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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA AMBIENTAL
MESTRADO EM ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS COSTEIROS E ESTUARINOS
ASPECTOS DA PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DOS BOSQUES DE MANGUE DO FURO GRANDE, BRAGANÇA - PARÁ
Muzenilha Lira Carvalho
Prof. Dr. Marcus E. B. Fernandes Orientador
BRAGANÇA - PARÁ - 2002 -
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA AMBIENTAL
MESTRADO EM ECOLOGIA DE ECOSSISTEMAS COSTEIROS E ESTUARINOS
ASPECTOS DA PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DOS BOSQUES DE MANGUE DO FURO GRANDE, BRAGANÇA - PARÁ
Muzenilha Lira Carvalho
Orientador: Prof. Dr. Marcus E. B. Fernandes
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Biologia Ambiental (Mestrado em Ecologia de Ecossistemas Costeiros e Estuarinos), da Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia Ambiental.
BRAGANÇA - PARÁ - 2002 -
“Há uma solene grandeza na floresta tropical, mas pouca beleza ou brilho de cores. As enormes árvores reforçadas, os troncos fissurados, as extraordinárias raízes aéreas, as trepadeiras torcidas e corrugadas e as palmeiras são o que chama a atenção e enche a mente de admiração, surpresa e encantamento”.
Alfred Russel Wallace
Aos meus pais, Alaídes e José, porque sempre foram na frente, abrindo caminhos e me ensinando onde colocar os pés. Dedico com todo o meu amor
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos a todas as pessoas e instituições que tornaram
possível a realização deste trabalho. A todos que durante a caminhada se fizeram
importantes na forma de uma solicitação atendida ou um oferecimento de ajuda, ou de
simplesmente uma palavra e um sorriso de estímulos, muito obrigada.
Ao CNPq pela concessão da bolsa, e ao MADAM, pelo apoio logístico, que
possibilitaram a realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Marcus Fernandes (Departamento de biologia – UFPA/ Bragança),
gostaria de agradecer o entusiasmo, a confiança e a dedicação durante toda a
orientação do trabalho, e principalmente a amizade e o respeito que sempre me
reservou como pessoa.
Ao Tárcio pelo apoio no trabalho de campo, e Adriana pela ajuda prestada no
campo e durante a separação das frações da serapilheira.
A Nelane, Ynglea, Sandra e Dioniso. Obrigada pelos bons momentos e pelos
belos laços de amizade que construímos.
Aos colegas do Mestrado, porque me fizeram sempre sentir que eu não estava
sozinha nesta jornada.
A todos os meus amigos. De todas as horas, de lá e de cá. A vida é mais fácil e
melhor porque vocês existem.
Às minhas duas famílias, pelo amor, pelo carinho e incentivo. Vocês foram
sempre o meu suporte. Obrigada por tudo.
A Deus, pelo dom da vida e pelos talentos recebidos.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS E APÊNDICES..................................................................v
LISTA DE TABELAS..........................................................................................ix
RESUMO.............................................................................................................x
ABSTRACT........................................................................................................xi
1. INTRODUÇÃO...............................................................................................01
2. MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................06
2.1. Área de estudo......................................................................................06
2.1.1. Localização..................................................................................06
2.1.2. Fatores abióticos.........................................................................07
2.1.3. Vegetação....................................................................................08
2.2. Locais de coleta....................................................................................09
2.3. Estudo da serapilheira.........................................................................09
2.4. Estudo dos padrões fenológicos........................................................10
2.5. Dados climáticos locais.......................................................................11
2.6. Análise estatística................................................................................12
3. RESULTADOS..............................................................................................14
3.1. Serapilheira...........................................................................................14
3.2. Fenologia...............................................................................................29
4. DISCUSSÃO..................................................................................................36
4.1. Serapilheira...........................................................................................36
4.2. Fenologia...............................................................................................39
5. CONCLUSÕES..............................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................45
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Mapa da Planície Bragantina ilustrando a localização da área de
estudo com relação ao Furo Grande.................................................................06
Figura 2: Climatograma de Tracuateua (Baseado nos dados do período de
1973 a 1990) (Fonte, INMET, 1992)..................................................................07
Figura 3: Desenho esquemático da área de estudo mostrando a disposição
das transecções nos três sítios de trabalho amostrados...................................10
Figura 4: Climatograma da Planície Costeira Bragantina. (Baseado nos dados
do período de agosto de 2000 a novembro de 2001. Fonte: Departamento de
Meteorologia da UFPA).....................................................................................12
Figura 5: Produção anual de serapilheira (ton.ha-1.ano-1) dos três sítios de
trabalho com as respectivas percentagens de contribuição dos diferentes
componentes na área do Furo Grande..............................................................14
Figura 6: Variação mensal na queda de serapilheira total da área do Furo
Grande e dos Sítios Misto (Sítio#01), de Avicennia germinans (Sítio#02) e de
Rhizophora mangle (Sítio#03)...........................................................................17
Figura 7: Padrão sazonal de serapilheira por componentes na área do Furo
Grande, no período de dezembro/2000 a novembro/2001................................18
Figura 8: Padrão sazonal de serapilheira por componentes no sítio de estudo
composto por árvores de A. germinans e Rhizophora mangle (Sítio#01), no
período de dezembro/2000 a novembro/2001...................................................20
Figura 9: Padrão sazonal de serapilheira por componentes no sítio de estudo
dominado por A. germinans (Sítio#02), no período de dezembro/2000 a
novembro/2001..................................................................................................21
Figura 10: Padrão sazonal de serapilheira por componentes no sítio de estudo
dominado por Rhizophora mangle (Sítio#03), no período de dezembro/2000 a
novembro/2001..................................................................................................22
Figura 11: Variação mensal na queda do componente Folha, na área do Furo
Grande e nos Sítios Misto (Sítio#01), de A. germinans (Sítio#02) e de R.
mangle (Sítio#03)...............................................................................................24
Figura 12: Relação entre a produção de serapilheira durante o ciclo anual e os
fatores abióticos. A variável abiótica entre parênteses foi a mais significativa
variável no modelo de regressão stepwise de acordo com os valores de beta e
Pearson..............................................................................................................26
Figura 13: Relação entre a produção de serapilheira durante o ciclo anual e os
fatores abióticos. A variável abiótica entre parênteses foi a mais significativa
variável no modelo de regressão stepwise de acordo com os valores de beta e
Pearson..............................................................................................................27
Figura 14: Relação entre a produção de serapilheira por componentes durante
o ciclo anual e os fatores abióticos. A variável abiótica entre parênteses foi a
mais significativa variável no modelo de regressão stepwise de acordo com os
valores de beta e Pearson.................................................................................28
Figura 15: Floração e frutificação total mensal dos três sítios amostrados na
área do Furo Grande. Os valores da escala de 0 a 4 (veja material e métodos;
2.4. Estudo dos padrões fenológicos) foram somados, de modo que o valor
máximo a ser alcançado é 80 (20 árvores por sítio)..........................................29
Figura 16: Sazonalidade da produção de flores e frutos na área do Furo
Grande, no período de dezembro/2000 a novembro/2001................................32
Figura 17: Relação entre o período de floração e os fatores abióticos. Entre
parênteses está representada a variável ambiental mais significativa de acordo
com a correlação de Pearson............................................................................35
Apêndice 1: Comparação da produção de serapilheira (ton.ha-1. ano-1) entre
florestas de mangue e outros sistemas na região tropical.................................55
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Taxas médias de produção diária de serapilheira (total e
componentes) nos três sítios estudados na área do Furo Grande....................16
Tabela 2: Sazonalidade de floração nos três sítios amostrados na área do Furo
Grande. A tabela mostra o número de plantas marcadas (n=20 em cada sítio),
que produzem flores em cada mês, os meses de maior abundância e o valor de
2 de cada sítio, com a significância do teste de Friedman ANOVA, de acordo
com a produção do total de indivíduos marcados. NS = Não Significativo........31
Tabela 3: Sazonalidade de frutificação nos três sítios amostrados na área do
Furo Grande. A tabela mostra o número de plantas marcadas (n=20 em cada
sítio), que produzem frutos em cada mês, os meses de maior abundância e o
valor de 2 de cada sítio, com a significância do teste de Friedman ANOVA, de
acordo com a produção do total de indivíduos marcados. NS = Não
Significativo........................................................................................................34
RESUMO
Este trabalho tem o intuito de estudar a queda de serapilheira e os
padrões de fenologia na área do Furo Grande, Bragança – Pará, localizada
entre as coordenadas 00°50’19,5’’S e 46°38’14,9’’W. Nos três sítios estudados
(Sítio#01 - Misto; Sítio#02 - Avicennia germinans e Sítio#03 - Rhizophora
mangle), sete coletores de serapilheira foram colocados em cada sítio. O
material coletado mensalmente foi separado em componentes e seco até
atingir peso constante. Vinte árvores foram marcadas em cada sítio, sendo 10
de Avicennia e 10 de Rhizophora para o estudo da fenologia. Visitas mensais
registraram a quantidade de flores e frutos por árvore em escala ordinal. Os
resultados mostraram que a produção total de serapilheira para a área do Furo
Grande foi de 7,87 ton.ha-1.ano-1, sendo a maior taxa a do Sítio#01 (9,83
ton.ha-1.ano-1), seguido pelo Sítio#02 (6,92 ton.ha-1.ano-1) e Sítio#03 (6,85
ton.ha-1.ano-1), não havendo diferença significativa entre eles (ANOVA,
p>0,05). Folha apresentou a maior contribuição para a serapilheira (74% - 5,85
ton.ha-1.ano-1), sendo a diferença entre os componentes bastante significativa
(ANOVA; F=28,06, gl=71, p<0,001). Quanto à fenologia, todos os sítios
mostraram variação mensal significativa para a fenofase Flor (Friedman,
p<0,001). No entanto, somente os Sítios #02 e #03 mostraram variação mensal
significativa para a fenofase Fruto (Friedman, p<0,001). Estes resultados
parecem seguir uma tendência geral, cuja economia de energia, pela perda de
folhas no período da seca, é revestida em produção de flores para efeito
reprodutivo, sendo este evento também sincronizado com o período de
frutificação na estação chuvosa, viabiliza a dispersão dos propágulos para as
áreas adjacentes e promove a colonização de novas áreas de mangue.
ABSTRACT
This work intends to study litterfall and phenological patterns in the area
called Furo Grande, Bragança – Pará. It is placed between the following
coordinates 00°50’19,5’’S e 46°38’14,9’’W. At the three studied sites (Site#01 -
Mixed; Site#02 - Avicennia germinans and Site#03 - Rhizophora mangle),
seven litterfall traps were placed at each site. The material was collected on a
monthly basis and sorted in different components, which were dried till constant
weight. Twenty trees were tagged at each site, being 10 of Avicennia and 10 of
Rhizophora viewing the phenological study. Visits on a monthly basis recorded
the amount of flowers and fruits per tree on an ordinal scale. Results showed
that total production for the Furo Grande was 7,87 ton.ha-1.year-1, being the
highest rate for Site#01 (9,83 ton.ha-1.year-1), followed by Site#02 (6,92 ton.ha-
1.year-1) and Site#03 (6,85 ton.ha-1.year-1). There was no significant difference
among the sites (ANOVA, p>0,05). Leave presented the highest contribution to
the litterfall (74% - 5,85 ton.ha-1.year-1), being very significant the difference
between components (ANOVA; F=28,06, df=71, p<0,001). Regarding
phenology, all sites showed significant monthly variation for the phenophase
Flower (Friedman, p<0,001). Nevertheless, only Sites#02 and #03 showed
significant monthly variation for the phenophase Fruit (Friedman, p<0,001).
These results seem to follow the general trend, in which energy economy, by
loss of leaves during dry season, is turned into flower production for
reproductive purposes, being this event also synchronised with fruiting period
during the wet season, making feasible the dispersion of propagules to adjacent
areas and promoting the colonisation of new mangrove areas.
1
1. INTRODUÇÃO
Grandes extensões de costas tropicais são habitadas por manguezais.
Estes desempenham um importante papel no suporte da cadeia alimentar e
ciclagem de nutrientes da zona costeira (Alongi et al., 2000). A serapilheira
fornece uma contribuição importante para a cadeia alimentar, mantendo os
ecossistemas costeiros em estado dinâmico, através da intensa atividade
biológica que acompanha sua decomposição, compreendendo, a longo prazo,
um reservatório de energia e nutrientes. Além disso, os manguezais exercem
uma influência no controle contra a erosão costeira, criam diferentes micro-
hábitats que são utilizados como berçários e local de desova para diversas
espécies de peixes, fornecem locais que servem como refúgio e áreas de
procriação para aves e outras formas de vida terrestres e marinhas e, através
da associação com a manutenção da biota, são importantes como um
reservatório genético.
Nos trópicos úmidos onde as condições climáticas são favoráveis ao
rápido crescimento das plantas, os manguezais apresentam normalmente uma
alta produtividade (Clough, 1992; Clough et al., 1997) e consistem em
fornecedores altamente eficientes de nutrientes essenciais para sustentar altas
taxas de produção (Boto, 1992).
Particularmente em baixas latitudes, os manguezais são caracterizados
pela alta produtividade primária (Saenger & Snedaker, 1993). Esta alta
produtividade também contribui, na maioria das vezes, de forma significativa
para a produtividade dos sistemas adjacentes (Lugo & Snadeker, 1975; Boto &
Bunt, 1981). Conseqüentemente, a matéria orgânica produzida e exportada
2
pelos manguezais constitui-se em essencial fonte de nutrientes que, por sua
vez, tendem a estimular a produtividade aquática.
Um grande número de trabalhos tem discutido aspectos da
produtividade sazonal dos manguezais desde o nível de comunidades até o
nível de espécies. Muitos destes investigaram acerca de quais as principais
causas da variação da produtividade destes ecossistemas. Um complexo de
fatores locais que podem estar envolvidos neste processo inclui: a precipitação,
a temperatura, a radiação solar, a velocidade dos ventos (Duke et al., 1984;
Duke, 1990; Slim et al., 1996; Fernandes, 1999, Mehlig, 2001), a salinidade
(Cintrón et al., 1978; Ball, 1988; Lin & Sternberg, 1992), o acúmulo de gás
sulfídrico ou outras substâncias tóxicas (McKee, 1993), as condições do solo e
a limitação de nutrientes (Pezeshki et al., 1997; Feller, 1995).
Os manguezais brasileiros, apesar de ocuparem uma área de
aproximadamente 25.000km2, são ainda pouco estudados. A maioria dos
estudos realizados é de natureza descritiva e pouco se sabe sobre vários
aspectos da sua produtividade primária. Além disso, grande parte destas
publicações é referente às áreas de manguezais ao longo das costas sul e
nordeste do Brasil. Poucas informações sobre os manguezais da costa norte
são disponíveis, principalmente na região amazônica, onde as áreas de
mangue são estruturalmente mais desenvolvidas. Nas últimas décadas, alguns
trabalhos têm sido desenvolvidos visando investigar aspectos da florística, da
estrutura e da produtividade dos manguezais amazônicos como os de Damasio
(1980), Schaeffer-Novelli et al. (1990), Sotão et al. (1991), Almeida (1995),
Bastos & Lobato (1995), Mello (1995), Fernandes (1997) e Mehlig (2001).
3
Na região bragantina, Mehlig (2001) desenvolveu um trabalho sobre a
produtividade dos manguezais locais, com ênfase na produção de serapilheira.
Outros trabalhos foram realizados abrangendo serapilheira, mas os resultados
obtidos ainda não foram publicados. O trabalho de Mehlig também enfoca
aspectos da fenologia vegetativa e reprodutiva, sendo até o momento o único
trabalho de referência para esta região.
Os manguezais contribuem de forma significativa para a produtividade
dos estuários e litorais, através da alta produção de serapilheira. A
quantificação de queda de serapilheira é a forma de avaliação de produtividade
mais comum na literatura, porque ela é o componente da produtividade
primária líquida total que é mais facilmente medida, através da produção total
da mesma e de seus componentes (Day et al., 1987).
De acordo com Saenger & Snedaker (1993), as florestas de mangue
apresentam uma maior produção de serapilheira na faixa do equador. Isto pode
dar-se, muito provavelmente, devido aos fatores latitudinais, como as altas
taxas de insolação e pluviosidade. Por outro lado, Pool et al. (1975) sugerem
que a taxa de serapilheira produzida nos manguezais está especialmente
relacionada com a disponibilidade de água doce. Concomitantemente, os picos
de produção de serapilheira tendem a coincidir com os picos de pluviosidade
durante a estação chuvosa, facilitando, desta forma, a exportação de matéria
orgânica da floresta para as áreas adjacentes, promovendo o incremento da
produtividade destas últimas (Day et al., 1987). Uma análise mais detalhada
dos componentes da serapilheira torna-se preponderante para a determinação
de entrada de nutrientes no próprio sistema e nas áreas adjacentes.
4
Eventos fenológicos são definidos como períodos de máximo
aparecimento de folhas, abiscisão de folhas, floração e frutificação (Duke,
1990). Fenofases são definidas como os períodos entre dois eventos deste
tipo, notadamente no ciclo fenológico. O estudo da fenologia das espécies
verdadeiras de mangue (Tomlinson, 1986; Hogarth, 1999) representa, portanto,
os padrões de produtividade das partes reprodutivas e vegetativas,
caracterizando, assim, alguns aspectos funcionais da biologia dessas espécies
adaptadas à zona costeira.
Relativamente pouco é conhecido sobre o comportamento da floração,
frutificação ou crescimento vegetativo das espécies que compõem a flora dos
manguezais (Duke et al., 1984; Wium-Andersen, 1981; Duke, 1990;; Hegazy,
1998; Fernandes, 1999; Mehlig, 2001). Estes estudos enfatizam principalmente
a relevância desses padrões fenológicos para a produção local e sua relação
com a variação sazonal nas condições ambientais. Além disso, há pouca
informação comparativa para espécies neotropicais, considerando toda a
extensão da sua área de distribuição. Tais estudos são especialmente
importantes para uma melhor compreensão da ecologia dos manguezais.
Alguns autores associam os padrões “ever green” e “ever-growing” das
espécies de mangue com as variações de salinidade das águas intersticiais
(Christensen & Wium-Andersen, 1977; Wium-Andersen & Christensen, 1978).
Seghieri et al., (1995) estabelecem uma clara relação mostrando que a
disponibilidade de água doce é um fator limitante, forçando cada espécie a
otimizar seu uso de água no tempo e no espaço. Conseqüentemente, os ritmos
fenológicos tendem a ser flexíveis e, em contrapartida, as fenofases
5
desenvolvem-se de acordo com estratégias que são sincronizadas com as
condições ambientais locais e/ou regionais.
Portanto, a identificação das condições ambientais, associada à
periodicidade dos padrões fenológicos, é de suma importância para se
entender quais mecanismos regulam a produção de material reprodutivo (flores
e frutos) dos bosques, assim como o processo de colonização e
estabelecimento dos manguezais nas áreas litorâneas.
Considerando-se, então, a relevância dos manguezais para as áreas
estuarinas, é essencial que alguns aspectos relativos à produtividade primária
destes sejam estudados, podendo-se, então, estimar uma parte relevante da
produção primária dos bosques de mangue e possibilitar a compreensão das
prováveis interações da alta produtividade destes bosques com os fatores
abióticos locais e/ou regionais pertinentes.
O presente estudo visa fornecer informações necessárias à
compreensão das relações entre a produtividade primária dos bosques de
mangue do Furo Grande e os fatores abióticos locais, através da do estudo da
queda de serapilheira e dos padrões sazonais de fenologia.
6
Área de estudo
Furo Grande
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. ÁREA DE ESTUDO
2.1.1. Localização
A Planície Costeira Bragantina (NE do Pará) abrange a faixa costeira do
município de Bragança, região que se estende da Ponta do Maiaú até a foz do
Rio Caeté, perfazendo uma área de aproximadamente 1.570 km2 (Souza Filho,
1995). Com uma linha costeira de aproximadamente 40 km, é caracterizada
pela presença de rios, manguezais e planaltos rebaixados. Nesta região,
localiza-se o Furo Grande (Figura 1), próximo à cidade de Bragança, entre as
coordenadas 00°50’19,5’’S e 46°38’14,9’’W.
Figura 1: Mapa da Planície Bragantina ilustrando a localização da área de
estudo com relação ao Furo Grande.
7
2.1.2. Fatores abióticos
O clima da região bragantina, assim como de toda a costa nordeste do
Pará, pode ser classificado como tropical quente e úmido (Critchfield, 1968). A
pluviosidade média anual desta região é de 3000 mm, com umidade relativa do
ar oscilando entre 80 e 91% (Martorano et al., 1993).
O climatograma de Tracuateua (Figura 2), onde está localizada a
estação climática permanente mais próxima da área de estudo, mostra uma
marcada estação seca entre agosto e novembro (INMET, 1992). O longo
período de monitoramento (1973 – 1990) mostra uma temperatura média de
25,9°C para a região.
Meses
Precipitação p
luviométrica (m
m)
Temperatura m
édia (° C)
24
26
28
30
32
34
0
100
200
300
400
500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out NovDez
Estação Tracuateua
29 m.s.n.m - 01° 05́ LS 47° 10́ W
Precipitação
Temperatura
Figura 2: Climatograma de Tracuateua (Baseado nos dados do período de
1973 a 1990) (Fonte, INMET, 1992).
O regime de marés é semidiurno, com subida e descida ocorrendo duas
vezes ao dia durante um período de aproximadamente 6,2 horas, com um
sistema de macromarés (4-5m) de ciclo total de 24,5 horas. A descarga do rio
8
Caeté apresenta uma amplitude de aproximadamente 180 m3/s durante a
estação da chuva e 0,3m3/s durante o período de seca (Schwendenmann,
1998).
A floresta de mangue na península é inundada inteiramente apenas nas
marés de sizígia, enquanto os canais e furos dos manguezais são alagados
diariamente. A energia das marés altas e as fortes correntes (especialmente
durante as marés de sizígia) levam grandes transferências de sedimentos,
especialmente nas partes externas do estuário (Wolff et al., 2000).
No estuário e nos canais de marés maiores, a velocidade das correntes
alcança valores máximos de aproximadamente 1,5ms-1 nas marés de sizígia
(Cohen et al., 1998).
2.1.3. Vegetação
A região é caracterizada por manguezais bem desenvolvidos, com
árvores cuja altura alcança 20 m ou mais. Os manguezais formam uma
península de cerca de 110m2, cortada por vários canais de marés, que ligam a
floresta com o estuário do rio Caeté e a baía de Maiaú (Cohen et al., 1998).
Estes bosques recebem um grande aporte de nutrientes oriundo das massas
de água costeiras provenientes da baía do Caeté (Wolff et al., 2000).
As espécies verdadeiras de mangue que ocorrem nestes bosques são
Rhizophora mangle L. (mangue vermelho), Avicennia germinans (L.) Stearn
(mangue preto ou siriuba) e Laguncularia racemosa (L.) Gaertn f. (mangue
branco ou tinteiro), sendo o gênero Rhizophora dominante (68,8%) (Marques
da Silva et al., 1997).
9
2.2. LOCAIS DE COLETA
O trabalho de campo foi realizado em um manguezal localizado na
península de Ajuruteua (Furo Grande), no lado esquerdo da estrada que liga
Bragança à praia de Ajuruteua (PA 253). A área de estudo escolhida foi
subdividida em 3 sítios, com base na sua formação vegetal. O primeiro sítio é
um bosque misto constituído de Rhizophora mangle, Avicennia germinans e
Laguncularia racemosa, o segundo é um bosque puro de Avicennia germinans
e o terceiro é um bosque dominado por Rhizophora mangle.
As coletas dos dados foram empreendidas durante um ciclo anual
completo, de dezembro de 2000 a novembro de 2001, para investigar a
produção de serapilheira e os padrões fenológicos das espécies verdadeiras de
mangue na área do Furo Grande.
2.3. ESTUDO DA SERAPILHEIRA
Os sítios foram divididos em parcelas de 10x140 m, para sorteio e
delimitação de transecções. Em cada sítio foi sorteada uma transecção de
140m, no sentido perpendicular à estrada e paralelo ao curso do furo, com pelo
menos 50 m distante da estrada para eliminar efeitos de borda que poderiam
ser causados pela construção da estrada (Figura 3).
Os coletores de serapilheira (n = 21) foram distribuídos ao longo das
transecções, sendo sete coletores para cada sítio de trabalho, fixados a
intervalos de 20 m. Cada coletor, com área útil de 1 m2, é composto por uma
tela de náilon (malha de 1 mm), com armação de madeira (15 cm altura) e
suspensos permanentemente acima do nível das marés de sizígia. O material
(serapilheira) acumulado nas telas foi coletado mensalmente e separado no
10
laboratório em diferentes componentes (folhas, flores, frutos, galhos, estípulas
e miscelânea). Miscelânea refere-se ao material vegetal não identificado,
juntamente com fezes e o material animal encontrado na cesta. Este
procedimento foi executado para cada coletor em separado, sendo o material
de cada componente, seco em estufa a 70ºC, até atingir peso constante,
quando então foi tomado o peso seco final por componente.
Figura 3: Desenho esquemático da área de estudo mostrando a disposição das
transecções nos três sítios de trabalho amostrados.
2.4. ESTUDO DOS PADRÕES FENOLÓGICOS
As observações dos padrões fenológicos de floração e frutificação foram
realizadas em árvores adultas previamente selecionadas, considerando-se seu
porte e desenvolvimento. É importante ressaltar que os dados da fenologia
vegetativa não foram analisados neste trabalho. Em cada sítio de trabalho,
11
árvores das espécies botânicas verdadeiras de mangue foram marcadas,
sendo distribuídas da seguinte maneira: Rhizophora mangle (Sítio#01 - N=10;
Sítio#03 - N=20) e Avicennia germinans (Sítio#01 - N=10; Sítio#02 - N=20),
totalizando 60 árvores ao longo dos sítios. As visitas às árvores marcadas
foram realizadas mensalmente, coincidindo com a coleta da serapilheira. A
cada visita, o número de flores e frutos em cada uma destas árvores foi
registrado em escala ordinal: 0 = nenhum ítem (flores ou frutos), 1 = 1 a 10
itens, 2 = 11 a 50 itens, 3 = 51 a 100 itens e 4 = mais de 100 itens (Fernandes,
1999). Neste trabalho, os propágulos não foram considerados para a análise
sobre frutificação; sendo esta realizada apenas para os frutos imaturos.
Dadas as características estruturais desenvolvidas dos bosques de
mangue nos sítios de trabalho, as observações foram realizadas com o auxílio
de um binóculo.
2.5. DADOS CLIMÁTICOS LOCAIS
Os dados meteorológicos foram obtidos de uma estação meteorológica
situada na região do Furo Grande, próximo à área de estudo.
Com base nos dados adquiridos nesta estação, pelo Departamento de
Meteorologia da UFPA de agosto/2000 a novembro/2001, obteve-se os valores
médios mensais de Temperatura do Ar (0C) e Precipitação total (mm) para a
Planície Costeira Bragantina. Durante a estação chuvosa na área (dezembro a
junho), a temperatura variou de 25,8 °C a 27,6 °C e a precipitação total variou
de 68,6 mm a 725,1 mm. Na estação seca (julho a novembro), estes valores
variaram de 27,1 °C a 27,8 °C para a temperatura do ar e 0 mm a 58,6 mm
para a precipitação total (Figura 4).
12
Tem
pera
tura
do a
r (0
C)
Pre
cipita
ção tota
l (m
m)
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
800
25,6
26,0
26,4
26,8
27,2
27,6
28,0
ago out dez fev abr jun ago out
Temp.
Precip.
Estação Furo Grande
01042' 30'' S
51031' 51'' W
Figura 4: Climatograma da Planície Costeira Bragantina. (Baseado nos dados
do período de agosto de 2000 a novembro de 2001. (Fonte: Departamento de
Meteorologia da UFPA).
Também foram obtidos dados relativos à Umidade Relativa do Ar (%),
Velocidade do Vento (m/s) e Radiação Global (W.m-2). A Umidade Relativa do
Ar variou de 76,9 % a 85,5 % na estação chuvosa e de 72,5 % a 75,6 % na
estação seca. A velocidade do vento variou de 2,7 m.s-1 a 5,1 m.s-1 (período
chuvoso) e de 3,4 m.s-1 a 5,9 m.s-1 (período seco). A Radiação Global variou de
171,4 W.m-2 a 452,3 W.m-2 na estação chuvosa e de 408,54 W.m-2 a 867,34
W.m-2 nos meses da estação seca.
2.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA
As variações das taxas mensais de produção de serapilheira (total e
componentes) das espécies de mangue foram comparadas usando a Análise
de Variância (ANOVA – um fator - Fowler & Cohen, 1990).
13
Os dados sobre fenologia foram coletados em escala ordinal entre zero
e quatro, o que permitiu apenas o uso de estatística não-paramétrica (Siegel,
1975; Gibbons, 1976; Campbell, 1989). A variação mensal dos padrões
fenológicos foi tratada pelo teste de Friedman - dois fatores, ANOVA (K
amostras relacionadas, corrigidas), enquanto a comparação entre os diferentes
gêneros botânicos foi possível aplicando-se o teste de Kruskal-Wallis um fator,
ANOVA (K amostras independentes, corrigidas).
Para investigar as relações entre a produção de serapilheira de cada
sítio e os fatores abióticos locais (Temperatura do Ar, Precipitação, Velocidade
do Vento, Umidade Relativa do Ar e Radiação Global), bem como a relação
entre a produção fenológica e estes mesmos fatores, foram utilizadas análises
de Regressão Múltipla do tipo Stepwise (Monk, 1991).
14
3. RESULTADOS
3.1. Serapilheira
A produção total de serapilheira para a área do Furo Grande foi de 7,87
ton.ha-1.ano-1, sendo que o Sítio#01 (Misto) apresentou a maior taxa de
produção (9,83 ton.ha-1.ano-1) no período deste estudo, seguido pelo Sítio#02
(Avicennia) e Sítio#03 (Rhizophora) com os valores de 6,92 ton.ha-1.ano-1 e
6,85 ton.ha-1.ano-1, respectivamente (Figura 5). Embora esses sítios tenham
apresentado diferentes valores na produção média mensal (81,95 g.m-2.mês-1 -
Sítio#01; 57,66 g.m-2.mês-1 - Sítio#02 e 57,10 g.m-2.mês-1 - Sítio#03), não
houve diferença significativa (ANOVA, p>0,05) quando os três sítios foram
comparados entre si.
Figura 5: Produção anual de serapilheira (ton.ha-1.ano-1) dos três sítios de
trabalho com as respectivas percentagens de contribuição dos diferentes
componentes na área do Furo Grande.
6,85
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Sítio#01 Sítio#02 Sítio#03
9,83
pe
rce
tag
em
Miscelânea
Galhos
Estípulas
Partes reprodutivas
Folhas
6,9
15
O componente Folha apresentou contribuição para o total da produção
de serapilheira em torno de 74% (equivalente a 5,85 ton.ha-1.ano-1), ao passo
que o componente Flor contribuiu com aproximadamente 6% (0,5 ton.ha-1.ano-
1), Galho com 7% (0,52 ton.ha-1.ano-1) e Fruto, Estípula e Miscelânea juntos
contribuíram com 13% (0,99 ton.ha-1.ano-1).
A Tabela 1 mostra a taxa média de produção diária de serapilheira para
cada sítio de trabalho. A média de serapilheira produzida variou de 1,89±0,90
g.m-2.dia-1 no Sítio#03 a 2,69±1,21 g.m-2.dia-1 no Sítio#01, não apresentando,
desta forma, taxas de produção significativamente diferentes (ANOVA, p>0,05).
As diferenças na produção dos componentes Folha, Galho e Miscelânea
não foram significativas (ANOVA, p>0,05) para a área do Furo Grande como
um todo. Já os componentes Flor, Fruto e Estípula apresentaram diferenças
bastante significativas (ANOVA; F=6,22, gl=35, p<0,01; F=12,37, gl=35,
p<0,001; F=53,12, gl=35, p<0,001, respectivamente – Tabela 1). Quando todos
os componentes foram agrupados e uma Análise de Variância foi gerada, a
produção dos seis componentes da serapilheira na área do Furo Grande
mostrou uma diferença bastante significativa nos níveis de produção (ANOVA;
F=28,06, gl=71, p<0,001). Por fim, uma análise para cada sítio de trabalho
envolvendo a produção dos diferentes componentes, também apresentou
diferenças muito significativas (ANOVA; Sítio#01 - F=32,16, gl=71, p<0,001;
Sítio#02 - F=13,34, gl=71, p<0,001; Sítio#03 - F=28,32, gl=71, p<0,001).
16
Tabela 1: Taxas médias de produção diária de serapilheira (total e
componentes) nos três sítios estudados na área do Furo Grande.
Sítios1 Produção de serapilheira (g.m
-2.dia
-1) SD
Folhas Flores Frutos Estípulas Galhos Miscelânea Total
Sítio#01 2.04±1.15 0.20±0.07 0.11±0.08 0.11±0.02 0.13±0.06 0.10±0.12 2.69±1.21
Sítio#02 1.43±1.17 0.09±0.09 0.01±0.02 0.01±0.01 0.18±0.14 0.18±0.48 1.90±1.59
Sítio#03 1.35±0.78 0.12±0.06 0.14±0.08 0.10±0.04 0.11±0.16 0.07±0.05 1.89±0.90
Nível de significância
p>0.05 p<0.01 p<0.001 p<0.001 p>0.05 p>0.05 p>0.05
1 Sítio#01 – A. germinans e R. mangle
Sítio#02 – A. germinans é a espécie dominante
Sítio#03 – R. mangle é a espécie dominante
Considerando os componentes que fazem parte da serapilheira, Folha
foi o mais produtivo dentre eles, sendo responsável por 71% a 76% da
produção total entre os três sítios. Já o componente Flor contribuiu com valores
de 5% a 7%, enquanto Fruto apresentou uma faixa de 1% a 7% da serapilheira
total. Estípula somou de 1% a 5%, ao passo que Galho e Miscelânea
produziram de 5% a 9% e 4% a 9%, respectivamente.
A produção de serapilheira na área do Furo Grande foi variável ao longo
do ano, aumentando a partir do mês de abril e apresentando pico no mês de
junho. Em todos os sítios a produção parece aumentar por volta de abril,
entretanto há variações com relação aos picos de produção. No sítio misto
(Sítio#01), os mais altos valores de peso seco de serapilheira ocorreram nos
meses de maio a outubro, com pico em setembro. O mês de junho foi o mais
produtivo no Sítio#02 (Avicennia), enquanto que o Sítio#03 (Rhizophora)
apresentou pico em maio e novembro, mas manteve uma produção regular
neste intervalo de tempo (Figura 6).
17
Figura 6: Variação mensal na queda de serapilheira total da área do Furo
Grande e dos Sítios Misto (Sítio#01), de Avicennia germinans (Sítio#02) e de
Rhizophora mangle (Sítio#03).
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
Sítio#03
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
Sítio#01
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
Sítio#02
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
Furo Grande
18
Os componentes separadamente também apresentaram variações na
sua produção durante o período deste estudo. A produção do componente
Folha, por exemplo, apresentou picos nos meses de junho e agosto. O
componente Flor, por sua vez, mostrou sua maior produção no mês de
novembro, enquanto os picos de abscisão do componente Fruto ocorreram
entre os meses de fevereiro a maio. De maneira diferenciada, o componente
Estípula não apresentou um pico distinto, isto é, as taxas de produção
permaneceram estável durante todo o ciclo anual. Os meses de maior queda
do componente Galho foram outubro e dezembro, enquanto a maior taxa de
produção para o componente Miscelânea foi registrada em junho (Figura 7).
Figura 7: Padrão sazonal de serapilheira por componentes na área do Furo
Grande, no período de dezembro/2000 a novembro/2001.
folhas
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
g.m
-2.d
ia-1
f lores
0,00
0,10
0,20
0,30
g.m
-2.d
ia-1
frutos
0,00
0,05
0,10
0,15
g.m
-2.d
ia-1
estípulas
0,00
0,05
0,10
0,15
g.m
-2.d
ia-1
galhos
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
miscelânea
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
19
A produção por componente mostra variações entre os três sítios
amostrados. Folha, por exemplo, apresentou pico em setembro no Sítio#01
(Figura 8), enquanto nos Sítios #02 e #03 a maior produção ocorreu nos meses
de junho e maio, respectivamente (Figuras 9 e 10). A maior quantidade de Flor
foi produzida nos meses de maio e novembro no Sítio#01, em setembro no
Sítio#02 e maio no Sítio#03, enquanto os meses de maior produção de Fruto
foram maio, janeiro e novembro nos Sítios #01, #02 e #03, respectivamente
(Figuras 8, 9 e 10). A abscisão de Estípula foi relativamente uniforme nos três
sítios, enquanto Galho apresentou picos diferentes para os Sítios #01
(fevereiro), #02 (outubro) e #03 (dezembro). Os três sítios apresentaram um
padrão semelhante na produção de Miscelânea, com picos nos meses de maio
a junho (Figuras 8, 9 e 10).
20
Figura 8: Padrão sazonal de serapilheira por componentes no sítio de estudo
composto por árvores de Avicennia germinans e Rhizophora mangle (Sítio#01),
no período de dezembro/2000 a novembro/2001.
folhas
0,00
2,00
4,00
6,00
g.m
-2.d
ia-1
f lores
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
g.m
-2.d
ia-1
frutos
0,00
0,10
0,20
0,30
g.m
-2.d
ia-1
estípulas
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
g.m
-2.d
ia-1
galhos
0,00
0,10
0,20
0,30
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
miscelânea
0,00
0,20
0,40
0,60
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
21
Figura 9: Padrão sazonal de serapilheira por componentes no sítio de estudo
dominado por A. germinans (Sítio#02), no período de dezembro/2000 a
novembro/2001.
folhas
0,00
2,00
4,00
6,00g.m
-2.d
ia-1
f lores
0,00
0,10
0,20
0,30
g.m
-2.d
ia-1
frutos
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
g.m
-2.d
ia-1
estípulas
0,00
0,01
0,02
0,03
g.m
-2.d
ia-1
galhos
0,00
0,20
0,40
0,60
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
miscelânea
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2. d
ia-1
22
Figura 10: Padrão sazonal de serapilheira por componentes no sítio de estudo
dominado por Rhizophora mangle (Sítio#03), no período de dezembro/2000 a
novembro/2001.
folhas
0,00
1,00
2,00
3,00
g.m
-2.d
ia-1
f lores
0,00
0,10
0,20
0,30
g.m
-2.d
ia-1
frutos
0,00
0,20
0,40
g.m
-2.d
ia-1
estípulas
0,00
0,05
0,10
0,15
g.m
-2.d
ia-1
galhos
0,00
0,50
1,00
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
miscelânea
0,00
0,10
0,20
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
23
O componente Folha, por constituir a maior porção da produção de
serapilheira, foi analisado separadamente. Houve uma variação na produção
mensal deste componente no Furo Grande, ocorrendo um aumento nas taxas
de produção a partir do mês de maio. Esta tendência também foi verificada em
cada sítio separadamente (Figura 11).
Os resultados mostraram que cada espécie dominante (A. germinans e
R. mangle) apresentou a maior taxa de produção de folhas em seus
respectivos sítios. Esses dados foram comprovados através da Análise de
Variância. No sítio misto (Sítio#01), a diferença na produção de folhas entre A.
germinans e R. mangle não foi significativa (ANOVA, p>0,05), sendo A.
germinans responsável por metade (51%) da produção de folhas. Por outro
lado, no sítio dominado por A. germinans (Sítio#02), as folhas desta espécie
responderam por 89% da produção deste componente (ANOVA, F=12,08;
gl=23; p<0,01), enquanto no Sítio#03, as folhas de R. mangle alcançaram 86%
do total das folhas produzidas (ANOVA, F=22,87; gl=23; p<0,001).
24
Figura 11: Variação mensal na queda do componente folhas, na área do Furo
Grande e nos Sítios Misto (Sítio#01), de A. germinans (Sítio#02) e de R.
mangle (Sítio#03).
Sítio#01
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
D J F M A M J J A S O N
mês
g m
-2 d
ia-1
Folhas de Avicennia
Folhas de Rhizophora
Sítio#03
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
D J F M A M J J A S O N
mês
g m
-2 d
ia-1
Folhas de Avicennia
Folhas de Rhizophora
Sítio#02
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
D J F M A M J J A S O N
mês
g m
-2 d
ia-1
Folhas de Avicennia
Folhas de Rhizophora
Furo Grande
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
D J F M A M J J A S O N
mês
g.m
-2.d
ia-1
Folha de Avicennia
Folha de Rhizophora
25
Considerando a relação entre os fatores abióticos e a produção de
serapilheira, a Análise de Regressão Múltipla mostrou que há correlações
significativas entre a produção dos três sítios estudados e as variáveis
ambientais que atuam localmente nos bosques de mangue. A Umidade
Relativa do Ar, por exemplo, foi a variável mais correlacionada, por apresentar
o maior valor de beta (ß=-2,4), com a produção total de serapilheira da área do
Furo Grande (Regressão Múltipla, F(4,7)=9,52, p<0,05, R2=0,84 - Figura 12).
Nos três sítios de trabalho, a Precipitação foi o fator abiótico que mostrou maior
correlação com as taxas de produção de serapilheira (Sítio#01 – Regressão
Múltipla, F(1,10)=11,58, p<0,05, R2=0,53, ß=-0,73; Sítio#02 – Regressão
Múltipla, F(2,9)=7,34, p<0,05, R2=0,62, ß=-1,3 e Sítio#03 – Regressão Múltipla,
F(2,9)=6,92, p<0,05, R2=0,61, ß=-1,1 - Figuras 12 e 13).
Não foram encontradas correlações significativas entre os fatores
abióticos e a produção de serapilheira dos componentes Fruto, Galho e
Miscelânea. Mas, por outro lado, foram reveladas correlações significativas
entre tais fatores e a produção do componente Folha (Regressão Múltipla,
F(5,6)=5,39, p<0,05, R2=0,81) e do componente Estípula (Regressão Múltipla,
F(4,7)=8,98, p<0,05, R2=0,83), sendo a Umidade Relativa do Ar a variável que
apresentou o maior valor de beta (Folha - ß=-2,5 e Estípula - ß=-3,3) para
ambos os componentes. Por fim, Temperatura foi a variável abiótica que
mostrou maior correlação (ß=0,9) com a produção do componente Flor
(Regressão Múltipla, F(1,10)=26,91, p<0,05, R2=0,73) (Figura 14 ).
26
Figura 12: Relação entre a produçao de serapilheira durante o ciclo anual e os
fatores abióticos. A variável abiótica entre parênteses foi a mais significativa
variável no modelo de regressão stepwise de acordo com os valores de beta e
Pearson.
Regression95% confid.
Variável dependente: Furo Grande
(Umidade relativa)
Fator abiótico
Se
rap
ilh
eir
a (
g.m
-2.d
ia-1
)
0,05
0,15
0,25
0,35
0,45
0,55
0,65
0,75
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
Regressão95% confid.
Variável dependente: Sítio#01
(Precipitação)
Fator abiótico
Se
rap
ilh
eir
a (
g.m
-2.d
ia-1
)
0,15
0,25
0,35
0,45
0,55
0,65
0,75
0,85
0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 0,60
27
Figura 13: Relação entre a produçao de serapilheira durante o ciclo anual e os
fatores abióticos. A variável abiótica entre parênteses foi a mais significativa
variável no modelo de regressão stepwise de acordo com os valores de beta e
Pearson.
Regressão95% confid.
Variável dependente: Sítio#02
(Precipitação)
Fator abiótico
Se
rap
ilh
eir
a (
g.m
-2.d
ia-1
)
-0,1
0,1
0,3
0,5
0,7
0,9
1,1
-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8
Regressão95% confid.
Variável dependente: Sítio#03
(Precipitação)
Fator abiótico
Se
rap
ilh
eir
a (
g.m
-2.d
ia-1
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,05 0,15 0,25 0,35 0,45 0,55
28
Figura 14: Relação entre a produçao de serapilheira por componentes durante
o ciclo anual e os fatores abióticos. A variável abiótica entre parênteses foi a
mais significativa variável no modelo de regressão stepwise de acordo com os
valores de beta e Pearson.
Regressão95% confid.
Variável dependente: Folhas
(Umidade relativa)
Fator abiótico
Se
rap
ilh
eir
a (
g.m
-2.d
ia-1
)
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
2,4
2,8
3,2
-0,2 0,4 1,0 1,6 2,2 2,8 3,4
Regressão95% confid.
Variável dependente: FLOR
(Temperatura)
Fator abiótico
Se
rap
ilh
eir
a (
g.m
-2.d
ia-1
)
0,02
0,06
0,10
0,14
0,18
0,22
0,26
0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0,18 0,20 0,22
Regressão95% confid.
Variável dependente: Estípulas
(Umidade relativa)
Fator abiótico
Se
rap
ilh
eir
a (
g.m
-2.d
ia-1
)
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0,10
0,11
0,04 0,05 0,06 0,07 0,08 0,09 0,10 0,11
29
3.2. Padrões Fenológicos
Das espécies de mangue investigadas durante o período deste estudo
(Avicennia germinans e Rhizophora mangle), apenas a segunda produziu flores
durante todo o ciclo anual. Nos Sítios #01 (Misto) e #03 (Rhizophora) houve
produção desta fenofase durante todo o ano. O Sítio#02 (Avicennia) mostrou
uma diferença significativa na produção mensal quando comparado aos outros
sítios (Kruskal-Wallis, H=7,27, gl=2, p<0,05) (Figura 15).
Figura 15: Floração e frutificação total mensal dos três sítios amostrados na
área do Furo Grande. Os valores da escala de 0 a 4 (veja material e métodos;
2.4. Estudo dos padrões fenológicos) foram somados, de modo que o valor
máximo a ser alcançado é 80 (20 árvores por sítio).
Floração
0
10
20
30
40
50
60
D J F M A M J J A S O N
mês
Sítio#01
Sítio#02
Sítio#03
Frutificação
0
10
20
30
40
50
60
D J F M A M J J A S O N
mês
Sítio#01
Sítio#02
Sítio#03
30
Todos os sítios mostraram variação mensal significativa para a fenofase
Flor (Friedman ANOVA, p<0,001). Os meses de maior abundância na produção
de Flor foram setembro para os Sítios #01 e #02 e de abril até agosto para o
Sítio#03. Nos Sítios #01 e #03 as árvores marcadas produziram flores durante
todo o ano, enquanto que no Sítio#02 nenhuma das árvores desenvolveu flores
no período de fevereiro a junho (Tabela 2).
Na Figura 16 observa-se a produção da fenofase Flor ao longo do ano,
com base na média das 60 árvores marcadas para os três sítios juntos, ou
seja, a área do Furo Grande. De maneira geral, essas árvores apresentaram
um pico de floração durante os meses de setembro a novembro.
No Sítio#01 (Misto), as árvores de A. germinans mostraram uma
diferença significativa na produção de flores, quando comparadas às árvores
de R. mangle (Kruskal-Wallis, H=5,48, gl=1, p<0,05), sendo que as últimas são
bem mais produtivas que as primeiras.
32
Figura 16: Sazonalidade da produção de flores e frutos na área do Furo
Grande, no período de dezembro/2000 a novembro/2001.
0
3
6
9
12
15
18
D J F M A M J J A S O N
mês
N.°
mé
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de
árv
ore
s flo
rin
do
flor
0
3
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15
18
D J F M A M J J A S O N
mês
N.°
mé
dio
de
árv
ore
s flo
rin
do
fruto
33
A fenofase Fruto também apresentou uma alta variação sazonal. Isto
pode ser observado quando da comparação entre os três sítios de trabalho,
cujo resultado mostrou a existência de uma variação significativa no padrão de
frutificação na área do Furo Grande (Kruskal-Wallis, H=19,71, gl=2, p<0,001).
Os Sítios #01 e #03 produziram frutos durante todo o ano, enquanto no
Sítio#02 não houve produção durante o período de maio a outubro (Figura 15).
Apenas os Sítios #02 e #03 mostraram variação mensal significativa na
produção de frutos (Friedman ANOVA, p<0,001). Os meses de maior produção
foram fevereiro para o Sítio#01 e janeiro para o Sítio#02. No Sítio#03 o pico de
frutificação foi em setembro. As árvores marcadas nos Sítios #01 e #03
produziram frutos em todos os meses. No Sítio#02 nenhuma das árvores
desenvolveu frutos no período de maio a outubro (Tabela 3).
A Figura 16 também mostra a produção de frutos ao longo do ano,
através das médias das 60 árvores marcadas na área do Furo Grande. As
plantas apresentaram maior produção de frutos nos meses de dezembro e
janeiro, mantendo uma produção regular durante o restante do ciclo anual.
A comparação da produção de frutos dos indivíduos marcados no
Sítio#01 (Misto) mostrou que as árvores de R. mangle produziram
significativamente mais frutos que as árvores de A. germinans (Kruskal-Wallis,
H=13,71, gl=1, p<0,001).
35
A Figura 17 mostra a relação entre a produção de flores e os fatores
abióticos para a área do Furo Grande. A Umidade Relativa do Ar apresentou o
maior valor de Beta (ß=-1,3), sendo, portanto, a variável mais relacionada com
a produção de flores (Regressão Múltipla, F(2,9)=18,65, p<0,05, R2=0,80). Não
foram encontradas correlações significativas entre a produção de frutos e os
fatores abióticos.
Figura 17: Relação entre o período de floração e os fatores abióticos. Entre
parênteses está representada a variável ambiental mais significativa de acordo
com a correlação de Pearson.
Regressão95% confid.
Variável dependente: FLOR
(Umidade relativa)
Fator abiótico
Se
rap
ilh
eir
a (
g.m
-2.d
ia-1
)
0
10
20
30
40
6 12 18 24 30 36 42
36
4. DISCUSSÃO
4.1. Serapilheira
A média anual de serapilheira total do Furo Grande (7,87 ton.ha-1.ano-1)
situa-se dentro da faixa de valores de diferentes áreas reunidas por Saenger &
Snedaker (1993). De acordo com estes autores, as florestas de mangue
apresentam uma maior produção de serapilheira próximo ao equador. Este fato
pode ser atribuído, em parte, à influência de fatores latitudinais, tais como: as
altas taxas de insolação, a temperatura, bem como a disponibilidade de água.
Os resultados do presente estudo mostraram que, em média, o Sítio#01
(Misto) produz uma diferença em torno de 3 ton.ha-1.ano-1 em relação aos
Sítios #02 e #03, o que em termos estatísticos não reflete uma diferença
significativa. Os Sítios #02 (Avicennia germinans) e #03 (Rhizophora mangle)
produziram uma quantidade de serapilheira bastante equivalente entre si (6,92
e 6,85 ton.ha-1.ano-1, respectivamente), e podem ser considerados, dessa
forma, florestas bastante produtivas, principalmente quando comparadas
àquelas estudadas nos trópicos, cuja faixa de valores encontrada varia de 2,6
ton.ha-1.ano-1 (Fernandes, 1997) a 17,7 ton.ha-1.ano-1 (Chale, 1996 - Apêndice
1).
Comparando os resultados aqui apresentados aos produzidos por
Mehlig (2001), próximo aos sítios de trabalho no Furo Grande, nota-se uma
marcada variabilidade na queda de serapilheira numa pequena escala espacial.
Isto significa que as taxas médias de produção de serapilheira de áreas
relativamente próximas, sob condições ambientais similares, apresentam
37
valores diferenciados, como é o caso das áreas do Acarajó e do Furo do Meio,
onde a produção total de serapilheira foi de 12,8 ton.ha-1.ano-1 e 13,1 ton.ha-
1.ano-1, respectivamente, enquanto a produção total do Furo Grande foi de 7,87
ton.ha-1.ano-1.
A alta produção de serapilheira dos bosques de mangue aqui estudados
foi diretamente influenciada pela alta taxa da queda do componente Folha,
chegando a alcançar até 75% do total da serapilheira produzida. Além de ser
registrada ao longo de todo o ciclo anual, a serapilheira também apresenta uma
variação na produção mensal que é determinada pela variação da produção
desse componente. Como as folhas representaram o componente de maior
importância na composição da serapilheira, é de se esperar que os principais
períodos de produção desta última, coincidam, em geral, com os períodos de
produção de folhas. Este padrão foi observado em todos os sítios estudados. É
importante ressaltar que a produção total de serapilheira também foi afetada,
em menor proporção, pelas variações da queda dos outros componentes. Os
galhos, por exemplo, constituíram de 4,83% a 9,47% da serapilheira total dos
sítios de estudo. Ponte (1984), por sua vez, estimou uma contribuição de
galhos em 15% da produção total no Canal da Bertioga.
De acordo com Lugo & Snedaker (1975); Sasekumar & Loi (1983);
Fernandes (1997); Mehlig (2001) e Pool et al. (1975), as folhas são
consideradas como o mais importante componente da serapilheira, uma vez
que estas atingem altas porcentagens da produção total. Eles consideram que
as folhas desempenham um importante papel no manguezal em relação à
exportação de detritos para as baías e estuários.
38
O aumento da produção mensal de serapilheira ocorreu nos três sítios
simultaneamente durante o período de transição entre as estações chuvosa e
seca, sugerindo uma atividade sincronizada. Alguns autores consideram que o
aumento do volume de água doce no sistema, leva a um incremento na
produção de serapilheira de uma determinada área em relação àquelas que
recebem menos (Amarasinghe & Balasubramanian, 1992; Imbert & Ménard,
1997; Barreiro-Guemes, 1999). De acordo com Day et al. (1987), há uma
tendência geral de ocorrência de picos na queda de serapilheira durante a
estação chuvosa, facilitando assim a exportação desse material para as áreas
adjacentes. No presente estudo, a influência de água doce somente foi
detectável durante a estação chuvosa, assim como na área do Furo do Meio
(Mehlig, 2001), o que sugere uma baixa influência do aporte de água doce
sobre a produção de serapilheira e sua exportação para as áreas adjacentes
ao Furo Grande.
O aumento da produção de serapilheira ocorreu a partir do final da
estação chuvosa em todos os sítios de trabalho e na área como um todo. Este
fato é corroborado pelas análises de regressão, que demonstraram uma
correlação significativa, porém moderada, entre a precipitação e a queda de
serapilheira nos três sítios amostrados. Contudo, a maior produção de
serapilheira, tanto na área do Furo Grande quanto nos Sítios #01 e #03,
ocorreu na estação seca.
Picos de produção de serapilheira na estação seca foram registrados em
outros estudos (Lugo & Snedaker, 1975; Amarasinghe & Balasubramanian,
1992; Chale, 1996). Amarasinghe & Balasubramanian (1992) consideram que
tal fato pode ser atribuído ao maior custo energético para a planta manter os
39
tecidos fotossintéticos em condições ambientais de alta salinidade durante a
estação seca, causando assim a abscisão das folhas. Esta pode ser uma
explicação plausível para a área do Furo Grande, haja vista as altas taxas de
abscisão de folha ocorrerem durante o período da seca, onde há aumento da
salinidade no sistema.
As frações flores e frutos foram produzidos continuamente apenas nos
sítios #01 e #03, como reflexo da presença das árvores de R. mangle que
produziram estes componentes durante todo o ano. Esse mesmo
comportamento foi observado nas áreas do Furo do Meio e Acarajó (Mehlig,
2001) e na Ilha de Maracá (Fernandes, 1997).
A maior concentração de flores na serapilheira foi registrada na estação
seca nos três sítios de trabalho, coincidindo com o período de Temperatura
mais alta. Os valores mais altos para a produção de frutos foram registrados,
principalmente, durante a estação chuvosa, muito embora não tenha se
correlacionado significativamente com nenhuma das variáveis abióticas. Este
fato é importante, pois sugere que a produção de flor na estação seca e a
queda de frutos na estação chuvosa, formam uma estratégia que favorece o
desenvolvimento e a dispersão da maioria dos propágulos para as áreas
adjacentes, propiciando a colonização de novos espaços.
4.2. Fenologia
A floração e a frutificação das árvores de mangue foram registradas
durante o ano inteiro.
A floração apresentou um pico máximo entre setembro e outubro,
coincidindo com o período seco. Este comportamento também foi observado
40
em outras espécies mangue estudadas em diferentes áreas (Saenger, 1982;
Steinke & Rajh, 1995; Fernandes, 1999; Mehlig, 2001). Na África, por exemplo,
os dados reunidos por Saenger & Bellan (1995) mostraram que as principais
espécies de mangue (Rhizophora mangle, R. racemosa, R. harrisonii,
Avicennia germinans e Laguncularia racemosa) floresciam no período seco.
Os mangues são adaptados a uma ampla faixa de polinizadores, o que
torna a competição por esta guilda reduzida (Tomlinson, 1986). A extensão do
período de floração é uma estratégia que pode ser considerada como uma
adaptação ao comportamento de forrageamento apresentado pelos
polinizadores (Janzen, 1971). Uma vez que as flores estejam disponíveis o ano
todo, os polinizadores podem forragear regularmente. A freqüência de visita
dos polinizadores é considerada como fator decisivo por alguns autores para a
fenologia reprodutiva, uma vez que as flores que recebem menos pólen estão
mais sujeitas a cair. Ao contrário, aquelas que recebem mais pólen tendem a
desenvolver frutos (Murali, 1993). Entre os gêneros de mangue da região
amazônica, Avicennia depende de insetos polinizadores, bem como
Laguncularia (Tomlinson, 1986), enquanto em Rhizophora a polinização pelo
vento é mais acentuada (Tomlinson, 1986; Menezes, 1997; Menezes et al.,
1997).
O período de floração de A. germinans começou em julho, com o início
da estação seca e culminando nos meses de setembro a outubro. O número
máximo de flores observadas nas árvores do Furo Grande foi registrado no
mesmo período de pico de flores na serapilheira. Este resultado é similar ao
encontrado para os mangues do Furo do Meio e Acarajó (Mehlig, 2001).
41
Outros estudos registraram a sazonalidade da floração de A. germinans.
Na Ilha de Maracá, apesar de não haver um período de seca distinto,
Fernandes (1999) evidenciou que os meses de maior intensidade de floração
foram aqueles com menor quantidade de chuvas. Ao contrário, López-Portillo &
Ezcurra (1985) verificaram uma maior floração na estação chuvosa.
A produção de flores de R. mangle apresentou-se continuamente ao
longo do ano, com pico entre os meses de maio e agosto, período de transição
entre as estações chuvosa e seca. A maior contribuição de flores na
serapilheira também ocorreu neste período. Da mesma forma, Mehlig (2001)
encontrou uma marcada produção de flores no final do período chuvoso, ao
passo que Fernandes (1999) observou uma floração quase contínua ao longo
do ano para R. mangle, com um período de maior produção na transição dos
períodos comparativamente seco e chuvoso. A produção contínua de flores
parece ser uma característica para outras espécies de Rhizophora (Duke et al.,
1984; Barreiro-Güemes, 1999; Fernandes, 1999).
Frutos de A. germinans somente foram produzidos durante a estação
chuvosa. A maior contribuição de frutos de A. germinans na serapilheira
ocorreu em janeiro, confirmando os números que foram observados para
frutificação nas árvores. No Furo do Meio o período de maior frutificação foi na
estação chuvosa (Mehlig, 2001). Já na Ilha de Maracá, os frutos foram
encontrados em maiores concentrações entre o fim da estação seca e início da
estação chuvosa (Fernandes, 1999). Picos diferenciados na produção de flores
e frutos de Avicennia foram observados em outros trabalhos (Sasekumar & Loi,
1983; Amarasinghe & Balasubramaniam, 1992).
42
R. mangle produziu frutos todos os meses do ano, com aumento na
produção nos meses de julho a setembro. A maior contribuição de frutos na
serapilheira ocorreu no mês de novembro, mostrando a existência de um
intervalo entre a produção e a queda dos frutos, intervalo necessário para o
desenvolvimento completo e queda dos propágulos. De acordo com Fernandes
(1997), as espécies de mangue têm seus propágulos dispersos pela água,
assim é de esperar que o pico de queda de frutos aconteça durante a estação
chuvosa.
Boinski & Fowler (1989) sugeriram que a perda de folhas em algumas
florestas tropicais ocorre precocemente na estação seca, e a produção de
folhas coincide com o início da estação úmida. De acordo com Monasterio &
Sarmiento (1976), durante os períodos de restrita disponibilidade de água, as
árvores tendem a renovar suas folhas. As espécies enfocadas neste estudo
parecem seguir esta tendência geral para as florestas tropicais, sincronizando a
perda de folhas com a estação seca. Além disso, a floração aumentou durante
o mesmo período, complementando esta estratégia do ponto de vista
reprodutivo, uma vez que o desenvolvimento de propágulos também ocorreu
principalmente durante a estação seca.
Outros autores também consideram a existência de um sincronismo
entre a perda de folhas e a produção de flores. De acordo com Janzen (1967),
a maioria das árvores de florestas tropicais floresce e frutifica quando perde as
folhas senescentes. Segundo este autor, parece existir uma tendência para
uma árvore florescer e frutificar durante um período de caducifolia ou pelo
menos quando as folhas estão reduzidas em número, o que facilitaria o acesso
de polinizadores e dispersores. Brooke (1996) também sugere uma ligação
43
entre a abscisão de folhas e a produção de flores, levantando a questão se
este sincronismo pode ser promovido por fatores exógenos ou endógenos.
Na área do Furo Grande, tanto os fatores abióticos quanto as
adaptações fisiológicas parecem interagir a fim de garantir a alta produtividade
de serapilheira do bosque, bem como a reprodução dos indivíduos, afim de
promover a ocupação de hábitats disponíveis em áreas adjacentes, ao longo
da costa.
44
5. CONCLUSÕES
Os mangues do Furo Grande apresentam taxas médias de serapilheira
comparáveis aos de outros mangues localizados em latitudes similares e
sob condições climáticas semelhantes.
O Sítio Misto foi o mais produtivo dentre os três amostrados na área do
Furo Grande.
Folha foi o componente mais representativo para o total de serapilheira
produzida nos três sítios de trabalho.
A variação nos eventos fenológicos ao longo do ano, sugere uma
estreita relação com a variação dos fatores abióticos analisados neste
estudo.
A sincronia entre a abscisão de folhas e a produção de flores durante a
estação seca sugere a economia de energia para um investimento numa
fase reprodutiva.
A produção de frutos ocorre principalmente durante a estação chuvosa,
o que parece favorecer a dispersão dos propágulos para áreas
adjacentes.
45
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Apêndice 1: Comparação da produção de serapilheira (ton.ha-1. ano-1) entre
florestas de mangue e outros sistemas na região tropical.
MANGUEZAIS
Local Produção de serapilheira
(ton.ha-1
. ano-1)
Referência bibliográfica
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Brasil 12.8 Mehlig (2001)
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México 8.3 Day et al. (1987)
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Brasil 6.8 Irmler (1982)
Brasil 9.9 Klinge (1977)
Brasil 9.0 Klinge (1977)
Brasil 7.8 Klinge (1977)
Brasil 7.3 Klinge & Rodrigues (1968)
Brasil 6.6 Silva (1984)