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AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO _______________________________________________________________ PRISCILLA MILENA SIMONATO DE MIGUELI Doutoranda em Direito Previdenciário pela PUC/SP Mestre em Direito Previdenciário pela PUC/SP Especialista em Direito Previdenciário pela EPDS Especialista em Direito Previdenciário pela FDSBC Advogada

AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

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Page 1: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

_______________________________________________________________ PRISCILLA MILENA SIMONATO DE MIGUELI Doutoranda em Direito Previdenciário pela PUC/SP Mestre em Direito Previdenciário pela PUC/SP Especialista em Direito Previdenciário pela EPDS Especialista em Direito Previdenciário pela FDSBC Advogada

Page 2: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

BENEFÍCIOS QUE AMPARAM DEPENDENTES E A FAMÍLIA

• Pensão por morte • Auxílio-reclusão

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PROTEÇÃO DA FAMÍLIA

Função da previdência social é de amparar as pessoas de todas as faixas

etárias.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:

II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;

Page 4: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PENSÃO POR MORTE EC nº 103/2019 e PEC nº 133/2019

Page 5: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Previsão Constitucional

da Pensão por Morte Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de

Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

V- pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Page 6: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PENSÃO POR MORTE NOVOS ASPECTOS DA LEI Nº 13.846/2019

Page 7: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

DEPENDENTES PREFERENCIAIS OU PRESUMIDOS:

São os elencados no item I do artigo 16 da Lei n.º 8.213/91, ou seja o cônjuge, filhos menores ou inválidos e companheiro(a), estes possuem a dependência econômica do segurado presumida, ou seja, não há a necessidade de comprovação.

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)

Page 8: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

CASAMENTO x SEPARAÇÃO DE FATO X DIVÓRCIO

Art. 76. § 2º O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos concorrerá em igualdade de condições com os dependentes referidos no inciso I do art. 16 desta Lei. § 3º Na hipótese de o segurado falecido estar, na data de seu falecimento, obrigado por determinação judicial a pagar alimentos temporários a ex-cônjuge, ex-companheiro ou ex-companheira, a pensão por morte será devida pelo prazo remanescente na data do óbito, caso não incida outra hipótese de cancelamento anterior do benefício. SÚMULA 336 STJ - A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente. Data da Publicação - DJ 07.05.2007 p. 456

Page 9: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Art. 16

§ 5º As provas de união estável e de dependência econômica exigem início

de prova material contemporânea dos fatos, produzido em período não

superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à data do óbito ou do

recolhimento à prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente

testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito,

conforme disposto no regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

§ 6º Na hipótese da alínea c do inciso V do § 2º do art. 77 desta Lei, a par da

exigência do § 5º deste artigo, deverá ser apresentado, ainda, início de

prova material que comprove união estável por pelo menos 2 (dois) anos

antes do óbito do segurado. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

Page 10: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

CONCUBINATO Puro – União estável

• Impuro – art. 1727 CC “As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato”

• concubinato adulterino em: o contraído de boa-fé e o de má-fé

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PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÕES ESTÁVEIS CONCOMITANTES. DUAS COMPANHEIRAS. PROVA MATERIAL CUMULADA COM PROVA ORAL. RECONHECIMENTO. POSSIBILIDADE. RATEIO. PRECEDENTES. 1. Cinge-se a controvérsia ao reconhecimento da união estável entre a autora e o de cujus, supostamente vivenciada de forma simultânea com outra união estável, já reconhecida administrativamente pelo INSS. 2. A Constituição de 1988 reconhece "a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar", qual prescreve o parágrafo 3º do art. 226 e, ainda, nos termos da lei, assegura a percepção de pensão à(o) companheira(o), conforme dispõe o art. 201, V, com a redação da EC nº 20/98. A Lei nº 9.278/96, por sua vez, arrola entre os direitos dos conviventes em entidade familiar a recíproca assistência moral e material (art. 2º, II), inclusive após a dissolução da união entre os amásios (art. 7º). 3. Comprovado, através de prova material cumulada com prova testemunhal, que o de cujus manteve, concomitantemente, duas uniões estáveis, até a data de seu óbito, há de ser rateada a pensão por morte previdenciária entre as companheiras. 4. É possível o reconhecimento da coexistência de duas uniões estáveis, entre um mesmo homem e duas (ou mais) mulheres. Inexiste ofensa ao texto constitucional. Precedentes. 5. Havendo sucumbência recíproca, devida a compensação dos honorários advocatícios. 6. Os critérios de pagamento de juros moratórios e de correção monetária devem observar o Manual de Cálculos da Justiça Federal, na sua versão em vigor ao tempo da execução. 7. Apelação e recurso adesivo providos, para determinar a compensação dos honorários advocatícios em face da sucumbência recíproca. Remessa oficial parcialmente provida para que o cálculo dos juros e da atualização monetária observe as disposições supra 2 BRASIL. Tribunal Regional Federal da Primeira Região. 1ª Câmara Regional Previdenciária da Bahia. APELAÇÃO CIVEL – 00108693620094013300. Juiz Federal Relator Antônio Oswaldo Scarpa. DJE 20/01/2016

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RE 669465 Tema 526 da Repercussão Geral PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONCUBINATO IMPURO DE LONGA DURAÇÃO. EFEITOS PARA FINS DA PROTEÇÃO DO ESTADO À QUE ALUDE O ARTIGO 226, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 28/05/2019 – conclusos ao relator

Page 13: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

COMPANHEIRO HOMOAFETIVO

A Lei n.º 8.213/91 não dispõe de nenhuma norma regulando se os dependentes homoafetivos fazem ou não jus a pensão por morte.

IN n.º 77/2015. Art. 130. De acordo com a Portaria MPS

nº 513, de 9 de dezembro de 2010, publicada no DOU, de 10 de dezembro de 2010, o companheiro ou a companheira do mesmo sexo de segurado inscrito no RGPS integra o rol dos dependentes e, desde que comprovada a união estável, concorre, para fins de pensão por morte e de auxílio-reclusão, com os dependentes preferenciais de que trata o inciso I do art. 16 da Lei nº 8.213, de 1991, para óbito ou reclusão ocorridos a partir de 5 de abril de 1991, conforme o disposto no art. 145 do mesmo diploma legal, revogado pela MP nº 2.187-13, de 2001.

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• AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.277 DISTRITO FEDERAL

3. TRATAMENTO CONSTITUCIONAL DA INSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA. RECONHECIMENTO DE QUE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO EMPRESTA AO SUBSTANTIVO “FAMÍLIA” NENHUM SIGNIFICADO ORTODOXO OU DA PRÓPRIA TÉCNICA JURÍDICA. A FAMÍLIA COMO CATEGORIA SÓCIO-CULTURAL E PRINCÍPIO ESPIRITUAL. DIREITO SUBJETIVO DE CONSTITUIR FAMÍLIA. INTERPRETAÇÃO NÃO-REDUCIONISTA. O caput do art. 226 confere à família, base da sociedade, especial proteção do Estado. Ênfase constitucional à instituição da família. Família em seu coloquial ou proverbial significado de núcleo doméstico, pouco importando se formal ou informalmente constituída, ou se integrada por casais heteroafetivos ou por pares homoafetivos. A Constituição de 1988, ao utilizar-se da expressão “família”, não limita sua formação a casais heteroafetivos nem a formalidade cartorária, celebração civil ou liturgia religiosa. Família como instituição privada que, voluntariamente constituída entre pessoas adultas, mantém com o Estado e a sociedade civil uma necessária relação tricotômica. Núcleo familiar que é o principal lócus institucional de concreção dos direitos fundamentais que a própria Constituição designa por “intimidade e vida privada” (inciso X do art. 5º). Isonomia entre casais heteroafetivos e pares homoafetivos que somente ganha plenitude de sentido se desembocar no igual direito subjetivo à formação de uma autonomizada família. Família como figura central ou continente, de que tudo o mais é conteúdo. Imperiosidade da interpretação não-reducionista do conceito de família como instituição que também se forma por vias distintas do casamento civil. Avanço da Constituição Federal de 1988 no plano dos costumes. Caminhada na direção do pluralismo como categoria sócio-político-cultural. Competência do Supremo Tribunal Federal para manter, interpretativamente, o Texto Magno na posse do seu fundamental atributo da coerência, o que passa pela eliminação de preconceito quanto à orientação sexual das pessoas.

05/05/2011

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POLIAMOR

Maria Berenice Dias relata a ampliação do conceito de família: O pluralismo das relações familiares – outro vértice da nova ordem jurídica – ocasionou mudanças na própria estrutura da sociedade. Rompeu-se o aprisionamento da família nos moldes restritos do casamento, mudando profundamente o conceito de família. A consagração da igualdade, o reconhecimento da existência de outras estruturas de convívio, a liberdade de reconhecer filhos havidos fora do casamento operaram verdadeira transformação na família. (DIAS, 2007, p. 37)

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• No poliamor uma pessoa pode amar seu parceiro fixo e amar também as pessoas com quem tem relacionamentos extraconjugais, ou até mesmo ter relacionamentos amorosos múltiplos em que há sentimento de amor recíproco entre todos os envolvidos. Os poliamoristas argumentam que não se trata de procurar obsessivamente novas relações pelo fato de ter essa possibilidade sempre em aberto, mas, sim, de viver naturalmente tendo essa liberdade em mente. O poliamor pressupõe uma total honestidade seio da relação. Não de trata de enganar nem de magoar ninguém. Tem como princípio que todas as pessoas envolvidas estão a par da situação e sentem à vontade com ela. A idéia principal é admitir essa variedade de sentimentos que se desenvolvem em relação a várias pessoas, e que vão além da mera relação sexual. O poliamor aceita como fato evidente que todos têm sentimentos em relação a outras pessoas que as rodeiam. Como nenhuma relação está posta em causa pela mera existência de outra, mas, sim, pela sua própria capacidade de se manter ou não, os adeptos garantem que o ciúme não tem lugar nesse tipo de relação. Não é o mesmo que uma relação aberta, que implica sexo casual fora do casamento, nem na infidelidade, que é secreta e sinônimo de desonestidade. O poliamor é baseado mais no amor do que no sexo e se dá com o total conhecimento e consentimento de todos os envolvidos, estejam estes num casamento, num ménage à trois, ou no caso de uma pessoa solteira com vários relacionamentos. Pode ser visto como incapacidade ou falta de vontade de estabelecer relações com uma única pessoa, mas os poliamantes se sentem bastante capazes de assumir vários compromissos, da mesma forma que um pai tem com seus filhos (LINS, 2007, p. 401).

Page 17: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

FILHOS

Os filhos estão elencados no inciso I como sendo dependentes preferenciais da pensão por morte.

Ressalta-se que para o Direito Previdenciário não existe a distinção

entre filhos para fins de proteção. Tanto faz se eles foram gerados fora do ambiente conjugal ou adotados, pois possuem a mesma proteção social.

O inciso I, do artigo 16, diz que são dependentes filhos de qualquer

condição. isto porque, o artigo 227, § 6º, da Constituição não admite discriminação:

“§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e

qualificações, proibida quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”.

Page 18: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

REQUISITOS PARA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO AOS FILHOS:

• Ser menor de 21 anos;

•Não emancipado;

• ou ser inválido;

• ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)

Page 19: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

FAMÍLIA SOCIOAFETIVA

Está presente o vínculo afetivo, independente de consanguinidade. É a filiação sob a ótica do afeto.

“Art. 1.593. O parentesco é natural ou

civil, conforme resulte de

consanguinidade ou outra origem”.

Page 20: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

"A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos jurídicos próprios", vencidos, em parte, os Ministros Dias Toffoli e Marco Aurélio. Ausente, justificadamente, o Ministro Roberto Barroso, participando do encontro de juízes de Supremas Cortes, denominado Global Constitutionalism Seminar, na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 22.09.2016. RE 898.060

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PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. HABILITAÇÃO DE HERDEIRA. PATERNIDADE SOCIOAFETIVA RECONHECIDA POR DECISÃO TRÂNSITA EM JULGADO. COISA JULGADA. REFLEXOS NA ESFERA PREVIDENCIÁRIA. I - A agravada teve reconhecida a paternidade socioafetiva do de cujus e declarada sua habilitação à herança. É, portanto,

herdeira, na forma dos arts. 1.596 e 1.829, I, do Código Civil. II- A doutrina civilista moderna tem no princípio da afetividade o fundamento para dar proteção jurídica a parentescos

firmados para além da consanguinidade, do liame biológico que distinguia os "filhos naturais" dos filhos adotivos. III - O Direito Previdenciário não pode se distanciar da realidade já reconhecida pelo Direito Civil. E nem pode ser

interpretado como um regramento totalmente divorciado do sistema jurídico nacional. É direito social que tem por fim dar proteção, não podendo excluir aqueles dos quais o segurado cuidou como se seus filhos biológicos fossem. O art. 16, II e III, da Lei n. 8.213/91, faz referência a filhos e irmãos "de qualquer condição", portanto, não restringindo ao parentesco biológico.

IV - A agravada pediu sua habilitação como herdeira do segurado falecido. E sobre sua condição de herdeira não pesa dúvida, uma vez que a decisão que assim a declarou transitou em julgado, até porque a certidão de seu nascimento já tem o nome do de cujus como seu pai.

V - A agravada tem a seu favor, além da coisa julgada, a construção jurisprudencial que a reconhece como filha e herdeira do segurado falecido.

VI - A paternidade socioafetiva, reconhecida, no caso, por decisão transita em julgado, tem reflexos favoráveis à agravada na esfera previdenciária.

VII - Agravo de instrumento a que se nega provimento. AI 0028979-25.2015.4.03.0000 Trf3. 19/07/2016

Page 22: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. AVÔ. ÓBITO DO NETO. SITUAÇÃO ESPECIALÍSSIMA DOS AUTOS. NETO QUE FORA CRIADO COMO SE FILHO FOSSE EM DECORRÊNCIA DA MORTE DE SEUS PAIS. POSSIBILIDADE. 1. A teor do art. 16 da Lei n.º 8.213/91, o avô não é elencado no rol dos dependentes do segurado, razão pela qual, a princípio não faria jus à pensão gerada pelo óbito do neto em cuja companhia vivia. 2. Presença, nos autos, de hipótese singular, em que a criação do segurado pelo avô, desde o nascimento, acrescida da morte precoce de seus pais, demonstram que o segurado tinha para com o Autor, na verdade, uma relação filial, embora sangüínea e legalmente fosse neto. 3. Impossibilidade de exigência da adequação legal da relação que existia à real situação fática, uma vez que é vedada a adoção do neto pelo avô, a teor do disposto no art. 42, § 1º, do Estatuto da Criança e do Adolescente. 4. Direito à pensão por morte reconhecido. 5. Recurso especial conhecido e provido. [1]

[1] Ementa da decisão da 5ª Turma, do STJ, Relatora: Ministra Laurita Vaz, REsp 528987 / SP, data de julgamento: 06/11/06

Page 23: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

DEPENDENTES SUJEITOS A COMPROVAÇÃO:

São aqueles previstos nos incisos II e III do artigo 16 da Lei n.º 8.213/91, ou seja, os pais, os irmãos não emancipados, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um ) anos ou inválido. Estes necessitam demonstrar que dependem economicamente do segurado falecido.

II - os pais;

III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

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DIB Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data:

I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta) dias após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis) anos, ou em até 90 (noventa) dias após o óbito, para os demais dependentes; (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior;

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.

Page 25: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

INDIGNIDADE Art. 16 (Lei nº 8.213/91)..............................................................................................................

§ 7º Será excluído definitivamente da condição de dependente quem tiver sido condenado criminalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

Art. 74 ............................................................................................................................. ............

§ 1º Perde o direito à pensão por morte o condenado criminalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

Page 26: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Art. 77 da Lei nº 8.213/91

§ 7º Se houver fundados indícios de autoria, coautoria ou participação de dependente, ressalvados os absolutamente incapazes e os inimputáveis, em homicídio, ou em tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, será possível a suspensão provisória de sua parte no benefício de pensão por morte, mediante processo administrativo próprio, respeitados a ampla defesa e o contraditório, e serão devidas, em caso de absolvição, todas as parcelas corrigidas desde a data da suspensão, bem como a reativação imediata do benefício.

(Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

Page 27: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

HABILITAÇÃO PROVISÓRIA Art. 219 (Lei nº 8.112/90) ................................................................................................................

§ 3º Ajuizada a ação judicial para reconhecimento da condição de dependente, este poderá requerer a sua habilitação provisória ao benefício de pensão por morte, exclusivamente para fins de rateio dos valores com outros dependentes, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a existência de decisão judicial em contrário. (Redação dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

§ 4º Nas ações em que o INSS for parte, este poderá proceder de ofício à habilitação excepcional da referida pensão, apenas para efeitos de rateio, descontando-se os valores referentes a esta habilitação das demais cotas, vedado o pagamento da respectiva cota até o trânsito em julgado da respectiva ação, ressalvada a existência de decisão judicial em contrário. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

§ 5º Julgada improcedente a ação prevista no § 3º ou § 4º deste artigo, o valor retido será corrigido pelos índices legais de reajustamento e será pago de forma proporcional aos demais dependentes, de acordo com as suas cotas e o tempo de duração de seus benefícios. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

§ 6º Em qualquer caso, fica assegurada ao INSS a cobrança dos valores indevidamente pagos em função de nova habilitação. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

Page 28: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

O QUE TROUXE A REFORMA DA PREVIDÊNCIA?

EC nº 103/2019

O QUE TRARÁ A PEC Nº 133/2019

SE APROVADA?!

Page 29: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PENSÃO POR MORTE

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103

ANTES DEPOIS

• O beneficiário da pensão por morte tem garantido o benefício no mesmo valor de 100% da aposentadoria que o segurado falecido recebia, de modo que, caso não estivesse aposentado na data do óbito, a pensão corresponderia ao valor da aposentadoria que teria direito.

• A pensão por morte concedida a dependente de segurado do RGPS será equivalente a uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento) do valor da aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, acrescida de cotas de 10 (dez) pontos percentuais por dependente, até o máximo de 100% (cem por cento). • As cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis aos demais dependentes.

Page 30: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PENSÃO POR MORTE EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 103

ANTES DEPOIS

• Para o cônjuge inválido ou com deficiência: o benefício é devido enquanto durar a deficiência ou invalidez, respeitando-se os prazos mínimos tabelados. • Permitida a acumulação de pensões.

• No caso de haver dependente inválido ou com deficiência grave: - 100% do valor até o teto do RGPS; - Do que exceder o teto: 50% + 10% por cada

dependente.

• Vedada a acumulação de pensões, exceto de regimes diferentes ou militares. Em caso de acumulação, recebe: - 100% da pensão mais vantajosa; - Valor escalonado da pensão menos vantajosa em

faixas.

Page 31: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

“ A concessão de aposentadoria ao servidor público federal vinculado a regime próprio de previdência social e ao segurado do Regime Geral de Previdência Social e de pensão por morte aos respectivos dependentes será assegurada, a qualquer tempo, desde que tenham sido cumpridos os requisitos para obtenção desses benefícios até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional, observados os critérios da legislação vigente na data em que foram atendidos os requisitos para a concessão da aposentadoria ou da pensão por morte. ”

Art. 3º da EC nº 103/2019

Page 32: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Art. 23. A pensão por morte concedida a dependente de segurado do Regime Geral de Previdência Social ou de servidor público federal será equivalente a uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento) do valor da aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, acrescida de cotas de 10 (dez) pontos percentuais por dependente, até o máximo de 100% (cem por cento).

§ 1º As cotas por dependente cessarão com a perda dessa qualidade e não serão reversíveis aos demais dependentes, preservado o valor de 100% (cem por cento) da pensão por morte quando o número de dependentes remanescente for igual ou superior a 5 (cinco).

EC nº 103/2019

COTA FAMILIAR

Page 33: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Art. 23. ..........................................................................................................

§ 2º Na hipótese de existir dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor da pensão por morte de que trata o caput será equivalente a:

I - 100% (cem por cento) da aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, até o limite máximo de benefícios do Regime Geral de Previdência Social; e

II - uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento) acrescida de cotas de 10 (dez) pontos percentuais por dependente, até o máximo de 100% (cem por cento), para o valor que supere o limite máximo de benefícios do Regime Geral de Previdência Social.

EC nº 103/2019

Page 34: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

PEC nº 133/2019

Art. 9º Até que lei discipline o cálculo da pensão por morte concedida a dependente de segurado do Regime Geral de Previdência Social ou de servidor público federal, a cota por dependente de que tratam o caput e o inciso II do § 2º do art. 23 da Emenda Constitucional nº 103, de 12 de novembro de 2019, será de 20 (vinte) pontos percentuais no caso do dependente menor de 18 (dezoito) anos.

Page 35: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Art. 23. ..........................................................................................................

§ 3º Quando não houver mais dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, o valor da pensão será recalculado na forma do disposto no caput e no § 1º.

§ 4º O tempo de duração da pensão por morte e das cotas individuais por dependente até a perda dessa qualidade, o rol de dependentes e sua qualificação e as condições necessárias para enquadramento serão aqueles estabelecidos na Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991.

EC nº 103/2019

Page 36: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Art. 23. ..........................................................................................................

§ 5º Para o dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, sua condição pode ser reconhecida previamente ao óbito do segurado, por meio de avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar, observada revisão periódica na forma da legislação.

§ 6º Equiparam-se a filho, para fins de recebimento da pensão por morte, exclusivamente o enteado e o menor tutelado, desde que comprovada a dependência econômica.

EC nº 103/2019

Page 37: AS NOVAS FAMÍLIAS E O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

Art. 23. ..........................................................................................................

§ 7º As regras sobre pensão previstas neste artigo e na legislação vigente na data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional poderão ser alteradas na forma da lei para o Regime Geral de Previdência Social e para o regime próprio de previdência social da União.

EC nº 103/2019

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ACUMULAÇÃO DE BENEFÍCIO!

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Art. 24. É vedada a acumulação de mais de uma pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro, no âmbito do mesmo regime de previdência social, ressalvadas as pensões do mesmo instituidor decorrentes do exercício de cargos acumuláveis na forma do art. 37 da Constituição Federal. § 1º Será admitida, nos termos do § 2º, a acumulação de:

I - pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social com pensão por morte concedida por outro regime de previdência social ou com pensões decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal; II - pensão por morte deixada por cônjuge ou companheiro de um regime de previdência social com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime próprio de previdência social ou com proventos de inatividade decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal; ou III - pensões decorrentes das atividades militares de que tratam os arts. 42 e 142 da Constituição Federal com aposentadoria concedida no âmbito do Regime Geral de Previdência Social ou de regime próprio de previdência social. EC nº 103/2019

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Art. 24. ....................................................................................................................................................

§ 2º Nas hipóteses das acumulações previstas no § 1º, é assegurada a percepção do valor integral do benefício mais vantajoso e de uma parte de cada um dos demais benefícios, apurada cumulativamente de acordo com as seguintes faixas:

I - 60% (sessenta por cento) do valor que exceder 1 (um) salário-mínimo, até o limite de 2 (dois) salários-mínimos;

II - 40% (quarenta por cento) do valor que exceder 2 (dois) salários-mínimos, até o limite de 3 (três) salários-mínimos;

III - 20% (vinte por cento) do valor que exceder 3 (três) salários-mínimos, até o limite de 4 (quatro) salários-mínimos; e

IV - 10% (dez por cento) do valor que exceder 4 (quatro) salários-mínimos. EC nº 103/2019

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Art. 24. ........................................................................................................................................

§ 3º A aplicação do disposto no § 2º poderá ser revista a qualquer tempo, a pedido do interessado, em razão de alteração de algum dos benefícios.

§ 4º As restrições previstas neste artigo não serão aplicadas se o direito aos benefícios houver sido adquirido antes da data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional.

§ 5º As regras sobre acumulação previstas neste artigo e na legislação vigente na data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional poderão ser alteradas na forma do § 6º do art. 40 e do § 15 do art. 201 da Constituição Federal.

EC nº 103/2019

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OBRIGADA!!!!!

@priscillasimonato

Priscilla Simonato de Migueli

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