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a partir de 1878 as viagens de rimbaud Com 23 anos, Rimbaud decide ir ao Chipre trabalhar numa importadora de produtos coloniais. Como não consegue, volta para casa, via Paris. Em outubro, com 24 anos, vai a pé até Lugano, na Itália, e de lá para Gênova, de trem. Embarca num navio para Alexandria e de lá para o Chipre. Adoece e volta a Charleville. Curado, volta ao Chipre. A grande aventura começa. FOTOS E DESENHOS A edição bilíngue da poesia completa de Rimbaud foi lançada no Brasil pela primeira vez em 1994. Dez anos depois, por ocasião dos 150 anos de nascimento do poeta, ganhou nova edição. A prosa poética de Rimbaud foi lançada pela Topbooks em 1998 e rendeu a Ivo Barroso o prêmio Jabuti de tradução do ano. Agora, em “Correspondências”, estão incluídas 28 ilustrações, entre elas fotografias feitas pelo próprio Rimbaud na África, além de desenhos feitos por ele e Paul Verlaine. TOPBOOKS/DIVULGAÇÃO “CORRESPONDÊNCIA DE ARTHUR RIMBAUD”. Tradução, notas e comentários de Ivo Barroso. Topbooks, 474 páginas. R$ 59 (preço médio). Com 16 anos, o poeta foge para Paris, passando por Charleroi, na Bélgica. Preso por não pagar a passagem, acaba sendo resgatado pelo professor Izambard e passa uma temporada na casa das tias dele. Ele repetiria o gesto antes do fim do ano. Em maio de 1871, envia para o poeta Paul Demeny a carta do Vidente, seu testemunho de fé na poesia. Outra carta para Paul Verlaine, que o convida para ir a Paris. No bolso, leva o poema “O Barco Ébrio” 1870/1871 Charleville Bruxelas Paris Charleroi Douai Envolve-se amorosamente com Verlaine e foge com ele para Londres. Vivem na pobreza. Depois de uma briga, Verlaine volta para Paris. Rimbaud manda uma carta chorosa e marcam encontro em Bruxelas, na Bélgica. Lá, brigam e Verlaine atira em Rimbaud. Verlaine é preso e condenado a dois anos. Rimbaud volta para Charleville e escreve “Une saison en enfer”, poema em prosa sobre a relação dos dois e único trabalho publicado por Rimbaud. 1872/1873 Charleville Bruxelas Paris Londres No primeiro período de viagens, o jovem poeta impressionou a todos pelo seu talento, pela vocação para se envolver em confusões e pelo espírito andarilho. Cartas para amigos e família chegavam de toda a Europa. O EU Jovem Rimbaud impressionou a todos pelo imenso talento Em companhia de outro poeta, Germain Noveau, Rimbaud volta para Londres e lá trabalha como tradutor e produz as “Iluminations”, o que muitos consideram o seu trabalho maior. Vai para Hamburgo, e encontra-se com Verlaine, já livre da prisão e convertido ao catolicismo. Brigam de novo. Nunca mais se encontrariam. Rimbaud vai para a Itália e é repatriado pelo Cônsul francês em Livorno. Abandona a poesia. 1874/1875 Charleville Milão Brindisi Livorno Hamburgo Londres Escócia Em 1876, vai para Viena e é expulso. Segue para a Holanda. Alista-se no exército do país, mas deserda e volta para casa. Em 1877, vai para Hamburgo, emprega-se num circo e segue para a Suécia e a Dinamarca. É repatriado. Vai para Marselha e de lá toma um navio para Alexandria, mas adoece e fica em Roma. De lá, volta para Charleville. A Europa fica pequena. Rimbaud mira a África. 1876/1877 Charleville Marselha Holanda Suécia Viena Dinamarca Hamburgo Roma 1878 1880 1880/1883 1884/1887 1891 Nas viagens pela África, feitas a pé ou de camelo, Rimbaud sempre levava consigo o dinheiro que juntava para a sua aposentadoria, em um cinto de couro. Dinheiro em ouro. Quando retornou à França para morrer, em 1891, tinha 37.450 francos. Durante os 11 anos em que viveu fora de casa, sempre manteve contato, por carta, com os familiares. Em 1878, quando o amigo Delahaye perguntou sobre literatura, disse: “já nem penso mais nisso”. Se pensou, não se sabe. Nas cartas, nunca tocou no assunto. O OUTRO O velho Rimbaud, africano, traficante de armas e peles Paris Genova Marselha Alexandria Aden Hamburgo Lugano Harar Ogaden Choa Ankober Tadjurá Charleville Chipre Do Chipre, Rimbaud parte pelo Mar Vermelho e se emprega em Aden. Abre uma filial da empresa em que trabalha, em Harar Do Harar, parte em expedição para o Ogaden, e produz um relato da viagem para a Sociedade Geográfica da França A partir de 1884, passa a traficar armas para rebeldes que lutam pela independência da Etiópia. Em 1888, volta ao Harar. Abre um armarinho, onde exporta ouro e peles. Em 1890, começa a sentir dores no joelho. Em meados de 1891, volta para a França e tem a perna amputada. Morre em novembro 1 2 3 4 ILUSTRAÇÃO E INFOGRÁFICO: FÁBIO ABREU

As Viagens de Rimbaud

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As Viagens de Rimbaud

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Page 1: As Viagens de Rimbaud

a partir de 1878

as viagens de rimbaud

Com 23 anos, Rimbaud decide ir ao Chipre trabalhar numa importadora de produtos coloniais. Como não consegue, volta para casa, via Paris. Em outubro, com 24 anos, vai a pé até Lugano, na Itália, e de lá para Gênova, de trem. Embarca num navio para Alexandria e de lá para o Chipre. Adoece e volta a Charleville. Curado, volta ao Chipre. A grande aventura começa.

FOTOS E DESENHOS A edição bilíngue da poesia completa de Rimbaud foi lançada no Brasil pela primeira vez em 1994. Dez anos depois, por ocasião dos 150 anos de nascimento do poeta, ganhou nova edição. A prosa poética de Rimbaud foi lançada pela Topbooks em 1998 e rendeu a Ivo Barroso o prêmio Jabuti de tradução do ano. Agora, em “Correspondências”, estão incluídas 28 ilustrações, entre elas fotografias feitas pelo próprio Rimbaud na África, além de desenhos feitos por ele e Paul Verlaine.

Topbooks/Divulgação

“CORRESPONDÊNCIA DE ARthuR RImbAuD”. tradução, notas e comentários de Ivo barroso. topbooks, 474 páginas. R$ 59 (preço médio).

Com 16 anos, o poeta foge para Paris, passando por Charleroi, na Bélgica. Preso por não pagar a passagem, acaba sendo resgatado pelo professor Izambard e passa uma temporada na casa das tias dele. Ele repetiria o gesto antes do fim do ano. Em maio de 1871, envia para o poeta Paul Demeny a carta do Vidente, seu testemunho de fé na poesia. Outra carta para Paul Verlaine, que o convida para ir a Paris. No bolso, leva o poema “O Barco Ébrio”

1870/1871

Charleville

Bruxelas

Paris

CharleroiDouai

Envolve-se amorosamente com Verlaine e foge com ele para Londres. Vivem na pobreza. Depois de uma briga, Verlaine volta para Paris. Rimbaud manda uma carta chorosa e marcam encontro em Bruxelas, na Bélgica. Lá, brigam e Verlaine atira em Rimbaud. Verlaine é preso e condenado a dois anos. Rimbaud volta para Charleville e escreve “Une saison en enfer”, poema em prosa sobre a relação dos dois e único trabalho publicado por Rimbaud.

1872/1873

Charleville

Bruxelas

Paris

Londres

No primeiro período de viagens, o jovem poeta impressionou a todos pelo seu talento, pela vocação para se envolver em confusões e pelo espírito andarilho. Cartas para amigos e família chegavam de toda a Europa.

O euJovem Rimbaud impressionou a todos pelo imenso talento

Em companhia de outro poeta, Germain Noveau, Rimbaud volta para Londres e lá trabalha como tradutor e produz as “Iluminations”, o que muitos consideram o seu trabalho maior. Vai para Hamburgo, e encontra-se com Verlaine, já livre da prisão e convertido ao catolicismo. Brigam de novo. Nunca mais se encontrariam. Rimbaud vai para a Itália e é repatriado pelo Cônsul francês em Livorno. Abandona a poesia.

1874/1875

CharlevilleMilão

BrindisiLivorno

HamburgoLondres

EscóciaEm 1876, vai para Viena e é expulso. Segue para a Holanda. Alista-se no exército do país, mas deserda e volta para casa. Em 1877, vai para Hamburgo, emprega-se num circo e segue para a Suécia e a Dinamarca. É repatriado. Vai para Marselha e de lá toma um navio para Alexandria, mas adoece e fica em Roma. De lá, volta para Charleville. A Europa fica pequena. Rimbaud mira a África.

1876/1877

Charleville

Marselha

Holanda

Suécia

Viena

Dinamarca

Hamburgo

Roma

187818801880/18831884/18871891

Nas viagens pela África, feitas a pé ou de camelo, Rimbaud sempre levava consigo o dinheiro que juntava para a sua aposentadoria, em um cinto de couro. Dinheiro em ouro. Quando retornou à França para morrer, em 1891, tinha 37.450 francos.

Durante os 11 anos em que viveu fora de casa, sempre manteve contato, por carta, com os familiares.

Em 1878, quando o amigo Delahaye perguntou sobre literatura, disse: “já nem penso mais nisso”. Se pensou, não se sabe. Nas cartas, nunca tocou no assunto.

O OutrOO velho Rimbaud, africano, traficante de armas e peles

Paris

GenovaMarselha

Alexandria

Aden

Hamburgo

Lugano

Harar

Ogaden

Choa

Ankober

Tadjurá

Charleville

Chipre

Do Chipre, Rimbaud parte pelo Mar Vermelho e se emprega em Aden. Abre uma filial da empresa em que trabalha, em Harar

Do Harar, parte em expedição para o Ogaden, e produz um relato da viagem para a Sociedade Geográfica da França

A partir de 1884, passa a traficar armas para rebeldes que lutam pela independência da Etiópia. Em 1888, volta ao Harar. Abre um armarinho, onde exporta ouro e peles.

Em 1890, começa a sentir dores no joelho. Em meados de 1891, volta para a França e tem a perna amputada. Morre em novembro

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