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MAIZAR - Setembro de 2002 1 Asma Brônquica Aspectos clínicos, Fisiopatológicos Terapêuticos Álvaro Moreira da Silva Clínica Médica ICBAS Hospital Geral de Santo António, SA

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MAIZAR - Setembro de 2002 1

Asma Brônquica

Aspectos clínicos, Fisiopatológicos Terapêuticos

Álvaro Moreira da Silva

Clínica Médica

ICBAS

Hospital Geral de Santo António, SA

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Asma Brônquica

“Dispneia paroxística com características peculiares,

geralmente periódica, com respiração normal entre os

ataques”.

Henry SalterOn Asthma: Its pathology and treatment2ª ed. Londres: Churchil 1868

Definição

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Asma Brônquica

Definição

“Doença inflamatória crónica das vias aéreas que, em

indivíduos susceptíveis, origina episódios recorrentes de

pieira, dispneia e tosse geralmente associados a uma

obstrução generalizada, mas variável, das vias aéreas, a

qual é reversível espontaneamente ou através de

tratamento”.Programa Nacional de Controlo ASMA.Saúde XXI. Minist. da Saúde 2000

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Asma BrônquicaEpidemiologia

• Doença crónica frequente, afecta mais de 150 milhoes de pessoas em todo o Mundo.

• Tem-se verificado, nos países desenvolvidos um crescimento da incidência e prevalência, entre 20 a 50% em cada década.

• Prevalência estimada em Portugal 600 000 (1 em cada 15).

• É responsável, a nível mundial pela morte evitável de 100.000 indíviduos/ano

Programa Nacional de Controlo - ASMA.

Saúde XXI. Minist. da Saúde 2000

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Asma Brônquica

0

2

4

6

8

10

12

6 - 7 anos 13 - 14 anos 20 - 44 anos

%

Prevalência em Portugal

Programa Nacional de Controlo - ASMA.

Saúde XXI. Minist. da Saúde 2000

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O que é a asma?

• Uma doença das vias aéreas ...

– INFLAMATÓRIA (CRÓNICA)

– MUITO VARIÁVEL NA INTENSIDADE

– CARACTERIZADA POR OBSTRUÇÃO E HIPERREACTIVIDADE BRÔNQUICA

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A hiperreactividade brônquica:

Reajam com obstrução brônquica a determinados estímulos que

no indivíduo saudável não produzem qualquer alteração.

A obstrução brônquica é:

Variável

Reversível

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Aspectos clínicos

Sintomas mais frequentes:

– DISPNEIA - “Falta de ar”

– PIEIRA - “Gatinhos”

– TOSSE “seca ou com expectoração mucosa escassa”

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Asma Brônquica

Factores Desencadeantes

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Mediadores da inflamação

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Descamaçãoepitelial

Rolhão de muco

Espessamento damembrana basalInfiltração por

células inflamatórias(eosinófilos, etc)

Hiperplasia das glândulas mucosas

Edema

Hipertrofia econtracção do músculo liso

Asma - inflamação crónica

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Exame funcional respiratório(medição objectiva da obstrução brônquica)

• Parâmetros mais importantes (na prática)

– VEMS – DEMI– Provas de bromotrocidade (P. Broncodilatação/P. De Provocação)– Hiperreactividade brônquica inespecífica

• FEV1/FVC (%) - o mais sensível índice de obstrução

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Asma Brônquica - Diagnóstico

• História clínica

• Exame objectivo

• Avaliação funcional respiratória:

- Comprovação da obstrução brônquica e a sua reversibilidade

- Comprovação da presença da hiperreactividade brônquica

- Comprovação da variação variável do fluxo aéreo

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Classificações da asmaEtiológica/Sintomática

• Etiológica

– Extrínseca (factor ambiental identificável)• ATÓPICA

• NÃO ATÓPICA

– Intrínseca (nenhum factor ambiental identificável)

– Induzida pelo esforço

– Induzida pela aspirina (e outros AINE’s)

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GRAU 4: Persistente grave

GRAU 1: Intermitente

GRAU 2: Persistente ligeira

GRAU 3:Persistente moderada

ClassificaçãoClassificação::

DEMI: 60% ; V. = > 30%

DEMI: >60% < 80% ; V. = > 30%

DEMI: 80% ; V. = 20 - 30%

DEMI: 80% ; V. = < 20%

V. = variação do DEMI

Sintomas: constantesS. nocturnos: frequentes

Sintomas: diáriosS. nocturnos: > 1x / sem.

Sintomas: 1x/sem. mas < 1x/dS. nocturnos: > 2x / mês

Sintomas: < 1x / semanaS. nocturnos: 2x / mês

(GINA 1998)

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Aspectos terapêuticos da asma

O tratamento da asma tem duas componentes fundamentais e distintas:

– Aguda ou imediata: tratamento da crise

– A longo prazo ou crónica: tratamento preventivo

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O objectivo da terapêutica é o controlo da Asma

• Sintomas mínimos (idealmente sem sintomas), incluindo nocturnos

• Episódios de asma mínimos (raros)• Sem recurso ao SU• Sem limitações de actividades, incluindo o exercício

físico• Variabilidade do DEMI < 20%• Efeitos adversos da medicação mínimos ou ausentes

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Objectivos do tratamento preventivo

• Tornar o doente assintomático

• Devolver ao doente uma função respiratória normal

• Tentar controlar a inflamação

• Procurar minimizar os efeitos secundários

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Aspectos terapêuticos da asma

Estratégia global na abordagem do doente asmático indispensável

ao êxito do tratamento:

• Assegurar uma boa adesão à terapêutica (compliance)• Promover a educação do doente (comportamentos, hábitos de

vida, etc.)• Estabelecer planos terapêuticos simples e claros• Tentar mobilizar o doente (objectivos e expectativas do

doente)• Garantir ao doente uma melhoria da qualidade de vida

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Asma BrônquicaInaladores

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Índice geral dos

fármacos usados na asma

• Anti-inflamatórios– Corticóides (inalados e orais)

– Antileucotrienos

– Inibidores da desgranulação dos mastócitos

– Anti-histamínicos

• Broncodilatadores 2 agonistas

– Anticolinérgicos

– Metilxantinas

• Imunoterapia

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MAIZAR - Setembro de 2002 22

Os corticóides inalados

“Actualmente, não existe nenhum outro grupo terapêutico vocacionado para o tratamento da

inflamação brônquica mais eficaz e seguro que o dos glucocorticóides inalados.”

Os corticóides orais constituem uma alternativa reservada

a doentes nos estadios mais graves da doença asmática

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2 – agonistasMecanismo de acção

• actuam estimulando os receptores adrenérgicos e aumentando a formação de AMPc o qual a nível brônquico, origina um relaxamento da musculatura lisa, inibe a libertação de mediadores inflamatórios pelos mastócitos, diminui a

secreção de muco e promove a "clearance" muco-ciliar

• têm actualmente uma função complementar da terapêutica com corticóides inalados:

porque para além da inflamação existe broncospasmo ( alívio sintomático)

porque a corticoterapia aumenta a expressão de receptores 2 nas vias aéreas

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Aspectos terapêuticos da asmaQuais os doentes susceptíveis de colherem maiores benefícios da terapêutica combinada ?

doentes que permanecem sintomáticos apesar da terapêutica com corticóides inalados

doentes medicados para as crises com um corticóide inalado e um 2 agonista de curta duração de acção, que não conseguem controlar a doença porque apresentaram sintomatologia diária.

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Antileucotrienos

• Acção anti-inflamatória reduzida

• Constituem alternativa ao aumento da dose de corticóide inalado mas não podem ser utilizados como terapêutica anti-asmática isolada.

• Terapêutica adjuvante, nos doentes com asma persistente ligeira ou moderada, não controlados adequadamente.

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MAIZAR - Setembro de 2002 26

GRAU 4: Persistente grave

GRAU 1: Intermitente

GRAU 2: Persistente ligeira

GRAU 3:Persistente moderada

ClassificaçãoClassificação::

DEMI: 60% ; V. = > 30%

DEMI: >60% < 80% ; V. = > 30%

DEMI: 80% ; V. = 20 - 30%

DEMI: 80% ; V. = < 20%

V. = variação do DEMI

Sintomas: constantesS. nocturnos: frequentes

Sintomas: diáriosS. nocturnos: > 1x / sem.

Sintomas: 1x/sem. mas < 1x/dS. nocturnos: > 2x / mês

Sintomas: < 1x / semanaS. nocturnos: 2x / mês

(GINA 1998)

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MAIZAR - Setembro de 2002 27

Asma Brônquica

Monitorização

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MAIZAR - Novembro de 2002 28

Estratégia na abordagem do doenteindispensável ao êxito do tratamento

• Assegurar uma boa adesão à terapêutica • Promover a educação do doente (comportamentos,

hábitos de vida, etc.)

• Estabelecer planos terapêuticos simples e claros• Mobilizar o doente (objectivos e expectativas do doente)

• Garantir ao doente uma melhoria da qualidade de vida

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MAIZAR - Setembro de 2002 29

Terapêutica da por níveis de gravidade

• Iniciar o tratamento no nível mais adequado à gravidade inicial.

• O controlo deverá ser conseguido no mais curto período de tempo

possível, procedendo-se então à diminuição do tratamento até ao

nível mínimo necessário para um eficaz tratamento da asma

• Em qualquer fase do tratamento/nível de gravidade pode ser

necessário um curto período com corticoides orais.

• Todos os tratamentos devem incluir o ensino do doente

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MAIZAR - Setembro de 2002 30

Terapêutica da Asma por Níveis de Gravidade

Sintomas Sintomas Nocturnos

DEMI Terpêutica Preventiva a longo Prazo

Alívio Rápido dos sintomas

Constantes

Limitações da actividade física

Frequentes 60% do valor teórico

Medicação diária

Corticoides inalados (fluticasona 500 a 1000 g 2 x dia) e 2 agonistas de acção longa (salmeterol 50 g 2 x dia),

e se necessário:

teofilinas de libertação prolongada

Corticoides orais a longo prazo

2 agonistas de acção curta inalados sempre que necessário

Nível 4 – persistente grave

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Terapêutica da Asma por Níveis de Gravidade

Sintomas Sintomas Nocturnos

DEMI Terpêutica Preventiva a longo Prazo

Alívio Rápido dos sintomas

Diários

Uso diário de 2 agonistas

As crises afectam a actividade

> 2 x / mês 80% do valor teórico

Variabilidade > 30%

Medicação diária

Corticoides inalados (fluticasona 500 g 2 x dia) e 2 agonistas de acção longa (salmeterol 50 g 2 x dia)

Considerar:

teofilinas de libertação prolongada

Considerar antileucotrienos

2 agonistas de acção curta inalados sempre que necessário, não excedendo 3 a 4 x dia

Nível 3 – persistente moderada

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Terapêutica da Asma por Níveis de Gravidade

Sintomas Sintomas Nocturnos

DEMI Terpêutica Preventiva a longo Prazo

Alívio Rápido dos sintomas

1 x /semanaMas > 1 x/dia

> 2 x / mês 80% do valor teórico

Variabilidade de 20 a 30%

Medicação diária

Corticoides inalados (fluticasona 100 a 250g 2 x dia)

Considerar:

antileucotrienos

2 agonistas de acção curta inalados sempre que necessário, não excedendo 3 a 4 x dia

Nível 2 – persistente ligeira

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MAIZAR - Setembro de 2002 33

Terapêutica da Asma por Níveis de Gravidade

Nível 1 – intermitente

Sintomas Sintomas Nocturnos

DEMI Terpêutica Preventiva a longo Prazo

Alívio Rápido dos sintomas

< 1 x /semanaAssintomáticoDEMI normal entre as crises

2 x / mês

80% do valor teórico

Variabilidade

> 20%

Medicação diária

desnecessário

2 agonistas de acção curta inalados sempre que necessário, não excedendo 3 a 4 x dia, mas < 1 x/semana

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Terapêutica da Asma por Níveis de Gravidade

Descer 1 nível

• O tratamento deve ser revisto cada 3 a 6 meses

Subir 1 nível• Se o controlo da asma

não for conseguido, após revisão da aderência à terapêutica, técnica de administração dos fármacos e controlo de factores ambientais

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MAIZAR - Setembro de 2002 35

EM CONCLUSÃO

A Asma é uma Doença:

INFLAMATÓRIA

OBSTRUÇÃO BRÔNQUICA

Dois Grupos de Fármacos:

ANTI-INFLAMATÓRIOS

BRONCODILATADORES

Dois Fármacos com Perfil mais Equilibrado:

FLUTICASONASALMETEROL

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MAIZAR - Setembro de 2002 36

Asma Brônquica

?