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8/7/2019 assedio_moral_no_trabalho_no_ambiente_de_trabalho
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CENTRO DE EDUCAO TECNOLGICA ESTCIO DE S DE JUIZ DE FORA
ASSDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO
Joo Srgio de Castro TarcitanoCerise Dias Guimares
JUIZ DE FORA2004
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JOO SRGIO DE CASTRO TARCITANO
CERISE DIAS GUIMARES
ASSDIO MORAL NO AMBIENTE DE TRABALHO
Trabalho de Concluso do Curso deTecnologia em Gesto de RecursosHumanos, apresentado ao Centro deEducao Tecnolgica Estcio de S de
Juiz de Fora sob a orientao da professoraJudilma Aline Oliveira Silva, como requisitopara obteno da graduao superior.
JUIZ DE FORA2004
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SUMRIO
INTRODUO................................ ................................ ................................ ........ 04
1 O que assdio moral no ambiente de trabalho ........... .......... ......... .. .......... ...... 08
2 O que no assdio moral no ambiente de trabalho, mas vem confundindo -secom tal ................................ ................................ ................................ ............. 15
2.1 O estresse................................ ................................................................ ...... 15
2.2 As virtudes do conflito ................................................................ .................... 162.3 A gesto por injria ................................ ................................ ........................ 172.4 As agresses pontuais ................................................................ ................... 172.5 As ms condies de trabalho ................................ ................................ ........ 182.6 As imposies profissionais ................................ ................................ ............ 18
3 Causas do assdio moral no trabalho ................................................................ 20
4 Os tipos de assdio moral verificados no ambiente de trabalho ......................... 22
5 Quem so os que assediam ................................ ................................ .............. 23
6 Quem so os assediados ................................ .................................................. 26
7 O processo psicolgico do assdio moral no trabalho ....................................... 29
8 As conseqncias do ass dio moral no trabalho ................................ ............... 318.1 Para a organizao ................................ ................................ ........................ 318.2 Para o assediado ................................ ................................ ........................... 33
9 O assdio moral no trabalho na legislao e na doutrinaestrangeiras................................ ................................................................ ...... 37
10 Aspectos jurdicos e previdencirios no Brasil .... ......... .......... ......... ......... ........ 39
11 Aes preventivas no ambiente organi zacional .......... .......... .......... .. ......... ...... 43
CONCLUSO ................................ ................................ ................................ ......... 46
NOTAS ................................ ................................................................ ................... 48
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ................................ ................................ ........ 51
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INTRODUO
sabido que a palavra trabalhar vem do latim vulgar tripaliare, que
significa torturar, e derivado do latim clssico tripalium, antigo instrumento de
tortura.i
Atravs dos tempos, o vocbulo trabalho veio sempre significando
fadiga, esforo, sofrimento, cuidado, encargo; em suma, valores negativos, dos
quais se afastavam os mais afortunados. ii
A evocao dessa etimologia e desse passado se faz bastante
prudente porque guarda consonncia com o cenrio em que se descortina o assunto
deste trabalho, um cenrio de violncia no ambiente organizacional donde emerge
um fenmeno, que apesar de invisvel, vem merecendo especial ateno das
organizaes, dos funcionrios e da sociedade como um todo devido aos danos que
provoca. E este fenmeno tem nome: o assdio moral.
Segundo Hirigoyen (2002, p.76), o assdio moral existe em toda a
parte, e apesar de no ser um assunto novo (FREITAS, 2001; HIRIGOYEN, 2002b
apudSCANFONE e TEODOSIO, 2004), uma questo delicada e pouco discutida
(PRZELOMSKI, 2002; BARRETO 2000 apud SCANFONE e TEODOSIO, 2004). O
referencial terico e mesmo as pesquisas so em nmero reduzido no Brasil frente
intensificao e a gravidade do fenmeno, fatos estes que podem ser comprovados
atravs da observao do crescente nmero de Leis, projetos de Lei e discusses
sindicais sobre o tema.
Contudo, faz-se oportuno considerar que a intensificao deste
fenmeno conseqncia de mudanas no cenrio organizacional nas ltimas
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dcadas. Segundo Barretoiii, o processo de reestruturao produtiva em curso tem
trazido em seu bojo novas metodologias de seleo, insero e avaliao do
indivduo no trabalho, levando profundas rupturas no tecido social e uma crnica
insatisfao, especialmente quanto ao "modus operandi" das relaes no trabalho.
Novas exigncias do ambiente laboral vm sendo incorporadas gerando mltiplos
sentimentos: medos, incertezas, angstia e tristeza. A ansiedade ante uma nova
tarefa, o medo de no saber, a avaliao constante do desempenho sem o devido
reconhecimento, a requisio da eficcia tcnica, excelncia, criatividade e
autonomia geram tenso e incertezas. As mltiplas exigncias para produzir so
transversadas por abuso de poder e freqentes instrues confusas, ofensas
repetitivas, agresses, maximizao dos erros e culpas, que se repetem por toda
jornada, degradando deliberadamente as condies de trabalho. O ambiente laboral
vem transformando-se em campo minado pelo medo, inveja, disputas, fofocas e
rivalidades transmitidos vertical e horizontalmente entre os gerentes e os
trabalhadores em outras posies na empresa. As conseqncias dessas vivncias
repercutem na individualidade do trabalhador, interferindo com a sua qualidade de
vida, levando-o a desajustes sociais e a transtornos psicolgicos e o colocando face-
a-face com situaes de enfretamento, notadamente, ante ao assdio moral no
trabalho. Tamanhas mudanas que se, por um lado, fortaleceram as grandes
empresas que viram seu lucro e riqueza aumentarem, por outro desvalorizaram o
trabalho, relegando os trabalhadores a um segundo plano.Corroborando, Dejours (1996 apudSCANFONE e TEODOSIO, 2004)
afirma que a mesma ordem econmica mundial que proporciona ao homem todo o
conforto possvel torna-o escravo do trabalho. Isto faz com que sofrimento e trabalho
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caminhem juntos dentro das organizaes, uma vez que para atingir a produtividade
desejada a organizao do trabalho faz deste um fardo pesado.
Diante desse quadro, faz-se necessrio compreender como o assdio
moral se manifesta, percebido pela gerncia e funcionrios e tratado dentro das
organizaes, uma vez que um fenmeno presente na realidade organizacional,
mas que freqentemente banalizado, e at ignorado; algumas vezes por
indiferena, outras por covardia e, at mesmo, por desconhecimento. Entretanto,
segundo Hirigoyen (2002a, p.65 apud SCANFONE e TEODOSIO, 2004), um
fenmeno destruidor do ambiente de trabalho, no s diminuindo a produtividade,
como tambm favorecendo ao absentesmo, devido aos desgastes psicolgicos que
provoca.
No Brasil, a discusso do assdio moral recente. Uma tese de
mestrado defendida em maio de 2000 na Pontifcia Universidade Catlica de So
Paulo (PUC), Departamento de Psicologia Social, denominada Uma jornada de
humilhaes (BARRETO, 2000), realizou pesquisa de campo sobre o assunto.
Entre maro de 1996 e julho 1998, foram entrevistadas 2.072 pessoas (1.311
homens e 761 mulheres). Realizada junto ao Sindicato dos Trabalhadores nas
Indstrias Qumicas, Plsticas, Farmacuticas e Similares de So Paulo, abrangeu
trabalhadores de 97 empresas de grande e mdio porte, incluindo multinacionais. Do
universo pesquisado, 42% (494 mulheres e 376 homens) relataram experincias de
humilhaes, constrangimentos e situaes vexatrias repetitivas no local detrabalho. A autora denuncia a falta de compromisso das empresas para com a sade
e qualidade de vida de seus trabalhadores: aqueles que adoecem no e do trabalho
so demitidos, aumentando o contingente de adoecidos e marginalizados do
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processo produtivo, dos bens de consumo e servios da sociedade. Como vtimas,
passam a responsveis (BARRETO 2000, p.93).
A autora apontou o medo como permanente no ambiente
organizacional, em razo do clima de incertezas promovido pela situao de doena-
humilhao. O medo, presente em todas as instncias, reprime toda e qualquer
iniciativa de defesa da dignidade quando o emprego est em jogo. Dessa forma, ela
afirma que se torna mais difcil recuperao, fato esse agravado quando no se
encontra ajuda nos profissionais que, pressupe-se, deveriam promover apoio, como
mdicos e psiclogos (BARRETO, 2000).
Na fala de Barreto (2002, p.242): quando o homem prefere a morte
perda da dignidade, se percebe muito bem como sade, trabalho, emoes, tica e
significado social se configuram num mesmo ato, revelando a patogenicidade da
humilhao.
A realidade deste cenrio e do peso inconcebvel com que ele tende a
impactar a rea de gesto de recursos humanos pelos anos vindouros foram as
molas propulsoras que alimentaram o interesse pela elaborao deste trabalho.
Conhecendo-os melhor teremos condies mais propcias de administrar o futuro de
uma parte da gesto de pessoas no mercado de trabalho.
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DESENVOLVIMENTO
1 - O que assdio moral no ambiente de trabalho
O que no Brasil denomina-se assdio moral e tem por cenrio o
ambiente de trabalho possui as seguintes verses mundo afora:
- harclement moral(assdio moral), na Frana;
- bullying(tiranizar), na Inglaterra;
- mobbing(molestar), nos Estados Unidos e na Sucia;
- murahachibu, ijime(ostracismo social), no Japo;
- psicoterror laboral, acoso moral(psicoterror laboral, assdio moral), na Espanha.
Para Cohen (apud COLETA e MIRANDA, 2002) o termo assdio
moral (no ambiente de trabalho) surgiu em setembro de 1998, quando a psicanalista
e vitimlogaiv francesa Hirigoyen lanou, na Frana, um livro publicado, em 2000, no
Brasil, sob o ttulo Assdio Moral: a violncia perversa no cotidiano. Nesse livro,mais calcado pelo lado da vitimologia do que da psicanlise, a autora explora e
define esta forma de assdio como:
toda e qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento,atitude...) que atente, por sua repetio ou sistematizao, contra adignidade ou a integridade psquica ou fsica de uma pessoa, ameaandoseu emprego ou degradando o clima de trabalho.
Heinz Leymann, mdico alemo e pesquisador na rea de psicologia
no trabalho, que em 1984 efetuou o primeiro estudo sobre o assunto, quando
identificou o fenmeno e o nominou mobbing, o descreve da seguinte maneira:
assdio moral a deliberada degradao das condies de trabalhoatravs do estabelecimento de comunicaes no ticas (abusivas) que
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se caracterizam pela repeti o por longo tempo de durao de umcomportamento hostil que um superior ou colega (s) desenvolve (m)contra um indivduo que apresenta, como reao, um quadro de misria
fsica, psicolgica e social duradoura.v
Na viso de Margarida Barretovi, o assdio moral revelado por atos e
comportamentos agressivos que visam a desqualificao e desmoralizao
profissional e a desestabilizao emocional e moral do(s) assediado(s), tornando o
ambiente de trabalho desagradvel, insuportvel e hostil.
Contudo, independentemente da definio, o importante
compreender que o assdio moral se caracteriza pelo abuso de poder de forma
repetida e sistematizada.
importante ressaltar que apesar dos fatos isolados no parecerem
violncias, o acmulo dos pequenos traumas que geram a agresso (HIRIGOYEN,
2002 p.17). Surge e se propaga em relaes hierrquicas assimtricas, desumanas
e sem tica, marcadas pelo abuso do poder e manipulaes perversas. O cerco
contra um trabalhador ou mesmo uma equipe pode ser explcito ou direto, sutil ou
indireto.
Importantssimo para este trabalho bem caracterizar o tema sob o
prisma jurdico, pois esta uma das instncias onde o assunto ganha maior
conotao.
Dado os difusos perfis do fenmeno, torna-se de difcil elaborao o
conceito jurdico do assdio moral no ambiente de trabalho, e assim que alguns
doutrinadores enfatizam no conceito o dano psquico acarretado vtima em face da
violncia psicolgica j descrita; outros destacam mais a situao vexatria e o dano
imagem que o assdio moral provoca. Entretanto, h elementos em torno dos
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quais a doutrina e a jurisprudncia esto em consonncia como caracterizadores do
assdio moral. So eles:
a) a intensidade da violncia psicolgica. necessrio que ela seja
grave na concepo objetiva de uma pessoa normal. No deve ser avaliada sob a
percepo subjetiva e particular do afetado que poder viver com muita ansiedade
situaes que objetivamente no possuem a gravidade capaz de justificar esse
estado de alma. Nessas situaes, a patologia estaria mais vinculada com a prpria
personalidade da vtima do que com a hostilidade no local de trabalho (GARCIA
CALLEJO, 2003, p.43 apud BARROS, 2004).
b) o prolongamento no tempo, pois episdio espordico no o
caracteriza, mister o carter permanente dos atos capazes de produzir o objetivo.
Assim, o arco temporal deve ser suficientemente longo para que cause um impacto
real e de verdadeira perseguio pelo assediador.
Sedimentando esta afirmao, temos as observaes de Nascimento:
Um dos elementos essenciais para a caracteriza o do assdio moral noambiente de trabalho a reiterao da conduta ofensiva ou humilhante,uma vez que, sendo este fenmeno de natureza psicol gica, no h deser um ato espor dico capaz de trazer leses psquicas vtima.Como bem esclarece o acrdo proferido no TRT da 17 Regi o, "ahumilhao repetitiva e de longa dura o interfere na vida do assediadode modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e rela esafetivas e sociais, ocasionando graves dano s sade fsica e mental,que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego oumesmo a morte, constituindo um risco invis vel, porm concreto, nas
relaes e condies de trabalhovii
c) a inteno de ocasionar um dano psquico ou moral ao empregado
para marginaliz-lo no seu ambiente de trabalho.viii
d) a converso, em patologia, em enfermidade que pressupe
diagnstico clnico, dos danos psquicos.
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O dano psquico poder ser permanente ou transitrio. Ele se configura
quando a personalidade da vtima alterada e seu equilbrio emocional sofre
perturbaes, que se exteriorizam por meio de depresso, bloqueio, inibies, etc.
Estes estados devem guardar um nexo de causalidade com o fato danoso. Poder
ocorrer desse ltimo no gerar o desequilbrio emocional, mas agrav-lo. Nessa
ltima hiptese, aplica-se a concausa e o responsvel responde pelo agravamento
(GHERSI 2002, p.206 e 207 apudBARROS, 2004).
Segundo Resoluo 1488/98 do Conselho Federal de Medicina, para o
estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de sade e as atividades do
trabalhador, alm do exame clnico (fsico e mental) e os exames complementares,
quando necessrios, deve o mdico considerar a histria clnica e ocupacional,
decisiva em qualquer diagnstico e/ou investigao de nexo causal; o estudo do
local de trabalho; o estudo da organizao do trabalho; os dados epidemiolgicos; a
literatura atualizada; a ocorrncia de quadro clnico ou sub clnico em trabalhador
exposto a condies agressivas; a identificao de riscos fsicos, qumicos,
biolgicos, mecnicos, estressantes, e outros; o depoimento e a experincia dos
trabalhadores; os conhecimentos e as prticas de outras disciplinas e de seus
profissionais sejam ou no da rea de sade (Artigo 2 da Resoluo CFM 1488/98).
A questo da necessidade da existncia do dano psquico como
caracterizador do assdio moral no unanimidade entre autores que exploram o
assunto na esfera do Direito. Duas correntes se dividem:- Para Barros ix, o mesmo dispensvel, haja vista que o conceito de
assdio moral dever ser definido pelo comportamento do assediador e no pelo
resultado danoso. A se exigir o elemento alusivo ao dano psquico como
indispensvel ao conceito de assdio moral, se teria um mesmo comportamento
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caracterizando ou no a figura ilcita, conforme o grau de resistncia da vtima,
ficando sem punio as agresses que no tenham conseguido dobrar
psicologicamente a pessoa.
- J no entendimento de Nascimento x (e segundo ela tambm o
entendimento da maioria dos estudos jurdicos atuais e das decises da Justia do
Trabalho) o assdio moral no cenrio laboral visto pelo resultado que provoca,
pelo dano que efetivamente venha a causar na vtima, no caso, a doena psquico-
emocional. Para tanto, faz-se necessria percia feita por psiquiatra ou outro
especialista da rea para que, por meio de um laudo tcnico, informe ao magistrado
(que no poderia chegar a tal concluso sem uma opinio profissional) sobre a
existncia desse dano, inclusive fazendo a aferio do nexo causal.
Pesquisa efetuada por Hirigoyen (HIRIGOYEN 2002, p.108-111) listou
os seguintes grupos de atitudes hostis como possveis configuradoras de assdio
moral no trabalho, bem como as porcentagens em que elas se verificaram no
universo dos pesquisados:
ATITUDES %
Atitudes que deterioram as condies de trabalho 53
Atitudes que geram isolamento e recusa de comunicao 58
Atitudes que geram atentado contra a dignidade 56
Violncia verbal, fsica ou sexual 31
Fonte: HIRIGOYEN, Marie-France. Mal estar no trabalhoredefinindo o assdio moral. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, p. 108 -111.
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Em pesquisa da mdica brasileira do trabalho Margarida Barreto xi esta
identificou as seguintes situaes/aes de assdio moral no ambiente de trabalho
como sendo as mais freqentemente verificadas:
SITUAES/AES MAIS FREQUENTEMENTE VERIFICADAS %
Dar instrues confusas e imprecisas 65%
O bloqueio ao trabalho e a atribuio de erros imaginrios 61%
Ignorar a presena de funcionrio na frente de outros 55%
Pedir trabalhos urgentes sem necessidade 49%
Mandar o trabalhador realizar tarefas abaixo de sua capacidade profissional,fazer comentrios maldosos em pblico 41%
No cumprimentar 38%
Impor horrios injustificados ou forar o trabalhador a pedir demisso 35%
Impedir o trabalhador de almoar ou conversar com um colega, disseminando
boatos que desvalorizam e desqualificam profissional e pessoalmente; retiraro material necessrio execuo do trabalho (fax, computador, telefone),isolando-o do convvio com os colegas
33%
Fonte: BARRETO, Margarida Assdio moral: o risco invisvel no mundo do trabalho. Disponvel em:. Acesso em: 17 set. 2004.
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Merece ateno tambm uma curiosa abordagem encontrada no
material bibliogrficoxii, que diz respeito a posturas discriminatrias proferidas
especificamente contra trabalhadores adoentados e acidentados que retornam ao
trabalho e que podem vir a ser caracterizadoras de assdio moral. So elas:
- Colocar o trabalhador em local sem nenhuma tarefa e/ou no lhe
dar tarefa. Coloc-lo sentado, separado dos demais trabalhadores
por paredes de vidros, de onde fica olhando-os trabalhar.
- No fornecer ao trabalhador (ou retirar-lhe) todos os instrumentos
de trabalho.
- Isolar os adoecidos em salas denominadas dos 'compatveis'.
- Estimular a discriminao entre os sadios e adoecidos, chamando-
os pejorativamente de 'podres, fracos, incompetentes, incapazes'.
- Diminuir salrios do trabalhador quando este retorna ao trabalho.
- Demiti-lo aps a estabilidade legal.
- Impedi-lo de andar pela empresa.
- Telefonar para a casa do funcionrio e comunicar sua famlia que
ele ou ela no quer trabalhar.
- Controlar suas idas a mdicos; questionar acerca do falado em
outro espao. Criar obstculos quando ele decide por procurar
mdicos fora da empresa.
- Desaparecer com seus atestados. Exigir o Cdigo Internacional deDoenas - CID - em seu atestado como forma de controle.
- Colocar guarda controlando entrada e sada e revisando as
mulheres.
- No permitir que converse com antigos colegas dentro da empresa.
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- Colocar um colega controlando o outro colega, disseminando a
vigilncia e desconfiana.
- Dificultar-lhe a entrega de documentos necessrios concretizao
da percia mdica pelo INSS.
- Omitir doenas e acidentes
- Demitir os adoecidos ou acidentados do trabalho.
2 - O que no assdio moral no ambiente de trabalho, mas vemconfundindo-se com tal
2.1 O Estresse
A referncia bibliogrfica acessada aponta que o assdio moral no
ambiente de trabalho emerge mais facilmente em contextos particularmente
submetidos ao estresse. Mesmo que o estresse constitua verdadeiro desgaste
psquico e sofrimento, no constitui, em si, assdio moral, mas somente o terreno
frtil que pode favorecer sua instalao. O assdio moral muito mais do que
estresse, mesmo que ele passe por uma fase de estresse. Neste caso, se uma
pessoa est sobrecarregada, incumbida de tarefas sem lhe terem dado os meios
para execut-la, portanto estressada, precisa de um certo tempo para julgar se ou
no tratamento exclusivamente destinado a ela. As conseqncias dessa agresso
sobre sua sade sero pouco diferentes das de uma sobrecarga de trabalho, pois,
mesmo que seu corpo reaja fortemente, ela no ter conscincia do que lhe sucede.
Esta fase pode se prolongar desde que a agresso no seja to intensa ou se a
pessoa se recusar a abrir os olhos para a especificidade do que est tendo de
suportar.
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A situao evolui para conotadora de assdio, propriamente dito,
quando a pessoa tomada como alvo percebe a m inteno de que objeto, isto ,
logo que a recusa de comunicao manifesta e humilhante, quando crticas a
respeito do seu trabalho se tornam maldosas e as atitudes e palavras se tornam
injuriosas. As conseqncias sobre o psiquismo so muito mais graves a partir do
momento em que se toma conscincia de existir um claro objetivo de prejudicar. De
incio, difcil de acreditar que isso seja possvel e depois surgem as interrogaes
ansiosas: O que foi que eu fiz para que me queiram to mal?, e as tentativas
desesperadas para alterar o quadro. Isto gera uma ferida que no tem
correspondncia com o estresse. Trata-se de uma ferida no amor-prprio, um
atentado contra a dignidade, mas tambm uma brutal desiluso ligada perda
sbita da confiana que se tinha depositado na empresa, na hierarquia ou nos
colegas (HIRIGOYEN, 2002, p.20 e 188).
Hirigoyen (op. cit. p.20) registra que o estresse s se torna destruidor
pelo excesso, mas o assdio destruidor por si s
2.2 - As virtudes do conflito
extremamente importante a distino entre o assdio moral no
ambiente de trabalho e o conflito.
Em um conflito as recriminaes so faladas (a guerra aberta, de
alguma maneira). Ao contrrio, por trs de todo procedimento de assdio existe o
no falado e o escondido. No conflito, teoricamente, cada um dos protagonistas
pode defender sua posio. O que caracteriza um conflito a escalada simtrica, ou
seja, uma igualdade terica entre os protagonistas. J no assdio moral no ambiente
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de trabalho no se observa uma relao simtrica, mas uma relao
dominante/dominado, na qual aquele que comanda o jogo procura submeter o outro
at faz-lo perder a identidade. Quando isto se passa no mbito de uma relao de
subordinao, transforma-se em um abuso de poder hierrquico, e a autoridade
legtima sobre um subordinado se torna a dominao da pessoa (HIRIGOYEN, 2002,
p.24, 25 e 27).
2.3 - A gesto por injria
Gesto por injria a forma de tratamento que alguns administradores
utilizam para com seus subordinados. Nesta, os administradores lidam com seus
subordinados de forma desrespeitosa e bruta.
Muitos administradores no sabem lidar com as suscetibilidades
individuais e manejam melhor o chicote que a carroa (HIRIGOYEN, 2002, p.28).
O que diferencia a gesto por injria do assdio que esta notada portodos e todos os empregados so maltratados, sem distino (HIRIGOYEN, 2002,
p.28).
2.4 - As agresses pontuais
O assdio moral caracteriza-se antes de tudo pela repetio. So
atitudes, palavras, comportamentos, que, tomados separadamente, podem parecer
inofensivos, mas cuja repetio e sistematizao os tornam destruidores.
Uma agresso verbal pontual, a menos que tenha sido precedida de
mltiplas pequenas agresses, um ato de violncia, mas no assedio moral,
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enquanto que reprimendas constantes o so, sobretudo se acompanhadas de outras
injrias para desqualificar a pessoa (HIRIGOYEN, 2002, p.30).
2.5 - As ms condies de trabalho
Freqentemente, muito difcil a distino entre assdio moral e ms
condies de trabalho. neste caso que a noo de intencionalidade adquire toda a
sua importncia. Trabalhar em um espao exguo, mal-iluminado e mal-instalado no
constitui um ato de assdio em si, salvo se um nico funcionrio for tratadoespecificamente assim ou se tais condies destinarem-se a desmerec-lo.
a mesma coisa em relao sobrecarga de trabalho, que no
significa assdio, a no ser quando exagerada ou se o objetivo, consciente ou
inconscientemente, prejudicar o empregado (HIRIGOYEN, 2002, p.33).
2.6 - As imposies profissionais
O assdio moral no trabalho um abuso e no pode ser confundido
com decises legtimas que dizem respeito organizao do trabalho, como
transferncias e mudanas de funo, no caso de estarem de acordo com o contrato
de trabalho. Da mesma maneira, crticas construtivas e avaliaes sobre o trabalho
executado, contanto que sejam explicitadas, e no utilizadas com um propsito de
represlia, no constituem assdio, sendo natural que todo trabalho apresente um
grau de imposio e dependncia (HIRIGOYEN, 2002, p.34 e 35).
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Spacil et alxiii comentam que imprescindvel destacar que contrato de
trabalho d ao empregador o poder de direo e que o exerccio deste, nos limites
legais, no configura assdio moral.
O poder de direo consiste na faculdade atribuda ao empregador de
determinar o modo como a atividade do empregado, em decorrncia do contrato de
trabalho, deve ser exercida. Esse poder de direo manifesta-se de trs formas: o
poder de organizao, o de controle sobre o trabalho e o poder disciplinar sobre o
trabalhador. O poder de organizao da atividade do empregado se d em
combinao com os demais fatores de produo, tendo em vista os fins objetivados
pela empresa. O poder de controle d ao empregador o direito de fiscalizar o
trabalho de empregado. Essa fiscalizao no se d somente quanto ao modo como
o trabalho exercido, mas tambm quanto ao comportamento do trabalhador no
ambiente de trabalho. Por fim, o poder disciplinar o direito do empregador de impor
sanes disciplinares aos empregados. Esse poder, entretanto, sujeita-se aos limites
legais. Dessa forma, o exerccio desses poderes pelo empregador, nos limites da lei
e de forma a no causar constrangimentos e humilhaes injustificadas ao
trabalhador, no configura assdio moral.
Entendemos, com base nas observaes da Dra. Snia A.C.
Nascimento, consultora jurdico-trabalhista, mestre e doutora em Direito, que
mesmo no configurando assdio moral algumas dessas vivncias podem vir a ser
um ato violador dos direitos personalssimos do indivduo, ofendendo sua moral,cabendo, portanto, pleito judicial de reparao por danos morais.
A consultora afirma que a diferena entre eles reside justamente no
modo como se verifica a leso, bem como a gravidade do dano. Ela defende ser o
assdio moral uma situao de violao mais grave que a mera leso do direito de
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personalidade, eis que, acarreta um dano sade psicolgica da pessoa, sua
higidez mental, o que deve ser mais severamente repreendido pelo Judicirio. Tal
repreenso se revela, principalmente, no tocante valorao da indenizao
advinda do assdio moral, que deve ser analisada de modo diverso daqueles
critrios comumente utilizados para as demais formas de pleito do dano moral. Faz
ela questo marcar esta diferenciao para que se possa delimitar com preciso os
limites que o assdio moral se d, afim de que no haja generalizao do instituto e
uso inadequado do termo.xiv
Corroborando, Hirigoyen (2002, p.71) atenta para o fato de que o uso
inadequado do termo assdio pode levar a banalizao do mesmo e, por
conseguinte, levar a descrdito a problemtica vivida pelas verdadeiras vtimas do
fenmeno.
3 - Causas do assdio moral n o trabalho
O assdio moral tem por causas o indivduo e o ambiente externo
(HIRIGOYEN, 2002; BARRETO 2000).
O indivduo agente-causa da perversidade do assdio moral porque
esta peculiaridade faz parte da natureza humana. A frase o homem como lobo do
homem sentena por demais conhecida e bem ilustrativa para a situao.
O macro cenrio ambiental (conforme descrito na introduo deste
trabalho), comandado pelos agentes do neoliberalismo e da globalizao, coloca o
ser humano como meio e no como fim no processo de produo de riquezas.
Esta inverso de papis vem desencadeando processos avassaladores de
submisso das pessoas foras escravagistas, de servido a processos e padres,
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que so meios mais do que afins para que se instale a violncia moral. Na micro
realidade do ambiente laboral estes processos causam a degradao das condies
de trabalho, haja vista que as organizaes, na busca pela sobrevivncia, voltam-se
mais para atender s necessidades do mercado do que s de seus trabalhadores.
Busca-se atravs da manipulao pelo medo aumentar a produo e reforar o
autoritarismo, a submisso, a disciplina, a vergonha e o pacto do silncio no coletivo.
Gradativamente, as polticas de gesto vo construindo e reafirmando uma nova
ideologia que elimina todas as outras. nesse espao de conflitos e sujeies, de
contradies e ambigidades, de seduo e aceitao, de prazer e desprazer, de
exigncias e desqualificaes, de adoecer e morrer que o risco do assdio moral
emerge.
No Brasil temos uma particularidade scio-cultural, facilitadora do
assdio moral, que foi observada por Andr Luiz Souza Aguiarxv, ora transcrita:
Pedagogos e filsofos como Paulo Freire (1987) e Leonardo Boff (1999),historiadores como Caio Prado (1972), Raymundo Faoro (1979), Srgio
Buarque de Holanda (1984) e Darcy Ribeiro (1995), economistas comoCelso Furtado (1964) e Francisco de Oliveira (1990), socilogos comoFlorestn Fernandes (1978) e Otvio Ianni (1987), antroplogos comoRoberto DaMatta (1980; 1982; 1991) e Lvia Barbosa (1992),administradores como Guerreiro Ramos (1996). Mais recentemente,Prestes Motta (1997), entre outros, todos coincidem em afirmar que abase da cultura brasileira o engenho, reconhecendo a relevncia dasrelaes sociais estabelecidas na Casa Grande e a Senzala como foramrelatadas por Gilberto Freyre (1973) e indo mais alm: a ambigidadedas relaes propiciou o "jeitinho brasileiro", que faz com que o conflitoseja omitido e a situao dos privilegiados perpetuada.A convivncia no rmal com as relaes hierrquicas caracterizadas poruma grande concentrao de poder faz com que seu abuso sejasocialmente aceito. Desta forma, a elite representante da "casa grande"
continua a controlar e dominar a populao (FAORO, 1979), perpetuandonas organizaes locais relaes paternalistas com envolvimentosambiguamente cordiais-afetivos e autoritrios-violentos (PRESTESMOTTA, 1997) que poderamos equiparar com as fases da seduoperversa e manifestao da violncia, respectivamente, do assdio moralsegundo Hirigoyen (200l).
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Os cento e dezesseis anos que nos separam da abolio da
escravatura no Brasil no foram suficientes para enfraquecer os elos que nos
prendem filosofia escravocrata. O espao-tempo apenas transfigurou os algozes
de ontem nos tecnocratas, expertse estrategistas de hoje, que a servio do deus
produtividade rompem cada vez mais os limites do possvel, do sensato e do
moralmente aceito.
4 - Os tipos de assdio moral verificados no ambiente de trabalho
A perseguio moral pode ser vertical e horizontal.
A primeira mais comum de se encontrar num fluxo descendente, em
que a pessoa se serve da autoridade formal e por vezes do aval da instituio para
perpetuar e manter o assdio. A forma ascendente, raramente presente, mas
passvel de ocorrer, verificada quando o grupo no aceita um superior que vem de
fora ou que pertencia ao prprio grupo e foi promovido.
A forma horizontal, de colega para colega, observada quando no se
consegue conviver com as diferenas, especialmente quando essas diferenas so
destaques na profisso ou cargo ocupado (HIRIGOYEN, 2002, p.112, 113 e 114).
Pesquisa de Hirigoyen efetuada atravs de um questionrio-
levantamento, onde participaram 186 pessoas, apurou as origens do assdio e o
percentual respectivo que cada origem tem de participao:
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ORIGEM DO ASSDIO %
Hierarquia 58
Diversas pessoas (incluindo colegas) 29
Colegas 12
Subordinado 1
TOTAL 100
Fonte: HIRIGOYEN, Marie-France. Mal estar no trabalhoredefinindo o assdio mo ral. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, p. 111.
5 Quem so os que assediam
O assediador pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas.
O referencial bibliogrfico unnime em apontar o perfil do assediador
moral como o de uma pessoa perversa, que se utiliza dos mecanismos perversos
para se defender. um indivduo com uma personalidade narcisista que ataca a
auto-estima do outro, transferindo-lhe a dor e as contradies que no admite em si
mesmo: o seu ego to grandioso quanto a sua necessidade de ser admirado e a
sua falta de empatia. Como no est apto a superar a solido que o separa do
mundo, dirigindo o amor para fora de si, insacivel em sua busca de gratificao,
sentindo intensa inveja das pessoas que so felizes e tm prazer com a prpria vida.
A crise existencial cerca o destino do narcisista, impulsionando-o a procurar uma
vtima da qual possa absorver a vida. Incapaz de reconhecer sua culpa e
responsabilidade pelo mal que causa a si mesmo, o narcisista transfere esse
sentimento para a vtima que passa a destruir moralmente: primeiro a contamina
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com sua viso pessimista do mundo, at induzi-la depresso, depois passa a
critic-la pelas suas fraquezas. O perverso s consegue existir e ter uma boa auto-
estima humilhando os outros.
Na personalidade do narcisista, Ket de Vries e Miller (1990 apud
PAULA, 2004) encontraram como desordens o sentimento de suficincia e
singularidade; o exagero na avaliao de suas prprias realizaes e talentos; a
fixao em fantasias de sucesso, poder, inteligncia superior e beleza; a tendncia
ao exibicionismo; e a suscetibilidade ou intolerncia crtica.
Muitas vezes o objetivo do assediador massacrar algum mais fraco,
cujo medo gera conduta de obedincia, no s da vtima, mas de outros
empregados, que se encontram ao seu lado. Ele temido e, por isso, a possibilidade
de a vtima receber ajuda dos que a cercam remota. A meta do perverso, em geral,
chegar ao poder ou nele manter-se por qualquer meio, ou ento mascarar a
prpria incompetncia. O importante para o assediador o domnio na organizao;
controlar os outros.xvi
Ausfelder (apud BARROS, 2004) afirma em sua obra Mobbing, el
Acoso Moral em el Trabajo que h diferenas entre o assediador e a assediadora. O
homem assediador adota comportamentos mais passivos, isolando a vtima. J a
assediadora utiliza-se de murmrios e insinuaes, embora esses comportamentos
sejam tambm utilizados pelos homens.xvii
O site da internet http://www.assediomoral.org enumera,personificados, alguns perfis de assediador:
1 Profeta Considera que sua misso demitir indiscriminadamente
os trabalhadores para tornar a mquina a mais enxuta possvel. Para ele demitir
uma grande realizao. Gosta de humilhar com cautela, reserva e elegncia.
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2 Pit-bull Humilha os subordinados por prazer, agressivo, violento
e at perverso no que fala e em suas aes.
3 Troglodita aquele que sempre tem razo. As normas so
implantadas sem que ningum seja consultado, pois acha que os subordinados
devem obedecer sem reclamar. uma pessoa brusca.
4 Tigro Quer ser temido para esconder sua incapacidade. Tem
atitudes grosseiras e necessita de pblico para receb-las, sentindo-se assim
respeitado (atravs do temor que tenta incutir nos outros).
5 Mala babo um capataz moderno. Bajula o patro e controla
cada um dos subordinados com mo de ferro. Tambm gosta de perseguir os que
comanda.
6 Grande Irmo Finge que sensvel e amigo dos trabalhadores
no s no trabalho, mas fora dele. Quer saber dos problemas particulares de cada
um para depois manipular o trabalhador na primeira oportunidade que surgir,
usando o que sabe para receb-lo.
7 Garganta Vive contando vantagens (apesar de no conhecer bem
o seu trabalho) e no admite que seus subordinados saibam mais que ele.
8 Tasea (t se achando) aquele que no sabe como agir em
relao s demandas de seus superiores; confuso e inseguro. No tem clareza de
seus objetivos, d ordens contraditrias. Se algum projeto ganha os elogios dos
superiores ele apresenta-se para receb-los, mas em situao inversaresponsabiliza os subordinados pela incompetncia.
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6 Quem so os assediados
O assediado uma vtima e, por tal foi designado pelo agressor,
tornando-se o bode expiatrio responsvel por todo o mal.
O perfil psicolgico do assediado de uma pessoa plena em vitalidade,
mas que teme a desaprovao e tem uma tendncia a se culpar. Em geral, busca
conseguir o amor e admirao dos outros oferecendo ajuda e proporcionando
prazer: enreda-se num jogo perverso, porque, inconscientemente, acha que pode
doar vida e ajudar o agressor a superar a infelicidade.xviii
Para Guedes (2003, p.63 apudOLIVEIRA, 2004):
A vtima do terror psicolgico no trabalho no o empregado desidioso,negligente. Ao contrrio, os pesquisadores encontraram como vtimasjustamente os empregados com um senso de responsabilidade quasepatolgico, so ingnuas no sentido de que acreditam nos outros enaquilo que fazem, so geralmente pessoas bem -educadas epossuidoras de valiosas qualidades profissionais e morais. De um modogeral, a vtima escolhida justamente por ter algo mais. E esse algomais que o perverso busca roubar. As manobras perversas reduzem aauto-estima, confundem e levam a vtima a desacreditar de si mesma e ase culpar. Fragilizada emocionalmente, acaba por adotar
comportamentos induzidos pelo agressor. Seduzido e fascinado peloperverso o grupo no cr na inocncia da vtima e acredita que ela hajaconsentido e, consciente ou inconscientemente, se ja cmplice da prpriaagresso.
Portanto, a vtima do assdio moral no uma pessoa pacata, sem
opinio prpria, que fica em seu canto somente esperando o salrio no final do ms
ou simplesmente um executor de tarefas pr-determinadas. O agressor no se
preocupa com este tipo de pessoa, pois esta no lhe ameaa o cargo, no transmite
perigo. A vtima em potencial aquela que leva o agressor a sentir-se ameaado,
seja no cargo ou na posio perante o grupo. A vtima , normalmente, dotada de
responsabilidade acima da mdia, com um nvel de conhecimento superior aos
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demais, com uma auto-estima grande e, mais importante, acredita piamente nas
pessoas que a cercam.
A reviso bibliogrfica apontou como principais perfis para as vtimas
de assdio moral:
- Trabalhadores com mais de 35 anos;
- Os que atingem salrios muito altos;
- Saudveis, escrupulosos, honestos;
- As pessoas que tm senso de culpa muito desenvolvido;
- Dedicados, excessivamente at, ao trabalho, perfeccionistas,
impecveis, no hesitam em trabalhar nos fins de semana, ficam
at mais tarde e no faltam ao trabalho mesmo quando doentes;
- No se curvam ao autoritarismo, nem se deixam subjugar;
- So mais competentes que o agressor;
- Pessoas que esto perdendo a cada dia a resistncia fsica e
psicolgica para suportar humilhaes;
- Portadores de algum tipo de deficincia;
- Mulher em um grupo de homens;
- Homem em um grupo de mulheres;
- Os que tm crena religiosa ou orientao sexual diferente daquele
que assedia;
- Quem tem limitao de oportunidades por ser especialista;- Aqueles que vivem ss;
- Mulheres casadas e/ou grvidas e/ou que tm filhos pequenos.
Hirigoyen (HIRIGOYEN, 2002, p.95, 99, 123 e 124) aponta em seus
estudos uma clara diferena entre os assediados com relao ao sexo: 70% de
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mulheres contra 30% de homens, bem como extratifica as reas em que mais se
verificou a presena de assediados e a faixas etrias, com seus respectivos
percentuais, a saber:
0
5
10
15
20
25
30Gesto
Sade
Ensino
Secretariado
Pesquisa
Comrcio
Direo Geral
ProduoManuteno
Limpeza
Assediados por rea de atuao
Fonte: HIRIGOYEN, Marie-France. Mal estar no trabalhoredefinindo o assdio moral. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, p. 123, 124.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
antes de 2526 a 35
36 a 4546 a 55
mais de 56
Assediados por faixa etria
Fonte: HIRIGOYEN, Marie-France. Mal estar no trabalhoredefinindo o assdio moral. Rio de Jan eiro: Bertrand Brasil, 2002, p. 95 .
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7 - O processo psicolgico do assdio moral no trabalho
A primeira fase do processo a da seduo perversa. Com seu poder
segregante o assediador, atravs de constantes humilhaes, envolve a vtima num
processo de desestabilizao que visa priv-la de sua prpria personalidade, ao
mesmo tempo em que procura isol-la de qualquer outra pessoa que possa lhe
ajudar a pensar autonomamente. Progressivamente a vtima vai perdendo seu senso
crtico individual. Sua autoconfiana dizimada, minimizando suas defesas,
liberando para o assediador a posse de sua personalidade.
No assdio moral, segundo Hirigoyen (2002, p.27), "se observa uma
relao dominante/dominado, na qual aquele que comanda o jogo procura submeter
o outro at faz-lo perder a identidade" atravs de "uma fria racionalidade,
combinada a uma incapacidade de considerar os outros como seres humanos".
Viram-se instrumentos, meros objetos, e assim consumado o ato de "coisificar".
A segunda etapa, da violncia manifesta, com a vtima j envolvida,
um verdadeiro ritual pontuado de estratgias de violncias e de agresses
aplicados em doses impactantes. O enredamento comporta um inegvel
componente destrutivo porque a vtima no tem mais resistncia para reagir e o
agressor usa e abusa dos seus poderes para manipular o indivduo "coisificado". A
constante desqualificao a que submetida a conduz a pensar que ela merece o
que lhe aconteceu. Assim que acontece o deslocamento da culpa: o trabalhador
moralmente assediado internaliza sua culpa e acredita que tem uma efetiva
participao na sua doena. Essa etapa, difcil de ser rompida, coincide com as
radicais tentativas de solucionar o problema.
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Citando Barreto (2000, p.148): "a vida perde o sentido transformando a
vivncia em sofrimento, num contexto de doenas, desemprego, procuras,
desamparo, medo, desespero, tristeza, depresso e tentativas de suicdio".
Quando a vtima, de fato, comea a sentir os sinais da doena,
aparece outro sintoma: a ocultao do problema. A atitude est diretamente
relacionada ao medo de perder o emprego e por isso, como ttica, o trabalhador no
declara abertamente a sua doena e prefere sofrer sozinho. Uma vez adoecido, sem
nenhuma outra alternativa, o caminho para o trabalhador o afastamento do
trabalho que, a princpio, por licena para tratamento da doena apresentada; em
seguida, a demisso propriamente dita, como conseqncia da inadequao do
trabalhador adoecido aos padres de produo da organizao.
8 - As conseqncias do assdio moral no trabalho
8.1 - Para a organizao
Um ambiente laboral sadio fruto das pessoas que nele esto
inseridas, do relacionamento pessoal, do entrosamento, da motivao e da unio de
foras em prol de um objetivo comum: a realizao do trabalho. Com isso, podemos
afirmar que a qualidade do ambiente de trabalho, sob o aspecto pessoal, muito mais
do que relacionamentos meramente produtivos, exige integrao entre todos os
envolvidos.
Esta integrao, todavia, est irremediavelmente comprometida
quando os empregados se sentem coisificados, despersonificados, perseguidos,
desmotivados, assediados moralmente.
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O assdio moral inevitavelmente instala um clima desfavorvel na
empresa, de tenso, de apreenso, de competio.
Segundo Slvia Maria Zimmermann et alxix, as estatsticas feitas pelos
estudiosos no assunto apontam que a primeira conseqncia a ser sentida a
queda da produtividade, seguida pela reduo da qualidade do servio, ambas
geradas pela instabilidade que o empregado sente no posto de trabalho.
Dependendo do perfil do empregado assediado este pode se tornar
absentesta (tanto fsica como psicologicamente), improdutivo, doente, acomodado
numa situao constrangedora, suportada pela necessidade de se manter no
emprego; ou, ento, no se sujeita a tal situao, preferindo retirar-se da empresa e
postular a reparao do dano na via judicial.
De toda sorte, as duas hipteses desaguam na mesma conseqncia:
prejuzos econmicos para o empregador. Isto sem mencionar o comprometimento
da imagem externa da empresa, a sua reputao junto ao pblico consumidor e ao
prprio mercado de trabalho.
O mdico Dr. Mauro Azevedo de Mouraxx e Slvia Maria Zimmermann
et al(op. cit.) resumem as perdas para o empregador nos seguintes custos:
- Custos tangveis:
- Queda da produtividade;
- Alterao na qualidade do servio/produto;
- Menor eficincia;- Absentesmo fsico aumenta;
- Doenas profissionais;
- Acidentes de trabalho;
- Danos aos equipamentos;
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- Alta rotatividade da mo-de-obra, gerando aumento de
despesa com rescises contratuais, seleo e treinamento
de pessoal;
- Aumento de demandas trabalhistas com pedidos de
reparao por danos morais;
- Mais retrabalho;
- Menor produtividade das testemunhas.
- Custos intangveis:
- Abalo na reputao da empresa perante o pblico
consumidor e o prprio mercado de trabalho;
- Deficientes relaes com o pblico;
- Sabotagem por parte do psicoterrorista;
- Resistncia entre trabalhadores;
- Menor criatividade;
- Perda da motivao;
- Menos iniciativa;
- Clima de tenso;
- Surgimento do absentesmo psicolgico (estar, mas no
estar).
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8.2 - Para o assediado
Como j destacado anteriormente, as conseqncias que ir sofrer o
assediado dependem muito de seu perfil psicolgico. Encontrando terreno frtil, o
terror psicolgico provoca na vtima danos fsicos, mentais e psicossomticos.
O mdico Mauro Azevedo de Moura afirma que:
todos os quadros apresentados como efeitos sade fsica e mentalpodem surgir nos trabalhadores vtimas de assdio moral, devendo, ser,
evidentemente, consideradas como doenas d o trabalho.xxi
Os primeirossintomas so problemas clnicos devido ao estresse [...]. Depois, comea
a ser afetada a parte psicolgica [...]. A auto -estima da pessoa comea aentrar em declnio [...].
xxii
Corroborando, Hirigoyen registra que quando o assdio moral
recente e existe ainda uma possibilidade de reao, os sintomas so, no inicio,
parecidos com os do estresse, o que os mdicos classificam de perturbaes
funcionais: cansao, nervosismo, distrbios do sono, enxaquecas, distrbios
digestivos, dores na coluna... a autodefesa do organismo a uma hiperestimulao
e a tentativa de a pessoa adaptar-se para enfrentar a situao. Mas, se o assdio
moral se prolonga por mais tempo ou recrudesce, um estado depressivo mais forte
pode se solidificar. A pessoa assediada apresenta ento apatia, tristeza, complexo
de culpa, obsesso e at desinteresse por seus prprios valores (HIRIGOYEN,
2002, p.159 e 160). Aps um certo tempo de evoluo dos procedimentos de
assdio, os distrbios psicossomticos ganham a cena.
Os registros da pesquisa bibliogrfica enumeram como principais
danos e agravos causados sade do assediado a irritao constante; falta de
confiana em si; cansao exagerado; diminuio da capacidade para enfrentar o
estresse; pensamentos repetitivos; dificuldades para dormir; pesadelos; interrupes
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freqentes do sono; insnia; amnsia psicgena; diminuio da capacidade de
recordar os acontecimentos; anulao dos pensamentos ou sentimentos que
relembrem a tortura psicolgica, como forma de se proteger e resistir; anulao de
atividades ou situaes que possam recordar a tortura psicolgica; tristeza profunda;
interesse claramente diminudo em manter atividades consideradas importantes
anteriormente; sensao negativa do futuro; vivncia depressiva; mudana de
personalidade, passando a praticar a violncia moral; sentimento de culpa;
pensamentos suicidas; tentativas de suicdio; aumento do peso ou emagrecimento
exagerado, distrbios digestivos; hipertenso arterial; tremores; palpitaes;
aumento do consumo de bebidas alcolicas e outras drogas; diminuio da libido;
agravamento de doenas pr-existentes, como dores de cabea; e, notadamente,
estresse.
Barreto registrou em um de seus trabalhos xxiii que mulheres e homens
reagem diferentemente violncia moral:
- Nas mulheres predominam as emoes tristes: mgoas,
ressentimentos, vontade de chorar, isolamento, angstia, ansiedade, alteraes do
sono e insnia, sonhos freqentes com o agressor, alteraes da memria,
distrbios digestivos e nuseas, diminuio da libido, cefalia, dores generalizadas,
palpitaes, hipertenso arterial, tremores e medo ao avistar o agressor, ingesto de
bebida alcolica para esquecer a agresso, pensamentos repetitivos.
- J os homens assediados tm dificuldades em verbalizar a agressosofrida e ficam em silncio com sua dor, pois predomina o sentimento de fracasso.
Sentem-se confusos, sobressaindo os pensamentos repetitivos, espelho das
agresses vividas. Envergonhados, se isolam evitando comentar o acontecido com a
famlia ou amigos mais prximos. Sentem-se trados e tm desejos de vingana.
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Aumenta o uso das drogas, principalmente o lcool. Sobressai o sentimento de
culpa, ele se imagina um intil, um ningum, um lixo, um zero, um fracassado
(muito embora sejam tambm expresses fortemente verbalizadas por todos os
assediados, reveladoras da infelicidade interna). Sentem-se tristes, depressivos;
passam a conviver com precordialgia, hipertenso arterial, dores generalizadas,
dispnia, vontade de ficar sozinho; aborrecimento com tudo e todos. A dor masculina
desesperadora e devastadora, na medida que os homens no expem suas
emoes, no choram em pblico e se isolam perdendo a interao com o outro.
So danos sade que acarretam desequilbrio interno e sofrimento profundo,
exigindo, muitas vezes, um longo perodo de tratamento mdico ou psicolgico. A
esses danos, somam-se as conseqncias do desemprego em massa, que aumenta
o medo e submisso dos empregados.xxiv
Os malefcios causados pelo assdio moral podem se enveredar pela
sade social das vtimas fazendo, por exemplo, com que colegas de trabalho se
afastem dela; amigos se retraiam; casamentos se abalem; perda de renda ocorra;
despesas com medicamentos se tornem uma constante, psiclogos e exames se
tornem uma rotina; bens patrimoniais se percam para custear o tratamento.
H que se observar que, como conseqncia de toda a sintomatologia
psico-fsico-emocional acima citada, causada pelo assdio moral, o assediado possa
ter pouca concentrao, ansiedade, dificuldade no sono, dificuldade no aprendizado,
esquecimento, irritabilidade, indeciso e fatiga, vertendo, esses fatores, em maiorespossibilidades na ocorrncia de acidentes de trabalho.
Hirigoyen enfatiza que as conseqncias, o impacto dos
procedimentos, sero mais fortes se partirem de um grupo aliado contra uma s
pessoa do que se vier de um nico indivduo, bem como que o assdio de um
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superior hierrquico mais grave do que o de um colega, pois a vtima tem o
sentimento, na maioria justificado, de que existem menos recursos possveis dos
casos e que existe muitas vezes uma chantagem implcita na ao (HIRIGOYEN
2002, p.118).
Em todas as outras formas de sofrimento no trabalho e, em particular,
no caso de uma presso profissional excessivamente forte, quando cessa o
estmulo, cessa tambm o sofrimento, e a pessoa consegue recuperar o estado
normal. O assdio moral, ao contrrio, deixa seqelas marcantes que podem evoluir
do estresse ps-traumtico at uma sensao de vergonha recorrente ou mesmo
modificaes duradouras de personalidade. A desvalorizao persiste mesmo que a
pessoa esteja afastada de seu agressor (HIRIGOYEN, 2002, p.164). Logo, so
fundamentais a terapia de apoio ou outras prticas alternativas que potencializem a
auto-estima, resgatando vtima a autoconfiana. Entretanto, a recuperao
depende tambm do coletivo, dos laos de afeto, do reconhecimento e solidariedade
do outro, que a possibilitaro resistir, dar-lhe visibilidade social e resgatar sua
dignidade.
9 - O assdio moral no trabalho na legislao e na doutrinaestrangeiras
A legislao pioneira sobre o assdio ou coao moral da Noruega
que, em sua regulamentao trabalhista, de 1977, probe o assdio em geral.
A Frana, embora j tivesse preceitos legais capazes de enquadrar o
assdio moral, adotou modelo legislativo especfico em janeiro de 2002,
acrescentando em seu Cdigo do Trabalho (art. 122-49) tipos de artimanhas
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reiteradas de assdio moral, cujo objeto ou efeito a degradao das condies de
trabalho suscetvel de atentar contra os direitos e dignidade do trabalhador, alterar
sua sade psquica, mental ou comprometer seu futuro profissional.
Assinala a legislao francesa que nenhum assalariado poder ser
punido, despedido ou discriminado, de forma direta ou indireta, especialmente em
matria de salrio, formao profissional, reclassificao, transferncia ou remoo,
qualificao, promoo profissional, alterao de contrato, pelo fato de ter sofrido ou
se insurgido contra o assdio moral, testemunhado ou relatado estas situaes.
Foram estabelecidas tambm sanes para todo trabalhador que praticar assdio
moral contra outro.
A nova legislao trabalhista francesa disciplinadora do assdio moral
concede vtima a possibilidade de valer-se da mediao, antes da via judicial.
Esse comportamento levou a Frana a alterar tambm o artigo 222-33-
2 do seu Cdigo Penal castigando o assediador com um ano de priso e multa de
quinze mil euros.
A legislao francesa de inegvel utilidade ao tratar do encargo
probatrio. Considera suficiente que o empregado apresente os elementos de fato,
deixando supor a existncia do assdio e, ao empregador compete provar que as
decises incriminadas so justificadas por elementos objetivos estranhos ao
assdio.
Os doutrinadores franceses tm considerado louvveis essasdisposies, principalmente em face das conseqncias irreversveis que o assdio
moral poder acarretar, entre as quais o suicdio.xxv
J a Sucia, pas pioneiro na edio de normas sobre a temtica,
publicou em 1993 uma Ordenao definindo o assdio moral como repetidas aes
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reprovveis ou negativas de vrias maneiras, dirigidas contra determinado
empregado ou empregados, de forma ofensiva, capazes de provocar sua excluso
da comunidade laboral.
A Ordenao Sueca focaliza o assdio como risco laboral e apresenta
um carter essencialmente tcnico preventivo.
A Blgica tambm possui legislao sobre o assunto. A referida
legislao de 11 de junho de 2000 e visa a combater a violncia no trabalho,
incluindo nesse contexto o assdio moral e o sexual no local de trabalho. O assdio
moral ali definido como todo tipo de condutas abusivas e repetidas, de qualquer
origem, que se manifestam mediante palavras, comportamentos, atos, escritos ou
gestos que visem atentar contra a personalidade, a dignidade, a integridade fsica ou
psquica do trabalhador ou pr em perigo seu emprego ou ainda criar um ambiente
degradante, humilhante e ofensivo.
A mencionada lei estabelece a exigncia de medidas preventivas,
formativas e informativas a serem tomadas pelo empregador, assim como
procedimentos para atuar diligentemente, quando evidenciado o assdio moral.
Exige-se que as empresas tenham um conselheiro destinado a solucionar problemas
advindos dos riscos sociais no seu conjunto, entre os quais podero ser includos o
assdio moral e o assdio sexual. O trabalhador tem direito a recorrer aos
procedimentos internos ou judiciais, sendo-lhe facultado ajuizar a ao
pessoalmente ou por meio do sindicato de sua categoria profissional.No Reino Unido tramita projeto de lei sobre a dignidade no trabalho.
Segundo pesquisa feita pelo Instituto de Cincia e Tecnologia de Manchester de 1/3
metade das doenas provocadas por estresse so geradas por assdio no
emprego (Workplace Bullying, Andy Ellis), sendo que 1 entre 8 empregados no
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Reino Unido j sofreu esse terror psicolgico, o que equivale a 3 milhes de
empregados assediados, num total de 12 milhes de trabalhadores europeus vtimas
do assdio moral.
J a doutrina espanholaxxvi alerta para o assdio moral no servio
pblico, onde as despedidas so mais difceis e as chefias so cargos polticos,
ocupados por pessoas de baixo nvel de formao, que se negam a trabalhar com
funcionrios independentes que no se prestam subservincia.
10 - Aspectos jurdicos e previdencirios no Brasil
A pesquisa bibliogrfica mostrou que a legislao especfica sobre o
assunto ainda est em fase de construo no Brasil. No obstante a isso, o que j
existe tem permitido ao Poder Judicirio entregar-se na prestao jurisdicional
quando provocadaxxvii. Assim que a Carta Magna de 1998 preconiza que o Estado
Brasileiro se fundamenta e se justifica pela garantia que oferece ao exerccio da
cidadania, do respeito dignidade da pessoa humana, de reconhecimento dos
meios e instrumentos de valorizao social do trabalho, assegurando a prevalncia
do interesse social em detrimento do mero interesse particular do lucro (art. 5, XXIII,
art. 170, III), reafirmando, ainda, o art. 193 que: "A ordem social tem como base o
primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justia sociais", cabendo
ressaltar que os direitos sociais previstos no art. 6 e logo a seguir discriminados no
artigo seguinte so apenas enumerativos, indicativos, comportando a existncia de
outros mais que visem melhoria de sua condio social (art. 7, Caput).
Tem-se tambm o artigo 483 da CLT, conforme observa o advogado
trabalhista Luiz Salvador:
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O art. 483 da CLT autoriza o trabalhador a postular em ju zo asindenizaes correspondentes s violaes do contrato, porincumprimento, por parte de seu empregador, podendo, tamb m,acumular outros pedidos indenitrios resultantes da relao de trabalho,tais quais, por exemplo, a indeniza o a que est obrigado, querresultante de dano moral (ass dio sexual, assdio moral, dano pessoal) e
ou em caso de infortnio ao trabalhador, como expressamente previstopelo art. 7, inciso XXVIII (seguro contra acidentes de trabalho, a cargodo empregador, sem excluir a indeniza o a que este est obrigado,quando incorrer em dolo ou culpa). No h que se falar sequer que oscrditos trabalhistas resultantes da resilio contratual autorizada pelodispositivo celetrio indicado j cubra tambm a indenizao decorrentedo assdio moral. Este entendimento encontra -se j superado pelosreiterados pronunciamentos do C. STF, no sentido de que acumulvel aindenizao por dano material, com a de dano moral.
xxviii
Aqui h que se registrar, conforme afirmam Spacil et alxxix, que a indenizao por
danos materiais depende da comprovao do fato (assdio), do prejuzo e darelao de causalidade entre eles. No caso dos danos morais, a prova do fato
(assdio) apenas, isso porque no h como se produzir prova da dor, do sofrimento,
da humilhao.
H tambm a Portaria n. 604 do Ministrio do Trabalho e Emprego, de
1 de junho de 2000, que instituiu os Ncleos de Promoo de Igualdade de
Oportunidades e de Combate Discriminao em Matria de Emprego e Profisso.
O art. 2, II, da referida Portaria atribui competncia ao referido ncleo para propor
estratgias e aes que visem a eliminar a discriminao e o tratamento degradante
e que protejam a dignidade da pessoa humana, em matria de trabalho. Seu inciso
IV do art. 2, por sua vez, dispe que compete aos Ncleos celebrar parcerias com
organizaes empresariais, sindicais e no governamentais, objetivando a
sistematizao do fluxo de informaes relativas a vagas disponibilizadas e
preenchidas por segmentos da populao mais vulnerveis discriminao.xxx
Conforme consta no site da internet http://www.assediomoral.org, a
especificidade para o tema sob o prisma legal vem se dando por projetos de lei:
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- No mbito federal cumpre mencionar o Projeto de Lei n 5970/2001,
de iniciativa do deputado Incio Arruda (PC do B CE); o Projeto de Lei n
4591/2001, de iniciativa da deputada Rita Camata (PSDB-ES) e o Projeto de Lei n
4.742/2001, apresentado pelo deputado Marcos de Jesus (PL-PE).
O primeiro altera o art. 483, da CLT, inserindo a prtica de coao
moral como motivo para que o empregado, a seu cargo, sendo vtima, possa
rescindir ou no o contrato de trabalho, bem como trata de particulares
indenizatrias a favor do empregado por fora do ato de coao moral contra sua
pessoa.
O segundo modifica a Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990,
proibindo a prtica do assdio moral no mbito do servio pblico federal e
cominando com pena que vai da singela advertncia at a demisso, esta em caso
de reincidncia.
O terceiro introduz o artigo 136-A no Cdigo Penal, tipificando o
assdio moral com a seguinte redao:
"Art. 136-A. Depreciar, de qualquer forma e reiteradamente a imagem ouo desempenho de servidor pblico ou empregado, em razo desubordinao hierrquica funcional ou laboral, sem justa causa, ou trat -lo com rigor excessivo, colocando em risco ou afetando sua sade fsicaou psquica.Pena - deteno de um a dois anos.
- Nos mbitos estadual e municipal temos leis e projetos de lei, que, na
verdade, conforme preconiza Nascimentoxxxi, so normas administrativas que visam
a regulamentao de condutas havidas entre a Administrao Pblica e seus
contratos meramente, eis que compete unicamente Unio legislar sobre o Direito
do Trabalho, conforme dico do art. 22, I da Constituio Federal.
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Na legislao previdenciria h o reconhecimento como doena
profissional ou do trabalho quelas relacionadas aos transtornos mentais e com o
trabalho. Assim, a lei 8.213/91 dispe que so beneficirios do regime de
previdncia social os portadores dos seguintes transtornos: a) Transtornos mentais e
comportamentais devidos ao uso do lcool, Alcoolismo Crnico (relacionado com o
Trabalho; b) Reaes ao "Stress" Grave e Transtornos de Adaptao, Estado de
"Stress" Ps-Traumtico; c) Outros transtornos neurticos especificados "Neurose
Profissional"; d) Transtorno do Ciclo Viglia-Sono Devido a Fatores No-Orgnicos; f)
Sensao de Estar Acabado "Sndrome de Burn-Out", "Sndrome do Esgotamento
Profissional".xxxii
Entendemos que, enquanto ausente a legislao especfica, as
Convenes Coletivas podero ser um instrumento eficaz para estabelecer o
conceito de assdio moral, com as infraes e sanes nesse terreno, alm das
medidas destinadas a evitar essa prtica. No Brasil o SEMAPI Sindicato dos
Empregados em Empresas de Assessoramento, Percias, Informaes e Pesquisas
e Fundaes Estaduais do Rio Grande do Sul, em sua conveno coletiva, na
clusula 81, trata do assunto. Textualmente, a clusula em questo diz:
Constrangimento moral: As empresas envidaro esforos para quesejam implementadas orientaes de conduta comportamental aos seusrespectivos supervisores, gerentes e dirigentes para que, no exerccio desuas funes, visem evitar ou coibir prticas que possam caracterizaragresso e constrangimento moral ou antitico a seus subordinados .Pargrafo nico: Nos casos de denncia por parte do trabalhador, serformada uma comisso paritria de 6 (seis) membros, SEMAPI/Entidadesabrangidas, excluda a empregadora denunciada, para avaliao eacompanhamento da referida denncia.
O contrato do trabalho isto muitas vezes esquecido comporta, com
absoluta primazia, a obrigao de respeito dignidade da pessoa humana, uma vez
que o trabalhador antes humano e cidado. Acima de tudo, tem o empregador a
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obrigao de respeitar a personalidade moral do empregado na sua dignidade
absoluta de pessoa humana. Por mais que o mercado queira inverter esta lgica, a
conscincia humanstica no o permite.
11 Aes preventivas no ambiente organizacional
O assdio moral dissemina-se tanto mais quanto mais desorganizada e
desestruturada for a empresa, ou ainda, quando o empregador finge no v-lo,
tolera-o ou mesmo o encoraja.
Outrossim, instala-se, especialmente, como afirma Hirigoyen , quando
o dilogo impossvel e a palavra daquele que agredido no consegue fazer-se
ouvir (in Assdio moral : a violncia perversa no cotidiano. 3. ed. So Paulo:
Bertrand Brasil, 2000, p. 200).
Da a importncia da instituio de um programa de preveno por
parte da empresa, com a primazia do dilogo e da instalao de canais de
comunicao.
Para tanto, indispensvel , em primeiro lugar, uma reflexo da
empresa, sobre a forma de organizao de trabalho e seus mtodos de gesto de
pessoal.
Investir em uma cultura estratgica de desenvolvimento humano como
forma de substituir a competitividade de negcios diminui as chances de surgirem
comportamentos negativos isolados, que tanto propiciam o assdio moral.
A implantao da cultura de aprendizado, no lugar da punio; permitir
a cada trabalhador a possibilidade de escolher a forma de realizar o seu trabalho;
reduzir a quantidade de trabalho montono e repetitivo; aumentar a informao
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sobre os objetivos organizacionais; desenvolver polticas de qualidade de vida para
dentro e fora do ambiente organizacional so atitudes sensatas a serem adotadas.
A vinculao norma internacional SA 8000 (cuja essncia sintetiza
que todos os lugares de trabalho devem ser geridos de forma que os direitos
humanos bsicos sejam assegurados, e que a gerncia esteja preparada a assumir
esta responsabilidade) uma postura por demais sensata a ser considerada.
Outrossim, a adoo de um cdigo de tica, que vise ao combate de
todas as formas de discriminao e de assdio moral e, mais, difuso do respeito
dignidade e cidadania, outra medida, inserida na poltica de recursos humanos,
que se exige do empregador.
Ressalte-se, entretanto, que de nada adiantam a conscientizao dos
trabalhadores ou o estabelecimento de regras ticas ou disciplinares se no se
criarem, na empresa, espaos de confiana, para que possam as vtimas dar vazo
s suas queixas.
Tais espaos podem ser representados por esquemas de ouvidoria ou
comits formados nas empresas, especialmente indicados para receberem
denncias sobre intimidaes e constrangimentos, garantindo-se sempre o sigilo das
informaes, ou, ainda, por caixas postais para as vtimas depositarem denncias,
de forma annima.
Conforme j enfocado anteriormente, enquanto no existir a gesto
participativa, o cenrio estar mais favorvel gesto pelo medo, propiciandoatitudes tpicas do assdio moral.
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CONCLUSO
Tema multidisciplinar a envolver sociologia, direito, psicologia,
psiquiatria e medicina do trabalho, o assdio moral to antigo quanto o prprio
trabalho. De execuo geralmente disfarada e sutil, o procedimento danoso.
Os agressores, em sua maioria detentores de posio de mando (e
no de lderes, palavra cuja essncia alm da letra morta desconhecem por
completo), despreparados para o exerccio de chefia, produzem notveis prejuzos
sade fsica e mental do trabalhador, seja ele urbano ou rural, pblico ou privado.
Vale ressaltar que o assunto, visto pelo ngulo das organizaes, ainda uma
questo inerte, ao ponto de no ter sido encontrado no material bibliogrfico
pesquisado qualquer elemento que denotasse um tom de preocupao,
envolvimento e investigao por parte das mesmas.
Instalado o psicoterrorismo, no ambiente de trabalho, a produtividadedecresce, o absentesmo nota efetiva e o acidente, dentro ou fora do trabalho, uma
realidade.
A repercusso do assdio moral na sociedade atinge a questo
familiar, com separaes conjugais, viuvez precoce, abuso de drogas, lcitas ou
ilcitas e, por conseqncia, filhos e dependentes desamparados.
A queda na produtividade do estabelecimento empregador reflete-se
na economia, com eventuais quebras, conferida pela debandada de trabalhadores,
atemorizados, que se previnem.
Como realidade das mais nefastas, enfermos, fsicos e mentais,
sobrecarregando o sistema previdencirio e de sade.
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Do exposto, seno para a extino do problema, mas para a preveno
do fenmeno, cabe aos poderes legisladores municipais, estaduais e federal um
melhor entendimento e maior preocupao com a matria, promovendo legislao
adequada. Ao Ministrio Pblico a fiscalizao e a denncia impiedosa. Ao Poder
Judicirio a aplicao da exgua lei vigente, melhorada com o respaldo oferecido
pela Constituio Federal, pois a condenao indenizao por dano moral ter
efeito de carter preventivo. Aos que comandam, gerem e administram,
principalmente, que persigam uma administrao inteligente e equilibrada, descrita
com simplicidade, porm com profundidade e objetivo, nas palavras de Aktouf (1996,
p.246, apudPAULA, 2004):
uma administrao que respeita a natureza das coisas, que evita asviolncias e os sofrimentos, da pessoa humana e mesmo da natureza,que conhece e assume os dados da histria e das cincias. E tambmuma administrao que se conforme, com pleno conhecimento de causa,ao veredito menos contestado a propsito dos saberes do momento,como nas contradies internas e externas. Por fim uma administraoque saber extrair lies a respeito do que fazem outros sistemas commelhor desempenho, hoje, e que v a importncia da viso a longoprazo, em vez de um maximalismo a curto prazo. Essa administrao
no deve jamais esquecer a lio dos princpios fsicos do universo quefazem com que todo ganho, inclusive os econmicos, obtido em um lugarcorresponde a uma perda equivalente em ou tro. Este raciocnio vlidotanto para as relaes entre empregado e empregador quanto paraaqueles entre naes ricas e as naes desprivilegiadas. Oenfraquecimento do outro acabar por nos atingir, cedo ou tarde, noimporta a fora que tenhamos.
Por fim, que se institua um amplo programa educacional, a partir de
escolas, empresas, servios sociais, reparties, organizaes no governamentais,
associaes e sindicatos, para que, se ensine e se aprenda sobre as normas de boa
convivncia, nas relaes de trabalho. Programa esclarecedor, para proteger o
subordinado e alertar a sociedade sobre este ilcito, to antigo e onipresente, quanto
cruel e silencioso.
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Notas
i Assdio moral: contra a humilhao no lo cal de trabalho. Disponvel em :. Acesso em 20 set. 2004.
ii CAIXETA, Sebastio Vieira. O assdio moral nas relaes de trabalho. Disponvel em:. Acesso em : 15 set. 2004.
iii BARRETO, Margarida Assdio moral: o risco invisvel no mundo do trabalho. Disponvel em:. Acesso em: 17 set. 2004.
iv A Vitimologia uma disciplina recente nos Estados Unidos, e inicialmente era apenas mais um ramo dacriminologia. Ela consiste na anlise das razes que levam um indivduo a tornar -se vtima, dos processos devitimizao, das conseqncias que isso traz para ele e dos direitos que pode reivindicar. Na Fr ana, existeformao para esta especialidade desde 1994, levando a um diploma universitrio. Esta formao destina -se aosmdicos de emergncia, aos psiquiatras e psicoterapeutas, aos juristas, bem como a toda e qualquer pessoa que
tenha como responsabilidade profissional a ajudar as vtimas. Disponvel em:. Acesso em: 29 out. 2004.
v LEYMANN, Heinz. The mobbing encyclopaedia. Disponvel em:. Acesso em: 29 out. 2004.
vi Assdio moral: o risco invisvel no mundo do trabalho, loc. cit.
vii NASCIMENTO, Snia A. C. O assdio moral no ambiente de trabalho. Disponvel em:. Acesso em: 29 out. 2004.
viii A doutrina distingue o dano psquico do dano moral. O primeiro se expressa por meio de uma alteraopsicopatolgica comprovada e o segundo lesa os direitos da personalidade e gera conseqnciasextrapatrimoniais independentemente de prova, pois se presume. Estes ltimos inde pendem do dano psquico.
(BARROS, Alice Monteiro. Assdio moral. Disponvel em:. Acesso em: 15 out. 2004.)
ix BARROS, Alice Monteiro. Assdio moral. Disponvel em< http://www.amatra6.com.br/amatra/ed20_1 .htm>. Acesso em 29 out. 2004.
x O assdio moral no ambiente de trabalho, loc. cit.
xi Assdio moral: o risco invisvel no mundo do trabalho, loc. cit.
xii MOURA, Mauro Azevedo. Assdio moral. Disponvel em: . Acesso em 29 out. 2004.
xiii SPACIL, Daiane Rodrigues; RAMBO, Luciana Ins; WAGNER, Jos Luis. Assdio moral: a microviolncia
do cotidiano. Disponvel em: . Acesso em 29 out. 2004.xiv O assdio moral no ambiente de trabalho, loc. cit.
xv Informao disponvel em: . Acesso em: 29 out. 2004.
xvi Ibid
xvii Ibid
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45
xviii PAULA, Ana Paula Paes. Eros e narcisismo nas organizaes. Disponvel em:. Acesso em: 29 out. 2004.
xix ZIMMERMANN, Silvia Maria; RODRIGUES, Teresa Cristina Dunka; LIMA, Wilma Coral Mendes de.
Assdio moral. Disponvel em: . Acesso em: 29 out.2004.
xx MOURA, Mauro Azevedo. Assdio moral. Disponvel em:. Acesso em: 29 out. 2004.
xxi Ibid
xxii MOURA, Mauro Azevedo. Chega de humilhao [entrevista em junho de 2002]. Disponvel em :. Acesso em: 29 out. 2004.
xxiii Assdio moral: o risco invisvel no mundo do trabalho, loc. cit.
xxiv Assdio moral: o risco invisvel no mundo do trabalho, loc. cit.
xxv BOUTY, Cedri. Hrcelement moral e droit commun de la responsabilit civile. Droit Social. Jui -aou 2002, p.697, apud BARROS, Alice Monteiro. Assdio moral. Disponvel em:. Acesso em: 15 out. 2004.
xxvi GARCIA CALLEJO, Jose Maria. Proteccin juridica contra el acoso moral em el trabajo o la tutela de ladignidad del trabajador . Madrid: Graficas del Diego, 2003, passim, apud BARROS, Alice Monteiro. Assdiomoral. Disponvel em: . Acesso em: 15 out. 2004.
xxvii SALVADOR, Luiz. Assdio moral. Disponvel em:. Acesso em: 29 out. 2004.
xxviii Ibid
xxix
Assdio moral: a microviolncia do cotidiano, loc. cit.xxx BARROS, Alice Monteiro. Assdio moral, loc. cit.
xxxi O assdio moral no ambiente de trabalho, loc. cit.
32 Ibid
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