Aspectos Gerais Da Psicopatologia

SEMIOLOGIA

Semiologia: ciência dos signos, não se restringe obviamente à medicina, à psiquiatria ou à psicologia;

Semiologia Psicopatológica: estudo dos sinais e sintomas dos transtornos mentais;

Signo: elemento nuclear da semiologia (está para a semiologia assim como a célula está para a biologia).

SEMIOLOGIA

Divisões da Semiologia:

Semiotécnica: técnicas e procedimentos específicos de observação e coleta de sinais e sintomas, assim como a descrição de tais sintomas; Ex:. Entrevista familiares, pacientes;

Semiogênese: campo de investigação da origem, dos mecanismos, do significado; Também denominado por alguns autores de

propedêutica médica ou psiquiátrica (significa ensino prévio ao início de uma ciência).

SEMIOLOGIA

Síndrome: Os sinais e sintomas não ocorrem de forma

aleatória, surgem em certas associações; Agrupamentos relativamente constantes e

estáveis de determinados sinais e sintomas; Meramente uma definição DESCRITIVA de um

conjunto momentâneo e recorrente de sinais e sintomas.

FORMA E CONTEÚDO DOS SINTOMAS

Dois aspectos básicos costumam ser enfocados: forma e conteúdo;

Forma dos sintomas: estrutura básica, relativamente semelhante nos diversos pacientes;

Conteúdo: aquilo que preenche a alteração estrutural (mais pessoal, depende da história de vida do paciente, de eu universo cultural)

FORMA E CONTEÚDO DOS SINTOMAS

Exemplo:

Alucinação, delírio, ideia obsessiva; medo extremo; (forma)

Conteúdo de culpa, religioso, de perseguição, de medo; (conteúdo)

A ORDENAÇÃO DOS FENÔMENOS EM PSICOPATOLOGIA

Estudo da doença mental inicia pela observação cuidadosa de sua manifestação;

Classicamente, distinguem-se três tipos de fenômenos humanos para a psicopatologia: Fenômenos semelhantes: ansiedade, medo,

desejo; Fenômenos em parte semelhantes e em parte

diferentes: tristeza profunda; tristeza comum; Fenômenos qualitativamente novos, diferentes:

fenômenos psicóticos como alucinações.

PRINCIPAIS CAMPOS E TIPOS DE PSICOPATOLOGIA

Uma das principais características da Psicopatologia enquanto campo de conhecimento é a multiplicidade de abordagens e referenciais teóricos;

Principais correntes da psicopatologia.


Psicopatologia Descritiva VERSUS Psicopatologia Dinâmica: Descritiva (interessa a formadas alterações

psíquicas, a estrutura do sintoma); Dinâmica (conteúdo da vivência, os movimentos

internos de afetos, desejos e temores do indivíduo, sua experiência particular, pessoal);

Boa prática em saúde mental implica a combinação hábil e equilibrada de uma abordagem dinâmica, pessoal e subjetiva do doente e sua doença.


“Quando um médico se defronta com a grande tarefa de ajudar

uma pessoa psiquicamente enferma, vê a sua frente dois caminhos: ele pode registrar o

que é mórbido (sintoma, doença) [...] ou pode trilhar outro

caminho: escutar o doente...”


Psicopatologia médica Versus Psicopatologia Existencial:

Médico-naturalista: noção de homem centrada no corpo, no ser biológico como espécie natural e universal; o adoecimento relacionado a alguma parte biológica do corpo;

Existencial: doente visto como “existência singular”, como ser lançado a um mundo que é apenas natural e biológico na sua dimensão elementar, mas que é fundamentalmente histórico e humano; Doença não como algo meramente biológico e psicológico, mas como um modo particular de existência.


Psicopatologia Comportamental Cognitiva Versus Psicopatologia Psicanalítica:

Visão comportamental: homem enquanto um conjunto de comportamentos observáveis, verificáveis;

Visão cognitivista: representações cognitivas conscientes de cada indivíduo;

Sintomas resultam de comportamentos e representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas pela experiência sociofamiliar;

Visão Psicanalítica: homem enquanto determinado, dominado, por forças inconscientes; os sintomas e síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos predominantemente inconscientes.


Psicopatologia Categorial Versus Psicopatologia Dimensional:

Categorial: os limites entre as síndromes estariam muito bem delimitados;

Dimensional: os limites entre as síndromes não são tão rígidas. (mais adequada à realidade clínica).


Psicopatologia Biológica Versus Psicopatologia Sociocultural:

Biológica: enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e dos sintomas mentais;

Sociocultural: estudar os transtornos como comportamentos desviantes que surgem a partir de certos aspectos socioculturais, como discriminação, pobreza, estresse, etc. Cultura como importante na delimitação do que é normal ou patológico, na constituição dos transtornos.


Psicopatologia Operacional - Pragmática Versus Psicopatologia Fundamental:

Operacional – Pragmática: trata-se do modelo adotado pelas modernas classificações de transtornos mentais; DSM IV; CID 10; (não são questionados a natureza da doença ou do sintoma e tampouco os fundamentos filosóficos ou antropológicos de determinada definição);

Fundamental: centrar nos fundamentos de cada conceito psicopatológico; transtorno em uma dada situação e condição, pode ser transformado em experiência e enriquecimento.

PRINCÍPIOS GERAIS DO DIAGNÓSTICO PSICOPATOLÓGICO

Importância de um diagnóstico psicopatológico aprofundamento: Para que se possa compreender o paciente e seu

sofrimento; Bem como, escolher o tipo de estratégia

terapêutica mais adequada.


Existe no processo do diagnóstico uma relação dialética permanente:

entre o particular, individual (aquele paciente específico):

E o geral, universal (categoria diagnóstica à qual pertence essa pessoa).


Três grupos de fenômenos em relação à possibilidade de classificação:

Aspectos e fenômenos encontrados em todos os seres humanos (tais fenômenos fazem parte de uma categoria ampla demais para a classificação. Ex:. Privação de horas de sono gera sonolência; restrição alimentar fome);

Aspectos e fenômenos encontrados em algumas pessoas, mas não em todas (maior interesse da psicopatologia; encontram-se a maioria dos sinais e sintomas);

Aspectos e fenômenos encontrados em apenas um ser humano particular (embora de interesse, são restritos demais para uma classificação).


Ponto de vista clínico e específico da Psicopatologia:

Diagnóstico de um transtorno psiquiátrico é quase sempre baseado nos dados clínicos;

Manter duas linhas de raciocínio clínico: uma diagnóstica (baseada na cuidados descrição evolutiva e atual dos sintomas); uma linha etiológica (busca, na totalidade de dados biológicos, psicológicos e sociais, uma formulação hipotética plausível). Ex:. História relatada pelo paciente e investigação teórica.


Não existem sinais ou sintomas psicopatológicos totalmente específicos de determinado transtorno;

Não existem sintomas patognomônicos na psicopatologia: um único sintoma que seja totalmente característico de uma enfermidade;

Diagnóstico repousado: dados clínicos (momentâneos e evolutivos).


O diagnóstico é, em inúmeros casos, apenas possível com a observação do curso da doença; Não é incomum que a evolução do caso, obrigue a repensar o diagnóstico;

Diagnóstico psicopatológico deve ser sempre pluridimensional: várias dimensões clínicas e psicossociais devem ser incluídas para uma formulação diagnóstica completa.

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