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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA ASPECTOS QUÍMICOS DE ÁGUAS E SEDIMENTOS EM CORPOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS NOS RIOS GUAJIRU E DO MUDO, BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE/RN A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA MICAEL BATISTA DAMASCENO 2018 Natal RN Brasil

ASPECTOS QUÍMICOS DE ÁGUAS E SEDIMENTOS EM ......pela implantação da lagoa de Extremoz, a qual abastece parte da região metropolitana de Natal/RN. A bacia vem A bacia vem sofrendo

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Page 1: ASPECTOS QUÍMICOS DE ÁGUAS E SEDIMENTOS EM ......pela implantação da lagoa de Extremoz, a qual abastece parte da região metropolitana de Natal/RN. A bacia vem A bacia vem sofrendo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

ASPECTOS QUÍMICOS DE ÁGUAS E SEDIMENTOS EM

CORPOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS NOS RIOS GUAJIRU E

DO MUDO, BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE/RN

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA

FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA

MICAEL BATISTA DAMASCENO

2018

Natal – RN

Brasil

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Micael Batista Damasceno

ASPECTOS QUÍMICOS DE ÁGUAS E SEDIMENTOS EM

CORPOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS NOS RIOS GUAJIRU E DO

MUDO, BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE/RN

BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL

A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR

SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA F

Dissertação apresentada ao Programa Regional de

Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do

Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de Mestre.

Orientador: Profa. Dra. Raquel Franco de Souza

2018

Natal – RN

Brasil

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de Biociências - CB

Damasceno, Micael Batista.

Aspectos químicos de águas e sedimentos em corpos hídricos

superficiais nos rios Guajiru e do Mudo, Bacia Hidrográfica do Rio Doce/RN / Micael Batista Damasceno. - 2018.

132 f.: il.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de

Biociências, Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Natal, RN, 2018.

Orientador: Profa. Dra. Raquel Franco de Souza.

1. Água - Potabilidade. 2. Água - Qualidade. 3. Água -

Contaminação. 4. Diagramas Hidroquímicos. I. Souza, Raquel Franco

de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 628.16

Elaborado por MARJORIE ROSIELLE SILVA DO AMARAL - CRB-15/352

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MICAEL BATISTA DAMASCENO

Dissertação submetida ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como

requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

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As minhas queridas esposa e filha,

por toda força e amor que me dão.

Aos meus pais, pelos esforços desde

minha infância.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por sua bondade em nos dar vida e por ter criado tão magnífico campo de

estudo, como é a Terra. Pela saúde, força e inteligência que me capacitou chegar até aqui.

Agradeço aos meus pais, Manoel Damasceno e Genésia Damasceno, e meus irmãos,

pelo incentivo, orientação, e esforços em me fazer a pessoa que sou hoje.

A minha esposa Micaela por ser simplesmente a maior incentivadora na minha vida

acadêmica, profissional e pessoal. Você é minha maior parceira diante da vida. Também a

minha filhinha Pietra, que me mostra a cada dia o que é um amor puro e sincero, me dando

incentivo a vencer cada dia. Mesmo escrevendo essas palavras em uma sala fria, o amor de

vocês me aquece. O maior título que posso obter na minha vida é o de pai e esposo.

A minha orientadora, Profa. Dr. Raquel Franco de Souza, pelo companheirismo,

amizade e discussões que muito contribuíram para meu trabalho e vida. Dentro dos meus

poucos anos na academia posso dizer que realmente conheci uma orientadora stricto sensu. Aos

professores do PRODEMA, sintam-se representados e homenageados na pessoa da professora

acima citada.

Aos professores Dra. Vera Lúcia Lopes de Castro e Dr. José Braz Diniz Filho, pelas

revisões, orientações e apoio técnico na geração do trabalho.

Aos amigos do Laboratório de Geoquímica da UFRN, representados pelo

técnico/geólogo Robson Rafael, amigo de longa data, que muito ajuda nas horas necessárias,

seja tecnicamente ou com palavras de incentivo.

Ao doutorando/PRODEMA Thiago Nóbrega, companheiro de laboratório e de coletas,

pelas contribuições e discussões ao longo do trabalho.

A Coordenação e Secretaria do PRODEMA, pelos serviços prestados e imensa

paciência em nos ajudar a trilhar mais esse caminho na vida.

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Como é feliz o homem que acha a

sabedoria, o homem que obtém

entendimento.

(Pv. 3, 13)

Provérbios 3:13

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RESUMO

ASPECTOS QUÍMICOS DE ÁGUAS E SEDIMENTOS EM CORPOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS NOS

RIOS GUAJIRU E DO MUDO, BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE/RN

A Bacia Hidrográfica do Rio Doce contém os tributários Rio do Mudo e Rio Guajiru, que formam o Rio Doce. É

uma das principais bacias do Litoral Oriental do Estado do Rio Grande do Norte, tendo em vista ser responsável

pela implantação da lagoa de Extremoz, a qual abastece parte da região metropolitana de Natal/RN. A bacia vem

sofrendo ao longo dos anos intensa pressão por parte da ocupação humana e industrialização na região. Rochas do

embasamento Pré-cambriano (e.g. granitos e gnaisses graníticos) compõe parte da região das nascentes,

predominando no restante da bacia rochas sedimentares da Formação Barreiras e materiais Quaternários. Foram

estabelecidos oito pontos de amostragem no alto e médio curso das sub-bacias do Rio do Mudo e Rio Guajiru,

onde coletou-se água e sedimentos de corpos de água superficiais entre julho e agosto de 2016, com o objetivo de

classificar hidroquimicamente as águas, correlacionar suas características com os aspectos litológicos, bem como

avaliar a qualidade das águas e sedimentos. Para tanto observou-se o que é preconizado na legislação brasileira

pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde. As amostras do Rio do Mudo se mostraram com qualidade

inadequada para abastecimento humano de acordo com as normativas citadas, sendo indicado seu uso para

dessedentação animal. As amostras do Rio Guajiru apresentam qualidade melhor, algumas sendo indicadas para o

consumo humano, desde que submetidas a tratamento. Para a classificação hidroquímica se utilizou o software

Qualigraf. O diagrama de Piper classificou as amostras predominantemente como cloretadas sódicas. Os diagramas

de Stiff e Radiais mostram agrupamentos das amostras, tendo relacionamento genético com as regiões de nascente.

A partir dos STDs as amostras foram classificadas predominantemente como salgadas e salobras. As razões iônicas

caracterizaram águas associadas a rochas cristalinas gnáissicas e graníticas. Para os sedimentos foram analisados

granulometria, elementos maiores, menores, enxofre, carbonato, matéria orgânica e perda ao fogo. Os sedimentos

são predominantemente arenosos. Os metais pesados adsorvidos nos sedimentos aquáticos possuem uma boa

correlação com a sua fração mais fina. O carbonato, matéria orgânica e perda ao fogo apresentaram boa correlação.

A alta salinidade e contaminação natural por metais das águas superficiais e sedimentos alertam para a necessidade

de precauções quanto ao consumo destas águas superficiais pelas populações que residem na área de estudo.

PALAVRAS-CHAVE: Potabilidade, Qualidade de Água, Contaminação Antropogênica e Diagramas

Hidroquímicos.

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ABSTRACT

CHEMICAL ASPECTS OF WATERS AND SEDIMENTS IN SURFACE WATER BODIES IN GUAJIRU

AND MUDO RIVERS, DOCE RIVER WATERSHED

The Doce River watershed contains the tributaries of the Mudo River and Guajiru River, which form the Doce

river. It is one of the main basins of the Eastern Coast of the State of Rio Grande do Norte, to be responsible for

the implementation of the lagoon of Extremoz, which supplies part of the metropolitan region of Natal / RN. The

basin has suffered over the years intense pressure from the human occupation and industrialization in the region.

Part of the spring’s region consists of rocks of the Precambrian basement (eg granites and granitic gneisses),

predominating in the remaining area the sedimentary rocks of the Barreiras Formation and Quaternary materials.

Eight sampling points were established in the upper and middle courses of the Mudo and Guajiru river sub-basins,

where water and sediments were collected between July and August 2016, aiming to hydrochemically classify the

waters, correlating their characteristics with the lithological aspects, as well as to assess the quality of water and

sediment. The water quality was evaluated according to the Brazilian legislation by the Ministries of the

Environment and Health. The samples of the Mudo river were shown to be inadequate for human supply in

accordance with the regulations, being indicated its use for animal watering. Samples of the Guajiru River present

better quality, some being indicated for human consumption, since they are submitted to a previous treatment.

Qualigraf software was used for the hydrochemical classification. The Piper diagram classified the samples

predominantly as sodium chloride type. The Stiff and Radial diagrams show groupings of the samples, having

genetic relationship with the nascent regions. From the TDS values the samples were classified predominantly as

salty and brackish. Ionic ratios characterized waters associated with crystalline gneissic and granitic rocks. The

sediments were analyzed for grain sizes, major, minor, and trace elements, including sulfur, carbonate, organic

matter and loss on ignition. The sediments are predominantly sandy. The heavy metals adsorbed in the aquatic

sediments have a good correlation with the finer fraction. Carbonate, organic matter and loss on ignition showed

a good correlation. The high salinity and natural contamination by metals of the surface waters and sediments warn

of the need for precautions regarding the consumption of these surface waters by populations residing in the study

area.

KEYWORDS: Potability, Water Quality, Anthropogenic Contamination and Hydrochemical Diagrams.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – VARIAÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES NOS MUNICÍPIOS ABRANGIDOS PELA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE NO

PERÍODO DE 2010 A 2016. A MÉDIA PARA A CHUVAS NORMAIS NAS MICRORREGIÕES QUE ABRANGEM A BACIA É

SEGUNDO NEVES ET AL. 2010. MÉDIA NO PERÍODO FOI FEITA A PARTIR DAS MÉDIAS DE PRECIPITAÇÃO. ............ 19 FIGURA 2 – MAPA GEOLÓGICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE, FORMADA PELOS TRIBUTÁRIOS RIO

GUAJIRU, RIO DO MUDO E RIO DOCE, MOSTRANDO OS COMPARTIMENTOS GEOLÓGICOS AFLORANTES. ....... 21 FIGURA 3 - MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE, COMPOSTA PELOS TRIBUTÁRIOS RIO

GUAJIRU, RIO DO MUDO E RIO DOCE. ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, NORDESTE DO BRASIL. ............... 23 FIGURA 4 - ÁREA DE COLETA DA AMOSTRA M32. TRATA-SE DE UMA ACUMULAÇÃO SUPERFICIAL DE PEQUENO PORTE,

GERADA POR BARRAMENTO DE UM CÓRREGO E UTILIZADA PARA DESSEDENTAÇÃO ANIMAL (A-C). O ACESSO PODE

SER FEITO POR MEIO DE ESTRADA CARROÇÁVEL QUE PASSA SOBRE A PAREDE DO BARRAMENTO. O ASPECTO DO SOLO

É QUARTZOSO (B). .......................................................................................................................................... 24 FIGURA 5 - ÁREA DE COLETA DA AMOSTRA M18. TRATA-SE DE UMA ACUMULAÇÃO DE ÁGUA SUPERFICIAL DE MÉDIO

PORTE, GERADA POR BARRAMENTO DE UM CÓRREGO E UTILIZADA PARA DESSEDENTAÇÃO ANIMAL (A-B). VÁRIOS

AFLORAMENTOS DE GRANITOS DA SUÍTE DONA INÊS SÃO ENCONTRADOS NA ÁREA (C E D), MOSTRANDO ASPECTO

PORFIRÍTICO, COM FENOCRISTAIS DE K-FELDSPATO (D). HAVIA ÁGUA NO PERÍODO DE AMOSTRAGEM, PORÉM

QUANDO DO REGISTRO DAS IMAGENS, SE ENCONTRAVA SEM ACUMULAÇÃO DE ÁGUA SUPERFICIAL. .................... 25 FIGURA 6 - ÁREA DE COLETA DA AMOSTRA M17. TRATA-SE DE UMA ACUMULAÇÃO SUPERFICIAL DE PEQUENO PORTE

UTILIZADA PARA DESSEDENTAÇÃO ANIMAL (A). VÁRIOS AFLORAMENTOS DE GRANITOS DA SUÍTE DONA INÊS SÃO

ENCONTRADOS NA ÁREA (B E D), MOSTRANDO SEU ASPECTO EQUIGRANULAR, COM K-FELDSPATO (C). .............. 26 FIGURA 7 - ÁREA DE COLETA DA AMOSTRA M49. AFLORAMENTO NATURAL DO LENÇOL FREÁTICO (A). REGIÃO

MOSTRANDO VEGETAÇÃO ESCASSA, SENDO UTILIZADO COMO PASTO; O SOLO É ARENOSO COMPOSTO

ESSENCIALMENTE POR QUARTZO (B). NO CANTO ESQUERDO DA FIGURA (B) SE VEEM ÁRVORES ONDE ENCONTRA-SE

UM OLHEIRO DE ÁGUA (VER SETA). .................................................................................................................. 27 FIGURA 8 - ÁREA DE COLETA DA AMOSTRA M36. TRATA-SE DE UMA LAGOA PERENE DE MÉDIO PORTE, GERADA POR

AFLORAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO (A-B). NA PORÇÃO SE DA LAGOA É POSSÍVEL OBSERVAR A EXISTÊNCIA DE

ATIVIDADE DE MINERAÇÃO NA FORMA DE PEDREIRAS DE BRITA (B). HÁ OCUPAÇÃO HUMANA NO ENTORNO DA

LAGOA, COMO BARES E CASAS (C), SENDO A MESMA USADA TAMBÉM PARA FINS RECREATIVOS (D). .................... 28 FIGURA 9 - ÁREA DE COLETA DA AMOSTRA M42. TRATA-SE DE UM BARRAMENTO DE MÉDIO PORTE, GERADO POR

REPRESAMENTO (A-B). É POSSÍVEL OBSERVAR O ASPECTO DA VEGETAÇÃO ARBUSTIVA E ARBÓREA PRESENTE NO

ENTORNO DO CORPO D’ÁGUA AMOSTRADO. ..................................................................................................... 29 FIGURA 10 – PROCEDIMENTO DE COLETA DAS AMOSTRAS DE ÁGUA E SEDIMENTO. EM A IMERSÃO DAS GARRAFAS PET

PARA COLETA DE ÁGUA APÓS AMBIENTAÇÃO. EM B COLETA DE SEDIMENTOS DE FUNDO EM POTES PLÁSTICOS DE

CERCA DE UM QUILOGRAMA DE CAPACIDADE. .................................................................................................. 31

QUADRO 1 – IMAGENS DAS DIVERSAS ETAPAS DA METODOLOGIA PARA PREPARAÇÃO E ANÁLISE DOS SEDIMENTOS.

(A) ESQUERDA - SEDIMENTO SOBRE A BANCADA NO LABORATÓRIO, ACONDICIONADO EM POTES PLÁSTICOS.

(A) DIREITA - SEDIMENTO EM TRAVESSA DE VIDRO PARA SEREM LEVADO À ESTUFA (B) PARA REMOÇÃO DA

UMIDADE. (C) FASE DE QUARTEAMENTO DAS AMOSTRAS PARA SEPARAÇÃO EM ALÍQUOTAS DE CERCA DE 30 G

(D) PARA AS POSTERIORES ANÁLISES. (E) BÉQUERES COM SEDIMENTOS E ÁCIDO ACÉTICO PARA ANÁLISE DE

TEOR DE CARBONATO. (F) PROCEDIMENTO DE FILTRAGEM. (G) ESQUERDA - CONJUNTO DE PENEIRAS E

AGITADOR UTILIZADOS PARA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA. (G) DIREITA - MUFLA COM OS CADINHOS PARA

ANÁLISE DOS TEORES DE MATÉRIA ORGÂNICA. (H) DETALHE DO ASPECTO DOS CADINHOS DENTRO DA MUFLA.

...................................................................................................................................................................... 33

CAPÍTULO 1

FIGURA 1 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE JUNTAMENTE COM

PONTOS AMOSTRADOS NESSE TRABALHO E O RESPECTIVO CONTEXTO GEOLÓGICO DA

BACIA.............................................................................................................................. ...............................................44

FIGURA 2 – DIAGRAMA DE PIPER COM AMOSTRAS PLOTADAS. NO TRIÂNGULO CORRESPONDENTE AOS

CÁTIONS VER-SE AGRUPAMENTO DA MAIORIA DAS AMOSTRAS NO CAMPO DE ÁGUAS SÓDICAS. NO

TRIÂNGULO CORRESPONDENTE AOS ÂNIONS VER-SE AS AMOSTRAS NO CAMPO DAS ÁGUAS

CLORETADAS. A PROJEÇÃO DESSES RESULTADOS NO DIAGRAMA SUPERIOR CLASSIFICA AS ÁGUAS

COMO CLORETADAS

SÓDICAS............................................................................................................................... .........................................53

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FIGURA 3 – DIAGRAMAS DE STIFF GERADOS PARA AS AMOSTRAS E CONTEXTO GEOLÓGICO DAS MESMAS. SÃO

OBSERVADAS SEMELHANÇAS NAS GEOMETRIAS DOS DIAGRAMAS DE ALGUMAS DAS AMOSTRAS. É

POSSÍVEL DEPREENDER A EXISTÊNCIA DE DOIS GRUPOS REPRESENTATIVOS DOS ALTOS CURSOS DE

CADA BACIA, QUE ESTÃO DELIMITADOS NA FIGURA...........................................................................................54

FIGURA 4 – DIAGRAMAS RADIAIS GERADOS PARA AS AMOSTRAS E CONTEXTO GEOLÓGICO DAS MESMAS. PELOS

DIAGRAMAS É POSSÍVEL NOTAR UMA TENDÊNCIA A AGRUPAMENTO SIMILAR AOS OBSERVADOS NOS

DIAGRAMAS DE STIFF, OU SEJA, A EXISTÊNCIA DE DOIS GRUPOS REPRESENTATIVOS DO ALTO CURSO

DE CADA BACIA, OS QUAIS ENCONTRAM-SE DELIMITADOS NA FIGURA..........................................................55

FIGURA 5 – DIAGRAMA DE GIBBS PARA AS AMOSTRAS ESTUDADAS E OUTROS ESTUDOS EM ÁGUAS

SUPERFICIAIS NO NORDESTE E NO MUNDO.......................................................................................... .................59

CAPÍTULO 2

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE JUNTAMENTE COM PONTOS AMOSTRADOS NESSE

TRABALHO E O RESPECTIVO CONTEXTO GEOLÓGICO DA BACIA. FONTE: ADAPTADO DAS CARTAS GEOLÓGICAS DE

NATAL E JOÃO CÂMARA (CPRM, 2012 E 2013). .............................................................................................. 74

FIGURA 2 – ZONEAMENTO ESQUEMÁTICO ESTABELECIDO PARA A ÁREA DE ESTUDO A PARTIR DAS CONCENTRAÇÕES

OBSERVADAS PARA OS ELEMENTOS ANALISADOS. .............................................................................................. 77

FIGURA 3 – VARIAÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES NOS MUNICÍPIOS ABRANGIDOS PELA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE NO PERÍODO DE 2010 A 2016. A MÉDIA PARA A CHUVAS NORMAIS NAS

MICRORREGIÕES QUE ABRANGEM A BACIA É SEGUNDO NEVES ET AL. 2010. MÉDIA NO PERÍODO FOI

FEITA A PARTIR DAS MÉDIAS DE PRECIPITAÇÃO...........................................................................................78

CAPÍTULO 3

FIGURA 1 – LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE

JUNTAMENTE COM PONTOS AMOSTRADOS NESSE TRABALHO E O RESPECTIVO CONTEXTO

GEOLÓGICO DA BACIA..........................................................................................................................100

FIGURA 2 – VARIAÇÃO DAS PRECIPITAÇÕES NOS MUNICÍPIOS ABRANGIDOS PELA BACIA

HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE NO PERÍODO DE 2010 A 2016. A MÉDIA PARA A CHUVAS

NORMAIS NAS MICRORREGIÕES QUE ABRANGEM A BACIA É SEGUNDO NEVES ET AL. 2010.

MÉDIA NO PERÍODO FOI FEITA A PARTIR DAS MÉDIAS DE

PRECIPITAÇÃO........................................................................................................................................101

FIGURA 3 – ASPECTOS DOS SEDIMENTOS AMOSTRADOS NAS SUB-BACIAS DOS RIOS DO MUDO (A) E

GUAJIRU (B). AS AMOSTRAS ESTÃO DISPOSTAS DE MONTANTE PARA JUSANTE, NO SENTIDO DE

CIMA PARA BAIXO. É POSSÍVEL OBSERVAR QUE OS SEDIMENTOS SÃO PREDOMINANTEMENTE

ARENOSOS. A COLORAÇÃO MAIS ESCURA PODE INDICAR PRESENÇA DE MATÉRIA ORGÂNICA.

AS CORES CLARAS ESTÃO ASSOCIADAS A QUARTZO E ARGILAS PRODUTOS DO INTEMPERISMO

DE FELDSPATOS.............................................................................................................................. .......105

FIGURA 4 – DENDROGRAMA ELABORADO PARA AS AMOSTRAS DE SEDIMENTO DE FUNDO DA ÁREA

DE ESTUDO, CONSIDERANDO OS PARÂMETROS GRANULOMETRIA E CARACTERÍSRICAS

QUÍMICAS DAS AMOSTRAS (ANÁLISE DA AMOSTRA TOTAL E DO ADSORVIDO NAS PARTÍCULAS

SEDIMENTARES)......................................................................................................................................116

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - COORDENADAS DOS PONTOS ESCOLHIDOS PARA COLETA DE AMOSTRAS DESSE TRABALHO. ....................... 22 TABELA 2 - INTERVALOS PROPOSTOS PELO SOFTWARE QUALIGRAF PARA ANÁLISE DO ERRO PRÁTICO BASEADO NO

SOMATÓRIO DE CÁTIONS OU ÂNIONS. EP FAZ REFERÊNCIA AO ERRO PRÁTICO PERMITIDO, EM PERCENTAGEM. ... 35 TABELA 3 - INTERVALOS PROPOSTOS PELO SOFTWARE QUALIGRAF PARA ANÁLISE DO ERRO PRÁTICO BASEADO NA

CONDUTIVIDADE ELÉTRICA. EP FAZ REFERÊNCIA AO ERRO PRÁTICO PERMITIDO, EM PERCENTAGEM, E CE FAZ

REFERÊNCIA A CONDUTIVIDADE ELÉTRICA. ...................................................................................................... 35 TABELA 4 – INTERVALOS PROPOSTOS PELO QUALIGRAF PARA CLASSIFICAÇÃO DE ÁGUAS QUANTO SALINIDADE

UTILIZANDO O CONTEÚDO DE SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS E A RESOLUÇÃO CONAMA 357/2005. ................. 36 TABELA 5 - PRINCIPAIS RAZÕES IÔNICAS E SEUS RESPECTIVOS SIGNIFICADOS. ........................................................... 36

CAPÍTULO 1

TABELA 1 – LIMITES PARA AVALIAÇÃO DO BALANÇO IÔNICO PELAS METODOLOGIAS DE CUSTÓDIO

E LLAMAS (1983) E LOGAN (1965). TAMBÉM, CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS COM BASE NO

CONTEÚDO DE SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS PELA RESOLUÇÃO CONAMA

357/2005..................................................................................................................... .................................46

TABELA 2 – RAZÕES IÔNICAS E SEUS VALORES TEÓRICOS E RESPECTIVOS SIGNIFICADOS COM

RELAÇÃO

GENÉTICA..................................................................................................................... .............................47

TABELA 3 – RESULTADOS PARA OS ERROS PRÁTICOS BASEADOS NO SOMATÓRIO DOS CÁTIONS OU

ÂNIONS E NA CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (CE) OBTIDOS ATRAVÉS DO SOFTWARE QUALIGRAF.

A AMOSTRA M32 APRESENTOU INFRAÇÃO AOS CRITÉRIOS ESTABELECIDOS PARA O BALANÇO

IÔNICO........................................................................................................................................................48

TABELA 4 – RESULTADOS DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA (CE) E SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS

(STD). NA PENÚLTIMA COLUNA: CLASSIFICAÇÃO EM RELAÇÃO A SALINIDADE USANDO STD

MEDIDOS. ÚLTIMA COLUNA: RAZÕES PARA STD MEDIDO/STD ESTIMADO. OS VALORES EM

NEGRITO EVIDENCIAM AS AMOSTRAS QUE NÃO ATENDEM AO INTERVALO

PROPOSTO............................................................................................................. ....................................49

TABELA 5 – RESULTADOS PARA AS RAZÕES IÔNICAS CALCULADAS PARA CADA AMOSTRA

COLETADA....................................................................................................................................... ..........51

CAPÍTULO 2

TABELA 1 – RESULTADOS DAS ANÁLISES DAS AMOSTRAS CONSIDERANDO ALGUNS CONSTITUINTES QUÍMICOS PRINCIPAIS

VERSUS OS PADRÕES PARA QUALIDADE. AS AMOSTRAS ESTÃO DISPOSTAS DE MONTANTE PARA JUSANTE DAS SUB-

BACIAS. AS AMOSTRAS FORAM COLETADAS ENTRE JUL-AGO DE 2016. ................................................................ 79 TABELA 2 - RESULTADOS PARA QUALIDADE DAS AMOSTRAS LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO OS ÍONS MAIORES E A PORTARIA

DE CONSOLIDAÇÃO 05/2017 ANEXO XX DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. AS AMOSTRAS ESTÃO DISPOSTAS DE

MONTANTE PARA JUSANTE DE CADA SUB-BACIA. AS AMOSTRAS FORAM REALIZADAS ENTRE JUL-AGO DE 2016. .... 81 TABELA 3 - POTABILIDADE E POSSÍVEIS USOS PARA AS ÁGUAS A PARTIR DAS ANÁLISES DAS AMOSTRAS. AS AMOSTRAS ESTÃO

DISPOSTAS DE MONTANTE PARA JUSANTE DE CADA SUB-BACIA. ......................................................................... 83 TABELA 4 - CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO USO DAS ÁGUAS AMOSTRADAS BASEADO NA METODOLOGIA DA USSL. OS PONTOS

ESTÃO DISPOSTOS DE MONTANTE PARA JUSANTE DE CADA SUB-BACIA. .............................................................. 87 TABELA 5 – SUMÁRIO DAS CONCLUSÕES ENCONTRADAS NO TRABALHO À LUZ DAS RESOLUÇÕES, PORTARIA E DEMAIS

CLASSIFICAÇÕES UTILIZADAS COMO BASE. OS PONTOS ESTÃO DISPOSTOS DE MONTANTE PARA JUSANTE DE CADA

SUB-BACIA. ..................................................................................................................................................... 88 TABELA 6 – RESULTADOS OBTIDOS PARA METAIS TRAÇO A PARTIR DAS AMOSTRAS COLETADAS. OS PONTOS ESTÃO

DISPOSTOS DE MONTANTE PARA JUSANTE DE CADA SUB-BACIA. ......................................................................... 88

CAPÍTULO 3

TABELA 1 – ELEMENTOS MAIORES, MENORES (INCLUI ENXOFRE), CARBONATO (CARB), MATÉRIA ORGÂNICA

(M.O.), PERDA AO FOGO (P.F.) E CONCENTRAÇÃO DE METAIS EM SEDIMENTOS DE CORPOS DE ÁGUA

SUPERFICIAL E SUBTERRÂNEA NAS SUB-BACIAS DOS RIOS GUAJIRU E DO MUDO, BACIA HIDROGRÁFICA

DO RIO DOCE/RN............................................................................................................................................ ...........103

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TABELA 2 – RESULTADOS DA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS SEDIMENTOS AMOSTRADOS. OS RESULTADOS

SÃO DADOS EM PORCENTAGEM DA FRAÇÃO ENCONTRADA NA ALÍQUOTA. OS PONTOS ESTÃO

ORGANIZADOS DE MONTANTE PARA JUSANTE DE CADA SUB-

BACIA...........................................................................................................................................................................105

TABELA 3 – ELEMENTOS SELECIONADOS ENCONTRADOS EM PEQUENAS QUANTIDADES EM MINERAIS COMUNS

FORMADORES DE ROCHAS ÍGNEAS, E RELATIVA ESTABILIDADE DOS MINERAIS. OS MINERAIS

APRESENTADOS SÃO OS PRESENTES NA SUÍTE INTRUSIVA EQUIGRANULAR CALCIO-ALCALINA DE ALTO-

K....................................................................................................................................................................... .............108

TABELA 4 – MÉDIAS DE ELEMENTOS MAIORES PARA GRUPO DE AMOSTRAS DA SUB-BACIA DO MUDO E SUB-

BACIA DO RIO GUAJIRU EM COMPARAÇÃO COM A QUÍMICA DOS GRANITOS DA REGIÃO. VARIAÇÃO DADA

PARA O GRUPO DE AMOSTRAS DO DO MUDO EM RELAÇÃO AOS DADOS DE NASCIMENTOS ET AL.

(2015).............................................................................................................. ..............................................................109

TABELA 5 – ABUNDÂNCIA DE ALGUNS ELEMENTOS MENORES E TRAÇOS DISTRIBUÍDOS EM ALGUNS

COMPARTIMENTOS DA CROSTA, E MÉDIAS DESSES ELEMENTOS NOS SEDIMENTOS AMOSTRADOS NO RIO

DO MUDO E RIO GUAJIRU. AS CONCENTRAÇÕES SÃO DADAS EM

PPM............................................................................................................ ..................................................................114

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SUMÁRIO

1. NTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

............................................................................................................................................................... 15

2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO ...................................................... 18

2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS ................................................................................. 22

2.3.1 Ponto M32 ..................................................................................................................... 24

2.3.2 Ponto M18 ..................................................................................................................... 25

2.3.3 Ponto M17 ..................................................................................................................... 25

2.3.4 Ponto M22 ..................................................................................................................... 26

2.3.5 Ponto M49 ..................................................................................................................... 27

2.3.6 Ponto M36 ..................................................................................................................... 27

2.3.7 Ponto M42 ..................................................................................................................... 28

2.3.8 Ponto M35 ..................................................................................................................... 29

3. METODOLOGIA GERAL ........................................................................................................ 29

3.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ................................................................................... 29

3.2. AMOSTRAGEM E PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS ................................................ 30

3.3. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS RESULTADOS ......................................................... 34

3.3.1 Balanço iônico ............................................................................................................... 34

3.3.2 Razão STD medido/STD calculado .............................................................................. 35

3.4 SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS (STD) ........................................................................ 36

3.5 RAZÃO IÔNICA .................................................................................................................. 36

3.6 DIAGRAMAS HIDROQUÍMICOS ..................................................................................... 37

3.6.1 Diagramas de Piper ....................................................................................................... 38

3.6.2 Diagrama de Stiff .......................................................................................................... 38

3.6.3 Diagramas Radiais ......................................................................................................... 38

CAPÍTULO 1 – Caracterização hidroquímica de águas superficiais em pontos do alto e médio

cursos dos rios Guajiru e do Mudo, Bacia Hidrográfica do rio Doce/RN. ..................................... 40

CAPÍTULO 2 – Qualidade e usos de águas superficiais nos alto e médio cursos dos Rios Guajiru

e Do Mudo, Bacia do Rio Doce/RN. ................................................................................................... 70

CAPÍTULO 3 – Avaliação dos sedimentos de fundo em pontos dos Rios Guajiru e Do Mudo,

Bacia Hidrográfica do Rio Doce/RN. ................................................................................................. 97

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................... 122

5. REFERÊNCIAS GERAIS ........................................................................................................ 125

APÊNDICES ...................................................................................................................................... 128

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1. INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA FUNDAMENTAÇÃO

TEÓRICA

As Bacias hidrográficas integram o conjunto de superfícies delimitadas pelos divisores

topográficos e são constituídas por canais e tributários, que drenam a pluviosidade, os

sedimentos e as substâncias dissolvidas para um canal principal, cuja vazão converge numa

saída única (LIMA, 1976). Elas compõem um sistema natural aberto, sujeito às ações das

condições naturais e antrópicas (CUNHA E GUERRA, 2012).

Por outro lado, a atividade humana nas proximidades de lagos e rios têm influência

direta nas características físico-químicas das águas. A poluição dos rios, o lançamento de

efluentes gerados pelas diversas atividades humanas, bem como interferências no fluxo de água

nas bacias hidrográficas podem alterar drasticamente a composição química e o ecossistema de

um meio natural.

Os solos também são importantes. O fato de se comportarem como um filtro e/ou fonte

de contaminantes para corpos d’água e poder se constituir em via de dispersão desses para a

cadeia alimentar, fez com que aumentasse a necessidade de se conhecer a dinâmica destes

elementos no sistema (BIONDI, 2010).

Metais pesados nos solos são derivados de fontes naturais, mas podem ter sua

concentração alterada por atividades antrópicas. A concentração de metais nos solos varia

regionalmente com a litologia subjacente e localmente com a pedogênese e o regolito

intemperizado (BURAK et al., 2010).

A contaminação do meio por metais traços está intrinsicamente relacionada com a

condição de vida das populações. Como a maior parte das emissões é liberada para a atmosfera,

onde os diversos animais vivem e respiram, é relatado um grande aumento na ocorrência de

problemas de saúde ligados a exposição excessiva de metais pesados, tais como o

envenenamento por chumbo, a doença denominada itai-itai ligada ao cádmio, assim como o

aumento da carcinogênese relacionada ao cromo e ao níquel (CALLENDER, 2003).

Hem (1986) observou, em estudo das águas naturais correntes em sedimentos, que uma

grande fonte de minerais dissolvidos na água é a assembleia mineral das rochas próximas a

superfície. A composição das rochas, a pureza e tamanho dos cristais minerais, a textura e

porosidade da rocha, a estrutura regional, o grau de fissuramento, o tempo de exposição e outros

fatores devem influenciar a composição da água que passa sobre e através da rocha.

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A Bacia Hidrográfica do Rio Doce é uma das 14 principais bacias1 do Estado do Rio

Grande do Norte, ocupando uma área de aproximadamente 387 Km2. Os afluentes que lhe dão

origem são o Rio Guajiru, Rio do Mudo, Rio Doce e a Lagoa de Extremoz (SERHID, 2006).

Sendo um manancial de água doce, sua conservação é estratégica para o abastecimento da

região metropolitana de Natal.

Faustino et al. (2014) relatam que a Bacia Hidrográfica do Rio Doce vem enfrentando,

nos últimos 40 anos, modificações ambientais significativas, resultantes do desmatamento e da

rápida ocupação humana. Há demanda hídrica para abastecimento doméstico e industrial,

problemas de erosão dos solos, e de poluição da água por rejeitos industriais.

Em busca da preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental foram criadas

em Natal-RN dez Zonas de Proteção Ambiental (ZPA-1 à ZPA-10), sendo essas definidas como

áreas nas quais as características do meio físico restringem o uso e ocupação do solo urbano,

visando a proteção, manutenção e recuperação dos aspectos paisagísticos, históricos,

arqueológicos e científicos (SEMURB, 2008).

A ZPA-9, que está localizada em Natal na região norte, está totalmente inserida dentro

da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Apesar das ZPAs terem sido instituídas desde 1992,

algumas ainda não foram regulamentadas, como é o caso da ZPA-9, dificultando a proteção

dessas zonas de proteção (PLANO DIRETOR, 2007).

Em vista do exposto, a questão que se levanta é se os parâmetros físico-químicos e os

metais traços dosados em água e sedimentos da bacia hidrográfica do Rio Doce estão

relacionados às rochas e solos que compõe o substrato rochoso da área ou a outro fator.

Oliveira (2006), estudando a lagoa de Extremoz, utilizando parâmetros químicos, físicos

e biológicos, mostrou que a qualidade da água se mostra boa; entretanto alguns pontos apontam

elevação em metais traços. Soares (2006) em diagnóstico ambiental da ZPA-9, utilizou

indicadores de qualidade da água e de poluição; os resultados mostraram qualidade para

potabilidade ruim a boa, enquanto para metais em sedimentos, os resultados evidenciaram

IGEO (Índice de Geoacumulação) de Não a Muito Poluído. Paiva (2012) estudando sedimentos

do baixo curso do Rio Doce, utilizou indicadores de poluição; seus resultados mostram aporte

e enriquecimento antropogênico para certos elementos. Azevedo Filho (2012), em estudos

quimiométricos e índices químicos em toda a bacia, separou metais traço por origem geogênica

e antropogênica, e mostrou os sedimentos de fundo como não poluídos a moderadamente

poluídos.

1 Segundo o IGARN as principais bacias hidrográficas do RN são a Apodi-Mossoró, Piranhas-Açu, Boqueirão,

Punaú, Maxaranguape, Ceará-Mirim, Rio Doce, Potengi, Pirangi, Trairi, Jacú, Catu, Curimataú e Guajú.

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Este trabalho teve objetivo avaliar a relação da litologia e dos sedimentos aquáticos com

os parâmetros físicos e químicos da água, incluindo a presença dos elementos traços; isto foi

avaliado em alguns pontos dos rios Guajiru e do Mudo. Esses pontos foram escolhidos em

função dos poucos estudos encontrados na bibliografia sobre o alto e médio cursos das sub-

bacias; também, os locais visitados são utilizados como fonte de abastecimento das populações

locais para algumas atividades.

Como objetivos específicos têm-se:

• Classificar hidroquimicamente os corpos d’água, com base em diagramas de

Piper, Stiff e Radiais;

• Avaliar as condições de potabilidade dos mesmos com base nas Resoluções

CONAMA 357/2005 e 396/2008, e Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo

XX do Ministério da Saúde;

• Definir possíveis usos dessas águas superficiais, com base na Resolução

CONAMA 396/2008;

• Relacionar a presença de elementos traços nas águas com o substrato geológico

da área e/ou com atividades antrópicas;

• Caracterizar os sedimentos dos reservatórios hídricos visitados.

Em atendimento aos objetivos e conforme padronização estabelecida pelo Programa,

esta Dissertação se encontra composta por esta Introdução geral, uma Caracterização geral da

Área de estudo, Metodologia Geral empregada para a dissertação e por três capítulos que

correspondem a artigos científicos. O Cap. 1, intitulado “Caracterização hidroquímica de águas

superficiais em pontos do alto e médio cursos dos rios Guajiru e do Mudo, Bacia Hidrográfica

do Rio Doce/RN”, está submetido ao periódico Pesquisas em Geociências (ISSN 1518-2398)

e, portanto, está formatado conforme este periódico (Normas no site:

http://www.ufrgs.br/igeo/pesquisas/i.html). O Cap. 2, intitulado “Qualidade e usos de águas

superficiais nos alto e médio cursos dos Rios Guajiru e Do Mudo, Bacia do Rio Doce/RN”, está

submetido ao periódico Gaia Scientia (ISSN 0940-5550) e, portanto, está formatado conforme

este periódico (Normas no site:

http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/gaia/about/submissions#onlineSubmissions). O

capítulo 3 apresenta o trabalho “Avaliação dos sedimentos de fundo em pontos dos Rios Guajiru

e Do Mudo, Bacia Hidrográfica do Rio Doce/RN”, ainda não submetido. Nos Apêndices são

encontrados diagramas de Stiff e radiais, além dos resultados completos para as análises de

água.

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2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

A Bacia Hidrográfica do Rio Doce localiza-se no Rio Grande do Norte, entre as

coordenadas UTM Zona 25M 207330.15m e 255853.39m Leste, e UTM Zona 25M

9375404.03m 9375606.27m Norte, com área de 387 km2, abrangendo os municípios de Taipu,

Ielmo Marinho, Ceará-Mirim, São Gonçalo do Amarante, Extremoz e Natal (SERHID, 1998).

O Rio Doce tem origem na Lagoa de Extremoz, e esta, por sua vez, é abastecida no braço norte

pelo Rio do Mudo e no braço sul pelo Rio Guajiru. Estes rios contribuem com um volume de

água médio de 0,28 m3/s e 0,26 m3/s, respectivamente. A jusante a lagoa desemboca no

mencionado Rio Doce. Além da drenagem de água superficial, toda a bacia recebe uma

contribuição significativa das águas subterrâneas do Aquífero Barreiras (SERHID, 2014).

A bacia se limita a Norte e Noroeste com a bacia hidrográfica do rio Ceará Mirim, a Sul

e Sudoeste com a bacia hidrográfica do rio Potengi, e a Leste o limite é o Oceano Atlântico.

Inclui em seu domínio o Distrito Industrial de Extremoz, e um dos principais mananciais de

água doce do superficial do estado, a Lagoa de Extremoz, sendo utilizada para abastecimento

público da Zona Norte de Natal, nos projetos de irrigação e atende a função de harmonia

paisagística e de atividades recreativas da região.

Dentro dessa bacia foi delimitada a área desse estudo, ocupando porções do médio e

alto curso das sub-bacias do Rio Guajiru e Rio do Mudo. A área localiza-se entre as coordenadas

UTM Zona 25M 212528m e 239734m Leste; 9360645m e 9376500m Norte (Figura 3).

Visando a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental foram criadas

em Natal dez Zonas de Proteção Ambiental (ZPA), definidas como áreas nas quais as

características do meio físico restringem o uso e ocupação do solo urbano, visando a proteção,

manutenção e recuperação dos aspectos paisagísticos, históricos, arqueológicos e científicos

(SEMURB, 2008).

A ZPA-9, a norte de Natal, está totalmente inserida dentro da bacia hidrográfica do Rio

Doce. Apesar das ZPAs terem sido instituídas desde 1992, algumas não foram regulamentadas,

caso da ZPA-9, dificultando a sua proteção (PLANO DIRETOR, 2007). Segundo Azevedo

(2010) as vulnerabilidades ambientais têm origem na construção de residências próximo aos

cursos d’água, aproveitamento de rios e lagoas em algumas atividades, destinação inadequada

dos resíduos sólidos e líquidos, e em práticas culturais dos moradores.

2.1 CLIMA

Castro (2000) coloca o clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, como

sendo do tipo As’, tropical chuvoso com verão seco.

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Soares (2006), com dados da estação climatológica da UFRN (1984 a 2002), além de

dados de estação pluviométrica da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (EMPARN) em

Jacumã, município de Ceará-Mirim, usando a classificação de Köppen, especificou o clima da

região também como do tipo “As”, sendo clima tropical chuvoso quente com verão seco. O

regime climático caracteriza-se por duas estações bem definidas: uma seca (meses com menos

de 60 mm), de setembro a fevereiro ou março, e uma chuvosa, meses de março a julho ou

agosto.

De um modo geral, as chuvas anuais médias de longo período decrescem do litoral para

o interior, passando de cerca de 1.400 mm na foz para 700 mm nas cabeceiras (IGARN, 2009)

Na região da Lagoa de Extremoz o clima varia de subsumido nos cursos médio e baixo

das bacias dos rios a úmido-seco, no alto curso dessas bacias (SERHID, 2004).

Segundo dados climatológicos da EMPARN, as chuvas nos últimos anos vêm ocorrendo

de forma bastante irregular. O gráfico visto na Figura 1 mostra que, no período de 2010 a 2017,

somente no ano de 2011 teve-se chuvas normais ou acima da média para alguns dos municípios

abrangidos pela bacia. A partir desse ano as chuvas foram escassas e irregulares (abaixo da

média) na maioria dos municípios da bacia (e por todo o estado do RN), até o momento da

amostragem em 2016. A região costeira leste, onde fica inserida a área de estudo, também sofre

condições similares às observadas para todo o estado.

Essas condições interferem nos cursos e reservatórios de águas superficiais e

subterrâneas, podendo alterar a disponibilidade de oferta e a qualidade dos recursos hídricos ao

longo do tempo; podem elevar a salinidade de reservatórios devido à menor quantidade de água

nestes.

Figura 1 – Variação das precipitações nos municípios abrangidos pela bacia hidrográfica

do Rio Doce no período de 2010 a 2016. A média para a chuvas normais nas microrregiões

que abrangem a bacia é segundo Neves et al. 2010. Média no período foi feita a partir das

médias de precipitação.

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2.2 GEOLOGIA E HIDROGEOLOGIA

A geologia da bacia do Rio Doce (Figura 2) é constituída por depósitos colúvio-eluviais,

formados por materiais arenosos e areno-argilosos esbranquiçados e avermelhados, que se

estendem desde o baixo até o médio curso. Há ocorrência do Grupo Barreiras, constituído por

rochas sedimentares, representadas por arenitos finos a grossos, com grãos angulosos, e por

argilitos cinza-avermelhados e amarelados. Essas rochas estendem-se do baixo até o médio

curso da bacia. No extremo oeste da área, no alto curso da bacia, ocorrem rochas graníticas

pertencentes à suíte intrusiva Dona Inês (Angelim et al., 2006).

A área de estudo é abrangida pelas folhas Natal e João Câmara na escala de 1:100.000

(CPRM, 2012 e 2013). Nelas é possível observar a Suíte Intrusiva Dona Inês, formada por

granitos alcalinos, e a Formação Seridó, constituída essencialmente por micaxistos, no alto

curso da bacia. Acompanhando essas unidades existe uma faixa dos arenitos da Formação Açu,

além de porções do Grupo Barreiras e depósitos aluvionares. O médio e baixo curso da bacia

são dominados essencialmente por sedimentos recentes aluvionares e coluviais (Figura 2).

Hidrogeologicamente a área está inserido no contexto do Domínio Hidrogeológico

Fissural, mais a oeste e sul, que é composto de rochas do embasamento cristalino, expresso nas

rochas do Complexo João Câmara, da Formação Seridó e na Suíte Intrusiva Dona Inês. Também

no contexto dos domínios Cárstico-fissural e Intersticial, mais a leste e a norte, que são

compostos, respectivamente, por rochas calcárias da Formação Jandaíra; e por rochas

sedimentares da Formação Barreiras, Formação Açu, Depósitos Aluvionares, Depósitos

Colúvio-eluviais, Depósitos Litorâneos e das Dunas Inativas, por exemplo (CPRM, 2005).

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Figura 2 – Mapa geológico da bacia hidrográfica do Rio Doce, formada pelos tributários Rio Guajiru, Rio Do Mudo e Rio Doce, mostrando os

compartimentos geológicos aflorantes.

Lagoa de Extremoz

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2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS

Dentro da área de abrangência da bacia foi definida uma área para pesquisa, delimitada

englobando o médio e alto curso das sub-bacias do Rio do Mudo e Rio Guajiru. Como

mencionado anteriormente na bacia do Rio Doce está presente um dos importantes mananciais

de águas doces do RN, a Lagoa de Extremoz.

Foram selecionados oito (8) pontos para amostragem de água e sedimentos ao longo

das duas sub-bacias que compõem a bacia hidrográfica do Rio Doce. Quatro desses pontos estão

no Rio do Mudo, os pontos M17, M18, M22 e M32, e quatro no Rio Guajiru, os pontos M35,

M36, M42 e M49 (Figura 3). As coordenadas de cada ponto foram adquiridas com GPS do

modelo eTrex® 10, marca Garmin, utilizando o Datum SIRGAS 2000, UTM zona 25M. As

coordenadas podem ser vistas na Tabela 1.

Desses pontos escolhidos alguns representam essencialmente acumulações superficiais

(M17, M18 e M32). Entretanto, alguns são emanações naturais (M35) ou artificiais (M22) dos

aquíferos que compõe o substrato da bacia, ou ainda sofrem influência desses aquíferos com

recargas provenientes dos mesmos (M36, M42 e M49).

A seguir serão apresentados esses pontos com algumas de suas características na ordem

do fluxo de cada rio, ou seja, de montante para jusante das sub-bacias.

Tabela 1 - Coordenadas dos pontos escolhidos para coleta de amostras desse trabalho.

Amostras UTM_E UTM_N Característica Município

Do

Mu

do

M17 219602.07 9372029.68 Barreiro pequeno Taipú

M18 219600.00 9370305.00 Barramento Ceará Mirim

M22 229198.00 9373299.00 Piscina artificial Ceará Mirim

M32 214201.00 9368153.00 Barramento Taipú

Gu

aji

ru M35 237434.00 9366301.00 Olheiro Ceará Mirim

M36 229153.00 9365119.00 Lagoa perene São G. do Amarante

M42 233094.00 9365004.00 Barramento São G. do Amarante

M49 224737.25 9367046.60 Barramento Ielmo Marinho

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Figura 3 - Mapa de localização da bacia hidrográfica do rio Doce, composta pelos tributários Rio Guajiru, Rio Do Mudo e Rio Doce. Estado do

Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil.

Mapa de Localização da Bacia Hidrográfica do rio Doce/RN

Rio Guajiru

Lagoa de Extremoz

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2.3.1 Ponto M32

O acesso se dá pela BR-406, sentido Taipu, em estrada carroçável relativamente

próxima a essa cidade, seguindo sentido sul. Trata-se de um barramento a beira de estrada

no alto curso do Rio do Mudo, sendo um represamento de córregos que provém das

nascentes. Esse ponto, nas primeiras visitas a área, apresentava águas de coloração

avermelhada. Quando visitado em abril de 2017 apresentava quantidade menor de água,

com turbidez elevada. Durante as visitas à área foi observada sua utilização para

dessedentação animal. Geologicamente, é um ponto em área de exposição da Suíte

Intrusiva Dona Inês, com afloramentos de rochas graníticas onde a água está acumulada

e no entorno; os granitos são semelhantes aos que afloram em M17 e M18. A vegetação

no entorno se mostrou escassa e com espécies típicas da caatinga. O solo tem

características quartzosas, de coloração bege, aparentando ser um solo jovem sem muita

matéria orgânica. As residências mais próximas se encontram a cerca de 160m de

distância (Figura 4 A).

(A) (B)

(C) Figura 4 - Área de coleta da amostra M32. Trata-se de uma acumulação superficial de pequeno porte, gerada por

barramento de um córrego e utilizada para dessedentação animal (A-C). O acesso pode ser feito por meio de estrada

carroçável que passa sobre a parede do barramento. O aspecto do solo é quartzoso (B).

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2.3.2 Ponto M18

Este ponto se encontra inserido dentro de comunidade de Primeira Lagoa, a cerca

de 1,5 km do ponto M17, seguindo pela mesma estrada (carroçável a partir da BR-406),

no sentido sul. Ocorrem habitações a cerca de 160m de distância do ponto de amostragem.

À semelhança do ponto anterior o contexto geológico está relacionado aos granitos Dona

Inês (Figura 5 C e D). Não há vegetação expressiva no entorno do ponto de amostragem,

sendo a encontrada típica do ambiente da caatinga. Trata-se de um local de pastagem de

animais de pequeno porte (Figura 5 B). O solo se mostra predominantemente quartzoso

nas partes superficiais, jovem, de coloração bege e sem horizonte de matéria orgânica

expressivo (Figura 5 A).

(A) (B)

(C) (D) Figura 5 - Área de coleta da amostra M18. Trata-se de uma acumulação de água superficial de médio porte, gerada por

barramento de um córrego e utilizada para dessedentação animal (A-B). Vários afloramentos de granitos da Suíte Dona

Inês são encontrados na área (C e D), mostrando aspecto porfirítico, com fenocristais de K-feldspato (D). Havia água no

período de amostragem, porém quando do registro das imagens, se encontrava sem acumulação de água superficial.

2.3.3 Ponto M17

Esse ponto se localiza às margens de uma estrada carroçável que se encontra com

a BR-406 e prossegue sentido sul, sendo um barreiro pequeno (Figura 6 A). O mesmo se

localiza próximo a assentamentos rurais, com habitações a cerca de 150m de distância.

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Geologicamente está inserido dentro do contexto do contexto da Suíte Intrusiva Dona

Inês, composta por granitos (Figura 6 C e D). Também, está próximo a transição entre

os arenitos da Formação Açu e os granitos Dona Inês (Figura 1). É possível observar

vários afloramentos de granito nas proximidades do ponto de coleta. A vegetação

encontrada é típica de caatinga, no entanto se mostrando escassa. O solo é arenoso nas

partes superficiais, e com características de um solo ainda jovem, composto em sua

maioria por grãos de quartzo (Figura 6 A e B).

(A) (B)

(C) (D) Figura 6 - Área de coleta da amostra M17. Trata-se de uma acumulação superficial de pequeno porte utilizada para

dessedentação animal (A). Vários afloramentos de granitos da Suíte Dona Inês são encontrados na área (B e D),

mostrando seu aspecto equigranular, com K-feldspato (C).

2.3.4 Ponto M22

Partindo de Ceará Mirim o acesso ao ponto pode ser feito pela RN-064, sentido

sul. Sua localização está próxima ao leito do Rio do Mudo. Ponto de afloramento artificial

do aquífero aluvionar, gerado pela abertura de uma piscina construída em um declive no

sentido do leito do Rio do Mudo; as paredes são feitas de alvenaria, deixando o piso em

areia para a água aflorar. A área de amostragem se encontra sobre influência humana por

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ser utilizada para recreação. Além disso, a cerca de 50m a 100m, em nível

topograficamente superior, há habitações e criações de animais. Apesar de o solo no fundo

dessa piscina se mostrar arenoso, nas proximidades se mostra areno-argiloso, mais

característico de áreas alagadiças. Quanto à vegetação, se mostra rasteira gramínea, de

áreas alagadas, com algumas árvores frutíferas.

2.3.5 Ponto M49

O local de amostragem pode ser acessado pela RN-064 sentido Sudoeste, partindo

da cidade de Ceará Mirim. É um local no alto curso do Rio Guajiru, próximo a região de

nascente. Devido a estar em uma depressão topográfica provavelmente se trata de

afloramento do aquífero aluvionar. A cerca de 150m de distância da lagoa existem

habitações de um assentamento rural, e plantação de hortaliças, com prática de agricultura

familiar por parte da comunidade. A vegetação é relativamente escassa predominando

gramíneas, sendo a área utilizada como pasto. Geologicamente, a área está inserida dentro

do contexto de coberturas aluvionares. O solo é arenoso de coloração esbranquiçada, com

pouca matéria orgânica. Próximo a lagoa principal existe um “olheiro”, a cerca de 200

metros. O local do olheiro foi escavado, com o objetivo de atingir o nível freático (Figura

7).

(A)

(B) Figura 7 - Área de coleta da amostra M49. Afloramento natural do lençol freático (A). Região mostrando vegetação

escassa, sendo utilizado como pasto; o solo é arenoso composto essencialmente por quartzo (B). No canto esquerdo da

figura (B) se veem árvores onde encontra-se um olheiro de água (ver seta).

2.3.6 Ponto M36

O acesso a este ponto é feito a partir de Natal, pela BR-406, tomando em seguida

a estrada da comunidade de Maçaranduba no sentido Serrinha, pela RN-311. Trata-se de

uma lagoa perene no centro da comunidade de Serrinha, com ocupação humana em seu

entorno. À cerca de 400m a sudeste, encontra-se área de lavra para produção de brita e

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pedras de cantaria (pedreiras). Pontos mais próximos de habitação não passam de 30m de

distância das margens da lagoa. A lagoa é um afloramento natural do aquífero, que nessa

porção da bacia, deve ser um misto de aquífero Intersticial e aquífero Cristalino (fissural).

É bastante utilizada pela população para fins recreativos. Geologicamente, o ponto está

inserido dentro do contexto da Suíte Intrusiva Dona Inês, composta por granitos alcalinos

equigranulares. O solo se mostra arenoso com predominância de grãos de quartzo. A

vegetação é escassa no entorno, sendo de gramíneas e árvores frutíferas (Figura 8).

(A) (B)

(C) (D) Figura 8 - Área de coleta da amostra M36. Trata-se de uma lagoa perene de médio porte, gerada por afloramento do

lençol freático (A-B). Na porção SE da lagoa é possível observar a existência de atividade de mineração na forma de

pedreiras de brita (B). Há ocupação humana no entorno da lagoa, como bares e casas (C), sendo a mesma usada também

para fins recreativos (D).

2.3.7 Ponto M42

O ponto pode ser acessado pela RN-311, seguindo pela mesma estrada que dá

acesso a Serrinha. O acúmulo de água se dá por um barramento próximo ao curso do Rio

Guajiru. Deve haver influência do aquífero intersticial no acúmulo de água, como é

comum nessa bacia. O solo é predominantemente arenoso de coloração bege. Ocorre

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vegetação arbustiva e arbórea expressiva no entorno desse ponto. Em um dos dias de

campo se observou um grupo de pessoas coletando água em recipientes plásticos. A 150m

de distância há residências, além de um assentamento do Movimento dos Trabalhadores

Rurais Sem Terra (MST) nas proximidades (Figura 9).

(A) (B) Figura 9 - Área de coleta da amostra M42. Trata-se de um barramento de médio porte, gerado por represamento (A-B). É possível

observar o aspecto da vegetação arbustiva e arbórea presente no entorno do corpo d’água amostrado.

2.3.8 Ponto M35

O Ponto se encontra dentro de propriedade privada às margens do Rio Guajiru, na

comunidade de Maçaranduba; o acesso pode ser feito pela BR-406 sentido Noroeste,

entrando pela RN-311 sentido Oeste, seguindo em direção a comunidade Serrinha. Trata-

se de um afloramento natural do aquífero Barreiras em encosta de elevação composta por

material coluvial. Geologicamente, está inserido dentro do contexto do Grupo Barreiras.

A vegetação, é arbórea e de gramíneas. A área é utilizada como pasto para animais de

pequeno porte. O solo se mostra areno-argiloso com alguma matéria orgânica presente.

A cerca de 200m do ponto de coleta se encontram habitações, em nível topograficamente

mais elevado. O local é utilizado para fins recreativos; a nascente foi aprofundada com

máquina escavadeira, com o objetivo de aumentar a vazão no local; o efeito observado

foi o comprometimento da nascente.

3. METODOLOGIA GERAL

3.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Na parte inicial da pesquisa foi feita uma compilação dos trabalhos escritos e os

relatos cartográficos produzidos para área em tela, visando obter informações da geologia

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da bacia hidrográfica, bem como das características físico-químicas de águas superficiais

e subterrâneas.

Para tanto, se recorreu a imagens de satélite, fotografias aéreas ou imagens de

radar para melhor reconhecimento do substrato.

3.2. AMOSTRAGEM E PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS

Atividades de reconhecimento em campo foram desenvolvidas pela equipe no ano

de 2016 com o objetivo de localizar os limites da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, bem

como pontos de acúmulo de água superficial, ou nascentes dos rios que compõe a bacia.

Essa atividade permitiu a aquisição de 67 pontos em GPS.

Após as atividades de reconhecimento em campo, foi definido escolher na bacia

oito pontos de coleta de amostras de água e sedimentos, dentro dos 67 disponíveis; quatro

no Rio do Mudo e quatro no Rio Guajiru, no médio a alto curso da bacia. Esses pontos

foram escolhidos em função dos poucos estudos encontrados na bibliografia sobre o alto e

médio das sub-bacias, sendo que essa região também contribui com o abastecimento das

populações locais para algumas atividades. Outro motivo é a facilidade de locomoção

dentro da área da pesquisa, pela proximidade dos pontos com vias de acesso, facilitando o

retorno ao laboratório destino das amostras e encurtando o tempo de campo e retorno, para

evitar a deterioração das amostras.

Em julho e agosto de 2016 (final do período chuvoso) foram coletados de

reservatórios naturais ao longo da bacia hidrográfica do Rio Doce, água e sedimentos para

ensaios físico-químicos, análises químicas e granulométricas.

As oito amostras de água coletadas no Rio Guajiru e no Rio do Mudo foram

encaminhadas para análises físico-químicas. Foi utilizada metodologia da Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e da Agência Nacional de Águas (ANA,

2011). Não se utilizou a coleta de amostras duplicatas.

As amostras de água foram coletadas em garrafas limpas de dois litros. Elas foram

armazenadas em recipientes plásticos, previamente esterilizados, constituídos de

Politereftalato de etileno (PET) e ou Polipropileno (PP). O transporte das amostras foi feito

em caixas isotérmicas refrigeradas, exceto as alíquotas coletadas para análise de oxigênio

dissolvido. As amostras de água foram imediatamente levadas a Empresa de Pesquisa

Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN). As amostras de sedimentos dos

mesmos pontos onde houve amostragem de água foram encaminhadas para o laboratório

de Geoquímica do Departamento de Geologia da UFRN.

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No procedimento de coleta primeiramente é feita a ambientação do recipiente da

amostra, que consiste em lavá-lo com a água do local, sendo essa descartada fora da área

de coleta. Após a ambientação as garrafas são submersas totalmente até serem preenchidas

por água. As amostragens de água precedem a coleta de sedimentos, para não aumentar os

sedimentos em suspensão (Figura 10). Para análise de Oxigênio Dissolvido (O.D.) foram

coletadas amostras, uma para cada ponto de amostragem, utilizando frascos de vidro de

boca estreita com rolha de vidro esmerilhada. O método utilizado foi o de Winkler. Os

frascos são ambientados semelhantemente as garrafas plásticas, e submersos até serem

totalmente preenchidos, de forma a não formar bolhas dentro da garrafa de coleta. O

procedimento adotado para preservação dessas amostras é o de adicionar cerca de 2 a 3 ml

de sulfato manganoso seguido por 2 a 3 ml de azida sódica sem necessidade de refrigeração

após o procedimento. As amostras devem ser fechadas o mais rápido possível para evitar

aeração.

Para as características físico-químicas as amostras de água foram encaminhadas

ao Laboratório de Análise de Solo, Água e Planta da Empresa de Pesquisa Agropecuária

do Rio Grande do Norte (EMPARN). Foi aplicada a metodologia de análises baseadas na

Standand Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th ed. 1998.

Quanto aos sedimentos, os mesmos foram coletados em potes plásticos de cerca

de um quilograma de capacidade, sendo acondicionados sem necessidade de resfriamento.

Nessa coleta primeiramente se retira a camada superficial dos sedimentos, caso haja

excesso de matéria orgânica. Como as análises podem visar identificar a presença de

elementos metálicos, a coleta é efetuada com ajuda de pás plásticas para não contaminar a

amostra (Figura 10).

(A) (B)

Figura 10 – Procedimento de coleta das amostras de água e sedimento. Em A imersão das garrafas PET para coleta de água

após ambientação. Em B coleta de sedimentos de fundo em potes plásticos de cerca de um quilograma de capacidade.

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O sedimento encaminhado ao Laboratório de Geoquímica da UFRN foi

distribuído em bandejas de vidro e levado a estufa, onde é aquecido a 100ºC durante 24

horas. Após este processo de secagem, a amostra é destorroada, triada (para remoção de

fragmentos indesejados), quarteada, e separada em oito alíquotas de 30g por amostra para

posteriormente serem feitas análises granulométricas, de teor de carbonato (CaCO3), teor

de matéria orgânica, análises químicas de elementos maiores, menores e traços (Quadro

1 - A a D).

O teor de CaCO3 é obtido a partir de ataque com ácido acético (CH3COOH) a 4%

em 10g de sedimento (Quadro 1 - E e F). No final do procedimento a massa perdida

corresponde ao carbonato digerido pelo ácido (Hermann, 1975).

Para determinação do teor de matéria orgânica (M.O.), 10g de amostras são postos

em cadinhos de cerâmica e levados a mufla por 5 horas a 600ºC. O valor perdido após

este evento é a quantidade de matéria orgânica que foi incinerada, deixando apenas os

minerais presentes no sedimento (Quadro 1 G e H).

A caracterização granulométrica consiste no peneiramento de 30g das amostras

de sedimento, em agitador automático durante 15 minutos. Foram utilizadas peneiras de

aço inoxidável com malhas de >9#, >28#, >48#, >250# e <250# (Escala Tyler), dividindo

o sedimento respectivamente em cascalho e areia grossa, areia média e fina, areia muito

fina e silte e argila. O peso retido em cada peneira é aferido e a fração granulométrica que

tiver a maior massa indica a predominância granulométrica do sedimento (Quadro 1 G).

Os Elementos maiores e menores foram analisados utilizando espectrometria de

fluorescência de raios X em amostra total, em laboratório comercial (Centro de

Caracterização Minerais e Materiais – FRX Service LTDA). O enxofre foi analisado por

infravermelho. Carbonato, matéria orgânica e perda ao fogo foram analisados por

gravimetria. Fe, Mn, Zn, Cu, Pb, Ni, Cr e Cd foram analisados em solução (HCl 0,5N +

H2SO4 0,025N) por espectrofotometria de absorção atômica de chama (EAA) no

Laboratório de Análises de Solo, Água e Planta da Empresa de Pesquisa Agropecuária do

RN (EMPARN).

Para classificação e comparação dos distintos grupos de amostras quanto aos íons

dominantes foram feitos diagramas hidroquímicos de Piper, Stiff e Radiais, com auxílio

do software Qualigraf, (FUNCEME, 2017). O mesmo software foi utilizado para

classificação das águas quanto a salinidade, com base na quantidade de Sólidos Totais

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Dissolvidos (STD), regida pela Resolução 357/2005 do CONAMA.

Quadro 1 – Imagens das diversas etapas da metodologia para preparação e análise dos sedimentos. (A) esquerda -

sedimento sobre a bancada no laboratório, acondicionado em potes plásticos. (A) direita - sedimento em travessa de

vidro para serem levado à estufa (B) para remoção da umidade. (C) fase de quarteamento das amostras para

separação em alíquotas de cerca de 30 g (D) para as posteriores análises. (E) béqueres com sedimentos e ácido

acético para análise de teor de carbonato. (F) procedimento de filtragem. (G) esquerda - conjunto de peneiras e

agitador utilizados para análise granulométrica. (G) direita - mufla com os cadinhos para análise dos teores de

matéria orgânica. (H) detalhe do aspecto dos cadinhos dentro da mufla.

(A) (B)

(C)

(D)

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34

(E) (F)

(G)

(H)

3.3. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS RESULTADOS

3.3.1 Balanço iônico

Segundo Cajazeiras (2007) o primeiro passo para a análise química é a realização

do balanço iônico, onde se verifica o erro analítico admissível para cada amostra. Numa

análise hidroquímica completa e correta, a soma dos cátions deve ser aproximadamente

igual à soma dos ânions para uma mesma amostra. Segundo Fenzl (1986) os valores acima

do erro permitido podem indicar:

• Erro analítico ou de cálculo (erros acumulados em cada uma das determinações

individuais);

• A presença de íons menores (já que só são analisados os íons maiores) ou águas

pouco mineralizadas, tais como águas de chuvas, etc.

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O balanço iônico realizado pelo software Qualigraf realiza o cálculo do erro

prático (Ep%) por duas técnicas. Uma considerando os valores da Condutividade Elétrica

da água (C.E.), definido por Custódio e Llamas (1983), e outra levando em consideração

os valores dos somatórios dos cátions ou ânions, definido por Logan (1965). A Tabela 2

e a Tabela 3 indicam os intervalos assumidos para os erros práticos baseados no somatório

dos cátions ou ânions e na condutividade elétrica, respectivamente. A última coluna da

tabela de resultados fornecida pelo programa Qualigraf indica se há ou não problemas em

relação a amostra. O atendimento, ou não, dos coeficientes aos limites propostos, não

necessariamente invalida os resultados da análise. Outros elementos (elementos menores)

não computados na estimativa dos coeficientes podem interferir no resultado, assim como

os procedimentos laboratoriais empregados (análise química) podem mascarar esta

relação.

Tabela 2 - Intervalos propostos pelo software Qualigraf para análise do erro prático baseado no somatório

de cátions ou ânions. Ep faz referência ao Erro Prático permitido, em percentagem.

Σ Cátions

ou Ânions Σ < 1 1 ≥ Σ < 2 2 ≥ Σ < 6 6 ≥ Σ < 10 10 ≥ Σ < 30 30 > 30

Ep (%) 15 10 6 4 3 2 1

Tabela 3 - Intervalos propostos pelo software Qualigraf para análise do erro prático baseado na

condutividade elétrica. Ep faz referência ao Erro Prático permitido, em percentagem, e CE faz referência

a condutividade elétrica.

C.E µS/cm 50 ≥ CE < 200 200 ≥ CE < 500 500 ≥ CE < 2000 2.000 > 2.000

Ep (%) 30 10 8 4 < 4

3.3.2 Razão STD medido/STD calculado

Semelhante ao balanço iônico o STD pode ser utilizado para aferir a acuracidade

(exatidão) das análises. Recomendações da APHA et. al. (1998) estabelecem que a

concentração medida dos STD deve ser maior que a calculada porque um parâmetro que

contribua significativamente pode não ter sido incluído no cálculo. Se o valor medido for

menor que o calculado, o somatório dos íons maiores e o valor medido são suspeitos de

erros e a amostra deve ser reanalisada. Se a concentração medida dos sólidos for cerca de

20% maior que a calculada, a soma dos íons menores é suspeita e os constituintes

selecionados devem ser reanalisados. Uma razão aceitável é: 1 < STD medido/STD

calculado < 1,2.

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3.4 SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS (STD)

Esse parâmetro de análise está ligado ao peso total dos constituintes minerais

presentes na água, por unidade de volume. Sendo assim representa a concentração de todo

material dissolvido na água, seja ou não volátil.

Existem regulamentações nacionais, como por exemplo a Resolução do Conselho

Nacional do Meio Ambiente 357/2005 (CONAMA - Tabela 4), que se utilizam da

quantidade de sólidos totais dissolvidos na água para fazer uma classificação em termos

de serem doces, salobras ou salgadas, auxiliando assim em possíveis usos para as mesmas.

Tabela 4 – Intervalos propostos pelo Qualigraf para classificação de águas

quanto salinidade utilizando o conteúdo de sólidos totais dissolvidos e a

Resolução CONAMA 357/2005.

Tipo de Águas STD (mg/L)

Doce 0 – 500

Salobra 500 – 1500

Salgada > 1500

Na maioria das águas subterrâneas naturais, a C.E. da água, multiplicada por um

fator que varia entre 0.55 e 0.75, gera uma boa estimativa de STD (FEITOSA, 2008). No

software Qualigraf o valor para esse fator é um valor médio (0,65), que é considerado

bom principalmente para a região nordeste, de clima quente.

Entretanto, os valores de STD foram obtidos de forma analítica nos laboratórios

da EMPARN. O programa Qualigraf permite a introdução desses valores nas análises

para uma classificação mais precisa quanto aos STD, o que foi feito no presente estudo.

3.5 RAZÃO IÔNICA

O uso da razão iônica é importante na classificação e interpretação

hidrogeoquímica das águas. Os íons dissolvidos na água podem guardar uma relação

genética com o terreno por onde essa percolou, ou percola. A química da água reflete a

química do meio atravessado pela mesma. Estas relações são frequentemente designadas

como índices, em que todos os valores são expressos em meq/l, sendo indicado por “r”

(Tabela 5) (Adaptado de Hem, 1985).

Tabela 5 - Principais razões iônicas e seus respectivos significados.

Razão Iônica Variações Teóricas Significado

rMg+2/rCa+2

0,25-0,33 - Água de circulação em rocha de

composição granítica

0,33-1,5 - Águas continentais

>0,9 - Contato com água do mar ou fluxo

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37

através de rocha básica; possível

influência de terrenos dolomíticos

>1 - Relação com litotipos ricos em

silicatos magnesianos

±5 - Água do mar

rCa+2/rMg+2

Ca/(HCO3 + SO4) >1

- Indicação de intrusão marinha

rK+/rNa+

0,02-0,025

0,09-0,6

- Água do mar

- Água de circulação em rocha

granítica

0,004-0,28 - Água doce

< 0,0876 - Água do mar

- Substituição de Na+ por Ca+ e Mg+2

- Precipitação de sais de Na+

- Fluxo através de rochas cristalinas ou

vulcânicas

rNa+/rCl- <0,7

>0,7

rCl-/rHCO3

0,5

0,1-0,5

20-50

- Fluxo normal para rochas cristalinas

- Águas continentais

- Água do mar

Fonte: Adaptado de Hem, 1985.

3.6 DIAGRAMAS HIDROQUÍMICOS

A análise e avaliação de dados hidroquímicos pode ser realizada por meio de

variadas técnicas existentes, que variam em função dos objetivos do estudo.

Os métodos gráficos escolhidos para verificar a relação, em termos químicos,

entre a química de minerais e rochas, influência humana nos recursos hídricos e as

características químicas das águas amostradas, incluíram diferentes diagramas de

concentrações de íons. Estas análises foram feitas com o auxílio do software grátis

Qualigraf, concebido para dar apoio na parte gráfica das análises mais usuais de qualidade

da água. Desenvolvido em 2001 como ferramenta de uso interno no Departamento de

Recursos Hídricos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos

(FUNCEME), acabou por receber uma interface mais amigável e foi posto à disposição

do público em 2002, através do site da instituição. Em 2014, o programa foi atualizado,

mantendo a simplicidade do original, mas ampliando o leque de opções das análises

gráficas; hoje pode ser descarregado gratuitamente pelo site da instituição (FUNCEME,

2017).

Os métodos gráficos são ferramentas importantes para o entendimento do padrão

hidroquímico das águas, sua relação com a litologia do aquífero e os processos

hidroquímicos envolvidos na sua formação (GASTMANS, et al. 2005).

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3.6.1 Diagramas de Piper

O diagrama de Piper é um diagrama hidroquímico utilizado, frequentemente,

quando se trabalha com grande número de análises químicas de água, servindo para

classificar e comparar os distintos grupos de águas quanto aos íons dominantes em

cálcica, cloretada, bicarbonatada, sódica, magnesiana, sulfatada ou mista (Santos, 2000).

Diagramas trilineares, como o diagrama de Piper apresentam graficamente as

concentrações em porcentagem para cada íon analisado, em diagramas triangulares,

constituindo-se numa das mais utilizadas representações gráficas para a classificação de

um conjunto de dados hidroquímicos (Custódio e Llamas, 1983)

No diagrama de Piper cada vértice dos triângulos inferiores representa 100% da

concentração de determinado cátion ou ânion. As percentagens de cada elemento são

plotadas nos triângulos inferiores, gerando um ponto. O prolongamento das retas

paralelas as faces dos triângulos inferiores geram uma intersecção no losango superior,

fornecendo a classificação hidroquímica da amostra em estudo (GASTMANS et. al.,

2005).

3.6.2 Diagrama de Stiff

Esse tipo de diagrama apresenta, de maneira distintiva, as principais

características hidroquímicas de uma amostra. Para a sua elaboração são utilizados quatro

eixos horizontais paralelos, que se estendem nas duas direções a partir de um eixo central

vertical. Esses eixos horizontais representam as concentrações iônicas.

São plotadas a esquerda e a direta do eixo central vertical as concentrações, em

miliequivalentes (meq), de cátions e ânions, respectivamente. Os pontos são unidos

gerando um polígono irregular que vai representar a amostra analisada.

Os resultados nos diagramas de Stiff são evidenciados através da formação de

figuras geométricas, sendo que a similaridade destas aponta para agrupamentos de

amostras segundo suas características químicas.

3.6.3 Diagramas Radiais

Semelhantes aos diagramas de Stiff, os diagramas radiais são figuras geométricas

que relacionam os teores dos principais íons de uma amostra de água. Esses diagramas

podem se apresentar bastante úteis para identificar águas com padrões semelhantes na

distribuição dos seus elementos, mostrando possibilidade de agrupamentos das amostras;

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exibem tendências de comportamento das águas, por análise gráfica dos resultados. As

concentrações de cátions e ânions para cada amostra são dadas e plotadas em % de meq/L.

São geradas figuras hexagonais representativas de cada amostra.

Diagramas gerados por amostras (como Piper ou Stiff) podem ser inseridos em

mapa, permitindo observar a existência ou não de um “trend” (tendência) na região de

estudo.

A seguir são apresentados os capítulos que foram originados a partir da aplicação

da metodologia supracitada nesse tópico.

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40

CAPÍTULO 1 – Caracterização hidroquímica de águas superficiais em

pontos do alto e médio cursos dos rios Guajiru e do Mudo, Bacia

Hidrográfica do rio Doce/RN.

Hydro chemical characterization of surface waters at points of the

upper and middle courses of the Guajiru and Mudo rivers, rio Doce

watershed/RN

Micael Batista Damasceno1, Raquel Franco Souza1,2, José Braz Diniz Filho2 & Vera

Lúcia Lopes de Castro3

ESTE ARTIGO FOI SUBMETIDO AO PERIÓDICO PESQUISAS EM GEOCIÊNCIAS E,

PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE ACORDO COM AS RECOMENDAÇÕES DESTA REVISTA

(VIDE HTTP://WWW.UFRGS.BR/IGEO/PESQUISAS/I.HTML)

(1) Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal

do Rio Grande do Norte. Campus Universitário Central, Lagoa Nova, CEP 59078-900, Natal,

Brasil. E-mail: [email protected].

(2) Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Campus

Universitário, rua das Engenharias, s/n, Lagoa Nova, CEP 59078-970, Natal, Brasil. E-mail:

[email protected] e [email protected].

(3) Escola de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Campus

Universitário, s/n, Lagoa Nova, CEP 59078-970, Natal, Brasil. E-mail: [email protected].

Resumo. A Bacia Hidrográfica do rio Doce contém os tributários rio do Mudo e rio

Guajiru, que formam o rio Doce. É uma das principais bacias do Litoral Oriental do

Estado do Rio Grande do Norte, tendo em vista ser responsável pela implantação da

lagoa de Extremoz, a qual abastece parte da região metropolitana de Natal, RN. A

bacia vem sofrendo ao longo dos anos intensa pressão por parte da ocupação humana

e industrialização na região. Parte da região das nascentes compõe-se por rochas do

embasamento Pré-cambriano (e.g. granitos e gnaisses graníticos), predominando no

restante rochas sedimentares da Formação Barreiras e materiais Quaternários. Foram

estabelecidos oito pontos de amostragens no alto e médio curso das sub-bacias do

rio do Mudo e rio Guajiru, onde coletou-se água entre julho e agosto de 2016, com

o objetivo de classificar hidroquimicamente as mesmas e correlacionar suas

características com os aspectos litológicos. Para tanto se utilizou o software

Qualigraf. O diagrama de Piper classificou as amostras predominantemente como

cloretadas sódicas. Os diagramas de Stiff e Radiais mostram agrupamentos das

amostras, tendo relacionamento genético com as regiões de nascente. A partir dos

STDs as amostras foram classificadas predominantemente como salgadas e salobras.

As razões iônicas caracterizaram águas associadas a rochas cristalinas gnáissicas e

graníticas. Os diagramas de Gibbs mostraram a influência do processo de

evaporação/cristalização na química das águas. Em geral, portanto, as águas

estudadas (salgadas/salobras) nessa porção das nascentes demonstram ser

quimicamente muito distintas das águas superficiais do médio e baixo curso da bacia

hidrográfica, nos quais se tem águas doces/potáveis (usadas inclusive para consumo

humano), em função da perenização dos rios/vales efluentes com águas doces do

aquífero Barreiras.

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41

Palavras-chave.: Diagramas Hidroquímicos; Razões Iônicas; Qualidade de Água

Abstract. The Doce river watershed contains the tributaries do Mudo River and

Guajiru River, that form the Doce River. It is one of the major basins of the Eastern

Coast of the Rio Grande do Norte State, as it is responsible for the implementation

of Extremoz Lagoon, which in turn supplies part of the metropolitan region of

Natal/RN. The watershed has suffered over the years intense pressure from the

human occupation and industrialization in the region. Part of the area of the springs

is composed by rocks of the pre-Cambrian basement (e.g. granites and granitic

gneisses), being predominat in the remaining area the sedimentary rocks of the

Barreiras Formation and Quaternary materials. Eight sampling points were set up in

the upper and middle courses of the Mudo and Guajiru river sub-basins, where water

was collected between July and August 2016, in order to classify them

hydrochemically and to correlate their characteristics with the lithological aspects.

Qualigraf software was used for this purpose. The Piper diagram classified the

samples predominantly as sodium chlorine type. The Stiff and Radial diagrams show

groupings of the samples, having genetic relationship with the nascent regions. From

the TDSs the samples were classified predominantly as salted and brackish. Ionic

ratios characterized waters associated with crystalline gneissic and granitic rocks.

The Gibbs diagrams showed the influence of the evaporation / crystallization process

on the water chemistry. In general, therefore, the studied waters (salty / brackish) in

this part of the springs show to be chemically very different from the surface waters

of the middle and lower course of the river basin, where there are fresh / potable

waters (used for human consumption) due to the perpetuation of the effluent rivers /

valleys with fresh waters of the Barreiras aquifer.

Keywords.: Hydro chemical diagrams; Ionic Reasons; Water Quality.

1 Introdução

As Bacias hidrográficas integram o conjunto de superfícies delimitadas por

divisores topográficos e são constituídas por canais e tributários, que drenam a

pluviosidade, os sedimentos e as substâncias dissolvidas para um canal principal, cuja

vazão converge numa saída única, o exutório (Lima, 1976). Elas compõem um sistema

natural aberto, sujeito às ações das condições naturais e antrópicas (Cunha e Guerra,

2012).

A atividade humana nas proximidades de lagos e rios têm influência direta nas

características físico-químicas das águas. A poluição dos rios, o lançamento de efluentes

gerados pelas diversas atividades humanas, bem como interferências no fluxo de água nas

bacias hidrográficas podem alterar drasticamente a composição química e o ecossistema

de um meio natural.

Levando em consideração a origem dos elementos químicos dissolvidos nas águas

naturais, Hem (1986) observou que uma grande fonte de íons dissolvidos na água é a

assembleia mineral das rochas próximas a superfície. A composição das rochas, a pureza

e tamanho dos cristais minerais, a textura e porosidade da rocha, a estrutura regional, o

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grau de fissuramento, o tempo de exposição e outros fatores devem influenciar a

composição da água que passa sobre e através da rocha.

A Bacia Hidrográfica do rio Doce é uma das principais bacias do Litoral Oriental

do estado do Rio Grande do Norte, ocupando uma área de aproximadamente 387 Km2.

Os afluentes que lhe dão origem são o rio Guajiru, rio do Mudo, Lagoa de Extremoz e o

rio Doce (SERHID, 2006). Sendo a lagoa um manancial de água doce, sua conservação

é estratégica para o abastecimento da região metropolitana de Natal.

Faustino et al. (2014) relatam que a Bacia Hidrográfica do rio Doce vem

enfrentando, nos últimos 40 anos, modificações ambientais significativas, resultantes do

desmatamento e da rápida ocupação humana. Há demanda hídrica para abastecimento

doméstico e industrial, problemas de erosão dos solos, e de poluição da água por rejeitos

industriais.

Diversos autores (e.g. Oliveira, 2006; Soares, 2006; Paiva, 2012; Azevedo Filho,

2012 e Nobrega et al., 2017) apontam em seus estudos para a necessidade de observação

da qualidade da água dessa bacia, que se apresenta precária em algumas porções, tendo

contaminação de metais traço e diminuição na qualidade das águas. A salinidade

encontrada em alguns pontos pode ser alta. Costa et al. (2006) argumentam que a

salinidade no ambiente cristalino granito-gnáissico tende a diminuir do Agreste (área em

estudo) para a região Serrana do estado.

Diversos autores estudando corpos hídricos superficiais e águas subterrâneas do

Nordeste do Brasil (e.g. Leprun, 1983; Silva Júnior et al., 1999; Silva et al., 2003; Lucena

et al., 2004; Medeiros, 2004; Melo et al., 2005; Pereira et al., 2006 e Stein, 2013), e

também autores que estudaram áreas áridas à semiáridas em outros países (e.g.

Shanyengana et al., 2004 e Jiang et al., 2015), relacionam a questão da alta salinidade em

aquíferos e reservatórios hídricos à influência do clima, rochas e processos controladores

da química, como evaporação.

Este trabalho teve por objetivo caracterizar os aspectos hidroquímicos das águas

superficiais do setor ocidental ou nascentes da bacia hidrográfica, e estimar a provável

relação da litologia e/ou dos sedimentos superficiais com os parâmetros físicos e químicos

da água. Os objetivos específicos foram o de classificar hidroquimicamente os corpos

d’água, com base em diagramas de Piper, Stiff e Radiais, além de caracterizar a salinidade

das amostras e suas possíveis origens, com base nos Sólidos Totais Dissolvidos, Razões

Iônicas e Diagrama de Gibbs.

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43

2 Área, materiais e métodos

2.1 Localização da área

Atividades prospectivas/reconhecimento em campo foram feitas anteriormente à

fase de coleta de amostras, com o objetivo de delimitar a área de estudo. Nela foram

reconhecidas de forma geral aspectos da geologia, geomorfologia, solos e vegetação.

Dentro dessa bacia foi delimitada uma área ocupando porções do médio e alto

curso das sub-bacias do rio Guajiru e rio do Mudo. Esta área localiza-se entre as

coordenadas UTM Zona 25S 212528m e 239734m Leste; 9360645m e 9376500m Norte

(Fig. 1).

Foram definidos na área de pesquisa oito pontos de coleta de amostras de água,

sendo quatro no rio do Mudo e quatro no rio Guajiru, no médio a alto curso da bacia (Fig.

1). Esses pontos foram escolhidos em função da carência de estudos encontrados na

bibliografia sobre águas superficiais no alto e médio curso das sub-bacias, e pelo fato de

alguns mananciais serem utilizados pelas populações locais para algumas atividades.

Considerou-se também a facilidade de locomoção dentro da área da pesquisa, pela

proximidade dos pontos com vias de acesso.

De fato, no baixo curso a lagoa de Extremoz e o rio Doce são perenizados por

ressurgência de águas subterrâneas do aquífero Barreiras. Neste domínio os registros

hidroquímicos indicam baixa salinidade média, e águas de caráter doce e potável,

conforme estudos da ANA (2012) e CASTRO (2000).

Quatro dos pontos estão na sub-bacia do rio do Mudo, sendo o M17, M18, M22 e

M32; quatro estão na sub-bacia do rio Guajiru, sendo o M35, M36, M42 e M49 (Fig. 1).

As coordenadas de cada ponto foram adquiridas com GPS do modelo eTrex® 10, marca

Garmin, utilizando o Datum SIRGAS 2000, UTM zona 25S.

O mapa de localização (Fig. 1), juntamente com o esboço geológico da área, foi

elaborado a partir da junção das cartas geológicas folhas Natal e João Câmara (CPRM,

2012 e 2013); as legendas de cores e símbolos foram adaptadas para atender a

representação do presente artigo. Para a delimitação da bacia hidrográfica em estudo, bem

como as drenagens nela contidas, foi utilizado o proposto por Costa et al. (2016), que

trata de uma atualização dessas feições.

No sentido de montante para jusante na sub-bacia do Mudo, o ponto M32

encontra-se em um barramento de córregos oriundos das nascentes, geologicamente sobre

a Suíte Dona Inês (rochas graníticas), e com o solo do entorno composto essencialmente

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de quartzo. Os pontos M17 e M18 estão no mesmo contexto geológico do M32, com solos

jovens, quartzosos, sem vegetação expressiva. O M22 difere dos pontos citados por ser

água do aquífero, aflorante devido à abertura de uma piscina, numa área com influência

antrópica de casas de granjas próximas. Geologicamente está sobre coberturas

sedimentares (rochas da Formação Barreiras).

Na sub-bacia do rio Guajiru o ponto M49 é uma pequena lagoa, com solo arenoso

e pouca matéria orgânica, inserido geologicamente nas coberturas aluvionares. O M36 é

uma lagoa perene no centro da comunidade de Serrinha, São Gonçalo do Amarante,

comunidade essa produtora de brita e pedras de cantaria. Geologicamente está sobre a

Suíte Dona Inês (rochas graníticas), com solo arenoso e quartzoso. O M42 está localizado

a montante de um barramento de um dos córregos da respectiva sub-bacia. Geologicamente

está sobre o contexto de depósitos aluvionares. O M35 está em propriedade privada na

comunidade de Maçaranduba, São Gonçalo do Amarante. Trata-se de um olheiro em

material coluvial do aquífero Barreiras, com solo areno-argiloso e pouca matéria

orgânica.

Alguns representam acumulações superficiais de água (M17, M18 e M32) no

momento no qual foi realizada a coleta; outros são afloramentos naturais (M35) ou

artificiais (M22) dos aquíferos que compõem o substrato da bacia; os pontos, M36, M42

e M49 se apresentam no domínio do aquífero Barreiras, sendo associados à

contribuição/ressurgência subterrânea deste aquífero.

Figura 1 - Localização da área de estudo na bacia hidrográfica do rio Doce juntamente

com pontos amostrados nesse trabalho e o respectivo contexto geológico da bacia.

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Fonte: Adaptado das Cartas Geológicas de Natal e João Câmara (CPRM, 2012 e 2013).

Figure 1 - Location of the catchment area of the Doce river and sampling points in this

work and the respective geological context of the basin.

Source: Adapted from the Geological Charts of Natal and João Câmara (CPRM, 2012

and 2013).

2.2 Materiais

Entre julho e agosto de 2016, foram coletadas nos pontos descritos, amostras de

água para ensaios físico-químicos e análises químicas, seguindo metodologia da

Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e da Agência Nacional de

Águas (CETESB, 2011).

As amostras de água foram coletadas em garrafas de Politereftalato de Etileno

(PET) de dois litros, previamente esterilizadas. O transporte das amostras foi feito em

caixas isotérmicas refrigeradas. As amostras de água foram imediatamente levadas ao

Laboratório de Análise de Solo, Água e Planta da Empresa de Pesquisa Agropecuária do

Rio Grande do Norte (EMPARN), sendo aplicada a metodologia de análises baseadas na

Standand Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th ed. 1998 (APHA,

1998).

2.3 Métodos

Para classificação e comparação dos distintos grupos de amostras quanto aos íons

dominantes foram feitos diagramas hidroquímicos de Piper, Stiff e Radiais, com auxílio

do software Qualigraf, (FUNCEME, 2017). O mesmo software foi utilizado para

classificação das águas quanto a salinidade, com base na quantidade de Sólidos Totais

Dissolvidos (STD), regida pela Resolução 357/2005 do CONAMA.

Os diagramas hidroquímicos são ferramentas importantes para o entendimento do

padrão hidroquímico das águas, sua relação com a litologia do aquífero e os processos

hidrogeoquímicos envolvidos no referido padrão (GASTMANS et al., 2005).

Para avaliação de erros analíticos foi utilizado o Balanço Iônico, que segundo

Cajazeiras (2007) é o primeiro passo para avaliar a qualidade da análise química de uma

amostra. Numa análise hidroquímica completa e correta, a soma dos cátions deve ser

aproximadamente igual à soma dos ânions para uma mesma amostra.

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Segundo Fenzl (1986) os valores acima podem indicar: erro analítico ou de cálculo

(erros acumulados em cada uma das determinações individuais); presença de íons

menores (já que só são analisados os íons maiores) ou águas pouco mineralizadas, tais

como águas de chuvas, etc.

O Qualigraf realiza o cálculo do erro prático (Ep%) baseado no balanço iônico por

duas técnicas. Uma considera os valores da Condutividade Elétrica da água (C.E.)

(Custódio e Llamas, 1983); outra leva em consideração os valores dos somatórios dos

cátions ou ânions (Logan, 1965); os limites estão apresentados na Tabela 1. Abaixo dos

intervalos de somatório dos cátions ou ânions e da condutividade elétrica têm-se o erro

prático permitido.

Semelhante ao balanço iônico, o STD pode ser utilizado para aferir a acuracidade

(exatidão) das análises. Recomendações da APHA et al. (1998) estabelecem que a

concentração medida dos STD deve ser maior que a calculada porque um parâmetro que

contribua significativamente pode não ter sido incluído no cálculo. Se o valor medido for

menor que o calculado, o somatório dos íons maiores e o valor medido são suspeitos de

erros e a amostra deve ser reanalisada. Se a concentração medida dos sólidos for cerca de

20% maior que a calculada, a soma dos íons menores é suspeita e os constituintes

selecionados devem ser reanalisados. Uma razão aceitável é: 1 < STD medido/STD

calculado < 1,2.

Os STD também foram utilizados (com informações do Qualigraf) para avaliar a

salinidade das amostras de água, baseado na Resolução do Conselho Nacional de Meio

Ambiente 357/2005 (Tab. 1); o software utiliza a referida Resolução e as quantidade dos

STD nas amostras para qualificar as mesmas como doces, salobras ou salgadas,

estabelecendo limites próprios ao programa.

Tabela 1 - Limites para avaliação do balanço iônico pelas metodologias de Custódio e

Llamas (1983) e Logan (1965). Também, classificação das águas com base no conteúdo

de sólidos totais dissolvidos pela Resolução CONAMA 357/2005

Table 1 - Limits for evaluation of the ionic balance by the methodologies of Custódio and

Llamas (1983) and Logan (1965). Also, classification of waters based on the content of

total dissolved solids, according to CONAMA Resolution 357/2005

LOGAN, 1965

Σ Cátions ou Ânions Σ < 1 1 ≥ Σ < 2 2 ≥ Σ < 6 6 ≥ Σ < 10 10 ≥ Σ < 30 30 > 30

Ep% 15 10 6 4 3 2 1

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C.E. – Condutividade elétrica; STD – Sólidos Totais Dissolvidos; Ep% - erro prático permitido

Para sugerir possíveis ambientes de atuação das águas amostradas (interação água-

rocha) foi utilizada a razão iônica (Tab. 2). Os íons dissolvidos na água podem guardar

uma relação genética com o terreno por onde essa percolou, ou percola. A química da

água reflete a química do meio atravessado pela mesma. Estas relações são

frequentemente designadas como índices, em que todos os valores são expressos em

meq/L, sendo indicado por “r” (HEM, 1985).

Tabela 2 – Razões iônicas e seus valores teóricos e respectivos significados com relação

genética.

Table 2 - Ionic ratios and their theoretical values and respective meanings with genetic

relation.

Razão Iônica Variações Teóricas Significado

rMg+2/rCa+2

0,25-0,33 - Água de circulação em rocha de

composição granítica

0,33-1,5 - Águas continentais

>0,9

- Contato com água do mar ou fluxo através

de rocha básica; possível influência de

terrenos dolomíticos

>1 - Relação com litotipos ricos em silicatos

magnesianos

±5 - Água do mar

rCa+2/rMg+2 >1 - Indicação de intrusão marinha

rK+/rNa+

0,02-0,025

0,09-0,6

- Água do mar

- Água de circulação em rocha granítica

0,004-0,28 - Água doce

< 0,0876 - Água do mar

- Substituição de Na+ por Ca+ e Mg+2

- Precipitação de sais de Na+

- Fluxo através de rochas cristalinas ou

vulcânicas

rNa+/rCl- <0,7

>0,7

rCl-/rHCO3

0,5

0,1-0,5

20-50

- Fluxo normal para rochas cristalinas

- Águas continentais

- Água do mar

Fonte: Adaptado de Hem, 1986.

CUSTÓDIO E LLAMAS, 1983

C.E. (µS/cm) 50 ≥ CE < 200 200 ≥ CE < 500 500 ≥ CE < 2000 2.000 > 2.000

Ep% 30 10 8 4 < 4 CONAMA 357/2005

STD (mg/L) Doce Salobra Salgada

0 – 500 500 – 1500 > 1500

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3 Resultados

3.1 Balanço iônico

A Tabela 3 mostra o resultado do erro prático (%Ep) calculado usando o

Qualigraf, bem como as concentrações dos cátions e ânions em meq/L. A coluna B.I.1

(Balanço Iônico 1) mostra o erro prático para as amostras com base na condutividade

elétrica; B.I.2 (Balanço Iônico 2) mostra o erro prático para cada amostra calculado com

base no somatório dos cátions ou ânions.

A amostra M32 não se encaixou dentro do parâmetro da condutividade elétrica

(ver colunas B.I.1 e Obs.). A C.E. dessa amostra apresenta valor de 22.170 µS/cm, sendo

o erro permitido para C.E. maiores que 2000 µS/cm menor ou igual a 4%. O calculado

para a amostra foi de 4,85%. Isso não significa necessariamente que os resultados dessa

amostra estão invalidados, mas pode indicar outros elementos menores, não incluídos nos

cálculos, ou pode estar relacionado ao modo de análise empregado. Sendo a M32 a única

destoante, assumiu-se que o erro pode estar relacionado a procedimentos de amostragem

e/ou laboratoriais, ou ainda à presença de elementos menores não computados.

Seja baseado no método considerando os valores de C.E., ou os valores dos

somatórios dos cátions ou ânions, a maioria das amostras mostraram seus padrões de erro

analítico normais, atendendo as especificações do Qualigraf.

Tabela 3 – Resultados para os erros práticos baseados no somatório dos cátions ou ânions

e na condutividade elétrica (CE) obtidos através do software Qualigraf. A amostra M32

apresentou infração aos critérios estabelecidos para o balanço iônico.

Table 3 - Results for the practical errors based on the sum of the cations or anions and

the electrical conductivity (CE) obtained through Qualigraf software. Sample M32 was

in violation of the established criteria for the ionic balance.

Amostra Na + K

(meq/L)

Ca

(meq/L)

Mg

(meq/L)

Cl

(meq/L)

CO3 +

HCO3

(meq/L)

SO4

(meq/L)

CE

µS/cm

Σ

Cátions

(meq/L)

Σ

Ânions

(meq/L)

B.I.1

%Ep

B.I.2

%Ep Obs.

M17 239,90 16,14 89,89 320,01 22,07 752,69 27.620,00 345,93 336,04 2,90 1,45 OK

M18 78,51 3,02 27,33 102,73 105,34 46,24 10.673,00 108,86 105,52 3,12 1,56 OK

M22 3,51 2,16 2,58 5,14 166,75 24,20 930,60 8,25 8,37 1,52 0,76 OK

M32 212,37 10,93 77,42 272,74 72,34 603,04 22.170,00 300,72 286,48 4,85 2,43 B.I. 1 e B.I.2

M35 0,47 0,01 0,11 0,36 2,45 5,42 71,67 0,59 0,52 13,37 6,68 OK

M36 4,72 0,57 1,16 4,91 114,03 6,87 826,50 6,45 6,92 6,99 3,49 OK

M42 11,13 1,61 4,31 14,09 136,09 7,29 1.834,40 17,05 16,47 3,47 1,73 OK

M49 4,53 0,11 1,32 4,73 74,79 19,40 789,50 5,96 6,36 6,42 3,21 OK

CE - Condutividade Elétrica; Ep – Erro prático; B.I.1 – Balanço Iônico com base na CE; B.I.2 – Balanço

Iônico com base no somatório de cátions ou ânions.

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3.2 Razão STD medido/STD calculado

A Tabela 4 mostra os resultados para condutividade elétrica e sólidos totais

dissolvidos, além da classificação em relação à salinidade, usando STD medidos, e as

razões STD Medidos/STD estimadas pelo Qualigraf. Os valores em negrito evidenciam

amostras que não atendem ao intervalo proposto (1,0 < razão < 1,2).

Os valores em negrito na última coluna da Tabela 4 mostram duas violações ao

intervalo recomendado para a razão STD medido/STD calculado, sendo as amostras M32

e M49 as que apresentaram erro. O valor de 1,29 para a amostra M32 pode indicar que a

soma dos íons menores está causando um erro analítico, sendo recomendado reanalisar.

O valor de 0,98 para a amostra M49, indica que pode haver erro na soma dos íons maiores

ou no valor medido para o STD.

Como a razão observada para a maioria das amostras está adequada ao intervalo

proposto, e as razões que não estão adequadas não divergem muito do mesmo intervalo,

aceitou-se os resultados como válidos no âmbito do trabalho.

3.3 Sólidos totais dissolvidos (STD)

Com base nos resultados obtidos no software Qualigraf, que por sua vez se baseia

nos parâmetros da Resolução 357/2005 do CONAMA e em limites estipulados pelo

próprio programa, é possível ver na coluna “Observações” da Tabela 4 que três (3) das

oito amostras apresentaram STD medido maior que 1500mg/L, sendo classificadas como

salgadas. Quatro das oito amostras apresentaram STD entre 500mg/L e 1500mg/L, sendo

definidas como salobras. Uma amostra apresentou STD entre 0mg/L e 500mg/L, sendo

definida como uma água doce.

Tabela 4 – Resultados de condutividade elétrica (CE) e sólidos totais dissolvidos (STD).

Na penúltima coluna: classificação em relação a salinidade usando STD medidos. Última

coluna: razões para STD Medido/STD estimado. Os valores em negrito evidenciam as

amostras que não atendem ao intervalo proposto

Table 4 - Results of electrical conductivity (EC) and total dissolved solids (TDS). In the

penultimate column: classification in relation to salinity using measured TDS. Last

column: Ratio for Measured TDS / Estimated TDS. The values in bold show the samples

that do not meet the proposed range.

Amostra C.E.

STD

estimado

(mg/L)

STD

medido

(mg/L)

Observações Razão STD

Medido/Estimado

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Continuação

M17 27.620,00 17.953,00 20.721,00 Água Salgada 1,15

M18 10.673,00 6.937,50 7.170,00 Água Salgada 1,03

M22 930,6 604,9 635 Água Salobra 1,04

M32 22.170,00 14.410,50 18.663,00 Água Salgada 1,29

M35 71,67 46,6 48,73 Água Doce 1,04

M36 826,5 537,2 575 Água Salobra 1,07

M42 1.834,40 1.192,40 1.204,00 Água Salobra 1,009

M49 789,5 513,2 504 Água Salobra 0,98

3.4 Razões iônicas

A composição química das águas pode ter alguma relação com a composição dos

ambientes e materiais através dos quais estas percolam. As razões iônicas auxiliam na

caracterização dessa relação de ambiente com a água.

A Tabela 5 apresenta em suas colunas as razões iônicas para cada amostra

coletada. O símbolo “r” indica que as concentrações dos íons estão dadas em meq/L. As

interpretações dos resultados foram feitas com base nos valores para razões iônicas

manifestos na Tabela 2.

As razões para a amostra M17 foram: rMg+2/rCa+2 = 5,64, equivalente a água do

mar; rCa+2/rMg+2 = 0,18, não indicando intrusão marinha; rK+/rNa+ = 0,03,

correspondendo a água aparentemente doce; rNa+/rCl- = 0,73, apontando um fluxo através

de rochas cristalinas ou vulcânicas; e rCl-/rHCO3- = 887,62, muito maior do que o

correspondente a água do mar.

As razões para a amostra M18 foram: rMg+2/rCa+2 = 9,17, indicando relação com

litotipos ricos em silicatos magnesianos; rCa+2/rMg+2 = 0,11, não indicando intrusão

marinha; rK+/rNa+ = 0,03, correspondendo a água doce; rNa+/rCl- = 0,74, apontando um

fluxo através de rochas cristalinas ou vulcânicas; e rCl-/rHCO3- = 69,31, equivalente a

água do mar.

As razões para a amostra M22 foram: rMg+2/rCa+2 = 1,21, equivalente a águas

continentais; rCa+2/rMg+2 = 0,83, não indicando intrusão marinha; rK+/rNa+ = 0,04,

correspondendo a água doce; rNa+/rCl- = 0,66, indica possível precipitação de sais de

Na+; e rCl-/rHCO3- = 1,96, valor aproximado para águas continentais.

As razões para a amostra M32 foram: rMg+2/rCa+2 = 7,17, indicando relação com

litotipos ricos em silicatos magnesianos; rCa+2/rMg+2 = 0,14, não indicando intrusão

marinha; rK+/rNa+ = 0,03, correspondendo a água doce; rNa+/rCl- = 0,76, apontando um

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51

fluxo através de rochas cristalinas ou vulcânicas; e rCl-/rHCO3- = 236,82, muito maior do

que o correspondente a água do mar.

As razões para a amostra M35 foram: rMg+2/rCa+2 = 11,60, indicando relação com

litotipos ricos em silicatos magnesianos; rCa+2/rMg+2 = 0,09, não indicando intrusão

marinha; rK+/rNa+ = 0,02, semelhante a água do mar; rNa+/rCl- = 1,26, apontando um

fluxo através de rochas cristalinas ou vulcânicas; e rCl-/rHCO3- = 9,08, próximo a valores

de águas continentais.

As razões para a amostra M36 foram: rMg+2/rCa+2 = 2,06, indicando relação com

litotipos ricos em silicatos magnesianos; rCa+2/rMg+2 = 0,49, não indicando intrusão

marinha; rK+/rNa+ = 0,09, correspondendo a água de circulação em rocha com

composição granítica; rNa+/rCl- = 0,88, apontando um fluxo através de rochas cristalinas

ou vulcânicas; e rCl-/rHCO3- = 2,72, próximo a valores de águas continentais.

As razões para a amostra M42 foram: rMg+2/rCa+2 = 2,71, indicando relação com

litotipos ricos em silicatos magnesianos; rCa+2/rMg+2 = 0,37, não indicando intrusão

marinha; rK+/rNa+ = 0,05, correspondendo a água aparentemente doce; rNa+/rCl- = 0,75,

apontando um fluxo através de rochas cristalinas ou vulcânicas; e rCl-/rHCO3- = 6,61,

próximo a valores de águas continentais.

As razões para a amostra M49 foram: rMg+2/rCa+2 = 11,63, indicando relação com

litotipos ricos em silicatos magnesianos; rCa+2/rMg+2 = 0,09, não indicando intrusão

marinha; rK+/rNa+ = 0,06, correspondendo a água aparentemente doce; rNa+/rCl- = 0,90,

apontando um fluxo através de rochas cristalinas ou vulcânicas; e rCl-/rHCO3- = 4,11,

próximo a valores de águas continentais.

Tabela 5 - Resultados para as razões iônicas calculadas para cada amostra coletada.

Table 5 - Results for the ionic ratios calculated for each sample collected.

Amostras rMg+2/rCa+2 rCa+2/rMg+2 rK+/rNa+ rNa+/rCl- rCl/rHCO3- Significados

M17 5,64 0,18 0,03 0,73 887,62 rMg+2/rCa+2 – M17 águas marinhas;

M22 águas continentais; demais,

relação das águas com litotipos ricos

em silicatos magnesianos.

rCa+2/rMg+2 - valores mostram não

intrusão marinha.

rK+/rNa+ - M35 água do mar; M36

água em rochas graníticas; demais,

águas doces.

rNa+/rCl- - com exceção da M22,

todas apontam para fluxo por rochas

cristalinas ou vulcânicas.

M18 9,17 0,11 0,03 0,74 69,31

M22 1,21 0,83 0,04 0,66 1,96

M32 7,17 0,14 0,03 0,76 236,82

M35 11,60 0,09 0,02 1,26 9,08

M36 2,06 0,49 0,09 0,88 2,72

M42 2,71 0,37 0,05 0,75 6,61

M49 11,63 0,09 0,06 0,90 4,11

r – simbologia indicando que para o cálculo das razões iônicas foram utilizadas as concentrações dos

elementos em miliequivalentes por litro (meq/L).

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52

Observa-se que o nível de interação rocha-água é expressivo, visto que boa parte

das razões iônicas mostram que as águas tiveram alguma percolação e contato com rochas

graníticas ou vulcânicas como as que são observadas na região. As razões obtidas que são

equivalentes a águas marinhas ou intrusão salina (para Mg+2/rCa+2: M17; rK+/rNa+: M35;

e para rCl-/rHCO3-: M17, M18 e M32) mostram a elevada salinidade nessas amostras

provavelmente pela falta de renovação sazonal/temporal das águas onde foram feitas as

coletas, em função da concentração progressiva de sais motivada pela evaporação.

3.5 Diagramas hidroquímicos

3.5.1 Diagrama de Piper

Os resultados para as oito amostras foram plotados em um diagrama de Piper. As

concentrações de cátions e ânions são estimadas em percentagem e plotadas nos seus

respectivos diagramas triangulares abaixo do losango de classificação principal. No

diagrama dos cátions sete amostras estão no campo das águas sódicas; a exceção é a M22,

classificada como cloretada mista. No diagrama dos ânions todas as amostras estão no

campo das águas cloretadas (Fig. 2). Com base na projeção do diagrama classificou-se

sete amostras como águas cloretadas sódicas. Dentre as águas cloretadas sódicas, três

amostras (M17, M18 e M32) formam um agrupamento, evidenciado pela proximidade

dos pontos plotados. Os demais pontos apresentam-se mais distribuídos em termos de

composição química. O ponto mais destoante do contexto das amostras é o representativo

da amostra M22 (roxo).

Os agrupamentos ocorrem devido a interação das águas amostradas com os

diferentes tipos de rochas que ocorrem na área de estudo. O grupo formado (M17, M18 e

M32) está relacionado as rochas graníticas que fazem parte do embasamento cristalino.

As demais amostras estão em contextos geológicos mais variados, como sedimentos

aluvionares e na Formação Barreiras.

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Fig. 2 - Diagrama de Piper com amostras plotadas. No triângulo correspondente aos

cátions ver-se agrupamento da maioria das amostras no campo de águas sódicas. No

triângulo correspondente aos ânions ver-se as amostras no campo das águas cloretadas.

A projeção desses resultados no diagrama superior classifica as águas como cloretadas

sódicas.

Figure 2 - Piper diagram with plotted samples. In the triangle corresponding to the

cations see grouping of most of the samples in the field of sodium waters. In the triangle

corresponding to the anions see the samples in the field of chlorine type water. The

projection of these results in the upper diagram classifies the waters as sodium-chlorine

type.

3.5.2 Diagramas de Stiff

Os resultados nos diagramas de Stiff apontam similaridades entre as figuras

geométricas para as amostras M17, M18 e M32, o que indica um agrupamento que se

encontra delimitado na Figura 3. As concentrações de Na+ e Cl-, no eixo horizontal, se

apresentam bem mais elevadas que os demais íons. Isso gera as representações

geométricas observadas, largas no eixo superior, apertadas no eixo intermediário e

estreitas no eixo inferior (Fig. 3).

Para as amostras M36, M42 e M49 também é observado um padrão de

similaridade entre as figuras geométricas geradas, razão pela qual estão agrupadas na

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figura 3. Diferentemente das amostras citadas anteriormente, essas mostram um

enriquecimento no eixo horizontal intermediário (Ca+2 e HCO3-), fazendo com que a

figura geométrica apresente uma dimensão maior nesse ponto (Fig. 3).

As figuras geométricas representativas das amostras M22 e M35 se mostraram

relativamente diferentes das demais amostras. O caso mais destoante é do da amostra

M22, em que a representação mostra certo equilíbrio entre os cátions e ânions. A amostra

M35 mostra uma predominância de Na+ em sua composição como pode ser observado no

diagrama de Stiff (Fig. 3).

Figura 3 – Diagramas de Stiff gerados para as amostras e contexto geológico das mesmas.

São observadas semelhanças nas geometrias dos diagramas de algumas das amostras. É

possível depreender a existência de dois grupos representativos dos altos cursos de cada

bacia, que estão delimitados na figura.

Figure 3 - Stiff diagrams generated for the samples and their geological context.

Similarities are observed in the geometries of the diagrams of some of the samples. It is

possible to deduce the existence of two representative groups in the upper courses of each

sub basin, which are delimited in the figure.

3.5.3 Diagramas Radiais

A Figura 4 apresenta as geometrias dos diagramas radiais para todas as amostras;

acerca das amostras M17, M18 e M32 pode-se inferir a formação de um grupo que está

demarcado na figura, devido a semelhanças entre os diagramas. Essas amostras

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apresentam nos diagramas radiais uma predominância de concentração nos eixos que

correspondem ao Cl-, Na+ e Mg+2, sendo mais cloretadas que magnesianas ou sódicas.

Os diagramas radiais das amostras M36, M42 e M49 indicam um possível outro

grupo formado, que se encontra delimitado na figura 4; as amostras apresentam

concentrações nos eixos CO3-2 + HCO3

-, Cl-, Na+ e Mg+2. É possível observar o

aparecimento ou enriquecimento do carbonato e bicarbonato em relação as amostras

anteriormente mencionadas, causando a diferenciação desse grupo em relação ao

antecedente.

A M22 se mostra atípica no contexto das demais analisadas; apresenta

concentração relativamente homogênea em todos os elementos com exceção do SO4-2,

observado em baixa quantidade. A amostra M35 também não aparenta ter semelhanças

químicas expressivas com as demais amostras. Mostra um enriquecimento de

concentração nos eixos do Cl- e Mg+2, semelhante ao primeiro grupo, mas um

enriquecimento de SO4-2 não observado nem no primeiro e segundo grupos de amostras

diferencia esta das demais.

Figura 4 – Diagramas Radiais gerados para as amostras e contexto geológico das mesmas.

Pelos diagramas é possível notar uma tendência a agrupamento similar aos observados

nos diagramas de Stiff, ou seja, a existência de dois grupos representativos do alto curso

de cada bacia, os quais encontram-se delimitados na figura.

Figure 4 - Radial diagrams generated for the samples and their geological context. By

the diagrams it is possible to notice a tendency to similar groupings to those observed in

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the Stiff diagrams, that is, the existence of two representative groups of the upper course

of each sub basin, which are delimited in the figure.

O diagrama de Piper classificou as amostras majoritariamente como cloretadas

sódicas. Os diagramas de Stiff e os Radiais permitem ver uma correlação espacial entre

as amostras. As amostras do alto curso do rio do Mudo possuem semelhanças quanto aos

diagramas, bem como as do rio Guajiru. Há uma relação genética entre elas e a região de

nascente das respectivas sub-bacias, bem como com a geologia.

4 Discussão dos resultados

Os métodos gráficos foram utilizados nesse trabalho para se avaliar a existência,

ou não, de correlação entre a composição química das águas e os tipos litológicos pelos

quais essas águas circulam, bem como tentar evidenciar possível influência humana em

alguns parâmetros químicos nos pontos analisados.

Levando em consideração apenas os dados obtidos nas análises, as maiores

concentrações dos elementos e espécies químicas estudados se apresentam na sub-bacia

do rio do Mudo, especificamente nos pontos de amostragem M17, M18 e M32. Esses

pontos guardam relações de características de ocorrência similares entre si. Todos

ocorrem em locais de represamentos de água na forma de barramentos, sendo uma

característica comum para o alto curso da bacia; também não há aparente

recarga/renovação das suas águas ou contribuição para as mesmas por parte do aquífero

Barreiras, pois no setor ocidental e de nascentes da área, o Barreiras é pouco espesso e

insaturado, os aquíferos Açu e Jandaíra têm níveis mais profundos sem conexão com a

drenagem superficial, e os terrenos são predominantemente de rochas cristalinas granito-

gnáissicas que compõem o aquífero Fissural/Cristalino, o qual também não mostra

relação com a drenagem superficial (não há efluência de águas subterrâneas).

Segundo dados climatológicos da EMPARN o Estado do RN vem enfrentando

irregularidade nas chuvas ao longo dos últimos sete anos; águas estagnadas por muito

tempo, sem a contribuição ou renovação das mesmas por chuva ou aquífero, apresentam

tendência em concentrar íons pela evaporação. Com a perda de água por evaporação e

demais usos, a tendência é que as águas mostrem aumento progressivo da concentração

salina.

Stein (2013), estudando a hidrogeoquímica das águas da bacia sedimentar

potiguar, argumenta que no domínio semiárido os sais se acumulam progressivamente no

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solo pelo efeito da alta evaporação e evapotranspiração, e dos baixos índices de

precipitação pluviométrica. Esses elementos podem ser carreados para reservatórios ou

aquíferos, aumentando a salinidade dos mesmos. Esse fato revela que o aumento da

mineralização das águas não está ligado somente a interação água-rocha, mas a outros

fatores também.

Estudos em áreas semiáridas de outros países (e.g. Shanyengana et al., 2004; Jiang

et al., 2015) também têm mostrado que a alta taxa de evaporação e radiação solar,

associados a baixas taxas de precipitação, levam ao aumento na concentração de certos

íons, elevando a salinidade.

Medeiros (2004), em estudo em microbacia na região Central do RN mostra que

a salinidade não é proveniente tão somente da interação água-rocha, mas atrela a

evaporação como processo significativo de altas taxas de STD, ocorrendo quando as

águas ainda estão na superfície.

Melo et al. (2005), estudando lagoa no litoral Oriental do RN, argumenta que a

alta salinidade encontrada em pontos do aquífero Barreiras pode estar relacionada a

fatores geológicos ou climáticos típicos de semiárido, visto a área do trabalho estar em

região de transição para esse domínio; a área desse trabalho se encaixa nessas

características de transição para o semiárido, apresentando elevada salinidade nos pontos

M17, M18 e M32 que, além da localização sobre rochas cristalinas, encontram-se a oeste

da bacia, onde os índices de precipitação pluviométrica variam de 600 a 900 mm/ano

(EMPARN), com no máximo dez dias de precipitação mensal entre maio e julho.

Essas sazonalidades climáticas, além de ocorrerem em intervalos anuais, também

manifestam alterações nos períodos de chuva ou estiagem. Leprun (1983) observou que,

em relação à época do ano, há variação na composição das águas dos açudes, da estação

chuvosa para a seca, havendo aumento nas concentrações, em valores percentuais de Na+

e Cl-, enquanto o Ca2+, K+, SO42- e, principalmente, o HCO3

-, diminuíram relativamente

na estação seca. O que se observa na área estudada é um comportamento similar; as

amostragens foram feitas em início de período seco, após sete anos de seca; as águas

apresentaram elevadas concentrações de Na+ e Cl -, em detrimento dos outros íons.

O relevo também pode ser fator importante para concentração de elementos na

água. Custódio & Llamas (1983) argumentam que áreas de planícies, regionais ou locais,

pouco profundas, propiciam a pouca mobilidade das águas devido às condições de baixa

energia potencial do terreno, permanecendo por muito tempo no mesmo local e

submetidas à evaporação, favorecendo o aumento da salinidade.

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Costa et al. (2006) usam esse argumento para atribuir o aumento da salinidade nos

aquíferos sobre influência do cristalino na região Agreste potiguar aos terrenos de relevos

planos e pouco movimentados. As regiões Centro-Norte e Leste do RN são planas, com

pouca variação topográfica; dessa forma apresentam aquíferos de alta salinidade se

comparados as regiões Sul e Oeste do estado (SILVA, 2003a e SILVA, 2003b).

Com pouca renovação das águas acumuladas superficialmente ocorre também o

aumento do tempo de interação entre elas e o substrato rochoso. O que se percebe então,

através dos diagramas hidroquímicos e das análises químicas, é que a assinatura química

dessas águas pode estar relacionada com a composição química e mineralógica das rochas

subjacentes com as quais estão em contato e/ou através das que percolam, bem como com

a questão climática específica da área de estudo.

Como visto acima os sais dissolvidos nas águas amostradas podem ser oriundos

de diferentes fontes, e decorrentes de diversos processos. O diagrama de Gibbs (1970) foi

proposto como ferramenta para estudar a química das águas superficiais que é controlada

por três processos: intemperismo, ou interação rocha/água; precipitação atmosférica; e

evaporação/cristalização.

A parte superior do “bumerangue” do diagrama de Gibbs, representa águas cujo

comportamento químico têm como mecanismo controlador a evaporação/cristalização;

na parte central há o predomínio do mecanismo de interação água/rocha; na parte inferior

o mecanismo ligado a precipitação é o que rege a química da água. Os resultados obtidos

neste estudo foram plotados no diagrama catiônico de Gibbs (1970) juntamente com os

de outros estudos (Fig. 5). De um modo geral as amostras da área exibem comportamento

similar às de outros estudos em áreas semiáridas à áridas do Brasil e do mundo (e.g. Silva

Júnior et al., 1999; Shanyengana et al., 2004 e Pereira et al., 2006).

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59

Figura 5 – Diagrama catiônico de Gibbs para as amostras estudadas e outros estudos em

águas superficiais no Nordeste e no mundo.

Figure 5 - Gibbs cation diagram for the samples studied and other studies in surface

waters in the Northeast and the world.

As amostras do alto curso do rio do Mudo (M17, M18 e M32) estão no extremo

do domínio do mecanismo evaporação/cristalização; esse fato reforça a ideia já

argumentada que a alta concentração iônica se deve à influência climática sazonal

(período de estiagem e evaporação desses corpos hídricos), condicionando a um aumento

da concentração salina. Shanyengana et al. (2004) estudando águas superficiais e

subterrâneas na Namíbia mostraram posicionamento parecido para duas águas

amostradas em ambiente desértico (Fig. 5, triângulos cheios), que plotam próximas a

M17, M18 e M32; isso mostra como as condições de salinização das águas nos pontos

supracitados são é extremas, comparável a taxas de evaporação e salinização de ambientes

desérticos, tendo as águas qualidade precária.

As demais amostras (M22, M35, M36, M42 e M49) se apresentam próximo do

limite ou fora do bumerangue, na porção intermediária do mesmo. Pereira et al. (2006),

estudando a salinidade de águas superficiais no estado do Ceará (Fig. 5, barras

horizontais), diz que esse tipo de comportamento pode ser explicado pelo processo de

precipitação/evaporação. Estas águas seriam derivadas das precipitações (campo inferior

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60

do bumerangue), pouco mineralizadas, e mostram deslocamento vertical no diagrama

devido à evaporação, sem sofrerem significativa mudança na composição química.

Silva Júnior et al. (1999), estudando a química de águas de poços e açudes no

nordeste brasileiro, obteve resultados que foram plotados no diagrama de Gibbs (Fig. 5,

quadrados cheios). Os mesmos mostram similaridades com as amostras desse trabalho e

o argumentado por Pereira et al (2006), evidenciando uma tendência para as águas

submetidas a condições semiáridas sofrerem essa mudança no mecanismo de controle,

passando de águas influenciadas pela precipitação, para o domínio do mecanismo de

evaporação/cristalização. Duas amostras de água de chuva também foram plotadas no

diagrama de Gibbs; água de chuva de Macaíba, município localizado à cerca de 20 Km

ao sul da área estudada (Guedes, 2003), e da Namíbia (Shanyengana et al., 2004). Ambas

se posicionam no campo inferior do Diagrama, em que o mecanismo de controle é a

precipitação. Reforçam a ideia do comportamento proposto por Gibbs para águas

oriundas de chuva, sendo pouco mineralizadas, mostrando baixos STD. Desta forma, as

águas de baixa salinidade neste trecho ocidental/nascentes da bacia hidrográfica são

indicativas da influência das chuvas (ou são as próprias águas de chuva acumuladas há

pouco tempo), não estando associadas a ressurgência de águas doces subterrâneas do

aquífero Barreiras, pois neste caso ocorre insaturado.

4.1 Diagramas hidroquímicos

4.1.1 Piper

Os locais de coleta das amostras M17, M18 e M32 estão no alto curso do rio do

Mudo, diretamente sobre a rochas graníticas da Suíte Intrusiva Dona Inês, descrita por

Nascimento et al. (2008) como Calcialcalina de Alto K-Equigranular, sendo constituída

por biotita (e/ou anfibólio) granitos a tonalitos, podendo os minerais constituintes

contribuírem com a alcalinidade das águas.

Leprun (1983) destaca que águas oriundas de regiões sedimentares, de baixa

salinidade, são principalmente bicarbonatadas, sulfatadas ou mistas, enquanto nas fissuras

das rochas precambrianas do embasamento cristalino, com tendência a águas mais

salinas, há predominância unicamente de águas cloretadas de sódio ou magnésio.

Comportamento similar a este é observado nas amostras em estudo. Apesar da maioria

das amostras se encaixar dentro da classificação cloretada sódica, o que se observa tanto

no diagrama de Piper como nos demais que se seguem é um enriquecimento para Na+ e

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Cl- para as amostras relacionadas a rochas cristalinas (M17, M18 e M32); as demais

amostras (M35, M36, M42 e M49), em locais com predominância de coberturas

sedimentares, apresentam enriquecimento para o bicarbonato e Mg2+.

Segundo Feitosa et al. (2008) o Cl- presente na água pode ser oriundo da lixiviação

de camadas mais superficiais bem como também da lixiviação de minerais

ferromagnesianos de rochas ígneas, como a biotita e anfibólios, semelhantes às rochas

encontradas na região. Nas águas subterrâneas o Na+ pode ter como minerais fontes os

plagioclásios, feldspatóides (nefelina e sodalita), anfibólios e piroxênios, minerais

comuns em rochas ígneas.

A área em estudo situa-se numa transição entre as Mesorregiões Agreste e Leste

Potiguar, sofrendo influência do embasamento cristalino e das coberturas sedimentares

mais recentes. Costa et al. (2006), em estudo sobre aspectos da salinização do aquífero

cristalino do RN, mostra o elevado nível de salinização dos aquíferos relacionados ao

ambiente cristalino. Ainda aponta a elevada presença de Cl- em toda a região do cristalino;

contudo, os maiores núcleos de concentração estão relacionados ao Agreste Potiguar. O

comportamento do Na+ é similar ao observado para o Cl-.

As amostras M35, M36, M42 e M49 mostraram uma dispersão maior no diagrama

de Piper. A mesma é causada principalmente pelo aumento da concentração de Ca+2, Mg+2

e CO3-2 + HCO3

-, em relação às amostras de água M17, M18 e M32. As amostras M35 e

M49 se encontram sobre sedimentos aluvionares; esses podem apresentar minerais

carbonatados, dentre outros resultantes ou não do intemperismo, tais como feldspatos e

argilominerais, que podem ter influenciado nos teores dos íons citados nas amostras. As

amostras M36 e M42 se encontram no alto curso do rio Guajiru, sobre influência dos

granitos da Suíte Intrusiva Dona Inês, podendo ter essa condição sódica ligada aos

plagioclásios e feldspatóides, minerais comuns de rochas graníticas, e sendo cloretada

devido aos minerais ferromagnesianos constituintes dessas rochas, tais como biotita e

anfibólios, semelhante ao ocorrido nas amostras do alto curso do rio do Mudo.

Costa et al. (2006) mostra que o Ca+2 e o Mg+2 apresentam um comportamento

similar quanto a distribuição espacial no RN. Ambos os elementos apresentam seus

valores mais elevados no aquífero cristalino na mesorregião do Agreste potiguar.

A amostra M22 foi classificada como cloretada mista, sendo águas que não

apresentam concentração de um ânion ou cátion qualquer sobre os demais. A área de

coleta está inserida em uma área urbana pouco habitada, composta por sedimentos

aluvionares de canal.

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O aspecto cloretado sódico da maioria das amostras condiz com os dados

apresentados pelo IBGE (2007) para a região, onde a área em pesquisa está inserida em

um contexto regional cujas águas subterrâneas são cloretadas sódicas, em transição para

cloretadas mistas.

As águas amostradas dentro do domínio sedimentar (M22, M35, M36, M42 e

M49) podem sofrer influência do aquífero Barreiras. Segundo Melo et al. (2005), é uma

característica das águas desse aquífero, regionalmente ou na maior parte da faixa costeira

leste do estado, a composição cloretada sódica.

Lucena et al. (2004), estudando o setor oriental da bacia do rio Pirangi/RN,

constaram que a maioria das amostras estudadas no âmbito do aquífero Barreiras se

apresentaram como cloretadas sódicas. Neste mesmo trabalho foram observadas

variações, para mais, nas concentrações de Ca2+, Mg2+ e HCO3-. Apesar da característica

cloretada sódica (Melo et al., 2005) estar relacionada ao aquífero Barreiras, esse fator

também se observa em ambientes do embasamento cristalino do estado. Medeiros (2004)

mostrou, em estudo de uma microbacia na região Centro-Norte do RN, a predominância

da classe cloretada sódica para as análises realizadas em amostras do aquífero cristalino

da área.

Shanyengana et al. (2004) estudando águas superficiais e subterrâneas na

Namíbia, em condições semiáridas à áridas, utilizou o diagrama de Piper para classificar

as amostras. Os autores encontraram águas de alta salinidade, classificadas como

cloretadas sódicas em ambiente desértico nesse país. O estado de mineralização dos

corpos do alto curso do rio do Mudo (M17, M18 e M32) é tal, que se compara sua

salinidade à de ambientes desérticos, como os da Namíbia; isso mostra a relação do

aumento da salinidade com ambientes semiáridos à áridos, e consequente diminuição da

qualidade das águas.

4.1.2 Stiff

É possível definir possíveis agrupamentos para as amostras. As amostras M17,

M18 e M32, com concentrações mais expressivas no eixo representado por Na+ e Cl-, e

também com a presença do íon Mg+2. Esse grupo de amostras está no mesmo contexto

geológico dos granitos Dona Inês, sendo representativas dessa litologia (Fig. 3). As

amostras M36, M42 e M49 formam outro agrupamento pelas similaridades nos

diagramas, apresentando um enriquecimento no eixo horizontal intermediário que

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63

representa Ca+2 e HCO3-. As amostras M36 e M42 estão inseridas no contexto dos

granitos Dona Inês, podendo a origem do cálcio ser atribuída aos plagioclásios ou apatitas

presentes nos granitos (Fig. 3). As amostras M22 e M35 são as mais distintas, ambas em

contextos sedimentares. A M22 possui composição mais bicarbonatada, possivelmente

proveniente dos minerais secundários nos sedimentos, e a M35 se apresenta mais sódica,

possivelmente devido a decomposição de plagioclásios nos sedimentos (Fig. 3).

4.1.3 Diagramas radiais

Os diagramas radias mostram o relativo enriquecimento em Cl- e Mg+2 no grupo

formado pelas amostras M17, M18 e M32. O íon magnésio pode ter como origem

minerais ferromagnesianos como a hornblenda. O segundo grupo, formado pelas

amostras M36, M42 e M49, apresenta concentrações mais expressivas nos eixos CO3-2 +

HCO3-, Cl- e Mg+2, apresentando enriquecimento nas espécies carbonatadas em relação

às amostras anteriormente mencionadas. A amostra M35 também não aparenta ter

semelhanças químicas expressivas com as demais; mostra um enriquecimento de

concentração na área do diagrama que correspondente a Cl- e Mg+2, semelhante ao

primeiro grupo, mas um enriquecimento de SO4-2 não observado nem no primeiro e

segundo grupos de amostras, podendo ser oriundo da oxidação do enxofre presente em

algumas rochas e da lixiviação de compostos sulfatados como anidrita e gipsita.

4.2 Sólidos totais dissolvidos

Com o STD medido das amostras foi possível observar que três das oito amostras

(M17, M18 e M32) apresentaram STD medido maior que 1500mg/L, sendo classificadas

como de características salgadas. Quatro das oito amostras (M22, M36, M42 e M49)

apresentaram STD entre 500mg/L e 1500mg/L, sendo definidas como salobras. Uma

amostra (M35) apresentou STD entre 0mg/L e 500mg/L, sendo definida como uma água

doce. Como já argumentado, o período de estagnação dos corpos d’água nos quais foram

coletadas as águas salgadas, bem como a escassez de chuva, podem ter influenciado no

aumento da concentração de sais na água, elevando sua salinidade (M17, M18, M32). As

demais amostras representam águas subterrâneas (M22 e M35) ou corpos d’agua com

dimensões maiores e recebendo recarga a partir de aquíferos locais (M36, M42, M49).

4.3 Razões iônicas

Os resultados para razão iônica podem ser aplicados para se tentar associar

quimicamente o meio geológico percolado pelas águas, com sua assinatura química. Os

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64

resultados obtidos em relação a rMg+2/rCa+2 para a amostra M17 mostram, em suma,

equivalência com águas marinhas, o que não condiz com a realidade, visto o local de

amostragem ser no domínio continental fluvial do alto curso da bacia hidrográfica. A alta

concentração dos íons provavelmente está ligada ao represamento da água e escassez de

chuva, resultando no aumento progressivo da concentração salina. A razão rMg+2/rCa+2

para a amostra M22 indica uma equivalência a águas continentais, sendo coerente com o

local da amostragem (médio curso da bacia) e com a presença do aquífero Barreiras, de

onde provém a água. As demais amostras apresentam para a razão rMg+2/rCa+2 valores

indicativos de relação das águas amostradas com litotipos ricos em silicatos magnesianos;

provavelmente os granitos intrusivos na região da bacia contribuem com essa composição

química da água.

Para a razão rCa+2/rMg+2 todas as amostras apresentaram valores que não indicam

intrusão marinha o que corresponde perfeitamente com a região de trabalho, distante da

costa, não ocorrendo o avanço da cunha salina. Para a razão rK+/rNa+ os valores

observados para a maioria das amostras foram valores entre 0,004 e 0,28, indicando águas

doces. Entretanto, outras classificações, como a utilizada pelo software Qualigraf,

apontam para a maioria das águas sendo salobras ou salgadas, não correspondendo ao

resultado da razão exposta. As mesmas apresentam valores de STD de 500-1500 mg/L,

ou superior a 1500 mg/L. A amostra M35 apresentou valor para essa razão da ordem de

0,02, indicando uma água do mar, resultado esse que não representa a amostra, a qual

exibe uma concentração relativamente elevada para esses elementos. O valor para

amostra M36 indicou uma água correspondente a circulação em rocha granítica,

condizente com o ponto amostrado, uma região que está sobre a suíte intrusiva Dona Inês,

que contribui para a química da água nesse ponto.

A razão iônica rNa+/rCl- para todas as amostras, com exceção da M22, aponta para

águas em contato e/ou circulando em domínio de rochas cristalinas ou vulcânicas. O alto

curso da bacia ocorre no domínio de rochas granito-gnáissicas do embasamento cristalino

pré-cambriano, portanto essa indicação da razão iônica mostra a influência dessas rochas

na composição dessas águas.

Silva (2003), estudando a salinização em aquíferos fissurais no semiárido do RN,

mostra na região centro-norte do RN razões para Na/Cl semelhantes às da água do mar.

Esse fato é explicado pela autora como influência dos aerossóis marinhos incorporados

ao vapor d’água da atmosfera durante a evaporação da água do mar. Quando as nuvens

adentram ao continente a precipitação faz com que esses componentes entrem em contato

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65

com a superfície, chegando aos reservatórios e aquíferos. A região do presente estudo

está a cerca de 40Km da costa leste do estado. A elevação nos teores de alguns elementos

responsáveis pelo aumento da salinidade e respectiva correlação com águas marinhas,

pode também estar em parte relacionada com a influência dos aerossóis marinhos.

As águas estudadas (salgadas/salobras) na porção das nascentes da bacia, portanto,

demonstram que a sua salinização pode ter sido influenciada pelas condições de clima

semiárido, considerando inclusive o que foi caracterizado por alguns autores como

Leprun (1983), Silva Júnior et al. (1999), Silva et al. (2003), Lucena et al. (2004),

Medeiros (2004), Shanyengana et al. (2004), Melo et al. (2005), Costa et al. (2006),

Pereira et al. (2006), Stein (2013), e Jiang et al. (2015). Neste caso a salinização se dá

pelo aumento da concentração salina decorrente da evaporação. Além disso, há também

a hipótese de salinização das águas pelo contato água-rocha postulada por Hem (1986).

Observa-se que no setor ocidental (nascentes da bacia) existem também

ocorrências de águas superficiais de baixa salinidade. Conforme comparação e análise da

literatura, nestes casos as águas pouco salinas no domínio de rochas cristalinas granito-

gnáissicas ou de coberturas pouco espessas do aquífero Barreiras, são indicativas da

influência das chuvas, ou são as próprias águas de chuva acumuladas há pouco tempo,

não estando associadas a ressurgência de águas doces subterrâneas do aquífero Barreiras,

pois neste caso ocorre insaturado.

Desta forma, as águas salgadas/salobras das nascentes revelaram ser quimicamente

muito distintas das águas superficiais do médio e baixo curso da bacia hidrográfica, nos

quais se tem o efeito da ressurgência das águas subterrâneas doces do aquífero Barreiras,

que perenizam o vale/rios e lagoa de Extremoz no médio/baixo curso, resultando em

águas superficiais também doces/potáveis, usadas inclusive para consumo humano.

Diante desses fatos constatados, as estratégias de planejamento de uso e controle

dos recursos hídricos superficiais da bacia devem levar em conta as diferentes assinaturas

hidroquímicas das águas superficiais nos distintos setores (nascentes/ocidental, ou

médio/baixo curso/oriental) da bacia estudada. Nos setores ocidentais (nascentes) as

águas mostraram-se mais salobras/salgadas por influência climática na concentração

salina de sais por efeito da evaporação, e/ou salinização pelo contato água-rocha. Neste

caso as águas disponíveis devem ser usadas para fins domésticos menos nobres, uso

animal, ou em alguns casos na irrigação de forma controlada. Caso se adotem processos

de dessalinização (exemplo mediante osmose reversa), e dependendo das demandas e

ofertas disponíveis, podem ser usadas para consumo humano. As águas de baixa

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salinidade neste trecho de nascentes, influenciadas diretamente pelas ocorrências de

chuvas, podem localmente ser usadas para consumo humano ou outros usos mais nobres,

desde que sejam tomadas precauções quanto a processos de contaminação.

Nos setores do médio/baixo curso/oriental, as águas são de caráter doce/potável

(lagoa de Extremoz e rio Doce), por influência do caráter ressurgente das águas

subterrâneas do aquífero Barreiras, que perenizam esses setores com águas de melhor

qualidade físico-química, doces e potáveis, e devem ter uso prioritário para consumo

humano, com os devidos tratamentos e desinfecção, e para outros usos mais nobres.

5 Conclusões

O diagrama de Piper classificou as amostras majoritariamente como cloretadas

sódicas. Os diagramas de Stiff e os Radiais permitem ver uma correlação genética

espacial entre as amostras. As do alto curso do rio do Mudo possuem semelhanças quanto

aos diagramas, bem como as do rio Guajiru. Assim sendo, é possível estabelecer entre

elas e a região de nascente das sub bacias, bem como com a geologia, uma relação quanto

a assinatura geoquímica e origem dessas águas.

As razões iônicas mostraram predominantemente uma relação das amostras com

litotipos ricos em silicatos magnesianos, rochas graníticas ou rochas cristalinas. Os

valores refletem o substrato rochoso da região de alto e médio curso da bacia do rio Doce.

Os STDs apontaram uma predominância de águas salgadas para a bacia, não sendo

atrativas para o consumo humano. A salinidade elevada das águas amostradas é atribuída

a questões climáticas, devido ao período de seca vigente desde o ano de 2010 até o

momento da amostragem (jul./ago. de 2016), fato esse que possibilita um aumento

progressivo da concentração salina nas águas, bem como falta de renovação frequente;

está também relacionada ao longo período de residência e interação das águas com o

substrato rochoso.

Agradecimentos: ao CNPq pela concessão de bolsa de Produtividade em Pesquisa à segunda

autora (Processo 311221/2015-7).

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70

CAPÍTULO 2 – Qualidade e usos de águas superficiais nos alto e médio cursos 1

dos Rios Guajiru e Do Mudo, Bacia do Rio Doce/RN. 2

ESTE ARTIGO FOI SUBMETIDO AO PERIÓDICO GAIA SCIENTIA E, PORTANTO, ESTÁ FORMATADO DE ACORDO 3 COM AS RECOMENDAÇÕES DESTA REVISTA 4

(VIDE HTTP://WWW.PERIODICOS.UFPB.BR/INDEX.PHP/GAIA/ABOUT/SUBMISSIONS#ONLINESUBMISSIONS) 5 6

Resumo: A Bacia Hidrográfica do Rio Doce ocorre no Litoral Oriental do RN. Constitui-se pelos rios 7

tributários Do Mudo e Guajiru, os quais descarregam suas águas na lagoa de Extremoz (seguindo 8

pelo Rio Doce), abastecendo parte da região metropolitana natalense. A bacia sofreu intensa pressão 9

pela ocupação humana e industrialização. O substrato das nascentes é formado por rochas Pré-10

cambrianas predominando no restante rochas sedimentares da Formação Barreiras e materiais 11

Quaternários. Os corpos d’águas desse trecho são pouco efetivos e em geral não perenes. As águas 12

normalmente são usadas pelas comunidades locais para diversos fins, sem conhecimento da qualidade 13

nem dos riscos potenciais. Portanto, procurou-se avaliar a qualidade das águas. Estabeleceu-se oito 14

pontos de amostragem no alto e médio curso das sub-bacias Do Mudo e Guajiru. Coletou-se água 15

entre julho/agosto de 2016, objetivando avaliar a qualidade. Observou-se a legislação brasileira dos 16

Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde. O rio Do Mudo mostrou-se com qualidade inadequada 17

para abastecimento humano, sendo indicado uso para dessedentação. As águas do Guajiru 18

apresentaram-se melhores, entretanto não é recomendado o uso. 19

Palavras-chave: Potabilidade; Contaminação antropogênica; consumo humano 20

Quality and uses of surface waters in the upper and middle courses of the Guajiru 21

and Mudo Rivers, Rio Doce/RN Watershed. 22

Abstract: The River Doce Watershed occurs on the Eastern Coast of the Rio Grande do Norte State. 23

The Mudo and Guajiru rivers form the tributaries, which discharge their waters in the lagoon of 24

Extremoz (following the Doce River), supplying part of the Natal metropolitan region. The watershed 25

underwent intense pressure for human occupation and industrialization. The substrate of the springs 26

is formed by Precambrian rocks predominating in the remaining area sedimentary rocks of the 27

Barreiras Formation and Quaternary materials. The water bodies of this section are not very effective 28

and generally not perennial. Waters are normally used by local communities for various purposes, 29

without knowledge of the quality or the potential risks. Therefore, we sought to evaluate the quality 30

of the waters. Eight sampling points were set up in the upper and middle courses of the Do Mudo and 31

Guajiru sub-basins. Water was collected between July / August 2016, aiming to evaluate the quality. 32

The Brazilian legislation of the Ministries of Environment and Health was observed. Rio do Mudo 33

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71

was shown to be of inadequate quality for human supply, being indicated the use for animals. The 34

Guajiru samples presented better quality, but its use is not recommended. 35

Keywords: Potability; Anthropogenic contamination; human consumption 36

37

Calidad y usos de aguas superficiales en los altos y medio cursos de los Ríos 38

Guajiru y Mudo, Cuenca del Río Doce/RN 39

Resumen: La Cuenca Hidrográfica del río Doce ocurre en el Litoral Oriental del Rio Grande do 40

Norte. Se constituye por los tributarios ríos del Mudo y Guajiru, los cuales descargan sus aguas en la 41

laguna de Extremoz (siguiendo por el Río Doce), abasteciendo parte de la región metropolitana de 42

Natal. La cuenca sufrió una intensa presión por la ocupación humana e industrialización. El sustrato 43

de las nacientes está formado por rocas pre-cambrianas predominando en el resto rocas sedimentarias 44

de la Formación Barreras y materiales Cuaternarios. Los cuerpos de agua de ese tramo son poco 45

efectivos y en general no perennes. Las aguas normalmente son usadas por las comunidades locales 46

para diversos fines, sin conocimiento de la calidad ni de los riesgos potenciales. Se establecieron ocho 47

puntos de muestreo en el alto y medio curso de las subcuencas del Mudo y Guajiru. Agua fue recogida 48

entre julio/agosto de 2016, con el objetivo de evaluar la calidad. Se observó la legislación brasileña 49

de los ministerios de medio ambiente y salud. El río del Mudo resultó para ser insuficiente para uso 50

humano, está indicado el uso para animales. Las aguas del río Guajiru son mejores, pero se 51

recomienda no utilizar. 52

Palabras clave: Potabilidad; Contaminación antropogénica; consumo humano 53

54

Introdução 55

A Bacia Hidrográfica do Rio Doce, com área de aproximadamente 387 km2, é uma das 56

principais bacias do Litoral Oriental do estado do Rio Grande do Norte, tendo em vista que as águas 57

superficiais são utilizadas para abastecimento humano de parte da zona norte de Natal/RN. Os cursos 58

d´água que lhe dão origem são o Rio Guajiru e Rio do Mudo, que recebem ressurgência e são 59

perenizados pelas águas subterrâneas efluentes do aquífero Barreiras no médio/baixo curso, 60

deságuam e perenizam a lagoa de Extremoz, e esta por sua vez deságua no Rio Doce, que dá nome à 61

bacia (SERHID, 2006). Sendo a Lagoa de Extremoz um manancial de água doce, e devido a sua 62

proximidade com a capital do Estado, a sua conservação é estratégica para o abastecimento da região 63

metropolitana de Natal, o que já vem ocorrendo há décadas. 64

Faustino et al. (2014) relatam que a Bacia Hidrográfica do Rio Doce vem enfrentando, nos 65

últimos 40 anos, modificações ambientais significativas, resultantes do desmatamento e da rápida 66

ocupação humana. Paiva (2012) estudando sedimentos do baixo curso do Rio Doce, utilizou 67

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72

indicadores de poluição; seus resultados mostram aporte e enriquecimento antropogênico para 68

elementos metálicos. Azevedo Filho (2012), em estudos quimiométricos e índices químicos em toda 69

a bacia, separou metais traços por origem geogênica e antropogênica, e mostrou os sedimentos de 70

fundo como não poluídos a moderadamente poluídos. Oliveira (2006), estudando a lagoa de 71

Extremoz, utilizando parâmetros químicos, físicos e biológicos, mostrou que a qualidade da água se 72

mostra boa; entretanto alguns pontos apontam elevação em metais traços. Soares (2006) em 73

diagnóstico ambiental da Zona de Proteção Ambiental 9 (ZPA-9), utilizou indicadores de qualidade 74

da água e de poluição; os resultados mostraram qualidade para potabilidade ruim a boa, enquanto que 75

para metais em sedimentos, os resultados evidenciaram IGEO (Índice de Geoacumulação) de não a 76

muito poluído. 77

Entretanto, considerando as condições de ocorrência, localização, usos diversos observados 78

em campo, e poucas informações sobre as águas superficiais nos setores do alto/médio curso da bacia 79

hidrográfica (pequenas lagoas, acumulações em baixios, etc.), nas sub-bacias dos rios Do Mudo e 80

Guajiru, o trabalho se propôs a adotar uma metodologia visando caracterizar as águas superficiais, no 81

trecho em foco, do ponto de vista hidroquímico. 82

Em estudo das águas naturais correntes em sedimentos, Hem (1986) observou que uma grande 83

fonte de íons dissolvidos na água é a assembleia mineral das rochas e sedimentos próximos à 84

superfície. A composição das rochas, a pureza e tamanho dos cristais minerais, a textura e porosidade 85

da rocha, a estrutura regional, o grau de fissuramento, o tempo de exposição e outros fatores devem 86

influenciar a composição da água que é drenada sobre (água superficial) e através da rocha (água 87

subterrânea). 88

Por outro lado, a atividade humana nas proximidades de lagos e rios têm influência direta nas 89

características físico-químicas das águas. A poluição dos rios, o lançamento de efluentes gerados 90

pelas diversas atividades humanas, bem como interferências no fluxo de água nas bacias hidrográficas 91

podem alterar drasticamente a composição química e o ecossistema de um meio natural. 92

O objetivo desse trabalho foi o de avaliar as condições de potabilidade e definir usos possíveis 93

para a água de alguns corpos d’água superficiais no alto e médio curso da Bacia Hidrográfica do Rio 94

Doce/RN. A importância da investigação é ressaltada neste trabalho através de um estudo de fontes 95

hídricas adicionais em setores rurais, não contempladas nem associadas diretamente aos recursos 96

hídricos da lagoa de Extremoz, em função do caráter intermitente dos rios Do Mudo e Guajiru no 97

alto/médio curso, e pelo fato de alguns mananciais superficiais já serem utilizados pelas populações 98

locais, porém sem qualquer informação e/ou controle quanto a adequabilidade dessas águas; cita-se 99

ainda a escassez de trabalhos sobre águas superficiais nessa porção do alto/médio curso da bacia 100

hidrográfica. 101

102

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73

Caracterização geral da área de estudo 103

A Bacia Hidrográfica do Rio Doce localiza-se no estado do Rio Grande do Norte, entre as 104

coordenadas UTM Zona 25M 207330.15m e 255853.39m Leste, e UTM Zona 25M 9375404.03m 105

9375606.27m Sul, com área de 387 km2, abrangendo parte dos municípios de Taipu, Ielmo Marinho, 106

Ceará-Mirim, São Gonçalo do Amarante, Extremoz e Natal (SERHID, 1998). O Rio Doce tem origem 107

na Lagoa de Extremoz, e esta, por sua vez, no médio/baixo curso, é alimentada/realimentada, no braço 108

norte pelo rio Do Mudo, e no braço sul pelo Rio Guajiru, por ressurgência de águas subterrâneas do 109

aquífero Barreiras; estas águas definem um fluxo de base que pereniza o sistema no período de 110

estiagem, no baixo/médio curso, e também por águas de escoamento superficial (run off) que drenam 111

nesses rios durante o período chuvoso anual (CASTRO, 2000). À jusante a lagoa desemboca no Rio 112

Doce, que dá nome à bacia em foco. 113

Através de imagens de satélite e mapas é possível observar que a bacia se limita ao Norte e 114

Noroeste com a bacia hidrográfica do rio Ceará Mirim, ao Sul e Sudoeste com a bacia hidrográfica 115

do rio Potengi, e ao Leste o limite é com o Oceano Atlântico. Dentro do domínio da bacia é possível 116

destacar a lagoa de Extremoz, que, conforme citado, vem sendo utilizada para abastecimento público 117

da Zona Norte de Natal, em projetos de irrigação, além de atender à função de harmonia paisagística 118

e de atividades recreativas da região. 119

No âmbito da bacia hidrográfica em apreço, e em função das razões elencadas (caráter 120

intermitente dos rios Do Mudo e Guajiru no alto/médio curso, uso de águas superficiais pelas 121

populações locais, e falta de informação e/ou controle quanto a adequabilidade dessas águas no 122

alto/médio curso), foi delimitada a área desse estudo, ocupando porções do médio e alto curso das 123

sub-bacias do Rio Guajiru e Rio do Mudo. A área localiza-se entre as coordenadas UTM Zona 25M 124

212528m e 239734m Leste; 9360645m e 9376500m Sul (Figura 1). 125

As informações geológicas da bacia do Rio Doce (Figura 1) indicam a presença de depósitos 126

colúvio-eluviais, formados por materiais arenosos e areno-argilosos esbranquiçados e avermelhados, 127

que se estendem desde o baixo até o médio curso. Há ocorrência do Grupo Barreiras, constituído por 128

rochas sedimentares, representadas por arenitos finos a grossos, com grãos angulosos, e por argilitos 129

cinza-avermelhados e amarelados, pouco aflorante e subjacente às unidades Neógenas (N). No setor 130

noroeste afloram rochas sedimentares Cretáceas (siliciclásticas/arenitos da Formação Açu; e 131

carbonáticas/Formação Jandaíra). No extremo oeste da área, no alto curso da bacia, ocorrem rochas 132

plutônicas Pré-Cambrianas pertencentes à suíte intrusiva Dona Inês (rochas graníticas), bem como 133

rochas metamórficas intercaladas – augen-gnaisses, migmatitos e xistos (Angelim et al., 2006). 134

A área de estudo (alto/medio curso da bacia), mais especificamente ilustrada pelo retângulo 135

em vermelho na Figura 1, é abrangida pelas folhas Natal e João Câmara na escala de 1:100.000 136

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(CPRM, 2012 e 2013). É possível observar no setor centro-oriental, até a confluência dos rios Do 137

Mudo e Guajiru, que ocorre a predominância de materiais sedimentares diversos - depósitos 138

Neógenos (N) arenosos e areno-argilosos/depósitos continentais antigos; depósitos aluvionares de 139

canal; depósitos do Paleógeno/Neógeno (rochas do Grupo Barreiras - Enb); e rochas Cretáceas - uma 140

faixa dos arenitos da Formação Açu, e de calcários da Formação Jandaíra. No setor ocidental da área 141

predominam rochas cristalinas Pré-Cambrianas, incluindo a Suíte Intrusiva Dona Inês, formada por 142

granitos alcalinos, e a Formação Seridó, constituída essencialmente por micaxistos, no alto curso da 143

bacia. 144

Figura 1 - Localização da bacia hidrográfica do Rio Doce juntamente com pontos amostrados nesse trabalho e o 145 respectivo contexto geológico da bacia. 146 Fonte: Adaptado das Cartas Geológicas de Natal e João Câmara (CPRM, 2012 e 2013). 147 148 Material e Métodos 149

Atividades de reconhecimento em campo foram feitas anteriormente à fase de coleta de 150

amostras, com o objetivo de delimitar e contextualizar aspectos gerais da área de estudo. Foram 151

observados de forma geral aspectos da geologia, geomorfologia, solos e vegetação, águas superficiais 152

e águas subterrâneas. 153

Foram definidos na área de pesquisa oito pontos de coleta de amostras de água, sendo quatro 154

no rio Do Mudo e quatro no rio Guajiru, entre o médio e alto curso da bacia (Figura 1). Esses pontos 155

foram escolhidos em função dos estudos encontrados e analisados na bibliografia sobre as referidas 156

sub-bacias. Ressalta-se que essa região (médio e alto curso da bacia) revelou aspectos peculiares de 157

ocorrência de águas superficiais (pequenos corpos d´água, lagoas temporárias, etc.), e águas 158

subterrâneas (predomínio do aquífero Cristalino fraturado, e aquíferos Cretáceos - Açu e Jandaíra), 159

com características hidrogeológicas e hidroquímicas diferentes do trecho do baixo/médio curso (no 160

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75

qual predominam águas sob maior influência do aquífero Barreiras), e usos pontuais pelas populações 161

envolvidas, que, mesmo precariamente, ainda se beneficiam dessas águas para realização de suas 162

atividades que contribuem para o desenvolvimento socioeconômico local. Outro motivo é a facilidade 163

de locomoção dentro da área da pesquisa, pela proximidade dos pontos com vias de acesso. 164

Quatro dos pontos estão na sub-bacia do Rio do Mudo, sendo o M17, M18, M22 e M32; quatro 165

estão na sub-bacia do Rio Guajiru, sendo o M35, M36, M42 e M49 (Figura 1). As coordenadas de 166

cada ponto foram adquiridas com GPS do modelo eTrex® 10, marca Garmin, utilizando o Datum 167

SIRGAS 2000, UTM zona 25N; as mesmas podem ser vistas na Figura . 168

No sentido de montante para jusante na sub-bacia do Rio do Mudo está o ponto M32 como 169

barramento de córregos oriundos das nascentes, geologicamente sobre a Suíte Dona Inês (rochas 170

graníticas), e solo quartzoso. O M18 está no mesmo contexto geológico do M32, com solo bem 171

quartzoso sem vegetação expressiva. O M17 é um pequeno barramento com mesmo contexto 172

geológico que os pontos anteriores; solo jovem e essencialmente quartzoso. O M22 difere dos pontos 173

citados por representar um afloramento de água subterrânea (aquífero Barreiras), devido a abertura 174

de uma escavação no terreno para a formação de um balneário, em uma área com influência antrópica; 175

geologicamente encontra-se sobre coberturas sedimentares (rochas da Formação Barreiras). 176

Na sub-bacia do Rio Guajiru o ponto M46 está localizado em uma pequena lagoa, com solo 177

arenoso e pouca matéria orgânica, inserido geologicamente nas coberturas aluvionares. O M36 está 178

uma lagoa perene no centro da comunidade de Serrinha, São Gonçalo do Amarante, cuja comunidade 179

é produtora de brita e pedras de cantaria. Geologicamente está sobre a Suíte Intrusiva Dona Inês 180

(rochas graníticas), com solo arenoso e quartzoso. O M42 está localizado a montante de um dos 181

córregos da respectiva sub-bacia. Geologicamente está sobre o contexto de depósitos aluvionares. O 182

M35 está em propriedade privada na comunidade de Maçaranduba, São Gonçalo do Amarante. Trata-183

se de um afloramento natural, em material coluvial, do aquífero Barreiras, com solo areno-argilo e 184

pouca matéria orgânica. 185

Desta forma, a amostragem de águas no alto/médio curso foi prioritariamente em corpos de 186

águas superficiais que ocorrem no domínio de rochas cristalinas graníticas e metamórficas, e corpos 187

d´água superficiais sob influência de coberturas sedimentares e/ou colúvio-elúvio-aluviais. O estudo, 188

portanto, não levou em consideração amostras de águas subterrâneas de poços. 189

Alguns pontos representaram acumulações superficiais (M17, M18 e M32) naquele momento 190

da coleta; outros são afloramentos naturais (M35) ou artificiais (M22) que ocorrem em trechos mais 191

rasos de coberturas colúvio-eluviais temporariamente saturadas, e/ou escoamento subsuperficial; vale 192

destacar que os pontos M36, M42 e M49 mesmo representando amostras de águas superficiais, 193

também, estão associados as contribuições subterrâneas do aquífero Barreiras. 194

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Entre julho e agosto de 2016, foram coletadas nestes pontos da área de pesquisa, amostras de 195

água para ensaios físico-químicos e análises químicas, seguindo metodologia da Companhia 196

Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e da Agência Nacional de Águas (CETESB, 2011). 197

As amostras de água foram coletadas em garrafas de Politereftalato de Etileno (PET) de dois 198

litros, previamente esterilizados. O transporte das amostras foi feito em caixas isotérmicas 199

refrigeradas. As amostras de água foram imediatamente levadas ao Laboratório de Análise de Solo, 200

Água e Planta da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), sendo 201

aplicada a metodologia de análises baseadas na Standard Methods for the Examination of Water and 202

Wastewater, 20th ed. 1998. 203

Com o objetivo de analisar as características das amostras quanto a potabilidade e possíveis 204

usos das águas foram escolhidas as Resoluções 357/2005 e 396/2008 do Conselho Nacional do Meio 205

Ambiente (CONAMA), que versam respectivamente sobre a classificação quanto a salinidade, 206

levando em conta os sólidos totais dissolvidos (STD); e a classificação quanto ao uso, que pode ser o 207

consumo humano, dessedentação animal, irrigação e recreação. Também foi escolhida a Portaria de 208

Consolidação 05/2017 Anexo XX do Ministério da Saúde, que estabelece padrões organolépticos e 209

de potabilidade. 210

Ainda, utilizou-se a classificação para a irrigação, proposta pelo United States Salinity 211

Laboratory, que se baseia na razão de adsorção do sódio e na condutividade elétrica, caracterizando 212

as águas desde próprias a inadequadas para o uso na irrigação. Para o consumo animal se observou o 213

proposto por Logan (1965), que estipulou intervalos de concentração de STD adequados para o 214

consumo animal. 215

Para estas análises também se utilizou como ferramenta o software Qualigraf. O mesmo foi 216

concebido para dar apoio na parte gráfica das análises mais usuais e interpretação de qualidade 217

d’água. Desenvolvido em 2001 como ferramenta de uso interno no Departamento de Recursos 218

Hídricos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), foi posto à 219

disposição do público em 2002, através do site da instituição. 220

Resultados e Discussão 221

Os dados obtidos através das análises físico-químicas e químicas das amostras e suas 222

concentrações estão expressas na Erro! Fonte de referência não encontrada. 1. São representadas a223

s concentrações dos íons maiores e os Sólidos Totais Dissolvidos (STD), em mg/L, e o potencial 224

hidrogeniônico (pH). Também foram analisados os metais traço, ou elementos traço, cromo, cádmio, 225

níquel, cobre, chumbo e zinco para as amostras de água dos corpos hídricos. As concentrações dos 226

elementos são dadas em mg/L nas amostras. As concentrações máximas permitidas pelas Resoluções 227

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357/2005, 396/2008 e da Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo XX do Ministério da Saúde 228

também estão dispostas na tabela para comparação direta com os resultados. 229

A partir dos resultados obtidos foi possível estabelecer um zoneamento hidroquímico 230

esquemático para as áreas que apresentam menores e maiores concentrações dos elementos ou 231

espécies químicas estudadas (Figura 2). Constatam-se duas zonas distintas na área de estudo 232

(alto/médio curso). Uma com maiores concentrações, na região oeste/ocidental da área, mais 233

especificamente no alto curso do rio Do Mudo que está coincidentemente sob domínio de rochas 234

cristalinas; outra na porção central da bacia, oriental da área de estudo, especificamente nos médios 235

cursos de ambas sub-bacias, sob maior influência de terrenos sedimentares Paleógenos/Neógenos. 236

237

Segundo dados climatológicos da EMPARN, as chuvas nos últimos anos vêm ocorrendo de 238

forma bastante irregular. A Figura 3 mostra que, no período de 2010 a 2016, somente no ano de 2011 239

ocorreram chuvas normais ou acima da média para todo o estado. A partir desse ano o que se registrou 240

foram cinco anos de chuvas escassas e irregulares no RN. A região costeira leste, onde fica inserida 241

a bacia em estudo, também sofre condições similares às observadas para todo o estado. 242

Essas condições interferem nos cursos e reservatórios de águas superficiais e subterrâneas, 243

podendo alterar a disponibilidade de oferta e a qualidade dos recursos hídricos ao longo do tempo; 244

podem ainda elevar a salinidade de reservatórios devido à menor quantidade de água renováveis 245

Figura 2 - Zoneamento hidroquímico esquemático estabelecido para a área de estudo a partir das concentrações

observadas para os elemntos analisados.

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disponibilizadas pelas chuvas nestes. 246

Vê-se que a maioria dos acumulados nos municípios abrangidos pela bacia no período de 2010 247

a 2016 está abaixo da média para a região no período. Os municípios de Ceará-Mirim, Ielmo Marinho 248

e Taipú, que são abrangidos pelo alto e médio curso, se mostram predominantemente abaixo ou no 249

limite das médias de precipitação acumulada; essas regiões estão relacionadas às nascentes das sub-250

bacias, o que resulta na baixa renovação dos reservatórios superficiais no período. 251

No ano da coleta das amostras (2016) todos os municípios a oeste da bacia, ou seja, médios e 252

alto cursos, mostram acumulados para as precipitações menores que a média para a região. 253

Baixas precipitações indicam baixa condição de renovação das águas superficiais e pouca 254

recarga dos aquíferos. O alto período de interação das águas com o substrato, bem como as altas taxas 255

de evaporação ligadas a região semiárida fazem crescer a concentração de íons e a salinidade das 256

águas, fazendo com que a qualidade das águas se deteriore e decaia progressivamente. 257

Stein (2013), estudando a hidrogeoquímica das águas de aquíferos rasos no domínio semiárido 258

da bacia sedimentar potiguar (aquífero Barreiras e Jandaíra), argumenta que no domínio semiárido os 259

sais se acumulam progressivamente no solo pelo efeito da alta evaporação e evapotranspiração, e dos 260

baixos índices de precipitação pluviométrica. Esses elementos podem ser carreados para reservatórios 261

ou aquíferos, aumentando a salinidade dos mesmos. Esse fato revela que o aumento da mineralização 262

das águas não está ligado somente a interação água-rocha, mas a outros fatores também. 263

Figura 3 - Variação das precipitações nos municípios abrangidos pela bacia hidrográfica

do Rio Doce no período de 2010 a 2016. A média para a chuvas normais nas microrregiões

que abrangem a bacia é segundo Neves et al. 2010. Média no período foi feita a partir das

médias de precipitação.

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Tabela 1 – Resultados das análises das amostras considerando alguns constituintes químicos principais versus os padrões para qualidade. As amostras estão dispostas de montante 264 para jusante das sub-bacias. As amostras foram coletadas entre julho e agosto de 2016. 265

Un – Unidade de concentração dos elementos; C – Consumo humano; D – dessedentação animal; I – irrigação; R – recreação; ALD: espécie abaixo do limite de detecção do 266 método utilizado. 267

268

Parâmetro Un

Resolução CONAMA

357/05

Resolução CONAMA

396/2008

Portaria

05 /2017

Anexo

XX

Sub-bacia do Rio do Mudo Sub-bacia do Rio Guajiru

Classe I Classe II Classe III C D I R M32 M18 M17 M22 M49 M36 M42 M35

Sólidos Totais

Dissolvidos mg/L 1000 1000 18.663,00 7.170,00 20.721,00 635 504 575 1.204,00 48,73

pH - 6,5-8,5 6,5 - 8,5 5,0- 9,0 7,5 8,6 6,6 7,8 7,9 8,3 8,2 5,7

Dureza (CaCO3) mg/L 500 4.422,12 1.519,13 5.306,55 236,71 71,79 86,88 296,54 6,24

Cl

mg/L

0,01 0,019 250 100-700 400 250 9.668,03 3.641,63 11.343,82 182,08 167,58 174,02 499,52 12,89

Na 200 300 200 4.761,90 1.750,00 5.333,33 77,77 98,2 99,5 242,85 10,55

SO42- 250 1000 400 250 603,04 46,24 752,69 24,2 19,4 6,87 7,29 5,42

Fe (Total) 0,3 0,3 5 0,3 0,3 1,81 0,61 0,58 0,13 0,11 0,3 0,29 0,16

Cr 0,05 1,1 0,05 1 0,1 0,05 0,05 0,05 ALD ALD ALD ALD ALD 0,02 ALD

Cd 0,005 0,04 0,005 0,05 0,01 0,005 0,005 0,01 0,01 0,04 0,003 ALD ALD 0,003 0,003

Ni 0,025 0,074 0,02 1 0,2 0,1 0,07 0,097 0,04 0,1 0,007 0,007 ALD 0,013 0,007

Cu 0,005 0,0078 2 0,5 0,2 1 2 0,05 0,023 0,053 0,02 0,093 0,097 0,08 0,07

Pb 0,01 0,21 0,01 0,1 5 0,05 0,01 0,333 0,203 0,477 0,06 0,047 0,083 0,06 0,08

Zn 0,09 0,12 5 24 2 5 5 0,087 0,06 0,073 0,04 0,047 0,05 0,06 0,053

NO2-

mg/L 0,07 0,7 1 10 1 1 1 ALD ALD ALD 0,03 ALD ALD ALD ALD

NO3- 0,4 0,2 10 90 10 10 ALD ALD ALD 4,94 0,29 ALD ALD 1,35

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Padrões de Potabilidade e Usos Prováveis

Para análise quanto a qualidade e usos das águas amostradas foram escolhidas as

regulamentações das Resoluções CONAMA 357/2005 e 396/2008, além da Portaria de

Consolidação 05/2017 Anexo XX do Ministério da Saúde.

A Resolução CONAMA 357/2005 prevê a classificação das águas doces, salgadas

e salinas do Território Nacional segundo a qualidade para os seus usos preponderantes,

levando em consideração a concentração dos STD. O Qualigraf, se baseando nesta

Resolução e nos STD, estabelece valores para a classificação quanto a salinidade; as

águas são classificadas em doce (STD < 500 mg/L), salobra (501 – 1500 mg/L) e salinas

(> 1500 mg/L).

As amostras de água puderam ser classificadas em sua maioria como salobras

(M22, M36, M42 e M49), e salinas (M17, M18 e M32), sendo somente uma doce (M35).

Tendo em vista a predominância da classificação em salobra ou salina, optou-se,

então, classifica-las como pertencentes à Classe 1 das águas salobras, que identifica águas

destinadas à recreação de contato primário, à proteção das comunidades aquáticas, à

aquicultura e à atividade de pesca, ao abastecimento para consumo humano após

tratamento convencional ou avançado, e à irrigação de hortaliças que são consumidas

cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem

remoção de película, e à irrigação de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os

quais o público possa vir a ter contato direto.

De acordo com a classificação em classe 1 das águas salobras, e os padrões

estabelecidos pela Resolução 357/2005, foram analisadas as concentrações dos elementos

em contraste com os padrões da Resolução. Para Cl-, todas as amostras de água do

trabalho apresentam valores maiores que o máximo permitido pela Resolução (0,01

mg/L). Para o Fe, as águas dos pontos M18, M22 e M32 apresentam valores acima do

estabelecido como padrão de qualidade pela Resolução (0,3 mg/L). A amostra M36

apresentou valor limítrofe ao permitido. As demais águas apresentam concentração

satisfatória. A maioria dos pHs das águas analisadas estiveram dentro dos padrões

estabelecidos pela Resolução 357/2005 (6,5 a 8,5), não indicando risco a saúde; a exceção

é a amostra M35 que apresenta valor menor que o recomendado (5,7 mg/L) (Tabela 1).

A Tabela 2 sintetiza a interpretação dos resultados encontrados na Tabela 1, com

base na Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo XX (BRASIL, 2017), que estabelece os

padrões organolépticos de potabilidade. Foi observado que para o Na+ quatro amostras

(M17, M18, M32 e M42) apresentaram valores maiores do que o permitido para padrões

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de potabilidade (200 mg/L de Na+). Para o Cl- as mesmas amostras de água apresentaram

valores acima ou próximo do permitido (250 mg/L de Cl-). As amostras de água restantes,

M22, M35, M36 e M49 apresentam valores satisfatórios para a Portaria (Tabelas 1 e 3).

Para o SO4-2 duas amostras mostraram valores acima do permitido (250 mg/L de SO4

-2),

sendo as amostras M17 e M32. O Fe analisado mostrou valores maiores do que permitido

pela legislação (0,3 mg/L de Fe) em três das oito amostras de água (M22, M18 e M32), e

limítrofe na amostra M36. Com relação aos STD, as amostras M17, M18 M32 e M42

excederam ao recomendado pela Portaria para águas aceitas dentro do padrão de

potabilidade (1.000mg/L).

Tabela 2 - Resultados para qualidade das amostras de água levando em consideração os íons maiores e a Portaria de

Consolidação 05/2017 Anexo XX do Ministério da Saúde. As amostras estão dispostas de montante para jusante de

cada sub-bacia. A amostragem foi realizada entre jul-ago de 2016.

Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo XX do Ministério da Saúde - Potabilidade

Amostras STD Na+ Cl- SO4-2 CaCO3 DUREZA

GEOLOGIA CONCLUSÕES

DO

MU

DO

M32 N N N N N Muito dura – N Rochas Cristalinas N

M18 N N N S N Muito dura – N Rochas Cristalinas N

M17 N N N N N Muito dura – N Rochas Cristalinas N

M22 S S S S S Muito dura – S Sedimentos da F. Barreiras S

GU

AJIR

U M49 S S S S S Pouco dura – S Sedimentos aluvionares S

M36 S S S S S Pouco dura – S Sedimentos aluvionares S

M42 N N N S N Muito dura – S Sedimentos aluvionares N

M35 S S S S S Branda – S Sedimentos da F. Barreiras S

S – Aceito dentro dos padrões; N – não indicado.

Quanto a dureza, apresentada em mg/L de CaCO3, as águas dos pontos M17, M18

e M32 apresentaram valores maiores do que os permitidos pela Portaria (500 mg/L), se

mostrando águas muito duras e inadequadas ao consumo.

Assumiu-se que, quaisquer que sejam, as infrações a qualquer parâmetro estudado

restringem totalmente o uso e aceitabilidade das águas amostradas.

O ponto M42 do Rio Guajiru apresentou concentrações de STD, Na+ e Cl- fora

dos limites ou padrões de aceitação, semelhante aos pontos M17, M18 M32. Estes pontos

possuem relação com a Suíte Intrusiva Dona Inês. Mesmo o ponto M42 estando sobre

coberturas de aluviões, também está próximo a referida suíte. Dessa forma, nesse ponto

os aluviões podem ter uma espessura reduzida, o que causa uma maior interação das águas

com as rochas graníticas, aumentado o teor de sais devido a oxidação ou lixiviação

presente nos minerais das rochas.

As divergências entre o ponto M18 e os pontos M17 e M32, que estão sobre o

mesmo contexto, indicam que o ponto M18 devia estar sofrendo uma influência maior

das coberturas sedimentares, ocorrendo renovação ou fluxo maior de suas águas. Já os

outros pontos estavam em local de águas mais estagnadas e em contato direto com rochas

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graníticas. A evaporação e a oxidação ou lixiviação de elementos presentes nos minerais

das rochas podem aumentar a concentração de elementos.

Em síntese, os pontos M22, M35, M36 e M49, portanto, estão com concentrações

dentro dos padrões da Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo XX (indicados pela letra

“S” – Tabela 2). Os pontos M22 e M35 representam afloramentos de água subterrânea. A

renovação dessas fontes leva a diminuição na concentração dos íons, melhorando a

qualidade. Os pontos M36 e M49 estão em áreas de coberturas sedimentares e influência

de aquíferos intergranulares, que contribuem para a renovação das águas,

consequentemente diminuindo a concentração dos íons.

Os pontos M17, M18, M32 e M42, por sua vez, estão com concentrações fora

dos padrões da Portaria (indicados pela letra “N” – Tabela 2), e ocorrem no domínio de

rochas cristalinas graníticas e metamórficas, ou influenciado pela proximidade destas

(M42).

A Tabela 3 indica a potabilidade e possíveis usos para as águas de acordo com a

Resolução 396/2008 a partir das análises das amostras, cujos resultados estão na Tabela

1. A Resolução 396/2008 dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o

enquadramento das águas subterrâneas. A mesma apresenta os valores máximos

permitidos para os elementos dependendo do uso preponderante, os quais podem ser o

consumo humano (C), dessedentação animal (D), irrigação (I) e recreação (R). Águas

enquadradas para todos os usos são indicadas na Tabela 3 por (T). Assumiu-se que

qualquer infração aos padrões estabelecidos restringe totalmente o uso dessas águas seja

quaisquer que forem os usos. As consideradas adequadas obedecem a todos os padrões

estabelecidos para os elementos ou espécies químicas citadas.

Tabela 3 - Potabilidade e possíveis usos para as águas a partir das análises das amostras. As amostras

estão dispostas de montante para jusante de cada sub-bacia.

CONAMA 396/2008

AMOSTRAS Fe

(Total) NO3

- Cl- Na+ SO42- STD GEOLOGIA

CONCLUSÕES

DO

MU

DO

M32 D ALD N D.I D.I N Rochas

Cristalinas N

M18 D ALD N D.I T N Rochas Cristalina N

M17 T ALD N D.I D.I N Rochas Cristalina N

M22 N T T T T T Sedimentos da F.

Barreiras N

GU

AJ

IRU

M49 T T T T T T Sedimentos

aluvionares T

M36 T ALD T T T T Sedimentos

aluvionares T

M42 T ALD I D.I. R T N Sedimentos

aluvionares N

M35 T T T T T T Sedimentos da F.

Barreiras T

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83

C – Consumo humano; D – dessedentação animal; I – irrigação; R – recreação; N – não indicado; T – todos

os usos; ALD: espécie abaixo do limite de detecção do método utilizado.

Para o Fe a Resolução situa limites para o uso para consumo humano (0,3 mg/L),

irrigação (5 mg/L) e recreação (0,2 mg/L). A amostra M22 foi a que apresentou maior

concentração, não sendo indicada para nenhum uso. As águas dos pontos M18 e M32

também apresentam valores maiores que o permitido, sendo indicado o uso para

dessedentação, por esse não possuir limite dentro da Resolução. As amostras M36 e M42

se apresentam com concentrações limítrofes, sendo indicado precauções quanto ao uso.

As demais não possuem restrições.

Em relação ao Cl- as amostras de água dos pontos M17, M18 e M32 apresentaram

desconformidade com a Resolução CONAMA 396/2008, enquanto que as amostras M22,

M35, M36 e M49 apresentaram valores compatíveis com os usos indicados pela

Resolução. Na amostra M42 a concentração de Cl- está em conformidade com a

Resolução CONAMA 396/2008 utilizada para fins de irrigação.

O Na+ nas amostras de água dos pontos M17, M18, e M32 apresenta valores muito

superiores ao indicado para o consumo humano e recreação. A Resolução CONAMA

396/2008 não estipula limites máximos do Na+ para a dessedentação e irrigação; assim, a

legislação permite que águas com alto teor de sódio sejam utilizadas para dessedentação

animal e irrigação. As amostras M22, M35, M36 e M49 apresentaram valores

compatíveis para uso recreativo ou de consumo humano (200–300 mg/L). A amostra M42

apresentou concentração do elemento um pouco maior do que o indicado para consumo

(200mg/L), sendo mais adequado seu uso para fins recreativos.

Quanto ao SO4-2 com exceção das amostras de água M17 e M32, que são indicadas

para dessedentação animal e irrigação, todas as amostras restantes apresentam

concentrações em conformidade com a resolução para consumo humano, dessedentação,

irrigação e recreação.

Quanto aos STD, a Resolução só apresenta limite máximo de concentração para o

consumo humano (1000 mg/L); as águas dos pontos M17, M18, M32 e M42 não são

indicadas para consumo humano, podendo ser utilizadas para outros fins. As demais

amostras podem ser indicadas para uso com os fins estabelecidos na Resolução 396/2008

do CONAMA.

Levando em consideração os resultados e os padrões da Resolução CONAMA

396/2008, portanto, as amostras M35, M36 e M49 são as que representam águas que

podem ser utilizadas incondicionalmente para todos os fins previstos na Resolução. As

amostras M17, M18, M22, M32 e M42 representam águas para as quais não é indicado o

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seu uso incondicional, especialmente para consumo humano, devido infringirem algum(s)

limite(s) máximo(s) estabelecido(s) na Resolução para uma ou mais espécies químicas e

íons analisados.

Os problemas encontrados para estas últimas amostras de água estão relacionados

ao ambiente e tipo de corpos hídricos de onde foram coletadas. As M17, M18 e M32 estão

em região de rochas cristalinas Pré-Cambrianas (rochas graníticas da Suíte Intrusiva Dona

Inês), a oeste na bacia, sob influência de clima semiárido, com baixas precipitações e altos

valores de evaporação; também ocorrem em corpos pequenos em que a água se evapora

mais rapidamente, aumentando a concentração de sais. Tendo em vista que estão sob

influência de rochas cristalinas, essas rochas podem sofrer intemperismo químico através

do contato das águas com as mesmas, liberando íons dissolvidos para a água intempérica,

e salinizando-as. Hem (1986) argumenta que grande fonte de minerais dissolvidos na água

é a assembleia mineral das rochas próximas a superfície.

A Tabela 1 apresenta valores para nitrito e nitrato iguais a zero para cinco amostras

de água, expressando concentrações indetectáveis pelas técnicas analíticas utilizadas. A

amostra M22 mostrou valores de 0,03 mg/L para nitrito e 4,94 mg/L para nitrato. Os

dados das análises também mostraram que as águas dos pontos M35 e M49 possuem

valores de 1,35 mg/L e 0,29 mg/L de nitrato, respectivamente.

Para o NO3- (nitrato), mesmo as águas que apresentaram essa espécie química

(M22, M35 e M49) não tiveram valores superiores ao indicado para uso de consumo,

dessedentação e recreativo estabelecido pela Resolução 396/2008. O NO2- (nitrito) só

ocorre na amostra M22, não excedendo os limites de concentração para os usos indicados

na Resolução.

As concentrações das espécies nitrogenadas apresentadas para esses pontos não

indicam uma preocupação, pois os valores apresentados tanto para nitrato quanto para

nitrito não excedem os padrões estabelecidos pelas Resolução CONAMA 396/2008 e

Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo XX (1,0 mg/L de nitrito e 10 mg/L de nitrato,

expresso em nitrogênio). Entretanto, levando em consideração a classificação aqui

adotada, que considera as águas amostradas como salobras de Classe 1 na Resolução

357/2005, as amostras de água M22 e M35 apresentam valores maiores do que o

recomendado para o nitrato (0,4 mg/L). Ainda, valores estabelecidos pela Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2005) mostram um valor de alerta para o

nitrato da ordem de 5 mg/L, por teores acima destes já indicarem contaminação por

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atividades antrópicas. A amostra M22 mostrou um valor próximo a essa concentração de

alerta.

O ponto M22 (nitrato = 4,94 mg/L) é próximo à área com ocupação humana.

Trata-se de uma área de lazer com influência direta de contaminantes antropogênicos. Há

residências e atividades de criação animal não mais do que a 100m de distância, sendo

casas simples sem devido saneamento básico. As casas ficam topograficamente mais

elevadas que a piscina que é representada pelo ponto M22; esse local fica no sentido em

que as águas subterrâneas fluem no sentido do Rio do Mudo (ANA, 2012), o que causa o

afloramento do lençol freático, exposto aqui pela escavação da piscina. A contaminação

nesse ponto é reflexo das ocupações humanas.

Similarmente o ponto M35 (nitrato = 1,35 mg/L) está em contexto próximo a

atividades humanas. As ocupações mais próximas estão cerca de 200m de distância, e um

distrito de pequeno porte denominado Maçaranduba se encontra a cerca de 500m a NE.

O distrito se encontra topograficamente mais elevado que o ponto de amostragem, e o

fluxo subterrâneo ocorre no sentido do Rio Guajiru, passando pelo M35 (ANA, 2012).

Essa comunidade também não apresenta o devido esgotamento sanitário, sendo os dejetos

possivelmente lançados diretamente no subsolo.

O ponto M49 (nitrato = 0,29 mg/L) tem residências a cerca de 150m de distância

e um assentamento rural a cerca de 500m, onde os habitantes trabalham

predominantemente com hortas familiares. O ponto se mostra em uma depressão

topográfica para a qual converge o fluxo subterrâneo (ANA, 2012). As residências são

simples, sem o devido escoamento sanitário, o que contribui para um teor de nitrato da

ordem de 0,29 mg/L nesse ponto de amostragem, não sendo anômalo para os padrões

estabelecidos.

Os pontos M22, M35 e M49 encontram-se em um contexto geológico semelhante

e mostraram diferentes níveis de contaminação. Todos têm características do aquífero

aluvionar, que é mais propício a influências externas e a contaminação antrópica, bem

como também do aquífero Barreiras.

Castro & Duarte (2000) em estudo no baixo curso da bacia do Rio Doce, nas

proximidades da Lagoa de Extremoz, destacaram como principais fontes de

contaminação, as consequências da expansão urbana aliada a falta de saneamento básico.

A região não dispõe de rede de esgotos, sendo utilizado o sistema de disposição local de

efluentes, mediante o uso generalizado de fossas sépticas e sumidouros.

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Os elementos que apresentaram valores acima dos permitidos pela Portaria de

Consolidação 05/2017 Anexo XX (BRASIL, 2017), bem como das Resoluções 357/2005

e 396/2008 do CONAMA, mostram inviabilidade da utilização dessas águas para

abastecimento humano. As elevadas concentrações, principalmente de Cl-, Na+ e Mg+2,

são devidas à condição estagnada das águas amostradas e da pouca chuva que tem

atingido a região durante o período do estudo, principalmente entre os anos de 2010 a

2016 no RN.

A partir do STD medido, e com base na Resolução 357/2005 CONAMA, foi

possível classificar as águas quanto a salinidade. Três apresentaram STD maior que

1500mg/L, sendo classificadas como salgadas (M17, M18 e M32). Quatro amostras, por

apresentarem STD entre 500mg/L e 1500mg/L (M22, M36, M42 e M49), foram

classificadas como salobras. Uma amostra (M35) apresentou STD entre 0mg/L e

500mg/L, sendo definida como uma água doce. Constata-se, de acordo com o mapa

esquemático de zoneamento (Figura ), que as águas com menor salinidade (entre 500 e

1500 mg/l) ocorrem nos setores do médio curso das sub-bacias, sendo abrangida a porção

mais central da área estudada.

As amostras de água do alto curso do rio Mudo (M17, M18, M32) são

provenientes de barreiro e barramentos com água acumulada por um longo período.

Apresentam características semelhantes e são classificadas como salgadas. A escassez de

chuvas por um longo período leva à estagnação dos corpos d’água nos quais foram

coletadas estas águas, e podem ter influenciado no aumento da concentração de sais na

água por efeito da evaporação direta, elevando sua salinidade. As demais amostras

representam águas subterrâneas (M22 e M35) ou corpos d’agua com dimensões maiores

e recebendo recarga a partir de aquíferos locais (M36, M42, M49), aparentemente

diminuindo, mesmo que pouco as concentrações de sais dissolvidos nas águas.

Quanto a classificação pelo United States Salinity Laboratory (USSL) (Tabela 44),

as águas do ponto M22, do Rio do Mudo, e as dos pontos M36, M42 e M49, do Rio

Guajiru, são colocadas como da categoria C3, sendo indicadas para irrigação de solos

bem drenados, e com precauções em relação à salinização; vegetais de alta tolerância

salina devem ser cultivados. A amostra M35 foi classificada como C0, águas que podem

ser utilizadas sem restrição para irrigação. A amostra M18 foi classificada como C5,

sendo recomendado o uso em solos excessivamente permeáveis e muito bem cuidados,

salvo para vegetações específicas como palmeiras. As águas dos pontos M22, M35, M36

e M49 são apresentadas também como S1, sendo águas pouco sódicas, podendo ser

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utilizadas em quase todos os solos com fraco risco de formação de teores nocivos de

sódio, sendo úteis ao cultivo de quase todos os vegetais. A amostra M42 é classificada

como S2, apresentando perigo de sódio para solos de textura fina e podendo ser utilizada

para solo de textura grosseira ou ricos em matéria orgânica e com boa permeabilidade. A

amostra M18 se classifica como S4, sendo águas extremamente sódicas, geralmente

imprestáveis para a irrigação. As águas do M17 e M32 apresentaram valores tão elevados

para a razão de absorção de sódio (RAS) e a C.E. que não são passíveis de classificação,

sendo águas recomendáveis para se utilizar somente no cultivo de palmeiras e em solos

excelentemente drenados.

Portanto, as amostras que representam as águas que podem ser utilizadas para

irrigação, desde que sejam tomadas medidas prévias quanto a cultura a ser trabalhada ou

mesmo tratamento prévio das águas, são as amostras M22, M36, M42 e M49. Uma única

amostra apresenta qualidade suficiente para ser utilizada sem restrições, sendo esta a M35

(Tabela 4).

Tabela 4 - Classificação quanto ao uso das águas amostradas baseado na metodologia

da USSL. Os pontos estão dispostos de montante para jusante de cada sub-bacia.

Consumo para Agricultura - USSL

Amostras Classes Usos GEOLOGIA

DO

MU

DO

M32 - Inadequada para todos os usos Rochas Cristalinas

M18 C5-S4 Inadequada para todos os usos Rochas Cristalinas

M17 - Inadequada para todos os usos Rochas Cristalinas

M22 C3-S1 Precauções quanto ao uso Sedimentos da F. Barreiras

GU

AJ

IRU

M49 C3-S1 Precauções quanto ao uso Sedimentos aluvionares

M36 C3-S1 Precauções quanto ao uso Sedimentos aluvionares

M42 C3-S2 Precauções quanto ao uso Sedimentos aluvionares

M35 C0-S1 Irrigação Sedimentos da F. Barreiras

USSL - United States Salinity Laboratory

Quanto a qualidade da água para consumo animal, tendo como base a metodologia

de Logan (1965), as águas dos pontos M22, M35, M36, M42 e M49 se mostram na classe

de águas boas para o consumo animal (STD ≤ 2.500 mg/L). As águas do M17, M18 e

M32 apresentam valores de STD maiores ou iguais a 4.500 mg/L, sendo classificadas

como insatisfatórias para o consumo animal.

A Tabela 55 mostra um sumário dos resultados obtidos no que se refere à

comparação com as Resoluções, Portaria e demais classificações utilizadas para analisar

os dados; observa-se que as amostras que são inadequadas para uso diante das normativas

escolhidas são as do alto curso do Rio do Mudo (M17, M18 e M32). Já as que apresentam

melhor qualidade com base nas normativas são as amostras do alto curso do Rio Guajiru

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(M49 e M36) e as que representam águas subterrâneas (M22 e M35). Ainda assim, são

recomendadas precauções no uso das águas nas amostras M22, M49, M36 e M42, de

acordo com as normativas do USSL.

Tabela 5 – Sumário das conclusões encontradas no trabalho à luz das Resoluções, Portaria e demais

classificações utilizadas como base. Os pontos estão dispostos de montante para jusante de cada sub-bacia.

Amostras

Resolução

CONAMA

357/05

Resolução CONAMA 396/2008 Portaria

05/2017

Anexo

XX

USSL Logan

(1965)

Classe I Consumo Dessedentação Irrigação Recreação

DO

MU

DO

M32 N

N I N

M18 N

N I N

M17 N

N I N

M22 S P S

GU

AJ

IRU

M49 S S P S

M36 S S P S

M42 N P S

M35 S S IR S

S – Aceito dentro dos padrões; N – não indicado; I – Inadequado; P – Precauções; IR – Irrigação.

Potabilidade e Metais Traço

Callender (2003) argumenta que a contaminação do meio por metais pesados está

intrinsecamente relacionada com a condição de vida das populações. Os metais pesados

nos solos são derivados principalmente de fontes naturais, mas podem ter sua

concentração alterada por atividades antrópicas (Burak et al., 2010). A Tabela 66 mostra

os resultados obtidos para os metais traço nas amostras de água, bem como os problemas

encontrados em relação aos limites estabelecido pelas resoluções.

Tabela 6 – Resultados obtidos para metais traço a partir das amostras coletadas. Os pontos estão dispostos

de montante para jusante de cada sub-bacia.

ALD – espécie abaixo do limite de detecção do método utilizado; * Valores excedentes pela Resolução 357/2005; ° Levando em

consideração o consumo humano na Resolução 396/2008; # Valores excedentes pela Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo XX.

Levando em consideração a Resolução CONAMA 357/2005 (Tabela 66), os

valores do elemento cromo (Cr) nas águas não excederam ao recomendado. Somente a

Amostras Cr Cd Ni Cu Pb Zn CONAMA

357/2005

CONAMA

396/2008

MS

05/2017

Anexo XX mg/L

DO

MU

DO

M32 0,05* 0,01*#° 0,097*#° 0,05* 0,333*#° 0,087

Problemas

com Cr,

Cd, Ni, Cu

e Pb.

Problemas

com Cd, Pb e

Ni.

Problemas

com Cd, Ni

e Pb.

M18 ALD 0,01*#° 0,04*° 0,023* 0,203*#° 0,06

M17 ALD 0,04*#° 0,1*#° 0,053* 0,477*#° 0,073

M22 ALD 0,003 0,007 0,02* 0,06*#° 0,04

GU

AJIR

U M49 ALD ALD 0,007 0,093* 0,047*#° 0,047

M36 ALD ALD ALD 0,097* 0,083*#° 0,05

M42 0,02 0,003 0,013 0,08* 0,06*#° 0,06

M35 ALD 0,003 0,007 0,07* 0,08*#° 0,053

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amostra M32 apresentou valores limítrofes (0,05 mg/L). Para o cádmio (Cd) as águas do

M17, M18 e M32 apresentaram valores acima do permitido (0,005 mg/L), mostrando

eventual contaminação para esse elemento. O níquel (Ni) apresentou valores maiores do

que o permitido (0,025 mg/L) em águas de três amostras, M17, M17 e M32. Para o cobre

(Cu) todas as águas excederam ao recomendado pela Resolução 357/2005 (0,005 mg/L).

O elemento chumbo (Pb) esteve presente em todas as águas amostradas em concentração

superior ao permitido pela Resolução (0,01 mg/L). Para o zinco (Zn) nenhuma das

amostras apresenta concentrações maiores do que permitido (0,09 mg/L).

Com relação à Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo XX do Ministério da

Saúde (BRASIL, 2017) (Tabela 6), para o elemento cromo (Cr) os valores estabelecidos

por amostra não ultrapassaram os padrões definidos, que é de 0,05mg/L de Cr. Esse valor

limítrofe é atingido pela amostra M32, com valor de 0,05mg/L. A mesma está inserida no

contexto da Suíte Intrusiva Dona Inês. Os granitos intemperizados contidos nessa unidade

podem liberar o Cr. As águas do M17, M18 e M32 apresentam valores mais elevados

para Cd do que o estabelecido pela Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo XX (0,005

mg/L). Todas estão inseridas na Suíte Dona Inês. O cádmio é um elemento relativamente

raro, estando geralmente associado a minerais de zinco, e estes a rochas ígneas. Para o

níquel (Ni) a Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo XX do Ministério da Saúde

estabelece valor máximo de 0,07mg/L, sendo esse excedido nas amostras M17 e M32.

Essas águas foram coletadas em açudes com água estagnada, o que leva ao aumento da

concentração dos elementos. Estão sobre os granitos da Suíte Intrusiva Dona Inês que

podem ser fontes para esse elemento. Quanto ao cobre (Cu), nenhuma das águas

amostradas mostraram valores excedentes, com relação a Portaria. Para o chumbo (Pb)

todas as águas mostraram valores maiores do que o valor permitido (0,01 mg/L). Segundo

Hem (1985) esse elemento ocorre com abundância de cerca de 16 ppm em rochas ígneas

e 14 ppm em arenitos, rochas como essas são encontradas nas áreas amostradas neste

trabalho.

Em comparativo com a Resolução 396/2008 (Tabela 6), os valores observados

para o cromo (Cr) nas águas que apresentaram esse elemento (M32 e M42) não excedem

o recomendado para nenhum dos usos indicados pela Resolução, entretanto chega no

limite máximo permitido para o consumo (M32 – 0,05 mg/L). Para o cádmio (Cd), as

águas amostradas que apresentaram esse elemento, a M17, M18 e M32, excedem o

recomendado para consumo humano (0,005 mg/L), obedecendo os limites para irrigação

e dessedentação animal (0,01–0,05 mg/L). As amostras M22, M35 e M42 apresentaram

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valores adequados ao consumo humano e recreação (0,005mg/L). Acerca do elemento

chumbo (Pb), todas as amostras de água mostraram valores acima do recomendado para

consumo humano (0,01 mg/L). A amostra M49 apresenta um valor próximo do máximo

permitido para o uso recreativo. No geral as amostras têm um uso indicado, com base na

concentração desse elemento, para dessedentação animal e irrigação (0,01-5 mg/L). Para

o cobre (Cu), os valores obtidos nas águas não excedem nenhum dos máximos permitidos

pela Resolução 396/2008, obedecendo os limites estipulados para todos os fins citados.

Para o elemento níquel (Ni), as águas M22, M35, M36, M42, M49 apresentaram

concentrações que permitem o uso para consumo humano (0,02 mg/L). As amostras de

água dos pontos M17, M18 e M32 apresentam valores que permitem seu uso para as

demais atividades. Quanto ao zinco (Zn) nenhuma das amostras apresenta restrições,

sendo as concentrações bem abaixo dos valores máximos permitidos para todos os usos

citados.

Os locais onde as amostras apresentaram os valores dos elementos acima do que

é indicado para consumo humano, são representados pelas amostras M17, M18 e M32,

que apresentaram teores elevados para cádmio, níquel e chumbo, além de cromo para

M32; estes locais são de potencial risco a saúde, devido a exposição dos humanos, ou

mesmo animais, a teores de metais pesados que podem causar doenças. O elemento

chumbo mostra valores superiores ao permitido por todas as normativas em todos os

pontos. Esse fato mostra contaminação em todos os pontos, devendo-se ter precauções ou

mesmo abstenção do uso dessas águas devido à presença desse elemento. O cobre se

apresenta maior que o permitido pela resolução 357/2005 em todas as amostras.

Semelhante ao chumbo, não se recomenda o uso dessas águas por esta contaminação

presente.

Devido aos pontos de amostragem em sua maioria se encontrarem em regiões

rurais com poucas moradias, a origem dos metais pesados provavelmente está relacionada

as litologias presentes na região tais como os granitos, conferindo uma origem geogênica

para essa contaminação das águas amostradas.

Entretanto, as águas amostradas que apresentaram maiores problemas quanto ao

teor de metais traço estão localizadas à beira de estradas carroçáveis e próximo a algumas

residências, caso das amostras M17 e M32. Os veículos transeuntes pelas estradas podem

liberar metais que estão relacionados ao desgaste de pneus e/ou de suas peças, ou ainda

aos sistemas de exaustão dos veículos, contaminando o meio. A amostra M18 também

apresenta concentrações elevadas de metais pesados. O local desse reservatório está

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91

situado bem próximo a comunidade de Primeira Lagoa, no município de Ceará Mirim.

As atividades humanas que ocorrem nessa comunidade, bem como o trânsito de veículos

podem funcionar como agravantes para o aumento dos teores de metais.

Goyer (1996) argumenta que todos os metais e seus compostos possuem

toxicidade, ou seja, a capacidade de causar alguns efeitos nocivos e adversos sobre os

organismos vivos. O ponto principal está relacionado ao grau de exposição do organismo

a esses elementos. O grau de exposição está relacionado tanto com a quantidade como

com o tempo que o organismo está exposto. Assim, mesmo esses elementos tendo papel

importante para o metabolismo e desenvolvimento de alguns organismos, a alta exposição

acarretará intoxicações ou doenças graves.

Callender (2003) argumenta que os metais pesados são constituintes naturais dos

minerais primários, não sendo potencialmente prejudiciais ao homem ou animais, sendo

liberados desses compartimentos geoquímicos pela ação do intemperismo sobre as rochas

quando essas afloram. A exposição do ser humano a esses elementos após eles serem

liberados dos compartimentos originais é que pode trazer consequências maléficas a

saúde das populações.

Entretanto, Araújo & Souza (2012) argumenta que as fontes antropogênicas

contribuem significativamente para a disseminação de contaminação por metais. Também

cita que diversos metais além das fontes naturais também apresentando contribuições

humanas através de atividades como indústrias, esgotos emissão de veículos, mineração

metalurgia, fertilizantes, pesticidas, resíduos urbanos, entre outros.

Muniz & Oliveira-Filho (2006) trazem conclusões semelhantes ao citarem que os

metais estão naturalmente presentes no ambiente. Todavia a extração e beneficiamento

de metais, rejeitos industriais, efluentes domésticos, insumos agrícolas, descarte de

produtos comerciais, queima de combustíveis fósseis e descarte de esgoto são atividades

antrópicas ligadas a contaminação do meio por metais traços.

Conclusões

Na Resolução CONAMA 396/2008 destacam-se os possíveis usos para consumo

humano, irrigação, dessedentação e recreação, podendo ser indicado tratamento, devido

a contaminações antrópicas, para as águas dos pontos M22, M35, M36 e M49. Em relação

as águas dos pontos M17, M18 e M32, devido à alta concentração de íons e espécies

químicas, o uso não é recomendado para nenhum dos fins estabelecido pela Resolução.

As águas dos pontos M22, M35, M36 e M49, tidas como adequadas para todos os usos

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92

dentro dos parâmetros da resolução, apresentaram contaminação para ferro (M22) cobre

e chumbo (todas), sendo recomendada a não utilização de todas as águas.

Com base na Resolução CONAMA 357/2005 as águas foram classificadas

predominantemente como classe 1 das águas salobras; as amostras M17, M18 e M32

foram as mais problemáticas em relação a classe 1 das águas salobras dessa Resolução,

apresentando valores moires que os permitidos para cloreto (todas as amostras) e ferro.

Os pontos M17, M18 e M32 de acordo com Logan (1965) não apresentaram

valores de STD satisfatórios para consumo animal. As águas amostradas dos pontos M22,

M35, M36, M42 e M49 são as que apresentam qualidade satisfatória para os usos de

consumo humano, irrigação e dessedentação com relação as concentrações de STD.

A classificação pelo USSL mostra que as águas dos pontos M22, M36, M42 e

M49, são adequadas para irrigação em solos bem drenados, tomando-se algumas

precauções e tendo seu uso definido para cultivos específicos; não apresentam risco

elevado de concentração de sódio nocivo no solo. As águas dos pontos M17, M18 e M32

se mostraram inadequadas para irrigação.

O nitrato não apresenta valores que excedem as regulamentações. Entretanto,

valores próximos a 5 mg/L, como o da amostra M22, servem de alerta para contaminação

antropogênica do aquífero nesse ponto. O mesmo se trata de um balneário cercado por

ocupações humanas que podem estar lançando esgoto e dejetos direto no solo e

contaminando o aquífero na área. É recomendado o monitoramento tanto das

concentrações de NO3- desse ponto, como do uso dessas águas por parte da população.

Portanto, as águas amostradas nos pontos M17, M18 e M32 são as que apresentam

maiores restrições com relação à sua utilização para irrigação, consumo humano ou

dessedentação. As amostras M22, M35, M36, M42 e M49, mesmo apresentando em

alguns pontos qualidade satisfatória para consumo, recomenda-se a utilização

prioritariamente para irrigação e dessedentação animal, levando em consideração tão

somente as concentrações das espécies e elementos iônicos.

Quanto aos metais traço, as águas mais problemáticas foram as M17, M18 e M32,

apresentando concentrações acima do permitido para todos os metais, com exceção do

cromo e zinco. Essas amostras excederam o proposto pelas Resoluções 357/2005 e

396/2008 e a Portaria de Consolidação 05/2017 Anexo XX para os elementos Cd, Ni, Cu

e Pb; as demais amostras apresentaram contaminação por cobre e chumbo. Isso mostra

que o uso de todas as águas amostradas deve ser evitado, a fim de que os usuários não

desenvolvam doenças ligadas a ingestão ou exposição a esses elementos. Recomenda-se

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93

investigar o histórico de ocorrência de doenças de veiculação hídrica na região, em

especial aquelas enfermidades crônicas que vem sendo adquiridas pela população,

desencadeadas pelo consumo ou contato com águas contaminadas por metais, a longo

prazo.

Em síntese, mesmo algumas das regiões observadas apresentando salinidade

satisfatória para irrigação ou outros consumos, quando se considera para os mesmos

pontos (M22, M35, M36, M42 e M49) a presença de metais, além de outros fatores,

verifica-se a total inviabilidade de sua utilização, para quaisquer que sejam os usos; todos

os pontos amostrados se mostram contaminados por cobre e chumbo, podendo esses

elementos contaminarem solos e culturas a serem irrigadas com essas águas; nenhuma

das águas amostradas mostrou-se totalmente adequada para ser consumida.

Com base no zoneamento esquemático proposto (Figura 2), bem como nos

resultados obtidos, pode-se assumir a existência de duas zonas distintas na área de estudo

(alto/médio curso); uma com maiores concentrações, na região oeste/ocidental, Rio Do

Mudo, sobre rochas cristalinas; outra na porção central da bacia, nos médios cursos dos

rios, sobre rochas sedimentares e sedimentos inconsolidados.

A zona de mais altas concentrações de STD, Cl-, Na+, SO4-2 e dureza, que é a

porção oeste da área de estudo, apresenta águas que são inadequadas para consumo

humano e irrigação, diante das concentrações, bem como teores elevados de metais

traços; logo, deve-se evitar o uso dessas águas sejam quais forem.

Em contraste, as águas na porção do médio curso apresentam condições melhores

para os usos. Entretanto, algumas áreas mostram, ainda, carecerem de precauções e

cuidados quanto ao uso pela população, sendo recomendado a total abstenção desses

reservatórios por parte da população.

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CAPÍTULO 3 – Avaliação dos sedimentos de fundo em pontos dos Rios Guajiru e

Do Mudo, Bacia Hidrográfica do Rio Doce/RN.

Micael Batista Damasceno; Raquel Franco de Souza

ARTIGO PARA SUBMISSÃO A PUBLICAÇÃO

RESUMO: A Bacia Hidrográfica do Rio Doce localiza-se no Litoral Oriental do RN. É formada pelos rios

tributários Do Mudo e Guajiru, os quais descarregam suas águas na lagoa de Extremoz, que deságua no Rio

Doce. A água da Lagoa de Extremoz é captada para abastecimento de parte da região metropolitana

natalense. O substrato das nascentes é formado por rochas Pré-cambrianas, predominando no restante

rochas sedimentares da Formação Barreiras e materiais Quaternários. Os rios Guajiru e Do Mudo são

intermitentes e os corpos de água superficial são efêmeros. Procurando avaliar as características físicas e

químicas dos sedimentos quanto a origem e composição foram analisados a granulometria e os teores de

matéria orgânica, perda ao fogo e carbonato. Também os elementos maiores e os metais traços adsorvidos

nos sedimentos foram analisados por espectrometria de fluorescência de raios X espectrofotometria de

absorção atômica, respectivamente. Os sedimentos são arenosos, predominando o quartzo. Os teores de

matéria orgânica indicam um sedimento essencialmente mineral. A composição química do rio Do Mudo

aponta para uma relação genética com as rochas aflorantes na região. Para o rio Guajiru o empobrecimento

na concentração de alguns elementos indica maior retrabalhamento das partículas pelo intemperismo. Os

metais não apresentaram concentrações nem maiores nem condizentes com os tipos de rochas da região,

indicando que parte desses elementos podem ter origem em atividades antrópicas.

Palavras-chave: sedimentos de fundo; água superficial; metais traços.

ABSTRACT: Abstract: The Doce river Watershed is located on the Eastern Coast of the Rio Grande do

Norte State. The Mudo and Guajiru rivers form the tributaries, which discharge their waters in the Extremoz

lagoon, which empties in the Doce River. The Extremoz lagoon supplies part of the Natal metropolitan

region. The substrate of the springs is formed by Precambrian rocks, predominating in the remaining area

sedimentary rocks of the Barreiras Formation and Quaternary materials. The Mudo and Guajiru rivers are

intermittent and the surface water bodies are ephemeral. To evaluate the physical and chemical

characteristics of the sediments in terms of origin and composition, particle size, organic matter, loss on

ignition and carbonate were analyzed. Also, the major elements and the metals adsorbed in the sediments

were analyzed by X-ray fluorescence spectrometry and atomic absorption spectrophotometry, respectivelly.

The sediments are sandy, with quartz as predominant mineral. The organic matter content indicates an

essentially mineral sediment. The chemical composition of the Mudo river points to a genetic relation with

the outcrop rocks in the region. For the Guajiru river, the impoverishment in the concentration of some

elements indicates greater reworking of the particles by weathering. The metals did not present

concentrations higher or consistent with the rock types in the region, indicating that some of these elements

may originate from anthropic activities.

Keywords: background sediments; surface water; metal traces.

1 INTRODUÇÃO

A composição química das águas superficiais está associada à alteração do

substrato rochoso e materiais carreados pela erosão, com os quais interagem. Também

sofre influência da deposição de materiais particulados da atmosfera e de componentes

da água da chuva (CONCEIÇÃO & BONOTTO, 2004).

Nas drenagens, as espécies químicas, provenientes da alteração destes materiais

rochosos e solos, bem como de poluentes, ficam estocadas, em sua grande maioria (99%),

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nos sedimentos (AXTMANN & LUOMA, 1991; PEREIRA et al., 2007), que dessa forma

constituem importante ferramenta para avaliação de contaminação.

Os sedimentos de fundo são importantes fatores nos ambientes aquáticos

continentais, pois integram todos os processos físico-químicos e biológicos que ocorrem

no meio (ESTEVES, 2011). Na maioria dos ecossistemas aquáticos continentais, a

concentração dos compostos químicos no sedimento de fundo é significativamente maior

do que nos demais compartimentos. As espécies químicas provenientes da alteração das

rochas e dos solos, e dos poluentes, ficam estocadas nos sedimentos de fundos (PEREIRA

et al., 2007).

Ainda, os sedimentos têm importante papel no esquema de poluição aquática, pois

servem para detectar a presença de contaminantes que não permanecem solúveis após o

seu lançamento em águas superficiais. Estes atuam como carreadores de possíveis fontes

de poluição, já que os metais não são permanentemente fixados pelos sedimentos e podem

ser transportados nos corpos d’água, em decorrência de mudança nas condições

ambientais (MARTINS et al., 2007).

Os metais e outras espécies químicas encontram-se dissolvidas nas águas

intersticiais (nos poros) dos sedimentos ou adsorvidos às superfícies das partículas

(orgânicas e inorgânicas) do sedimento. As águas intersticiais são consideradas o

compartimento do ambiente aquático em que os elementos dissolvidos são biodisponíveis

e, por este motivo, importantes na avaliação ambiental (EZAKI et al., 2011).

A importância desta investigação está atrelada a um estudo de fontes hídricas

adicionais em setores rurais, não contemplados pelos recursos hídricos da lagoa de

Extremoz, bem como pela escassez de trabalhos sobre águas superficiais nessa porção do

alto/médio curso da bacia hidrográfica, e pelo fato de alguns mananciais superficiais já

serem utilizados pelas populações locais, porém sem qualquer informação e/ou controle

quanto a adequabilidade dessas águas, que podem sofrer alteração em sua qualidade

devido ao substrato.

Este trabalho teve por objetivo avaliar as características químicas, mineralógicas

e granulométricas de sedimentos aquáticos em alguns pontos de acumulação de água

superficial nas sub-bacias dos rios Guajiru e do Mudo. Buscou-se compreender se a

composição das rochas aflorantes na área e dos sedimentos são similares. E ainda,

entender qual a origem dos metais adsorvidos nos sedimentos.

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99

1.1 ÁREA DE ESTUDO

Dentro da área de abrangência da Bacia Hidrográfica do Rio Doce foi definida

uma área para pesquisa, englobando o médio e alto curso das sub bacias do Rio do Mudo

e Rio Guajiru. Na bacia do Rio Doce está presente um dos importantes mananciais de

águas do doce do RN, a Lagoa de Extremoz, entre outros pontos de uso dos recursos

hídricos (Figura 1).

Foram selecionados oito (8) pontos para amostragem de sedimentos ao longo das

duas sub-bacias que compõem a bacia hidrográfica do Rio Doce. Quatro desses pontos

estão no Rio do Mudo, os pontos M17, M18, M22 e M32, e quatro no Rio Guajiru, os

pontos M35, M36, M42 e M49. As coordenadas de cada ponto foram adquiridas com

GPS do modelo eTrex® 10, marca Garmin, utilizando o Datum SIRGAS 2000, UTM

zona 25S (Figura 1).

No sentido de montante para jusante na sub-bacia do Rio Do Mudo está o ponto

M32 como barramento de córregos oriundos das nascentes, geologicamente sobre a Suíte

Dona Inês (rochas graníticas), e solo quartzoso. O M18 está no mesmo contexto geológico

do M32, com solo bem quartzoso sem vegetação expressiva. O M17 é um pequeno

barramento com mesmo contexto geológico que os pontos anteriores; solo jovem e

essencialmente quartzoso. O M22 difere dos pontos citados por representar um

afloramento de água subterrânea (aquífero Barreiras), devido a abertura de uma escavação

no terreno para a formação de um balneário, em uma área com influência antrópica;

geologicamente encontra-se sobre coberturas sedimentares (rochas da Formação

Barreiras).

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Na sub-bacia do Rio Guajiru o ponto M49 está localizado em uma pequena lagoa,

com solo arenoso e pouca matéria orgânica, inserido geologicamente nas coberturas

aluvionares. O M36 está uma lagoa perene no centro da comunidade de Serrinha, São

Gonçalo do Amarante, cuja comunidade é produtora de brita e pedras de cantaria.

Geologicamente está sobre a Suíte Intrusiva Dona Inês (rochas graníticas), com solo

arenoso e quartzoso. O M42 está localizado a montante de um dos córregos da respectiva

sub-bacia. Geologicamente está sobre o contexto de depósitos aluvionares. O M35 está

em propriedade privada na comunidade de Maçaranduba, São Gonçalo do Amarante.

Trata-se de um afloramento natural, em material coluvial, do aquífero Barreiras, com solo

areno-argilo e pouca matéria orgânica.

Segundo dados climatológicos da EMPARN, as chuvas nos últimos anos vêm

ocorrendo de forma irregular. A Figura 2 mostra a pluviosidade nos municípios que

abrangem a bacia em tela; no período de 2010 a 2016 (ano da amostragem), nenhum ano

apresentou precipitações ocorrendo normais ou acima da média para todos os municípios

da bacia. O que se observa são chuvas escassas e irregulares.

Essas condições interferem nos cursos e reservatórios de águas superficiais e

subterrâneos, podendo alterar a disponibilidade de oferta e a qualidade dos recursos

hídricos ao longo do tempo; podem ainda elevar a salinidade e presença de elementos

químicos de reservatórios, devido à menor quantidade de água, que deveria ser renovada

Figura 1– Localização da área de estudo na bacia hidrográfica do rio Doce juntamente com pontos amostrados nesse trabalho e

o respectivo contexto geológico da bacia.

Fonte: Adaptado das Cartas Geológicas de Natal e João Câmara (CPRM, 2012 e 2013).

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101

pelas chuvas.

A maioria dos acumulados nos municípios abrangidos pela bacia no período de

2010 a 2016 está abaixo da média para as microrregiões do Agreste Potiguar, Macaíba e

Natal, onde fica a bacia hidrográfica. Os municípios de São Gonçalo do Amarante, Ceará-

Mirim, Ielmo Marinho e Taipú, que são abrangidos pelo alto e médio curso, se mostram

predominantemente abaixo ou no limite das médias de precipitação acumulada; essas

regiões estão relacionadas às nascentes das sub bacias, o que resulta na baixa renovação

dos reservatórios superficiais no período.

No ano da coleta das amostras (2016) todos os municípios abrangidos pela bacia,

nos médio e alto cursos, mostram acumulados para as precipitações menores que a média

para as microrregiões onde a bacia está inserida.

2 METODOLOGIA

2.1 PROCEDIMENTOS DE AMOSTRAGEM E ANALÍTICOS

Os sedimentos foram coletados em potes plásticos de cerca de um quilograma de

capacidade, sendo acondicionados sem necessidade de resfriamento. Nessa coleta

primeiramente se retira a camada superficial dos sedimentos, caso haja excesso de matéria

orgânica. Como as análises visaram identificar a presença de elementos metálicos, a

coleta ocorreu com ajuda de pás plásticas para evitar a contaminação da amostra.

2.2 PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS

O sedimento encaminhado ao Laboratório de Geoquímica da UFRN foi

distribuído em bandejas de vidro e levado a estufa, onde é aquecido a 100ºC durante 24

Figura 2 - Variação das precipitações nos municípios abrangidos pela bacia hidrográfica

do Rio Doce no período de 2010 a 2016. A média para a chuvas normais nas microrregiões

que abrangem a bacia é segundo Neves et al. 2010. Média no período foi feita a partir das

médias de precipitação.

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102

horas. Após este processo de secagem, a amostra é destorroada, triada (para remoção de

fragmentos indesejados), quarteada, e separada em oito alíquotas de 30g por amostra para

posteriormente serem feitas análises granulométricas, de teor de carbonato (CaCO3), teor

de matéria orgânica, análises químicas de elementos maiores, menores e traços.

Para determinação do teor de matéria orgânica (M.O.) 10g de amostras são postos

em cadinhos de cerâmica e levados a mufla por 5 horas a 600ºC. O valor perdido após

este evento é a quantidade de matéria orgânica que foi incinerada, deixando apenas os

minerais presentes no sedimento.

O teor de CaCO3 é obtido a partir de ataque com ácido acético (CH3COOH) a 4%

em 10g de sedimento. No final deste procedimento a massa perdida corresponde ao

carbonato digerido pelo ácido (Hermann, 1975).

A caracterização granulométrica consistiu no peneiramento de 30g das amostras

de sedimento, em agitador automático durante 15 minutos. Foram utilizadas peneiras de

aço inoxidável com malhas de >9#, >28#, >48#, >250# e <250# (Escala Tyler), dividindo

o sedimento respectivamente em cascalho e areia grossa, areia média e fina, areia muito

fina e silte e argila. O peso retido em cada peneira é aferido e a fração granulométrica que

tiver a maior massa indica a predominância granulométrica do sedimento.

Elementos maiores e menores foram analisados em amostra total por

espectrometria de fluorescência de raios X, e o enxofre foi determinado por

infravermelho, em laboratório comercial (Centro de Caracterização Minerais e Materiais

– FRX Service LTDA). Os metais foram removidos com solução de HCl 0,5N + H2SO4

0,025N e analisados por espectrofotometria de absorção atômica junto ao Laboratório de

Análises de Solo, Água e Planta da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN

(EMPARN).

3 RESULTADOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA

A Tabela 1 mostra os resultados obtidos nas análises dos sedimentos para

elementos maiores, menores e traços. Os elementos maiores e menores fazem parte da

composição química total dos minerais dos sedimentos; os metais encontram-se

adsorvidos a superfície dos sedimentos. Ainda foram obtidos os teores de matéria

orgânica (M.O.), carbonato (Carb.) e a perda ao fogo (P.F.).

As análises por EFRX (Tabela 1) apresentam as concentrações dos elementos na

forma de seus óxidos maiores, menores e traço. Nos sedimentos amostrados o óxido

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103

essencial é o SiO2, com teor variando de 84% a 98,74%, seguido por Al2O3, como segundo

elemento mais abundante, com valores entre 0,48% e 8,73%. O terceiro óxido mais

abundante é o K2O, com valores entre < 0,01% e 2,62% da amostra.

Tabela 1 – Elementos maiores, menores (inclui enxofre), carbonato (Carb), matéria orgânica (M.O.), perda

ao fogo (P.F.) e concentração de metais em sedimentos de corpos de água superficial e subterrânea nas sub-

bacias dos rios Guajiru e do Mudo, bacia hidrográfica do Rio Doce/RN.

Sub-bacia Rio do Mudo Sub-bacia Rio Guajiru

M32 M18 M17 M22 Média Desvio

Padrão M49 M36 M42 M35 Média

Desvio

Padrão

SiO2 90,94 89,07 84,34 96,53 90,22 5,04 98,74 95,15 84,75 94,07 93,18 5,96

Al2O3 3,56 4,76 6,71 1,47 4,13 2,19 0,48 2,14 8,73 3,44 3,70 3,57

K2O 1,23 2,62 2,32 0,35 1,63 1,04 0,00 0,73 1,67 0,03 0,61 0,78

Na2O 0,43 0,71 1,24 0,19 0,64 0,45 0,01 0,49 1,56 0,01 0,52 0,73

Fe2O3 0,60 0,32 0,79 0,34 0,51 0,22 0,08 0,17 0,83 0,19 0,32 0,35

CaO 0,27 0,59 0,48 0,18 0,38 0,19 0,01 0,28 0,33 0,01 0,16 0,17

TiO2 0,18 0,10 0,22 0,17 0,17 0,05 0,05 0,07 0,14 0,18 0,11 0,06

MgO 0,26 0,14 0,21 0,18 0,20 0,05 0,01 0,15 0,14 0,11 0,10 0,06

P2O5 0,03 0,02 0,06 0,02 0,03 0,02 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,00

ZrO2 0,03 0,01 0,03 0,03 0,03 0,01 0,02 0,01 0,03 0,06 0,03 0,02

MnO 0,01 0,01 0,01 0,02 0,01 0,01 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00

Cr2O3 0,00 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,02 0,01 0,01

S 0,08 0,03 0,25 0,00 0,09 0,11 0,01 0,01 0,01 0,00 0,01 0,01

Fe 2.365,00 1.655,00 5.100,00 44,00 2.291,00 2.109,46 139,00 344,00 587,00 285,00 338,75 186,59

Mn 177,00 83,00 187,00 19,00 116,50 80,12 20,00 125,00 53,00 15,00 53,25 50,72

Zn 40,00 19,00 135,00 12,00 51,50 56,92 15,00 13,00 20,00 9,00 14,25 4,57

Cu 2,00 1,00 4,00 1,00 2,00 1,41 1,00 1,00 2,00 1,00 1,25 0,50

Pb 2,57 0,87 2,20 0,20 1,46 1,11 0,20 0,47 0,90 0,45 0,51 0,29

Ni 0,45 0,15 1,05 0,10 0,44 0,44 0,15 0,10 0,12 0,05 0,11 0,04

Cr 0,20 0,07 0,40 0,05 0,18 0,16 0,00 0,07 0,30 0,17 0,14 0,13

Cd 0,10 0,05 0,25 0,10 0,13 0,09 0,05 0,05 0,05 0,00 0,04 0,03

%Carb 1,00 0,99 2,31 0,27 1,14 0,85 0,15 0,26 0,34 0,30 0,26 0,08

% M.O. 2,42 0,93 3,63 0,30 1,82 1,50 0,51 0,68 1,78 1,71 1,17 0,67

P.F. 2,35 1,39 3,47 0,30 1,88 1,35 0,41 0,69 1,76 1,71 1,14 0,69

Elementos maiores, menores, enxofre, carbonato, matéria orgânica e perda ao fogo em % do sedimento seco sem

peneiramento. Concentração dos metais em mg/kg do sedimento seco sem peneiramento. Elementos maiores e

menores analisados por espectrometria de fluorescência de raios X (EFRX). Enxofre analisado por infravermelho.

Carbonato, matéria orgânica e perda ao fogo por gravimetria. Fe, Mn, Zn, Cu, Pb, Ni, Cr e Cd analisados em solução

(HCl 0,5N + H2SO4 0,025N) por espectrofotometria de absorção atômica de chama (EAA).

A Tabela 1 também apresenta os valores para metais obtidos nas análises dos

sedimentos (Fe, Mn, Zn, Cu, Pb, Ni, Cr e Cd). As análises apresentam os teores de metais

em miligrama por decímetro cúbico (mg/dm3) de sedimento amostrado.

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104

O que se observa é que as médias dos metais analisados se apresentam mais

elevadas na sub-bacia do rio do Mudo, sendo o elemento com maiores teores o Fe (média

2.291,00 mg/dm3), e com menores o Cd (média 0,13 mg/dm3). As médias da sub-bacia

do rio Guajiru são mais baixas que as observadas no rio do Mudo. O elemento com maior

teor também é o Fe (média 338,75 mg/dm3), e com menor também é o Cd (média 0,04

mg/dm3).

O teor de carbonato está apresentado na forma de porcentagem do composto

presente nas amostras. O valor máximo observado na sub bacia do Rio do Mudo foi de

2,31% (M17), mínimo de 0,27% (M22). Na sub bacia do Rio Guajiru o valor máximo foi

de 0,34% (M42), mínimo de 0,15% (M49) (Tabela 1).

De igual modo, a matéria orgânica (M.O.) tem os teores são dados em

percentagem presente nas amostras de sedimento. Na sub bacia do rio do Mudo o valor

máximo foi de 3,63% (M17), e mínimo de 0,30% (M22). Para a sub bacia do Rio Guajiru

o valor máximo foi 1,78% (M42), e mínimo de 0,51% (M49) (Tabela 1).

Ordenando os pontos de montante para jusante, os resultados mostram uma

tendência de diminuição no teor de carbonato, P.F. e de M.O. para jusante na sub-bacia

do Rio do Mudo. Para a sub-bacia do Rio Guajiru se observa uma tendência contrária à

do Rio do Mudo, aumento em direção a jusante.

3.2 CARACTERIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA DOS SEDIMENTOS

A Figura 3 apresenta fotos das alíquotas dos sedimentos que foram secas,

destorroadas e quarteadas. O aspecto geral das amostras é de granulometria arenosa, tendo

pouca argila. A coloração mais escura em algumas amostras pode ser um indicativo da

maior presença de matéria orgânica. A coloração mais clara de algumas pode indicar

presença de argila formada a partir da alteração de minerais, como por exemplo

feldspatos.

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105

Os resultados para a análise granulométricas são mostrados na Tabela 2 e

corroboram com o aspecto visual dos sedimentos. Observou-se uma predominância da

fração areia fina para as amostras do alto curso do Rio do Mudo (M17, M18 e M32). Para

a sub-bacia do Rio Guajiru observa-se a predominância das frações areia fina à grossa

para os sedimentos amostrados (M36, M42 e M49).

Tabela 2 – Resultados da análise granulométrica dos sedimentos amostrados. Os resultados são dados em

porcentagem da fração encontrada na alíquota. Os pontos estão organizados de montante para jusante de

cada sub-bacia.

Sub-bacia Rio do Mudo Sub-bacia Rio Guajiru

Fração granulométrica M32 M18 M17 M22 Média Desvio

Padrão M49 M36 M42 M35 Média

Desvio

Padrão

> 2mm Seixos 1,58 1,56 2,79 0,86 1,70 0,80 2,30 2,35 4,71 16,22 6,40 6,65

> 0,545 mm Areia

grossa 17,68 16,39 28,75 35,55 24,59 9,17 39,28 49,49 33,03 30,45 38,06 8,47

> 0,297 mm Areia

média 22,43 19,76 15,38 37,47 23,76 9,59 32,67 11,08 20,66 11,99 19,10 10,03

> 0,063 mm Areia

fina 54,30 60,63 47,19 26,08 47,05 15,02 25,31 35,82 36,68 38,09 33,97 5,85

< 0,063 mm Silte e

argila 4,00 1,67 5,89 0,04 2,90 2,58 0,43 1,26 4,93 3,26 2,47 2,02

3.3 MATRIZES DE CORRELAÇÃO

Os Apêndices A e B apresentam as matrizes de correlação elaboradas a partir

dos dados da Tabela 1, respectivamente para o Rio do Mudo e Rio Guajiru; o objetivo foi

(A)

(B)

Figura 3 – Aspectos dos sedimentos amostrados nas sub-bacias dos rios Do Mudo (A) e Guajiru (B).

As amostras estão dispostas de montante para jusante, no sentido de cima para baixo. É possível observar

que os sedimentos são predominantemente arenosos. A coloração mais escura pode indicar presença de

matéria orgânica. As cores claras estão associadas a quartzo e argilas produtos do intemperismo de

feldspatos.

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106

avaliar as interações entre as variáveis estudadas neste artigo. São apresentados os

coeficientes de correlação entre os parâmetros estudados. Os pontos M22 e M35 foram

desconsiderados durante a elaboração das matrizes por serem pontos com características

bem distintas dos demais.

Ao determinar a concentração de vários elementos químicos em amostras pode-

se calcular um coeficiente de correlação crítico (rcrit) utilizando este valor para comparar

com os coeficientes obtidos na matriz de correlação. Devido a quantidade de amostras foi

utilizado o nível de significância de 0,10 (confiança de 90%). Assim o valor calculado

para o rcrit foi o de 0,951.

As correlações significativas (positivas ou negativas) também podem contribuir

nas inferências sobre a mineralogia dos sedimentos amostrados.

4. DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA

A partir dos resultados da análise granulométrica (Tabela 2) é possível afirmar

que os sedimentos de fundo são predominantemente arenosos. Essa característica mostra

uma relativa proximidade com a área fonte dos sedimentos, visto que quanto mais longe

das áreas fontes os sedimentos tendem a ser mais finos.

Outro fator a ser considerado quanto a granulometria é a localização da área de

amostragem em relação as margens dos corpos hídricos. Froehner e Martins (2008)

argumentam que o alto teor de areia na composição do sedimento de fundo está

relacionado a proximidade com as margens. A tendência é que os sedimentos de fundo

localizados longe das margens tenham um comportamento diferente, sendo mais finos.

Amaral et al. (2014) dizem que a composição granulométrica do sedimento de

fundo influencia a capacidade de adsorção de poluentes. Sedimentos de fundo com

granulação fina (silte e argila) favorecem a adsorção dos poluentes nos sedimentos de

fundo. Silte e a argila são partículas que apresentam grande área superficial, em relação

ao volume; assim têm maior capacidade de retenção dos poluentes (BURTON Jr., 2002).

Assim, há uma tendência na área estudada que os poluentes que cheguem aos

reservatórios não fiquem associados aos sedimentos, nos quais predominam as frações

arenosas.

Essa falta de retenção dos metais aos sedimentos mais finos também é

confirmada na matriz de correlação da sub-bacia do rio Do Mudo (Apêndice A). Vê-se

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107

que alguns metais (S, Fe, Zn, Cu, Ni, Cr e Cd) estão associados às frações arenosas

(>2mm e >0,545mm), estando mais disponíveis à coluna d’água.

Para a sub-bacia do rio Guajiru ocorre o contrário na matriz de correlação para

certos metais (Fe, Cu, Pb e Cr); os sedimentos podem estar atuando como fixadores de

elementos traços nessa sub-bacia, evitando a migração para a coluna d’água.

4.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS ROCHAS E DOS SEDIMENTOS

Para melhor compreensão dos dados as amostras foram divididas por sub-bacia.

As amostras M17, M18 e M32 representam o rio do Mudo, e as amostras M49, M42 e

M36 representam o rio Guajiru. As amostras M22 e M35 apresentam características

distintas das demais amostras, sendo retiradas do agrupamento para análise.

Os resultados da presença de %M.O. permitem caracterizar os sedimentos como

minerais, ou inorgânicos, pois em todas as amostras estudadas a %M.O. se apresenta

abaixo de 10% do total. Esse fato é semelhante ao observado por Campagna et al. (2008),

que em estudo da toxicidade de sedimentos arenosos fluviais encontraram granulometrias

médias à grossas com baixas porcentagens de matéria orgânica associada (< 10%),

indicando um sedimento mais inorgânico. Os autores argumentaram que essas

características podem indicar o favorecimento da solubilização de elementos tóxicos para

a coluna d’água, visto a matéria orgânica e os sedimentos mais finos (silte e argila) terem

maior capacidade de absorção, devido a área superfície das partículas finas ser maior.

O comportamento de %M.O. está diretamente relacionado as variáveis P.F. e

%Carb. Há uma tendência de diminuição da %M.O. em direção jusante da sub-bacia do

rio Do Mudo. O ponto M32 apresentava na época da pesquisa suas águas avermelhadas,

podendo indicar a presença de algas na coluna d’água; ao morrerem, estas algas se

acumulam no sedimento elevando o teor de M.O. nesse ponto. Os pontos M18 e M22

apresentam teores mais baixos devido essencialmente à natureza quartzosa dos

sedimentos e à pouca vegetação no entorno (Figura 2). O M22 em particular apresenta

constante renovação de suas águas, não favorecendo o crescimento de algas. O M17

apresenta um pico nas concentrações de %M.O., sendo o máximo para a sub-bacia. O que

elevou esse teor foi a presença de restos de carapaças de organismos que viviam na coluna

d’água ou no substrato do reservatório, e que são observados macroscopicamente na

amostra de sedimento.

Para a sub-bacia do rio Guajiru há uma tendência de aumento nas concentrações

de %M.O., P.F. e %Carb. Nos pontos M35 e M42 têm-se a presença de restos de mata

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ciliar, galhos e folhas, bem próximo as margens, o que pode estar aumentando as

concentrações de %M.O.; resultados similares foram observados por Cunha & Calijuri

(2008), que estudando sedimentos de fundo em rios encontraram valores elevados de

matéria orgânica em algumas amostras, atribuindo isso a contribuição de material

alóctone oriundo de folhas e galhos de mata ciliar. Esses pontos se encontram

geologicamente sobre terrenos sedimentares; a solubilização de Ca e Mg, bem como a

posterior precipitação destes com carbonato ou bicarbonato pode levar à presença, nos

sedimentos, de minerais de carbonato cálcio e magnésio, como calcita e dolomita. A P.F.

está diretamente relacionado a volatização de compostos carbonatos e matéria orgânica

durante a queima a 1000°C. Semelhante a sub-bacia do rio do Mudo, na do Guajiru a P.F.

acompanha a tendência da %M.O. e %Carb, mostrando que ambos estão sendo

volatizadas durante a queima.

Nascimento et al. (2015), em revisão da literatura sobre as suítes magmáticas

Ediacaranas a Cambrianas no extremo nordeste da Província Borborema analisaram a

composição dos granitos da Suíte Intrusiva Equigranular Cálcio-alcalina de alto K.

Oliveira (2014), estudando plútons no alto curso da bacia hidrográfica do rio Doce,

também descreveu quimicamente as rochas, mais especificamente as da área de estudo,

que afloram nos pontos M17, M18 e M32 no rio Do Mudo.

Nascimento et al. (2015) descrevem como mineralogia essencial o plagioclásio

(oligoclásio), microclínio e quartzo. Os acessórios podem ser biotita (± anfibólios),

titanita, epidoto, apatita, zircão, alanita, turmalina e opacos, podendo conter granadas.

Oliveira (2014), além da mineralogia apresentada por Nascimento et al. (2015),

acrescenta aos acessórios nos granitos da região do alto curso a calcita, clorita e

moscovita. Estes minerais são elencados na Tabela 3, apresentando suas composições

minerais principais e elementos de menor ocorrência, mas que também podem estar

presentes no quimismo mineral. A última coluna da tabela apresenta ainda a estabilidade

dos minerais no que se refere aos processos intempéricos, de acordo com Levinson

(1980).

Mineral X% 0,X% 0,0X% 0,00X% e

menos

Estabilidade ao

intemperismo

Anfibólio (K2(Mg,Fe,Al)5(OH)2[(Si,Al)4O11]2)

- Ti, F, K, Mn, Cl, Rb

Zn, Cr, V, Sr, Ni

Ba, Cu, P, Co, Ga, Pb, Li, B Facilmente

Intemperizado

Tabela 3 - Elementos selecionados encontrados em pequenas quantidades em minerais comuns

formadores de rochas ígneas, e relativa estabilidade dos minerais. Os minerais apresentados são os

presentes na Suíte Intrusiva Equigranular Calcio-alcalina de alto-K.

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109

Adaptado de Levinson, 1980.

As médias das concentrações de alguns elementos maiores do grupo do Mudo e

Guajiru foram postas na Tabela 4 em comparação com as médias para os granitos

estudados por Nascimento et al. (2015) e Oliveira (2014). Os dados de Nascimento et al.

(2015) estão representados na Tabela 4 para comparação direta com a média dos óxidos

no grupo do rio do Mudo (M17, M18, M32), devido a estes sedimentos serem

sobrejacentes às rochas estudadas pelo autor. Os elementos foram dispostos por

abundância nos sedimentos, dos mais enriquecidos, aos mais empobrecidos em relação

às suas abundâncias nas rochas. Esse enriquecimento ou empobrecimento é observado na

última coluna da Tabela 4. Considerou-se para a discussão empobrecimento significativo

sendo maior que 50%. As porcentagens da variação na concentração dos óxidos nos

sedimentos em relação as rochas foram calculadas para o grupo do rio do Mudo.

Tabela 4 – Médias de elementos maiores para grupo de amostras da sub-bacia do rio do Mudo e

sub-bacia do rio Guajiru em comparação com a química dos granitos da região. Variação dada para

o grupo de amostras do rio do Mudo em relação aos dados de Nascimento et al. (2015).

Do Mudo Guajiru Nascimento et al. (2015) Variação na concentração

SiO2 88,12 92,88 72,26 +21,95%

TiO2 0,17 0,09 0,22 -22,73%

MgO 0,20 0,10 0,33 -39,39%

P2O5 0,04 0,02 0,07 -42,86%

MnO 0,01 0,00 0,02 -50%

K2O 2,06 0,80 5,34 -61,42%

Biotita (K2(Mg,Fe)2(OH)2(AlSi3O10)

Ti, F Ca, Na, Ba,

Mn, Rb

Cl, Zn, V, Cr,

Li, Ni

Cu, Sn, Sr,

Co, P, Pb, Ga

Plagioclásio (Na,Ca)Al(Si,Al)Si2O8

K Sr Ba, Rb, Ti,

Mn

P, Ga, V, Zn,

Ni, Pb, Cu, Li

Apatita Ca5(PO4)3(F,Cl,OH)

- Sr, ETR, Mn U, Pb As, Cr, V

Moderadamente

Estável

Epidoto Ca2(Fe,Al)Al2(SiO4)(Si2O7)O(OH)

ETR Mn, Ti Th, Sn V, Nb, Zn,

Be, U

Granada (Ca,Mg,Fe2+,Mn)3(Al,Fe3+.Mn,Cr,Ti4+)2(SiO4)3

Mn, Cr Ti, ETR Ga -

K-Feldspato KAlSi3O8

Na Ca, Ba, Sr Rb, Ti Pb, Ga, V,

Zn, Ni, Cu, Li

Moscovita KAl2[Si3AlO10](OH,F)2

- Ti, Na, Fe,

Ba, Rb, Li

Cr, Mn, V,

Cs, Ga

Zn, Sn, Cu, B,

Nb

Quartzo

SiO2 - - -

Fe, Mg, Al,

Ti, Na, B, Ga, Ge, Mn, Zn

Estável

Turmalina (Na, Ca)(Li, Mg, Al)3(Al, Fe,

Mn)6(BO3)3(Si6O18)(OH)4

- Ti, Li, Mn Cr, Ga, Sn, Cu, V

Rb

Zircão

ZrSiO4 Hf ETR, Th Ti, Mn, P Be, U, Sn, Nb

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110

Al2O3 5,01 3,78 14,10 -64,47%

CaO 0,45 0,21 1,45 -68,97%

Fe2O3 0,57 0,36 2,25 -74,67%

Na2O 0,79 0,69 3,19 -75,24%

As médias das concentrações observadas na tabela apontam que a gênese e a

química dos sedimentos do Mudo possivelmente estão relacionadas com o substrato

rochoso da região.

Todas as concentrações de elementos maiores e menores nas amostras de ambas

as drenagens estão abaixo das concentrações médias das rochas. É de se esperar que o

intemperismo remova os elementos mais móveis geoquimicamente deixando seus teores

mais baixos nos sedimentos. Entretanto, elementos menos móveis, como Al e Ti, podem

se manter residuais nos sedimentos acima do perfil de alteração dos granitos (M17, M18

e M32).

Observa-se que as maiores reduções são nos elementos mais móveis com baixo

potencial iônico (e.g. K2O, Na2O, CaO), ou limítrofes entre os de maior e menor

mobilidade, de acordo com a mobilidade dos elementos químicos apresentada por

Goldschmidt (1937). A exceção no presente trabalho é para Al2O3 e Fe2O3

Como dito, os elementos K, Na e Ca apresentam mobilidade significativa, estando

empobrecidos nos sedimentos do rio do Mudo (M17, M18 e M32) em relação às rochas

da área. Esses três elementos podem ser produtos da alteração dos K-feldspatos,

plagioclásio, biotitas e moscovitas presentes nos granitos da região (Tabela 3); devido à

sua mobilidade ficam facilmente disponíveis como espécies iônicas quando os

sedimentos, ou rochas, entram em contato com a água nos períodos de chuva.

O comportamento móvel do Al2O3 e do Fe2O3 no grupo Do Mudo explica-se pela

tendência do alumínio e do ferro, em se incorporar aos argilominerais nos sedimentos a

partir da alteração de minerais como feldspatos potássico e cálcio-sódico, biotita,

anfibólios e granadas (Tabela 3); estes minerais apresentam baixa estabilidade ao

intemperismo e liberam para o meio Al e Fe ferroso.

O Fe é liberado a partir dos minerais na forma ferroso (2+) ou férrico (3+) (Tabela

3). Goldschmidt (1937) mostra que um processo que precede a precipitação de hidróxido

de ferro férrico (Fe3+) é a oxidação do Fe2+ em águas superficiais rasas, semelhantes a da

área, convertendo os íons Fe2+ em um estado de valência mais elevado, o qual tem um

potencial iônico mais elevado; isto, por sua vez, causa a precipitação de Fe(OH)3. O Al3+

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111

não passa por esse processo de oxidação; devido ao seu potencial iônico elevado, forma

hidróxidos ao ser liberado.

Então, o Fe passa para a coluna d’água na forma Fe2+ e Fe3+; após a oxidação do

Fe2+ ocorre a formação de precipitados na forma de hidróxidos; o Fe ainda adsorve às

partículas minerais do sedimento, preferencialmente às mais finas; ou pode ser

incorporado aos argilominerais.

Portanto, parte do Fe ferroso se oxida e, juntamente com o Al, precipitam na forma

de hidróxido ou incorporam-se a argilominerais, o que resulta em sua baixa mobilidade

neste ambiente. Goldschmidt (1937) mostra que substâncias com potencial iônico

intermediário (e.g. Al3+ e Fe3+) são precipitados por hidrólise na forma de argilas (lamas)

finas, contendo hidroxi-silicatos ou hidróxidos de alumínio, micas finamente divididas e

cloritas, e sílica finamente dividida, formando argilas, bauxitas, folhelhos etc. O Fe

ferroso incorpora-se à coluna d’água e, nos períodos chuvosos, é carreado quando os

corpos d’água enchem, passando a integrar os cursos d’água; estes cursos d’água se

mantém em fluxo até o próximo período prolongado de menor precipitação

pluviométrica, o que caracteriza as drenagens intermitentes.

Os locais estudados são pequenos reservatórios onde as partículas que se destacam

das rochas por efeito de intemperismo físico (mecânico) e químico (ocorrência de reações

químicas) se acumulam no fundo dos pequenos corpos hídricos. No período chuvoso,

durante o transbordamento dos reservatórios, as primeiras partículas carreadas são as de

granulometria fina, entre elas os argilominerais, gerando o empobrecimento do sedimento

de M17, M18 e M32 em Fe (-74,67%) e Al (-64,47%), quando comparados com as rochas

circundantes, conforme pode ser visto na Tabela 4.

Goldschmidt (1937) mostra que elementos como Mg2+ e Mn2+ apresentam

comportamento limítrofe entre móveis (cátions solúveis) a imóveis (hidrolisatos). O Mn2+

tem o comportamento similar ao do Fe2+; quando liberado para a água oxida-se, gerando

um aumento em seu potencial iônico, o que ocasiona sua precipitação nos sedimentos de

fundo. Tanto o Mg quanto o Mn podem ser oriundos da alteração de minerais como

anfibólios, biotita e granada (Tabela 3). Então, parte desses elementos está sendo

solubilizada para a coluna d’água; outra parte permanece nos minerais; ainda, parte está

precipitando na forma de hidróxidos e incorporando-se ao sedimento. A parte

remobilizada para a água causa o empobrecimento em MgO (-39,39%) e MnO (-50%)

observado nos sedimentos do rio do Mudo em relação às rochas aflorantes na área.

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112

O fósforo presente é provavelmente de fonte geogênica (média de 0,07 nas rochas

da área – Tabela 4). O fósforo apresenta um comportamento de ânion complexo solúvel

(oxiânion) móvel. Esse elemento presente nos sedimentos pode provir da alteração

principalmente da apatita, mas também de anfibólio e biotita e plagioclásio em menores

quantidades (Tabela 3). Parte desse elemento se mantêm estável nos sedimentos de fundo

por fazer parte da estrutura dos minerais (média de 0,04 nos sedimentos da área). Parte

dele incorpora-se ao meio aquoso na forma do oxiânion PO4-3.

O Ti apresenta uma baixa mobilidade, tendendo a permanecer nos sedimentos do

perfil de alteração das rochas. Assim, o TiO2 é o óxido que menos empobreceu nos

sedimentos de fundo, com exceção do SiO2. Ele pode ser produto da alteração de minerais

como biotita, anfibólio, granadas e moscovita (Tabela 3).

O SiO2 está presente em minerais resistatos, principalmente o quartzo. A alta

resistência desse mineral ao intemperismo faz com os sedimentos de fundo fiquem

enriquecidos em SiO2, após alteração dos demais minerais. O Si também é um elemento

de mobilidade intermediária dentro dos compartimentos geoquímicos

(GOLDSCHMIDT, 1937), encontrando-se na região fronteiriça entre os hidrolisatos e os

ânions complexos solúveis (oxiânions).

O grupo de amostras de sedimento do rio Do Mudo (M17, M18 e M32) é

sobrejacente aos granitos da Suíte Intrusiva Equigranular Calcio-alcalina de alto K,

apresentando portanto médias mais próximas aos resultados das análises de rochas

graníticas (OLIVEIRA, 2014; NASCIMENTO et al., 2015) quando em comparação com

o grupo de amostras de sedimento do rio Guajiru (M49, M36 e M42), coletadas em corpos

d’água que se encontram sobre rochas sedimentares fanerozóicas (Figura 1).

Esses valores, apesar da diminuição das médias, indicam que os sedimentos dos

pontos estudados (M17, M18 e M32 – Figura 1) podem ser predominantemente gerados

a partir da alteração dos minerais presentes nas rochas do substrato. Fávaro et al. (2006),

caracterizando os sedimentos do fundo da Lagoa da Viração em Fernando de Noronha,

atestaram comportamento similar no seu estudo. Os autores mostraram que havia grande

aproximação entre o quimismo do material da lagoa e o das rochas frescas aflorantes

próximas. Os mais solúveis diminuíram nos sedimentos da lagoa (e.g. CaO, MgO e NaO),

e os mais imóveis permaneceram (e.g. TiO2).

As médias dos teores dos elementos maiores e menores para o grupo das amostras

de sedimento do rio Guajiru, quando comparadas às do grupo do rio do Mudo, apresentam

significativo empobrecimento, correspondendo a aproximadamente metade destes teores.

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113

Os pontos do grupo do Guajiru (M36, M42 e M49) estão em contexto geológico

distinto dos pontos do grupo do rio do Mudo (M17, M18 e M32). A sub-bacia do Guajiru

encontra-se sobre coberturas sedimentares mais recentes do que as rochas do alto curso

(Figura 1).

Assim, os sedimentos de fundo do rio Guajiru podem guardar alguma relação com

as rochas das áreas de alto curso. Entretanto, a composição química diferente aponta para

um retrabalhamento maior dos sedimentos do Guajiru, sendo as rochas que os originam

mais distais das fontes; isso ocasiona a diminuição na concentração dos elementos

estudados nos sedimentos, quando comparados aos sedimentos do rio do Mudo, e

consequentemente das rochas graníticas, pela mobilização dos elementos e criação de

minerais secundários.

Portanto, o grupo do rio do Mudo (M17, M18 e M32) representa sedimentos que

guardam relações genéticas com as rochas sobrejacentes a eles, podendo ser produtos da

alteração delas. O grupo do rio Guajiru (M36, M42 e M49) representa sedimento que,

mesmo podendo ter relação com as rochas graníticas do alto curso, passou por processos

sedimentares mais intensos que os do rio do Mudo, tornando o seu quimismo mais distinto

do das rochas graníticas alcalinas do rio do Mudo.

4.3 PRESENÇA E ORIGEM DOS METAIS

Callender (2003) argumenta que os metais pesados são constituintes naturais dos

minerais primários, não sendo potencialmente prejudiciais ao homem ou animais, sendo

liberados desses compartimentos geoquímicos pela ação do intemperismo sobre as rochas

quando essas afloram. Entretanto, a contaminação do meio por metais pesados está

intrinsecamente relacionada com a condição de vida das populações.

De forma análoga, Burak et al. (2010) argumentam que os metais pesados nos

solos são derivados principalmente de fontes naturais, mas podem ter sua concentração

alterada por atividades antrópicas.

Turekian & Wedepohl (1961), Hawkes & Webb (1961) e Levinson (1980)

propõem a abundância de alguns elementos em tipos de rochas distintas. Aqui se escolheu

discutir a composição dos sedimentos em relação à composição de granitos e arenitos,

por serem representativos da região (Tabela 5).

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114

Tabela 5 – Abundância de alguns elementos menores e traços distribuídos em alguns compartimentos

da Crosta, e médias desses elementos nos sedimentos amostrados no rio Do Mudo e rio Guajiru. As

concentrações são dadas em ppm.

Turekian & Wedepohl (1961) Hawkes & Webb (1961) Levinson

(1980)

Rio do

Mudo Rio Guajiru

Granitos

calco-alcalinos Arenitos Rochas Félsicas Arenitos Granitos Granitos Sedimentos

Fe 29.600 9.800 27.000 31.000 - 3.040 356,7

Mn 540 385 600 385 500 149 66

Zn 60 16 60 5-20 40 64,7 16

Cu 30 10 30 10-40 10 3,5 1,3

Pb 15 7 48 10-40 20 1,88 0,52

Ni 15 2,6 8 2-10 0,5 0,55 0,12

Cr 22 35 25 10-100 4 0,22 0,12.

Cd 0,13 0,0X 0,1 - 0.2 0,13 0,05

Cabe recuperar aqui a informação que os teores dos metais encontrados nas duas

últimas colunas da tabela 5 são do presente trabalho e referem-se aos metais adsorvidos

nas partículas sedimentares. Comparando as concentrações observadas na Tabela 1 com

as informações da Tabela 5, observa-se que Fe, Mn, Cu, Pb, Ni, Cr e Cd no sedimento

não possuem concentrações acima, nem condizentes com os dados para granitos e arenitos

apresentado na Tabela. Isso pode indicar que a fonte para a presença dos metais nos

sedimentos não esteja diretamente relacionada às rochas encontradas. Entretanto,

considerando-se as médias para o grupo de amostras do rio do Mudo (M17, M18 e M32)

observa-se que elementos como Zn, Ni e Cd apresentam concentrações condizentes com

as mostradas pelos autores supracitados para os granitos ou rochas félsicas; também as

amostras do rio Guajiru (M36, M42 e M49) apresentam concentrações para Zn e Cd

condizentes com os arenitos, segundo Turekian & Wedepohl (1961) e Hawkes & Webb

(1961).

Pode-se inferir que a baixa concentração desses elementos nos sedimentos seja

produto da desagregação intempérica dos minerais constituintes das rochas. Ainda, as

frações granulométricas mais grossas não têm como característica a retenção desses

elementos em sua superfície, deixando os metais mais disponíveis para a coluna d’água.

Os elementos como Zn, Cd e Ni, que têm concentrações similares as observadas para

granitos e arenitos, reforçam a ideia de que parte desses elementos traços presentes são

oriundos das rochas. Não se descarta a contaminação antropogênicas.

O teor de Fe, Mn, Cu, Pb, Ni, Cr, Cd e Zn também é influenciado pelas condições

climáticas da região. A Figura 2 mostra que o regime de chuvas foi bastante instável nos

últimos anos; no ano da amostragem (2016) todos os registros de pluviosidade se

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115

mostraram abaixo da média para as microrregiões da bacia, em um período com

precipitação pluviométrica muito abaixo da média que iniciou em 2012.

Baixas precipitações pluviométricas conduzem à baixa condição de renovação das

águas superficiais e pouca recarga dos aquíferos. O alto período de interação das águas

com o substrato, bem como as altas taxas de evaporação ligadas a região de transição

entre o litoral e o semiárido (área estudada) fazem aumentar a concentração de íons e a

salinidade das águas, e possivelmente nos sedimentos; neste segundo caso, a incorporação

dos metais aos sedimentos se dá por precipitação/formação de novos minerais ou por

adsorção destes metais às partículas sedimentares.

Stein (2013), estudando a hidrogeoquímica das águas de aquíferos rasos no

domínio semiárido da bacia sedimentar potiguar (aquífero Barreiras e Jandaíra),

argumenta que no domínio semiárido os sais e elementos se acumulam progressivamente

no solo pelo efeito da alta evaporação e evapotranspiração, e dos baixos índices de

precipitação pluviométrica. Esses elementos podem ser carreados para reservatórios ou

aquíferos, aumentando a salinidade deles.

Estudos em áreas semiáridas de outros países (e.g. Shanyengana et al., 2004; Jiang

et al., 2015) também têm mostrado que a alta taxa de evaporação e radiação solar,

associados a baixas taxas de precipitação, levam ao aumento na concentração de certos

íons, elevando a concentração de certos elementos em reservatórios e possivelmente nos

sedimentos.

4.4 ANÁLISE DE CLUSTER HIERÁRQUICO

A Figura 5 mostra a análise de Cluster hierárquico, realizada para verificar o

agrupamento das amostras de sedimentos. Os grupos estão relacionados às características

químicas e granulométricas das amostras (Tabelas 1 e 2).

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116

Figura 4 – Dendrograma elaborado para as amostras de sedimento de fundo da

área de estudo, considerando os parâmetros granulometria e características

químicas das amostras (análises da amostra total e do adsorvido nas partículas

sedimentares).

O dendrograma geral para a bacia apresenta dois grupos principais, G1 e G2.

Nesse é possível observar o comportamento distinto das sub-bacias quanto a composição

das amostras.

O agrupamento que apresenta maior similaridade é o G1, das amostras M49, M36

e M42 (Guajiru). Em seguida se tem o G2, das amostras M17, M18 e M32 (rio do Mudo).

As amostras do G1 apresentam mesmo contexto geológico da Formação Barreiras,

aluviões e outras coberturas cenozoicas (Figura 1), influenciando na proximidade das

características das amostras e comportamento dos sedimentos. Elas possuem o mesmo

contexto climático devido à proximidade dos pontos de amostragem, o que também vai

controlar ou influenciar na composição e adsorção de elementos às partículas

sedimentares.

As amostras do G2 apresentam contexto relacionado à Suíte Intrusiva

Equigranular Calcio-alcalina de alto-K, sendo represamentos de drenagens e estando em

contexto de ocupação urbana (Figura 1). O ponto M17 distanciou mais do agrupamento

devido a possuir características de uma região de transição entre o contato entre intrusões

ígneas e rochas e coberturas sedimentares mais recentes. Ainda, o clima nos pontos M18

e M32, mais no alto curso, apresenta características de região semiárida, predominando a

evaporação em detrimento da precipitação, enriquecendo os teores de alguns compostos.

G1

G2

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117

5 CONCLUSÕES

Os sedimentos amostrados em ambas sub-bacias se mostraram

predominantemente arenosos. No rio do Mudo os sedimentos se mostram com

características mais arenosa, e no rio Guajiru um pouco mais argilosa. Essas

características podem influenciar a mobilização as espécies químicas dissolvidas a partir

das partículas sedimentares para a coluna d’água. A menor retenção dos metais nos

sedimentos, devido à sua granulometria, pode contribuir para a sua disponibilidade para

o meio aquoso.

Os teores de M.O. permitiram caracterizar os sedimentos como minerais (<10%

de M.O.). Acompanharam o comportamento dessa variável o carbonato e a perda ao fogo.

Carbonato pode ocorrer em ambientes sedimentares com altas taxas de evaporação. Nas

amostras estudadas o carbonato é incinerado e volatizado junto com a M.O. e contribui

para os resultados da P.F. Essa M.O. pode ser representativa de restos de vegetações

próximas aos locais ou a presença de biota.

A química dos sedimentos do grupo do rio do Mudo aponta para uma relação

genética destes com as rochas aflorantes na região, sendo as partículas formadas tanto

pela desagregação física como pela dissolução e precipitação química. Os sedimentos do

grupo do rio Guajiru apresentam maior empobrecimento em todos os elementos maiores

e menores dosados, quando comparados com os do rio do Mudo, com exceção do SiO2.

Isso pode estar relacionado ao um maior retrabalhamento dos sedimentos que constituem

as rochas sedimentares aflorantes na área.

Os metais não apresentaram concentrações nem altas nem condizentes com rochas

que abrigam esses elementos. Isso pode indicar que o baixo grau de contaminação dos

sedimentos pode estar atrelado tanto a fontes antrópicas quanto geogênicas associadas.

Ainda a característica mais grosseira dos sedimentos torna os metais mais disponíveis a

coluna d’água, com pouca retenção destes nos sedimentos de fundo.

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120

APÊNDICES

SiO2 Al2O3 K2O Na2O Fe2O3 CaO TiO2 MgO P2O5 ZrO2 MnO Cr2O3 S Fe Mn Zn Cu Pb Ni Cr Cd %Carb. % M.O. P.F. > 2mm > 0,545mm > 0,297mm > 0,063mm < 0,063mm

SiO2 1,000

Al2O3 -0,994 1,000

K2O -0,561 0,647 1,000

Na2O -0,998 0,999 0,617 1,000

Fe2O3 -0,612 0,523 -0,311 0,556 1,000

CaO -0,441 0,536 0,990 0,502 -0,440 1,000

TiO2 -0,547 0,453 -0,386 0,488 0,997 -0,510 1,000

MgO 0,182 -0,287 -0,916 -0,249 0,667 -0,963 0,724 1,000

P2O5 -0,867 0,808 0,074 0,831 0,924 -0,064 0,891 0,332 1,000

ZrO2 -0,243 0,136 -0,667 0,175 0,916 -0,763 0,945 0,910 0,693 1,000

MnO - - - - - - - - - - 1,000

Cr2O3 0,243 -0,136 0,667 -0,175 -0,916 0,763 -0,945 -0,910 -0,693 -1,000 - 1,000

S -0,890 0,835 0,121 0,856 0,906 -0,017 0,869 0,288 0,999 0,659 - -0,659 1,000

Fe -0,889 0,835 0,120 0,856 0,906 -0,018 0,869 0,288 0,999 0,659 - -0,659 1,000 1,000

Mn -0,326 0,222 -0,600 0,261 0,947 -0,704 0,970 0,870 0,754 0,996 - -0,996 0,722 0,722 1,000

Zn -0,901 0,848 0,146 0,869 0,895 0,008 0,856 0,263 0,997 0,640 - -0,640 1,000 1,000 0,704 1,000

Cu -0,819 0,751 -0,016 0,777 0,955 -0,154 0,929 0,416 0,996 0,756 - -0,756 0,991 0,991 0,810 0,987 1,000

Pb -0,037 -0,072 -0,807 -0,032 0,813 -0,881 0,857 0,976 0,529 0,978 - -0,978 0,489 0,490 0,957 0,467 0,604 1,000

Ni -0,819 0,751 -0,016 0,777 0,955 -0,154 0,929 0,416 0,996 0,756 - -0,756 0,991 0,991 0,810 0,987 1,000 0,604 1,000

Cr -0,777 0,705 -0,085 0,732 0,973 -0,221 0,952 0,477 0,987 0,799 - -0,799 0,979 0,979 0,848 0,973 0,998 0,657 0,998 1,000

Cd -0,867 0,808 0,074 0,831 0,924 -0,064 0,891 0,332 1,000 0,693 - -0,693 0,999 0,999 0,754 0,997 0,996 0,529 0,996 0,987 1,000

%Carb, -0,960 0,924 0,306 0,938 0,810 0,171 0,760 0,102 0,972 0,506 - -0,506 0,982 0,982 0,579 0,987 0,947 0,316 0,947 0,923 0,972 1,000

% M.O. -0,651 0,565 -0,263 0,597 0,999 -0,394 0,992 0,628 0,942 0,894 - -0,894 0,926 0,926 0,930 0,916 0,969 0,782 0,969 0,984 0,942 0,838 1,000

P.F. -0,726 0,648 -0,161 0,677 0,988 -0,296 0,973 0,544 0,972 0,843 - -0,843 0,960 0,960 0,887 0,953 0,989 0,713 0,989 0,997 0,972 0,890 0,995 1,000

> 2mm -0,956 0,919 0,294 0,934 0,817 0,159 0,768 0,114 0,975 0,516 - -0,516 0,984 0,984 0,589 0,988 0,951 0,328 0,951 0,927 0,975 1,000 0,845 0,896 1,000

> 0,545mm -0,931 0,886 0,220 0,904 0,859 0,083 0,815 0,190 0,989 0,580 - -0,580 0,995 0,995 0,649 0,997 0,972 0,399 0,972 0,953 0,989 0,996 0,883 0,927 0,997 1,000

> 0,297mm 0,994 -1,000 -0,645 -0,999 -0,525 -0,534 -0,455 0,284 -0,810 -0,139 - 0,139 -0,836 -0,836 -0,225 -0,850 -0,753 0,069 -0,753 -0,707 -0,810 -0,925 -0,567 -0,650 -0,920 -0,887 1,000

> 0,063mm 0,719 -0,640 0,172 -0,670 -0,990 0,306 -0,975 -0,553 -0,970 -0,849 - 0,849 -0,957 -0,957 -0,891 -0,950 -0,988 -0,721 -0,988 -0,996 -0,970 -0,886 -0,996 -1,000 -0,891 -0,923 0,642 1,000

< 0,063mm -0,650 0,564 -0,265 0,596 0,999 -0,395 0,992 0,629 0,942 0,895 - -0,895 0,925 0,925 0,931 0,915 0,969 0,783 0,969 0,983 0,942 0,837 1,000 0,994 0,844 0,882 -0,566 -0,995 1,000

RIO DO MUDO

rcrit = 0,951

Apêndice A - Matriz de correlação entre os óxidos maiores, metais traços, carbonato, matéria orgânica, perda ao fogo e granulometria. Matriz para o rio Do Mudo, desconsiderando o ponto M22 por

ser efluência subterrânea. Em verde estão as correlações positivas (acima de 0,951). Em vermelho estão as correlações negativas (abaixo de -0,951).

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121

SiO2 Al2O3 K2O Na2O Fe2O3 CaO TiO2 MgO P2O5 ZrO2 MnO Cr2O3 S Fe Mn Zn Cu Pb Ni Cr Cd %Carb. % M.O. P.F. > 2mm > 0,545 mm > 0,297 mm > 0,063 mm < 0,063 mm

SiO2 1,000

Al2O3 -0,994 1,000

K2O -0,561 0,647 1,000

Na2O -0,998 0,999 0,617 1,000

Fe2O3 -0,612 0,523 -0,311 0,556 1,000

CaO -0,441 0,536 0,990 0,502 -0,440 1,000

TiO2 -0,547 0,453 -0,386 0,488 0,997 -0,510 1,000

MgO 0,182 -0,287 -0,916 -0,249 0,667 -0,963 0,724 1,000

P2O5 -0,867 0,808 0,074 0,831 0,924 -0,064 0,891 0,332 1,000

ZrO2 -0,243 0,136 -0,667 0,175 0,916 -0,763 0,945 0,910 0,693 1,000

MnO - - - - - - - - - - 1,000

Cr2O3 0,243 -0,136 0,667 -0,175 -0,916 0,763 -0,945 -0,910 -0,693 -1,000 - 1,000

S -0,890 0,835 0,121 0,856 0,906 -0,017 0,869 0,288 0,999 0,659 - -0,659 1,000

Fe -0,889 0,835 0,120 0,856 0,906 -0,018 0,869 0,288 0,999 0,659 - -0,659 1,000 1,000

Mn -0,326 0,222 -0,600 0,261 0,947 -0,704 0,970 0,870 0,754 0,996 - -0,996 0,722 0,722 1,000

Zn -0,901 0,848 0,146 0,869 0,895 0,008 0,856 0,263 0,997 0,640 - -0,640 1,000 1,000 0,704 1,000

Cu -0,819 0,751 -0,016 0,777 0,955 -0,154 0,929 0,416 0,996 0,756 - -0,756 0,991 0,991 0,810 0,987 1,000

Pb -0,037 -0,072 -0,807 -0,032 0,813 -0,881 0,857 0,976 0,529 0,978 - -0,978 0,489 0,490 0,957 0,467 0,604 1,000

Ni -0,819 0,751 -0,016 0,777 0,955 -0,154 0,929 0,416 0,996 0,756 - -0,756 0,991 0,991 0,810 0,987 1,000 0,604 1,000

Cr -0,777 0,705 -0,085 0,732 0,973 -0,221 0,952 0,477 0,987 0,799 - -0,799 0,979 0,979 0,848 0,973 0,998 0,657 0,998 1,000

Cd -0,867 0,808 0,074 0,831 0,924 -0,064 0,891 0,332 1,000 0,693 - -0,693 0,999 0,999 0,754 0,997 0,996 0,529 0,996 0,987 1,000

%Carb. -0,960 0,924 0,306 0,938 0,810 0,171 0,760 0,102 0,972 0,506 - -0,506 0,982 0,982 0,579 0,987 0,947 0,316 0,947 0,923 0,972 1,000

% M.O. -0,651 0,565 -0,263 0,597 0,999 -0,394 0,992 0,628 0,942 0,894 - -0,894 0,926 0,926 0,930 0,916 0,969 0,782 0,969 0,984 0,942 0,838 1,000

P.F. -0,726 0,648 -0,161 0,677 0,988 -0,296 0,973 0,544 0,972 0,843 - -0,843 0,960 0,960 0,887 0,953 0,989 0,713 0,989 0,997 0,972 0,890 0,995 1,000

> 2mm -0,956 0,919 0,294 0,934 0,817 0,159 0,768 0,114 0,975 0,516 - -0,516 0,984 0,984 0,589 0,988 0,951 0,328 0,951 0,927 0,975 1,000 0,845 0,896 1,000

> 0,545 mm -0,931 0,886 0,220 0,904 0,859 0,083 0,815 0,190 0,989 0,580 - -0,580 0,995 0,995 0,649 0,997 0,972 0,399 0,972 0,953 0,989 0,996 0,883 0,927 0,997 1,000

> 0,297 mm 0,994 -1,000 -0,645 -0,999 -0,525 -0,534 -0,455 0,284 -0,810 -0,139 - 0,139 -0,836 -0,836 -0,225 -0,850 -0,753 0,069 -0,753 -0,707 -0,810 -0,925 -0,567 -0,650 -0,920 -0,887 1,000

> 0,063 mm 0,719 -0,640 0,172 -0,670 -0,990 0,306 -0,975 -0,553 -0,970 -0,849 - 0,849 -0,957 -0,957 -0,891 -0,950 -0,988 -0,721 -0,988 -0,996 -0,970 -0,886 -0,996 -1,000 -0,891 -0,923 0,642 1,000

< 0,063 mm -0,650 0,564 -0,265 0,596 0,999 -0,395 0,992 0,629 0,942 0,895 - -0,895 0,925 0,925 0,931 0,915 0,969 0,783 0,969 0,983 0,942 0,837 1,000 0,994 0,844 0,882 -0,566 -0,995 1,000

RIO GUAJIRU

rcrit = 0,951

Apêndice B - Matriz de correlação entre os óxidos maiores, metais traços, carbonato, matéria orgânica, perda ao fogo e granulometria. Matriz para o rio Guajiru, desconsiderando o ponto M35 por

ser efluência subterrânea. Em verde estão as correlações positivas (acima de 0,951). Em vermelho estão as correlações negativas (abaixo de -0,951).

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122

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Esta dissertação teve a seguinte questão norteadora: “Os parâmetros físico-químicos e

os metais traços dosados em água e sedimentos da bacia hidrográfica do Rio Doce estão

relacionados às rochas e solos que compõe o substrato rochoso da área ou a outros fatores?”.

Ela foi respondida, mostrando que a química dos elementos estudados está relacionada ao clima

e substrato geológico da região.

O Capítulo 1 mostrou que as águas são classificadas como cloretadas sódicas,

semelhante as águas do aquífero Barreiras. Os diagramas de Stiff e Radiais mostraram que as

características das águas do alto curso estão relacionadas ao substrato rochoso da área ocupada.

As razões iônicas reforçam isso, pois apontam para uma relação das águas com litotipos ricos

em silicatos magnesianos, rochas graníticas ou cristalinas, como as da Suíte Intrusiva Dona Inês

que cortam a região. Também, o diagrama de Gibbs mostra similaridades entre as águas

amostradas e outras regiões semiáridas e áridas estudadas no Brasil e no Mundo, predominando

o mecanismo da evaporação como controlador da química das águas.

O Capítulo 2 mostrou que, diante das normativas governamentais, as águas amostradas

se mostraram não adequadas para os usos principais das comunidades residentes, que seria o

consumo humano e animal ou a irrigação. As amostras de água de menor qualidade estão no

alto curso do Rio do Mudo (M17, M18 e M32), sendo recomendado o não uso. Quanto a

presença de metais, mesmo as amostras citadas como melhores (M22, M35, M36 e M49)

apresentam contaminação por ferro, cobre e chumbo, inviabilizando o consumo. Além da

contaminação por metal há amostras que também apresentaram contaminação por nitrato (M22,

M35 e M49), assinalando cautela quanto ao seu uso. Considerando o USSL para saber a

viabilidade do uso para irrigação só uma apresenta qualidade boa (M35); algumas amostras

(M22, M36, M42 e M49) apresentaram qualidade satisfatória para serem utilizadas em solos

bem drenados e tomando algumas precauções, o que não é a realidade da região. As amostras

M22, M35, M36, M42 e M49, mesmo apresentando em alguns pontos qualidade satisfatória

para consumo, recomenda-se a utilização prioritariamente para irrigação e dessedentação

animal. Para os metais traço, as amostras mais problemáticas foram as M17, M18 e M32. Essas

e as demais amostras excederam o proposto pelas normativas governamentais para os elementos

Cd, Ni e Pb, mostrando que o uso dessas águas deve ser evitado, a fim de que os usuários não

desenvolvam doenças ligadas a ingestão ou exposição a esses elementos. O zoneamento

esquemático proposto mostrou a existência de duas áreas, uma relacionada ao alto curso e outra

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123

ao médio curso da bacia. A zona de águas superficiais de melhor qualidade, está relacionada ao

médio curso da bacia hidrográfica.

O Capítulo 3 mostrou que os sedimentos de fundo dos corpos hídricos amostrados

podem ser classificados predominantemente como arenosos com baixo conteúdo de matéria

orgânica, sendo de caráter mineral. Essas características apontam para uma menor fixação de

elementos contaminantes, como os metais, aos sedimentos, devido a menor área superficial

específica de partículas mais grosseiras. Isso torna os contaminantes mais disponíveis à coluna

d’água. A química dos sedimentos do rio do Mudo aponta para uma relação genética destes

com as rochas aflorantes na região, sendo as partículas formadas tanto pela desagregação física

como pela dissolução e precipitação química. Os sedimentos do rio Guajiru apresentam maior

empobrecimento em seus elementos maiores e menores (exceto para o SiO2) quando

comparados aos do rio do Mudo, o que pode estar relacionado ao fato de se tratar de rochas

sedimentares em comparação com as rochas ígneas da Suíte Intrusiva Dona Inês que ocorrem

no alto curso do rio do Mudo. Os teores dos metais observados nos sedimentos não foram acima

nem condizentes com os observados em rochas similares às da área de estudo. Isso indica que

o baixo grau de contaminação pode estar relacionado a fontes antrópicas e geogênicas. A

característica arenosa dos sedimentos diminui a capacidade de retenção desses elementos nos

sedimentos.

Diante do exposto, em relação aos objetivos específicos da pesquisa, resume-se que: a

classificação hidroquímica das águas foi realizada no Capitulo 1; a avaliação quanto a

potabilidade e definição de possíveis usos, com base em regulamentações, foi obtida no

Capítulo 2; a caracterização dos sedimentos dos reservatórios hídricos foi feita no Capítulo 3;

em todos os artigos procurou-se relacionar a presença dos elementos traços nas águas e

sedimentos com o substrato ou atividades antrópicas.

Então, a pesquisa esclarece que a qualidade das águas represadas por longos períodos

de estiagem se deteriora devido a condições climáticas e de evaporação. Mesmo a composição

química da água estando relacionada em grande parte com o substrato rochoso da região, ou

seja, é de origem geogênica, outra parte é reflexo da pouca renovação e aumento da interação

com o substrato devido a questões climáticas. Mesmo a composição das águas sendo reflexo de

fenômenos naturais, a sua qualidade não é indicada para o uso das populações que residem

próximo aos corpos hídricos. A porção a oeste da bacia hidrográfica, que apresenta

características de semiaridez, apresenta água de menor qualidade.

Para outros estudos relacionados a essa pesquisa, ou para o prosseguimento dela,

recomenda-se amostragens de água e sedimento nos mesmos pontos em período de estiagem e

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124

chuvoso, para comparação da influência das chuvas na composição química. A caracterização

mineralógica, química e petrográfica das rochas aflorantes nas áreas de coleta contribuiria para

esclarecer a relação existente entre as águas e sedimentos dos reservatórios e as rochas da

região. Essa caracterização também pode gerar valores de backgrounds geoquímicos para a

região. E, por fim, avaliar a destinação e uso que as comunidades estão dando as águas desses

reservatórios versus possíveis doenças que estão acometendo a população.

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125

5. REFERÊNCIAS GERAIS

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Campinas, SP: Editora Átomo, Volume 6, Número 1 e 2, Jan-Dez 2012.

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BIONDI, C. M. Teores Naturais de Metais Pesados nos Solos de Referência do Estado de

Pernambuco. 2010, 67f. Tese (Doutorado em Agronomia – Ciências do Solo) Universidade

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em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Portaria MS nº 2.914/2011: procedimentos de

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128

APÊNDICES

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APÊNDICE A – DIAGRAMAS RADIAIS – A primeira linha apresenta as geometrias dos gráficos radiais para

amostras M17, M18 e M32, mostrando similaridades. É observada a predominância da concentração dentro do

campo entre Cl- e Mg+2. A segunda linha apresenta as amostras M36, M42 e M49, que mostram enriquecimento

no CO3-2+HCO3

-. A última linha apresenta os gráficos radiais para as amostras M22 e M35, mostrando

diferenciação química dessas. A M22 apresenta homogeneização de seus constituintes. A M35 mostra

similaridade geométrica com o primeiro grupo, diferenciada pelo enriquecimento em SO4-2.

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APÊNDICE B – DIAGRAMAS DE STIFF – Diagramas de Stiff são compostos por um eixo vertical e três

horizontais. A esquerda do central estão os cátions e a direita os ânions. A primeira linha de diagramas

apresenta as amostras M17, M18 e M32, são observadas semelhanças nas geometrias. A segunda linha de

diagramas apresenta as amostras M36, M42 e M49, também se observam similaridades na geometria, com um

enriquecimento de HCO3- no eixo intermediário. A última linha mostra as amostras que se apresentam mais

diferentes em relação as demais estudadas. M22 com um maior enriquecimento no eixo do Ca2+ e HCO3-, e M35

mais sódica.

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Parâmetro Unidade

Resolução CONAMA

357/05 Resolução CONAMA 396/2008

Portaria

2914/2011

Pontos de Amostragem Infração

à Classe

I

Classe

II

Classe

III Consumo Dessedentação Irrigação Recreação M17 M18 M22 M32 M35 M36 M42 M49

Condutividade

Elétrica µS/Cm

27.620,00 10.673,00 930,60 22.170,00 71,67 826,50 1.834,40 789,50

Sólidos Totais

Dissolvidos mg/L 1000 1000 20.721,00 7.170,00 635,00 18.663,00 48,73 575,00 1.204,00 504,00

396/2008

2914/2011

pH 6,5-

8,5

6,5 -

8,5

5,0-

9,0 6,6 8,6 7,8 7,5 5,7 8,3 8,2 7,9

Dureza

(CaCO3) mg/L

500 5.306,550 1.519,130 236,710 4.422,120 6,240 86,880 296,540 71,790 2914/2011

Turbidez uT 5 5,000 13,330 0,000 23,330 2,000 13,330 2,000 2,000 2914/2011

Ca2+

mg/L

322,870 60,410 43,120 218,720 0,210 11,460 32,290 2,290

Mg2+ 1.092,970 332,310 31,340 941,340 1,390 14,150 52,440 16,050

Cl- 0,01 0,019 250 100-700 400 250 11.343,820 3.641,630 182,080 9.668,030 12,890 174,020 499,520 167,580 TODAS

Na+ 200 300 200 5.333,330 1.750,000 77,770 4.761,900 10,550 99,500 242,850 98,200 396/2008

2914/2011

K+ 308,800 93,420 5,140 204,350 0,270 15,200 22,050 10,000

Fe (Total) 0,3 0,3 0,3 5 0,3 0,3 0,580 0,610 0,130 1,810 0,160 0,300 0,290 0,110 TODAS

Cr 0,05 1,1 0,05 1 0,1 0,05 0,05 0,000 0,000 0,000 0,050 0,000 0,000 0,020 0,000 TODAS

Cd 0,005 0,04 0,005 0,05 0,01 0,005 0,005 0,040 0,010 0,003 0,010 0,003 0,000 0,003 0,000 TODAS

Ni2+ 0,025 0,074 0,02 1 0,2 0,1 0,07 0,100 0,040 0,007 0,097 0,007 0,000 0,013 0,007 TODAS

Cu2+ 0,005 0,0078 2 0,5 0,2 1 2 0,053 0,023 0,020 0,050 0,070 0,097 0,080 0,093 357/2005

Pb2+ 0,01 0,21 0,01 0,1 5 0,05 0,01 0,477 0,203 0,060 0,333 0,080 0,083 0,060 0,047 TODAS

Zn2+ 0,09 0,12 5 24 2 5 5 0,073 0,060 0,040 0,087 0,053 0,050 0,060 0,047

SO42- 250 1000 400 250 752,690 46,240 24,200 603,040 5,420 6,870 7,290 19,400 396/2008

2914/2011

PO43- 0,124 0,186 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

HCO3- 22,070 99,310 166,750 72,340 2,450 114,030 136,090 74,790

CO32- 0,000 6,030 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

SiO2 6,190 47,710 40,620 44,240 23,020 0,000 10,150 2,710

NO2- mg/L

0,07 0,70 1,00 10,00 1,00 1,00 1,00 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0

NO3- 0,40 0,20 10,00 90,00 10,00 10,00 0,00 0,00 4,94 0,00 1,35 0,00 0,00 0,29 357/2005

APÊNDICE C – Resultados dos parâmetros analisados nas amostra versus os Padrões para qualidade, potabilidade e uso das águas. Em vermelho os valores que infringiram

alguma das regulamentações aqui trabalhadas.

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Sub-bacia do Rio do Mudo Sub-bacia do Rio Guajiru

DETERINAÇÃO M17 M18 M22 M32 Média Desvio Padrão M35 M36 M42 M49 Média Desvio Padrão

Sólidos dissolvidos totais, mg/L 20.721,000 7.170,000 635,000 18.663,000 11.797,25 9.535,53 48,730 575,000 1.204,000 504,000 582,93 475,18

Sólidos totais a 105 °C, mg/L 21.159,000 7.256,000 677,000 18.743,000 11.958,75 9.662,03 48,730 712,000 1.204,000 507,000 617,93 479,10

Oxigênio Dissolvido, mg/L O2 5,120 4,920 1,180 4,920 4,04 1,91 8,170 3,250 6,700 6,000 6,03 2,06

pH 6,6 8,6 7,8 7,5 7,63 0,83 5,7 8,3 8,2 7,9 7,53 1,23

Condutividade elétrica, µS/cm 27.620,000 10.673,000 930,600 22.170,000 15.348,40 11.928,38 71,670 826,500 1.834,400 789,500 880,52 724,64

Turbidez, UT 5,000 13,330 0,000 23,330 10,42 10,22 2,000 13,330 2,000 2,000 4,83 5,67

Nitrogêneo Amoniacal, mg/L NH3 4,020 0,960 0,000 1,790 1,69 1,72 0,060 0,310 0,180 0,200 0,19 0,10

Dureza Total, mg/L CaCO3 5.306,550 1.519,130 236,710 4.422,120 2.871,13 2.387,81 6,240 86,880 296,540 71,790 115,36 125,75

Cloreto, mg/L Cl- 11.343,820 3.641,630 182,080 9.668,030 6.208,89 5.204,05 12,890 174,020 499,520 167,580 213,50 204,71

Sílica, mg/L SiO2 6,190 47,710 40,620 44,240 34,69 19,22 23,020 0,000 10,150 2,710 8,97 10,30

Ferro, mg/L SiO2 0,580 0,610 0,130 1,810 0,78 0,72 0,160 0,300 0,290 0,110 0,22 0,09

Cromo, mg/L Cr 0,000 0,000 0,000 0,050 0,01 0,03 0,000 0,000 0,020 0,000 0,01 0,01

Cádmio, mg/L Cd 0,040 0,010 0,003 0,010 0,02 0,02 0,003 0,000 0,003 0,000 0,00 0,00

Níquel, mg/L Ni 0,100 0,040 0,007 0,097 0,06 0,05 0,007 0,000 0,013 0,007 0,01 0,01

Cobre, mg/L Cu 0,053 0,023 0,020 0,050 0,04 0,02 0,070 0,097 0,080 0,093 0,09 0,01

Chumbo, mg/L Pb 0,477 0,203 0,060 0,333 0,27 0,18 0,080 0,083 0,060 0,047 0,07 0,02

Zinco, mg/L Zn 0,073 0,060 0,040 0,087 0,07 0,02 0,053 0,050 0,060 0,047 0,05 0,01

Nitrito, mg/L N 0,000 0,000 0,030 0,000 0,01 0,02 0,000 0,000 0,000 0,000 0,00 0,00

Nitrato, mg/L N 0,000 0,000 4,940 0,000 1,24 2,47 1,350 0,000 0,000 0,290 0,41 0,64

Potássio, mg/L K+ 308,800 93,420 5,140 204,350 152,93 132,06 0,270 15,200 22,050 10,000 11,88 9,18

Magnésio, mg/L Mg++ 1.092,970 332,310 31,340 941,340 599,49 501,52 1,390 14,150 52,440 16,050 21,01 21,94

Cálcio, mg/L Ca++ 322,870 60,410 43,120 218,720 161,28 133,60 0,210 11,460 32,290 2,290 11,56 14,66

Carbonato, mg/L CO3-- 0,000 6,030 0,000 0,000 1,51 3,02 0,000 0,000 0,000 0,000 0,00 0,00

Bicarbonato, mg/L HCO3- 22,070 99,310 166,750 72,340 90,12 60,29 2,450 114,030 136,090 74,790 81,84 58,68

Sulfato, mg/L SO4-- 752,690 46,240 24,200 603,040 356,54 376,14 5,420 6,870 7,290 19,400 9,75 6,49

Fósforo reativo Total, mg/L P 0,000 0,000 0,000 0,000 0,00 0,00 0,000 0,000 0,000 0,000 0,00 0,00

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133

Sódio, mg/L Na+ 5.333,330 1.750,000 77,770 4.761,900 2.980,75 2.493,27 10,550 99,500 242,850 98,200 112,78 96,19

APÊNDICE D – Resultados gerais obtidos para as características físico-químicas de todas as amostras da pesquisa. Os dados estão subdivididos por sub-bacia que constitui a

bacia do Rio Doce/RN.