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EN sAjoS HISTÓRICO S As sete vidas das fibras do papel manufaturado da berço até a sepultura Leopold 1 Méã 0 ciclo das fibras papeleiras for ma parte do conjunto de ciclos caos produtos vegetais que por sua vez ocupam lugar de destaque entre os que compõem o grande ciclo do carbono Um ciclo é definido como seqüên cia repetida de situações que partindo de um estado inicial e após um per curso circular volta a uma situação semelhante ou equivalente à original a partir da qual repete se basicamente a seqüência de situações que perfila ram o primeiro ciclo Quando o ciclo de vida das fibras papeleiras é analisado com a preocu pação ambienïai sta moderna que leva a escrutinar cuidadosamente a vida toda desde o berço dos mate riais fibrosos até sua sepultura vai se descortinando um quadro muito interessante ele mostra que desde seu inicio as manufaturas papeleiras foram um excelente exemplo de seqüência de processos recicláveis visto que as fibras vegetais matéria prima básica dessas manufaturas não somente são reaproveitadas na forma ção de novas folhas de papel mas as fibras utilizadas na primeira folha são em grande parte provenientes do aproveitamento de fibras vegetais usadas tais como as de tecidos e vestimentas lonas velas cordarnes e redes de pescar recolher estes resí duos fibrosos agrupados sob a deno minação de trapos velhos caracte rizou por muitos anos a profissão de trapeiro negociante e comprador ambulante de trapos maltrapilheiros o precursor do aparista de hoje Esta situação de reciclagens suces sivas permite uma subdivisão do ciclo de vida das fibras papeleiras em sete vidas seqüencialmente interdepen dentes sendo que quatro delas corres pondem a atividades papeleiras pro priamente ditas entre as sete que configuram o ciclo completo Inicio cio tido geração dos fibras U ciclo ë iniciado pelsi energia da faísca solar fotossintetizadora que combina o bióxido de carbono da atmosfera com a água do solo geran do assim a matéria orgânica necessá ria para deslanchar a formação das substâncias que caracterizam as fibras Primeira viQQ vegetativa A partir dessa síntese ë iniciada a primeira das sete vidas das liaras vegetais a que corresponde à vida vegetativa da planta onde elas foram geradas Nesta etapa as fibras se de senvolvem crescem diferenciada mente e se organizam Tudo para melhor preencher suas funções vitais nos vegetais dos quais elas formam parte Segunda vida preparação para a vida têxtil A segunda vida se caracteriza pelo processamento das longas fibras ve getais brutas na grande maioria procedente de plantas anuais Basica mente o processamento consiste em eliminar as partes não fibrosas para deixando livres e soltos os longos feixes de fibras conseguir entrelaçá las com as suas vizinhas de modo a formar fios Estes fios torcidos uns sobre os outros formam outros fios mais grossos que se apresentam com maior resistência aos esforços de tração assim propiciando os elemen tos básicos e as características ade quadas à sua tecedura Executada com um tear esta operação consiste na formação de um tecido mediante o entrecruzamento perpendicular de duas famílias de fios trama e urdidura Terceira vida útil dos tecidos O tipo de fibra processado e o diâmetro do fio determinam o melhor aproveitamento a ser dado ao tecido resultante da tecelagem Assim tere mos lonas para confeccionar velas destinadas à navegação toldos para proteger cargas durante seu trans porte telas para sacos de grãos e uma grande diversidade de tecidos para confeccionar inúmeras vestimentas desde fardas militares indumentária para o trabalho luxuosos vestidos de fantasia para grandes festas de so ciedade ou vestimentas prescritas pa ra ritos religiosos entre muitos outros exemplos da utilidade dos tecidos Q uso prolongado ou intenso dos tecidos utilitários e das vestimentas as trans formam mais cedo ou mais tarde em trapos maltrapilheiros recolhidos pelos trapeiros ambulantes continua mente se deslocando na procura de tr apos velhos QuarlMa vida papeleira preliminar Q processamento dos trapos velhos coletados pode ser considerado o inicio da quarta vida das fibras bati zada de preliminar pelo caráter preparatório do processo destinado a modificar e uniformizar convenien temente a grande variedade de fibras contidas nos trapos que os trapeiros conseguiram juntar Os trapos recebidos eram c assift 16 0 Papel fevereiro 1996

As sete vidas das fibras do papel manufaturado da berço ... - Sete vidas fibras... · uso prolongado ou intenso dos tecidos utilitários e das vestimentas as trans formam mais cedo

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ENsAjoS HISTÓRICOS

As sete vidas das fibras do papel manufaturadoda berço até a sepultura

Leopold 1 Méã

0ciclo das fibras papeleiras forma parte do conjunto de ciclos

caos produtos vegetais que por suavez ocupam lugar de destaque entreos que compõem o grande ciclo docarbono

Um ciclo é definido como seqüência repetida de situações que partindode um estado inicial e após um percurso circular volta a uma situaçãosemelhante ou equivalente à originala partir da qual repetese basicamentea seqüência de situações que perfilaram o primeiro ciclo

Quando o ciclo de vida das fibras

papeleiras é analisado com a preocupação ambienïai sta moderna queleva a escrutinar cuidadosamente a

vida toda desde o berço dos materiais fibrosos até sua sepultura vai

se descortinando um quadro muitointeressante ele mostra que desdeseu inicio as manufaturas papeleirasforam um excelente exemplo deseqüência de processos recicláveisvisto que as fibras vegetais matériaprima básica dessas manufaturas nãosomente são reaproveitadas na formação de novas folhas de papel mas asfibras utilizadas na primeira folhasão em grande parte provenientes doaproveitamento de fibras vegetais jáusadas tais como as de tecidos e

vestimentas lonas velas cordarnes

e redes de pescar recolher estes resíduos fibrosos agrupados sob a denominação de trapos velhos caracte

rizou por muitos anos a profissão detrapeiro negociante e compradorambulante de trapos maltrapilheiroso precursor do aparista de hoje

Esta situação de reciclagens sucessivas permite uma subdivisão do ciclode vida das fibras papeleiras em sete

vidas seqüencialmente interdependentes sendo que quatro delas correspondem a atividades papeleiras propriamente ditas entre as sete queconfiguram o ciclo completo

Inicio cio tido geração dos fibrasU ciclo ë iniciado pelsi energia da

faísca solar fotossintetizadora quecombina o bióxido de carbono da

atmosfera com a água do solo gerando assim a matéria orgânica necessária para deslanchar a formação dassubstâncias que caracterizam asfibras

Primeira viQQ vegetativaA partir dessa síntese ë iniciada

a primeira das sete vidas das liarasvegetais a que corresponde à vidavegetativa da planta onde elas foramgeradas Nesta etapa as fibras se desenvolvem crescem diferenciada

mente e se organizam Tudo paramelhor preencher suas funções vitaisnos vegetais dos quais elas formamparte

Segunda vida preparação paraa vida têxtil

A segunda vida se caracteriza peloprocessamento das longas fibras vegetais brutas na grande maioriaprocedente de plantas anuais Basicamente o processamento consiste emeliminar as partes não fibrosas paradeixando livres e soltos os longosfeixes de fibras conseguir entrelaçálas com as suas vizinhas de modo aformar fios Estes fios torcidos unssobre os outros formam outros fios

mais grossos que se apresentam commaior resistência aos esforços detração assim propiciando os elemen

tos básicos e as características ade

quadas à sua tecedura Executadacom um tear esta operação consistena formação de um tecido medianteo entrecruzamento perpendicular deduas famílias de fios trama eurdidura

Terceira vida útil dos tecidos

O tipo de fibra processado e odiâmetro do fio determinam o melhor

aproveitamento a ser dado ao tecidoresultante da tecelagem Assim teremos lonas para confeccionar velasdestinadas à navegação toldos paraproteger cargas durante seu transporte telas para sacos de grãos e umagrande diversidade de tecidos paraconfeccionar inúmeras vestimentas

desde fardas militares indumentária

para o trabalho luxuosos vestidos defantasia para grandes festas de sociedade ou vestimentas prescritas para ritos religiosos entre muitos outrosexemplos da utilidade dos tecidos Quso prolongado ou intenso dos tecidosutilitários e das vestimentas as trans

formam mais cedo ou mais tarde

em trapos maltrapilheiros recolhidospelos trapeiros ambulantes continuamente se deslocando na procura detrapos velhos

QuarlMa vida papeleira preliminarQ processamento dos trapos velhos

coletados pode ser considerado oinicio da quarta vida das fibras batizada de preliminar pelo caráterpreparatório do processo destinadoa modificar e uniformizar convenien

temente a grande variedade de fibrascontidas nos trapos que os trapeirosconseguiram juntar

Os trapos recebidos eramcassift

16 0 Papel fevereiro 1996

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Ciclo do carbono Principais contribuições em toneladas decarbono x 109

Estado do Biosfera continental OceanosAtmosfera

superfície subsolo superficial profundocarbono

Bióxido des40700

carbono

Húmus em1000 3000

decomposiçãoFlorestas

800630vegetais vivosCombustíveis

fósseis10000

Em

decomposição1820

Fitomassa30

viva

Carbonatos600 38000

bicarbonatos

Matéria1700

orgânica640700 18003830 10000 2250 1 39700

Total12 30 185 41 1 732

Fonte Projeto Floram uma plataforma Estudos avançados4g pag 97

Gados e seguidamente separados deacordo coai a classificação recebidacom base no tipo de fibra usada daconfecção e respectivo estado de conservação Durante sua utilização normal as vestimentas tinham sido lava

das repetidamente assim eliminandodas fibras têxteis alguns dos seuscomponentes naturais cuja presençanão era desejada entre as fibras destinadas ã manufatura de papéis Sepor um lado a reutilização de fibrastêxteis apresentava esta vantagempor outro lado havia o inconvenienteda indústria de tecelagem incorporarmateriais diversos tintas e aprestosdiversos como parte do acabamentodos tecidos bem antes destes virar

trapos

De difícil eliminação grande partedestes componentes indesejados eradigerida mediante um processo deapodrecimento fermentativo queocorria num pequeno silo escavadono chão denominado podredouroonde eram depositados recortes detamanho uniforme retirados dos tra

pos já classificados Após o temponecessário para a eliminação doscomponentes não fibrosos os retalhos

de tecido eram lavados cuidadosa

mente para eliminar os produtosresultantes da fermentação antes deiniciar o processamento primário demaceração e batimento A ação simultânea de maceração e batimentovisava abrir as fibras e conseguiruma boa hidratação das mesmasfacilitando sua dispersão em água euma estabilidade conveniente da sus

pensão de fibras assim conseguida

Quinta vitu papeleira utilitáriaA quinta vida das fibras vegetais

a que configura a vida realmente útildas folhas de papel manufaturadopode ser convenientemente subdividida nos seguintes períodos nascimento infância adolescência juventude maturidade e velhice

d nascimento ocorre no momento

em que as fibras ficam depositadassobre a peneira da forma papeleiramomento no qual ficam desenhadasas marcas dáguano corpo ainda trémulo das folhas assim fornadas Este

período abrange até o momento deretirar dentre os feltros que as separavam as folhas já desidratadas pelapressão nelas exercida na prensa de

manchão

Infância é o período durante o quala folha de papel recém nascida precisa reforçar suas ligações internasinterfibrilares para poder resistir osembates da sua vida útil Isto era

conseguido mediante uma colageminterna inicialmente com cola ve

getal até entrar em uso a cola animal É também no período infantilquando mediante uru alisamento afolha recebe o acabamento superficialfreqüentemente complementado couroum revestimento destinado a con

trolar a lisura e a porosidade das superfícies a serem utilizadas para escrever elou imprimir

Durante a adolescência e a juventude a folha recebia e acolhia nos

ínterstícios dos seus poros a tintadepositada nas suas superfícies pelosescribas e copistas responsáveis pelaelaboração dos documentos inanuscritos As superfícies das folhasdeviam também absorver de forma

adequada a tinta carregada pelos tiposusados nas impressoras da época econseguir uma fidelidade satisfactóriana reprodução de desenhos medianteas técnicas de gravura ao talho doceAs folhas apresentavam uma estruturação preparo e resistência físicaadequadas a uma amarração mecaca formando cadernos e livros passíveis de serem protegidos medianteuma encadernação robusta de fácilmanuseio durante sua leitura

A maturidade período dourado davida das fibras era atingida aopreencher a sua mais alta missãodifundir irradiar oferecer ã leitura dos

interessados tudo aquilo que foi escritoou impresso sobre seu entrelaçamentoartificialmente foliar Esta missão

aparentemente estática demandavauma grande preparação para resistiros impactos causados pelo meioambiente circundante entre os quepodem ser destacados numa seqüência decrescente de intensidades os

seguintes fatores manuseio antrópicodesleixado elou proteção excessiva oar e seus componentes poluidores astintas mal formuladas a umidade e as

oscilações de temperatura a radiaçãosolar a biodiversidade representada

0 Papel Fevereiro 1996 17

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pelos xilófagos roedores fungos eoutros elementos da flora e da fauna

indígena e da exótica nelas incluindoa microbiana Nesta listagem devemconstar também os acidentes de

percurso tais como rasgos furoscombustão parcial e fenômenos decorrosão os mais diversos

A velhice aparece quando a lentaoxidação dos curboidratos das fibrasatinge uni nível que toma impraticável a leitura dificultando a difusão

dos valores conhecimentos e experiências registrados na superfície dasfolhas 0 envelhecimento pode serprecoce em decorrência de defeitosde fabricação ou causados por impactos ambientais altamente agressivos ao ponto de desestabilízar oudesintegrar prematuramente as folhasque suportam as mensagens

Sexta vida papelão ecartonagem

Esta sexta vida representa a utilização de um tipo de fibra dimerisionaliriente adequadas para a formaçãode folhas de espessura e gramaturamaior e mais conveniente para cartolinas papelão e para cartonagem Asfibras que alinientavain a manufaturade cartonagem podiam ser conseguidasde trapos selecionados para esta

finalidade Freqüentemente juntavamse a essa fibras alguns rejeitos fibrososde difícil aproveitamento na formaçãode folhas de papel de boa qualidade

Sétima vida sobrevida

A prolongação artificial da vidafuncional de um documento por causa da importância hiwtórica do seuconteúdo literário ou pelo valor artístico da sua representação gráficapode ser conseguida mediante umaespécie de embalsaniamento peloqual o documento é literalmenteencapsulado entre duas lâminas deplástico transparente e fechadas hermeticamente mediante urna solda

periférica das bordas coincidentes deambas as lâminas

Freqüentemente a prolongação artificial da vida de uni documento

demanda a sua restauração medianteuma limpeza seguida de Lima cuidadosareconstituição de partes dilaceradasNestes casos devem deixarse em evi

dência as partes restauradas e providenciar um registro formal da operação restauradora evitando que ela possa serconsiderada fraudulenta na ausência da

referência ao registro formalOs progressos da tecnologia no

campo da reprodução gráfica oferecem diversas alternativas para preser

var a memória de um documento

entre as quais podemos destacar amicrofilmagem a reprografia e atranscrição eletrõnica armazenável namemória de um computador

Morte

A morte configura o fim da linhafuncional das fibras celulósicas Esta

definição não é absoluta porquantoparte das fibras defuntas são reaproveitadas para alimentar algumadas vidas que em seqüência e a partirda quarta vida podem ser consideradas como papeleiras propriamenteditas Uma outra parte dom fibrasdefuntas por conter ingredientesincompatíveis com o seu reaproveitamento como fibras é utilizada pararecuperar a energia calorífica geradapela sua cremação 0 resíduo fibrosonão aproveitável em alguma das alternativas acima apontadas é sepultado em aterros onde uma oxidaçãofermentativa digere as últimas fibrasresiduais devolvendo para a atmosfera o bióxido de carbono onde se

junta os emitidos na cremação Adevolução linal do bióxido de carbono à atmosfera configura o pontofinal e inicial do ciclo de sete vidasdas fibras vegetais utilizadas nasfÔLhas de papel manufaturadas

ENGENHEIRO DE VENDAS

Multinacional fabricante de vestimentas está selecionando currículos de profissionaisinteressados em exercer as funções de Engenheiro de Vendas dos produtos que fabricapara as indústrias de papel e celulose

PERFIL

Formação completa em Engenharia Mecânica ou QuímicaExperiência mínima de 5 anos na área de papel e celuloseFacilidade para criar oportunidades e relacionarsecom ClientesConhecimentos de microinformática e inglês são importantesDisponibilidade para viagens

Oferecemos salário e benefícios competitivos automóvel e oportunidade de evoluçãoprofissionalEnviar currículo detalhando os antecedentes pessoais e profissionais e remuneração atualpara Caixa Postal 18835 Cep 80410990 CuritibaPR Manteremos sigilo

18 0 PapelFevereiro 1996