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 As eleições presidenciais no Chile em 2009: Classe social e posicionamento político-partidário Resultado de investigação finalizada GT10- Estudos políticos e sócio-jurídicos Amana Martins Fagundes Estudante de Graduação no curso de História pela UFPB, Brasil; Bolsita PIBIC/CNPQ Rodrigo Freire Professor Doutor no Curso de Ciências Sociais da UFPB, Brasil  Resumo: O sistema eleitoral chileno é um dos mais sólidos e institucionalizados da América latina. Nesse contexto, estetrabalho analisa nas eleições presidenciais de 2009 do Chile as preferências dos eleitores aos candidatos, partidos, coligações ou ideologia de acordo com a classe social estabelecida. Ao tabelar os resultados eleitorais e o Índice de Desenvolvimento Humano, pretendemos demonstrar as linhas de tendência dos eleitores de cada comuna.Essa pesquisa procura analisar o sistema partidário chileno e as eleições presidenciais de 2009 a partir da ideologia, nível de institucionalização e volatilidade e dimensão esquerda e direita. PALAVRAS CHAVE: Chile, Partidos políticos, Sistemas Eleitorais. O sistema eleitoral chileno é um dos mais sólidos e institucionalizados da América latina. Os  partidos de esquerda, de direita e centro foram historicamente bem demarcados para o eleitor chileno, que têm uma forte identificação com estes, sendo baixa a volatilidade eleitoral. Porém, alguns fatores (como a modificação do sistema partidário no regime ditatorial para o sistema binominal em 1988) tem  provocado um processo de transformação no sistema político chileno, com a transição de partidos tradicionalmente de esquerda ou direita para outros eixos partidários, com coalizões bastante diferenciadas. A coalizãoConcertación por la democracia  ou simplesmente Concertaciónestá em uma  perceptível crise interna com a saída de vários representantes importantes, demonstrando cansaço e falta de inovação. Por outro lado, ocorre um fortalecimento da direita. Nesse contexto, nosso plano de trabalho analisa nas eleições presidenciais de 2009 do Chile as tendências dos eleitores aos candidatos de acordo com a classe social estabelecida. O IDH é subdividido em três índices: Renda, Educação e saúde. Analisamos especificamente o nível renda. A escolha por esse nível no nosso estudo deve-se à curiosidade de analisar como as classes sociais se posicionam partidariamente, e se há alguma  preferência de candidatura em locais de classe média, alta ou baixa. A pesquisa, ainda em processo,  pretende analisar quantitativamente utilizando os surveys produzidos por institutos chilenos de pesquisa social e opinião pública e o IDH relacionando-o com os resultados eleitorais. Utilizando o relatório  LasTrayectóriasdelDesarrollo Humano em las comunas del Chile (1994-2003)  produzido pelo  Programa de lasNaciones Unidas para eldesarrollo  PNUD em 2005, coletamos os dados do IDH Renda do ano de 2003 para análise. Utilizamos os indicadores “Muito baixo, “Baixo”, ”Médio”, “Alto” e “Muito alto”. Essa classificação é feita buscando um pouco de ordenament o e nitidez nos índices de cada comuna e região. Após isso, relacionamos esses dados com as votações dos candidatos a  presidência do Chile em 2009, informações coletadas no site do Tribunal Calificador de Elecciones. Tabelando essas informações, fizemos gráficos para analisar se a maior ou menor renda de cada comuna ou região influencia na escolha do voto para este ou aquele candidato. Duas candidaturas

As eleições presidenciais no Chile em 2009: Classe social e posicionamento político-partidário

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O sistema eleitoral chileno é um dos mais sólidos e institucionalizados da América latina. Nesse contexto, estetrabalho analisa nas eleições presidenciais de 2009 do Chile as preferências dos eleitores aos candidatos, partidos, coligações ou ideologia de acordo com a classe social estabelecida. Ao tabelar os resultados eleitorais e o Índice de Desenvolvimento Humano, pretendemos demonstrar as linhas de tendência dos eleitores de cada comuna.Essa pesquisa procura analisar o sistema partidário chileno e as eleições presidenciais de 2009 a partir da ideologia, nível de institucionalização e volatilidade e dimensão esquerda e direita.

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  • As eleies presidenciais no Chile em 2009:

    Classe social e posicionamento poltico-partidrio

    Resultado de investigao finalizada

    GT10- Estudos polticos e scio-jurdicos

    Amana Martins Fagundes

    Estudante de Graduao no curso de Histria pela UFPB, Brasil; Bolsita PIBIC/CNPQ

    Rodrigo Freire

    Professor Doutor no Curso de Cincias Sociais da UFPB, Brasil

    Resumo:

    O sistema eleitoral chileno um dos mais slidos e institucionalizados da Amrica latina. Nesse

    contexto, estetrabalho analisa nas eleies presidenciais de 2009 do Chile as preferncias dos eleitores

    aos candidatos, partidos, coligaes ou ideologia de acordo com a classe social estabelecida. Ao tabelar

    os resultados eleitorais e o ndice de Desenvolvimento Humano, pretendemos demonstrar as linhas de

    tendncia dos eleitores de cada comuna.Essa pesquisa procura analisar o sistema partidrio chileno e as

    eleies presidenciais de 2009 a partir da ideologia, nvel de institucionalizao e volatilidade e

    dimenso esquerda e direita.

    PALAVRAS CHAVE: Chile, Partidos polticos, Sistemas Eleitorais.

    O sistema eleitoral chileno um dos mais slidos e institucionalizados da Amrica latina. Os

    partidos de esquerda, de direita e centro foram historicamente bem demarcados para o eleitor chileno,

    que tm uma forte identificao com estes, sendo baixa a volatilidade eleitoral. Porm, alguns fatores

    (como a modificao do sistema partidrio no regime ditatorial para o sistema binominal em 1988) tem

    provocado um processo de transformao no sistema poltico chileno, com a transio de partidos

    tradicionalmente de esquerda ou direita para outros eixos partidrios, com coalizes bastante

    diferenciadas. A coalizoConcertacin por la democracia ou simplesmente Concertacinest em uma

    perceptvel crise interna com a sada de vrios representantes importantes, demonstrando cansao e

    falta de inovao. Por outro lado, ocorre um fortalecimento da direita. Nesse contexto, nosso plano de

    trabalho analisa nas eleies presidenciais de 2009 do Chile as tendncias dos eleitores aos candidatos

    de acordo com a classe social estabelecida. O IDH subdividido em trs ndices: Renda, Educao e

    sade. Analisamos especificamente o nvel renda. A escolha por esse nvel no nosso estudo deve-se

    curiosidade de analisar como as classes sociais se posicionam partidariamente, e se h alguma

    preferncia de candidatura em locais de classe mdia, alta ou baixa. A pesquisa, ainda em processo,

    pretende analisar quantitativamente utilizando os surveys produzidos por institutos chilenos de pesquisa

    social e opinio pblica e o IDH relacionando-o com os resultados eleitorais. Utilizando o relatrio

    LasTrayectriasdelDesarrollo Humano em las comunas del Chile (1994-2003) produzido pelo

    Programa de lasNaciones Unidas para eldesarrollo PNUD em 2005, coletamos os dados do IDH

    Renda do ano de 2003 para anlise. Utilizamos os indicadores Muito baixo, Baixo, Mdio, Alto e Muito alto. Essa classificao feita buscando um pouco de ordenamento e nitidez nos ndices de cada comuna e regio. Aps isso, relacionamos esses dados com as votaes dos candidatos a

    presidncia do Chile em 2009, informaes coletadas no site do Tribunal Calificador de Elecciones.

    Tabelando essas informaes, fizemos grficos para analisar se a maior ou menor renda de cada

    comuna ou regio influencia na escolha do voto para este ou aquele candidato. Duas candidaturas

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    (Arrate e Marco Enriquez- Onimani) podem ter sido consequncia da desestabilizao e do

    fracionamento da coligao Concertacin, pois personagens importantes que a integrava, passaram a

    apoiar ou fundar novos partidos e candidatos. Arrate, que j foi ex-ministro dos governos Allende,

    Aylwin e Frei, lanou candidatura prpria, sendo classificado ideologicamente como de esquerda.

    Piera, representante do conservadorismo, se apresenta como neoliberal moderno e democrtico, sendo

    um dos principais fundadores da Renovao Nacional (RN) e tendo fortes ligaes com o regime

    militar. Frei e Marco Enriquez-Onimani so considerados centro, sendo que Frei mais a esquerda. Aps

    traar o perfil ideolgico dos candidatos, pretendemos demonstrar as linhas de tendncia dos eleitores

    de cada comuna ou regio. Essa pesquisa procura analisar o sistema partidrio chileno e as eleies de

    2009 como um processo ps a terceira onda de democratizao a partir da ideologia, nvel de

    institucionalizao e volatilidade e dimenso esquerda e direita.

    Para uma anlise mais abrangente do panorama das eleies chilenas da poca, importante nos

    perguntar: qual a importncia dos partidos e da identificao partidria? Saz e Freidemberg (2002)

    comentam que a importncia dos partidos polticos desempenhar as funes indispensveis de

    institucionalizao, intermediao e profissionalizao, como eixos que envolvem de uma maneira

    estvel a sociedade e o regime poltico. A vitalidade de um sistema poltico depende de funes

    praticadas pelos partidos polticos, como a articulao e unio de interesses, a legitimao, a

    socializao, a representao, a participao e a formao de uma elite dirigente. Para um partido

    existir e consolidar na sociedade, necessria a rotina de procedimentos, a mudana de lideres nos

    cargos, a moderao do que seu programa promete e a sua identificao definida por parte de um

    eleitorado votante. Porm, os partidos polticos caram em descrena pelos cidados, que duvidaram e

    desprezaram sua importncia no sistema poltico, como instrumento de mobilizao e representao.

    Isso se deu pela personalizao da poltica, a verticalidade da tomada de decises partidrias e o partido

    visto como oligrquico. Entretanto, a crtica ao partido no vem aliada a promoo de outros modos de

    representao, ou outras formas de democracia que funcionem sem partidos. Estes auxiliam nos

    acordos sobre polticas de governo, estabelecem aes para a produo de leis; fornecem pessoas para

    as instituies e tornam operativo o sistema poltico; ambicionando a vitria das eleies, tm

    estratgias organizativas para mobilizar ou conservar apoios.

    A heterogeneidade das sociedades latino-americanas se caracteriza numa polarizao ideolgica

    alta entre os partidos polticos que esto no Poder Legislativo, mais diferenciados na escala esquerda-

    direita. Uma polarizao ideolgica exagerada vista como uma indicao de ruptura prxima do

    sistema poltico. A polarizao est ligada governabilidade e uma varivel muito importante no

    estudo da estabilidade do sistema democrtico. O Chile um dos pases com elevado grau de

    polarizao. Mesmo com a aparente vitalidade do sistema poltico, alguns analistas citam problemas de

    rejeio, descrena ou apatia do partido pelos cidados.

    De acordo com Lipset (1967), o voto a estrutura primordial, que fomenta o consenso em uma

    sociedade democrtica. Para entender melhor esse mecanismo, faz-se necessrio estudar o

    comportamento eleitoral, observando fenmenos de clivagem no como desvios de padro, porm

    como aspectos bsicos para a manuteno do sistema poltico:

    Sempre que os partidos so impedidos de obter o apoio de um

    estrato mais amplo, perdem a razo precpua para o compromisso.

    tambm importante que os partidos contem com lderes de diferentes

    origens, para que representem simbolicamente sua preocupao com

    muitos grupos, ainda que contem com reduzido apoio de algum deles.

    (LIPSET, 1967, p.32)

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    Lipset endossa que a estabilidade de um regime democrtico depende tambm de

    desenvolvimento econmico, como de um legitimo regime poltico com bom desempenho, trabalhando

    as funes bsicas do governo. Parte de Mainwaring e Torcal (2005) a ideia de que a identificao

    poltica est ligada institucionalizao, pois quanto mais forte um sistema partidrio menos

    volatilidade eleitoral tem e consequentemente, os eleitores se identificam com a ideologia, programa e

    outras caractersticas do partido. A importncia da identificao poltica pode ser relacionada

    importncia dos partidos e instituies polticas, o que alm de manter a estabilidade de competio

    entre os partidos, os atores polticos conferem tambm legitimidade aos partidos

    Em sistemas mais institucionalizados, os partidos tm razes fortes

    na sociedade, a maioria dos eleitores tem ligaes partidrias e algumas

    associaes de interesse esto intimamente ligadas a eles. Um forte

    enraizamento partidrio na sociedade ajuda a proporcionar a regularidade

    na competio eleitoral que a idia de institucionalizao implica. Razes

    na sociedade e estabilidade da competio entre partidos, embora

    analiticamente separveis, esto entrelaadas porque o forte enraizamento

    social estabiliza a competio. Se a maioria dos cidados apoia o mesmo

    partido de uma eleio para outra, h menos eleitores flutuantes e,

    portanto, menor probabilidade de mudanas eleitorais em massa que se

    refletem em alta volatilidade. (Mainwaring e Torcal, 2005, p.254)

    Os vnculos programticos e ideolgicos proporcionam estabilidade entre o eleitor e o partido a

    partir da identificao do eleitor, fortalecendo o enraizamento partidrio na sociedade. Mainwaring e

    Torcal (2005) afirmam que, ao contrrio das democracias industriais, na maioria dos pases de

    democratizao tardia, como o caso do Chile, os partidos no tem tanta importncia na luta pela

    cidadania, e nem construram grandes projetos sociais que fortaleceria identidades. Por isso, a maior

    volatilidade eleitoral e o personalismo com que conduzida as eleies nessas democracias.

    Infelizmente, os partidos no tendem a ser mais estveis ter maior identificao com os eleitores com o

    passar do tempo. Mainwaring e Torcal (2005) comprovaram que os eleitores rapidamente percebem as

    posies dos partidos e que os sistemas partidrios nos pases menos desenvolvidos no tendem a se

    estabilizar, no sendo a institucionalizao linear ou teleolgica. Para Lipset (1967) os eleitores

    tambm identificam seus interesses com base em suas posies sociais de classe, religio, etnia ou

    nacionalidade e moradia (urbana ou rural).

    Javier Torres (2009) analisa que os locais mais institucionalizados tm partidos arraigados na

    sociedade. Porm, o ndice de chilenos que se identificam com a ideologia ou programa dos partidos ou

    coalises est diminuindo potencialmente. No Chile, por seu contexto histrico de uma democracia

    recm-sada do regime ditatorial, os partidos montaram sua estrutura de diferenciando-se em questes

    clericais, socioeconmicas e pela dimenso autoritarismo-democracia. No caso deste pas em especial,

    no qual o sistema eleitoral favorece as coalizes, estas servem como ponto de referencia para a deciso

    de voto por parte do eleitor. Porm, uma coalizo composta por muitos partidos pode no deixar claro a

    proposta ideolgica-programtica de cada um deles. Em sua pesquisa, Javier Torres (2009) percebe que

    os entrevistados que pertencem ao grupo socioeconmico de maior poder aquisitivo tendem a

    identificar-se mais com os partidos e coalizes de direita:

    Durante el autoritarismo muchosempresarios de la elite

    economicaocuparon cargos de gobierno y, entre sus legados, sentaronlas

    bases institucionalesfavorables al libre mercado y al desarrollo

    empresarial de laindustria chilena (Huneeus, 1998). De esta forma, el

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    grupo socioeconomico alto (ABC1) deberiaidentificarseconlos partidos

    (RN, UDI) y lacoalicion (Alianza por Chile) que simpatizanconel legado

    politico, social e institucional delregimen de Pinochet. (Torres, 2009,

    p.16)

    J os entrevistados da classe mdia e baixa seriam mais propensos a identificar-se com os

    partidos de esquerda (PS, PPD y PRSD) e com a coalizo Concertacin. Esses partidos tm promovido

    programas sociais de interesse da classe trabalhadora, que foram perseguidos e excludos no regime

    militar. Esses estratos socioeconmicos vm alcanando maior crescimento com o retorno da

    democracia e o auxilio de partidos e a coalizo de centro esquerda.

    Sez e Feidemberg(2002) analisam o processo de transio de regimes ditatoriais para

    democracia na Amrica Latina na terceira onde de democratizao. Enquadra o Chile no grupo dos

    pases com tradio partidria slida e com uma mquina partidria capaz de maior mobilizao da

    populao. Nesse contexto, a Concertacin surge como a coalizo que participa desse processo

    transicional, com maior apoio na eleio fundacional legislativa. Patrcio Navia (2007) defende ser o

    pluralismo da Concertacin o que a mantm forte e consolidada desde o plebiscito de 1988. Aps a

    derrota de Pinochet ficou claro o poder de veto que ainda detinha o regime ditatorial contra as novas

    decises democrticas. A reforma constitucional dava grandes poderes as foras armadas a necessidade

    de uma unio de partidos entorno de um objetivo comum. Para tanto, La Concertacin se configurou

    como uma coalizo multipartidarista que representava o centro e a esquerda, refletindo uma diversidade

    de atitudes. Porm, com a consolidao dessa unio, a Concertacion se tornou mais moderada e

    mostrou sinais de desgaste com a sada de grandes representantes. Assim, a identificao poltica

    partidria comeou a cair.

    Nas eleies de 2009, enfileirava o primeiro turno os candidatos Eduardo Frei Ruiz-Tagle do

    Partido Democracia Crist (DC), j eleito anteriormente presidente e representante da Concertacin;

    SebastinPiera, representante da coalizo Alianza por Chile, Marco Enrquez-Ominami (ou

    simplesmente MEO), cineasta dissidente da Concertacin, com candidatura independente; e Jorge

    Arrate, do Partido Comunista (PC) tambm dissidente da Concertacin. Com propostas bastante

    parecidas, entre elas as econmicas e de desenvolvimento, Piera, o candidato favorito, em seu

    programa assegura criar condies para os investimentos, sem deixar de lado os projetos sociais

    da Concertao. Um dos empresrios mais ricos do Chile, Piera criou vrias companhias e comprou

    outras, entre elas o canal de televiso Chilevisin e a companhia area Lan Airlines.

    Para a pesquisa com dados,utilizamos o relatrio LasTrayectriasdelDesarrollo Humano em las

    comunas del Chile (1994-2003) produzido pelo Programa de lasNaciones Unidas para eldesarrollo

    PNUD em 2005, e coletamos os dados do IDH Renda do ano de 2003 (o mais recente feito) para

    anlise. Utilizamos os indicadores Muito baixo, Baixo, Mdio, Alto e Muito alto. Essa classificao feita buscando um pouco de ordenamento e nitidez nos ndices de cada comuna e regio.

    Os cinco grupos tem o mesmo nmero de comunas. O ndice de desenvolvimento Humano um

    instrumento para nos mostrar como esto vrios aspectos da vida da sociedade, desde material at

    cultural. H nisto a busca para conhecer melhor as pessoas e no se limita aos meios utilizados para

    alcanar o desenvolvimento. A partir desta visibilidade promovida pelo IDH possvel reconhecer os

    sinais e desafios do futuro: Se entiende por desarrollo humano el processo mediante elcual se aumentanlas capacidades y opciones de las personas. Elloapunta a reconocer a todos losindividuos

    como sujetossocialescapaces de perseguir larealizacindel tipo de vida que lesparezcavalorable. (PNUD, 1991, p.10) Os fatores mais importantes pelos quais feito o indice do desenvolvimento

    humano so a liberdade, a igualdade, a potenciao, a produtividade, a seguridade, a sustentabilidade e

    a participao.

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    O IDH tem quatro caractersticas bsicas: uma viso de sntese, resume e rene diferentes

    dimenses em um nico indice; busca alcanar a acumulao das capacidades humanas, tem como

    meta as condies de vida ideais, as melhores que um ndivduo pode ter; e busca uma maior reflexo

    sobre as caractersticas estruturais da sociedade e no sobre condies especficas. O IDH

    subdividido em trs ndices: Renda, Educao e sade. Analisamos especificamente o nvel renda. No

    Chile a desigualdade da distribuio da renda alta, com o Coeficiente Gini de 0,57 (2003). No

    percebida qualquer transformao desse indicador. Oito das treze regies tem um nvel renda entre 0,7

    e 0,799 (Tarapac, Antofagasta, Atacama, Coquimbo, Valparaso, Aisn, Magallanes e Metropolitana).

    OHiggins, Maule, Bo-Bo, Araucana e LosLagos tem o ndice renda renda entre 0,600 - 0,699, e entre 0,700 - 0,799. J BoBo e Araucana tm 3% da populao com o IDH abaixo de 0,6, enquanto a

    Regio Metropolitana tem 18% da populao com um IDH acima de 0,8. Utilizamos tambm as

    pesquisas de inteno de voto feitas pela Universidade Diego Portales(2009), Pelo Centro de Estudios

    Polticos (CEP, 2009) e a Encuesta de CaracterizacinSocioeconomica nacional (CASEN, 2009). Para

    as Informaes dos resultados eleitorais coletamos os dados no Tribunal Calificador de Elecciones

    (Tricel).

    Na pesquisa feita pela Universidade Diego Portales, foi realizado um perfil dos eleitores para

    cada candidato. MEO agrega liberais em temas de valor moral e com menos temor a arriscar-se em

    termos de trabalho (salrio e estabilidade no emprego), so esquerdistas mas desaprovam a

    Concertacin e so ligados ao perfil mais progressista dos votantes de Arrate. O perfil dos que votam

    em Frei so os chamados Concertacionistas duros, votantes de Michele Bachelet e de centro esquerda.

    Esto ligados mais com o perfil de votantes de Arrate. Quem vota em Piera so os mais conservadores

    de direita e os jovens liberais que questionam temas como a plula e o aborto.

    A presidente do Chile a poca, Michelle Bachelet, que alcanou a maior aprovao popular aps

    a volta da democracia (83,9%), no conseguiu impulsionar a coalizo de centro-esquerda La

    Concertacin, que estava no poder a vinte anos e que sofria falta de renovao em seus quadros e

    desgaste. Dos conflitos internos e rivalidades travadas no interior da coalizo, dois dissidentes da

    Concertacin lanam candidaturas: Marco EnriquezOminami e Jorge Arrate. A vitria de Piera e

    setores conservadores, que ascendem desvinculando-se dos acontecimentos ditatoriais, depois de anos

    consolidados de governo por parte da Concertacin, pode ter sido ocasionada tambm por esses fatores.

    Outra questo refere-se falta de identificao poltica ou ideolgica da sociedade chilena com

    os partidos ou coligaes. Na pesquisa UDP, perguntado utilizando uma escala de 1 a 10, donde 1

    representa mas de izquierda y 10 ms de derecha, em que posicin se ubicariausted? a maior parte dos

    entrevistados (38,7%) optou por nenhuma opo, indicando um desinteresse, descrena, desinformao ou falta de posio ideolgica. 19,2 por cento de entrevistados optaram pela posio

    central (5) na escala de 1 a 10. Perguntado Qual de losseguientes partidos polticos representa

    mejorsus interesses, creencias y valores?, a grande maioria dos entrevistados (56,2%) responderam que

    nenhum partido representa-os. Os partidos PS (7,7%) e PDC (7,1%) obtm a mais alta votao dos

    partidos, seguido pelo partido de direita RN (6%). Numa pesquisa do Centro de Estudios Polticos,

    perguntado Com qual das tendncias polticas usted se identifica o simpatiza ms? Com La Alianza

    por Chile, com La Concertacin o com el Pacto Juntos Podemos?,quarenta e seis por cento dos

    entrevistados afirmam que no se identificam como nenhuma das coalizes. La Concertacin a

    tendncia com maiores nveis de identificao (27%) seguido de La Alianza (18%)

  • 6

    Grfico 1 - Fonte: Tricel e PNUD

    Como podemos ver no grfico2, as comunas de IDH muito alto ficam abaixo da mdia e so as

    que menos votam em Eduardo Frei, que faz uma crescente de votao at o IDH muito baixo, com

    votao bem acima da mdia (29,6). No caso de Marco-EnriquezOminami, este supera sua mdia

    (20,14%) somente nas comunas de IDH muito alto, e decai progressivamente at o nvel muito baixo.

    J o candidato Piera obtm as maiores votaes tanto nas comunas com IDH muito alto quanto muito

    baixo, ficando abaixo da mdia(44,06%) somente nas comunas de IDH baixo.

    J no grfico 3, das mdias das comunas com casos extremos de IDH renda, perceptvel no

    caso da votao de Frei, que no estrato muito alto este fica muito abaixo da sua mdia geral, e muito

    acima da mdia no estrato muito baixo. J Piera, fica consideravelmente acima da mdia no estrato

    muito alto, mas tambm consegue uma tima votao nos estratos mdio e baixo. A votao de MEO

    aumenta nos setores alto e mdio de e IDH, a de Arrate fica acima da mdia no setores com renda

    muito alta, porm, fica bem abaixo na classe mdia e muito pobre.

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    MUITO ALTO ALTO MDIO BAIXO MUITOBAIXO

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    Ttulo del eje

    Casos extremos de IDH-R comunas

    FREI

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    Grfico 2Fonte: Tricel e PNUD

    Grfico 3 - Fonte: Tricel e PNUD

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    Muito alto Alto Mdio Baixo Muito baixo

    Mdia dos candidatos por nvel de IDH

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    Muito alto Alto Mdio Baixo Muito baixo

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    Estrato de IDH-R

    Mdias dos casos extremos de IDH- R

    FREI

    MEO

    PIERA

    ARRATE

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    Grfico 4 - Fonte: Tricel e PNUD

    Grfico 5 - Fonte: Tricel e PNUD

    No Grfico 4 utilizado o ndice de percentual de reduo de brecha do IDH das comunas entre

    1994 e 2003, assim, possvel observarmos como as comunas desenvolveram-se e compar-las umas

    com as outras. entre perceptvel que o IDH do estrato muito alto aumentou potencialmente de 1994

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    Muito alto Alto Mdio Baixo Muito Baixo

    Variao do IDH 1994-2003 (casos extremos de IDH-R)

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    Muito alto Alto Mdio Baixo Muito Baixo

    Variao do IDH-R 1994-2003 (casos extremos)

  • 9

    para 2003, ficando as comunas dos casos extremos acima ou muito acima da mdia (19,3%). No caso

    do estrato alto, v-se que a maioria fica acima da mdia, mas sem alcanar nveis bastante altos. No

    caso dos nveis mdio e baixo, ascomunas dos casos extremos ficam abaixo ou um pouco acima da

    mdia, mas j visvel a pouca reduo de brecha nessas comunas. No nvel muito baixo de IDH, todas

    as comunas dos casos extremos ficam abaixo da mdia, sendo pouco o desenvolvimento social nessas

    reas j bastante excludas.

    No grfico 5, o caso da reduo de brecha do IDH Renda, a situao pior e alarmante. No

    nvel Muito Alto, somente a comuna La Reina fica abaixo da mdia (11,2%). As outras comunas casos

    extremos tem um desempenho altssimo de reduo de brecha, como o caso da comuna

    LoBarnechea(83,1%). Os nveis alto, mdio e baixo tem a maioria dos casos extremos acima da mdia,

    porm o muito baixo apresenta todos os casos extremos de comunas muito abaixo da mdia, com percentual que varia de 0,0 a 1,4. Portanto, o IDH renda apresenta uma variao muito desigual de

    reduo de brecha de renda, na qual as comunas mais ricas obtm melhores nveis de desenvolvimento

    financeiro e os habitantes das localidades mais pobres tem uma tendncia mnima de avano nas suas

    rendas individuais, familiares e locais.

    Por fim, visvel que os efeitos do desgaste por anos de governo interferiram nas votaes.

    Dois mil e nove foi a primeira eleio presidencial aps o plebiscito que elegeu um candidato de direita

    para presidente, em regies tanto muito pobres quanto bastante ricas. O dado interessante nessa

    pesquisa decididamente o ndice de eleitores sem identificao partidria ou ideolgica, que no

    acreditam mais na dimenso esquerda direita mesmo em um pas to institucionalizado como o Chile.

    Bibliografia:

    LIPSET, Seymour Martin. O homem Poltico. Zahar editores, Rio de Janeiro. 1967.

    MAINWARING, Scott & TORCAL, Mariano. Teoria e institucionalizao dos sistemas partidrios

    aps a terceira onda de democratizao. Opinio Pblica. Vol. XI, n 2. Campinas: Outubro de 2005.

    NAVIA, Patrcio El pluralismo y elarcoris de laConcertacin. Revista UDP Pensamiento y Cultura,

    Ao3, Nmero 5, julio 2007.

    PNUD. LasTrayectriasdelDesarrollo Humano em las comunas del Chile (1994-2003).Buenos Aires:

    Alfaguara, 2004

    SAZ, Manuel Alcntara& FREIDENBERG, Flvia. Partidos polticos na Amrica Latina. Opinio

    Pblica. Vol. VIII. N2. Campinas, 2002.

    TORRES, Javier. Identificacin Poltica em Chile: sintoma de uma Paradoja. Workingpapers UDP

    N1, 2009.