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AS DIFERENÇAS E COMPLEMENTARIDADES ENTRE O MODELO DE GESTÃO AMBIENTAL DO SEBRAE E O MODELO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL - PEPSE Maurício Tessele Kaminski (UFSM) [email protected] Luiz Carlos Pistoia de Oliveira (UFSM) [email protected] João Helvio Righi de Oliveira (UFSM) [email protected] O presente artigo tem por objetivo identificar as diferenças e complementaridades entre o modelo de gestão ambiental do SEBRAE e o modelo de planejamento estratégico para a sustentabilidade empresarial, desenvolvido pela Dra. Eliza Coral. EEste estudo é caracterizado como um trabalho bibliográfico exploratório de natureza qualitativa. Descritiva e exploratória, no qual é apresentada uma compilação das informações encontradas na literatura a respeito, dando ênfase aos dois modelos de gestão ambiental propostos. A gestão ambiental como parte integrante da administração torna-se uma necessidade e um fator decisivo para a sobrevivência das organizações no mercado, contudo a importância da comparação entre dois modelos de gestão ambiental ajudará a entender melhor este processo. Palavras-chaves: Desenvolvimento sustentável, Gestão ambiental e Planejamento estratégico. XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente. São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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AS DIFERENÇAS E

COMPLEMENTARIDADES ENTRE O

MODELO DE GESTÃO AMBIENTAL DO

SEBRAE E O MODELO DE

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA

A SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

- PEPSE

Maurício Tessele Kaminski (UFSM)

[email protected]

Luiz Carlos Pistoia de Oliveira (UFSM)

[email protected]

João Helvio Righi de Oliveira (UFSM)

[email protected]

O presente artigo tem por objetivo identificar as diferenças e

complementaridades entre o modelo de gestão ambiental do SEBRAE e

o modelo de planejamento estratégico para a sustentabilidade

empresarial, desenvolvido pela Dra. Eliza Coral. EEste estudo é

caracterizado como um trabalho bibliográfico exploratório de

natureza qualitativa. Descritiva e exploratória, no qual é apresentada

uma compilação das informações encontradas na literatura a respeito,

dando ênfase aos dois modelos de gestão ambiental propostos. A

gestão ambiental como parte integrante da administração torna-se

uma necessidade e um fator decisivo para a sobrevivência das

organizações no mercado, contudo a importância da comparação entre

dois modelos de gestão ambiental ajudará a entender melhor este

processo.

Palavras-chaves: Desenvolvimento sustentável, Gestão ambiental e

Planejamento estratégico.

XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.

São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.

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1 Introdução

As preocupações com o meio ambiente existem a centenas de anos, mas é possível considerar

como marco principal para a humanidade o ano de 1972, quando ocorreu em Estocolmo na

Suécia a Conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente humano, que teve como maior

contribuição, vincular as questões ambientais com as do desenvolvimento (BARBIERI,

2006). A partir deste ano, os Estados tornaram-se mais ativos em relação aos problemas

ambientais, criando órgãos e legislações, estas mais severas que levaram as empresas a se

posicionar e se adequar a uma nova situação legal, mercadológica e cultural (CORAL, 2002).

No Brasil, os impactos ambientais tornaram-se preocupantes a partir de 1960, quando nesta

década ocorreu uma grande industrialização, aumentando a população nas áreas urbanas do

país (DIAS, ZAVAGLIA, CASSAR, 2003). É possível afirmar que o início efetivo das

preocupações com o meio ambiente no Brasil foi em 1973, quando devido a pressões

externas, o governo militar, que um ano antes acreditava que o assunto meio ambiente não

fosse prioridade, criou órgãos governamentais, responsáveis pela gestão do meio ambiente no

país (BARBIERI, 2006).

De acordo com o autor acima citado, os temas gestão ambiental e desenvolvimento

sustentável ganharam espaço e ênfase no final do século XX. Neste período, esses temas

foram inseridos em âmbito empresarial, fora do círculo dos especialistas e desta forma

ganharam as ruas, os auditórios, a imprensa, etc. O que possibilitou à população mundial

conhecer e entender os problemas que estavam acontecendo com o meio ambiente e com o

desenvolvimento econômico e social.

Na atualidade, os consumidores estão, cada vez, mais á procura de empresas éticas que atuem

de forma ecologicamente responsável. Assim sendo, as empresas buscam articular

planejamentos e posicionamentos estratégicos favoráveis às questões ambientais. Deste modo,

a implementação da gestão ambiental passou a ser considerada uma função integrante e

importante da administração, mudando valores, percepções e práticas cotidianas da empresa

(TACHIZAWA, 2002).

Este novo paradigma constituído pela mudança dos valores e das percepções da sociedade

com relação às questões do meio ambiente despertou o interesse dos pesquisadores para

estudos voltados a modelos de planejamento estratégico sustentáveis. Neste sentido, o

SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) elaborou um guia de

implementação de gestão ambiental, cujo objetivo é auxiliar os administradores e as

organizações a integrar as questões ambientais em seus planejamentos.

Com o mesmo intuito, foi desenvolvido pela Dra. Eliza Coral em sua tese de doutorado no

ano de 2002, um modelo de planejamento estratégico para a sustentabilidade empresarial -

PEPSE. Este modelo busca identificar as complementaridades entre os modelos de

planejamento estratégico e de estratégias ambientais. Além disso, quer evidenciar as carências

dos modelos de planejamento estratégico frente às questões ambientais e sociais, contribuindo

assim para o alcance do desenvolvimento sustentável das organizações empresariais.

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Desta forma este estudo tem como problema de pesquisa, identificar as diferenças e

complementaridades entre o modelo de implementação de gestão ambiental do SEBRAE e o

modelo de planejamento estratégico para a sustentabilidade empresarial – PEPSE, da Dra.

Eliza Coral.

No intuito de responder ao problema de pesquisa, este artigo, utilizou a estratégia de pesquisa

qualitativa, descritiva e exploratória. A coleta de dados foi realizada por meio de documentos

impressos e eletrônicos de natureza secundária. Deste modo, foi alcançado o objetivo deste

estudo: perceber onde os dois modelos de gestão ambiental se diferenciam e complementam.

Para melhor entendimento, este artigo está estruturado da seguinte forma: A revisão de

literatura comporta quatro tópicos, o primeiro discorre sobre os conceitos de desenvolvimento

sustentável e competitividade, voltados para importância da sustentabilidade empresarial. O

segundo pondera os conceitos de planejamento estratégico e modelos de gestão ambiental. O

terceiro tópico apresenta o modelo de planejamento estratégico para a sustentabilidade

empresarial – PEPSE, da Dra. Eliza Coral. Já o quarto tópico disserta sobre o modelo de

gestão ambiental do SEBRAE.

Posterior à revisão de literatura foram processados os resultados da pesquisa bibliográfica,

assim obtendo as respostas para o objetivo desejado, sendo a identificação das diferenças e

complementaridades entre o modelo de gestão ambiental do SEBRAE e o modelo de

planejamento estratégico para sustentabilidade empresarial – PEPSE. Para finalizar o estudo

foi feita uma conclusão avaliando o estudo e propondo futuros trabalhos para esta área.

2 Desenvolvimento sustentável e competitividade

O desenvolvimento sustentável designa “O desenvolvimento que atende as necessidades do

presente, sem comprometer as necessidades das gerações futuras”. Além disso, adota como

princípios básicos a eqüidade social, o crescimento econômico e o equilíbrio ambiental

(WCED, 1987 apud Coral, 2002, p.16).

Toda e qualquer empresa busca, com suas atividades, atingir uma posição ideal, exclusiva e

valiosa no mercado. Mas, para atingi-la, as empresas estão tendo que enfrentar uma acirrada

competição (OLIVEIRA, b, 2000). Para resistir à concorrência e sobreviver ás novas

demandas do mercado e sociedade, é preciso que ocorra uma adaptação da filosofia e dos

processos produtivos da empresa, levando em consideração não apenas o fator econômico,

mas também o ambiental e social.

A composição de uma sociedade baseada nos princípios do desenvolvimento sustentável

estabelece a cada pessoa, organização e estado o compromisso com suas atitudes e atividades

presentes e futuras, sendo que as empresas têm uma participação decisiva neste processo de

construção social. Em conseqüência a este novo paradigma, os consumidores são cada vez

mais conscientes da necessidade de um desenvolvimento sustentável. Assim, surge o grande

desafio das empresas neste milênio: o de ser sustentável e competitiva ao mesmo tempo

(CORAL, 2002), pois a sociedade civil exige que as empresas sejam impulsionadoras deste

processo.

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Para que as empresas consigam ser competitivas e sustentáveis ao mesmo tempo, para assim,

poder sobreviver e/ou aproveitar as oportunidades criadas pela nova demanda de mercado e,

principalmente, manter ou melhorar sua imagem, será preciso guiar suas atividades para o

desenvolvimento sustentável. Para atingir este requisito básico exigido pela sociedade será

necessário que ocorra nas empresas uma total ou parcial revalorização nos modos de

produção, valores, princípios e atitudes, para assim evitar o máximo de impactos negativos ao

meio ambiente e por conseqüência à sociedade (CORAL, 2002).

A primeira etapa para a organização realizar e adaptar-se aos preceitos básicos do

desenvolvimento sustentável é o de mudar seus modelos de gestão. A partir disso, iniciar a

considerar os aspectos ambientais e sociais na hora da tomada das decisões. É importante

observar que quando existir o interesse e a busca da organização pela sustentabilidade, ela

será automaticamente levada a uma revalorização dos modos tradicionais de produção, isto

porque já terá mudado sua filosofia básica e a gestão ambiental já será parte integrante e

importante na administração da empresa (DIAS, ZAVAGLIA, CASSAR, 2003).

Com a implementação de uma gestão ambiental, a empresa ganha uma grande oportunidade

de unir a sustentabilidade á competitividade, pois poderá aumentar seus resultados e também

sua fatia de mercado (CORAL, 2002). Desta forma, os possíveis resultados financeiros

ajudam a acabar com a dúvida que ainda existente quanto à utilização da gestão ambiental. A

dúvida refere-se ao surgimento de custos adicionais na produção, que por conseqüência

acarretam no aumento do preço final do produto e/ou serviço, assim diminuindo a

competitividade e a capacidade da empresa sobreviver a curto, médio e longo prazo.

A tendência é que as empresas consideradas “responsáveis” ganhem maiores espaços e

oportunidades no atual e competitivo mercado. Isto porque a sustentabilidade engloba a

competitividade e este aumento de mercado seria conseqüência da conciliação do benefício

ambiental com a nova demanda exigida pela sociedade civil. Ou seja, os consumidores,

provavelmente, deverão pagar mais pelo “produto verde” que é o produto com

responsabilidade agregada pela empresa e desta forma, a empresa poderá gozar das vantagens

competitivas e, por conseqüência, de um maior retorno econômico (CORAL, 2002).

3 Planejamento estratégico e modelo de gestão ambiental

O planejamento estratégico é uma ferramenta que a alta administração da empresa usa para

obter uma vantagem frente aos concorrentes. As suas técnicas são derivadas das ciências

militares e tem como definição, a forma de planejar o futuro perante a imprevisibilidade do

macro ambiente identificando as oportunidades, ameaças, pontos fortes e pontos fracos da

empresa (Rasmussen, 1991). Contudo, o que a empresa espera realmente com a

implementação do planejamento estratégico é conhecer melhor seus pontos fortes e fracos,

ameaças e oportunidades.

Cada modelo de planejamento estratégico tem distintas características, mas todos têm quatro

fases ou quatro macro-etapas igualmente definidas na sua elaboração e implementação.

Abaixo estão descritas as quatro macro-etapas segundo OLIVEIRA (2006, p.69-81):

Fase 1: Diagnóstico estratégico (Como se está?), esta fase é onde ocorre a

identificação da visão, valores, análise externa, interna e dos concorrentes;

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Fase 2: Missão da empresa (Razão de ser da empresa, quem a empresa atende?),

nesta fase ocorre o estabelecimento da missão, dos propósitos atuais e potenciais da

empresa, estruturação e debate dos cenários, estabelecimento da postura estratégica e

das macro estratégias e macro políticas;

Fase 3: Instrumentos prescritivos e quantitativos (De onde se quer chegar? e como

chegar?), no quantitativo se estabelece projeções econômico-financeiras e nos

prescritivos ocorre o estabelecimento de objetivos, desafios e metas, de estratégias e

políticas funcionais e de projetos e planos de ação;

Fase 4: Controle e avaliação (Como a empresa está indo?), esta fase serve para

assegurar a realização dos objetivos, desafios, metas, estratégias, e projetos

estabelecidos, considerando a situação adequada de custo versus benefícios.

Na construção de um modelo de planejamentos estratégico serão aplicadas as quatro macro-

etapas, mas a seqüência de passos pode variar para cada modelo. No quadro abaixo é

apresentado e comparado três modelos de planejamento estratégico, sendo eles dos autores

Cunha, Certo e Peter e Tavares, demonstrando as diferenças existentes entre os modelos em cada

etapa, CORAL (2002, p.66-67). É importante destacar que os três modelos buscam como

resultado a vantagem competitiva.

Autores

Fase 1 - Diagnóstico estratégico Fase 2 - Missão da

empresa Definições

preliminares

Análise externa Análise interna

CUNHA 1. Cultura e valores

2. Relações de poder

3. Sensibilização

6. Análise externa 5. Fatores chaves

para o sucesso

7. Análise interna

4. Negócio e missão

8. Objetivos e metas

CERTO e PETER 1. Análise externa 2. Análise interna 3. Missão e objetivos

TAVARES

2. Análise do ambiente

externo

3. Análise do ambiente

interno

1. Definição da missão

4. Revisão da missão

5. Elaboração de filosofias e

políticas

6. Definição de objetivos

8. Formulação de

metas e ações

setoriais

Quadro 1 – Fonte: CORAL (2002, p.66-67).

Autores

Fase 3 - Instrumentos prescritivos e

quantitativos Fase 4 - Controle e avaliação

Estratégias Planejamento de recurso

e

indicadores

Implantação Controle

CUNHA 9. Definição de

estratégias

10. Implantação 11. Controle

CERTO e PETER 4. Formulação da

estratégia

5. Implementação 6. Controle

TAVARES

7. Seleção de estratégias 9. Elaboração do

orçamento

10. Identificação

dos parâmetros de

avaliação

12. Implementação 11. Formulação dos

sistemas de gerenciamento

13. Avaliação

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As teorias existentes de planejamento estratégico não levam em consideração em seus

estudos, a interferência dos fatores ambientais e sociais e sim apenas os fatores econômicos,

porém, na atual e futura condição mercadológica é essencial a consideração destes fatores

para a sobrevivência da empresa a curto, médio e, principalmente, á longo prazo. Devido a

esta pressão ou “nova demanda” estabelecida pela sociedade, as empresas estão cada vez

mais, tornando-se responsáveis por qualquer que seja o impacto que suas atividades causam

ao meio ambiente e sociedade (CORAL, 2002).

O planejamento estratégico por si só não atende as necessidades do desenvolvimento

sustentável. Devido a esta falha, a partir dos anos 90, começaram a ser criados os modelos de

gestão ambiental que visam complementar os modelos de planejamento estratégico já

existentes. Estes modelos de gestão ambiental têm os mesmos princípios e métodos dos

modelos de planejamento estratégico, mas, a grande e categórica diferença entre eles é que no

modelo de gestão ambiental leva-se em conta o uso das variáveis ambientais e sociais no

processo decisório da administração (CORAL, 2002). É importante observar que como o

planejamento estratégico, o modelo de gestão ambiental deve também ter função integrante e

contínua na administração da empresa, envolvendo todos os setores de forma multidisciplinar,

levando a cada colaborador o conhecimento sobre os processos em execução. E, quando estes

modelos são bem implantados e propagados, tornam-se uma rica fonte de identificação de

oportunidades e vantagem competitiva (TACHIZAWA, 2002).

Pode-se assegurar, então, que o modelo de gestão ambiental é um complemento ao

planejamento estratégico que visa atender as necessidades do desenvolvimento sustentável,

através da inclusão das variáveis ambientais e sociais, sendo a sustentabilidade notoriamente

uma parte essencial do planejamento das ações organizacionais (CORAL, 2002). Para que

ocorra o êxito na implementação do modelo de gestão ambiental, é preciso que a organização

saiba como operacionalizá-lo para assim incluir em sua cultura a sustentabilidade

organizacional, para dela dar continuidade ao processo e aproveitar as oportunidades,

vantagens e preparar-se para solucionar problemas que futuramente poderá enfrentar

(BARBIERI, 2006).

4 Modelo de Planejamento Estratégico Para Sustentabilidade Empresarial – PEPSE

O modelo de Planejamento Estratégico Para Sustentabilidade empresarial- PEPSE foi

desenvolvido pela Dra. Eliza Coral em sua tese de doutorado em 2002. Este modelo é uma

ferramenta de planejamento estratégico que auxilia os gestores das empresas a criarem

estratégias ambientais encontrando, analisando e aproveitando as oportunidades de cunho

ambiental e social. Através deste modelo podem-se extrair resultados econômicos de ações

não rentáveis quando utilizados modelos tradicionais de planejamento estratégico (CORAL,

2002).

O PEPSE tem por objetivo não apenas oferecer uma ferramenta de planejamento estratégico

que ajude a analisar a posição da empresa frente às variáveis da sustentabilidade, mas

também, preparar a organização para trabalhar e sobreviver no mercado futuro, criando

prioridades para o desenvolvimento sustentável. O modelo tem como base a busca pela

viabilidade econômica, ambiental e social, ou seja, tem como base os próprios princípios do

desenvolvimento sustentável, que são o crescimento econômico, o equilíbrio ambiental e a

eqüidade social. O quadro demonstra a estrutura organizacional de sustentabilidade do

modelo PEPSE.

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* Vantagem competitiva * Tecnologias limpas

* Mercado

* Resultado

* Produtos ecologicamente

corretos

* Suporte no crescimento da

sociedade

* Participação em projetos

sociais

* Assumir a responsabilidade

social

* Utilização sustentavel de

recursos naturais

* Atendimento a legislações

Sustentabilidade

Empresarial

Sustentabilidade

Econiomica

Sustentabilidade

Ambiental

Sustentabilidade

Social= + +

Figura 1 - Estrutura organizacional de sustentabilidade do modelo PEPSE.

FONTE: CORAL (2002, p.129).

O modelo PEPSE trabalha similarmente ao modelo de planejamento estratégico convencional,

ou seja, trabalha com as macro-etapas já citadas anteriormente, neste estudo, tendo como

diferença do convencional, o uso das variáveis ambientais e sociais na estruturação de suas

ações. No modelo PEPSE, existem cinco macro-etapas, estas sendo desmembradas nos

próximos parágrafos CORAL (2002).

Macro - etapas para a implementação do modelo PEPSE:

1. Diagnóstico Estratégico: A principal contribuição desta ferramenta de

planejamento estratégico será nesta fase, pois a partir dela que posteriormente

ocorrerá a criação e a escolha das estratégias sustentáveis. Esta fase é dividida

em duas etapas:

1.1) Levantamento de dados – O objetivo de coletar dados, é para a análise

do grau e posição da empresa em relação á sustentabilidade. A seguir

estão citadas as fases necessárias para que ocorra com sucesso a coleta

de informações:

1.1.1) Caracterização da empresa.

1.1.2) Análise externa: compreende a análise das seguintes variáveis externas:

● Clientes ● Governo ● Fornecedores

● Sociedade ● Concorrentes ● Produtos substitutos

● Entrantes em potencial ● Ambiente natural ● Governo

● Grau de competição dos concorrentes

1.1.3) Análise interna: compreende a análise das seguintes variáveis internas:

● Recursos humanos ● Desenvolvimento de produtos

● Gestão de processos e tecnologia de produção ● Garantia da qualidade

● Gestão da informação ● Logística

● Comercialização e administração mercadológica ● Gestão financeira

● Gestão ambiental atual

1.1.4) Visão do líder.

1.1.5) Caracterização da situação ambiental.

1.1.6) Levantamento de estratégias atuais.

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1.2) Análise dos dados – A partir do levantamento das informações serão

realizadas as análises sobre a sustentabilidade da organização,

subsidiando uma base para futuros planejamentos ambientais e sociais.

A análise dos dados, obtidos na etapa anterior é dividida em cinco

partes, que estão a seguir:

1.2.1) Análise de arquitetura organizacional;

1.2.2) Análise da convergência das estratégias, onde analisa-se a capacidade

de operacionalizar as novas estratégias;

1.2.3) Definição de gargalos estratégicos e operacionais;

1.2.4) Definição do grau de sustentabilidade da empresa;

1.2.5) Definição das oportunidades de negócio.

2. Definição da missão, visão e políticas: Com o levantamento e análise das

informações da empresa em relação ao meio interno e externo, serão criadas ou reformuladas

uma nova missão, visão e políticas da empresa, sendo missão e visão respectivamente

segundo OLIVEIRA (2006), a razão de existir da empresa e o que ela quer ser em um futuro

próximo ou distante. A importância desta fase é que serão estes dados (missão, visão e

políticas da empresa) que os colaboradores e administradores da empresa deverão ter como

princípios para executar o trabalho diário, sem eles será difícil atingir a sustentabilidade nas

ações e cultura da empresa.

3. Definição dos objetivos e metas: O diagnóstico estratégico junto com a nova

missão, visão e política, subsidiarão as informações para a definição dos novos objetivos a

serem alcançados pela empresa, sendo estes objetivos segundo CORAL (2002) quantificados

através de metas. É importante salientar que esta etapa tem a mesma forma dos modelos de

planejamento estratégico convencionais já antes apresentados.

4. Elaboração de estratégias sustentáveis: Esta etapa do modelo PEPSE

dependerá diretamente das etapas anteriores, sendo elas a base para a criação de estratégias

sustentáveis, desta forma a empresa credencia-se a trabalhar de forma responsável e

sustentável.

A partir das fases anteriores, será percebido nesta, a necessidade, por exemplo, de

mudar ou manter ferramentas de gestão, para operacionalizar ou analisar a convergência das

estratégias, para enfim desenvolver as estratégias e ações ambientais e sociais.

5. Projeto de desenvolvimento: Esta etapa é a parte final da aplicação do modelo

PEPSE, ou da aplicação da sustentabilidade na empresa. Esta fase é uma ferramenta gerencial

para a administração estratégica da empresa e está divida em quatro etapas:

5.1) Elaboração do plano de ação: para implementação da mudança na

empresa;

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5.2) Necessidade de recursos para a execução do plano de viabilidade

econômica;

5.3) Definição de indicadores: mede-se o grau de sucesso da implementação

de uma estratégia em relação ao objetivo da empresa;

5.4) Cronograma físico-financeiro: valores a serem desembolsados no

período das atividades planejadas.

5 Modelo de Gestão Ambiental SEBRAE

O modelo de gestão ambiental do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e

Pequenas Empresas) é uma metodologia para a implementação da gestão ambiental em micro

e pequenas empresas. Esta metodologia quando aplicada torna-se uma ferramenta de

planejamento estratégico que auxilia os administradores a implementar os requisitos básicos

da ISO 14001 em suas empresas, tendo como missão após o atendimento de todas estas

normas, a certificação. Desta forma, os gestores encontrarão novas oportunidades de ter

maiores resultados econômicos, estes derivados de um modelo de gestão que antes era

considerado custo.

O objetivo secundário do modelo de gestão ambiental do SEBRAE é a certificação da ISO

14001, para assim levar a empresa a uma posição de excelência com reconhecimento mundial

habilitando-se a concorrer no mercado exterior e melhorar sua imagem perante a sociedade

civil, parceiros e concorrentes. O objetivo final do modelo de gestão ambiental do SEBRAE é

de auxiliar as empresas a satisfazerem as novas necessidades da sociedade civil, a de atuar de

forma sustentável, deste modo no guia de implementação de gestão ambiental do SEBRAE

estão os passos necessários para a satisfação desta nova demanda social, sendo que de todas

as cinco fases é importante salientar que a segunda fase, a de planejamento para o PMDA

(Programa de melhoria de desempenho ambiental) pode ser considerada a mais importante

(SEBRAE, 2004). Este modelo de gestão ambiental é dividido em duas partes, a primeira que

será estudada neste artigo é sobre a elaboração e implementação do PMDA e a segunda é

sobre a implementação e controle do PMDA no intuito de atingir os requisitos mínimos da

ISO 14001. A seguir serão apresentadas todas as fases da primeira parte do processo de

elaboração do PMDA:

1. Planejamento das atividades: Esta etapa é o princípio da implementação da

sustentabilidade como forma integrante da administração e cultura da organização.

Nesta ocorre uma reunião da direção, onde são definidas as estruturas e

responsabilidades pela implementação da gestão ambiental, as datas para a

realização de todas e quaisquer atividades e também as datas para ocorrer o

processo de certificação.

1.1. Personagens: Após definir a operacionalidade e viabilidade da

implementação da gestão ambiental, é importante identificar e nomear

todos os personagens que estarão envolvidos neste processo. Conforme

SEBRAE (2004) são eles:

1.1.1. Número 1 – é o responsável por todo processo de implementação da

gestão ambiental (este personagem cria as equipes, assegura

recursos, estabelece políticas, acompanha resultados,...);

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1.1.2. Representante da direção – É o responsável pelo processo de

implementação da gestão ambiental;

1.1.3. Escriba – Passa aos colaboradores da empresa as informações sobre

o processo em desenvolvimento;

1.1.4. Comitê ambiental – são designados a controlar a implementação da

gestão ambiental nos setores cujo são responsáveis;

1.1.5. Auditor ambiental – fiscaliza o andamento do processo;

1.1.6. Colaboradores – são os demais empregados da empresa que devem

conhecer e participar do processo.

2. Planejamento da gestão ambiental: Nesta etapa serão usadas as macro-etapas do

planejamento estratégico, já apresentadas nos capítulos anteriores.

2.1. Diagnóstico estratégico – nesta fase, similar a primeira macro-etapa do

planejamento estratégico, serão levantados e analisados dados com

informações da empresa, como:

2.1.1. Legislação ambiental – Identifica-se qual legislação que a

organização se encaixa com suas atividades;

2.1.2. Partes interessadas – Todas as pessoas relacionadas ao processo, de

todo o meio interno e externo;

2.1.3. Fluxo de valor – Analisa-se o fluxo de valor do fornecedor ao

cliente da empresa;

2.1.4. Aspectos ambientais – Estuda-se no que a organização pode atingir

o meio ambiente e a sociedade;

2.1.5. Impactos ambientais – Identifica-se que tipo de mudanças as

atividades da empresa poderão causar ao meio ambiente;

2.1.6. Grau de risco – Mede-se em valor numérico o quanto a empresa

pode causar danos ambientais.

2.2. Missão, Visão e Políticas – Esta fase é semelhante á segunda macro-

etapa do planejamento estratégico e do modelo PEPSE, nela a partir das

informações coletadas e analisadas na etapa anterior, será desenvolvida

ou reformulada a nova missão, visão e políticas ambientais da empresa.

2.3. Objetivo e metas – Nesta fase, similar a segunda macro-etapa do

planejamento estratégico, cria-se os objetivo e metas, derivadas das

informações coletadas e analisadas anteriormente. Mas, no modelo do

SEBRAE são inclusos nesta fase dois novos tópicos: O primeiro são os

programas ambientais que apóiam a realização dos objetivos e metas; o

segundo são as ações mitigadoras que são criadas para controlar os

aspectos ambientais, antes que ocorra um impacto ambiental de nível já

medido pelo grau de risco.

2.4. Estratégias ambientais – Nesta fase será criado o PMDA (Programa de

melhoria de desempenho ambiental) que nada mais é que o objetivo

permanente de uma gestão ambiental na administração da empresa. Esta

fase é similar a terceira macro-etapa de um modelo de planejamento

estratégico convencional, pois nela serão criadas as estratégias que serão

implantadas e controladas nas etapas seguintes.

3. Investimentos: Nesta etapa serão identificados e calculados os recursos

necessários para que a organização implante a gestão ambiental com sucesso. É

correto afirmar que, da mesma forma da fase anterior, esta etapa é também similar

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a terceira macro-etapa dos modelos de planejamento estratégico. Nesta fase se faz

projeções econômico - financeiras para que o processo não tenha risco de ser

paralisado durante sua implantação. Abaixo estão alguns possíveis custos com o

PMDA ou implementação da gestão ambiental:

Tempo gasto em todo processo de implantação;

Obras e reformas;

Compra ou reforma de equipamentos, instrumentos, materiais, etc.;

Consultoria técnica;

Treinamentos;

Certificações.

4. Implantação: Esta etapa é como a quarta macro-etapa dos modelos de

planejamento estratégico, nela ocorre a implantação da gestão ambiental, ou seja,

do programa de gestão ambiental criado nas fases anteriores. Esta fase é subsidiada

por todas as outras anteriores e só poderá ser posta em prática com o sucesso das

outras etapas. Abaixo estão, segundo SEBRAE (2004), cinco das sete fases de

implementação e controle da gestão ambiental:

4.1. Orientação da implementação;

4.2. Elaboração de documentos;

4.3. Revisão dos documentos;

4.4. Implantação dos procedimentos;

4.5. Elaboração da lista de verificação.

5. Controle: Como a etapa anterior esta etapa também é similar a quarta macro-etapa

de um modelo de planejamento estratégico convencional já citado nos capítulos

anteriores. Nesta última etapa, ocorrem as ações controladoras do processo

implantado. É nesta etapa que é analisado o andamento da implementação da

gestão ambiental na empresa. Um dos procedimentos usados para controlar o

processo de introdução da gestão ambiental na empresa é o uso de indicadores

ambientais que servem de referência para o PMDA. Nesta etapa estão empregadas

as outras duas fases de implementação e controle da gestão ambiental:

5.1. Auditoria dos processos implantados;

5.2. Ajustes de documentos e do processo da gestão ambiental em

desenvolvimento.

Abaixo o modelo de gestão ambiental do SEBRAE representado na forma de

quadro (SEBRAE).

6 As diferenças e complementaridades entre o modelo de gestão ambiental do SEBRAE

e o modelo de PEPSE

O objetivo deste trabalho foi de identificar as diferenças e complementaridades entre o

modelo de gestão ambiental do SEBRAE e o modelo de planejamento estratégico para a

sustentabilidade empresarial (PEPSE), portanto a seguir estão apresentados os resultados

obtidos deste estudo, em forma de tabela para melhor visualização:

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Diferenças e complementaridade PEPSE SEBRAE

Objetivo secundário Sustentabilidade empresarial Certificação da ISO 14001

Objetivo final Desenvolvimento sustentável Desenvolvimento sustentável

Número de etapas 5 (cinco) 5 (cinco)

Fase 1 Diagnóstico estratégico Planejamento das atividades

Fase 2 Missão, visão e políticas Planejamento do PMDA

Fase 3 Objetivos e metas Investimentos

Fase 4 Estratégias ambientais Implantação

Fase 5 Projeto de desenvolvimento Controle

Objetivo primário Estratégias ambientaisPlano de melhoria de desempenho

ambiental (PMDA)

Descrição do modeloModelo de Ges. Amb.para

sustentabilidade

Metodologia para implementação

de Ges. Amb.

CaracterísticaFerramenta de planejamento

estratégico

Ferramenta de planejamento

estratégico

Figura 2 – FONTE: AUTOR.

Complementaridades entre as macro-etapas dos dois modelos de gestão ambiental:

- A fase 2 (Planejamento do PMDA) do modelo SEBRAE compreende a fase 2

(missão, visão e políticas), fase 3 (Objetivos e metas) e fase 4 (Estratégias ambientais)

do modelo PEPSE.

- A fase 5 (Projeto de desenvolvimento) do modelo PEPSE compreende a fase 3

(investimentos), fase 4 (implantação) e fase 5 (controle) do modelo SEBRAE.

A maior diferença entre os modelos é que no modelo do SEBRAE as atividades e prazos são

planejados antes do início do processo, pois o objetivo da empresa é atingir os requisitos

básicos da ISO 14001, para assim ser certificada como empresa sustentável. Abaixo está o

quadro com as diferenças e complementaridades entre as fases do modelo de gestão ambiental

do SEBRAE e do modelo PEPSE:

1) Diagnóstico estratégico 1) Investimentos

2) Missão, visão e políticas 2) Implantação

3) Objetivos e metas 3) Controle

4) Estratégias ambientais

Fase 1 - Atividades (SEBRAE)Fase 2 - Planejamento

(SEBRAE)

Fase 3 - Projeto de

desenvolvimento (PEPSE)

1)Planejamento das atividades

Figura 3 – FONTE: AUTOR

7 Considerações Finais

A sociedade está cada vez mais ciente de que as empresas são, também, as impulsionadoras e

responsáveis pelo processo de desenvolvimento sustentável. Desta forma, estão sendo criadas,

por pesquisadores, ferramentas de planejamento estratégico, mais especificamente, modelos

de gestão ambiental, para auxiliar as organizações a atingir esta exigência social: a

sustentabilidade empresarial (CORAL, 2002). Para aproveitar a oportunidade criada para as

empresas com esta nova demanda, este estudo foi criado para entender o modelo de gestão

ambiental e, principalmente, para atingir o objetivo de identificar as diferenças e

complementaridades entre dois modelos de gestão ambiental, o modelo de gestão ambiental

do SEBRAE e o modelo de planejamento estratégico para a sustentabilidade empresarial

(PEPSE) da Dra. Eliza Coral.

Através de uma pesquisa exploratória, foram revisadas obras de diversos autores,

principalmente de planejamento estratégico, gestão ambiental e responsabilidade social,

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porém tendo como enfoque principal a revisão dos dois modelos propostos acima, para de tal

modo encontrar suas diferenças e complementaridades.

Pôde-se verificar, com o alcance do objetivo do estudo, que os modelos de gestão ambiental

da Dra. Eliza Coral e do SEBRAE, possuem muitas complementaridades, principalmente, nas

suas fases de desenvolvimento e operacionalidade. Sendo que estas fases ou macro-etapas são

idênticas a de um modelo de planejamento estratégico convencional. Também foi constatado

que entre os modelos existem poucas diferenças, como, na ordem das etapas, objetivos

secundários e a identidade dos modelos. Tendo em vista que um dos modelos é de

planejamento estratégico ambiental com objetivo de atingir a sustentabilidade empresarial e, o

outro, é uma metodologia para a implementação da gestão ambiental para obter a certificação

da ISO 14001. É importante destacar que após a revisão dos autores foi entendido que os

modelos de gestão ambiental são complementações do planejamento estratégico tradicionais,

pois, em seu desenvolvimento, ocorre a análise das variáveis ambientais e sociais como

qualquer outra variável do ambiente interno e externo.

Por fim, segundo FROMM (1976, p.31), “as mudanças de vida exigidas são tão drásticas que

as pessoas preferem a catástrofe futura ao sacrifício que teriam que fazer agora”, devido este

pensamento da sociedade, as organizações tornam-se as maiores impulsionadoras e

responsáveis pela transformação desta cultura, através da inclusão da sustentabilidade como

fator administrativo e cultural da organização.

Referências Bibliográficas:

ANDRADE, Rui Otávio Bernardes de; TACHIZAWA, Takeshy; CARVALHO, Ana

Barreiros de. Gestão ambiental: Enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento

sustentável. São Paulo: Person Makron Books, 2002.

BARBIERI, José Carlos. Gestão ambiental empresarial: Conceitos, modelos e

instrumentos. São Paulo: Saraiva, 2006.

CORAL, Eliza. Modelo de planejamento estratégico para a sustentabilidade empresarial –

PEPSE. Florianópolis: (tese de doutorado) UFSC, 2002. Disponível em

http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/3486.pdf

DIAS, Reinaldo; ZAVAGLIA, Tércia e CASSAR, Mauricio. Introdução à administração:

Da competitividade á sustentabilidade. São Paulo: Alínea, 2003.

FROMM, Erich. Ter ou ser? Rio de Janeiro: Guanabara, 1976.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebolças de. Planejamento Estratégico: Conceitos,

metodologia e práticas. São Paulo: Atlas, 2006.

OLIVEIRA b, Luiz Carlos Pistóia de. A estratégia como estratagema (Ploy): Um estudo de

caso na indústria da construção civil – Setor de Edificações. Florianópolis: (tese de

Doutorado) UFSC, 2000. Disponível em http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/1768.pdf.

RASMUSSEN, U.W. Manual da metodologia do planejamento estratégico: Uma ferramenta

científica da transição empresarial do presente para o futuro adotado para o âmbito

operacional brasileiro. São Paulo: Aduaneiras, 1990.

SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas). Metodologia

SEBRAE para implementação de Gestão Ambiental. Brasília, 2004.

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TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa:

Estratégias de negócio focadas na realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2002.