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Leitura interpretativa da obra “As Viagens de Gulliver” Como é possível esperar que a humanidade ouça conselhos, se nem sequer ouve as advertências. Jonathan Swift SUMÁRIO Introdução ......................................................................................................... 2 Biografia do autor .............................................................................................. 4 Contexto histórico.............................................................................................. 5 Personagens ..................................................................................................... 6 Tempo X Espaço ............................................................................................... 9 Narrador .......................................................................................................... 11 Primeira Viagem .............................................................................................. 12 Análise da Primeira Viagem ............................................................................ 14 Segunda Viagem ............................................................................................. 16 Análise da Segunda Viagem ........................................................................... 18 Visão interpretativa das duas primeiras viagens ............................................. 20 Terceira Viagem .............................................................................................. 21 Análise da Terceira Viagem ............................................................................ 23 Quarta Viagem ................................................................................................ 25 Análise da Quarta Viagem .............................................................................. 27 Curiosidades sobre a obra .............................................................................. 29 Considerações Finais ...................................................................................... 31 Referências Bibliográficas ............................................................................... 32 Anexo A Resumo da Obra............................................................................ 33 Anexo B Imagens ilustrativas ....................................................................... 34 Anexo C Letra musical (Original) .................................................................. 35

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Leitura interpretativa da obra “As Viagens de Gulliver”

Como é possível esperar que a humanidade ouça conselhos, se nem sequer ouve as advertências. Jonathan Swift

SUMÁRIO

Introdução ......................................................................................................... 2

Biografia do autor .............................................................................................. 4

Contexto histórico .............................................................................................. 5

Personagens ..................................................................................................... 6

Tempo X Espaço ............................................................................................... 9

Narrador .......................................................................................................... 11

Primeira Viagem .............................................................................................. 12

Análise da Primeira Viagem ............................................................................ 14

Segunda Viagem ............................................................................................. 16

Análise da Segunda Viagem ........................................................................... 18

Visão interpretativa das duas primeiras viagens ............................................. 20

Terceira Viagem .............................................................................................. 21

Análise da Terceira Viagem ............................................................................ 23

Quarta Viagem ................................................................................................ 25

Análise da Quarta Viagem .............................................................................. 27

Curiosidades sobre a obra .............................................................................. 29

Considerações Finais ...................................................................................... 31

Referências Bibliográficas ............................................................................... 32

Anexo A – Resumo da Obra............................................................................ 33

Anexo B – Imagens ilustrativas ....................................................................... 34

Anexo C – Letra musical (Original) .................................................................. 35

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Anexo D – Letra musica (Tradução) ................................................................ 36

INTRODUÇÃO

A obra “As Viagens de Gulliver”, cujo título original é: Travels into several

remote Nations of the World - in four parts (I- Viagem a Lilipute; II - Viagem a

Brobdingnag; III - Viagem a Lapúcia, aos Balnibarbos, a Luggnagg, a

Glubbdudrib e ao Japão; e, IV - Viagem ao país dos Huyhnhmns), foi escrito

por Jonathan Swift, um autor inglês do século XVIII que representou em uma

ficção os dilemas e as contradições de sua época, publicado no ano de 1726.

A história desta obra relata as viagens realizadas pelo cirurgião da

Marinha Britânica Lemuel Gulliver, permitindo vários níveis de leitura e não se

tratando apenas de uma leitura para o público infantil.

Essa história, que é um livro de viagens, é considerada uma sátira aos

livros de viagens e aos romances de cavalaria, assim como Dom Quixote, é um

dos marcos inicial da ficção científica.

O autor transmite, através do texto, um olhar sobre o homem, suas

instituições, seu apego irracional ao poder.

A história retrata a vida de Gulliver, um médico apaixonado pelo mar e

pela aventura. São várias as influências da vida do autor e do contexto social e

político da Inglaterra em plena Revolução Industrial que podemos perceber no

decorrer da história.

As Viagens de Gulliver” também se destinam a um público leitor

disposto a explorar o contexto histórico e político em que tanto a obra como

seu autor se inseriam na Inglaterra no final do Século XVII e início do Século

XVIII.

A sátira de Swift atacava politicamente o status da Inglaterra no seu

país, questionando o governo da Inglaterra sem descanso e ridicularizando o

caráter inglês.

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Swift mostrou ao mundo a consciência não apenas dos maus-tratos aos

irlandeses, mas também da escravatura e da falta de liberdade em geral da

sociedade da época.

“As Viagens de Gulliver” é narrada em quatro viagens, criticando a

sociedade inglesa da época e os costumes europeus em geral.

Embora suas críticas estejam direcionadas à política britânica, sua sátira

2

Visa especialmente à humanidade. Torna-se evidente a valorização dos

padrões civilizados da época: mentalidade burguesa que se cosolidaria logo

mais no século XIX com o Romantismo.

O Humanismo Iluminista está evidente , desde o ínico, na ênfase dada

por Swift à cultura, ao saber. No entanto, o elemento mais valioso que se

encontra em “Viagens de Gulliver” é a visão da humanidade de vários pontos

de vista.

Este trabalho visa elucidar as críticas feitas por Swift à luz do contexto

histórico social da época.

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Biografia do autor

Jonathan Swift, escritor irlandês nascido em Dublin, considerado como o

satirista mais ferino e brilhante na língua inglesa.

Órfão de pai, com um ano de idade, foi levado secretamente por sua

ama para a Inglaterra, porém dois anos depois, voltou para Irlanda em virtude

dos problemas políticos. Passou a infância sob a dependência de seu tio

Godwin que o mandou estudar na escola Kilkenny, em Dublim (1673). Na

infância teve boa educação, mas sofreu constantemente de crises de surdez,

mal que o ameaçou pelo resto da vida.

Matriculou-se no Trinity College de Dublin (1681) onde só se distingue

pelas punições (1682-1686). Recebeu um diploma da congregação (1688) e,

com a morte de seu tio, neste mesmo ano, foi para Leicester viver junto de sua

mãe. Com ela não dispunha de muito dinheiro para ajudá-lo, é obrigado a

procurar um emprego e sustentar-se.

Fixando-se em Moor Park, Surrey, tornou-se (1689) secretário do

estadista e escritor de grande prestígio, Sir William Temple (1628 -1699). No

emprego adquiriu gosto pelos livros e, continuando seus estudos, graduou-se

na Universidade de Oxford (1692) e foi ordenado pela igreja anglicana (1695).

Nomeado deão da catedral de Saint Patrick, em Dublin (1713) passou a

participar ativamente da vida política da Inglaterra. Em 19 de Outubro (1745),

surdo e louco, morreu em Dublin e foi enterrado na Catedral de São Patrício,

cujo epitáfio em latim escrito em sua lápide, foi escrito por ele mesmo.

Entre seus magníficos trabalhos destacam-se “A Tale of a Tub” (1704),

“Gulliver's Travels” (1726) - um dos maiores sucessos da literatura universal -,

e “Modest Proposal for Preventing the Children of Poor People from Being a

Burden to their Parents or the Country” (1729).

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Contexto histórico

Na época em que a obra foi escrita, o Reino Unido da Grã-Bretanha era

formado pela Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda, encontrava-se sob o

comando do inglês George III, que mantinha acirradas brigas com a França.

Os irlandeses não tinham os mesmos tratamentos dos demais povos,

porque a sua população era de origem celtas e sua religião era o catolicismo,

tinham o direito de votar por serem católicos, mas não podiam assumir cargos

públicos. A população vivia na mais sórdida miséria, pobreza e desemprego.

Em 1666, foi vedada a exportação de gado para o reino e começou a

criação de carneiro, sendo que o comércio entre as duas ilhas caiu

consideravelmente. Além disso, decretaram em 1699 uma nova lei que proibia

a exportação para outros mercados do mundo, fazendo com que milhares de

fabricantes abandonassem o país, enquanto a Coroa Inglesa devorava a

Irlanda.

Em 1694, através do Ato do Estabelecimento, Ana assume o trono após a

morte de Guilherme III. As ideias dos filósofos iluministas começam a ser

difundidas na Inglaterra: separação dos três poderes, liberdade de comércio e

o direito de propriedade. Eles acreditavam na razão humana como a forma

autêntica para a compreensão da sociedade, sendo ela a fonte de todo

conhecimento.

Havia dois grupos políticos:

Tories: nome do grupo que deu origem ao Partido Conservador.

Whigs: nome do grupo que originou o Partido Liberal.

Os Tories defendiam as prerrogativas do Rei e os privilégios da Igreja

Anglicana. O suporte dos Whigs vinha dos setores da aristocracia e

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comerciantes de Londres, defendiam uma política de maior tolerância com

católicos e não-conformistas (presbiterianos).

5

Personagens

Primeira Viagem ( A Liliput )

- Personagens Principais

Sr. Lemuel Gulliver – Morador de uma pequena propriedade em

Nottinghamshire, terceiro filho de uma família de cinco. É enviado aos

14 anos para Cambridge,onde permaneceu por três anos aplicados ao

estudo de medicina. Torna-se aprendiz do Sr. James Bates. Aplica-se

aos estudos e outras partes da matemática, úteis a quem tenciona

viajar.

Golbasto Mormarem Evlane Gurdilo Mully Ully Gue – Imperador de

Liliput. Monarca de todos os monarcas, mais alto do que os filhos dos

homens, agradável como a primavera, confortativo como o verão.

Skyresh Bolgolam – Antagonista. Ministro e almirante do rei Liliput,

pessoa de muita confiança do amo e grandemente versada em

negócios, mas rabugento e áspero. Sem motivos, torna-se inimigo

mortal de Gulliver.

Flimnap – Tesoureiro do rei (amigo de Gulliver), deixou de ser amigo

mais tarde devido às calúnias envolvendo sua esposa e Gulliver.

- Personagens Secundários

Sr. Bates – Mestre, professor, eminente cirugião de Londres.

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Srta. Mary Borton – Segunda filha do Sr.Edmund Burton (que era

negociante de meias em Newgate Street, que trouxe como dote 400

libras), esposa de Gulliver.

William Prichard – Comandante do Antílope, navio em que Gulliver

fez sua primeira viagem significativa com destino às Índias Orientais.

Limtoc – o general.

Lalcon – o camareiro.

Balmuff – o grande juiz. Redigiu contra Gulliver uma acusação por

traição e outros crimes capitais.

6

Segunda Viagem ( Broldingnag )

- Personagens Principais

Gildrig – Como Gulliver foi chamando na terra dos gigantes.

Glumdalclith ou Amazinha – Filha do Gigante, uma menina de

nove anos, esperta para a idade, muito perita na gulha (boa

costureira). Carinhosa, amiga e protetora inseparável de Gulliver.

Grilbrig – O Fazendeiro. Pai da Amazinha, homem ganancioso,

ganhava dinheiro com as apresentações de Gulliver. Quando

Gulliver adoece, ele o vende para a rainha de Broldingnag.

- Personagens Secundários

Rainha – Se dedicava as coisas fúteis do reino, considerava

Gulliver uma criatura inteligente que servia para distraí-la.

Rei – Possuia grande sabedoria, mantinha longas conversas com

Gulliver a respeito da Inglaterra.

O anão da corte – Era o menor adulto do país, com apenas nove

metros de altura, proferia palavras irônicas a respeito do tamanho

de Gulliver, inveja-o, pois havia perdido, para ele, a preferência da

corte.

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Terceira Viagem ( Lapúcia )

- Personagens Principais

O Rei – Como restante dos habitantes, dava importância ao estudo

da matemática e da música.

Munodi – Pessoa de primeira categoria. Foi governdor de Lagado,

capital de Balnibarbos, durante alguns anos.

Os Batedores – principal função era despertar o Rei como os

habitantes com os balões a fim de trazê-los ao assunto atual.

7

Glubbdudrib – (próxima cidade a ser visitada por Gulliver) Ilha dos

feiticeiros ou mágicos.

O Rei – Era mágico, invocava os espectros dos mortos para servi-

lo durante 24 horas. Atencioso respondia para Gulliver todas as

indagações feitas sobre sua cidade.

Luggnagg – Terra dos Imortais

Características Gerais – Povo cortês e generoso, tratam

polidamente os estrangeiros. Nasciam muito raramente, primeiro

com uma mancha vermelha e circular na testa (sinal de ser

imortal). Essa marca aumentava e mudava de cor com o passar do

tempo que seria chamado Struldibrugs.

Quarta Viagem ( País Huyhnhmns )

Amo – Amigo de Gulliver. Cavalo com características humanas,

dotado de fala, é ele quem ensina a Gulliver as primeiras palavras

da terra dos cavalos.

Huyhnhmns – Cavalos falantes, dotados de raciocínio e atitudes

humanas.

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Yahoos – Seres com características humanas com o

comportamento irracional. Tinham a cabeça e o peito coberto por

pelos grossos, crespos em alguns e lisos em outros.

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Tempo e Espaço

Quanto às viagens, o “tempo” é cronológico, as datas são precisas, como

se um marinheiro estivesse navegando e para seu controle utilizasse uma

bússola.

O “espaço”, na maioria das vezes, é aberto: mar, terra, ilha e, em alguns

momentos o ambiente se fecha. O escritor alonga-se na descrição de alguns

espaços, como no caso da Ilha Lapúcia.

Exemplos:

- Na parte oito da primeira viagem à Liliput:

“[...] aproámos às Dunas no dia 13 de abril de

p.702.” (Gulliver Travels p. 105)

“Fiquei apenas 2 meses em companhia de minha mulher e

dos meus [...”] (Gulliver Travels p. 106.)

- Na parte seis da segunda viagem à Brobdingnag:

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“Quando chegamos ao termo da nossa viagem o rei achou

conveniente passar alguns dias numa vivenda que possuía

perto de Flanflasnic, cidade situada a dezoito milhas inglesa da

beira- mar.” (Gulliver Travels p.179)

“Isso deu-se , creio, que a 3 de Junho de 1706, quase nove

meses depois da minha libertação.” (Gulliver Travels p. 191.)

9

- Na parte três da terceira viagem , à Lapúcia, aos Balnibarbos, a Luggnagg:

“A ilha volante é perfeitamente redonda; o seu diâmetro é de

sete mil e oitocentos e sete toesas e meia, isto é quase quatro

mil passos, e , por conseguinte, contém aproximadamente dez

mil acres.” (Gulliver Travels p. 213.)

- Na parte onze da quarta viagem ao País dos Huyhnhmns:

“Entretanto, julguei que estava a dez graus ao sul do Cabo da

Boa Esperança e quase a quarenta e cinco de latitude

meridional.” (Gulliver Travels p. 374)

“A 5 de setembro de 1715 lançamos ferros nas Dunas, quase

ás nove horas da manhã, e às cinco da tarde cheguei a Redriff

de boa saúde e recolhi-me à casa.” (Gulliver Travels p. 385.)

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Narrador

Gulliver é o narrador e também o personagem principal do livro.

A estrutura geral do texto é narrativa, intercalada com períodos de

descrições minuciosas e de diálogos, o que alimenta a imaginação do leitor e

faz com que a ficção se torne tão convincente quanto um fato real.

É possível que o autor se aproveite do elemento fictício para nele poder

expor com liberdade sua visão crítica e pessimista de mundo e de como o

homem se organiza política, social e economicamente nesse mundo.

A facilidade do personagem em aprender idiomas pode ser vista como

elemento recorrente. Seguindo a mesma linha de raciocínio, é quase sempre

uma tempestade que muda o rumo traçado inicialmente por cada embarcação.

E é sempre o mar, com o resgate por um navio inglês, a possibilidade de

retorno à sua pátria, ao seu lar.

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Primeira Viagem

Na primeira viagem, em uma de suas aventuras pelos mares, o navio de

Gulliver enfrenta uma tempestade e vem a naufragar. Gulliver sobrevive após

muito esforço para nadar e chegar até uma praia.

Após um período desacordado, achando que estava a salvo, Gulliver

retoma a consciência e tenta se levantar, quando, para sua surpresa, ele

percebe que está preso por muitas cordas finas em volta do seu corpo,

dificultando seus movimentos.

Em volta dele, havia homens muito pequeninos, de aproximadamente

15cm, que tentam atingi-lo com flechas. Estes homens eram habitantes

daquele país, chamado Liliput (ilha-império de natureza e habitantes

minúsculos) e pareciam nunca ter visto alguém de tal tamanho antes, pois

Gulliver, em relação ao tamanho, era para eles um gigante, passando a ser

chamado por eles de “homem montanha”.

Os pequeninos homens, a mando do Imperador, levam-no para a cidade

para decidirem o seu destino, já que sua permanência no país demandava

muitos gastos e, sua morte poderia provocar uma peste para o país, devido ao

mau cheiro. No início, Gulliver é visto pelos habitantes locais com certo temor,

depois passa a ser o centro das atenções dos curiosos, porém é mantido como

prisioneiro e não tenta se libertar, pois tem medo dos pequeninos habitantes

lançarem flechas envenenadas para matá-lo.

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Apesar de estar preso, Gulliver é muito bem tratado, alimentado, vestido,

e recebe visitas de pessoas importantes de Lilliput. Ele aprende a linguagem

dos habitantes e conquista a confiança do povo, tornando-se amigo do

imperador, que introduz Gulliver para muitos dos seus costumes, impondo-lhe

algumas regras para a convivência em sociedade.

Após vários pedidos o rei concede-lhe a liberdade, mediante algumas coisas

que teria que cumprir. Autoriza-o a conhecer a metrópole desde que não pise

nas pessoas e nem danifique as casas.

O povo de Lilliput estava em guerra contra Blefuscu (império vizinho,

idêntico em tamanho ao de Liliput, separado por um canal de água).

12

Quando a esquadra de Blefuscu se aproxima de Liliput e está prestes a

fazer um ataque que Liliput não resistiria, Gulliver é chamado, e lhe foi pedido

para que afundasse a esquadra de Blefuscu como pagamento de sua “estadia”.

Gulliver é ordenado pelo rei a lutar contra os Blefuscu, povo que

discordava dos Liliputianos. Gulliver vence a Batalha e recebe um título

honorífico. Além disso, também fica amigo do rei de Blefuscu.

Certa vez, Gulliver é chamado para apagar um incêndio nos aposentos

da imperatriz, ele apaga o fogo com jatos de sua urina, procedimento ilegal

naquele país.

Por este motivo, e o de também Gulliver manter uma relação com os

considerados inimigos de Liliput (Blefuscu), o rei de Liliput é pressionado a

matá-lo aos poucos de fome. Avisado por um amigo importante da corte,

Gulliver foge para Blefuscu. Refugiado em Blefuscu, Gulliver percebe que sua

permanência ali poderia por em risco a situação de paz por ele conseguida e

decide partir, levando consigo alguns animais, apesar de querer levar alguns

habitantes também, o que não lhe foi concedido.

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Análise da primeira viagem

Primeira viagem: um rei com superioridade física que vê a humanidade

ridiculamente pequena. Swift encontra aqui a possibilidade de exercer a

implacável tirania de seu espírito sobre os homens, mostrando sua

própria superioridade.

Blefuscu e Liliput são sátiras, respectivamente, da França e Inglaterra no

começo do século XVIII.

Em Liliput, Swift cria um rei extremamente absolutista cheio de defeitos,

líder de uma sociedade com preocupações e leis fúteis devido à vontade do

soberano.

Na medida em que ganhava a confiança daquelas estranhíssimas e

pequenas figuras, Gulliver observava o modo de vida de Lilliput.

A sociedade era dividida em castas e a educação das crianças seguia

isso. Estas, quando pequenas, são separadas e enviadas para seminários,

divididas entre sexo feminino e masculino, para serem educadas conforme sua

origem, nobre ou eminente. A educação para os filhos de roceiro e lavradores

não é vista como importante.

Existiam dois grupos em disputa, os ostramecksan e

os slamescksan. Aqueles primeiros defendiam o uso de sapatos com saltos

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altos, estes últimos sustentavam que a constituição determinava que se

usassem saltos baixos .

Swift fez uma paródia referindo-se aos whigs e tories ingleses, isto é,

liberais e conservadores. Os ministros do imperador usavam saltos baixos. A

população em geral preferia os saltos altos. O autor utiliza muito humor em

relação as críticas às desigualdades sociais e ridiculariza o preconceito das

sociedades que discriminam pessoas por motivos estúpidos, como no caso de

Liliput, em que os cidadãos se diferem pelo tamanho dos saltos de seus

sapatos.

Discutia-se muito também a propósito de como deveriam ser quebrados

os ovos. Costumes ancestrais exigiam que se quebrassem os ovos por baixo,

pela parte mais larga. Imperadores mais recentes desafiavam as tradições e

14

insistiam que os ovos deveriam ser quebrados pela parte menor, isto é, por

cima. Ao que consta, havia gente que preferia morrer a quebrar os ovos por

cima.

A partir desta sátira, Swift denuncia os absurdos políticos da Inglaterra,

às tramas que aconteciam nos palácios, o pouco caso para com os assuntos

urgentes da política, às picuinhas e o modo com que a Inglaterra era intolerante

com os que pensavam contra os seus ideais, levando, assim, nações inteiras à

guerra. Não é por acaso que Liliput e Blefuscu são impérios próximos, como a

Inglaterra e a Irlanda.

A lei vigente também chamava a atenção, onde os acusados, se

conseguissem provar sua inocência, os acusadores seriam condenados à

morte. Crimes contra o Estado eram punidos de modo extremamente severo.

Fraudes eram punidas mais draconianamente do que roubos. A ingratidão era

um dos mais sérios crimes.

O Rei de Blefuscu apoiava o grupo que defendia a quebra dos ovos pela

parte de baixo. Os habitantes de Blefuscu representava uma ameaça, pois se

acreditava que invadiriam Lilliput a qualquer momento. Swift utilizou esta

situação para evidenciar o temor da Inglaterra em ser invadida pela França.

Swift utiliza a rixa entre Liliput e Blefuscu, vizinhos e semelhantes em

tamanho, para criticar as guerras europeias, principalmente entre Inglaterra e

França.

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Através dos relatos contidos nesta viagem, Swift demonstrou a

realidade inglesa e francesa da época.

15

Segunda Viagem

Desta vez, Gulliver embarca em sua segunda viagem. Devido a uma

tempestade, ele é acidentalmente levado para a ilha de “Brobdingnag”, um país

habitado por gigantes.

Gulliver e seus amigos estavam explorando a ilha quando alguns

marinheiros, que saíram em busca de água fresca, distanciaram-se de Gulliver

que se perdeu dos seus amigos.

Deixado numa praia deserta, Gulliver descobriu que estava numa terra

de gigantes. Assustado diante do tamanho dos gigantes, ele teme em ser

devorado por estes.

Gulliver é levado para a casa de um lavrador chamado Grilbrig, que o

classifica como o seu “achado”, um animal estranho que fala e imita todos os

seus atos. Ele passa a exibir Gulliver para todos com a intenção de obter lucros

e também para gabar-se perante os outros.

Gulliver era tido como patrimônio de Grilbrig, o qual, para protegê-lo, não

permitia que ninguém o tocasse, a não ser sua filha Glumdalclitch, que

ensinava-lhe a língua nativa e, junto com Grilbrig, viajavam pelas cidades

fazendo apresentações pagas do “homem minúsculo”.

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Gulliver acaba sendo vendido à Rainha, e continua ao lado de

Glumdalclitch, que o acompanha.

A Rainha ordenou que fizessem uma caixa para servir de dormitório para

Gulliver. Com tudo adaptado para sua acomodação, sua estadia torna-se muito

confortável e sua companhia para a Rainha passa a ser indispensável,

despertando a fúria de outra criatura que também pertencia a ela: um anão que

constantemente atormentava Gulliver com suas maldades.

O Rei de Brobdingnag gostava muito de conversar com Gulliver, pois

queria saber tudo sobre sua terra de origem. Gulliver contou detalhadamente

sobre a constituição do parlamento inglês, os tribunais de Justiça, o critério de

escolha de um novo nobre. E o rei conclui que “a grande maioria dos vossos

semelhantes é representado pela mais perniciosa raça de pequenos e odiosos

insetos, que a natureza já permitiu rastejassem na superfície da terra”.

Com todas aquelas pessoas enormes e aquelas situações, Gulliver

16

sente-se incomodado e começa a pensar numa maneira de retomar ao seu

país. Sua libertação ocorre no dia em que acompanhou o Rei e a Rainha numa

viagem à costa do Sul do reino. Como sua pajem estava muito resfriada,

Gulliver é levado por outro pajem para ver o mar. Então, o menino se distrai e

uma enorme águia arrasta-o em direção a um rochedo. A ave deixa-o cair no

mar e ele é encontrado por marinheiros da sua “espécie”, ou seja, que tinham

proporções semelhantes a sua.

Gulliver então é deixado em terra e retorna à sua casa.

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17

Análise da segunda viagem

Segunda viagem: um ser físico inferior que vê a humanidade

grotescamente grande. Tudo o que provocava repugnância ou rancor

em Swift mostra-se aí de maneira descomunal, como a sua irreprimível

náusea pelo corpo humano, o que pode estar relacionado ao fato de não

ter se casado, conservando a distância todas as mulheres que tentaram

se aproximar dele.

Brobdingnag é constituído por “grandalhões” (uma referência,

possivelmente, aos Reis dos Estados europeus, em contraste com seus

respectivos povos).

A sátira nessa segunda viagem é parecida com a primeira, mas pode ser

vista com um ponto de vista diferente, pois em Liliput, como ele é o “gigante”,

podendo observar a mesquinhez de cima e, em Brobdingnag, sendo ele o

“anão”, pode encarar sua própria insignificância.

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Swift aproveita para tratar de sua repulsa pelo corpo humano e seus

defeitos. Faz uma análise dialética do mundo aumentando tudo

desproporcionalmente. É nessa terra, Brobdingnag, que até um seio feminino

se torna asqueroso em sua proporção gigantesca, com texturas e manchas

invisíveis aos olhos dos gigantes.

Nessa terra de gigantes, com tudo enorme, Swift mostra que qualquer

banalidade se torna um problema, coisas que seriam simples de se fazer,

tornam-se difíceis.

A crítica de Swift é tão grande que ele fala, pela boca de Gulliver, das

monstruosidades humanas, detalhando os suplícios e as dores da agonia e da

morte como se relatasse as ações triviais de uma criança brincando em um

jardim ensolarado.

No trecho em que Gulliver conversa com o Rei, este faz uma crítica

sobre os usos e costumes dos ingleses, deixando margem para supor que a

18

Inglaterra não tem competência para escolher seus representantes, facilmente

seduzidos por somas de dinheiro ou propostas de vantagens e troca de

favores.

O Rei observa que a justiça no mundo real de Gulliver lhe parece lenta e

opressiva, com possível influência religiosa ou política nas decisões. O seu

povo é visto como quem gasta muito em armas para guerras sucessivas e

intermináveis. O Rei ainda cita um exemplo da constituição do seu país, que

colocou cada um em seu devido lugar e determinou com clareza os deveres e

as obrigações. Em Brobdingnag a razão era o motivo da obediência das leis, e

não a força.

É importante destacar que animais e plantas que ali viviam possuíam

formas proporcionais às das pessoas, assim como em Lilliput, demonstrando

que somente as pessoas ali eram diferentes.

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Visão interpretativa das duas primeiras viagens

Através da análise das duas primeiras viagens de Gulliver, pode-se

constatar que, a cada viagem, Gulliver precisa adaptar-se aos costumes das

civilizações que encontra.

No país de Lilliput, onde ele é “o gigante”, Gulliver é considerado

ameaçador, e em Lilliput, onde é pequeno demais, demonstra a insegurança.

Swift apresenta neste trecho a situação do ser humano na sociedade,

pois, dependendo da circunstância, o homem pode ser considerado

suficientemente crescido, seja intelectual ou proporcionalmente maior para

atuar de maneira responsável, ou então, muito frágil e imaturo, sendo então

impedido de tomar decisões próprias ou agir de modo independente.

Da forma com que Swift apresenta outros mundos, ele faz uma reflexão

acerca do mundo em que vive, ou seja, ele critica, não só a sociedade, mas o

ser humano num todo.

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Terceira Viagem

Passado dois anos da última viagem, a convite do capitão Robinson,

Gulliver embarca para uma viagem às Índias como comandante de uma

chalupa (antigo navio a vela). Durante a viagem, é perseguido por dois navios

de piratas que logo os aprisionam, já que a chalupa estava tão carregada que

estava navegando lentamente, sendo impossível se defender dos ataques. Os

piratas roubam a chalupa e dão a Gulliver uma canoa para que consiga chegar

a terra firme.

Após algum tempo, Gulliver chega uma ilha formada por penhascos.

Depois de ser encontrado pelos habitantes, é levado ao palácio real à presença

do rei, não entendendo a sua língua, o rei ordena que lhe ensinem a língua

nativa.

Gulliver então aprende que o nome da ilha era Lapúcia

“Ilha Volante ou Flutuante” e graças a sua inteligência em poucos dias adquiriu

o conhecimento da língua. Os habitantes de Lapúcia viviam em uma nave eram

conhecedores da lógica (Matemática) e da harmonia (Música), não se

interessando por nenhum outro ramo de conhecimento.

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Gulliver pouco interessado nestas ciências pede permissão para visitar

outra ilha e segue para Balnibarbos. Em Lagado, metropóle de Balnibarbos,

visita a academia local em que muitos cientistas tentavam aperfeiçoar seus

projetos de remodelação de todas as artes, ciências e línguas.

Como esses projetos ainda não atingiram a perfeição, os habitantes

estavam à mercê dos cientistas, com isso as casas estavam desmoronando, o

campo miseravelmente arruinado e o povo sem roupa e sem comida. Menos o

rei que preferiu viver na maneira antiga, preferiu o bem estar do quê o

progresso geral. Gulliver então propõem alguns melhoramentos nos projetos os

quais são aceitos e reconhecidos pelos cientistas.

Cansado de morar nesse lugar, Gulliver pensa em voltar para a Inglaterra,

mas a falta de um navio o faz visitar uma ilha chamada Glubbdudrib, que

significa “Ilha dos feiticeiros ou mágicos”. Nessa ilha o governador tem

poderes, chamar entre os mortos quem bem quisesse e estes lhe prestavam

serviços por 24 horas. No começo Gulliver ficou assustado, mas logo se

21

familiarizou com o ambiente e aproveitou para chamar os espíritos de muitas

personalidades como Alexandre – O grande, César, Pompeu, Brito, Homero,

Aristóteles, Descartes, com a intenção de esclarecer algumas dúvidas sobre as

histórias antigas e modernas.

Depois de sua estada Glubbdudrib, segue viagem e tenta chegar ao

Japão onde, de lá, regressaria à Inglaterra. Durante a viagem passa por

Luggnagg, onde foi muito bem recebido com muita cordialidade. Fica sabendo

da existência de uma raça chamada Struldbrugs (imortais que viviam naquele

país) e deseja ser um deles, mas quando soube das desvantagens, logo se

arrepende e segue para o Japão e de lá embarca num navio com destino à

Inglaterra.

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Análise da terceira viagem

Terceira viagem: é o ponto de vista do senso comum, segundo o qual a

vasta maioria da humanidade mostra-se louca e perversa. Satiriza os

cientistas e filósofos dedicados às altas pesquisas científicas, sem

nenhuma preocupação com a sua aplicação na prática, levando-os a

viverem como verdadeiros tolos.

A terceira parte do livro cuida de narrar a visita a vários lugares, entre

eles a visita à ilha de Lapúcia, a terra dos sábios, uma ilha flutuante que fica

acima do continente de Balnibarbos. Toda essa viagem é cheia de

simbolismos, alusões e ironias quanto ao excesso de conhecimento, método e

ciência.

As alusões começam na própria natureza da ilha, uma ilha que voa,

assim como muitas pesquisas da época que buscavam construir objetos

voadores, bem como as primeiras histórias de viagens a lua ou de visitantes de

lá.

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A ilha era composta de pessoas muito ‘inteligentes’ que se dedicavam

ao ato de pensar, de formular ideias e refletir sobre elas. Porém não é possível

estabelecer um diálogo com os habitantes dessa ilha, cada pensador tem um

porta-voz para assuntos externos à sua mente. E mesmo sendo habitada por

sábios, é um país muito pobre, sem grandes avanços científicos ou

econômicos.

Ao compor os sábios de Lapúcia, Swift faz um ataque direto à

valorização da razão pelo iluminismo, apontando como seriam as

universidades e o grau de alienação que o mundo acadêmico poderia chegar.

As pessoas da ilha eram cheias de ideias, preocupadas com o futuro da

terra, mas se tornavam miseráveis. O autor satiriza cientistas e filósofos, que

se preocupavam muito com a pesquisa, e quase nada com a prática.

A academia de Lagado é uma alusão a Royal Society, porque na época havia

uma grande crítica quanto às pesquisas ali desenvolvidas e sua aplicabilidade.

Após essa visita a Academia de Lagado, Gulliver é convidado a

conhecer Glubbdudrib, a ilha dos mágicos. Nessa visita conhece uma família

23

que era servida por fantasmas. Ficou pouco tempo nessa ilha, mas pode

perceber que nada é o que parece nessa terra e quanto aos fantasmas, após a

morte as pessoas perdem um pouco de sua capacidade de pensar, assim

mesmo fantasmas de grandes pensadores como Descartes, eram pouco

‘inteligentes’, não eram capazes nem de explicar a sua própria obra.

Saindo de Glubbdudrib, Gulliver embarca em um navio para Luggnagg,

última escala até o Japão. Nessa ilha nosso interlocutor encontra os imortais,

porém sua descrição é um exemplo de grotesco; ao contrário do ideal buscado

pelos pesquisadores da imortalidade, essa não era uma qualidade muito

desejada entre os habitantes dessa terra. Segundo o próprio narrador, a

imagem de um imortal revela a necessidade da morte, essas pessoas

continuavam envelhecendo, adoecendo, perdiam seus sentidos e a capacidade

de se comunicar, com as mudanças de língua e linguagem, eles acabavam

isolados com uma imagem fantasmagórica.

Swift apresenta ironicamente um dos maiores desejos da humanidade,

enganar a morte, viver para sempre. Desde os alquimistas a tradição cientifica

busca alongar a vida, porém o autor toca o ponto central da questão: não

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querem o poder de não morrer, querem ser jovens para sempre. Assim ao

descrever um imortal, como alguém incapaz de morrer e de viver como os

outros e a própria imortalidade como um defeito, ele ataca a busca por desejos

além das nossas capacidades.

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Quarta Viagem

Após cinco meses com a família, Gulliver é tentado a aceitar uma nova

viagem, agora como capitão do navio. Devido as mortes de diversos homens

de sue navio, é obrigado a recrutar novos homens, e a maioria deles eram

bandidos, antigos piratas,logo depois é traído por eles e deixado em um bote

em alto mar. Depois de vagar a deriva por algum tempo, chega ao país dos

Huyhnhnms, que era governado por cavalos, que procediam como criaturas

racionais daquele país. Gulliver pensou estou louco.

Os cavalos ficaram interessados em saber de que parte ele vinha e como

aprendeu imitar os yahoos cruéis e desprezíveis animais irracionais daquele

país, muito parecido fisicamente com os homens.

Depois de aprender o idioma dos cavalos, Gulliver explica a eles porque

foi parar naquele lugar, então ele conta como foi traído por criaturas de seu

país. Isto gera grande confusão entre os cavalos, pois eles não entendiam que

pudesse haver falsidade ou mentira entre irracionais como eram considerados,

porque eles não conheciam o “duvidar”.

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Então o cavalo amo pede que Gulliver descreva o país de onde viera.

Gulliver fala-lhes sobre a questão da acusação e defesa, da importação de

produtos como comida e bebida para satisfazer a ganância e a vaidade de

muitos, das doenças físicas e psicológicas, de como são escolhidos os

primeiros ministros e sobre os motivos que levam seu país a guerrear.

Depois de ouvir atentamente o relato de Gulliver, o cavalo amo diz a

Gulliver como era o comportqamento dos yahoos. Segundo ele, os yahoos e os

homens descritos por Gulliver se difereciam apenas pelo vigor, na rapidez, no

comprimento das garras, mas pela descrição que fez dos costumes e dos atos,

julgou existir idêntica semelhança na disposição dos espíritos.

O cavalo amo relata também as virtudes do Huyhnhnms uma delas é não

ter amor fraterno, eles amam toda a espécie, controlam a natalidade, quando

se casam escolhem pela cor, para não haver mistura de raças e as fêmeas

recebem o mesmo tratamento dos machos. Fala também da Assembléia que é

feita de 4 em 4 anos para saber do estado e as condições dos vários distritos,

se precisam ou se sobram aveia, feno, vacas ou Yahoos.

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Gulliver estava decidido a ficar neste país para sempre, mas dói realizada

uma Assembléia Geral para saber se os Yahoos deviam ser exterminados da

face da terra. E o cavalo amo acoselhou-me a ir embora em virtude de ele estar

parecendo mais com Houyhnhnms do que como um animal irracional, Yahoo.

Ajudado por um Alazão, Gulliver constrói uma canoa e se despede de

todos com muita dor e lágrimas. Depois, tenta morar em outra ilha, mas é

expulso por seus nativos homens e mulheres nus.

Algum tempo depois é encontrado por marinheiros que o levaram, mesmo

contra sua vontade. O capitão do navio convenceu-o a voltar para sua terra. Ao

chegar, sente desprezo pela família, perante à comparação com os Yahoos e

por estar desabituado do contato com este “animal”.

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Análise da quarta viagem

Quarta viagem: O ponto de vista é o de um animal racional que vê a

raça humana inteira como irracional e bestial. Mostra a enorme

superioridade dos equinos em relação aos homens;

A quarta parte do livro são os relatos da visita de Gulliver a terra dos

Huyhnhnms. Uma terra governada por cavalos, onde a forma humana era

representada por seres chamados yahoos, estes não eram dignos de confiança

e não possuíam inteligência. Os Huyhnhnms eram seres extremamente

inteligentes, entendiam todas as línguas do mundo, conheciam ciências,

filosofia e seu reino são descrito como um reino ou estado ideal. Não tinham

doenças, guerras, maldades, fraudes e corrupção em sua história.

Essa parte contém a sátira mais ‘pesada’ de Swift, com a descrição dos

yahoos o autor demonstra toda a degeneração da raça humana. Fazendo uso

da ironia coloca os cavalos no poder e como os governantes ideais, logo os

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animais mais domesticados e mais encontrados nas cidades da época. Era o

principal meio de transporte, esses animais não são muito prezados pela sua

inteligência e sim pela sua força.

Porém Swift descreve os Huyhnhnms como seres realmente superiores;

sua língua, para Gulliver, parece o mesmo relincho dos cavalos europeus, mas

depois de aprender um pouco sobre o idioma percebe que é uma língua

riquíssima, como algumas falhas de vocabulário para as palavras que

representam a maldade, a corrupção e as doenças européias.

Swift também demonstra com essa alegoria que qualquer animal é mais

capaz de governar um país que os humanos.

Os animais não têm as fraquezas e falhas humanas. Que mesmo o mais

simples dos animais triunfa nessa tarefa.

A espécie humana não tem a capacidade de governar em favor do

comum, as particularidades aparecem, desolando toda a população.

Gulliver descreve isso aos leitores com precisão ao fazer as

comparações com sua terra e toda a Europa.

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As justaposições dos costumes Houyhnhnms e os europeus ou os

ingleses deixam essas diferenças em evidência, levando o leitor a refletir sobre

as grandes ações tomadas pela corte e também ações do dia a dia tomadas

pela população.

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Curiosidades

A obra, além de inspirar atualmente o cinema, que lançou recentemente

o filme “As Viagens de Gulliver”, já inspirara fabricantes de brinquedos em

épocas passadas.

Segue abaixo uma matéria retirada do site “mundodasmarcas” sobre a

história dos brinquedos Gulliver:

“A história da marca GULLIVER começou na Espanha com Mariano

Lavin Ortiz, que já mantinha forte relação com o universo dos brinquedos,

sendo proprietário de uma fábrica de brinquedos na cidade de Madrid no

começo dos anos 50.

Sua convicção democrática, no entanto, era incompatível com a política

do general Franco e, em 1959, ele emigrou para o Brasil com sua família.

Assim como no célebre romance de Jonathan Swift chamado “As

viagens de Gulliver”, onde o herói da história saía de seu país indo parar em

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Lilliput, uma terra habitada por homens pequeninos, na chegada ao Brasil

encontraram também uma porção de seres pequeninos: as crianças.

E foi pensando nelas e para dar continuidade ao trabalho desenvolvido

pelo pai na Espanha que, em 1969, em São Caetano do Sul, os filhos fundaram

a Gulliver Manufatura de Brinquedos.

O nome foi escolhido por eles que quando crianças eram fascinadas

pelas viagens narradas no romance de Jonathan Swift. No começo eram

brinquedos de PVC, que evoluíram depois para diversos processos de

transformação de plásticos.”

Além das inspirações citadas acimas, uma banda de rock de Los

Angeles denominada “No More Kings” (Não há mais reis), também inspirou-se

na obra de Gulliver para compor uma letra musical chamada “ Leaving Lilliput”

(Deixando Lilliput). A banda é conhecida por suas frequentes referências a

figuras da cultura pop.

O nome de "No More Kings" vem de um episódio de Schoolhouse

Rock! , uma das muitas inspirações da band, que trata sobre os peregrinos que

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deixam a Inglaterra, em busca de liberdade e independência.

Encontra-se, em anexo a este trabalho, a letra da música, para uma

melhor compreensão do leitor.

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Considerações Finais

Gulliver é dividido em quatro viagens, cada uma delas com suas

particularidades, com suas partes divertidas e suas partes sérias. São elas:

“Viagem a Liliput”, “Viagem a Brobdingnag”, “Viagem a Laputa” e “Viagem ao

País dos Houyhnhms”. Nesses lugares Gulliver vive aventuras incríveis

enquanto mergulhamos na ficção de Swift, aventuras que para quem está no

meio acadêmico são fontes ricas de conhecimento, são meios para

explorarmos a mentalidade do cidadão inglês do século XVIII que refletia os

acontecimentos da época.

Swift além atacar a Inglaterra da época, através das suas sátiras,

denunciava as misérias morais da humanidade. Além de desmascarar a

humanidade e demolir seus falsos valores (seu objetivo principal ), Swift visava

ridicularizar a moda dos livros de viagem, que na época, se transformaram

numa obsessão da burguesia, ele disse que com o livro “Viagens de Gulliver”

ele pretendia agredir o mundo, não diverti-lo.

As quatro viagens formam uma série em que a visão vai se tornando cada

vez mais escura. Representam estágios da desilusão de Gulliver, que vai se

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tornando tão obcecado pelas faltas genéricas da humanidade que não

consegue mais apreciar as virtudes dos indivíduos.

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Referências Bibliográficas Travels Into Several Remote Nations of the World – In Four Parts – by Lemuel

Gulliver- first a Surgeon, and then a Captain of several Ships – London –

MDCCXXVI. Jonathan Swift

http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/09/gulliver-o-mundo-da-

fantasia.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/As_Viagens_de_Gulliver

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2090025

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-140472/

http://www.baixaki.com.br/download/as-viagens-de-gulliver.htm

http://www10.brinkster.com/ricardomoraes/pt/res/resgulli.htm

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/gulliver.html

http://resumodelivro.com/jonathan-swift-de-queiros/viagens-de-gulliver/

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http://www.alexandrebrito.net.br/verbetes/Entradas/2012/2/12_Jonathan_Swift_

-_As_Viagens_de_Gulliver.html

http://www.globomidia.com.br/entretenimento/viagens-de-gulliver

http://en.wikipedia.org/wiki/No_More_Kings

32

Anexo A

Resumo da Obra

A narrativa inicia-se com o naufrágio do navio onde Gulliver seguia.

Após o naufrágio ele foi arrastado para uma ilha chamada Lilliput. Os

habitantes desta ilha, que eram extremamente pequenos, estavam

constantemente em guerra por futilidades. Foi através dos lilliputianos que Swift

demonstrou a realidade inglesa efrancesa da época.

Na segunda parte, Gulliver conheceu Brobdingnag. Em contraposição a

Liliput, na terra de Gigantes é que Gulliver percebe a Dimensão da

mediocridade da sociedade inglesa diante da "grandeza" dos habitantes.

Já na terceira parte Na ilha Flutuante de Laputa, Swift criticou a Royal

Society, a administração inglesa na Irlanda e a imortalidade, através da

descrição dos habitantes dos países por onde Gulliver passou, com alienados

cientistas, é uma feroz crítica ao pensamento cientifico que não traz benefícios

para a humanidade.

Na última viagem Gulliver encontrou os Houyhnhm, uma raça de cavalos

que possuía muita inteligência, que representavam os ideais iluministas da

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verdade e da razão. Os Houyhnhm temiam que alguém dos Yahoo (uma raça

imperfeita de um tipo de "humanos") movidas por instintos primitivos, se

tornasse culto, satirizando a raça humana. Gulliver vê a humanidade como

yahoos e toma nojo do ser humano.

Por fim Gulliver regressou a Inglaterra para ensinar aos outros as

virtudes que aprendera com os Houyhnhm.

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Anexo B

Imagens ilustrativas

Gulliver Jonathan Swift (1667 — 1745)

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Gulliver para o cinema Logotipo da Marca

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Anexo C

No More Kings – Leaving Lilliput

Lyrics to Leaving Lilliput : (Radio:)

You're tuned into Lilliput 97.3

The radio station for the tiny people

Like you and me

All the party people under three inches tall

Raise your hands

Uh, Uh, Yeah, Yeah

(Sung:)

My name is Gulliver I've been lying here all day Kept like a zeppelin Tethered to the ground So I won't fly away Two thousand people So much smaller than me I'd dash them to pieces If I could get my arms free The thought has crossed my mind I might never get out of here I'm not giving up this time I've gotta keep my head clear I keep telling myself I keep telling myself

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I keep telling myself Come on, be strong You feel the love coming at you? We got the Big Man tied down But that don't mean you gotta frown Let that die where it is Keep it put, Lilliput I'm throwing out the little tiny vibes For your little tiny minds Put your itty-bitty hands in the air for me now. I'm just a traveler They don't play host very well I think I'm starting to Sympathize with Gargamel Chasing all the Smurfs Three apples high Gonna catch their blue butts Make a blue Smurf pie And if I close my eyes Will they all disappear

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Anexo D

Tradução

Você está em sintonia com 97,3 Lilliput A estação de rádio para as pessoas pequenas Como você e eu Todas as pessoas do partido com menos de três centímetros de altura Levante as mãos Uh, Uh, Yeah, Yeah

Meu nome é Gulliver Eu tenho aqui deitado o dia todo Mantido como um zepelim Amarrados ao chão Então eu não vou voar Duas mil pessoas Muito menor do que eu Eu despedaçava-as Se eu pudesse ter os braços livres O pensamento passou pela minha cabeça Eu nunca poderia sair daqui Eu não vou desistir desta vez Eu tenho que manter minha cabeça limpa Eu continuo dizendo que Eu continuo dizendo que

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Eu continuo dizendo que Vamos, seja forte Você sente o amor que vem em você? Nós temos o Big Man amarrado Mas isso não significa que você tem que franzir Deixe que morrem onde é Mantenha-o colocar, Lilliput Eu estou jogando fora as vibrações minúsculos pequenos Para suas pequenas mentes pequenas Coloque suas mãos no ar para mim agora. Eu sou apenas um viajante Eles não jogar o anfitrião muito bem Eu acho que estou começando a Simpatizar com Gargamel Caçando todos os Smurfs Três maçãs alta Vai pegar suas extremidades azuis Fazer uma torta Smurf azul E se eu fechar meus olhos Será que todos eles desaparecem

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