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ASSEMBLEIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE · das Nações Unidas responsável por questões ambientais. ... em alguns acordos, vários países centrais simplesmente recusaram-se

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ASSEMBLEIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE

Meio Ambiente e o Lixo: Desafios no Ano de 2030

Bruna Larissa Carvalho de Sousa1

Caroline Nudelman Jardim2

Larissa Rosa Medeiros Portugal3

1. Introdução

1.1 O Comitê

A Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ANUMA) é a principal assembleia

das Nações Unidas responsável por questões ambientais. Entre seus principais objetivos estão: alertar

os povos sobre os problemas e ameaças ao meio ambiente, manter o contínuo monitoramento do meio

ambiente global e recomendar medidas que melhorem a qualidade de vida das pessoas, não

comprometendo as gerações futuras e seus recursos naturais.

Mesmo com o caráter não mandatório de suas recomendações, as resoluções da ANUMA são capazes

de exercer forte pressão moral frente a todos os países da Organização das Nações Unidas (ONU).

1.2 Meio ambiente e impactos ambientais

Desde o início da história humana em si, o homem vive em constante relação com o meio

ambiente, alterando-o e sendo alterado por ele. Por meio de exploração de recursos, agronegócio,

desenvolvimento urbano, operações industriais e conflitos, todos os processos naturais presentes no

planeta são gradativamente modificados, constituindo uma dinâmica ecológica sobre a qual, cada vez

mais, a ação humana toma parte.

A contaminação do ambiente está entre os inúmeros problemas que a humanidade criou, como

consequência de sua busca incessante de evoluir (Mendonça, 2005). Os impactos causados pelo

desenvolvimento da sociedade e pela crescente industrialização contemplam a depleção dos recursos

naturais, consumo excessivo, poluição e impacto sobre a biodiversidade e ecossistemas (Hart;

Milstein, 2003). Dessa forma, o homem não se satisfaz somente interagir com a natureza e acaba

destruindo-a a partir dessa interação. No que se refere aos impactos ambientais gerados pela crescente

industrialização e pelo consumo excessivo, destaca-se o volume de resíduos sólidos gerados

1 Graduanda do 3º semestre de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2 Graduanda do 3º semestre de Administração na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 3 Graduanda do 5º semestre de Medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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diariamente e o modo como este é gerido (Sharholy et al., 2007; Seng et al., 2010; Lehmann, 2011).

1.3 A evolução da preocupação com o meio ambiente

A relação do homem com a natureza mudou drasticamente com o tempo. Inicialmente,

verifica-se um vínculo de reverência, sacralidade e até temor. Com o passar dos milênios, a postura

é absolutamente diversa, pois, confiante no progresso tecnológico e nos avanços sobre o entendimento

de alguns mecanismos de funcionamento do mundo natural, o homem assume inequivocamente a

posição de domínio e, quase que intrinsecamente, de destruidor.

Os primeiros acordos internacionais com o objetivo de regularizar o impacto ambiental do

homem remontam somente a 1900. Entretanto, os tratados estabelecidos entre as nações não eram

suficientes para deter a ação humana, e muitos desses acordos não chegaram a bons resultados. Nesse

contexto, acordos que previam a responsabilidade de cada nação sobre o meio ambiente, em âmbito

global, estavam longe de existir. Os ineficientes tratados internacionais que teciam considerações

sobre a questão ambiental ainda eram focados, basicamente, na preservação da biodiversidade,

considerando somente os impactos visíveis — em diversas espécies de fauna e flora— e não se

preocupando com o emprego dos meios de produção e sua poluição.

Em 1945, um novo fator, o qual se tornou cada vez mais presente na discussão internacional,

surge como forma de unir os países em prol do que seria um objetivo comum, a Organização das

Nações Unidas. A Unesco (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization, em

inglês, ou Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) foi, até a década de

1970, o principal organismo da ONU a tratar das questões ambientais, sob o prisma da promoção do

intercâmbio científico e tecnológico e embasada no conservacionismo, isto é, a vertente do

ambientalismo que busca o uso racional dos recursos naturais.

A primeira ação da Unesco, nesse sentido, em 1949, a Conferência das Nações Unidas para a

Conservação e Utilização dos Recursos não tinha a pretensão de estabelecer exigências aos países-

membros da ONU, mas somente apresentar um diagnóstico da situação ambiental e promover a

discussão científica em torno dos seus resultados. Assim, evidenciou-se nas reuniões internacionais

sobre o meio ambiente o caráter metodológico científico, que procurava estabelecer um padrão para

a ação dos países.

Depois disso, outra reunião importante organizada pela Unesco sobre o meio ambiente só

ocorreu em 1968; a chamada Conferência da Biosfera discutiu os impactos ambientais humanos com

um forte viés cientificista. Posteriormente, várias outras conferências e convenções foram realizadas,

ainda com o apoio da Unesco, para tratar das diversas questões ambientais. Porém, apesar dos

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esforços da ONU, as reuniões referentes ao meio ambiente envolviam poucas nações e não eram tão

eficientes para mudar a situação global.

A intensa industrialização e a expansão dos meios de produção trouxeram uma série de

impactos ambientais que alteraram o equilíbrio da dinâmica natural em diversas partes do mundo,

principalmente na Europa. Foi organizada, então, a Conferência sobre Meio Ambiente Humano, ou

Conferência de Estocolmo, devido ao lugar onde foi realizada, em 1972. Essa conferência marcou o

ambientalismo na pauta governamental, com a presença de 113 países, muito embora somente dois

chefes de Estado tenham comparecido. Além disso, outro marco desta conferência foi a presença de

novos atores no cenário internacional, as ONGs, que participaram ativamente, mesmo que de forma

indireta nos resultados da conferência.

Na Conferência de Estocolmo, duas teses entraram em embate. A tese do crescimento zero

era a favor de parar o crescimento industrial rigorosamente, enquanto a tese desenvolvimentista

defendia o progresso industrial como necessário e incorporador de uma gestão ambiental de controle

da poluição. Ao final, com a pressão também de países periféricos, os quais queriam se desenvolver

e ainda não sofriam tanto com a poluição, a tese desenvolvimentista, protagonizada pela China, saiu

vencedora no embate de ideias e foi expressa no princípio 21 da Declaração de Estocolmo.

Da mesma forma, esta conferência propiciou a implementação ou reorganização da legislação

ambiental em muitos países, promovendo o rápido desenvolvimento da ordem ambiental

internacional (Ribeiro, 2001). Ademais, a conferência estabeleceu princípios que serviram para criar

normas de controle da poluição marítima e atmosférica, tendo todos os países igual responsabilidade

em garantir uma qualidade do meio ambiente adequada. Entretanto, o maior resultado da Conferência

de Estocolmo foi a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), dando

um espaço próprio à discussão da questão ambiental, na estrutura da ONU. Apesar das resistências e

desconfianças iniciais, por parte de diversos países-membro, o PNUMA foi ganhando força e, com o

passar dos anos, desenvolveu uma rede informacional para o conhecimento científico sobre o meio

ambiente, buscando gerar normas e convenções para os países-membro, no tocante aos problemas

ambientais, e capacitando técnicos e professores para a prática do conservacionismo. A partir de

então, tal programa responsabilizou-se pela organização das reuniões internacionais sobre o ambiente.

Em 1982 foi realizada a Conferência de Nairobi, que constatou uma piora na situação

ambiental global, desde 1972. Em seus princípios de declaração (Declaração de Nairobi), emergiram

conceitos que viriam a ser amplamente discutidos futuramente, como o desenvolvimento sustentável.

Tal conceito ainda é entendido de maneiras diferentes por diferentes teóricos, mas representaria

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basicamente a transformação do processo de desenvolvimento típico da expansão tecnológica e do

capitalismo através de uma relação ética com o meio ambiente e desbancando a lógica instrumental

como premissa da produção humana, o que geraria a base ambiental para a reprodução da vida e a

integração dos desiguais em torno de um futuro comum.

Desde a Conferência de Estocolmo, a temática ambiental foi institucionalizada na ONU, com

a evidência clara disso na organização do PNUMA. A ordem ambiental internacional vinha sendo

desenvolvida gradualmente e com orientação favorável ao posicionamento dos países periféricos, que

buscavam o próprio desenvolvimento econômico, principalmente de matriz industrial. Apesar disso,

em alguns acordos, vários países centrais simplesmente recusaram-se a acatar os protocolos vigentes.

Assim, era visível a necessidade de uma nova reunião internacional de alcance global que definisse a

temática ambiental global, como pauta governamental mediada pela ONU, saindo, desse modo, da

sombra da Conferência de Estocolmo, que estendia suas teses já há vinte anos. Foi isso que a

Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida também

como Rio-92, veio suprir.

Uma grande preocupação trazida à reunião era justamente a capacidade do homem de manter

a habitabilidade do planeta para as próximas gerações. Para isso, surge a ideia de sustentabilidade,

que significa basicamente a adaptação da produção tecnológica e econômica do homem também aos

padrões e ciclos da natureza, sem comprometer a dinâmica natural. A partir desse conceito, surge

como solução para o problema humano a busca do "desenvolvimento sustentável". Outro conceito de

relevância que surge é o de segurança ambiental, que encara o desafio de pensar os problemas

ambientais globalmente e o risco que eles trazem à sobrevivência humana.

Após o debate nessas diversas frentes da questão ambiental, a Rio-92 produziu protocolos que

acabaram por base para a ordem ambiental internacional. Surge, além disso, como resultado da Rio-

92 a Agenda XXI, um plano de ação imediata para os problemas ambientais, propondo a aproximação

da conservação ambiental e do desenvolvimento. Contudo, devido a impasses entre os países, o plano

acabou com um baixo orçamento para operação. De qualquer forma, a Agenda XXI criou as bases

para a regulamentação das relações ambientais internacionais, pautando mecanismos de gestão dos

recursos naturais, repasse de tecnologia para países em desenvolvimento, participação da sociedade

civil, entre outros.

1.4 A ANUMA e o lixo

A existência da ANUMA e de outros comitês de cunho ambiental é responsável por pressionar

os países em direção à tomada de medidas que respeitem e protejam o meio ambiente. A participação

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desses órgãos na formulação de soluções às causas ambientais significa que há um interesse político

que baseia as políticas externas de muitas das Nações representadas dentro do comitê em questão.

Esse cenário é, em teoria, extremamente vantajoso no que diz respeito ao alcance de medidas efetivas

aos problemas ambientais ao redor do globo, pois une boas intenções à necessidade de demonstrar

preocupação com o meio ambiente. Infelizmente, a prática não mostra resultados tão animadores,

visto que estes dependem de um compromisso genuíno de cumprir com o que é resolvido nas reuniões

dos comitês, e isso geralmente não é uma prioridade dos Estados.

O problema que surge na gestão do lixo produzido é um dos mais preocupantes. O sistema

financeiro que rege a maioria dos Estados e o desenfreado crescimento das indústrias são dois fatores

que contribuem de forma alarmante para que a produção de lixo se torne todos os dias mais

insustentável. As inovações e tendências do século XXI construíram sociedades que utilizam os

recursos de forma descontrolada, não reaproveitam os materiais e descartam seu lixo, dificultando a

reciclagem e, consequentemente, poluindo o ambiente. Além dessa questão, que contribui em apenas

cerca de 2,5% do total de lixo acumulado, há os resultados da mineração e da agropecuária, atividades

responsáveis por mais de 90% de todo o lixo gerado no mundo. Esse cenário é responsável por

projeções catastróficas, que começaram a ser feitas no início do século.

Em relatório divulgado pelo Banco Mundial em 2012, estimava-se que até 2025 a produção

de resíduos sólidos gerados em centros urbanos chegaria a 2,2 bilhões de toneladas por ano no mundo,

reflexo, principalmente, das cidades em rápido crescimento nos países em desenvolvimento. Esse

número já foi um ajuste de uma projeção passada, que previa a produção de 1,3 bilhões de toneladas

de lixo urbano. Outro ajuste foi feito em 2020, prevendo 2,7 bilhões de toneladas para o ano de 2025.

Pode-se dizer que as projeções se consolidaram, não só em indicar um número suficientemente

aproximado de lixo produzido, mas também em apontar a tendência de aumento desse número.

Estima-se que tenham sido produzidas cerca de 2,5 toneladas de resíduos sólidos em 2025 e

que esse número tenha se mantido nos anos seguintes. Apesar de ter sido atingida uma quantidade

estável de lixo urbano produzido anualmente, essa quantidade em si é um problema devido ao

acúmulo que foi se formando ao longo dos anos. O acúmulo é ainda mais expressivo considerando

os dejetos dos outros segmentos, que correspondem a 97,5% do lixo planetário: lixo de mineração e

agropecuária, lixo industrial e entulho. Essa reflexão gera a conclusão do maior problema enfrentado

hoje: para onde vai todo esse lixo?

A ANUMA apresenta, portanto, o desafio de apresentar soluções que representem as reais

aspirações dos países para a resolução do problema apresentado, garantindo que as discussões levem

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a um documento que será de comum acordo e realmente seguido pelas Nações. Mais que isso, é

necessário que o comitê verifique o caráter de urgência e importância que a pauta a ser discutida

possui, compreendendo as consequências de anos de negligência e estabelecendo um plano de ação

imediato.

2. Ações Internacionais Prévias

A Rio+20 — conferência que marcou os vinte anos de realização da Rio-92 — criou condições

para que, em 2015, fossem criados os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), os quais

fazem parte da ambiciosa Agenda de 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Esses objetivos

guiam o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas e também muitas das discussões

realizadas em diferentes órgãos dessa instituição até o ano de 2030. Para atingir esses objetivos, países

do mundo todo devem: integrar considerações ambientais nos planos e estratégias de

desenvolvimento, para gerenciar e usar de maneira sustentável os recursos naturais; garantir que a

riqueza natural seja usada para promover a recuperação econômica e os meios de subsistência;

efetivamente direcionar as políticas para reduzir a pobreza e fornecer proteção social para os

necessitados.

Apesar de todos os ODS serem importantes, no que tange à questão do lixo, vale destacar o

objetivo 12: garantir padrões sustentáveis de consumo e de produção. Com ele, o Programa das

Nações Unidas para o Meio Ambiente espera, dentro de seus 15 anos de vigência: reduzir pela metade

o desperdício global de alimentos per capita; alcançar a gestão ambientalmente saudável de produtos

químicos e todos os resíduos ao longo de seu ciclo de vida, de acordo com as estruturas internacionais

acordadas e reduzir significativamente sua liberação para o ar, água e solo, a fim de minimizar seus

impactos adversos na saúde humana e no meio ambiente; reduzir substancialmente o desperdício

através de prevenção, redução, reciclagem e reutilização; incentivar as empresas, especialmente as

transnacionais, a adotar práticas sustentáveis; apoiar os países em desenvolvimento a fortalecer sua

capacidade científica e tecnológica para avançar em direção a padrões mais sustentáveis de consumo

e de produção; entre outros.

A partir desse objetivo e a fim de cumprir todas as suas exigências, foi criado o 10-year

framework of programmes on sustainable consumption and production patterns (10YFP), que, por

meio de diversos programas subjacentes, visa à mudança de hábitos de produção e consumo,

principalmente de alimentos. O principal objetivo do 10YFP é gerar impacto coletivo por meio de

programas com várias partes interessadas e parcerias para desenvolver, replicar e ampliar as políticas

e iniciativas de consumo e produção sustentáveis em todos os níveis. Seus sete programas são

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presididos por diversos países, entre eles Suécia, Japão e Alemanha. Em sua carta ao Secretário-Geral

das Nações Unidas, datada de 18 de junho de 2012, a representação permanente do Brasil, às vésperas

do evento que ocorreria no Rio de Janeiro, escreveu:

Mudanças fundamentais na maneira que as sociedades produzem e consomem são

imprescindíveis para alcançar desenvolvimento sustentável. Todos os países devem promover

padrões de consumo e de produção sustentáveis, com os países desenvolvidos tomando

liderança e com todos os países beneficiando-se do processo, tendo em conta os princípios do

Rio. [...] Governos, organizações internacionais relevantes, o setor privado e todos os grupos

principais devem jogar um papel ativo na mudança de insustentáveis padrões de consumo e

produção. (A/CONF.216/5)

A fim de também ter capacidade de atingir os objetivos fixados pelas Nações Unidas, os países

em desenvolvimento, por meio da cooperação Sul-Sul — um processo pelo qual dois ou mais países

em desenvolvimento buscam seus objetivos individuais ou coletivos — se reúnem para realizar

intercâmbios de competências, recursos e conhecimentos técnicos e através de ações coletivas

regionais e inter-regionais na questão do consumo e da produção e da maneira como lidam com seus

resíduos. Como esses Estados, geralmente, têm menos recursos, iniciativas como essas são

importantes para que os ODS sejam atingidos por todo o mundo, nesse caso, principalmente no que

se trata ao consumo e à produção.

Tendo em vista a preocupação da comunidade internacional sobre o assunto, o presente órgão

das Nações Unidas criou diversas campanhas, entre elas a #CleanSeas (Mares Limpos), de fevereiro

de 2017. Essa iniciativa dava o prazo de 5 anos para construir um movimento global para diminuir o

consumo excessivo de plásticos descartáveis e do uso perigoso de microplásticos, os quais afetam

diretamente os mares e a vida marinha. Quarenta e três países aderiram à campanha na época, tendo

muitos deles compromissos específicos para proteger os oceanos, fomentar a reciclagem e reduzir o

consumo de plásticos. Entre eles, estão Dinamarca, Finlândia, Islândia e Suécia, que se

comprometeram a aplicar o “programa nórdico” com um enfoque sustentável dos plásticos — o qual

consiste em evitar o desperdício de plástico, incentivar a reciclagem e promover uma economia

circular. Além disso, podem aderir à campanha pessoas físicas, que trabalham em suas comunidades,

criando uma ação mais local, e também empresas, que se comprometem a mudar seus padrões de

produção.

Um bom exemplo disso é a parceria feita pela Danone e pela Nestlé com a empresa de pesquisa

e desenvolvimento Origin Materials, formando a Natur’ALL Bottle Alliance. O objetivo desses três

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agentes era lançar a primeira garrafa PET 100% de base biológica e 100% reciclável, considerando

que uma garrafa usual possui apenas 30% desse tipo de material. Recursos renováveis como papelão

velho e polpa de madeira e potencialmente também outros materiais de biomassa como casca de arroz

e palha foram usados para a produção desse produto. A ideia era que, até o final do projeto, fosse

desenvolvida uma tecnologia acessível a toda a indústria de bebidas — o que deve, evidentemente,

ser incentivado por essa casa.

Além dessas iniciativas, existem acordos internacionais que regulam a disposição de resíduos

no meio ambiente. Entre estes estão as três mais relevantes para o que será tratado, assinados entre

os anos 1990 e 2000 e que até hoje geram discussões e posteriores reuniões. O primeiro documento

que deve ser citado é a Convenção da Basileia (1992), que é o acordo ambiental internacional mais

abrangente sobre resíduos perigosos e outros, tendo 183 partes. Suas diretrizes técnicas objetivam

auxiliar os Estados-Partes a gerir seus resíduos de forma mais eficiente. Além disso, as diretrizes

técnicas sobre lixo eletrônico fornecem a orientação necessária para identificar esse tipo de lixo e o

tipo de equipamento a ser utilizado.

Em 2019, na cidade de Nairobi, aconteceu o último encontro geral do ANUMA para discutir

questões relacionadas ao lixo. Em sua resolução geral houve apontamentos de condições que todos

os países poderiam melhorar para se tornarem mais sustentáveis. O fato dessa reunião ter acontecido

há 11 anos mostra que as resoluções acordadas na época já podem estar defasadas e há uma

necessidade de um novo encontro para repensar-lás.

Foi realizada, no ano de 2023, uma conferência com a participação da ANUMA, do Banco

Mundial e da OMC que visou estabelecer um tratado de cooperação entre os países para redução da

produção de lixo industrial e agropecuário. Essa conferência contou com atualizações do relatório

emitido pelo Banco Mundial sobre as estimativas de produção de resíduos sólidos orgânicos e a

análise de outras projeções pertinentes. Nesse tratado consta um programa de 10 anos de ações

compartilhadas entre os estados signatários, que deve ser revisado em 2033.

Por fim, cabe destacar o Tratado de São Paulo, estabelecido entre os países membros do

Mercosul em 2027. Tendo como um dos objetivos a maior exportação de produtos vindos do mar,

esse tratado foi responsável por listar diretrizes para a retirada de lixo nos oceanos que contornam o

continente sulamericano.

3. Apresentação do Problema

Apesar de todos os acordos e tratados firmados entre os países até o presente ano de 2030, os

problemas relacionados ao lixo ainda são marcantes no dia a dia de grande parte da população

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mundial. A abrangência dos dispositivos e a restrição a campos específicos relacionados ao lixo são

causas da ineficácia das ações propostas por esses acordos. Além disso, a falta de comprometimento

dos países com o cumprimento do que foi acordado anteriormente é o fator que impossibilita a eficácia

total dos programas estabelecidos.

3.1 Tipos de lixo

3.1.1 Lixo marinho

Os oceanos cobrem dois terços da superfície terrestre e parecem ser fonte de riquezas

inesgotáveis. Por isso, há tempos servem de depósito para todo tipo de resíduos produzidos pelo

homem, que vão de efluentes líquidos sanitários ou industriais até as mais diversas classes de lixo,

como plásticos, vidros e materiais radioativos ou tóxicos (Araújo; Costa, 2003). O lixo marinho

consiste em itens que foram produzidos ou usados por pessoas e deliberadamente ou acidentalmente

descartados no mar, rios ou praias, ou levados indiretamente até ao mar através de rios, esgotos, águas

pluviais ou vento.

Diversos são os problemas causados pelo acúmulo de resíduos sólidos no ambiente marinho,

em especial plásticos e outros derivados do petróleo. Os cientistas e os grupos ambientalistas de todo

o mundo se preocupam com essa situação, sendo um de seus prejuízos a estética das praias e ameaça

a saúde de seus frequentadores. Além disso, a presença desses materiais na costa e no mar traz

prejuízos econômicos gastos com limpeza e redução do turismo), riscos para a fauna marinha (mortes

por aprisionamento, asfixia ou infecções), assim como danos à pesca e à navegação (Araújo; Costa,

2003)

Há uma preocupação cada vez maior com o impacto da exploração de recursos biológicos e

não biológicos sobre a flora e a fauna das zonas submersas. Nas regiões abissais, o plástico pode

perdurar por milhares de anos e ameaçar a vida marinha. Os ecossistemas das águas profundas são

considerados altamente endêmicos, com espécies que são encontradas apenas nessas partes do

mundo. Foi registrado ainda um preocupante aumento na ingestão de plástico pela fauna marinha.

Existe uma grande quantidade de evidências de que a vida silvestre marinha confunde resto de

plásticos, particularmente microplásticos, com seus alimentos (Allen; Seymour; Rittschof, 2018).

Em 1982, aconteceu, em Montego Bay, Jamaica, a Convenção das Nações Unidas sobre o

Direito do Mar. Esse encontro determinou que os países devem evitar e controlar a poluição marinha,

sendo responsabilizados por danos decorrentes da violação dessas obrigações.

Apesar disso, cada ano cerca de 10 milhões de toneladas de plástico terminam nos oceanos,

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envenenando a biodiversidade marinha. Atualmente, estamos produzindo 25 vezes mais plástico do

que na década de 1960. Se continuarmos com esse ritmo de consumo atual, até 2050 teremos

produzido outras 20 bilhões de toneladas de plástico, das quais grande parte terminará nos oceanos e

permanecerá ali durante séculos. A previsão para 2050 é que possam existir mais plástico do que

peixes nos mares do planeta.

3.1.2 Lixo eletrônico

Com o acelerado avanço tecnológico, que causa a obsolescência dos equipamentos eletrônicos

num curto espaço de tempo, esse tipo de lixo, oriundo do descarte de aparelhos eletrônicos, como

computadores pessoais e celulares, entre outros, é um problema cada vez mais aparente na sociedade

atual. Silva (2010) destaca que a preocupação ambiental em relação à disposição inadequada do lixo

eletrônico ocorre devido à liberação de substâncias tóxicas que podem causar sérios impactos à

natureza. Ao serem despejados no lixo comum, as substâncias químicas presentes nos componentes

eletrônicos, como mercúrio, cádmio, arsênio, cobre, chumbo e alumínio, entre outras, penetram no

solo e nos lençóis freáticos (Silva, 2010).

Lixo eletrônico é o nome dado aos resíduos da rápida obsolescência de equipamentos

eletrônicos, que incluem computadores e eletrodomésticos, entre outros dispositivos. Tais

resíduos, descartados em lixões, constituem-se num sério risco para o meio ambiente, pois

possuem em sua composição metais pesados altamente tóxicos, como mercúrio, cádmio,

berílio e chumbo. Em contato com o solo estes metais contaminam o lençol freático e, se

queimados, poluem o ar além de prejudicar a saúde dos catadores que sobrevivem da venda

de materiais coletados em lixões. (Guerin, 2008)

Apenas cerca de 30% de todo o resíduo eletrônico foi reciclado adequadamente em 2028. Os

70% restantes não foram documentados, provavelmente foram jogados no lixo ou reciclados

inadequadamente. Este é um dado preocupante, já que mostra somente uma pequena melhora em

relação ao estudo realizado no ano de 2016, que mostrava que 20% do lixo eletrônico era reciclado.

Nesse quesito, alguns dos países do continente africano são os que mais sofrem. Até 70% do lixo

eletrônico do mundo são despejados de qualquer jeito, sobretudo nesse continente, sem obedecer a

nenhum critério ou respeito pelo homem ou pela natureza. A pergunta que fica é: por que exportar

para a África artigos eletrônicos defeituosos ou inoperantes? Para especialistas, a razão é simples:

custa mais barato do que reciclar adequadamente os resíduos no mundo industrializado de onde se

originam. Por exemplo, enquanto para reciclar um monitor de computador em um país como a

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Alemanha custa entre 3 e 4 euros, mandá-lo para um país da África custa cerca de 1 euro.

Nesses países, onde celulares, tablets, televisões e qualquer produto eletrônico são queimados

indiscriminadamente para se recuperarem os metais valiosos, há uma intensa liberação de produtos

químicos tóxicos. A exposição contínua a substâncias como chumbo, cádmio e mercúrio, liberadas

desses produtos, pode provocar desde de dores de cabeça, tosse, erupções e queimaduras de pele até

câncer, doenças respiratórias e problemas reprodutivos.

Visando proteger os países em desenvolvimento dos resíduos alheios, a Convenção de

Basileia de 1989 proíbe a exportação de lixo perigoso. Mesmo assim, as nações mais ricas recorrem

às doações e à desculpa da redução da disparidade digital para se desfazer de seu lixo eletrônico.

3.1.3 Lixo biológico

A exemplo de luvas descartáveis, seringas, gazes, agulhas e etc., os resíduos biológicos são

aqueles provenientes do contato com fluídos corporais e que, por conter microorganismos, oferecem

riscos à saúde pública e ao meio ambiente.

Dessa forma, é necessário que haja o manuseio correto do lixo biológico para evitar qualquer

tipo de contaminação, utilizando procedimentos adequados de descarte e de tratamento. Esse

gerenciamento requer um conjunto de ações que devem ser cuidadosamente planejadas e

implementadas.

3.1.4 Lixo químico

São considerados como lixos químicos e tóxicos: pilhas, baterias, termômetros, lâmpadas,

agrotóxicos, remédios vencidos, assim como alguns resíduos industriais e hospitalares, e os demais

produtos ou materiais que contenham em sua composição a presença de elementos químicos e tóxicos

e cujas propriedades apresentem um elevado grau de nocividade.

Dessa forma fica evidente que o descarte desses resíduos não pode ser feito de maneira

incorreta, uma vez que as substâncias tóxicas presentes neles podem contaminar o solo, os rios, os

cursos d’água, os lençóis freáticos, os animais e, consequentemente, também os seres humanos. Além

do mais, a falta de informação sobre o descarte adequado é preocupante e gera diversos prejuízos ao

meio ambiente.

3.1.5 Microplástico

A definição de microplástico já mudou com o passar do tempo, mas atualmente é mais

abrangente por incluir partículas inferiores a 5 mm de diâmetro (Arthut, et al., 2009). A ingestão das

micropartículas de plástico pelos seres vivos têm inúmeros efeitos adversos, incluindo a deterioração

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da condição física do organismo, o que pode eventualmente impedir a sua reprodução (Derraik, 2002).

Segundo Goldstein, et al. (2012), ao longo dos últimos 40 anos, a quantidade de microplásticos no

Pacífico Norte aumentou 100 vezes. Porém, a estimativa é que a contaminação terrestre por

microplásticos seja entre 4 e 23 vezes maior do que a contaminação oceânica, dependendo do lugar

de comparação (Machado; Kloas; Zarfl, 2018)

4. Questões a ponderar

1. O que fazer para remediar os problemas causados pelo lixo até o ano de 2030?

2. Quais ações podem evitar tais problemas?

3. Como conscientizar a população dos problemas causados pelo lixo?

4. Quais medidas podem ser tomadas para reduzir a produção de lixo?

5. Quais mecanismos devem ser utilizados para que o acordado nesse comitê se torne efetivo?

5. Posicionamento dos Países

Na Comunidade da Austrália a sociedade busca implementar medidas de cunho ambiental

desde o ensino infantil, incentivando o consumo consciente e a redução dos plásticos de uso único, a

exemplo das sacolas e canudos plásticos que foram banidos ainda na década passada.

Internacionalmente, por outro lado, não há uma procura tão grande de se adequar ou colaborar com

esse tipo de medida sustentável.

Mesmo com vários avanços nessa área, com distribuição de lixeiras para cada casa pelo

Estado, ainda não há um sistema padronizado de coleta de lixo. A reciclagem funciona de forma

eficiente mas não é suficiente para suprir todos os materiais recolhidos. Dessa forma, o país faz

negócios com outras nações, como por exemplo a Polônia e a Índia — desde que a China decretou a

proibição de importar resíduos —, a fim de enviar seus lixos sobressalentes. As mais de 80 milhões

de toneladas de produção anual não encontram espaço para reciclagem no próprio país, e cerca de

25% do plástico e papel são exportados.

Os Estados Unidos da América é o maior produtor de lixo no mundo e sofrem em relação a

como gerenciar essa grande quantidade de resíduos. Historicamente, os Estados Unidos sempre

enviaram mais da metade do seu lixo para outras nações. Em 2018, com a proibição quase total do

envio de lixo à China, o país, ao invés de tentar melhorar a forma de tratar esses materiais, buscou

somente novos mercados para exportar o que não conseguiam tratar.

Apesar de apresentar grande nível tecnológico em suas empresas privadas de tratamento e

reciclagem de lixo, os Estados Unidos não conseguem suprir toda a demanda, precisando de diversas

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melhorias na área para isso. Atualmente, o governo inclui 1,5 mil regiões na lista de prioridades

nacionais por apresentarem áreas com elevado índice de poluição por lixo químico. Esse é um

exemplo que mostra que o país está sujeito, dentro de alguns anos, às consequências do acúmulo de

lixo, que podem vir a prejudicar seriamente sua população.

Nos Estados Unidos Mexicanos (México) há uma deficiência em questão de legislação que

regulamenta o lixo. Juntamente a isso, há o aspecto cultural de não se importar tanto com questões de

higiene urbana, sendo comum, por exemplo, a prática de jogar lixo no chão. No início da década

passada houve a tentativa de implementação de uma rede de reciclagem de lixo buscando 85% de

eficácia. Essa medida, porém, não teve sucesso e atualmente menos de 40% do lixo mexicano é

reciclado, reutilizado ou usado como forma de produzir energia.

As quase 20 mil toneladas que a capital mexicana produzem atualmente encontram-se sem

destino específico, estando o governo lutando contra o tempo para não colocar mais em risco a saúde

da população. O México espera um compartilhamento de tecnologias e apoio para que possa colocar

em prática, o mais rapidamente possível e de forma eficaz, seus programas de gestão do lixo.

Atualmente, menos de 20% do lixo na Federação Russa é reciclado e cerca de 15% é

destruído em usinas de incineração na Rússia. Dessa forma, o problema do acúmulo do lixo perto das

grandes cidades, que há tempos já se mostrava importante, agora é crucial e deve ser resolvido

rapidamente. Isso se deve em grande parte à demora das ações do governo e, em decorrência disso,

da pouca conscientização da população sobre o que fazer.

Há o alastramento de doenças e o de odor como consequência da falta de aterros sanitários,

que, em grande maioria, têm tecnologia de mais de 70 anos atrás. As poucas instalações que foram

criadas nas décadas passadas se resumem a usinas de incineração, que minimizam o problema do lixo

mas ao mesmo tempo geram problemas de poluição. A população russa, por isso, clama e protesta

por melhorias vindas do governo que possibilitem uma melhor gestão do lixo.

O Japão, mesmo sendo um dos países com maior índice de densidade demográfica, é

considerado um dos lugares mais limpos do mundo. Isso é reflexo de um sistema de gerenciamento

de resíduos sólidos eficiente, que consegue reutilizar 96% do lixo que chega aos depósitos.

Nesse país, existe uma consciência ambiental enraizada em sua população há décadas. Lá, a

preocupação das pessoas vai além da reciclagem, pois essa já é parte do dia a dia de todos, o cuidado

é não produzir muito lixo. Não há lixões ou aterros, todo o lixo é dirigido a usinas de reciclagem e de

incineração, nas quais tudo é aproveitado, do vapor para produzir energia até o resto para produzir

asfalto.

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No Reino da Bélgica, o primeiro dispositivo que regulava a gestão do lixo, o Decreto de

Resíduos, foi aprovado em Flandres já em 1981. Esse regulava os objetivos regionais para a gestão

de resíduos residenciais, coleta seletiva e compostagem doméstica, que foram cumpridos e

ultrapassados, permitindo que objetivos mais ambiciosos fossem estabelecidos para os anos

seguintes.

O país, que liderou por anos o ranking de países mais sustentáveis em relação ao lixo da União

Europeia, atualmente tem novos objetivos, que incluem a diminuição da produção de lixo e a

otimização dos seus sistemas de gestão. No ANUMA, a Bélgica busca incentivar os outros países a

realizar a melhor gestão possível de seus resíduos, melhorando o planeta como um todo.

O Reino da Suécia é um exemplo de postura diante do lixo e suas implicações. O sistema de

reciclagem sueco é tão eficiente que, desde 2011, menos de 1% do lixo doméstico foi para aterros.

Foram criados impostos sobre os combustíveis fósseis, priorizado o uso de fontes renováveis de

energia, que já representam 70% da energia consumida pelo país, e foi implementado uma política

nacional que obriga até mesmo empresas privadas a queimarem lixo, alimentando a rede de

aquecimento das casas durante o inverno. Por isso, por anos, o país precisou importar lixo de vizinhos

para manter o sistema funcionando.

Grande parte do desenvolvimento e cumprimento dessas políticas vem dos próprios hábitos

da população sueca que, por terem grande apreço pela natureza e os momentos que ela proporciona,

procuram ensinar de geração para geração que materiais que podem ser reciclados e reutilizados não

devem ser simplesmente jogados fora. Em 2030 o lixo não é um problema para a Suécia, que busca

no ANUMA formas de auxiliar as nações amigas.

No Reino dos Países Baixos, o hábito de se preocupar com o destino do lixo já está presente

no dia a dia da população. Os sistemas de coleta e de reciclagem são otimizados frequentemente e

permitem que mais de 90% dos resíduos sejam devidamente processados.

Um dos principais motivos para essa eficácia são as legislações rigorosas, que prevêem

pesadas multas para quem descumprir o estabelecido em lei. Além disso, é incentivado a reutilização

e a reciclagem por meio do governo e por parte da própria população, que busca formas inovadoras

e criativas para lidar com o lixo.

O Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, com a proibição de exportação de

resíduos para a China, que absorvia 66% dos resíduos plásticos, no ano de 2018, precisou criar novas

formas para lidar com seu lixo. Entre elas pode-se citar: regulamentações que proíbem os plásticos

descartáveis, incluindo sacolas plásticas, e o vedamento da utilização de microesferas plástico. Além

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disso, duas formas criativas de incentivar a reciclagem e a reutilização que o Reino Unido realiza são

a produção de combustível para aviões e caminhões, que movimenta milhares de trabalhadores em 5

fábricas pelos países, e a troca de lixo reciclado por vale-compras, que ajudou a aumentar em quase

50% as taxas de reciclagem de resíduos nos locais utilizados.

O governo inglês anunciou que, em apoio aos objetivos da campanha Clean Seas da ONU,

vai destinar o orçamento de ajuda internacional do país para lidar com a poluição de plástico nos

oceanos do mundo. Em 2030, após investir em diversos projetos para a limpeza dos oceanos, o Reino

Unido busca expandir para outros tipos de resíduos e incentivar outros países a dedicarem parte de

seus recursos aos cuidados com o meio ambiente mundial que é de interesse de todos.

Na República da África do Sul, há uma grande presença e importância dos catadores de lixo.

Apesar de institucionalmente não existirem grandes programas, os catadores foram responsáveis por

praticamente resolver o problema da coleta de resíduos sólidos no país.

Com esse problema amenizado, outros se mostram mais nítidos. Ainda é notável, e nos últimos

anos crescente, o envio por outros países de lixo eletrônico e lixo tóxico à África do Sul. Dessa forma,

o país busca, no ANUMA, defender a saúde de sua população, afetada por essa prática ilegal, e os

interesses dos catadores de de lixo, grandes líderes nessa área.

Anualmente, a República da Belarus produz quase 5 milhões de toneladas de resíduos

sólidos urbanos. Em 2029, 70% desses resíduos foram parar em aterros sobrecarregados, reciclando

apenas cerca de 30%. Surpreendentemente, as instalações privadas de reciclagem da Belarus têm que

importar resíduos do exterior para continuar trabalhando em plena capacidade, já que o governo hesita

em desistir de seu monopólio na coleta de lixo.

Mesmo com um aumento da consciência ambiental da população e com medidas tomadas a

favor do comprometimento com uma economia sem desperdício, o país ainda fica atrás dos índices

da maioria das nações da Europa. Alguns dos motivos estão na falta de uma variedade de métodos na

gestão de resíduos, incluindo a compostagem de lixo orgânico, e o não uso de resíduos sólidos como

combustível em usinas elétricas. Belarus vai ao ANUMA procurando formas de modernizar sua

gestão do lixo sem comprometer, porém, as estruturas criadas pelo governo.

Atualmente, a República da Colômbia produz cerca de 30 mil toneladas de lixo por dia.

Dessa forma, há uma extrema preocupação para onde todo esse material irá. Essa preocupação é

externalizada pelos ativistas ambientais, muito presentes junto ao governo, dando ideias e cobrando

resultados.

Com a pressão exercida por eles, já na década passada, a Colômbia conseguiu reduzir o uso de sacolas

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plásticas por meio de impostos ou proibições. Além disso, conseguiram fechar os principais lixões a

céu aberto próximos à capital Bogotá. Ainda há muito a ser feito para considerar o país como

sustentável, porém, o governo tem na população uma base na qual se apoiar e que busca progredir a

cada dia.

A República da Índia, com campanhas governamentais e incentivos desenvolvidos há mais

de uma década, como a proibição do uso de plásticos descartáveis, é um dos países que mais

evoluíram no tratamento de resíduos. Dessa forma, o país vem buscando mudar aos poucos a imagem

de depósito de lixo, mesmo as cidades indianas estando entre as maiores geradoras de lixo do mundo,

produzindo cerca de 75 milhões de toneladas de resíduos por ano.

Atualmente, mais de 97% do lixo é coletado, comparado com os 82% há menos de 15 anos

atrás. Por outro lado, ainda é pequeno o índice de tratamento, somente cerca de 50% do lixo é tratado

e processado, indo o resto parar em aterros sanitários, lixões a céu aberto ou simplesmente no chão.

Apesar dos avanços, é inegável o quanto o país já foi responsável por danos ao meio ambiente, como

pode-se citar as terras contaminadas pelo lixo e a porcentagem da contribuição de plástico em

oceanos, que já chegou aos 60% da escala global.

A República da Indonésia segue como um dos países que mais produzem resíduos no mundo

— cerca de 150 mil toneladas de lixo sólido todos os dias. Pouco mais da metade disso chega às

lixeiras, o resto é ilegalmente queimado ou simplesmente jogado no mar e nos rios do país. A situação

só está piorando com o passar dos anos, pois o governo não toma as providências necessárias e a

população não tem o costume arraigado de se importar com esse problema.

A diminuição da atração de turistas e o adoecimento da população são só algumas das

consequências dos problemas com o lixo. Os rios da Indonésia já apresentam concentrações

inimagináveis de metais pesados há anos. Por esse e outros motivos, o país busca no ANUMA o

último auxílio para ajudar sua população e formas de lidar com essa questão.

Antigamente, montes de lixo rodeavam as principais cidades da República Democrática de

São Tomé e Príncipe, deixando-as numa situação muito perigosa para a saúde humana. Ajudado por

parcerias com ONG’s e com a União Europeia, São Tomé e Príncipe viu seus índices de

sustentabilidade crescerem exponencialmente.

A população do país foi conscientizada da importância da preservação do meio ambiente e

ensinada sobre processos e métodos de reutilização e reciclagem, permitindo que os problemas

causados pelo lixo fossem minimizados. Dessa forma, São Tomé e Príncipe participa do ANUMA

sendo um exemplo de como a cooperação entre entidades pode funcionar de maneira eficiente.

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Na República do Gana, o lixão de Agbogbloshie, na periferia da Acra, é atualmente o maior

do mundo. Esse recebe, além da produção local (que também não é mais capaz de suportar), a cada

ano, cerca de 40 mil toneladas de lixo eletrônico que chega à Gana enviada de outros países. Mais de

45 mil pessoas trabalham nesse local, passando todo tipo de necessidade e sendo expostas a muitos

riscos. Amostras recolhidas nas redondezas do local indicaram níveis de chumbo 60 vezes mais altos

que o limite de contaminação estabelecido pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA.

No país, ainda não foi aprovada uma lei que proíba a importação de lixo, porém já existem

tratados internacionais que não permitem esse tipo de relação. Em consequência disso, no ANUMA,

Gana procurará defender os interesses de sua população, buscando métodos mais efetivos de

cumprimento das relações de exportação e importação de lixo, ou, até mesmo, novos métodos.

Na capital da República do Haiti, lixo e a falta de higiene são problemas crônicos em muitos

bairros, onde milhares de pessoas convivem em meio a montanhas de entulho, sujeira, animais e

doenças – como a epidemia de cólera que matou milhares de pessoas. O maior problema enfrentado

pelo Haiti é que já está intrínseco na sua cultura jogar os resíduos nas ruas e córregos pela falta de

planejamento sanitário e incineradores suficientes. Além disso, o trabalho nos lixões a céu aberto

ainda move parte da economia, gerando emprego para uma considerável parte da população que vive

em condições extremas.

Durante os últimos anos, inúmeras ajudas internacionais foram recebidas pelos haitianos

desde pequenos grupos com inovações diversas até ações de grandes multinacionais que utilizam

parte do lixo haitiano para reciclar e reutilizar em seus produtos e, principalmente, da ONU para

auxiliar com a crise política e a segurança. Apesar disso, o lixo ainda é um problema com fortes

consequências para a qualidade de vida da população do país e, por isso, a nação vai ao ANUMA

pedindo ajuda para lidar com essa questão.

A República do Peru, por ser uma superpotência de biodiversidade, depende diretamente do

seu ecossistema tem sofrido bastante pelos riscos que a administração inadequada dos resíduos

oferece ao ambiente e à saúde humana. Com o crescimento da população, o desenvolvimento de

tecnologias e as mudanças nos hábitos de consumo houve aumento considerável na produção per

capita de lixo, tornando cada vez mais preocupante as suas consequências ambientais e econômicas

como a pobreza extrema, o acesso à cuidados com a saúde e a qualidade do meio ambiente.

Dentre os problemas encontrados pelo país, grande parte do lixo gerado acaba no meio

ambiente sem tratamento, principalmente em rios, e do que é coletado para reciclagem muito é

enviado para aterros informais, colocando em risco o ecossistema e a vida das pessoas envolvidas

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nesses processos. O Peru vai ao ANUMA com o intuito de encontrar soluções para suas barreiras no

caminho de um sistema sustentável e saudável de tratamento dos resíduos, por ter uma ainda

insuficiente formulação e implementação de políticas visando esse tópico e a falta de incentivos que

direcionem investimentos privados à colaboração.

A cidade da sede do ANUMA, Nairóbi, capital da República do Quênia, produz cerca de 3

mil toneladas de lixo por dia. Essa grande quantidade, porém, não preocupa mais tanto o país

atualmente. Há anos vem sendo desenvolvidos projetos de conscientização da população e de novas

formas de lidar com o lixo, como por exemplo a lei que proíbe a fabricação e comercialização de

plásticos descartáveis cujo cumprimento é observado com rigor.

Em parceria com a organização queniana Ocean Sole, o país implantou medidas de reciclagem

de produtos plásticos, reduzindo a contaminação das águas. Dessa forma, no ANUMA, apesar de

reconhecer que ainda pode evoluir mais, o Quênia participará com a intenção de mostrar seus avanços

e ajudar outros países a chegarem ao seu mesmo patamar de desenvolvimento sustentável.

Para se entender a situação atual da República Federal da Alemanha é importante destacar

que a preocupação ambiental alemã é uma tradição, a exemplo da cobrança de taxas municipais para

a coleta de lixo, que data do século XIX. Líder mundial em tecnologias e políticas de resíduos sólidos,

possuindo os índices de reaproveitamento mais elevados do mundo, o país conseguiu alcançar, início

da década passada, a recuperação completa e de alta qualidade dos resíduos sólidos urbanos, zerando

a necessidade de envio aos aterros sanitários.

Com seus sistemas de alta tecnologia, o país emprega mais de 50 mil pessoas no campo de

gerenciamento de resíduos. A Alemanha apresenta-se no ANUMA buscando mostrar para as outras

nações que, ao contrário do que se pensa, a gestão do lixo, além de ser de extrema importância para

o futuro do planeta, pode ser lucrativa.

A República Federal da Nigéria é mais um que sofre, juntamente com outros países em

desenvolvimento, com o despejo de lixo eletrônico vindo de outras nações. Uma das cidades mais

importantes do país, Lagos, atualmente é considerada como o lugar com a maior quantidade de lixo

eletrônico do mundo, pondo em risco a saúde de milhares de cidadãos nigerianos.

A Nigéria, que já enfrenta problemas com a gestão de seus próprios resíduos, atualmente não

tem mais condições de suportar as mais de 20 mil toneladas de lixo eletrônico que chegam ao país

todos os anos. Por isso, o país irá ao ANUMA com a intenção de regulamentar essa situação, prezando

pelo bem estar de sua população.

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A República Federal Democrática da Etiópia, após experienciar tragicamente as

consequências do tratamento inapropriado do lixo com o deslizamento de terra do único e

extremamente grande aterro de sua capital — causando a morte de muitos cidadãos — é, hoje, um

modelo para sua região no que diz respeito ao combate à poluição e a adoção da energia renovável

através dos resíduos. Com a parceria entre o governo e um consórcio de empresas internacionais, foi

construída a primeira planta de energia do continente africano responsável por incinerar 80% do lixo

da maior cidade do país — Adis Abeba — gerando energia elétrica para as moradias.

Apesar de seus ainda presentes conflitos internos e da situação de parte da sua população, a

Etiópia está cada vez mais avançando em soluções no que se refere aos cuidados com o meio

ambiente. É, então, de grande responsabilidade dessa nação no ANUMA mostrar para outros países,

principalmente do seu continente, não apenas a possibilidade de um tratamento mais adequado para

os resíduos, mas também seus benefícios ambientais, econômicos e sociais.

A República Federativa do Brasil, de dimensões continentais, caminha a passos lentos

quando o assunto é desenvolvimento sustentável. A pouca consciência ambiental da maioria da

população, combinada com a falta de ações governamentais que regulem as questões relacionadas ao

lixo são preocupantes. O Brasil tem uma produção de de lixo equivalente à produção dos de países

desenvolvidos, porém segue enviando seus resíduos para lixões a céu aberto e fazendo pouca

reciclagem, assim como o padrão observado na maioria dos países em desenvolvimento.

Além disso, o país segue sendo o maior produtor de lixo eletrônico da América Latina, com

cerca de 3 milhões de toneladas em anuais. O problema está em o país não ter políticas de abrangência

nacional para o manejo desse tipo de descarte. Dessa forma, o Brasil vai ao ANUMA com o objetivo

de desenvolver soluções em conjunto para a questão do lixo.

Apesar de ser um dos países com a maior produção de lixo do mundo, a República Francesa

é referência pela sua cultura de reciclagem. Durante anos, tem sido um dos países mais sensíveis e

ativos em questões ambientais e, neste caso, com uma atenção especial à gestão e tratamento

sustentável dos resíduos. Dentre as diversas medidas adotadas destacam-se a abolição dos sacos

plásticos para transporte das compras nos supermercados, o uso de embalagens recicláveis para

praticamente tudo o que é vendido pela indústria alimentícia, além de pontos de coleta espalhados

pelas cidades e específicos para, por exemplo, objetos eletroeletrônicos descartados, pilhas, remédios

e roupas.

Após anos de esforços para preservação ambiental, em especial do seu território, mas também

de todo o planeta, a França se tornou uma nação exemplo e aloca, hoje, mais de 7 bilhões de euros

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por ano em ações que visem preservar ou melhorar o meio ambiente. Por isso, se posiciona fortemente

no ANUMA, incentivando comportamentos similares aos seus por parte de todas as nações, visto que

acredita na cooperação e na união entre todos para um ambiente mais saudável e sustentável. Por

vezes, enfrenta embates com nações que não seguem esses princípios ou buscam outros meios mais

independentes, a exemplo dos Estados Unidos e sua saída do Acordo de Paris alguns anos atrás.

A República Italiana, após anos enfrentando sérios problemas com o lixo espalhado pelas

cidades em função da má administração e duas multas por parte da União Europeia pelo uso abusivo

de lixões fora da legislação prevista, se tornou exemplo no que diz respeito a reciclagem de seus

resíduos urbanos e industriais. Tem se espalhado por diversas cidades do mundo o modelo italiano

“Lixo Zero” — que une coleta seletiva porta a porta ao uso de saquinhos compostáveis para a

reciclagem de lixo orgânico — responsável pela radical transformação do cenário do país em relação

ao comportamento da população e do governo sobre o lixo.

Em 2030, a Itália mostra-se melhor que o esperado pelas metas do Parlamento Europeu com

menos de 5% do material descartado em aterros sanitários. No ANUMA uma das suas principais

contribuições é compartilhar sua nova e eficiente cultura de responsabilização pela questão do lixo

por parte de toda a população, incentivando os outros países do comitê a também a implementá-la.

Além disso, o país busca estimular, principalmente outras nações europeias que ainda importam

grande parte de sua matéria-prima, o modelo de economia circular através do qual reutiliza-se os

resíduos industriais reciclados para a própria produção, não só aumentando a autonomia e

independência das indústrias como ajudando o meio ambiente.

Um grande marco mundial, do qual a República Popular da China foi responsável,

aconteceu em 2018, quando esse país proibiu a importação de resíduos plásticos e colocou duras

restrições a outros tipos de resíduos (também foram proibidos totalmente nos anos seguintes). O

governo chinês executou essa medida porque as importações de resíduos de plástico tiveram impactos

desastrosos sobre o meio ambiente e a saúde das pessoas na China, já que lotes eram frequentemente

contaminados com materiais perigosos, como lixo médico, colocando em perigo os trabalhadores nas

instalações de reciclagem.

Esse ato foi de extrema importância para o país, que conseguiu desenvolver suas capacidades

para atender as demandas de sua população, melhorando seus índices de sustentabilidade. Em relação

aos países que foram prejudicados com essas proibições, alguns conseguiram usar o problema como

alerta para fortificar suas medidas de gestão do lixo, enquanto outros somente procuraram novos

mercados para atender suas necessidades. No ANUMA, a China se mostra como exemplo de país

Page 22: ASSEMBLEIA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE · das Nações Unidas responsável por questões ambientais. ... em alguns acordos, vários países centrais simplesmente recusaram-se

que, ao se voltar para seus problemas de gerenciamento do lixo, conseguiu evoluir e recuperar parte

dos danos à natureza anteriormente provocados pela má gestão de resíduos.

As Organizações Não-Governamentais (ONGs) têm a responsabilidade de chamar a

sociedade civil para ação. Como elas são a melhor maneira de representar a parte que geralmente não

tem voz nas convenções internacionais, também devem se preocupar com o que a população em geral

pensa e faz. Desse modo, mesmo que tenham status de observadoras no comitê, não tendo direito a

voto nos projetos de resolução, as ONGs têm um papel essencial no andamento do debate para

questionar e refletir as ações e interesses estatais de forma isenta e integralmente comprometida com

a diminuição dos impactos causados pelo lixo no meio ambiente.

O Greenpeace foi fundado em 1971, no Canadá, e é uma das organizações não

governamentais mais conhecidas do mundo. Atualmente, suas ações estão difundidas globalmente e,

por meio de ações diretas, lobby e pesquisas científicas, visa defender o meio ambiente. Na

Organização das Nações Unidas, o Greenpeace tem status de consultor geral (o mais alto

reconhecimento para uma ONG na organização) perante o Conselho Econômico e Social das Nações

Unidas, um dos órgãos da ONU - junto com a Assembleia Geral - do qual o ANUMA faz parte.

Dentre os diversos objetivos do Greenpeace, estão a proteção dos oceanos e a busca por um

consumo sustentável. Dessa forma, a questão do lixo é de vital importância para a organização.

Assim, no ANUMA, o Greenpeace não pretende buscar apenas medidas paliativas para os alarmantes

níveis de resíduos sólidos nos oceanos, que vem destruindo a vida marinha, mas também soluções a

longo prazo que reduzam o consumo de plásticos e de aparelhos eletrônicos.

The Plastic Bank foi fundada em Março de 2013 por um empresário canadense. Desde seu

lançamento, em Lima, Peru nesse mesmo ano, a organização não governamental vem se

comprometido a transformar plástico em moeda de troca para os mais diversos produtos, ajudando

principalmente países em desenvolvimento. Por meio do “Plástico Social”, grandes empresas

compram esse material, que antes seria descartado, e o reutiliza e recicla. Com isso, a organização

espera conter a poluição de oceanos enquanto também reduz a pobreza.

A organização, já comprometida com o desenvolvimento dos países emergentes por meio de

suas ações, busca, no ANUMA, conseguir encontrar soluções viáveis e que beneficiem todos os países

do globo — assim como faz seu projeto.

A Trash Hero World é uma organização fundada na Tailândia em 2013 cuja missão é unir

comunidades para limpar e reduzir a quantidade de lixo. Desse modo, por meio de seus projetos,

busca educar, inspirar e alertar a sociedade para a necessidade de consumir conscientemente e cuidar

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da natureza. A Trash Hero é dividida em diversos escritórios ao redor do mundo e, embora

inicialmente concentrada no Sudeste Asiático, em 2030 a organização já se faz presente em diversas

cidades ao redor do mundo, agindo globalmente e sendo uma das ONGs de maior relevância para a

proteção do meio ambiente.

Assim, seguindo os princípios em que foi fundada, no ANUMA a Trash Hero World pretende

contribuir para o estabelecimento de medidas que visem a diminuição da produção de lixo. Ademais,

considera de vital importância o incentivo a ações de conscientização da população.

A Oceana foi fundada em 2001 e é a maior organização internacional focada exclusivamente

na conservação dos oceanos. Em seus anos de atuação, a organização tem procurado respostas para

problemas como poluição dos oceanos e pesca excessiva recorrendo a relatórios científicos,

campanhas de conscientização e projetos interdisciplinares, a fim de envolver toda a comunidade

internacional em uma solução conjunta.

No ANUMA, a Oceana busca uma maior conscientização e proteção à biodiversidade marinha

por meio de mudanças nas políticas públicas principalmente das Nações que detêm a maior parte dos

recursos marinhos do mundo.

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