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V JORNADA DE PESQUISA E CONSERVAO DE TARTARUGAS MARINHAS DO ATLNTICO SUL OCIDENTAL (ASO)

27 e 28 de novembro de 2011 Florianpolis, Santa Catarina, Brasil

V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasil

ESTIMADOS AMIGOS DAS TARTARUGAS MARINHAS

Desenvolver plenamente seus interesses e talentos e, ao mesmo tempo, conservar os recursos naturais o grande desafio para a humanidade. Preservao, respeito natureza e equilbrio ecolgico so idias universais presentes nos meios de comunicao, congressos, seminrios, simpsios, leis e acordos internacionais, reunindo vrios pases em defesa do MEIO. A partir do agravamento da crise ambiental, crescente em nosso planeta, cada vez maior a necessidade de participao da sociedade e do poder pblico, no enfrentamento dos problemas, ampliando-se a viso e o conceito de Meio Ambiente, que concebido como o sistema, no qual interagem natureza e sociedade. Portanto, um espao socialmente construdo nas relaes cotidianas com a natureza, permeadas por aes econmicas, sociais e polticas. Assim, a viso fragmentada (gua, ar, solo, plantas e animais) e antropocntrica (natureza criada para o homem) do meio ambiente, deve ser superada por uma viso holstica e sistmica, na qual as pessoas tm o privilgio de ser algumas das partes do todo. Surge assim um novo conceito, com a finalidade de contribuir na formao de um sujeito capaz de refletir e atuar na busca de solues ambientais a partir da sua realidade. Com o propsito de divulgar sociedade a importncia da preservao das tartarugas marinhas, engajar estudantes, pesquisadores e governantes a promoverem pesquisas e leis que garantam a conservao destes animais, que o Projeto Tamar organizou a V Jornada de Pesquisa e Conservao de Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental ASO. Em nome de todos os membros do Projeto Tamar, acolhemos os participantes desta Jornada, agradecendo a presena e o interesse de cada um de vocs em compartilhar experincias e renovar estratgias que contribuam efetivamente para a conservao dastartarugas marinhas no atlntico sul ocidental.

Sejam bem vindos. Comisso Organizadora

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasil

HISTRICO DA REDE ASO

O Atlntico Sul Ocidental (ASO) a regio compreendida por Brasil, Uruguai e Argentina e esta regio utilizada por cinco das sete espcies de tartarugas marinhas existentes no mundo. Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea utilizam o Atlntico Sul Ocidental como rea de alimentao, desenvolvimento e corredor migratrio, entretanto, estas espcies encontram-se ameaadas de extino. Como principais impactos destacam-se o abate das fmeas e coleta dos ovos, a urbanizao das praias de desova, a poluio e a interao com atividades pesqueiras, sendo esta ltima a principal causa do declnio das populaes de tartarugas marinhas no mundo. Todas as espcies de tartarugas so protegidas por lei nos trs pases, no entanto as aes atuais de investigao, conservao e proteo so insuficientes para assegurar a sobrevivncia das espcies nesta regio em longo prazo. Pelo fato dos trs pases que compem o ASO apresentarem algumas caractersticas comuns com relao aos usos do habitat pelas tartarugas marinhas e os impactos que estes animais sofrem, o Projeto Tartarugas Marinhas do Uruguai Karumb props aos pesquisadores destes trs pases a formao de uma rede, com os seguintes objetivos: Divulgar informao cientfica sobre a biologia, conservao e reabilitao das tartarugas marinhas, assim como padronizar metodologias de trabalho e protocolos cientficos entre os diversos projetos que trabalham na rea, para melhorar as prticas de manejo e pesquisa e a capacidade comparativa entre os estudos; Proporcionar um ambiente integrador para consolidar as aes que tm sido realizadas por projetos e organizaes no trabalho com tartarugas marinhas no ASO, organizar aes conjuntas que ampliem os esforos e os resultados em prol da conservao das tartarugas e fortalecer a integrao e a colaborao entre pesquisadores e instituies de cada regio; Formular aes de carter regional que sejam necessrias para a conservao das tartarugas marinhas, e um mecanismo de coordenao para sua implementao, de maneira que complementem as aes j desenvolvidas individualmente pelos atores na regio. Desenvolver e propor estratgias para o setor pesqueiro, o qual est relacionado aos trs pases, com o objetivo de diminuir a captura incidental de tartarugas marinhas sem desvantagens a pesca, ou mesmo com o aumento da produtividade e rentabilidade da atividade pesqueira

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasil REUNIES ANTERIORES

Como marco inicial da rede ASO, em outubro de 2003 foi realizada a I Reunio de Investigao e Conservao de Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental (ASO). Esta reunio foi realizada em Montevidu Uruguai sob a coordenao do Projeto Karumb e teve como resultados a apresentao das atividades de grupos que trabalham com pesquisa e conservao na regio e a sistematizao da coleta de dados e metodologia de trabalho. Em outubro de 2004 foi realizada em San Clemente do Tuy Argentina a II Reunio de Investigao e Conservao de Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental (ASO), com a coordenao do Programa Regional de Investigao e Conservao de Tartarugas Marinhas da Argentina PRICTMA. Nesta reunio estiveram presentes representantes de ONGs, instituies governamentais da rea de meio ambiente e universidades. O principal resultado desta reunio foi a elaborao de recomendaes aos governos dos trs pases para que integrassem e implementassem os acordos internacionais de proteo das tartarugas marinhas. A III Reunio da Rede ASO foi realizada na Praia do Cassino em Rio Grande/RS, Brasil, entre os dias 12 e 15 de novembro em Rio Grande - RS , sendo que para esta reunio o perodo foi dividido em Reunio ASO (12 e 13 de novembro) e a realizao da II Jornada de Conservao e Pesquisa de Tartarugas Marinhas no Atlntico Sul Ocidental (14 e 15 de novembro). O evento foi realizado pelo Ncleo de Educao e Monitoramento Ambiental NEMA com o apoio do Projeto Tamar. Os temas abordados em seminrios especficos foram: Educao Ambiental, Pesca, Reabilitao e Pesquisa. Foram realizadas apresentaes orais das atividades desenvolvidas e principais resultados obtidos no perodo pelas instituies integrantes da Rede ASO, uma mesa-redonda sobre a interao entre animais marinhos (tartarugas, albatrozes e petris, mamferos marinhos e tubares) e a pescaria de espinhel pelgico e a divulgao de trabalhos cientficos, a partir da apresentao de painis que tratavam sobre captura incidental, encalhes, reabilitao de tartarugas marinhas e aes de educao ambiental. A IV Reunio da Rede ASO e a III Jornada de Pesquisa e Conservao de Tartarugas Marinhas do ASO obedeceram diretriz de serem realizadas a cada dois anos e foram sediadas em Piripolis, Uruguai, entre 26 e 30 de outubro de 2007, sob coordenao do Projeto Karumb. A Jornada (26 e 27/10) teve como destaque o nmero, a qualidade e a diversidade dos trabalhos apresentados (6 teses, 8 apresentaes orais e 36 psteres) relacionados diretamente com a conservao das tartarugas marinhas. A IV Reunio da Rede ASO permitiu a atualizao conceitual e metodolgica e o compartilhamento entre os membros da Rede. Foram discutidos e atualizados os seguintes temas: avaliao das reunies anteriores da Rede ASO, evoluo e produtos elaborados no perodo; apresentao dos resultados das aes desenvolvidas no perodo entre as reunies; criao do estatuto da Rede.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasil Um dos seminrios abordou a questo das capturas incidentais (bycatch) de tartarugas marinhas (estimativas de captura e uso de SIG) e gerou uma importante ferramenta para suporte pesquisa e conservao: o Sistema de Informao Geogrfica para suporte aos estudos sobre Captura Incidental de Tartarugas Marinhas na Pesca Ocenica no ASO (SIG ASO Tortugas), contendo a sobreposio de dados oceanogrficos, pesca e dados biolgicos de ocorrncia e captura dos animais ao longo do tempo, contribuindo assim para se estabelecer anlises e correlaes entre as variveis ambientais e a ocorrncia e captura de tartarugas marinhas no Atlntico Sul Ocidental. Esta ferramenta tem contribudo para aumentar a integrao das diversas instituies que atuam na Rede ASO, pois proporciona o compartilhamento de informaes entre elas, subsidiando as tomadas de deciso e otimizando os esforos de conservao das espcies. O sistema um arquivo digital, disponibilizado atravs um CD para as instituies dos trs pases. A ltima edio da Rede foi realizada na Argentina, na cidade de Mar Del Plata entre 30 de setembro e 3 de outubro de 2009, incluindo tanto a V Reunio da Rede quanto a IV Jornada cientfica. A organizao esteve cargo do Programa Regional de Investigao e Conservao de Tartarugas Marinhas da Argentina PRICTMA. O evento cumpriu seu papel de fortalecer e consolidar as estratgias para a conservao das tartarugas marinhas a nvel regional e internacional. Nessa edio participaram mais de 300 especialistas de Brasil, Uruguai e Argentina. Cumprindo compromisso assumido em Mar Del Plata em 2009, o Projeto Tamar organizou a presente edio desta que a VI Reunio de Pesquisa e Conservao de Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental e V Jornada de Pesquisa e Conservao de Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental, realizadas de 27 a 30 de novembro de 2011 na cidade de Florianpolis, Santa Catarina, Brasil.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasil

REDE ASO Gilberto Sales - Presidente Eron Paes e Lima - Vice-Presidente Ana Cristina V. Bondioli - Representante do Brasil e Secretariado Andrs Estrades - Representante do Uruguai Maria Noel Caraccio - Representante do Uruguai Julian Andrejuk - Representante da Argentina Diego Albareda - Representante da Argentina Fernando Niemeyer Fiedler - Secretariado Gustavo David Stahelin - Secreteriado Adjunto

COMISSO ORGANIZADORA Camila Domit Camila Trentin Cegoni Eron Paes e Lima Fernando Niemeyer Fiedler Gilberto Sales Gustavo David Stahelin Juara Wanderlinde

COMIT CIENTFICO Andrs Domingo - DINARA/Uruguay Ceclia Lezama KARUMB/Uruguay Juliana de Azevedo Barros NEMA/Brasil Laura Veja UNMdP/Argentina Leandro Bugoni FURG/Brasil (Coordenador) Paulo Csar Rosito Barata FIOCRUZ/Brasil Victoria Gonzles Carman INIDEP/Argentina

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PATROCNIO Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico - CNPq Fundao Pr-TAMAR Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade - ICMBio APOIO Universidade Federal de Santa Catarina UFSC REALIZAO Projeto TAMAR/ICMBio Fundao Pr-TAMAR

AGRADECIMENTOS Gostaramos de agradecer aos representantes da Rede ASO - Ana Cristina Vigliar Bondioli (Brasil), Andrs Estrades e Maria Noel Caraccio (Uruguai), Diego Albareda e Julian Andrejuk (Argentina), pelo auxlio aos assuntos e contatos da Rede nos respectivos pases, ao comit cientfico pelo empenho na avaliao dos resumos, a Laura Prosdocimi pela traduo dos documentos, Ugo Eichler Vercilio e Fernanda Machado Paula Soares do ICMBio pelo apoio e grande agilidade, aos patrocinadores e apoiadores, a todos integrantes da Rede ASO e demais convidados que consideraram esse evento importante e acreditaram na sua realizao. Muito obrigado!!!

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilSUMRIO

Ttulo/Autores VARIAO LATITUDINAL NA DISTRIBUIO DO TAMANHO DE TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) AO LONGO DE PARTE DA COSTA LESTE DA AMRICA DO SUL. Barata et al. TEMPERATURA CORPORAL DE JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas E SUA CORRELAO COM A TEMPERATURA SUPERFICIAL DO MAR NA REA DE ALIMENTAO CERRO VERDE, URUGUAI. Martinez-Souza et al. TARTARUGAS MARINHAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, BRASIL: DIVERSIDADE, DISTRIBUIO, SAZONALIDADE E AMEAAS. Reis et al. ONCE AOS DE VARAMIENTOS DE TORTUGAS MARINAS EN URUGUAy: RESULTADOS PRELIMINARES. Vlez-Rubio et al. CAUSAS DE MORTALIDAD EN JUVENILES DE Chelonia mydas EN EL REA COSTERO MARINA PROTEGIDA CERRO VERDE E ISLAS DE LA CORONILLA, URUGUAy. Alonso y Vlez-Rubio. ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Silva et al. ESTIMATIVA DE IDADE PARA TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) DA REGIO DE CANANIA, SP, BRASIL. Maistro et al. PADRES DE DISTRIBUIO E CONCENTRAO DE METAIS EM TECIDOS DE TARTARUGASVERDES (Chelonia mydas) ORIUNDAS DE ENCALHES NA COSTA SUL DO RS. Silva et al. INGESTO DE RESDUOS INORGNICOS POR Chelonia mydas NA REA DE ALIMENTAO DO COMPLEXO ESTUARINO LAGUNAR DE CANANIA SO PAULO, BRASIL. Bezerra e Bondioli. AVALIAO DA OCORRNCIA DE RESDUOS SLIDOS EM REAS DE ALIMENTAO DE Chelonia mydas (LINNAEUS 1758), NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGU, BRASIL. Moura et al. INGESTO DE MATERIAL ANTROPOGNICO POR Chelonia mydas NO LITORAL DE UBATUBA, SP. Silva et al. INGESTO DE RESDUOS SLIDOS POR JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Rigon e Trigo. EL IMPACTO DE LOS DESECHOS ANTRPICOS EN INDIVIDUOS JUVENILES DE TORTUGA VERDE (Chelonia mydas), CERRO VERDE, URUGUAy. Murman et al. REABILITAO DE UMA TARTARUGA-DE-COURO (Dermochelys coriacea) COM TRAUMATISMO CRANIANO NO CENTRO DE RECUPERAO DE ANIMAIS MARINHOS CRAM FURG. Bruno et al. PANORAMA DO RECEBIMENTO DE TARTARUGAS MARINHAS PELO CERAM (CECLIMAR/IB/ UFRGS) ENTRE AGOSTO 2008 E AGOSTO DE 2011. Tavares et al. TARTARUGAS VERDES (Chelonia mydas) RECEBIDAS NO CENTRO DE RECUPERAO DE ANIMAIS MARINHOS (CRAM/FURG) E A INGESTO DE RESDUOS SLIDOS. Canabarro et al. INDICADORES BIOQUMICOS NUTRICIONAIS DE FMEAS DE Eretmochelys imbricata DURANTE O PERODO REPRODUTIVO. Goldberg et al.

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ANLISE INTEGRADA DE MLTIPLOS ESTOQUES-MISTOS DE Chelonia mydas NO ATLNTICO E NO CARIBE. Santos e David Richardson. EVALUACIN DEL ESTADO DE LA TORTUGA VERDE (Chelonia mydas) MEDIANTE EL USO DE BIOMARCADORES DE GENOTOXICIDAD EN EL AREA PROTEGIDA CERRO VERDE E ISLAS DE LA CORONILLA PRXIMA AL CANAL ANDREONI. Borrat et al. FIBROPAPILOMATOSE EM TARTARUGAS VERDES (Chelonia CARACTERIZAO MOLECULAR DO ChHV 5. Rodenbusch et al. mydas) DA BAHIA

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CASO CLNICO: INFECCIN CAUSADA POR Aeromonas sp. Ferrando et al. REGISTRO DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Xavier et al. Sulcascaris sulcata PARASITA DE Caretta caretta NA COSTA SUL DO RIO GRANDE DO SUL. Sard et al. ANLISE DA FAUNA EPIBIONTE DE JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Fraga et al. DETERMINAO SEXUAL E MATURAO GONADAL DE FMEAS DA TARTARUGA-VERDE (Chelonia mydas) e TARTARUGA-CABEUDA (Caretta caretta) NO EXTREMO SUL DO BRASIL. Duarte et al. ESTUDO HISTOMORFOLGICO DAS ARTRIAS AORTA DE Chelonia mydas. Braz et al. ESTUDO CRANIOMTRICO DE TARTAUGA-VERDE (Chelonia mydas) NO LITORAL DO ESTADO DO PARAN, SUL DO BRASIL. Coelho et al. DIMORFISMO SEXUAL EM JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE, Chelonia mydas (LINNAEUS 1758): UMA ANLISE MORFOMTRICA. Coelho et al. Caretta caretta NO LITORAL DO PARAN, SUL DO BRASIL. Montanini et al. DIETA DA TARTARUGA-CABEUDA (Caretta caretta) EM AMBIENTES OCENICO E NERTICO NO SUL DO BRASIL. Barros et al. REGISTRO DE OCORRNCIA DA TARTARUGA Caretta caretta NA RESERVA BIOLGICA DO ATOL DAS ROCAS, BRASIL. Silva et al. OCORRNCIA DE TARTARUGAS-DE-PENTE (Eretmochelys imbricata) NOS ARQUIPLAGOS DE ABROLHOS (BA) E SO PEDRO E SO PAULO (RN), BRASIL. Proietti e Secchi. REGISTROS NO REPRODUTIVOS DE TARTARUGAS MARINHAS NA REGIO LITORNEA DA REA DE PROTEO AMBIENTAL DELTA DO PARNABA. Paiva-Silva et al. REGISTRO DE ENCALHES DE TARTARUGAS MARINHAS NA BAIXADA SANTISTA-SP. Fernandes et al. RESIDNCIA DE TARTARUGAS MARINHAS DA ESPCIE Chelonia mydas NA REGIO COSTEIRA DE ITAIPU, NITERI - RJ, BRASIL. Gitirana et al. TELEMETRIA POR SATLITE DE UM MACHO ADULTO DE TARTARUGA-CABEUDA Caretta caretta NO LITORAL SUL DO BRASIL. Goldberg et al. MONITORAMENTO DAS VARIAES ESPAO-TEMPORAIS EM REAS DE ALIMENTAO DA TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas NO COMPLEXO ESTUARINO DE PARANAGU, PR, BRASIL. Leis et al.

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AGREGACIN DE TORTUGAS LAD (Dermochelys coriacea) AL SUR DEL PARALELO 40S. Svendsen et al. ERRATA: ESTE RESUMO FOI REMOVIDO, A PEDIDO DO AUTOR - COMISSO ORGANIZADORA PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN LA ZONA ESTUARINA INTERNA DEL RO DE LA PLATA, URUGUAy. Viera et al. INTERAO DE TARTARUGAS MARINHAS COM AS PESCARIAS DE REDE DE EMALHE NO MUNICCIPO DE BARRA VELHA, SC, BRASIL. Pazeto et al. INFLUNCIA DA LUMINOSIDADE NA CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS VERDES (Chelonia mydas) E DE PEIXES NAS REDES DE EMALHE COSTEIRA EM UBATUBA/SP. OttoniNeto et al. CAPTURAS INCIDENTAIS DE TARTARUGAS MARINHAS EM CURRAIS DE PESCA MONITORADOS EM ALMOFALA/CEAR 2010. Melo e Lima. ENCUENTRO CASUAL? Chelonia mydas y Dermochelys coriacea CAPTURADAS POR LA PESQUERA ARTESANAL EN BAJOS DEL SOLS, URUGUAy. Rivas e Lezama. CAPTURA INCIDENTAL DE TARTARUGAS MARINHAS NA PESCA COSTEIRA DE MDIA ESCALA DO LITORAL SUL DO BRASIL. Steigleder et al. PERCEPO DE PESCADORES ARTESANAIS DO LITORAL SUL DO BRASIL SOBRE AS TARTARUGAS MARINHAS: PESCA E SEUS CONFLITOS. Steigleder et al. ACES DE DIFUSO DOS ANZIS CIRCULARES COMO MEDIDA MITIGADORA NA FROTA ESPINHELEIRA DE ITAIPAVA/ES. Jnior et al. USOS DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAy. Morabito et al. NEM TUDO QUE CAI NA REDE PEIXE. Lima et al. PROJETO CORREDOR MARINHO BRASIL-URUGUAy: UMA INICIATIVA BINACIONAL DE PESQUISA, EXTENSO E CAPACITAO NO ATLNTICO SUL OCIDENTAL. Martinez-Souza. KARUMB 2011: AVANCES EN LA CONSERVACIN DE LAS TORTUGAS MARINAS EN URUGUAy. Estrades. TARTARUGAS AO MAR: UM MERGULHO NA EDUCAO AMBIENTAL. Barros et al. ACTIVIDADES DE EXTENSIN DE LA BASE CIENTFICA DE KARUMB EN CERRO VERDE, URUGUAy, AL LARGO DE 2010-2011. Martinez-Souza et al. TARTARUGAS MARINHAS (TESTUDINE: CHELONIIDAE): ESPCIE-BANDEIRA COMO FERRAMENTA PARA CONSERVAO EM UBATUBA, LITORAL NORTE DE SO PAULO. Gusmo e Schlindwein. Sesso Especial APRENDIENDO A TRABAJAR EN RED BUSCANDO LA EFECTIVIDAD DE LAS ACCIONES DE CONSERVACIN EN LA REDUCCION DE LA PESCA INCIDENTAL DE TORTUGAS MARINAS EN EL PACIFICO ORIENTAL. Andraka et al.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilVARIAO LATITUDINAL NA DISTRIBUIO DO TAMANHO DE TARTARUGAS-VERDES (Chelonia mydas) AO LONGO DE PARTE DA COSTA LESTE DA AMRICA DO SUL

Paulo C. R. Barata1, Victoria Gonzlez Carman2,3, Alexsandro S. dos Santos4, Ana Cristina V. Bondioli5, Antonio de P. Almeida6, Armando J.B. Santos4, Augusto Cesar C. D. da Silva6, Berenice M. G. Gallo4, Bruno de B. Giffoni4, Camila Domit7, Ceclia Baptistotte6, Claudio Bellini6, Clenia M. P. Batista8,9, Daiana P. Bezerra5, Danielle S. Monteiro10, Diego Albareda3,11, Eduardo H.S.M. Lima4, Eron Paes e Lima6, Flvia Guebert-Bartholo12, Gilberto Sales6, Gustave G. Lopez4, Gustavo D. Stahelin4, Ignacio Bruno3, Jaqueline C. de Castilhos4, Joo C. A. Thom6, Jorge A. A. Nunes4, Jos Henrique Becker4, Juara Wanderlinde4, Liana Rosa13, Maria A. Marcovaldi6, Maria Thereza D. Melo4, Rita Mascarenhas8, Srgio C. Estima10, e Eugenia Naro-Maciel14

Fundao Oswaldo Cruz, Rua Leopoldo Bulhes 1480-8A, 21041-210 Rio de Janeiro RJ, Brasil (paulo. [email protected]).1 2

Instituto Nacional de Investigacin y Desarrollo Pesquero CONICET, Paseo Victoria Ocampo nro. 1 (7600), Mar del Plata, Argentina. AquamarinaCECIM PRICTMA, Del Sauce 748 (7167), Pinamar, Argentina. Fundao Pr-Tamar, Rua Rubens Guelli 134 sala 307 Itaigara, 41815-135 Salvador BA, Brasil.

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Projeto Tartarugas, Instituto de Pesquisas Canania IPeC, Rua Tristo Lobo 199, 11990-000 Canania SP, Brasil. Projeto Tamar-ICMBio, Caixa Postal 2219 Rio Vermelho, 41950-970 Salvador BA, Brasil.

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Laboratrio de Ecologia e Conservao, Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paran, Av. Beira Mar s/n Pontal do Sul, Cx. Postal 50.002, 83255-000 Pontal do Paran PR, Brasil. Associao Guajiru: CinciaEducaoMeio Ambiente, Av. Oceano Atlntico s/n Intermares, 58310-000 Cabedelo PB, Brasil. Programa de Ps-Graduao em Ecologia e Conservao, Universidade Estadual da Paraba, Campus V, Rua Horcio Trajano de Oliveira s/n Cristo Redentor, 58020-540 Joo Pessoa PB, Brasil. Ncleo de Educao e Monitoramento Ambiental NEMA, Rua Maria Arajo 450 Cassino, 96207-480 Rio Grande RS, Brasil.

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Acuario del Jardn Zoolgico de Buenos Aires PRICTMA, Repblica de la India 2900 (1425), Ciudad Autnoma de Buenos Aires, Argentina. Ps-Graduao em Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco, 50740-550 Recife PE, Brasil. Ps-Graduao em Ecologia e Evoluo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro,

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20550-013 Rio de Janeiro RJ, Brasil.14

Biology Department, College of Staten Island, City University of New york, Staten Island, Ny 10314, USA.

Palavras-chave: biogeografia, estgios ontogenticos, reas de alimentao, conservao, Atlntico Sul Ocidental.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilIntroduo As tartarugas-verdes (Chelonia mydas), aps o nascimento nas praias de desova e um perodo de alguns anos na zona ocenica do mar, realizam, quando juvenis pequenas, uma mudana para a zona nertica (Musick e Limpus 1997). A transio da zona ocenica para a zona nertica e a distribuio geogrfica de juvenis e adultos pelas reas de alimentao costeiras ainda so insuficientemente conhecidas, assim como os fatores que as definem. O conhecimento destes aspectos da histria natural das tartarugas-verdes, alm de nos permitir um melhor entendimento da sua biologia populacional, tem implicaes para a conservao da espcie, por possibilitar o estabelecimento de relaes mais claras entre reas geogrficas, estgios ontogenticos das tartarugas, fatores ambientais ou de outra ordem e aes de conservao. A tartaruga-verde atualmente est classificada como Ameaada pela Unio Internacional para a Conservao da Natureza (IUCN). A tartaruga-verde tem ampla distribuio na costa leste da Amrica do Sul (Pritchard 1976; Marcovaldi e Marcovaldi 1999; Gonzlez Carman et al. 2011). Este trabalho tem como objetivo analisar a variao, em larga escala, da distribuio do tamanho (medido pelo comprimento curvo da carapaa, CCC) das tartarugas-verdes ao longo de parte da costa leste da Amrica do Sul, com dados obtidos em reas costeiras, com vistas a uma melhor compreenso da biogeografia da espcie na regio.

Metodologia A rea de estudo vai da latitude 2,93S (Cear, norte do Brasil) latitude 42,57S (norte da Patagnia, Argentina); a extenso de litoral coberta de aproximadamente 6500 km (Fig. 1). O perodo de estudo vai de 1 de junho de 2005 a 31 de maio de 2010. Foram analisados registros de tartarugas encalhadas, observadas boiando na gua ou capturadas incidentalmente em pesca costeira. Foram excludos das anlises: (1) registros reprodutivos em praias de desova, incluindo as trs principais reas de desova da tartaruga-verde no Brasil: Trindade, Atol das Rocas e Fernando de Noronha; (2) registros no-reprodutivos (encalhes, capturas, etc.) obtidos nestas trs reas reprodutivas; (3) capturas incidentais em pesca por espinhis ou redes de deriva (ocorrem geralmente fora da rea costeira); (4) capturas intencionais (por pesquisadores) por meio de mergulho, redes de espera ou outras artes de pesca. Para tartarugas marcadas, as recapturas foram excludas das anlises. A metodologia desta pesquisa ser apresentada em detalhe em artigo futuro.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasil

Figura 1. Mapa da Amrica do Sul e Oceano Atlntico. Os crculos pretos indicam os locais das amostras. Brasil: 1 = oeste do Cear, 2 = Rio Grande do Norte, 3 = Paraba, 4 = Alagoas, 5 = Sergipe, 6 = norte da Bahia, 7 = norte do Esprito Santo, 8 = sul do Esprito Santo, 9 = norte do Rio de Janeiro, 10 = norte de So Paulo, 11 = sul de So Paulo, 12 = Paran, 13 = Santa Catarina, 14 = sul do Rio Grande do Sul; Argentina: 15 = San Clemente, 16 = Baha Blanca, 17 = norte da Patagnia. Os tringulos indicam reas de desova de Chelonia mydas mencionadas no texto. O mapa de base for produzido pelo Maptool (www.seaturtle.org).

As anlises estatsticas foram realizadas com o programa R 2.13.1 (R Development Core Team 2011). A relao entre CCC e latitude (Fig. 2) foi analisada por meio de regresses no-paramtricas por quantis (Koenker 2005), utilizando o pacote quantreg do programa R.

Resultados e Discusso O CCC das tartarugas variou entre 8 e 140 cm (N = 12.247). A distribuio do CCC segundo a latitude est apresentada na Fig. 2. Pode ser observado nesta figura: (1) h uma variao sulnorte na distribuio do CCC: a amplitude do CCC aumenta do sul para o norte (a distribuio vai se alargando nesta direo); no extremo sul (ao sul da latitude 35S, Argentina) existem essencialmente tartarugas entre 30 e 50 cm, e medida que vamos para o norte h tartarugas cada vez menores e tambm cada vez maiores; (2) tartarugas com CCC > 100 cm, de forma geral adultas, ocorrem essencialmente ao norte da latitude 15S (Bahia); (3) juvenis pequenas (CCC < 20 cm aproximadamente) ocorrem ao norte da latitude 15S; (4) juvenis com CCC entre 20 e 100 cm ocorrem ao longo de toda a rea de estudo.

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Figura 2. Chelonia mydas, comprimento curvo da carapaa (CCC) por latitude, do sul para o norte, leste da Amrica do Sul, 1 de junho de 2005 a 31 de maio de 2010 (N = 12.247). As curvas so regresses noparamtricas por quantis, conforme a coluna de nmeros direita: curvas pontilhadas = quantis 0,05 e 0,95; curvas tracejadas = quantis 0,25 e 0,75; curva contnua = quantil 0,50 (mediana). As linhas horizontais indicam os CCCs de 20 e 100 cm.

A Fig. 2 sugere que existe uma continuidade no processo de distribuio geogrfica das tartarugasverdes ao longo da costa leste da Amrica do Sul, o que compatvel com anlises genticas da estrutura populacional de juvenis desta espcie na regio, que apontam origens comuns para os indivduos ali encontrados, principalmente Ascension Island e Suriname, com contribuies variadas de outras reas, inclusive Trindade (Fig. 1; Naro-Maciel et al. 2007; Proietti et al. 2009; Naro-Maciel et al. dados no publicados). A continuidade mencionada acima sugere hipteses quanto ao processo de recrutamento das tartarugasverdes para a zona nertica e sua posterior distribuio pela regio costeira da rea de estudo. A hiptese preliminar mais imediata parece ser que o recrutamento ocorreria principalmente na regio norte, possivelmente devido a uma combinao de condies de correntes marinhas, proximidade de reas de desova, temperatura do mar e disponibilidade de alimento, com subseqentes deslocamentos, ao menos por parte das tartarugas, para o sul e posteriormente para o norte, onde vivem as tartarugas subadultas e adultas o norte do Brasil rea de alimentao de tartarugas-verdes adultas que desovam em Ascension, Suriname, Guiana Francesa e possivelmente Caribe (Pritchard 1976; Mortimer e Carr 1987; Lima et al. 2008). A anlise da variao da distribuio do CCC no s em relao latitude mas tambm em relao s estaes do ano e a fatores ambientais possivelmente nos permitir avaliar esta ou outras hipteses a respeito do recrutamento e da distribuio geogrfica. Os resultados aqui apresentados devem ser vistos dentro da perspectiva de que foram obtidos com base em dados coletados oportunisticamente em atividades de rotina de programas de conservao, e no atravs de amostragens planejadas.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilReferncias Bibliogrficas Gonzlez-Carman, V., K.C. lvarez, L. Prosdocimi, M.C. Inchaurraga, R.G. Dellacasa, A. Faiella, C. Echenique, R. Gonzlez, J. Andrejuk, H.W. Mianzan, C. Campagna, e D.A. Albareda. 2011. Argentinian coastal waters: a temperate habitat for three species of threatened sea turtles. Marine Biology Research 7:500-508. Koenker, R. 2005. Quantile Regression. Cambridge University Press, Cambridge, UK. Lima, E.H.S.M., M.T.D. Melo, M.M. Severo, e P.C.R. Barata. 2008. Green turtle tag recovery further links northern Brazil to the Caribbean region. Marine Turtle Newsletter 119:14-15. Marcovaldi, M.A., e G.G. dei Marcovaldi. 1999. Marine turtles of Brazil: the history and structure of Projeto TAMARIBAMA. Biological Conservation 91:35-41. Mortimer, J.A., e A. Carr. 1987. Reproduction and migrations of the Ascension Island green turtle (Chelonia mydas). Copeia 1987:103-113. Musick J.A., e C.J. Limpus. 1997. Habitat utilization and migration in juvenile sea turtles. Pginas 137-163 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.), The biology of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, USA. Naro-Maciel, E., J.H. Becker, E.H.S.M. Lima, M.A. Marcovaldi, e R. DeSalle. 2007. Testing dispersal hypotheses in foraging green sea turtles (Chelonia mydas) of Brazil. Journal of Heredity 98:29-39. Pritchard, P.C.H. 1976. Post-nesting movements of marine turtles (Cheloniidae and Dermochelyidae) tagged in the Guianas. Copeia 1976: 49-754. Proietti, M.C., P. Lara-Ruiz, J.W. Reisser, L. da S. Pinto, O.A. Dellagostin, e L.F. Marins. 2009. Green turtles (Chelonia mydas) foraging at Arvoredo Island in Southern Brazil: genetic characterization and mixed stock analysis through mtDNA control region haplotypes. Genetics and Molecular Biology 32:613-618. R Development Core Team. 2011. R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria [www.R-project.org].

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilTEMPERATURA CORPORAL DE JUVENIS DE TARTARUGA-VERDE Chelonia mydas E SUA CORRELAO COM A TEMPERATURA SUPERFICIAL DO MAR NA REA DE ALIMENTAO CERRO VERDE, URUGUAI

Gustavo Martinez-Souza1,2,3, Mauro Russomagno2, Bruno Techera2, Gabriela Velez2, Igor Monteiro4, e Paul G. Kinas5

1 Programa de Ps-Graduao em Oceanografia Biolgica, Universidade Federal do Rio Grande FURG. CP 474, CEP 96.201-900, Rio Grande, RS, Brasil. ([email protected]) 2 3 4

Karumb, Avda. Gral Rivera 3245, CP 11200, Montevideo, Uruguay. Projeto da Tartaruga no Sul de Santa Catarina. CEP 88780-000, Praia de Itapirub, Imbituba, SC, Brasil.

Laboratrio de Oceanografia Fsica Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande FURG. CP 474, CEP 96.201-900, Rio Grande, RS, Brasil.5

Instituto de Matemtica, Estatstica e Fsica IMEF, Universidade Federal do Rio Grande FURG. CP 474, CEP 96.201-900, Rio Grande, RS, Brasil.

Palavras-chave: baixas temperaturas, mdias latitudes, hipotermia.

Introduo A tartaruga-verde Chelonia mydas, catalogada como em perigo de extino na lista vermelha da Unio Internacional para a Conservao da Natureza (IUCN 2010), uma espcie circumglobal de hbitos herbvoros e costeiros aps fase de desenvolvimento no ambiente ocenico-pelgico (Hirth 1997). Diversos projetos de conservao surgiram nos ltimos 30 anos para avaliar os riscos e desenvolver medidas favorveis conservao das tartarugas marinhas no mundo. Porm, 90% das aes so realizadas em reas de reproduo. A escassez de projetos desenvolvidos em reas de alimentao com alto gradiente de temperatura ao longo do ano e baixas temperaturas (< 15oC) limita a informao sobre a resistncia trmica corporal das tartarugas marinhas. A temperatura superficial do mar (TSM) pode influenciar o metabolismo e o nvel de atividade das tartarugas marinhas (Moon et al. 1997). Adultos de tartaruga-verde apresentam temperaturas corporais (TCs) superiores TSM, resultado de adaptao fisiolgica que acarreta uma vantagem termal (Standora et al. 1982). Porm, juvenis de tartaruga-verde podem apresentar limitaes em relao TSM, diretamente relacionada TC. Mendona (1983) observou uma inibio alimentar em juvenis no Atlntico Norte quando as TCs estavam abaixo dos 18C, enquanto juvenis na Austrlia a inibio ocorreu aos 14C, sugerindo que as populaes de tartarugaverde do padro gentico Pacfico-ndico so mais resistentes a baixas temperaturas do que as populaes do padro gentico Atlntico-Mediterrneo (Read et al. 1996). Porm, as baixas temperaturas apresentadas na regio de Cerro Verde, Uruguai, contradizem essa afirmativa. Apesar do mesmo padro gentico das tartarugas da Flrida, os limites observados na regio assemelha-se aos observados na Austrlia e Califrnia (Read et al. 1996; Koch et al. 2007).

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilJuvenis de tartaruga-verde em Cerro Verde foram observados alimentando-se em temperaturas de at 14C e permaneceram na regio durante o inverno (observao pessoal dos autores). Apesar da resistncia a baixas temperaturas da gua, esta influenciar diretamente a taxa de crescimento somtico e suas condies corpreas. Os objetivos deste trabalho so: (1) verificar a partir da TC, se o metabolismo e a atividade dos juvenis de tartaruga-verde em Cerro Verde est diretamente relacionada TSM ou se existe uma adaptao fisiolgica de ganho trmico que auxilie a resistncia a baixas temperaturas; e (2) verificar a possivel influncia da TSM na atividade de alimentao ou inibio alimentar e hipotermia ao longo dos ltimos 5 anos.

Metodologia Juvenis de tartaruga-verde foram capturados intencionalmente atravs de redes de emalhe de 50 m de comprimento, 3,2 m de altura e 30 cm de malha entre-ns. A TC dos indivduos foi registrada imediatamente aps a captura, com um termmetro de mercrio, lubrificado com vaselina, inserido de 5 a 10 cm na cloaca, onde foi mantido at a estabilizao para leitura (2 a 3 minutos) (Read et al. 1996). O mesmo termmetro foi ento utilizado para medir a TSM in situ, coletada a meia-gua em uma profundidade de 1,5 a 2 m. Um modelo de regresso linear foi utilizado para correlacionar TC e TSM. Para verificar a possvel influncia da TSM na atividade de alimentao ou inibio alimentar e hipotermia nos juvenis de tartaruga-verde de Cerro Verde, foram coletados dados de TSM nos ltimos cinco anos (2006 a 2010) atravs do OSTIA (Operational Sea Surface Temperature and Sea Ice Analysis - http://ghrsst-pp.metoffice. com/pages/latest_analysis/ostia.html), produto de TSM e concentrao de gelo marinho. O produto final do OSTIA possui resoluo temporal diria e espacial de aproximadamente 6 km. Os dados do OSTIA esto disponveis on-line atravs de um servidor OPENDAP (Open-source Project for a Network Data Access Protocol). As temperaturas dirias foram classificadas em: timas para alimentao (>18C); vulnerveis inibio alimentar (14C18C), inibio alimentar e vulnerabilidade hipotermia (10C14C) e crticas a encalhes em massa por hipotermia ( 0.9. O ChHV 5 est presente em 100% dos tumores induzidos por inoculao de filtrados de clulas tumorais (Ene et al. 2005) e em 95% das infeces naturais, sendo que em 79% dos FPs e fibromas analisados por PCR em tempo-real quantitativo, o vrus estava presente em nveis que excediam 104 cpias por 100 ng de DNA total de tumores (Quackenbush et al. 2001). Quanto as caractersticas dos tumores, 86,84% estavam localizados na regio anterior do corpo das tartarugas; 50% eram pigmentados, 81,6% apresentavam a superfcie verrugosa e 18,4% lisa. Baptistotte (2007) caracterizou a ocorrncia da GTFP em tartarugas na costa brasileira analisando 10.170 tartarugas marinhas durante os anos de 2000 a 2005. Das 8.359 tartarugas verdes analisadas, 1.288 apresentavam tumores. A mdia de prevalncia nacional das tartarugas-verdes foi de 15,41% no perodo. A maioria dos tumores (72,5%) estava localizada na regio anterior corprea do animal, 25,2% na regio posterior e 2,3% na carapaa e plastro, sendo que nenhum tumor foi observado na cavidade oral. O presente trabalho o primeiro que relata a quantificao da carga viral em amostras de fibropapilomas no Brasil. Os dados mostram que alguns tumores podem apresentar uma alta carga viral. No Brasil, o DNA do herpesvirus j havia sido detectado por PCR em amostras de fibropapiloma e sangue de tartarugas marinhas em So Paulo (Monezi et al. 2006).

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilAgradecimentos/Financiadores Agradecemos ao Projeto TAMAR pelo auxilio nas coletas, ao IBAMA pela licena de pesquisa e ao CNPq pelo apoio financeiro.

Referncias Bibliogrficas Baptistotte, C., L.M.P. Moreira, J.H. Becker, G. Lopes, J.C. Castilhos, E. Lima, A. Grossman, J. Wanderlinde, e M.A. Marcovaldi. 2005. Frequency of occurrence of tumors in green turtles, chelonia mydas record by projetoTAMAR-IBAMAin Brazilian coast from years 2000 to 2004. 19th Annual Meeting of the Society for Conservation Biology 14-15. Baptistotte, C. 2007. Caracterizao especial e temporal da fibropapilomatose em tartarugas marinhas da costa brasileira. Tese de Doutorado, ESALQ/USP. Piracicaba. Chomczynski, P.A. 1993. A reagent for the single-step simultaneous isolation of RNA, DNA and protein from the cell and tissues samples. Biotechniques 15:532-537. Davison, A.J.; R. Eberle, B Ehlers, G Hayward, D.J. Mcgeoch, A.C. Minson, P.E. Pellett, B. Roizman, M.J. Studdert, e E. Thiry. 2009. The order Herpesvirales. Archives of Virology 154:171-177. Ene, A., S. Lemaire, C. Rose, S. Schaff, R. Moretti, J. Lenz, e L.H. Herbst. 2005. Distribution of Chelonid Fibropapillomatosis-Associates Herpesvirus variants in Florida: molecular genetic evidence for infection of turtles following recruitment to neritc developmental habitats. Journal of Wildlife Disease 41:489-497. George, R.H. 1997. Health problems and diseases of sea turtles. Pginas 363-385 in Lutz P.L., E J.A. Musick (Eds.) The biology of sea turtles, vol. I. Boca Raton, USA: CRC Press. Herbst, L.H., E.R. Jacobson, R. Moretti, T. Brown, J.P. Sundberg, e P.A. Klein. 1995. Experimental transmission of green turtle fibropapillomatosis using cell-free tumor extract. Disease of Aquatic Organisms 22:1-12. Kang, K.I., F.J. Torres-Velez, J. Zhang, P.A. Moore, P.D. Moore, S. Rivera, e C.C. Brown. 2008. Localization of fibropapilloma-associated turtle herpesvirus in Green Turtle (Chelonia mydas) by in-situ hybridization. Journal of Comparative Pathology 139:218-225. Monezi, T.A., N.M.G. Muller, E.R. Matushima, S. Rossi, M. Rondon, e D.U. Mehnert. 2006. Deteco de herpesvrus em tumor e sangue de tartarugas marinhas da espcie Chelonia mydas mantidas na base do Projeto TAMAR, Ubatuba-SP, nos anos de 2005 e 2006. Anais do 10 Congresso e XV Encontro da Associao Brasileira de Veterinrios de Animais Selvagens, p. 21. Quackenbusch, S.L., R.N. Casey, R.J. Murcek, T.A. Paul, T.M. Work, C.J. Limpus, A. Chaves, L. Dutoit, J.V. Perez, A.A. Aguirre, T.R. Spraker, J.A. Horrocks, L.A. Vermeer, G.H. Balazs, e J.W. Casey. 2001. Quantitative analysis of herpesvirus sequences from normal tissue and fibropapillomas of marine turtles with real-time PCR. Virology 287:105-111. yu, Q.,y. Lu, V.R. Nerurkar, e R. yanagihara. 2000. Amplification and analysis of DNA flanking known sequences of a novel herpesvirus from green turtle with fibropapilloma. Archives of Virology 145:2669-2676.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilCASO CLNICO: INFECCIN CAUSADA POR Aeromonas sp.

Virginia Ferrando1,*, Cecilia Pereira1, y Victoria Bentancur1

1

ONG Karumb, Av. Rivera 3245, Montevideo, Uruguay.

* ([email protected]).

Palabras-clave: Chelonia mydas, dermatitis necrtica, antibiograma.

Introduccin El grupo ms importante de microorganismos patgenos, causantes de gran morbilidad y mortalidad en reptiles, son los bacilos gram-negativos. Entre ellos el gnero Aeromonas ha sido asociado como causa de estomatitis ulcerativa y neumona en serpientes y septicemia en gran variedad de reptiles (Marcus 1971). Tambin se asocia a afecciones digestivas, respiratorias y septicemia en humanos (Janda et al. 1983). Las bacterias pertenecientes al gnero Aeromonas son mviles y anaerbicas facultativas. Habitan normalmente la cavidad oral y tubo digestivo de reptiles en general y la epidermis de quelonios acuticos. Estos organismos son ubicuos en el agua dulce y salobre. Se los considera oportunistas ya que atacan a animales inmunodeprimidos. En los quelonios el gnero ha sido reportado como principal causa de muerte en tortugas de agua dulce (Keymer 1978). La especie Aeromonas hydrophila es una de las bacterias ms patgenas en tortugas marinas. Produce lesiones hemorrgicas que desarrollan dermatitis necrtica, particularmente en aquellos animales que estn trmicamente estresados. Por lo general es ms susceptible a temperaturas bajas (Mader 2006). Esta especie sido aislada en Caretta caretta en lesiones producidas por anzuelos y en granulomas hepticos en las Islas Canarias (Ors 2004). En Rio de Janeiro, Reis et al. (2009) encontraron Aeromonas en el 50 % de los hisopos extrados de cloaca, cavidad nasal y cavidad oral y de lesiones de piel de tortugas marinas varadas de las especies C. caretta, Chelonia mydas, Lepidochelys olivacea, Dermochelys coriacea y Eretmochelys imbricata. El presente trabajo tiene como objetivo describir tres casos asociados a Aeromonas sp. en C. mydas, comparando los sntomas y los hallazgos registrados en las necropsias.

Resultados y Discusin En el ao 2010 se registraron tres casos de infeccin por Aeromonas sp. en C. mydas. Todos los individuos eran tortugas juveniles y los promedios de largo curvo de caparazn y de peso fueron 33,8 cm y 4,56 kg respectivamente. Dos vararon en la Coronilla (Rocha) en junio y una en Punta del Este (Maldonado) en julio. Presentaban condicin corporal pobre (Thomson et al., 2009), anorexia, letargia, depresin y flotacin dorsolateral derecha caudal. Slo una de ellas presentaba constipacin, mientras que la materia fecal de las tortugas que defecaban no posea desechos antropognicos. El tratamiento instaurado fue de sostn, aplicndose diariamente suero fisiolgico, calcio y un suplemento inyectable con vitaminas y aminocidos (Metabolase Fatro, Bologna, Italia). Tambin se realiz alimentacinVOLTAR PARA SUMRIO / VOLVER AL SUMARIO

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasilforzada con suero y un complejo vitamnico (Aminovit Sur, Montevideo, Uruguay). Cada 15 das se les aplicaba 0,2 ml de Vitamina A, D y E (Vit Vitamina A,D y E Microsules Canelones, Uruguay). Se les administr antibitico terapia por 7 das con enrofloxacina (5mg/kg) (Enromic 5%, Microsules, Canelones, Uruguay). La evolucin no fue favorable, las tortugas mantuvieron todos los sntomas. El individuo varado durante julio present a su vez necrosis a nivel distal de la aleta anterior izquierda con prdida de sensibilidad, por lo que se procedi a la amputacin del rea necrosada y desinfeccin con clorhexidina. Se comenz con un tratamiento de 5 das con sulfa-timetroprim y limpieza diaria de ambos miembros puesto que la aleta anterior derecha comenzaba a necrosarse. Al no observar mejora la tortuga fue mantenida fuera del agua, con las aletas vendadas, las cuales estaban embebidas en clorhexidina, cambiando el vendaje cada 2 das. En el estudio radiolgico no se observaron alteraciones seas. Los pulmones presentaban una radiodensidad mayor. Se realiz un hemocultivo encontrando Aeromonas sp., siendo la misma sensible a amikacina, ceftazidime, ceftriaxona, cefuroxime, entrapenem, meropenem, piperacilina tazobactam, amplicilina sulbactam e imipenem y resistente a amplicilina, cefradina, ciprofloxacina, trimetroprimsulfa. Las tortugas de junio murieron un mes despus del varamiento, mientras que la tortuga de julio muri a los 2 meses del mismo. En las necropsias se hall que todas las tortugas posean atrofia muscular severa de los msculos pectorales, coleccin serosanguinolienta en celoma, trquea, epiglotis y pulmn congestionado. Las dos tortugas de junio posean ndulos caseosos en los pulmones. La tortuga de julio no tenia afectados los huesos de los miembros anteriores y el examen bacteriolgico de la articulacin entre la segunda y tercera falange de la aleta derecha desarroll Aeromonas sp., mostrando una sensibilidad y resistencia similares al anterior antibiograma salvo que el agente en cuestin fue resistente a la piperacilina tazobactam y amplicilina sulbactam. En los ndulos caseosos de las tortugas de junio se aisl Aeromonas sp. y el antiograma fue idntico con ambas muestras. En estos casos Aeromonas sp. fue sensible a ciprofloxacina, gentamicina, trimetroprim sulfametoxazol y resistente a amplicilina, cefradina, ceftazidime, ceftriazona, amplicilina sulbactam. Santoro (2006) encontr que Aeromonas es un habitante normal en la flora cloacal de la tortuga L. olivacea puesto que la asil en 45 hembras de esta especie que anidaban en Playa Nancite, Costa Rica, y se encontraban en perfectas condiciones de salud. Sin embargo A. hydrophila es una de las bacterias ms patgenas en tortugas marinas ya que produce lesiones hemorrgicas que desarrollan dermatitis necrtica, particularmente en aquellos animales que estn trmicamente estresados siendo ms susceptible a temperaturas bajas (Mader, 2006). El problema radica en que una vez instaurada la infeccin, el agente patgeno puede diseminarse va sangunea y originar una septicemia, frecuentemente mortal. Los sntomas encontrados en las tortugas marinas del presente trabajo son similares a los descritos por Mader (1996) en la enfermedad cutnea sptica ulcerativa donde a partir de lesiones de piel ulcerativas se desencadena un cuadro general con letargia, anorexia y debilidad. Los microorganismos que se han asociado a estos cuadros son Aeromonas sp., Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas fluorescens, Staphylococcus aureus, Proteus sp, Acinetobacter sp., Citrobacter sp. Las tortugas del presente trabajo posean diferentes lesiones cutneas, siendo la ms grave la afeccin de los miembros de la tortuga varada en julio. Llegar al diagnstico etiolgico de las mismas no es sencillo puesto que frecuentemente las muestras estn contaminadas y los cultivos no dan predominancia de un patgeno en especial. Adems clnicamente suelen ser parecidas a dermatitis micticas. En el ltimo caso, no se realiz ningn estudio micolgico, pero las lesiones descritas por Orrego (2001) y George (1997) en infecciones micticas describen sntomas parecidos, con lesiones focales, de coloracin negra, secas, y gangrenosas siendo extremidades las partes ms afectadas llegando incluso a la auto amputacin.VOLTAR PARA SUMRIO / VOLVER AL SUMARIO

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilOtra dificultad que afecta la evolucin de las tortugas enfermas es la eleccin del antibitico a suministrar, puesto que las lesiones pueden estar afectadas por ms de un tipo de patgeno teniendo los mismos diferentes sensibilidades a los frmacos. Los antibiogramas realizados con las muestras de sangre y pulmn de la tortuga que var en julio fueron diferentes, a pesar de ser el patgeno del mismo gnero, en el primer estudio se observ sensibilidad a piperacilina tazobactam y amplicilina sulbactam y en el segundo hubo resistencia a los mismos. Este resultado podra atribuirse a que las especies del patgeno aislado no fueran las mismas y por lo tanto podran tener diferente sensibilidad a los antibiticos. El mal uso y abuso de los antibiticos han creado gran cantidad de cepas resistentes, resultando en un espectro cada vez ms limitado de herramientas para combatir las enfermedades de los animales.

Agradecimientos A todos los voluntarios, a Mauro, a Bruno, a los integrantes de la Ctedra de Imagenologia, a Daniel Del Bene.

Referencias Bibliogrficas Reis, E.C., C. Soares, D. Rodrigues, H. Kinast, L. Moreira, B. Renn, y S. Siciliano. 2010. Condio de sade das tartarugas marinhas do litoral centronorte do Estado do Rio de Janeiro, Brasil: avaliao sobre a presena de agentes bacterianos, fibropapilomatose e interao com resduos antropognicos. Oecologia Australis 14:756765. George, R. 1997. Health problems and diseases of sea turtles. Pgina 363 en Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.), The biology of sea turtles. CRC Press, Boca Raton, USA. Janda J.M., E.J. Bottone, y M. Reitano. 1983. Aeromonas species in clinical microbiology: significance, epidemiology, and speciation. Diagnostic Microbiology and Infectous Diseases 1:221-228. Keyner, I. 1978. Diseases of chelonians: Necropsy survey of terrapins and turtles. Veterinary Record 103:577582.Mader, D. R. 1996. Turtles, tortoises and terrapins. Pginas 61-78 en Mader, D.R. (Ed). Reptile Medicine and Surgery. W.B. Saunders Company. Philadelphia, Pennsylvania. Mader, D. 2006. Medicine and Surgery. Pginas 977-979 en Reptile Medicine and Surgery. Saunders Elsevier. Philadelphia, Pennsylvania. Marcus, L. 1971. Infectious diseases of reptiles. Journal of the American Veterinary Medical Association 159:16261631. Orrego, C. 2001. Flora normal bacteriana cloacal y nasal de la tortuga Lora (Lepidochelys olivacea) en el pacfico norte de Costa Rica. Escuela de Medicina Veterinaria, Universidad Nacional, Heredia, Costa Rica, Programa Nacional de Manejo en Vida Silvestre. Costa Rica. Ors J., P. Calabuig, y S. Dniz. 2004. Digestive pathology of sea turtles stranded in the Canary Islands between 1993 and 2001. Veterinary Record 155:169-174. Santoro, M., C. Orrego, y G. Hernandez. 2006. Flora bacteriana cloacal y nasal de Lepidochelys olivacea (Testudines: Cheloniidae) en el Pacfico norte de Costa Rica. Revista de Biologica Tropical 54:43-48. Thomson, J., D. Burkholder, M. Heithaus, y L. Dill. 2009. Validation of a rapid visual-assessment technique for categorizing the body condition of green turtles (Chelonia mydas) in the field. Copeia 2009:251-255.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilREGISTRO DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Renata A. Xavier1, Ana Luisa Valente2, e Cariane C. Trigo3,4

1

Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Av. Tramanda, 976, CEP 95625-000, Imb, RS. ([email protected]).2

Departamento de Morfologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Pelotas, RS. (schifinoval@hotmail. com).

Centro de Estudos Costeiros, Limnolgicos e Marinhos do Instituto de Biocincias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul CECLIMAR/IB/UFRGS Av. Tramanda, 976, CEP 95625-000, Imb, RS. (carianect@gmail. com).3

Grupo de Estudos de Mamferos Aquticos do Rio Grande do Sul GEMARS, Av. Tramanda 976, CEP 95625000, Imb, RS.4

Palavras-chave: Tartaruga-verde, parasitologia, Anisakidae, Hepatoxylon trichiuri, Centro de Reabilitao.

Introduo Estudos sobre a helmintofauna de tartarugas marinhas tm sido utilizados no apenas para avaliar o estado de sade de seus hospedeiros, mas tambm como uma importante ferramenta na compreenso dos padres de migrao, comportamento, distribuio e ecologia alimentar (Williams et al. 1992; Mackenzie 2002). No Brasil, a helmintofauna de tartarugas marinhas representada principalmente pela Classe Trematoda (Filo Platyhelminthes), com 20 espcies registradas at o momento, e Filo Nematoda, com o registro de quatro espcies (Werneck 2007; Muniz-Pereira et al. 2009; Werneck et al. 2011). Pelo fato de as tartarugas marinhas possurem hbito migratrio entre as reas de desenvolvimento, alimentao e desova (Bjorndal e Bolten 1997), possvel que ocorra um nmero maior de espcies de parasitos no pas (Werneck 2007). O litoral do Rio Grande do Sul (RS) no apresenta reas prprias para a desova de tartarugas marinhas, mas utilizado regularmente por algumas espcies como rea de alimentao em certa etapa de seu desenvolvimento, como a espcie Chelonia mydas. A populao de tartarugas-verdes do RS constituda por indivduos juvenis, com comprimento curvilneo de carapaa (CCC) menor que 60 cm (Silva e Almeida 1998). Este tamanho condiz com aquele no qual as tartarugas-verdes retornam a reas mais prximas a costa aps o perodo conhecido como lost year (Balazs 1995) e apresenta hbitos onvoros.

Metodologia Foram analisados vinte espcimes de Chelonia mydas, provenientes de monitoramentos de praia realizados pelo Grupo de Estudos de Mamferos Aquticos do Rio Grande do Sul (GEMARS) no litoral Norte e Mdio do RS, entre os municpios de Torres e Mostardas (Fig. 1), bem como, de indivduos que vieram a bito durante o processo de reabilitao no Centro de Reabilitao de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro de Estudos Costeiros Limnolgicos e Marinhos do Instituto de Biocincias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS).VOLTAR PARA SUMRIO / VOLVER AL SUMARIO

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Figura 1. Mapa da rea de estudo, apresentando o trecho do litoral do Rio Grande do Sul onde foram coletados os indivduos de Chelonia mydas.

As tartarugas foram dissecadas e os tratos gastrointestinais congelados para conservao at o procedimento seguinte. O trato gastrointestinal foi seccionado em esfago, estmago, intestino delgado e intestino grosso, sendo o contedo de cada segmento lavado com gua corrente e tamisado em malha com 150 m de abertura. O contedo recolhido no tamis foi armazenado em lcool 70% e analisado em microscpio esteroscpio. Os parasitas encontrados foram fixados em lcool 70%, e preparados para identificao conforme Amato et al. (1991).

Resultados e Discusso Dos vinte indivduos analisados, em apenas um foi registrada a presena de parasitas (Fig. 2). Foram registrados dois indivduos de nematdeos em fase larval da Famlia Anisakidae (Filo Nematoda - Superfamlia Ascaridoidea), presentes na serosa do estmago. A identificao das larvas de anisaquideos foi baseada em caractersticas morfolgicas, incluindo a presena de trs lbios dentados e esfago simples (Davey 1971; Innis et al. 2009). O ciclo biolgico das espcies pertencentes a esta famlia indireto, sendo encontrados quando adultos em vertebrados aquticos ou ictifagos e as larvas no sistema conjuntivo de peixes (Lapage 1976). Entre os nematdeos, trs espcies tm registro em Chelonia mydas para o Brasil, sendo apenas uma da Famlia Anisakidae, Sulcascaris sulcata (Rudolphi, 1819) (Vicente et al. 1993). Espcies de anisaquideos tm sido registradas para tartarugas marinhas em outras partes do mundo (Burke e Rodgers 1982; Ors et al. 2005; Valente et al. 2009). Outro helminto foi encontrado aderido serosa do intestino grosso. Este estava em fase de desenvolvimento ps-larval e foi identificado como pertencente espcie Hepatoxylon trichiuri (Filo Platyhelminthes - Classe Cestoda - Ordem Trypanorhyncha). Os adultos desta espcie so tipicamente encontrados no estmago e intestino de tubares e raias, e as formas ps-larvais so encontradas nas cavidades corpreas de peixes telesteos, crustceos ou, raramente, rpteis (So Clemente et al. 2004; Oliveira 2005). Esta espcie de cestdeo foi registrada anteriormente na espcie Lepidochelys kempii (tartaruga endmica da regio do Golfo do Mxico e costa leste dos Estados Unidos) (Innis et al. 2009).

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Figura 2. Localizao dos parasitas encontrados no trato gastrointestinal de Chelonia mydas. A Cisto de anisaquideo encontrado no estmago. B Hepatoxylon trichiuri encontrado no intestino grosso.

A espcie H. trichiuri encontrada no presente estudo o primeiro registro de um cestdeo como parasita de tartaruga-marinha para o Brasil. Porm, pelo fato de a tartaruga-verde parasitada ter permanecido em cativeiro pelo perodo de dois meses, recebendo peixes como alimento, possvel que os parasitas encontrados sejam provenientes destes, como j relatado por Burke e Rodgers (1982) onde a presena do parasita Anisakis sp. foi relacionada alimentao administrada a tartarugas-verdes em cativeiro na Austrlia. No estudo supracitado, a espcie de nematdeo foi registrada em tartarugas alimentadas com sardinhas, enquanto as alimentadas com outras espcies de peixes no foram parasitadas por este. As sardinhas so utilizadas para a alimentao dos espcimes em recuperao no CERAM e, assim, as mesmas podem ter sido a origem destes parasitas.

Agradecimentos Agradecemos ao GEMARS e ao CERAM.

Referncias Bibliogrficas Amato, J.F.F., W.A. Boeger, e S.B Amato. 1991. Protocolos para laboratrio coleta e processamento de parasitos de pescado. 1. ed., Rio de Janeiro: Imprensa Universitria. Balazs, G.H. 1995. Growth rates of immature green turtles in the Hawaiian Archipelago. Pginas 117-125 in Bjorndal, K.A. (Ed). Biology and conservation of sea turtles. Smithsonian Institute Press, Washington, USA. Bjorndal, K.A., e A.B. Bolten. 1997. Developmental migrations of juvenile green turtles in the Bahamas. Proceedings of the 15th Annual Symposium Sea Turtle Conservation and Biology. Burke, J.B., e L.J. Rodgers. 1982. Gastric ulceration associated with larval nematodes (Anisakis sp. type I) in pen reared green turtles (Chelonia mydas) from Torres Strait. Journal of Wildlife Diseases 18:41-46. Davey, J.T. 1971. A revision of the genus Anisakis Dujardin, 1845 (Nematoda: Ascaridata). Journal of Helminthology 45:51-72.VOLTAR PARA SUMRIO / VOLVER AL SUMARIO

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilInnis, C., A.C. Nyaoke, C.R. Williams-III, B. Dunnigan, C. Merigo, D.L. Woodward, E.S. Weber, e S. FrascaJr. 2009. Pathologic and parasitologic findings of cold-stunned Kemps ridley sea turtles (Lepidochelys kempii) stranded on Cape Cod, Massachusetts, 20012006. Journal of Wildlife Diseases 45:594-610. Lapage, G. 1976. Parasitologia veterinria. 4 ed. Mxico: Compaia Editorial Continental S.A. Mackenzie, K. 2002. Parasites as biological tags in population studies of marine organisms: an update. Parasitology 124:153-163. Muniz-Pereira, L.C., F.M. Vieira e J.L Luque. 2009. Checklist of helminth parasites of threatened vertebrate species from Brazil. Zootaxa 2123:1-45. Oliveira, S.A.L. 2005. Pesquisa de helmintos em musculatura e serosa abdominal de peixes de importncia comercial capturados no litoral norte do Brasil. Dissertao de Mestrado, UFPA, Belm. Ors, J., A. Torrent, P. Calabuig, e S. Dniz. 2005. Diseases and causes of mortality among sea turtles stranded in the Canary Islands, Spain (1998-2001). Diseases of Aquatic Organisms 63:13-24. So Clemente, S.C., M. Knoff, R. E.S. Padovani, F.C. Lima, e D.C. Gomes. 2004. Cestides Trypanorrhyncha parasitos de congro-rosa, Genypterus brasiliensis Regan, 1903 Comercializados nos municpios de Niteri e Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinria 3:97-102. Silva, K.G., e E. Almeida. 1998. Monitoramento da ocorrncia de tartarugas marinhas no litoral do Rio Grande do Sul (1996). Resumos da XI Semana Nacional de Oceanografia. Rio Grande. Valente, A.L., C. Delgado, C. Moreira, S. Ferreira, T. Dellinger, M.A. Pinheiro-de-Carvalho, e G. Costa. 2009. Helminth component community of the loggerhead sea turtle, Caretta caretta, from Madeira Archipelago, Portugal. Journal of Parasitology 95:249-252. Vicente, J.J., H.O. Rodrigues, D.C. Gomes, e R.M. Pinto. 1993. Nematides do Brasil. Parte III: nematides de rpteis. Revista Brasileira de Zoologia 10:19-168. Werneck, M.R. 2007. Helmintofauna de Chelonia mydas necropsiadas na base do Projeto Tamar-IBAMA em Ubatuba, Estado de So Paulo, Brasil. Dissertao de Mestrado, Universidade Estadual Paulista, UNESP. Botucatu. Werneck, M.R., E.H.S.M. Lima, B.M.G. Gallo, e R.J. Silva. 2011. Occurrence of Amphiorchis solus (Simha e Chattopadhyaya 1970) (Digenea: Spirorchiidae) infecting the green turtle Chelonia mydas Linnaeus, 1758 (Testudines: Cheloniidae) in Brazil. Comparative Parasitology 78:200-203. Williams, E.H., K. MacKenzie, e A.M. McCarthy. 1992. Parasites as biological indicators of the population biology, migrations, diet and phylogenetics of fish. Reviews in Fish Biology and Fisheries 2:144-176.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilSulcascaris sulcata PARASITA DE Caretta caretta NA COSTA SUL DO RIO GRANDE DO SUL

Francine Sard1, Juliana A. Barros3, Danielle da S. Monteiro3, Ana L. Velloso1, e Joaber Pereira Jr.1

Universidade Federal do Rio Grande, Instituto de Cincias Biolgicas, Laboratrio de Parasitologia de Organismos Marinhos, Avenida Itlia km 8, Rio Grande, RS, 96201-900, Brasil.1 2

([email protected]).

3 Ncleo de Educao e Monitoramento Ambiental, Rua Maria Arajo, 450, Cassino, Rio Grande, RS, 96207-480, Brasil.

Palavras-chave: Comprimento Curvilneo da Carapaa (CCC), Nematoda, ndices Parasitolgicos.

Introduo No Rio Grande do Sul (RS) so encontradas cinco espcies de tartarugas marinhas, todas ameaadas de extino (IUCN 2011), a tartaruga-cabeuda, Caretta caretta (Linnaeus, 1758) a espcie mais comum nos encalhes de praia dessa regio (Monteiro 2004). O litoral do RS considerado uma importante rea de alimentao e desenvolvimento de C. caretta, por isso de relevncia para a conservao das tartarugas marinhas (Bugoni et al. 2003). A tartaruga-cabeuda carnvora e se alimenta de itens planctnicos em habitats ocenicos nos estgios inicial e de juvenil. Nos estgios juvenis mais avanados, h um recrutamento para habitats nerticos e passam a se alimentar principalmente de itens bentnicos (Bjorndal 1997). A alimentao pelgica inclui a ingesto de hydromedusas (Arai 2005), o que pode elevar o potencial de infeco por larvas de helmintos (Martorelli 2001). Na fase nertica C. caretta consome principalmente crustceos, peixes e moluscos (Bugoni et al. 2003; Barros 2010). O parasitismo uma relao bastante difundida entre os seres vivos, e os parasitos ocorrem em praticamente toda a cadeia alimentar e em todos os nveis trficos (Prez-Ponce de Lon et al. 2002). Mesmo assim, no h estudos sobre a comunidade componente de helmintos da tartaruga-cabeuda no litoral do RS. Estes organismos tm sido negligenciados em estudos dos processos dos ecossistemas e de biodiversidade (Silva-Souza et al. 2006). De acordo com (Bjorndal et al. 2001) no Atlntico Norte C. caretta inicia o recrutamento do habitat ocenico para o nertico quando o comprimento curvilneo da carapaa (CCC) tem entre 46 e 64 cm. A maioria dos animais capturados em espinhis no sudeste-sul do Brasil apresenta CCC mdio de 58,8 cm e esto, provavelmente, na fase de desenvolvimento ocenico (Monteiro 2008; Giffoni 2008). Animais com CCC superior a 69,9 cm esto provavelmente na fase nertica, no qual se alimentam de invertebrados bentnicos na plataforma continental (Monteiro 2004). Esse conjunto de informaes podem ser usados como balizadores para estudos ontogenticos da dieta, podendo ser referencial para estudos parasitolgicos relacionados com movimentos e alimentao do hospedeiro. Vrios helmintos parasitam C. caretta e Sulcascaris sulcata um dos Nematoda mais comuns neste hospedeiro (Manfredi et al. 1998). Este trabalho apresenta a caracterizao de larvas e adultos de S. sulcata em C. caretta do litoral sul do RS e a forma como este parasito utiliza este hospedeiro. Com isso, so adicionadas informaes que contribuem para o entendimento da histria de vida desse vertebrado e portanto para sua conservao.VOLTAR PARA SUMRIO / VOLVER AL SUMARIO

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilMaterial e Mtodos A rea de estudo compreende o litoral sul do Rio Grande do Sul, entre a Lagoa do Peixe (3120S; 5105W) e o Arroio Chu (3345S; 5322W), e regio ocenica. Para as amostragens utilizou-se animais mortos provenientes de captura incidental na pescaria de espinhel pelgico (n = 14) e de encalhes na regio praial (n = 36), em monitoramentos coordenado pelo Ncleo de Educao e Monitoramento Ambiental (NEMA), durante os anos de 2008 e 2009. O CCC dos hospedeiros foi efetuado (Bolten 1999). Definiu-se duas classes de tamanho para os hospedeiros: C1 69,9 cm e C2 70 cm. Os contedos gastrointestinais foram triados, os parasitos quantificados e, para identificao, tratados para montagem de lminas semipermanente (lactofenol) e permanente (blsamo). Foram calculados a prevalncia (P%), a Intensidade Mdia de Infeco (IMI), Intensidade de Infeco (II) e a Abundncia Mdia (AX) para as duas classes de tamanho e para os valores totais. Comparaes de diferenas entre os ndices parasitolgicos nas classes seguiu o modelo proposto pelo Programa Quantitative Parasitology (Reiczigel e Rzsa 2005) para a P% (Teste no paramtrico do Chi-quadrado) e para IMI e AX (Bootstrap no Teste t).

Resultados e Discusso O CCC dos espcimes provenientes do espinhel variou de 53 a 63 cm (mdia = 57,65 2,87), enquanto que o CCC de animais coletados na praia variaram de 57 a 98,5 cm (mdia = 70,19 7,2). Verificou-se a presena de larvas e adultos de S. sulcata em oito espcimes (16 %) de tartarugacabeuda pertencentes s duas classes de tamanho. Em animais capturados na pescaria de espinhel pelgico este parasito no foi encontrado. A IMI foi de 99,4, a II variou de 3 - 341 parasitos por hospedeiro (PpH) infectado e a AX de 15,9 PpH amostrado.

Tabela 1. ndices parasitolgicos (variao da intensidade de infeco - II; prevalncia - P%; intensidade mdia da infeco - IMI; abundncia mdia - AX) de Sulcascaris sulcata (larvas e adultos) por classe de comprimento curvilneo da carapaa (CCC) de Caretta caretta no litoral sul do Rio Grande do Sul. Valores da mesma coluna seguidos de letras distintas diferem significativamente (P < 5%).

(P% - P = 0,012; IMI - P = 0,0615; AX - P = 0,1190)

A prevalncia difere significativamente entre os CCCs de hospedeiros nerticos e ocenicos. A maior prevalncia ocorre em hospedeiros nerticos (C1), de 33,3 %. A IMI e AX no diferem significativamente entre as categorias analisadas (Tabela 1). Os valores discretos relativos P %, indicam que poucos hospedeiros apresentam altas intensidades do parasito, que sugere um padro de dinmica populacional que ameniza oVOLTAR PARA SUMRIO / VOLVER AL SUMARIO

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasilpotencial impacto negativo da parasitose sobre a populao hospedeira garantindo a continuidade do ciclo parasitrio e dos processos de disperso. Sugere-se que moluscos so importantes itens na dieta das tartarugas-cabeudas em fase nertica, o que corrobora as observaes de Bugoni et al. (2003) e Barros (2010), j que a prevalncia de S. sulcata foi maior nesta fase da vida do hospedeiro e, alm disso, sabe-se que as larvas deste parasito so encontradas em moluscos (Lichtenfels et al. 1978).

Referncias Bibliogrficas Arai, M.N. 2005. Predation on pelagic coelenterates: a review. Journal of the Marine Biological Association of the United Kingdom 85:523-536. Barros, J.A. 2010. Alimentao da tartaruga-cabeuda (Caretta caretta) em habitat ocenico e nertico no sul do Brasil: composio, aspectos nutricionais e resduos slidos antropognicos. Dissertao de Mestrado em Oceanografia Biolgica (FURG). Bjorndal, K.A. 1997. Foraging ecology and nutrition of sea turtles.nas 199-231 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.). The biology of sea turtles. CRC Press. Bjorndal, K.A., A.B. Bolten, B. Koike, B.A. Schroeder, D.J. Shaver, W.G. Teas, e W.N. Witzell. 2001. Somatic growth function for immature loggerhead sea turtles, Caretta caretta, in southeastern U.S. Waters. Fishery Bulletin 99:240-246. Bugoni, L, L. Krause, e M.V. Petry. 2003. Diet of sea turtles in southern Brazil. Chelonian Conservation and Biology 4:685-688. Giffoni, B., A. Domingo, G. Sales, F.N. Fiedler, e P. Miller. 2008. Interaccin de tortugas marinas (Caretta caretta y Dermochelys coriacea) con la pesca de palangre pelgico en elatlntico sudoccidental: una perspectiva Regional para la conservacin. Collective Volumes of Scientific Papers, ICCAT 62:1861-1870. IUCN 2011. Red List of Threatened Species. Version 2011.1. . Acessado em 19 de Setembro de 2011. Lichtenfels, J.R., J.W. Bier, e P.A. Madden. 1978. Larval Anisakid (Sulcascaris) nematodes from Atlantic molluscs with marine turtles as definitive hosts. Transactions of the American Microscopical Society 97:199-207. Monteiro, D.S. 2004. Encalhe e interao de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. Monografia - Graduao em Biologia, FURG, Rio Grande. Monteiro, D.S. 2008. Fatores determinantes da captura incidental de aves e tartarugas marinhas e da interao com orcas/falsas-orcas, na pescaria com espinhel pelgico no Sudeste-Sul do Brasil. Dissertao de Mestrado, FURG Rio Grande. Manfredi, M.T., G. Piccolo, e C. Meotti. 1998. Parasites in Italian sea turtles. II. Loggerhead turtle. Pginas 305308 in Margaritoulus, D., e A. Demetropoulos (Eds.). Proceedings of the 1st Mediteranean Conference on Marine Turtles, Italy, Rome. 270 p.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilMartorelli, S.R. 2001. Digenea parasites of jellyfish and ctenophores of the southern Atlantic. Hydrobiologia 451:305-310. Prez-Ponce de Len, G., L. Garca-Prieto, e U. Razo-Mendivil. 2002. Species richness of helminth parasites in Mexican amphibians and reptiles. Diversity and Distributions 8:211-218. Reiczigel, J., e L. Rzsa. 2005. Quantitative Parasitology 3.0. Budapest.Disponivel em http://www.zoologia.hu/qp/ qp.html. Acesso em: 26/10/2009. Silva-e-Souza, A.T., O.A. Shibatta, T. Matsumura-Tundisi, J.G. Tundisi, e F.A. Dupas. 2006. Parasitas de peixes como indicadores de estresse ambiental e eutrofizao. Pginas 373-386 in Tundisi, J.G., T. Matsumura-Tundisi, e C.S. Galli (Org.). Eutrofizao na Amrica do Sul: causas, consequncias e tecnologias para gerenciamento e controle, EUTROSUL-Rede Sulamericana de eutrofizao. So Carlos-SP:DMD Propaganda, v. 1.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilANLISE DA FAUNA EPIBIONTE DE JUVENIS DE Chelonia mydas (Linnaeus, 1758) NO LITORAL NORTE E MDIO DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Beatrix Danielle P. Fraga1*, Luciana F. Nunes1, Fernanda Barella1, e Cariane C. Trigo2,31

Curso de Cincias Biolgicas com nfase em Biologia Marinha e Costeira UFRGS/UERGS Av. Tramanda, 976, CEP 95625-000, Imb, RS, Brasil. ([email protected]). Centro de Estudos Costeiros, Limnolgicos e Marinhos do Instituto de Biocincias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul CECLIMAR/IB/UFRGS Av. Tramanda, 976, CEP 95625-000, Imb, RS, Brasil (carianect@ gmail.com).

2

Grupo de Estudos de Mamferos Aquticos do Rio Grande do Sul GEMARS Av. Tramanda, 976, CEP 95625000, Imb, RS, Brasil.3

Palavras-chave: Tartaruga-verde, balandeos, lepaddeos.

Introduo A distribuio da espcie Chelonia mydas (tartaruga- verde) abrange todos os oceanos do mundo em zonas tropicais e subtropicais. Na fase juvenil, possui hbitos mais costeiros e sua dieta onvora com tendncia a carnivoria, a partir da fase nertica, transio para a fase adulta, sua alimentao torna-se essencialmente herbvora (Bjorndal 1997). Durante o desenvolvimento pode realizar migraes para varias reas de alimentao como o Uruguai, a Argentina e Brasil (Lpez-Mendilaharsu et al. 2007; Carman et al. 2007; Sanches e Bellini 1999). Consoante a IUCN (2011), esta espcie est em perigo em extino. No ambiente marinho, qualquer superfcie pode ser colonizada por uma variedade de organismos presentes no ambiente, incluindo o corpo de vertebrados. As tartarugas marinhas servem de substrato para fixao de organismos epibiontes, sendo os cirripdios a fauna mais freqente (Frick et al. 2002). Estes organismos no so parasitas, pois apenas utilizam substrato biolgico para proteo, locomoo e nutrio, a qual realizada atravs da filtrao da gua (Foster 1987). O objetivo do presente estudo foi caracterizar a composio da fauna epibionte associada aos indivduos juvenis de C. mydas, os quais habitam a rea de alimentao e desenvolvimento no litoral norte e mdio do Rio Grande do Sul.

Material e Mtodos As amostras de epibiontes foram coletadas de 15 tartarugas-verdes, provenientes do Centro de Reabilitao de Animais Silvestres e Marinhos (CERAM) do Centro de Estudos Costeiros, Limnolgicos e Marinhos do Instituto de Biocincias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CECLIMAR/IB/UFRGS). Os animais encontrados encalhados vivos foram encaminhados ao CERAM entre janeiro e maro de 2011, sendo provenientes da regio compreendida entre o Farol da Solido, no municpio de Mostardas, e Torres (Fig. 1). A fauna epibionte foi coletada, sempre que possvel, no mesmo dia da chegada dos espcimes ao CERAM, com o auxilio de uma esptula, sendo separada conforme o local em que se encontrava na tartaruga (carapaa, plastro, cabea e membros). Em seguida, foi armazenada em lcool-etlico 70% e, posteriormente, identificada ao menor nvel taxonmico possvel e analisada quantitativamente (frequncia de indivduos). A ocorrncia e quantidade de animais encontrados foram relacionadas ao comprimento das tartarugas, atravs da Correlao da Spearman, com auxlio do Programa Estatstico PAST (verso 2.08b).VOLTAR PARA SUMRIO / VOLVER AL SUMARIO

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasil

Figura 1. Mapa da rea de estudo, apresentando o trecho do litoral do Rio Grande do Sul onde foram coletados os indivduos de Chelonia mydas.

Resultados e Discusses As tartarugas-verdes apresentaram um comprimento curvilneo de carapaa de 28,6 a 40,7 cm, caracterizando-as como indivduos juvenis. As espcies da fauna epibionte registradas pertencem s famlias Balanaidae, Coronulidae (subordem Balanomorpha), Lepadidae (subordem Lepadomorpha), Ostreidae e por uma colnia de hidrozorios pertencente famlia Tubulariidae (Ectopleura sp). Balandeos e Lepaddeos foram os grupos mais representativos, com um total de 1.638 indivduos. Foram registradas duas espcies de balandeos (Platylepas hexastylos, Chelonibia testudinaria) e uma de lepaddeos (Lepa anatifera). A espcie de cirripdio mais frequnte foi P. hexastylos, a qual ocorreu em todos os indivduos amostrados. A espcie C. testudinaria foi registrada em apenas um espcime. Entre os cirripdios Lepadomorfos, registrou-se a presena da L. anatifera em seis indivduos. Observou-se que tanto os balandeos quanto os lepadomorfos, se mostraram mais abundantes no plastro e na epiderme, como apresentado na Tabela 1.

Tabela 1. Nmero de indivduos de cada espcie identificada como epibionte de Chelonia mydas relaciona ao local de ocorrncia.

A espcie P. hexastylos descrita como um organismo que se incrusta em material flutuante at dois metros de profundidade (young 1999), assim, acreditamos que sua presena nos espcimes analisados possa estar relacionada ao estado debilitado apresentado pelas mesmas. O coeficiente de correlao de Spearman no mostrou valores estatisticamente significativos (p > 0,5) entre o comprimento curvilneo da carapaa e o nmero de espcies epibiontes registradas. Alonso (2007)VOLTAR PARA SUMRIO / VOLVER AL SUMARIO

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasilobservou uma diferena significativa em relao localizao dos espcimes entre plastro e nadadeiras, mas no entre e carapaa e nadadeiras. No presente estudo esta diferena no foi significativa. A espcie C. mydas representa um importante substrato biognico para estes organismos, pois estes se beneficiam por serem filtradores, se aproveitando da movimentao da tartaruga para capturar mais alimentos atravs de suas brnquias, sofrendo menos com a competio j que poucos organismos conseguem sobreviver s condies de um substrato em movimento.

Agradecimentos Agradecemos a estudante de graduao Vanessa Ochi Agostini por ter auxiliado na identificao dos epibiontes e equipe do CERAM por terem auxiliado na coleta do material. Referncias Bibliogrficas Alonso, L. 2007. Epibiontes associados a la tortuga verde juvenil (Chelonia mydas) en la rea de alimentacon y desarrollo de Cerro Verde, Uruguay. 62 f. Tese (Licenciatura em Ciencias Biolgicas) Faculdade de Cincias Exatas e Naturais, Universidade de Buenos Aires. Buenos Aires, 2007. Bjornal, K.A. 1999. Priorities for research in foraging habitats. Pginas 2-18 In Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnely (Eds.), Research and Management Techniques for the conservation of Sea Turtles. IUCN/ SSC Marine Turtle Specialist Group Publication N. 4. Carman, V.G., R. Dellacasa, I. Bruno, M.C. Inchaurraga C.; M. Gavensky, N. Mohamed, A. Fazio, M. Uhart, e D. Albareda. 2007. Nuevos aportes a la distribucin de tortugas marinas em la Provncia de Buenos Aires y Norte de la Patagonia Argentina. Pgina 54 In Resumos da III Jornada de Conservacin e Investigacin de Tortugas Marinas en el Atlntico Sur Occidental. Piripolis, Uruguay. Foster, B.A. 1987. Barnacle ecology and adaptation. Pginas 113-134 In Southward, A.J. (Ed.), Barnacle biology, A.A. Balkema, Rotterdam. Frick, M.G., K.L. Williams, D.X. Veljacic, J.A. Jackson, e S. Knight. 2002. Epibiont community succession on nesting loggerhead sea turtles, Caretta caretta, from Georgia, USA. Pginas 281-282 In Proceedings of the 20th Annual Symposium on Sea Turtle Biology and Conservation. NOAA Technical Memorandum NMFS-SEFSC-447. International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2011. Red list of threatened animals. Disponible en: http:// www.redlist.org. Acceso 13/06/2011. Lpez-Mendilaharsu, M., G. Sales, B. Giffoni, P. MIller,, F.N. Fiedler, e A. Domingo. 2007. Distribuicon y composicin de las tallas de las tortugas marinas (Caretta caretta y Dermochelys coriacea) que interactuan com el palangre pelagico em el Atlantico Sur. Collective Volumes of Scientific Papers, ICCAT 60:2094-2109. Sanches, T.M., e C. Bellini. 1999. Juvenile Eretmochelys imbricata and Chelonia mydas in the Archipelago of Fernando de Noronha, Brazil. Chelonian Conservation Biology 3:308-311. young, P.S. 1999. Subclasse Cirripedia (cracas). Pginas 24-53 In Buckup, L. e G. Bond-Buckup (Eds.). Os crustceos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilDETERMINAO SEXUAL E MATURAO GONADAL DE FMEAS DA TARTARUGA-VERDE (Chelonia mydas) e TARTARUGA-CABEUDA (Caretta caretta) NO EXTREMO SUL DO BRASIL

Drien L.V. Duarte1,2, Danielle S. Monteiro1, Srgio C. Estima1, Juliana A. Barros1, Rodrigo D. Jardim2, Joo C.M. Soares2, e Antonio S. Varela2

Ncleo de Educao e Monitoramento Ambiental, Rua Maria Arajo, 450 Rio Grande- Rio Grande do Sul Brasil CEP: 96207-480 ([email protected]).1 2

Universidade Federal do Rio Grande, Instituto de Cincias Biolgicas, Setor de Histologia, Av. Itlia, km 8 Rio Grande Rio Grande do Sul Brasil CEP: 96.201-900.

Palavras-chave: histologia gonadal, litoral do Rio Grande do Sul, Chelonia mydas, Caretta caretta.

Introduo Caretta caretta (tartaruga-cabeuda) e Chelonia mydas (tartaruga-verde) utilizam o litoral do Rio Grande do Sul durante sua fase juvenil como local de alimentao e desenvolvimento (Monteiro 2004). As tartarugas marinhas possuem uma taxa de crescimento lento, requerendo longos perodos para atingir a maturidade sexual, caracterstica que predispe estas espcies a um maior risco de extino quando expostas a condies variveis que aumentam a mortalidade de adultos ou reduzem o recrutamento de jovens para a populao. A diferenciao sexual nesses espcimes dependente da temperatura durante o desenvolvimento embrionrio (Pough et al. 1993). A temperatura que ir definir o sexo dos indivduos depende da temperatura pivotal do ninho que ir produzir a proporo de 1:1, ou seja, 50% machos e 50% fmeas. Valores abaixo desta temperatura induziro a formao de filhotes machos e acima, filhotes fmeas (yntema e Mrosovsky 1980), sendo 29,2 C a temperatura pivotal mdia encontrada em ninhos de C. caretta no Brasil (Marcovaldi et al. 1997), e 29 C para ninhos de C. mydas no Mediterrneo (Broderick et al. 2000). Esses espcimes no possuem dimorfismo sexual enquanto juvenis (Wibbels 1999), sendo a identificao sexual nesta fase possvel atravs de tcnicas como a histologia gonadal (Miller 1997). As tartarugas marinhas sofreram impactos durante centenas de anos, por diversas aes humanas de origem econmica, nutricional e cultural, o que acabou levando ao declnio dessas populaes (Frazier 1996). Hoje os principais impactos so a destruio dos habitats e a captura incidental na pesca (Wyneken et al. 1988), tornando essas espcies ameaadas de extino segundo a IUCN (2009). Em virtude disso, esse estudo tem como objetivo determinar a proporo sexual de C. mydas e C. caretta, o estgio de maturao das fmeas desses espcimes encontradas encalhadas ao longo da linha da costa do litoral do Rio Grande do Sul e de animais provenientes da captura incidental na pescaria de espinhel pelgico no sul do Brasil.

Material e Mtodos Foram realizados monitoramentos mensais na costa do Rio Grande do Sul, entre a Barra da Lagoa do Peixe (3120S; 5105W) e o Arroio Chu (3345S; 5322W). Ao todo foram coletados 41 espcimes de C.VOLTAR PARA SUMRIO / VOLVER AL SUMARIO

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasilcaretta, entre fevereiro de 2008 e abril de 2009 e 46 de C. mydas, entre maio de 2005 e maro de 2009. Os animais encontrados encalhados mortos e os provenientes da pescaria de espinhel pelgico foram necropsiados e suas gnadas retiradas e acondicionadas em formol aldedo 10%, para posterior desidratao, diafanizao, impregnao, corte em micrtomo, colorao com Hematoxilina e Eosina, e a montagem em lmina permanente. Para a determinao sexual foram observados folculos ovarianos presentes no crtex dos ovrios das fmeas (Fig. 1A) e nos machos a presena dos tbulos seminferos (Fig. 1B). A partir dos indivduos determinados foi obtida a proporo sexual das duas espcies. Os estgios de maturao das fmeas foram agrupados em trs classes, fmeas imaturas prpubescentes, fmeas imaturas pubescentes e maturas. Aps a classificao, foi obtida a proporo para cada estgio de maturao.

Resultados e Discusses As populaes de C. caretta deste estudo so predominantemente compostas por fmeas, com a razo sexual de 2,5:1 (fmeas e machos) (n = 41; 61% fmeas, 24,4% de machos e 14,6% indeterminados). Resultados semelhantes foram encontrados para outras regies. Esses dados mostram um maior nmero de fmeas mortas na rea de estudo. Entretanto, esse fato pode estar associado ao maior nmero de nascimentos desse gnero, como encontrado por Marcovaldi et al. (1997), nas praias de desova na Bahia, Sergipe e no Esprito Santo, com porcentagens elevadas de fmeas, 92,6%, 96,9% e 57,3% respectivamente. Com base nestas informaes provvel que essa razo sexual esteja relacionada ao maior nmero de nascimentos de fmeas no Brasil. Segundo os estgios de maturao, 32% (n = 8) das fmeas foram categorizadas como imaturas pubescente, 36% (n = 9) como imaturas pr-pubescente e 32% (n = 8) no foram classificadas.

Figura 1. (A) Lminas histolgicas de fmea de Caretta caretta com presena de folculos ovarianos (FO); (B) macho de Chelonia mydas com presena de tbulos seminferos (TS).

A razo sexual encontrada para os espcimes de C. mydas foi de 2,8:1 (n = 31; 54,3% de fmeas, 19,6% de machos e 26,1% indeterminados) sendo esse resultado similar a outros estudos. Broderick et al. (2000) encontraram mais de 90% de nascimentos de fmeas no Leste Mediterrneo. Segundo os estgios deVOLTAR PARA SUMRIO / VOLVER AL SUMARIO

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, Brasilmaturao, 28% (n = 7) das fmeas foram categorizadas como imaturas pubescentes e 72% (n = 18) como imaturas pr-pubescentes. Os estgios de maturao foram associados deposio de vitelo nos folculos ovarianos, que tem incio na puberdade. Poucos estudos descrevem os estgios de maturao em tartarugas marinhas. A tcnica histolgica eficaz para a determinao sexual dos indivduos. Obteve-se maior nmero de fmeas encontradas mortas, sendo aparentemente compensada pelo maior nascimento desse gnero. Essa caracterstica importante para a manuteno das populaes, pois as tartarugas marinhas necessitam de um maior nmero de fmeas, visto que um macho pode fecundar vrias fmeas na mesma estao reprodutiva.

Agradecimentos Agradecemos ao Projeto TAMAR/ICMBio, aos Mestres Celso e Juninho, dos Barcos de Espinhel AKIRA V, Maria Letcia e Maria e suas tripulaes, e ao Laboratrio de Histologia da FURG. Referncias Bibliogrficas Broderick, A.C., B.J. Godley, S. Reece, e J.R. Downie. 2000. Incubation periods and sex ratios of green turtles: highly female biased hatchling production in the eastern Mediterranean. Marine Ecology Progress Series 202:273281 Frazier, J. 1996. Prehistoric and ancient historic interactions between humans and marine turtles. Pginas 1-38 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.). The biology of sea turtles. CRC Press. International Union for Conservation of Nature (IUCN). 2009. Red list of threatened animals. Disponvel em http:// www.redlist.org. Acessado em Novembro de 2009. Marcovaldi, M.A., M.H. Godfrey, e N. Mrosovsky. 1997. Estimating sex ratios of loggerhead turtles in Brazil from pivotal incubation durations. Canadian Journal of Zoology 75:755-770. Miller, J.D. 1997. Reproduction of sea turtle. Pginas 51-81 in Lutz, P.L., e J.A. Musick (Eds.), The biology of sea turtles. CRC Press. Monteiro, D.S. 2004. Encalhe e interao de tartarugas marinhas com a pesca no litoral do Rio Grande do Sul. Monografia. FURG. 52 p. Pough, F.H., J.B. Heiser, e W.N. McFarland. 1993. Quelnios. Pginas 356-378 in A vida dos vertebrados. Wibbels, T. 1999. Diagnosing the sex of sea turtles in foraging habitats. Pginas 139-142 in Eckert, K.L., K.A. Bjorndal, F.A. Abreu-Grobois, e M. Donnely (Eds.), Research and management techniques for the conservation of sea turtles. IUCN/SSC Marine Turtle Specialist Group Publication No. 4. Wyneken, J., T.J. Burke, M. Msolomon, e D.K. Pedersen. 1988. Egg failure in natural and relocated sea turtle nests. Journal of Herpetology 22:88-96. yntema, C.L., e N. Mrosovsky. 1980. Sexual differentiation in hatchiling loggerheads (Caretta caretta) incubated at different controlled temperatures. Herpertologica 36:3-36.

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V Jornada sobre Tartarugas Marinhas do Atlntico Sul Ocidental 27 e 28 de Novembro de 2011 - Florianpolis, BrasilESTUDO HISTOMORFOLGICO DAS ARTRIAS AORTA DE Chelonia mydas

Janine Karla Frana S. Braz, Maria Sara de Maia Queiroz, Maria de Lourdes Freitas, Nailson Carvalho Batista, e Carlos Eduardo Bezerra de Moura

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. Dpto de Morfologia, CP 1511, CEP 59078-970, Natal, RN ([email protected]). Aqurio Natal Av. Litornea, 1091 Extremoz, RN.

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Palavras-chave: vaso sanguneo, anatomia, histologia, sistema cardiovascular.

Introduo As tartarugas marinhas atuais formam um grupo monofiltico pertencente Ordem Cheloniae, Subordem Cryptodira (Meylan e Meylan 2000). As sete espcies dessa Ordem apresentam-se distribudas em duas famlias: Dermochelyidae e Cheloniidae. Todavia, na costa brasileira apenas cinco delas so encontradas: a tartarugaverde (Chelonia mydas), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea), tartaruga-cabeuda (Caretta caretta) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) (Meylan e Meylan 2000). As artrias e veias apresentam-se constituda de fibras