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Atenas e Esparta, as duas mais famosas cidades- estados do mundo grego antigo, eram em muitas características, antípodas. Enquanto Esparta sempre fora uma oligarquia, Atenas viveu seu apogeu político, século V a C, sob o regime democrático. Aqui é importante fazer algumas considerações: a democracia em Atenas era bem diferente da nossa. No caso deles, a democracia era direta , isto é, os próprios cidadãos atenienses se dirigiam à Eclésia para decidir, eles mesmos, os destinos da cidade. Em nosso caso, escolhemos, através de eleições periódicas e livres, representantes para votar leis e nos governar. Chamamos esse tipo de democracia de indireta ou representativa. Além disso, no caso da Atenas clássica, as mulheres estavam excluídas dos direitos políticos, coisa bem diferente ocorre nos dias hoje. No caso do Brasil, por exemplo, a maioria dos eleitores é composta por mulheres. E não custa lembrar que temos na presidência do país uma mulher. Finalmente, há um detalhe que escapa a muitos alunos sobre a democracia ateniense. Tanto em Esparta quanto em Atenas uma minoria de habitantes é que detinha o poder político nas cidades. Alguns dados indicam que para cada 100 habitantes de Esparta, apenas 2 tinham direitos políticos. No caso de Atenas, no século V a C., essa proporção era de 100 para 10. Então, pergunta-se: “Por que Esparta era uma oligarquia, e Atenas, no século V a C, uma democracia?”

Atenas e Esparta

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Page 1: Atenas e Esparta

Atenas e Esparta, as duas mais famosas cidades-estados do mundo grego antigo, eram em muitas características, antípodas. Enquanto Esparta sempre fora uma oligarquia, Atenas viveu seu apogeu político, século V a C, sob o regime democrático. 

Aqui é importante fazer algumas considerações: a democracia em Atenas era bem diferente da nossa.  No caso deles, a democracia era direta , isto é, os próprios cidadãos atenienses se dirigiam à Eclésia para decidir, eles mesmos, os destinos da cidade. Em nosso caso, escolhemos, através de eleições periódicas e livres, representantes para votar leis e nos governar. Chamamos esse tipo de democracia de indireta ou representativa.

Além disso, no caso da Atenas clássica, as mulheres estavam excluídas dos direitos políticos, coisa bem diferente ocorre nos dias hoje. No caso do Brasil, por exemplo, a maioria dos eleitores é composta por mulheres. E não custa lembrar que temos na presidência do país uma mulher. 

Finalmente, há um detalhe que escapa a muitos alunos sobre a democracia ateniense. Tanto em Esparta quanto em Atenas uma minoria de habitantes é que detinha o poder político nas cidades.

Alguns dados indicam que para cada 100 habitantes de Esparta, apenas 2 tinham direitos políticos. No caso de Atenas, no século V a C., essa proporção era de 100 para 10. Então, pergunta-se: “Por que Esparta era uma oligarquia, e Atenas, no século V a C, uma democracia?”

a resposta é simples e direta. O regime democrático de Atenas não fazia distinção entre ricos e pobres quanto aos direitos políticos. Em outras palavras. Os cidadãos atenienses, ricos ou pobres, tinham os mesmos direitos políticos; Além do mais, as decisões eram tomadas em Assembléia Popular, e não por um rei, tirano ou um conselho político. Os cargos políticos em Atenas eram escolhidos por eleição e sorteio o que permitia que um cidadão mais pobre pudesse, em tese, ocupar um importante cargo político na cidade. Isso seria impossível num regime oligárquico. Essas caracteríticas tornavam o regime de Atenas democrático. Já em Esparta, isso não acontecia.

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Antes de falarmos na democracia ateniense, é fundamental entendermos todo o processo que do século IX a C até o final do século VI a C, levou a cidade à democracia.

Atenas está situada na península da Ática e foi fundada pelos jônios numa época entre os séculos IX e VII a C. Ao contrário de Esparta, a cidade de Atenas conheceu vários sistemas políticos, como: a monarquia; a oligarquia; a tirania; e, finalmente, a democracia. Foi este último sistema que a tornou famosa no mundo.

Na época da oligarquia, o grupo social dominante e que detinha o poder político era os eupátridas, que formavam a aristocracia de Atenas. Chama-se de aristocracia o grupo social cuja riqueza está baseada na posse da terra e que detém o poder político numa região. Os eupátridas que eram grandes proprietários e dominavam politicamente a cidade eram, por isso, chamados de aristocratas. Com o tempo o termo aristocracia passou a designar os ricos, grandes proprietários.

No período da oligarquia, a cidade de Atenas vivia sob um clima de tensão social muito grande. Os grupos sociais mais pobres e/ou sem direitos políticos reivindicavam, sem sucesso, mais direitos na cidade. De forma geral, três eram os fatores de distúrbios sociais em Atenas: a escravidão por dívida; o latifúndio; a falta de participação política. No final do século VII a C e na primeira metade do século VI a C, os distúrbios foram se agravando, ameaçando o regime oligárquico dos eupátridas. 

A fim de conter as revoltas, o governo de Atenas convocou legisladores que propuseram reformas políticas, sociais e econômicas. Essas reformas tinham um objetivo principal: diminuir as tensões sociais na cidade

Atenas 2 - Os Legisladores ou Reformadores

Os mais conhecidos legisladores de Atenas foram Drácon, Sólon e Clístenes. Em épocas distintas, embora historicamente próximas, esses atenienses propuseram várias reformas na cidade que, no seu conjunto, vão levar ao regime democrático em Atenas.

Drácon             

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                        Atribui-se a Drácon a medida de tornar escritas as leis de Atenas, permitindo assim que todos na cidade que soubessem ler conhecessem as leis. Outra medida associada a Drácon foi a sua legislação inflexível e dura, daí nascendo a expressões “leis draconianas” para leis muito severas e inflexíveis. Contudo, do ponto de vista do objetivo das reformas, as medidas de Drácon não surtiram os efeitos esperados.

Sólon

As reformas de Sólon foram muito mais profundas. Tão profundas que não seria exagero afirmar que suas reformas preparam em Atenas o caminho para a democracia.   Sólon aboliu a escravidão por dívida na cidade. Criou a Bulé (conselho dos 400) e a Eclésia (assembleia popular da cidade). Além disso, Sólon aboliu os privilégios políticos dos eupátridas, criando uma nova organização social a partir da renda (divisão censitária da sociedade)

Embora profundas e importantes, as reformas de Sólon desagradaram a gregos e troianos. Ou para ser mais exato: a eupátridas e thetas. A tensão social prosseguiu, e aproveitando-se disso, um político ateniense, demagogo, de nome Psístrato, com apoio da massa, tomou o poder em Atenas, implantando na cidade a Tirania: regime político que na Grécia Antiga se caracterizava pela poder de um só (o tirano) sobre todos. Quem mais se desagradou desse regime, que fique claro, foram os aristocratas.

Psístrato, embora tirano e odiado pelos eupátridas, tinham um amplo apoio dos grupos sociais mais pobres, sobretudo após seu radical programa de reforma agrária. O reinado de Psístrato foi longo, mas seus filhos que o sucederam – Hipias e Hiparco – não foram tão eficazes na condução do governo e acabaram sendo derrotados pelos aristocratas que recuperaram o poder na cidade. Foi nesse contexto que surge a figura do último reformador: Clístenes.

Clístenes

É considerado o pai da democracia em Atenas. Suas principais medidas foram aprofundar as propostas de Sólon. Assim ele aumento a Bulé para 500 membros, deu mais poder à Eclésia e ao Helieu (tribunal de popular de Justiça). Fez uma divisão social

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complexa, de modo que num mesmo grupo houvesse grupos de tribos diferentes e de rendas distintas. 

De forma sintética, a nova organização social em Atenas a partir de Clístenes ficou assim:

Cidadãos ( homens com mais de 18 anos nascidos em Atenas)

Metecos (estrangeiros, geralmente associados ao comércio)

Escravos  (em sua maioria prisioneiros de guerra)

Mulheres, crianças, metecos e escravos que, juntos, representavam cerca de 90% dos habitantes de Atenas, estavam excluídos dos direitos políticos. Apenas os cidadãos é que exerciam esses direitos.

A fim de evitar que Atenas voltasse a ter um novo tirano, como na época de Psístrato, Clístenes criou para aquele cidadão que ameaçasse a democracia ateniense a pena doostracismo, que consistia no banimento da cidade de Atenas por um período máximo de 10 anos.

Observem o gráfico acima que mostra a distribuição da população de Atenas no século V a C. Percebam que por volta de 432 a C, houve uma sensível diminuição no número de cidadãos na cidade.

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A principal razão para isso foi a decisão de Péricles – vamos falar mais dessa pessoa _ em restringir ainda mais o direito de cidadania em Atenas. Péricles conseguiu aprovar uma lei em Atenas que obrigava o cidadão ateniense, para ser cidadão, ser filho de pai e mãe ateniense.

Outra importante medida aprovada na Eclésia com a influência de Péricles foi a mistoforia.Preocupado com a falta de participação política dos mais pobres na Eclésia, Péricles criouuma remuneração (mistoforia) para o cidadão que comparecesse à Eclésia. Essa decisão agradou os mais pobres, e despertou a ira dos opositores de Péricles na cidade.

Amanhã, a educação em Atenas