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Jornal do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | www.metodistadosul.edu.br/universoipa Ano 3 | Edição 8 | Junho de 2008 | Versão STANDARD Asaph Borba INCLUSÃO NA PRÁTICA Biblioteca central do IPA completa segundo ano Página 10 MUNDO: JORDÂNIA Um potencial turístico a ser explorado Página 16 Jornalismo resistente Nestes últimos 13 anos, a capital dos gaúchos conviveu com cerca de 70 jornais de bairro, mas também viu desaparecer 54 periódicos. Hoje Porto Alegre apresenta apenas 13 jornais neste segmento. Jornalistas analisam as dificuldades e explicam como alguns jornais conseguem dri- blar os problemas e sobreviver. Página 3 GERAL 30 anos de Stock Car A Stock Car, principal categoria automobilística do Brasil, completa 30 anos de história e está mais forte do que nunca. Com duas modalidades de acesso, a Stock Car Light e a Stock Car Júnior, conta com a presença de pilotos de peso. Entre eles está o maior campeão, o experiente Ingo Hof- mann, com 37 anos dedicados ao automobilismo. Contra-capa ESPORTES Asaph Borba Rodrigo Domingos Material nem tão desprezível Hoje em dia, o lixo deixou de ser um material desprezível e, aos po cos, vem se transformando em um produto rentável. As novas tecno- logias permitem que ele se trans- forme em compostos orgânicos ou seja reciclado. Página 4 Idéias que voam longe Inspirado num grito de revolta punk nos anos 70, o “faça você mesmo” cresce como forma de ex- pressão e fuga da mesmice do mer- cado cultural. São jovens que bus- cam o novo sem esperar que isto ‘caia do céu’. Página 6 O pecado mora ao lado O centro de Porto Alegre é um local de múltiplos ambientes e muitos contrastes. Uma prova dis- to está na avenida Júlio de Cas- tilhos, onde um cinema pornô es- tá localizado ao lado de uma igre- ja evangélica. Página 13 A rota dos shows internacionais A oferta de shows internacionais no Rio Grande do Sul tem crescido significativamente nos últimos anos. Isso é atribuído a vários fatores, den- tre eles o surgimento de novos es- paços, além da maior concorrência entre as produtoras gaúchas. Página 15 GERAL ECONOMIA COMPORTAMENTO VARIEDADES Feu Antunes

Asaph Borba completa segundo anouniversoipa.metodistadosul.edu.br/impressos/2008_1/standard08.pdf · Ano 3 | Edição 8 | Junho de 2008 | Versão STANDARD Jornal do Curso de Jornalismo

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Jornal do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA | www.metodistadosul.edu.br/universoipaAno 3 | Edição 8 | Junho de 2008 | Versão STANDARD

Asaph B

orba

inclusão nA práticA

Biblioteca central do IPAcompleta segundo ano

Página 10

mundo: jordâniA

Um potencial turístico aser explorado

Página 16

Jornalismo resistente

nestes últimos 13 anos, a capital dos gaúchos conviveu com cerca de 70 jornais de bairro, mas também viu desaparecer 54 periódicos. Hoje porto Alegre apresenta apenas 13 jornais neste segmento. jornalistas analisam as dificuldades e explicam como alguns jornais conseguem dri-blar os problemas e sobreviver.

Página 3geral

30 anos de Stock Car

A stock car, principal categoria automobilística do Brasil, completa 30 anos de história e está mais forte do que nunca. com duas modalidades de acesso, a stock car light e a stock car júnior, conta com a presença de pilotos de peso. Entre eles está o maior campeão, o experiente ingo Hof-mann, com 37 anos dedicados ao automobilismo.

Contra-capaesPortes

Asaph Borba

rodrigo domingos

Material nem tão desprezível

Hoje em dia, o lixo deixou de ser um material desprezível e, aos po cos, vem se transformando em um produto rentável. As novas tecno-logias permitem que ele se trans-forme em compostos orgânicos ou seja reciclado.

Página 4

Idéias que voam longe

inspirado num grito de revolta punk nos anos 70, o “faça você mesmo” cresce como forma de ex-pressão e fuga da mesmice do mer-cado cultural. são jovens que bus-cam o novo sem esperar que isto ‘caia do céu’.

Página 6

O pecado mora ao lado

o centro de porto Alegre é um local de múltiplos ambientes e muitos contrastes. uma prova dis-to está na avenida júlio de cas-tilhos, onde um cinema pornô es-tá localizado ao lado de uma igre-ja evangélica.

Página 13

A rota dos shows internacionais

A oferta de shows internacionais no rio Grande do sul tem crescido significativamente nos últimos anos. isso é atribuído a vários fatores, den-tre eles o surgimento de novos es-paços, além da maior concorrência entre as produtoras gaúchas.

Página 15

geral

eConomia

ComPortamento

variedades

Feu Antunes

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� junho de �008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Opinião

IPA - Instituto Porto Alegre da Igreja Metodistaconselho diretor: Presidente, Edson Santa Rita Rubim; Vice-Presidente, Ricardo Hidetoshi Watanabe • secretária: Márcia Flori Maciel de Oliveira Canan • conselheiros: Vilmar Pontes da Fonseca, Maria Flávia Kovalski e Marcelo Montanha Haygertt.

reitora: Adriana Menelli de Oliveira

Jornal elaborado por estudantes do1º semestre do curso de Jornalismo IPA

coordenação do curso de jornalismo

Mariceia Benetti

professores(as)Glória Cunha, José Antônio Meira da Rocha, José Valentin Peixe, Lisete Ghiggi, Maria Cristina Vinas e Rogério Soares.

projeto experimental i e produção e planejamento editorial e gráfico ieditores-chefes: Lisete Ghiggi, José Valentin Peixe

e José Antônio Meira da Rocha

ajor - agência experimental de jornalismo

arte-final: Carlos Tiburski • distribuição: Manoel Canepa revisão: Lisete Ghiggi e Glória Cunha • endereço ajor: Rua Joaquim Pedro Salgado, 80, Rio Branco - Porto Alegre/RS - CEP: 90420-060 contato: 51 3316.1269 e [email protected]ão: Zero Hora (1.000 exemplares)

Edimar Blazina

sim. Ele voltou. na verdade ele nunca saiu. silvio santos reestreou seu programa, que, aliás, leva seu nome, neste do-mingo. A fórmula é a mesma, as brincadeiras e atrações são muito parecidas com as de al-guns anos, mas mesmo assim, o “patrão” ainda fascina. Que encanto tem esse homem que não passa de um empresário bem sucedido, vendedor de

carnês para um “Baú da Feli-cidade?”.

lembro, quando tinha uns sete ou oito anos, de ver minha tia trocar o carnê, quitado, no final do ano por mercadorias e produtos na loja do Baú. “É bom porque a gente não perde dinheiro, se tu não fores sorte-ada, troca tudo por uma bate-deira”, dizia ela. E, assim como ela, milhares de pessoas, no Brasil todo, confiavam e conti-nuam confiando, nas presta-

ções de silvio santos, e ele ven-dendo cada vez mais. sem fa-lar na tele sena, um título de capitalização que tem os nú-meros sorteados e divulgados pelo sBt.

Que apelo é esse? de on-de vem o sucesso de um ex-camelô que resolveu arriscar ser apresentador de televi-são? talvez esse seja seu grande diferencial. silvio se iguala ao seu público quando assume sua origem, da mes-

O patrão voltou!Assim como todas as profissões, o jornalismo tem uma missão e,

portanto, deveres a cumprir. A primeira obrigação do jornalista é com a verdade; a primeira lealdade é com os cidadãos e a sua essência é a disciplina da verificação. A partir dessas considerações do jornalista da Folha de São Paulo, Fernando Rodriguez, os 40 alunos da disciplina de Projeto Experimental I, do primeiro semestre do curso de Jornalismo, fo-ram desafiados a buscar novidades e, através de suas fontes, a imprimir nestas páginas do Universo IPA, informações estruturadas sob a forma de reportagem, incluindo, também, ensaios sobre o gênero opinativo.

Aqui está o produto final de um trabalho em equipe. Um proces-so exaustivo que ocorreu sem a perda do bom humor característico do grupo, e sem ouvirmos um único aluno recusar-se a batalhar por fontes importantes para a sua produção. Também não percebemos ninguém sem a prontidão necessária para certificar dados, revisar declarações ou reescrever parágrafos.

Como professores, sabemos que é difícil encontrar turmas com as mesmas características e, por isso, esta ficará marcada, desde o primeiro dia de aula, pelo entusiasmo, além da persistência e disposição para en-frentar desafios. E os resultados estão aí. A maioria mostrou, não apenas a nós professores e ao grupo, mas a si próprios, que tem condições de superar dificuldades e batalhar pela qualificação do seu trabalho.

Esperamos que cada um dos alunos, ao vivenciar a produção do Uni-verso IPA, tenha percebido a responsabilidade de ser o porta-voz da socie-dade, bem como a importância de conquistar os leitores sendo ético; fiel às fontes e imparcial. É nossa expectativa, também, que esta experiência tenha possibilitado a percepção de que o jornal é um produto de uma sala de redação com sensibilidade jornalística e muita responsabilidade.

Então, depois de folhar estas páginas, que não deixam de compor um “caixa de surpresas”, esperamos que todas as matérias possam trazer novidades e despertar uma reflexão, mas, acima de tudo, a compreensão de que se trata do primeiro jornal impresso de um grupo, vitorioso ao inserir 100% das matérias propostas.

Boa leitura!E que venha o próximo semestre!

Lisete Ghiggi e José Valentim Peixe

editorial

Circuito culturalManoel Canepa

o mês de julho dá início a um período de grandes mani-festações culturais na capital gaúcha e começa contem-plando aqueles que não con-seguem viajar nas férias de inverno. A programação inten-sa conta com eventos consa-grados e consolida outros na-cionais e internacionais.

A começar pelo Festival de inverno que, em 2008, che-ga na sua 3ª edição reunindo programações de shows, cur-sos e cinema. Ainda nesta es-tação, ocorre um dos maiores festivais de cinema do país, o Festival de Gramado.

para quem não consegue dar uma fugida até a serra, op-ções de festivais de cinema não faltam na capital. o cine Es-quema novo, o Festival do livre olhar (Flo) e o Festival inter-nacional de cinema Fantástico de porto Alegre (Fantaspoa) são apenas alguns exemplos.

consolidando a progra-mação da segunda metade do ano está o porto Alegre Em cena, festival de teatro que em 2008 completa 15 anos, com a participação de atores e dra-maturgos de diversas regiões e nações. outro evento é a Bienal de Arte contemporâ-nea do mercosul, importante mostra de arte da América la-tina que ocorre em porto Ale-gre a cada dois anos.

no final de outubro, em plena primavera, teremos a Feira do livro, um dos mais consagrados eventos culturais da cidade. Além de ser a maior feira do livro a céu aberto da América latina, acaba por exercer o papel de aglutinador cultural da cidade ao gerar di-versos eventos relacionados. Entre outras tantas programa-ções que surgem constante-mente, de julho ao final do ano, porto Alegre mostra que algu-ma coisa acontece entre são paulo e Buenos Aires.

ma forma, quando tráz a esses o sonho de ganhar, apenas rodando um pião, uma casa própria. ou quem sabe, um baú de felicidades, tenha o que tiver dentro.

silvio ganha vendendo so-nhos, não engana, é um pro-cesso muito claro: compre o carnê do baú, venha para a televisão e ganhe prêmios. se você não for sorteado, troque por produtos a seu gosto. se mesmo assim você não ganhar nada, ainda pode ter a chance de concorrer a uma casa, ape-nas pagando as prestações do carnê. ou seja, qual pessoa cansada de ser enganada nes-se país, não compraria um so-nho desses?

por motivos como esses, além de muitos outros, que eu admiro o silvio e o considero o rei da televisão. contrarian-do todas as expectativas, um sujeito muito sem graça, com frases repetidas há pelo me-nos 40 anos da mesma ma-neira não cansa. diferente-mente de seu amigo e colega de domingo, que há pouco comemorou mil programas. Este sim já cansou, desde que comemorou o centés imo show.

Alexandra Giacomuzzi

maquiavel, filósofo, escritor e hábil político em sua obra mais significativa intitulada o príncipe diz que deseja ir à “verdade efe-tiva das coisas”, ao invés de se perder “na imaginação delas”. o rio Grande do sul passa por uma turbulência ética sem pre-cedentes na gestão política do

Estado. os cidadãos gaúchos já não estão assustados, mas indignados com a inacreditável sucessão de escândalos e de-núncias a que assistem nos úl-timos meses.

Em novembro de 2007, a polícia Federal desmontou um esquema que desviou r$ 44 milhões do detran gaúcho. no início de junho, o vice-governa-

dor divulgou uma gravação em que um auxiliar de Yeda, o ex-chefe da casa civil cézar Bu-satto (pps), admitia o uso de estatais para financiar campa-nhas eleitorais.

o exercício do “bom gover-no” não é tarefa fácil e exige aquisição de qualidades políti-cas. o governante não detém o poder absoluto, pois gerencia

Jogo político conflitos de interesses opostos. A palavra corrupção que deriva do latim corruptus, numa pri-meira acepção, significa que-brado em pedaços, e numa segunda, apodrecido. sabe-se que há corrupção presente em todas as sociedades, porém o consentimento dá continuidade ao ciclo de desigualdade e as-sim, fortalece a dúvida.

portanto, torna-se indispen-sável a apuração de toda e qual-quer suspeita de corrupção, pois a transparência da verdade deve estar condicionada a uma postura baseada em princípios éticos. o Estado do rio Grande do sul, diante de graves denún-cias de corrupção, não aceita-rá um governo indiferente aos fatos, pois o povo gaúcho exige muito mais do que a verdade, exige mudanças. E já se perce-be isto ao se escutar o clamor da população. sinal de que al-go está mudando e ainda deve mudar muito mais.

muitos acham que o go-verno chegou ao fim, eu não. Acredito na força política da “mulher”, a primeira de muitas outras que virão para fazer a diferença, a fim de que novas regras e valores se imponham e vingue, então, um novo Es-tado.

Rafaela Haygertt

o lixo sempre foi conside-rado um problema grave. talvez porque a sociedade nunca te-nha sabido realmente lidar com os seus restos. numa cidade com as proporções de porto Alegre, reutilizar bem o lixo pro-duzido pela população é algo fundamental.

A coleta de óleo de fritura é um exemplo de iniciativa que po-de servir para que a população tome consciência e ajude a pro-teger o meio ambiente. infeliz-mente, a reciclagem do óleo de cozinha ainda não foi abraçada pela população que, muitas ve-zes, nem sabe da existência de

programas desse tipo.outro ponto positivo para a

capital é a criação da décima quinta unidade de triagem. A nova unidade de triagem foi inaugurada no dia 30 de junho e fica na rua ramiro Barcelos. segundo informações do dmlu, a unidade de triagem beneficiará os antigos morado-res da Vila dos papeleiros, que hoje estão no loteamento san-ta teresinha.

Embora se tenha muito pa-ra comemorar, também há mui-to que ser feito. o comércio ile-gal do lixo na região metropo-litana é apenas um exemplo dos problemas que estão relaciona-dos com a indústria do lixo.

Além do comércio ilegal de lixo, um outro problema, bem mais grave, é a condição de trabalho dos recicladores. Es-ses profissionais muitas vezes trabalham sem a proteção ne-cessária e estão sujeitos a inú-meros riscos ao lidar com esse material, que vai desde um cor-te simples até alguma conta-minação.

no entanto, o mais grave, em relação ao lixo, é a falta de educação das pessoas. É co-mum se ver latinhas, papéis e outros materiais jogados na rua, mesmo que exista uma lata de lixo bem pertinho da criatura.

A maioria dos moradores da cidade não sabe ao certo o ho-

rário de coleta, nem se preocu-pa em separar o lixo orgânico do reciclável. mas isso não é totalmente culpa dos morado-res, já que a prefeitura, muitas vezes, não investe em campa-nhas de conscientização, e muito menos em projetos edu-cativos que tenham em vista a educação ambiental.

É importante que as pessoas se conscientizem de que o lixo pode ser sim, muito lucrativo e principalmente gerador de em-pregos. mas para que isso acon-teça é preciso fazer tudo certi-nho. E é só com educação am-biental e uma prefeitura dispos-ta a servir o povo que a nossa realidade poderá melhorar.

O lixo que sustenta a cidade

André Koehne/Wikimedia

reprodução/correio do povo

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D

o “já“ Bom Fim/moinhos é o mais antigo jornal de bairro, registrado, de porto Alegre. pertence a “já” Editores e nas-ceu há 20 anos, no período de abertura democrática, pós-gol-pe militar. para a jornalista que integra a equipe de redatores, naira Hofmeister, “o jornalismo de bairro está em expansão, e a prova disso é que nos últimos anos temos enfrentado uma grande concorrência com no-vos periódicos de bairro”. para ela é saudável que existam no-vos jornais, pois assim, o seg-mento se fortalece.

“Hoje seguimos atuando em um nicho ainda pouco explo-rado pela mídia tradicional, que é a cidade do ponto de vista do cidadão, o oposto do que ge-ralmente retratam os jornais di-ários, que é a informação ge-neralista”, explica Hofmeister.

Em março deste ano o jornal passou a ter edições quinzenais e se mantém basicamente de anúncios do varejo. A distribui-ção dos jornais se dá gratuita-mente em dez bairros: Bom Fim, moinhos de Vento, Flores-ta, independência farroupilha, rio Branco, santana, santa ce-cília, cidade Baixa e centro. todos os pontos comerciais re-cebem exemplares.

com o tempo, as grandes empresas começaram a perce-ber a importância do jornal e

passaram a anunciar em suas páginas. para naira, o jornal de bairro exige uma habilidade es-pecial no tratamento com os anunciantes, pois eles são tam-bém os leitores das notícias e, muitas vezes as fontes das ma-térias. “É um desafio diário, e a venda dos anúncios é feita de porta em porta. o anunciante só compra um espaço porque acre-dita naquele veículo”, explica.

para a jornalista do “já”, a maior dificuldade dos jornais de bairro está na falta de recursos financeiros para montar uma equipe que possa melhorar o jornal em sua forma de apre-sentação e conteúdo. de um modo geral, os leitores não co-

bram isso dos jornalistas, pois se acostumaram a ter como re-ferencial os jornais Zero Hora e correio do povo e nenhum de-les concede espaço à editoria de Bairro ou cidade.

A equipe do jornal “já” é di-rigida pelos jornalistas, kenny Braga, com atuação também em rádio, e Elmar Bones, que já passou por veículos como a Folha da manhã, Gazeta mer-cantil e Veja. na equipe de re-datores, constituída por sete jornalistas, além de uma publi-citária, está o repórter Guilher-me Kolling, vencedor de vários prêmios de jornalismo, da As-sociação riograndense de im-prensa (Ari).

a história, contada pela pesquisadora e jornalista Beatriz dornelles, revela que, de 1995 até hoje, Porto alegre já conheceu cerca de 70 jornais de bairro, sendo que atualmente circulam apenas 13 com periodicidade fixa. jornalistas gaúchos analisam as dificuldades enfrentadas neste segmento e explicam como alguns jornais tradicionais conseguem se manter no mercado.

Ana Paula Maciel, Bruna Garbin e Helena Flores

de acordo com o jornalista e pesquisador Gustavo cruz, a história dos jornais de bairro, em

porto Alegre, começa em 1954, com o lançamento do sABido, jornal de bairro da zona sul de porto Alegre, pertencente à so-ciedade Amigos dos Balneários de ipanema (sABi), fundada em 9 de fevereiro de 1953.

para a pesquisadora Beatriz dornelles, “o jornalismo de bairro precisa defender todos os inte-resses que têm o consenso da comunidade local, mesmo tendo posição divergente. E a comuni-dade espera que o jornalista, a qualquer momento, prestigie os que vivem no anonimato”. E com-plementa: “Essa é a essência da existência do jornal de bairro”.

jornais de bairro abrem e fe-cham com grande freqüência. mas,“todos fecham por ques-tões econômicas”. Esta é a con-clusão da jornalista que há 13

anos pesquisa sobre este seg-mento da imprensa. de acordo com os seus estudos, o período de maior destaque foi de 1995 a 2000, quando circularam pa-ralelamente cerca de 45 jornais, abrangendo mais de 50 bairros. um contraste com os números atuais que apontam apenas 13 jornais de bairro na capital, com periodicidade fixa.

nos últimos 13 anos desa-pareceram na capital 54 jornais de bairro, e as causas, segundo dornelles, são diversas, porém, a principal é a questão financei-ra. “Esses jornais não sobrevi-vem com os pequenos anun-ciantes, pois são flutuantes e, além disso, não contam com nenhum tipo de ajuda financeira para circularem”. também apon-ta a falta de pessoas gabaritadas

no mercado para a venda de anúncios neste tipo de periódi-co, bem como o desinteresse de órgãos públicos e agências de publicidade de porto Alegre que “não investem e nem valo-rizam estes espaços”. outro problema dos jornais de bairro é que a maioria, por falta de co-nhecimento, não é registrada no cartório de registros Especiais como determina a lei.

com referência aos cader-nos de bairro editados pelo jor-nal Zero Hora, do grupo rBs, a pesquisadora destaca que “não são jornais de bairro”, pois não atendem às características que definem o jornalismo de bairro que é comunitário. tam-bém ressalta que “representam os mesmos interesses da gran-de imprensa, que é dar lucro”.

Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de �008 3Geral

cidAdEs

Jornais de bairro: jornalismo resistente

Jornalismo produzido a partir da visão dos moradores de rua

o jornal Boca de rua já tem quase oito anos e conta, até hoje, com a presença de uma das fundadoras, a jornalista rosina duarte. juntamente com natália Alles e nanda ise-le Gallas, também profissionais na área de impressos, ofere-cem apoio técnico a um grupo, constituído de 30 integrantes. trata-se de um projeto da onG, Agência para livre in-formação, cidadania e Edu-cação (AlicE), cujo objetivo é produzir um jornal que trate da realidade dos moradores de rua de porto Alegre, visto pe-la ótica dos próprios sujeitos desta situação. Então, os in-tegrantes do jornal são os pró-prios moradores de rua.

É um jornal trimestral. E to-da vez que uma nova edição começa a ser preparada, o processo de produção se re-pete: discussão de pauta, di-visão em grupos, organização

do texto, saídas para entrevis-tas, fotos e escrita final.

de acordo com nanda ise-le Gallas, a idéia é justamente questionar os limites formais entre comunidade e produto-res de informação. Quanto às pautas, Gallas ressalta: “A re-corrência das denúncias co-mo pautas no jornal pode ser

considerada, uma conseqü-ência da falta de espaço nos veículos tradicionais. A urgên-cia de gritar ao mundo o que se passa com os moradores de rua, em porto Alegre, é ta-manha, e tão acumulada, que a maior parte das pautas do jornal circunda a realidade dos integrantes do jornal”.

os exemplares são vendi-dos pelos integrantes do jornal “Boca de rua”, conforme uma regra definida pelo próprio gru-po: só quem faz o jornal, ven-de o jornal. Assim, no final de cada reunião semanal, em que todos participam da produção do conteúdo, cada um dos in-tegrantes recebe o seu lote. os exemplares são vendidos ao valor unitário de r$ 1,00 e revertem em renda para os in-tegrantes.

Ao contrário de muitos jor-nais de bairro, o “Boca de rua”, não tem interesse empresarial. “o crescimento é pensado em outros termos que não o au-mento do lucro ou da marca ou da empresa”, destaca Gallas. pensar em crescimen-to significa pensar coletiva-mente. E o importante, frisa a jornalista, “só se deve comprar o jornal de quem está com o crachá do Boca de rua”.

“Só se deve comprar o jornal de quem está com o crachá do Boca de Rua”.

“Já”, o primeiro jornal de bairro, em circulação há mais de 20 anos

Cadernos da Zero Hora

Pontos de distribuição encontrados em shoppings e na rua

Em retomada ao projeto de jornais de bairro, a Zero Hora decidiu abrir os cadernos que cobrem um bairro chave e o seu entorno, após uma tentativa frustrada no final dos anos 80, quando os jornais de bairro fo-ram fechados por não dar lucro para empresa.

dentro dessa nova con-cepção, entraram muitas no-vidades que, aos poucos, estão sendo adotadas. E ho-je, segundo a editora dos ca-dernos de bairro da Zero Ho-

ra, clarissa ciarelli, ocorre uma ativa participação e va-lorização do leitor. os cader-nos tornam-se praticamente um guia para as pessoas dentro do seu bairro. “traba-lhamos com uma equipe mui-to enxuta, composta por uma editora, uma diagramadora e um repórter; ele mesmo fo-tografa e finaliza a página”, afirma ela.

para ciarelli, “os cadernos funcionam como um laborató-rio de tendências do jornalismo

que se observa em pesquisas do mundo todo”. É importante ressaltar a questão do localis-mo, por isso a nova opção pa-ra retomada do projeto foi um outro formato que hoje é uma tendência mundial.

A distribuição dos cader-nos é feita de forma estraté-gica. Quem assina ou com-pra a Zero Hora recebe o ca-derno incluído, de acordo com o bairro em que mora ou local em que adquire o im-presso.

Asaph Borba

Ana paula maciel

Beatriz Dornelles, jornalista e pesquisadora

http://biadornelles.blogspot.com

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O

4 junho de �008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Geral

a realidade das associações da reciclagem na região metropolitana pode ser complicada, mas há muita gente de boa vontade querendo mudá-la. exemplo disto é joaquim reis, 34 anos, viamonense, presidente da associação de recicladores de viamão (arv).

Caroline Garcia

Entre os principais projetos da entidade está uma análise do gerenciamento de resíduos sólidos no município: os núme-ros revelam a realidade dos ca-tadores e recicladores. metade da entidade é de catadores e a outra potencializa a inclusão produtiva, aproximando o ca-tador do gerenciador.

Através da ArV, foi criada a cooperativa de catadores de Viamão que inclui famílias intei-ras no programa de geração de renda, a partir de uma iniciativa muito simples: organizam-se como artesãos e, enquanto o pai vai para a rua catar o lixo, a mãe e os filhos aprendem a fazer trabalhos manuais com o que é trazido ao galpão.

NÃO HÁ COMOSOBREVIVER

de acordo com reis, as pessoas ainda têm dificuldade de diferenciar um catador de um papeleiro.

“um papeleiro é aquele que recolhe e carrega papéis e, ge-ralmente, é morador de rua. catador é aquela pessoa que muitas vezes tem uma profis-são, mas não tem alternativa

por estar desempregado”, de-fine o presidente da ArV. um catador bem assessorado ga-nha de r$ 15 a r$ 25 por dia de trabalho, ainda assim, res-salta reis, os comerciantes fa-zem questão de não colocar o lixo na frente de seus estabe-lecimentos na hora em que ele passa. já houve casos em que foram acusados de roubo em algumas ruas. por isso, o ca-tador faz questão de ser co-nhecido, mas não adianta mui-to, afirma joaquim, que defen-de a profissionalização do ca-tador, que aliás, já foi aceita federalmente. “É extremamen-te necessário trabalhar sua au-to-estima”.

INCLUSÃO

na construção de páginas na internet, o presidente da ArV buscou improvisar uma lan house dentro do barracão, on-de trocava lixo selecionado por uma hora na rede. não deu cer-to, os custos eram mais altos do que se podia pagar. Hoje, se organizam em um terreno

alugado onde pretendem fazer uma feira em parceria com a cEAsA. para cada quilo de ma-terial reciclável trazido, a família poderá ganhar um vale, no va-lor correspondente e trocar por hortifrutigranjeiros.

outra associação também está começando um trabalho voltado à educação ambiental. É a Associação de Educação Ambiental nossa senhora de Aparecida, localizada no bair-ro jardim Estalagem, também em Viamão, onde logo será inaugurado um espaço para receber alunos de escolas, in-teressados no assunto. “so-mos doze triadores de lixo da Associação que recolhem em torno de 3 toneladas por dia”, diz talles dos santos, 18 anos. “não trabalhamos com cata-dores, apenas recolhemos o material com um caminhão disponibilizado pela prefeitu-ra”. o grupo de triadores dis-tribue folders, participam ati-vamente de campanhas de conscientização ambiental e estão abertos à parcerias com recicladores.

a Prefeitura municipal de viamão foi ouvida pelo universo iPa sobre o lixo orgânico que chega ao município vindo da capital.

Caroline Garcia

um cidadão viamonene-se que solicitou o anonima-to, afirmou que “uma grande quantidade de dejetos orgâ-nicos com lixo reciclável é transportada de porto Ale-gre para Viamão. o lixo é proveniente do Aeroporto salgado Filho, da pontifícia universidade católica (pu-crs) e do shopping igua-temi, e é transportado por uma empresa terceirizada, até o galpão de triagem da Vila Augusta meneguinni, em Viamão”.

de acordo com a legis-lação n.11.187/98, é proibi-do retirar lixo de uma cidade e transportá-lo para outra. o mesmo cidadão também questiona os gastos dos tria-dores: “por que um triador da Vila Augusta ganha em torno de r$ 250 e outro da localidade de Estalagem ga-nha cerca de r$ 500? se-gundo o diretor operacional do departamento de limpe-za urbana (dlu) de Viamão, Enio Borba, que assumiu o cargo há pouco tempo, o li-xo estava sendo gerenciado pelos galpões de triagem. E ao iniciar as suas atividades, tratou de proibir a compra do lixo da capital que vinha sendo feita pelo galpão da

Vila Augusta. “Além de não ter vanta-

gem é ilegal. por isso acaba-mos com este comércio. o lixo que vinha de porto Alegre estava sendo comprado ile-galmente pelo próprio barra-cão que alegava não produ-zir em Viamão o suficiente para a sua sobrevivência”.

sobre as justificativas da administração do galpão, Borba explica que “os pro-blemas da Vila Augusta são popularmente conhecidos. E para que não ficassem desfalcados, foi colocado mais um caminhão à dispo-sição deles. o problema veio à tona, ou seja, ao meu conhecimento há mais ou menos um mês. mas ainda aguardamos resultados”.

segundo patrícia nasci-mento, do departamento de cidadania e Assistência so-cial, “a Associação dos tria-dores da Vila Augusta me-neguinni, encontra-se com a documentação irregular, não tendo renovado o seu atestado de funcionamento desde 2004. também não apresentou nenhum projeto

ambiental, como é espera-do de uma associação des-te tipo”.

A diretora geral da se-cretaria de desenvolvimen-to Econômico de Viamão, Vanessa rocha, declarou que os galpões de triagem têm um contrato com a pre-feitura e que cada um deles recebe uma ajuda financei-ra de mesmo valor. porém, ao não considerar o núme-ro de triadores, a divisão se torna desigual, pois na Vila Augusta existe quase o do-bro de triadores em relação à Estalagem. Ela lembra também que o único galpão que funciona no município com autorização da Funda-ção Estadual de proteção Ambiental (FEpAm), é o do passo dorneles.

com relação à prefeitura de porto Alegre, que tem parte do lixo desviado para o município de Viamão, de-clara o assessor técnico do dmlu, carlos Vicente Ber-nardoni Gonçalves, que o transporte do lixo é ilegal e que a responsabilidade é da prefeitura de Viamão.

Sala de estar e flôr de pet, criatividade pura

merCado negro

hoje em dia, o lixo deixou de ser um material desprezível e, aos poucos, vem se transformando em um produto rentável. as novas tecnologias permitem que ele se transforme em compostos orgânicos ou, então, seja reciclado. mas a cobiça pelo lixo tem sido alvo de muitos atravessadores que minam os lucros dos catadores de lixo da capital e até desviam parte dele para outros municípios.

Guilherme Neves, Michael Borges e Rafaela Haygertt

o lixo tem recebido uma atenção especial dos últimos prefeitos de porto Alegre, mas há um problema que parece não ter uma solução a curto prazo definitiva. trata-se da fal-ta de educação ambiental dos moradores e de quem circula nas ruas de porto Alegre. Ape-sar de não ser um problema exclusivo da nossa capital, o assessor técnico do departa-mento municipal de limpeza urbana (dmlu), carlos Vicente Gonçalves, concorda que o lixo depositado fora dos locais e dos horários de coleta é um

empecilho para manter a cida-de limpa. o material fica à es-pera do recolhimento e torna-se um foco de reprodução de mi-croorganismos causadores de doenças, além de exalar um mau odor.

de acordo com o assessor técnico do dmlu, porto Alegre produz cerca de 950 toneladas de lixo doméstico ao dia.tam-bém informa que há três tipos de lixo: o produzido nas residên-cias e que não pode ser recicla-do; o público, que surge através da limpeza urbana; e o seletivo,

como é chamado o lixo que po-de ser reaproveitado”.

O LIXO NÃO FICA AQUI

o lixo que sai das nossas casas vai para uma área cha-mada Estação de transbordo, situada no bairro partenon, e dali segue para minas do leão, uma antiga reserva de carvão que fica a 130 km da cidade. segundo Gonçalves, “não exis-tem lixões em porto Alegre, por-que essa é uma prática muito nociva ao meio ambiente”. E

explica que “já foram substitu-ídos por aterros sanitários, on-de algumas empresas ficam encarregadas da impermeabi-lização do solo”.

porto Alegre produz cerca de 250 toneladas de lixo sele-tivo por dia, o qual é recolhido pelo dmlu, mas, em breve, conta o assessor, será terceiri-zada e passará a ser recolhido mais vezes por semana. se-gundo ele, “o material é dividi-do em 13 unidades de triagem existentes na capital, e porto Alegre ainda conta com mais

uma unidade de triagem encar-regada de fazer a composta-gem do lixo orgânico”.

FRItANDO ODESPERDíCIO

o recolhimento do óleo de fritura, uma das mais importan-tes iniciativas da prefeitura, completou um ano no último mês de junho.

mariza reis, engenheira quí-mica do dmlu, explica que óleo de fritura quando descar-tado inadequadamente pode

obstruir canalizações de esgo-to e provocar inundações, além de poluir os mananciais, sobre-carregando o tratamento de água e de consumo.

A Engenheira relata que em-presas como celgon, Ecológica, Faros e oleoplan já faziam este tipo de trabalho junto aos pro-dutores desse material, tais co-mo bares, restaurantes, hotéis, e em outros locais onde há co-zinhas industriais. o dmlu ape-nas realizou um convênio com essas empresas. mas, como “o alto custo da coleta impede que ela ocorra porta a porta, os pon-tos destinados a população, considerados pequenos gera-dores, estão concentrados em postos de entrega, permitindo otimização no roteiro da empre-sa e diminuindo seus custos”, comentou mariza.

dentre os inúmeros produ-tos que podem ser produzidos a partir desse material, estão o biocombustível, ração, sabão e detergente, além de combus-tível para caldeira.

“Atualmente temos 63 pos-tos de coleta de óleo espalha-dos pela cidade”, conta a enge-nheira. E, de acordo com o site do dmlu, foram arrecadados e encaminhados para industrias de reciclagem, até hoje, 16 mil litros de óleo de cozinha.

EconomiA inFormAl

Lixo, um material nem tão desprezível

divulgação

caroline Garcia

caroline Garcia

Menino seleciona lixo em galpão de triagem

Educação é possível

Prefeitura de Viamão recolhe lixo

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zes mais substâncias cance-rígenas do que a fumaça que entra pela boca do fumante depois de passar pelo filtro do cigarro.

segundo o psiquiatra, a embalagem do cigarro contém 20 unidades. considerando que o fumante dorme 8 horas e fica desperto por 16 horas, o tempo de ação da nicotina se-rá em torno de 45mim. salgado alerta que di-ferentemente o alcatrão, uma gordura liberada pelo cigarro, fica impregnada no tecido pul-monar e pode levar muitos anos para ser destruída pelo organismo.

o grau de dependência da nicotina, informa salgado, po-de ser medido através de es-

calas, como a de Fagerstron, um questionário muito sim-ples. E, provavelmente a per-gunta mais importante desse instrumento, ressalta o psi-quiatra, seja a referente ao tempo até o primeiro cigarro.

de acordo com a oms,

apenas 5% das pessoas con-seguem parar de fumar sem o auxílio de terceiros. Quem pre-tende abandonar o cigarro so-zinho vai se defrontar com o embate entre o desejo de pa-rar e a necessidade, tanto psi-cológica quanto fisiológica, criada pelo tabaco. os melho-

res resultados informa salga-do, se dão com assistência médica adequada. Hoje já existem medicações que au-xiliam no processo de absti-nência. um exemplo é o Ziban (bupropiona), que atua corri-gindo a falta de dopamina re-

sultante da interrupção de nicotina do indiví-duo dependente. mas, o psiquiatra enfatiza que existe controvérsia quanto ao uso de me-

dicações. o complexo Hospitalar

santa casa de porto Alegre oferece um programa integra-do para o tratamento do taba-gismo pelo sus (sistema Úni-co de saúde). o programa de-senvolve-se aproximadamen-te em um ano.

"A nicotina é capaz de desenvolver síndrome de privação

e repetição compulsiva do uso".

U

Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de �008 5Saúde

o tabaco é considerado pela organização mundial de saúde (oms) um fator de risco para seis das oito principais causas de morte no mundo e mata uma pessoa a cada seis segundos. a oms estima que hoje o consumo do tabaco cause mais de cinco milhões de óbitos ao ano. a previsão para �030 indica que teremos oito milhões de mortes. no século XXi, o tabaco poderá matar um bilhão de pessoas. Alexandra Giacomuzzi e André Freitas

um cigarro possui cerca de cinco mil substâncias tóxicas, mas a principal é a nicotina que, além de causar a depen-dência, está diretamente rela-cionada à doença cardiovas-cular. o cigarro também possui 43 substâncias cancerígenas.

A fumaça do tabaco, du-rante a tragada, é inalada pelos pulmões distribuindo-se para circulação sistêmica e chegan-do rapidamente ao cérebro, entre 07 e 09 segundos (em geral, 09 segundos). As con-centrações de nicotina no san-gue arterial aumentam rapida-mente após uma tragada. têm uma meia-vida de 30 a 120 mi-nutos. os níveis diminuem à medida que a nicotina é redis-tribuída para outros tecidos do

corpo. É por isso que os fu-mantes geralmente sentem ne-cessidade de fumar um cigar-ro a cada meia hora, de acordo com a médica Anna Elizabeth de miranda, doutora em pedia-tria e coordenadora do progra-ma saber saúde (programa nacional de controle do taba-gismo e outros Fatores de ris-co de câncer nas Escolas).

o tabagismo passivo é um

dos grandes vilões e atinge aproximadamente 80% da po-pulação que está exposta aos riscos de elevar a probabilida-de de câncer de pulmão e de infarto em adultos e de asma, pneumonias e otites em crian-ças. A fumaça resultante dos derivados do tabaco em am-bientes fechados, denominada de poluição tabagística am-biental, é a maior responsável

pela poluição ambientes. Hoje se estima que seja o tabagismo passivo a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, sub-seqüente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool, conforme a médica An-na Elizabeth miranda.

As estatísticas mostram nú-meros assustadores. A preva-lência de tabagismo no Brasil aparece fortemente em adul-

tos, sendo 18%, maior entre os homens. Em porto Alegre, o percentual é de 25% entre adultos. Entre escolares de 13 a 15 anos o índice é de 37% para o sexo masculino e de 34% para o feminino.

de acordo com a pesquisa de prevalência do tabagismo em Escolares de 13 a 15 anos de porto Alegre – Vigescola, realizada em 2002 com a con-

prev/incA e opAs, a idade média de início do tabagismo é de 13 anos, e 90% dos fu-mantes começam a fumar an-tes dos 19 anos. A prevalência de tabagismo entre as mulhe-res vem aumentando, espe-cialmente entre adolescentes, o que se reflete na maior mor-talidade por doenças cardio-vascular e cancerígena.

segundo a médica Anna Elizabeth de miranda, “A mor-talidade por doenças relacio-nadas ao tabagismo aumen-tará muito, especialmente nos países em desenvolvimento, como já vem aumentando o índice de câncer de pulmão entre as mulheres”.

os especialistas relatam que os fumantes devem pro-curar se engajar em atividades nos seus locais de estudo ou trabalho, e buscar apoio nos programas de controle do ta-bagismo, nos municípios ou na secretaria Estadual da saúde. cabe à comunidade aproveitar as datas comemorativas, co-mo o dia mundial sem tabaco, 31 de maio, para desenvolver atividades educativas e de di-vulgação em Escolas, univer-sidades, unidades de saúde e Ambientes de trabalho.

desta forma, aumentar as ações já existentes para o con-trole do tabagismo “é um gran-de avanço em busca da dimi-nuição desses alarmantes da-dos”, ressalta Anna Elizabeth miranda.

diA nAcionAl sEm tABAco

Droga lícita que causa dependência

Fotos: André Freitas

de acordo com o psiquiatra Carlos salgado, o cigarro é uma droga lícita para maiores de 18 anos e pode levar à dependência porquea nicotina existente no tabaco é capaz de produzir modificações no sistema nervoso central. o resultado é o desenvolvimento da síndrome de privação e repetição compulsiva do uso. segundo estudos da oms a nicotina atua no sistema nervoso central como a cocaína, comuma diferença: chega ao cérebro de � a 4segundos mais rápido.

o psiquiatra explica que a nicotina é absorvida através dos vasos sangüíneos, a par-tir do pulmão ou trato digesti-vo. Ela circula até o cérebro, onde libera várias substâncias (neurotransmissores) que são responsáveis por estimular a sensação de prazer.

salgado destaca que um ambiente saturado de fumaça também garante que todos fumem, mesmo que passiva-mente. de acordo com a oms, os dois componentes princi-pais da poluição tabagística ambiental são a fumaça exa-lada pelo fumante e a fumaça que sai da ponta do cigarro. o ar poluído contém, em mé-dia, três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono, e até cinqüenta ve-

Conscientizar é o caminhoteste de Fagerström1. Quanto tempo após acordar

você fuma o seu primeiro cigarro?Dentro de 5 minutos = 3Entre 6 a 30 minutos = 2Entre 31 a 60 minutos = 1Após 60 minutos = 0�. você acha difícil não fumar

em lugares proibidos, como igrejas, bibliotecas, cinemas, ônibus, etc?

Sim = 1Não = 23. Qual cigarro do dia traz

mais satisfação?O primeiro da manhã = 1Outros = 04. Quantos cigarros você fuma

por dia?Menos de 10 = 0De 11 a 20 = 1De 21 a 30 = 2Mais de 31 = 35. você fuma mais freqüente-

mente pela manhã?Sim = 1Não = 06. você fuma, mesmo doente,

quando precisa ficar de cama a maior parte do tempo?

Sim = 1Não = 0

Conclusão sobre o grau de de-pendência:

0 a 2 pontos = muito baixo3 a 4 pontos = baixo5 pontos = médio6 a 7 pontos = elevado8 a 10 pontos = muito elevado

Uma soma acima de 6 pontos in-dica que, provavelmente, o pacien-te sentirá desconforto (síndrome de abstinência) ao deixar de fumar.

graus de nicotino/dependência e sua percentagem de frequência:

0 a 1 (cerca de �0%) - fraca nicotino-dependência e leves sin-tomas da Síndrome de Abstinência (SA). Esses fumantes raramente precisam de ajuda para abandonar o tabaco.

� a 3 (cerca de 30%) - certo grau de nicotino-dependência. Po-dem ocorrer sintomas mais acentu-ados da SA. Com alguma freqüência há abandono espontâneo do tabaco. O tratamento é de ajuda.

4 a 5 (cerca de 30%) - a nicoti-no-dependência é acima da média. Fracos sintomas de SA. Com freqü-ência, o tratamento obtém resulta-dos positivos.

6 a 7 (cerca de 15%) - a nico-tino-dependência é intensa, assim como também a SA. Os danos à saú-de são elevados. O tratamento deve ser mais enérgico e mais prolonga-do que o geralmente recomendado. É indicado suporte psicológico, par-ticularmente quando há estresse e alto consumo de álcool.

8 a 10 (cerca de 5%) - a nico-tino-dependência é incoersível e é grave o quadro da SA. É essencial a ajuda psicológica e o tratamento farmacológico com vários medica-mentos associados. Os resultados são negativos na maioria desses fu-mantes. É comum a associação de morbidade, ansiedade, depressão e alto consumo de álcool.

Nos fumantes com pontuação até três, os quais somam cerca de metade dos tabagistas, o aconse-lhamento mínimo é geralmente su-ficiente para abandonar o tabaco.

Avaliação do grau de dependência à nicotina

No dia do evento ocorrem a entrega de panfleto com informações sobre os malefícios do tabagismo

O projeto disponibilizou gratuitamente à população o teste do expirômetro

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D

6 junho de �008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Economia

na busca por algo com que se identificassem, Eduar-do nunes, 20 anos, e lucas silveira, 23 anos, acadêmicos de publicidade e propaganda e História, do centro univer-sitário metodista do ipA, cria-ram “selva!”, uma marca de camisetas com estampas que expressam as referências do seu cotidiano, como grafite, stencil, stickers e tudo o que faz parte da diversificada stre-et art. isto mesclado com seu interesse por design e moda.

Quanto ao motivo da cria-ção da marca, lucas explicou: “queria encontrar alguma coi-sa com a qual me identificas-se e não encontrava”.

A falta de produtos que ex-pressam a sua individualidade foi um dos fatores determinan-tes para a concretização do projeto. o outro, foi o baixo

custo da confecção do mate-rial que, por enquanto, se res-tringe a camisetas, mas que num futuro próximo deverá in-cluir jaquetas e calças.

Ao expandir os seus pro-dutos espera ter uma fonte substancial de renda, pois “no momento em que você tira di-nheiro do próprio bolso, deixa de ser um passatempo e pas-sa a ser um negócio”, salien-tou lucas.

os dois universitários não estão preocupados em alcan-çar um público específico. só compra quem se identifica com os produtos, sem restri-ção quanto a alguma tribo ur-bana ou modismo.

A marca já é reconhecida, mas ainda não foi possível ob-ter lucros com a confecção, apenas o retorno do investi-mento e de sua manutenção.

A internet tornou-se o meio ideal de divulgação, por não necessitar de vínculos burocrá-ticos e ter grande acessibilida-de, com o mínimo de custo.

Apesar de possuir apenas dois sócios, “selva!” recebe a colaboração de amigos na criação e divulgação de idéias, além de admiradores que, através da internet, tomam co-nhecimento da marca e efe-tuam as compras.

um grito de revolta punk dos anos 70, o “faça você mesmo”, cresceu como forma de expressão e de fuga da mesmice do mercado cultural e, hoje, conquista espaços no mercado. são jovens que buscam o novo, o diferente, sem esperar que isso ‘caia do céu’. eles vão atrás e fazem acontecer ao criar novas maneiras de expor idéias e opiniões, além de contar com a tecnologia a seu favor. e a internet, por ser um meio de maior alcance e de baixo custo é a forma preferida de divulgar o que fazem.

Alice Corá, Gisele Mendonça e thiago Oliveira

de acordo com o historia-dor Eleilson leite, há três dé-cadas o movimento de contra-cultura punk revolucionou o comportamento de muitos jo-vens da época. tudo começou com a cena musical dos anos 70, quando jovens músicos amadores aprendiam alguns acordes e se juntavam para fa-zer um som que agradasse e, ao mesmo tempo, contestasse os padrões sociais convencio-nados.

de movimento que buscava a fuga das chamadas culturas de massa e da imposição do mercado capitalista o “do it your-self” ou “faça você mesmo”, co-mo é conhecido no Brasil, per-deu parte desta essência anar-quista original, já que muitos que adotam esta forma de satisfação pessoal, ao contrário daquele tempo, passaram a visar ao lu-cro, através da divulgação de suas idéias. É o que relata o em-preendedor e acadêmico de História, lucas silveira.

A anarquia que a repressão e a revolta traziam naquela época se traduz de outra ma-neira hoje em dia. A internet, com a quantidade de informa-ções e a agilidade na divulga-ção, assumiu um certo caráter anárquico, pois é um ambien-te de livre acesso e de uso da palavra. Qualquer um com uma idéia na cabeça consegue colocá-la em prática na web, seja para divulgar pensamen-tos, criticar manifestações ou promover novas maneiras de agir e produzir.

A internet veio para facili-tar e dar o empurrãozinho que estava faltando nas men-tes inquietas dos jovens cria-tivos de hoje. Esta nova ten-dência já possui adeptos dos mais variados segmentos, como da moda e da comu-nicação.

Diego Andreola, Emilio Nobre S. Neto e Nilton Rodrigues em mais uma cobertura do Zona Fantasma

saiBa maisalmagorda

www.almagorda.com.br Zona Fantasma www.zfantasma.

blogspot.comselva!

www.flickr.com/photos/projectselva

Lucas Silveira e Eduardo Nunes vestem as camisetas da Selva!

idÉiAs QuE VoAm lonGE

Do it yourself ou faça você mesmo!

www.almagorda.com.br

divulgação: lucas silveira

Alessandra Lago e suas criações

A moça que sempre gostou de atividades manuais e de tu-do que era diferente criou a “Al-maGorda”, uma marca de pro-dutos divertidos e diversificados que não se encontrava em qual-quer lugar. Alessandra lago, 32 anos, formada em publicidade e propaganda pela pontifícia universidade do rio Grande do sul (pucrs), passou 12 anos de sua vida criando para uma agência de publicidade. Foi em seu último trabalho pela agên-cia, uma campanha voltada pa-ra o público infantil, que Ales-sandra resolveu seguir com um projeto próprio.

nos produtos estão os bi-chinhos de pelúcia, geralmente com aspectos de monstros e carinhas divertidas, chamados toy art uma releitura de brinque-dos, com referências de design, moda e arte urbana.

de acordo com Alessandra, há um cuidado especial na es-colha dos materiais, principal-mente os tecidos, para que possam transmitir a maciez e o toque necessários.

“AlmaGorda” ainda conta com uma linha de acessórios pessoais, incluindo bolsas, chaveiros, mantas, luvas e até almofadas, tudo com uma ca-

ra moderna e inovadora. “Eu sempre quis ter uma manta com bolso, e nunca encontrei”, revela Alessandra.

todos os produtos da mar-ca têm um toque exclusivo. os toys, por exemplo, são feitos à mão e “nada nunca é igual!”, uma característica que a pro-prietária quer manter por muito tempo.

“não pretendo produzir em uma escala industrial. poderia criar e mandar os bonecos para alguém finalizar, mas perderia to-do a graça e proximidade que tenho com cada um”, explicou.

Alessandra tem tanto cari-

AlmaGorda aposta na toy art

nho por seus produtos que, mesmo trabalhando com mais quatro costureiras, seleciona as peças que vai mandar para ca-da uma delas, e isto só é pos-sível porque conhece suas ha-bilidades e o jeito de cada uma trabalhar.

Quanto ao público, “os toys atraem mais as crianças, o que eu não imaginava quando co-mecei a criar”, conta Alessan-dra que ainda está começando a distinguir o seu público. “não tenho tempo para fazer muitas pesquisas, mas me baseio no que cada loja vende mais, as-sim distribuo as mercadorias e tenho uma noção do que está vendendo e para quem”, expli-cou. “Estou super feliz com a AlmaGorda. Às vezes, saem fo-tos em revistas e jornais, as pessoas vêm me contar e eu nem sabia”, relatou rindo.

o lucro que a marca vem obtendo é, em grande parte, reinvestido na confecção de no-vos produtos. Alessandra cria cada peça com seus gosto pessoal, faz do jeito que gosta. por isso, revela que “ é um ne-gócio arriscado, pois é preciso investir, mas nunca se sabe o que vai ter maior aceitação”.

“AlmaGorda” é vendida em lojas como Vulgo, refugio ur-bano e no shopping moinhos, “e tem sido super bem aceita”, comentou Alessandra lago.

Selva! usa referências do dia-a-dia

o lugar para onde eram mandados os maiores crimino-sos de Kripton nos gibis do su-perman, hoje, intitula uma web rádio de entretenimento que trata de cinema, quadrinhos e tudo mais que faça parte do dito “mundo nerd”. trata-se do “Zona Fantasma”, um progra-ma que começou em 2006, com os estudantes de publici-dade e propaganda, do centro universitário metodista do ipA, diego Andreola, 23 anos, e nil-ton rodrigues, 27, nos estúdios da rádio ipA.

Apesar de horários aperta-dos de trabalho que, na maio-ria das vezes, bancam os equi-pamentos a equipe consegue tempo e se organiza para fazer acontecer.

A idéia surgiu quando nilton e diego, no intervalo das aulas, trocavam informações. juntan-do a vontade de fazer rádio do diego e o conhecimento do nil-ton, foi um pulo para que o pro-grama tomasse forma.

Hoje, eles seguem com as próprias pernas em um estúdio

improvisado, na casa do diego, com capital levantado por eles mesmos.

no ano de 2007, Emílio jun-tou-se à dupla e o programa pas-sou a ter pautas mais elaboradas e funções específicas para cada um dos colaboradores.

“Estava muito bagunçado. nós trabalhamos 8 horas por dia, não temos tempo para fa-zer tudo, acabávamos pas-sando semanas sem atualizar o blog. Gravávamos o progra-ma numa sexta e não sabía-mos se na outra conseguiría-mos estar presentes de novo”, explicou nilton. mesmo ha-vendo uma divisão de tarefas, nada impede que um entre no espaço do outro, “só dividi-mos assim para que a coisa andasse”.

“Zona Fantasma” é dividido em três partes: o blog, que con-tém críticas, resenhas e toplists; a web rádio, que vai ao ar apre-sentando músicas, trilhas so-noras e bate-papos entre os apresentadores e o “ZonatV”, que traz as matérias de vídeo

e coberturas de eventos que os estudantes participam.

os três estudantes já são co-nhecidos pelo mundo e têm ou-vintes até na nova Zelândia.

os últimos prêmios con-quistados foram o “Expocom sul 2007” e o “Expocom na-cional 2007”, concedido pela sociedade Brasileira de Estu-dos interdisciplinares da comu-nicação (intercom).

Em entrevista, nilton rodri-gues, um amante de cinema e aficionado por quadrinhos, fa-lou o quanto é importante fazer o que se gosta.

diego ressalta que o trio ain-da não sabe se o futuro é seguir com a web rádio ou migrar pa-ra a ‘rádio de freqüência’. “na web temos um alcance muito maior, esse é o bom da internet. talvez, se estivéssemos em uma rádio de freqüência, não alcançaríamos tantas pessoas como alcançamos e, com cer-teza, não teríamos a liberdade que temos para fazer o progra-ma exatamente à nossa manei-ra”, explica diego.

Mundo nerd no Zona Fantasma

Arquivo/Zona Fantasma

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Abem compensador. “Faço plantão uma noite sim e outra não, então tenho tempo para fazer outras atividades até mesmo outro emprego no pe-ríodo do dia”, revela a enfer-meira.

de acordo com as pesqui-sas da universidade da caro-lina do norte, a sonolência contribui significativamente pa-ra os erros e aumenta o risco de acidentes nos locais de tra-balho, e isto pode afetar as

operações industriais, plataformas petroquími-cas e siste-m a s d e transportes.

Vários trabalhos estão sujeitos a um maior numero de aciden-tes durante a noite, em relação ao dia, e isso pode ser em fun-ção do trabalhador noturno desempenhar outras ativida-des durante o dia, com isto não ter o tempo de sono necessá-rio, ou até mesmo por si só já ser um período de risco eleva-do para acidentes.

ADAPtAçÃO

segundo a psicóloga Vera lúcia, 37 anos, os profissio-

Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de �008 7Social

já reparou que enquanto você dorme à noite, uma parcela da população está em plena atividade?

Caroline Lajuny e Renato Quintana

A comodidade de ter servi-ços e produções funcionando 24 horas por dia pode implicar em problemas de saúde em quem trabalha no período da noite.

isso porque dormir durante o dia não é a mesma coisa que á noite, principalmente entre as mulheres.

Estudo realizado pelo insti-tuto do câncer Epidemiológico, da dinamarca, com sete mil vo-luntárias, de 30 a 54 anos, su-gere que as mulheres que tra-balham no período noturno têm 50% mais riscos de desenvol-ver o câncer de mama.

outra pesquisa realizada pela universidade da carolina do norte, nos Estados unidos, mostra que o trabalho noturno durante os três primeiros meses de gravidez aumenta 50% o ris-co de parto prematuro.

os pesquisadores acredi-tam que isso possivelmente se deve à interrupção da ativida-de normal do útero durante á noite.

segundo informações da Associação nacional de medi-cina do trabalho (AnAmt), as doenças mais freqüentes em quem trabalha à noite são as de origem gastrintestinal (como azia, má digestão, úlceras gás-tricas, irritações do cólon e di-ficuldades em manter a regula-ridade intestinal).

Essa mudança no padrão do sono dos trabalhadores no-turnos gera problemas à saúde e dificulta os relacionamentos.

diCas de saúde Para notívagos

É possível minimizar os pre-juízos à saúde causados pela vida noturna, seguindo os con-selhos dos especialistas:

1. Durma sempre nos mesmos horários, mesmo nos dias de folga, para não afetar ainda mais o relógio biológico.

2. Mesmo durante o dia, durma sem interrupções uma quan-tidade de horas mínima para o seu bem-estar: de seis a oito horas.

3. Deixar o quarto escuro ajuda a dormir melhor. Feche janelas e cortinas, mas mantenha o am-biente arejado, porque o calor também atrapalha o sono.

4. Use protetores de ouvidos, por conta do barulho feito durante o dia.

5. Para que os trabalhadores noturnos não sintam sono à noite, é só tirar um cochi-lo algumas horas antes de ir trabalhar.

6. Se puder, cochile no meio da madrugada, mesmo que por poucos minutos.

7. Avise sua família que ela pre-cisa colaborar para a manu-tenção de um ambiente tran-qüilo para você dormir bem durante o dia.

8. Apesar de ser difícil, quem fi-ca acordado à noite não deve se descuidar da alimentação, para não atrapalhar ainda mais o sono durante o dia. É importante consumir vege-tais ricos em fibras, muitas frutas e pouca gordura. Tam-bém é preciso fazer as três principais refeições (café da manhã, almoço e jantar) em horários adaptados. Antes de dormir, deve-se ingerir uma refeição leve.

9. Evite tomar refrigerantes com cafeína, café, chá preto ou mate, tanto durante o traba-lho noturno quanto antes de dormir.

10. Praticar exercícios físicos re-gulares, evitar o fumo e o ál-cool e manter o peso também são medidas importantes.

distÚrBios do sono

Trabalhos noturnos

rafael rocha

Jussara Chagas, 53 anos César Augusto, 33 anos

caroline lajuny

renato Q

uintana

É o caso de Helena, 45 anos, que trabalha no período da noi-te. Ela conta que se sente sem-pre cansada, se alimenta erra-do, em função dos horários di-ferentes do restante da família, e que seu humor está sempre alterado.

SONO XRELACIONAMENtOS

As necessidades de repor as horas perdidas de sono in-terferem também no lazer, nos relacionamentos amorosos e no sexo, é o que revela a AnA-mAt, uma vez que trabalha-dores noturnos se divorciam mais do que aqueles que têm jornada diurna. E a dificuldade de conciliar seus horários com os da família, tendo que dormir de dia, assim como a maior irritabilidade provocada pelo sono são alguns dos motivos. Esses profissionais têm pro-blemas para desfrutar do lazer com a família, principalmente os casados e com filhos, já que os horários nunca são os mesmos, diz Fernanda soa-res, 35 anos, que trabalha no período da noite, como enfer-meira de um hospital e foi ca-sada há 5 anos. Ela conta que se separou, não por falta de

amor, mas por falta de tempo para aproveitar com o seu ma-rido, e isso acabou desgas-tando a relação.

SALÁRIOS

césar Augusto, 33 anos, taxista no horário da noite, re-lata que trabalhar durante es-se período traz algumas van-tagens, como por exemplo, o salário que é bem maior do que de uma pessoa que tra-balha duran-te o dia.

“É com-pensador o horár io da noite pelo di-nheiro, pois tenho que sustentar minha fa-mília, mas por outro lado é tris-te, porque no horário que tenho para dormir, meus filhos que-rem brincar, e me deixa muito chateado ter que manda-los brincar em outro lugar, porque sei que sentem saudade de mim, então dói meu coração”, conta o taxista.

jussara chagas, 53 anos, enfermeira de um hospital, que é solteira e não tem preocu-pação com a família, adora trabalhar neste turno, pois é mais tranqüilo e o salário é

"Uma a cada quatro das pessoas que trabalham

à noite desenvolvemdistúrbios do sono".

nais que trabalham à noite, costumam levar algum tempo para a adaptação física e emo-cional. “ocorre uma fadiga, um desgaste físico e mental, uma vez que nosso relógio biológi-co naturalmente está progra-mado para descansar à noite”, ressalta a psicóloga. Vera lú-cia também diz que o fato de trabalhar à noite, acaba inter-vindo negativamente no con-vívio familiar e social, pois ocorre um desencontro: en-quanto o restante da família está em atividade durante o dia, o trabalhador noturno es-tá dormindo, e quando a famí-lia está em casa descansando, o trabalhador noturno está em atividade.

mas a psicóloga revela tam-bém que existem muitas pes-soas que conseguem se adap-tarem e planejar sua vida pes-soal, familiar e social, mesmo trabalhando no período da noi-te. como é o caso da enfer-meira lídia Bastos, 47 anos, que trabalha à noite e conse-gue ainda dormir um pouco, cuidar da casa durante o ho-rário que seus filhos estão na escola e, no final da tarde, os busca e mata um pouco da saudade até a hora de ir traba-lhar novamente.

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A

8 junho de �008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Cultura

A moda nas vitrines, outono/inverno 2008

Benhê, tô bonita? Se você já ouviu, ou mesmo disse isso, sa-be que, apesar de ser bastante agradável à visão, a beleza pode fazer muito mal aos ouvidos. E ao cérebro. Não que todo bonito seja estúpido ou todo inteligente seja feio. Não é essa a questão. A questão é que a máxima de que “beleza nunca é demais” tornou-se indiscutível. E, bem, talvez seja a hora de colocar um ponto de in-terrogação na frente dela.

Antes de começar a criticar o estereotipo dos bonitos-acerebra-dos, pare para pensar: ser bonito não é nada fácil. Nascer bonito sim, é fácil. Mas há muito tempo aquela beleza natural que não precisa de retoques, deixou de ser suficiente. Os padrões de beleza estão cada vez mais altos e os olhos, mais exi-gentes. E agradar os olhos alheios é algo que exige muito tempo, pa-ciência, dinheiro e dedicação. Ser o mais bonito então, nem se fala. Ou melhor, fala-se. Fala-se tanto que até Darwin, há mais de um século, falava a respeito.

O homem é um animal (po-de parecer uma afirmação óbvia, mas ainda faz doer os ouvidos de muita gente). E como animais dentro de um processo de sele-

ção natural, fazemos de tudo pa-ra ser os melhores. Seja o melhor atleta, o mais agradável, o mais inteligente, o mais engraçado ou mesmo, o mais estúpido, todos querem ser o “mais”. Por isso é natural alguns quererem ser os mais bonitos. Alguns, mas não to-dos. Quando a prioridade de uma sociedade inteira passa a ser uma só, devemos admitir, há algo erra-do com a nossa espécie.

Não se pode ser o mais bonito e o mais inteligente. Não se trata de preconceito, trata-se de uma afirmação prática. Para ser o mais bonito você precisa dedicar muito do seu tempo a isso e para ser in-teligente também. Posso não ser o melhor em exatas, mas sei que muito com muito sempre dá de-mais. E talvez, pelo menos no Bra-sil, esteja começando a faltar pes-soas suficientemente “qualquer coisa que não seja bonita”. Por is-so, faça um favor à nossa espécie: de vez em quando, volte àqueles primórdios da nossa sociedade, em que a “beleza”, e não a “bele-za extraordinária”, bastava. Desse modo, você até poderá ser sincero ao responder àquela perguntinha lá em cima do modo mais agradável – Claro que sim, meu bem.

Beleza nunca é demais?

diVErsAs FormAs dE modA

Xeque-mate da moda

Fotos: Gabriela Azevedo

Para Cada estilo

sabe aquele chapéu xadrez que seus avós usavam antigamente? Pois é, aquele que você disse que nunca usaria e que por muitos anos ficou de lado. Parece que veio pra ficar. neste inverno uma das tendências em roupas, calçados ou acessórios é tirar do roupeiro, sacudir o pó e usar. Quem diria?

Gabriela Azevedo e Uriel Gonçalves

A moda masculina não tem o mesmo ritmo da feminina e isso não é novidade, mas nes-se outono/inverno os estilistas capricharam no visual e mos-traram que os homens também tem direito de renovar o armá-rio as vezes. muitas formas de se vestir estão retornando, mas o que realmente deve dominar o estilo masculino nesse ano é o xadrez, que acompanha to-dos os maiores estilistas em unanimidade, incluindo o gran-de e venerado Alexander Her-chcovitch, que também apelou para os costumes estilo toalha de mesa. A moda masculina demora muito para mudar, mas o brasileiro está acostumado com o xadrez e vai ser uma ten-dência que será adotada rapi-damente.

“Antes existia aquela série de normas de que a moda mas-culina era monótona, monocro-mática, sempre a mesma coi-sa”, disse o editor de moda lu-

la rodrigues. “E estou achando super legal que as coleções aqui estão mostrando que não é nada disso”, completou. Além do xadrez, o homem terá a chance de tirar aquele chapéu do armário, que dará um char-me a mais, um certo ar de mo-leque e ainda deixa um tanto sexy. A moda abre mão do Hi-ppismo e do Grunge e dá lugar ao mafioso. rodrigues também destacou os tecidos coloridos para uma moda mais jovem e para o guarda-roupa do ho-mem mais formal ele acredita no terno de dois botões. “o ter-no de três botões dominou a cena por uma década e nada acontece abruptamente com o homem. mas estamos num pe-ríodo importante de transição”, acredita rodrigues, especialis-ta em moda masculina.

Enfim, o inverno desse ano será cheio de um mix de ten-dências e ousadias com algu-mas pitadas e reverência do charme dos anos 80.

MODA FEMININA

na moda feminina a histó-ria continua a ser inspiração, temos nesse ano temas que vão da era medieval até anos mais recentes como 1920, 1930 e 1940.

muitas idéias futuristas fi-caram pra trás dando lugar ao resgate histórico. Esta volta ao passado ajuda a saber quem somos e, também, o que que-remos. o que realmente vai

dominar nesse outono/inverno são os estilos clássicos e o seu glamour, tornando as roupas ecologicamente corretas ao preservar seus recursos natu-rais, a maioria dos vestidos são confeccionados em tecidos naturais. os tecidos sintéticos não perderam espaço, mas vale lembrar que o poliéster é reciclável.

os grandes diferenciais deste inverno são a modelagem e o acabamento das peças, o mix de materiais continua im-pecável e promete ser um pon-to forte nesta estação, está sen-do muito explorada pelas grifes internacionais.

Além da volta no tempo, ou-tro ponto que está sendo mui-to atiçado pelos estilistas e a moda feminina se baseando no universo masculino, assim o que vemos são cortes perfeitos e peças com estruturas novas e inusitadas. o xadrez também entra no universo feminino, as cores sujas como preto, roxo, cinza, bege e verde estão em alta, peças exageradamente coloridas fora.

na maquiagem as cores for-tes chegam com tudo. o laran-ja, dourado, violeta e vermelho vêm com força total; os tons de preto e violeta vão estar super em alta nas noitadas, enquan-to os tons pastéis, marrom e bege são ideais para o dia. de-lineadores em cores diferentes e blush combinando com o seu tom de pele são indispensáveis nesse outono/inverno 2008.

Bate-papo com Emília Marques

Emília Marques Premaur, design de moda

emília marques Premauré um misto de modista, costureira e estilista. atua na área da moda costurando e dando cara nova a peças que, por algum motivo, são levadas ao seu atelier. o dom foi herdado da mãe, da avóe da tia que sempre se voltaram para essa área. Formou-se em moda pelo senac, em �001, e adquiriu experiência na modelagem ao aprimorar o design de moda e costura.

Gabriela Azevedo e César Manoel

Universo IPA - Quando sur-giu o interesse pela moda?

Emília Marques Premaur - desde pequena eu me interes-sei por isso. Adorava fazer de-senhos de roupas e manequins. Quando cresci, decidi que era isso que eu queria.

Universo IPA - Alguém te incentivou a seguir essa car-reira?

Emília - de certa forma, sim, minha tia e minha avó eram modistas e costureiras.

Universo IPA - O que vai ser a febre neste inverno?

Emília - o xadrez está de volta e parece que voltou para ficar. o cós da calça jeans es-tará mais alto e as calças mais amplas. mas ainda não se des-façam das calças skinni, elas ainda estão em alta.

Universo IPA - O que não podemos deixar de usar

neste inverno?Emília - A forte tendência é

o colete, a moda de alfaiataria, golas anos 60 e mangas ¾.

Universo IPA - Até agora, quais os acessórios mais re-quisitados?

Emília - cintos largos na altura da cintura, bolsas e sa-

patos em tons degradê e mui-tas pulseiras grossas..

Universo IPA - Quais se-rão as cores e tons deste in-verno?

Emília - Berinjela, tons dou-rado, bronze, acobreado. co-res mais sujas estarão chaman-do mais atenção.

Universo IPA - De onde surgem as inspirações para fazer as roupas?

Emília - me baseio, princi-palmente, na moda street wear (moda jovem de rua) , usando a tendência de cores da estação.

Universo IPA - O que é observado para lançar um estilo novo?

Emília - A mídia influi muito nessa questão, mas nada é mui-to novo, pois esses estilos vêm apenas com uma rotulagem no-va, mais moderna, adaptada aos padrões de hoje.

Universo IPA - O que vai fazer a cabeça das pessoas na moda primavera/verão?

Emília - É uma pergunta com-plexa, pois o que é o máximo pa-ra um pode ser um horror para o outro. o que deve fazer a cabeça é o próprio estilo e cada um deve respeitar seu tipo físico.

Uriel Gonçalves

Para as eternas elegantes- Vestidos tomara-que-caia

com detalhes repuxados e aplicações de dobras.

- Pantalonas de alfaiataria.- Longos de saia rodada.

com decotes nas costas, referência dos anos 50.

- Casacos de malha. tricô com amarrações.

Para as gatas Baladeiras- Minivestidos em cores

engraçadas como o magenta e o amarelo.

- Casacos acolchoados.- Camisetas e suéteres

com aplicações de pedras metalizadas.

- Jaquetas em couro envelhecido.

Para as meninas romântiCas- Vestidos com laços e estampas

de flores quase abstratas.- Casacos de lã em preto

ou azul-marinho.- Saias repolhudas

em tule ou seda.- Pelerines curtas. Para as nostálgiCas dos anos 70 e neo-hiPPies- Saias longas em patchworks

de estampas e texturas.- Vestidos longos

com parkas curtas. - Cardigãs de malha listradinha. - Calças boca-de-sino com

ou sem bordados em prata.

Para temPeramentos esPortivos e urBanos

- Jaquetas pretas com adereços em prata.

- Camisas em xadrez escocês sobre shorts de alfaiataria.

- Vestidos de malha listrada.- Agasalhos com padrão

de losangos ou listras. Para os homens- Estilo motoqueiro,

em couro ou jeans preto.- Calças com reforços, macacões

e blusões acolchoados.- Terno estreito de paletó curto -

restrito aos jovens e magros. - Jeans de cós baixo

e gancho longo. - Casacos e coletes

acolchoados com capuz. - Parkas estilo militar.- Cores: preto e cinza.

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H

no início da profissão, apenas preenchiam os intervalos entre apresentações de bandas, para que a música não parasse de tocar nos shows. Ficavam atrás de uma montanha de aparelhos e ninguém tomava conhecimento de quem embalava o ambiente. a partir dos anos 70, surgiu o nome de disc-jóquei ou dj para os “tocadores de som”, e a presença deles foi se tornando indispensável nas festas.

Filipe Marques Borges e Morgana Vingert Settin

Hoje, quase 40 anos depois, os dj´s passaram de coadju-vantes a responsáveis pela des-contração e muita dança aos amantes da música. o impac-to e a explosão do som eletrô-nico, nos anos 90, deram maior destaque ao sujeito responsá-vel por girar sons nas mesas especiais (pickups) e equipa-mentos cada vez mais sofisti-cados. o dj passou, então a ser o protagonista da festa.

PúBLICO E EStILOS

A relação que o dj cria com a música e o público permite que se aproxime dos partici-pantes das festas. E hoje, estes profissionais cativam fãs no mundo inteiro.

com o surgimento de novos estilos musicais, a profissão se tornou cada vez mais específi-ca. o dj muita vezes é conhe-

cido por sua tendência musical. Então, quando você vê o nome do profissional na festa, já sabe o som que vai tocar na noite. Ele também é considerado um músico, afinal o profissional compõe muitos ritmos e sons. Alguns exemplos de ritmos são o trance, house, tecno, electro, progressive, mínima e dance.

não adianta apenas domi-nar as técnicas para inserir o som os ambientes, “é preciso ter feeling (sensibilidade) e mui-ta visão de pista, além de bus-car informações do que está tocando no mundo todo, saber as novidades, as tendências, e o que as rádios tocam”, explica o dj tiago pintaúde, ao fazer referências às características de um dj. E quando o tema é o início da profissão, pintaúde revela que “o começo não é fá-cil, tem que se ter força de von-tade e disponibilidade, até por-que, depois que o profissional entra no circuito, necessita se acostumar a trocar o dia pela noite e esquecer de passar o natal, Ano novo e carnaval com familiares e amigos. A de-dicação tem que ser 100%”.

MERCADO

o mercado está em alta e para dar conta das demandas surgiram as agências que agre-gam profissionais. Em porto Ale-gre, uma delas é a moving dj’s, dirigida pelo dj lê Araújo.

mas ainda falta organização à classe, pois não há um sindi-cato que agregue os profissio-nais. no rio de janeiro existe um projeto para enquadrar os dj’s ao sindicato dos músicos

profissionais (sindmusi). A en-tidade está propondo uma al-teração na lei de 1960, que re-conhece formalmente a classe para que os dj´s possam se filiar a ela.

de acordo com a presiden-te do sindimusi, deborah chey-ne, essa discussão já existe no sindicato há, pelo menos, 6 anos. “Acredito piamente que o dj possa integrar nossa ca-tegoria profissional, até porque temos que nos atualizar em re-lação à produção atual, que vem se ligando cada vez mais às novas tecnologias”. também ressalta que o interesse se dá porque o sindicato teria mais trabalhadores sindicalizados, aumentando a receita e dispo-nibilizando mais recursos para os músicos. Afinal, acrescenta cheyne, “o dj dispõe de um poder aquisitivo compatível com os músicos atuais”.

ANtIGOS SUCESSOS

As músicas que fizeram su-cesso e voltam com um novo ritmo estão em alta. os novos remixes e batidas transformam a música como se estivesse saindo agora.

Quanto à sensação que a profissão confere ao embalar uma festa e ter o controle do som nas mãos, “é de grande prazer e não há dinheiro no mundo que compense”, revela pintaúde.

os dj’s ganharam recente-mente mais um espaço profis-sional. são as festas rave, um estilo que ganha preferência dos jovens. os organizadores chegam a reunir cerca de 25

mil pessoas em uma única noi-te e o evento pode durar até o outro dia de tarde. não há ban-das que tocam ao vivo e, então, quem comanda a festa são os dj’s.

A seguir entrevista com Eduardo irigaray e tiago pin-taúde, dois profissionais expe-rientes na área.

Universo IPA - De que for-ma você se mantém atuali-zado e seleciona as músicas que fazem parte do repertó-rio?

Eduardo Irigaray - Escuto. Eu busco em sites como o Be-atport e traxsource. na verda-de não busco informações, eu escuto e se for de meu gosto entra no playlist.

tiago Pintaúde - ouço to-do o tipo de som. Em rádio per-corro todo o dial.

Universo IPA - Como sa-ber que música tocar?

Irigaray - da mesma forma que ao entrar em uma lanche-ria você sabe qual salgado vai comprar, o dj tem feeling e uma linha musical. Ele segue seus instintos e mistura com as con-sagradas.

Pintaúde - presto muita atenção no pessoal que está na pista. Eles são os termôme-tros da festa. se pararem de dançar procuro mudar o som, o ritmo, para que eles voltem para agitar.

Universo IPA - O início da carreira é bem complicado. Como divulgar o trabalho de quem está começando?

Irigaray - inserindo sets (lis-tas de músicas) em sites e to-cando onde der para tocar, além de usar o orkut como fer-ramenta.

Pintaúde - Através de sites

grátis e cartões.Universo IPA - Qual é o

tipo de música mais solici-tada nas festas em geral?

Irigaray - As que tocam nas rádios Fms.

Pintaúde - não pode faltar ivete sangalo. Em relação aos anos 80, a banda depeche mo-de é uma boa pedida.

Universo IPA - Como é trocar o dia pela noite?

Irigaray - Acostuma, o ve-lejador brasileiro Almir Klink tem um belo estudo sobre isso em suas travessias oceânicas. só não é possível ter outra profis-são com relógio e cartão pon-to.

Pintaúde - não é compli-cado. o difícil é recolher o equi-pamento, na hora que termina a festa.

Universo IPA - As novas tecnologias estão se desen-volvendo a passos largos. Alguns DJ´s colocam som com CDJ, outros já utilizam o notebook, e tem até DJ dançando e fazendo perfor-mance no palco. Como será o trabalho do DJ no futuro?

Irigaray - será com mesas midi ligadas ao notebook, e ca-da um terá seu estilo, como ago-ra, cada um terá seu público.

Pintaúde - Vai ser um ba-rato, o dj será considerado o show man, o artista da festa.

Universo IPA - É neces-sário ter toda a “paraferná-lia” de som (amplificador, mesa de som, CDJ´s, caixas de som) ou posso simples-mente ter um notebook com uns 40 GB de música e ofe-recer serviço de som?

Irigaray - Existe espaço pa-ra todos. o que importa é você fazer melhor do que aqueles

que estão aí na ativa; os ruins somem, os bons ficam, os óti-mos ganham seu lugar, como em qualquer mercado. Quem dormir ou mesmo tirar uma so-neca pode perder seu trabalho rapidinho.

Pintaúde - Acho necessário ter a aparelhagem e acredito que sem ela se perca um pou-co do brilho, embora muito já se use o notebook, que tem si-mulador de cdj, luz e efeitos.

Universo IPA – As muitas músicas dos anos 70 e 80 têm voltado em alto estilo nas danceterias, aniversá-rios, casamentos e outros gêneros, porém com batidas e ritmos diferentes. Como tem sido a adesão a esta no-va característica?

Irigaray - Acho importante e uso freqüentemente novos remixes no meu trabalho.

Pintaúde - dá certo, eu gos-to bastante e o pessoal também gosta, estão com uma roupa-gem nova, isto é, muito bom.

Universo IPA - A profis-são é regulamentada? Exis-te um sindicato?

Irigaray - não existe sindica-to, mas é regulamentada pela de-legacia regional do trabalho.

Pintaúde - desconheço um sindicato dos dj´s.

Universo IPA- Quanto ga-nha um DJ?

Irigaray - um iniciante ga-nha ao torno de r$ 800 ao mês; um dj top pode receber até um milhão de dólares ao mês.

Pintaúde - depende dos locais onde atua. Em eventos pequenos, em média de r$ 800 a r$ 1.000. Em eventos maio-res o valor também será maior, pois pode envolver até mais profissionais e auxiliares.

Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de �008 9Cultura

dj’s

Os donos da festa

Eduardo Irigaray no embalo da noite

Fotos: Filipe Borges

Equipamentos ajudam a produzir som de qualidade

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D

10 junho de �008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Educação

inaugurada em �6 de agosto de �006, a Biblioteca Central guilherme mylius está instalada no Centro universitário metodista, do iPa, em Porto alegre e funciona em regime de �4 horas, inclusive aos sábados, domingos e feriados, atendendo alunos, professores e a comunidade em geral.

Jaqueline Cavalini e Jarbas Brito

de acordo com a coordena-dora geral das bibliotecas da re-de metodista de Educação, Gar-dênia de castro, a Biblioteca central funciona 24 horas, em um prédio cuja construção data de 1923 e que antes serviu de internato para os alunos do an-tigo instituto porto Alegre. A construção foi totalmente res-taurada, tendo sido mantidas as características originais, tais co-mo a fachada, composta de blo-cos de pedras e as duas saca-das sustentadas por imponentes colunas e que realçam o visual arquitetônico da construção.

Em seus três pavimentos, numa área de 1.622,90 metros quadrados, encontra-se o acer-vo de livros e periódicos, bem

como os espaços destinados ao acesso a catálogos on-line e internet, balcão para atendi-mento geral e guarda-volumes. Há também de salas de leitura e estudos, com um mobiliário moderno, compondo ambien-tes acolhedores.

Quanto ao acervo, informa a coordenadora, a Biblioteca conta com 55 mil volumes e inclui livros, periódicos e ma-teriais especiais. também re-lata que “para institucionalizar o acesso às suas dependên-cias e o uso do material pela comunidade, foi editado o re-gulamento das bibliotecas, fi-xando em um instrumento legal as regras objetivas para os usuários”.

para o atendimento duran-te as madrugadas, explica Gar-dênia de castro, o ipA mantém o portão principal permanente-mente aberto, com controle de acesso aos interessados, me-diante identificação.

CULtURA DENOVOS HÁBItOS

o funcionamento em tempo integral da Biblioteca cen-tral contribui para a implanta-ção de novos hábitos entre os estudantes. Alunos que traba-lham durante o dia, contam

com o horário de atendimento, após as 23h para realizar tare-fas escolares.

na busca de leitura e pre-paração para as provas finais, a estudante de Fisioterapia da unidade central, Brasília, 42 anos, e que também é mãe de uma aluna do centro univer-sitário, diz que até pouco tem-po desconhecia a possibilida-de de acessar a biblioteca a qualquer hora do dia e da noi-te, e inclusive nos finais de se-mana e feriados. para ela, a iniciativa é louvável porque fa-cilita a vida acadêmica daque-les que dispõem de curto es-paço de tempo para ler e pes-quisar as matérias.

É essa também a impres-são dos estudantes cléber Germain e Guilherme Fachi, alunos do curso de engenha-ria elétrica da pontifícia uni-versidade católica do rio Grande do sul. “se eu estives-se em casa, não teria disposi-ção de abrir os livros e cader-nos para estudar, como estou fazendo aqui, neste lugar apro-

priado que é a biblioteca”, des-tacou cléber, em depoimento dado à reportagem no domin-go, dia 22 de junho, às 10h da manhã, sob uma temperatura de 10 graus, enquanto se pre-parava, na sala de leitura da Biblioteca central, para os seus exames de final de se-mestre.

BAIXOS íNDICESDE LEItURA

dados obtidos por pesqui-sas recentes apontam que a maioria dos brasileiros que al-cança os bancos das univer-sidades, costuma ler menos de dois livros durante a sua vida escolar. são pessoas que chegaram à idade adulta sem conhecer as obras clássicas da literatura brasileira e muito menos os textos básicos e necessários para a aprovação nas provas para ingresso em um curso superior. Assim, tam-bém, os estudos revelam o despreparo dessa população que não tem o hábito da lei-

tura para o ingresso no mer-cado de trabalho, cada vez mais disputado.

íNDICE DECRIMINALIDADE

na opinião de autoridades públicas da área de segurança, e de estudos realizados no âm-bito do direito penal, a existên-cia e a disponibilidade de aces-so da comunidade em geral, e não só a acadêmica, a locais como a Biblioteca do ipA, po-dem influenciar e contribuir pa-ra a redução dos índices de criminalidade no Brasil. “se aos jovens for oferecida a opção de locais dessa natureza, nos quais disponham de espaço para ler, pesquisar e estudar, certamente ficarão menos tem-po na rua, menos expostos a todo tipo de más influências que via de regra os levam a de-linqüir” – destaca o jovem ad-vogado Gabriel Hernandez, 23 anos, morador da capital e fre-qüentar assíduo da biblioteca do ipA.

MAIOR DIVULGAçÃO

Alguns depoimentos colhi-dos ao longo da preparação desta reportagem apontam para a necessidade de maior divulgação dos atendimento 24 horas oferecido pela Biblio-teca central Guilherme mylius, É o caso, por exemplo, da ser-vidora pública, formada em letras pela puc, tradutora e intérprete dos idiomas francês e alemão, sônia Butteli coim-bra, 49 anos, moradora da ca-pital. Ela demonstrou surpresa ao saber da existência de uma biblioteca 24h em porto Ale-gre. “confesso que a iniciativa é muito importante para a nos-sa cidade e para todos que vivem aqui. na minha opinião, entretanto, esse fato precisa ser mais divulgado pelo ipA. Assim, vai permitir maior utili-zação e despertar na comuni-dade o hábito saudável da lei-tura, a qualquer hora do dia e da noite”. E complementou: “vou divulgar para todos os meus amigos”.

maurício Costa é um diplomata com atuação no ministério das relações exteriores. sua preparação à carreira diplomática aconteceu, em grande parte, na Biblioteca Central guilherme mylius, onde, além do espaço físico, fez uso do acervo bibliográfico necessário.

Estudante de escolas públi-cas e egresso da uFrGs, onde cursou letras, afirma ter cres-cido na classe d e superado muitas dificuldades materiais e pessoais para se tornar um di-plomata. para ele, “a Biblioteca do ipA é um diferencial da co-munidade acadêmica de porto Alegre que precisa ser mantido, estimulado e copiado por todas as instituições sérias”.

Universo IPA - Sabemos que você enquanto se pre-parava para o concurso do Instituto Rio Branco, utilizou o atendimento 24h da Biblio-teca Central do IPA? Como foi essa experiência?

Mauricio Costa - Foi fun-damental para a minha prepa-

ração. não havia em porto Ale-gre lugares adequados e dispo-níveis para estudo aos finais de semana. Quando soube que havia uma biblioteca com ser-viços 24h no ipA, não acreditei. depois pensei que fosse so-mente para os alunos de suas faculdades. para minha grande surpresa e satisfação, naquela época, fui recebido no ipA de forma mais cordial e prestativa do que em muitas universidades públicas. poder estudar aos sá-bados, domingos e feriados, sem hora para começar e ter-minar, é tudo o que precisa um candidato ao concurso de ad-missão à carreira de diplomata, um dos mais difíceis, senão o mais difícil do país. tenho mui-to a agradecer ao ipA. Embora eu não tenha estudado nem me formado em uma das suas fa-culdades. sem o ipA não teria chegado aonde cheguei.

Universo IPA - Qual o pe-ríodo que você utilizou a Bi-blioteca Central?

Mauricio - utilizei a Biblio-teca especialmente nos verões de 2006 e 2007, durante a fase intensiva de preparação às vés-

peras do concurso, aos sába-dos, domingos, feriados e dias de semana. muitas vezes per-manecia estudando até o início da madrugada.

Universo IPA - O que vo-cê achou do atendimento?

Mauricio - o atendimento sempre foi muito bom. só tenho

elogios para a biblioteca.

Universo IPA - Você en-tende que essa experiência deva ser incentivada e que outras instituições também ofereçam esse tipo de ser-viço tanto a comunidade acadêmica quanto a comu-nidade em geral?

Mauricio - sem dúvidas. um serviço como vem sendo prestado não pode ser medido em retorno financeiro ou custos. o incentivo ao conhecimento e ao estudo não tem preço. A Bi-blioteca do ipA é um diferencial da comunidade acadêmica em porto Alegre, que precisa ser mantido, estimulado e copiado por todas as instituições sérias. Enquanto eu estudava presen-ciei mais de uma vez, em do-mingos, os pais passeando com os filhos para mostrar a biblioteca. onde mais isso po-deria acontecer? Acho que a Biblioteca do ipA é motivo de orgulho para porto Alegre.

Universo IPA- Essa práti-ca de bibliotecas 24h pode ou deve ser adotada pelo po-der público aos cidadãos?

Mauricio - não tenho a me-nor dúvida de que essa iniciativa deve ser adotada pelo poder pú-blico. no Brasil, educação é es-sencialmente oferecida pelo Es-tado, especialmente em nível fundamental e médio. são nes-ses níveis que o esse serviço de-veria ser provido para incentivar as novas gerações a superar as

inclusão nA práticA

Biblioteca Central Guilherme Mylius

Um invejável espaço acadêmico

“Sem o IPA não teria chegado aonde cheguei”, diplomata Maurício Costa

Arquivo pessoal

dificuldades e a compreender a importância de educação e cul-tura para o seu futuro.

Universo IPA - Qual a men-sagem você deixa aos nos-sos leitores?

Mauricio - Em primeiro lu-gar, gostaria de agradecer ao ipA por ter oportunizado o uso de suas instalações e de seu acervo. numa cidade como porto Alegre, onde a dificuldade de preparação era grande de-vido à falta de bons cursos pre-paratórios à carreira diplomáti-ca, o serviço prestado pelo ipA fez toda a diferença. Essas di-ficuldades me estimularam a aceitar o convite para auxiliar na preparação do curso Atlas, de porto Alegre, voltado à forma-ção de candidatos ao concurso do instituto rio Branco.

Aos alunos do ipA, esclare-ço e estimulo a prestarem o concurso, pois a carreira diplo-mática não é inalcançável e nem mesmo é somente para “elei-tos”. Estudei minha vida inteira em escolas públicas no subúr-bio, cresci na classe d, superei muitas dificuldades materiais e pessoais e, mesmo assim, me tornei diplomata. Estimulo a to-dos, que se interessam ou so-nham com essa carreira, que se dediquem à preparação.

Arquitetura preservada

jarbas Brito

Os alunos da PUCRS, Cléber (E) e Guilherme

jarbas Brito

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em agosto de �005, o prefeito de Porto alegre, josé Fogaça, ex-aluno e professor do iPa, inaugurou a Biblioteca Central guilherme myllius e os serviços �4 horas. decorridos três anos, fala com entusiasmo, e até de forma poética, sobre a importância deste acervo cultural na construção do bem comum na nossa sociedade. e lembra que além de prefeito é o “guardião da chave da Biblioteca”.

Universo IPA - Na sua vi-são, qual a importância da Biblioteca para Porto Ale-gre, considerando que é a única do Brasil em funcio-namento nesse regime de 24h, e uma das únicas do mundo?

José Fogaça - o ipA ofe-rece à sua comunidade acadê-mica e à cidade algo realmente inédito e inovador: uma biblio-teca 24 horas. É de fato extra-ordinário e fantástico para o ambiente cultural e intelectual da cidade. não sei, se outra ci-dade brasileira, mesmo falando das grandes capitais, oferece um serviço cultural desse tipo.

tenho feito referência a es-se fato em palestras que dou em outras cidades do Brasil e do mundo. por outro lado, so-mos a cidade da Feira do livro mais tradicional do país. jun-tando uma coisa com a outra, percebe-se que a Biblioteca do ipA vem corroborar uma índole da nossa cidade, esse amor inusitado pela leitura e pelo livro.

como prefeito, e como guar-dião da chave da Biblioteca 24 h do ipA, me sinto muito orgu-lhoso de tudo isso.

Universo IPA - A iniciativa do IPA de manter um serviço dessa natureza não deveria ser copiada por outras ins-tituições de ensino tanto pri-vadas quanto públicas e, até mesmo estimular que o po-der público crie uma rede de bibliotecas 24h espalhadas por Porto Alegre?

Fogaça - É, sem dúvida, uma iniciativa inspiradora. o exemplo está aí. É um hábito saudável usar as horas fugidias da madrugada para ler, quando não se pode dormir. talvez a cidade não comporte uma re-de, mas a simples existência de uma biblioteca, aberta 24 horas já é um fator de diferen-ciação. precisamos incentivar e estimular a que as pessoas em seus horários disponíveis, em horas ou desoras, usem o seu tempo para o hábito da lei-tura. A biblioteca também é um lugar de encontrar amigos, de ver pessoas e estabelecer bons e civilizados hábitos sociais de convivência.

Universo IPA - O estímu-lo ao hábito da leitura, do estudo, colocando serviço permanente para a popula-ção, poderia evitar a esca-lada da criminalidade, pro-porcionando às pessoas, especialmente aos jovens, uma opção em suas vidas?

Fogaça - concordo plena-mente. Acho que isso fica cla-ro na minha resposta à pergun-ta anterior.

Universo IPA - Como ex-aluno e professor do IPA, poderia deixar uma mensa-gem final para os nossos leitores?

Fogaça - se eu ainda fos-se professor do ipA, como fui aos vinte e poucos anos de idade, talvez convidasse meus alunos, suas namoradas, mi-nha mulher, e mais alguns bons e queridos amigos para um encontro na biblioteca, tal-vez num sábado ou sexta à noite, para – quem sabe – to-dos procurarmos alguma coi-sa de Fernando pessoa. Após isso, provavelmente, podería-mos concluir a noite em torno de uma mesa, confraternizan-do e cada um comentando o que viu, leu e o que o fez sur-preender-se, nos textos sem-pre surpreendentes de Fer-nando pessoa. se não Fernan-do pessoa, quem sabe alguma coisa do nejar, ou do carpine-jar? nos livros está o refúgio para a nossa angústia, o con-solo para a nossa perplexida-de, nesses tempos difíceis e incompreensíveis que vive-mos. Quem sabe se ler e con-versar sobre o que lemos não seja uma forma de nos tornar-mos mais humanos e mais pró-ximos uns dos outros?

E

Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de �008 11Educação

o escritor moacyr scliar, nascido em Porto alegre em 1937, morador do bairro rio Branco na Capital, é um dos entusiastas freqüentadores da Biblioteca com atendimento �4 horas do iPa.

Em sua biografia, se des-taca também como médico, especialista em saúde pública e doutor em ciências pela Es-cola nacional de saúde públi-ca. mas scliar se sobressai entre os gaúchos por ser o ocupante da cadeira de nú-mero 31 da Academia Brasi-leira de letras, o que muito orgulha seus conterrâneos. sua obra literária inclui 74 li-vros em vários gêneros e suas obras foram publicadas em mais de 20 países com gran-de repercussão crítica.

scliar coleciona prêmios, e dentre eles: prêmio jabuti (1988, 1993 e 2000), prêmio

Açorianos (prefeitura de porto Alegre, 1997 e 2002), prêmio josé lins do rego (Academia Brasileira de letras, 1998) e o prêmio mario Quintana (1999).

o escritor foi professor vi-sitante na Brown university (department of portugue-se and Bra-z i l ian stu-dies), e na universida-de do texas (Austin), nos Estados uni-dos, e freqüentemente é con-vidado para conferências e encontros de literatura no pa-ís e no exterior.

na entrevista que conce-deu para o universo ipA, o es-critor falou sobre sua experi-ência como usuário da Biblio-teca 24h. “A idéia de bibliote-ca 24 horas é excelente. Quando fui professor visitante nos Estados unidos sempre freqüentava as bibliotecas à noite e de madrugada. E o ipA

trouxe a idéia para o Brasil! maravilha!”, afirmou.

segundo scliar, sua inicia-tiva de procurar os serviços da biblioteca 24h foi, também, no sentido de prestigiar esse tipo de opção oferecida à co-

munidade, a exemplo do que ex is te em ou t ras p a r t e s d o mundo. scliar se de-clara “um fã” de t udo o

que o ipA faz, especialmente da iniciativa da biblioteca em regime integral.

INICIAtIVAMULtIPLICADA

como homem de letras, que já viajou e conhece vários luga-res do mundo, scliar entende que a biblioteca em tempo in-tegral deveria se estender a to-do o país, inclusive com o au-xilio e o estímulo do poder pu-

rEGimE intEGrAl

Scliar, um ilustre usuário

Iniciativa inspiradora

“Tudo o que colocao livro mais perto

do leitor, tudo o queneutraliza droga eviolência, deve ser

prestigiado”.Moacyr Scliar em foto oficial da Academia Brasileira de Letras

Biblioteca garante acesso aos bens culturaisa Biblioteca Central guilherme mylius, com atendimento �4 horas, é um serviço especial destinado para toda a comunidade e possibilita o usuário freqüentá-la no horário que mais lhe convém, inclusive após o término do período noturno.

Este diferencial, em relação às demais bibliotecas, de acordo com a reitora Adriana rivoire menelli de oliveira, “identifica o caráter cultural da rede metodista do sul e está fundamentado no princípio que garante o acesso amplo aos bens culturais”.

Várias bibliotecas na Eu-ropa abrem 24 horas, mas com auto-atendimento, onde o usuário se identifica através de cartão magnético e faz o auto-empréstimo. não há a-tendimento humano. E res-salta: “somos uma institui-ção pioneira no rio Grande

do sul, mas já existiram ou-tras com funcionamento 24 horas por curtos períodos”. seguindo o exemplo do ipA, outras instituições metodis-tas estão garantindo acesso amplo aos bens culturais, co-mo é o caso da biblioteca Zula terry, do instituto meto-dista izabela Hendrix, em mi-nas Gerais, também com atendimento 24 horas.

na sua visão como reitora, a biblioteca com serviços 24h está de acordo com a missão da universidade, promotora de educação e explica: “conso-lidamos o conhecimento da comunidade acadêmica e ge-ral, contribuímos para a me-lhoria do ensino, pesquisa e extensão, ao oferecer serviços e atendimento de qualidade através deste espaço aberto em tempo integral”.

Quanto à divulgação da Biblioteca central e dos ser-viços disponíveis 24 horas, a reitora explica que há visitas orientadas, as quais ocorrem

a cada início de semestre, com alunos e professores. também destaca que a mídia está sempre presente com matérias e reportagens sobre a biblioteca.

SERVIçOS SEMFINS LUCRAtIVOS

o ipA mantém o serviço de acesso à biblioteca 24h de for-ma gratuita, tanto para a co-munidade acadêmica quanto para a comunidade em geral. As bibliotecas sempre estive-ram presentes nas escolas e universidades e se constituem num “complemento do ensino e aprendizagem”, sendo para muitos, o “coração da univer-sidade”. Adriana também en-fatiza que “a instituição não busca fins lucrativos, porém, estabelece em regulamentos o que deve ser observado e cumprido pelos usuários, aca-dêmicos ou não, para que a prestação de serviços acon-teça de forma organizada”.

Reitora do Centro Universitário Metodista do IPA, Profa. Adriana Rivoire Menelli

Fogaça na inauguração da Biblioteca Central Guilherme Mylius

ivo Gonçalves/pmpA

Arquivo ABl

blico. também sugere a implan-tação de redes espalhadas pelas cidades, o que poderia contribuir também para diminuir a violência nos grandes centros urbanos. “sem dúvida. tudo o que coloca o livro mais perto do leitor, tudo que neutraliza droga e violência, deve ser prestigiado”.

Ao analisar a importância da Biblioteca central e dos servi-ços 24hs mantidos pelo centro universitário metodista, moacyr scliar, revela: “minha admiração pelo ipA cresce a cada dia. pa-rabéns!”

Feu Antunes

A denominação atribuída à Biblio-

teca Central Guilherme Mylius é uma ho-

menagem ao primeiro reitor brasileiro do

Colégio União, de Uruguaiana, hoje Insti-

tuto União de Uruguaiana da Igreja Me-

todista. Guilherme Mylius exerceu suas

funções de 1937 a 1940. Até então a rei-

toria era ocupada por norte-americanos.

O Colégio União é a mais antiga institui-

ção de ensino metodista do Brasil.

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P

qüilidade é fundamental no es-paço conquistado, explica jau-ri. para ele, esse espaço é um legado, “uma herança que re-cebemos e que passaremos para as futuras gerações. não há uma hierarquia, e sim res-peito entre os integrantes da tribo”.

para jauri, fazer parte de uma tribo é ter voz ativa, “a gen-te se sente mais forte”. também revela que não há rivalidades entre outras tribos. o único pro-blema para eles é a fiscalização em determinados lugares, que os proíbem de expor os seus trabalhos.

o estudante césar Alberto manoel, 28, faz parte do estilo cosplay, que é uma abreviação de “costume player” (fantasia em inglês). os integrantes des-sa tr ibo, conhecida como otakus, se caracterizam e in-terpretam seus personagens prediletos do desenho japonês: mangá e animê. usam desse estilo como hobby qual césar afirma não abrir mão.

desde 2002, o estudante freqüenta os even-tos cosplay, que aconteciam rara-mente, mas hoje com a “capitaliza-ção” desse estilo, têm maior divulga-ção.

os quadrinhos japoneses como: samurai X e dra-gonball, ainda cha-mam a atenção de jovens para essa nova tribo, e foi atra-vés deles que césar começou a aderir a esse hobby.

Apesar de usa-rem as vestimentas extravagantes, mas

confeccionadas com muitos detalhes e “amor”, tudo para representar os seus ídolos da melhor forma possível, césar afirma: “temos um lugar onde nos encontramos para conver-sar, mas usamos roupas nor-mais. só vestimos as fantasias durante os eventos”.

O VISUAL KEI

o estilo Kei, vindo da ásia, aos poucos está conquistando o ocidente e transformando a moda. o visual Kei é um movi-mento musical que surgiu no japão em 1980. os jovens des-sa tribo priorizam um estilo de roupas peculiar, usam roupas de couro, estilo cabedal, de napa e blasers estilo rococó, além de cintos de liga e corpetes. E não abrem mão da maquiagem, tan-to os homens quanto as mulhe-res. curtem desde rock até mú-sica clássica. E dentre as ban-das adeptas a esse estilo estão os Xjapan e tokio Hotel.

todos se definem como sombras e se dão o direito de amar a quem quiser. lembram um pouco os emos (abreviação do inglês emotional). será essa a renovação ou a evolução?

1� junho de �008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Comportamento

cArAs E BocAs

A galera que faz as tribos urbanas

as tribos urbanas invadem as cidades grandes e pequenas e estabelecem redes de amizades a partir de interesses e afinidades. agregam jovens de acordo com as idéias, pensamentos, hábitos e modo de vestir. são ramificações que abrem um leque de opções esão responsáveis por movimentos culturais que fizeram e fazem a história. afinal eles só querem ser ouvidos!

Clarissa Madalozzo Simões Pires

pertencer a uma tribo, ex-plica o psiquiatra josé outeiral, autor do livro “Adolescer”, em entrevista ao universo ipA, “é tanto um modismo como algo sociocultural. E seria essa a for-ma de uma fuga individual pa-ra o coletivo; a busca de uma identidade grupal que acaba abrindo mão, por vezes, da identidade pessoal”. outeiral explica que a família passa a exercer uma influência menor do que o grupo ou tribo, uma vez que alguns jovens, por se sentirem perdidos ou carentes dentro de casa, acabam bus-cando fo ra do contexto familiar uma influencia do grupo.

para alguns jo-vens com boa situ-ação financeira, re-lata o psiquiatra, a tendência será fa-zer parte de um grupo com essa mesma caracterís-tica. mas cada tribo corresponde, de uma maneira geral, às condições eco-nômicas e cultu-rais, existindo, tam-bém, algumas mais violentas como os “skinhead”, (os ca-beças peladas), que surgiram na década de 60, no reino unido.

o objetivo dos jovens que fazem parte de uma tribo, na vi-são analítica de outeiral, visa buscar identificações e ter o sen-timento de pertencer a um gru-po. Eles não fazem isso pelos outros, mas para si próprios.

O QUE ELES PENSAM?

“nem sempre tenho o meu estilo definido, mas mantenho o desejo de ser diferente”, re-vela Ana laura Eltz da silva, 22 anos, que se define como “al-ternativa” e mantém o antigo estilo clubber que nos anos 90 esteve no auge, embalado com a música do gênero techno, tí-

pica de uma cultura noturna. os jovens desse estilo gostam de usar roupas extravagantes e acessórios coloridos.

Ana revela que sempre gos-tou de pessoas diferentes e mu-sicas fora das paradas de su-cesso, “o que é um tanto ridí-culo porque na época em que

eu fui clubber, gos-tar de música ele-trônica, que não fosse dance da jo-vem pan, ter pier-cing no nariz e chu-par pirulito na noite era coisa de gente louca e excluída, e isso já em 1998”.

Ana acredita que a roupa é uma ca-racterística de iden-tidade dos grupos e também afirmou que existem algu-mas rivalidades en-tre as tribos, mas que sempre aceitou bem novas pesso-as, e justificou: “até

porque patricinhas e maurici-nhos não se interessavam pela minha tribo, justamente por ser-mos excluídos. Ela também compara os jovens de hoje com os de sua é época, “a maioria da gurizada hoje em dia é por influência. É só passar na hora do intervalo do colégio rosário que se vê os gurizinhos de 12 anos com piercing no lábio, ves-tidos como o 50 cent (banda de hip-hop americana). na minha época, legal era ser igual ao Kelly slater”.

Apesar de não ser mais uma fiel adepta ao estilo clubber, Ana ainda mantém vinculo com a an-tiga tribo e acredita que sua ide-ologia sempre foi ser feliz, não importando a cor do cabelo, rou-pas, piercing ou tatuagens.

já o skatista Bruno r. re-ppold, 27, disse fazer o estilo mais esportista e urbano, mas sempre mantendo as tendên-cias da moda. A tribo do skate é uma ramificação do surf e sur-giu nos anos 60, na califórnia (EuA), quando o surf reinava. porém, durante as marés bai-xas, os surfistas eram impossi-bilitados de exercer o esporte e surgiu, então, a idéia de fazer das pranchas, um divertimento

que invadiu as ruas e ficou co-nhecido como skate.

Bruno, que é assíduo fre-qüentador do parque marinha do Brasil, e muito já usou as pistas de skate, acredita que não se escolhe a tribo que se vai integrar, “simplesmente faço parte de uma tribo por afinidade e semelhanças: gosto em co-mum”. para o skatista, integrar uma tribo resulta da influência de amigos e do bom relaciona-mento, também, com outras tribos.

p a r a a a d e p t a d o “samba raiz”, carolina ma-dalozzo s. pi-res, 22, a sua tribo se cons-titui num mo-vimento que carrega toda a história do Brasil. para ela “todo o samba tem uma men-sagem subliminar, e não é à toa que carrega o nome de grandes ícones da música e da cultura brasileira”.

o ‘samba’ significa umbigo em quimbundo, língua de An-gola, e sua origem é afro-baia-no, com tempero carioca. nas-ceu na influência de ritmos afri-canos que foram adaptados para a realidade dos escravos brasileiros e, ao longo do tem-po, sofreu inúmeras transfor-mações de caráter social, eco-nômico e musical, até chegar às características de hoje.

carolina revela que entrou nessa tribo através de amigos e que nela persiste pela quali-dade do samba. Ela afirma que existem limitações para receber novos integrantes, uma vez que tanto o samba canção (um ou-tro estilo do samba), quanto o

samba raiz são pouco conhe-cidos pelo público jovem de hoje. com o surgimento do “pa-gode”, que significa “reunião de pessoas com uma boa musi-ca”, afirma a adepta do “samba raiz”, o samba ficou descarac-terizado e confundiu-se com outros estilos musicas.

carolina comenta que existe uma exigência em relação ao in-gresso de pessoas na tribo, e explica que é necessário “conhe-cer o samba”. Ela também fala

do preconcei-to das classes mais a l tas , mas af i rma que a ideolo-gia da tribo é manter uma “boa música”. E c o m p l e -m e n t o u “ o samba carre-

ga de certa forma, uma mensa-gem popular, seja de história, sentimento ou religião (terrei-ro)”.

Angiane Bastilho Vargas, 20, não se intitula junk, grunge, metaleira, gótica, new metal ou emo. Ela é uma fiel adepta ao rock punk não pela forma de vestir, mas pelas letras das mu-sicas e o estilo próprio, sem convenções nas palavras.

o movimento punk ocorreu no fim da década de 70 e a primeira manifestação do esti-lo punk rock, ocorreu nos EuA, em 1974, num show do the ramone e, em menos de um ano, ganhou ramificações na inglaterra.

Angiane defende a liberda-de de expressão e confessa que já sofreu influências de ami-gos, como na época em que escutava a banda de rap os ra-cionais e samba. Hoje, ela se-gue a ideologia da tribo que é anti-capitalista, anti-modismo e sem regras. mas não é qual-quer um que entra nessa tribo. É preciso que se faça um reco-nhecimento para ver se a pes-soa conhece o rock ou se não é “vítima da modinha imposta pela mídia”.

Angiane não se sente des-locada da sociedade, mas acredita que ela é capaz de deslocar qualquer um, de qual-quer estilo, dependendo do lo-

cal que se está e complemen-ta: “Eu não obrigo ninguém a ouvir o que eu gosto de curtir, e nem por isso quero que fa-çam o mesmo comigo. se me convidarem pra ir numa festa é outra coisa, eu vou decidir se vou ou não”.

o casal de hippies, mabel campos, 24, e jauri Antônio lu-cas, 36, defen-dem a coletivida-de. A forma de tratamento entre os integrantes do grupo, revela jau-ri, é como de uma grande famíl ia, apesar de muitas vezes a famíl ia b i o l óg i ca não aceitar por com-pleto esse estilo de vida. “Assumi-mos uma postura e decidimos ser o que queríamos”. o modo de sobre-vivência da tribo privilegia a arte e mantém a es-sência do estilo aventureiro “hi-ppie de ser”.

o movimento hippie surgiu nos anos 60, caracterizado por protestos e, em especial, con-tra a guerra do Vietnã. A forma de sobrevivência comunitária privilegiava a produção de bi-juterias e artigos artesanais. pa-ra o casal que valoriza acima de tudo a arte, a família, o res-peito e a coletividade, todos são bem vindos na tribo, mas é pre-ciso respeitar a “família”, como eles assim se definem. por vi-verem da comercialização de trabalhos produzidos de forma coletiva, deve haver um bom relacionamento entre os inte-grantes da tribo hippie e a tran-

Banda Tokio Hotel: a nova tribo vinda da Ásia, estilo Kei, “as sombras que amam demais”

http://modaonline.blogs.sapo.pt/21673.html

Tribo hippie

Tribo punk

Tribo do samba

Tribo skatista

Otakus: inspirados por desenhos japoneses como os Narutos Tribo clubber

Filmes

Clubber - A Festa Rave (2000).hippie - Woodstock (1970).

Punk - Punk: Attitude (2005).samba - Paulinho da Viola - Meu

Tempo É Hoje (2003).skinhead - A Força Branca (1992).

skatistas - Vida Sobre Rodas previsto para 2008/2009).

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S

Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de �008 13Comportamento

cÉu E inFErno

O pecado mora ao lado, bem ao lado

o centro de Porto alegre é um local de múltiplos ambientes e muitos contrastes, uma prova disto está na avenida júlio de Castilhos onde um cinema pornô está localizado ao lado de uma igreja evangélica. dois ambientes completamente opostos que convivem pacificamente quase porta a porta.

Diego Ramos, Edimar Blazina e Germano Beskow

se você procura um encon-tro com deus pelas ruas da ca-pital, tenha cuidado, pois com alguns passos a mais você po-derá entrar em um dos cinemas eróticos de porto Alegre. o ci-ne Atlas, vizinho da igreja inter-nacional da Graça de deus, que está há cinco anos na região central da cidade. A discordân-cia de pensamentos é grande, a distância física pouca, contu-do, os freqüentadores de am-bos vivem alheios a diferença.

A IGREJA

A igreja da Graça surgiu na cidade de são paulo em 1980. Fundada pelo missionário ro-mildo ribeiro soares, o rr so-ares, após uma dissidência com seu cunhado, o bispo Edir macedo, da igreja universal do reino de deus. com um total de 16 templos espalhados por porto Alegre, o centro foi sele-cionado para ser a sede da ins-tituição no estado.“Escolhemos o centro pela fácil localização”, diz o pastor auxiliar ismael Bo-merish, 31 anos.

OS VIZINHOS

o que causa estranheza, a primeira vista, não é o local em si, mas sim os arredores do pré-dio. Além do cinema pornô exis-tem outras duas boates de sho-ws eróticos a uma quadra do templo. “isso não nos incomo-da, a nossa missão é buscar a salvação destas pessoas, quan-to mais freqüentadores destes lugares entrarem aqui, mais pessoas serão salvas”, explica a pastora neloci Bayer, 48, es-posa do pastor presidente do

Fotos Germano Beskow e Edimar Blazina

Entre o céu e o inferno: a fachada dos prédios mostra o contraste no centro de Porto Alegre

sessÃo de CinemaSábado, centro de Porto Ale-

gre, 15h. Pessoas passam pela

rua correndo e atrasadas como

é comum a esta região. Dentro

de uma sala de cinema, na ave-

nida Júlio de Castilhos, aproxi-

madamente 15 pessoas estão

reunidas assistindo ao final do

filme “Sexo Grupal na 69” . O

ambiente é apenas iluminado

pela luz vinda da tela. Ao final

da sessão, há uma movimenta-

ção para o show de sexo explí-

cito, com um casal contratado.

O público aumenta com a che-

gada de mais dois homens. A

apresentação se inicia e, após

algum tempo, enquanto a dupla

atua no palco, os espectadores,

animados, se encorajam fican-

do mais desinibidos. Com o final

da apresentação o público se

dispersa deixando a sala vazia,

enquanto novos freqüentadores

chegam a espera de mais uma

sessão.

um CultoO culto da Igreja da Graça

teve início às 14 horas. Antes

do começo, músicas evangé-

licas foram tocadas para pre-

parar o espírito dos fiéis, que

não lotavam o local, mas ocu-

pavam boa parte das cadeiras.

O público freqüentador do local

é bem variado, desde crianças

até idosos vão à igreja, alguns

trazem fotos de familiares para

que estes possam receber uma

benção, além de darem depoi-

mentos fervorosos que exaltam

Jesus e Deus; toda vez que uma

graça é alcançada, aplausos

ecoam por toda a parte. Com

frases que motivavam os fiéis

como “o capeta já era”, a pas-

tora que ministrou o culto uti-

lizava gestos semelhantes aos

feitos pelo fundador da igreja,

RR Soares, na televisão, fala-

va calmamente e de um modo

descontraído. Após meia hora

de pregação da palavra de Deus

e emocionada participação dos

presentes, a reunião se encerra,

contudo, ainda permanece uma

fila de pessoas para um aconse-

lhamento com a ministra, ou um

de seus auxiliares.

diego Barbosa

Pastora incentiva os fiéis durante o culto com palavras de ordem: “Você vai arrebentar meu irmão”

Ao lado do templo o cinema vende seus filmes e shows eróticos sem inibição e preconceito

Edimar Blazina

templo. Questionada se no mo-mento da escolha do local a ser estabelecida a igreja, foi consi-derada a presença destes es-tabelecimentos ao redor, a pas-tora responde: “não, mas aca-bou sendo até estratégico, pois, como disse, a missão é mostrar o caminho a essas pessoas e convencê-las de que estão er-radas”, informa neloci. o auxiliar israel mostra o mesmo ponto de vista: “nós oramos para que todas as pessoas que freqüen-tam esses locais possam se converter também” conclui.

O CINEMA PORNÔ

se a função da igreja, se-gundo sua liderança, é a salva-ção das almas, o mesmo não se pode dizer de seu vizinho: o cinema pornô. “Eu venho aqui

é pra me divertir”, diz josé (no-me fictício), ao sair de uma ses-são no cine Atlas. diferente dos dois mil freqüentadores diários da igreja da Graça, o cinema tem pouco movimento. “Vejo pouca gente entrar ali por dia” revela u.s., 49, que trabalha próximo ao local. Ainda segun-do ele, o público está acima dos 40 anos “Entra muito velho, às vezes uma gurizada, mulher é muito raro” relata.

MUItOS HOMENS, POUCAS MULHERES

um fato curioso sobre o Atlas é a grande presença de homens sendo que mulheres, quase não freqüentam o local. segundo a psicóloga Ana léa mendes, 42, esse é um com-portamento característico da

mulher, “A atração feminina não é visual, dificilmente a mulher vai em busca de sexo por sexo, não faz parte da cultura femi-nina”. já a presença de homens mais velhos é explicada como uma busca de uma realização, “nas gerações mais antigas, poucos têm coragem de reali-zar suas fantasias com a espo-sa, por exemplo, por isso bus-cam alternativas como esses cinemas”, conclui.

A PRESENçAHOMOSSEXUAL

outra peculiaridade do ci-nema é a presença de homos-sexuais em um ambiente teori-camente heterossexual. sites como o da onG nuances e o “Guia Gay Brasil”, indicam o Atlas como local de encontro

para gays. A explicação para o fato vem de um usuário da co-munidade “cine Atlas, áurea e Apolo Gls” na página de rela-cionamentos orkut. indagado sobre a presença de homosse-xuais em um lugar voltado para o público heterossexual, poA, como se auto denomina o ra-paz, responde: “o lugar é he-tero para atrair homens, se vai homem, tem gay” explica ele.

ISSO, SIM, INCOMODA

Apesar da aparente confor-midade com o cinema, uma fiel da igreja da Graça revelou o que a incomodaria: “ pior que os filmes pornôs, seriam os fei-ticeiros aqui em volta”, diz Fran-ciele nunes, 25. Esse é o Bra-sil, um sincretismo superficial, contudo, pacífico.

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N

14 junho de �008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Geral

o trabalho dos agentes de saúde existe no Brasil há 15 anos. só em Porto alegre são mais de 380 espalhados por diversos postos de saúde. eles representam um elo entre a comunidade e os postos, e são vinculados às prefeituras.

Simone G. Machado

no perfil do profissional da saúde está a facilidade de se identificar com a comunidade, o gosto pela atividade e as ha-bilidades de aprender e repas-sar as informações necessárias à população, é o que revela a agente do posto nossa senho-ra Aparecida (nsA). também é preciso ter coragem para en-frentar e lutar contra todos os tipos de problemas da comu-nidade, como por exemplo, saúde, saneamento básico, sa-lário justo, entre outros.

A psicóloga e coordenadora Vera lúcia ludwig, 37 anos, do posto nsA, diz que o local é uma das 12 unidades pertencentes ao Hospital nossa senhora da conceição, vinculado ao Gover-no Federal, com uma estrutura

física restrita, sem o tamanho apropriado para o número de pessoas que moram na comu-nidade, uma vez que diariamen-te passam por lá, 80 pessoas e mensalmente 1.600.

segundo a psicóloga, o tra-balho dos agentes é fundamen-tal para ajudar a resolver proble-mas muito difíceis, como por exemplo, a redução da mortali-dade infantil e manter a qualida-de de vida no Brasil, pois a fun-ção desses profissionais é ensi-nar como ter uma vida saudável, identificar situações de risco in-dividual e coletivo, além de acompanhar e encaminhar os doentes ao posto, notificar ao serviço de saúde as doenças que necessitam de vigilantes e acompanhar todas as gestantes, entre muitas outras atividades.

de acordo com a secretaria da saúde, para se tornar um agente de saúde é preciso ter 18 anos, o 1° Grau completo, prestar concurso e morar na área onde exercerá essa profissão.

QUALIDADE DE VIDA

o trabalho dos agentes me-lhorou a qualidade de vida dos gaúchos, pois houve a redução

da mortalidade infantil na região, como foi o caso de camaquã, onde o índice de 25 óbitos por mil nascidos, caiu para cinco. sem falar que o Estado está livre de males como a doença de chagas e a hanseníase devido ao trabalho feito por sete mil agentes espalhados pelo rs. Essas informações estão no si-te www.saudefamilia.org. Ele re-vela também que a melhoria da qualidade dos programas ofe-recidos à população se deve ao relevante papel dos agentes. Graças a eles e aos outros pro-fissionais da saúde, o rs possui os melhores indicadores de saúde do Brasil. Exemplo disso é a redução do índice de crian-ças com baixo – peso que caiu de 12,06% para 06,86%, na fai-xa etária de 0 a 60 meses.

A coordenadora do posto conta que desde o início das atividades destes profissionais, os moradores demonstraram satisfação, como foi o caso de

Fabiana s. Gonçalves, 24 anos. para ela o trabalho dos agentes é de grande ajuda, porque eles passam informa-ções importantes. “no inicio não dei importância a eles, mas com o passar do tempo vi que os agentes são fundamentais em nossas vidas”.

o mesmo aconteceu com a aposentada maria ivone de souza, 59 anos. Ela ressalta que ainda existem problemas a serem resolvidos, mas que não são de responsabilidade dos agentes, pois “deles a po-pulação não tem do que se queixar”. A aposentada con-fessou que no início achava que os agentes mais atrapa-lhavam do que ajudavam. mas, depois que a agente de saúde, Greice santana começou a orientar como agir com sua fi-lha especial percebeu a impor-tância dessa profissão. sua a filha Graziela,15 anos, sofria de depressão e era sempre muito

agressiva. “depois que a agen-te de saúde começou a fazer as visitas domiciliares, e expli-cou como eu deveria agir, con-seguiu que eu falasse com um médico. também encaminhou minha filha para a psicóloga, onde ela segue o tratamento. Hoje minha filha já está bem melhor”.

RECONHECIMENtO DA COMUNIDADE

Ao relatar como iniciou a sua profissão, Greice santana conta que não sabia o que era um agente de saúde, mas a partir do momento em que per-cebeu que tinha o perfil ade-quado, começou a se preparar para enfrentar o concurso que habilita a trabalhar em postos de saúde. Ela revela que sem-pre quis trabalhar com pesso-as e ter uma atividade social com a comunidade. “As pes-soas da Vila nossa senhora

Aparecida tiveram alguma re-sistência em relação ao nosso trabalho, mas, mesmo assim, sempre nos trataram com mui-to respeito. Ao longo do tempo o povo foi percebendo o quan-to somos importantes e o quanto poderíamos ajudar a resolver seus problemas, en-tão, essa resistência foi aca-bando e foi se criando um vin-culo de confiança, respeito, carinho e de amizade entre nós”, afirma a agente.

um fato marcante de sua carreira, conta Greice, foi a confiança que uma moradora da vila depositou em seu tra-balho. Ela parou a agente na rua para contar que poderia estar grávida, e que não gos-taria de ter essa criança. Após a confirmação, voltou a procu-rar ajuda, pois desejava fazer um aborto e não sabia como. A orientação dada foi de não abortar e, mesmo assim, ela resolveu tomar um abortivo. Ao ingerir o produto, começou a passar mal tendo que ser en-caminhada ao posto.

Ao chegar, a paciente foi le-vada ao banheiro onde acabou abortando. depois disso a mo-radora foi transferida ao hospi-tal para fazer a curetagem. Após a alta hospitalar, Greice, foi visitar a paciente e percebeu que ela estava arrependida do ato que havia cometido. “A ba-se para que o nosso trabalho seja realizado com sucesso de-ve-se à confiança que os mo-radores depositam em nós”, complementa.

o trabalho que é desenvol-vido nos postos ajuda a me-lhorar a qualidade de vida dos moradores. Assim, ao receber informações em relação à saú-de, a população cria um víncu-lo maior com o posto e há maior preocupação com o bem estar das famílias, um dos principais objetivos dos agentes de saú-de, conclui a agente do posto nossa senhora Aparecida, ma-ria margarete jaskulski.

sAÚdE

A difícil missão do agente de saúde

Maria I. B. Souza, com sua neta Luize em momento de lazer

Equipe do Posto Nossa Senhora Aparecida

Fotos: simone G. machado

mEio AmBiEntE

Arquitetura sustentávelpara um mundo melhor

a bioarquitetura ou arquitetura sustentável é uma forma de planejar construções que utilizam maneiras de prevenir os impactos ambientais que podem ser gerados em uma construção. um grupo de arquitetos gaúchos usou os seus princípios básicos para reformar o prédio da nova sede do núcleo amigos da terra (nat) e tem importantes considerações a fazer sobre o tema.

Gloria Maria Alves de Oliveira e Fernanda Escouto Almeida

A arquitetura sustentável é uma nova tendência adotada por arquitetos preocupados com a preservação dos recursos

naturais. Ela surgiu na década de 70 e defende maneiras de se construir sem alterar o equilíbrio do meio ambiente, aproveitando a energia solar e eólica.

Ainda em evolução, a bio-arquitetura vem ocupado es-paços de debate onde seus adeptos divulgam seus princí-pios voltados para a melhoria de qualidade de vida das pes-soas e principalmente do meio ambiente.

para a arquiteta e urbanista, carolina Herrmann coelho de souza, uma das profissionais que participou do projeto da casa nAt, a bioarquitetura ba-seia-se na correta aplicação de elementos arquitetônicos e tec-nologias construtivas, diminuin-do, assim, os impactos destrui-dores no meio ambiente e,também, a sua carga térmica

ao poupar energia convencio-nal. Esta forma de arquitetura sempre existiu, ressalta a arqui-teta, mas, principalmente, após a revolução industrial, o homem passou a ter acesso a novos materiais, antes não produzi-dos, ou importados, incorpo-rando tecnologias que, por um lado trouxeram um grande avanço em todas as áreas do conhecimento, bem como mui-tos benefícios, mas por outro, impactaram o meio ambiente de forma imprevista.

o objetivo da arquitetura sustentável, afirma carolina Herrmann, é apenas resgatar a preocupação das pessoas em preservar o meio ambiente, pois é ele quem fornece todos os recursos para vivermos e ade-quarmos nossas tecnologias

Em um projeto sustentável,

pondera a arquiteta, leva-se em consideração os condicio-nantes locais de clima, relevo, entorno e, também, dos ma-teriais locais. E, para tanto, são considerados o ciclo de vida dos materiais, bem como as técnicas que utilizam as for-mas mais eficientes de uso da água e energia. por isso, qual-quer país pode realizar uma construção ecologicamente correta, inclusive o Brasil, aproveitando as suas riquezas naturais e também a sua mão-de-obra. “Qualquer país tem condições de avaliar a sua re-alidade e buscar soluções mais sustentáveis, principal-mente, se buscar a experiên-cia das gerações passadas,

afirma a arquiteta leticia tei-xeira rodrigues, adepta à bio-arquitetura.

o que pensa a maioria é que a construção sustentável é um projeto caro, mas isso é um equívoco, ressalta rodri-gues. na execução de um pro-jeto de obra utilizando a bioar-quitetura há tecnologias, como por exemplo o uso de energia solar térmica, além do apro-veitamento da água da chuva, cujos equipamentos não estão previstos numa obra conven-cional, o que implica num maior custo inicial, mas cujos gastos retornam em poucos anos, re-vertendo em economia de água e energia, complementa a arquiteta. A ajuda vem sim-

plesmente da consciência de cada um”, conclui.

PROJEtOS DA CASA NAt

Ao relatar os projetos nessa área, a arquiteta carolina conta que já participou do processo de estruturação coletivo da no-va sede da onG - núcleo Ami-gos da terra/Brasil (nAt), a cA-sA nAt.

letícia atuou em projetos para cooperativas habitacio-nais. E para aqueles que que-rem saber mais sobre o assun-to é só acessar os sites: www.3c.arq.br e www.natbrasil.org.br e ficar por dentro dessa forma no-va de construir sem destruir.

Sistema bioclimático do projeto desenvolvido para a nova sede da Casa Nat

reprodução

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O

a oferta de shows internacionais no rio grande do sul tem crescido significativamente nos últimos anos. isso é atribuído a vários fatores, dentre eles o surgimento de novos espaços, a queda do dólar, além da maior concorrência entre as produtoras gaúchas.

Vanessa Gonçalves

o público gaúcho muitas vezes reclama dos preços ele-vados. Atualmente, o valor máximo já pago no Estado, para shows internacionais é de r$ 500, para assistir a apresentação do ícone da música francesa, charles Az-navour. para os portoalegren-ses este valor é considerado alto, mas é necessário lembrar que muitos custos envolvem a vinda de grandes artistas.

Em entrevista à imprensa, o diretor do Grupo opinião, cláudio Favero, afirma que “o valor do ingresso praticado aqui é infinitamente menor do que em outras praças, o que faz com que a nossa rentabi-lidade seja menor, e o risco, maior. talvez por isso não ve-nham tantos shows interna-cionais para porto Alegre quanto gostaríamos”. Em são paulo os preços são mais ele-vados como o show do Bob dylan, r$ 900 e Enio morri-cone, r$ 1.500. Valores im-praticáveis em porto Alegre, considerando o poder aquisi-tivo dos gaúchos.

OS CUStOS

Além do cachê do artista, existem diversos outros custos que envolvem a vinda de uma atração ao Estado. Fazem par-te das despesas: a pré-produ-ção (mídia em jornais, panfletos, outdoor, televisão etc), além da hospedagem, transporte, ali-mentação (para abastecer o ca-marim do artista e as pessoas que irão trabalhar). soma-se a estas despesas, toda a infra-estrutura do espetáculo que in-clui iluminação, áudio, carrega-dores, sonorização, locação de

espaço, além do pós produção que envolve desmontagem, lim-peza e relatórios para patroci-nadores, entre outros. “os va-lores que se movimentam são altos, mas os custos minguam o lucro”, afirma Edgar ruther, coordenador comercial e finan-ceiro da opus promoções.

ESPAçOS GAúCHOS

os espaços gaúchos tam-bém são restritos. no ano pas-sado a opus, em parceria com a companhia Zaffari, inaugurou o teatro do Bourbon country que

já foi palco de muitas atrações e que provavelmente não viriam ao Estado por falta de local. o tea-tro comporta 1100 pessoas. “As alternativas que a cidade oferecia sempre tinha dificuldade de data, já deixamos de trazer vários es-petáculos em função da falta de local apropriado, até que o teatro do Bourbon country surgiu para preencher esta lacuna” afirma o diretor da opus promoções, car-los Konrath. A única alternativa nessa média de público era o te-atro do sesi, com lotação de 1.700 pessoas. mesmo assim, ainda faltam espaços para as su-

per produções com uma média de 10 mil pessoas. Aqui em por-to Alegre, só há o Gigantinho co-mo alternativa. também temos o pepsi on stage que comporta 6 mil pessoas um resultado da parceria entre a pepsi e a opinião produtora. já o Auditório Araújo Vianna comporta 3000 pessoas e deve retornar as suas ativida-des em 2010. o espaço estava parado desde 2005 e, após ven-cer uma licitação pública, a opus, pretende reformá-lo e poderá uti-lizar 75% das datas anuais do auditório por um período de dez anos.

POA X SP

mesmo com tanto cresci-mento no setor, porto Alegre ainda não pode ser comparada com a cidade de são paulo. isso porque a possibilidade de viabilizar shows no Estado en-volve custos muito elevados. para se trazer um espetáculo internacional ao país é neces-sário que se tenha inicialmente uma produtora nacional para coordenar as locais. dentre es-sas produtoras, as maiores do país são as paulistas. muitas vezes, alguns patrocínios são fechados apenas com a pro-dutora nacional e chega às lo-cais sem nenhuma verba. de acordo com a coordenadora de programação e comunicação da opus promoções, noemia matsumoto, “existem vários ca-minhos para a entrada de um show internacional. normal-mente é necessário que uma produtora compre um número viável de shows para trazer ao Brasil ou América do sul. Esta será a produtora nacional que fará a ponte entre as produtoras locais que trabalham em cada praça”.

Além disso, são paulo tem uma média de 15 milhões de habitantes, enquanto porto Ale-gre tem 3 milhões. já que por-to Alegre tem um número de habitantes 5 vezes menor do que a capital paulista, não su-portaria uma atividade cultural tão intensa quanto a de são paulo, onde ocorrem produ-ções de grande porte quase todos os dias.

Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de �008 15Variedades

sHoWs

Porto Alegre na rota dos internacionais

Arte sobre fotos extraídas dos sites da produtoras gaúchas

Vanessa Gonçalves

OPUS PROMOçõES

A opus atua no Estado desde 1976. É a produtora que mais trouxe espetáculos internacionais ao rio Grande do sul. dentre as atrações se destacam: the cure, rBd, Zucchero, jethro tull, B.B. King, Village people, Kaiser music com deep purple, se-pultura e Hellacopters, dolo-res o’riordan, maná entre muitos outros.

ANOS 90

uma nova geração de produtoras inicia as suas ati-vidades na década de 90. Em 92, surge a opinião, e dois anos depois, a Branco, res-

ponsável por produções in-ternacionais como: Buddy Guy, America, Betty carter, john pizzarelli. já a opinião produtora trouxe, dentre ou-tros, os shows Akon, rebel-des, iron maiden, lenny Kra-vitz, matisyahu, seal, Ben Harper e joss stone.

ANOS 2000

A Hit’s promoções iniciou seus trabalhos em 2006, com a parceria entre lucas Giaco-molli e os irmãos matheus e diego possebon. mas ga-nhou fôlego extra quando cássio lopes, com sua farta experiência em shows se jun-tou ao grupo, em 2007, pos-sibilitando atrações interna-cionais, como lauryn Hill e the doors.

As produtoras gaúchas

o ano de �008 começou agitado em matéria de shows internacionais. Com o dólar abaixo dos r$ �, o ano de ótimas investidas gringas pode ser esse.

Uriel Gonçalves

As festas começaram cedo. já em janeiro tivemos nossa pri-meira visita, Eagle-Eye cherry, dono do hit save tonight, que se apresentou no rio, em são paulo e, também, em salvador. outra, que veio pra cá, logo ce-do, foi a atriz de tV e, também, cantora Hillary duf,f para duas apresentações, uma no rio de janeiro e outra também em são paulo. logo após o carnaval quem resolveu fazer uma para-da aqui no país foi o fenômeno emo my chemical romance, trazendo a turnê do disco the Black parade para curitiba e novamente rio e são paulo.

chegando um pouco mais para o sul, mostramos que os gaúchos também não ficam atrás em matéria de shows in-ternacionais com a vinda do iron maiden, comandado pela voz de Bruce dickinson, em março,

e teve seus ingressos esgota-dos nas capitais de são paulo, paraná e rio Grande do sul. outros que aproveitaram o em-balo e deram uma passada aqui em março, foram artistas como Bob dylan e julio iglesia. já, sean Kingston, foi exclusivo pa-ra o eixo rio-são paulo. tive-mos algumas presenças pouco prestigiadas também como in-terpol e Helloween, tudo isso apenas em março.

chegando ao mês de abril, novamente os gaúchos entram na rota dos shows importados com duas bandas de punk rock, Funeral for a Friend e rufio, e o cantor seal. Enquanto mais pa-

ra o lado sudeste do país, quem se apresentou foi ozzy osbour-ne, Korn e rod stewartficando para Brasília o fenômeno tele-visivo rBd. Em maio temos uma parada de um mês nos shows aqui no sul para juntar dinheiro e enfrentar a maratona interna-cional que viria logo a seguir, mas o resto do país não parou, com presenças de Whitesnake, Village people, nazareth e rBd. E para fechar o semestre desse ano, tivemos alguns dos shows mais esperados do ano como joss stone, que também pas-sou pela capital gaúcha, e ma-ná, outros cantores que resol-veram visitar o Brasil em junho,

foram Bobby mcFerrin, da mú-sica don’t Worry, megadeth e também Alex Band, antigo vo-calista da banda the calling. E assim fechamos o semestre do ano, com mais de 20 shows in-ternacionais.

no segundo semestre, sem muitos shows confirmados, quem abre a maratona é o joe satriani, sem presença confir-mada para o sul, ele se apre-senta no fim de julho em curi-tiba, mas dentre as figuras mais esperadas na segunda etapa do ano estão: Avril lavigne, scorpions, justin timberlake, linkin park, nightwish e ma-donna. Ainda temos alguns shows que não estão confirma-dos e, também, estão sem da-tas, como red Hot chilli pe-ppers, simple plan, Amy Wi-nehouse, Alicia Keys, Guns n’ roses, radiohead, Backstreet Boys, Frank sinatra jr. Kt Kunstal, disney on ice. e rage Against the machine. como dá para notar, 2008 é um ano mui-to bem cotado para os shows internacionais e mostra, defini-tivamente, como o Brasil, e também o rio Grande do sul, entrou na rota destas apresen-tações históricas.

Fabrício Barreto

Eles vêm, vieram e ainda virão aí

Show do Whitesnake no Teatro do Bourbon Country

lei rouanetUm fator que facilita a vinda de shows ao Estado é a Lei Rouanet. A

partir dela é possível que pessoas físicas ou jurídicas financiem projetos culturais . Até 60% do valor que é investido pode ser abatido no imposto de renda. De acordo com o diretor da Opus, Carlos Konrath, “com a Lei Roua-net todos saem ganhando, já que ela é positiva tanto para o idealizador do projeto quanto às empresas e ,principalmente, a sociedade”. E um exemplo

é o Cirque de Soleil, trazido ao país pela T4F (Time for Fun), que captou R$ 9,4 milhões do incentivo fiscal do MinC. Mas, nem todos concordam com a lei. É o caso de Tania Farias, integrante Tribo de Atuadores, Ói Nóiz Aqui Traveiz, contrária a lei. No livro de Romulo Avelar – O Avesso da Cena, ela afirma que “não existem políticas realmente públicas para a cultura. Com o surgimento do incentivo fiscal, o Governo abriu mão de sua responsabi-lidade de fomentar o desenvolvimento da cultura. É muito cômodo”.

Quanto vale um shoW internaCional?�008

Seal - R$ 250Júlio Iglesias - R$ 360

Charles Aznavour - R$ 500Cirque Du Soleil - R$ 400

�007Lauryn Hill - R$ 300

Bryan Adams - R$ 300

�006Santana - R$ 150

�005Diana Kral - R$ 300

�004Norah Jones - R$ 350

Valores máximos de ingressos de shows realizados em POA nos últimos anos.

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P

16 junho de �008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Turismo

Quando alguém chegana jordânia sente logo a diferença. apesar de, ao longo da história, ter sido um lugar de passagem e conflitos, o país é tranqüilo, moderno e acolhedor. Por ser um ponto estratégico, a nação situada ao leste de israel, a oeste do iraque, ao sul da síria e ao norte de egito e arábia saudita foi o palco de acontecimentos importantes narrados em textos da história antiga, inclusive na Bíblia.

Asaph Borba e Bruna Garbin

pela jordânia passou o povo de israel rumo à terra prometida. Em mádaba, ainda se pode vi-sitar o local onde moisés avistou a terra santa de canaã, pois da-li se ve o mar morto e o vale do rio jordão, este, até hoje, a maior fonte de água da região.

Esta nação árabe também era rota obrigatória das cara-vanas que realizavam o comér-cio entre o oriente e ocidente. dentre as belezas históricas da jordânia, duas se destacam: petra e Gerash, por sua singu-laridade, riqueza arqueológica e beleza arquitetônica, estas são as duas cidades que apre-sentam melhor conservação da história antiga.

petra, cidade dos lendários nabateus, povo que deu ori-gem aos arábios, foi um pólo comercial importante nos últi-mos séculos que antecederam a era cristã, quando, então, foi conquistada pelos romanos, petra, porém, não perdeu o seu “glamour”, mesmo sendo um dos pólos mais distantes do im-pério. A sua beleza foi protegi-da e, até mesmo, ampliada com novos prédios e construções.

ismail, um beduíno que ven-de chá na parte alta da cidade, resumiu em poucas palavras a magia do local: “passei minha vida inteira aqui, e o tempo nun-ca passa”.

A cidade é única, totalmen-te esculpida nas montanhas de

pedra avermelhada, tanto os prédios principais, quanto as milhares de casas, onde as fa-mílias moravam.

por sua interação com as montanhas é que a cidade pas-sou a chamar-se petra. As des-cobertas arqueológicas na re-gião foram de grande impor-tância para o conhecimento da vida social e política da região. A conservação do local até ho-

je impressiona os visitantes.Gerash, era a principal cida-

de das decápolis, o conjunto das dez cidades mais importan-tes dos romanos no oriente, e mesmo depois da queda de ro-ma, a cidade continua sendo um polo comercial e político da re-gião. A sua conservação cativa, pois ali se pode ver os detalhes da arquitetura Greco-romana e como foi construída.

mundo: jordâniA

Um potencial turístico a ser explorado

Restaurante ao ar livre na cidade de Petra

Colunas romanas em GerashMesquita de Aman

Portal de Gerash

Fotos: Asaph Borba

tendo em vista a sua impor-tância estratégica, Gerash manteve sua posição de me-trópole e, ainda hoje, é uma das maiores cidades da região.

tal como petra, as escava-ções no local são de relevante importância para a arqueologia moderna. A jordânia, além dos locais já mencionados, apre-senta na sua capital Amman, uma união ímpar com o antigo e o moderno. o deserto de Wa-ddy rhan é um espetáculo a parte, no qual é possível visitar amigáveis colônias de beduí-nos, os quais são hospitaleiros com os turistas.

A cultura do país é de influ-ência árabe, mas com um to-que palestino, pois a interação histórica entre a jordânia e a palestina é grande. A música, com os rítmos árabes típicos em toda a região, é melódica e fala sobre o amor e os ro-mances encantados das Ará-bias. o artesanato explora os pontos arqueológicos e os afrescos de ladrilhos, únicos na jordânia. A comida tem influ-ência libanesa e síria, porém, por ser quase toda produzida no vale fértil do jordão, é de inigualável sabor. tudo isto, e muito mais, faz da jordânia um dos lugares dos mais paradi-síacos da mãe terra.

Entrada de Petra

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Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de �008 17Turismo

O

situada no centro do oriente médio, a república árabe da síria tem uma riqueza histórica e cultural de mais de 4000 anos que vai além de suas polêmicas políticas. Asaph Borba e Bruna Garbin

o país foi palco de impor-tantes acontecimentos da an-tiguidade. por ali passaram os persas (1100 Ac); Alexandre, o Grande (350 Ac) e as mais diversas legiões romanas (100 Ac). já na era cristã, estiveram também presentes os árabes (660), os cruzados (1100), ps-turcos otomanos (1500) e, re-centemente, ingleses e Fran-ceses (1918). todos deixaram suas marcas que fazem da sí-ria um lugar com riquezas a se-rem exploradas.

A capital damasco é tida como uma das cidades mais antigas da história, deixando para trás roma e a mística je-rusalém. o mercado central, situado na cidade velha, é um dos pontos comerciais em fun-cionamento ininterrupto e mais antigo na história, onde se acha de tudo, desde artesanato até jóias em ouro. Ali pode ser en-contrada, além da culinária lo-cal, a tradicional comida árabe. o país, além de seus monu-mentos, reserva para os visi-tantes uma experiência cultural inigualável. sua comida é rica em sabores orientais, com os temperos típicos como hortelã, coentro, alho e zátar. Acompa-nham os pratos típicos o azei-te de oliva, feito da maneira mais pura possível. A carne fa-vorita da região é a de ovelha, mais rica, seca e saborosa do que a consumida no Brasil. o frango e a pomba também são apreciados.

A música é alegre, tocada com alaúdes e tablas, com mui-to ritmo e melodias orientais.

Fotos: Asaph Borba

Comidas tipicas da região

Alaúde Pastor de ovelhas perto de Alepo

“Os sírios sempre foram um povo amistoso, que gostam de tratar bem seus visitantes.E mesmo com tantas guerras na sua história, a Síria tem vocação para a paz”.

Casa de sucos em Damasco

pode ser ouvida em restauran-tes, hotéis e praças das princi-pais cidades.

o artesanato, feito em cou-ro, madeira e metal, com deta-lhes e cores, guarda os traços milenares de um povo que, ape-sar da influência das muitas cul-

turas, soube guardar sua origi-nalidade.

o relevo na síria é diversifi-cado. de um lado o deserto, que é um espetáculo a parte; de outro, montanhas verdes e vales com plantações de trigo, hortaliças e frutas. Hoje, a síria é um país de maioria islâmica e, por isso, as mesquitas do-minam a paisagem. Bem cedo, antes do sol nascer, é possível ouvir o chamado para a oração muçulmana. É quando o movi-mento nas casas e ruas come-ça aparecer e só termina com o pôr-do-sol. não é difícil en-contrar nas estradas beduínos conduzindo seus rebanhos de ovelhas, o que gera um con-traste entre os carros modernos e os costumes pastoris milena-res. A síria, hoje, é o pais que mais abriga refugiados iraquia-nos (mais de 1 milhão), os quais encontram abrigo na atual crise política.

mundo: sYriA

Uma história milenar pouco conhecida no Brasil

Castelo dos Cruzados, nas proximidades de Homs

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O

18 junho de �008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA História

um ano atípico na história mundial, com reflexos marcantes no Brasil e em Porto alegre.

Nathalia kurtz e tiago Schirmer Pintaúde

o ano de 1968 foi palco de inúmeras passeatas e conflitos envolvendo estudantes contra a ditadura imposta pelos milita-res. Entre os focos de manifes-tações estudantis estão o co-légio Estadual júlio de castilhos, “julinho” e o restaurante uni-versitário da uFrGs, na Aveni-da joão pessoa. os reflexos foram além das manifestações estudantis e chegaram à músi-ca e ao teatro com a irreverente “tropicália”.

conforme consta no livro “A Guerrilha Brancaleone”, de clau-dio Antonio Weyne Gutiérrez, no dia 21 de abril, feriado de tira-dentes, estudantes gaúchos ati-raram pedras e coquetéis mo-lotov nos jipes da Brigada militar, que era chamada de “Exército Brancaleone”, denominação ex-traída do filme de mario monicelli e marcada por atitudes de radi-cais e desastradas.

os estudantes enfrentaram as tropas de choque e a cava-laria com barras de ferro, boli-nhas de gude e estilingues. porto Alegre não foi o berço da revolta estudantil de 1968. As as manifestações iniciaram no rio de janeiro e ganharam força em 28 de março de 1968, data em que, no centro do rio de janeiro,o jovem estudante Édson luiz foi morto com um tiro pela polícia. como muitos outros, costumava almoçar em um restaurante barato, ponto de encontro dos estudantes, o calabouço, considerado pe-los militares centro de subver-são. o choque entre policiais e alunos era freqüente naque-la região. A morte de Édson, para muitos brasileiros, marca

a espiral de violência e rebeldia que fez de 68 um ano de mui-tas lembranças.

o ano de 1968 foi diferente dos demais da década, relata Emílio chagas, editor do jornal do mercado, em especial em porto Alegre, uma cidade que já tinha tradição de luta política, como os episódios da legali-dade, em 1961, e a resistência ao golpe de 64, bem próximo de 1968.

MOVIMENtOEStUDANtIL

o movimento no rio Gran-de do sul tinha a união nacio-nal dos Estudantes (unE) como entidade máxima da organiza-ção de resistência. conforme

relata chagas, o movimento era muito forte, principalmente com a atuação da união Bra-sileira de Estudantes secunda-ristas (uBEs). passeatas, gre-ves, manifestações, ocupa-ções, congressos, pichações e panfletagem eram os princi-pais meios de protesto e resis-tência política estudantil. com a ascensão do movimento, a ditadura fechou os grêmios es-tudantis e muitos estudantes militantes caíram à margem da lei, dirigindo-se para organiza-ções clandestinas, a maioria armada. com isso muitos fo-ram mortos e desapareceram após as prisões e torturas. “de-vo ressaltar que o colégio Es-tadual júlio de castilhos, o ju-linho, onde eu estudava, era o

centro do movimento”, disse chagas. mas o restaurante da uFrGs também foi palco de várias manifestações, como re-gistra o escritor Gutiérrez. E hoje, ironicamente, o local é ocupado por um departamen-to da polícia civil.

tEAtRO E MúSICA

chagas relata que a peça de teatro “roda Viva”, escrita por chico Buarque de Holan-da, que veio se apresentar em porto Alegre, após ter sido ví-tima de violência no teatro Gal-pão, em são paulo, os agentes da repressão invadiram o hotel onde estava hospedado o gru-po de atores e onde acontecia a montagem da peça. seqües-

traram dois atores que foram abandonados no mato, na pe-riferia de porto Alegre. o teatro amanheceu todo pichado. no intervalo da apresentação da peça, os agressores distri-buiam panfletos nos quais se lia: “Hoje, poupamos a integri-dade física dos atores e espec-tadores, amanhã,não!”. A tem-porada da peça acabou ali e todos voltaram para são pau-lo, onde o grupo inicial de ato-res já havia sido espancado em cena. os músicos do sul faziam sua oposição a exemplo de são paulo.

A posição dos artistas era de denúncia e apoio à luta po-lítica, principalmente no teatro, onde o foco de resistência era maior e havia um alto nível de conscientização. especialmen-te no teatro de Arena, que com-pletou recentemente 40 anos. Vigiado, censurado e até ame-açado de invasão, o teatro de era palco das principais peças políticas, principalmente as de plínio marcos e de Bertolt Bre-cht. na música, porém, não ha-via nada significativo, muito me-nos um movimento onde se ensaiasse uma frente de resis-tência contra a ditadura. segun-do Emílio chagas, “não tivemos um movimento como a tropi-cália, com objetivos políticos, sociais e, principalmente, com-portamentais, no qual figuram caetano Veloso, Gilberto Gil e tom Zé, e que encontraram eco em boa parte do regime militar. no cenário gaúcho, um músico importante desse período, res-salta o editor, foi raul Ellwanger, um dos exilados.

no dia 3 de setembro, um discurso no Congresso nacional tornou-se um motivo a mais para combater a ditadura.

segundo o jornalista, Zuenir Ventura, autor do livro “ 1968 - o Ano que não terminou”, não existiam grandes projetos em debate na câmara dos deputa-dos. Era hora do “pinga Fogo”. Foi quando os parlamentares ocuparam a tribuna para dar dis-cursos sem grande importância. mas a fala de um jovem depu-tado, naquele dia, teve conse-qüências graves. marcio morei-ra Alves atacou duramente os militares chamando-os de “tor-turadores” e recomendou às mo-ças que boicotassem os namo-rados que usassem fardas. Aqui-lo que poderia ter passado como uma simples provocação, na ver-dade, desencadeou uma crise que culminou com o fechamen-to do congresso. os militares queriam a cabeça e o mandato de moreira Alves. numa sessão histórica, em 12 de dezembro de 1968, é negado o pedido de licença para processar o depu-tado. Foi o golpe dentro do gol-pe, de acordo com o documen-tário da tV cultura, “o Ai 5, o dia que não existiu”. na sexta-feira, 13 de dezembro, foi decre-

tado o Ato institucional número 5 (Ai5). os militares já comanda-vam o Brasil desde 64. o decre-to permitia que o presidente sus-pendesse o direito de votar e ser votado, além de lhe conferir am-plos poderes para proibir mani-festações políticas, fechar o con-gresso e acabar com o habeas corpus. ditadura ampla, geral e irrestrita. E a decisão veio de uma reunião às pressas com o gene-ral - presidente costa e silva. Era a censura de volta ao país. o jornal do Brasil de 13 de dezem-bro trazia nas entrelinhas “tem-po negro”. temperatura sufo-cante. o ar está irrespirável. o país está sendo varrido por for-tes ventos...”.

o ano de 68 ficou conhecido como aquele que não terminou, em função das marcas que fica-ram no comportamento, na mú-sica, na política e na moda. no centro disso tudo, estavam os estudantes que transitavam entre as salas de aula e as ruas. Eram jovens que desafiavam o poder e faziam uma das maiores ondas de protestos que o país já viu.

tROPICÁLIA

o tropicalismo foi um mo-vimento de ruptura que sacudiu o ambiente da música e da cul-tura brasileira, entre 1967 e

1968. É o que revelam as obras que analisam a música e as ar-tes neste período. dentre os destaques, estão os cantores-compositores caetano Veloso e Gilberto Gil, além das parti-cipações da cantora Gal cos-ta, do cantor-compositor tom Zé, da banda os mutantes e do maestro rogério duprat. A cantora nara leão, os letristas josé carlos capinan e torqua-to neto, completaram o grupo que teve também o artista grá-fico, compositor e poeta, ro-gério duarte, como um de seus principais mentores intelectu-ais. os tropicalistas deram uma histórica mudança no meio mu-sical brasileiro. “A tropicália foi o avesso da Bossa nova”. As-sim caetano Veloso define o movimento que, ao longo de 1968, revolucionou o status da música popular brasileira. o grupo baiano procurou univer-salizar a linguagem da mpB usando elementos da cultura jovem mundial, como o rock, a psicodelia e a guitarra elétri-ca. “A guitarra, se tornou o sím-bolo do diabo em pessoa, a própria figura do cão, e aquilo que comprovaria que nós éra-mos alienados e estávamos entregando a música brasileira a influências estrangeiras”, lembra tom Zé.

ROMANtISMO E CONtEStAçÃO

de acordo com o jornal “o rebate”, algumas obras literárias como as de oswald de Andrade elevaram algumas composições tropicalistas ao status de poesia. na impossibilidade de falar aber-tamente contra a ditadura em suas canções, as principais ca-racterísticas dos integrantes do tropicalismo passaram a ser o deboche e a ironia. não faziam suas críticas de oposição ao re-gime militar abertamente. irreve-rente, a tropicália transformou não só a música e a política, mas também a moral e o comporta-mento, o sexo e a moda. o mo-vimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e

acabou reprimido pelo governo militar. seu fim começou com a prisão de Gil e caetano, em de-zembro de 1968. A cultura do país, porém, já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos. ”A tropicália teve um papel funda-mental ao alertar o Brasil sobre que estava acontecendo naque-la época”, disse Gilberto Gil. ca-etano Veloso e Gilberto Gil volta-ram a surpreender o público no Festival internacional da canção (Fic), promovido pela rede Glo-bo. A apresentação de caetano em “É proibido proibir” ficou mar-cada como uma das apresenta-ções mais polêmicas da época. naquela noite de domingo, 15 de setembro de 1968, a música foi recebida com muitas vaias no

teatro da universidade católica de são paulo. o público que lo-tava o auditório queria ouvir mú-sicas sobre política e, como a maioria das pessoas da época, não compreendia novidades. o provocativo caetano agrediu vio-lentamente o público e chamou o júri de incompetente para julgar sua música. Apareceu vestido com roupas de plástico brilhante e entrou em cena rebolando, fa-zendo uma dança totalmente erótica. Escandalizada, a platéia deu as costas para o palco. A resposta dos mutantes, que se apresentou a seguir, foi imediata: sem parar de tocar, viraram as costas para o público também. É o que consta no livro Iniciação à Música Popular Brasileira, de Waldenyr caldas.

“Vocês não Estão EntEndEndo nAdA”

1968, um ano de grandes mudanças

Movimento sacudiu a música e cultura brasileira

Édson Luiz, morto pela ditadura

www.historianet.com.br

www.abril.com.br/fotos/maio-1968

Em 6 de maio, ocorre o confronto entre 13 mil jovens e a polícia nas ruas de París. Bombas de gás eram lançadas contra os estudantes

“Passeata dos Cem Mil” manifestação da União Nacional dos Estudantes (UNE) contra o governo militar, no Rio de Janeiro. No detalhe acima, o movimento Tropicália, que durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968

www.abril.com.br/fotos/maio-1968

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Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA junho de �008 19Esportes

F

Às 08h08 do dia 8 de agosto, inicia a cerimônia de abertura dos jogos olímpicos de verão que se estendem até o dia �4. oficialmente conhecidos como os jogos da XXiX olimpíada, serão realizados em Pequim, na república Popular da China. o número oito significa prosperidade na cultura chinesa.

Julianna Uzejka e Emmanuel Denaui

Fugindo à regra dos demais jogos muitos dos seus eventos ocorrerão em instalações cons-truídas em cidades vizinhas e na cidade litorânea de Qingdao. os eventos eqüestres terão se-de em Hong Kong e será a se-gunda vez na história que os jogos olímpicos acontecem em dois comitês olímpicos na-cionais (con).

os países favoritos às me-dalhas são china (por estar em casa), EuA e rússia. o Brasil, apesar de não estar entre os destaques, conquistou a sua melhor colocação, 15º lugar, no quadro geral de medalhas, na última olimpíada.

no total, serão 31 modali-dades esportivas, das quais nove foram adicionadas neste ano, incluindo dois de BmX (no-va disciplina do ciclismo), os 3000 metros com obstáculos feminino, no atletismo olímpico e, como parte dos eventos da natação, a maratona aquática masculina e feminina. também ocorrem substituições de re-gras como a que altera a dis-puta em duplas por grupos no tênis de mesa e na esgrima.

As olímpíadas de Verão to-

talizam 302 eventos, dos quais 165 provas masculinas, 127 fe-mininas e 10 mistas.

na expectativa, encontra-mos muitos atletas gaúchos em destaque que competirão este ano. E dentre eles temos os judocas tiago camilo, may-ra, a brasileira mais jovem do quadro de atletas e joão der-ly, esperança de medalha de ouro. marcos daniel, do tênis, Fabiano peçanha, pelos 800m, daiane dos santos, na ginás-tica e, Fábio pilar e samuel Al-brecht, velejadores que tam-bém integram a lista de desta-ques gaúchos.

OLIMPíADAS NO BRASIL?

com relaçao à possibilidade do Brasil sediar os próximos jogos olímpicos, o professor de Educação Física da rede metodista do sul do ipA, ra-mão paz, ressalta que isso tra-ria grandes mudanças na me-lhoria de toda a infra-estrutura da cidade sede, além de de-senvolver os esportes em sua amplitude e oferecer oportuni-dades de trabalho. para o pro-fessor, tanto a cidade sede co-mo o país se destacariam como pólo turístico, proporcionando uma troca de culturas e de co-nhecimento. mas, em contra-ponto, salienta que “só pesso-as de grande poder aquisitivo poderiam assistir aos jogos”.

o que significa elitizar o pú-blico assistente, uma vez que os ingressos se tornariam ina-cessíveis à maioria dos brasi-leiros.

para ramão, as olimpíadas movimentam nações de todo mundo, valorizando esperança e trazendo de volta o orgulho do pelo seu país.

08H08 dE 08/2008

A verdadeira Pequim dos Jogos Olímpicos

Baixar a cabeça e, ao in-vés de cantar o hino do seu país erguer solenemente os seus punhos cobertos por lu-vas negras e mostrar que eram lutadores do movimen-to black power (poder negro), foi o ritual dos panteras ne-gras ao receber a premiação pelos 200 metros rasos nas olimpíadas de 1968, na cida-de do méxico.

os panteras-negras, ori-ginários do partido negro re-volucionário, constituiam um movimento marxista que sur-giu em 1966, em oakland, na

califórnia. o movimento pre-gava o armamento de todos os negros que se sentissem ameaçados pelo poder poli-cial. o partido foi efetivamen-te desfeito nos anos 80.

defendiam o livre porte de armas e buscavam junto à so-ciedade ampla igualdade co-mo forma de renovar a histó-ria sangrenta da escravidão e do pré-conceito. seu lema mais conhecido era: “acredi-tamos que o povo negro não estará livre até não sermos capazes de determinar nosso próprio destino”.

Panteras-negras

Fotos: divulgação

Tommie Smith (C) e John Carlos (D) no gesto que marcou o movimento dos “Panteras negras”

Emmanuel denaui

Atletas da Academia White Tiger de Taekwondo, localizada no bairro Cidade Baixa, Porto Alegre

Curiosidades imperdíveis- Na história das olimpíadas, o

Brasil já conquistou um total de 76 medalhas, sendo 38 de bronze, 21 de prata e 17 de ouro.

- Colocação geral do Brasil no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos: 39º lugar.

- Para os cubanos, um atleta só se encontra pronto para competir em uma Olimpíada após 10 a 12 anos de treinamento e acompanhamento.

- A imagem da deusa Vitória,

personifica o ato de vencer. É sempre encontrada em troféus e medalhas.

- A primeira medalha de ouro do Brasil foi de Guilherme Paraense, na prova de tiro nos jogos Olímpicos de Antuérpia, em 1920, ano de estréia do Brasil nas Olimpíadas.

- Adhemar Ferreira da Silva é o único atleta brasileiro com duas medalhas de ouro nas Olimpíadas. Participante dos jogos Olímpicos de Helsinquia, na Finlândia, em 1952 e Melbourne, Australia, em

1956, o atleta são-paulino trouxe as duas estrelas douradas para a bandeira do São Paulo.

- Em 1972, as Olimpíadas de Munique foram paralisadas pela primeira vez, por uma ação terrorista promovida por palestinos. No total, 18 pessoas foram mortas, incluindo atletas israelenses, terroristas palestinos e policiais.

- O professor de Educação Física da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Jorge

Teixeira, participou como atleta de duas Olimpíadas, uma em Seul, em 1988, e outra em Barcelona em 1992. Em ambas competiu no atletismo.

- A primeira medalha do Brasil nos esportes coletivos foi em Barcelona, 1992, medalha de ouro no vôlei masculino.

- Desde a sua primeira participação, o Brasil deixou de enviar atletas apenas aos Jogos Olímpicos de 1928 devido à crise financeira da época.

judoca gaúcho, atleta da sociedade de Ginástica porto

Alegre (sogipa), joão derly, 27 anos, começou sua carreira no judô aos 6 anos de idade. Fa-vorito do Brasil e no mundo, derly se prepara para sua pri-meira olimpíada, cujo título é um de seus mais novos desa-fios de sua carreia.

João Derly

o goleiro do sporte club in-ternacional, renan, 23 anos,

contou ao universo ipA que foi convocado para a seleção Bra-sileira para as olimpíadas de pequim.

Após superar a Hepatite A, o jogador está recuperado e garante que o seu ritmo de jo-go continua o mesmo.

Renan Soares

Atleta natural de santa cruz do sul, Fabiano peçanha, 26

anos, é mais um gaúcho con-firmado para as olimpíadas de pequim. Atleta dos 800m, pe-çanha iniciaou sua carreira no atletismo em 1992 e, ao vencer os 1500m, com o tempo de 3m56s72, atingiu marca recor-de para os jogos de pequim.

Fabiano Peçanha

dEstAQuEs dos pAmpAs

A dupla de velejadores gaú-chos Fábio pilar e samuel Al-

brecht também estarão em pe-quim. Eles garantiram a vaga após ficarem em 29º no mundial da categoria disputado em mel-bourne, na Austrália. A vela é umas das modalidades que costuma render medalhas ao Brasil.

Pilar e Albrecht

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�0 junho de �008 Jornal do curso de Jornalismo do Centro Universitário Metodista do IPA Esportes

E

O piloto Thiago Marques, 28 anos, tem uma trajetória de suces-so na Stock Card. Apesar de ser de uma família ligada ao automobilis-mo há muito tempo, só demonstrou vontade de ser piloto de corrida em 2001, quando tinha 20 anos.

Após vencer o campeonato de Stock Car Light no ano de 2001, an-tes da última prova, despontou co-mo piloto e passou para a categoria V8 em 2002, como um dos favoritos. Filho do ex-piloto da Stock Car, Paulo de Tarso Marques e irmão de outro grande piloto da Stock Car V8, Tarso Marques, que já correu na Fórmula 1 pela Minardi, Thiago resolveu se-guir os mesmos passos e, hoje corre na Stock Car V8, pela equipe K-Med Racing. Além da Stock Car, o piloto faz história também na categoria de automobilismo GT3.

“Tudo aconteceu muito rápido em minha carreira, e acho que, ano a ano, estamos mais maduros pa-ra colher boas vitórias”, diz o piloto. Thiago falou ao Universo IPA sobre a sua carreira e, também, apontou os planos para o futuro.

universo iPa - Quando você descobriu sua grande paixão pe-lo automobilismo? Foi inspirado em alguém?

thiago marques - Sempre gos-tei de corrida. Minha infância sem-pre foi ligada a carrinhos de corrida e não a super heróis. Depois, me inspirei em meu pai e, em seguida, em meu irmão. Minha família inteira sempre foi aficionada pelas pistas.

universo iPa - Como foi ven-

cer um campeonato da stock Car light em seu primeiro ano no au-tomobilismo?

thiago - Foi uma surpresa enorme. Ninguém, muito menos eu podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Mas enfim, foi um ano perfeito em minha vida onde tudo deu certo.

universo iPa - durante esses anos de stock teve algum aciden-te ou algum momento em que vo-cê pensou em desistir de correr?

thiago - Nunca pensei em pa-rar de correr por qualquer acidente. Todos nós pilotos sabemos do risco que passamos, mas é a nossa pro-fissão, então, é melhor nem pensar em acidentes.

universo iPa - a stock Car transmite uma imagem de uma grande família e sua família é li-gada ao automobilismo há muito tempo. Como os pilotos encara-ram o acidente que tirou a vida do piloto rafael sperafico?

thiago - Foi triste, principal-mente por sermos ligado à família Sperafico. São coisas da vida, e ti-vemos que superar aquela dor ra-pidamente.

universo iPa - houve algum desentendimento entre você e o piloto Cacá Bueno para que dei-xassem de ser companheiros de equipe?

thiago - Nunca. Já nos enros-camos em algumas corridas, mas faz parte. O Cacá não continuou na equipe Petrobrás em 2006, por op-ção da própria Petrobrás e, talvez, do Cacá. Ele é um piloto profissional,

assim como eu, e resolveu seguir seu destino em outra equipe.

universo iPa - Como é conci-liar a stock Car com outra grande modalidade como a gt3?

thiago - É cansativo, mas acho que é bacana. Gosto do que faço, e me sinto realizado. Em quase todos os fins de semana tenho alguma corrida. Estou feliz assim, e gostaria de no próximo ano, continuar tendo a oportunidade de estar nas duas principais categorias do automobi-lismo nacional.

universo iPa – em uma en-trevista no site do ‘you tube’ você revela que não pensa em correr na Fórmula 1 e que an-dar em um carro ruim não vale a pena. você se refere ao seu ir-mão, o piloto tarso marques? a Fórmula 1 nunca fez parte dos seus planos ou hoje você pensa diferente?

thiago - Não me referi especi-ficamente ao meu irmão, mas sim à maioria dos pilotos brasileiros que não conseguiram se manter lá. Es-tou bem no Brasil e não pretendo sair daqui por nada. Já tive convites de outras categorias internacionais, mas nunca sequer passou pela mi-nha cabeça sair daqui.

universo iPa - já ouvimos fa-

lar sobre o piloto renato russo e da possibilidade de alguns pilo-tos ingerirem bebidas antes das provas. você tem conhecimento de algum caso e que acha do an-tidoping?

thiago - Acho interessante o antidoping sim, porém não conheço o Renato Russo e nunca sequer ouvi falar de pilotos que bebem quando vão entrar no carro.

universo iPa – recebemos uma informação de que os dois piores pilotos do ano, no campeo-nato da stock Car v8, cairão para a light, hoje vicar, essa informa-ção é verídica?

thiago - As duas piores equipes caíram. Isso vem do código despor-tivo do final do ano passado.

universo iPa – Quais os mo-mentos marcantes no automobi-lismo?

thiago - Foram os dois primei-ros anos, em que fui campeão e quando ganhei o prêmio ‘capacete de ouro’ como melhor piloto brasi-leiro em categorias de turismo.

universo iPa - Quais são os planos para o futuro?

thiago - Meus planos são me manter no Brasil e, se possível, na Stock e GT3 que são as principais categorias da atualidade.

intrÉpidos VolAntEs

História da Stock Car

a stock Car, principal categoria automobilística do Brasil, completa 30 anos de história e está mais forte do que nunca. Com duas categorias de acesso, a stock Car light e a stock Car júnior, conta com a presença de pilotos de peso. e entre eles está o maior campeão, o experiente ingo hoffmann, 55 anos de idade, 37 dos quais dedicados ao automobilismo, 30 de atuação na stock Car e uma centena de vitórias.

Diego Oyarzabal, Guilherme Rosito, Rhavine Dinat Falcão Lucas Figueiró e Rodrigo Domingos

Em entrevista ao universo ipA, Hoffmann relatou os even-tos históricos da stock car. E assim, ao pontuar os destaques, ao longo de três décadas da ca-tegoria, é possível perceber que a história está intimamente liga-da à sua trajetória de piloto. in-go já competiu na Fórmula 1 pela equipe copersucar-Fittipal-di, e é o maior campeão da his-tória do campeonato Brasileiro de stock car, com 12 títulos. durante os 30 anos deixou de participar apenas da primeira corrida, em tarumã, pois seu carro não ficou pronto a tempo. E ressalta: “é muito bom ter ven-cido por 12 vezes este campe-onato”, um recorde que dificil-mente alguém alcançará.

A HIStóRIA

o dia 22 de abril de 1979 entrou para a história do auto-mobilismo brasileiro. Foi nesta data em que ocorreu a primeira prova do campeonato Brasilei-ro de stock car, no autódromo de tarumã, na cidade gaúcha de Viamão. segundo Hoffmann, “a stock car foi criada pela Ge-neral motors-Gm, com o intuito de divulgar o opala, e ao mes-mo tempo rejuvenescer a ima-gem do carro, através das cor-ridas”. A primeira prova contou com a presença de 19 opalas de seis cilindros e a pole posi-tion foi de josé carlos palhares, conhecido como “o capeta”, com o tempo de 1min23s00, mas a vitória acabou ficando com o piloto Affonso Giaffone. nessa época, relata ingo, au-sente na prova, retornava ao automobilismo brasileiro, de-pois de uma breve passagem pela Fórmula 1, onde correu pe-la equipe copersucar-Fittipaldi. de 1989 a 1995, o piloto pas-sou a dominar e a conquistar títulos na categoria.

Em 1982, aconteceram du-as corridas no Autódromo de Estoril, em portugal, fato que ficou marcado como a primeira consagração da categoria.

com a intenção de manter um baixo nível de custos, foi cria-do um regulamento, procurando equilíbrio entre as equipes, sem comprometer as performances dignas das competições inter-nacionais, como a nascar, a stock car Americana.

no inicio da década de 90, a Gm voltou a investir pesado na categoria ao organizar e fa-bricar um protótipo monobloco. devido à decadência de públi-co e de espaço para categorias mais baratas, patrocinadas por outras montadoras, a categoria passou por nova transformação em 1994, quando o omega é adotado como veículo.

A partir de 2000, houve mu-danças na Fórmula 3. A Gm dei-xou de organizar a competição e a empresa Vicar, de proprieda-de do ex-piloto carlos col, as-sumiu a administração do even-to. A fim de modernizar a com-petição e melhorar a segurança dos pilotos, a stock car come-çou a utilizar um chassi tubular.

o ano de 2005 marcou a categoria com outro grande acontecimento. Foi uma prova realizada fora do Brasil, em Buenos Aires, valendo pontos para o campeonato. nesse mesmo ano a categoria passou a ser multimarca e, pela primei-ra vez, o carro mitsubishi-lan-cer participava da stock, junto com o chevrolet-Astra.

já em 2006, em intelagos, ingo Hoffmann venceu a última prova do ano e completou um número expressivo de 100 vi-tórias na carreira.

Em 2007, a quarta marca en-trou na competição: a empresa francesa peugeot, com seu “es-tiloso” carro, modelo 307 sedan. Foi também nesse ano que a stock car ganhou um novo no-me, “copa nextel stock car”. com o objetivo de dar mais emo-

ção às corridas, a patrocinadora oficial do evento, criou o prêmio “Velocidade”, para o piloto mais veloz, isto é capaz de completar a volta em menor tempo.

o ano de 2008 ficará mar-cado pela despedida do piloto que está há mais tempo na sto-ck car. Em sua 30° temporada, ingo acredita ter chegado a ho-ra de parar. “Foram muitos os momentos marcantes e, sem dúvida, cada campeonato ga-nho tem sua importância”. pa-ra ele a maior preocupação é “parar competindo” e isto está acontecendo, pois anunciou este ano como o último, na po-le-position, prova de abertura da temporada de 2008’.

StOCK CAR LIGHt A stock car light foi criada

no ano de 1993, com o objeti-vo de facilitar o acesso aos es-treantes na stock car. As pro-vas ocorriam como preliminares da stock car V8, seguindo o mesmo calendário. para Hoff-mann, é muito importante que

Ingo Hoffmann, o maior campeão da história do Campeonato Brasileiro de Stock Car

Fotos: rodrigo domingos

entrevista: thiago marQues

nova geraçÃo

No dia 21 de junho, a equi-pe de esportes do Universo IPA, acompanhou a 4º etapa do Cir-cuito Brasileiro da Stock Car, em Santa Cruz do Sul. A manhã ge-lada em Santa Cruz não intimidou os fanáticos por automobilismo e fez com que a corrida fosse quente fora e dentro da pista. A prova teve alguns acidentes, pois as curvas do Autódromo exigem muita atenção. A sujeira deixada pela chuva que ocorreu no dia an-terior, contribuiu para que Safety Car (carro de segurança) entras-se em ação.

O piloto Cacá Bueno sempre vai bem quando corre em solo gaúcho e dessa vez não poderia ser diferente. No treino de clas-sificação, a poliposition (primeira posição) foi de Duda Pamplona,

mas na corrida foi ultrapassado, logo na primeira curva, por Cacá Bueno, que daí em diante liderou até a chegada, se consagrando vencedor e fazendo com que pu-lasse da quinta colocação para terceiro no campeonato, com (53pts), se aproximando dos lí-deres Marcos Gomes (65pts) e Ricardo Maurício(74pts).

A corrida Stock Light, só foi de-cidida nas últimas voltas. O piloto Paulo Salustiano conquistou a vitó-ria após ultrapassar o piloto Fábio Carreira. Já na Stock Jr. a alegria ficou por conta do baiano Patrick Gonçalves que largou em terceiro e superou seus adversários nas pri-meiras voltas. Ao final da competi-ção, o clima de axé de Patrick em-polgou os gaúchos que enfrentaram o frio por amor ao automobilismo.

os pilotos passem por essa ca-tegoria para adquirir experiên-cia, antes de alcançar a cate-goria principal da stock.

Alguns pilotos transitaram pela stock light e dentre eles temos: Giuliano losacco, cacá Bueno, thiago marques, carlos col (hoje organizador e promo-tor do campeonato Brasileiro de stock car), mateus Greipel, luis carreira jr., diogo pa-chenki, pedro Gomes, Guto negrão, Alceu Feldmann, nonô Figueiredo, david muffato e Fá-bio carreira entre outros.

Ao contar a história da cate-goria, ingo destaca a troca dos Ômegas pelos mais modernos Astra, em 2003 aconteceu. E na temporada de 2004, os stock light ganharam os motores V8 com menor potência do que os stock V8. mas o mais triste, re-lata o piloto, ocorreu em 09 de dezembro de 2007, quando a stock car light, atual copa Vicar, viu um acidente fatal que tirou a vida do piloto rafael sperafico, de 27 anos. primo de rodrigo e ricardo sperafico, que atuam na elite da stock car Brasil, rafael morreu durante a sexta volta da etapa de interlagos, na prova de encerramento do ano.

Questionado sobre a desis-tência de algum piloto devido ao acidente ocorrido, ingo, que presenciou a morte de rafael sperafico, afirma: “na realidade eu nunca vi piloto nenhum de-sistir devido a um acidente que tenha resultado em morte. Acho que cada piloto tem sua maneira de superar a morte. Eu sei que isto faz parte e pode

acontecer, mesmo os carros sendo muito seguros”.

StOCK CAR JúNIOR A stock júnior nasceu em

função do sucesso das cate-gorias stock car V8 e stock light. criada em 2006 para re-ceber jovens saídos do kart e que buscavam iniciar em cate-gorias de turismo, o seu obje-tivo é “alcançar pilotos expe-rientes que não se profissiona-lizaram”, afirma Hoffmann.

no ano passado a stock jr. passou por uma significativa mudança. Hoje os carros não podem mais ser divididos por dois ocupantes. “É mais uma categoria dentro do evento, na qual os pilotos novos podem adquirir experiência, com um custo relativamente baixo”, complementa ingo.

os carros tinham formas qua-dradas e ganharam o apelido de “calhambequinho”. A velocidade média era de 128 Km/h, chegan-do à 200 Km/h. Em seu primeiro ano em 2006, foram realizadas 22 provas. E hoje, as corridas são realizadas nos mesmos dias da stock car V8, totalizando, ao final do campeonato, 24 corridas.

o primeiro treino da stock jr, foi no dia 5 de abril de 2006, no Autódromo internacional josé carlos pace (interlagos), em são paulo. Foram quatro sessões, sendo o piloto thiago riberti o mais rápido nos testes, com um tempo de 2min00seg936. mas, a primeira pole position foi de cássio Homem de melo, tempo de 2min00seg554.

CirCuito Brasileiro