Upload
others
View
2
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
ASSOCIAÇÃO ENTRE A CULTURA DA ORGANIZAÇÃO E O
COMPROMETIMENTO DOS COLABORADORES EM UMA REDE DE SAÚDE NO
SUL DO BRASIL
Glaucia Trevisan
RESUMO
Diante da carência de estudos que relacionem os construtos comprometimento e cultura
organizacionais em organizações hospitalares, este trabalho tem o propósito de investigá-los
com vistas a preencher a lacuna detectada nessa área de conhecimento. A cultura das
organizações públicas de saúde não tem sido um tema amplamente estudado no Brasil, e as
pesquisas existentes foram desenvolvidas principalmente na última década. Em relação à
cultura das organizações privadas de saúde no país, não foram encontradas investigações
sobre a temática, razão pela qual se destaca a relevância deste estudo. Acredita-se que a
cultura organizacional influencia e condiciona a relação entre as pessoas, podendo interferir
no comprometimento dentro da instituição. Este estudo teve como objetivo geral identificar a
associação entre a cultura da organização e o comprometimento organizacional dos
colaboradores que atuam nas áreas assistencial e de apoio das unidades hospitalares da RSDP
no ano de 2017. Os objetivos específicos foram: aferir as bases de comprometimento pelo
instrumento EBACO, avaliar a cultura organizacional pelo IBACO e correlacionar os dados.
O problema de pesquisa buscou responder ao seguinte questionamento: a cultura
organizacional está associada ao comprometimento dos colaboradores que atuam nos
hospitais que compõem a RSDP? Foi um estudo quantitativo, transversal e descritivo. Os
participantes foram enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas
ocupacionais, médicos, psicólogos e assistentes sociais que atuam nas instituições da RSDP e
que possuem vínculo trabalhista com essa entidade. Em relação aos resultados, as bases
afetiva, obrigação pelo desempenho e falta de recompensas e oportunidades apresentaram alto
grau de comprometimento. Os resultados que avaliam a cultura organizacional segundo a
percepção dos seus membros, por meio de valores e práticas, demonstram que os fatores 1 -
Valores de profissionalismo corporativo (VPC), 4 - Valores associados à satisfação e ao bem
estar dos empregados (VBE), 5 - Práticas de integração externa (PIE) e 7 - Práticas de
promoção do relacionamento interpessoal (PPR) apresentam maiores resultados, em que o
valor ou a prática organizacional se destaca na instituição. Conclui-se que há associação,
mesmo que fraca, entre a cultura da instituição e o comprometimento do colaborador.
Palavras-chave: Comprometimento. Cultura organizacional. EBACO. IBACO.
1 INTRODUÇÃO
A avaliação da cultura organizacional em hospitais brasileiros verificou a existência de
centralização do poder e de pouca valorização dos trabalhadores. A história da administração
brasileira marcada por autoritarismo, e o modelo de organização e de gestão baseado no
trabalho, na burocracia excessiva que leva à formalização das relações, com ênfase no
trabalho, desvalorizando a autonomia do indivíduo. Instituições com uma cultura orientada
para os trabalhadores valorizam as competências e as habilidades individuais, proporcionando
condições para o desenvolvimento da autonomia e da liberdade no trabalho e,
Discente do curso de MBA Gestão em Saúde da Universidade La Salle – Unilasalle, matriculada na disciplina
de Trabalho de Conclusão de Curso. E-mail: [email protected], sob a orientação do Prof. Dr. Márcio
Manozzo Boniatti. E-mail [email protected]. Data de entrega: 4 dez. 2017.
2
consequentemente, gerando bem-estar e satisfação individual. (ROCHA et al., 2016).
Da mesma forma, o comportamento dos trabalhadores, dos gestores e da própria
instituição é determinado pela cultura organizacional, a qual agrega valores, crenças e
diversas dimensões da empresa, como suas estratégias e objetivos e o modo de organização e
de gestão do trabalho adotado. (MARZIALE et al., 2013).
Em todas as bases bibliográficas, é unânime concluir que a cultura organizacional é
resultado das crenças e dos valores e orienta as ações em todos os níveis da organização. Para
alguns autores, a cultura organizacional reflete a história da organização. Os valores
organizacionais são a base da organização e são ensinados de geração para geração,
orientando o comportamento diário dos profissionais e reforçando o comportamento do grupo.
Dessa forma, entende-se a importância de conhecer a cultura organizacional, pois é ela que
direciona as ações diárias. Alguns estudos informam que, muitas vezes, a percepção da alta
direção em relação à cultura da instituição é muito diferente das ações e do comportamento
dos seus colaboradores, corroborando novamente a importância de conhecer a relação que
deve existir entre o comprometimento e a cultura de determinada organização. (ROCHA et
al., 2014).
O comprometimento organizacional é um vínculo existente entre o indivíduo e a
organização em que ele trabalha. Bandeira, Marques e Veiga (2000) entendem o
comprometimento organizacional como um forte vínculo entre os indivíduos e a organização,
que dispensaria energia e lealdade nessa relação.
Alguns estudos evidenciam que o comprometimento pode influenciar as atitudes e os
comportamentos, como deveres relacionados à pontualidade, assiduidade, absenteísmo,
resistência às mudanças e desempenho individual. Inúmeros estudos buscam compreender as
razões que caracterizam a ligação do indivíduo com a organização, um vínculo que é
demonstrado pela lealdade. Nos últimos anos, as organizações têm despendido esforços para
reter, qualificar e manter os colaboradores comprometidos com o trabalho. Não está claro
exatamente quais são os componentes que influenciam o comprometimento organizacional.
Entretanto, é possível deduzir que a principal influência envolve o vínculo emocional entre o
indivíduo e a sua organização. (VIANA, 2012).
O comprometimento organizacional é um fenômeno dinâmico que muda com o tempo.
Organizações são unidades fluídas e dinâmicas, que deveriam considerar os indivíduos e as
organizações em diferentes momentos do tempo. Cresce a tendência de considerar o
comprometimento como um vínculo afetivo, que envolve identificação e apego. É necessário
entender o comprometimento como uma relação entre as partes, ou seja, uma relação entre os
trabalhadores e a sua organização. Também é importante compreender as mudanças que
ocorrem nos níveis de comprometimentos, fazendo com que fatores individuais, grupais,
organizacionais e sociais interajam para tornar os trabalhadores mais ou menos
comprometidos. (BOTELHO; PAIVA, 2011).
Atualmente, existem poucas pesquisas que vinculam o comprometimento e a cultura
organizacional. Entende-se que a cultura é um requisito que antecede o comprometimento,
exercendo o papel de produzir membros mais comprometidos, influenciando o
comportamento na medida em que padrões são internalizados pelos indivíduos. (RAMALHO,
2008).
2 MÉTODOS
Este trabalho caracterizou-se como um estudo descritivo e transversal com abordagem
quantitativa dos dados.
A pesquisa foi realizada nas quatro unidades hospitalares que compõem a RSDP.
3
A coleta de dados foi realizada através de três questionários. A ferramenta utilizada foi
o recurso da Internet formulários Google® (docs.google.com). O primeiro instrumento trouxe
informações sociodemográficas dos participantes da pesquisa: gênero, idade, tempo de
atuação profissional, tempo de atuação na instituição e jornada de trabalho mensal, através de
perguntas fechadas (Apêndice 1). O segundo instrumento aplicado foi a EBACO (Anexo 1).
A escala é composta de 28 itens, sendo quatro para cada uma das sete bases, respectivamente
(BASTOS et al., 2008). O terceiro instrumento aplicado foi o IBACO. (Anexo 2). Instrumento
elaborado e validado por pesquisadores brasileiros e objetiva avaliar a cultura organizacional
por meio dos valores e das práticas que a tipificam, segundo a percepção de seus membros.
Foi utilizado o questionário simplificado, composto por 30 afirmativas. Os fatores são
associados da seguinte forma: três são associados a valores e três são associados a práticas
organizacionais, como apresentado abaixo:
a) Fatores associados a valores
Fator 1 – Valores de profissionalismo corporativo (VPC): compõe-se de 5 itens (48, 56,
61, 65, 68) relacionados à valorização dos empregados que executam suas tarefas com
eficácia e competência, demonstrando espírito de colaboração, habilidade, dedicação,
profissionalismo e capacidade de iniciativa, contribuindo, desse modo, para o alcance das
metas comuns da organização.
Fator 3 – Valores de profissionalismo competitivo e individualista (VPI): consiste de 5
itens (nº 73, 74, 77, 89, 94) que denotam a valorização prioritária da competência, do
desempenho e da eficácia individuais na execução de tarefas para a obtenção dos objetivos
desejados, ainda que isso implique a necessidade de “passar por cima” dos colegas que
almejam objetivos semelhantes.
Fator 4 – Valores associados à satisfação e ao bem estar dos empregados (VBE): reúne
5 itens (nº 16, 21, 34, 41, 58) concernentes à valorização do bem-estar, da satisfação e da
motivação dos empregados, isto é, à humanização do local de trabalho, de modo a torná-lo
agradável e prazeroso.
b) Fatores associados à prática:
Fator 5 – Práticas de integração externa (PIE): é composto de 5 itens (nº 10, 19, 22, 28,
53) associados a práticas voltadas para o planejamento estratégico, a tomada de decisões e o
atendimento ao cliente externo, com foco, portanto, nos escalões superiores da organização.
Fator 6 – Práticas de recompensa e treinamento (PRT): congrega 5 itens (nº 20, 36, 54,
79, 85) relacionados a práticas vinculadas
Fator 7 – Práticas de promoção do relacionamento interpessoal (PPR): consiste de 5
itens (nº 2, 33, 43, 64, 80) referentes a práticas orientadas para a promoção das relações
interpessoais e satisfação dos empregados, favorecendo, assim, a coesão interna. (FERREIRA
et al., 2002).
A EBACO foi analisada pelas suas sete bases de comprometimento, somando os
resultados da coluna I de acordo com as bases (ex.: afetiva/4). O Quadro 2 apresenta as setes
bases de comprometimento da EBACO.
4
Quadro 1 – Bases de comprometimento – EBACO Base Questões
a) Afetiva C1 a C4
b) Obrigação em permanecer C5 a C8
c) Obrigação pelo desempenho C9 a C12
d) Afiliativa C13 a C16
e) Falta de reconhecimento e oportunidade C17 a C20
f) Linha consistente de atividade C21 a C24
g) Escassez de alternativas C25 a C28
Fonte: Adaptado de FERREIRA; ASSMAR, 2008, p. 125-138.
A população deste estudo foram os enfermeiros, os farmacêuticos, os nutricionistas, os
fisioterapeutas, os terapeutas ocupacionais, os médicos, os psicólogos e os assistentes sociais
que atuam nas instituições da RSDP e que possuíam vínculo trabalhista com essa entidade.
Foram incluídos no estudo os profissionais descritos acima como participantes da
pesquisa, de ambos os sexos, que atuam nas unidades da RSDP, que estivessem exercendo
suas atividades no período da coleta de dados, que aceitaram participar da pesquisa, que
possuam vínculo empregatício.
Os questionários foram aplicados buscando a lista com nomes dos colaboradores através
do setor de Recursos Humanos da RSDP, recrutamento se deu por e-mail e também por
abordagens verbais solicitando a participação. O pesquisador contou com a ajuda dos
coordenadores para a divulgação. A coleta aconteceu entre os meses de agosto e setembro de
2017.
3 ANÁLISE DOS DADOS
O IBACO foi analisado da seguinte forma: na avaliação das percepções individuais
sobre a cultura da organização, a correção da escala é feita mediante o cálculo da soma dos
pontos atribuídos a cada um dos itens que integram o fator e de sua divisão pelo número de
itens que o compõem. (FERREIRA; ASSMAR, 2008).
Fator 1 – Valores de profissionalismo corporativo (VPC): compõe-se de 5 itens (48, 56,
61, 65, 68) relacionados à valorização dos empregados que executam suas tarefas com
eficácia e competência, demonstrando espírito de colaboração, habilidade, dedicação,
profissionalismo e capacidade de iniciativa, contribuindo, desse modo, para o alcance das
metas comuns da organização. Calcula-se através da soma dos 5 itens, dividido por 5.
Fator 3 – Valores de profissionalismo competitivo e individualista (VPI): consiste de 5
itens (nº 73, 74, 77, 89, 94) que denotam a valorização prioritária da competência, do
desempenho e da eficácia individuais na execução de tarefas para a obtenção dos objetivos
desejados, ainda que isso implique a necessidade de “passar por cima” dos colegas que
almejam objetivos semelhantes. Calcula-se através da soma dos 5 itens, dividido por 5.
Fator 4 – Valores associados à satisfação e ao bem estar dos empregados (VBE): reúne
5 itens (nº 16, 21, 34, 41, 58) concernentes à valorização do bem-estar, da satisfação e da
motivação dos empregados, isto é, à humanização do local de trabalho, de modo a torná-lo
agradável e prazeroso. Calcula-se através da soma dos 5 itens, dividido por 5.
Fatores associados à prática:
5
Fator 5 – Práticas de integração externa (PIE): é composto de 5 itens (nº 10, 19, 22, 28,
53) associados a práticas voltadas para o planejamento estratégico, a tomada de decisões e o
atendimento ao cliente externo, com foco, portanto, nos escalões superiores da organização.
Calcula-se através da soma dos 5 itens, dividido por 5.
Fator 6 – Práticas de recompensa e treinamento (PRT): congrega 5 itens (nº 20, 36, 54,
79, 85) relacionados a práticas vinculadas aos clientes internos e aos sistemas de recompensas
e treinamento adotados pela empresa. Calcula-se através da soma dos 5 itens, dividido por 5.
Fator 7 – Práticas de promoção do relacionamento interpessoal (PPR): consiste de 5
itens (nº 2, 33, 43, 64, 80) referentes a práticas orientadas para a promoção das relações
interpessoais e satisfação dos empregados, favorecendo, assim, a coesão interna. (FERREIRA
et al., 2002). Calcula-se através da soma dos 5 itens, dividido por 5.
Os itens em todos os fatores, segundo Ferreira e Assmar (2008, p. 131) “podem variar
de 1 a 5, sendo que, quanto maior o resultado, maior o grau em que o valor ou a prática
organizacional encontra-se presente na organização avaliada”.
A EBACO foi analisada pelas suas sete bases de comprometimento, a análise é
realizada através da multiplicação do resultado por um escore específico para cada questão. O
resultado final é dado pelo somatório de determinadas questões, divididas por 4, depois
baseado nos valores de referência se atribui o nível de comprometimento O Quadro 2
apresenta as setes bases de comprometimento da EBACO, enquanto o Quadro 3 explicita a
classificação originada a partir de tais bases.
Quadro 2 – Bases de comprometimento – EBACO
Base Questões
a) Afetiva C1 a C4
b) Obrigação em permanecer C5 a C8
c) Obrigação pelo desempenho C9 a C12
d) Afiliativa C13 a C16
e) Falta de reconhecimento e oportunidade C17 a C20
f) Linha consistente de atividade C21 a C24
g) Escassez de alternativas C25 a C28
Fonte: Adaptado de FERREIRA; ASSMAR, 2008, p. 125-138.
Quadro 3 – Critérios para classificação – EBACO
Base Valores de referência Nível de comprometimento
Abaixo de 5,87 Baixo comprometimento
Entre 5,87 a 11,21 Comprometimento abaixo da média
Entre 11,21 a 16,55 Comprometimento acima da média
Maior 16,55 Alto comprometimento
Abaixo de 10,62 Baixo comprometimento
Entre 10,62 a 14,69 Comprometimento abaixo da média
Entre 14,69 a 18,75 Comprometimento acima da média
Maior 18,75 Alto comprometimento
6
Base Valores de referência Nível de comprometimento
c) Obrigação pelo desempenho: C9 a
C12
Abaixo de 3,60 Baixo comprometimento
Entre 3,60 a 8,38 Comprometimento abaixo da média
Entre 8,38 a 13,34 Comprometimento acima da média
Maior 13,34 Alto comprometimento
Abaixo de 14,77 Baixo comprometimento
Entre 14,77 a 16,82 Comprometimento abaixo da média
Entre 16,82 a 17,88 Comprometimento acima da média
Maior 17,88 Alto comprometimento
Abaixo de 4,36 Baixo comprometimento
Entre 4,36 a 8,78 Comprometimento abaixo da média
Entre 8,78 a 13,20 Comprometimento acima da média
Maior 13,20 Alto comprometimento
Abaixo de 8,52 Baixo comprometimento
Entre 8,52 a 12,13 Comprometimento abaixo da média
Entre 12,13 a 15,63 Comprometimento acima da média
Maior 15,63 Alto comprometimento
Abaixo de 11,46 Baixo comprometimento
Entre 11,46 a 14,78 Comprometimento abaixo da média
Entre 14,78 a 17,85 Comprometimento acima da média
Maior 17,85 Alto comprometimento
Fonte: Adaptado de FERREIRA; ASSMAR, 2008, p. 125-138.
A base A, Afetiva, é caracterizada pela crença e identificação com a filosofia, valores e
objetivos organizacionais.
A base B, obrigação em permanecer é a crença que se sentiria culpado em deixar, de
que não seria certo deixar, e de que tem uma obrigação moral com as pessoas da organização.
A base C, obrigação pelo desempenho é a crença que deve se esforçar em benefício da
organização e que deve buscar cumprir suas tarefas e atingir os objetivos organizacionais.
A base D, Afiliativa é a crença que é reconhecido pelos colegas como membro do grupo
e da organização.
A base E, Falta de recompensa e oportunidade é a crença de que o esforço extra em
benefício da organização deve ser recompensado e que a organização deve lhe dar maior
oportunidade.
A base F, Linha consistente de atividade é a crença de que devem manter certas atitudes
e regras da organização com o objetivo de se manter nela.
A base G, Escassez de alternativas é a crença que possuem poucas oportunidades de
trabalho, se deixarem a organização.
A normalidade dos dados foi verificada por meio dos testes Shapiro-Wilk e
Komogorov-Smirnov. Foram utilizadas estatísticas descritivas convencionais para resumir as
características da amostra. As variáveis categóricas foram expressas em frequências absolutas
e em percentagens e avaliadas pelo teste qui-quadrado ou pelo teste exato de Fisher, para
comparação entre as categorias do comprometimento e da cultura organizacional. Para as
7
variáveis contínuas, quando da distribuição normal, foi utilizado o teste-t para amostras
independentes. Para verificar correlações entre variáveis contínuas paramétricas, a correlação
de Pearson foi aplicada. Quando a distribuição dos dados for não normal, foi utilizado o teste
de Mann-Whitney ou a correlação de Spearman. Para todas as análises, o nível de
significância estatística para o erro alfa estabelecido foi de P<0,05, bicaudal. As análises
foram processadas usando o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão
20.0 (SPSS, Chicago, IL).
O presente projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da
instituição proponente – Centro Universitário La Salle – Canoas- RS. Foram respeitados os
preceitos estabelecidos na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). O TCLE
foi enviado eletronicamente, de acordo com a legislação vigente (Apêndice 3).
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS:
Apresentação dos resultados.
Os dados do perfil sociodemográfico são apresentados na Tabela 1, abaixo:
Tabela 1 – Dados do perfil sociodemográfico
Variável
Sexo, feminino, n (%) 110 (79,1)
Jornada de trabalho, n (%)
150 h
180 h
220 h
Outras
16 (11,5)
55 (39,6)
43 (30,9)
25 (18,0)
Faixa etária, n (%)
31-35 (39,4)
36-40 (22,6)
26-30 (16,8)
41-45 (7,3)
51-56(7,3)
46-50 (4,4)
20-25 (2,2)
Tempo de atuação profissional, anos,
mediana (IIQ) 9 (5-15)
Tempo de atuação na instituição 4 anos (2 e 7 anos)
Categoria profissional, n (%)
Enfermeiro 81 (58,3)
Médico 29 (20,9)
Fisioterapeuta 12 (8,6)
Farmacêutico 6 (4,3)
Nutricionista 7 (5,0)
Psicólogo 3 (2,2)
Assistente Social 1 (0,7)
Fonte: Dados da autora, 2017.
Ao escolher os participantes da pesquisa, 311 colaboradores foram selecionados. Ao
aplicar os critérios de inclusão para o estudo, 262 (100%) estavam aptos a participar; destes,
139 (53%) colaboradores responderam à pesquisa.
Um dos objetivos específicos do estudo foi aferir as sete bases da Escala de
comprometimento organizacional (afetiva, obrigação em permanecer, obrigação pelo
desempenho, afiliativa, falta de recompensas e oportunidades, linha consistente de atividade e
escassez de alternativas). Essas bases foram categorizadas em Alto e Baixo, sendo consideradas
Altas se relacionam resultados de comprometimento acima da média e alto comprometimento
8
e Baixas se relacionam resultados de comprometimento abaixo da média e baixo
comprometimento.
As bases A, B, C e D tem relação diretamente proporcional ao desempenho das
organizações. Portanto, quanto maiores os resultados, maior é a indicação que o colaborador
se compromete com a organização através dessas bases. (FERREIRA; ASSMAR, 2008. p.
125-138).
Em relação à Base A (afetiva), 92,1% das respostas apresentam alto comprometimento.
Esse resultado informa que a maioria dos colaboradores possui alto comprometimento por se
identificarem com a filosofia, os valores e os objetivos organizacionais. A instituição em
estudo possui objetivos claros, e o carisma das Irmãs da Divina Providência é amplamente
difundido e vivido pelos seus membros. Essa identidade organizacional faz com que o
funcionário aceite a proposta de trabalho, tendo uma noção nítida da filosofia da organização.
A base afetiva remete ao caráter emocional, ao apego e ao envolvimento, quando o
colaborador se sente emocionalmente envolvido com a instituição. As instituições que
compõe a RSDP são unidades em que os colaboradores se conhecem e estabelecem vínculos,
não somente no âmbito profissional. Entende-se, também, que, se o colaborador não se
identificar com os valores da instituição, a sua permanência nela será muito mais difícil. O
comprometimento afetivo proporciona sentimentos de afetividade do indivíduo em relação à
empresa, o que favorece a sua permanência e o seu envolvimento na organização
(HOLLEBEN, 2012). Então, na população estudada, o comprometimento tem uma relação
direta com a base afetiva.
Em relação à Base B (obrigação em permanecer), 24,5% das respostas apresentam alto
comprometimento. Esse resultado indica que a minoria dos colaboradores possui alto
comprometimento relacionado à crença que eles têm uma obrigação em permanecer, que se
sentiriam culpados em deixar, que não seria certo deixar e que têm uma obrigação moral com
as pessoas da organização. Para alguns autores, a obrigação em permanecer não é um
constituinte do comprometimento e sim um consequente. Outros acreditam que essa base tem
relação estreita com a base afetiva. O resultado pode ser analisado a partir da percepção de
que o colaborador está mais comprometido com a sua carreira e não se sente obrigado a
permanecer na instituição caso tenha melhores oportunidades profissionais ou de
desenvolvimento de carreira. Resultados semelhantes podem ser analisados na geração Y, o
que não é o caso deste estudo (PUC, Rio, certificação digital Nº 1012832/CA). Esse resultado
é negativo: entende-se que o colaborador não se sente obrigado a permanecer e que, se outras
oportunidades forem ofertadas, ele poderá optar pela sua saída da instituição. Por outro lado,
pode ser interpretado de forma positiva: se está na instituição, é porque ela, no dado
momento, atende as suas expectativas e ao seu planejamento profissional. Esse resultado pode
ser mais bem explorado pela instituição. Alguns fatores podem explicar os resultados, como o
quadro de pessoal reduzido ou aquém das demandas de trabalho, as legislações trabalhistas
que alteram organizações de trabalho aplicadas há muitos anos, as normas de segurança e o
programa de qualidade. Esses fatores podem tirar o colaborador de “uma zona de conforto”,
entendida pelo funcionário como uma exigência da instituição e não como leis e portarias que
precisam ser cumpridas.
Em relação à Base C (obrigação pelo desempenho), 98,6% das respostas apresentam
alto comprometimento. Esse resultado demonstra que a maioria dos colaboradores possui alto
comprometimento relacionado à obrigação pelo desempenho. Isso significa que o colaborador
crê que deve se esforçar em benefício da organização e que deve buscar cumprir suas tarefas e
atingir os objetivos organizacionais. Esse resultado pode ser interpretado como um
comprometimento de controle, em que os colaboradores são direcionados a cumprir metas
estabelecidas pela instituição. Entende-se que o modelo de gestão atualmente utilizado pela
RSDP, a gestão por processos, contribui para que essa base seja valorizada pelos
9
colaboradores. Nesse processo de gestão, estratégias são desenhadas, indicadores estratégicos
são acompanhados mensalmente pelos gestores em reuniões com as direções das instituições e
melhorias constantes são implementadas para cumprir as metas institucionais que contribuem
também para a sustentabilidade. É interessante lembrar que a gestão por processos busca que
a dimensão “pessoas” e as relações de trabalho utilizem 80% do tempo dos gestores, reflexão
amplamente abordada em dois hospitais da RSDP que buscaram a certificação de Qualidade
pela ONA em 2016.
Os dados acima corroboram Horn e Cerutti (2013) quando afirmam que, atualmente, as
organizações buscam melhorias em processos para maior participação no mercado. Nesse
contexto, o maior bem ativo das organizações são as pessoas. A execução das tarefas depende
de políticas e de diretrizes adotadas pela organização. Empresas bem-sucedidas aprimoram a
gestão de pessoas, criando ambientes favoráveis aos trabalhadores. Nessa dimensão, a
empresa deve ter comprometimento com os funcionários. Da mesma forma, os funcionários
devem se comprometer com a empresa, internalizando os seus valores e princípios. Empresas
que adotam uma atitude de comprometimento inspiram credibilidade e confiança da
sociedade.
Um estudo afirma que pessoas comprometidas não só reduzem o absenteísmo e atrasos,
mas aumentam dramaticamente o desempenho e a eficiência, atitudes traduzidas pelo alcance
dos objetivos e pelo alinhamento com a missão da organização. (HAMIDI et al., 2017).
Em relação à Base D (afiliativa), 18,7% das respostas apresentam alto
comprometimento. Esse resultado sugere que a minoria dos colaboradores possui alto
comprometimento relacionado à afiliação. Isso significa que o colaborador não acredita que é
reconhecido pelos colegas como membro do grupo e da organização. Neste estudo, o
comprometimento dos colaboradores não se dá pela base afiliativa, ou seja, não são sugeridos
laços afetivos para ligar os membros e mantê-los comprometidos com a instituição.
A necessidade de afiliação diz respeito à necessidade que o indivíduo apresenta de
estabelecer relacionamentos afetivos e positivos com outras pessoas. Nessa mesma linha,
Robbins (2005) afirma que essa necessidade encontra-se ligada ao desejo de relacionamentos
interpessoais próximos e amigáveis. Os indivíduos com necessidades de afiliação apresentam
um forte desejo de aprovação de outras pessoas, costumam buscar amizades, apresentam
preferências por situações de cooperação ao invés de competição e envolvem-se em
relacionamentos com um alto grau de compreensão mútua. A necessidade de afiliação
encontra-se ligada à vontade de manter relacionamentos e autoafirmação perante o grupo. Os
indivíduos atribuem mais importância às pessoas do que às tarefas e procuram aprovação
social. Conclui-se que o comprometimento dos colaboradores não está vinculado diretamente
à necessidade de afiliação. Isso não quer dizer que, entre os colaboradores, não exista
cooperação, relações amigáveis e valorização da relação entre as pessoas em detrimento dos
processos. Os resultados deste estudo apontam para um perfil de colaboradores maduros, com
considerável tempo de atuação na instituição e tempo de atuação profissional, sendo esses
dados contribuintes para o trabalho em equipe, para a administração adequada de conflitos e
para o conhecimento dos estilos de liderança de cada colaborador, tornado o clima de trabalho
menos competitivo e mais humanizado. A RSDP também tem investido em Programas de
Desenvolvimento de Líderes, que apoiam o autoconhecimento e a compreensão da
importância de cada gestor nessa instituição.
As bases E, F e G são bases que têm relação inversamente proporcional ao desempenho
das organizações. Portanto, quanto menores os resultados, maior é a indicação que o
colaborador se compromete com a organização através dessas bases. (FERREIRA; ASSMAR,
2008. p. 125-138).
Em relação à Base E (falta de recompensa e oportunidades), 13,7% das respostas
apresentam alto comprometimento. Esse resultado indica que a minoria dos colaboradores se
10
compromete por entenderem que o esforço extra em benefício da organização deve ser
recompensado e que a organização deve lhes propiciar mais oportunidades. Esse resultado é
visto como positivo, podendo-se inferir que o colaborador está satisfeito com as
oportunidades e recompensas oferecidas pela empresa e que as oportunidades de progressão
de carreira são claras ao longo do tempo. Entende-se que a política salarial, a política de
benefícios, a promoção interna e a oportunidade de parcerias para oportunizar o crescimento
profissional dos colaboradores são identificadas como recompensas. A RSDP tem parcerias
com a Unilasalle e a Escola de Saúde, oportunizando aos colaboradores cursos de graduação e
pós-graduação com descontos financeiros e algumas concessões de horários. Também possui
parceria com várias escolas de nível técnico.
Em relação à Base F (linha consistente de atividade), 30,2% das respostas apresentam
alto comprometimento. Esse resultado demonstra que a minoria dos colaboradores se
compromete por entenderem que devem manter certas atitudes e regras da organização para se
manterem nela. Esse resultado não apoia um estudo em que o gestor diz que o colaborador
cumpre as regras pela necessidade de emprego, ou seja, por entender que, se não seguir as
regras da instituição, ele pode ser desligado. (BETT, 2010).
Em relação à Base G (escassez de alternativas), 7,9% das respostas apresentam alto
comprometimento. Esse resultado determina que a minoria dos colaboradores se compromete
por entenderem que possuem poucas oportunidades de trabalho se deixarem a organização.
Esse resultado pode ser traduzido pela ideia que o colaborador não se compromete com a
instituição somente por achar que não possui outras oportunidades de colocação no mercado.
Os resultados em relação ao objetivo específico do estudo de avaliar a cultura
organizacional por meio de sete fatores associados a valores e a práticas organizacionais,
segundo a percepção de seus membros, são apresentados abaixo. Os itens, em todos os fatores,
segundo Ferreira e Assmar (2008, p. 131) “podem variar de 1 a 5, sendo que, quanto maior o
resultado, maior o grau em que o valor ou a prática organizacional encontra-se presente na
organização avaliada”.
Os resultados que avaliam a cultura organizacional segundo a percepção dos seus
membros, por meio de valores e práticas, demonstram que os fatores 1, 4, 5 e 7 apresentam
maiores resultados em que o valor ou a prática organizacional se destaca na instituição, como
pode ser observado abaixo.
Na avaliação do Fator 1 (Valores de profissionalismo corporativo), obtivemos o
resultado 3,78 ± 0,74. Isso quer dizer que a instituição, na percepção dos colaboradores
estudados, aprecia os valores de profissionalismo corporativo.
Na avaliação do Fator 4 (Valores associados à satisfação e ao bem estar dos
empregados), obtivemos o resultado 3,0 ± 0,77, o que significa que a Instituição, na percepção
dos colaboradores estudados, valoriza a satisfação e o bem estar dos empregados.
Na avaliação do Fator 5 (Práticas de integração externa), obtivemos o resultado 4,01 ±
0,61, que indicam que a instituição, na percepção dos colaboradores estudados, valoriza as
práticas de integração externa.
Na avaliação do Fator 7 (Práticas de promoção do relacionamento interpessoal),
obtivemos o resultado 3,49 ± 0,72. Isso equivale a dizer que a instituição, na percepção dos
colaboradores estudados, utiliza práticas de promoção do relacionamento interpessoal.
Os resultados acima têm uma relação entre si, indicando que, na opinião dos
pesquisados, a instituição promove a cultura organizacional quando valoriza o
profissionalismo corporativo, isto é, valoriza os empregados que executam suas tarefas com
eficácia e competência, demonstrando espírito de colaboração, habilidade, dedicação,
profissionalismo e capacidade de iniciativa, contribuindo, desse modo, para o alcance das metas
comuns da organização.
11
A cultura organizacional é também representada pelos valores associados à valorização
do bem-estar, da satisfação e da motivação dos empregados, ou seja, à humanização do local de
trabalho, de modo a torná-lo agradável e prazeroso. Dessa forma, os pesquisados se sentem
satisfeitos.
A cultura organizacional também se dá pela prática de integração externa, isto é, através
de ações associadas e voltadas ao planejamento estratégico, à tomada de decisões e ao
atendimento aos clientes externos, com foco, portanto, nos escalões superiores da
organização.
Ademais, por fim – e não menos importante – a cultura organizacional é identificada
por uma preocupação com a promoção do relacionamento interpessoal, referentes a práticas
orientadas para o fomento das relações interpessoais e da satisfação dos empregados,
favorecendo, assim, a coesão interna.
Pode-se inferir que os entrevistados entendem que a instituição reconhece e valoriza a
eficácia e a competência dos seus colaboradores para alcançar as metas comuns da
organização. O reconhecimento e a valorização dessas competências se dão de forma
humanizada, deixando os colaboradores satisfeitos e motivados. Essas ações, quando bem
conduzidas, promovem um relacionamento interpessoal adequado no ambiente de trabalho.
Esses resultados confirmam o que Schein (1985 apud SANTOS, 2012), Lacombe (2003 apud
SANTOS, 2012) e Chiavenato (2004 apud SANTOS, 2012) afirmam quando estabelecem que
a cultura organizacional é definida como um conjunto de padrões e de normas determinadas
pela cultura, ensinando aos novos integrantes como adaptarem-se às regras. Para Lacombe
(2003 apud SANTOS, 2012), a cultura organizacional é o conjunto de crenças, costumes,
valores, normas de comportamento e formas de fazer negócios. Esses aspectos são definidos
por cada empresa. A cultura organizacional retrata as atitudes da organização em relação à
importância das pessoas, aos valores éticos e morais, à competição interna, à orientação para o
mercado e à produção e à capacidade de ação e de adaptação às mudanças externas.
Os resultados que avaliam a cultura organizacional segundo a percepção dos seus
membros, por meio de valores e práticas, demonstram que os fatores 3 e 6 apresentam
resultados menores, informando que esses valores ou práticas organizacionais não se
destacam na instituição, como pode ser observado abaixo.
A avaliação do Fator 3 (Valores de profissionalismo competitivo), obtivemos o
resultado 2,44 ± 0,73, o que indica que a instituição, na percepção dos colaboradores
estudados, valoriza pouco o profissionalismo competitivo. Não se denota a valorização
prioritária da competência, do desempenho e da eficácia individuais na execução de tarefas para
a obtenção dos objetivos desejados, ainda que isso implique a necessidade de “passar por cima”
dos colegas que almejam objetivos semelhantes.
Na avaliação do Fator 6 (Práticas de recompensa e treinamento), obtivemos o resultado
2,65 ± 0,95, demonstrando que a instituição, na percepção dos colaboradores estudados, não
utiliza práticas de recompensa e treinamentos.
Atendendo ao objetivo específico do estudo de correlacionar os dados
sociodemográficos da população em estudo com os resultados da cultura organizacional
através do questionário IBACO, os resultados podem ser visualizados na tabela abaixo:
12
Tabela 2 – Associação entre dados demográficos e fatores da IBACO Dados Demográficos e Fatores da IBACO Significância Correlação
Tempo de atuação profissional na instituição e fator 6 p = 0,001; r = -0,29 (fraco grau de
associação).
Tempo de atuação profissional na instituição e fator 4 p=0,008 r= -0,22
Tempo de atuação profissional na instituição e fator 7 p=0,029 r= -0,18
Gênero e fatores Não houve associação
Jornada de trabalho e fatores Não houve associação
Idade e fatores Não houve associação
Anos de atuação profissional e fatores Não houve associação
Fonte: Dados da autora, 2017.
Os resultados apresentaram associação inversa entre o tempo de atuação profissional na
instituição e o fator 6, que se refere às práticas de recompensa e treinamento (PRT),
relacionadas a atividades vinculadas aos clientes internos e aos sistemas de recompensas e de
treinamento adotados pela empresa, p = 0,001; r = -0,29 (fraco grau de associação).
Os resultados apresentaram associação inversa entre o tempo de atuação profissional na
Instituição e o fator 4, que se refere aos valores associados à satisfação e ao bem estar dos
empregados (VBE), concernentes à valorização do bem-estar, da satisfação e da motivação
dos empregados, isto é, à humanização do local de trabalho, de modo a torná-lo agradável e
prazeroso, p = 0,008; r = -0,22 (fraco grau de associação).
Os resultados apresentaram associação inversa entre o tempo de atuação profissional na
instituição e o fator 7, que se refere às práticas de promoção do relacionamento interpessoal
(PPR), referentes a atividades orientadas para o fomento das relações interpessoais e da
satisfação dos empregados, favorecendo, assim, a coesão interna, p = 0,029; r = -0,18 (fraco
grau de associação).
O tempo de atuação profissional na instituição apresenta associação inversa com a
cultura organizacional nas práticas de recompensa e de treinamento, na satisfação e no bem
estar dos empregados e também nas práticas de relacionamento interpessoal. Pode-se inferir
que os colaboradores que possuem mais tempo de atuação profissional na instituição
acompanharam e puderam, talvez, contribuir para que ações sejam realizadas com vistas a
valorizar a satisfação e o bem estar tanto dos colaboradores quanto dos clientes externos. Essa
associação possui coerência quando se entende que a cultura não é algo que se possa tocar; ela
não é percebida em si mesma, mas pode ser medida subjetivamente por meio de seus efeitos e
de suas consequências. Através do processo de educação e de socialização, os efeitos da
cultura vão sendo internalizados pelos indivíduos atuantes ou pelos colaboradores das
diferentes instituições, independentemente de seu ramo de atuação. (CHIAVENATO, 2004).
Assim como os efeitos da cultura e das suas consequências, as práticas que buscam a
qualificação dos profissionais, baseadas no desenvolvimento do indivíduo, geram inúmeros
resultados positivos tanto para os colaboradores enquanto sujeitos desse desenvolvimento
quanto para a instituição, que busca a qualidade hospitalar e um melhor desempenho clínico.
Um estudo americano realizado com enfermeiros em 2016 buscou auxiliar o trabalho dos
enfermeiros no cuidado centrado no paciente, em ambientes de trabalho comprometidos,
refletindo inclusive a tolerância e a estrutura de governança. Dentre inúmeros aprendizados,
entendeu-se que educar as próximas gerações e buscar processos de acreditação com
qualidade tornam-se prioridades para os líderes de enfermagem, culminando em uma melhor
satisfação do cliente e no desenvolvimento e na solidificação da cultura organizacional.
(OGBOLU et al., 2016).
Cada dia torna-se mais claro que ambientes em que a cultura é voltada para processos
tendem a ser mais rígidos e centralizadores de poder e não estimulam a participação em
13
processos decisórios. Ao contrário, nas culturas organizacionais orientadas para resultados e
para o trabalhador, há diminuição dos níveis hierárquicos, compartilhamento das decisões e
preocupação com as necessidades dos trabalhadores. (ROCHA et al., 2014).
Neste estudo, assim como no relato de Lages (2010), a análise dos resultados revelou
que o comprometimento não se diferencia em função do gênero. Além disso, o estudo
demonstrou que a cultura organizacional não sofre influência maior de um dos gêneros.
Atendendo ao objetivo específico do estudo de correlacionar os dados
sociodemográficos da população em estudo com os resultados do comprometimento
organizacional:
Tabela 3 – Associação entre dados demográficos e bases da EBACO
Dados demográficos e base da EBACO Significância Correlação
Idade e Base F p = 0,012 r = -0,21 (fraco grau de associação).
Idade e Base G p = 0,011 r = -0,21 (fraco grau de associação).
Tempo de atuação profissional e Base C p = 0,025 r = 0,19 (fraco grau de associação).
Tempo de atuação profissional e Base G p = 0,008 r = -0,22 (fraco grau de associação).
Tempo na instituição e Base C p = 0,021 r = 0,20 (fraco grau de associação).
Fonte: Dados da autora, 2017.
Os resultados apresentaram associação entre a idade e a Base F (Linha consistente de
atividade), que é a crença de que certas atitudes e regras da organização devem ser mantidas
com o objetivo de se manter nela, p = 0,012; r = -0,21 (fraco grau de associação).
Os resultados apresentaram associação entre a idade e a Base G (Escassez de
alternativas), que é a crença que possuem poucas oportunidades de trabalho se deixarem a
organização, p = 0,012; r = -0,21 (fraco grau de associação).
Ao analisar a associação da idade com as bases que avaliam o comprometimento do
colaborador com a organização, através do questionário EBACO, houve associação fraca
tanto com a linha consistente de atividade e com a escassez de alternativas. Neste estudo, os
resultados não se mostraram significativos com as bases. É possível perceber, entretanto, uma
relação inversa entre a idade e as bases. Isso faz com que o colaborador apresente atitudes e
cumpra certas regras para se manter na instituição. Ademais, a idade não tem relação com a
escassez de alternativas. Esses resultados são extremamente importantes para a gestão da
instituição, pois se entende que os colaboradores não se tornam comprometidos através do
autoritarismo, quando a permanência pode ser ameaçada se certas regras não forem
cumpridas, e nem porque percebem que não existem outras oportunidades de trabalho. A
partir dos resultados, pode-se afirmar que não são as regras da organização nem a escassez de
alternativas de oportunidades de trabalho que mantêm os colaboradores comprometidos com a
instituição em estudo.
Os resultados apresentaram associação entre o tempo de atuação profissional e a Base C
(obrigação pelo desempenho), que é a crença que o funcionário deve se esforçar em benefício
da organização e que deve buscar cumprir suas tarefas e atingir os objetivos organizacionais,
p = 0,025; r = 0,19 (fraco grau de associação).
Os resultados apresentaram associação entre o tempo de atuação profissional e a Base G
(escassez de alternativas), que corresponde à crença que os colaboradores possuem poucas
oportunidades de trabalho se deixarem a organização, p = 0,008; r = -0,22 (fraco grau de
associação).
Ao analisar a associação do tempo de atuação profissional com as bases que avaliam o
comprometimento do colaborador com a organização, através do questionário EBACO, houve
associação fraca com a obrigação pelo desempenho e uma relação inversa com a escassez de
alternativas. Esse resultado provoca uma reflexão sobre o que Viana (2012) afirma ao postular
14
que, nos últimos anos, as organizações têm despendido esforços para reter, qualificar e manter
os colaboradores comprometidos com o trabalho. Não é claro exatamente quais são os
componentes que influenciam o comprometimento organizacional. Entretanto, é possível
deduzir que a principal influência envolve o vínculo emocional entre o indivíduo e a sua
organização. Em um estudo realizado por Pinto (2011), foi demonstrado que o avanço do
desempenho individual acumulado ao longo dos anos aumenta o comprometimento
organizacional. Porém, é importante destacar que o desempenho na carreira por si só não é
capaz de predizer o estabelecimento ou não do comprometimento organizacional. Em outro
estudo, os resultados identificaram uma coerência entre os valores declarados pela
organização e os valores percebidos, o que contribui para o envolvimento e o
comprometimento dos colaboradores e para um comportamento fundamentado nos valores.
Os temas cultura e comprometimento organizacional suscitam futuras pesquisas em outros
contextos organizacionais. (SANT’ANNA et al., 2014).
Os resultados apresentaram associação inversa entre o tempo na instituição e a Base C
(obrigação pelo desempenho), que é a crença que há a necessidade de se esforçar em
benefício da organização e a tentativa de cumprir suas tarefas e atingir os objetivos
organizacionais, p = 0,021; r = -0,20 (fraco grau de associação). Pode-se inferir que, quanto
maior o tempo na instituição, o colaborador não se sente obrigado em apresentar melhor
desempenho a fim de cumprir os objetivos organizacionais. O comprometimento é visto na
busca dos objetivos da organização e de melhores resultados, oferecendo como suporte a
integração e a afetividade. Para Ramalho (2008), no ramo hoteleiro, em que o acolhimento é
imprescindível, entende-se que gerenciar o comprometimento dos funcionários, aproveitando
a própria cultura organizacional, vincula o indivíduo à organização. Desse modo, o cliente é
atendido da forma que é preconizada, sem ferir o indivíduo que atua na organização. Pode-se
utilizar a afirmação de Ramalho e dizer que, no ramo da saúde, a humanização no
atendimento tanto do cliente externo quanto do cliente interno também é de extrema
importância para manter as equipes motivadas para buscar os resultados institucionais em
conjunto. Também se concorda com a ideia que a cultura organizacional serve de substrato
para que o comprometimento do colaborador seja efetivado.
Em relação ao objetivo geral do estudo de identificar a associação entre a cultura da
organização e o comprometimento organizacional dos colaboradores que atuam nas áreas
assistencial e de apoio das unidades hospitalares da RSDP no ano de 2017, os resultados são
apresentados a seguir:
Cultura
Organizacional
Comprometimento
Organizacional Significância Correlação
Fator 1 Base afetiva A p < 0,001 r = 0,36
Fator 1 Base obrigação pelo
desempenho C p < 0,001 r = 0,33
Fator 1 Base afiliativa (D) p = 0,002 r = 0,26
Fator 1 Base linha consistente de
atividade (F), p = 0,009; r = 0,22
Fator 3 Base afetiva (A) p = 0,005; r = 0,24
Fator 3 Base obrigação em permanecer
(B) p = 0,016 r = 0,20.
Fator 3 Base afiliativa (D) p = 0,003 r = 0,25
Fator 3 Base linha consistente de
atividade (F) p = 0,002 r = 0,27.
Fator 4 Base afetiva (A) p < 0,001 r = 0,45
Fator 4 Base obrigação em permanecer
(B) p = 0,001 r = 0,28.
Fator 4 Base obrigação pelo
desempenho (C) p = 0,046 r = 0,17.
15
Fator 4 Base falta de recompensa e
oportunidade (E) p = 0,029 r = -0,18.
Fator 4 Base afiliativa D p < 0,001 r = 0,30
Fator 5 Base obrigação pelo
desempenho (C) p = 0,002 r = 0,26.
Fator 5 Base afetiva A p < 0,001 r = 0,38
Fator 5 Base afiliativa (D), p = 0,046 r = 0,17
Fator 5 Base falta de recompensa e
oportunidade (E) p = 0,005 r = -0,24
Fator 6 Base afetiva (A) p = 0,003 r = 0,25
Fator 6 Base obrigação em permanecer
(B) p = 0,019; r = 0,20
Fator 6 Base afiliativa (D) p = 0,003 r = 0,25
Fator 6 Base linha consistente de
atividade (F) p = 0,004; r = 0,24
Fator 7 Base obrigação em permanecer
(B) p = 0,014 r = 0,21
Fator 7 Base afetiva A p < 0,001 r = 0,42
Fator 7 Base obrigação pelo
desempenho (C) p = 0,043 r = 0,17
Fator 7 Base afiliativa (D) p = 0,007 r = 0,23
Fator 7 Base falta de recompensa e
oportunidade (E) p = 0,005 r = 0,23.
Fator 7 Base linha consistente de
atividade (F) p = 0,046 r = 0,17.
O Fator 1, denominado Valores de profissionalismo corporativo (VPC), está
relacionado à valorização dos empregados que executam suas tarefas com eficácia e
competência, demonstrando espírito de colaboração, habilidade, dedicação, profissionalismo e
capacidade de iniciativa, contribuindo, desse modo, para o alcance das metas comuns da
organização. Ele apresenta associação com a base afetiva (A), p < 0,001; r = 0,36 (fraco grau
de associação), com a base obrigação pelo desempenho (C), p < 0,001; r = 0,33 (fraco grau de
associação), com a base afiliativa (D), p = 0,002; r = 0,26, e com a base linha consistente de
atividade (F), p = 0,009; r = 0,22.
Os resultados encontrados na associação descrita acima trazem uma reflexão
importante: a cultura organizacional valoriza os empregados que executam suas tarefas com
eficácia e competência, de forma colaborativa; da mesma forma, o resultado de
comprometimento do colaborador está relacionado ao conhecimento e à experiência da
filosofia e dos valores. O comprometimento também está relacionado com o esforço, por parte
do funcionário, para cumprir as tarefas e atingir os objetivos, ser reconhecido como membro
deste grupo e cumprir regras, controlando as suas atitudes a fim de se manter na instituição.
Os resultados encontrados vão ao encontro da fala de Ramalho (2008) quando ele diz que a
cultura é um requisito que antecede o comprometimento, exercendo o papel de produzir
membros mais comprometidos, influenciando o comportamento na medida em que padrões
são internalizados pelos indivíduos. A cultura é caracterizada pela flexibilidade interna e
externa. A cultura interna é descrita como o compartilhamento de ideias, assemelhando-se a
uma relação familiar; o comprometimento é a participação, a coesão e a moral, valorizando o
consenso e o trabalho em equipe. Da mesma forma, o comprometimento é visto na busca dos
objetivos da organização e de melhores resultados, oferecendo a integração e a afetividade
como suporte.
O fator 4, denominado Valores associados à satisfação e ao bem estar dos empregados
(VBE), diz respeito à valorização do bem-estar, da satisfação e da motivação dos
funcionários, isto é, à humanização do local de trabalho, de modo a torná-lo agradável e
prazeroso. Apresenta associação com a base afiliativa (D), p < 0,001; r = 0,30 (fraco grau de
16
associação), com a base afetiva (A), p < 0,001; r = 0,45, com a base obrigação em permanecer
(B), p = 0,001; r = 0,28, com a base obrigação pelo desempenho (C), p = 0,046; r = 0,17, e
com a base falta de recompensa e oportunidade (E), p = 0,029; r = -0,18.
Esse resultado informa que os pesquisados entendem que a cultura organizacional
valoriza a satisfação e a humanização do local de trabalho. Entretanto, esse resultado tem uma
associação fraca com a base afiliativa. Pode-se inferir que os colaboradores reconhecem essa
valorização, mas não a relacionam com o sentimento de que são reconhecidos pelos colegas
como membros da organização. A análise do resultado isolado da base afiliativa corrobora
essa informação: nem 20% dos empregados acreditam que são reconhecidos como parte dessa
organização. Quando analisados valores ligados à base afetiva, de satisfação relacionada à
filosofia, aos valores e aos objetivos institucionais, infere-se que a cultura organizacional os
influencia diretamente. Ou seja, o comprometimento e o bem estar são reconhecidos pelo fato
de que os colaboradores se identificam com a filosofia e os valores da instituição, resultando
em bem estar e também na motivação para o trabalho. Para Neumann et al. (2012), os valores
não são facilmente percebidos, mas são assumidos e internalizados pelos membros da
organização. Assim, considera-se que os valores são a essência da empresa, constituindo um
meio para atingir os objetivos organizacionais. São os valores que fornecem o senso de
direção, representando um guia para o comportamento diário.
Ao associar a valorização do colaborador através da motivação dos empregados com a
obrigação moral em permanecer, verifica-se uma associação fraca, podendo concluir que o
colaborador não sente obrigação moral com as pessoas da organização. Dessa forma, ele
entende que a sua satisfação, bem estar e humanização no trabalho não tem relação com a
obrigação moral.
O fator 5, referente às Práticas de integração externa (PIE), está associado a práticas
voltadas para o planejamento estratégico, para a tomada de decisões e para o atendimento aos
clientes externos, com foco, portanto, nos escalões superiores da organização. Ele apresenta
associação com a base afetiva (A), p < 0,001; r = 0,38 (fraco grau de associação), com a base
obrigação pelo desempenho (C), p = 0,002; r = 0,26, com a base afiliativa (D), p = 0,046; r =
0,17, e com a base falta de recompensa e oportunidade (E), p = 0,005; r = -0,24.
Esses resultados nos remetem a pensar que, na visão dos entrevistados, a instituição
valoriza muito as práticas organizacionais. Desse modo, o comprometimento organizacional
se dá porque o colaborador se identifica com a filosofia da empresa e acredita que o
planejamento estratégico e a tomada de decisões são importantes para a sustentabilidade da
empresa, comprometendo-se com esse tema quando realiza suas atividades laborais. O
comprometimento decorre do alinhamento do pensamento do colaborador com os valores da
empresa. Outra associação é que o colaborador entende que o seu comprometimento perpassa
a ideia de que precisa se esforçar em benefício da organização, totalmente influenciada por
práticas voltadas ao planejamento e à melhoria no atendimento aos clientes externos. Percebe-
se, nessa associação, que o colaborador coloca em segundo plano as suas exigências enquanto
profissional e valoriza muito ações que se voltem para os clientes externos, no caso, os
pacientes. Esse resultado é muito relevante pelo fato de os entrevistados serem profissionais
que atuam diretamente na assistência ao paciente. Outra associação verificada neste estudo
tem relação com as práticas voltadas para o planejamento e a tomada de decisões. Mesmo que
elas sejam centralizadas em escalões superiores da organização, o colaborador se compromete
com a instituição, porém entende que todo o esforço extra que ele realiza deve ser
recompensado. Por esse motivo, deve receber mais oportunidades. Talvez o colaborador
entenda que essa recompensa possa ser ofertada com cargos de gestão, liderança ou até
mesmo em áreas administrativas.
O fator 3, denominado Valores de profissionalismo competitivo e individualista (VPI),
denota a valorização prioritária da competência, do desempenho e da eficácia individuais na
17
execução de tarefas para a obtenção dos objetivos desejados, ainda que isso implique a
necessidade de “passar por cima” dos colegas que almejam objetivos semelhantes. Apresenta
associação com a base afetiva (A), p = 0,005; r = 0,24, com a base obrigação em permanecer
(B), p = 0,016; r = 0,20, com a base afiliativa (D), p = 0,003; r = 0,25, e com a base linha
consistente de atividade (F), p = 0,002; r = 0,27.
O fator 3 se apresenta em menor grau, isto é, os colaboradores não veem a empresa
valorizando os colaboradores somente pela sua competência, pelo seu desempenho e pela sua
eficácia individual. Na percepção dos entrevistados, passar por cima de colegas para alcançar
objetivos semelhantes não é uma prática aceita nessa instituição. Por esse motivo, existe uma
associação com a base afetiva, em que o colaborador encontra eco entre os seus valores e a
sua filosofia e aqueles da empresa. Pode-se inferir, também, que o colaborador entende que
existe a valorização do indivíduo enquanto pessoa e não somente como um gerador de bons
resultados. Acredita-se que esse resultado tem uma íntima relação com o carisma das Irmãs,
que é amplamente difundido na empresa. Confirmando essa ideia em inúmeras bases
bibliográficas, é unânime concluir que a cultura organizacional é resultado das crenças e dos
valores e orienta as ações em todos os níveis da organização. Para alguns autores, a cultura
organizacional reflete a história da organização. Os valores organizacionais são a base da
organização e são ensinados de geração para geração, orientando o comportamento diário dos
profissionais e reforçando o comportamento do grupo. Dessa forma, entende-se a importância
de conhecer a cultura organizacional, pois é ela que direciona as ações diárias. (ROCHA et
al., 2014).
Ainda analisando a associação do fator 3, houve associação com a base afiliativa, que se
dá quando o colaborador se compromete na organização porque ele se percebe como membro
desta. Ele atua com informações muito claras, de que não será somente avaliado pela sua
produção, mas também por seus valores e pelo seu comportamento, e que é visto como
coadjuvante dos processos de melhoria. Essa valorização do colaborador é de extrema
importância para o crescimento da empresa. Sabe-se que a cultura organizacional representa
as premissas básicas sobre o mundo e os valores que norteiam a vida da empresa. A cultura
organizacional, por sua vez, é brevemente definida como as suposições básicas sobre o mundo
e os valores que orientam a vida nas instituições. (COLLA et al., 2005).
A última associação é realizada entre o fator 3 e a linha consistente de atividade. Isso
significa que, como o profissional não é avaliado somente pelo desempenho, competência e
cumprimento de metas e sim como pessoa e indivíduo, a ele é dado o direito de ter atitudes
próprias e de atuar de acordo com as suas crenças e valores. Ele entende que não precisa
sustentar certas atitudes e regras para se manter na organização. Corroborando a afirmação
acima, um estudo na China trouxe resultados que indicaram que o estresse não foi associado à
satisfação, enquanto a identificação organizacional foi associada à satisfação no trabalho. Esse
estudo pode auxiliar na reflexão sobre como a cultura da organização influencia a satisfação e
a percepção de que o estresse está associado a outros fatores. (LU et al., 2015).
O fator (6) diz respeito às Práticas de recompensa e treinamento (PRT), que estão
relacionadas a atividades vinculadas aos clientes internos e aos sistemas de recompensas e de
treinamento adotados pela empresa. Apresenta associação com a base afetiva (A), p = 0,003; r
= 0,25, com a base obrigação em permanecer (B), p = 0,019; r = 0,20, com a base afiliativa
(D), p = 0,003; r = 0,25, e com a base linha consistente de atividade (F), p = 0,004; r = 0,24.
Esse resultado informa que o colaborador entende que a empresa não utiliza ou utiliza
poucas práticas de recompensa e treinamentos. Mesmo assim, o colaborador se compromete
porque os valores da instituição se aproximam dos seus e porque concorda com a filosofia da
empresa. Já a associação com a base afiliativa provoca uma reflexão porque o colaborador
entende que a empresa não utiliza práticas de recompensa e treinamentos e não se
compromete com a instituição por acreditar que faz parte da organização.
18
Acredita-se que a gestão de pessoas, hoje, investe fortemente na pessoa, no desenvolver
das suas potencialidades, em melhorar a pessoa enquanto ser humano. A ideia de
pertencimento a um local fideliza o colaborador. Através de programas de desenvolvimento
dos gestores, se alcançam resultados que não podem ser expressos em números, mas é criada
uma atmosfera de integração, filiação e pertencimento, apesar das dificuldades que a empresa
possa ter na sua estrutura de gestão. Talvez, nessa instituição, os gestores se esforcem para
alcançar metas, se enxerguem como uma grande família, mas talvez não consigam expressar
em ações concretas que o colaborador pertence a essa estrutura, tanto no alcance dos objetivos
quanto na recuperação de metas não alcançadas. Atuar na área de desenvolvimento de pessoas
é acreditar no humano, é buscar o melhor de cada pessoa, respeitando seu estilo de vida, seu
comportamento e, principalmente, suas crenças. Nem sempre é fácil, mas entende-se que é o
caminho para uma empresa sustentável, que quer alcançar seus objetivos, refazer a sua
estratégia e satisfazer os seus clientes, mas que quer, acima de tudo, ter uma equipe integrada
e disposta a lutar juntamente com a alta direção e com as Irmãs da Divina Providência. Essas
pessoas poderão suceder ou ser sucedidas, mas deixarão o seu legado, pois semearam o que
outras gerações que virão irão colher, frutificar e aprimorar.
A outra associação presente foi a prática de recompensa e de treinamento e a linha
consistente de atividade. Mesmo que os colaboradores entendam que a empresa não utiliza
práticas de recompensas e treinamentos, a minoria se compromete por acreditar que precisa
manter certas regras e atitudes para se manterem na organização. Esse resultado pode levar a
repensar a forma e os temas de treinamentos que são oferecidos na instituição. Entende-se
que, se o funcionário cumpre regras na instituição, é porque acredita que sejam necessárias,
que concorda com a forma de atuação da empresa e não somente porque precisa se manter
nesta organização. Aqui, se destaca uma oportunidade de desenvolvimento, buscando
valorizar as potencialidades e as qualidades que o colaborador possui, que podem ser
utilizadas em prol da empresa. Direcionar treinamentos de autoconhecimento, de modelos de
liderança e também de administração de conflitos só fará com que os colaboradores
permaneçam atuando de acordo com as normas e as regras da instituição, bem como poderá
influenciar colegas e capacitar novos colaboradores que iniciam as atividades na empresa. Ter
a percepção de que o colaborador contribui positivamente para os resultados, mas também
para um clima amistoso, de cooperação e de crescimento conjunto. Se a instituição ficar à
espera de grandes resultados, acabará deixando passar inúmeros resultados pequenos que,
juntos, constroem o todo. O gestor do processo necessita estar preparado para identificar as
potencialidades e deve se autoconhecer para conseguir auxiliar as suas equipes a buscar o
autodesenvolvimento. Essas ações ocasionam, certamente, melhora na qualidade de vida,
redução de absenteísmo e melhora na autoestima e também na produtividade individual e
coletiva. De forma integrada, elas garantem que a cultura organizacional seja vivida e
difundida entre os colaboradores.
O fator (7), relacionado às Práticas de promoção do relacionamento interpessoal (PPR),
se refere a atividades orientadas para a promoção das relações interpessoais e a satisfação dos
empregados, favorecendo, assim, a coesão interna. Apresenta associação com a base afetiva
(A), p < 0,001; r = 0,42 (fraco grau de associação), com a base obrigação em permanecer (B),
p = 0,014; r = 0,21, com a base obrigação pelo desempenho (C), p = 0,043; r = 0,17, com a
base afiliativa (D), p = 0,007; r = 0,23, com a base falta de recompensa e oportunidade (E), p
= 0,005; r = 0,23, e com a base linha consistente de atividade (F), p = 0,046; r = 0,17.
Esse é um resultado muito satisfatório, pois a associação entre a promoção do
relacionamento interpessoal e a base afetiva significa que o colaborador percebe que a
instituição utiliza práticas de promoção voltadas para o relacionamento interpessoal e que ele
se compromete na instituição por concordar com a filosofia, os valores e os objetivos
institucionais. Da mesma forma que ele se compromete, ele busca um relacionamento
19
interpessoal profissional, humanizando as relações de trabalho. Isso garante um desempenho
mais eficaz, um ambiente favorável e um terreno fértil para inovações, para criatividade e
para realizar entregas além do que é esperado.
Além disso, a associação entre as práticas de promoção do relacionamento interpessoal
e a falta de recompensa e oportunidade é outro resultado satisfatório, que é traduzido da
seguinte maneira: o colaborador entende que a instituição utiliza práticas de promoção do
relacionamento interpessoal, e a minoria dos respondentes diz que se compromete por
entender que, a partir do seu esforço extra, a empresa deve lhes recompensar dando maiores
oportunidades. Esse resultado pode ser analisado buscando outros resultados, como o tempo
de atuação na empresa e a idade dos respondentes, a maioria entre 31 e 40 anos. A
maturidade, tanto em idade quanto em tempo de empresa, auxilia o colaborador a entender
que nem tudo o que se faz além das atividades descritas no cargo, em prol da empresa, deve
ser visto como esforço extra. Essas atividades podem ser consideradas um desenvolver de
potencialidades que o empregado pode entregar para a empresa. Nem tudo que se faz além
das atividades descritas deve e precisa ser recompensado. Outra possível constatação é que a
remuneração, as condições de trabalho e as políticas de benefícios satisfazem os pesquisados,
não necessitando que busquem recompensas. Também podem entender que as oportunidades
surgirão dentro da empresa porque as suas qualidades profissionais serão reconhecidas dentro
das condições de progressão na empresa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo, houve associação entre fatores da cultura organizacional de forma enfática
e duas bases de comprometimento do colaborador com a organização, a afetiva e a afiliativa.
Todos os objetivos propostos neste estudo foram alcançados. Sugere-se que esta pesquisa seja
aplicada a todos os colaboradores da RSDP. Os resultados contribuirão de forma significativa
para estabelecer a cultura organizacional e proporcionarão oportunidades de programas de
desenvolvimento baseados na forma que os colaboradores se comprometem com a instituição.
REFERÊNCIAS
BANDEIRA, Mariana Lima; MARQUES, Antônio Luiz; VEIGA, Ricardo Teixeira. As
dimensões múltiplas do comprometimento organizacional: um estudo na ECT/MG. Revista
de administração contemporânea, Curitiba, v. 4, n. 2, p. 133-157, ago. 2000. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
65552000000200008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 abr. 2017.
BASTOS, Antônio Virgílio Bittencourt et al. Comprometimento organizacional. In:
SIQUEIRA, Mirlene Maria Matias (org.). Medidas do comportamento organizacional:
ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008.
BOTELHO, Renata Dias; PAIVA, Kely César Martins de. Comprometimento organizacional:
um estudo no Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. Revista de administração
pública, Rio de Janeiro, v. 45, n. 5, p. 1249-1283, out. 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-6122011000500002&lng
=es&nrm=iso>. Acesso em: 01 jun. 2017.
CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das
organizações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
20
FERREIRA, Maria Cristina et al. Desenvolvimento de um instrumento brasileiro para
avaliação da cultura organizacional. Estudos de psicologia, Campinas/SP, v. 7, n. 2, p. 271-
280, jul./dez. 2002.
FERREIRA, Maria Cristina; ASSMAR, Eveline Maria Leal. Cultura organizacional:
desenvolvimento de um instrumento brasileiro para avaliação da cultura organizacional. In:
SIQUEIRA, Mirlene Maria Matias (org.). Medidas do comportamento organizacional:
ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed, 2008. p. 125-138.
HAMIDI, Y. et al. Relationship between organizational culture and commitment of employees
in health care centers in west of Iran. Electronic Physician, Kuala Lampur,
Malásia/Mashhad, Irã, v. 9, n. 1, p. 3646-3652, jan. 2017. Disponível em:
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28243419>. Acesso em: 28 mai. 2017.
HORN, Jonathan; CERUTTI, Bernadate Bregolin. Comprometimento organizacional: um
estudo de caso com a equipe de vendas de uma distribuidora de bebidas do Vale do
Taquari/RS. Destaques acadêmicos, Lajeado, v. 5, n. 1, 2013, p. 77-92.
SILVA, Tarin Holleben. Relação entre comprometimento organizacional e felicidade em
funcionários de uma rede hoteleira do RS. Trabalho de conclusão (Especialização em
Psicologia Organizacional) – Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012.
Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/39077>. Acesso em 01/11/2017.
LAGES, Ilma Porto. Comprometimento e cultura organizacionais: estudo de caso em uma
prestadora de serviços na área de análises de materiais e fluidos isolantes. 2010. 99 f.
Dissertação (Mestrado Profissional em Administração) – Faculdades Integradas Pedro
Leopoldo, Pedro Leopoldo, 2010.
MARZIALE Maria Helena Palucci et al. Influência organizacional na ocorrência de acidentes
de trabalho com exposição a material biológico. Revista latino-americana de enfermagem,
Ribeirão Preto, SP, v. 21, n. esp., p. 199-206, fev. 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010411692013000700025&lng=en
&nrm=iso>. Acesso em: 25 abr. 2017
NEUMANN, Mariana et al. Ambiente de inovação e cultura organizacional em uma
organização hospitalar: suas manifestações por meio das práticas organizacionais. Gestão
contemporânea, Porto Alegre, ed. especial, n. 1, p. 1-27, 2012. Disponível em:
<http://seer4.fapa.com.br/index.php/arquivo/article/view/181>. Acesso em: 02 abr. 2017.
OGBOLU, Yolanda et al. Leading organizational cultural competency nurse leader rounds and
care for diverse patients, JONA - Journal of nursing administration, Filadélfia, EUA, v. 46,
n. 12, p. 627-629, dez. 2016. Disponível em: <http://journals.lww.com/jonajournal/Abstract/
2016/12000/Leading_Organizational_Cultural_Competency__Nurse.4.aspx>. Acesso em: 15
abr. 2017.
PINTO, Marcelo Pádua Carvalho. Comprometimento organizacional: um estudo de suas
relações com desempenho na carreira. 2011. 144 f. Dissertação (Mestrado em Administração)
– Faculdade de Ciências Empresariais, Universidade FUMEC, Belo Horizonte, 2011.
21
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do trabalho
científico [recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2.
ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013. Disponível em:
<http://www.feevale.br/Comum/midias/8807f05a-14d0-4d5b-b1ad-1538f3aef538/E-
book%20Metodologia%20do%20Trabalho%20Cientifico.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2017.
RAMALHO, Márcio Rodrigues. Cultura organizacional e comprometimento dos
funcionários do Soleil Suíte Hotel. 2008. 78 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em
Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, 2008
ROCHA, Fernanda Ludmilla Rossi et al Organizational culture of a psychiatric hospital and
resilience of nursing workers. Revista brasileira de enfermagem, Brasília, v. 69, n. 5, p.
817-824, out. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext
&pid=S0034-71672016000500817&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 abr. 2017.
ROCHA, Fernanda Ludmilla Rossi et al. The organizational culture of a Brazilian public
hospital. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 48, n. 2, p. 308-314, abr.
2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-
62342014000200308&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 abr. 2017.
SANT’ANNA, Dalmir Antônio de et al. Avaliação do Comprometimento e da Cultura
Organizacional: evidências do comprometimento de uma força de vendas autônoma em uma
empresa do setor de condutores elétricos. In: ENCONTRO DA ANPAD, 38., 2014, Rio de
Janeiro. Anais... Rio de Janeiro, ANPAD, set. 2014. Disponível em:
<http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2014_EnANPAD_GPR2147.pdf>. Acesso em: 15 abr.
2017.
SANTOS, Érica Mendes dos. A importância da cultura para as organizações. In:
CONGRESSO DE PESQUISA CIENTÍFICA, 2: INOVAÇÃO, ÉTICA E
SUSTENTABILIDADE, 2012, Marília/SP. Anais de trabalhos premiados 2012, Marília/SP:
Núcleo de Apoio à Pesquisa e Extensão - NAPEX – UNIVEM, 2012. p. 18-25. Disponível
em: <revista.univem.edu.br/REGRAD/article/view/426/349>. Acesso em 21/03/2017.
SANTOS, Felipe Ramalho dos. As bases do comprometimento organizacional expressas
por servidores de um órgão do poder judiciário. Monografia, Brasília, 2010. Disponível
em http://bdm.unb.br/handle/10483/1204, acesso em 25/10/2017.
VIANA, Maria Aparecida. Comprometimento organizacional: estudo comparativo dos
grupos geracionais em uma universidade federal. 2012. 120 f. Dissertação (Mestrado
profissional em Administração) – Fundação Pedro Leopoldo, Pedro Leopoldo, 2012.
PUC, Rio, certificação digital Nº 1012832/CA.
22
APÊNDICE 1 – Coleta de dados sociodemográficos
Gênero: ( ) F ( ) M
Idade: ___________ anos
Tempo de atuação profissional: ________ anos
Tempo de atuação na instituição: _______ anos
Jornada de trabalho mensal: ( ) 220 h ( ) 180 h ( ) 150 h ( ) Outra:
ANEXO 1 – ESCALA DE COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL - EBACO
Discordo
totalmente
Discordo
muito
Discordo
pouco
Concordo
pouco
Concordo
muito
Concordo
totalmente Escore Resultado
Valor aplicado
para cada resposta 1 2 3 4 5 6
1. Desde que me
juntei a esta
organização, meus
valores pessoais e
os da organização
têm se tornado mais
similares.
0,74
2. A razão de eu
preferir esta
organização em
relação a outras é
por causa do que ela
simboliza, de seus
valores.
0,76
3. Eu me identifico
com a filosofia
desta organização. 0,80
4. Eu acredito nos
valores e objetivos
desta organização. 0,78
5. Eu não deixaria
minha organização
agora porque eu
tenho uma
obrigação moral
com as pessoas
daqui.
0,78
6. Mesmo se fosse
vantagem para mim,
eu sinto que não
seria certo deixar
minha organização
agora.
0,79
7. E me sentiria
culpado se deixasse
minha organização
agora.
0,82
23
Discordo
totalmente
Discordo
muito
Discordo
pouco
Concordo
pouco
Concordo
muito
Concordo
totalmente Escore Resultado
8. Acredito que não
seria certo deixar
minha organização
porque tenho uma
obrigação moral em
permanecer aqui.
0,85
9. Todo empregado
deve buscar atingir
os objetivos da
empresa.
0,65
10. Eu tenho
obrigação em
desempenhar bem
minha função na
empresa.
0,81
11. O bom
empregado deve se
esforçar para que a
empresa tenha os
melhores resultados
possíveis.
0,81
12. O empregado
tem a obrigação de
sempre cumprir
suas tarefas.
0,70
13. Nesta empresa,
eu sinto que faço
parte do grupo. 0,72
14. Sou reconhecido
por todos na
empresa como um
membro do grupo.
0,82
15. Sinto que meus
colegas me
consideram como
membro da equipe
de trabalho.
0,76
16. Fazer parte do
grupo é o que me
leva a lutar por esta
empresa.
0,68
17. Se eu já não
tivesse dado tanto
de mim nesta
organização, eu
poderia considerar
trabalhar em outro
lugar.
0,45
18. A menos que eu
seja recompensado
de alguma maneira,
eu não vejo razões
para despender
esforços extras em
benefício desta
organização.
0,77
19. Minha visão
pessoal sobre esta
organização é
diferente daquela
que eu expresso
publicamente.
0,72
24
Discordo
totalmente
Discordo
muito
Discordo
pouco
Concordo
pouco
Concordo
muito
Concordo
totalmente Escore Resultado
20. Apesar dos
esforços que já
realizei, não vejo
oportunidades para
mim nesta empresa.
0,60
21. Procuro não
transgredir as regras
aqui, pois assim
sempre manterei
meu emprego.
0,69
22. Na situação
atual, ficar com
minha organização
é na realidade uma
necessidade tanto
quanto um desejo.
0,58
23. Para conseguir
ser recompensado
aqui é necessário
expressar a atitude
certa.
0,71
24. Farei sempre o
possível em meu
trabalho para me
manter neste
emprego.
0,65
25. Se eu decidisse
deixar minha
organização agora,
minha vida ficaria
bastante
desestruturada.
0,59
26. Eu acho que
teria poucas
alternativas se
deixasse esta
organização.
0,77
27. Uma das
consequências
negativas de deixar
esta organização
seria a escassez de
alternativas
imediatas de
trabalho.
0,84
28. Não deixaria
este emprego agora
devido à falta de
oportunidades de
trabalho.
0,78
Fonte: FERREIRA; ASSMAR, 2008. p. 125-138.
25
ANEXO 2 – Instrumento Brasileiro para Avaliação da Cultura Organizacional –
IBACO
Não se aplica de
modo nenhum
Pouco se
aplica
Razoável
aplicação
Muito se
aplica
Aplica-se
totalmente
Valor aplicado para cada resposta 1 2 3 4 5
02. Os empregados têm ampla liberdade de acesso
aos diretores.
10. O atendimento às necessidades do cliente é
uma das metas mais importantes.
16. As necessidades pessoais e o bem-estar dos
funcionários constituem uma preocupação
constante da empresa.
19. Persegue-se a excelência de produtos e
serviços como forma de satisfazer aos clientes.
20. Os empregados que apresentam ideias
inovadoras costumam ser premiados.
21. Investe-se no crescimento profissional dos
empregados.
22. O acompanhamento e atendimento das
necessidades dos clientes são feitos
constantemente.
28. Mantêm-se relações amigáveis com os
clientes.
33. Os chefes imediatos são como pais para os
empregados.
34. Os empregados recebem treinamento para
poderem desenvolver sua criatividade.
36. Os empregados são premiados quando
apresentam um desempenho que se destaca dos
demais.
41. Programas para aumentar a satisfação dos
empregados são regularmente desenvolvidos.
43. É prática comum a comemoração dos
aniversários pelos empregados.
48. A preocupação do empregado com a qualidade
de seu serviço é bem vista.
53. As inovações são em geral introduzidas para
atender às necessidades do mercado.
54. Eventos sociais com distribuição de brindes
são comumente realizados para os empregados.
56. O esforço e a dedicação ao trabalho são
qualidades bastante apreciadas.
58. Programas destinados a melhorar o bem-estar
dos empregados são implantados e testados.
61. O profissionalismo dos empregados é visto
como uma grande virtude.
64. As relações entre empregados e membros do
alto escalão são cordiais e amigáveis.
65. A preocupação em superar as dificuldades do
dia-a-dia é vista como de grande valor.
26
Não se aplica de
modo nenhum
Pouco se
aplica
Razoável
aplicação
Muito se
aplica
Aplica-se
totalmente
68. Os empregados que demonstram dedicação e
espírito de colaboração são os melhores
modelos a serem seguidos.
73. Somente os bons empregados recebem
benefícios que lhes garantem um melhor bem-
estar.
74. A criatividade é um dos requisitos básicos para
a ocupação de cargos gerenciais.
77. O crescimento profissional é considerado
indispensável à permanência do empregado na
casa.
79. As inovações costumam ser introduzidas por
meio de programas de qualidade.
80. Os empregados se relacionam como se fossem
uma grande família.
85. Os empregados costumam ser premiados
quando alcançam metas pré-estabelecidas.
89. A competição é valorizada, mesmo que de
forma não sadia, porque o objetivo da empresa
é a produtividade e o lucro.
94. A competição é vista como indispensável à
obtenção de bons resultados.
Fonte: FERREIRA; ASSMAR, 2008. p. 125-138.