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MOÇAMBIQUE

Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

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A Cartilha foi desenvolvida pela Bernardes Advogados com o intuito de apresentar aos investidores os principais aspectos legais para o investimento em Moçambique.

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ÍNDICE

I. Moçambique – Aspectos históricos geográficos. _________________03

II. Moçambique – Fatores atrativos de Investimentos. ____________06

III. Moçambique – Regulamentação de Investimentos Estrangeiros. ___21

IV. Moçambique – Constituição de Sociedades. ____________________24

V. Moçambique - DUAT (Direito de Uso e Aproveitamento da Terra). ___29

VI. Moçambique – Sistema Tributário. __________________________33

VII. Moçambique – Incentivos Fiscais.____________________________48

VIII. Moçambique – Relações Laborais. ________________________60

IX. L inks. ________________________________________________63

X. Rea l i zação e Redação .________________________________66

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Localizado na costa leste da África Austral e tendo como capital a cidade de Maputo, a República de Moçambique é um país que apresenta expressivos números geográfi cos, tanto em aspectos físicos quanto humanos, bem como crescimento econômico nos mais diversos setores.

Ocupando uma área de aproximadamente 799.380km² e extensão litorânea de 2.470km, Moçambique possui atualmente cerca de 23 milhões de habitantes (dados coletados em dezembro de 2010), dispostos em 11 províncias.

Geografi camente privilegiado, o país fi gura no cenário do comércio mundial como ponto de referência de ligação entre os oceanos índico e atlântico, rota praticamente obrigatória de intercâmbio entre a porção ocidental e oriental do globo, fator esse de atração secular dos mais diversos povos.

Dados históricos revelam que antes mesmo da chegada dos portugueses no século XVI, portos árabes já haviam sido construídos em território Moçambicano. Entretanto foram os lusitanos aqueles que infl uenciaram diretamente a formação e desenvolvimento da cultura local moderna.

Moçambique é, contudo, tido como um país de história recente, visto que teve adquirida e reconhecida independência apenas em meados de 1975, ano este marco do início da Guerra Civil. O fi m do confl ito armado em 1992 permitiu ao País realizar as primeiras eleições gerais multipartidárias em 1994 e desde dessa altura a estabilidade política alcançada permitiu a realização de profundas mudanças na esfera

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política, social e econômica.

A paz, tida como questão de ordem em praticamente todo o globo, também o é em Moçambique e, por isso, esforços não são poupados para promovê-la. Atualmente o país é o terceiro país mais estável na África, e 47° mais pací� co no mundo, de acordo com o “Global Peace Index” de 2010.

Atenta-se, por � m, que a grande diversidade étnica e religiosa local corrobora ao ideal de austeridade e faz do país um ambiente fértil para a promoção da colaboração social, política e econômica de forma globalizante e promissora.

Oceano Índico

Canal de Moçambique

Moçambique

África do Sul

Tanzânia

Malawi

ZâmbiaZaire

Botswana

Zimbabwe

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O comportamento e desempenho das empresas Moçambicanas no mercado nacional e internacional é refl exo da política de incentivos para captação do investidor estrangeiro, com a criação de um ambiente econômico estável, concessão de incentivos fi scais, bem como facilidades na instalação de empresas em território Moçambicano.

Em estudo recente realizado pelo Centro de Promoção de Investimentos – CPI, de Moçambique foram apontados quatro fatores decisivos para investimento do capital estrangeiro, tornando o país foco de atração de investimentos na África, são eles:

1- Estabilidade política e confi ança que os investidores estrangeiros depositam no sistema de governo do País;

2- Existência de mercado, não somente nacional, bem como regional, impulsionado pelo SADC (Southern African Development Community), e mundial – Moçambique fi gura como membro da Organização Mundial de Comércio – OMC;

3- Disponibilidade de recursos naturais e humanos, além de grande extensão territorial;

4- Clara defi nição de políticas macro econômicas que proporcionaram grande crescimento e estabilização da economia nacional.

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As sociedades, nacionais ou estrangeiras, e os indivíduos, nacionais ou estrangeiros, que pretendam investir em Moçambique possuem várias opções, que vão desde o investimento com capital próprio ou bens e equipamentos, direitos, suprimentos, empréstimos, entre outros, bem como podem candidatar-se ao sistema de incentivos para projetos em diversas áreas, especifi camente para o setor industrial, de serviços, de turismo e de transportes.

Embora seja possível tecer diversas considerações aos efeitos derivados da privatização de empresas estatais, esta foi indubitavelmente a alavanca que permitiu o desenvolvimento da produção em todos os setores econômicos. Nesse sentido, cumpre ressaltar que as áreas reservadas ao setor público, tais como a produção de energia elétrica, o abastecimento de água, os serviços de correios e telecomunicações, a produção, distribuição e comercialização de armas, entre outros, também vem se mostrando um atrativo material de para investidores privados, sejam eles estrangeiros ou nacionais.

O bom desempenho da economia nacional, somado à sua liberalização, contribuíram para evidenciar Moçambique no cenário mundial dos investimentos e empreendimentos. Nesse diapasão, tem-se que, em estudo feito pelo dileto Diretor do Centro de Promoção de Investimentos, vários foram os aspectos decisivos para sustentação do comente sucesso econômico Moçambicano nos últimos anos, quais sejam:

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a) Tido como essencial para a implementação e correto funcionamento de qualquer boa gestão econômica. O estabelecimento da PAZ contribuiu decisivamente para o avanço de políticas liberalizantes e macroeconômicas, as quais concorreram para a redução da infl ação e aumento das taxas de crescimento do Produto Interno Bruto nacional;

b) Houve diversifi cação da produção nacional que, com a introdução de novas tecnologias, impulsionou o aumento de exportações e, conseqüentemente, o aumento do fl uxo de moeda externa a favor do crescimento da econômica nacional;

c) Estabilidade macroeconômica e fi nanceira, bem como a sua manutenção, têm sido o principal fator do crescimento econômico em Moçambique. Perfi la-se que dada estabilidade é normalmente medida pela variação do nível de preços, taxas de juros e taxas de câmbio e redução do défi cit orçamental;

d) Nos últimos dez anos, Moçambique trabalhou com parceiros internacionais, tais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, em sua programação fi nanceira, o que permitiu ao País um papel ativo nas defi nições de políticas de desenvolvimento e ações de correção dessas políticas empregando técnicos nacionais;

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ANO 2006 2007 2008 2009 2010 2011

PIB-PPC (US$ bilhões) 16,2 17 18,1 20,2 22,2 23,8

PIB nominal (US$ bilhões) 7,2 7,8 9,7 10,3 9,9 12,1

Crescimento Real do PIB (%) 7,9 8,0 6,2 6,0 8,3 7,2

In� ação média anual (%) 8,1 12,1 9,8 3,3 13,5 11,7

Exportações (US$ bilhões) 2,4 2,5 2,7 2,2 2,5 2,6

Importações (US$ bilhões) 2,8 3,0 3,7 3,8 3,5 3,8

PIB-PPC Per-capta (US$) 736,4 815,8 788,7 880,2 1000,0 1100,0

Fonte: Cia Factbook; Brazil Trade Net; US Comtrade;

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Ainda em relação à economia Moçambicana, vale pontuar que diversos setores se destacam no que concerne à produtividade, aplicação e retorno fi nanceiro, tais como:

1- Agricultura

Este setor oferece uma vasta gama de oportunidades para a produção de cereais, frutas, fl ores, vegetais, para o mercado local e para a exportação. O País vem exportando vários produtos, principalmente para o competitivo mercado europeu. O Vale do Zambeze representa uma excelente oportunidade para o setor.

2- Pesca e aqüicultura

O setor está em amplo desenvolvimento, com a participação de empresas francesas, moçambicanas, espanholas, portuguesas, japonesas, chinesas, e com forte fl uxo de exportação para os mercados destes países, em especial, camarão e pescados diversos. Insta salientar que o país dispõe de enorme potencial ao longo dos aproximados 2.470 km de costa, e 17,092Km² de lagos e rios, o que propicia excelentes condições naturais favoráveis à praticada aquacultura.

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3- Indústria

Um dos grandes desafi os do país é acrescentar valor aos seus produtos primários. Nas suas várias vertentes, o setor industrial oferece inúmeras oportunidades de investimentos em todo o país. A indústria têxtil, de transformação de produtos agrícolas, de transformação de alumínio, ferro e aço, são alguns exemplos de grande viabilidade. Em relação à produção industrial, Moçambique ainda oferece zonas econômicas especiais para o desenvolvimento do setor, as quais são aplicáveis sob dois regimes distintos, nomeados como:

a) Desenvolvimento e exploração das infra-estruturas de Zonas Francas Industriais;

b) Exploração de atividades industriais para exportação ou provisão de serviços em Zonas Francas Industriais;

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4 - Turismo e Hotelaria

O país oferece oportunidades de investimentos únicos para o turismo ecológico nos parques e reservas nacionais, possibilidade de investimento em game farms privadas no interior do país, sempre se benefi ciando da exuberante fauna e fl ora, combinado com as belas praias ao longo dos aproximados 2.470Km de costa, incluindo ilhas e arquipélagos. Não obstante, tem-se que o turismo histórico-cultural e de negócios também cresceu bastante nos últimos anos, representando uma opção muito viável em muitas regiões do país.

5- Infra-estrutura pública

O governo Moçambicano, em parceria com o setor privado, vem investindo no desenvolvimento de infraestruturas públicas, tais como rodovias, pontes, telecomunicação, energia, dentre outros. Conseqüentemente, várias oportunidades abundam nestes setores e os investidores são, portanto, desafi ados a criar formas inovadoras de investir e garantir volume de negócios de seu capital, bem como o lucro, já que implantado no país as parcerias público-privadas.

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6 -Recursos minerais

A diversidade e vasta gama de recursos minerais de que dispõe o país representa uma grande oportunidade para investimentos; extração, processamento, pesquisa e utilização dos vários tipos destes recursos, sendo os principais o gás natural, carvão mineral, minério de ferro, bauxita, ouro, titânio, pedras preciosas e areia pesada.

7-Energia

Com o começo da extração comercial do gás natural, reabilitação e construção de novas represas hidrelétricas, bem como a exploração e fomento de meio alternativos e renováveis de energia, como a solar, eólica e os biocombustíveis (bioetanol, biodiesel e biogás), o país expandiu sua produção energética em mais de 16,000MW. O setor, atualmente, representa signifi cativa oportunidade de crescimento e investimento em Moçambique.

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AGRICULTURA E AGRO-INDUSTRIA

AGRICULTURA E PESCA

BANCOS E SEGURADORAS

CONSTRUÇÕES E O. PÚBLICAS

INDÚSTRIA

RECURSOS MINERAIS

TRANSPORTES E COMUNICAÇÃO

INVESTIMENTO TOTAL POR SETOR

Ademais, vale ressaltar dados da balança comercial Moçambicana de serviços, que revela claramente que as maiores carências ligadas aos grandes projetos se concentram nos setores de Construção e Serviços Empresariais e está atrelada à demanda por serviços especializados não oferecidos internamento no país:

Fonte: Banco de Moçambique

Incl. Grandes Projetos Excl. Grandes Projetos

Descrição 1º Trim.09 1º Trim.10 Var.(%) 1º Trim.09 1º Trim.10 Var.(%)

Saldo da Conta Parcial de Serviços -130.5 -129.3 -0.9 -77 -77.8 0.9

Transportes -56.4 -42 -25.6 -53.1 -37.2 -30

Viagens

Das Quais

Turismo 15.0 9.8 -35% 15.0 9.8 -35%

Receitas 38.4 39.6 3% 38.4 39.6 3%

Despesas 23.5 29.9 27% 23.5 29.9 27%

Construção -13.1 -12 - -2.4 -1.4 -43.9

Financeiros -3.3 -3.4 5 -2.3 -2.4 7.2

Serviços Empresariais -39.8 -76.2 91.4 -13.9 -51.9 -

Serviços Governamentais -0.6 9.8 - -0.6 9.8 -

Outros Serviços -7.3 3.4 - 3.8 12.7 -

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Dados revelam os recentes resultados da economia moçambicana, tanto no panorama interno, quanto internacional, no que concerne à importação e exportação de produtos:

Principais produtos IMPORTADOS:

ProdutoBalança

comercial em 2006

Balança Comercial em 2007

Balança Comercial em 2008

Balança Comercial em 2009

Balnça Comercial em 2010

Valor Exportado em 2010

Valor Importado em 2010

Total $-488.195,00 $-637.667,00 $-1.354.503,00 $-1.617.038,00 $2.243.069,00 $3.564.230,00

Combustíveis minerais,

óleos minerais, etc.

$-138.185,00 $-123.226,.00 $ - 523.737,00 $208.646,00 $-263.565,00 $ 447.449,00 $711.014,00

Commodities $ -535.320,00 $ -532.522,00 $-475.905,00 $ 399.470,00 $ -533.544,00 $83.655,00 $ 617.199,00

Veículos Automóveis,

tratores, ciclos e outros

veículos terrestres

$ -253.822,00 $ -209.847,00 $ -260.270,00 $ -319.177,00 $ -337.190,00 $23.645,00 $360.835,00

Reatores Nucleares, Caldeiras,

Máquinas e instrumentos mecânicos,

etc.

$ -225.724,00 $ -209.847,00 $ -260.270,00 $ -319.177,00 $ -337.190,00 $ 23.645,00 $360.835,00

Máquinas, Aparelhos e materiais elétricos, e suas partes

$ -135,551,00 $ -86.133,00 $ -71.793,00 $ -96.814,00 $ -99.237,00 $ 3.307,00 $102.544,00

Obras de Ferro fndido, ferro

ou aço$ -63.384,00 $ -86.133,00 $ -71.793,00 $ -96.814,00 $ -99.237,00 $ 3.307,00 $ 102.544,00

Ferro Fundido, ferro e açot

$ -47.090,00 $-31.756,00 $-58.964,00 $-82.588,00 $ -75.930,00 $ 9.389,00 $85.319,00

Fonte: Trade Map

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Relativamente às principais exportações do país, insta enumerar os principais produtos que compõem a comente pauta, a saber, combustível mineral e produtos destilados; tabaco e seus sucadâneos manufaturados; maquinaria, reatores nucleares e caldeiras; peixes crustáceos e moluscos; açúcar; minérios, escórias e cinzas, óleos e frutas oleaginosas; vegeais, tubérculos e raízes. Moçambique conta com a maior reserva de carvão mineral a céu aberto do Hemisfério Sul, além de uma enorme quantidade de reservas inexploradas de outros minerais, que fazem com que o país seja cobiçado por mineradoras do mundo todo, tais como a VALE, a qual conta no país com o seu segundo maior contingente de trabalhadores no mundo, aproximadamente 10 mil. Moçambique conta também com uma das maiores hidroelétricas do mundo, a de Cahora Bassa, que fornece cerca de 65% da sua produção para a África do Sul. O potencial para a produção e processamento da cana-de-açúcar é bastante signifi cativo devido às condições de plantio extremamente favoráveis, já que aproximadamente 68% do território são cobertos por savanas tropicais, que se assemelham muito ao cerrado brasileiro.

Tendo como plano de fundo toda a estrutura social, política e econômica apresentada, cabe ainda ressaltar o sistema de incentivos para atração do capital estrangeiro. Composto basicamente por quatro grandes componentes, designadamente: (i) incentivos fi scais; (ii) incentivos aduaneiros; (iii) incentivos relacionados com a repatriação de capital investido e lucros obtidos; e (iv) a garantia de segurança e proteção pelo Estado Moçambicano aos investimentos e à propriedade privada. O sistema de incentivos funciona como pólo atrativo de investidores nacionais e estrangeiros que visam investir no país de forma otimizada e segura.

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O valor mínimo de investimento para efeitos de elegibilidade aos inventivos acima referidos é de USD 5.000,00 com capitais próprios, no caso de investimento nacional, e de USD 100.000,00 com capitais próprios, no caso de investimento estrangeiro.

Para usufruir do benefício, os investidores interessados devem elaborar um Plano de Investimento, detalhando o objetivo, a viabilidade econômica do empreendimento, o fl uxo de valores, empregos gerados e outros detalhes que demonstrem os resultados pretendidos. Este projeto deve ser apresentado ao CPI, com a aprovação pelo Estado Moçambicano.

Agricultura e Potencial agro-ecológico

O Plano Quinquenal do Governo de Moçambique para o período 2010-2014 dá prioridade à agricultura. Esta é considerada como setor de atividade base para o desenvolvimento da economia nacional, que oferece um potencial elevado para o combate à pobreza. O objetivo do Plano continua a ser a transformação estrutural da economia,

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visando progredir de uma agricultura de subsistência para um setor agrário integrado, próspero, competitivo e sustentável, que eleve a sua contribuição no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). O objetivo primário e fundamental do Plano e das políticas e programas econômicos do Governo de Moçambique é a redução contínua e signifi cativa da pobreza, de modo a permitir que se alcance um crescimento econômico nacional contínuo, rápido e sustentável.

O principal desafi o do Governo de Moçambique na área da agricultura é garantir a segurança alimentar para todas as pessoas e em todos os momentos, em quantidade e qualidade, com vista a uma vida ativa e saudável em todo o País; e também promover uma maior rentabilidade na produção agrária orientada para o mercado interno e externo, com salvaguarda do uso sustentável dos recursos naturais e a preservação do equilíbrio ambiental.

Moçambique usufrui de condições naturais excepcionais assentes na diversidade e riqueza dos recursos naturais de que dispõe e da sua posição geográfi ca, que lhe dá acesso, por mar e por terra, aos mercados regionais e internacionais. Moçambique é um país eminentemente agrícola com mais de dois terços da sua população a viver nas zonas rurais e a praticar uma agricultura de subsistência. Esta população é das que mais contribui para PIB e que proporciona cerca de 80% das atividades econômicas e de emprego no País, onde a agricultura tradicional é atividade predominante.

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• O potencial agro-ecológico de Moçambique é, a grosso modo, constituído por:

• 36 Milhões de hectares de terras férteis, das quais apenas cerca de 5 milhões são atualmente cultivadas;

• 3,3 Milhões de hectares irrigáveis, dos quais somente cerca de 50.000 hectares são atualmente e irrigadas;

• 46,4 Milhões de hectares de formações fl orestais, dos quais 20 milhões são fl orestas produtivas e 8,8 milhões de hectares constituem parques nacionais e áreas de reservas de espécies selvagens;

• 22 Milhões de metros cúbicos de madeira de pé, com potencial para sustentar uma exploração de cerca de 500000 m3 de madeira por ano.

Todavia, este imenso potencial agro-ecológico para o desenvolvimento de uma diversifi cada gama de culturas e para o aproveitamento de vastas áreas de pastagem permanecem atualmente subaproveitadas. Estima-se que, aproximadamente, apenas 15% da terra arável é explorada. Ainda assim, a agricultura continua a ser o setor da economia com maior peso do PIB do País, representando cerca de 26%.

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Lei de InvestimentosLei n.º 3/93, de 24 de Junho

Regulamento da Lei de InvestimentosDecreto n.º 43/2009, de 21 de Agosto

Código dos Benefícios FiscaisLei n.º 4/2009, de 12 de Janeiro

Regulamento do Código dos Benefícios FiscaisDecreto n.º 56/2009, de 7 de Outubro

Acordos sobre a Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos entre a República de Moçambique e vários Países

Pauta Aduaneira e respectivas Instruções PreliminaresLei nº 6/2009, de 10 de Março

Para se benefi ciar das garantias e incentivos, deve o investidor observar o procedimento junto ao Governo Moçambicano para a concessão do registro da empresa, como a apresentação de proposta de investimento ao Centro de Promoção de Investimentos ou ao Gabinete das Zonas Econômicas de Desenvolvimento Acelerado – GAZEDA, com dados relativos ao investimento e da atividade a ser desenvolvida como um todo. Atenta-se, entretanto, que existem exceções no registro formal se for o investimento no setor industrial, petrolífero e mineiro.

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O investidor estrangeiro tem os mesmo direitos e está sujeito aos mesmos deveres e obrigações aplicáveis aos nacionais. ; uma sociedade comercial pode ser inteiramente detida por um investidor estrangeiro, havendo restrições ao capital privado única e exclusivamente em áreas de atuação restrita do setor público.

Volume de Investimentos Diretos em Moçambique (em milhões de dólares) x

1000

800

600

400

200

02000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

139 255 347 337 245 108 154 427 592 890 789

Fonte: ONU 2010

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O projeto de investimento implica na existência prévia ou na constituição de uma sociedade em Moçambique e que opere originariamente em território nacional, designada de “Empresa Implementadora do Projeto” ou; a existência prévia ou a constituição de uma fi lial, sucursal ou agência da instituição estrangeira a operar precipuamente em território Moçambicano.

Para tanto, faz-se imprescindível observar o sistema legal Moçambicano de constituição e funcionamento de sociedades empresariais no país, que abarca um rol restrito de leis, mas que não dispensam atenção especial em sua redação, seja por suas peculiaridades ou por qualquer tentativa externa de interpretação comparada às leis estrangeiras. Dentre elas, evidencia-se:

Código Comercial – Decreto-Lei n.º 2/2005, de 27 de Dezembro.

Decreto-Lei n.º 2/2009, de 24 de Abril (altera alguns artigos do Código Comercial).

Regulamento do Registro de Entidades LegaisDecreto-Lei n.º 1/2006, de 3 de Maio.

Regulamento do Licenciamento da Atividade ComercialDecreto n.º 49/2004, de 17 deNovembro.

Regime Jurídico da Simplifi cação do Licenciamento das Atividades Econômicas – Decreto n.º 2/2008, de 12 de Março.

Regulamento do Licenciamento da Atividade IndustrialDecreto n.º 39/2003, de 26 de Novembro.

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Para exercício da atividade empresária, existem os seguintes tipos empresariais:

1- Sociedade em nome individual;2- Sociedade por representação da empresa estrangeira;3- Sociedades admitidas na forma da Lei:

a) Sociedade por Quotas;b) Sociedade por quotas unipessoal;c) Sociedade Anônima.

Constituição de Representação de empresa estrangeira:

A criação de representação de empresa estrangeira, por meio de fi lial, sucursal, delegação ou agência se concretiza mediante autorização prévia do Ministério da Indústria e Comércio. Inafastável se faz, no momento de confecção do requerimento para formalização de dado ato, a apresentação de uma gama de documentos, quais sejam, fotocópias autenticadas do ato constitutivo e registro da entidade requerente no seu país de origem, procuração a favor da pessoa/empresa credenciada como mandatária da requerente na República de Moçambique na qual conste os respectivos poderes de representação, conforme se trate de delegação ou agenciamento, entre outros.

Após a emissão da licença, a qual terá validade de 1 a 3 anos, a representação comercial estrangeira será registrada na Conservatória do Registro de Entidades Legais (CREL), devendo ser acompanhada de documentos como o formulário devidamente preenchido, licença da representação, procuração do mandatário, certidão de registro comercial no país de origem e comprovante de pagamento da respectiva taxa.

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CONSTITUIÇÃO DE SOCIEDADE COMERCIAL:

Para constituição de sociedade comercial, fi ca estabelecida a necessidade de seleção de um nome social e apresentação de certidão negativa; elaboração de estatutos próprios; identifi cação e qualifi cação dos sócios, em caso de pessoa jurídica, especifi cando, por exemplo, a participação de cada um no capital social; exibição de procuração, caso realmente precisa; registro e publicação no Boletim da República, licenciamento da atividade comercial ou industrial a ser exercida; declaração de início das atividades; celebração de contrato de sociedade por documento escrito ou escritura pública, no caso de entrarem bens imóveis.

SOCIEDADE POR QUOTAS:

Na constituição de sociedade por quotas, deve constar na fi rma da mesma a expressão “limitada” por extenso ou abreviada. Sendo composta de no mínimo 2 e máximo 30 sócios, cabem a esses fi xar o capital social mínimo adequado para sua atividade. Não obstante, há de se observar que deverá haver um ou dois administradores ou Conselho de Administração com, no mínimo, 3 membros, e Conselho Fiscal obrigatório se a sociedade for composta por 10 ou mais sócios e se aquela emitir obrigações. Quanto à responsabilidade social, tem-se que cada um dos sócios responde pelo capital integralizado, não obstante solidariamente com os outros sócios, pelo capital social como um todo. Por fi m, salienta-se que a existência de reserva legal não pode ser inferior a 20%.

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SOCIEDADE ANÔNIMA:

Devendo ser composta por, no mínimo, 3 sócios, em sua fi rma deve fi gurar a expressão “Sociedade Anônima” ou, simplesmente, S/A, cabendo aos acionistas fi xar o montante adequado para o capital social. Haverá necessidade de formação de um Conselho de Administração com número ímpar de membros, atentando-se para o fato de ser possível a existência de administrador único caso seja o capital social inferior a 500.000MT (aproximadamente €13.500,00) e obrigatoriedade de um Conselho Fiscal ou fi scal único. Quanto ao capital, tem-se que a subscrição da totalidade do capital social será de 25% do capital. Importante ressaltar, que a responsabilidade de cada sócio cinge-se tão somente ao valor das ações que ele subscreveu. Por fi m, destaca-se que haverá reserva legal de 5%.

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Em Moçambique, a terra é de propriedade do Estado, não podendo ser vendida, alienada, hipotecada ou penhorada. Dessa forma, é de grande relevância para investidores em determinados setores, como agricultura e mineração, ter conhecimento sobre o sistema de disposição de terras como meio produtivo.

Nesse diapasão, entende-se como DUAT o direito que as pessoas físicas ou jurídicas (nacionais ou estrangeiras) e as comunidades locais, adquirem a posse sobre a terra, em observância aos limites e exigências legais. A realização de projetos de investimento privado que impliquem a aquisição de DUAT, implica a identifi cação prévia do terreno, com o envolvimento dos serviços de geografi a e cadastro ou dos serviços de cadastro urbano competentes, das autoridades administrativas locais e das comunidades locais da área do projeto. Essa identifi cação do terreno deve ser documentada no esboço e memória descritiva, nos termos regulamentados.

O DUAT é adquirido por um dos seguintes modos gerais:

• Ocupação por pessoas singulares e pelas comunidades locais, segundo as normas e práticas costumeiras no que não contrariem a Constituição;

• Ocupação por pessoas singulares nacionais que, de boa fé, estejam utilizando a terra há pelo menos dez anos;

• Autorização de pedido apresentado por pessoas singulares ou coletivas na forma estabelecida na lei.

Para auferir o DUAT, as pessoas físicas necessitam comprovar que residem há mais de cinco (5) anos em Moçambique. Não obstante, é necessária a apresentação e aprovação de um projeto econômico de investimento. Para pessoas jurídicas

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Page 33: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

estrangeiras, a regra se mostra um pouco mais fl exível, de forma que é indispensável que haja o projeto de investimento aprovado e obtenham autorização formal nos termos da lei, para pleitearem o uso e aproveitamento da terra.

Importe salientar que o prazo de validade da autorização para o uso da terra pode se dar de forma provisória ou defi nitiva. De forma provisória compreende um período de 2 anos para estrangeiros e 5 anos para nacionais e, caso adimplido o projeto de investimento apresentado em registro, o Serviço de Geografi a e Cadastro emitirá uma Autorização Defi nitiva, cujo prazo se revela de 50 anos, renováveis por igual período, sendo que, após o termos do período de renovação, deverá ser feito um novo pedido de concessão do DUAT.

Quanto a transmissibilidade do DUAT, cabe ressaltar que essa pode se dar de duas formas: i) por ato inter vivos, através da compra e venda de infra-estruturas, construções e benfeitorias existentes no terreno autorizado; ii) por herança.

Por fi m, imprescindível atentar quanto às hipóteses de extinção do DUAT, que são basicamente quatro, a saber, i) por renúncia do titular; ii) por termo do prazo ou da sua renovação; iii) revogação por motivos de interesse e relevância pública, mediante indenização e/ou compensação; iv) por descumprimento do plano de exploração, sem motivo justifi cado, mesmo estando as taxas fi scais devidamente adimplidas.

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Investimento e aquisição do DUAT

Processo 1: CPI Proposta de investimento

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oSubmissão da proposta de investimento Pesquisa do local: identifi car a localização / Província, distrito ...

Visitar a Direção Provincial da Agricultura

Parecer da DPA, envio do processo ao governador da Província para parecer.

Se a área pretendida é > 1,000 ha o Governador emite o parecer e envia a DNTF e CEPAGRI (se pedido <1,000 ha o

parecer do Governador é sufi ciente para aprovação)

CEPAGRI parecer (CEPAGRI recebe proposta da DNTF e do CPI)

DNTF verifi car e harmonizar o processo

Consultas comunitárias

Edital (30 dias)

Submeter a proposta a DPA

DPA: confi rmação se a terra está disponível

Avaliação e aprovação do investimento pela entidade competente

Fusão dos processos 1 e 2, se o projeto for aprovado.

Avaliação e aprovação do IMINAG para pedidos <10,000ha

Se pedido > 10,000 ha

Submissão ao conselho econômico Se aprovado... Se aprovado...Submissão ao

conselho econômico

1. 1.

2.

7.

8a.

8b.

9

3. 4.

5.

6.

3.

2a.

Parecer do MIC

Parecer do MINAG

CEPAGRI

Parecer do ME

Parecer do MICOA(EPDA)

2b. 2c. 2d.

Processo 2: Aquisição do DUAT

DUAT – provisório(2 anos)

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O diagrama abaixo ilustra a relação entre a proposta de investimento e o pedido de DUAT, no quadro do processo de autorização do projeto de investimento / atribuição do DUAT provisório (período de 2 anos).

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O Sistema Tributário Moçambicano é composto de impostos indiretos e impostos diretos. Dentre eles encontramos alguns específi cos para o setor empresarial, como o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas – IRPC, o Imposto sobre Valor Acrescentado – IVA e a Taxa por Atividade Econômica.

Os impostos do Sistema Tributário Moçambicano dividem-se ainda em impostos nacionais e impostos autárquicos, sendo os primeiros os impostos diretos (sobre a renda) e os impostos indiretos (sobre o consumo, direitos aduaneiros e demais impostos) e os segundos fi xados pelo Governo de Moçambique a cada ano.

No exercício das suas atividades, os investidores, empregadores e trabalhadores estrangeiros gozarão, tal como os nacionais dos mesmos direitos e sujeitar-se-ão aos mesmos deveres e obrigações consagrados na legislação em vigor em Moçambique.

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Page 37: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

VI.1 Do Imposto Sobre Pessoas Coletivas – IRPC

A legislação Moçambicana prevê a incidência do imposto sobre a renda das pessoas coletivas, sendo essas consideradas todas as pessoas jurídicas sem distinção, inclusive as desprovidas de personalidade jurídica, sociedades comerciais ou civis, empresas públicas e cooperativas, com sede ou direção em território Moçambicano, bem como sociedades não residentes e escritórios de representação.

O Imposto de Renda das Pessoas Coletivas é regido pela Lei n.34/07. A legislação Moçambicana ainda prevê legislação específi ca para o Imposto de Renda das Pessoas Físicas, com a edição do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares. Ambas seguem a base da legislação mundial dos países que tributam a renda.

O IRPC possui como fato gerador a obtenção de rendimentos, seja qual for a fonte ou a origem, pela atividade empresária. Trata-se de um imposto direto que incide sobre os rendimentos obtidos. A pessoa jurídica e outras entidades com sede ou direção efetiva em território Moçambicano fi cam sujeitas ao IRPC sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território. As pessoas coletivas e outras entidades que não tenham sede nem direção efetiva em território Moçambicano fi cam sujeitas ao IRPC apenas quanto aos rendimentos nele obtidos.

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Page 38: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

São sujeitos passivos do IRPC as sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, as cooperativas, as empresas públicas e as demais pessoas coletivas de direito público ou privado com sede ou direção efetiva em território Moçambicano, as entidades desprovidas de personalidade jurídica, com sede ou direção efetiva em território Moçambicano, cujos rendimentos não sejam tributáveis pelo Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS – imposto sobre a renda de pessoas físicas) ou em Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC) diretamente na titularidade de pessoas singulares ou coletivas; as entidades, com ou sem personalidade jurídica, que não tenham sede nem direção efetiva em território Moçambicano, cujos rendimentos nele obtidos não estejam sujeitos ao IRPS.

Assim como na legislação brasileira, o Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas - IRPC assemelha-se ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas – Lucro Real, incidindo sobre o lucro das empresas. Para determinação de sua base de cálculo e quantum tributável, são computadas do cálculo do imposto algumas parcelas dedutíveis, nos termos da Lei.

A base de cálculo é constituída pela soma do resultado líquido do exercício e das variações patrimoniais positivas e negativas verifi cadas no mesmo período e não refl etidas naquele resultado. Essa forma de tributação é semelhante ao sistema do Lucro Real para apuração do Imposto de Renda no Brasil.

A apuração do Imposto das Pessoas Coletivas está vinculado à existência de contabilidade organizada, nos termos da legislação local. Caso não possua, o cálculo do tributo será realizado de ofício pela autoridade administrativa com base nos elementos existentes referentes às atividades da empresa.

Para que não haja a dupla tributação, são retirados da base de cálculo do

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imposto os valores distribuídos a título de rendimentos aos sócios, desde que sua participação no capital social da empresa não seja inferior a 25% e desde que esta participação tenha permanecido na sua titularidade, de modo ininterrupto, durante dois anos anteriores à data da colocação à disposição dos lucros ou, se detida há menos tempo, desde que a participação seja mantida durante o tempo necessário para completar aquele período, conforme dispõe o artigo 47, do Código IRPC.

O IRPC possui alíquota geral de 32%, com tratamento especial para alguns segmentos econômicos, estabelecido pela legislação tributária em consonância com os projetos de desenvolvimento previstos nos planos governamentais (10% para a atividade agrícola e agropécuária, 10% para a atividade cooperativa agrária, cultural e de artesanato; 10% a 20% para rendimentos sujeitos a retenção na fonte).

Destaca-se, ainda, que há previsão de benefícios para as atividades culturais, recreativas e desportivas e para as cooperativas. A legislação ainda prevê crédito fi scal nos 05 primeiros exercícios, bem como a dedução de equipamento especializado - 10%; formação profi ssional - 5%; formação para uso de equipamento especializado - 10%; despesas a considerar como custos fi scais - durante 05 anos poderão ser utilizados como custos fi scais os valores gastos a título de investimento com os benefícios concedidos; dedução por cinco anos relativos à construção e reabilitação e compra de arte e objetos de cultura Moçambicana.

A legislação Moçambicana sobre o Imposto de Renda prevê um regime simplifi cado de determinação do lucro tributável para as sociedades cujo volume anual de negócios não seja superior à 1.500.000.000,00 MT (um bilhão e quinhentos milhões metical), que correspondem à R$ 93.000,00 (noventa e três mil reais) anual.

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Page 40: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

VI.2 Do Imposto Sobre Valor Acrescentado – IVA

O IVA é um imposto que incide sobre o valor agregado, tal como estruturado emdiversos países (a título de exemplo, os integrantes da União Européia e os demais países do Mercosul). Similar ao ICMS previsto no sistema tributário brasileiro, incide sobre as operações de circulação ou entrega de bens a título oneroso, a prestação de serviços a título oneroso e a importação de bens. É regido pela Lei n. 32/2007 e cobrado através da adição da alíquota ao preço fi nal do produto ou serviço, não estando embutido no próprio preço como o imposto brasileiro anteriormente mencionado.

A legislação sobre o IVA considera como prestação de serviço qualquer operaçãoefetuada a título oneroso e que não constitua transmissão ou importação de bens, nos termos da Lei. Inclui também as prestações gratuitas efetuadas pela própria empresa com vista às necessidades particulares do seu titular, do pessoal ou, em geral, a fi ns alheios à mesma. A legislação ainda informa que quando a prestação de serviços for efetuada por intervenção de um mandatário agindo em nome próprio, este será, sucessivamente, adquirente e prestador do serviço.

Serão sempre tributáveis, mesmo que o prestador não tenha sede, estabelecimento estável ou domicílio no território nacional, prestações de serviços relacionadas com um imóvel situado no território nacional, incluindo as que tenham por objeto preparar ou coordenar a execução de trabalhos imobiliários e as prestações de peritos e agentes imobiliários.

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São igualmente tributáveis as prestações de serviço cujo prestador não tenha noterritório nacional sede, estabelecimento estável ou domicílio a partir do qual o serviço seja prestado, ainda que pratiquem exclusivamente operações isentas sem direito a dedução, cuja sede, estabelecimento estável ou domicílio se situe no território nacional, nas prestações de serviços previstas em lei, inclusive serviços de colocação de pessoal à disposição (Artigo 6, item 7, do Código do IVA.).

São ainda tributáveis as prestações de serviço cujo prestador não tenha no território nacional sede, estabelecimento estável ou domicílio a partir do qual o serviço seja prestado, sempre que o adquirente seja pessoa jurídica estabelecida em território nacional, ainda que pratiquem exclusivamente operações isentas sem direito a dedução, tais como (Artigo 6, item 7, do Código do IVA):

“a) Cessão ou autorização para utilização de direitos de autor, licenças, marcas de

fabrico e de comércio e outros direitos análogos;

b) Serviços de publicidade;

c) Serviços de telecomunicações;

d) Serviços de consultores, engenheiros, advogados, economistas e contabilistas, gabinetes de estudo em todos os domínios, compreendendo os de organização, investigação e desenvolvimento;

e) Tratamento de dados e fornecimento de informações;

f) Operações bancárias, fi nanceiras e de seguro e resseguro;

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g) Colocação de pessoal à disposição;

h) Serviços de intermediários que intervenham em nome e por conta de outrem no fornecimento das prestações de serviços enumeradas nas alíneas deste número;

i) Obrigação de não exercer, mesmo a título parcial, uma actividade profi ssional ou um direito mencionado nas alíneas deste número;

j) Locação de bens móveis corpóreos, bem como a locação fi nanceira dosmesmos bens.

Todavia, as prestações de serviço não serão tributáveis, nos casos acima, ainda que o prestador tenha sua sede ou domicílio no território nacional, sempre que o adquirente seja pessoa estabelecida ou domiciliada no estrangeiro.

A base de cálculo do IVA nas prestações de serviços será o valor da contraprestação obtida ou a obter do adquirente, do destinatário ou de um terceiro. Nos casos em que a contraprestação não seja defi nida, no todo ou em parte, em dinheiro, o valor tributável será o montante recebido ou a receber, acrescido do valor normal dos bens ou serviços dados em troca.

Para a apuração do imposto devido, os sujeitos passivos deduzirão ao impostoincidente sobre as operações tributáveis que efetuaram:

a) o imposto que lhes tiver sido faturado na aquisição de bens e serviços por outros sujeitos passivos;

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Page 43: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

b) o imposto devido pela importação de bens;

c) o imposto pago pela aquisição dos serviços prestados por sociedade desimples administração formada por grupo familiar ou pessoas unidas por vinculo conjugal;

d) o imposto pago como destinatário de operações tributáveis efetuadas por qualquer sujeito passivo estabelecido no estrangeiro, quando este não tenha no território nacional representante legalmente acreditado e não houver faturado o imposto.

O IVA é um imposto não-cumulativo, podendo ser deduzido nas etapas posteriores.Sendo assim, o Código do IVA dispõe que para apuração do imposto devido, os sujeitos passivos deduzirão do imposto incidente sobre as operações tributáveis que efetuaram o imposto que lhes tiver sido faturado na aquisição de bens e serviços por outros sujeitos passivos; o imposto devido pela importação de bens; imposto pago como destinatário de operações tributáveis efetuadas por qualquer sujeito passivo estabelecido no estrangeiro, quando este não tenha no território nacional representante legalmente acreditado e não houver faturado o imposto, inclusive com o imposto pago com as prestações de serviços de colocação de pessoal à disposição.

Só confere direito à dedução o imposto mencionado em faturas, documentosequivalentes e bilhetes de despacho de importações passados em forma legal, na posse do sujeito passivo. Não poderá deduzir-se imposto que resulte de operação simulada ou em que seja simulado o preço constante da fatura ou documento equivalente. Não é ainda permitido o direito à dedução do imposto nas aquisições de bens em segunda mão quando o valor tributável da sua transmissão posterior for a diferença entre o preço de venda e o preço de compra.

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Page 44: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

São isentos do IVA as importações de bens nos regimes de trânsito, importaçãotemporária e drawback, que seja isentas totalmente de direitos aduaneiros.

É tributo devido pelo exercício de qualquer atividade de natureza empresarial ou industrial, incluindo a prestação de serviço na área da respectiva autarquia, desde que tal atividade seja exercida num estabelecimento. A taxa é fi xada anualmente pelas assembléias autárquicas (espécies de regiões municipais na organização territorial Moçambicana).

VI.3 Da Taxa por atividade Econômica

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O imposto de importação, designados de “Direitos Aduaneiros”, Incidem sobre as operações de entrada de produtos estrangeiros no território Moçambicano, sendo as alíquotas aplicáveis sobre o valor CIF, de acordo com os percentuais abaixo:

Bens essenciais 0%

Matéria prima 2.5%

Bens de capitais (equipamentos e maquinaria) 5%

Bens intermediários 7%

Bens de consumo 35%

São previstos pela legislação Moçambicana alguns incentivos fi scais na importação de bens de capital, dentre outros, sobretudo nas situações em que apresentado o Projeto de Investimentos a serem realizados no país.anualmente pelas assembléias autárquicas (espécies de regiões municipais na organização territorial Moçambicana).

VI.4 Direitos Aduandeiros

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Page 46: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

Esse imposto incide sobre consumos específi cos de luxo, nocivos à saúde e ao meio ambiente, produzidos no próprio país ou importados. Destacam-se as bebidas alcoólicas, tabaco e automóveis. Sua alíquota varia entre 20% a 75%.

O Imposto do Selo recai sobre os documentos, livros, papéis a atos identifi cados numa tabela específi ca ou em leis especiais. As alíquotas desse imposto variam em função dos valores dos recibos de quitação ou da natureza do documento que se pretende selar.

VI.5 Imposto Sobre Consumo Específico – ICE

VI.6 Imposto do Selo

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Page 47: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

Em Moçambique incide sobre o uso e fruição de veículos o chamado Imposto de Automóvel, que será cobrado anualmente – entre os meses de Janeiro e Março – pelo município por todos os veículos matriculados ou registrados nos serviços competentes no território da República de Moçambique, ou, independentemente, de registro ou matrícula, logo que, decorridos 180 (cento e oitenta) dias a contar da sua entrada no mesmo território, venham a circular ou a ser usados em condições normais da sua utilização. A métrica utilizada para a valoração do imposto veicular utiliza: o ano de fabricação do mesmo, sua potência e consumo, também se distinguindo entre veículos ligeiros e pesados. São observados, o combustível utilizado, a cilindrada do motor, a potência, a voltagem e a antiguidade, a capacidade de carga ou lotação de passageiros, caso se trate de automóveis pesados de carga ou de passageiros. Os valores variam entre 2% e 7% do preço do veículo e são determinados pelo Município.

VI.7 Imposto de automóveis

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SÍNTESE DO SISTEMA TRIBUTÁRIO MOÇAMBICANO

TRIBUTO BASE DE CÁLCULO TAXA

1 IRPC Lucro apurável

Taxa Geral - 32%.Atividade agrícola e agropecuária até 31 de dezembro de 2010 - 10%.Atividade cooperativa agrária, cultural e de artesanato - 10% Rendimentos sujeitos a retenção na fonte - 10 a 20%

2 IVAValor das transmissõesde bens e serviços eimportação de bens

17%

3 DAMercadorias importadase exportadas

20%

4 ICEConsumo bens de luxoe nocivos à saúde e parao meio ambiente

t15% a 75%

5Taxa por atividade econômica

É devida pelo exercício de qualquer atividade de natureza comercial ou industrial, incluindo a prestação de serviço na área da respectiva autarquia, desde que tal actividade seja exercida num estabelecimento.

A taxa é � xada anualmente pelas assembléias autárquicas.

6 Imposto do Selo

Incidente sobre livros, papeis e atos identi� cados em tabelas e leis especí� cas.

Variáveis de acordo com o documento.

7 Imposto de Automóveis

Valor venal do automóvel. 2% a 7%

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Page 49: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

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Vale por fi m ressaltar os demais impostos incidentes nos mais diversos setores da economia e sociedade Moçambicana, quais são:

Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares – incidentes sobre o rendimento das pessoas físicas.

Imposto sobre sucessões e doações

Sisa – incidente sobre transmissão de título oneroso, do direito de propriedade ou fi guras afi ns.

Imposto Especial sobre o Jogo.

Imposto de Reconstrução Nacional.

VI.7 Outros Tributos Nacionais

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A legislação Moçambicana possui um programa de incentivos fi scais para atração do capital estrangeiro e investimentos no país. Nesse sentido, existem algumas medidas fi scais que implicam na redução do montante a pagar dos impostos em vigor com o intuito de favorecer as atividades de reconhecimento interesse público, social e cultural, bem como incentivar o desenvolvimento econômico no país.

Para fruição dos benefícios, o contribuinte deverá requerer, através de procedimento próprio, a obtenção do incentivo fi scal.

Os benefícios fi scais em Moçambique são divididos entre genéricos e específi cos. Nos primeiros, destacam-se os créditos fi scais por investimento, amortizações e reintegrações aceleradas, e os benefícios concedidos para a modernização e introdução de novas tecnologias e formação profi ssional.

Dentre os benefícios fi scais específi cos, relevante mencionar os benefícios fi scais para as Zonas de Rápido Desenvolvimento, os benefícios fi scais para as Zonas francas Industriais e para as atividades de agricultura e pesca.

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Page 52: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

Em relação aos rendimentos adquiridos pela pessoa jurídica (denominada pessoa coletiva) poderá se benefi ciar, durante 05 exercícios fi scais, de um crédito fi scal por investimento (CFI) de 5% para empresas estabelecidas na cidade de Maputo e 10% nas demais cidades, calculados sobre o total de investimento realizado, que deve ser deduzido do valor pago a título de Imposto sobre Rendimento das Pessoas Coletivas. A parcela do crédito não utilizada num exercício poderá ser deduzida nos anos subseqüentes, expirando a sua utilização no quinto exercício fi scal, a contar da data do início do investimento para projetos em funcionamento e de início de exploração para os novos projetos. Nos termos da legislação Moçambicana, existem algumas restrições para utilização desse crédito em virtude da natureza do investimento realizado, devendo ser estudado caso a caso sua concessão.

A) Crédito Fiscal por Investimento

VII.1. Benefícios Fiscais Genéricos

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Page 53: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

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É permitida a amortização acelerada dos imóveis novos, nos termos da legislaçãoaplicável, que consiste em acrescentar o percentual de 50% das taxas normais, legalmente fi xadas para o cálculo das amortizações e reintegrações consideradas como custos imputáveis ao exercício na determinação da matéria aplicável aos Impostos sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (pessoa jurídica) ou das Pessoas Singulares (pessoa física). Esse percentual é aplicável ainda nas mesmas condições aos imóveis reabilitados, máquinas e equipamentos destinados às atividades industrial e/ou agroindustrial.

O valor investido em equipamento especializado, assim considerado pela entidade competente, para o efeito de se enquadrar como tecnologia de ponta para o desenvolvimento das atividades de empreendimentos autorizados ao abrigo da legislação aplicável, poderá ser deduzido durante os primeiros 05 (cinco) anos a contar da data do início de atividade, no cálculo do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (pessoa jurídica), até ao limite máximo de 10%.

B) Amortizações e Reintegrações Aceleradas

C) Modernização e Introdução de Novas Tecnologias

Page 54: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

O montante dos custos de investimentos realizados com a formação profi ssional de trabalhadores Moçambicanos será deduzido do montante tributável para efeitos de cálculo do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (pessoa jurídica) em relação aos empreendimentos autorizados e abrangidos, nos termos da lei, durante os primeiros cinco anos a contar da data do início da atividade, até ao limite máximo de 5 %. Quando se trate de formação profi ssional para a utilização de equipamento considerado de tecnologia de ponta, a dedução no montante tributável, para efeitos do cálculo do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas (pessoa jurídica), será até o limite máximo de 10 %. As mesmas deduções e nas mesmas condições previstas acima são aplicáveis quando se trate do IRPS (pessoa física), mas apenas em relação aos rendimentos provenientes da atividade pertencentes à segunda categoria. Os custos de investimentos a que se referem os números anteriores não incluem os equipamentos e demais ativos da empresa afetos à formação profi ssional.

D) Formação Profissional

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Page 55: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

Em relação aos benefícios concedidos na importação de bens, há previsão legal para a isenção de direitos Aduaneiros e imposto sobre o valor acrescentado (bens classe “K” da Pauta Aduaneira).

E) Importação de bens

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Page 56: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

VII.2. Benefícios Fiscais Específicos

A legislação Moçambicana prevê benefícios fi scais específi cos em cidades que se encontram em uma Zona de Rápido Desenvolvimento (ZRD). É considerada ZRD as áreas geográfi cas do território nacional, caracterizadas por grandes potencialidades em recursos naturais, carecendo, porém, de infraestruturas e com fraco nível de atividade econômica. Esses benefícios são previstos para os investimentos que tenham por objeto exclusivamente atividades desenvolvidas nas ZRD.

Os benefícios específi cos existentes para a ZRD aplicam-se à atividade a ser desenvolvida pela Consulente, uma vez que a prestação de serviço de engenharia encontra-se inserida no conceito de Construção de Infraestruturas de uso público.

Os investimentos realizados nas ZRD benefi ciam da isenção de direitos aduaneiros e do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) devido pela importação de bens constantes da classe “K” da pauta aduaneira, respectivas peças e acessórios que acompanhem.

Acrescenta-se à isenção acima, outro benefício fi scal que recairá sobre o rendimento da pessoa jurídica que realize investimentos localizados nas ZRD. Nesse sentido, haverá um crédito fi scal por investimento de 20% do total de investimento realizado, a deduzir na coleta IRPC até a concorrência deste.

A parcela do crédito fi scal não utilizada num exercício pode ser deduzida nos anos subsequentes, expirando a sua utilização no quinto exercício fi scal, a contar da data do início da exploração para os projetos novos e da data do início do investimento para os projetos em funcionamento.

A) Benefícios Fiscais para as Zonas de Rápido Desenvolvimento

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Page 57: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

As atividades exercidas nas ZRD poderão ainda gozar dos benefícios genéricos previstos para a formação profi ssional com crédito para compensação com o IRPC de 05 a 10%, bem como crédito de 120% dos valores dispensados com a construção e na reabilitação de estradas, caminhos de ferro, aeroportos, correios, telecomunicações, abastecimento de água, energia elétrica, escolas, hospitais e outras obras desde que consideradas de utilidade pública pelas entidades competentes, para compensação com os valores a título de IRPC.

Nos termos da legislação Moçambicana é previsto incentivos fi scais para empresa que operem junto às Zonas Francas Industriais - ZFI. Dessa maneira, os operadores de ZFI gozam de isenção de direitos aduaneiros na importação de materiais de construção, máquinas, equipamentos, acessórios, peças sobressalentes acompanhantes e outros bens destinados ao prosseguimento da atividade licenciada naquela área.

As empresas de ZFI gozam também de isenção dos direitos aduaneiros na importação de bens e mercadorias destinadas a implementação de projetos e exploração de atividades para as quais tiverem sido autorizadas.

Para as empresas estabelecidas nas ZRF ainda é previsto a isenção ao IVA, inclusive nas operações de aquisição no mercado interno.

Em relação ao Imposto sobre os Rendimentos da Pessoa Coletiva – IRPC, são previstos incentivos nos seguintes termos:

a) Isenção nos primeiros 10 exercícios fi scais;

b) Redução da taxa em 50%, dos 11 ao 15° exercício fi scal;

c) Redução da taxa em 25%, pela consecução do projeto.

B) Benefícios Fiscais para as Zonas Francas Industriais

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Page 58: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

BENEFÍCIOS FISCAIS PARA ZONAS FRANCAS INDUSTRIAIS

C) Benefícios Fiscais para a Agricultura e a Pesca

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TRIBUTO ISENÇÃO OPERAÇÃO

Direitos aduaneiros

Sim

Operações de importaçãode mercadorias relacionadasao projeto.

IVA Sim

Importação e no mercado interno para aquisição de mercadorias relacionadas ao projeto.

IRPC Sim 20%

A legislação Moçambicana prevê que os investimentos nas áreas de agricultura e aquicultura benefi ciam de isenção do pagamento de direitos aduaneiros e do IVA sobre os bens de equipamentos classifi cados na classe K da Pauta Aduaneira e respectivas peças e acessórios que os acompanhem.

Os investimentos nas áreas da agricultura e aquicultura benefi ciam dos seguintes incentivos fi scais relativos ao IRPC:

a) Até 31 de dezembro de 2015, redução da taxa em 80% e;

b) De 2016 até 2025, redução da taxa em 50%.

Page 59: Aspectos Legais - Investimento em Moçambique

D) Comércio e Indústria nas Zonas Rurais

E) Indústria Transformadora e Montagem

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As atividades exercidas nas ZRD poderão ainda gozar dos benefícios genéricos previstos para a formação profi ssional com crédito para compensação com o IRPC de 05 a 10%, bem como crédito de 120% dos valores dispensados com a construção e na reabilitação de estradas, caminhos de ferro, aeroportos, correios, telecomunicações, abastecimento de água, energia elétrica, escolas, hospitais e outras obras desde que consideradas de utilidade pública pelas entidades competentes, para compensação com os valores a título de IRPC.

Isenção dos direitos aduaneiros (bens classe “K” da Pauta Aduaneira) e do imposto sobre o valor acrescentado - IVA.

Isenção de direitos aduaneiros na importação de matérias primas destinadas ao processo de produção industrial.

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F) Hotelaria e Turismo

G) Parques de Ciência e Tecnologia

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• Isenção de direitos aduaneiros e do imposto sobre o valor acrescentado - IVA (bens classe “K” da Pauta Aduaneira).

• Crédito fi scal por investimento de 10% do total dos investimentos durante 5 exercícios fi scais, de dedução na arrecadação do IRPC

• Crédito fi scal por investimento e amortizações e reintegrações aceleradas dos imóveis novos e veículos automóveis.

• Modernização e introdução de novas tecnologias benefi ciam-se de até 10% de dedução no cálculo do IRPC durante os primeiros 5 anos.

• Para a formação profi ssional de trabalhadores moçambicanos há o benefício de 5% à 10% de dedução à matéria coletável no cálculo do IRPC durante os primeiros 5 anos, bem como crédito de 120% dos valores dispensados com construção de infra-estruturas públicas ou outras obras desde que consideradas de utilidade pública, durante um período de 5 anos, a deduzir sobre o IRPC.

• Isenção de direitos aduaneiros e do imposto sobre o valor acrescentado na importação do material e equipamento necessário para a montagem dos parques.

• Imposto sobre o rendimento através da isenção nos primeiros 5 exercícios fi scais e pela redução da taxa em 50% da taxa do 6.º ao 10º exercício fi scal e de 25% do 11.º ao 15.º exercício fi scal.

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H) Projetos de Grande Dimensão

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• Projetos com um valor superior a $500.000.000 benefi ciam de isenção de direitos aduaneiros e do imposto sobre o valor acrescentado na importação do material e equipamento necessário a execução da atividade.

• Crédito fi scal por investimento de 10% do total dos investimentos durante 5 exercícios fi scais, deduzidos na arrecadação do IRPC

• Amortizações e reintegrações aceleradas dos imóveis novos, reabilitados, máquinas e equipamentos para as atividades industrial e/ou agro-industrial

• Modernização e introdução de novas tecnologias benefi cia até 10% de dedução no cálculo do IRPC durante os primeiros 5 anos.

• Para a formação profi ssional de trabalhadores moçambicanos há o benefício de 5% à 10% deduzidos à matéria coletável no cálculo do IRPC durante os primeiros 5 anos.

• Despesas a considerar custos fi scais o valor do investimento até o valor correspondente a 120% do valor despendido na construção de infra-estruturas públicas ou outras obras desde que consideradas de utilidade pública, durante um período de 5 anos, a deduzir sobre o IRPC.

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A atual legislação trabalhista vigente em Moçambique – Lei n. 23/2007: Lei do Trabalho; - foi organizada de forma a corroborar o investimento no país, ou seja, ao mesmo tempo em que garantidora de direitos individuais do proletariado, não desencoraja o empregador, de sorte que possui certo caráter protecionista, não obstante, liberal, fl exível e inovador.

Os princípios básicos do direito trabalhista moçambicano são muito semelhantes daqueles que imperam no Brasil, destacando-se a irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas e a existência do princípio da norma mais favorável.

Todos os contratos que disciplinem qualquer relação laboral, não importando ser ele por prazo certo, incerto, ou por tempo indeterminado, devem observar regras gerais, a saber: serem escritos e assinados pelas partes, identifi cando-as e qualifi cando-as adequadamente; devem explicitar os deveres e responsabilidades das partes; indicar o início da produção de efeitos do contrato; bem como, a remuneração e periodicidade do pagamento.

Faz-se inafastável fi gurar em todos os contratos laborais, ainda, o local de trabalho; a duração do período de férias; a carga horária diária e semanal; cláusulas de limitação da liberdade de trabalho; circunstancias e formalismos precisos para qualquer eventual alteração contratual e; por fi m, a lei aplicável. O regime de férias segue as seguintes diretrizes: no primeiro ano de labor, o trabalhador tem direito a 1 dia de férias para cada mês de trabalho efetivo. No segundo ano, de 2 dias de férias por cada mês de trabalho específi co. Por fi m, no terceiro ano, terá o trabalhador direito a 30 dias de férias a cada ano de trabalho efetivo.

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Quanto à seguridade social, destaca-se que é obrigatória e abrange os trabalhadores por conta de outrem e os trabalhadores por conta própria, nacionais ou estrangeiros residentes em território nacional e as respectivas entidades empregadoras. Inclui, ainda, os trabalhadores a tempo parcial, os trabalhadores em período probatório e em estágio laboral remunerado. O regime previdenciário é regido pela alíquota de 7%, distribuída como 4% de responsabilidade do empregador e 3% do empregado.

Vale ressaltar, conclusivamente, aspectos específi cos no que tange a contratação de estrangeiros, a qual deve atentar-se para a comunicação ou autorização, conforme o caso, de órgão específi co de admissão de estrangeiros em consonância com a quota legal permitida, bem como, caso necessário, a concessão de aumento da quota estabelecida em lei. Para determinação da cota é necessário, ainda, saber o tipo de classifi cação da empresa, se grande (emprega mais de 100 trabalhadores), se média (de 10 a 100 trabalhadores) ou se pequena (menos que 10 trabalhadores) para que se possa verifi car o atendimento da reserva de mercado existente. As empresas de grande porte deverão possuir no máximo 5% de empregados estrangeiros; as de médio porte, no máximo 8% e as de pequeno porte, no máximo, 10% dos seus trabalhadores serem estrangeiros.

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CPI – Centro de Promoção de Investimentos:

http://www.cpi.co.mz

Club of Mozambique –Portal de Notícias (Econômicas e Negócios):

http://www.clubofmozambique.com

Ordem dos Advogados de Moçambique:

http://www.oamoz.org

CTA – Confederação das Associações Econômicas:

http://www.cta.org.mz/

Financiando Moçambique

http://www.fi nanciandomocambique.com

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Autores:

Flávio Couto Bernardes [email protected]

Graduado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Direito Tributário pela UFMG. Doutor em Direito Tributário pela UFMG. Coordenador do Curso de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) - Unidade Barreiro. Professor de Graduação, Pós-Graduação e Mestrado em Direito Tributário da PUC-MG. Professor de Pós-Graduação em Direito Tributário da Faculdade de Direito Milton Campos. Professor do Instituto Superior Politécnico Universitário do Moçambique. Procurador do Município de Belo Horizonte. Membro do Conselho de Contribuintes da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Autor de diversos livros e artigos jurídicos.

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Paulo Henrique Teixeira [email protected]

Mestrando e Graduado pela Faculdade de Direito da UFMG e Analista em Comércio Exterior pela Aduaneiras. Fluente em Inglês, Espanhol e Francês. Foi Advogado no Programa de Politica Comercial da Embaixada do Brasil em Washington, EUA; foi Diretor do Conselho Empresarial Jovem da Associação Comercial de Minas Gerais (ACMinas) e foi Coordenador de Relações Governamentais e Internacionais da Câmara Americana de Comércio em Minas Gerais (AmCham). Atualmente é Diretor da Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique (CCIABM); Diretor Jurídico da Investor Consulting Partners; Membro do ABCI Institute, EUA e Coordenador do Grupo de Direito da Defesa Comercial Internacional da UFMG.

Colaboradores:

Pedro Henrique Garzon Ribas

Henrique Drumond Carvalho Rojas

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Unidades:

Belo Horizonte – MGAv. Getúlio Vargas, 887. 6° andar. Savassi. CEP 30.112-020 Tel.: +55 31 32622220

São Paulo – SP Av. Paulista, 726. 17º andar, Conj.1707 D. Bela Vista. CEP: 01.310-910 Tel.: +55 11 4506-3098

Brasília – DFSHIS QL12. Casa16. Península dos Ministros. Lago Sul. CEP 71.630-255 Tel.: +55 61 3321 0114

Visconde do Rio Branco – MGGaleria Éden Clube. Sala 68. Centro. CEP 36.520-000 Tel.: +55 32 35516872

Parauapebas - PARua D, 405. Cidade Nova 68515-000

Maputo – MZAvenida Friedrich Engels, 149, 1º andar, Polana Tel +258 (84) 951-9413

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