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As secas na Paraíba: entre histórias, práticas e invenções. História da Paraíba I- Luciano Mendonça de Lima.

As Secas Na Paraíba

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slide apresentando um breve histórico das secas na Paraíba durante sua história.

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  • As secas na Paraba: entre histrias, prticas e invenes.Histria da Paraba I-Luciano Mendona de Lima.

  • Ao longo da histria da humanidade diferentes sociedade e povos enfrentaram e continuam a enfrentar problemas com estiagens peridicas, com mltiplas implicaes para seus agentes.Contudo, historicamente a imagem de determinados espaos acabou se identificando mais diretamente ao referido fenmeno.No caso do Brasil, embora tenhamos notcias de estiagens sobre outras paragens, o fato que o fenmeno se tornou quase que sinnimo de Nordeste.

  • O problema que se impes o seguinte: como este fenmeno se constituiu historicamente?A esta questo diferentes autores ofereceram diferentes respostas, em diferentes contextos e de acordo com referenciais tericos e metodolgicos muitas vezes opostos, se constituindo com o tempo em uma tradio de estudos considervel.O trabalho do historiador Durval Muniz de Albuquerque (produzido originalmente sob o influxo histrico de mais uma seca e de um processo renovao da historiografia brasileira, busca responder a esta complexa questo.

  • Aps passar em revistas as grandes matrizes interpretativas da temtica, especialmente em suas vertentes tradicionais e marxistas, o autor defende a ideia de que a seca tal qual conhecemos hoje no Nordeste nem sempre existiu.Partindo de um referencial terico- metodolgico largamente inspirado no pensador francs Michel Foucault, Durval defende a hiptese de que a seca foi uma construo imagtico-discursiva, elaborada

  • na segunda metade do sculo XIX.Segundo o autor, impossvel entender historicamente este fenmeno sem desvincul-lo da critica conjuntura que as provncias do ento Norte do Imprio (a situada a Paraba) ento vivenciavam, em especial do contexto que cercou a chamada grande seca de 1877-1879.Nesse sentido, o discurso da seca o resultado histrico de diferentes prticas discursivas e no discursivas que se cruzam, no se reduzindo porm a nenhum discurso especifico de qualquer grupo social da regio, tais como elites e o povo do campo e da cidade.

  • inegvel a contribuio historiogrfica dos trabalhos do professor Durval Muniz para o entendimento da temtica da seca e demais questes correlatas atinentes ao espao nordestino e paraibano em particular.Porm, a exemplo de qualquer contribuio digna do nome, devemos ter uma postura crtica em relao ao seu legado. Assim, algumas questes, umas mais gerais e outras mais especficas, podem ser aqui levantadas:Deste modo, se razovel supor o discurso da histria como uma representao mais ou menos

  • verdadeiro ou verossmil sobre o real, o autor no vai longe demais ao escrever categoricamente na pgina 244 que o discurso da seca cumpre o papel estratgico de no s explicar o real, como tambm de cri-lo? Ser que no estamos diante de um novo determinismo cultural de feio nominalista, to problemtico quanto qualquer tipo de determinismo?Por outro lado, ao adotar a ideia foucoultiana de descontinuidade, ou ruptura epistemolgica, no estudo da seca de 1877-1879 como marco histrico, ser que o autor no perde de vista tambm certa linhas de continuidades desta em

  • relao as outras secas, como por exemplo as de 1825 e 1845? Outra questo que pode ser tambm lembrada que devido a nfase dada pelo texto aos aspectos discursivos (vide o papel atribudo pelo autor imprensa na pgina 240) da questo, a experincia histrica dos diferentes sujeitos e suas lutas acabam sendo obliteradas.Como se pode observar, no estamos diante apenas de questes tericas, mas tambm polticas, ticas e morais.

  • Questo: Tida como um dos temas mais recorrentes da literatura regional, a seca foi redescoberta e problematizada como objeto central de reflexo por parte do historiador Durval Muniz, ao caracteriz-la como um fenmeno construdo historicamente a partir da chamada grande seca de 1877-1879. Com base no texto discutido em sala de aula reflita criticamente sobre as implicaes historiogrficas e polticas da referida tese.

  • Bibliografia:Palavras que calcinam, palavras que dominam: a inveno da seca do Nordeste. IN. ALQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. Nos destinos de fronteira: histria, espaos e identidade regional. Recife: Bagao, 2008, pp. 229/245.