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ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL DOM BOSCO

Mantenedora da Faculdade de Ciências Econômicas, Administração e da Computação Dom Bosco, da

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Dom Bosco, da Faculdade de Engenharia de Resende e do Colégio de Aplicação de Resende.

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Conteúdo Programático 3.º Bimestre

NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Introdução

Conceito

Princípios jurídicos da tributação

Legislação, vigência, aplicação e interpretação

Obrigação tributária

Crédito tributário

Competência tributária e espécies tributárias

Ilícito tributário

Introdução à legislação aduaneira

Referências

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Objetivos da Unidade

- Conhecer os princípios que norteiam as relações nas quais incidem tributos;

- Apresentar as espécies tributárias;

- Balizar as obrigações tributárias e o surgimento do crédito tributário;

- Reconhecer um ilícito tributário e

- Conferir autonomia quando da consulta à legislação aduaneira.

Introdução

Nesta unidade vamos trabalhar com o Direito Tributário, que juntamente com o

Administrativo, o Constitucional, o Penal e outros que não serão estudados aqui, integra o

Direito Público, já diferenciado do Direito Privado no início dos estudos.

É um tema muito importante não apenas para aqueles que desejam prestar concurso

público, como também para todos os profissionais da área de logística.

Conceito

Antes de qualquer coisa, é preciso definir o Direito Tributário.

Para Hugo de Brito Machado é “o ramo do Direito que se ocupa das relações entre o

fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder

de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder” (2002, p.52)

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Em linhas mais simples “o Direito Tributário é o conjunto de normas que regula o

comportamento das pessoas de levar dinheiro aos cofres públicos” (SABBAG, 2015, p.37)

As principais fontes que serão utilizadas neste breve estudo são as regras previstas

na Constituição Federal (CRFB/1988) e no Código Tributário Nacional (CTN).

Contudo, devemos lembrar que existem muitas outras normas em âmbito federal,

estadual e municipal (códigos tributários estaduais e municipais; leis especiais; decretos;

portarias; resoluções etc.), aplicáveis conforme a competência de instituição e de cobrança

de cada tributo. Tais normas devem ser consultadas no momento da realização de cada

operação em que haja previsão de incidência tributária. Para consulta atualizada da

legislação citamos como exemplo os portais na internet da receita federal e das respectivas

receitas dos Estados e dos Municípios.

Princípios jurídicos da tributação / Legislação, vigência, aplicação e

interpretação

De acordo com grande parte da doutrina, os mais importantes princípios tributários

são os abaixo tratados:

Legalidade

Anterioridade

Igualdade ou da Isonomia

Capacidade Contributiva

Irretroatividade

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Vedação do Confisco

Liberdade de tráfego

Princípio da Legalidade: nenhum tributo será instituído ou aumentado, a não ser

através de lei. (art. 150, I da CRFB/1988).

Vide o CTN - Código Tributário Nacional:

“LIVRO SEGUNDO NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

TÍTULO I Legislação Tributária

CAPÍTULO I Disposições Gerais

SEÇÃO I Disposição Preliminar

Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.

SEÇÃO II Leis, Tratados e Convenções Internacionais e Decretos

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do §

3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26,

39, 57 e 65; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras

infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução

de penalidades. § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-

lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização

do valor monetário da respectiva base de cálculo. Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária

interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em função das quais sejam

expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. (...)”

Uma das principais exceções ao princípio da legalidade está prevista na própria

Constituição Federal (art. 153 § 1º) ao possibilitar o aumento ou a diminuição de alíquotas

de alguns impostos não por lei (feita pelo legislativo etc), mas por meio de simples decreto

presidencial ou portaria do Ministério da Fazenda (atos típicos do Poder Executivo). Tais

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impostos são: II – Imposto sobre a Importação; IE – Imposto sobre a Exportação; IPI –

Imposto sobre produtos industrializados e o IOF – Imposto sobre Operações de Crédito,

Câmbio e Seguros.

O objetivo dessa exceção constitucional, que gera uma flexibilização no Princípio da

Legalidade, é dar instrumentos para o governo intervir rapidamente na economia, quando

necessário. Esperar a aprovação de uma lei, com todos os seus trâmites e prazos

regimentais, sem contar a negociação política, pode sair caro à sociedade quando há a

necessidade do governo agir para não quebrar um setor importante na cadeia econômica,

a exemplo do automotivo, agrícola, de eletrodomésticos etc.

Princípio da Anterioridade Tributária. (art. 150 III, “b” e “c” CRFB/1988) Como

ensina Luciano Amaro (apud SABBAG, p. 90) “a Constituição exige que a lei que crie ou

aumente o tributo seja anterior ao exercício financeiro em que o tributo será cobrado e,

ademais, que se observe a antecedência mínima de noventa dias entre a data de publicação

da lei que o instituiu ou aumentou e a data em que passa a aplicar-se.”

→ Visa coibir a tributação que pegue o contribuinte de surpresa.

Assim, como ensina Eduardo Sabbag, “caso o tributo seja criado ou majorado entre

os meses de janeiro e setembro de um ano, a incidência do gravame ocorrerá sempre em

1º de janeiro do ano posterior. Todavia, se isso se der entre outubro e dezembro, em razão

do impacto temporal dos 90 dias, a data de incidência poderá ser posterior a 1º de janeiro

do ano subsecutivo.” (p.103)

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NOVENTENA

Você sabia que esse prazo mínimo de 90 dias

para poder iniciar a cobrança de uma alíquota majorada

(aumentada) ou de um novo tributo se chama

noventena?

Pois é...isso é importante. Logo, não se esqueça

disso!

Exceções ao princípio da anterioridade anual (art. 150 § 1º - parte inicial da

CRFB/1988): II; IE; IPI; IOF; IEG – Imposto Extraordinário de Guerra; EC-Cala/Gue –

Empréstimo Compulsório para Calamidade Pública ou Guerra Externa; CIDE-Combustível e

ICMS-Combustível.

Exceções ao princípio da anterioridade nonagesimal (NOVENTENA) (art. 150 § 1º -

parte final da CRFB/1988): II; IE; IOF; IEG; IR – Imposto de Renda; EC-Cala/Gue;

Alterações na base de cálculo do IPTU e do IPVA.

Princípio da Igualdade ou da Isonomia Tributária: (art. 150 II da CRFB/1988)

“Trata-se de postulado específico que veda o tratamento tributário desigual a contribuintes

que se encontrem em situação de equivalência ou equipolência. Enquanto o art. 5º, caput,

CF, expõe a temática da desigualdade de modo genérico, o art. 150, II, CF, explora-se de

modo específico, fazendo-a convergir para a seara da tributação.” (SABBAG, p.136) Este

princípio também é conhecido como “princípio da proibição de privilégios odiosos” eis que

“visa coibir a odiosidade tributária, manifestável em comandos normativos discriminatórios,

veiculadores de favoritismos por meio da tributação.” (SABBAG, p.136)

Princípio da Capacidade Contributiva: (art. 145 § 1º da CRFB/1988) “Sempre

que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade

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econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir

efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da

lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.”

Princípio da Irretroatividade: (art. 150, III, “a” da CRFB/1988). Recorrendo mais

uma vez à Sabbag (p.194) “A irretroatividade conecta-se à própria ideia do Direito, trazendo

o timbre da segurança jurídica e a estabilidade dos direitos subjetivos ao espectro da relação

impositivo-tributária, ao prever que é vedada a cobrança de tributos em relação a fatos

geradores ocorridos antes do início da lei que os houver instituído ou aumentado.”

Porém, deve-se observar o disposto no artigo 106 do CTN:

CAPÍTULO III

Aplicação da Legislação Tributária Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116. Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

Nota-se que as exceções ao princípio da irretroatividade se dão basicamente nos

casos de leis posteriores que visem interpretar uma norma tributária ou que seja mais

vantajosa ao contribuinte.

Princípio da Vedação do Confisco: (art. 150, VI da CRFB/1988). A análise acerca

do caráter confiscatório do tributo é subjetiva e deve ser feita pelo Poder Judiciário, em

cada caso. Confisco significa “o ato pelo qual se apreendem e se adjudicam ao fisco bens

pertencentes a outrem, por ato administrativo ou por sentença judicial, fundados em lei”

(SILVA, De Plácido apud SABBAG, p.237).

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Para Paulo César Bária de Castilho “o confisco tributário consiste em uma ação do

Estado, empreendida pela utilização do tributo, a qual retira a totalidade ou parcela

considerável da propriedade do cidadão contribuinte, sem qualquer retribuição econômica

ou financeira.” (apud SABBAG, p.237)

Princípio da Liberdade de Tráfego: (art. 150, V da CRFB/1988). Como ensina

Hugo de Brito Machado (p. 48) “essa regra não impede a cobrança de impostos sobre a

circulação em operações interestaduais ou intermunicipais. O que ela proíbe é a instituição

de tributo em cuja hipótese de incidência seja elemento essencial a transposição de fronteira

interestadual ou intermunicipal.”

O professor Luciano Amaro esclarece que “o que a Constituição veda é o tributo que

onere o tráfego interestadual ou intermunicipal de pessoas e de bens; o gravame tributário

seria uma forma de limitar esse tráfego. Em última análise, o que está em causa é a

liberdade de locomoção (de pessoas e de bens), mais do que a não discriminação de bens

ou pessoas, a pretexto de irem para outra localidade ou de lá virem; ademais, prestigiam-

se a liberdade de comércio e o princípio federativo.” (apud SABBAG, p. 206)

Proibi-se, por exemplo, a criação de um imposto cujo fato gerador seja a entrada

num Estado, a passagem de sua fronteira ou, ainda, uma taxa como a “taxa municipal de

turismo” para se entrar numa cidade litorânea.

As exceções a este princípio são os pedágios, conforme parte final do próprio inciso

V da CRFB/1988 e o supracitado ICMS. Embora o fato gerador deste imposto seja a

circulação de mercadorias, e não a passagem da fronteira entre os Estados, a doutrina

reconhece lícita a exigência do seu pagamento por meio das autoridades fiscais atuantes

nos postos de fiscalização localizados nas estradas, logo após as dividas dos Estados.

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Obrigação tributária

A obrigação tributária é conceituada como “a relação jurídica em virtude da qual o

particular (sujeito passivo) tem o dever de prestar dinheiro ao Estado (sujeito ativo), ou de

fazer, não fazer ou tolerar algo no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos,

e o Estado tem o direito de constituir contra o particular um crédito.” (MACHADO, p. 108)

Ela pode ser principal, quando tem por objeto o pagamento de tributo ou de

penalidade pecuniária (art. 113 § 1° - CTN) ou acessória, quando o objeto constitui-se em

prestações, positivas ou negativas, com vistas ao interesse da arrecadação ou da fiscalização

(art. 113 § 2° - CTN). Ex. manutenção e apresentação dos livros fiscais; prestação de

informações, declarações etc.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

04 elementos

1) Sujeito ativo 2) Sujeito passivo

3) Objeto 4) Causa

Sujeito ativo

Art. 119 do CTN - Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para

exigir o seu cumprimento.

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☼ Ver competência tributária: artigos 6º ao 8º do CTN.

- Sujeito ativo direto: entes tributantes. Tem competência também para a instituição do tributo.

- Sujeito ativo indireto: entes parafiscais. Ex. CREA, CRM, CRC, OAB, INSS etc Tem capacidade tributária ativa para arrecadar e fiscalizar o tributo.

Sujeito Passivo

Art. 121 do CTN - Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Contribuinte = sujeito passivo direto – art. 121 I CTN

Responsável = sujeito passivo indireto – art. 121 II CTN

Objeto

Qual a prestação a qual o contribuinte ou responsável está submetido?

- Na obrigação principal é o pagamento (obrigação de dar - patrimonialidade).

- Na obrigação acessória são as prestações positivas ou negativas (obrigação de fazer

ou não fazer - instrumentalidade).

Art. 113 do CTN - A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou

penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou

negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

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Causa

“Vínculo jurídico motivador do liame jurídico obrigacional entre o sujeito ativo e o sujeito

passivo.” (SABBAG, P. 743)

Art. 114. CTN - Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e

suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. CTN - Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação

aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.

Importante:

Hipótese de incidência: “momento abstrato previsto em lei, hábil a deflagrar a relação jurídico-tributária.” (SABBAG, 723)

Fato gerador: concretização da hipótese de incidência. Quando nasce a relação obrigacional. É ele que define a natureza jurídica do tributo (taxa, imposto ou contribuição de melhoria).

→ Ver Art. 116 do CTN

Classificação doutrinária do Fato Gerador

Fatos geradores instantâneos (ou simples): um simples ato, negócio ou operação o realiza. Ex. ICMS; IPI; II; IE; IOF; ITBI; ITCMD; IR sobre ganho de capital em aplicação financeira; IRRF (IR retido na fonte).

Fatos geradores periódicos ou complexivos (ou complexo): “não ocorrem hoje ou amanhã, mas sim durante um longo período, ato término do qual se valoriza uma determinada quantia de fatos isolados que, somados, aperfeiçoam o fato gerador do tributo.” (SABBAG, 729)

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Fatos geradores continuados ou contínuos (fato gerador de período ou por período): “a sua realização se dá de forma duradoura e estável no tempo; a matéria tributável tende a permanecer, existindo hoje e amanhã. Período em geral de um ano e com uma data de corte definida.” (SABBAG, 729) Ex. IPTU, ITR e IPVA.

Crédito tributário

Os arts. 139 e seguintes do CTN tratam do lançamento tributário, ato administrativo

documental vinculado (obrigatório por parte do agente estatal-fiscal) que, uma vez

aperfeiçoado, ensejará o momento da cobrança do tributo, o momento da exigibilidade da

relação jurídico-tributária pelo Fisco.

Em Direito tributário, lançamento é um ato administrativo pelo qual a pessoa

jurídica de direito público constitui o crédito tributário, identificando os seguintes cinco

elementos:

- 1) fato gerador

- 2) a matéria tributária

- 3) o montante (valor) do tributo devido

- 4) o sujeito passivo (o contribuinte ou responsável)

- 5) eventual penalidade cabível caso o contribuinte não cumpra a sua

responsabilidade tributária

A definição legal está no art. 142 do CTN. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo

lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

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O lançamento pode ser de ofício, também denominado direto, em que o Fisco dispõe

de dados suficientes à realização do lançamento sem qualquer auxílio por parte do

contribuinte. Exemplos: IPVA, IPTU, taxas e contribuição de melhoria.

Pode ser, ainda, misto (ou por declaração), ato representado por uma ação

conjugada entre o Fisco e o contribuinte, e este contribui suprindo lacunas de informação

da qual aquele não dispõe por meio de declaração prestada. Ex. impostos aduaneiros.

Finalmente, temos o lançamento por homologação, ou autolançamento, onde o

contribuinte auxilia ostensivamente a Fazenda, bastando ao Fisco a conferência dos dados

prestados e sua homologação. Exemplos: ICMS, IR, IPI, dentre outros.

Para se chegar até o crédito tributário, temos então o seguinte caminho a percorrer:

Competência tributária e Espécies tributárias

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CONCEITO DE TRIBUTO

Art. 3º do CTN - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa

exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa

plenamente vinculada.

Prestação pecuniária

→ em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir. Ver. Art. 162 do CTN.

Exceção: dação em pagamento (art. 156 XI CTN) em bem imóvel.

Logo, é vedado o pagamento:

In natura: Ex. parte da produção de ouro, de soja etc.

In labore: Ex. prestar serviços à Administração Pública.

Prestação diversa de sanção

→ A hipótese de incidência do tributo deve ser sempre lícita.

☼ E quando uma atividade é ilegal, mas gera renda, por exemplo? Deve ser cobrado

o imposto de renda, neste caso?

Resposta: Sim. A aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica dos rendimentos

efetivamente ocorreu. Cobra tributo até em respeito a uma regra chamada: Princípio do

pecunia non olet. Ver. 118 e 126 CTN.

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“Quando se diz que o tributo não constitui sanção de ato ilícito, isto quer dizer que a lei não

pode incluir na hipótese de incidência tributária o elemento ilicitude. Não pode estabelecer

como necessária e suficiente à ocorrência da obrigação de pagar um tributo uma situação

que não seja lícita. Se o faz, não está instituindo um tributo, mas uma penalidade. Todavia,

um fato gerador de tributo pode ocorrer em circunstâncias ilícitas, mas essas circunstâncias

são estranhas à hipótese de incidência do tributo, e por isso mesmo irrelevantes do ponto

de vista tributário.” (Hugo de Brito Machado, Curso de Direito Tributário, p. 60, 20ª ed.)

Compulsoriedade

→ Obrigação não contratual, mas advinda da lei, sem qualquer manifestação de vontade do

sujeito passivo.

“Prestação pecuniária compulsória quer dizer o comportamento obrigatório de uma

prestação em dinheiro, afastando-se, de plano, qualquer cogitação inerente às prestações

voluntárias.” (Paulo de Barros Carvalho, Curso de direito tributário, 16ª ed. p.25 apud

SABBAG, p.)

Instituição por meio de lei

→ Regra que advém do Princípio Constitucional da Legalidade. (Art. 150 I da CRFB/1988)

Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

→ Nada fica a critério da autoridade administrativa!

Houve o lançamento, tem que cobrar!

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“A cobrança há de ser feita na oportunidade, pela forma e meios estabelecidos na

lei, sem que à autoridade caiba decidir se cobra de fulano e deixa de cobrar de beltrano,

por este ou aquele motivo. Ou o tributo é devido, nos termos da lei, e neste caso há de ser

cobrado, ou não é devido, também nos termos da lei, e neste caso não será cobrado.”

(MACHADO, p. 63)

ESPÉCIES DE TRIBUTOS

Impostos Taxas Contribuições de Melhoria Empréstimos Compulsórios Contribuições

Impostos

Art. 16 do CTN - Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de

qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.

→ Há o dever de pagar os impostos sem que necessariamente o Estado (governo) tenha

que fazer algo em compensação diretamente a quem paga.

IMPOSTOS

Competência

para instituir

União

(Impostos Federais)

Estados

(Impostos

Estaduais)

Municípios

(Impostos

Municipais)

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II - Imposto de

Importação

IE – Imposto de

Exportação

IR – Imposto sobre a

renda e proventos de

qualquer natureza

IPI – Imposto sobre

produtos

industrializados

IOF – Imposto sobre

operações de

crédito, câmbio,

seguro ou relativas a

Títulos de Valores

Mobiliários.

ITR – Imposto

Territorial Rural

ITCMD – Imposto

sobre Transmissão

Causa Mortis e

Doação, de

quaisquer bens e

direitos.

ICMS – Imposto

sobre operações

relativas à Circulação

de Mercadorias e

sobre prestações de

Serviços de

transporte

interestadual e

intermunicipal e de

comunicação.

IPVA – Imposto

sobre a Propriedade

de Veículos

Automotores.

IPTU – Imposto

sobre a Propriedade

Predial e Territorial

Urbana.

ISS – Imposto

sobre Serviços de

Qualquer Natureza.

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Taxas

De acordo com o art. 145 II da CRFB/1988, as taxas se dão em razão do exercício do

poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e

divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição.

No mesmo sentido já expunha o CTN, senão vejamos:

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no

âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.

Neste caso, ao contrário do imposto, o Estado está obrigado a prestar o serviço relativo

à taxa, disponibilizando-o ao usuário (contribuinte) para seu efetivo ou potencial usufruto.

Por isso é classificado como um tributo vinculado.

Art. 78 do CTN. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou

disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Art. 79. Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: I - utilizados pelo contribuinte: a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à sua disposição mediante

atividade administrativa em efetivo funcionamento; II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de utilidade,

ou de necessidades públicas; III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos seus

usuários. Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se compreendidas no âmbito das

atribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo a Constituição Federal, as Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas pessoas de direito público.

Exemplos de taxas de polícia (conteúdo tipicamente fiscalizatório): taxa municipal de

fiscalização de anúncio; taxa federal pela fiscalização dos mercados de títulos e valores

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mobiliários (cobrada pela CVM); taxa federal de controle e fiscalização ambiental (cobrada

pelo IBAMA).

Exemplos de taxas de serviço (taxas de utilização de serviços públicos específicos e

divisíveis): taxa estadual de incêndio; taxa municipal de esgoto; taxa municipal de

sepultamento.

Observação: quando um serviço pode ser delegado, dada sua prescindibilidade ao

interesse público, ou já está concedido a uma empresa privada, denomina-se a cobrança de

“tarifa” e não de “taxa”, a exemplo dos pedágios das rodovias ditas “privatizadas”. Estas

rodovias, aliás, na verdade não são privadas, mas apenas possuem gestão particular deste

bem público, mediante concessão por prazo determinado fixado no respectivo edital de

licitação.

Contribuições de Melhoria

Contribuição de melhoria “é um tributo vinculado, cujo fato gerador é a valorização de

imóvel do contribuinte, decorrente de obra pública” (MACHADO, p.381)

Vide artigo 81 do CTN: A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito

Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo

de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como

limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

Os requisitos deste tributo, não muito usual no Brasil, estão no artigo 82 do CTN.

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Empréstimos Compulsórios

Com previsão na CRFB/1988, o empréstimo compulsório é um tributo que só pode

ser instituído pela União.

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

Como o próprio nome sugere, é um tributo que tem como peculiaridade o fato de ser

restituível ao contribuinte. Já foi instituído no Brasil na década de 1980, sobre o preço dos

combustíveis, de forma que cada vez que o consumidor abastecia seu veículo,

necessariamente o pagava, na expectativa de ser restituído mediante a apresentação dos

comprovantes de pagamento (nota fiscal).

Contribuições

De acordo com Eduardo Sabbag “são tributos destinados ao financiamento de gastos

específicos, sobrevindo no contexto de intervenção do Estado no campo social e econômico,

sempre no cumprimento dos ditames da política de governo.” (p.539)

Conforme o art. 149 da CRFB/1988 são de competência exclusiva da União (federal)

as seguintes contribuições: I – contribuições sociais (contribuições ao salário-educação, ao

sistema “S”; contribuições da Seguridade Social – sobre o importador e a receita de loterias

etc; contribuições sobre o empregador e a empresa – folha de pagamentos, PIS/PASEP,

lucro líquido, COFINS); II – contribuições de intervenção no domínio econômico (Ex. CIDE)

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e III – contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas (Ex. anuidades

da OAB, CREA, CRM; CRA etc; contribuições sindicais).

CONFLITOS DE COMPETÊNCIA - art. 146 I CRFB/1988 (Dúvidas sobre a quem

devo pagar tributo...)

Dada a distribuição constitucional das competências, não há conflitos evidentes, mas

meras dúvidas quanto à competência tributária, servindo a lei complementar para sanar.

Exemplo 1. recauchutagem de pneus. IPI (há industrialização do processo?) ou ISS

(serviço?)? R: Serviço. ISS (imposto municipal) Item 14.04 da LC 116/2003 (ISS).

Exemplo 2: fornecimento de mercadorias?

“ICMS E ISS - FORNECIMENTO DE MATERIAIS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS COM FORNECIMENTO DE MERCADORIA

Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa à Lei Complementar 116/2003, os serviços

nela mencionados não ficam sujeitos ao ICMS, ainda que sua prestação envolva

fornecimento de mercadorias.

A regra da LC 116/2003 (artigo 1º, parágrafo 3º) é a de que os serviços listados ficam

sujeitos apenas e tão somente ao ISS, salvo se a própria lista contiver exceção no sentido

de que o ICMS seja devido sobre o fornecimento de mercadorias, em cada caso.

FORNECIMENTO DE MERCADORIAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NÃO ESPECIFICADOS

NA LISTA

O fornecimento de mercadoria com prestação de serviços não especificados na lista fica

sujeito ao ICMS.

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Geralmente no preço de venda da mercadoria já está contemplado também o valor do

serviço, o qual, via de regra, é meramente acessório.” Fonte:

http://www.portaltributario.com.br/guia/iss_mercadorias.html

Ilícito tributário

Além do pagamento de multas (penalidade administrativa) pelo descumprimento de

obrigações tributárias, existem dispositivos em lei que estabelecem como crimes condutas

relacionadas ao dever de todo cidadão com o fisco.

Vamos a alguns deles:

Lei Federal nº 8.137/90

Define crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras

providências.

“CAPÍTULO I

Dos Crimes Contra a Ordem Tributária

Seção I

Dos crimes praticados por particulares

Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer

acessório, mediante as seguintes condutas:

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza,

em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

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III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à

operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda

de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecêla em desacordo com a legislação.

Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá

ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao

atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.

Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:

I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para

eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;

II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na

qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;

III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela

dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;

IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto

liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;

V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação

tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

(...)”

Introdução à legislação aduaneira

A partir das regras gerais tributárias até o momento expostas, ainda que de forma

rápida e resumida, já é possível conferir alguns efeitos práticos, aplicando-os, inclusive, no

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que tange à legislação aduaneira, sobre a qual remetemos ao sítio da Receita Federal do

Brasil, dada sua constante atualização.

http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira

RESUMO

O Direito Tributário estuda a relação entre os contribuintes e os entes públicos, detentores

do poder de cobrar impostos, taxas, contribuições e outras espécies tributárias dos cidadãos

e das pessoas jurídicas.

Os princípios tributários mais importantes são os da Legalidade; Anterioridade; Igualdade

ou da Isonomia; Capacidade Contributiva; Irretroatividade; Vedação do Confisco e da

Liberdade de tráfego.

Para a caracterização da obrigação tributária, que pode ser principal ou acessória, há a

necessidade de estarem presentes quatro elementos a saber: 1) sujeito ativo; 2) sujeito

passivo; 3) objeto e 4) causa.

Hipótese de incidência é conceituada como “momento abstrato previsto em lei, hábil a

deflagrar a relação jurídico-tributária.” (SABBAG, 723)

Já o fato gerador é a concretização da hipótese de incidência. Quando nasce a relação

obrigacional

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Lançamento é um ato administrativo pelo qual a pessoa jurídica de direito público constitui

o crédito tributário, identificando os seguintes cinco elementos: 1) o fato gerador; 2) a

matéria tributária; 3) o montante (valor) do tributo devido; 4) o sujeito passivo (o

contribuinte ou responsável) e 5) eventual penalidade cabível caso o contribuinte não

cumpra a sua responsabilidade tributária.

Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa

exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante

atividade administrativa plenamente vinculada.

São espécies tributárias: os impostos; as taxas; as contribuições de melhoria; os

empréstimos compulsórios e as contribuições.

Atividades Propostas

Participação e tira dúvidas no(s) fórum(s).

Exercício de Fixação

Com base no exercício abaixo, sabendo que o gabarito é a letra “c”, cujas únicas

exceções ao princípio da irretroatividade estão no art. 106 do CTN, busquem as

justificativas para considerarem as demais alternativas incorretas.

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(Banca: FGV. Prova da OAB/2014 – Exame Unificado XIV) 1- Visando a proteger a indústria

de tecnologia da informação, o governo federal baixou medida, mediante decreto, em que

majora de 15% para 20% a alíquota do Imposto sobre a Importação de Produtos

Estrangeiros para monitores de vídeo procedentes do exterior, limites esses que foram

previstos em lei. A respeito da modificação de alíquota do Imposto de Importação, assinale

a afirmativa correta.

A) Deve observar a reserva de lei complementar.

B) Deve ser promovida por lei ordinária.

C) Deve observar o princípio da irretroatividade.

D) Deve observar o princípio da anterioridade.

REFERÊNCIAS

BARSANO, Paulo Roberto Filho, et. al. Tributação e Legislação Logística. São Paulo: Ed. Erica, 2014.

BRASIL, Código Tributário Nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm> Acesso em 22. jul. 2017.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em 22. jul. 2017. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 20 ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2002. MARTINS, Sérgio Pinto. Instituições de Direito Público e Privado. 14 ed. São Paulo: Atlas, 2014.

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PAULSEN, Leandro. Impostos federais, estaduais e municipais. 9 ed. rev. e atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015. PORTAL TRIBUTÁRIO. Disponível em: <http://www.portaltributario.com.br/guia/iss_mercadorias.html> Acesso em 22. jul. 2015. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. Disponível em: < http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira > Acesso em 31. jul. 2017. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Disponível em: <www.stf.jus.br> Acesso em: 06 dez. 2014.

SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.