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As Cinco Viagens Tal como foi necessário ao Aprendiz maçom discernir entre o vício e a virtude e, para isso teve que caminhar das trevas em direcção à Luz, também o Companheiro maçom tem que empreender cinco viagens de progresso, para ficar apto a utilizar com eficácia as ferramentas do seu grau. Na verdade, tal como o Aprendiz maçom, também o Companheiro maçom deve proceder do mundo concreto, ou do domínio da realidade objectiva (o Ocidente), ao mundo abstracto ou transcendente (o Oriente), o mundo dos Princípios e das Causas, atravessando a região obscura da dúvida e do erro (o Norte), para voltar pela região iluminada pelos conhecimentos adquiridos (o Sul), constituindo cada viagem uma nova e diferente etapa de progresso e de realização. É de realsar, que nas quatro primeiras viagens, nas de número par (2 e 4) o iniciado leva consigo instrumentos passivos, enquanto que nas de número impar (1 e 3), leva instrumentos activos. A PRIMEIRA VIAGEM Na primeira viagem, o neófito leva consigo as duas ferramentas com que realizou o seu trabalho de Aprendiz, e com as quais o profissional que trabalha a pedra bruta a desbasta: o malhete e o cinzel. Com o malhete e a força da gravidade este produz um efeito preciso e determinado na matéria, que na realidade é a desagregação da parte que excede a forma desejada, menos resistente que a massa metálica do malhete. Por consequência deste efeito de força e precisão, o malhete representa o Poder potencialmente destrutivo, se não for utilizado com extremo cuidado e muita inteligência. Comparativamente, se não houver controlo inteligente sobre o lado energético da natureza humana, este pode desenvolver-se de maneira exagerada e indevida, comprometendo seriamente a Obra de Construção Individual, ao mesmo tempo que se transforma num potencial perigo para a estabilidade do edifício social.

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As CincoViagensTal como foi necessrio ao Aprendiz maom discernir entre o vcio e a virtude e, para isso teve que caminhar das trevas em direco Luz, tambm o Companheiro maom tem que empreender cinco viagens de progresso, para ficar apto a utilizar com eficcia as ferramentas do seu grau. Na verdade, tal como o Aprendiz maom, tambm o Companheiro maom deve proceder do mundo concreto, ou do domnio da realidade objectiva (o Ocidente), ao mundo abstracto ou transcendente (o Oriente), o mundo dos Princpios e das Causas, atravessando a regio obscura da dvida e do erro (o Norte), para voltar pela regio iluminada pelos conhecimentos adquiridos (o Sul), constituindo cada viagem uma nova e diferente etapa de progresso e de realizao. de realsar, que nas quatro primeiras viagens, nas de nmero par (2 e 4) o iniciado leva consigo instrumentos passivos, enquanto que nas de nmero impar (1 e 3), leva instrumentos activos.A PRIMEIRA VIAGEMNa primeira viagem, o nefito leva consigo as duas ferramentas com que realizou o seu trabalho de Aprendiz, e com as quais o profissional que trabalha a pedra bruta a desbasta: o malhete e o cinzel. Com o malhete e a fora da gravidade este produz um efeito preciso e determinado na matria, que na realidade a desagregao da parte que excede a forma desejada, menos resistente que a massa metlica do malhete. Por consequncia deste efeito de fora e preciso, o malhete representa o Poder potencialmente destrutivo, se no for utilizado com extremo cuidado e muita inteligncia. Comparativamente, se no houver controlo inteligente sobre o lado energtico da natureza humana, este pode desenvolver-se de maneira exagerada e indevida, comprometendo seriamente a Obra de Construo Individual, ao mesmo tempo que se transforma num potencial perigo para a estabilidade do edifcio social.Em comparao com o malhete, a massa metlica do cinzel limitada; porm, dada a sua tmpera, perfil e agudez de forma, faz com que cravado na matria bruta, a corte, em vez de a quebrar em pedaos, como o faria por si s o malhete. Todavia, apesar das suas qualidades intrinsecas, o cinzel sem a fora do malhete, seria ineficiente e incapaz de produzir por si s o resultado esperado. Pelo que comparativamente, na esfera intelectual, este comporta-se similarmente natureza humana, que continuamente elabora planos e projectos, porm, se no tiver a energia intelectual indispensavel e a fora de vontade do crer para a concretizao da obra, nunca conseguir pr em prtica os planos delineados na prancha de traar, condenando-se inrcia.Em suma, na primeira viagem o Companheiro maom aprendeu que com o uso combinado das duas ferramentas, ou seja, com o uso harmnico da vontade impulsiva e da determinao inteligente, aplicadas no carcter, ou seja na pedra bruta da personalidade profana, obter uma pedra lavrada, apta a ser integrada no seu Templo Interno. Pelo que a capacidade do uso harmnico, reflectido e discernido, faz com que estas duas faculdades gmeas, conduzam o Companheiro maom ao Poder da sua vontade.A SEGUNDA VIAGEMOs instrumentos que o novo Companheiro maom transporta para a sua segunda viagem, so de uma natureza inteiramente diferente dos com que executou o seu primeiro trabalho. Pois, se as duas primeiras ferramentas eram pesadas e destinavam-se a um trabalho material, a rgua e o compasso agora destinadas segunda viagem, so instrumentos leves e de preciso, que para alm de se destinarem a verificar e a dirigir o trabalho executado com as anteriores ferramentas, tm ainda o objectivo puramente intelectual. Na medida que a rgua e o compasso no so simplesmente dois instrumentos de medida, antes de mais, so mais do que isso, uma vez que so instrumentos criativos e cognitivos, dado que atravs deles, podemos construir quase todas as figuras geomtricas, comeando pelas duas figuras geomtricas elementares, que so a linha recta e o crculo. Figuras estas de grande significado construtivo para o maom, uma vez que no domnio da moral e da intelectualidade, a linha recta, que traada com o auxilio da rgua, significa a direco rectilnea de todos nossos esforos e actividades, na qual se devem inspirar todos os nossos propsitos e aspiraes, dado que dever de todo e qualquer maom, nunca se desviar no seu progresso da exactido e da inflexo da linha recta, pela qual constantemente se orienta na procura do caminho mais justo e mais sbio, aquele que lhe permite ser fiel aos Princpios a que se props seguir e, que na tbua de traar so representados por pontos por onde com o auxilio da rgua se traa a linha recta do seu caminho.Por outro lado, o crculo mostra-nos e define o alcance do raio das nossas actuais possibilidades, ou seja, mostra-nos o nosso campo de aco, dentro do qual devemos actuar, sempre orientados sabiamente pela linha recta, que passa constantemente pelo seu centro. Assim, com estes dois instrumentos, o Companheiro maom aprende a uniformizar constantemente a sua conduta, pautada pelo padro mais nobre e mais elevado, dentro das possibilidades apresentadas no seu raio de aco.Por outras palavras, a unio do crculo com a recta, representa a harmonia e o equilbrio que devemos aprender a ter, para que de entre as infinitas possibilidades do nosso ser e a realidade das condies finitas na qual nos encontramos, alcancemos a perfeita e progressiva manifestao do Ideal material.A TERCEIRA VIAGEMNa terceira viagem, o Companheiro maom conserva a rgua na sua mo esquerda e, substitui o compasso pela alavanca, o quinto instrumento da sua caminhada de afirmao para o grau de Companheiro maom, a qual podemos caracteriz-la anlogamente ao compasso, uma vez que este instrumento tambm baseia a sua aco sobre dois pontos, onde sobre os quais aplica a potncia e a resistncia, com o auxilio de um terceiro ponto que lhe serve de ponto de apoio. Pelo que em comparao com o instrumento precedente, a alavanca tem uma funo eminentemente activa, j que com seu auxilio, podemos mover e levantar objectos mais pesados, dado que com o auxilio desta podemos exercer sobre estes pontos uma fora apropriada, capaz de levantar materiais bastante pesados. Pelo que simbolicamente a alavanca representa o desenvolvimento da nossa inteligncia e da nossa compreenso, para regular e dominar em qualquer momento a inrcia da matria e a gravidade dos instintos, levantando-os e movendo-os, para que ocupem o lugar que lhes est destinado na Construo do nosso Templo Interno.Por outro lado, para a realizao da movimentao de materiais pesados, so necessrias duas mos, para que o esforo seja mais efectivo, pelo que estas representam as duas faculdades (activa e passiva) da vontade e do pensamento humano.Num ponto de vista genrico, podemos considerar a alavanca como sendo o smbolo da Inteligncia humana, cujo ponto de apoio natural o corpo fsico, sobre o qual actua, na medida eficiente do seu desenvolvimento, para que este produza todas as aces necessria Vida, sendo a Fora do querer a potncia que sobre ela aplicada e, a Vontade a expresso do potencial espiritual do Ser, manancial imanente de toda actividade, cuja natureza particular a inteligncia determina.Assim, o pensamento sem a vontade, e a vontade sem o pensamento seriam igualmente incapazes de gerar a Fora Infinita da F, que para ser efectiva deve ser iluminada por um Ideal, e dirigida pelo motivo mais elevado, mais nobre e desinteressado, que a cada um seja dado alcanar.Em suma, o Companheiro maom nunca deve separar-se da rgua com que entrou pela primeira vez na segunda Cmara, uma vez que esta simboliza a direo sem a qual nunca poderia fazer uma obra definida e efectivamente construtora. Simbolicamente, sem este instrumento, a nossa vida tornar-se-ia num caos (como seria um Universo sem Leis). Quanto ao novo instrumento, a alavanca, o Companheiro maom aplica-o nos seus esforos, por meio do qual realiza o que de outra maneira lhe seria impossvel realizar, dado que a alavanca multiplica as suas foras em proporo directa com as suas necessidades.A QUARTA VIAGEMNa quarta Viagem, o iniciado continua a segurar na rgua com a sua mo esquerda, acompanhada desta vez com o esquadro, que o sexto e ltimo instrumento da sua caminhada para a afirmao do grau de Companheiro maom, cujo o uso correcto e eficiente deve aprender, para poder continuar a caminhar em direco ao Magistrio da sua prpria arte.Assim, atravs da unio coordenada da rgua com o compasso, o Companheiro maom passa a ter a capacidade para dar um passo em direco a um objectivo definido. Pelo que a rgua com a aco do esquadro representa a necessria rectificao de todos os nossos propsitos e determinaes, segundo o critrio e Ideal que nos inspira e, de acordo com as aces a que nos propomos efectivar.Particularmente, o esquadro unido com a rgua ensina ao maom, que o fim nunca justifica os meios, s se pode obter um resultado satisfatrio, quando os que se empenham estejam em harmonia, com a finalidade em que unidos se propem a alcanar. Pelo que por exemplo, um erro crermos que podemos obter a paz por meio da guerra, dado que a guerra se apoia em pensamentos de dio, inimizade e violncia, enquanto que para alcanarmos a paz, necessitamos sobre tudo de amizade, simpatia, compreenso e cooperao.A QUINTA VIAGEMNa quinta viagem, o Companheiro maom procura o Gnio Individual, no qual se reflecte a verdadeira capacidade do artista. Pelo que uma caminhada diferente das precedentes, comeando por no ser necessrio o auxilio de qualquer instrumento, como caminha numa direco oposta quela que seguiu at agora: para trs e sob a ameaa de uma espada posta sobre o seu peito.O que significa esta troca completa de direco e de actividade? Na verdade, uma nova etapa de progresso que se cumpre de uma maneira misteriosa, em total oposio s Leis e Regras seguidas at aqui, Por que razo abandonou o Companheiro tambm a rgua simblica com a qual fez a sua entrada na segunda Cmara?A maneira misteriosa como se cumpre esta viagem, tem muitos sentidos e encerra uma profunda doutrina, intimamente relacionada com o nmero cinco, o que a torna muito peculiar no grau de Companheiro. O facto desta se fazer sem nenhum instrumento j por si s a torna misteriosa. Nas quatro viagens precedentes, o Companheiro maom aprendeu o uso dos seis instrumentos fundamentais da construo, a saber, o malhete, o cinzel, a rgua, o compasso, a alavanca, e o esquadro que correspondem s seis principais faculdades, pelo que agora o Companheiro maom tem que procurar a sua stima faculdade central, que corresponde letra G (a stima letra do alfabeto latino), cujo o perfeito conhecimento o conduzir ao Magistrio da sua arte. Por outras palavras, esta nova faculdade representa o novo campo de estudo e de actividade que se abre ao artista experimentado no uso dos diferentes instrumentos, para expressar uma fase superior das suas habilidades, e ao iniciado, uma vez que j dominou a sua natureza inferior e se adestrou no uso de suas diferentes faculdades, com a aquisio de novos poderes que na verdade representam a multiplicao dos seus talentos.Portanto, um novo gnero de trabalho, em que o Companheiro maom deve adestrar-se, e no qual todos os instrumentos que foram empregues at agora, ainda mesmo que a rgua, so suprfluos, dado que se trata de uma actividade puramente espiritual, onde somente a meditao conduz contemplao da Realidade. Por outro lado, o abandono da rgua representa o estado de completa liberdade que se consegue ao dominarmos os sentidos e as paixes inferiores, pois abre-se para o individuo a percepo daquela Luz Interior (simbolizada na Estrela Flamejante) que habita no corao onde todos os actos e pensamentos so filtrados, pelo que toda a regra externa se torna inutil perante a voz surda que se faz ouvir dentro do seu prprio corao.Em face deste simbolismo, depois do Companheiro maom ter realizado as quatro primeiras viagens, segundo o movimento aparente do sol, realiza a ltima inversamente, segundo o movimento real da Terra, ingressando definitivamente no campo da realidade, e cessando assim de ser escravo da aparncia externa.CONCLUSODepois do iniciado ter completado a quinta viagem est apto a utilizar os instrumentos de construo para lavrar a pedra necessria ao seu Templo Interno, no necessariamente a pedra cbica, ou seja a individualidade desenvolvida em todas as suas faces, visto que uma pedra deste gnero constitui a exceo, e seria por isso condenada ao isolamento por no poder aproveitar-se na unio com as demais. O que necessita o propsito construtor da Maonaria, uma pedra em perfeito esquadro em suas seis faces, desde ,que haja proporo e paralelismo entre os seus diferentes lados, respectivamente verticais e horizontais, para que possam utilmente aproveitar-se e por-se no lugar que lhe corresponde, com a ajuda do nvel e do prumo. Todavia, os maons no devem procurar a uniformidade absoluta das idias e convices, pela qual se converteriam noutros tantos ladrilhos, que se bem que sejam teis e que se utilizan nas construes correntes, j o no seriam para um edifcio grandioso e imponente, como aquele que nos propomos simbolicamente levantar, com os nossos esforos unidos, para a Glria do Grande Arquitecto do Universo cuja a perfeio e beleza dependem igualmente da inteligente variedade dos materiais que se empregam, assim como da sbia coordenao e combinao dos mesmos, que de acordo com um Plano Magistral no qual h lugar para pedras das formas e dimenses mais complexas e variadas.Por conseguinte, devemos desenvolver e trabalhar a pedra da nossa personalidade na forma que melhor se adapte, segundo a sua particular natureza, para ocupar o lugar mais apropriado no Edifcio da Humanidade e da Criao, e expressando nela, como melhor podemos, aquela parte que nos dado fazer patente do Gnio Sublime do Artfice, do qual somos outras tantas manifestaes.Oliveira Pereirahttps://oliveirapereira.wordpress.com/textos-arte-real-para-reflexao/a-camara-de-companheiros/as-cinco-viagens/