivo também pode contribuir, através da

concepção e implementação de um sistema de gestão em sintonia com esse pensamento.

Cavalcanti (2001) assinalou que a opção pela sustentabilidade é a escolha direta que a

sociedade fizer, representando uma questão ética, uma vez que envolve distribuição de

riqueza numa dimensão temporal. Segundo Binswanger (2001), o conceito de

desenvolvimento sustentável deve ser visto como uma alternativa ao conceito de crescimento

econômico, que está associado ao crescimento material, quantitativo, da economia. O autor

apresentou uma argumentação dividida em três fases: a) sob o paradigma da sustentabilidade,

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a natureza tem duas funções: fator de produção e fator de qualidade de vida; b) o conceito tem

de ser distribuído em objetivos específicos e de fácil operacionalização. As metas podem ser,

inclusive, contraditórias e o desenvolvimento sustentável dependerá do equilíbrio entre esses

antagonismos; c) a política de fim de linha, de proteção ambiental, não será suficiente para

preencher as necessidades da sustentabilidade, porque só consegue administrar problemas

isolados.�Buey (2003) destacou, por sua vez, três tipos de manifestações que evidenciam a

problemática ambiental. Primeiro, os desequilíbrios locais ou regionais, característicos de

ecossistemas restringidos ou limitados, em alguns casos muito frágeis. Segundo, as

manifestações mais gerais da crise ecológica, menos perceptíveis pela perspectiva local,

regional ou nacional, que afetam o planeta como um todo. Terceiro, as catástrofes ecológicas

produzidas pela utilização de produtos elaborados, energias e tecnologias inapropriadas ou

que não tenham sido suficientemente experimentadas antes de sua utilização em grande

escala.

Sob a ótica epistemológica, Leff (2002) descreveu o desenvolvimento sustentável,

considerando uma racionalidade produtiva alternativa, informando que as estratégias do

ecodesenvolvimento estão sujeitas a ideologias delimitadas por paradigmas científicos que

dificultam as possibilidades de reorientar as práticas produtivas.�Os critérios de sustentabilidade deverão, então, ser apontados como norteadores da ação

social e do pensamento acerca de uma sociedade substantivamente democrática e

ecologicamente viável. A sustentabilidade social objetiva um desenvolvimento socialmente

justo, na melhoria da qualidade de vida, pautada em justiça distributiva, na satisfação das

necessidades básicas, na convivência e respeito entre povos e culturas, e na garantia dos

direitos civis, políticos e sociais. A sustentabilidade cultural deverá proporcionar o respeito à

pluralidade de valores, mantendo um equilíbrio entre a tradição e a inovação, preservadas as

características dos grupos sociais envolvidos (SACHS, 2000).

A sustentabilidade econômica aparece como uma necessidade. Entretanto, não deve ser

vista como condição essencial e prévia para as anteriores, uma vez que os problemas

econômicos carregam consigo os transtornos sociais, que por seu turno bloqueiam a

sustentabilidade ambiental. A sustentabilidade política, definida através da consolidação de

espaços públicos participativos e deliberativos, democracia e cidadania plena, é soberana na

condução do processo de reconciliação do desenvolvimento com a conservação da

biodiversidade. Conseqüentemente, o desenvolvimento sustentável, além de buscar

mecanismos de correção econômica, com medidas de controle administrativo e sistemas de

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decisão pactuada entre os diversos atores da sociedade civil, coloca o meio ambiente no

centro das decisões das políticas públicas.

Braga (2002) ilustrou o funcionamento do modelo de desenvolvimento sustentável

(Figura 2.1) mostrando que a reciclagem e o reuso dos recursos aliados à restauração do meio

ambiente formam os seus principais componentes. Conseqüentemente, nos modelos de

desenvolvimento sustentável, deve ser observada a existência cíclica e dinâmica de fluxos

energéticos e materiais.

�2�6,67(0$�6867(17È9(/�3$5$�26�+80$126�

(QHUJLD�

Uso de

Recursos

Processamento

Modificação

Recursos

Transporte

Consumo

Impacto minimizado pela restauração ambiental

Figura 1.2 - Modelo de desenvolvimento sustentável (Braga, 2002. p. 48).

Vieira (2002) destacou que o estabelecimento de planos ou programas de

desenvolvimento sustentável enfrenta basicamente dois grandes desafios: a conceituação

objetiva do seu significado e abrangência; e a identificação de parâmetros aferidores capazes

de permitir o monitoramento das ações e, sobretudo, a avaliação dos resultados.

Extrapolando-se essa reflexão para o âmbito das empresas, verifica-se que sistemas de gestão

da sustentabilidade enfrentam desafios idênticos. Ao adicionar ao sistema de gestão critérios

de sustentabilidade, a atividade empresarial necessitará absorver e introduzir em sua prática

gerencial o conceito de desenvolvimento sustentável.

Um dos temas mais comuns para explicar os poucos avanços, a despeito dos esforços

das iniciativas ambientais, têm sido que as externalidades ambientais não faziam parte do

raciocínio das transações econômicas. Tais externalidades também poderiam ser entendidas

como resultados não buscados pela ação econômica. Essa característica do sistema econômico

vigente restringe sobremaneira os esforços que visem a manutenção de um meio ambiente

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saudável. A gênese conflitante das atividades econômicas trabalha em uma escala do lucro, e

essa deve ser imediata e garantida. Para o meio ambiente, a escala que deve ser adotada é a do

homem e a da sua sucessão. Assim, ter-se-ia um fenômeno para o qual os esforços ambientais

não estariam capacitados para solucionar, consideradas as condições imutáveis do problema.

De acordo com Ramos e Fernandéz (2001), o meio ambiente deve estar em harmonia

com as atividades econômicas e o avanço tecnológico e as exigências da sociedade. Faz-se

necessário construir uma “ cultura ambiental” , que se sobreponha à cultura do consumo. Na

realidade, avanços tecnológicos que garantam ciclos limpos de produção, têm sido procurados

para responder a uma maior exigência de redução de custos e de competitividade, fazendo

com que o capital proceda de modo ativo, com comprovados ganhos ambientais. Haveria,

então, uma coincidência de racionalidades: aquela que economiza recursos naturais e

reaproveita resíduos e aquela de interesse ambiental que busca preservar o meio ambiente.

Aos interesses ambientais resta pois, potencializar essa coincidência de interesses, dentro dos

seus limites, submetendo-se às suas temporalidades e objetivos maiores.

A força da noção de desenvolvimento sustentável está justamente no fato de que a

constatação da finitude dos recursos ambientais no interior do sistema de produção capitalista

não necessariamente implica em catástrofe (NOBRE, 2002). Para que o mercado seja reativo

naquilo que diz respeito a melhorias ambientais, por meio da adoção de novas tecnologias,

serão necessários esforços para construir a respectiva cultura ambiental. É evidente que a

tecnologia tem dado respostas positivas a inúmeros problemas ambientais. Contudo, a

tecnologia não conseguirá resolver a finitude dos recursos naturais. Poderá substituir bens e

materiais no mercado, mas não em nível de natureza. Poderá corrigir desequilíbrios entre

oferta e demanda, mas não objetiva a manutenção da biodiversidade. Apesar disso, vê-se que

os avanços tecnológicos não poderiam ocorrer em decorrência de uma preocupação

ambiental, mas sim, pelo fato de que eles são o centro mesmo do processo produtivo e

consumista.�Segundo as reflexões de Ghatak (1990), o desenvolvimento sustentável depende da

escolha da taxa de crescimento pretendida que deveria ser potencialmente sustentável. No

contexto da agricultura tropical — e a silvicultura aí se insere, é muito provável que o

crescimento da produção não seja sustentável, se algumas condições não forem cumpridas. O

cálculo desta taxa requer estudos mais aprofundados, visto que são muitas as peculiaridades

dos sistemas produtivos.

As conclusões obtidas dos diversos pensamentos sobre o desenvolvimento sustentável

trazem duas fortes inquietações. Primeiro, a preocupação com a inclusão social ampla e

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irrestrita e, segundo, e não menos importante, a necessidade da racionalização do uso dos

recursos naturais, também reconhecidos como riquezas sociais, visando a assegurar a

permanência futura. O desenvolvimento sustentável� aporta, conseqüentemente, uma

concepção mais problemática, polissêmica, e mesmo ideologicamente sofisticada do que a de

simples gestão ambiental, por ser um conceito manejável em vários sentidos com as

dimensões da sustentabilidade. Tais dimensões (social, cultural, ecológica, ambiental,

territorial, econômica e política) devem ser adotadas e incorporadas na elaboração de um

sistema de gestão ambiental para projetos de reflorestamento, ao passo que sejam

consideradas na formulação das políticas públicas para o desenvolvimento regional.

�����32/Ë7,&$6�3Ò%/,&$6�(�$�*(67­2�'(�5()/25(67$0(1726�

O objetivo deste capítulo é descrever as relações estabelecidas entre as políticas

públicas formuladas em nível nacional e estadual que interferiram na gestão dos projetos de

reflorestamento da COPENER. Assim, descreve-se o processo de incentivo à introdução

desses empreendimentos na RLN, seus desdobramentos e o advento da regulação estatal na

área ambiental, como pontos principais de interferência dessas políticas sobre a gestão dos

projetos de reflorestamento.

Segundo Burzstyn (1994), o crescimento do Estado ocorreu nos países

subdesenvolvidos, em grande medida por causa da tradição cartorial e clientelista de suas

estruturas políticas. De acordo com Cavalcanti (2001), a idéia de sustentabilidade implica

uma limitação definida nas possibilidades de crescimento. A partir desse fundamento, torna-se

indispensável agregar preocupações ecológicas às políticas públicas no Brasil. Nas décadas de

1970 e 1980, o papel da administração pública ficou restrito à filosofia da conjuntura política

do regime militar. Atividades como produção de grãos, turismo e reflorestamento, tiveram um

forte impulso, através de programas de incentivos fiscais. Os municípios em geral ansiavam

por ver os seus territórios se transformando em pólos de crescimento econômico. Questionou-

se o custo social desse tão almejado desenvolvimento que, segundo Jara (1998), foi analisada

a estratégia local de crescimento econômico em função apenas de verbas federais ou

estaduais. Muitas regiões foram influenciadas por essas políticas de incentivos, enquanto

outras ficavam completamente desprovidas delas.

Historicamente, no Brasil, o crescimento horizontal e vertical do Estado foi insuficiente

para assegurar o sucesso no exercício do seu papel social. No caso da implantação dos

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empreendimentos florestais na Região do Litoral Norte do Estado da Bahia (RLN), houve

uma simples reprodução dessa tendência. O foco estava tão direcionado ao desenvolvimento,

à satisfação da demanda industrial e à resposta rápida aos desafios econômicos, que o papel

do Estado como promotor da economia sobrepujou qualquer preocupação social ou ambiental.

As empresas, além da participação estatal em suas esferas decisórias devido à participação

acionária, tiveram ao seu lado diretrizes inseridas nas políticas públicas, como por exemplo, o

zoneamento agro-econômico, a disponibilização de linhas de crédito e a oferta de incentivos

fiscais. O Estado, portanto, confirmou a sua preferência pelo crescimento, como resultado do

papel social e de promotor da economia (BURSZTYN, 1994).

Em meados da década de 1980, apesar do fim do regime militar a sociedade civil estava

desacostumada ao exercício da participação e do questionamento das diretrizes estatais,

agudizando a problemática da unilateralidade das decisões. Bursztyn (1991) sintetizou esse

quadro, informando que mesmo as elites representativas de regiões menos desenvolvidas e

socialmente atrasadas dispunham de um braço imprescindível no poder centralizado.

No Brasil, a segunda metade da década de 1980 foi marcada pela Resolução nº 001/86,

que, segundo Bursztyn (1994), representou a introdução da variável ambiental no processo

decisório da alocação de recursos produtivos públicos e privados. Em 1989, criou-se o

Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), para

atender a uma demanda social crescente e responder a novos imperativos políticos inseridos

no contexto brasileiro a partir da volta da democracia e da Constituição Federal de 1988. Num

efeito em cascata, o Estado da Bahia, através do Centro de Recursos Ambientais (CRA),

consolidava a sua função de órgão executivo da política ambiental estadual, oferecendo à

sociedade um serviço mais específico.

Carvalho (1987) afirmou que a política florestal, na sua vertente de apoio à produção de

madeira, não contemplou o universo de agricultores e não considerou as áreas das

propriedades mais vocacionadas para a atividade florestal. Em razão disso, foram

desenvolvidos mecanismos setoriais, sem vínculo com os agricultores. Tornou-se, então, uma

atividade sem a integração do desenvolvimento rural das regiões onde as empresas

reflorestadoras atuaram. Isso dificultou o estabelecimento de uma conexão dela com os

postulados básicos da política nacional do meio ambiente. Os investimentos do setor público e

as políticas públicas para a área do reflorestamento foram formulados no sentido de se criar

uma infra-estrutura de suporte à dinamização e modernização da economia regional. Assim,

as grandes empresas reflorestadoras foram beneficiadas. Entretanto, faltaram às políticas

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públicas e ao próprio setor experiência, sensibilidade e visão de futuro para perceber as

conseqüências sociais e ambientais de sua implantação.

Qualquer modelo de administração que preconize a modernização das atividades de

reflorestamento calcada no aumento da produção, acarretará inevitavelmente elevados custos

financeiros e sociais (GUERRA, 1995). Na maioria dos casos, esses modelos precisarão de

coerentes políticas públicas. Os governos municipais poderão oferecer concessões e

benefícios, com o objetivo de atrair atividades relacionadas a esses reflorestamentos.

No final da década de 1980, o Governo do Estado da Bahia elaborou o Plano

Estratégico de Ação, para o período de 1988 a 1991 (PEREIRA, 1989). Referindo-se à Região

do Litoral Norte do Estado (RLN), este plano estabelecia duas prioridades; para o setor

primário, incentivar a modernização da fruticultura e de outras atividades agropecuárias, e

para o setor secundário, a criação de condições para que fossem possíveis grandes

investimentos privados na produção de celulose. Paralelamente, a Política de

Desenvolvimento Setorial, formulada pelo Governo do Estado da Bahia, estabeleceu

estratégias direcionadas ao meio ambiente sintetizadas em: a) democratização da informação e

da gestão ambiental; b) promoção da conscientização da sociedade sobre a importância da

questão; c) estímulo à participação popular e comunitária no planejamento e execução da

política de defesa do meio ambiente; e d) manutenção de uma política de transparência e

veracidade das informações, institucionalizando mecanismos de avaliação de impactos e de

gestão ambiental (PEREIRA, 1989).

O Brasil preparava-se para sediar a Conferência Mundial do Meio Ambiente (Rio-92) e

o meio ambiente tornava-se um assunto cada vez mais freqüente nas discussões. A sociedade

civil organizou-se para acompanhar de perto de um novo projeto, em que a COPENER estava

envolvida. Tratava-se da implantação de uma fábrica de celulose que representaria um

crescimento econômico substancial, pois os reflorestamentos já implantados passariam a se

integrar a esse novo empreendimento. A elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e do

respectivo Relatório de Impacto Ambiental para a fábrica de celulose iniciou-se sob grande

expectativa de técnicos, representantes de comunidades e políticos. Colocados os resultados à

disposição da população, de acordo com a legislação ambiental, iniciaram-se amplas

discussões, culminando com a realização de audiências públicas com as comunidades

atingidas pelo projeto. A participação popular foi contrária à implantação do projeto,

mostrando claramente a sua rejeição. Paralelamente, a conjuntura político-econômica obrigou

a COPENER a reavaliar o seu projeto de implantação da fábrica. A COPENER, tendo sua

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imagem comprometida, e com alguns milhares de hectares plantados, decidiu buscar outras

alternativas para escoamento de sua produção.

Vieram à tona as barreiras impostas à interlocução entre as políticas públicas para o

desenvolvimento econômico e as políticas públicas para o meio ambiente, quando o mercado

redirecionou a COPENER para a produção de celulose. De um lado, o Estado criou

mecanismos que induziram e incentivavam o desenvolvimento; do outro, o mesmo Estado

criou mecanismos para regular esse desenvolvimento através da variável ambiental. A

tendência nesse conflito foi uma valorização do aspecto econômico em detrimento do aspecto

ecológico. Tornou-se, assim, necessário concretizar a racionalidade ecológica, para satisfazer

as necessidades materiais da melhor forma, com a menor quantidade possível de recursos

(GORZ, 1991).

Na implantação dos reflorestamentos pela COPENER, a carência de políticas públicas

que permitissem à sociedade absorver os impactos ficara clara até mesmo em questões do dia-

a-dia. Por exemplo, faltava a infra-estrutura para o escoamento da produção, que sacrificou as

vias de acesso existentes, dimensionadas para um fluxo bastante inferior de veículos.

Rezende, Lima Júnior e Silva (1996) assinalaram que, em termos de desenvolvimento

econômico, nenhuma ação é totalmente neutra ou se encerra em si mesma. Qualquer ação

estimula ou desestimula uma série de outras ações em maior ou menor grau. Essas ações,

conhecidas como “ efeito para trás” (“ backwards effect” ) ou “ efeito para frente” (“ forward

effect” ), se refletiram diretamente na execução dos reflorestamentos industriais implantados.

O primeiro efeito das ações governamentais que resultaram na produção e na disponibilidade

de matéria-prima florestal foi quebrar o ciclo vicioso: “ não se criam indústrias, porque não há

matéria-prima; não se produz matéria-prima, porque não há indústrias” .

A administração dos projetos de reflorestamento passou a se preocupar com a questão

ambiental de forma mais concreta, em parte pela própria evolução da filosofia empresarial, o

que refletia uma tendência mundial, mas também por perceber o desempenho regulador do

Estado. Começaram a ser implantados corredores ecológicos, áreas de preservação, planos de

recuperação de áreas degradadas, e o aproveitamento múltiplo das áreas reflorestadas.

Iniciativas de aproximação com as comunidades rurais vêm sendo incrementadas, visando não

só à melhoria da imagem das empresas, como também estabelecer um vínculo maior com a

sociedade em que estão inseridas.

A Lei Orgânica do município de Alagoinhas foi a primeira na região a controlar a

expansão territorial dos reflorestamentos. Situação semelhante ocorreu em outros municípios

da Região do Litoral Norte. As repercussões dos fatos acontecidos nas décadas de 1970 e

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1980 vêm sendo gradativamente mitigadas, visto que os desmatamentos para implantação de

novas áreas já não ocorrem e os reflorestamentos não vêm apresentando expansão em área

ocupada.

A COPENER é a empresa com a maior extensão de área plantada na RLN e, por

conseguinte, de maior potencial de aplicação direta dos conceitos das políticas públicas

mencionadas. Dessa forma, caberá a ela o papel de principal protagonista — e alvo — nesse

cenário. O sistema de gestão ambiental aplicado aos projetos de reflorestamento deverá

estabelecer conexões com as políticas públicas, no sentido de se alcançar as diversas

dimensões da sustentabilidade.

�����*(67­2�$0%,(17$/�

Segundo Leff (2002), as estratégias conceituais para gerar os instrumentos teóricos e

práticos para a gestão ambiental do desenvolvimento sob condições de sustentabilidade e

equidade não podem surgir dos paradigmas econômicos dominantes e das práticas tradicionais

do planejamento.

O termo JHVWmR está definido como o processo sistemático e permanente de

planejamento, implantação e manutenção da ação, o registro e controle das atividades e dos

resultados previstos e alcançados, a documentação das decisões e atividades decorrentes, a

disseminação de informações, a monitoração e controle dos processos, atividades e do

desempenho organizacional interno e externo, a avaliação crítica de todos os elementos da

gestão, e seu aprimoramento contínuo. Adjetivada pelo ambiente — *HVWmR�$PELHQWDO, seu

foco de intervenção passa a conter, além da organização produtiva, os espaços territoriais

afetados ou afetáveis, envolvendo os sistemas ecológicos circunscritos e os fatores e relações

ambientais que os conformam.

Hurtubia (1980) definiu o termo como a tarefa de administrar o uso produtivo de um

recurso renovável sem reduzir a produtividade e a qualidade ambiental, normalmente em

conjunto com o desenvolvimento de uma atividade. O Interin Mekong Comittee (1982)

estabeleceu que a gestão ambiental significa uma tentativa de avaliar valores limites para as

perturbações e alterações causadas pelas ações antrópicas. Dessa forma, como a recuperação

do meio ambiente tende a ser demorada, a gestão ambiental deve promover a resistência dos

ecossistemas, assegurando a produtividade dos recursos naturais em longo prazo. Estas

considerações coadunam-se com a gestão ambiental no âmbito empresarial, em que um

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sistema produtivo baseado no uso de recursos naturais necessita de limites para os impactos

que causa ao meio ambiente.

Para Selden (1973), a gestão ambiental manifesta-se predominantemente pelo governo,

retratando a condução, a direção e o controle do uso dos recursos naturais. Para tanto, o

governo utiliza certos instrumentos, como normas, investimentos, regulamentos e outros. O

IBAMA (1992) definiu a gestão ambiental com a ação administrativa voltada para a

conservação do meio ambiente, baseada no zoneamento ambiental e nas diretrizes gerais de

uso e ocupação, e efetivada através de programas específicos de educação ambiental, controle

e monitoramento, fiscalização, extensão rural, manejo sustentado, recuperação de áreas

degradadas e desenvolvimento tecnológico para reorientação das atividades econômicas.

Apesar do forte papel do Estado na gestão ambiental, em escala mais localizada e específica,

as empresas têm uma responsabilidade quanto a este aspecto, porque elas estão no centro da

atividade econômica.

Neder (2001) salientou que recursos hídricos, solos e florestas são os três ecossistemas

renováveis que vêm fornecendo, há séculos, matéria-prima para produção, alimentação e

moradia da maior parte da humanidade. Para este autor, as políticas ambientais e os projetos

sociais combinados poderão ser vinculados aos esforços de superação da pobreza, desde que a

lógica do conservacionismo seja reordenada. Tais práticas ou se subordinam à diversidade

sócio-cultural de grupos e redes sociais, ou haverá mero conservacionismo, com a exclusão

das populações locais. A gestão ambiental nas empresas pode incorporar esse pensamento, na

medida em que atinge as dimensões sociais e culturais relacionadas à atividade econômica.

Theodoro (2002) enumerou os objetivos básicos da gestão ambiental: a) ordenar o uso

do território; b) otimizar o uso dos recursos; c) otimizar os benefícios sociais e econômicos; d)

manter a sustentabilidade dos empreendimentos; e) manter a qualidade do meio ambiente

(salubridade e funções ecológicas vitais); f) monitorar a capacidade de absorção dos meios

receptores; g) monitorar o estoque de recursos ambientais.

A gestão ambiental, seja por parte das políticas públicas, da sociedade, ou das empresas,

busca o uso racional e sustentável dos recursos ambientais, coerente com o conceito de

desenvolvimento sustentável, já que aparece como uma ferramenta de conciliação entre

conservação e desenvolvimento. Assim, ela se refere à mediação de interesses, conflitos,

opiniões e demandas entre os diversos atores sociais que interagem numa determinada

problemática ambiental. Em seus primórdios, o setor florestal brasileiro agregou apenas

dimensões técnicas e científicas em suas ações de gestão, visando à produtividade, aos

resultados financeiros para as empresas e ao cumprimento das metas estabelecidas pelas

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políticas desenvolvimentistas. Mais tarde, porém, as dimensões social, política, ambiental,

ecológica, espacial e cultural foram paulatinamente agregadas à gestão florestal dos

empreendimentos.

������6LVWHPDV�GH�JHVWmR�

O desenvolvimento brasileiro encontra-se comprometido por causa das enormes

limitações de nosso processo de geração e absorção de conhecimentos científicos e

tecnológicos. O desenvolvimento sustentável representa uma meta muito mais ambiciosa, pois

reforça de maneira mais profunda a necessidade de transformação daquele processo (VIOTTI,

2001). Interesses do lucro, correções e incentivos podem ser adotados pelo Estado, mas o que

deve ficar claro é que o mercado, por iniciativa própria, não conta com atrativos para agir em

prol da conservação da natureza. Na perspectiva do lucro, o capital até se contrapõe à

interpretação neoclássica de meio ambiente, na qual os avanços do setor produtivo têm um

caráter meramente reativo.

Estudiosos da administração buscam estratégias mais atuais e flexíveis para a

estruturação das organizações, para que elas cumpram com os seus objetivos. Esse raciocínio

pode ser aplicado perfeitamente aos projetos de reflorestamento. Os modelos teóricos que

orientam a estruturação do trabalho na oferta de serviços e na produção de bens ganham,

nesse contexto, significado mais amplo, já que permitem explicar a diferença entre o que

funciona bem e o que não funciona nas organizações (ABSY et al, 1995).

O Institute for Development of Eucalyptus Applications (2003) destacou alguns pontos

que demonstram a ocorrência de mudanças nos sistemas de gestão adotados por empresas de

reflorestamento e produção de celulose e papel: a) as empresas descobriram rapidamente a

importância dos programas ambientais para aprimorar o seu desempenho e estão investindo

pesadamente nessa frente; b) as companhias produtoras de celulose e papel passaram a tratar

as florestas de eucaliptos como corredores ecológicos para aves e mamíferos e a investir na

conservação de fragmentos florestais; c) os programas de proteção dos recursos hídricos e de

racionalização do consumo de água receberam atenção especial: as empresas de produção de

celulose e papel a partir do eucalipto desenvolveram um dos mais modernos programas de

monitoramento de bacias hidrográficas do mundo, notadamente no Brasil.

Uma aliança entre a eficiência econômica e a conservação dos recursos naturais poderá

ser uma diretriz adotada no planejamento florestal. Não se pode recriminar o uso de espécies

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de rápido crescimento e de valor industrial, no reflorestamento de terras empobrecidas, pelo

mau uso agrícola ou pastoril. O simples revestimento dessas terras pela nova vegetação, por si

só, recomendaria o seu uso. Se acrescermos a isso os benefícios de um planejamento

adequado que assegure a presença da vegetação natural como via de penetração e abrigo da

fauna silvestre, de proteção contra fogo e contra a degradação do solo, o trabalho de reposição

florestal se integrará definitivamente ao processo de recuperação econômica de extensas áreas

do território nacional (MELLO, 1975). O papel do sistema de gestão é, portanto, incluir os

aspectos sócio-ambientais na administração dos projetos de reflorestamento.

Para Rosenberg et. al. (1981), todo projeto, independentemente de seu tamanho, deve

ser abordado a partir de uma perspectiva regional e não local ou pontual. Com isso, torna-se

possível considerar tanto efeitos cumulativos como interações entre projetos em áreas

contíguas. Nesse sentido, o aumento do desempenho social e ambiental da empresa vincular-

se-á às estratégias de gestão adotadas em relação aos seguintes aspectos: a) uso dos recursos

hídricos; b) destinação, reutilização, e reciclagem de resíduos; c) avaliação dos passivos

sócio-ambientais; d) identificação de exemplos positivos e negativos; e) capacitação técnica;

f) participação das comunidades; g) auto-avaliação permanente e certificação.

A gestão dos projetos de reflorestamento é, então, decisiva para a confirmação e

agudização de impactos negativos ou, inversamente, por sua prevenção e eficaz mitigação. Ao

mesmo tempo, ela será imprescindível para a concretização dos benefícios e ganhos sócio-

ambientais. O sucesso nessa tarefa irá determinar o quão sustentável será o empreendimento.

As empresas florestais investem cada vez mais na pesquisa e desenvolvimento de sistemas de

gestão de plantios, com o objetivo primordial de ajustar a atividade econômica aos critérios

ambientais.

Segundo Siqueira Júnior (1992), os sistemas implementados pelas empresas têm se

baseado na adoção das seguintes técnicas: a) implantação de novos plantios apenas em áreas

já exploradas, evitando a ocupação de novas áreas; b) seleção criteriosa das espécies,

procedências e progênies mais bem adaptadas às condições locais, minimizando a ocorrência

de efeitos ambientais adversos; c) adoção de sistemas de plantios e de exploração na forma de

mosaicos, com reflexos evidentes sobre a estabilidade físico-biológica das áreas; d)

monitoramento contínuo da fertilidade e da capacidade produtiva do sítio, com preocupação

central quanto à incorporação de resíduos florestais, sem a utilização da técnica de queima e

sem o revolvimento excessivo dos solos; e) melhoria da capacidade de sustentação da vida

silvestre, por meio da manutenção, do plantio de enriquecimento e da interligação de

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remanescentes com faixas de vegetação nativa. Com isso, há a potencialização dos

mecanismos associados ao controle biológico de pragas e doenças.

No final do século XX, os programas de certificação ocuparam espaço nas empresas,

como forma de padronizar procedimentos, ao passo que conferiam aspectos positivos ao papel

social das organizações. As empresas da atividade florestal, especialmente as do setor de

papel e celulose, passaram a implementar esses programas, com o objetivo de contribuir para

a melhoria do manejo da floresta.

As normas ISO 14000 têm sido adotadas por empresas do setor florestal para a

certificação de sistemas de gestão ambiental. Em 1999, oito empresas haviam sido

certificadas pela ISO 14001, totalizando 919.000 hectares de reflorestamentos. Através do

sistema do Conselho de Manejo Florestal, até 1999, havia nove empresas certificadas,

totalizando 668.000 hectares de reflorestamentos. A Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) implantou a Certificação de Origem de Matéria-Prima Florestal

(CERFLOR). Esta é a primeira iniciativa brasileira no sentido de promover o manejo florestal

sustentável em reflorestamentos industriais (MORA e GARCIA, 2000).

Por conseguinte, os programas de certificação aprimoram a gestão ambiental dos

projetos de reflorestamento, por meio de interferências na gestão florestal. As interações

existentes nesse processo, em que os aspectos produtivos e econômicos dialogam

permanentemente com os aspectos sócio-ambientais, revelam às empresas o caráter sistêmico

e abrangente da gestão ambiental.

A modernidade implica numa confrontação crítica com uma tradição (BARTHOLO

JÚNIOR, 1998). Um sistema de gestão ambiental pode H� GHYH funcionar como um

instrumento de modernidade técnica na gestão de projetos de reflorestamento, sob a

perspectiva do desenvolvimento sustentável.

�������3ODQHMDPHQWR�DPELHQWDO�

Apesar dos problemas ambientais continuarem a ser uma pesada carga para as presentes

e futuras gerações, um número importante de empresas vem incorporando a proteção do meio

ambiente como parte do negócio empresarial. O meio ambiente irrompe com força na gestão

empresarial, que deve atender a uma legislação cada vez mais restritiva e às pressões do

mercado. A qualidade ambiental não está dissociada da relação qualidade/preço e constitui

uma proteção frente a terceiros menos exigentes. Ela permite, ainda, reduzir riscos, otimizar

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matérias-primas e energia, melhorar as relações com a administração e proporcionar uma boa

imagem empresarial. Por fim, a competitividade de uma empresa e a sua sobrevivência em

médio e longo prazo, exigem a inclusão do fator ambiental em sua gestão (RAMOS e

FERNÁNDEZ, 2001).

Almeida (2000) afirmou que o planejamento de ações de recuperação ambiental deve

considerar a dinâmica da paisagem, relacionando e prevendo a conexão de fragmentos de

vegetação natural e a interligação de reservas. Nesse sentido, a abordagem ao nível de

paisagens torna-se importante para inserir a área num contexto regional. A gestão ambiental

de projetos de reflorestamento, baseada na dinâmica da paisagem, compreenderá um aspecto

mais amplo, holístico, abrangendo as características biológicas, físicas e sócio-econômicas.

Conforme Almeida (1987), os aspectos que deverão orientar o planejamento dos

reflorestamentos e o manejo florestal são: a) distribuição dos fragmentos de vegetação

natural; b) distribuição das áreas reflorestadas; c) enriquecimento da vegetação natural; d)

manutenção e manejo do sub-bosque; e) controle integrado das pragas florestais.

Entre estes aspectos, a distribuição dos fragmentos de vegetação natural em relação às

áreas reflorestadas merece destaque, em função dos desdobramentos gerados pela gestão

desse componente ambiental sobre diversas dimensões da sustentabilidade.

������2V�IUDJPHQWRV�GH�YHJHWDomR�QDWXUDO��

Esta seção tem como objetivo abordar os principais efeitos dos fragmentos de vegetação

natural sobre o manejo florestal e a gestão ambiental dos projetos de reflorestamento.

Um esquema de manejo ecossistêmico, ou integrado, implica numa ligação mútua e

interativa entre a floresta e todos os demais elementos do ecossistema, incluindo o fluxo de

energia e a ciclagem de seus componentes. Considera, ainda, que a alteração de um recurso

natural qualquer em uma dada área, incluindo o corte das árvores, causa invariavelmente um

impacto em todos os demais elementos do ecossistema. O manejo florestal integrado

significa, então, o entendimento dessas inter-relações e interações, e a busca de práticas que

visem minimizar os impactos ao funcionamento do ecossistema (LIMA, 1996).�Alvim (1994) recomendou a manutenção de faixas de vegetação natural intercaladas

com os reflorestamentos com eucalipto, procurando-se interligá-las, através de corredores

biológicos que facilitam a movimentação da fauna silvestre.

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A distribuição dos fragmentos de vegetação natural, intercalados com os

reflorestamentos, promove a formação de mosaicos na paisagem. Portanto, o planejamento e o

sistema de gestão ambiental que aplica esta recomendação favorece a sustentabilidade

ecológica e espacial dos projetos de reflorestamento. Kageyama (1987) afirmou que a

interligação desses remanescentes vegetais mantém e recompõe o fluxo gênico nas

populações, favorece a dispersão de espécies da flora e da fauna, possibilita o aporte de

nutrientes às cadeias alimentares dos ecossistemas associados e amplia a oferta de nichos e

recursos tróficos à comunidade.

Para Schemnitz (1976), um dos aspectos mais importantes para a conservação da fauna

em reflorestamentos é a distribuição dos talhões em relação aos fragmentos de vegetação

natural. Os fragmentos de vegetação natural mantêm verdadeiros estoques de inimigos

naturais das pragas florestais, entre eles as aves silvestres, que oferecem uma constante

vigilância nos reflorestamentos. Segundo Peterson (1980), as aves predadoras de insetos agem

como um inseticida bastante seletivo, eliminando certas pragas, ou não-seletivo, consumindo

da mesma forma os insetos que são alvos do controle biológico ou de qualquer outra espécie.

Antas (2003) apresentou indicativos sobre a utilização dessas aves como bioindicadoras de

qualidade ambiental em reflorestamentos com eucaliptos. Portanto, fica evidente a

importância dos fragmentos de vegetação natural na medida em que abrigam os agentes

responsáveis pelo controle biológico das pragas florestais.

Nesse sentido, Almeida (1987) recomendou o enriquecimento dos fragmentos e de

outras áreas disponíveis com diversas espécies arbóreas e arbustivas que possam produzir

abundante frutificação nas diversas épocas do ano. Esta prática oferecerá uma maior

diversidade biológica e um conseqüente aumento na população de animais silvestres.

Balch (1960) enfatizou que o enfoque dado pelos técnicos florestais quanto à proteção

florestal deve ser eminentemente ecológico, baseando-se em métodos econômicos e

duradouros. O controle biológico das pragas florestais inclui-se nessa perspectiva e as

empresas reflorestadoras têm demonstrado grande interesse em incluir esta prática no regime

de manejo florestal. Para tanto, elas desenvolvem práticas que visam à conservação e uma

melhor distribuição dos inimigos naturais nos reflorestamentos com eucalipto.

Almeida (1987) argumentou que os aspectos econômicos não são os únicos que

envolvem o controle biológico das pragas. Outros valores justificam o cuidado das empresas

florestais no manejo das populações de aves: a conservação das espécies, a diversidade

biológica e os valores estéticos da natureza estão entre eles.

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A manutenção dos fragmentos de vegetação natural, principalmente em um desenho que

resulte na formação de uma paisagem em mosaicos, está diretamente relacionada à

manutenção da diversidade da fauna silvestre. Por conseguinte, o controle biológico das

pragas que afetam os reflorestamentos é normalmente observado nas áreas em que estas

considerações norteiam o manejo florestal. As conseqüências dessas práticas de gestão trazem

reflexos positivos para as dimensões ecológica, ambiental, econômica e espacial dos projetos

de reflorestamento.

A gestão ambiental dos projetos de reflorestamento é o ponto de convergência do

conceito de desenvolvimento sustentável com a lógica produtiva empresarial. Por

conseguinte, a implementação de um sistema de gestão ambiental traduzirá, no cotidiano e na

prática gerencial das empresas, a mudança de paradigmas embutidos na eucaliptocultura.

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���0$7(5,$,6�(�0e72'26�

Este capítulo tem como objetivo descrever a metodologia desenvolvida e aplicada na

pesquisa, para a compilação e interpretação dos dados secundários e primários, e para a

organização e discussão dos resultados obtidos. Adicionalmente, o capítulo apresenta a

caracterização da área de estudo da pesquisa, como suporte para a análise e discussão dos

resultados.

A área de estudo selecionada para a pesquisa corresponde aos projetos de

reflorestamento Altamira I, II e III, administrados pela Copener Florestal Ltda (COPENER), e

que formam o Bloco Altamira. Os projetos estão localizados no município de Conde, na

Região do Litoral Norte do Estado da Bahia (RLN). Nestes projetos, foi implantado o

(XFDO\SWXV, para a produção de celulose, a fim de atender à demanda da fábrica Bahia Pulp,

localizada no Complexo Petroquímico de Camaçari.

Para atender ao objetivo deste estudo, a formulação de subsídios para um sistema de

gestão ambiental de projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV spp, a metodologia de

trabalho consistiu nos seguintes procedimentos:

(1) pesquisa e interpretação da literatura científica, técnica e profissional,

referente indicadores de sustentabilidade;

(2) análise da atividade florestal desenvolvida na Região do Litoral Norte

do Estado da Bahia, sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável;

(3) entrevistas com atores sociais, como grupos intervenientes ambientais

(empresas, técnicos, lideranças comunitárias, dirigentes públicos, entidades, órgãos

públicos, trabalhadores);

(4) visitas de campo para constatação dos indicadores de sustentabilidade.

A delimitação temporal dos estudos e análises foi determinada pelas informações

coletadas nas abordagens preliminares da problemática. A contextualização histórica do

processo de introdução e expansão do cultivo do (XFDO\SWXV considerou a inserção da RLN,

no período compreendido entre 1970 e 2003. Foram consideradas as peculiaridades no que

tange aos seus movimentos de expansão e retração ao longo do período.

Para se alcançar a delimitação espacial da área de estudo, procedeu-se à consecução das

seguintes fases sucedâneas e complementares:

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1. Reconhecimento da Região do Litoral Norte do Estado da Bahia

Foram realizadas pesquisas bibliográficas, para obtenção de dados estatísticos,

históricos e geográficos, sobretudo oficiais, e visitas a campo.

2. Identificação do Distrito Florestal do Litoral Norte (DFLN)

O processo de criação do Distrito Florestal do Litoral Norte (DFLN) foi estudado a

partir dos registros históricos, documentos oficiais e relatos de empresas reflorestadoras, além

de informações coletadas através de entrevistas com técnicos, representantes de sindicatos

rurais e lideranças políticas e religiosas. Realizou-se também um trabalho observacional de

campo.

3. Identificação da área de abrangência da empresa COPENER

Procedeu-se à identificação da participação da COPENER no Distrito Florestal do

Litoral Norte, visando ao estabelecimento do nível de importância econômica da empresa para

a região, com sua correspondente responsabilidade quanto à questão ambiental. Os municípios

que se situam na área de abrangência da COPENER foram identificados e tiveram suas

características gerais analisadas. Esta fase foi desenvolvida através da análise de documentos

oficiais e outros fornecidos pela própria empresa.

4. Seleção de projetos de reflorestamento para análises preliminares

Para a identificação de plantios mais ou menos homogêneos, representativos da área do

DFLN, que pudessem servir como área de estudo, as entrevistas com os técnicos e dirigentes

da empresa foram o marco inicial. Entre os 157 projetos de reflorestamento que a COPENER

administrava em 2003, foram selecionados 25 projetos, distribuídos em toda a área de

abrangência da empresa. Nesta análise preliminar, os critérios estabelecidos para a seleção

foram o ecossistema de inserção, o estágio do reflorestamento e as questões ligadas à logística

(acesso viário) e ao tempo disponível para a realização dos trabalhos.

Procedeu-se ao levantamento de dados referentes a essas áreas, mediante a análise e

interpretação de diversas cartas topográficas, em diversas escalas. Foram usados mapas

temáticos de solos, vegetação, recursos hídricos e situação fundiária. A informação constante

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nessa base de mapas foi atualizada e conferida, a partir de dados coletados e de observações

de campo. Imagens de satélite disponíveis contribuíram para a formulação da análise espacial.

Foram realizadas, ainda, visitas de reconhecimento, para melhor visualização e entendimento

de aspectos da caracterização, com registro fotográfico e respectivo geo-referenciamento

(Figura 2.1).

Figura 2.1 – Localização dos pontos visitados durante a etapa inicial de seleção de projetos de reflorestamento da COPENER, para a delimitação da área de estudo.

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5. Seleção final dos projetos e delimitação da área de estudo

A aplicação rigorosa dos critérios de seleção e a conseqüente análise possibilitaram a

seleção de dez projetos de reflorestamento localizados no setor de produção leste da empresa,

como possíveis áreas de estudo. Nesta fase, os critérios adotados na fase anterior tiveram a

sua análise aprofundada, com maior detalhamento de dados e informações. Para a delimitação

final da área de estudo, mais cinco critérios de seleção foram acrescentados, numa análise

com um maior nível de rigor: a) ações promovidas pela empresa quanto à gestão ambiental; b)

área ocupada pelos projetos de reflorestamento; c) produtividade mensurada e estimada dos

projetos; d) disponibilidade de dados sobre os projetos; e e) proximidade entre os projetos e

comunidades rurais. A análise apontou para o projeto Valentim, localizado no município de

Cardeal da Silva, e o Bloco Altamira, composto pelos projetos Altamira I, II e III, localizado

no município de Conde. Foram realizadas observações de campo em intervalos de quinze

dias, em três visitas de reconhecimento a cada área (Valentim e Altamira), com o registro

fotográfico e o geo-referenciamento.

Compiladas as observações, os dados disponíveis sobre os projetos, e as informações

das primeiras entrevistas com técnicos da COPENER, pessoas da Vila de Altamira e do

município de Cardeal da Silva, optou-se pelo Bloco Altamira como área de estudo. Os

aspectos decisivos para esta seleção foram a proximidade com a comunidade da Vila de

Altamira, a extensão da área ocupada, e o nível de aperfeiçoamento das práticas de manejo e

gestão ambiental aplicadas pela empresa.

5. Elaboração e aplicação do roteiro de entrevistas

Para a coleta de informações nos encontros com técnicos e dirigentes da empresa,

pessoas da comunidade, agricultores, autoridades municipais e lideranças políticas e

comunitárias, foi elaborado e aplicado um roteiro de entrevistas (Figura 2). O roteiro tem uma

parte destinada apenas aos técnicos de empresas, para informações mais específicas. Durante

as entrevistas, houve espaço para perguntas adicionais, conforme as peculiaridades do

contexto e do ator social entrevistado.

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Data:__________________ Local:____________________ Município/Comunidade/Empresa:__________________

,'(17,),&$d­2�

1. Nome:__________________________________ 2. Situação:______________________________

48(67®(6� 1. Qual a sua experiência em relação aos reflorestamentos da região?

2. Quais os impactos desses reflorestamentos na região? E no seu município, comunidade? 3. Houve alguma modificação no meio ambiente da região nos últimos cinco anos? Qual sua opinião sobre essas mudanças?

4. Houve alguma mudança nas suas condições de vida e de sua família nos últimos cinco anos? Quais? 5. Houve modificações infra-estruturais na região, desde a implantação dos reflorestamentos? 6. Como é o relacionamento da COPENER com as comunidades e municípios? Que sugestões teria para melhorar esta situação? Os governos (municipal, estadual ou federal) deveriam interferir nessa situação? Como?

�(VSHFtILFDV�SDUD�WpFQLFRV�GDV�HPSUHVDV�

7. Em linhas gerais, como se caracteriza a gestão ambiental da empresa? Quais seus principais componentes? Quais as principais dificuldades enfrentadas na gestão ambiental dos projetos? 8. Quais as principais ações desenvolvidas pela empresa na área social, em relação às comunidades e municípios?

9. Como é a relação da empresa com a mão-de-obra rural da região?

10. Qual a relevância dos aspectos ambientais no processo decisório e de planejamento da empresa?

Figura 2.2 - Modelo de roteiro para entrevistas.

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Figura 2.3 – Localização dos pontos visitados nos reflorestamentos da FERBASA, na Região do Litoral Norte.

Figura 2.4 – Localização dos pontos visitados em reflorestamentos da VERACEL, no Extremo Sul do Estado da Bahia.

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6. Análise das informações coletadas nas entrevistas

As entrevistas forneceram informações de diversos tipos de atores sociais cuja análise

fundamentou-se na sua confrontação com os dados secundários. Com a finalidade de

investigar o nível de veracidade dos resultados de entrevistas e informações, foram

compilados dados dos censos econômicos e agropecuários do IBGE. Nesse sentido,

delimitou-se o período de 1975 a 1995, que compreende a implantação dos primeiros

reflorestamentos do DFLN, a instalação da COPENER e a consolidação de sua ocupação

espacial. Ressalte-se que não há dados referentes aos anos de 1985 e 1990, quando não foram

efetuados os respectivos censos agropecuários.

Os dados dos censos demográficos do IBGE também alicerçaram a análise, que teve

duas finalidades: a) efetuar uma comparação entre os números encontrados nos níveis local e

regional, e entre estes e os níveis estadual e nacional, constatando pontos de convergência e

discrepâncias; e b) contrastar os resultados com as informações levantadas na bibliografia, nas

entrevistas realizadas e no senso comum das comunidades envolvidas. Os dados

compreenderam o período de 1970 a 2000, por causa das características intrínsecas da

dinâmica populacional, freqüência dos censos demográficos, e disponibilidade de dados.

Para a análise, foram estabelecidas quatro unidades territoriais de comparação: a)

município de Conde (onde está localizada a área de estudo); b) grupo de municípios da área

de abrangência da COPENER (DFLN); c) Estado da Bahia; e d) Brasil. O município de

Alagoinhas foi incluído na análise da evolução das populações rural e urbana, por ser

apontado como um pólo regional e o destino principal do êxodo rural observado na RLN.

7. Análise dos impactos ambientais dos reflorestamentos e medidas mitigadoras

Os principais impactos ambientais e respectivas medidas mitigadoras constatados na

área de estudo foram confrontados com os estudos de Mesquita et al (2000), que

estabeleceram três grupos de características impactantes: a mecanização intensiva, os maciços

de reflorestamentos monoculturais e a utilização de agrotóxicos e insumos. Nesse sentido, foi

efetuada uma adaptação desses estudos à realidade da área de estudo. Para a descrição do

atual estágio dos impactos e medidas mitigadoras, foi estabelecida uma gradação com cinco

elementos: PXLWR�EDL[D��EDL[D��PRGHUDGD��ERD e�DFHQWXDGD. A observação de alguns aspectos

recebeu as caracterizações FRQVWDWDGR e QmR� FRQVWDWDGR, conforme o caso. As observações

realizadas na área de estudo foram complementadas por dados provenientes dos programas de

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monitoramento da microbacia do rio Farje e dos postos meteorológicos, e dos relatórios

técnicos da gestão florestal e do programa de ambiental da empresa.

8. Análise da gestão ambiental dos reflorestamentos

Foram analisados os relatórios técnicos da empresa, o programa de melhoramento

genético, alguns levantamentos semi-detalhados de solos e avaliações das potencialidades das

terras, por serem práticas de planejamento e manejo florestal que se refletem na gestão

ambiental. Os planos de recomposição vegetal, de recuperação de áreas degradadas e de

implantação de corredores biológicos foram estudados, para se identificar as principais ações

de recuperação ambiental implementadas pela empresa.

9. Aplicação dos indicadores de sustentabilidade

Na análise e proposição de componentes e indicadores de sustentabilidade, o trabalho

dividiu-se em três fases: a) formulação; b) observação; c) análise. Para a formulação, realizou-

se o levantamento de propostas na bibliografia que pudessem ser adaptadas à atividade

florestal e, mais especificamente, à realidade da área de estudo. Assim, componentes e

indicadores de sustentabilidade elaborados para a agricultura foram adaptados à realidade dos

reflorestamentos com eucaliptos. Assim, foram analisados os estudos de Ferraz (1991), Lal

(1999) e Darolt (2002).

A avaliação da sustentabilidade dos sistemas produtivos dos reflorestamentos implica na

busca de elementos e instrumentos que possam mensurar, avaliar e monitorar os graus de

sustentabilidade dos diferentes modelos de produção florestal. Estes elementos e instrumentos

podem ser fornecidos por indicadores de sustentabilidade que permitam verificar como as

ações e tecnologias empregadas no sistema de produção estão afetando negativa ou

positivamente a sustentabilidade dos correspondentes ecossistemas.

Walker e Jones (1991) propuseram, na avaliação da sustentabilidade, quatro etapas para

a identificação de objetivos e indicadores específicos: a) caracterização da paisagem; b)

tendências regionais e nacionais; c) resolução espacial ou temporal; e d) pesquisa orientada ao

processo.

Os indicadores devem apresentar simplicidade de mensuração e repetibilidade ao longo

do tempo, bem como possuir a sensibilidade para detectar mudanças no sistema, e devem ser

eficientes para interpretar a sustentabilidade nos níveis local e regional, contemplando

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aspectos ecológicos, econômicos, sócio-culturais, político-institucionais e tecnológicos

(FERRAZ, 1991).

Lal (1999) salientou que a avaliação plena da sustentabilidade, em todos os seus

indicadores não é exeqüível nem necessária. Portanto, alguns poucos indicadores importantes

devem ser escolhidos em relação aos objetivos, e devidamente interpretados e analisados.

Darolt (2002) dividiu os indicadores de sustentabilidade nos seguintes grupos:

ecológicos, econômicos, sócio-culturais, político-institucionais e tecnológicos. Após as

análises, estes indicadores foram os escolhidos para avaliar a sustentabilidade dos projetos de

reflorestamento da COPENER. Para sua formulação, eles foram adaptados às especificidades

da silvicultura do eucalipto e ao contexto da área de estudo.

Durante as visitas de campo e as entrevistas, os indicadores formulados foram

submetidos à observação, visando, também, à comprovação de sua aplicabilidade. A análise

consistiu na tabulação dos dados coletados, com dois tipos de resultados. Os indicadores

aplicáveis, mas não observados, foram estabelecidos como propostas para o aprimoramento

das ações da empresa. Os indicadores aplicáveis e observados alicerçaram a avaliação das

ações da empresa, na forma de escalas.

Para a avaliação das ações da COPENER em relação aos componentes e indicadores de

sustentabilidade, foram estabelecidas categorias, confrontando-se as observações realizadas

nos projetos de reflorestamento e os dados secundários coletados pela pesquisa. Conforme os

resultados da confrontação, as ações da COPENER referentes aos componentes dos

indicadores ecológicos, econômicos, sócio-culturais, político-institucionais e tecnológicos

foram categorizadas em FRQVWDWDGD e�QmR�FRQVWDWDGD (ou QmR�PHQVXUDGD��conforme o caso).

Dadas as suas características, algumas ações foram avaliadas como: LQFLSLHQWH��PRGHUDGD e

DFHQWXDGD. Em alguns casos, as ações foram apenas explicitadas (e.g. acompanhamento,

subsolagem).

Portanto, estabelecidas as delimitações espacial e temporal, foi possível estruturar a

confrontação dos dados secundários e primários compilados pela pesquisa. Além das visitas e

entrevistas, os estudos realizados desde as fases preliminares até as finais, estruturaram um

consistente banco de dados e informações que serviu de alicerce para as análises e a discussão

dos resultados.

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���2�5(&8562��2�(8&$/,372�

Este capítulo tem como objetivo descrever a silvicultura do eucalipto, visto que é

necessária a compreensão de algumas especificidades desta atividade, para subsidiar as

análises e discussões dos resultados.

A palavra HXFDOLSWR é originária do grego HX (bem) e NDOLSWR (cobrir), dada a estrutura

globular arredondada de seu fruto. A planta é nativa da Austrália, onde cobre quase 90% da

área de vegetação daquele país (LIMA, 1996). O gênero (XFDO\SWXV L’Herit pertence à

família Myrtaceae e possui mais de seiscentas espécies, variedades e híbridos. Segundo Lima

(1996), a sua ocorrência natural entre as latitudes 7ºN e 43º39’S demonstra um grande poder

de adaptabilidade e desenvolvimento de genótipos, possibilitando a ocupação de diversos

tipos de solo e clima.

Tiwari e Mathur (1983) salientaram que o eucalipto ocorre naturalmente em uma gama

de condições ambientais que vão desde áreas pantanosas, até muito secas, solos de baixada, de

alta fertilidade, até solos arenosos muito pobres.

As formações de florestas a partir da regeneração artificial, estabelecidas na América do

Norte e na Europa, atenderam, desde a Revolução Industrial, a demanda por madeira para

produção de celulose (LIMA, 1996). Na segunda metade do século XX, com o aumento

acentuado dessa demanda, países não tradicionalmente importantes em termos de produção de

madeira para fins industriais surgiram no cenário mundial. Dessa forma, Brasil, África do Sul

e Chile, despontaram rapidamente na silvicultura do (XFDO\SWXV e do 3LQXV, modificando

padrões produtivos que se refletiram no mercado mundial.

Lima (1996) apontou motivos para o potencial de retorno econômico da atividade

florestal nesses países: alta produtividade, disponibilidade de áreas para ocupação, e

integração bem sucedida entre floresta e indústria.

As plantações florestais de manejo intensivo vêm assumindo a responsabilidade pelo

suprimento de madeira para fins industriais e para geração de energia enquanto que as

florestas naturais e mostram-se hoje mais importantes para a conservação ambiental.

Golfari (1975) relatou que a experiência florestal mundial indica que não existem outras

essências que produzam um volume tão grande de madeira por unidade de superfície, num

ciclo relativamente curto, quanto o eucalipto. De acordo com Driessen (1989), o sucesso de

sua implantação pode ser explicado pelas razões a seguir: a) o crescimento vertical

espetacular quando comparado com a maioria das árvores nativas. As florestas homogêneas

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de eucaliptos, normalmente, têm árvores muito altas, podendo atingir até cinqüenta metros ou

mais com tem o tronco limpo na sua parte inferior; b) o manejo relativamente fácil da cultura

que tem mecanismos de fácil adaptação e regeneração, podendo se desenvolver muito bem

tanto em regiões áridas quanto naquelas do trópico úmido; c) a grande quantidade de

sementes que podem facilmente ser coletadas para a produção de mudas; d) a variedade de

usos de sua madeira na indústria de celulose, fabricação de carvão vegetal, serraria, fabricação

de móveis, brinquedos, lápis, fósforos e outros objetos.

A Figura 3.1 ilustra o desdobramento da utilização dos reflorestamentos industriais com

eucaliptos.

����Figura 3.1 - Desdobramento dos reflorestamentos industriais (modificado – Guerra, 1995).

��A FAO (2000) considera florestas plantadas como aquelas estabelecidas por plantio

e/ou semeadura de espécies introduzidas ou intensivamente manejadas de espécies nativas. Os

plantios florestais no País são projetados e conduzidos visando a atender às demandas de

papel e celulose, lenha e energia. Para tanto, as áreas de florestas puras, implantadas com

espécies do gênero (XFDO\SWXV�não têm mais condições de expandir sua superfície, devido à

necessidade de preservação da vegetação natural, evitando-se a sua substituição por plantios

de eucalipto. As regiões onde poderiam ser implantados novos projetos precisariam substituir

áreas de culturas agrícolas e de pecuária, situação dificilmente viável.

0DFLoRV�IORUHVWDLV�

Indústrias gráficas e editoras

Madeira serrada

Carvão vegetal

Movelaria Compensados e aglomerados

especiais

Grandes projetos de celulose e

papel

Postes

Essências

Outros

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Enquanto no Brasil as florestas de eucaliptos levam de cinco a oito anos para atingir a

idade de corte, nos países do Hemisfério Norte esse prazo varia entre vinte e vinte e cinco

anos. Essa característica permite que o Brasil passe a assumir a liderança mundial na

produção de madeira para essas finalidades. Três outros fatores vêm contribuindo para o

aumento dessa produção madeireira: a) o emprego da mecanização; b) a fertilização dos solos;

e c) a utilização da biotecnologia (PEIXOTO, 1998).

Em 1998, no Brasil, a produção de madeira já atendia a 75% da demanda interna. Do

total produzido, 84% era utilizado como matéria-prima nas diversas formas de

industrialização (papel, celulose, madeira serrada, construção civil e farmacopéia), enquanto

que os processos de geração de energia (carvão vegetal) consumiam 16% da madeira

produzida. Nos últimos trinta anos, o setor florestal, que reúne os reflorestamentos para as

diversas finalidades (papel e celulose, carvão vegetal e outros), tem mantido uma participação

de 2% a 7% no PIB nacional (REZENDE; LIMA JÚNIOR; SILVA, 1996).

A partir de 1967, por intermédio do Projeto de Desenvolvimento e Pesquisa Florestal foi

possível sair de uma produtividade média anual de 15 m3/ha/ano, em 1970/75, para um

patamar de 40 m3/ha/ano, em 1990 (SBS, 2003). Com as técnicas silviculturais intensivas e o

melhor conhecimento das espécies, os índices de produtividade atingem hoje os 350-380

m3/ha na idade de corte (entre seis e sete anos).

Em termos de área reflorestada com eucalipto, o Brasil passou dos quatrocentos mil

hectares, no final dos anos 1960, para sete milhões de hectares, em 1994. Atualmente, esta

área se mantém no patamar de seis milhões de hectares (BRACELPA, 2003). O cultivo

eucalipto apresenta-se como a terceira maior cultura em área cultivada no País, superada

apenas pelas culturas do milho e da soja (REZENDE; LIMA JÚNIOR; SILVA, 1996).

O Estado da Bahia vem se destacando na expansão das atividades de reflorestamentos

industriais. Isto se deve, principalmente, às excelentes condições edafoclimáticas para o

cultivo do eucalipto e às terras relativamente baratas, se comparadas com as áreas das Regiões

Sul e Sudeste do país. Na década de 1990, além da expansão dos projetos já existentes, o

Distrito Florestal do Extremo Sul do Estado da Bahia foi ocupado por novos

empreendimentos de grande porte, com a construção de duas fábricas de celulose. Em 2003, a

COPENER iniciou a implementação de um plano de expansão, visando ao atendimento do

crescimento da demanda por matéria-prima.�O setor de papel e celulose no Brasil atravessou três fases claramente identificáveis. A

primeira fase diz respeito à implantação da atividade que se iniciou nos anos 1930-40 e

prosseguiu até 1956. Em seguida, veio a consolidação da atividade, que durou até 1970. Por

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fim, veio a fase de maturidade do setor, que começou a partir de 1980. Nesta fase foram

instalados na RLN os reflorestamentos com eucaliptos da COPENER. O salto qualitativo

ocorrido nesta fase foi caracterizado pela instalação de plantas produtivas de grande escala. O

impulso foi dado pelo II PND, que tinha uma estratégia industrial de desenvolvimento dos

setores de base. O Plano continha uma meta de crescimento de 85% e 28%, para as indústrias

de celulose e papel respectivamente. Sob a influência do II PND, foi criado o Programa

Nacional de Papel e Celulose, objetivando a auto-suficiência, a expansão e a diversificação da

exportação, como meios para a intensificação competitiva do setor (PEREIRA, 1989). Esse

foi o cenário no qual as atividades da COPENER se enquadraram.

Conforme dados da SBS (1990), entre 1970 e 1989, a produção de celulose no Brasil

aumentou a uma taxa anual de 10,6%, atingindo, em 1989, o total de 3,89 milhões de

toneladas, das quais 95% de toda madeira consumida foi originada de reflorestamentos com

eucaliptos.

Em 1988, a recessão econômica que assolou o país provocou a paralisação parcial dos

investimentos do setor, que acarretou a saturação da capacidade de produção instalada e a

indefinição de uma política industrial. Entretanto, com o desenvolvimento de uma tecnologia

própria, o setor passou, nessas últimas duas décadas, por uma profunda transformação que

levou o país à posição de grande fornecedor mundial de celulose (PEIXOTO, 1988).

A partir da celulose de eucalipto, hoje é possível produzir diversos tipos de papel que

antigamente eram próprias de fibras longas, pertencentes ao gênero 3LQXV. A alta qualidade da

celulose de eucalipto passou a ser reconhecida mundialmente.

Gomide (1997) discorreu sobre a importância sócio-econômica do eucalipto para a

produção de celulose e papel no Brasil. Em 1993, o setor apresentou um faturamento de 5,3

bilhões de dólares, recolheu impostos da ordem de 594 milhões de dólares, gerou 113 mil

empregos diretos e exportou o equivalente a 718 milhões de dólares.

As maiores vantagens que o Brasil apresenta na formação do custo total de produção de

celulose residem no custo do trabalho e no custo da madeira (Tabela 3.1). Essa vantagem

comparativa do Brasil contribuiu para tornar esse sub-setor cada vez mais atrativo em termos

econômicos, favorecendo os investimentos (REZENDE; LIMA JÚNIOR; SILVA, 1996).

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Tabela 3.1 - Componentes do custo de produção de celulose (US$/t métrica) dos principais produtores e exportadores mundiais (Jorge, 1993). &RPSRQHQWHV�GR�FXVWR�GH�SURGXomR� %UDVLO� (8$� )LQOkQGLD� )UDQoD� &DQDGi� 6XpFLD�Madeira 108 112 230 186 135 250 Energia 11 30 5 25 34 15 Produtos químicos 35 45 40 57 60 45 Mão-de-obra 42 65 45 90 90 75 Transporte da madeira e outros 59 60 30 70 85 55 Custos administrativos 50 77 49 38 74 50 Custo Total(1) 305 389 399 466 478 490

(1) Custo total da tonelada métrica de celulose colocada no mercado europeu no primeiro trimestre de 1992.

O setor de celulose e papel acrescentou, nos primeiros nove meses de 2000, 1,3 bilhão

de dólares ao saldo da balança comercial brasileira colocando-se em segundo lugar entre os

setores exportadores da economia nacional, atrás apenas da indústria aeronáutica. A

capacidade instalada da indústria brasileira de celulose alcançará, em 2004, 11.202.000 t/ano.

A partir desses dados, se estima que o crescimento do setor se manterá em valores próximos

aos 4,6% ao ano. Isto deve implicar em investimentos da ordem de 910 milhões de dólares em

novos reflorestamentos com eucaliptos. As empresas líderes na produção de celulose de fibra

curta (Tabela 3.2), no ano de 2000, produziram 94,5% da oferta brasileira de celulose de fibra

curta branqueada, e responderam por 67% de toda a celulose nacional produzida naquele ano

(RODRIGUEZ, 2002).

Tabela 3.2 - Maiores produtores de celulose a partir de reflorestamentos de eucalipto (Rodriguez, 2002). �3URGXomR�GH�FHOXORVH������ 5HIORUHVWDPHQWR�(PSUHVDV�SURGXWRUDV��� �W�� �KD��

Aracruz Celulose 1.262.536 144.229 Celulose Nipo-Brasileira 783.547 110.240 Votorantim Celulose e Papel 727.009 100.000 Bahia Sul Celulose 578.491 67.000 Cia Suzano de Papel e Celulose 437.052 50.000 International Paper do Brasil 327.785 33.000 Klabin Riocell* 300.104 56.000 Ripasa Celulose e Papel 296.443 52.000 Jarcel Celulose 290.381 40.000 Totais 5.003.348 652.469

* Proprietária da COPENER, na época do levantamento.

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No Estado da Bahia, a atividade florestal até a década de 1960 caracterizou-se pelo

extrativismo depredador, cuja maior marca foi a devastação da Mata Atlântica, na sua região

leste. Somente nos anos 1990, o setor percebeu que a questão do meio ambiente devia se

tornar uma questão de mercado, estando em jogo, portanto, a própria imagem das empresas

nesse mercado (GUERRA, 1995).

Juntamente com o sucesso do modelo de aproveitamento industrial da madeira de

eucalipto (competitividade, produtividade, redução de custos etc) surgiu uma avalanche de

problemas técnicos, sociais e ambientais, relacionados por Guerra (1995): aumento da pressão

do movimento ambientalista e das comunidades locais vizinhas dos projetos de

reflorestamentos; legislação e controle ambiental mais exigentes e restritivos; pressões

trabalhistas e sociais, por causa de uma melhor organização dos sindicatos; elevação dos

preços das terras; obsolescência dos sistemas operacionais; carência de profissionais

experientes e qualificados na área florestal; ausência de uma política de treinamento e

qualificação de mão-de-obra dentro do setor florestal; a terceirização crescente do setor, , com

a chegada das empreiteiras que, segundo os sindicatos, deterioram as condições de trabalho e

reduzem salários; falta de conscientização ambiental e visão de futuro da classe empresarial

do setor e dos tomadores de decisão dos órgãos governamentais.

Nas décadas de 1970 e 1980, a floresta renovável de eucaliptos era vista exclusivamente

dentro de uma ótica monetária, sem levar em consideração os seus aspectos sociais e

ambientais. O setor florestal como um todo se acomodou, acostumado com os incentivos

fiscais. Nesse contexto, foram poucas as empresas que investiram em pesquisa e no

desenvolvimento de práticas silviculturais mais eficientes. Até a década de 1980, o setor

florestal brasileiro não tinha percebido o meio ambiente como uma questão multi e

interdisciplinar, dentro da qual as florestas homogêneas de eucaliptos necessariamente estão

inseridas. A evolução do conceito de desenvolvimento, e suas novas teorias, não vinham

sendo acompanhadas ou discutidas dentro do setor florestal brasileiro (KENGEN, 1985).

A Bahia tinha, em 1998, 34� unidades fabris de papel e celulose, distribuídas em

diferentes regiões: Região Metropolitana de Salvador, Recôncavo Sul, Paraguaçu, Irecê,

Litoral Norte, Litoral Sul, Sudoeste e Extremo Sul (BAHIA, 2002). A Tabela 3.3 mostra a

evolução da participação do setor de papel e celulose nas exportações do Estado da Bahia, no

período de 1991 a 2000. O setor de papel e celulose representou 15,2% das exportações

baianas em 2000.

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Tabela 3.3 - Desempenho da indústria de papel e celulose nas exportações do Estado da Bahia, 1991-2000 (Bahia, 2002).

$QR� ËQGLFH � 9DULDomR�����1991 107,7 7,7 1992 233,2 116,5 1993 455,6 95,4 1994 578,6 27,0 1995 590,3 2,0 1996 583,8 -1,1 1997 636,8 9,1 1998 492,9 -22,6 1999 538,8 9,3 2000 584,5 8,5

* 1990 = 100

Observa-se que o desempenho das indústrias de papel e celulose teve um salto nos

primeiros anos da década de 1990, em função das grandes fábricas que começaram a

funcionar no Extremo Sul e no Pólo Petroquímico de Camaçari. Após oscilações, inclusive

com retrações, a participação do setor nas exportações baianas estabilizou-se nos anos de

1999 e 2000.

O consumo anual SHU� FDSLWD de papel no Brasil é de 39 quilos. Nos Estados Unidos,

esse consumo supera os duzentos e cinqüenta quilos anuais. Isto dá uma dimensão do

potencial de crescimento do setor de papel e celulose no Brasil, e da extensão de seus

impactos sócio-ambientais (BRACELPA, 2003).

Guerra (1995) e Silva e Paiva (1996) apresentaram, de uma maneira resumida, as fases

da produção da madeira dos reflorestamentos, antes dela chegar à fábrica de celulose: limpeza

e preparo do terreno para o plantio; preparo das mudas nos viveiros; plantio; capina; combate

às formigas; manutenção periódica das áreas de plantio; corte das árvores; movimentação e

empilhamento das toras; carregamento dos caminhões; transporte até a fábrica de celulose;

manutenção das áreas de plantio após o corte; replantio/aplicação fertilizantes; escolha da

espécie e/ou procedência; levantamento topográfico; mapeamento do solo; levantamento da

vegetação; distribuição das áreas de preservação permanente e reservas legais; estradas,

aceiros e talhonamento; escolha do espaçamento; coveamento ou sulcamento; fertilização

mineral; tratos culturais; manutenção de infra-estrutura; vigilância patrimonial.

Regime de manejo é o conjunto de atividades planejadas e executadas, com a finalidade

de se produzir madeira de acordo com os objetivos estabelecidos. Este conjunto de atividades

abrange um determinado período de tempo, da implantação até a colheita final da madeira,

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chamado de rotação, medido em anos. Durante uma rotação, executam-se diversas

intervenções na floresta (SILVA E PAIVA, 1996).

Os regimes de manejo vigentes, em sua maioria no DFLN, para a época do estudo,

apresentavam uma rotação de 21 anos, composta de três cortes rasos, sendo o primeiro

realizado entre os 6 e 8 anos, o segundo entre os 13 e 15 anos e o último entre 20 e 24 anos.

Muitas empresas não mais trabalham no sentido de conduzir a brotação, prática que promove

o aproveitamento da planta a partir do rebrotamento, preferindo efetuar novos plantios

(reforma), com clones mais produtivos. Outras empresas adotam regimes de manejo

diferenciados em função do produto final.

Conforme Siqueira Júnior (1992), o aprimoramento ambiental dos reflorestamentos com

eucalipto no Brasil advém das técnicas adotadas pela maioria das empresas do setor, tais

como: a) implantação apenas em áreas já exploradas, ou seja, em áreas degradadas,

incorporando-as ao processo produtivo; b) seleção criteriosa de germoplasma vegetal

adaptado às condições locais, o que minimiza a ocorrência de efeitos ambientais adversos; c)

monitoramento contínuo da fertilidade e da capacidade produtiva do sítio, com foco central na

incorporação de resíduos florestais sem a utilização da técnica de queima e revolvimento

excessivo dos solos; e d) adoção de faixas de vegetação natural como corredores de fauna nas

áreas de plantio.

Os solos representam um importante balizador dos impactos ambientais, especialmente

em escalas locais, em associação com as rochas e o relevo. O comportamento e os resultados

da relação entre este recurso natural e os vegetais se refletem diretamente nos índices de

produtividade, quando se considera o manejo florestal. Sob o ponto de vista da

sustentabilidade, a atividade biológica dos solos desempenha um papel significativo

(SCHAEFER, 2000).

Dependendo do uso desejado, a qualidade de um solo pode ser avaliada de diferentes

maneiras. As propriedades químicas e físicas determinam a qualidade do solo. As

propriedades físicas tais como densidade aparente e textura influenciam na aeração,

permeabilidade, e capacidade de infiltração e retenção de água. As propriedades químicas são

as concentrações de componentes orgânicos e inorgânicos que determinam características, tais

como: fertilidade do solo, atividade biológica e salinidade que são quantificáveis.

Segundo Kobiyama et al. (2001), a exploração do solo acima de sua capacidade de

suporte resulta em dois tipos de problemas. O primeiro é de ordem econômica, porque o

sistema irá exigir adições crescentes de insumos para manter a produtividade. O segundo é de

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ordem ambiental, pois a capacidade de depuração do ambiente está acima das expectativas

dos interventores da área.

O período dos incentivos fiscais para a formação de reflorestamentos se caracterizou,

em seu início, por uma grande quantidade de plantios com baixa produtividade. As terras

onde foram implantados muitos dos projetos de reflorestamento eram impróprias,

invariavelmente adquiridas a baixo custo (CAPITANI et al, 1992). O inadequado manejo dos

solos, praticado nessa época, foi apontado por Silva e Paiva (1996) como a principal causa do

baixo grau de integração desses reflorestamentos aos parâmetros ambientais. As empresas

começaram a observar essa correlação apenas na medida em que se adaptavam às novas

demandas ambientais. Nesse sentido, Siqueira Júnior (1992) observou que desde então há um

esforço das empresas em desenvolver técnicas de manejo que tenham a capacidade de melhor

integrar os plantios ao meio ambiente. A intensificação desse esforço coincidiu com o término

dos incentivos fiscais, em 1988, quando o setor florestal começou a pesquisar e desenvolver

os chamados novos modelos de plantios (CAPITANI et al., 1992; KASUYA, 1988), onde a

aplicação combinada de duas alternativas para a solução da equação. Primeiro, a adoção de

práticas silviculturais que resultem em menores taxas de erosão. Segundo, um planejamento

adequado do uso da terra, prevendo práticas de conservação do solo (LIMA, 1996). Tinker

(1981), por sua vez, observou que certas limitações do solo podem inibir o desenvolvimento

do sistema radicular, reduzindo o volume do raizame e conseqüentemente o de solo

explorado, afetando o crescimento e desenvolvimento da planta e a correspondente produção

agrícola.

A silvicultura do eucalipto dispensa uma atenção especial aos estudos das características

e propriedades dos solos nos quais estão instalados os plantios. Isto, porque o entendimento

da dinâmica deste recurso natural é fundamental para o planejamento e o manejo florestal,

com conseqüências diretas na sustentabilidade econômica dos projetos de reflorestamento. Ao

mesmo tempo, o regime de uso e ocupação do solo também interfere nas dimensões

ecológica, ambiental, espacial e social da sustentabilidade. O uso e a ocupação deste recurso

natural repercute na dinâmica da paisagem e da biodiversidade, e com desdobramentos de

ordem social. A Figura 3.2, apresentada por Lal (1999), resume o processo de manutenção ou

degradação da qualidade e da sustentabilidade dos solos, conforme o seu uso e a sua

ocupação.

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Desmatamento e abertura de novas áreas

&OHDU�FXWWLQJ Queimadas ODQG�IRUPLQJ Desenvolvimento de infra-estrutura

Alteração em: Propriedades do solo; Microclima; Balanço de água e hidrologia; Biodiversidade

Uso intensivo da terra

Preparo do solo Monocultura Novas culturas e cultivares Redução do período de pousio

Exposição do solo Compactação Erosão Diminuição da fertilidade

Mudanças na produtividade do solo e na qualidade do meio ambiente

Alta pressão demográfica Disputa por terras

Insumos extras

Uso de fertilizantes Controle químico de pragas

Poluição Contaminação

Figura 3.2 – Fatores e causas que determinam a qualidade e a sustentabilidade do solo (Lal, 1999).

Considerando-se a intensidade do uso e da ocupação dos solos nos projetos de

reflorestamento, se deduz que o correto conhecimento deste recurso natural é um elemento

fundamental para um sistema de gestão ambiental, pois influencia a gestão florestal.

A chamada eucaliptocultura, a partir da década de 1980, tornou-se exportadora de

tecnologia. O eucalipto utilizado para produção de celulose e papel está sendo normalmente

cortado, nos moldes clássicos, aos seis ou sete anos de idade, podendo ocorrer até três

rotações sucessivas com ciclos de até 21 anos. Algumas empresas produtoras de madeira de

eucalipto vêm reduzindo os seus ciclos de corte. Verifica-se que no País existe uma gama

muito ampla de sistemas e períodos de corte. Plantios clonais de híbridos de (XFDO\SWXV podem produzir até mais de 60 m3/ha/ano (SOUZA, 1992).

A Sociedade Brasileira de Silvicultura (2003) informou que a área ocupada com

reflorestamentos com 3LQXV e (XFDO\SWXV é de 4.805.930 ha, correspondendo ao Estado da

Bahia uma área ocupada de 283.390 ha de 3LQXV e 213.400 ha de (XFDO\SWXV. Referente ao

consumo de madeira industrial proveniente de reflorestamentos, para a produção de celulose

se estima em 32.000 ha/ano; para carvão vegetal, 33.400 ha/ano; e para lenha, 13.000 ha/ano.

Na operação de um empreendimento florestal, independente da finalidade dada aos seus

serviços e produtos, busca-se um resultado final que gere máxima utilidade. A não-exaustão

do recurso florestal e a condução de uma floresta idealizada com produção constante, não

superior à sua capacidade de regeneração, são um dos objetivos e metas do ordenamento

florestal. Os sistemas de apoio à decisão para a gestão de recursos florestais desenvolvidos

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durante a década de 1980 abandonaram os princípios de gestão individualizada e

independente dos talhões (parcelas ou unidades de gestão) florestais. Esta mudança passou a

enfatizar o ótimo global, ou seja, para o conjunto de todos os talhões que compõem a floresta,

e não apenas a otimização do manejo do talhão individual. Técnicas atuais, baseadas em

modelos de otimização, permitem que o gestor florestal considere simultaneamente questões

econômicas e restrições operacionais e ambientais.

Apesar dos esforços, é muito difícil encontrar reflorestamentos manejados sob

condições de perfeito ordenamento. O que se observa na realidade são projetos em constante

estado de transição, isto é, em passagem de um estado de desequilíbrio entre níveis de

crescimento e de colheita para um estado mais ordenado. O problema de administrar a

transição para uma situação de produção mais equilibrada coloca-se diante do gestor florestal

no seu dia-a-dia. A produção crescente de celulose do setor e a necessidade de estabilizar os

níveis de abastecimento da indústria com madeira de eucalipto, justificam a importância de se

utilizarem técnicas de gestão que garantam o manejo florestal com nível ótimo de produção e

máximo rendimento econômico (RODRIGUEZ, 2002).

A gestão florestal é um processo dinâmico que, por mais avançada que esteja hoje no

Brasil, ainda precisa considerar a variável ambiental de forma mais profunda. A lógica

produtivista permanece no alicerce na administração de várias empresas. Um sistema de

gestão para as empresas reflorestadoras, que persiga o atendimento a critérios de

sustentabilidade, é um aliado importante no enfrentamento do desafio do desenvolvimento

sustentável.

�����,03$&726�'$�6,/9,&8/785$�'2�(8&$/,372��

O objetivo desta seção é descrever os principais impactos sócio-econômicos, ambientais

e culturais associados à silvicultura do eucalipto que foram relatados na literatura científica.

Estas informações serão confrontadas com a realidade dos reflorestamentos existentes na

RLN. Isto possibilitará a identificação dos impactos, das estratégias de mitigação

implementadas pela COPENER e consideração desses aspectos no sistema de gestão

ambiental.

Os impactos da silvicultura se ampliam e se intensificam à medida que a atividade se

expande. Entretanto, Shiva (1999) ponderou que os primeiros reflorestamentos ocorreram

numa época em que a atividade florestal estava tomando seus primeiros rumos e o

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conhecimento sobre o comportamento silvicultural das espécies e dos seus efeitos sobre o

meio ambiente era muito incipiente.

Segundo Holling (1978), é impossível desenvolver um modelo generalizado de impacto

ambiental no qual haja uma redução do impacto com o aumento do controle da fonte de

mudanças. Qualquer simplificação fica inviabilizada devido às inúmeras interações entre os

parâmetros ambientais e os ecossistemas.

Tommasi (1993) salientou que o conceito de impacto ambiental é, basicamente

antropocêntrico, calcado nos efeitos das ações humanas sobre os ecossistemas, a própria

sociedade humana e a economia. O impacto ambiental refere-se, portanto, às ações antrópicas,

apesar dos estressores ambientais naturais (inundações, terremotos etc.).

Silva (1996) identificou diversas funções ambientais que influem nos impactos

ambientais do cultivo do eucalipto: melhoria da qualidade do ar; minimização do efeito

estufa; controle do efeito dos ventos; redução dos níveis de poluição aérea; redução da

intensidade dos fenômenos erosivos; regularização de mananciais hídricos; melhoria da

capacidade produtiva do sítio; redução da pressão sobre a vegetação nativa; estabilidade

ecológica das áreas dos plantios; manutenção da vida silvestre; proteção aos ecossistemas

aquáticos; abrigo de parte da biodiversidade; recreação; melhoria do valor cênico da

paisagem; novas rendas rurais; recuperação de áreas degradadas; alternativa energética

renovável; produção científica e tecnológica; geração de divisas; e garantia de produtos

florestais. Portanto, a eucaliptocultura também tem impactos positivos potenciais.

O período de produção e geração de bens materiais dos reflorestamentos para fins

comerciais é relativamente longo. Fatores como superfície, água, nutrientes e luz impõem

limites econômicos à atividade. A padronização florestal também contribui fortemente para a

perda da diversidade genética (BANCO DO NORDESTE DO BRASIL, 1999). Estas

afirmações indicam que o sistema monocultural do eucalipto causa impactos de grande

extensão e gravidade.

Alvim (1994) afirmou que, em comparação com outras modalidades de uso da terra, o

reflorestamento é uma atividade recomendada para a conservação do solo e recuperação de

áreas degradadas. Por outro lado, Oliveira (1995) apontou preocupações ambientais em

relação aos plantios de eucaliptos, como: a homogeneidade das florestas, baseada numa

espécie exótica; o elevado consumo de água do eucalipto; e os efeitos sobre a fauna e a flora

nativas. Mas outros pontos também são inquietantes: a concentração fundiária, pois os

reflorestamentos com eucaliptos requerem grandes extensões contínuas e a ruptura nos

núcleos tradicionais que permitem o acesso à terra.

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Em 2002, com uma área reflorestada de 2,39 mil km2, o Estado da Bahia estava em

terceiro lugar no que se refere a esse aspecto, superado apenas pelos estados de São Paulo e

Paraná (Tabela 3.4). Entretanto, em termos de ocupação do seu território, o Estado da Bahia

figurava na sexta posição, com um percentual de área ocupada (0,42%) inferior à média do

País (0,73%) (BRACELPA, 2003). No que se refere ao número médio de empregados, o

Estado da Bahia tinha, em 2001, 5.142 pessoas trabalhando no setor, ocupando a terceira

posição, enquanto que os estados do Paraná e São Paulo tinham 7.851 e 7.247 empregados,

respectivamente (BRACELPA, 2003).

Tabela 3.4 - Relação entre área dos Estados e área reflorestada pelo setor florestal, em ordem decrescente de percentual de ocupação, 2002 (BRACELPA, 2003).

(VWDGR� ÈUHD�GR�(VWDGR��PLOKDUHV�GH�NP � ��

ÈUHD�UHIORUHVWDGD��PLOKDUHV�GH�NP� �� ��Espírito Santo (5º) 45,7 1,16 2,54 São Paulo (1º) 248,2 3,3 1,33 Paraná (2º) 199,3 2,57 1,29 Santa Catarina (6º) 95,3 1,12 1,18 Amapá (7º) 140,3 0,93 0,66 Bahia (3º) 566,9 2,39 0,42 Minas Gerais (4º) 586,6 1,54 0,26 Rio Grande do Sul (9º) 280,6 0,54 0,19 Mato Grosso do Sul (8º) 350,5 0,59 0,17 Pará (10º) 1.246,80 0,38 0,03 Maranhão (11º) 329,5 0,05 0,02

Total 4.089,7 14,57 0,36

Médias 371,79 1,32 0,73

() Os números em parênteses indicam a posição do estado em termos de área reflorestada total.

Os dados mostrados na Tabela 3.4 auxiliam na percepção dos impactos dos

reflorestamentos sobre a paisagem do Estado da Bahia. Em termos absolutos, a ocupação

espacial pelos reflorestamentos aponta para a perspectiva de impactos sócio-ambientais de

grande extensão, ainda que em termos relativos esta ocupação seja inferior à média nacional.

A silvicultura do eucalipto gera impactos positivos e negativos de extensão e

intensidade elevadas, devido ao grande porte dos empreendimentos e à constante introdução

de insumos externos nos sistemas produtivos. O levantamento e mensuração dos impactos

específicos dos projetos de reflorestamento permitem a implementação de estratégias de

mitigação mais eficazes e abrangentes. Esses componentes estruturam a fase inicial de

formulação de um sistema de gestão ambiental.

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O aprofundamento dos estudos sobre a silvicultura do eucalipto permitirá a

determinação de regimes de manejo que contemplem não apenas a dimensão econômica, mas

também as outras dimensões da sustentabilidade. A compreensão dos impactos oos projetos

de reflorestamento com eucalipto, quando considerada em mesmo nível de relevância, se

soma a essa perspectiva. Nesse sentido, a integração destes aspectos dentro de um sistema de

gestão ambiental favorecerá a sustentabilidade dos projetos de reflorestamento.

������,PSDFWRV�VyFLR�HFRQ{PLFRV�H�FXOWXUDLV�

Barbosa (1992) salientou que, a depender do volume do investimento, uma empresa de

reflorestamento pode se tornar um pólo alternativo de desenvolvimento para uma região, na

medida em que se constitui num elemento dinamizador da economia local, com reflexos nos

benefícios sociais oriundos da arrecadação de impostos. Os dados apresentados na Tabela 3.5

ilustram a dimensão do impacto das atividades do setor florestal, no que tange à geração de

empregos, sobre a dinâmica sócio-econômica do Brasil.

Tabela 3.5 - Mão-de-obra empregada pelo setor florestal no Brasil, em 2002 (ABRACAVE, 2003).

1��GH�HPSUHJRV�'LVFULPLQDomR�GD�DWLYLGDGH�'LUHWRV� ,QGLUHWRV�

Reflorestamento (Implantação e manutenção florestal)

84.000

336.000

Carvão vegetal (Colheita, fabricação e transporte)

65.000

280.000

Madeira combustível (Colheita, baldeio e transporte)

5.000

10.000

Siderurgia integrada - Usinas 8.086 32.500

Ferro-gusa – Usinas 9.800 60.000

Ferroligas – Usinas 10.750 43.000

Indústria de base florestal 60.000 240.00

Total 242.636 1.001.500

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As atividades ligadas aos reflorestamentos (implantação e manutenção) são as que

absorvem o maior contingente de trabalhadores no setor florestal. De acordo com esses

números, mais de 33% dos empregos diretos e indiretos são gerados por estas atividades.

Considerando-se apenas as atividades industriais, observa-se que aquelas de base florestal, em

que as madeira é a matéria-prima principal (papel e celulose, movelaria) é a maior geradora

de ocupação de mão-de-obra (sessenta mil empregos diretos e duzentos e quarenta mil

empregos indiretos).

Conforme Bahia (2002), o setor primário contribui com 10,1% para a formação do PIB

do Estado da Bahia. Por outro lado, o setor secundário tem uma participação mais de quatro

vezes superior (41,3%). A cadeia produtiva do papel e celulose transpassa estes dois setores

da economia, visto que os reflorestamentos estão integrados à indústria. A silvicultura

representa uma parcela muito pequena da estrutura do setor primário da economia baiana

(Tabela 3.6). Ressalte-se, ainda, o fato de que na participação de 0,6% está incluído o

extrativismo vegetal.� Tabela 3.6 - Estrutura do setor agropecuário do Estado da Bahia, 2000 (Bahia, 2002). $WLYLGDGH� 3DUWLFLSDomR�

Agricultura 54,7% Pecuária 36,1% Granja 1,7% Silvicultura e extrativismo vegetal 0,6% Outros 6,9%

A questão ambiental não pode ser discutida sem levar em conta a questão social.

Kengen (1985) analisou os impactos sociais do programa de incentivos fiscais para

reflorestamentos na região do vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Durante a vigência

dos incentivos fiscais, houve a utilização de grande contingente de mão-de-obra assalariada

nos reflorestamentos. Mais tarde, porém, o programa de incentivos gerou conseqüências

sociais, entre elas a concentração de renda e o desemprego (CAPITANI et al, 1992).

Barbosa (1992) fez considerações sobre os efeitos sociais da implantação de projetos de

reflorestamento na Região Sul do Estado da Bahia.O autor enumerou, como custos sociais: a)

o aumento da concentração fundiária; b) a tendência de aceleração do processo de ocupação

territorial por monoculturas; c) a aceleração do processo de assalariamento do pequeno

produtor; d) o agravamento dos problemas sociais nos centros urbanos resultantes das

migrações rurais; e) a aceleração do processo de extinção da fauna e da flora, e o agravamento

do processo de poluição ambiental. Concomitantemente, o autor enumerou os benefícios

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sociais de um empreendimento florestal: a) a criação de pólos alternativos de

desenvolvimento no interior dos estados; b) o aumento da arrecadação municipal; c) o

aumento da renda (salários gerados); d) a fixação do homem no interior; e) o atendimento ao

consumo de produtos florestais; f) a preservação ambiental, dos mananciais hídricos e

remanescentes florestais; g) a preservação dos remanescentes faunísticos; h) o controle das

emissões atmosféricas e tratamento de efluentes; i) a participação comunitária; j) o setor

habitacional; l) o setor educacional. O setor saúde; o setor cultural; a proteção ambiental.

A conversão de terras agrícolas em áreas de reflorestamento pode provocar o

surgimento de problemas sociais, por causa da redução da produção de alimentos e dos postos

de trabalho. O fenômeno das migrações rurais inerentes ao desenvolvimento do capitalismo

no campo antecede a ação dos empreendimentos de reflorestamento. Todavia, por ocuparem

extensas e contínuas áreas, esses projetos podem promover um agravamento do êxodo rural.

(MOVIMENTO SINDICAL E PASTORAL RURAL DE ALAGOINHAS, 1988).

Os empreendimentos causadores de impacto ambiental costumam subestimar a

participação coletiva consciente da comunidade afetada, ao passo que superestima as ações

junto às lideranças, no sentido de obter resultados em curto prazo. Muitas vezes, isto gera um

conflito entre o tempo e a mobilização da comunidade para identificar e compreender a

problemática ambiental relacionada ao empreendimento, inviabilizando a proposição coletiva

de soluções (PEREIRA, 1989).

Guerra (1995) enumerou impactos sociais associados à silvicultura do eucalipto: a)

mudança na estrutura fundiária e na posse da terra na região; b) acentuada redução no número

de propriedades rurais; c) êxodo rural; d) estabelecimento do sistema de assalariamento rural;

e) diminuição das áreas destinadas a culturas temporárias alimentares e frutíferas; f)

importação desses produtos, com aumento de preços; g) perda de fontes naturais de

alimentação e plantas medicinais; h) imposição de uma dinâmica comercial diferente e que

exacerba as desigualdades sociais; i) dificuldades para a produção e distribuição de produtos

locais; j) força de trabalho direcionada ao trabalho nas empresas; l) perda de espaço e poder

político do poder público; m) quebra da harmonia ambiental da região, com a modificação da

paisagem; n) invasão de áreas antes ocupadas pela agricultura e pecuária de subsistência; o)

desestabilização das comunidades rurais, por causa de novas relações de dependência

estabelecidas com as empresas reflorestadoras; p) perda dos valores sociais e culturais

tradicionais, com enfraquecimento da diversidade cultural; q) falta de canais de interação

entre as comunidades e a empresa; r) pouca importância dada ao saber informal das

comunidades.

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Furtado (1981) avaliou que o controle do acesso à terra e no caso do pequeno agricultor

nordestino, o prejuízo gerado pela estrutura agrária brasileira é duplo, porque trabalha

invariavelmente em terras inaptas, obtendo rendimentos decrescentes e as alternativas de

emprego na região onde vive são praticamente inexistentes. Alvim (1994) afirmou que a

concorrência entre a atividade florestal e a pequena agricultura é um fenômeno de caráter

transitório, ou que tenderá a desaparecer na medida em que for melhorando a situação sócio-

econômica da própria região, criando-se dessa forma condições para que os pequenos

agricultores possam utilizar sistemas mais sustentáveis e rentáveis de uso da terra.

No Distrito Florestal do Extremo Sul da Bahia, criado na mesma época do Distrito

Florestal do Litoral Norte (DFLN), houve uma considerável redução do número dos

estabelecimentos de propriedade individual, em beneficio dos condomínios ou sociedades de

pessoas, no período de 1975 a 1980. Tomadas conjuntamente, estas dobram sua participação

relativa, tanto no que diz respeito ao número de estabelecimentos, quanto à área, como mostra

a Tabela 3.7. Segundo o número de estabelecimentos, a mudança foi de 3,1% para 6,4%; e em

relação à área, passou de 5,9 para 10,4%, nos condomínios e sociedades. Os estabelecimentos

individuais foram reduzidos em 4% e a sua área diminuída em 8,1% (IBGE, 2003). Barbosa

(1992) concluiu que, como as empresas de reflorestamento necessitam de áreas contínuas e

extensas, infere-se que elas tiveram parte na responsabilidade pelas alterações na estrutura de

posse, uso e propriedade do solo ocorridas naquela região.

Tabela 3.7 - Propriedade das Terras no Distrito Florestal do Extremo Sul da Bahia, 1975 e 1980 (IBGE, 1979, 1983). (VWDEHOHFLPHQWRV�������� ÈUHD��KD�� (VWDEHOHFLPHQWRV�������� ÈUHD��KD��3URSULHGDGH�GDV�7HUUDV�

1�� �� 1�� �� 1�� �� 1�� ��Individual 16.289 96,3 2.125.407 93,9 16.564 92,5 1.925.267 85,8 Condomínio ou Sociedades de pessoas

468

2,9

89.416

3,9

1.018

5,7

121.393

5,4 S/A ou Quota de Responsabilidade Ltda

26

0,2

45.237

2,0

128

0,7

111.220

5,0 Cooperativas - - - - - - - - Outras 68 0,4 4.424 0,2 128 0,7 4.346 0,2 Sem declaração de Propriedade

6

0,0

232

0,0

66

0,0

79.578

3,5

Total 16.875 100,0 2.264.716 100,0 17.905 100,0 2.241.804 100,0

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A atividade florestal implantou-se tanto sobre áreas de matas nativas, como sobre áreas

incorporadas às atividades produtivas (lavouras e pecuária). Apesar de o reflorestamento ter

incorporado à atividade econômica várias áreas abandonadas, em certa medida, promoveu a

destruição de lavouras e pastos, que reduziram sua participação na ocupação das terras,

conforme mostrado na Tabela 3.8, fato evidenciado pela queda no número do efetivo bovino e

na área de lavoura temporária (BAHIA, 1983).

Tabela 3.8 - Área total e de lavoura, efetivo bovino e pessoal ocupado no Distrito Florestal do Extremo Sul, 1975 e 1980 (IBGE, 1979, 1983).

'LVFULPLQDomR� ����� ����� ,QFUHPHQWR�3HUFHQWXDO�Área total 2.264.716 2.241.804 -0,01 Área lavoura permanente 70.433 105.665 50,00 Área lavoura temporária* 101.639 80.644 -20,66 Sub-total - Área lavoura 172.072 186.309 8,27 Efetivo bovino 993.631 882.331 -11,20 Pessoal ocupado 113.960 108.203 -5,05

A entrada de todas as empresas reflorestadoras na RLN, de forma praticamente

simultânea, gerou um aumento importante no valor da terra. Uma parte dos pequenos

produtores que venderam as suas terras se tornaram empregados das empresas reflorestadoras.

Estes trabalhadores, residindo em povoados ou na periferia dos centros urbanos, vieram

posteriormente engrossar a massa de um proletariado emergente. Com o decorrer do processo,

as vagas foram-se reduzindo gradualmente, porque a maior absorção de mão-de-obra ocorre

na fase de implantação dos reflorestamentos e decresce à medida que o plantio de estabelece e

apenas necessita de manutenção. Simultaneamente, os postos de trabalho, disponíveis de

forma sazonal nas empresas prestadoras de serviços, passaram a ser ocupados por

trabalhadores recrutados em outras regiões (MOVIMENTO SINDICAL E PASTORAL

RURAL DE ALAGOINHAS, 1988).

As empresas reflorestadoras não tiveram muitas dificuldades, devido à existência de

grandes propriedades que, depois de adquiridas, eram plantadas com pinus e eucalipto,

isolando e desvalorizando as áreas vizinhas. As empresas ficavam, assim, numa situação

privilegiada, favorável à barganha de preços com os pequenos proprietários das proximidades,

que se viam forçadas a venderem suas terras (BAHIA, 1983).

Em relação aos impactos culturais, à medida que se altera radicalmente o contexto em

que a cultura se insere e interage, um processo de transformações culturais também ocorre.

Guerra (1995) analisou o processo de implantação da silvicultura do eucalipto na bacia do rio

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Piracicaba, em Minas Gerais, concluindo que a chegada e o crescimento das empresas

reflorestadoras contribuiu para uma mudança de comportamento, de valores espirituais e

materiais e até no reordenamento de algumas instituições locais.

Evidentemente, outros elementos interferem na dinâmica cultural de comunidades

rurais, mas a chegada dos reflorestamentos a uma região caracterizada pelo baixo nível

tecnológico empregado nas atividades da zona rural também causa impactos na cultura local.

Um estudo realizado pela FAO (1995), em conjunto com o Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária (INCRA), estabeleceu uma comparação entre dois modelos

de atividade rural. De um lado, o modelo patronal, característico da empresa rural moderna.

Do outro, o modelo familiar, tradicional nas pequenas e médias propriedades, desenvolvido a

partir dos laços de parentesco. A Tabela 3.9 sintetiza os principais pontos dessa comparação.

Tabela 3.9 - Comparação entre o modelo patronal e o modelo familiar (FAO, 1995) 0RGHOR�3DWURQDO� 0RGHOR�)DPLOLDU�Organização centralizada Direção do processo produtivo assegurada

diretamente pelos proprietários Ênfase na especialização Ênfase na diversificação Ênfase em práticas agrícolas padronizáveis Ênfase na durabilidade dos recursos e na

qualidade de vida Trabalho assalariado predominante Trabalho assalariado complementar Tecnologias dirigidas à eliminação das decisões “ de terreno” e “ de momento”

Decisões imediatas, adequadas à imprevisibilidade do processo produtivo.

A confrontação entre os modelos patronal e familiar caracteriza os impactos culturais

advindos da introdução de grandes projetos de reflorestamento, em que todo um conjunto de

valores, de verdades científicas, e de supervalorização de um progresso constituído por

técnicas sofisticadas se contrapõe aos valores locais. O comportamento padronizado, a

hierarquia e a racionalidade objetiva da empresa são valores estranhos à vida das

comunidades locais cuja cultura passa a ser desvalorizada (GUERRA, 1995).

Sob a ótica empresarial, o saber informal e a cultura local não são considerados na

formulação de suas práticas de gestão. Ao mesmo tempo, sob a ótica das comunidades rurais,

as práticas gerenciais das empresas reflorestadoras se impõem pela força econômica,

traduzida no pagamento dos salários. Este desequilíbrio interfere nas relações entre as

empresas e as comunidades rurais afetadas pelos projetos de reflorestamento.

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������6LPSOLILFDomR�GR�DPELHQWH�H�DOWHUDo}HV�QD�SDLVDJHP�

Esta seção tem como objetivo apresentar os impactos do reflorestamento homogêneo

sobre o ambiente, sob a perspectiva da modificação da paisagem. Para tanto, toma como

princípio algumas reflexões feitas a respeito desse aspecto em relação à agricultura

monocultural.

A primeira ação impactante e mais facilmente perceptível da atividade silvicultural

sobre a paisagem é a retirada da cobertura vegetal original. Apesar de toda legislação

ambiental em vigor, extensas áreas são desprovidas da sua vegetação natural, incluindo a

vegetação ripária e as nascentes. O desmatamento desordenado traz conseqüências

indesejáveis, como a modificação na fauna e flora, com o risco de desaparecimento de

espécies, a degradação do solo por erosão e lixiviação, o assoreamento de rios e lagos e as

mudanças no fluxo natural das águas (OLIVEIRA, 1995).

Os reflorestamentos implantados com poucas espécies de um mesmo gênero, ou até

mesmo com um único clone, constituem monoculturas extensas. A finalidade primordial do

ambiente florestal extremamente simplificado é atingir a máxima produção em uma mesma

unidade de área, num período de tempo o mais curto possível. Segundo Almeida (1987), a

única alternativa para que ocorra alguma diversidade no ambiente formado nas áreas

plantadas está na emergência do sub-bosque. Esta ocorre quando a entrada de razoável

quantidade de luz atinge o piso da floresta.

As empresas, inclusive a COPENER, geralmente consideram que o sub-bosque retarda

o desenvolvimento das árvores, aumenta o risco de incêndios, dificulta as operações de

manejo, o combate às formigas e a exploração. O sub-bosque representa a única e limitada

diversidade dentro dos talhões homogêneos, visto que os fragmentos de vegetação natural,

que também representam a diversidade, estão evidentemente fora do perímetro dos talhões de

plantio.

Em certas florestas de (XFDO\SWXV oriundas de bancos clonais, a uniformidade é tão

acentuada em termos de crescimento e forma das árvores que o piso florestal praticamente

não recebe radiação solar suficiente para permitir a emergência do sub-bosque. Nas florestas

energéticas, com espaçamentos reduzidos e ciclos extremamente curtos, o sub-bosque não tem

condições nem tempo para que se desenvolva, tendendo as florestas a uma situação

monoestratificada, em que o único nível existente é o dominante (ALMEIDA, 1987).

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Van Goor (1985) assinalou que os monocultivos típicos caracterizam-se por ocupar

áreas extensas e ininterruptas de solo, utilizando recursos tecnológicos sofisticados, como a

mecanização e a utilização intensiva de insumos, como corretivos de solo, adubos químicos e

agrotóxicos. As etapas do cultivo são aplicadas de forma instantânea a uma enorme área,

incrementando o potencial impactante dessas atividades. Assim, o maior impacto ambiental

de um monocultivo de eucaliptos ocorre na abertura da área para o primeiro cultivo. No

entanto, os impactos posteriores, ligados às etapas seguintes do cultivo, são igualmente

significativos.

Guerra (1995) observou que os problemas ambientais ligados aos reflorestamentos com

eucaliptos parecem se agravar quanto maior forem as áreas de plantio. Os reflorestamentos

demandam uma gama considerável de insumos externos, utilizados em grandes extensões de

terra. O risco ambiental associado a essa atividade, portanto, é acentuado, no que diz respeito

à degradação, contaminação e desequilíbrio de ecossistemas.

As práticas da monocultura convencional e intensiva não garantem a sustentabilidade

econômica em longo prazo, muito menos a ambiental. A cada ano de cultivo necessita-se de

uma quantidade maior de insumos externos para a manutenção da produtividade, elevando o

custo de produção e comprometendo o meio ambiente pela contaminação por agrotóxicos

(KOBIYAMA et al, 2001). Assim, os altos riscos de degradação das áreas cultivadas apontam

simultaneamente para perdas econômicas e ambientais.

A fauna é outro aspecto ambiental afetado pela simplificação do ambiente acarretada

pelos reflorestamentos. De acordo com Almeida (1987), a substituição da vegetação natural

por reflorestamentos é o principal fator que condiciona as alterações na composição

faunística. Estudos da FAO (1985) indicam que o eucalipto, quando plantado em larga escala,

deve ter uma cuidadosa e inteligente avaliação de suas conseqüências econômicas e sociais.

Além disso, um balanço de suas vantagens e desvantagens também deve ser considerado,

assim como na avaliação das condições ambientais da região, e necessidades da população

local.

A substituição da vegetação natural heterogênea por uma vegetação homogênea limita

fortemente as chances de sobrevivência da grande maioria das espécies de animais silvestres.

As condições de habitats apresentados são muito aquém das requeridas por uma diversificada

fauna silvestre. A oferta de alimentos torna-se bastante reduzida e desaparecem os pontos de

colonização ou dispersão de animais silvestres, traduzindo-se em um acentuado declínio dos

nichos ecológicos (ALMEIDA, 1987).

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A variedade e quantidade de animais que podem ser encontrados num determinado

ecossistema estão relacionadas com o número de habitats disponíveis. Os requisitos básicos

para a existência da fauna num ecossistema são: água, alimento, abrigo e condições de

procriação. Portanto, a baixa densidade de sub-bosques ocasiona uma fraca ocorrência da

fauna silvestre nas florestas homogêneas de eucaliptos (LIMA, 1993).

Segundo Zanzini e Prado Filho (2000), depois da transformação da paisagem, os

fragmentos de vegetação natural, em tamanhos variados, ficam isolados um dos outros por

extensa áreas de produção. Esses fragmentos assemelham-se a ilhas e quanto maiores, maior a

sua capacidade de receber e abrigar visitantes. Quanto mais próximas essas ilhas, maior o

intercâmbio entre suas populações. O fragmento de vegetação natural original sofre a

influência de alterações nos fatores ambientais em todo o seu contorno. O fenômeno do

“ efeito de borda” , que pode chegar até o centro do fragmento, é capaz de determinar a

decadência do fragmento, com a extinção localizada de muitas espécies vegetais e animais

residentes.

Para Newman (1993), a extinção local ocorre devido a três fatores: a) efeito borda; b)

dificuldade de obter recursos alimentares durante todo o ano; c) dificuldade de manter

populações mínimas viáveis, isto é, populações com um número mínimo de integrantes capaz

de permitir que a espécie sobreviva por um longo tempo, evitando a endogamia e os efeitos

das flutuações populacionais. Quando os animais são forçados a migrar em busca de áreas

naturais remanescentes, pode ocorrer a mortalidade em larga escala durante o processo de

procura e ocupação das novas áreas. Isto ocorre devido à deficiência no suprimento alimentar,

a dificuldade na formação de novos grupos ou a competição por espaços domiciliares já

ocupados.

Wilson (1974) enfatizou que existe uma correlação linear entre a diversidade de aves a

diversidade da vegetação. Curtis e Ripley (1975) afirmaram que as espécies de aves variam

bastante quanto à tolerância aos distúrbios produzidos na floresta. Há espécies de aves que são

encontradas apenas em locais profundamente modificados, enquanto outras toleram apenas

pequenas alterações.

Reynolds e Wood (1977) afirmaram que o sistema de monocultivo pode resultar em

instabilidade ou vulnerabilidade a mudanças climáticas, bem como ao ataque de pragas e

doenças, e a perda gradativa da matéria orgânica. Estas considerações indicam que as

alterações na paisagem podem causar impactos negativos sobre a produtividade dos

reflorestamentos em longo prazo.

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O alto poder de combustão de reflorestamentos em zonas secas significa mais um risco

ambiental da atividade (BNB, 1999). Considerando que as rotações de plantio do eucalipto

variam de seis a sete anos, um incêndio pode ocasionar a perda de anos de investimento

monetário, energético e material. Nos reflorestamentos voltados à produção de celulose, os

impactos dos incêndios são ainda mais preocupantes, uma vez que a elevação acentuada da

temperatura reduz drasticamente o teor celulósico da madeira. Os monocultivos de eucalipto

favorecem a ocorrência de incêndios que podem atingir os fragmentos de vegetação natural e,

conseqüentemente, afetar a fauna e alterar a paisagem. O fogo também leva a perdas

consideráveis de nutrientes e para a microbiologia do solo.

A simplificação do ambiente causada pela substituição da vegetação natural pelos

projetos de reflorestamento gera impactos que transcendem o desmatamento. Esta forte

alteração da paisagem afeta significativamente a fauna, tanto em quantidade quanto em

diversidade. Adicionalmente, estes impactos atingem a sustentabilidade econômica dos

projetos de reflorestamento. Portanto, as correspondentes medidas mitigadoras são eficazes

quando consideram estes desdobramentos.

�������6RORV�

O objetivo desta seção é descrever os impactos dos reflorestamentos com eucaliptos

sobre os solos, uma vez que este recurso natural é fundamental para o desenvolvimento dos

plantios e, por conseguinte, para a sua sustentabilidade.

Wasjutin (1951) afirmou que o eucalipto esgota o solo, porque dele absorve nutrientes

sem devolver nada. Ao contrário, Homem (1961) argumentou que o eucalipto melhora a

fertilidade do solo através da extração de nutrientes de camadas inferiores com posterior

devolução às camadas superficiais pela queda das folhas. Entretanto, Lepsch (1980) mostrou

que essa reciclagem, em condições de solo pobre, é bastante improvável, visto que as camadas

inferiores desse solo também são pobres em nutrientes.

Shiva et al. (1991) e Lima (1993) realizaram estudos no sentido de comparar o

desempenho de florestas de eucaliptos e da cobertura vegetal natural. Eles indicam que os

reflorestamentos com eucaliptos são grandes consumidoras de nutrientes, porém inferiores às

áreas ocupadas pela soja e a cana-de-açúcar. O elevado consumo de nutrientes parece explicar

as altas taxas de crescimento das árvores, mas pode se tornar uma ameaça ao capital de

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nutrientes do solo e à sua própria estabilidade ao longo dos anos. Entretanto, tais estudos não

permitem concluir que os plantios de eucaliptos esgotam as reservas de nutrientes dos solos.

Por outro lado, a quantidade de nutrientes transferida pelos reflorestamentos com

eucaliptos para os solos, através de suas folhas, galhos e cascas, é, geralmente, muito menor

que aquela de uma mata nativa. Isso ocorre principalmente em relação aos elementos

Nitrogênio, Fósforo e Potássio. No caso de elementos como o Cálcio e o Magnésio, ocorre o

contrário (LIMA, 1993). Nas florestas de eucaliptos provavelmente ocorre uma perda de

nutrientes pelo volume e velocidade das enxurradas. Mesmo modestas taxas de erosão no

período entre dois cortes sucessivos podem resultar em perdas de nutrientes tão elevadas

quanto aquelas que ocorrem quando do corte raso das árvores.

Lima (1996) ponderou que o reflorestamento com eucalipto ocupa, em geral, áreas de

solos mais pobres e degradados. O autor concluiu que a ciclagem biogeoquímica de nutrientes

em plantações de eucalipto tem uma função importante para a nutrição das árvores, o que

influencia a produtividade do sítio. O autor ressaltou, ainda, que as altas taxas de crescimento

encontradas na maioria das espécies de eucalipto são responsáveis pelas altas demandas de

nutrientes do solo.

Observações de Johnson et al (1985) permitiram a elaboração da Tabela 3.10, que

mostra os níveis de remoção de nutrientes pela floresta de eucalipto, contrastando-os com os

níveis de retorno ao solo.

Tabela 3.10 - Remoção de nutrientes na exploração convencional de reflorestamentos com eucaliptos (Johnson et al, 1985).

1XWULHQWHV�� 5HPRYLGRV�QD�XWLOL]DomR�LQWHJUDO�GD�iUYRUH�5HPRYLGRV�DSyV����VHPDQDV�GH�VHFDJHP�QR�FDPSR�

5HWRUQR�DR�VtWLR�

������������������������������NJ�KD��������������������������������N 51 14 37 P 3 1 2 K 39 5 34 Ca 29 9 20 Mg 3 1 2

Conseqüentemente, o retorno de nutrientes para o solo é sempre inferior que a sua

remoção pelo cultivo do eucalipto, sobretudo no caso do Nitrogênio, o que implica em uma

contínua adição de nutrientes por meio da aplicação de fertilizantes.

Sob condições de uso e produção, de acordo com Schaefer (2000), a poluição do solo é

definida geralmente como o resultado de contaminação pelo uso excessivo de pesticidas e

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fertilizantes que levam à contaminação de águas superficiais e do lençol freático. A erosão

dos solos afeta diretamente os recursos hídricos, implicando muitas vezes em eutrofização,

assoreamento e contaminação por resíduos de agrotóxicos e fertilizantes. A mecanização

excessiva, principalmente em solos pouco estruturados, provoca a compactação com menor

infiltração de água e aeração do solo.

Em projetos de reflorestamento, diversos dos fatores mencionados podem resultar em

perdas substanciais de solo por erosão. Entre eles, estão os preparos do solo e o regime de

corte raso ao final do período de rotação. As perdas de solo e de nutrientes tornam-se críticas

tanto do ponto de vista da qualidade da água quanto da manutenção da produtividade. Mesmo

que o risco de erosão dos solos seja menor, tornam-se necessários cuidados na época do corte,

quanto ao arraste de troncos e à exposição dos solos às intempéries, situações que podem

gerar compactação e erosão dos solos (BNB, 1999).

O sistema de monocultivo intensivo está associado ao preparo de solo convencional,

que tem maior potencial degradador (OLIVEIRA, 2000). Entretanto, em reflorestamentos, as

práticas de preparo do solo concentram-se na fase de implantação, em que muitas vezes se

efetua a subsolagem, que consiste na quebra de camadas de impedimento físico sub-

superficiais. Nas rotações seguintes, o solo não é submetido a novos revolvimentos. Portanto,

os efeitos dessas práticas sobre as propriedades dos solos são menos intensos que os

observados na agricultura convencional.

Guerra (1995) analisou os problemas ambientais enfrentados pela Celulose Nipo

Brasileira S.A. (CENIBRA), localizada no município de Belo Oriente, no Estado de Minas

Gerais. Segundo o autor, os solos ficam desprotegidos após o corte das árvores e as estradas

ficam compactadas, provocando o aumento das enxurradas, o assoreamento, o aumento da

carga de sedimentos e piques na vazão dos inúmeros corpos d’ água.

O corte raso das árvores é a forma mais direta e significativa de retirada de nutrientes do

sítio florestal, dada a enorme quantidade de biomassa extraída. As atividades relacionadas ao

corte raso, como as operações silviculturais envolvidas, incorrem em perdas adicionais de

solo e de nutrientes. Segundo Lima (1996), essas perdas indiretas ocorrem por causa do

aumento da erosão, da perturbação da infiltração, e do aumento do escoamento superficial.

Van Hook et. al. (1982) afirmaram que tais perdas podem ultrapassar as perdas diretas de

exportação de nutrientes pela retirada de biomassa. Fonseca (1984) defendeu a manutenção do

sub-bosque sob o eucalipto como forma de aumentar a conservação dos nutrientes.

As eventuais quedas de produtividade podem decorrer do déficit de nutrientes criado

pela exploração intensiva, num regime de curta rotação. Existe uma tendência para se reduzir

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o período de tempo entre dois cortes sucessivos. Porém, isto poderia aumentar ainda mais a

remoção da biomassa florestal, o que implicaria em um aumento na freqüência das alterações

físicas e de distúrbios nas áreas de plantios.

Karschon (1961) afirmou que o reflorestamento com eucalipto tende a melhorar, ao

longo do tempo, as propriedades químicas do solo. No entanto, Florenzano (1956) sugeriu

uma ação inibidora da serrapilheira de eucalipto sobre a microbiota do solo. Florenzano

(1959), por outro lado, encontrou uma maior quantidade de bactérias nitrificadoras e de

húmus sob eucalipto. Lima (1996) levantou uma série de experimentos realizados nas mais

diferentes regiões, sob condições edafoclimáticas diversas. Os resultados divergem muito para

todos os aspectos estudados: pH, capacidade de troca catiônica, teor de nutrientes. Quanto à

matéria orgânica, a quase totalidade dos estudos indica uma maior acumulação deste elemento

em solos sob eucalipto, em comparação com outras espécies florestais plantadas e com

pastagens.

Van Goor (1985) ponderou que o reflorestamento pode ser uma medida efetiva de

recuperação de áreas degradadas. Os efeitos dessa interação variam quanto à dinâmica do

sistema radicular, às características da serrapilheira, às atividades biológicas do solo, à

interceptação da luz, etc. Segundo o autor, a conjugação desses fatores determina uma

melhoria nas condições gerais do solo, seja qual for a espécie florestal.

Os resultados favoráveis não devem ser confundidos com outros aspectos e efeitos da

silvicultura intensiva sobre as propriedades físicas do solo. Deve ser dada atenção especial à

fase de planejamento. Do contrário, o manejo intensivo pode destruir todo e qualquer efeito

benéfico, e mesmo o próprio solo, inviabilizando a atividade florestal (LIMA, 1996).

A importância do solo para o desenvolvimento dos projetos de reflorestamento obriga as

empresas a investir bastante em pesquisa, cujos resultados norteiam o planejamento e o

manejo dos plantios. Os componentes relacionados à produtividade são privilegiados nessas

pesquisas, mas ainda são necessários estudos mais conclusivos quanto aos aspectos

ambientais do uso produtivo do solo pela silvicultura. Os impactos sobre o solo e os recursos

hídricos estão intimamente ligados e sua compreensão deve ser integrada, refletindo-se na

formulação das estratégias de mitigação.

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������5HFXUVRV�KtGULFRV�

Os recursos hídricos estão no centro das discussões mais intensas sobre os

reflorestamentos com eucaliptos e merece especial atenção em um sistema de gestão

ambiental. Esta seção tem como objetivo descrever os impactos da silvicultura do eucalipto

sobre a dinâmica desse componente ambiental.

Krishnamurthy (1984), ao analisar o reflorestamento em larga escala na Índia, apontou o

desmatamento e o aumento da área plantada com eucalipto como as causas das condições de

seca crônica de diversas áreas daquele país. No Brasil, foram levantadas preocupações quanto

a esse risco, por causa da expansão dos reflorestamentos com eucaliptos observada nas

últimas décadas. Tiwari e Mathur (1983) alegaram que uma árvore de eucalipto pode

consumir cerca de 360 litros de água diariamente. Lima (1996) rebateu esta informação,

afirmando que mesmo que a média diária fosse a metade desse valor, ainda assim a

evapotranspiração anual seria de 16.425 milímetros, o que seria um valor astronômico.

De acordo com De Filippo (2000), quando não são utilizadas técnicas adequadas de

conservação do solo, a infiltração da água no solo fica reduzida e o escoamento superficial

torna-se mais intenso. Borg et al. (1988) relataram que a substituição da cobertura florestal

por gramíneas ou por culturas agrícolas pode resultar num aumento significativo da

concentração salina do deflúvio, assim como numa alteração significativa do balanço hídrico.

O reflorestamento na bacia, por outro lado, possibilitaria numa reversão do processo.

As considerações, portanto, apontam para o emprego rigoroso de práticas de

conservação da água e do solo, como forma de mitigar os impactos causados pela substituição

da vegetação natural pelos reflorestamentos sobre os recursos hídricos.

Analisando as características climáticas das áreas destinadas a atividades de

reflorestamento, Franco (1992) descreveu um experimento de dois anos, realizado em Viçosa-

MG, com (XFDO\SWXV�VDOLJQD e 3LQXV�FDULEDH, ambos com 5-6 anos de idade, comparando-os

com a vegetação herbácea natural. No experimento, observou-se que as modificações

produzidas no ciclo hidrológico não foram significativas, muito embora o (XFDO\SWXV tenha

interceptado mais água (12,4%) que o 3LQXV (7,2%).�Alvim (1994) admitiu que existe alguma diferença em consumo de água efetivamente

entre as várias essências florestais, e que isto se deve principalmente a diferenças quanto às

suas respectivas velocidades de crescimento. As espécies de crescimento muito rápido, entre

as quais se destaca o eucalipto, certamente evaporam mais água do que as de crescimento

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lento. Essas diferenças, entretanto, só se tornam acentuadas durante os dois ou três primeiros

anos após o plantio. Uma vez alcançada a fase adulta, quando as copas das árvores pouco

diferem quanto à densidade de folhagem, quase não se observa diferença nas taxas de evapo-

transpiração entre florestas plantadas e nativas. O que controla o consumo de água de

qualquer tipo de formação florestal que cobre completamente o terreno são as condições

climáticas e edáficas da localidade, principalmente a intensidade e duração da radiação solar,

a temperatura, a umidade relativa, a turbulência do ar e a disponibilidade de água no solo

(ALVIM, 1994).

Uma pesquisa conduzida por Mello (1961), no Estado de São Paulo, comparando o

consumo de água por (XFDO\SWXV�DOED e duas folhosas nativas, o angico vermelho (3LSWDGHQLD�ULJLGD) e a aroeira ($VWURQLXP�XUXQGHXYD), concluiu que as essências nativas apresentavam

um maior consumo de água no inverno e primavera, período de menor umidade no solo. Pelo

contrário, o eucalipto apresentou um maior consumo no verão, período no qual a reposição da

água pelas chuvas é muito elevada, o que não afetou a disponibilidade de água no solo.

Nas regiões tropicais, onde as chuvas são intensas e de curta duração, espera-se que as

perdas que ocorrem durante as chuvas sejam menores, comparadas com aquelas observadas

após a cessação das chuvas. Como o índice de área foliar do eucalipto é inferior que o de

outras espécies, estima-se que a perda total por interceptação do eucalipto seja também menor

(ASTON, 1979).

Os resultados obtidos por estes estudos não confirmam as afirmações de que o eucalipto

causa ressecamento do solo, ou queda na disponibilidade da água no solo. Nos trabalhos

analisados, os índices de consumo de água não diferem significativamente daqueles

apresentados por outras culturas agrícolas, ou até mesmo por espécies da vegetação natural.

Ressalte-se que o eucalipto, por ser uma espécie de rápido crescimento apresenta uma

eficiência acentuada em termos de absorção da água do solo, mas esta característica também

ocorre em diversas culturas agrícolas.

As atividades silviculturais são responsáveis por significativas alterações da qualidade

da água. Hatch et al (1978) analisaram o pH de águas superficiais em bacias experimentais e

encontraram evidências de que diferentes espécies de eucalipto podem afetar a qualidade da

água de forma diferente. Guthrie et. al. (1978) também observaram influências de diferentes

espécies de eucalipto sobre a qualidade da água, relacionadas à precipitação interna e ao

escoamento pelo tronco.

Para Guerra (1995), uma grande quantidade de resíduos de fertilizantes e agrotóxicos

persistentes (herbicidas, formicidas, etc) no meio ambiente utilizados nos plantios são

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carreados para os corpos d’ água. Entretanto, Lima (1996) sugeriu que o uso do eucalipto pode

promover, com o devido tempo, um adequado controle dos processos de escoamento

superficial, erosão e ciclagem de nutrientes, contribuindo para a melhoria da qualidade da

água produzida pela bacia.

O carreamento de resíduos químicos pela água pode ocorrer através da interceptação da

chuva pela área foliar ou pelo escorrimento superficial no solo. Assim, não se pode dissociar

as práticas de manejo e conservação do solo e da água. O monitoramento dos elementos do

ciclo hidrológico em nível de microbacia hidrográfica fornece informações que orientem estas

práticas.

Outra preocupação comum em relação aos reflorestamentos de eucalipto refere-se ao

risco de alcance do lençol freático pelo sistema radicular das árvores. Em um experimento

estabelecido por Incoll (1979), numa floresta de (��UHJQDQV de 29 anos de idade, verificou-se

que 98% do peso seco do sistema radicular estava nos sessenta primeiros centímetros

superficiais do solo. A raiz pivotante, por sua vez, estendia-se até cerca de 2,60 metros de

profundidade. Ao mesmo tempo, Jacobs (1955) afirmou ter constatado raízes de eucalipto que

cresceram até trinta metros de profundidade.

Nambiar (1981) observou que a compactação do solo condiciona e regula a penetração

das raízes. Krejci et. al. (1986), estudou o sistema radicular de plantações de (��XURSK\OOD, (��SHOOLWD, (��FDPDOGXOHQVLV, (��JUDQGLV, (��FLWULRGRUD e (��FORH]LDQD, no Estado da Bahia, em

áreas de ocorrência natural de plintita. Apenas o (��SHOOLWD e o (��FLWULRGRUD foram capazes de

desenvolver raízes finas ao longo da camada compactada de solo. Os autores recomendaram a

prática da subsolagem sempre que a densidade aparente do solo ultrapassar a marca de 1,45

g/cm3. Dessa forma, a penetração das raízes não encontraria mais impedimentos físicos.

A profundidade do lençol freático varia conforme a paisagem, fazendo com que seja

variável, também, a possibilidade de extração de água pelo sistema radicular. As espécies de

eucalipto utilizadas em reflorestamentos, em sua grande maioria, possuem um sistema

radicular superficial. Lima (1996) defendeu que essa característica favorece a hidrologia do

solo, em face de um padrão anual de recarga e exaustão da água do solo pelas chuvas e pela

transpiração das plantas, respectivamente. Portanto, de acordo com os estudos analisados, a

capacidade de penetração das raízes das espécies de eucalipto utilizadas em reflorestamentos

para produção de celulose não oferece risco ao lençol freático.

A evapotranspiração total de uma cobertura vegetal resulta da combinação entre

transpiração e perdas por interceptação. Esse fator é uma importante componente do balanço

hídrico de uma floresta. De acordo com Lima (1996), aproximadamente 25% da perda total

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por interceptação é equivalente à transpiração que foi economizada durante a evaporação

direta da água interceptada. Assim, 75% da perda por interceptação significa uma perda por

evaporação que não teria ocorrido se não tivesse chovido (LIMA, 1996).

O consumo total de água é composto de transpiração — processo aparentemente

conservativo — e da interceptação — muito dependente do regime de chuvas da região. As

espécies de eucalipto utilizadas nos cultivos intensivos de curta rotação não diferem de outras

espécies florestais, no que tange ao controle estomático da transpiração. Ao mesmo tempo, as

perdas por interceptação, em valores absolutos, situam-se em patamares semelhantes aos de

outras espécies florestais ou inferiores aos das florestas naturais. Em latitudes menores, a

evapotranspiração anual aumenta, podendo atingir 1.500 mm. Florestas naturais de clima

temperado apresentam valor médio anual que varia entre 1.000 e 1.100 mm para a

evapotranspiração. Em savanas e cerrados, a evapotranspiração média anual chega a 1.000

mm. Nas florestas tropicais, esse valor alcança 1.500 mm (LIMA, 1996).

Portanto, os impactos dos reflorestamentos com eucalipto sobre o ciclo hidrológico,

consideradas as águas superficiais e subterrâneas, variam conforme a proporção das áreas

reflorestadas em relação à microbacia hidrográfica em que estão inseridas. Estes impactos

serão intensificados na época do corte das árvores e transporte da madeira para fora dos

talhões de plantio, por causa da conseqüente exposição do solo.

�������8VR�GH�DJURWy[LFRV�

�Esta seção apresenta os impactos causados pelo emprego de agrotóxicos na manutenção

dos reflorestamentos com eucalipto, notadamente os formicidas e herbicidas. A aplicação de

outros tipos de agrotóxicos é rara, devido aos altos custos. Assim, muitas vezes se recorre à

catação manual ou simplesmente espera-se até que a praga seja controlada por predadores

naturais. Para o enfrentamento das doenças, nos programas de melhoramento genético são

desenvolvidos clones resistentes ou tolerantes aos patógenos. Estas práticas vêm se mostrando

eficazes, contribuindo para reduzir o volume de agrotóxicos utilizados pela atividade

silvicultural.

Para Schaefer (2000), o impacto do advento dos pesticidas organosintéticos na paisagem

agrícola mundial é uma das maiores preocupações ambientais globais. Eles afetam a

qualidade de vida humana e biológica, através dos efeitos na atmosfera, hidrosfera e solo. Os

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reflorestamentos com eucalipto formam um sistema frágil e susceptível ao ataque de pragas,

oferecendo todas as condições para um aumento explosivo de insetos.

Todavia, Balch (1960) alertou que o enfoque dado pelos técnicos florestais quanto à

proteção florestal deve ser eminentemente ecológico, baseando-se em métodos econômicos e

duradouros. Complementarmente, Almeida (1987) criticou o manejo florestal classicamente

empregado nas florestas de rápido crescimento, pois as suas práticas freqüentemente têm

causado inconvenientes ao controle biológico de pragas.

De acordo com Guerra (1995), os prejuízos causados pelos ataques das formigas

cortadeiras nos maciços florestais de eucaliptos são enormes e se processam de forma

avassaladora. Mas as iscas granuladas normalmente empregadas no controle das formigas

cortadeiras, se lançadas diretamente no solo, podem ser dissolvidas pela água, contaminando

o solo pela ação do dodecacloro que é incorporado aos vegetais que entra nos ciclos

biológicos. As iscas granuladas podem ainda ser ingeridas por animais silvestres, causando a

sua morte (ALMEIDA, 1987). Grande parte da cadeia alimentar dos ecossistemas está sujeita

à contaminação através da absorção dos pesticidas presentes na água e no solo. Uma vez

dentro da cadeia alimentar, o pesticida é transportado de nível para nível, num processo de

transferência e acumulação.

Os herbicidas são utilizados em reflorestamentos de eucaliptos para combater o

desenvolvimento de espécies indesejáveis (sub-bosque) nos trabalhos de preparo e plantio,

tratos culturais pós-plantio, e na recuperação de áreas já plantadas (GUERRA, 1995). Os

herbicidas são aplicados, mais comumente, quando as ervas invasoras surgem após o

pegamento das mudas. Principalmente no período crítico dos seis primeiros meses de vida das

mudas, os herbicidas têm influência direta na obtenção de melhores níveis de produtividade,

ainda que seu uso signifique um efeito negativo no meio ambiente. Guerra (1995) mencionou

estudos que mostram os efeitos negativos dos herbicidas em pequenos animais, como

minhocas e microorganismos presentes nos solos. Zanzini e Prado Filho (2000) afirmaram

que os herbicidas são compostos menos tóxicos que os pesticidas e, aparentemente, não

exibem a capacidade de biomagnificação.

Os aspectos ambientais referentes ao uso de agrotóxicos estão ligados principalmente à

qualidade dos recursos hídricos e do solo, e à fauna silvestre. As estratégias de mitigação dos

impactos associados a esses elementos devem, portanto, ser integradas.

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������)HUWLOL]DQWHV�

A adubação dos solos é responsável pelo maior aporte de insumos externos nos

reflorestamentos com eucaliptos, principalmente naqueles localizados nos solos do Grupo

Barreiras da RLN. Esta seção apresenta os impactos causados pela adição dos principais

nutrientes ao sistema produtivo por meio da adubação.

O Nitrogênio (N) é um dos nutrientes mais importantes tanto para as plantas quanto para

os microrganismos. O seu uso intensivo na forma de fertilizantes é extremamente necessário,

mas muitos impactos ambientais potencialmente sérios têm sido mostrados. O uso intenso de

fertilizantes nitrogenados pode aumentar a participação do nitrato no ciclo do N. O nitrato

pode ser reduzido a nitrito nos solos, cuja redução microbiana anaeróbia leva à formação de

amônia, óxido nítrico, óxido nitroso e N elementar, elementos que sobem à estratosfera e

contribuem para a destruição da camada de ozônio da atmosfera. O Fósforo (P) é essencial

para as formas de vida e não apresenta efeitos tóxicos conhecidos. A principal preocupação

associada ao P no ambiente é seu efeito na eutrofização de ecossistemas aquáticos e da água

de consumo. O Enxofre (S) é um elemento essencial para todos os organismos vivos e ocorre

naturalmente em várias formas orgânicas e inorgânicas no ciclo global. As preocupações

ambientais relacionadas ao S são: deposição ácida, acidez nos solos e contaminação do lençol

freático. Os elementos-traço normalmente estão presentes em concentrações relativamente

baixas, nos solos ou nas plantas e referem-se aos micronutrientes e metais pesados. A erosão

do solo é o mecanismo principal por meio do qual os elementos-traço são transferidos dos

solos para os ambientes aquáticos (SCHAEFER, 2000).

Zanzini e Prado Filho (2000) concluíram que a grande maioria dos fertilizantes

utilizados não oferece riscos significativos para a fauna silvestre. Porém, aqueles aplicados na

forma de granulados são geralmente confundidos com sementes ou ração e, dessa forma,

ingeridos por pássaros, causando mortalidade.

Os impactos causados pela adição de fertilizantes podem ser ampliados e intensificados

principalmente a partir do dimensionamento ou do manejo incorretos. Por conseguinte, o

monitoramento dos teores de nutrientes no solo é fundamental para se evitar uma agudização

desses impactos. O entendimento da integração dos aspectos ambientais da aplicação dos

fertilizantes com outros aspectos ambientais (recursos hídricos, solo, fauna, vegetação natural)

promove a eficácia das medidas mitigadoras.

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���2�/8*$5��$�5(*,­2�(�$�È5($�'(�(678'2�

Este capítulo tem como objetivo caracterizar a área de estudo em que se concentrou a

pesquisa. Para tanto, partiu-se do processo de introdução dos reflorestamentos com eucalipto

na RLN, passando pelas principais características da região, até a descrição da área de estudo

e das principais práticas empregadas na sua gestão.

����&217(;78$/,=$d­2��

Nesta seção, estruturou-se uma contextualização da atividade florestal na RLN, sob a

perspectiva histórica e geográfica.

De acordo com Ladeira (1992), a exploração irracional dos recursos florestais do Brasil

começou na época de seu descobrimento, por meio da atividade extrativista do pau-brasil, no

século XVI. Esta situação perdurou ao longo da história brasileira. As florestas eram vistas

como bens inesgotáveis a até mesmo como empecilho para o desenvolvimento de outros

setores, principalmente o agrícola. Sampaio (1975) concluiu que foi em São Paulo que

ocorreram os primeiros plantios de eucalipto no Brasil.

A formação de povoamentos florestais com fins econômicos originou-se no início do

século XX. As locomotivas do sudeste brasileiro, região que já se destacava por causa da

força econômica da cultura do café, começaram a substituír o carvão vegetal pela lenha.

Nessa época, conforme dados da Sociedade Brasileira de Silvicultura (1990), a Companhia

Paulista de Estradas de Ferro promoveu a introdução de espécies do gênero (XFDO\SWXV na

região de Rio Claro, Estado de São Paulo, que tinha como finalidade a produção de

dormentes, postes telegráficos e lenha para as suas locomotivas. De acordo com Dean (1996),

a região de Ribeirão Preto tinha mais de trezentas serrarias em 1903, com a maior parte de sua

produção direcionada às ferrovias. Além do consumo anual de 2,4 milhões de m3 de madeira

para a queima, havia a necessidade de dormentes.

Apesar dos diversos elogios ao trabalho de Navarro, desde as primeiras décadas do

século XX, ocorreram críticas ao reflorestamento com eucaliptos. As objeções estavam

ligadas, em sua maioria, à exoticidade e ao elevado consumo de água pela espécie. Tais

manifestações não haviam acontecido em relação aos cítricos, ou ao café — ambos exóticos;

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ou à cana-de-açúcar — também grande consumidora de água devido ao rápido crescimento

(LIMA, 1996).

A substituição da floresta nativa pelos maciços homogêneos de eucalipto era uma

transformação que incomodou que antes não se preocupava com o desaparecimento da Mata

Atlântica. Talvez isso significasse um ceticismo em relação aos novos imperativos científicos

que justificavam o manejo tecnocrata dos recursos naturais. Não existiam argumentos

defensáveis contra essa tentativa de apropriação, mas havia a percepção de que ela poderia

acarretar mudanças e não necessariamente para melhor.�Até o princípio da década de 1960, os plantios ficaram restritos a um número pequeno

de empresas, o que fazia com que o consumo madeireiro do País fosse atendido,

essencialmente, por matéria-prima originária de formações nativas. O Código Florestal, em

vigor a partir de 1965, previa o reflorestamento incentivado. Mas o impulso decisivo para a

ampliação das áreas de plantios foi dado com a promulgação da Lei Federal nº 5.106, de 02 de

setembro de 1966, que criou os incentivos fiscais. Esse instrumento legal permitia às pessoas

físicas e jurídicas a dedução de até 50% do valor do imposto de renda devido para a aplicação

em projetos florestais. Essa lei configurou-se no marco legal da implementação da política

florestal brasileira (CHICHORRO, 1987). Reis e Reis (1993) chamaram a atenção para a

contradição gerada por essa política, cujo objetivo foi promover o uso da madeira proveniente

de reflorestamento, para justamente reduzir o desmatamento. Contudo, o interesse na

obtenção de vantagens financeiras a partir dos incentivos fiscais promoveu, em muitas regiões

do País, a substituição indiscriminada da vegetação natural pelos reflorestamentos.

Entre 1967 e 1987, vigorou o Fundo de Investimentos Setoriais (FISET), que deu

suporte a muitos projetos de reflorestamento. Com a edição da Lei Federal nº 1.376, de 12 de

dezembro de 1974, os objetivos desses projetos florestais começaram a ser mais bem

definidos. Tais projetos foram incorporados a prioridades específicas, como o Programa

Nacional de Papel e Celulose e o Plano Nacional de Carvão Vegetal (REIS E CARNEIRO,

1982). Carvalho Neto (1988) afirmou que essa política determinou que os programas fossem

realizados por grandes empresas e com pouca participação dos pequenos agricultores. Esta

diretriz acompanhou a conjuntura político-econômica da época, em que o Estado promovia os

empreendimentos de grande porte, na maioria das vezes capitaneados por ele mesmo, e

algumas vezes por grandes empresas.

Era a década do PLODJUH�EUDVLOHLUR, na qual o entendimento era de que esta seria uma

forma de estimular as indústrias a continuar investindo em programas de desenvolvimento. A

intervenção do Governo Federal, através dessa arrojada política de estímulo ao

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reflorestamento, foi fundamental para a formação e expansão de gigantescas áreas cobertas

com maciços florestais de eucaliptos, os chamados PDFLoRV�YHUWLFDOL]DGRV, ou seja, da floresta

direto para indústria (GUERRA, 1995).

A meta do programa de incentivos fiscais era reflorestar dois milhões de hectares até o

ano de 1978, mas surgiram vários problemas. Os grandes maciços florestais passaram a ser

criticados por estarem ocupando áreas agricultáveis e competiram com a produção de grãos,

principalmente de alimentos básicos como o milho, feijão e arroz. No ano de 1966, a área

total reflorestada girava em torno de seiscentos mil hectares plantados, e alcançou 3,3 milhões

de hectares plantados em 1978 (LADEIRA, 1992).

Segundo Campinhos Junior (1992), durante o período de vigência dos incentivos, o

plantio industrial de eucalipto no Brasil alcançou a marca de 3,23 milhões de hectares. O

Brasil detinha, nessa época, reservas reflorestadas em torno de 6,5 milhões de hectares. No

ano de 1988, se contabilizava 3,25 milhões de hectares ocupados com eucaliptos (AZEREDO,

1988; LEITE, 1988; SILVA et al, 1991).

De acordo com Salomão (1993), o Brasil possuía, em 1991, um total de 6,6 milhões de

hectares de reflorestamentos, onde a área ocupada com o gênero (XFDO\SWXV, mantinha-se

próxima a três milhões de hectares. Cerca de 43% destas áreas estavam situadas nos estados

de Minas Gerais e Espírito Santo, contando o primeiro com cerca de 2,6 milhões de hectares

de florestas plantadas (REIS et al., 1994).

Segundo Reis e Reis (1993), ocorreram vários problemas de natureza operacional nos

projetos de reflorestamento implantados na época dos incentivos fiscais, destacando-se:

insuficiência de trabalhos científicos; planejamento inadequado do uso da terra; escolha

inadequada da espécie ou procedência; uso de técnicas inadequadas de implantação; e falhas

nas políticas públicas. Os projetos de reflorestamento daquela época pecavam,

conseqüentemente, pela falta de planejamento específico em relação aos habitats favoráveis à

fauna silvestre, assim como pela não consideração dos aspectos ambientais. Por outro lado,

outros fatores fizeram com que a atividade do reflorestamento tivesse um bom

desenvolvimento, em termos de produção madeireira, quando comparadas com outros países.

O Governo Federal reagiu a essa situação editando o Decreto-lei nº 79.046, em 27 de

dezembro de 1976, que delimitou as áreas para os novos plantios incentivados. Foram criadas,

então, as chamadas Regiões Prioritárias para Reflorestamento ou Distritos Floresta-Indústria

(GUERRA, 1995). Um desses distritos foi o Distrito Florestal do Litoral Norte da Bahia

(DFLN), onde estão localizados os projetos de reflorestamento com eucaliptos da COPENER.

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O cancelamento dos incentivos fiscais ocorreu por meio da Lei nº 7.714, de 29 de

dezembro de 1988. A partir daí, o setor atuou apenas com recursos próprios. A legislação

sobre o abastecimento das indústrias consumidoras de matéria-prima florestal levou as

empresas a avaliar os seus reflorestamentos sob uma ótica que questionava se esta cultura era

responsável para a sobrevivência de sua indústria.

Em 1996, a área ocupada com florestas plantadas no Brasil correspondia a 6,5 milhões

de hectares. Os plantios se concentraram nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e no Estado da

Bahia, abrangendo áreas de domínio dos biomas Mata Atlântica e Cerrado (SOUZA, 1992;�ANFPC, 1994; ABRACAVE, 1997). A Figura 4.1 apresenta o desenvolvimento da área

reflorestada no Brasil, entre 1969 e 1994.

Figura 4.1���Áreas reflorestadas no Brasil (SBS, 2003).

Ao final de 2003, o setor de papel celulose contava com 220 empresas, afetando 450

municípios de 16 estados, nas cinco regiões brasileiras, gerando cem mil empregos diretos nas

indústrias e florestas (SBS, 2003). Em 2003, o setor exportou 2,8 bilhões de dólares, gerando

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um saldo comercial de 2,3 bilhões de dólares. O faturamento do setor alcançou a cifra de 21

bilhões de reais, e o montante de impostos recolhidos pelo setor chegou a 2,1 bilhões de reais.

A produção brasileira de celulose cresceu 13,5% entre 2002 e 2003. Esses números

correspondem à produção de 9,1 milhões de toneladas de celulose (sétima posição mundial) e

7,8 milhões de toneladas de papel (11ª posição mundial). O eucalipto representou 69% da área

de 1,5 milhão de hectares, plantada em 2003. Os programas ambientais do setor abrangiam,

até 2003, em 1,5 milhão de florestas nativas preservadas e cultivadas, e promoveram a

reciclagem anual de três milhões de toneladas de papel (BRACELPA, 2003).

Com a previsão das ampliações de duas fábricas de celulose no Estado da Bahia (Bahia

Sul e Bahia Pulp) e do início da operação da fábrica da VERACEL, a produção anual baiana

saltará de 615 mil toneladas para 2,92 milhões de toneladas, o que pode colocar o Estado na

posição de maior produtor nacional de celulose. A Bahia Pulp, única das três fábricas que

produz celulose solúvel, prevê uma expansão na produção atual de 115 mil toneladas/ano para

360 mil toneladas/ano. Esses números permitem deduzir que a demanda por biomassa

(eucalipto) também crescerá em igual ordem, acarretando uma correspondente ampliação dos

impactos sócio-ambientais associados aos reflorestamentos que abastecem as fábricas de

papel e celulose.������$�5(*,­2�'2�/,725$/�1257(�'2�(67$'2�'$�%$+,$�

A Secretaria de Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia

(SEPLANTEC), órgão responsável pelo planejamento social e econômico baiano, definiu a

Região Econômica Litoral Norte como uma das quinze Regiões Econômicas do Estado.

Localiza-se na costa norte do Estado, tendo, portanto, o Oceano Atlântico como limite leste.

Mantém fronteiras, ao norte, com o Estado de Sergipe e parte da Região Econômica do

Nordeste (da Bahia); ao sul, com a Região Metropolitana de Salvador e, a oeste, com as

Regiões Nordeste (da Bahia), Paraguaçu e Recôncavo Sul (SEPLAN, 2003).

Na divisão político-administrativa vigente, a RLN compreende vinte municípios:

Acajutiba, Alagoinhas, Aporá, Araçás, Aramari, Cardeal da Silva, Catu, Conde, Entre Rios,

Esplanada, Inhambupe, Itanagra, Jandaíra, Mata de São João, Ouriçangas, Pedrão, Pojuca, Rio

Real, São Sebastião do Passé e Sátiro Dias (Figura 4.2).

De acordo com a Secretaria de Agricultura do Estado da Bahia (2003), a concentração

de terras no Estado da Bahia data do processo de colonização, ocorrido no século XVI. A

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colonização baiana e a ocupação progressiva do território se constituíram em um

empreendimento mercantil, baseado na grande propriedade. Tem-se o aspecto da exploração

econômica como importante na determinação da estrutura fundiária do Estado da Bahia.

Outros aspectos são os fatores naturais (clima, recursos hídricos, relevo, solo, fauna e flora),

históricos e sócioculturais.

A ocupação inicial da Região do Litoral Norte foi determinada pela colonização

portuguesa, no século XVII, por intermédio da cultura da cana-de-açúcar. Naquela época

originou-se a situação fundiária que prevaleceu nos séculos seguintes, com a instalação das

sesmarias, que se foram dividindo por herança e aquisições. Também ocorreram abandonos,

sucedidos por ocupações por posseiros (moradores antigos, ex-escravos) e esse processo

ocorreu sem registros cartoriais (MOVIMENTO SINDICAL E PASTORAL RURAL DE

ALAGOINHAS, 1988).

Para uma melhor caracterização, a Região Econômica foi dividida pela adiminstração

estadual, em três sub-regiões: Recôncavo Norte, Litoral Norte e Agreste de Alagoinhas, em

ordem decrescente de antiguidade de ocupação (SEPLAN, 2003).

A sub-região Recôncavo Norte, reunindo os municípios de Catu, Itanagra, Mata de São

João e Pojuca, é a que apresenta a maior densidade demográfica dentro da Região do Litoral

Norte. A sua ocupação esteve ligada à produção de cana-de-açúcar, servindo como área

secundária de expansão desta cultura, ao passo que também desenvolvia a pecuária extensiva

(SEPLAN, 2003).

A sub-região Litoral Norte agrupa os municípios de Entre Rios, Esplanada, Cardeal da

Silva, Conde e Jandaíra. Seu solo não favorecia o desenvolvimento da agricultura, limitada a

algumas plantações de mandioca e coco, este último da faixa litorânea. Com baixa densidade

demográfica, esta sub-região destacou-se pela pecuária extensiva (SEPLAN, 2003).

A sub-região do Agreste de Alagoinhas é formada pelos municípios de Acajutiba,

Alagoinhas, Aramari, Araçás, Inhambupe, Ouriçangas, Rio Real e Sátiro Dias, além de quatro

outros municípios (Olindina, Crisópolis, Água Fria e Irará) não pertencentes à Região do

Litoral Norte. A sua estrutura produtiva mais diversificada e os solos de melhor qualidade

permitiram modos mais adensados de assentamento populacional, mesclando pecuária e

pequena agricultura (SEPLAN, 2003).

Historicamente, a economia da Região do Litoral Norte esteve atrelada a ciclos

produtivos do estado (cana-de-açúcar, coco, citricultura, petróleo, madeira e turismo),

apresentando um caráter de complementaridade em relação à economia da capital e do

Recôncavo Baiano.

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O século XIX foi marcado pela decadência do açúcar e pelo surgimento da indústria de

bens de consumo, alimentar e têxtil, articulada com o processo de urbanização do Recôncavo.

As primeiras décadas do século passado foram caracterizadas pelo crescimento da citricultura.

A partir da década de 1950, o incremento da atividade petrolífera redefiniu o papel dessa

região na economia do estado e alterou a composição social da região (SEPLAN, 2003).

O turismo começou a ser explorado nos anos 1970, a partir da pavimentação da rodovia

BR-101. Mesmo assim, o turismo limitava-se ao caráter de veraneio e excursões, devido à

precariedade da infra-estrutura dos povoados. Entre as décadas de 1980 e 90, com a

construção da Estrada do Coco e da Linha Verde, intensifica-se a condição de região de

passagem, com o fluxo norte-sul. As demandas do turismo aqueceram a economia local,

possibilitando a oferta de novos produtos e serviços, e o estímulo aos já existentes.

Desde 1960, os maiores índices de concentração fundiária do Estado da Bahia eram

encontrados nas seguintes regiões econômicas: Baixo Médio São Francisco, Recôncavo,

Barreiras, Litoral Norte e Chapada Diamantina (SEAGRI, 2003). Assim, a atividade florestal,

ao ser introduzida na RLN, encontrou uma estrutura fundiária já caracterizada pela

concentração.

O surgimento da extração de madeira como atividade econômica significativa na região

foi ocasionado pela crise do petróleo, ocorrida no início da década de 1970. O carvão vegetal

foi eleito pelo Complexo Petroquímico de Camaçari (COPEC) e pelo Centro Industrial de

Aratu (CIA) como fonte energia substituta do óleo diesel nas caldeiras de produção de vapor

para as indústrias instaladas nesses complexos. Em 1976, foi criado o Distrito Florestal do

Litoral Norte (DFLN), visando a fornecer madeira a esses pólos industriais.

Na época de sua criação, o DFLN agrupava 17 municípios da Região do Litoral Norte

(denominação administrativa do governo estadual), excluídos Pedrão, São Sebastião do Passé

e Araçás (que ainda não existia, tendo sido desmembrado do município de Alagoinhas); e

mais quatro outros municípios da Região Nordeste: Olindina, Crisópolis, Água Fria e Irará

(Figura 4.3) (SEPLAN, 2003). Nesses 21 municípios, o polígono delimitado pelo DFLN

compreendia inicialmente 763.000 ha, mas atualmente ocupa 130.000 ha. No total, são cinco

empresas que atuam no DFLN: SIBRA Florestal e FERBASA (carvão vegetal), Indústria de

Papéis Santo Amaro (papel e papelão), DURAFLORA (madeira) e COPENER (papel e

celulose) (COPENER, 1982; 2003).

Os reflorestamentos implantados pelas primeiras empresas a se instalar no DFLN

causaram impactos significativos na realidade sócio-econômica regional. A concentração de

terras aumentou, acentuou-se o predomínio da monocultura, pequenos agricultores se

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tornaram assalariados rurais, bóias-frias, biscateiros e desempregados que posteriormente

emigravam para as periferias das cidades da região (SEPLAN, 2003). A instalação da maioria

dessas empresas no DFLN foi motivada pelo programa de incentivos fiscais.

No final dos anos 1980, os reflorestamentos começaram a despertar o interesse de

empresas do setor de papel e celulose. O plano estratégico de ação do governo estadual para o

período 1988-1991 previa grandes investimentos e incentivos fiscais para o setor. Essa

reestruturação da dinâmica espacial criou uma nova identidade regional, em que o

reflorestamento aparece como a atividade produtiva mais adequada do que as antigas

atividades, consideradas atrasadas e pouco rentáveis (SEPLAN, 2003). Nessa época, a

COPENER, antes instalada para produzir biomassa, começa a mudar seu foco produtivo para

a celulose.

Em resumo, as características principais da história da região onde se insere o DFLN,

relacionadas à sua ocupação e à conseqüente modificação da paisagem, são: a) na

colonização, os solos foram ocupados pela cana-de-açúcar e a pecuária extensiva; b) em

seguida, vieram a cultura do coco, citros e maracujá, além das lavouras de subsistência,

responsáveis pelo abastecimento das feiras livres locais; d) as fortes modificações que

ocorreram nas décadas de 1950 e 1960, devido à atividade petrolífera; e) a implantação dos

reflorestamentos industriais, iniciada a partir da década de 1970, e os seus impactos; e f) a

intensificação do turismo, a partir da década de 1980.

No ano de 2000, a RLN figurava entre as regiões econômicas do Estado da Bahia com

menores populações, abrigando 530.898 habitantes, cerca de 4% do total estadual (IBGE,

2000). No período 1980-1991, o ritmo de crescimento demográfico regional era bastante

inferior ao estadual. No período 1991-2000, a situação se inverteu. A RLN apresentou a

quarta maior taxa de crescimento populacional, superior à taxa estadual. A RLN tem 12.174

km2, correspondendo a 12,16% do território estadual. A sua densidade demográfica em 2000

era de 43,61 hab/km2, colocando a região entre as quatro mais densamente povoadas do

Estado (SEPLAN, 2003).

Em termos de população urbana, a Região do Litoral Norte apresentou, em 2000, um

contingente de 356.347 pessoas, o que significa que 67,12% de sua população reside em áreas

urbanas. A Região do Litoral Norte foi uma das duas únicas regiões do estado que

apresentaram taxas positivas de crescimento da população rural para esse período, mesmo

com a diminuição do território considerado como rural, com alterações na base espacial

urbano-rural de alguns municípios (SEPLAN, 2003). Estas alterações foram motivadas pela

expansão urbana e a conseqüente revisão dos planos diretores e dos perímetros urbanos dos

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municípios. Isto indica que existem processos na RLN que favorecem a permanência da

população no campo, apesar das dificuldades já relatadas.

O comportamento climático regional é bastante complexo, decorrente da conjugação

de diferentes sistemas de circulação atmosférica. Esta complexidade não se traduz em

variações térmicas, mas sim, na precipitação pluviométrica anual, que se reduz de 2.000 mm

até 700 mm quando se desloca no sentido do litoral para o interior. Outro fator marcante é a

variabilidade anual de intensidade de precipitação. A ocorrência de chuvas está associada ao

período de outono–inverno (abril a agosto), podendo ocorrer instabilidades locais nos meses

de novembro e dezembro (chuvas de verão) (COPENER, 2003).

Esta região é dominada por ventos que sopram do leste. Essas correntes de ar dividem-

se em: a) frentes de alta intensidade que vêm do sul, durante os meses de maio a julho, com

maior densidade do ar frio, resultando nas chuvas de inverno ao longo do litoral até os limites

da Chapada Diamantina; b) perturbações oriundas do leste, originadas dentro do anticiclone

tropical, sob forma de pseudofrentes, permitindo a mistura de suas camadas de ar, com chuvas

que anunciam sua passagem, sendo mais intenso no inverno, secundário no outono e quase

inexistente na primavera e verão; c) linhas de instabilidades tropicais que vêm do oeste,

geradas no interior de Massa Equatorial Continental e responsáveis pelas chuvas de verão,

denominadas comumente de trovoadas (NIMER, 1989).

Essas correntes de ar dividem-se em: a) frentes de alta intensidade que vêm do sul,

durante os meses de maio a julho, com maior densidade do ar frio, resultando nas chuvas de

inverno ao longo do litoral até os limites da Chapada Diamantina; b) perturbações oriundas do

leste, originadas dentro do anticiclone tropical, sob forma de pseudofrentes, permitindo a

mistura de suas camadas de ar, com chuvas que anunciam a sua passagem, sendo mais intenso

no inverno, secundário no outono e quase inexistente na primavera e verão; c) linhas de

instabilidades tropicais que vêm do oeste, geradas no interior de Massa Equatorial Continental

e responsáveis pelas chuvas de verão, denominadas comumente de trovoadas (Figura 4.4)

(COPENER, 2003).

A temperatura média anual é de 24 ºC, ficando a média das máximas entre 29º e 30ºC

e das mínimas ao redor de 18 e 22 ºC. A umidade relativa do ar situa-se entre 70 a 82% Os

climas da região se classificam como 3dTh (faixa litorânea) e 5cTh para o restante do DFLN

(COPENER, 2003).

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Figura 4.2 – Localização da Região do Litoral Norte do Estado da Bahia (CRA, 2003).

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Figura 4.3 – Configuração do Distrito Florestal do Litoral Norte da Bahia, 2003.

As chuvas concentram-se no período de abril a julho, com ocorrência de um pequeno

pico secundário em novembro/dezembro. As precipitações médias anuais variam de 700 a

2.000 mm/ano, do interior para o litoral. As concentrações pluviométricas no período de

outono-inverno e pico secundário em novembro/dezembro ocorrem por influência dos

sistemas meteorológicos intertropicial e polar� (NIMER, 1989). Além da variação da

precipitação dentro da RLN, a variabilidade interanual é acentuada, como está mostrado na

Tabela 4.1, através dos balanços hídricos anuais de dois postos meteorológicos pertencentes à

COPENER. O posto meteorológico Quatis está localizado no setor administrativo leste da

empresa e serve de referência para as observações das áreas próximas ao litoral. O posto

meteorológico Salgado fica no setor administrativo oeste, em localização mais interiorana.

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Tabela 4.1 - Médias anuais e desvio padrão nos componentes climáticos monitorados nos postos meteorológicos de Quatis e Salgado, pertencentes à COPENER, 1985-1994 (COPENER, 2003). 3RVWR�PHWHRUROyJLFR� 7(03���&� 337�PP� (73�PP� (75�PP� '()�0P� (;&�PP�Quatis 25.7 + 0.6 1335 + 465 1461 + 76 1092 + 200 369 + 233 242 + 327 Salgado 25.2 + 0.7 950 + 319 1396 + 85 913 + 244 482 + 247 39 + 101

Temperatura (TEMP), Precipitação (PPT), Evapotranspiração potencial (ETP), Evapotranspiração real (ETR), Deficit hídrico (DEF) e Excedente hídrico (EXC).

Os componentes climáticos relacionados ao ciclo hidrológico são os que apresentam

maior variabilidade, visto que as amplitudes observadas e os respectivos desvios padrão das

médias são acentuados. Estas variações também são constatadas quando se compara os

números dos dois postos meteorológicos, e considerando-se sua localização. A temperatura é

o componente que apresenta maior uniformidade. O desvio padrão é inferior a 1ºC, nas duas

áreas, e os valores são bem próximos. A temperatura média anual também é muito semelhante

nas duas áreas.

O quadro geológico dos tabuleiros da zona costeira é caracterizado por sedimentos

terciários que compõem o Plioceno superior do Grupo Barreiras, com uma elevação de

cinqüenta a sessenta metros em relação ao nível do mar, aumentando mais um pouco em

direção ao interior. Os locais onde a planície dos tabuleiros se estende sobre superfícies

planas, compostas de rochas cristalinas alteradas, apresenta uma capa de solo afetada pelas

intempéries até uma profundidade de dez a quinze metros (REZENDE, 2000).

Segundo Quintas (1970), o Grupo Barreiras é geologicamente caracterizado por

depósitos clásticos de granulação fina e grosseira. É composto de argila, siltitos, arenitos e

conglomerados, ligeiramente consolidados, com uma coloração variando de rosa ao vermelho

púrpura. A espessura do Grupo Barreiras varia bastante, desde uma simples capa de

revestimento até uma profundidade que pode alcançar cento e cinqüenta metros.

Os solos da região são formados a partir de material de origem sedimentar do Terciário-

Quaternário, pertencentes ao Grupo Barreiras, predominando arenitos com intercalações de

folhelhos e conglomerados (REZENDE, 2000).

A constatação da variabilidade dos solos dentro de uma mesma zona climática implica

em diferentes níveis de produtividade dos cultivos, sendo preciso compatibilizar o nível de

manejo a cada situação edáfica particular. Os reflorestamentos sob estudo encontram-se

implantados sobre Podzólicos, Latossolos e Areias Quartzosas. Nos relevos ondulados há

predominância dos Podzólicos Vermelho Amarelo e nos relevos planos (tabuleiros) e suave

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ondulados ocorrem os Latossolos e Podzólicos amarelo, associados ou não a Areias

Quartzosas. Os Podzólicos Acinzentados ocorrem nas rampas inferiores dos tabuleiros e áreas

abaciadas com drenagem imperfeita. Próximo ao litoral, ocorrem Areias Quartzosas marinhas.

O DFLN abrange diferentes unidades fisionômicas em sua cobertura vegetal, reflexos

dos tipos de solo, clima e relevo a que se subordinam. De acordo com a variação

edafoclimática, a vegetação também varia. Assim, as terras mais interiores apresentam

cobertura vegetal natural composta de espécies mais adaptadas a menores pluviosidades.

Inversamente, as áreas mais próximas do litoral apresentam uma cobertura vegetal associada à

maior pluviosidade.

A vegetação original da RLN caracteriza-se pelas seguintes coberturas florísticas:

Floresta Ombrófila Densa, Formações Pioneiras com influência fluvio-marinha arbórea,

Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado Arbóreo Aberto (sem floresta de galeria), Restinga

Arbórea, Caatinga Arbórea Aberta com palmeiras, Formações Pioneiras Arbustivas

(Restinga), e Áreas de Tensão Ecológica (Contato Floresta Ombrófila-Cerrado e Floresta

Estacional-Cerrado) (ALCÂNTARA, 1991).

�����26�352-(726�'(�5()/25(67$0(172�'2�%/2&2�$/7$0,5$�

A área de estudo deste trabalho de pesquisa corresponde aos projetos de reflorestamento

com fins industriais da COPENER, implantados em 1998 e 1999, com espécies do gênero

(XFDO\SWXV, denominados Altamira I, Altamira II e Altamira III. Os três projetos formam o

Bloco Altamira e estão instalados no município de Conde, nos arredores da Vila de Altamira.

Estes são os únicos projetos administrados pela COPENER neste município. Segundo o IBGE

(2003), o município de Conde tem uma área de 95.400 ha e 20.426 habitantes, com 9.934

deles (48,63%) habitando a zona rural. De acordo com as observações realizadas, a

comunidade da Vila de Altamira, em que existe uma associação de agricultores, pratica

basicamente uma agricultura familiar de baixo nível tecnológico (milho, feijão e mandioca) e

a criação de pequenos animais (aves e suínos). Alguns moradores trabalham em empresas

reflorestadoras, em atividades sazonais, por intermédio das empresas prestadoras de serviço.

Existem, também, pessoas da comunidade que trabalham em serviços relativos ao turismo.

Nas áreas do Bloco Altamira, foram implantadas anteriormente espécies do gênero

3LQXV por outra empresa, a Duratex Florestal Ltda (DURAFLORA), compreendendo uma área

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de plantio de 2.366,16 ha e 177,76 ha ocupados por aceiros. A Tabela 4.2 sintetiza a formação

do Bloco Altamira.

Tabela 4.2 - Formação do Bloco Altamira, da COPENER, 2003.

3URMHWR� ÈUHD�GH�SODQWLR��KD�� ÈUHD�GH�DFHLURV��KD�� ÈUHD�WRWDO��KD��Altamira I 1.040,62 69,51 1.110,13 Altamira II 518,18 30,97 549,15 Altamira III 807,36 77,28 884,64 Total 2.366,16 177,76 2.543,92

A temperatura média anual da região é de 250 C, ficando a média das máximas em torno

de 290 C e a média das mínimas em 220 C. As temperaturas mais baixas acontecem quando da

penetração das massas polares, nos meses de inverno. A média de amplitude térmica anual é

inferior a 50 C, evidenciando a estabilidade climática no tocante aos condicionantes térmicos.

As médias anuais de precipitação pluviométrica têm uma grande variação no DFLN. A

pluviometria média anual da área onde se insere o Bloco Altamira mensurada desde 1952 é de

1.427 mm. As chuvas são bem distribuídas, sendo o período de março a agosto de maior

pluviometria, representando 70,3% do total médio precipitado. No restante dos meses, a

pluviometria é superior a 60 mm, sendo inferior a este índice apenas o mês de outubro, com

59 mm. O clima foi classificado como subúmido a úmido (COPENER, 2003). A Figura 4.4

mostra a localização dos projetos Altamira I, II e III, em relação à Vila de Altamira e às duas

cidades mais próximas, e a Figura 4.5 é uma representação gráfica do balanço hídrico da

região.

Confrontando-se evapotranspiração potencial (EP) e pluviometria, o balanço hídrico da

área indica um período de deficiência hídrica da ordem de 185 mm que vai de dezembro a

março, seguido de um período de reposição de água no solo de 125 mm, ocorrendo de abril a

maio, meses de maior pluviometria. Isto acarreta, para o período de maio, junho, julho e

agosto um total de 317 mm de excedente hídrico, por serem estes os meses de menor

requerimento de água pelo solo, em função dos baixos índices de EP. Em seguida, em função

de um menor índice pluviométrico e maiores taxas de EP, começa o período de retirada de

água do solo que vai de setembro a dezembro. Para a cultura do eucalipto, em solos sem

impedimentos físicos ao crescimento das raízes, e com teores médios a altos de argila, a

capacidade de retenção de água deverá suplantar 180 mm, reduzindo o déficit hídrico para

valores abaixo de 100mm.

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Esplanada

Pedras

EntreRios

Cardealda Silva

Boa Vista

Palame

Baixios

Mulungú

Cangurito

Altamira

Lagoa Redonda

38º0

0’38

º00’

12º00’12º00’

R

p

io

e

I hn ambu

Rio Inhambupe

Ri o I tap ci uru

Rio I tap ci uru

� ��

Figura 4.4 – Localização dos projetos do Bloco Altamira, em relação à Vila de Altamira e às cidades de Esplanada e Cardeal da Silva (COPENER, 2003).

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0 0

20 20

40 40

60 60

80 80

100 100

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

120 120

140 140

160 160

180 180

200 200

220 220

ALTAMIRA (CONDE - BA)

/(*(1'$DEFICIÊNCIA RETIRADA

EXCEDENTE

P EP

REPOSIÇÃO.

ER

Figura 4.5 – Representação gráfica do balanço hídrico da região de Altamira (COPENER, 2003).

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Os remanescentes da vegetação natural existentes nas áreas dos três projetos

correspondem às coberturas florísticas de Floresta Ombrófila Densa e às Áreas de Contato

Floresta Ombrófila-Cerrado e Floresta Estacional-Cerrado (COPENER, 2003).

A Floresta Ombrófila Densa é constituída por fanerófitas ombrófilas sem resistência à

seca. Sua folhagem é sempre verde, podendo apresentar no dossel superior, árvores sem

folhas durante alguns dias. Ocupa áreas próximas ao litoral, com um curto período seco (de 0

a 4 meses), durante o ano e temperatura acima de 250C. O estrato superior apresenta árvores

com altura que variam entre vinte e trinta metros. As Áreas de Contato Floresta Ombrófila-

Cerrado e Floresta Estacional-Cerrado refletem as interações do clima, litologia e relevo.

Contudo, estas mudanças não são súbitas, mas graduais, causando uma competição entre as

espécies dos diversos tipos de vegetação (ALCÂNTARA, 1991).

A Tabela 4.3 mostra a contribuição de cada projeto para a formação da paisagem no

Bloco Altamira. Observa-se que o projeto Altamira III é o maior em extensão, com 45% da

área total do bloco. A sua participação aumenta para 56%, quando consideradas apenas as

áreas com vegetação natural. Por outro lado, contribui com apenas 34% para a área total de

plantio do bloco. O projeto Altamira II, por ter a menor extensão, contribui com os menores

percentuais em todos os componentes. O projeto Altamira I tem uma participação

intermediária na área total do bloco (36%), quase dez pontos abaixo do Altamira III, mas é o

que mais contribui para a área total, exato dez pontos percentuais acima daquele projeto (44%

YHUVXV 34%). Nos projetos Altamira I, II e III os aceiros ocupam áreas de 69,51 ha, 30,97 ha e

77,28 ha, respectivamente. Nos projetos Altamira II e III, existem gasodutos da Petrobras e

linhas de alta tensão que ocupam áreas de 3,17 ha e 20,71 ha, respectivamente, que

completam a área total dos projetos.

Tabela 4.3 - Contribuição dos projetos para a formação da paisagem no Bloco Altamira, da COPENER, 2003.

3DUWLFLSDomR�QD�iUHD�WRWDO� 3DUWLFLSDomR�QD�iUHD�WRWDO�GH�SODQWLR�3DUWLFLSDomR�QDV�iUHDV�FRP�YHJHWDomR�QDWXUDO��3URMHWRV�

�KD�� ���� �KD�� ���� �KD�� ����Altamira I 1.783,93 36 1.040,62 44 673,80 28 Altamira II 934,22 19 518,18 22 381,90 16 Altamira III 2.287,05 45 807,36 34 1.381,69 56 Totais 5.005,20 100,00 2.366,16 100,00 2.437,39 100,00

Estes dados possibilitaram a construção dos gráficos mostrados nas Figuras 4.6, 4.7 e

4.8, que ilustram a participação dos projetos na formação do Bloco Altamira, bem como a

distribuição das áreas de plantio e com vegetação natural.

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1.783,93

934,22

2.287,05

Altamira I

Altamira II

Altamira III

Figura 4.6 - Participação de cada projeto na formação do Bloco Altamira (ha).

1.040,62

518,18

807,36

Altamira I

Altamira II

Altamira III

Figura 4.7 - Distribuição das áreas de plantio nos projetos do Bloco Altamira (ha).

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673,80

381,90

1.381,69Altamira I

Altamira II

Altamira III

Figura 4.8 - Distribuição das áreas com vegetação natural nos projetos do Bloco Altamira (ha)

Os solos brasileiros são dominados, em sua grande maioria, por argilas de baixa

atividade com poucas cargas negativas de superfície, em função do intemperismo muito

acentuado. Além da caulinita, os minerais secundários goethita, hematita e gibbsita têm uma

capacidade elevada de adsorção de fosfatos, tamponando o nutriente Fósforo e reduzindo sua

disponibilidade para as plantas. Assim, a matéria orgânica presente nos solos representa, em

condições tropicais, uma importante fonte de cargas elétricas, contribuindo para aumentar os

valores de CTC (SCHAEFER, 2000).

Na RLN, predominam os solos do ecossistema dos tabuleiros costeiros (Latossolos

Amarelos e Podzólicos Amarelos) que são profundos, ácidos, álicos, com baixa capacidade de

troca catiônica, pouca diferença morfológica entre os horizontes e presença freqüente de

horizontes coesos (JACOMINE, 1996). Estes tipos de solos são encontrados nas áreas em que

os reflorestamentos da COPENER estão implantados. Camargo e Aleoni (1987) constataram

que a compactação e o adensamento do solo restringem o desenvolvimento radicular.

Conforme Santos e Rezende (1989), Santos (1992) e Nacif (1994), a compactação e o

adensamento do solo provocam diminuição da macroporosidade, justamente aquela

responsável pela circulação do ar no solo. Isto ocorre nas camadas coesas dos principais solos

dos tabuleiros costeiros. Estes autores afirmaram que os horizontes coesos dos solos dos

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tabuleiros costeiros apresentam taxa de infiltração e condutividade hidráulica baixas,

comparadas às dos horizontes supra e subjacentes, não coesos. Os solos dos ecossistemas dos

tabuleiros costeiros são péssimos reservatórios de nutrientes, particularmente na

subsuperfície, devido à baixíssima CTC. Além de pobres em nutrientes, são ácidos e com

elevados teores de Alumínio trocável ao longo do perfil. Isto prejudica o crescimento,

desenvolvimento e produção dos cultivos, por duas razões: a) efeitos do pH; b) toxicidade do

Hidrogênio e do Alumínio (REZENDE, 2000).

A macroporosidade está relacionada com a aeração e conseqüente disponibilidade de

Oxigênio para as raízes. A falta de aeração e o impedimento físico (resistência à penetração)

são as principais causas de inibição do crescimento radicular em solos compactos e pouco

densos.

Se o solo estiver saturado, condição fácil de ser atingida em camadas compactas e/ou

densas, a difusão do Oxigênio, por sua troca com a atmosfera, será muito prejudicada. Como a

raiz consome este elemento, seu teor poderá então diminuir muito no ar do solo, a tal ponto

que a planta passa a sentir sua deficiência. A difusão do Oxigênio do ar atmosférico para

dentro do solo é muito importante para manter esse elemento em níveis suficientemente altos

para o crescimento a decolar adequado. Essa difusão depende muito do espaço poroso livre de

água ou porosidade de aeração (CAMARGO E ALEONI, 1987).

As restrições dos solos dos tabuleiros costeiros são aspectos primordiais dos estudos e

levantamentos de solos que as empresas reflorestadoras realizam. Esta preocupação é mais

intensa nos projetos destinados à produção de celulose, porque o material genético cultivado

tem o sistema radicular menos agressivo.

As raízes das mudas de espécies arbóreas ocupam menos que 5% do volume do solo,

considerando os 15 cm superiores, onde são mais abundantes. Para muitas espécies, o volume

ocupado decresce rapidamente com a profundidade e, freqüentemente, não corresponde a

mais que a centésima ou a milésima parte de 1% a 50 cm de profundidade. Apenas uma

pequena fração de solo na zona radicular está em contato direto com as raízes. Portanto, o

funcionamento das raízes dos solos é determinado não só pelas características fisiológicas do

sistema radicular, mas também por fatores edáficos, como a compactação e o adensamento

que determinam a velocidade com que os nutrientes e água se movem até a interface solo-raiz

(REZENDE, 2000).

A degradação do solo se refere à redução de suas qualidades em relação à produtividade

dos cultivos. É um processo complexo, para o qual contribuem vários fatores naturais e/ou

induzidos pelo homem. De acordo com Castro (1996), os processos de degradação

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determinam as propriedades intrínsecas do solo. De outro lado, a produtividade do sistema de

produção é determinada pela eficiência do manejo, de acordo com os insumos não

controláveis (chuvas e energia solar) e controláveis (irrigação, fertilizantes, pesticidas, mão-

de-obra e máquinas).

A cultura do eucalipto tem sérios problemas de desenvolvimento, longevidade e

produtividade em solos coesos, muitas vezes inadequadamente manejados. Uma alternativa

para contornar o problema da coesão é a subsolagem. Esta prática consiste no uso de

implementos de preparo profundo do solo (subsoladores) cujos órgãos ativos são hastes, que

não revolvem o solo, apenas o penetram e rasgam as camadas compactadas, mantendo a sua

ordem natural. O rompimento por subsolagem dos horizontes eu camadas compactas e/ou

densas resulta em benefícios imediatos. No DFLN, esta prática é muito comum, para

viabilizar os reflorestamentos com eucalipto (REZENDE, 2002).

As propriedades químicas dos solos dos tabuleiros costeiros também se constituem em

um aspecto que as empresas reflorestadoras consideram em seus estudos e práticas de manejo.

Nesse sentido, o monitoramento e o manejo dos nutrientes disponíveis no solo são

fundamentais para a produtividade dos projetos de reflorestamento.

Os solos dos tabuleiros costeiros são invariavelmente ácidos. A influência da acidez do

solo sobre as plantas se manifesta pelos efeitos tóxicos do Alumínio, Hidrogênio e Manganês

insolúveis e pela redução na disponibilidade de nutrientes do meio. Esses efeitos são

controlados pela aplicação de calcário dolomítico (calagem). Além de elevar o pH, a calagem

neutraliza ou reduz os efeitos tóxicos do Alumínio e eleva os teores de Cálcio e Magnésio,

melhorando o ambiente para desenvolvimento radicular e a atividade de microorganismos, e

proporcionando maior absorção e resistência das plantas ao estresse hídrico. O manejo

destinado à eliminação dos fatores limitantes do solo por meio da aplicação de quantidades

necessárias de insumos baseia-se no ajuste do solo às demandas da planta.

A chave do manejo eficiente da fertilidade do solo, diminuindo o uso de insumos

externos, consiste em: a) sincronizar a demanda de nutrientes do cultivo com as taxas de

liberação dos mesmos; b) o uso de germoplasma adaptados às condições locais; c) a

promoção de reciclagem de nutrientes com o manejo adequado dos resíduos das colheitas; d)

o uso de sistemas de cultivos conservacionistas; e) o uso de adubos verdes e a rotação de

cultivos. Em síntese, a preocupação principal é reduzir os custos dos insumos externos e

aumentar o uso eficiente dos insumos disponíveis LQ�VLWX (REZENDE, 2000). Estas práticas

colaboram simultaneamente para a qualidade ambiental dos ecossistemas e a produtividade

dos cultivos, através da manutenção da sustentabilidade dos solos.

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O sistema produtivo empregado na implantação e manutenção dos reflorestamentos do

Bloco Altamira orientou-se, prioritariamente, pelos resultados obtidos no levantamento semi-

detalhado de solos. A classificação das terras segundo a aptidão agrícola determinou a seleção

das áreas de plantio. As terras foram enquadradas em três classes de aptidão. A Classe Boa é

aquela cujas limitações estão ligadas principalmente à fertilidade. A Classe Regular apresenta,

além da fertilidade natural, restrições ligadas à profundidade efetiva e adensamentos

subsuperficiais nos solos. A Classe Restrita possui fortes limitações em fertilidade,

profundidade efetiva, e altos teores de areia. Estas informações foram correlacionadas com as

características dos clones obtidos no programa de melhoramento genético e o resultado final

estabeleceu as recomendações gerais para a implantação dos projetos: a) demarcação dos

talhões; b) técnicas de preparo do solo; c) seleção dos clones ou espécies para plantio; d)

adubação; e) sistema de estradas e carreadores. Paralelamente, o levantamento indicou as

áreas que deveriam ser destinadas a reserva legal, preservação permanente e recuperação

ambiental (COPENER, 2003).

Segundo Souza (1992), os plantios clonais de híbridos de (XFDO\SWXV spp podem

produzir até mais de 60 m3/ha/ano. Os projetos do Bloco Altamira estão entre aqueles com

maior potencial produtivo do DFLN, de acordo com as projeções efetuadas pela COPENER,

visto que as produtividades mensuradas são superiores a 60 m3/ha/ano, por causa das

condições edafoclimáticas encontradas nessas áreas, favoráveis ao emprego das técnicas

modernas da silvicultura (COPENER, 2003). Este número supera em cerca de 20-25% acima

média nacional (BRACELPA, 2003). A associação de instrumentos de planejamento e gestão

como o levantamento semi-detalhado de solos e os programas de melhoramento genético e

recuperação ambiental, permitiram estabelecer tais expectativas.

�������2�OHYDQWDPHQWR�VHPL�GHWDOKDGR�GH�VRORV�H�D�DYDOLDomR�GD�SRWHQFLDOLGDGH�GDV�WHUUDV

A COPENER efetuou um levantamento semi-detalhado de solos e conseqüente

avaliação da potencialidade das terras para reflorestamento com espécies do gênero

(XFDO\SWXV, em uma área de 2.543,42 ha que abrange plantios e aceiros nos três projetos de

reflorestamento Altamira I, II e III que formam o Bloco Altamira.

O levantamento objetivou a identificação, classificação e separação dos diferentes tipos

de solos, em função de suas características físicas, químicas e morfológicas e seus reflexos

sob o ponto de vista de potencialidade de uso e manejo. O correspondente mapeamento foi

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realizado seguindo as recomendações da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (1976). Para

a classificação dos solos, foram adotadas as normas utilizadas pelo Serviço Nacional de

Levantamento e Conservação de Solos (1979).

A elaboração dos Mapas Semi-detalhados de Solos, na escala 1:10.000 e a interpretação

das análises físico-químicas dos solos e das características geoambientais foi utilizada no

julgamento da potencialidade das terras para reflorestamento, usando-se como referência, o

comportamento dos reflorestamentos de (XFDO\SWXV em áreas similares na região. O sistema

de avaliação da potencialidade das terras derivou de outros existentes, introduzindo o enfoque

da silvicultura do eucalipto. Estas adaptações na avaliação são específicas para as

características dos projetos de reflorestamento da COPENER (COPENER, 2003). Nos

projetos do Bloco Altamira, as seis classes de solos mapeadas (Podzólico Amarelo, Podzólico

Acinzentado, Podzol, Areias Quartzosas, Cambissolo e Plintossolo) foram identificadas e

individualizadas quatorze unidades de mapeamento nos três projetos do Bloco Altamira,

sendo doze unidades simples e duas em associações.

Os Podzólicos Amarelos desenvolvem-se a partir de sedimentos do Grupo Barreiras,

distribuindo-se por todos os projetos trabalhados, em relevo com amplitude de plano a

ondulado e possuem perfeita diferenciação de horizontes. Eles apresentam uma gama muito

extensa de variações em suas características intrínsecas, principalmente no tocante às

características físicas. Esta classe compreende as unidades de solos com amplo domínio de

ocorrência (cerca de 85%), nos projetos do Bloco Altamira. Quimicamente, caracteriza-se por

um alto grau de dessaturação, com baixa capacidade de troca de cátions e soma de bases. Eles

apresentam elevada saturação com Alumínio trocável e os elementos fundamentais ao

crescimento das culturas apresentam teores muito baixos (COPENER, 2003).

Os Podzólicos Acinzentados apresentam horizonte B textural e restrições de drenagem

em determinados períodos do ano, ou por se posicionarem em fundos de vales que

entrecortam os projetos. Foram verificadas duas unidades de mapeamento distintas no Bloco

Altamira. A unidade PCd9 localiza-se em fundos de vales e é utilizada para o plantio. A

unidade PCd16 localiza-se nas cabeceiras de drenagens e áreas de insurgência. Quimicamente

as duas unidades não diferem muito entre si. Os solos da unidade PCd9, devido à posição que

ocupam na paisagem e à natureza do material de origem, são mais dessaturados que os

constituintes da unidade PCd16. A saturação de bases é baixa para ambas as classes e os

teores de Alumínio são elevados, o que lhes confere o caráter álico. Potencialmente,

apresentam aptidão diferenciada para o reflorestamento com eucalipto (COPENER, 2003).

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Os Podzóis são solos minerais não hidromórficos com horizonte B espódico (B Podzol)

que ocupam superfícies nos projetos Altamira I e II, em fundos de vales próximos a lagoas

naturais, divididos nas unidades P6, nos tabuleiros, e P7, nas aparições das baixadas. Estes

solos são muito dessaturados, o que condiciona a baixa disponibilidade de nutrientes e a

elevada saturação com Alumínio trocável. São extremamente ácidos e, em função do grau de

cimentação do horizonte B, apresentam sérias restrições ao desenvolvimento radicular e à

drenagem. De todas as unidades, estes solos têm os níveis de fertilidade mais baixos. A

potencialidade destes solos é baixa devido às condições químicas e físicas, além das restrições

impostas pelos altos teores de areia, no tocante ao armazenamento de água nos horizontes

superficiais. Os solos da unidade P6 foram considerados viáveis ao reflorestamento, mas de

aptidão restrita para o eucalipto. A unidade de mapeamento P7, representativa dos Podzóis de

baixada, foi considerada de aptidão regular ao reflorestamento, em face da maior

disponibilidade de água durante o ano em relação à unidade P6 (COPENER, 2003).

As Areias Quartzosas são solos minerais, não hidromórficos, profundos, essencialmente

quartzosos, com textura areia ou areia-franca ao longo do perfil. As ocorrências restringem-se

a pequenas aparições no projeto Altamira III, em terços inferiores de encostas, próximos aos

fundos dos vales. Estes solos foram enquadrados na Classe Regular de potencialidade para a

implantação de eucalipto, considerando as fertilizações que precisariam ser realizadas e a

posição que ocupam na paisagem. (COPENER, 2003).

Os Cambissolos são solos minerais não hidromórficos, com horizonte B incipiente que

apresentam textura argilosa ou média, com espessura em torno de 20 a 30 cm. Neles, a soma

de bases é muito baixa e a saturação com Alumínio trocável é maior que 50%, na maioria das

ocorrências. Estes solos são, em sua grande maioria, rasos ou pouco profundos, com

profundidade efetiva média entre 30 a 80 cm e ocupam áreas levemente dissecadas de relevo

suave ondulado em todos os projetos do Bloco Altamira. Em termos de potencialidade para

fins de reflorestamento, foram classificados como inaptos, em função das inúmeras restrições

ligadas a profundidade efetiva, disponibilidade de água, erosão, fertilidade, teor de concreções

e relevo (COPENER, 2003).

Os Plintossolos têm restrições temporárias à percolação d’ água e possuem como

característica principal a ocorrência de plintita e/ou petroplintita em superfície e/ou em

profundidade. A sua ocorrência na área se dá entre as vertentes ou em terços inferiores e

médios de encostas em relevo suave ondulado e ondulado associados aos Cambissolos. As

propriedades químicas condicionam uma fertilidade natural baixa. São solos fortemente

ácidos, com teores médios de Alumínio trocável, ocorrendo solos álicos e distróficos.

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Portanto, são restritivos ao eucalipto, devido às limitações impostas ao crescimento do

sistema radicular em subsuperfície e pela elevação do lençol freático nos períodos chuvosos

(COPENER, 2003).

As 14 unidades de mapeamento de solos distribuídas nas Classes Podzólico Amarelo,

Podzólico Acinzentado, Podzol e Areias Quartzosas são descritas na Tabela 4.4. Os estudos

culminaram na elaboração de um mapa de potencialidade das terras, e que norteou a

implantação e o manejo dos projetos de reflorestamento com eucalipto do Bloco Altamira.

Tabela 4.4 – Unidades de mapeamento do levantamento semi-detalhado de solos do Bloco Altamira (COPENER, 2003). 8QLGDGHV�GR�PDSHDPHQWR� &DUDFWHUL]DomR�Pad1 Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa com adensamento A

moderado, textura arenosa/média ou arenosa/argilosa relevo plano. Pad4 Podzólico Amarelo distrófico argila de atividade baixa com fragipan A moderado,

textura arenosa/média ou arenosa/argilosa relevo plano. Pad4* Podzólico Amarelo distrófico argila de atividade baixa pouco profundo adensado

com mosqueado A moderado, textura média/argilosa ou média/muito argilosa, relevo plano e suave ondulado.

Pad7 Podzólico Amarelo distrófico argila de atividade baixa, adensado A moderado, textura média/argilosa relevo plano.

Pad9 Podzólico Amarelo distrófico argila de atividade baixa, adensado, com mosqueado A moderado, textura média/argilosa ou média/muito argilosa relevo plano e suave ondulado.

Pad12 Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa com fragipan e ou ironpan A moderado, textura média/argilosa relevo plano.

Pad19 Associação de: Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa com fragipan e/ou ironpan A moderado textura média/argilosa + Podzólico Amarelo distrófico argila de atividade baixa adensado com mosqueado A moderado textura média/argilosa ou média/muito argilosa ambos em relevo plano.

Pad21 Associação de: Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa com fragipan e/ou ironpan A moderado, textura média/argilosa + Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa pouco profundo A moderado, textura arenosa/média ambos em relevo plano e suave ondulado.

Pad61 Podzólico Amarelo distrófico e álico argila de atividade baixa adensado com mosqueado A moderado, textura média/argilosa relevo plano de baixada.

Pcd9 Podzólico Acinzentado distrófico e álico argila de atividade baixa A moderado e proeminente, textura média/argilosa relevo plano.

Pcd6 Podzólico Acinzentado distrófico e álico argila de atividade baixa, pouco profundo, com duripan e ironpan A moderado textura arenosa/média relevo plano.

P6 Podzol com duripan A fraco e moderado espesso textutura arenosa/média relevo plano de tabuleiro.

P7 Podzol com duripan A moderado, textura arenosa/média relevo plano de baixada. AQ 1 Areia Quartzosa A moderado, relevo plano de baixada.

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Em resumo, as unidades de mapeamento apresentam as seguintes características gerais:

a) fertilidade natural baixa e muito baixa, para todas as unidades; b) adensamentos físicos em

profundidades variadas; c) os Podzóis e os Podzólicos Acinzentados são muito dessaturados;

d) níveis críticos de Fósforo e Potássio para o desenvolvimento do eucalipto.

A Tabela 4.5 apresenta a relação das unidades de mapeamento de solos, com as

respectivas áreas de ocorrências por projeto e sua extensão em relação à área total. Em todos

os projetos do Bloco Altamira, constata-se que a unidade PAd4* é a de maior expressividade,

seguida das unidades PAd12 e PAd1. Esta distribuição espacial determinou a locação dos

talhões de plantio, com reflexos na formação da paisagem do Bloco Altamira.

Tabela 4.5 - Distribuição espacial das unidades de solos nos projetos Altamira I, II e III, do Bloco Altamira (COPENER, 2003).

ÈUHD����KD�� 3DUWLFLSDomR�WRWDO�QR�%ORFR�8QLGDGHV�GH�VRORV�

Altamira I

Altamira II

Altamira III ��KD�� ���

PCd9 58,07 19,50 53,79 131,36 5,15 PCd16 20,68 11,18 32,96 64,82 2,54

PAd1 91,18 15,26 338,48 444,92 17,43

PAd4 2,40 6,11 - 8,51 0,32 PAd4* 293,92 128,82 182,33 605,07 23,63 PAd7 - 0,83 62,36 63,19 2,48 PAd9 69,48 106,27 41,47 217,22 8,51 PAd12 263,63 125,51 56,83 445,97 17,47 PAd19 237,12 110,33 - 347,45 13,61 PAd21 15,51 - - 15,51 0,61 PAd61 - 6,88 19,55 26,43 1,04 P6 39,11 14,99 92,22 146,32 5,73 P2 29,76 3,47 - 33,23 1,30 AQ1 - - 4,65 4,65 0,18 Total* 1.120,86 549,15 884,64 2.554,65 100

* Compreende áreas de plantio efetivo e aceiros.

Na interpretação de um levantamento de solos, diversos tipos de análise são realizados,

em função do uso previsto para a terra. Normalmente as interpretações são elaboradas a partir

de classificações técnicas com finalidades bem definidas e que retratam o nível tecnológico do

momento em que são elaboradas. Isto faz com que os procedimentos e a interpretação sejam

dinâmicos podendo ser substituídas e atualizadas à medida que os conhecimentos científicos e

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tecnológicos evoluam. As classificações dos solos constituem-se, conseqüentemente, na

ferramenta fundamental para um planejamento do uso da terra. A avaliação da potencialidade

das terras do Bloco Altamira foi baseada em resultados de levantamentos de vários atributos:

solo, clima, vegetação, geologia e geomorfologia (COPENER, 2003).

A metodologia consistiu em separar as diversas atividades agrícolas e silviculturais em

classes distintas, conforme a intensidade ou capacidade de uso dos solos que cada uma requer,

mantendo-se sempre a preocupação com a conservação deste recurso natural. As classes que

expressam o potencial das terras para o tipo de utilização em questão refletem o grau de

intensidade com que as limitações afetam as terras. São definidas em termos de graus

estabelecidos com base no trabalho de Lepsch (1983), referentes aos fatores limitantes mais

significativos. Neste aspecto, foram estabelecidas quatro classes para reflorestamentos.

Na Classe 1 (Boa), o solo possui as seguintes características: a) profundo, de textura

franco-arenosa a argila leve, sem predominância de argila expansivas; b) pouca ou nenhuma

pedregosidade, sem camadas ou horizontes que causem impedimentos sérios ao

desenvolvimento das raízes; c) fertilidade variável de baixa a alta; d) erosão laminar de nula à

ligeira; e) relevo com declives até 6%; d) drenagem livre mas não excessiva; e) riscos de

encharcamento ausentes; e) sem período seco prolongado, acima de quatro meses, ou

temperaturas baixas (<15ºC).

A Classe 2 (Regular) reúne as terras moderadamente aptas os reflorestamentos, nas

quais os solos apresentam ligeiras a moderadas restrições devidas a: a) textura grosseira ou

extremamente fina, podendo ocorrer argilas expansivas; b) limitada profundidade efetiva; c)

pedregosidade moderada; d) moderada erosão atual ou risco de erosão potencial; e) relevo

com declives entre 6 e 15%; f) drenagem de acentuada a moderada sem ocorrência de

inundação ou encharcamento prolongados; g) período de estiagem menor que cinco meses, ou

temperaturas muito baixas durante vários meses.

A Classe 3 (Restrita) compreende as terras pouco aptas para os reflorestamentos, com

fortes restrições devido ao solo: a) textura franco-arenosa e areia-franca; b) presença de

horizontes SDQV, com pouca profundidade efetiva; c) declives entre 15 e 45%); d) forte ou

imperfeitamente drenado, com lenta permeabilidade; e) fortes restrições por pedregosidade; f)

riscos de inundações freqüentes ou encharcamentos prolongados; g) longos períodos secos,

maiores que cinco meses.

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A Classe 4 (Inapta) caracteriza os solos com severas limitações: a) textura arenosa; b)

solos rasos, pedregosos; c) declives superiores a 45%; d) excessivamente drenados ou mal

drenados, com encharcamento quase contínuo; e) períodos secos superiores a seis meses.

Para definir os graus de limitação, são considerados fatores que possam interferir no

desenvolvimento dos reflorestamentos. Das características do solo, a disponibilidade de

nutrientes (fertilidade); a textura e tipo de argila; a pedregosidade; a profundidade efetiva e a

presença de camadas ou horizontes impeditivos. Na topografia, os fatores como a declividade,

a posição relativa no relevo e a erosão presente ou potencial. Quanto à drenagem, a

permeabilidade, os riscos de inundação ou encharcamentos e o período em que ficam

submetidos ao excesso de água. No clima, os valores mensais e anuais de chuvas; as

temperaturas médias, máximas e mínimas; a evapotranspiração real e potencial e o balanço

hídrico dos solos. Diferentes graus de limitação em relação ao solo de referência indicam a

intensidade dessa variação, sendo selecionados seis fatores de limitação, com vistas ao

julgamento da potencialidade das terras do Bloco Altamira: a) deficiência de fertilidade; b)

impedimentos físicos; c) profundidade efetiva do solo; d) deficiência de água; e) excesso de

água ou deficiência de oxigênio; e f) susceptibilidade à erosão (Tabela 4.6). No julgamento de

cada fator são estabelecidos quatro graus de limitação: nulo, ligeiro, moderado e forte, de

acordo com o nível de restrição da cada fator (COPENER, 2003).� Tabela 4.6 – Fatores de limitação do uso do solo para a avaliação da potencialidade das terras para os reflorestamentos do Bloco Altamira.

)DWRUHV�GH�OLPLWDomR�

'HVFULomR�

Deficiência de fertilidade Dependente do teor de macro e micronutrientes; Presença/Ausência de substâncias tóxicas; Avaliada pela saturação de bases, saturação de Alumínio, soma de bases, CTC, relação C/N, P assimilável, saturação com Na e pH.

Impedimentos físicos

Adensamento, coesão ou endurecimento de camadas; Horizontes plínticos ou petroplinticos; Reduz a superfície ativa do solo, a disponibilidade de água e nutrientes; Restrições ao sistema radicular; Intervenções podem minimizar seus efeitos.

Profundidade efetiva

Área efetiva de exploração pelo sistema radicular; Ocasionada por contato solo-rocha ou processos pedogenéticos; Baixa eficácia das intervenções de minimização; Se reduzida, prejudica a absorção de água e nutrientes.

Deficiência de água

Quantidade de água armazenada e disponível; Depende de condições edafoclimáticas; Vegetação natural e comportamento das culturas também determinam o grau

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de limitação. Excesso de água-deficiência de Oxigênio

Relacionado à drenagem natural, resultante de características edafoclimáticas; Análise: riscos, freqüência e duração das inundações; Observações: estrutura, permeabilidade, lençol freático.

Susceptibilidade à erosão

Desgaste da superfície do solo por causa do uso; Depende das condições edafoclimáticas, relevo, cobertura vegetal e forma de preparo do solo.

A avaliação da potencialidade das terras para reflorestamento revelou os diversos

fatores de limitação ao uso, destacando-se a baixa fertilidade natural, adensamentos, pouca

profundidade efetiva, baixa retenção de umidade, e horizontes SDQV. Além disso, considerou-

se a restrição climática relacionada ao déficit hídrico em quatro meses do ano. O julgamento

final da potencialidade considerou as variações dos solos, as condições de relevo, clima e as

intervenções efetuadas pela COPENER (subsolagem profunda, adubação química, herbicidas,

controle de erosão). Em uma avaliação anterior, foram eliminadas todas as áreas que

apresentaram restrições fortes ao plantio do eucalipto. Por essa razão, não houve terras

enquadradas na Classe Inapta, e uma baixa percentagem de terras foi enquadrada na Classe

Restrita (COPENER, 2003).

Os resultados dessa avaliação orientaram os procedimentos de implantação e

manutenção dos projetos, visando ao alcance de produtividades elevadas. Para as terras da

Classe Boa, cujas limitações estão ligadas principalmente à fertilidade, foi recomendada a

correção das deficiências nutricionais. Para as terras da Classe Regular, com fatores de

limitação ligados, também à profundidade efetiva e adensamentos subsuperficiais nos solos,

foi recomendada a utilização de subsolagem profunda. Em ambos os casos, foram

implantados materiais genéticos adaptados às especificidades edafoclimáticas. Para as terras

da Classe Restrita não foram recomendadas intervenções corretivas, sendo consideradas

inviáveis para a eucaliptocultura, por causa das fortes limitações em fertilidade, profundidade

efetiva e os altos teores de areia. Assim, o planejamento definiu manejos diferenciados para as

diversas unidades de mapeamento de solos enquadradas nas classes de aptidão.�

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���$�(035(6$��&23(1(5�

Este capítulo tem como objetivo caracterizar, em linhas gerais, o contexto em que os

reflorestamentos da COPENER foram introduzidos, bem como a evolução da empresa ao

longo da sua atuação na RLN. Assim, toma-se como ponto de partida a introdução da

atividade florestal na RLN, por meio dos mecanismos indutores das políticas públicas,

passando pelas modificações nos rumos da empresa, provocadas por mudanças nestas

políticas. São abordadas também as influências das forças de mercado e das pressões sócio-

ambientais sobre a atuação da empresa.

Os primeiros campos de petróleo e gás natural brasileiro foram descobertos no Estado

da Bahia. Durante muitos anos o Estado foi responsável por toda a produção nacional de

petróleo. A disponibilidade de petróleo e gás natural atraiu a localização de uma refinaria e

posteriormente de plantas de amônia, uréia e negro de fumo. Estas unidades pioneiras, aliadas

à oferta de propeno e de nafta da refinaria, desencadearam em 1968 o processo para a

localização na Bahia de um conjunto de plantas petroquímicas integradas, comumente

referido por Complexo Petroquímico da Bahia, Complexo Petroquímico de Camaçari, ou

ainda, Pólo Petroquímico do Nordeste. O complexo localiza-se no município de Camaçari, a

50 km da cidade de Salvador, capital do Estado, e próxima à Refinaria Landulfo Alves e ao

Centro Industrial de Aratu (COPENER, 1982).

Em 1972, foi criada a Companhia Petroquímica do Nordeste (COPENE), empresa

subsidiária da Petroquisa, para cuidar do planejamento da instalação do pólo petroquímico em

colaboração com o governo do Estado da Bahia. No ano seguinte, iniciava-se o trabalho de

preparação do terreno e em 1975 completava-se o quadro de empresas integrantes do grupo

básico de plantas do complexo. Em 1976, a COPENE iniciou a operação das primeiras

unidades da central de utilidades, passando a abastecer as fábricas já em operação, o que

aumentou sua demanda por energia (COPENER, 1982).

A partir dos anos 1970, as empresas reflorestadoras começaram a se estabelecer na

região. Com elas, chegaram também muitas promessas e uma grande expectativa na

população local em relação à melhoria na qualidade de vida. Uma análise crítica da

implantação e atuação dessas empresas na região mostra que os problemas se iniciam com

uma enorme contradição entre os seus objetivos e a sua prática, além de falhas, desvios e

erros na sua implementação.

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Nessa época, a vegetação natural estava bastante descaracterizada na RLN, devido à

ação antrópica, mas ainda existiam grandes remanescentes, conforme os relatos tanto de

pessoas das comunidades rurais, quantos de técnicos de órgãos públicos e empresas

reflorestadoras. Em termos de produção agrícola, as informações disponíveis no Escritório

Local do IBGE em Alagoinhas indicaram que, em 1968, ela não atendia às necessidades do

município de Alagoinhas, quanto a gêneros alimentícios.

A partir de 1979, o Estado da Bahia começou a se consolidar como pólo florestal. Esse

período de dinheiro relativamente fácil favoreceu o surgimento de uma série de distorções que

iam desde a criação de empresas reflorestadoras de fachada até o aumento descontrolado e

sem planejamento das áreas de algumas empresas, sem ao menos haver uma preocupação com

a produtividade. Tal correria às fontes financiadoras trouxe alguns reflexos que podem ser

vistos ainda hoje quando da reforma de alguns maciços florestais. Nesse sentido, Castro Filho

(1993) afirmou que o problema maior dos incentivos fiscais residia no modelo adotado para a

sua distribuição. Efetivada pelo antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal

(IBDF), essa distribuição atendeu, na RLN, a critérios eminentemente políticos, e não

técnicos. Essa foi a razão pela qual os projetos de reflorestamento, de um modo geral, não

atingiram o objetivo sócio-econômico esperado.

A SEPLANTEC (1980) assinalou que houve um estágio da política florestal brasileira

marcado pelo sentido de reposição, sobretudo a exploração de madeira. Conforme as florestas

fossem derrubadas outras deveriam ser plantadas para dar continuidade ao ciclo de

exploração, com o prosseguimento do desmatamento de áreas de vegetação natural, devido à

rápida expansão da indústria madeireira e pela crise do setor energético. Porém, a reposição

por meio de reflorestamentos não conseguiu impedir o processo de devastação das florestas

naturais. Em seguida, se iniciou uma fase mais agressiva, de forma a estimular a formação de

extensas áreas reflorestadas.

Nos anos 1970, a crise energética representou um impulso adicional para o aumento da

demanda por madeira. A utilização do eucalipto em plantações florestais, conseqüentemente,

também cresceu nos anos seguintes. O estímulo às florestas plantadas traduziu,

simultaneamente, uma estratégia de desenvolvimento da atividade industrial de papel e

celulose. Tal estratégia fazia parte de uma política governamental de incentivos aos setores

produtivos de insumos, instrumentalizada no II PND.

Conforme Pedroso (2002), o processo de desenvolvimento rural brasileiro já vinha,

desde os anos 1950, se integrando ao sistema capitalista industrial, especialmente através de

mudanças tecnológicas. Referindo-se ao período 1950-1980, Furtado (1981) concluiu que o

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dinamismo da economia brasileira não se explica sem uma referência ao sacrifício imposto à

maioria da população do País e ao caráter extensivo da exploração dos recursos naturais de

um vasto território. Os efeitos da introdução dos reflorestamentos na RLN sobre a população

e o meio ambiente correspondem às características expansionistas desse modelo econômico.

As primeiras empresas reflorestadoras (Marquesa, Reflora, Duraflora, Sibra Florestal,

Torras, Itariry Florestal e Agropeva) adquiriram grandes extensões de terra na RLN,

caracterizada predominantemente pelos tabuleiros costeiros. Logo em seguida, iniciaram a

implantação das áreas de reflorestamentos com eucaliptos e pinus, bem como da infra-

estrutura básica e o recrutamento de mão de obra. Essas áreas tinham coberturas vegetais que

variavam desde matas primárias até áreas de pastagens, pois os critérios de seleção de terras

para aquisição eram primordialmente econômicos (custo de aquisição, infra-estrutura e

implantação).

Na economia mundial, a década de 1980 caracterizou-se pelos bons resultados dos

países industrializados, em termos de acumulação de riquezas, e pela redução do preço

internacional do barril de petróleo. O desempenho da economia norte-americana refletiu-se no

aumento do comércio internacional e a modernização tecnológica dos sistemas produtivos

caminhava a passos largos. No Brasil, os resultados alcançados pelo Pró-álcool, o aumento da

produção de petróleo em território brasileiro e o desenvolvimento da pesquisa voltada a novas

alternativas energéticas e economia de combustível se somaram a esse quadro, o que

provocou uma reviravolta na definição de prioridades das empresas.

Em 1980, as atenções da COPENE se voltaram para o aperfeiçoamento e a otimização

de suas unidades. A análise do desempenho da fábrica permitiu a identificação de gargalos

nas suas operações industriais, cuja eliminação possibilitou a ampliação da capacidade

produtiva da planta em cerca de 20% com investimento de capital relativamente pequeno.

Consciente da necessidade de integrar-se efetivamente ao programa de conservação de

recursos energéticos renováveis, a COPENE, em 1980, definiu metas para a substituição de

parte do óleo combustível consumido por outros produtos, como o carvão vegetal e a madeira.

A implantação do plano inicial de combustíveis alternativos ocorreu a partir de meados da

década de 1970 e tinha como meta a substituição de cerca 20% do óleo combustível queimado

nas caldeiras por carvão vegetal. Ele permitiu que se verificasse a enorme dimensão e

complexidade do projeto e o inevitável crescimento do mercado dos produtos do Pólo. Além

disso, decidiu-se que os planos de expansão da sua capacidade produtiva seriam baseados em

combustíveis não-oriundos do petróleo, principalmente biomassa e transitoriamente carvão

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vegetal (COPENER, 1982). As caldeiras instaladas pela COPENE deveriam usar madeira

pulverizada como combustível (Tabela 5.1).

Tabela 5.1 - Produção de madeira para atender à demanda da COPENE (COPENER, 1982). $QR� &RQVXPR�WHyULFR��W�� 5HGXomR�S��TXHLPD��W�� &RQVXPR�SURYiYHO��W�� 3URGXomR�UHTXHULGD��P � ��1983 169.703 - 169.703 266.201 1984 169.703 - 169.703 266.201 1985 530.663 18.048 512.615 804.102 1986 891.623 36.096 855.527 1.342.003 1987 891.623 36.096 855.527 1.342.003 1988 891.623 36.096 855.527 1.342.003 1989 1.613.543 72.192 1.541.351 2.417.805 1990 1.613.543 72.192 1.541.351 2.417.805 1991 1.613.543 72.192 1.541.351 2.417.805 1992 1.613.543 72.192 1.541.351 2.417.805

A COPENE programou, portanto, a substituição de 20% do óleo combustível por

madeira, em que a demanda por madeira cresceria rapidamente a partir de 1983, até a

estabilização do consumo em 1989.

Para atender ao desdobramento e a rápida evolução do programa de substituição de

derivados do petróleo por combustíveis renováveis, tornou-se necessário transferir a outra

empresa as atribuições de produção e processamento de biomassa e eventual geração não

convencional de energia. Com essa demanda energética, a COPENE criou a Copene

Energética S.A., mais tarde Copene Florestal Ltda (COPENER), em 12 de setembro de 1980,

com os seguintes objetivos: a) produção e comercialização, inclusive exportação, de madeira,

carvão vegetal e outros combustíveis, podendo subsidiariamente dedicar-se ao desempenho de

atividades agropecuárias; b) desenvolvimento de atividades afins ou correlatas do setor de

combustíveis com vistas à realização do estabelecimento no item anterior. (COPENER,

1982).

Considerando a localização geográfica do Pólo Petroquímico de Camaçari e outros

fatores de ordem técnica e econômica, foi escolhido o DFLN para a implantação do Programa

Florestal da COPENER. A infra-estrutura regional é adequada, com boa rede viária, portos e

um sistema moderno de manutenção e de estrutura técnica no Pólo Petroquímico de

Camaçari. A malha viária facilita o acesso às áreas de produção da COPENER, cujos projetos

florestais situam-se a uma distância média de 15,2 km destas rodovias. A malha ferroviária

possui dois ramais que cortam a região e a rede portuária conta com portos em Aratu,

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Salvador e Sergipe, por onde ocorrem as exportações de toras para o mercado interno e

externo (COPENER, 1982).

Pela magnitude do programa e a situação fundiária da região obrigaram a empresa a

adquirir áreas dispersas por todo o DFLN. Estas áreas foram adquiridas, em grande parte, das

primeiras empresas reflorestadoras que se instalaram no DFLN logo após a criação dos

incentivos fiscais, com plantios efetuados em 1977 (COPENER, 1982).

Tais projetos perfaziam, no início da década de 1980, um total de 19.751 hectares,

sendo 5.350 hectares com florestas de eucaliptos e 14.401 hectares reflorestados com pinus.

Nesta área, e referente aos plantios de eucalipto, dois mil hectares já estavam plantados e os

demais 3.350 hectares em fase de implantação. Em 1981, a COPENER implantou seus

primeiros reflorestamentos com (XFDO\SWXV (COPENER, 1982). De acordo com Sampaio

(1990), a ocupação de vastas áreas da região com eucalipto e pinus desalojou várias outras

atividades econômicas já estruturadas (agricultura, agropecuária, fruticultura etc). Isto

promoveu a transformação do espaço anteriormente constituído, redefinindo o papel e o lugar

dos antigos grupos ligados à terra na organização social.

A COPENER atua, portanto, na RLN, entre as latitudes de 11º15’ S e 12º30’ S e as

longitudes de 37º30’ W e 38º45’ W, com altitudes de zero a trezentos metros. As terras da

empresa abrangem 21 municípios numa área com raio médio de 96 km de distância da fábrica

de celulose que foi instalada no Pólo Petroquímico de Camaçari (COPENER, 1982).

Os primeiros reflorestamentos da COPENER eram destinados à produção de madeira

para fins energéticos. Dada a extrema variabilidade climática e geológica regional, houve,

desde a fase inicial de implantação, a preocupação em introduzir diversas

espécies/procedências de (XFDO\SWXV� Executou-se o levantamento semi-detalhado de solos,

iniciando-se os programas de pesquisa em melhoramento genético, solos, nutrição, manejo e

proteção florestal (COPENER, 2003).

Segundo os relatos dos entrevistados, a COPENE avaliou as suas demandas e

estratégias de planejamento e concluiu que a madeira do reflorestamento não significava mais

a melhor opção energética. No entanto, os reflorestamentos estavam prontas para o corte,

representando custos de manutenção para a COPENER que já não tinha mais o consumidor

para o seu produto energético. Então, a empresa resolveu redirecionar os seus objetivos para a

indústria de papel e celulose, e a exportação de madeira. O fornecimento de madeira para a

produção de carvão vegetal foi mantido, pois os reflorestamentos mais antigos foram

implantados com espécies não utilizadas para a produção de celulose. O papel do mercado

nesse processo decisório foi determinante. Buscava-se selecionar a alternativa que

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proporcionasse maiores lucros e maior eficiência econômica. As políticas públicas para o

desenvolvimento mais uma vez apresentavam instrumentos favoráveis aos ajustes planejados

pelas empresas.

Observou-se, a partir dos documentos disponíveis na empresa, um encolhimento

acelerado da estrutura operacional da COPENER. Alguns ajustes iniciados no final da década

de 1980 tomaram novo fôlego. Serviços ligados às operações florestais (tratos culturais,

colheita) foram terceirizados ao máximo, dando origem a pequenas empresas satélites, em

parte para livrar a empresa de problemas de ordem trabalhista e tributária. Muitos

funcionários foram demitidos, e alguns deles montaram as suas próprias empresas para prestar

serviços aos antigos empregadores.

Uma verdadeira reengenharia aconteceu na dinâmica da exploração florestal, com a

terceirização dos serviços de manutenção e corte dos reflorestamentos. A empresa, que

chegou a ter 1.200 funcionários em sua fase inicial, reduziu drasticamente este número,

terminando o ano de 2003 com 312 funcionários. A COPENER voltou-se para a

comercialização de madeira, para a produção de carvão vegetal, ou para combustão direta em

diversas atividades (fornos de padaria e pizzarias) e, mais tarde, direciona-se ao mercado

externo, fechando acordos de venda antecipada de madeira (floresta em pé) com empresas de

outros países.

Novos impactos, então, foram gerados pelas mudanças nos rumos da empresa e foram

sentidos imediatamente no município. Com a pressão sobre a taxa de desemprego, tanto o

setor terciário quanto a arrecadação municipal foram prejudicados.

A partir de 1985 a COPENER redirecionou os seus novos plantios com material

genético mais apto à produção de madeira para fins de celulose. Foi incorporada a técnica de

propagação vegetativa, através de estaquia, que, associada ao programa de melhoramento

genético e ao desenvolvimento de avançadas tecnologias de preparo de solo e fertilização,

vem acarretando ganhos significativos na produtividade florestal (COPENER, 2003).

A empresa alcançou a capacidade de fornecimento de 550.000 m3sc/ano para a fábrica

de celulose solúvel da Bacell S.A., localizada no Pólo Petroquímico de Camaçari, e começou

a exportar anualmente para o mercado europeu, desde 1992, cerca de 330.000 m3 de madeira

para a produção de celulose (COPENER, 2003).

Desde a sua criação, a COPENER desenvolveu técnicas de produção de mudas em seu

viveiro florestal, localizado no município de Inhambupe, com capacidade para produzir cerca

de 17 milhões de mudas por ano. Nos últimos anos, após minucioso trabalho de reestruturação

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e desenvolvimento de modernas técnicas de produção de mudas, a empresa solidificou a sua

participação no mercado de mudas de eucalipto (COPENER, 2003).

No início dos anos 1990, após um processo de privatização, a COPENE passou a ser

denominada Braskem, permanecendo ainda na posição de acionista majoritária da COPENER

dentro do grupo Norcell. Na segunda metade da década de 1990, a Braskem vendeu parte de

seu controle para a Klabin, que se tornou também controladora da COPENER e da fábrica de

celulose Bacell. Esta situação perdurou até o segundo semestre de 2003, quando negociações

com o grupo RGM Internacional, de Singapura, desembocaram na venda da COPENER e da

Bacell. Após estas modificações, a denominação do grupo empresarial passou a ser Bahia

Pulp S.A., englobando os reflorestamentos e a indústria numa estrutura integrada.

Atualmente, a COPENER tem uma área total de 125.201,86 ha, dos quais 47,9% estão

ocupados por reflorestamentos com eucaliptos�e 4,5% com pinus. Cerca de 323,21 ha estão

destinados a experimentos (COPENER, 2003). Com 96,3% da área atual do DFLN, a

COPENER é a maior das empresas reflorestadoras, considerando-se, também, a sua estrutura

empresarial, e o volume da sua produção. Em 2003, os projetos de reflorestamento da

empresa em atividade ocupavam áreas em 18 municípios, conforme mostrado na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 - Distribuição dos plantios na área de abrangência da COPENER (municípios do DFLN), em ordem decrescente de área ocupada, 2003.

0XQLFtSLRV ÈUHD�RFXSDGD��KD�� 1~PHUR�GH�SURMHWRV�3DUWLFLSDomR�QRV�SODQWLRV�WRWDLV�����

Inhambupe 17.408,06 37 27Entre Rios 14.216,62 39 22Alagoinhas 8.698,65 24 13Aramari 6.339,90 13 10Olindina 3.556,53 4 5Esplanada 2.592,14 7 4Ouriçangas 2.511,74 3 4Conde 2.366,16 3 4Rio Real 2.177,27 5 3Itanagra 1.080,39 4 2Jandaíra 956,28 3 1Sátiro Dias 881,79 2 1Acajutiba 594,68 1 1Crisópolis 501,41 1 1Água Fria 477,66 1 1Araçás 469,69 4 1Aporá 443,34 1 1Cardeal da Silva 364,78 1 1Total 65.637,09 153 100

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Os números mostram que a área ocupada pelos reflorestamentos da COPENER

(65.637,09 ha) corresponde a cerca de 62% da área total do DFLN. Esta proporção aumenta

para 89% quando considerado o total das terras pertencentes à empresa (125.202 ha). A

localização dos projetos de reflorestamento é apresentada na Figura 5.1.

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FerroviaEstrada asfaltadaEstrada cascalhada

RioLimite estadual

Limite do DFNBaIsoietas

CidadeVila

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Figura 5.1 –�Localização dos reflorestamentos da COPENER no DFLN (COPENER, 2003).�

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Observa-se que 72% da área total ocupada pelos plantios da COPENER concentra-se

em quatro municípios: Inhambupe, Entre Rios, Alagoinhas e Aramari. Destes municípios,

apenas Entre Rios está situado na área com maiores índices de pluviosidade. Os outros

municípios correspondem a áreas mais antigas, com produtividades menores. A distribuição

dos projetos no mapa da Figura 5.1 comprova a tendência inicial de ocupação das áreas mais

continentais, principalmente devido à aquisição de áreas implantadas pelas primeiras

empresas reflorestadoras.

Segundo o IDEA (2003b), o programa de melhoramento genético florestal começou a

tomar corpo no Brasil no final da década de 1970, quando foram instalados os primeiros

pomares de sementes clonais. Em seguida, foram realizados os primeiros testes de progênies e

foi iniciada a reintrodução de germoplasma, com base genética apropriada, e a clonagem dos

melhores materiais genéticos. A produtividade florestal brasileira, a partir disso, saltou de 8

para 45 m3/ha anuais. Posteriormente, a técnica de clonagem foi incorporada nos programas

de melhoramento das empresas reflorestadoras brasileiras, entre elas a COPENER. Uma rede

com 121 testes de procedências/progênies e 45 testes clonais (com 1418 clones), em

diferentes sítios, permitiu identificar e embasar as linhas de ação em melhoramento florestal,

através da seleção e introdução de novos materiais genéticos e da obtenção de híbridos

interespecíficos. No Estado da Bahia, a produtividade dos reflorestamentos industriais de

eucalipto alcança níveis superiores a 20% à média nacional (COPENER, 2003).

As áreas com projetos de reflorestamento foram classificadas em quatro grupos, de

acordo com o índice de precipitação, conforme mostrado na Tabela 5.3.

Tabela 5.3- Distribuição das áreas da COPENER, segundo a variação de precipitação pluviométrica (COPENER, 2003).

1tYHLV�GH�SUHFLSLWDomR� 7RWDO��KD�� 3ODQWLR��KD��

< 900 mm/ano 21.244,03 5.247,61 > 900 < 1.100 mm/ano 40.918,86 30.210,89 > 1.100 < 1.300 mm/ano 35.416,43 20.504,55 > 1.300 mm/ano 27.622,54 9.730,95 Total 125.201,86 65.637,68

Cerca de 92% da área total de plantio da COPENER está situada em regiões cuja

precipitação pluviométrica excede os 900 mm/ano. Os reflorestamentos em áreas entre 1.100

e 1.300 mm/ano respondem por mais de 77% do total.

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Os híbridos ((�JUDQGLV� [� (�XURSK\OOD), material de maior potencial produtivo e

tecnológico, foram monitorados em 1.320 parcelas permanentes. A COPENER tem como

critério de seleção das áreas aptas à silvicultura algumas outras variáveis que restringem a

produtividade ou dificultam o manejo. Para tanto, a empresa aplica a classificação dos solos

DSWRV e LQDSWRV, a não implantação em áreas inclinadas e a localização em áreas com

precipitação mínima de 900 mm/ano. Atualmente, as isóclinas de índice de sítio para os

híbridos estão registradas, evidenciando a importância do aspecto hídrico no potencial de

resposta da floresta à melhoria do solo. Para se estimar o incremento de produtividade, na

primeira e segunda rotação, com a indicação de materiais genéticos específicos, foram

realizados estudos de potencial de produção, que estão sintetizados na Tabela 5.4.

Tabela 5.4 - Incrementos Médios Anuais (IMA) (em m3/ha/ano) atuais e estimados para plantios monoclonais, em primeira e segunda rotações, de híbridos ((�� JUDQGLV� [� (��XURSK\OOD�, em três tipos de solo (COPENER, 2003). 6ROR� /$� 3RG�DU�P� 3RG�P�DJ�

337��PP�DQR�� ������� ������� !������ ������� ������� !����� ������ ������� !�����Atual IMA 1ª 21 28 27 23 25 33 22 30 39 IMA 2ª 13 21 22 15 19 27 14 23 32 Estimado IMA 1ª 28 34 38 31 30 47 29 37 56 IMA 2ª 18 25 32 20 23 39 19 28 46

LA = Latossolo txt média; Pod, ar/m = Podzólico txt arenosa/média; Pod, m/ag = Podzólico txt média/argilosa.

As estimativas também indicam que a produtividade será maior em áreas com maior

precipitação pluviométrica, nos três diferentes tipos de solos estudados. Os valores dos IMA

estimado aumentam de 28 para 38 m3/ha/ano na primeira rotação, à medida que a

pluviosidade também aumenta, para o caso do Latossolo (LA). Nos solos Podzólicos (Pod),

estes valores variam de 31 para 47 m3/ha/ano, e de 29 para 56 m3/ha/ano.

Os espaçamentos de plantio vêm se ampliando de paulatinamente na empresa,

observando os aspectos de melhoria do material genético, qualidade das operações

silviculturais, zonas edafo-climáticas e sistema de manejo para povoamentos em segunda

rotação. Assim, os plantios passaram de 3,00 m x 2,00 m (6 m2/planta) para os atuais 3,00 m x

3,00 m ou 3,50 m x 2,60 m ou 4,50 m x 2,00 m (9 m2/planta) (COPENER, 2003).

A colheita florestal foi iniciada em 1990 utilizando-se o sistema tradicional de corte

com motosserra, toragem com 2,40 m e remoção com tratores e carretas. Recentemente, foi

introduzido o sistema de toras longas (5,50 m) descascadas, que propiciaram ganhos

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operacionais e econômicos. A empresa adota procedimentos operacionais rigorosos que visam

salvaguardar o sucesso da brotação das cepas pós-colheita: controle de formigas,

planejamento de corte, acompanhamento de campo, controle de ervas daninhas, desbrota e

fertilização (COPENER, 2003).

Em resumo, as circunstâncias que levaram à criação da COPENER foram estabelecidas

primeiramente pela definição de políticas públicas de incentivos, condizentes com o modelo

de desenvolvimento econômico adotado pelo Estado brasileiro no início dos anos 1970. A

implantação dos reflorestamentos da empresa na RLN obedeceu a essa lógica produtivista e

posteriormente teve de se ajustar às novas perspectivas econômicas que surgiram e ao

crescimento da temática ambiental na sociedade. O manejo dos projetos de reflorestamento,

atualmente direcionado à produção de celulose, obedece a critérios técnicos baseados nas

condições edafoclimáticas da região, mas também consideram os aspectos ambientais.

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���5(68/7$'26��$�*(67­2�$0%,(17$/�(�$�6867(17$%,/,'$'(�'26�352-(726�'(�5()/25(67$0(172�

O objetivo deste capítulo é construir subsídios para a um sistema de gestão ambiental de

projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV instalados na RLN, sob a perspectiva do

desenvolvimento sustentável. Para tanto, a discussão dos resultados baseia-se na correlação

entre os dados secundários e primários compilados durante a pesquisa, por meio da

metodologia que foi aplicada e da sistematização das informações. A discussão se estruturou

em torno da gestão ambiental e a sustentabilidade dos projetos de reflorestamento. Dessa

forma, o capítulo discutirá os aspectos da inserção da COPENER na dinâmica regional, os

principais impactos identificados pela pesquisa, as ações de gestão ambiental da empresa, e os

indicadores de sustentabilidade para os reflorestamentos.

����9,6,7$6�'(�&$032�(�(175(9,67$6�

Os projetos de reflorestamento do Bloco Altamira foram visitados seis vezes, durante o

período de novembro de 2003 a março de 2004 (Figura 6.1). Nessas observações, a ênfase foi

dada aos aspectos ambientais das áreas ocupadas pelos reflorestamentos, aos fragmentos de

vegetação natural, e às áreas em processo de recuperação ambiental. Em todos os pontos

visitados, efetuaram-se observações segundo um roteiro previamente estabelecido. Muitas das

áreas visitadas foram acompanhadas de entrevistas. Todos os pontos visitados foram

registrados por intermédio da determinação das suas coordenadas geográficas, obtidas em

instrumentos de GPS. Paralelamente, foram realizadas duas visitas à Vila de Altamira, para as

entrevistas com membros da comunidade, e uma entrevista com um representante do gestor

do município de Conde. Essas entrevistas objetivaram a identificação de aspectos

relacionados à inserção dos reflorestamentos na dinâmica sócio-econômica municipal.

Na realização das entrevistas, além do roteiro das perguntas básicas, houve espaço para

perguntas adicionais, conforme as peculiaridades do contexto e do ator social entrevistado.

Nos órgãos públicos, as entrevistas foram realizadas com técnicos e dirigentes, e coletou-se

dados impressos e em meio magnético. Foram visitados órgãos das esferas municipal,

estadual e federal, ligados à agricultura, silvicultura, estatísticas, área social e meio ambiente.

Os órgãos visitados foram: IBAMA, Ministério de Agricultura, CRA, SFC, SEPLANTEC,

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SEAGRI, IBGE-Salvador, IBGE-Alagoinhas, IPEA, INCRA, EPAMIG e EBDA. Também

foram visitadas as universidades de Brasília (DF) e Viçosa (MG). As Prefeituras de

Alagoinhas, Cardeal da Silva e Conde, e os escritórios locais do IBGE em Alagoinhas e

Esplanada serviram de fontes de informações quanto às dinâmicas locais.

Além da COPENER, foram visitadas outras duas empresas reflorestadoras, com a

finalidade de obtenção de dados adicionais. A primeira foi a Companhia de Ferro-Ligas da

Bahia (FERBASA), que possui florestas energéticas na Região do Litoral Norte (Figura 2.3).

A outra empresa visitada foi a VERACEL, que possui reflorestamentos industriais na Região

do Extremo Sul do Estado da Bahia (Figura 2.4). Nessas empresas, foram visitados alguns

projetos de reflorestamento. Em todas as visitas aos reflorestamentos, os locais de observação

foram georeferenciados. Técnicos de empresas prestadoras de serviços florestais foram

entrevistados ao longo da pesquisa. Dirigentes e técnicos de empresas de reflorestamento

também foram entrevistados.

Na esfera dos dirigentes públicos, decidiu-se entrevistar o prefeito de Alagoinhas,

devido à posição daquele município como pólo regional, e onde está localizado o escritório

central da COPENER. Informações adicionais foram obtidas junto a sindicatos rurais e à

Pastoral Rural. Na comunidade de Altamira, vizinha à área de estudo, foram entrevistadas

lideranças locais e pessoas da comunidade.

No total, foram entrevistados onze técnicos da COPENER, dois técnicos de empresas

prestadoras de serviço, oito técnicos de outras empresas reflorestadoras, sete técnicos de

órgãos e empresas públicas, dois dirigentes públicos municipais, cinco lideranças

comunitárias, duas lideranças políticas e seis agricultores da Vila de Altamira. Os resultados

das entrevistas, as observações diretas e os estudos realizados, desde as fases preliminares até

as finais, formaram o banco de dados e informações que serviu de alicerce para as análises

que constituem as seções seguintes.

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Figura 6.1 – Localização dos pontos visitados nos projetos de reflorestamento do Bloco Altamira, da COPENER, no município de Conde (BA).

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����$�,16(5d­2�'$�&23(1(5�1$�',1Æ0,&$�5(*,21$/�

Esta seção resultou das ações do reconhecimento da RLN como uma região econômica,

de acordo com a divisão administrativa adotada pelo Estado. A análise da história da

ocupação e do processo de crescimento econômico da RLN indicou que ele tem uma relação

direta com o modelo de desenvolvimento implantado no Brasil entre as décadas de 1970 e

1990. Nesse período, foram priorizadas a urbanização dos investimentos, com a conseqüente

criação de uma infra-estrutura nas cidades. Os reflexos do “ milagre brasileiro” , em que o

mundo rural passou a ser sinônimo de subdesenvolvimento, apresentando baixa produtividade

e carência de programas de fomento e políticas públicas, também se fizeram presentes na

região. A ética implícita na implantação dos primeiros projetos de reflorestamento da RLN

traduziu uma modernidade estritamente técnica, típica da época, mas que não rompeu com

tradições do ponto de vista da ético. Tratava-se de uma ética notadamente econômica, em que

o capital é o que de fato importa, caminhando de mãos dadas com uma ética política do “ vale

tudo” .

O planejamento inicial do desenvolvimento da RLN deveria assegurar igualitariamente

a produção agrícola e silvicultural, o que garantiria o atendimento das necessidades da

sociedade, visto que a agricultura de pequeno e médio porte inseria-se no cotidiano da RLN.

Na esfera governamental, as atividades de produção agrícola na região eram consideradas de

segundo escalão, representando um setor estagnado da economia. Apesar disso, a agricultura

familiar subsistiu nessa região, como produtora significativa de alimentos, mas grande parte

dos pequenos proprietários rurais não participa do fluxo circular da economia do Estado. Os

reflorestamentos com eucalipto se inserem neste contexto, na condição de matéria-prima

básica para a produção e exportação de celulose, aço e ferro gusa. As políticas públicas,

traduzidas no programa de incentivos fiscais para reflorestamentos com fins industriais,

refletiram o modelo de desenvolvimento econômico seguido pelo país. Contudo, o crédito

subsidiado do Estado em nada contribui para melhorar as condições de vida da massa

trabalhadora rural.

Os pilares do desenvolvimento sustentável foram continuamente contrariados ou

distorcidos, a serviço da racionalidade produtivista, no processo de implantação e gestão dos

projetos de reflorestamento do DFLN. Além dos aspectos sócio-ambientais, a viabilidade

econômica dos projetos em curso foi questionada por muito tempo, principalmente no que

tange à vulnerabilidade em relação ao mercado externo e à eficiência econômica do atual

modelo de exploração.

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As políticas públicas para o desenvolvimento e para o meio ambiente não foram dotadas

de instrumentos que interagissem entre si e com os diversos atores sociais, durante o processo

de implantação do DFLN. A análise dos dados documentais e históricos disponíveis apontou

para uma participação quase nula das municipalidades, lideranças comunitárias e

organizações não-governamentais, na formulação de políticas públicas referentes à dinâmica

regional. Constatou-se a falta de um planejamento compartilhado e de uma preocupação

social condizente com o horizonte que foi estabelecido.

O crescimento da temática ambiental promoveu o surgimento de outros imperativos

éticos, sobretudo através do conceito de desenvolvimento sustentável. A imposição de limites

ao modelo de desenvolvimento econômico passou a ser desejada por muitos setores da

sociedade e a ética ambiental vem assumindo importância fundamental nesse novo contexto.

Conseqüentemente, a modernidade eticamente responsável se transformou num objetivo a ser

almejado, com reflexos na ética e no processo decisório interno das empresas reflorestadoras.

Simultaneamente, a regulamentação e a regulação implementadas pelo Estado através da

legislação ambiental e da atuação dos órgãos ambientais, apesar das limitações impostas pelas

mesmas dificuldades enfrentadas pela gestão ambiental em todo o país, colocaram as políticas

públicas para o meio ambiente frente a frente com a lógica produtivista.

A abrangência da COPENER no DFLN determina o nível de importância econômica da

empresa para a região, com sua correspondente responsabilidade quanto à questão ambiental.

A COPENER está presente nos 21 municípios e ocupa mais de 96% da área do DFLN. A

análise preliminar constatou que a empresa divide sua área de atuação baseando-se dos

índices de precipitação pluviométrica. Assim, a administração dos projetos de reflorestamento

da empresa se divide entre o setor de produção oeste, mais interior e com índices

pluviométricos menores, e o setor de produção leste, mais próximo do litoral e com índices

pluviométricos maiores.

Ao longo das décadas de 1980 e 1990, a geração, o processamento e a transmissão de

informação se constituíram em fonte fundamental da produtividade. A reconfiguração do

padrão de organização produtiva da COPENER tornou-se inevitável, baseada na

subcontratação de empresas-satélite para a prestação de serviços que a empresa não tinha

interesse em internalizar. O caráter basilar do enfoque holístico e sistêmico, embutido no

conceito de desenvolvimento sustentável, não foi incorporado a essa relação empresarial,

devido à natureza de seus desdobramentos. Os imperativos éticos que nortearam a atual

gestão ambiental da COPENER não foram, portanto, estendidos de forma sistemática aos

procedimentos das empresas prestadoras de serviço. Mesmo assim, constatou-se um

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aprimoramento de algumas destas empresas devido ao processo de certificação ISO pelo qual

passaram. Referente aos aspectos sócio-ambientais, constatou-se uma falta de sintonia nessa

relação empresarial, visto que a COPENER ainda não atingiu a certificação ISO.

A decisão da COPENER de não interromper os seus projetos de pesquisa e programas

de aperfeiçoamento também se configurou como um instrumento de sustentabilidade. Os

resultados dessas políticas internas possibilitaram à empresa responder às exigências e

desafios de cunho ambiental e econômico. Com investimentos bem orientados por um

fundamento científico, o programa de melhoramento genético gerou clones específicos para

determinadas características edafoclimáticas, refletindo-se num aumento da produtividade.

Maiores produtividades indicam, entre outros aspectos, menores extensões de área ocupada.

Por conseguinte, o potencial impactante foi também reduzido.

Pontos vulneráveis na administração dos projetos de reflorestamento da COPENER são

a sustentabilidade ecológica e a sustentabilidade ambiental. A substituição da vegetação

natural em grandes extensões de terra pela floresta de uma única espécie exótica significou

perdas de biodiversidade. A falta de critérios rigorosos do ponto de vista ambiental, na

seleção das áreas para o plantio, quando da implantação dos primeiros reflorestamentos da

RLN, trouxe riscos para a disponibilidade dos recursos naturais da região. Estabeleceu-se,

assim, o conflito das racionalidades econômica e ecológica.

A sustentabilidade social é um dos pontos mais fracos do modelo imposto na década de

1970. Uma base de equilíbrio social pode ser de difícil alcance, quando se observa a

percepção que as comunidades rurais atingidas pelos reflorestamentos possuem em relação à

COPENER. A sustentabilidade cultural foi prejudicada, visto que o contato das comunidades

rurais com o advento da exploração florestal tecnificada não trouxe uma nova perspectiva de

intercâmbio de informações e experiências benéficas para a população da zona rural. As

informações coletadas nas entrevistas e as observações diretas realizadas nas visitas à região

comprovaram esta assertiva. A COPENER não possui uma estratégia de ajuste dessa situação.

Não foi constatada a implementação de um programa de educação ambiental que

considere os aspectos preservacionistas e conservacionistas do meio ambiente, estabelecendo

uma relação dialógica com os diversos grupos sociais. Também não foram observadas

iniciativas da empresa no sentido de valorizar e preservar a cultura local, como forma de

mitigar os impactos sócio-culturais.

Apesar das medidas mitigadoras dos impactos sobre o meio físico e biótico que foram

implementadas nas áreas ocupadas pelos projetos de reflorestamento, o meio sócio-econômico

ainda sofre com impactos negativos. A relação entre a empresa e as comunidades rurais é

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incipiente, devido ao mal-estar gerado pelo processo histórico que induziu ao isolamento da

empresa perante a sociedade. Por outro lado, a carência de informações, dados e pesquisas,

sobre os impactos sócio-ambientais na região de influência dos projetos de reflorestamento,

dificulta a implementação de uma gestão com vistas à sustentabilidade. Isto foi constatado

durante as entrevistas com técnicos e dirigentes das empresas visitadas (reflorestadoras e

prestadoras de serviço).

Os dados coletados e que serviram para a investigação da validade do senso comum

predominante detectado nas entrevistas permitiram afirmar que a lógica econômica

produtivista dos primeiros projetos de reflorestamento induziu à concentração de terras e

capital. Isto trouxe um prejuízo para a sustentabilidade espacial e colocou em risco as áreas

ecologicamente frágeis. As políticas públicas não consideraram esses aspectos, abstendo-se o

Estado de ocupar um espaço imprescindível no acompanhamento desse processo. A

sustentabilidade política exigiu uma maior capacidade do Estado para implementar um projeto

regional, em parceria com os empreendedores. Todavia, a desconsideração do papel e da

realidade sócio-econômica de outros atores sociais (comunidades rurais e gestores

municipais) envolvidos na problemática ocasionou distorções que repercutem até os dias

atuais, refletindo-se na gestão dos projetos de reflorestamento.

Conforme apurado nas entrevistas, as relações atuais da COPENER com as lideranças

políticas comunitárias locais, e municipalidades são praticamente nulas ou incipientes,

refletindo um forte comprometimento para a sustentabilidade política da atividade florestal,

no âmbito local e regional. Existe um grande espaço vazio de estratégias de diálogo empresa-

comunidades.

A competitividade da COPENER nos mercados em que atua depende da incorporação

do conceito de desenvolvimento sustentável e da preservação ambiental, que se refletirá na

imagem da empresa. Assim, os imperativos éticos que norteiam as decisões empresariais

influenciarão na sustentabilidade da empresa, visto que a sociedade cria expectativas cada vez

maiores em relação à responsabilidade sócio-ambiental de seus diversos componentes. Nesse

sentido, constatou-se que a responsabilidade sócio-ambiental da COPENER cresce

paulatinamente. A análise da evolução das práticas de gestão apontou para a consideração dos

conceitos de desenvolvimento sustentável e gestão ambiental no processo decisório, traduzida

na inserção dos aspectos ambientais nas diretrizes de planejamento e estratégias gerenciais da

empresa. Porém, esta inserção não ocorre com uma relevância semelhante àquela observada

para os aspectos econômicos e produtivistas.

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Evidenciou-se, assim, que a inclusão dos aspectos ambientais no planejamento e gestão

dos projetos de reflorestamento da COPENER não garantiu a sustentabilidade desses projetos.

Ao mesmo tempo, a ausência dos aspectos sócio-culturais no planejamento e gestão dos

projetos de reflorestamento impede o alcance da sustentabilidade, em todas as suas

dimensões, na atividade florestal da COPENER.

�����26�,03$&726�6Ï&,2�$0%,(17$,6�

As informações coletadas nas entrevistas realizadas com os atores sociais externos à

empresa indicaram os impactos sócio-ambientais relacionados à estrutura fundiária, dinâmica

demográfica e perda da biodiversidade, como os mais fortes na percepção dos entrevistados.

Nas entrevistas realizadas com dirigentes de alguns municípios, evidenciaram-se os

impactos associados aos reflorestamentos, sob o ponto de vista das comunidades envolvidas.

Entre eles, destacam-se: a) falta de articulação com outras atividades econômicas de menor

tecnologia, ocorrida desde a fase de planejamento; b) precarização da mão-de-obra rural; c)

desmatamento indiscriminado; d) sazonalidade do emprego da mão-de-obra; e) modificação

da paisagem, devido à monocultura em grandes extensões de terra; f) proliferação de doenças

na zona rural, devido às más condições dos acampamentos dos trabalhadores; g) prejuízos

para o sistema viário municipal e estadual, devido ao tráfego intenso de veículos pesados; h)

pouco retorno aos municípios, na forma de impostos, por causa do regime de recolhimento

“ no destino” . Segundo os entrevistados, o montante arrecadado foi muito pouco, referente

apenas às prestadoras de serviço, considerando-se a posição que a atividade florestal ocupa na

economia regional. Foram detectadas, também, expectativas das comunidades e

municipalidades em relação à COPENER, no sentido de se formular uma política integrada,

visando à implementação de medidas compensatórias e mitigadoras, em nível regional. Três

focos principais poderiam nortear esta política: a) educação ambiental e formal; b) saúde no

meio rural; e c) sistema viário.

As informações coletadas nas entrevistas com líderes políticos e comunitários, pessoas

das comunidades rurais, e técnicos de órgãos públicos, caracterizaram o senso comum da

sociedade regional, no que se refere à implantação dos projetos de reflorestamento. Eles

informaram que durante a ocupação de grandes extensões de terra pelos reflorestamentos,

acentuou-se o fenômeno do êxodo rural. Famílias inteiras deixaram suas propriedades,

transferindo-se para as cidades, movidas por uma perspectiva de melhoria de vida com o

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dinheiro recebido com a venda de suas terras. Esses entrevistados observaram que a periferia

de Alagoinhas, maior cidade da região, se expandiu desordenadamente e o poder público

municipal não estava preparado para atender às demandas sociais e de infra-estrutura. A

percepção da sociedade regional, ainda segundo as entrevistas realizadas, é de que esse

processo provocou uma agudização dos problemas sociais tanto na zona urbana, quanto na

zona rural, que assistia impotente à repentina invasão de seu ambiente por plantios de

eucaliptos, equipamentos e maquinário de alta tecnologia.

A Tabela 6.1 apresenta a evolução do número de pessoas residentes na zona rural dos

municípios de Alagoinhas e Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, entre os anos de 1970 e

2000. Os dados foram extraídos dos censos demográficos do IBGE.

Tabela 6.1 - Evolução quantitativa da população na zona rural: municípios de Alagoinhas e Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003). 1~PHUR�GH�KDELWDQWHV�QD�]RQD�UXUDO�8QLGDGHV�WHUULWRULDLV�

����� ����� ����� �������&UHVFLPHQWR�

Alagoinhas 16.869 14.115 17.386 17.655 4,45 Conde 11.372 7.800 10.655 9.934 -14,47

DFLN 181.611 164.399 200.952 212.070 14,36

Bahia 4.407.054 4.794.893 4.851.221 4.297.902 -2,54

Brasil 41.054.053 38.566.297 35.834.485 31.845.211 -28,92

A partir dos dados da Tabela 6.1, foram elaborados gráficos para subsidiar a análise e a

interpretação do crescimento da população rural na área de estudo (Figuras 6.2 e 6.3). As

curvas delineadas nos quatro gráficos permitiram a comparação entre o comportamento do

quantitativo da população rural nas unidades territoriais. O município de Alagoinhas foi

apontado nas entrevistas como o receptor principal dos fluxos migratórios oriundos da zona

rural da região e a área de estudo está situada no município de Conde.

Nos dados referentes ao Brasil e ao Estado da Bahia, existe uma nítida tendência de

decréscimo. No âmbito nacional o declínio da população rural foi constante, alcançando um

percentual acumulado de –28,92%. No Estado da Bahia, a queda que ocorreu entre os anos de

1991 e 2000, antecedida por duas décadas de fraco crescimento, foi suficientemente brusca

para que a população rural baiana retrocedesse a um patamar inferior ao de 1970, quando

ocorreu um acréscimo da população rural. No comportamento do quantitativo da população

rural dos municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN), no período de 1970 a

1980, a queda foi mais acentuada do que a ocorrida a nível nacional. Ao mesmo tempo, a

situação foi inversa da que aconteceu no âmbito estadual. Na década seguinte, a população

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rural desses municípios voltou a crescer, assemelhando-se à tendência estadual. Na última

década, esta população continuou a crescer, ainda que de forma mais lenta, desta vez

contrariando o comportamento estadual. Ao final do período, o crescimento foi de 14,36%,

enquanto que no Estado ocorreu um decréscimo igual a -2,54%.

Ressalte-se que no período de 1970 a 1980 a COPENER efetuou as suas primeiras

aquisições de terras e que os seus primeiros reflorestamentos no DFLN. As décadas seguintes

foram caracterizadas pelos arranjos espaciais ocasionados pela saída de algumas empresas

reflorestadoras, vendas de terras efetuadas pela COPENER e outras empresas, e valorização

das altas produtividades das áreas plantadas remanescentes, ao invés da ampliação de grandes

extensões de terra. Esta tendência continuou a ocorrer na última década, quando a RLN foi

uma das duas únicas regiões do Estado da Bahia cuja população apresentou este

comportamento.

A curva que representa a evolução do quantitativo da população rural no município de

Conde, onde estão localizados os plantios sob exame, entre os anos de 1970 e 1991,

assemelha-se à evolução da população rural do grupo de municípios que forma o DFLN,

sendo ligeiramente mais acentuados tanto o declínio quanto o crescimento. Na última década,

observa-se uma nova queda. Isto afasta o município de Conde dos outros municípios daquele

grupo, ao mesmo tempo em que o aproxima dos comportamentos estadual e nacional. O

período de 1991 a 2000 corresponde a uma maior ocupação das áreas do DFLN mais

próximas do litoral, onde a pluviosidade é elevada, com melhores produtividades esperadas. O

município apresentou um decréscimo de 14,47% em sua população rural, em todo o período,

semelhante ao DFLN, mas bem superior à média estadual (-2,54%).

As informações coletadas na empresa confirmam essas observações. A partir de meados

da década de 1990, a COPENER começou a vender parte de suas terras mais interiores. Entre

1995 e 2003, cerca de 15.700 ha foram vendidos, e outros 19.000 ha adquiridos, em sua

grande maioria já ocupados com reflorestamentos implantados por outras empresas em áreas

mais próximas do litoral. A Figura 6.2 apresenta a evolução do quantitativo da população

rural do município de Alagoinhas. Verifica-se que o comportamento da população rural desse

município, em termos quantitativos, foi muito semelhante ao constatado no DFLN. Ao

decréscimo ocorrido entre 1970 e 1980 sucedeu-se uma forte retomada do crescimento na

década seguinte, sendo mantida, ainda que em ritmo mais suave, entre 1991 e 2000. O

crescimento de 4,45% diferencia-se dos comportamentos das esferas estadual (-2,54%) e

nacional (-28,92%) durante todo o período, e do município de Conde apenas no lapso

compreendido entre 1991 a 2000.

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25.000.000

30.000.000

35.000.000

40.000.000

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1970 1980 1991 2000|t}S~'���4��� �����

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Brasil

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4.200.000

4.300.000

4.400.000

4.500.000

4.600.000

4.700.000

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4.900.000

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Bahia

0

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150.000

200.000

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DFLN

0

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6.000

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1970 1980 1991 2000½t¾S¿'À�Á4À� Ã�Ä�Å

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Conde

Figura 6.2 – Gráficos da evolução da população rural: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003).

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6.000

8.000

10.000

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14.000

16.000

18.000

20.000

1970 1980 1991 2000ÑtÒ4Ó>Ô�Õ�Ô�Ö ×�رÙ

ÚÛ ÜÝÞ ßàá â ßãâÝä

Figura 6.3 – Gráfico da evolução da população rural: município de Alagoinhas, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003).

Para o período considerado, a análise comparativa concluiu que: a) o quantitativo da

população rural dos municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) apresentou

tendências diferenciadas em relação ao nível estadual; b) a população rural do município de

Conde apresentou, na década de 1990, uma tendência de redução, contrária ao do grupo de

municípios da área de abrangência da COPENER; c) o crescimento da população rural do

município de Alagoinhas foi positivo, mas um pouco inferior ao observado no restante dos

municípios da área de abrangência da COPENER; d) não foi possível estabelecer uma

correlação direta entre a implantação dos reflorestamentos e a redução da população rural, no

período analisado.

Portanto, as informações coletadas nas entrevistas e o senso comum observado na

sociedade regional, quanto a uma relação causal entre a implantação dos reflorestamentos e o

fenômeno do êxodo rural, refletem a percepção gerada, principalmente, no período de

introdução dessa atividade na região. De fato, esse período coincide com o decréscimo da

população rural na região, contrariando ao que aconteceu na média estadual. Por outro lado,

não foi possível verificar se este decréscimo atingiu níveis significativos, visto que

acompanharam uma tendência nacional. Constatou-se, ainda, que a percepção da sociedade

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regional não foi revertida pela mudança na tendência observada nas últimas duas décadas e

que implicou no aumento da população rural da região.

A Tabela 6.2 apresenta a evolução do número de pessoas residentes na zona urbana dos

municípios de Alagoinhas e Conde, municípios da área de abrangência da COPENER

(DFLN), Estado da Bahia e Brasil, entre os anos de 1970 e 2000.

Tabela 6.2 - Evolução quantitativa da população na zona urbana: municípios de Alagoinhas e Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003). 1~PHUR�GH�KDELWDQWHV�QD�]RQD�XUEDQD�8QLGDGHV�WHUULWRUDLV�

����� ����� ����� �������&UHVFLPHQWR�

Alagoinhas 55.264 65.747 99.728 112.440 50,85 Conde 3.181 4.894 5.494 10.492 69,68

DFLN 126.077 168.109 273.890 330.873 61,90

Bahia 3.086.383 4.660.499 7.016.770 8.772.348 64,82

Brasil 52.097.260 80.437.327 110.990.990 137.953.959 62,24

Da mesma maneira que foi efetuado em relação à população rural, foram construídos os

gráficos correspondentes a esses dados, para subsidiar a análise e a interpretação da evolução

da população urbana na região (Figuras 6.4 e 6.5). Quanto aos números do Brasil e do Estado

da Bahia, verifica-se que o crescimento da população urbana ocorreu em ambos os níveis, no

período de 1970 a 2000, apresentando taxas muito próximas entre si. Portanto, o ritmo de

urbanização do Estado da Bahia (64,82%) acompanhou a tendência nacional (62,24%). Na

evolução do quantitativo da população urbana do grupo de municípios da área de abrangência

da COPENER (DFLN), o comportamento (61,90%) foi muito parecido com o que aconteceu

no âmbito estadual, com uma aceleração ligeiramente superior no ritmo de crescimento no

período de 1980 a 1991.

Quanto à população urbana do município de Conde, verificou-se uma reprodução da

tendência demonstrada nos níveis regional e estadual. Isto reflete o aumento generalizado do

grau de urbanização no Brasil. No município de Conde, o crescimento da população urbana

foi mais suave do que nos outros agrupamentos analisados. Durante o período de 1991 a 2000,

este crescimento foi mais acentuado do que o ocorrido no grupo de municípios da área de

abrangência da COPENER (DFLN) e no Estado da Bahia. Para todo o período, porém, o

crescimento observado (69,68%) foi superior às médias nacional (62,24%), estadual (64,82%)

e do DFLN (61,90%). Conforme mostrado anteriormente, nesse mesmo período, a população

rural deste município apresentou decréscimo (-14,47%).

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80.000.000

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160.000.000

1970 1980 1991 2000åtæ4ç'è4é�è�ê ë�ì±í

îï ðñò óôõ ö ó÷öñø

Brasil

0

1.000.000

2.000.000

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7.000.000

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Bahia

0

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1970 1980 1991 2000

&HQVRV�,%*(

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Conde

Figura 6.4 – Gráficos da evolução da população urbana: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003).

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1970 1980 1991 2000�����! #"# %$ &�')(

*+ ,-. /01 2 /32-4

Figura 6.5 - Gráfico da evolução da população urbana: município de Alagoinhas, 1970-2000 (Censos demográficos IBGE, 2003).

Complementarmente, a Figura 6.5 é o gráfico da evolução do quantitativo da população

urbana do município de Alagoinhas, considerado pólo regional e apontado nas entrevistas

como o destino principal do êxodo rural da RLN. Observa-se uma acentuação do crescimento

no período de 1980 a 1991, muito similar à curva representativa do grupo de municípios da

área de abrangência da COPENER (DFLN). O crescimento relativo (50,85%) da população

urbana do município de Alagoinhas foi superado em mais de dez pontos percentuais pelo

crescimento da população urbana do restante dos municípios do DFLN (61,90%).

Comparando-se ao crescimento observado nas outras unidades territoriais, a diferença é ainda

maior. Os números contradizem as informações coletadas nas entrevistas, que indicavam um

LQFKDPHQWR do município de Alagoinhas devido aos fluxos migratórios oriundos do campo.

Ressalte-se que, no mesmo período, a população rural deste município apresentou um

crescimento de 4,45%, conforme mostrado anteriormente.

Para o período considerado, a análise comparativa concluiu que: a) o quantitativo da

população urbana dos municípios da área de abrangência da COPENER apresentou

tendências semelhantes em relação aos níveis estadual e nacional; b) a evolução do número de

habitantes da zona urbana apresentou a mesma tendência de crescimento em todos os níveis

analisados; c) as evoluções das populações urbana e rural do município de Conde

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apresentaram comportamentos de tendências acentuadamente inversas; d) o aumento no grau

de urbanização do município de Alagoinhas foi inferior à média do DFLN, do Estado da

Bahia e do Brasil; e) não foi possível estabelecer uma correlação direta entre a implantação

dos reflorestamentos e o crescimento da população urbana, no período analisado.

Estas informações, conjugadas àquelas referentes à população rural, possibilitaram a

análise da dinâmica populacional da região durante o período analisado. O grau de

urbanização dos municípios da região não foi um fenômeno isolado, pois acompanhou as

variações registradas nos níveis nacional e estadual. Esses dados respaldam apenas

parcialmente o senso comum da população detectado nas entrevistas e nas observações

diretas. A ocorrência do êxodo rural e do aumento do grau de urbanização foi constatada, mas

não foi comprovada uma relação causal entre a introdução dos reflorestamentos e estas

mudanças na dinâmica populacional.

Apesar dessas constatações, ainda persiste uma resistência na sociedade regional,

remanescente do processo inicial de implantação dos projetos de reflorestamento na RLN, e

que se reflete no cotidiano das relações entre os diversos atores sociais envolvidos. Nas

entrevistas realizadas com os técnicos e dirigentes da COPENER, não foi possível detectar

iniciativas que permitissem uma aproximação da empresa com as comunidades rurais. Nas

visitas às comunidades, observou-se que a conjugação desses dois fatores (resistência

remanescente e distanciamento) comprometeu a sustentabilidade sócio-cultural dos projetos.

Se, por um lado, a preocupação com as questões ecológicas e ambientais relacionadas aos

reflorestamentos vem gradualmente ocupando um espaço mais significativo na gestão dos

projetos, o mesmo não se verifica no âmbito sócio-cultural.

De acordo com as informações coletadas nas comunidades rurais visitadas, as

dificuldades no relacionamento da COPENER com a comunidade originam-se,

principalmente, dos seguintes fatores: a) a forma autoritária e imposta como o DFLN foi

concebido e implantado, sem discussão e participação da comunidade; b) a experiência

negativa na aquisição de terras dos pequenos proprietários e posseiros com as primeiras

empresas reflorestadoras; c) a pobreza da região; d) a ausência da RLN dos programas oficiais

de desenvolvimento; e) o acesso praticamente nulo do agricultor ao crédito rural.

As observações realizadas e os relatos dos técnicos da COPENER confirmaram que

muitas empresas implantaram reflorestamentos em áreas que estavam fora do zoneamento

proposto. Em parte, isto aconteceu por causa do interesse pelos recursos financeiros

provenientes dos incentivos fiscais, mas os técnicos ressaltaram que o incipiente

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conhecimento tecnológico do manejo florestal e das questões ambientais contribuiu

fortemente para as distorções ocorridas.

A reestruturação das atividades econômicas já desenvolvidas na região e as

interferências na organização espacial dos municípios causaram conflitos entre os agricultores

e as empresas reflorestadoras, incluindo a COPENER, na época das primeiras aquisições de

terras. Assim, os prejuízos e impactos negativos causados pelos reflorestamentos marcaram de

tal forma a dinâmica regional, que a COPENER atingiu um grau de rejeição muito alto nas

comunidades. Apesar das ações implementadas para a mitigação dos impactos sócio-

ambientais, a rejeição aos reflorestamentos na RLN persiste, refletindo-se no cotidiano das

relações entre os diversos atores sociais envolvidos.

O histórico da implantação do DFLN deixou marcas indeléveis no inconsciente coletivo

das comunidades rurais atingidas, particularmente constatadas nas entrevistas realizadas na

comunidade da Vila de Altamira. Conforme apurado nas entrevistas com dirigentes e técnicos

da COPENER, as ações de comunicação da empresa limitam-se às campanhas de prevenção

de incêndios florestais, o que acentua o distanciamento empresa-comunidade.

As entrevistas realizadas com representantes e moradores da Vila de Altamira

mostraram que os trabalhadores rurais da região têm uma grande resistência ao

estabelecimento de relações empregatícias com as empresas que prestam serviço à

COPENER, devido à sazonalidade das contratações. As empresas prestadoras de serviço

alegam, por seu turno, que a mão-de-obra local tem dificuldades de adaptação às exigências

técnicas e apresenta baixa motivação e um ritmo lento na execução das atividades. Por isso,

são recrutados trabalhadores oriundos de outras regiões, em detrimento da mão-de-obra rural

local. Concomitantemente, verificou-se a existência de um consenso generalizado na

comunidade de que os reflorestamentos causaram impactos sócio-culturais que prejudicaram a

dinâmica da região. Este pensamento é compartilhado, inclusive, por lideranças municipais de

Alagoinhas, Cardeal da Silva e Conde.

Conforme salientaram representantes de pequenos agricultores, as comunidades rurais

reconhecem que a atividade florestal tem aspectos positivos. Para eles, o eucalipto é uma

importante fonte de matéria-prima e o seu cultivo pode ser uma atividade positiva para a

região, desde que bem dimensionada e planejada. Todavia, as comunidades rurais também

revelaram preocupações, de acordo com os resultados das entrevistas. Primeiro, quanto aos

impactos que foram agravados pela falta de um programa de desenvolvimento rural,

reduzindo a produção agrícola da região. Em seguida, pela falta de acesso ao crédito rural, de

equipamentos públicos e de infra-estrutura, além das preocupações relacionadas aos recursos

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hídricos e ao desmatamento. As condições de trabalho nas empresas reflorestadoras são

oriundas da sazonalidade, da existência das empreiteiras, do transporte, da alta rotatividade e

dos casos de intoxicação por agrotóxicos que também preocupam as comunidades rurais.

A partir da chegada das empresas reflorestadoras, uma grande expectativa foi criada na

população local em relação à melhoria na qualidade de vida. Com a implantação dos projetos

de reflorestamento, a população mais jovem tentou empregar-se na nova atividade. Alguns se

tornaram assalariados rurais. Essa população ingressou num universo de direitos trabalhistas,

salários fixos e contratuais, que causaram mudanças de comportamento, a partir da exigência

de uma postura funcional até então desconhecida por este contingente de trabalhadores rurais.

A análise crítica da implantação e atuação dessas empresas na região mostrou que os

problemas se iniciaram com uma enorme contradição entre os seus objetivos e a sua prática,

além de falhas, desvios e erros na sua implementação. Os entrevistados registraram anseios

em relação aos reflorestamentos na RLN: a) revisão do zoneamento agro-econômico; b)

limitação da extensão das áreas ocupadas pelos reflorestamentos nos municípios; c) maior

rigor na seleção das áreas de plantio; d) critérios para aquisição de áreas de outras empresas e

propriedades abandonadas; e) promoção da agricultura familiar; f) preservação dos

remanescentes de vegetação natural; e f) fiscalização ambiental e trabalhista contínua.

A partir dos dados compilados nos censos econômicos e agropecuários do IBGE, para o

período de 1975 a 1995, foram construídas as Tabelas 6.3, 6.4 e 6.5, referentes à silvicultura,

à agricultura e à pecuária, respectivamente. O período analisado corresponde à fase de maior

expansão dos reflorestamentos na RLN. Procedeu-se à comparação entre os comportamentos

dessas atividades econômicas, em termos de ocupação de território, considerando quatro

unidades territoriais: município de Conde, municípios da área de abrangência da COPENER

(DFLN), Estado da Bahia e Brasil.

Tabela 6.3 – Evolução da área ocupada pela silvicultura: município de Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995 (Censos econômicos e agropecuários IBGE, 1979, 1983-1984, 1998). ÈUHD�RFXSDGD��KD��8QLGDGHV�7HUULWRULDLV� ����� ����� �����

Conde 9.114 DFLN 4.924 88.610 86.026 Bahia 55.722 276.581 297.429 Brasil 2.889.125 4.990.695 5.396.016

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Tabela 6.4 - Evolução da área ocupada pela agricultura: município de Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995 (Censos econômicos e agropecuários IBGE, 1979, 1983-1984, 1998). ÈUHD�RFXSDGD��KD���

8QLGDGHV�7HUULWRULDLV� ����� ����� �����Conde 53.263 32.609 5.516 DFLN 386.695 357.143 114.087 Bahia 9.440.886 11.302.413 11.516.700 Brasil 25.911.459 38.651.454 50.104.484

Tabela 6.5 - Evolução da área ocupada pela pecuária: município de Conde, DFLN, Estado da Bahia e Brasil, 1975-1995 (Censos econômicos e agropecuários IBGE, 1979, 1983-1984, 1998). ÈUHD�RFXSDGD��KD���

8QLGDGHV�7HUULWRULDLV� ����� ����� �����Conde 20.303 25.589 24.851 DFLN 54.702 490.478 406.541 Bahia 13.749.436 16.727.027 14.516.700 Brasil 25.911.459 38.651.454 50.104.484

Para melhor visualização e interpretação, foram elaborados os gráficos correspondentes

a esses dados que são apresentados nas Figuras 6.6, 6.7 e 6.8. Depreende-se que a expansão

da área ocupada pela silvicultura no município de Conde ocorreu somente a partir do final da

década de 1980. O ritmo continuou crescente no Estado da Bahia e no Brasil em todo o

período analisado. Quanto ao grupo de municípios da área de abrangência da COPENER

(DFLN), observa-se um crescimento muito acentuado entre 1975 e 1980, seguido de um

ligeiro recuo entre 1980 e 1995 (Figura 6.6).

No que se refere à agricultura, os comportamentos da área ocupada no DFLN e no

município de Conde foram similares, apresentando um decréscimo acentuado na ocupação

espacial. Entretanto, nos níveis estadual e nacional, observou-se uma expansão contínua da

área ocupada pela agricultura. Assim, conclui-se que os municípios da área de abrangência da

COPENER (DFLN) distanciaram-se da tendência de crescimento que caracterizou a

agricultura no restante do País (Figura 6.7). Quanto à pecuária, no Brasil, esta atividade

manteve um ritmo constante de expansão da área ocupada, entre 1975 e 1995. No Estado da

Bahia, DFLN e município de Conde, a expansão ocorreu também entre 1975 e 1980, mas foi

seguida de um decréscimo nos anos seguintes (Figura 6.8).

A agricultura foi a atividade que sofreu a modificação mais acentuada na extensão da

área ocupada, no grupo dos municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e no

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município de Conde. Isto suporta as observações empíricas e o senso comum observado na

região que apontaram para a deficiência da região em produzir alimentos e abastecer as feiras

livres locais. O comportamento da pecuária no grupo dos municípios da área de abrangência

da COPENER (DFLN) e no município de Conde, apesar de diferir daquele observado no País,

acompanhou a evolução do Estado da Bahia.

A forte expansão da área ocupada pela silvicultura coincide com a redução das áreas

ocupadas pela agricultura e pecuária, no DFLN. Não foi constatada a substituição da

agricultura pela pecuária no DFLN, visto que ambas tiveram as suas áreas reduzidas. Por

outro lado, esses números são indícios de uma relação direta entre a expansão da silvicultura e

o encolhimento da agricultura e pecuária municípios da área de abrangência da COPENER

(DFLN), durante as décadas de 1970 a 1990.

No município de Conde, a agricultura, que em 1975 ocupava 55,8% do território, se

retraiu fortemente para 5,8% em 1995. A ocupação do território municipal pela pecuária

variou de 21,8% em 1975, para 26% em 1995. A silvicultura, registrada pela primeira vez em

1995, correspondia a 9,5% do território do município, superando a agricultura. Ressalte-se

que atualmente a área dos reflorestamentos do Bloco Altamira (2.366,16 ha) correspondem a

2,5% da área total do município de Conde. Esta proporção chega a 5,3% quando considerada

a área total do bloco (5.005,20 ha) e se aproxima muito do percentual observado pela

agricultura.

Portanto, a ocupação de vastas áreas da região pelos reflorestamentos, desalojou outras

atividades econômicas já estruturadas. Isto promoveu a transformação do espaço

anteriormente constituído, redefinindo o papel e o lugar dos antigos grupos ligados à terra na

organização social.

Os possíveis impactos da atividade florestal sobre o clima e os recursos hídricos

também foram relatados nas entrevistas. Os agricultores entrevistados indicaram que a baixa

capacidade de retenção de água nos solos e a redução na produtividade de suas lavouras são

conseqüência de alterações desses componentes ambientais. Entretanto, os registros dos

postos meteorológicos instalados na RLN indicam que não houve mudanças significativas no

comportamento dos parâmetros climáticos nas últimas cinco décadas. Estas informações são

respaldadas pelas medições feitas por organismos oficiais. Paralelamente, os dados

disponíveis provenientes do monitoramento da microbacia do rio Farje, apesar de não

conclusivos, não mostram indícios de alterações quantitativas ou qualitativas dos recursos

hídricos em função da presença dos reflorestamentos com eucaliptos. A literatura científica

que foi analisada também não respalda as observações feitas pelos agricultores.

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0

50000

100000

150000

200000

250000

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350000

1975 1980 1995576 8 9 : 9<; =7>@?

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Brasil

Bahia

0

10000

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90000

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1975 1980 1995H@I7J KML KON P@QSR

T UVW XYUZ

DFLN

0

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2000

3000

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6000

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8000

9000

10000

1975 1980 1995[@\7] ^M_ ^a` bdcSe

f ghi jkgl

Conde

Figura 6.6 – Gráficos da evolução da área ocupada pela silvicultura em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde.

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

1975 1980 1995

Cens os I B GE

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148

158.000.000

160.000.000

162.000.000

164.000.000

166.000.000

168.000.000

170.000.000

172.000.000

174.000.000

176.000.000

178.000.000

180.000.000

1975 1980 1995m@n o p q psr t@u<v

w xyz {|x}

Brasil

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

14.000.000

1975 1980 1995~s�7� � �M�a� �s�<�

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Bahia

0

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100.000

150.000

200.000

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300.000

350.000

400.000

450.000

1975 1980 1995H@IMJ K LMK�N P@QSR

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DFLN

0

10.000

20.000

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40.000

50.000

60.000

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  ¡¢£ ¤¥¡¦

Conde

Figura 6.7 – Gráficos da evolução da área ocupada pela agricultura em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde.

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158.000.000

160.000.000

162.000.000

164.000.000

166.000.000

168.000.000

170.000.000

172.000.000

174.000.000

176.000.000

178.000.000

180.000.000

1975 1980 1995§@¨ © ª « ªs¬ ­@®<¯

° ±²³ ´µ±¶

Brasil

0

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

12.000.000

14.000.000

16.000.000

18.000.000

1975 1980 1995·7¸ ¹ º » º�¼ ½7¾<¿

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Bahia

0

100.000

200.000

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400.000

500.000

600.000

1975 1980 1995

Cens os I B GE

DFLN

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

1975 1980 1995

Cens os I B GE

Conde

Figura 6.8 – Gráficos da evolução da área ocupada pela pecuária em quatro unidades territoriais: Brasil, Estado da Bahia, municípios da área de abrangência da COPENER (DFLN) e município de Conde.

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A análise documental e histórica indicou que a RLN sofreu nas últimas décadas um

avassalador processo de desmatamento, com o predomínio marcante de práticas extrativas

predatórias. A intensa ação antrópica na região reduziu a cobertura florística natural a apenas

alguns fragmentos, devido à substituição, principalmente por pastagens e reflorestamentos.

No tocante à perda de biodiversidade, os reflorestamentos, assim como quaisquer outras

culturas agrícolas ou pecuárias, restringem evidentemente a variabilidade de espécies vegetais

e animais. Aliás, esta consideração coincide com a visão do corpo técnico da COPENER

sobre suas plantações, detectada durante as entrevistas, em que o eucalipto apresenta

características semelhantes a uma cultura agrícola. Entretanto, os impactos ambientais são

consideráveis, devido às características monoculturais dos reflorestamentos e a grande

extensão das áreas ocupadas na RLN. De acordo com as entrevistas e observações diretas

realizadas, constatou-se que a introdução dos reflorestamentos não foi a única responsável

pelo intenso desmatamento ocorrido na região. Contudo, sua chegada contribuiu para um

aumento das perdas na biodiversidade regional, em função do esquema de substituição de

áreas de vegetação natural por florestas homogêneas. Grandes áreas já haviam sido

transformadas em pastagens e a exploração madeireira indiscriminada era uma atividade

comum e os primeiros reflorestamentos se inseriram nesse modelo de uso e ocupação do solo.

Evidentemente, essa ocupação com enormes áreas contínuas de reflorestamentos provocou

uma alteração na paisagem local, considerando que o número de reservas de vegetação natural

já era praticamente insignificante. Assim, os ambientes com agroecossistemas e

reflorestamentos se tornaram biologicamente muito vulneráveis e as florestas nativas

formaram fragmentos espaçados irregularmente na paisagem.

As observações realizadas indicam que a conseqüência mais marcante do

desenvolvimento que se produziu na RLN foi a redução drástica na diversidade biológica de

espécies vegetais e animais, notadamente da avifauna e mamíferos. A introdução dos

reflorestamentos se agregou às enormes áreas já transformadas pelas atividades pecuárias e de

agricultura de subsistência. Especificamente no que tange aos projetos de reflorestamento da

RLN, os fatores modificadores da paisagem observados durante a pesquisa foram: a) a

formação de florestas homogêneas de eucaliptos em ambientes uniformes, com escassa

estrutura de sub-bosques e, portanto, pobres em biodiversidade; b) o sombreamento produzido

pela altura das árvores, a competição por nutrientes e água, e os efeitos cumulativos das

mudanças no perfil dos solos, que inibiram o crescimento de outras espécies vegetais; c) a

diminuição da fauna local, pela formação de uma nova vegetação dominante, um sub-bosque

ralo e poucas árvores mortas, fundamentais no ciclo natural de habitats para muitos animais.

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Em relação à ocupação espacial do DFLN, o planejamento e a gestão dos

reflorestamentos da COPENER resultaram, em 2003, em 18.934 ha disponíveis para plantio,

29.190 ha de áreas de reserva legal ou de preservação permanente (23,3% do total de suas

terras), 585 ha com benfeitorias e 4.489 ha arrendadas a terceiros para o plantio de eucaliptos.

A fração ocupada por áreas de reserva legal e de preservação permanente no conjunto

dos projetos da COPENER (23,3%) é muito pequena, uma vez que a legislação ambiental

exige a destinação de 20% da área para reserva legal. Dessa forma, apenas 3,3% da área total

ocupada pela COPENER no DFLN seriam áreas de preservação permanente (4.132 ha), o que

é irrisório, considerando-se a totalidade das terras (125.201,86 ha). Os números indicam que a

biodiversidade do DFLN está bastante comprometida, em termos quantitativos e qualitativos.

Esta análise respalda a intensa preocupação demonstrada por técnicos de órgãos públicos,

agricultores e lideranças políticas e comunitárias, durante as entrevistas.

Entretanto, a estruturação da paisagem no Bloco Altamira, com 49% da área total

ocupada por vegetação natural, não reproduziu a proporção média constatada no DFLN. Os

números mostram que o planejamento do uso e ocupação do solo dos projetos do Bloco

Altamira resultou em impactos bem menores sobre a paisagem e a biodiversidade, em

comparação com a média do DFLN. Portanto, a formação de mosaicos na paisagem e as

práticas de gestão ambiental contribuíram para uma maior sustentabilidade dos projetos do

Bloco Altamira, em comparação com o restante do DFLN.

�����$�*(67­2�'26�352-(726�'(�5()/25(67$0(172��

Na gestão dos projetos de reflorestamento do Bloco Altamira residem os meios viáveis

e factíveis para a incorporação de componentes adicionais de sustentabilidade, por meio do

contínuo aprimoramento técnico-científico. Escolhas e decisões basilares, refletidas no

sistema de gestão adotado, e pautadas numa ética empresarial pré-determinada, assumem

papel vital para a consecução de uma proposta de desenvolvimento sustentável. Apesar da

atenção dispensada aos componentes técnico-científicos, a definição dos imperativos éticos da

COPENER ainda não está clara, factível e articulada com as premissas do desenvolvimento

sustentável.

Atualmente, a empresa trabalha com cinqüenta clones volumetricamente superiores

comprovados, no seu programa de melhoramento genético, considerando-se a probabilidade

de ocorrência de secas críticas na região para as nove zonas edafoclimáticas das terras

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empresa. Outros 108 clones estão em fase avançada de testes e demonstram que há boas

perspectivas para a seleção de novos clones superiores em médio prazo, existindo ainda cerca

de duzentos clones já selecionados e ainda não testados em todas as zonas edafoclimáticas. A

Tabela 6.6 apresenta as produtividades de alguns de seus clones, comparativamente ao

(�JUDQGLV�x�(�XURSK\OOD�sementes ou mix clonal para duas condições climáticas.

Tabela 6.6 - Produtividades de clones superiores comparativamente a plantios de sementes ou mix clonais de (�JUDQGLV x (�XURSK\OOD (COPENER, 2003). &ORQH� =RQD�����������PP� &ORQH� =RQD�!������PP�

código m3/ha/ano % Código m3/ha/ano % 1252 37 133 1296 64 182 1260 37 133 1404 64 182 1355 36 129 1271 63 180 1386 36 128 1377 60 172 1404 36 128 1490 59 169 1296 35 125 1275 59 169 Semente/Mix 28 100 Semente/Mix 35 100

As produtividades referentes aos clones selecionados para as áreas com pluviosidade

superior a 1.200 mm atingem níveis maiores (59 a 64 m3/ha/ano), em comparação com os

clones selecionados para áreas de menor pluviosidade (35 a 37 m3/ha/ano). O mesmo ocorre

quando se observam os incrementos percentuais em relação a plantios realizados a partir de

sementes. Portanto, deduz-se que a precipitação pluviométrica é um fator decisivo para a

seleção de áreas de implantação de projetos de reflorestamento da COPENER, o que explica a

atual tendência da empresa em concentrar seus plantios em áreas próximas ao litoral, posto

que elas apresentam maior índice pluviométrico. Com a tecnologia que a empresa

desenvolveu para a região, a classificação de sítios, o desenvolvimento de materiais genéticos

adaptados de alta produtividade e as técnicas de manejo, os reflorestamentos alcançam altas

produtividades, inclusive em áreas com precipitação inferior a 1.000 milímetros.

As atividades clássicas dos reflorestamentos se resumem às práticas de plantio,

manutenção e exploração dos maciços florestais. As principais características e impactos

ambientais dessas atividades, juntamente com as respectivas medidas mitigadoras, serviram

como base para a análise das ações efetuadas pela COPENER nos projetos do Bloco Altamira

(Tabela 6.7). As observações indicaram que a empresa vem atendendo, em diferentes graus, a

estas observações referentes à implantação de maciços florestais.

Os sistemas de preparo de solo e plantio evoluíram substancialmente, tendo sido

inicialmente constituídos por preparo intensivo, com desmatamento, queima, subsolagem,

gradagem e construção de terracinhos, com fertilização de base e cobertura. O sistema de

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preparo praticado se baseia no cultivo reduzido. A queima, quando necessária, é localizada na

linha de galhada, a fertilização é realizada em função de análises de solo, utiliza-se o

subsolador para preparo em faixa, e ocorre o controle químico de ervas.

No que se refere à mecanização intensiva, mesmo com o uso de maquinário pesado,

como carretas e tratores, não foram encontrados indícios de processos erosivos nas terras do

Bloco Altamira. Porém, a compactação do solo foi constatada, tendo sido monitorada

constantemente pela empresa, pois obstaculiza o desenvolvimento do sistema radicular das

árvores. Numa avaliação de muito baixa a acentuada, os plantios da COPENER se situaram,

de um modo geral, em moderada, na relação entre impactos ambientais e respectivas medidas

mitigadoras apresentadas na Tabela 6.7.

O equilíbrio ecossistêmico e a biodiversidade foram afetados pelos reflorestamentos,

sobretudo pelos primeiros plantios de 3LQXV, ocorridos nas décadas de 1970 e 1980. Ressalte-

se que os projetos de reflorestamento do Bloco Altamira foram implantados em áreas

anteriormente com plantios de 3LQXV introduzidos nessa época. Com a reorganização

decorrente da implantação dos projetos da COPENER, a partir do final da década de 1990, a

área ocupada por reflorestamentos foi reduzida, o que acarretou um aumento das áreas com

vegetação natural. Complementarmente, as medidas mitigadoras implementadas trouxeram

benefícios ambientais que apontam para uma maior sustentabilidade aos projetos nesse

aspecto.

A aplicação de herbicidas e formicidas e a adubação química são práticas adotadas pela

COPENER, ocorrendo variações quanto a épocas e freqüência de aplicação. A utilização

reduzida e controlada dos agrotóxicos e insumos, como resultado do emprego das práticas de

manejo integrado, contribuiu para a ausência de contaminações dos mananciais hídricos,

conforme os resultados extrapolados do monitoramento da microbacia do rio Farje. Nos solos,

os resíduos de agrotóxicos possuem baixa persistência, devido às características dos produtos

selecionados para a utilização, ao rigor dos cálculos de dosagem e aos cuidados na aplicação.

Entretanto, a empresa não implementou um programa de monitoramento sistemático desses

aspectos, específico para os projetos do Bloco Altamira.

As ações ambientais da COPENER foram motivadas e fundamentadas no diagnóstico

ambiental e compatibilizadas com as exigências legais, sobretudo durante o processo de

licenciamento ambiental. A COPENER implementou um programa com as seguintes

diretrizes básicas: a) levantamentos fitossociológicos; b) recuperação de áreas degradadas e

enriquecimento de áreas alteradas; c) estabelecimento de corredores biológicos entre

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fragmentos de vegetação natural; d) manutenção de um banco de germoplasma de espécies

nativas; e) monitoramento da microbacia hidrográfica do rio Farje.

Tabela 6.7 - Características, impactos e medidas mitigadoras, na implantação dos projetos Altamira I, II e III, da COPENER (modificado - Mesquita et. al, 2000). &DUDFWHUtVWLFDV� 2EVHUYDomR� ,PSDFWRV�DPELHQWDLV� 2EVHUYDomR� 0HGLGDV�PLWLJDGRUDV� 2EVHUYDomR�Mecanização intensiva Maciços de reflorestamentos monoculturais Utilização de agrotóxicos e insumos

Acentuada

Constatado

Acentuado

Erosão do solo Compactação do solo Degradação física, química e biológica do solo Rebaixamento do lençol freático Redução da biodiversidade Perda do equilíbrio do ecossistema Contaminação do solo e da água por agrotóxicos Desequilíbrio do ecossistema

Não constatada Moderada

Baixa

Não constatado

Moderada

Moderada

Muito baixa

Moderada

Utilização de técnicas de conservação de solo e água Respeito às matas ciliares mantidas por lei Manutenção de corredores biológicos Emprego de práticas de manejo adequadas Emprego de técnicas de manejo integrado

Boa

Acentuado

Boa

Boa

Moderada

�A análise dos relatórios internos da COPENER constatou que a empresa implementou e

mantém planos de recomposição de matas ciliares e áreas de reserva legal e de preservação

permanente que estão degradadas, e de implantação de corredores biológicos. Este programa

ambiental determinou ações em relação a todos os fragmentos de vegetação natural existentes

na área total da empresa. As visitas realizadas aos projetos de reflorestamento da COPENER,

as entrevistas realizadas e a análise documental, constataram as seguintes ações do programa

ambiental implementado pela empresa:

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a) trabalhos de terraplanagem, para adequar a inclinação dos taludes e compatibilizá-los

com as características do solo, acompanhados da implantação de sistema de drenagem

superficial;

b) plantio de leguminosas arbustivas nativas, submetidas a podas programadas; e de

espécies rasteiras e trepadeiras;

c) observação das curvas de nível na execução dos plantios;

d) adubação à base de húmus e matéria orgânica no preparo das covas;

e) construção e manutenção de aceiros;

f) execução dos tratos culturais, adubações de cobertura e controle de formigas;

g) nas áreas mais abertas ou aquelas que se encontram em estádio sucessional inicial,

priorizou-se o plantio de espécies pioneiras, entre elas: embaúba (&HFURSLD�KROROHXFD), quipé,

candeia, aroeirinha �6FKLQXV�WHUHEHQWLIROLXV�� pau-pombo, crindiúva, fruta-de-pombo (7DSLULUD�JXLDQHVLV), muriçi (%\UVRQLPD� VHULFHD), quaresminha, pimenteira (;\ORSLD sp), mangaba

(+DQFRUQLD�VSHFLRVD), caju ($QDFDUGLXP�RFLGHQWDOLV). h) em áreas mais fechadas, ou consideradas em estádio mais avançado de regeneração,

foram utilizadas: gonçalo-alves, aroeira-do-sertão (0\UDFURGUXRQ� XUXQGHXYD), cedro

(&HGUHOOD� ILVVLOLV), jequitibá (&DULQLDQD sp), sucupira (%RZGLFKLD� YLUJLORLGHV), sapucaia

(/HF\WKLV�SLVRQLV), ipês (7DEHEXLD sp), braúna (0HODQR[\OXP�EUDXQHD);

h) plantios de enriquecimento das vegetações ciliares (riachos e lagoas), em áreas mais

abertas, com espécies adaptadas a estas condições como, por exemplo, o ingá (,QJD sp), com

introdução gradativa das espécies de estágios sucessionais mais avançados;

i) adequação de talhões plantados com (XFDO\SWXV, com desbastes por anelamento,

condução do sub-bosque de espécies nativas e plantios de enriquecimento com espécies

pioneiras e secundárias iniciais.

Entre os resultados alcançados por essas ações, destacam-se os seguintes, constatados

durante as visitas aos reflorestamentos da COPENER:

a) a prevenção e o controle dos processos erosivos, em áreas de plantio, estradas,

carreadores e áreas degradadas, foram favorecidos por práticas conservacionistas e pelos

dispositivos de drenagem superficial;

b) a adubação verde proveniente das leguminosas favoreceu o processo de regeneração

natural;

c) as espécies rasteiras e trepadeiras promoveram, em alguns casos, uma rápida

cobertura do solo, melhorando a infiltração de água e contribuindo para reduzir a ocorrência

de processos erosivos;

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d) a utilização de matéria orgânica nos plantios, os tratos culturais e as práticas de

manutenção favoreceram o desenvolvimento das mudas;

e) os aceiros estão sendo efetivos na prevenção e no controle de incêndios florestais;

f) os critérios de seleção das espécies empregadas na recomposição vegetal, bem como

o seu cronograma de introdução, têm base tecnológico-científica, resultando em processos

sucessionais compatíveis com os ecossistemas e unidades de paisagem;

g) as áreas ciliares dos corpos d’ água apresentam melhoria em suas condições

ambientais, como o aumento tanto do número quanto da diversidade de espécies da flora;

h) algumas antigas áreas de plantio de eucalipto estão em franco processo de transição,

com a promoção da regeneração da vegetação natural;

i) técnicos da COPENER relataram o reaparecimento de alguns animais da fauna local,

nos fragmentos de vegetação natural e em áreas em recuperação ambiental. Porém, durante as

visitas apenas foram avistadas algumas aves de pequeno porte.

Apesar do esquema de vigilância existente, algumas ocorrências que prejudicam a

recuperação ambiental dessas áreas foram relatadas nas entrevistas e constatadas nas visitas:

a) a prática da caça, que além da destruição da fauna, provoca a abertura de clareiras e

queimadas acidentais;

b) incêndios florestais acidentais ou de cunho criminoso;

c) invasões de terra, seguidas de desmatamento predatório para a venda da madeira;

d) esporadicamente, falhas na comunicação interna da empresa ocasionam equívocos

nas operações, como por exemplo, a abertura de estradas em locais indevidos.

O investimento em informação e treinamento de mão de obra, além da vigilância

sistemática, dotada de torres de observação e o monitoramento da umidade relativa do ar,

acarretaram a redução das ocorrências de incêndios florestais. As brigadas de combate a

incêndios florestais são mantidas bem equipadas e treinadas.

Nos projetos do Bloco Altamira, os fragmentos de vegetação natural estão bem

preservados, em sua maior parte. A ocorrência de um incêndio florestal há dois anos, relatada

pelos técnicos da COPENER, causou a degradação de uma área equivalente a 20% dos

fragmentos, que apresentam uma regeneração bastante avançada. No restante dos fragmentos,

a vegetação apresenta-se em diferentes estágios sucessionais, em sua maioria de avançada

regeneração, com vegetação primária ou secundária. Nos fundos de vales e as baixadas,

denominadas pelos técnicos da COPENER de “ coletores de água” e são importantes para a

recarga de aquíferos, a implantação de talhões de plantio é controlada e boa parte da

vegetação natural mantém-se preservada.

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O rio Farje situa-se entre os municípios de Entre Rios e Alagoinhas e atravessa um

projeto de reflorestamento que tem mesmo nome. Os dados obtidos pelo programa de

monitoramento da sua microbacia hidrográfica são conjugados com os dados obtidos na

estação meteorológica instalada em seus arredores. O banco de dados se constitui em uma

fonte de informações para projetos de pesquisa, tanto de âmbito ambiental quanto florestal.

Apesar da importância dos dados referentes à dinâmica dos recursos hídricos para gestão

ambiental dos reflorestamentos, o programa não foi replicado em outras microbacias

hidrográficas da área de abrangência da COPENER. Os resultados do monitoramento estão

sendo paulatinamente extrapolados para as outras áreas.

O manejo integrado de pragas e o manejo de sub-bosques são práticas já adotadas pela

empresa. Porém, não existem programas específicos que sistematizem esses procedimentos.

O programa de ações ambientais da COPENER funcionou como uma ferramenta

relativamente eficaz para a prevenção e mitigação de impactos ambientais. Contudo, a

ausência de um enfoque sistêmico mais amplo provocou a desconsideração dos aspectos

sócio-culturais, comprometendo a sustentabilidade dos projetos de reflorestamento.

Os resultados do levantamento semi-detalhado de solos e da avaliação da potencialidade

das terras para a implantação de reflorestamentos estão no cerne do planejamento e manejo

florestal. Eles foram os critérios que determinaram a ocupação das terras com reflorestamento

e conseqüente formação da paisagem, nos projetos Altamira I, II e III. A partir da

sobreposição dos mapas de solo, vegetação natural e áreas de plantio, referentes aos projetos

do Bloco Altamira, constatou-se que: a) as áreas ocupadas pelo plantio de eucalipto nos três

projetos (Bloco Altamira) somam 2.366,16 ha, correspondendo a 47% do total de terras; b) as

áreas ocupadas pela vegetação natural somam 2.437,39 ha, correspondendo a 49% do total de

terras; c) o restante das áreas (201,65 ha) refere-se a aceiros e outras estruturas (Tabela 6.8).

Tabela 6.8 - Uso e ocupação do solo nos projetos de reflorestamento do Bloco Altamira, da COPENER, 2003.

3URMHWRV� ÈUHD�WRWDO��KD��

� 3ODQWLR��KD�� 3ODQWLR����� ÈUHDV�GH�SUHVHUYDomR�SHUPDQHQWH�H�5HVHUYD�/HJDO��KD��

ÈUHDV�GH�SUHVHUYDomR�SHUPDQHQWH�H�5HVHUYD�/HJDO�����

$FHLURV��OLQKDV�GH�DOWD�WHQVmR�H�JDVRGXWR��KD��

$FHLURV��OLQKDV�GH�DOWD�WHQVmR�H�JDVRGXWR�����

Altamira I 1.783,93 1.040,62 58 673,80 38 69,51 4 Altamira II 934,22 518,18 55 381,90 41 34,14 4 Altamira III 2.287,05 807,36 35 1.381,69 60 98,00 5 Totais 5.005,20 2.366,16 2.437,39 201,65 Médias 47 49 4

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O projeto Altamira I apresenta a maior taxa de ocupação com plantio (58%), portanto

onze pontos acima da média do Bloco Altamira (47%). A taxa de ocupação com vegetação

natural (38%) é inversamente proporcional, nove pontos abaixo da média do Bloco Altamira.

Isto explica sua maior participação na área total de plantio do bloco (44%), conforme

mostrado na Tabela 6.8.

O projeto Altamira II é o que possui a menor extensão dos três analisados (934,22

931,05 ha). Este projeto apresenta, também, uma taxa de ocupação com plantio (55%), oito

pontos acima da média do Bloco Altamira. A proporcionalidade em relação à taxa de

ocupação com vegetação natural (41%) se repete, ficando também oito pontos abaixo da

média do Bloco Altamira.

O projeto Altamira III é o maior (2.287,05 ha) e contribui significativamente para a

redução da média da taxa de ocupação com plantio no Bloco Altamira, posto que sua taxa é

de 35%, portanto doze pontos abaixo da média do bloco. Isto se reflete numa taxa de

ocupação com vegetação natural da ordem de 60%, onze pontos acima da média do bloco.

As áreas ocupadas por aceiros, linhas de alta tensão e gasoduto, além da pouca

expressão, apresentam pouca variação em todos os projetos do Bloco Altamira. O percentual

de áreas ocupadas por vegetação natural, seja referente à média do Bloco Altamira (49%),

seja considerado isoladamente para cada projeto (38%, 41% e 60%) situa-se num patamar

bastante inferior à média observada para a totalidade dos reflorestamentos da empresa no

DFLN (23,30%). Portanto, o Bloco Altamira, além de estar entre os mais produtivos, também

está entre os projetos com maior área preservada da COPENER.

A Tabela 6.9 apresenta a distribuição das terras dos projetos Altamira I, II e III, de

acordo com as classes de aptidão.

Tabela 6.9 - Distribuição das terras do Bloco Altamira, segundo as classes de aptidão.

$OWDPLUD�,� $OWDPLUD�,,� $OWDPLUD�,,,� ÈUHD�7RWDO�&ODVVH�KD� �� KD� �� KD� �� KD� ��

Boa 650,00 58 270,60 49 449,08 51 1.369,68 54 Regular 411,07 37 252,38 46 310,36 35 973,81 38 Restrita� 59,79 5 26,17 5 125,18 14 211,14 8 Totais 1.120,86 100,00 549,15 100,00 884,64 100,00 2.554,65 100,00

A Classe Boa, de maior expressão, ocupa 54% das terras do Bloco Altamira. A Classe

Regular representa 38% das ocorrências. A Classe Restrita representa 8% da área total dos

projetos. Portanto, esta distribuição das terras indica que o potencial produtivo dos projetos é

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elevado, considerando-se as condições dos solos detectados pelo levantamento e as práticas de

manejo florestal adotadas pela COPENER.

O projeto Altamira I teve 58% de suas terras enquadradas na Classe Boa, sendo,

portanto o único a se situar acima da média do bloco (54%), visto que os projetos Altamira II

e III tiveram 49% e 51% de suas terras, respectivamente, enquadradas nesta mesma classe. As

terras enquadradas na Classe Regular ocupam uma área relativa acima da média do bloco

somente no projeto Altamira II (46%). O projeto Altamira III é o que apresenta maior

quantidade de terras enquadradas na Classe Restrita (125,18 ha), representando um percentual

de 14% de suas terras, quase o dobro da média do bloco. Esse montante corresponde a mais

da metade de todas as terras enquadradas na Classe Restrita do Bloco Altamira (211,14 ha).

As observações diretas realizadas durante as visitas aos projetos corroboram esta análise, pois

foi constatada uma formação de paisagem em mosaicos, intercalando-se áreas de plantio e

vegetação natural.

De acordo com relatos de técnicos da VERACEL, a intercalação de áreas de plantio

com a vegetação natural traz benefícios não apenas ambientais, mas econômicos. A incidência

de pragas naqueles reflorestamentos é muito inferior, em comparação com as áreas muito

extensas e contíguas, devido ao controle biológico exercido pela fauna silvestre abrigada pela

vegetação natural. Assim, a produtividade tende a ser maior nos talhões de plantio próximos

aos fragmentos de vegetação natural, com menores custos relacionados ao controle de pragas.

O gráfico da Figura 6.9 mostra a distribuição das terras conforme as classes de

aptidão, nos projetos Altamira I, II e III. O gráfico da Figura 6.10, por seu turno, mostra a

distribuição das áreas ocupadas com plantio de eucalipto e por vegetação natural. Os dois

gráficos mostram a convergência entre a extensão das terras enquadradas na Classe Restrita e

as terras ocupadas pelos fragmentos de vegetação natural e a convergência entre a extensão

das terras enquadradas nas Classes Boa e Regular e as terras ocupadas pelos reflorestamentos.

Os fragmentos de vegetação natural das terras da Classe Restrita, somados àqueles das

terras consideradas inaptas ao reflorestamento com eucalipto e às áreas protegidas por lei

(reserva legal e preservação permanente), totalizam 2.437,39 ha, correspondendo a 49% do

Bloco Altamira. Nas observações realizadas no Bloco Altamira, foi constatado que a maioria

dessas áreas estão interligadas, o que favorece a dinâmica faunística e manutenção da

biodiversidade.

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0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1000,00

1200,00

Altamira I Altamira II Altamira III

3URMHWRV�GH�UHIORUHVWDPHQWR

+HFWD

UHV

Boa Regular Restrita

Figura 6.9 - Distribuição das terras, segundo as classes de aptidão, no Bloco Altamira.

0,00

200,00

400,00

600,00

800,00

1.000,00

1.200,00

1.400,00

1.600,00

Altamira I Altamira II Altamira IIIÇÉÈdÊ�Ë@Ì@Í Ê�ÎÐÏÑÌÒÈdÌ@Ó Ô Ê�ÈdÌdÎÕÍ Ö�×ØÌdÙOÍMÊ

Ú ÛÜÝ ÞßÛà

Plantio Vegetação natural

Figura 6.10 - Relação entre áreas de plantio e fragmentos de vegetação natural, no Bloco Altamira.

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Sob os critérios utilizados nos plantios efetuados nas décadas de 1970 e 1980,

prioritariamente produtivistas, as áreas reflorestadas seriam bem maiores, em detrimento das

áreas com vegetação natural. Atualmente, a menor taxa de ocupação com plantios é

compensada pelo aumento da produtividade propiciado pelo programa de melhoramento

genético e pelo aperfeiçoamento das técnicas de manejo.

O levantamento semi-detalhado de solos funcionou como um instrumento de dupla

função: a) mediante o uso mais racional das terras, direcionou com maior eficiência os

recursos materiais e energéticos para áreas de maior potencial produtivo; e b) possibilitou a

preservação de maiores fragmentos de vegetação natural, anteriormente sob o risco de

substituição. A sobreposição dos mapas das áreas ocupadas pelo plantio e os fragmentos de

vegetação natural comprovou esta assertiva.

As práticas de planejamento e gestão focalizadas na ocupação e utilização racional dos

solos promoveram a formação de mosaicos de eucaliptos e vegetação natural. Apesar de não

ter sido uma diretriz estabelecida no planejamento inicial dos projetos de reflorestamento, os

resultados dessas práticas contribuíram para a sustentabilidade espacial, ambiental e ecológica

do Bloco Altamira. Verificou-se, com estes resultados, uma convergência não intencional da

racionalidade econômica e da preservação ambiental, coerente com o conceito de

desenvolvimento sustentável.

�����,1',&$'25(6�'(�6867(17$%,/,'$'(�

A avaliação das ações da COPENER resultou das observações diretas que foram

realizadas durante as visitas aos projetos, e das entrevistas com os técnicos da empresa. Os

indicadores adotados, com seus respectivos componentes, estão descritos na Tabela 6.10.

Com essa base de referências, foram agregadas as informações referentes às ações da

COPENER. Em função das características na atuação da COPENER e dos componentes

peculiares do Bloco Altamira, verificou-se que a empresa atende parcialmente aos indicadores

estabelecidos, conforme mostrado na Tabela 6.10.

Nos indicadores ecológicos e ambientais, foram constatadas deficiências quanto aos

componentes que mensuram a biodiversidade, em termos de quantificação e identificação de

espécies. As ações da COPENER em relação aos recursos hídricos são orientadas pelos

resultados do monitoramento da microbacia hidrográfica do rio Farje, mediante a

extrapolação dos dados. Não existem ações específicas para os projetos do Bloco Altamira e

não foi possível demonstrar a validade desta extrapolação a partir das informações disponíveis

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na empresa. Não foi constatada a implementação de programas de reciclagem ou coleta

seletiva de resíduos produzidos durante as operações florestais, em função da aglomeração de

trabalhadores. O monitoramento dos solos não contempla satisfatoriamente as propriedades

biológicas, concentrando-se nas propriedades físico-químicas. Os componentes climáticos são

monitorados constantemente, por meio de uma rede de oito postos meteorológicos próprios,

cujos dados são acoplados às informações meteorológicas fornecidas por outros quatro postos

mantidos pela FERBASA na região e por organismos oficiais.

A análise da sustentabilidade de um sistema silvicultural não pode prescindir da

avaliação de sua produtividade e lucratividade, porque a sustentabilidade econômica depende

em grande parte deste aspecto. Os componentes comumente recomendados para a atividade

florestal são adotados e mensurados pela COPENER, no monitoramento do desempenho

produtivo de seus projetos. Apesar da grande quantidade de informações quanto aos

indicadores econômicos, sobretudo no que se refere à lucratividade e produtividade, a

empresa não sistematizou os dados da mão-de-obra, bens patrimoniais, despesas gerais e

receita bruta. A empresa também não faz a mensuração de componentes relacionados aos

fluxos de energia e matéria, para determinar a produção e a qualidade da biomassa em função

do aporte de insumos externos.

Em termos de indicadores sócio-culturais, não existe uma mensuração da caracterização

sócio-econômica, da qualidade de vida, da organização social, nem da capacitação da mão-de-

obra rural das comunidades da área de abrangência da COPENER. Por ouro lado, a

qualificação profissional dos funcionários é elevada, refletindo-se no desempenho técnico da

empresa. A carência de ações referentes aos componentes sócio-culturais, principalmente

aqueles do âmbito das relações com as comunidades, foi o que mais contribuiu para estes

resultados.

Nos indicadores político-institucionais, as políticas públicas vêm sendo acompanhadas,

enquanto que a assistência técnica e a difusão de tecnologia vêm ocorrendo de maneira

regular. Por outro lado, as relações institucionais com as comunidades e municipalidades

foram consideradas incipientes. Isto reafirma o distanciamento da COPENER em relação à

sociedade regional.

Quanto aos indicadores tecnológicos, o número de ações relacionadas é elevado e sua

implementação é condizente com as práticas modernas de manejo florestal e as projeções de

produtividade feitas pela COPENER. Os componentes desses indicadores estão diretamente

ligados à sustentabilidade econômica, pois estão associados aos fatores de produtividade dos

projetos de reflorestamento.

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Tabela 6.10 - Indicadores de sustentabilidade e seus componentes, para os projetos de reflorestamento Altamira I, II e III, da COPENER. ,QGLFDGRUHV� &RPSRQHQWHV� $o}HV�GD�&23(1(5�Ecológicos e ambientais Área ocupada pela vegetação

natural Diversidade da vegetação natural Quantidade e diversidade da fauna local Recursos hídricos Reciclagem de resíduos Monitoramento das propriedades do solo Monitoramento do clima

2.437,39 ha (49% da área total) Não mensurada Não mensurada Moderada Não constatada Moderada Acentuada

Econômicos

Lucratividade/produtividade Mão-de-obra Patrimônio Valor calórico (Kcal) produzido Energia produzida (Kcal) por unidade de insumo Volume (m3) produzido por unidade de insumo

Acentuada Fixa ou sazonal Própria ou subcontratada Manutenção Não mensurado Não mensurado Não mensurado

Sócio-culturais

Caracterização sócio-econômica Qualidade de vida Organização social Capacitação das comunidades Qualificação profissional Saúde no meio rural

Não mensurada Não mensurada Não mensurada Não constatada Acentuada Incipiente

Político-institucionais

Políticas públicas Assistência técnica Difusão de tecnologia Relações institucionais

Acompanhamento Consultorias eventuais Intercâmbio com empresas Incipiente

Tecnológicos

Preparo do solo Práticas conservacionistas Adubação Controle de pragas Manejo florestal Tendências de rendimento Uso do solo Mecanização

Convencional Subsolagem Constatada Acentuada Químico Manual Convencional Monitoramento constante Acentuada Constatada

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Existe uma prevalência de ações da COPENER em relação aos indicadores econômicos

e tecnológicos, em detrimento dos indicadores sócio-culturais e político-institucionais. Os

indicadores ecológicos e ambientais situam-se em uma posição intermediária, mas isto se

deve principalmente aos aspectos quantitativos, diretamente ligados aos componentes

econômicos e às exigências legais. Os aspectos qualitativos não atingem o mesmo nível de

relevância nas ações da empresa.

A análise dos reflorestamentos do Bloco Altamira, sob a perspectiva dos indicadores de

sustentabilidade que foram definidos para a pesquisa, mostrou que os projetos de

reflorestamento da COPENER não atendem plenamente aos critérios de sustentabilidade. A

dimensão econômica prevalece de forma incisiva, apesar dos avanços nas dimensões

ambiental, ecológica e espacial. Ao mesmo tempo, ficaram comprovadas as deficiências das

ações da empresa nas dimensões social, cultural e política da sustentabilidade. Portanto, a

hipótese estabelecida para a pesquisa não foi comprovada. O atual sistema de gestão

ambiental aplicado pela COPENER não confere sustentabilidade aos projetos de

reflorestamento com (XFDO\SWXV sp instalados na Região do Litoral Norte da Bahia.

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&21&/86­2�

As políticas públicas para o desenvolvimento promoveram o surgimento de pontos de

resistência nas relações entre a COPENER e a sociedade regional, devido à percepção

negativa gerada no período de implantação do Distrito Florestal do Litoral Norte. Ao mesmo

tempo, as políticas públicas para o meio ambiente impuseram exigências que provocaram

mudanças na administração dos projetos de reflorestamento. Divergentes ou não, ambas

interferiram na gestão desses empreendimentos e em sua sustentabilidade política.

Como reflexo dos princípios éticos da empresa, o levantamento dos aspectos e impactos

sócio-ambientais dos projetos de reflorestamento, etapa inicial da formulação de um sistema

de gestão ambiental, deve considerar todos os critérios de sustentabilidade em igual nível de

relevância, com desdobramentos nas etapas seguintes.

A integração entre os resultados do levantamento semi-detalhado de solos, a avaliação

da potencialidade das terras e a preservação dos ativos ambientais, considerada como critério

de planejamento e gestão, pode promover o equilíbrio entre as dimensões econômica,

ecológica, ambiental e espacial, da sustentabilidade dos projetos de reflorestamento da

COPENER.

As estratégias de mitigação implementadas pela empresa representaram avanços na

direção da sustentabilidade econômica, ambiental e ecológica dos reflorestamentos com

(XFDO\SWXV spp da COPENER. Entretanto, tornam-se necessárias estratégias de alcance das

dimensões sociais e culturais, além da ampliação e aprimoramento das estratégias existentes.

Foram estabelecidos subsídios para a implementação de um sistema de gestão

ambiental, uma vez que os indicadores de sustentabilidade aplicados mostraram a sua

eficácia. As dimensões social e cultural da sustentabilidade poderão ser incorporadas no

sistema de gestão ambiental mediante a adoção desses indicadores.

Considerando-se o referencial teórico e os resultados da pesquisa, conclui-se que a

gestão ambiental implementada pela COPENER não confere sustentabilidade aos seus

projetos de reflorestamento com (XFDO\SWXV spp instalados na Região do Litoral Norte do

Estado da Bahia.

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5(&20(1'$d®(6�

A avaliação dos indicadores de sustentabilidade poderá fornecer subsídios para a

formulação e o desenvolvimento do sistema de gestão ambiental dos projetos de

reflorestamento da COPENER.

O sistema de gestão ambiental deve ser difundido entre os técnicos e funcionários da

empresa, por meio de uma conscientização contínua.

Para a construção de um sistema de gestão ambiental de projetos de reflorestamento,

torna-se imprescindível o levantamento dos aspectos e impactos ambientais relacionados, em

todas as fases dos projetos, desde o planejamento inicial até a colheita florestal, considerando-

se todas as dimensões da sustentabilidade.

Os aspectos ambientais deverão ser priorizados na seleção de terras aquisição e

implantação de projetos de reflorestamento, evitando novas substituições de vegetação natural

por reflorestamentos. Ativos e passivos ambientais devem influir na avaliação para compra,

por causa do patrimônio e dos custos ambientais a eles associados.

Na fase de planejamento, o levantamento semi-detalhado de solos e as classes de

aptidão das terras deverão ser considerados como critérios primordiais no dimensionamento e

manejo dos projetos. Os resultados devem ser contrapostos à configuração da paisagem e seus

aspectos ambientais. Esta diretriz deverá estar associada à opção pela formação da paisagem

em mosaicos.

O manejo conservacionista deverá considerar as unidades de paisagem agrupadas em

ecorregiões. As práticas conservacionistas de solo e água e a implantação de corredores

faunísticos devem fazer parte do planejamento inicial para a implantação dos projetos.

Estudos que revelem a dimensão da influência da vegetação natural sobre a incidência

de pragas devem aprimorar o programa de manejo integrado.

Os levantamentos florísticos e faunísticos dos fragmentos de vegetação natural devem

servir de base para o estabelecimento de corredores biológicos e faixas de conexão e a

implementação de projetos de recomposição vegetal.

O programa de monitoramento da bacia hidrográfica do rio Farje deve ser mais bem

aproveitado, fornecendo informações para pesquisas de diversos tipos. A ampliação do

programa de monitoramento a outras microbacias hidrográficas relacionadas aos projetos de

reflorestamento é recomendada.

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Os processos de certificação ISO e florestal podem contribuir para o aperfeiçoamento

das práticas e procedimentos da empresa, com efeitos positivos sobre o grau de

sustentabilidade dos projetos.

O monitoramento da incidência de doenças nos acampamentos de trabalhadores de

campo pode envolver ações integradas da empresa, trabalhadores, comunidades e o poder

público municipal, resultando numa aproximação benéfica para todas as partes envolvidas.

Os programas de educação ambiental deverão ser direcionados a três categorias de

atores sociais: funcionários da COPENER, trabalhadores das empresas prestadoras de serviço,

e pessoas das comunidades rurais. Esses programas deverão objetivar, além de uma menor

ocorrência de incêndios florestais, menores índices de degradação ambiental.

O desenvolvimento de pesquisas no sentido de utilizar o eucalipto em sistemas

agroflorestais pode trazer resultados promissores, no sentido de inserir a atividade florestal no

processo produtivo dos pequenos agricultores da região. Esta inserção pode significar uma

alternativa capaz de elevar a renda dos agricultores, contribuindo para a sustentabilidade

sócio-econômica das comunidades rurais. A difusão da tecnologia precisará levar em

consideração as diferenças culturais entre os dois segmentos (empresa e agricultores). No

mesmo sentido, um programa de fomento à atividade florestal (fazendeiro florestal) junto a

produtores rurais da região pode ser objeto de um estudo de viabilidade.

O aproveitamento, em caráter preferencial, da mão-de-obra rural disponível nas

comunidades do entorno dos projetos de reflorestamento é uma maneira de se melhorar as

relações empresa-comunidades. Nesse sentido, o cadastramento e capacitação de

trabalhadores, e a busca de estratégias de mitigação dos efeitos da sazonalidade, são

elementos que podem assegurar o sucesso das relações.

O estabelecimento de parcerias com associações de pequenos agricultores,

assentamentos rurais e organizações não-governamentais pode ter como objetivo a execução

de projetos de recuperação ambiental (coleta de sementes, produção de mudas, plantio e

manutenção). Atividades ligadas ao ecoturismo também poderão servir para o aproveitamento

da mão-de-obra durante os períodos sem contratação.

Nas relações estabelecidas com as comunidades locais, urbanas ou rurais, recomenda-se

o estudo dos aspectos culturais, tradições e saber informal, traçando perfis que possam

orientar as ações.

Recomenda-se promover e facilitar o acesso à informação, através de palestras,

debates, seminários etc. Em quaisquer das ações referentes ao relacionamento da empresa

com a sociedade, a participação dos diferentes atores sociais locais deve ser incentivada.

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5()(5Ç1&,$6��ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CELULOSE E PAPEL (2003). (VWDWtVWLFDV� GR� 6HWRU�)ORUHVWDO��Disponível em: <http://www.bracelpa.org.br/>. Acesso em: 12 out. 2003.��ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FLORESTAS RENOVÁVEIS (1996). $QXiULR�(VWDWtVWLFR� Belo Horizonte: ABRACAVE. ______ (1997). $QXiULR�(VWDWtVWLFR� Disponível em: <http://www.abracave.com.br>. Acesso em: 12 out. 2003. ______ (2003). $QXiULR�(VWDWtVWLFR� Disponível em: <http://www.abracave.com.br>. Acesso em: 15 out. 2003.��ABSY, M. L. et al. (1995). $YDOLDomR� GH� LPSDFWR� DPELHQWDO�� DJHQWHV� VRFLDLV��SURFHGLPHQWRV�H�IHUUDPHQWDV� Brasília: IBAMA. ALCÂNTARA, E. S. (Coord.) (1991). (VWXGRV� DPELHQWDLV� GD� iUHD� GR� HPSUHHQGLPHQWR�IORUHVWDO�GD�)HUEDVD. Salvador: ECOSS. ALFARO, L. G. J. (1985). /RFDOL]DomR� HFRQ{PLFD� GRV� UHIORUHVWDPHQWRV� FRP� HXFDOLSWR��SDUD�SURGXomR�GH�FDUYmR�YHJHWDO��QR�(VWDGR�GH�0LQDV�*HUDLV� Viçosa, MG: UFV. ALMEIDA, A. F. de (1987). Manejo ambiental nas florestas de rápido crescimento. Palestra. In: 3º ENCONTRO TÉCNICO FLORESTAL. $QDLV��� Montes Claros – MG. ALMEIDA, J. R. de. (2000) *HVWmR� $PELHQWDO�� SODQHMDPHQWR�� DYDOLDomR�� LPSODQWDomR��RSHUDomR�H�YHULILFDomR� Rio de Janeiro: Thex. ALVIM, P. de T. (1994). Silvicultura e meio ambiente – fatos e crendices. Entrevista. 5HYLVWD�%DKLD�$QiOLVH�H�'DGRV� 4(4). ANTAS, P. T. Z.; ALMEIDA, A. C. de. (2003). $YHV� ELRLQGLFDGRUDV� GH� TXDOLGDGH�DPELHQWDO��DSOLFDomR�HP�iUHDV�GH�SODQWLR�GH�HXFDOLSWR� Brasília: Gráfica Santonio. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE PAPEL E CELULOSE (1989-1994). 5HODWyULRV�$QXDLV� São Paulo: ANFPC. ASTON, A. R. (1979). Rainfall Interception by Eight Small Trees. -RXUQDO�RI�+\GURORJ\� 42:383-396. AZEREDO, N. R. S. (1988). Atual situação de oferta e demanda de matéria-prima de reflorestamento. In. II SEMINÁRIO SOBRE PROCESSAMENTO E UTILIZAÇÃO DE MADEIRAS DE REFLORESTAMENTO. ABPM - SBS. Curitiba. $QDLV��� p. 120-138. BAHIA, Decreto nº 7.639 de 28 de julho de 1999. 'LiULR� 2ILFLDO� GR� (VWDGR� GD� %DKLD��Salvador: Bahia, 29 jul. 1999.

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