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1 ATER NO BRASIL E NO PARANÁ Por: Miriam Fuckner 1 A institucionalização efetiva do serviço de assistência técnica e extensão rural no Brasil se deu ao longo das décadas de 1950 e 60, a partir da criação nos estados das associações de crédito e assistência rural (ACAR), coordenadas pela Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural (ABCAR), criada em 21/06/1956. As ACAR eram entidades civis, sem fins lucrativos, que prestavam serviços de extensão rural e elaboração de projetos técnicos para obtenção de crédito junto aos agentes financeiros. As ACAR foram surgindo em cada estado, nas duas décadas seguintes. Vinte e três ACAR estavam criadas até 1974 e, juntamente com a ABCAR, criada em 1956, substituía o ETA - Escritório Técnico de Agricultura, formando o então chamado SISTEMA ABCAR. No Paraná o serviço de ATER iniciou no ano de 1956, com 11 escritórios do ETA - Escritório Técnico de Agricultura, cujos propósitos e métodos se baseavam no sistema de extensão, implantado nos Estados Unidos. Posteriormente com vistas a aprimorar os programas de crédito rural, às atividades dos extensionistas foram incorporadas responsabilidades de orientação técnica aos tomadores de financiamentos. A partir daí, em 1959, as funções do ETA foram assumidas pela ACARPA - Associação de Crédito e Assistência Rural do Paraná. Em 1975 foi criada a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER), empresa pública, vinculada ao Ministério da Agricultura, com personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio. A Lei que a criou estabelecia a sua integração com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), autorizando-as a dar apoio financeiro às instituições estaduais oficiais que atuassem em Ater e pesquisa agropecuária. Todas as estruturas das ACAR foram absorvidas pelos estados e criadas empresas ou outras estruturas governamentais de assistência técnica e extensão rural 1 Assistente Social, Funcionária do Instituto Emater, Curitiba PR, em junho de 2015.

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ATER NO BRASIL E NO PARANÁ

Por: Miriam Fuckner1

A institucionalização efetiva do serviço de assistência técnica e extensão rural

no Brasil se deu ao longo das décadas de 1950 e 60, a partir da criação nos estados

das associações de crédito e assistência rural (ACAR), coordenadas pela Associação

Brasileira de Crédito e Assistência Rural (ABCAR), criada em 21/06/1956. As ACAR

eram entidades civis, sem fins lucrativos, que prestavam serviços de extensão rural e

elaboração de projetos técnicos para obtenção de crédito junto aos agentes

financeiros.

As ACAR foram surgindo em cada estado, nas duas décadas seguintes. Vinte e

três ACAR estavam criadas até 1974 e, juntamente com a ABCAR, criada em 1956,

substituía o ETA - Escritório Técnico de Agricultura, formando o então chamado

SISTEMA ABCAR.

No Paraná o serviço de ATER iniciou no ano de 1956, com 11 escritórios do

ETA - Escritório Técnico de Agricultura, cujos propósitos e métodos se baseavam no

sistema de extensão, implantado nos Estados Unidos. Posteriormente com vistas a

aprimorar os programas de crédito rural, às atividades dos extensionistas foram

incorporadas responsabilidades de orientação técnica aos tomadores de

financiamentos. A partir daí, em 1959, as funções do ETA foram assumidas pela

ACARPA - Associação de Crédito e Assistência Rural do Paraná.

Em 1975 foi criada a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão

Rural (EMBRATER), empresa pública, vinculada ao Ministério da Agricultura, com

personalidade jurídica de direito privado e patrimônio próprio. A Lei que a criou

estabelecia a sua integração com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA), autorizando-as a dar apoio financeiro às instituições estaduais oficiais

que atuassem em Ater e pesquisa agropecuária.

Todas as estruturas das ACAR foram absorvidas pelos estados e criadas

empresas ou outras estruturas governamentais de assistência técnica e extensão rural

1 Assistente Social, Funcionária do Instituto Emater, Curitiba PR, em junho de 2015.

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(EMATER) e o Sistema ABCAR transformou-se no Sistema Brasileiro de Assistência

Técnica e Extensão Rural (SIBRATER).

Em 1977 é criada a EMATER - Paraná, empresa pública de direito privado, com

a finalidade de absorver as atividades da ACARPA, que iniciou seu processo de

extinção.

A democratização do país em meados dos anos oitenta provocou uma

reorientação geral dos serviços de ATER, que passou a privilegiar a assistência à

agricultura familiar.

A Constituição Federal de 1988 fixou no art. 187, IV que:

A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a

participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e

trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de

armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente (...) IV -

a assistência técnica e extensão rural.

Não obstante a Constituição Federal determinasse que as políticas agrícolas

contemplassem especialmente os serviços de Ater, no ano de 1990 a EMBRATER foi

extinta, originando a desorganização de todo o sistema oficial de Ater, provocando nos

estados extinções, fusões, mudanças de regime jurídico, sucateamentos e,

principalmente, a perda de organicidade e de articulação entre as diversas instituições

executoras do serviço.

Por outro lado, em meados da década de 90, inicia-se toda uma discussão a

respeito da execução de políticas públicas e programas governamentais através do

Terceiro Setor composto por organizações não governamentais, sindicatos,

associações.

Também nos anos 90 o Movimento dos Sem-Terra e o movimento sindical de

trabalhadores rurais (organizados na Confederação Nacional de Trabalhadores da

Agricultura – CONTAG) desenvolveram ações que legitimavam politicamente estudos

acadêmicos que propunham uma nova categoria de análise: o de agricultor familiar. O

conceito de agricultura familiar influenciaria as políticas públicas no restante dos anos

90, com a intensificação das ações de Reforma Agrária e de fortalecimento dessa

categoria de produtores rurais.

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No ano de 1996 foi a criado o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (PRONAF), cujos recursos disponibilizados cresceram a cada

safra. Ao mesmo tempo em que se consolidava o PRONAF, os movimentos sociais

passaram a exigir com mais veemência um serviço de Ater público, gratuito e de

qualidade.

Em 1997 realizou-se um seminário nacional sobre Ater, seguido de seminários

em todos os estados, dos quais participaram cerca de 5 mil pessoas. Estes seminários

culminaram com a realização de um evento promovido pelo Ministério da Agricultura e

Abastecimento, no qual participaram representantes dos setores do governo, da Ater

estatal, movimentos sindicais de trabalhadores rurais e dos trabalhadores em Ater,

ONGs e universidades, oriundos de todas as unidades da Federação. Desse evento,

surgiu a proposta de consolidação de um modelo institucional de Ater pública estatal e

não estatal, descentralizado, pluralista, autônomo e gratuito

Em 1999 foi criado o Ministério do Desenvolvimento Agrário, no qual é instituída

a SAF – Secretaria da Agricultura Familiar, com a competência de “apoiar e participar

de programas de pesquisa agrícola, assistência técnica e extensão rural, crédito,

capacitação e profissionalização voltados a agricultores familiares”. Mais tarde seria

criado o DATER – Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural.

Um importante marco legal do planejamento da política de Ater pelo Estado foi

aprovação da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a

Agricultura Familiar, no âmbito do MDA, elaborada em 2003, antes mesmo da criação

do Conselho Nacional de Rural da Agricultura Familiar (CONDRAF) e do seu Comitê de

ATER através de ampla consulta às organizações dos agricultores e aos diferentes

tipos de agentes de ATER, públicos e privados.

Foram expandidos de forma significativa os financiamentos para a ATER tanto

estatal como não governamental. No auge do apoio às entidades da sociedade civil,

em 2006, quase a metade dos recursos disponibilizados foram dirigidos às ONGs. Isto

significou uma verdadeira prioridade para este agente de ATER.

Por iniciativa do DATER foi proposta a lei de ATER a qual conseguiu aprovação

do Congresso Nacional em 2010. A nova lei permitiu que os financiamentos dos

projetos de ATER passassem a ser realizados através de contratos e não de

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convênios, iniciando-se assim um processo de Chamadas Públicas para a efetivação

dos serviços de ATER. A Lei Federal 12.188/ 2010 define:

Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER: serviço de educação não formal, de caráter

continuado, no meio rural, que promove processos de gestão, produção, beneficiamento e

comercialização das atividades e dos serviços agropecuários e não agropecuários, inclusive

das atividades agroextrativistas, florestais e artesanais;

Os princípios da PNATER – Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural

são, conforme prevê a Lei:

I - desenvolvimento rural sustentável, compatível com a utilização adequada dos recursos naturais e com a preservação do meio ambiente;

II - gratuidade, qualidade e acessibilidade aos serviços de assistência técnica e extensão rural;

III - adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública;

IV - adoção dos princípios da agricultura de base ecológica como enfoque preferencial para o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis;

V - equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia; e

VI - contribuição para a segurança e soberania alimentar e nutricional.

Também foram definidos os objetivos da PNATER e o publico beneficiário

contemplando os agricultores familiares conforme expresso nos termos da Lei no

11.326, de 24 de julho de 2006, além dos os assentados da reforma agrária, os povos

indígenas, os remanescentes de quilombos e os demais povos e comunidades

tradicionais.

Em 2012 é realizada a 1ª Conferencia Nacional e Estadual de ATER, com o

objetivo de propor diretrizes para o Programa Nacional de Assistência Técnica e

Extensão Rural – PRONATER.

No mesmo ano foi realizada a conferencia de ATER no Estado do Paraná, com

240 participantes entre delegados representantes da sociedade civil e poder público,

convidados e observadores. Entre os encaminhamentos da 1ª Conferência Estadual de

ATER destacam-se:

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Integração da ATER com outras Políticas e Instituições de Desenvolvimento Rural.

Inclusão dos povos e comunidades tradicionais, bem como mulheres e jovens rurais,

destacando a constituição de equipes específicas, multidisciplinares, com habilitação,

capacitação e dedicação exclusiva para ATER aos povos e comunidades tradicionais,

vilas rurais, assentamentos e a realização de ações de Ater específicas para mulheres

agricultoras e a juventude rural, de forma a garantir a sucessão familiar no campo;

Produção de alimentos seguros e saudáveis, ressaltando a importância de contínuo

treinamento dos agentes de ATER em Sistemas Sustentáveis de Produção e Práticas

Agroecológicas, para garantir a Segurança Alimentar e Nutricional.

Melhoria de renda e qualidade de vida através de organizações coletivas, como o

cooperativismo solidário, fortalecendo as economias locais e regionais, bem como a

adequação da legislação sanitária para os pequenos empreendimentos, através de

boas práticas agropecuárias e de fabricação.

Fortalecimento da ATER com a ampliação do quadro funcional dos profissionais da

ATER oficial, bem como o fortalecimento das instituições não governamentais que já

trabalham com a PNATER, garantindo acessibilidade dos serviços de ATER, com

gratuidade, qualidade, e de caráter continuado para a Agricultura Familiar.

Construção de uma ATER continuada, que atenda a diversidade da agricultura familiar,

com respeito à sua realidade e especificidade, que garanta a efetiva participação dos

atores locais;

Promover e estimular a igualdade de gênero na agricultura familiar, destacando-se

ações que motivem a sucessão familiar.

Melhor estruturação dos serviços de ATER bem como definição de fontes de

investimento e custeio para a melhora dos serviços ofertados;

Ampliação das estruturas técnicas da ATER com equipes multidisciplinares, índice de

técnicos/famílias, para melhor atendimento das unidades familiares e organizações

ligadas a ela;

Elaboração de estratégias de ATER de forma que as Políticas Públicas (econômica,

social, cultural, educação, saúde, esporte, lazer, habitação rural, segurança,

preservação ambiental) cheguem ao público beneficiário.

Ênfase a proposição que tratou da criação de um sistema público, nacional,

descentralizado, com controle social, que coordenará a implementação da PNATER, de

maneira a melhor adequá-la às realidades estaduais e locais.

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Criar a lei estadual e as leis municipais de ATER. Estas leis deverão contemplar as

políticas e diretrizes do plano estadual de Ater, que estará inserido no Plano Estadual

de Desenvolvimento Rural.

Em relação a criação de um sistema público nacional de ATER destacou-se a

necessidade de aperfeiçoamento de ferramentas de gestão, financiamento e avaliação,

que permitam a execução dos serviços de Ater, respeitando as especificidades

locais/regionais e os processos metodológicos estabelecidos pela PNATER.

Na operacionalização da ATER a abordagem territorial deve estar vinculada a um plano

de desenvolvimento estadual, que também contemplará as regiões e municípios não

abrangidos pelos territórios.

Incentivo às instâncias de gestão social, para melhor acompanhamento, avaliação e

qualificação das ações de ATER, visando contribuir para a redução das desigualdades

regionais, municipais e locais, atentando para bolsões de pobreza.

Formação continuada dos técnicos e outros agentes de ATER, em pedagogias

construtivistas, em estratégias e metodologias participativas, em consonância com os

conceitos, princípios e objetivos da PNATER, da agricultura familiar com foco no

desenvolvimento rural sustentável.

Formação de técnicos, agentes de desenvolvimento e os diferentes públicos da

agricultura familiar em conteúdos de organização social, de produção, de

relacionamento com os elementos da natureza, de gestão de seus territórios buscando

mudanças de forma participativa; sobre o conceito de gênero e sucessão familiar;

agroecologia, à gestão de organizações produtivas, mercado e economia; pedagogia,

sociologia e outros necessários ao desenvolvimento da ATER.

Valorização dos conhecimentos e experiências dos beneficiários da PNATER;

No mesmo ano de 2012 a Lei Estadual Nº 17.447 instituiu a Política Estadual de

Assistência Técnica e Extensão Rural (PEATER-PR) e o Programa Estadual de

Assistência Técnica e Extensão Rural (PROATER-PR), que igual a lei nacional definiu

como princípios:

Desenvolvimento Rural Sustentável

Redução das desigualdades

Segurança e soberania alimentar e nutricional

Equidade nas relações de gênero, geração, raça e etnia

Gratuidade, qualidade e acessibilidade aos serviços de ATER

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Metodologias participativas e multidisciplinaridade

Fundamentos da agricultura com base ecológica e sistemas de produção sustentáveis;

E como publico beneficiário:

Agricultores familiares, agroextrativistas, pescadores e aquicultores, quilombolas,

indígenas, faxinalenses e outras populações e comunidades tradicionais. Com suas

diversas condições de posse da terra;

As organizações, representações dos beneficiários e os empreendedores familiares

rurais e seus empreendimentos;

Poderão ser beneficiários trabalhadores rurais, bóias frias e assalariados, os

acampados, os periurbanos, os agricultores urbanos e outras categorias.

A Lei estadual ainda institui o Programa Estadual de Assistência Técnica e

Extensão Rural – PROATER – PR; a gestão da ATER pelo Instituto EMATER; criação

de programa com subprogramas e projetos; elaboração de diagnóstico, prioridades,

necessidades de ATER, orçamento e recursos; processo participativo a partir de

Conselhos Municipais, Colegiados Regionais, Territoriais, Temáticos e do CEDRAF.

Para financiar os serviços de ATER foi readequado o FEAP – Fundo de

Equipamento Agropecuário do Paraná, que em seu Art. 1º, inciso XI prevê: “financiar ou

subsidiar as ações e os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER,

previstas no Programa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural - PROATER

– PR”, sendo que o Art. 5º. Prevê que “A destinação dos recursos do FEAP é

condicionada à prévia aprovação da respectiva proposta pelo Comitê Deliberativo, que

deverá ser conformada aos objetivos do FEAP e observar as políticas públicas e os

programas governamentais de agricultura familiar e desenvolvimento sustentado das

comunidades rurais referendados pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e

Agricultura Familiar – CEDRAF."

A contratação dos serviços de ATER será realizada através de chamadas

públicas ou convênios, sendo permitido à Emater contratar serviços e profissionais

temporários, desde que não gere impactos na folha de pagamento.

A Lei estipula a participação dos municípios através de Termo de Adesão ao

PROATER e de Cooperação Técnica com a EMATER, desde que possua Secretaria de

Agricultura e profissionais concursados, tenha Conselho de Desenvolvimento Rural em

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funcionamento, Plano de Desenvolvimento e de ATER; além de participar de processos

de desenvolvimento local, regional e territorial.

Também prevê como executores dos serviços de ATER entidades públicas e

privadas credenciadas no Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura

Familiar – CEDRAF, desde que tenha explicito em seu estatuto a finalidade de realizar

assistência técnica e extensão rural; 5 anos de criação e 2 de experiência; profissionais

habilitados, multidisciplinares e registrados; aval dos CMDRS e Colegiados Territoriais.

Os instrumentos de acompanhamento e avaliação garantem o Controle Social

através do CEDRAF, dos CMDRS - Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural e

demais colegiados. A Emater como gestora da ATER acompanha, supervisiona e

fiscaliza.

A Lei Estadual de ATER foi regulamentada através do Decreto Estadual Nº

12.449 de 23/10/2014, no qual é detalhada a operacionalização da lei estadual.

O decreto presidencial nº 8.252, de 26 de maio de 2014 institui a Agência

Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – ANATER, pessoa jurídica de

direito privado, sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade pública, com a

finalidade de promover a execução de políticas de desenvolvimento da assistência

técnica e extensão rural, especialmente as que contribuam para a elevação da

produção, da produtividade e da qualidade dos produtos e serviços rurais, para a

melhoria das condições de renda, da qualidade de vida e para a promoção social e de

desenvolvimento sustentável no meio rural. A ANATER atuará na assistência técnica

ao produtor rural em todas as etapas da produção, de forma integrada com a Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, para transferência de tecnologia com

foco em aumentar o numero de pequenos e médios agricultores com ATER, qualificar o

serviço e promover a apropriação de tecnologias pelos produtores com aumento de

produtividade e renda.

Com relação ao publico beneficiário está previsto que a Anater dará prioridade às

contratações de serviços de assistência técnica e extensão rural destinados ao público

a que se refere o art. 3º da Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, observando o

disposto na Lei nº 12.188/2010, que estabelecem os princípios e objetivos da Política

Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER. Contempla também

médios produtores rurais enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio

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Produtor Rural – PRONAMP, conforme critérios constantes do Manual de Crédito Rural

- MCR do Banco Central do Brasil.

São atribuições da ANATER: Credenciar entidades públicas e privadas para

execução dos serviços de ATER; contratar e disponibilizar os serviços; qualificar os

profissionais; transferir tecnologia e inovação; monitorar e avaliar resultados; acreditar

as entidades quanto a qualidade do serviço prestado.

CONFERÊNCIA ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL E

SOLIDÁRIO

Foi realizada em 2013 a 3ª Conferencia Estadual de Desenvolvimento Rural

Sustentável, com a participação de 350 participantes entre delegados, convidados e

observadores. Entre os encaminhamentos da conferencia destaca-se os que se

referem exclusivamente a questão da ATER:

Eixo 1 - Desenvolvimento Socioeconômico e Ambiental do Brasil Rural e Fortalecimento

da Agricultura Familiar:

Ampliar, fortalecer e garantir Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER Pública

(capacitação, administrativa, econômica e técnica) e mais recursos para as pesquisas

específicas em agroecologia e produção orgânica para agricultura familiar, divulgar e

colaborar na consolidação de experiências existentes e boas práticas em agroecologia

e produções orgânicas, preparando agricultores familiares com inserção de jovens e

mulheres para diversificação da produção com agroindústrias, promovendo assim a

sustentabilidade e acesso da população aos produtos agroecológicos.

Incentivar a produção agroecológica e a diversificação da propriedade (desde a

produção, certificação até comercialização), tendo em vista as questões de segurança

alimentar e de sustentabilidade, facilitando acesso aos recursos públicos (custeio e

investimento e subsídios) para os agricultores familiares (Conforme lei da agricultura

familiar) , quilombolas e indígenas, com inserção das mulheres no processo e

ampliando a oferta de produtos agroecológicos a população.

Ampliar a assistência técnica, social e extensão rural, pública, às mulheres, adotando

como estratégia a capacitação, a orientação, a divulgação de experiências exitosas e a

pesquisa participativa, visando o acesso às políticas públicas de crédito e de garantia

de direitos sociais (ex. Previdência e Saúde), o desenvolvimento de atividades agrícolas

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sustentáveis (agroecologia e plantas medicinais) e não agrícolas (artesanato e turismo),

a transformação da produção, a estruturação de canais de comercialização ou acesso a

mercados institucionais e não institucionais existentes e o empoderamento para a

gestão de negócios e liderança comunitária, garantindo o mínimo de 50% de mulheres

no quadro de profissionais.

EIXO 2 – Reforma Agrária e democratização do acesso a terra e aos recursos naturais.

Ampliar e garantir a oferta de assistência técnica e extensão rural - ATER de qualidade,

contínua, permanente, pública, gratuita e integrada com a pesquisa, realizada pela

Emater e/ou convênios com organizações não governamentais, conforme definido na

Lei Federal de ATER, para os beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário

(PNCF) e assentamentos de reforma agrária, inclusive os Povos e Comunidades

Tradicionais, contemplando: o planejamento da UPVF (Unidade Produtiva e Vida

Familiar), as melhorias no acesso e aplicação das políticas públicas e a capacitação

contínua nas questões produtivas, ambientais e inserção aos mercados.

TEMA E EIXOS DA 2ª CONFERÊNCIA ESTADUAL DE ATER

“O Fortalecimento da ATER para o Desenvolvimento Rural Sustentável e

Solidário – DRSS”

EIXO I - Demandas e Ofertas de ATER a partir do Plano de DRSS

Estudos mostram a relevância da agricultura familiar na organização e na

estruturação do espaço rural no Brasil. Ao longo dos últimos anos este segmento da

sociedade tem recebido atenção especial ou valorização no que tange as políticas

públicas.

A agricultura familiar vem contribuindo para o desenvolvimento social e para

equilibrar o país por trata-se de um setor em crescimento e de inteira relevância.

Todos os anos ela movimenta bilhões de reais para o país, produzindo mais da metade

dos alimentos que são consumidos. Também, tem participação na criação de

empregos, geração e distribuição de renda e diminuição das saídas do campo para as

cidades.

Entre os elementos que estão na base das reformulações do enfoque das

políticas para o setor rural encontra-se a nova concepção de soberania, segurança

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alimentar e nutricional que se configurou nos países desenvolvidos. No novo cenário

dos mercados globalizados, a prática da agricultura, tem como finalidades principais:

fornecer alimentos saudáveis e de qualidade, obtidos com métodos de produção

seguros e confiáveis; competir de forma eficiente nos mercados abertos; garantir a

sustentabilidade dos recursos naturais utilizados nos processos produtivos,

especialmente o solo e a água; propiciar a ocupação equilibrada do território, a

preservação da paisagem rural e a manutenção dos espaços naturais e a

biodiversidade.

Entre as diversas políticas públicas que visam fortalecer a agricultura familiar e

atender a demanda por produção de alimentos, pode-se citar: a disponibilidade de

crédito rural, através do PRONAF; o Programa Mais Alimentos que oferece créditos

de investimento destinados a promover o aumento da produção e da produtividade e a

redução dos custos de produção, visando a elevação da renda da família produtora

rural; o PAA que tem a finalidade de promover o abastecimento alimentar por meio de

compras governamentais de alimentos; fortalecer circuitos locais e regionais e redes de

comercialização; valorizar a biodiversidade e a produção orgânica e agroecológica de

alimentos; incentivar hábitos alimentares saudáveis e estimular o cooperativismo e o

associativismo. Também contribui para a constituição de estoques públicos de

alimentos produzidos por agricultores familiares e para a formação de estoques pelas

organizações da agricultura familiar. Outro programa importante é o PNAE – Programa

Nacional de Alimentação Escolar, que favorece o encontro – da alimentação escolar

com a agricultura familiar – tem promovido uma importante transformação na

alimentação escolar, ao permitir que alimentos saudáveis e com vínculo regional,

produzidos diretamente pela agricultura familiar, possam ser consumidos diariamente

pelos alunos da rede pública de todo o Brasil. O programa Leite das Crianças que tem

por objetivo auxiliar no combate à desnutrição infantil, por meio da distribuição gratuita

e diária de um litro de leite às crianças de 06 a 36 meses, pertencentes a famílias cuja

renda per capta não ultrapassa meio salário mínimo regional, além do fomento à

agricultura familiar, proporcionando geração de emprego e renda, a busca pela

qualidade do produto pela remuneração equivalente, a inovação dos meios de

produção e a permanência do homem no campo.

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Outras políticas públicas têm a finalidade de promover o desenvolvimento rural

sustentável, e o Plano nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário

(PNDRSS) que foi elaborado a partir de amplo e intenso debate realizado entre as três

esferas de governo e a sociedade durante a 2ª Conferência Nacional de

Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (2ª CNDRSS), realizada pelo Ministério

do Desenvolvimento Agrário (MDA) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento

Rural Sustentável (CONDRAF) ao longo de 2013. O PNDRSS traz objetivos, metas e

iniciativas de curto, médio e longo prazo para o desenvolvimento do rural brasileiro. E

representa um instrumento estratégico para a participação do rural no desenvolvimento

nacional.

Os objetivos estratégicos do Plano Nacional de DRSS são:

Assegurar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Brasil Rural e o

fortalecimento da agricultura familiar e a agroecologia, com ampliação da renda, da

produção e da disponibilidade e acesso aos alimentos saudáveis;

Promover a reforma agrária, a democratização do acesso à terra e aos recursos

naturais.

Adotar a abordagem territorial como estratégia de desenvolvimento rural e de melhoria

da qualidade de vida, por meio da integração de políticas públicas e articulação

interfederativa;

Promover a gestão e a participação social na implementação, no monitoramento e na

avaliação das políticas públicas.

Consolidar e fortalecer, nos espaços internacionais, regionais e multilaterais, a agenda

do desenvolvimento rural com ênfase na agricultura familiar e agroecológica.

Promover a autonomia das mulheres por meio da garantia do acesso à terra e à

cidadania, da organização produtiva, gestão econômica e qualificação das políticas e

serviços públicos.

Promover a autonomia e a emancipação da juventude rural por meio da qualificação

das políticas e serviços públicos, com ênfase nas políticas educacionais e na

organização produtiva.

Promover o etnodesenvolvimento, valorizando a agrobiodiversidade e os produtos da

sociobiodiversidade.

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Assim como existe um Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e

Solidário, se recomendou a elaboração dos planos também nos municípios, territórios e

no estado. O Estado do Paraná ainda não elaborou seu Plano Estadual, mas muitos

municípios, através dos seus Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural e

colegiados territoriais possuem seus Planos Municipais ou Territoriais de

Desenvolvimento. Em geral estes planos, bem como as diversas políticas públicas para

o espaço rural são intersetoriais, isto é, precisam de uma articulação entre as diversas

secretarias de governo e entidades públicas e privadas para se concretizarem. A

participação social, isto é, da população beneficiária das políticas também tem sido

considerada através da sua participação nas conferencias, nos conselhos e nos

movimentos sociais.

Os objetivos definidos nos planos e nos projetos de desenvolvimento rural, em

geral ficam a depender da adequação e qualificação tecnológicas, da oferta mais

abrangente dos serviços de extensão à produção familiar, assim como da abertura dos

agentes serem capazes de incorporar o saber local ao conhecimento e às tecnologias,

para potencializar as praticas de desenvolvimento na unidade de produção familiar.

(JARA: 2001)

Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER é um instrumento importante

para a realização das ações que visam promover o desenvolvimento rural. Assim, esta

conferencia convida a refletir sobre como este serviço tem contribuído para contribuir

no atendimento as demandas e necessidades dos agricultores familiares.

Eixo II - Abrangência da ATER – público beneficiário:

Como já foi destacado neste documento anteriormente, uma das

preocupações da Lei de ATER, tanto a nacional como a estadual, se referem à

universalização do serviço, priorizando os agricultores familiares, conforme expresso

nos termos da Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006, além dos os assentados da

reforma agrária, os povos indígenas, os remanescentes de quilombos e os demais

povos e comunidades tradicionais.

Na Figura 1 pode-se verificar que o Paraná possui 365.654 famílias de

agricultores familiares que estão em estágios diferenciados. Se observar com mais

detalhe verá que aproximadamente 170 mil famílias estão nos estágios 1 e 2 que são

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os que ainda dependem de uma inclusão social e produtiva - (não estão inseridos nos

processos de produção e comercialização e produzem somente para autosustento) e

necessitam de acesso em tecnologias de produção e organização do produtor e do

mercado.

Figura 1 – Número de famílias de agricultores familiares do Paraná e seus estágios

Fonte: EMATER/2014

Pesquisas demonstram que a ATER está mais presente nas famílias que se

encontram nos estágios 3, 4 e 5. Mais recentemente, a partir de políticas públicas,

como o Brasil Sem Miséria, que tem por objetivos: elevar a renda familiar per capita

da população em situação de extrema pobreza; ampliar o acesso da população em

situação de extrema pobreza aos serviços públicos; e promover o acesso da população

em situação de extrema pobreza a oportunidades de ocupação e renda, por meio de

ações de inclusão produtiva.Na modalidade inclusão produtiva e social o BSM prevê

“executar serviços de assistência técnica e extensão rural, visando inclusão produtiva

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rural e facilitar a transferência de recursos de fomento da união através da elaboração

de planos de estruturação familiar produtiva e social para agricultores (as) familiares

em situação de extrema pobreza”. No Estado do Paraná este programa é executado

pela EMATER a partir de acordo de cooperação técnica firmado pelo governo estadual,

através da SEAB com os ministérios do Desenvolvimento Social e do Desenvolvimento

Agrário.

Então de que forma está organizada a ATER no seu município e Região? Qual é

publico que está sendo beneficiado por este serviço? Estas e outras questões são

importantes para serem discutidas e encaminhadas nesta conferencia.

Eixo III - Metodologia para uma ATER inclusiva

O desenvolvimento sustentável exige a formação de agricultores e trabalhadores

competentes e qualificados, capazes de se perceberem como cidadãos dotados de

capacidades para assumir suas atividades e tomar decisões com eficiência.

A educação em todos os seus aspectos – formal e informal – constitui a fonte

mais importante de poder para as comunidades rurais. Possibilita o acesso aos ativos

produtivos, o aproveitamento das oportunidades de diversificação produtiva, a geração

de trabalho e negócios e o manejo sustentável dos recursos naturais.

A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), em sua

ação no meio rural, vem buscando metodologias que melhor se aproximem da

realidade de seus sujeitos e que correspondam às necessidades dos mesmos. Para

encontrar caminhos que permitam alcançar a eficácia da política de extensão rural no

Brasil, as demandas das entidades envolvidas e das populações para quem a política

foi criada, é preciso considerar e analisar as influências presentes nas práticas dos

extensionistas, em todos os processos.

Conforme a proposta da politica de ATER é imporrtante que os agricultores

familiares internalizem conhecimentos que promovam a mudança de comportamentos

e atitudes e as práticas que reproduzem experiências negativas. Isso supõe organizar o

processo ATER em um ambiente solidário e cooperativo, no qual se consegue

“aprender a aprender”. Os agricultores não aprendem de forma passiva, sentados em

uma cadeira de frente para o técnico. Somente se aprende em relacionamentos que

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estimulam a necessidade de aprender quando se trabalha com os outros, trocando

habilidades e talentos.

Assim, a ATER demanda aspectos que trabalhem a questão da

multidisciplinaridade, os conceitos sistêmicos, para que a formação do profissional dos

agentes esteja condizente com a nova proposta. O extensionista precisa estar aberto a

adquirir novos conceitos sobre o meio rural, sobre como atuar, na busca pela

participação de todos. As metodologias utilizadas no campo precisam passar por

transformações, adequações e mesmo por uma adaptação dos sujeitos envolvidos no

processo da extensão.

Cada segmento da agricultura familiar apresenta especificidades que

necessitam ser considerados no processo metodológico do trabalho da ATER, assim é

importante refletir sobre a forma de executar este serviço, de forma que o técnico

possa executar suas ações de forma a atender as demandas e necessidades dos

beneficiários.

Eixo IV. Sistema de ATER: Organização, Gestão e Financiamento

Gestão de Ater trata do planejamento, organização, direção e controle da

prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural realizadas no Paraná.

Será orientada pelo Plano Estadual de Desenvolvimento Rural, pela Política Estadual

de ATER-PR e o Programa Estadual de ATER – PROATER-PR que, por sua vez, são

documentos constituídos a partir das Conferências de Desenvolvimento Rural e ATER,

momento em que Estado e cidadãos dialogam sobre os interesses da agricultura

familiar do Paraná, geram propostas de políticas públicas e avaliam os projetos

executados.

No Paraná, conforme prevê a Lei Estadual a Gestão de Ater será gerenciada por

um sistema:

Técnico e Executivo Instituto EMATER, autarquia criada pela Lei nº 14.832, de 22 de setembro de 2005.

Social CEDRAF: também representando os CMDRS e Colegiados Territoriais.

Político SEAB / EMATER

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Hoje a ATER é realizada no Paraná, pela EMATER, autarquia estadual e oficial

para a prestação do serviço. Juntamente com ela, outras entidades também prestam

serviços de ATER nos municípios paranaenses, destacando-se as prefeituras

municipais, através de suas secretarias municipais ou departamentos de agricultura,

cooperativas agropecuárias, da agricultura familiar e de serviços de ATER, entidades

privadas de ATER e núcleos de extensão vinculados às universidades.

Pelo sistema nacional de credenciamento de entidades de ATER – SIATER,

localizado no Ministério do Desenvolvimento Agrário, as entidades de ATER são

credenciadas para se tornarem aptas a contratação de serviços através de chamadas

públicas.

A Câmara de Credenciamento de ATER do CEDRAF – Conselho Estadual de

Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, composta por representantes do MDA,

INCRA, Emater, e entidades da agricultura familiar, delibera sobre os pedidos de

credenciamento, com base nas normas e critérios vigentes.

Atualmente o Paraná possui 35 entidades de ATER credenciadas, com um

quadro técnico declarado de 1.400 profissionais.

Conforme informação da Delegacia do MDA no Paraná, a partir de 2010 com a

promulgação da Lei de Ater (Lei n° 12.188/2010) e a criação da Política Nacional de

Ater – PNATER foram realizadas ações a nível nacional para a operacionalização do

previsto na respectiva política, dentre elas, a contratação de Ater por meio de Chamada

Pública, instrumento no qual é considerado inovador para a contratação de Ater Pública

com recursos federais.

O Estado do Paraná de 2010 até o presente momento foi contemplado com 20

chamadas com temáticas específicas, em um total de 45 contratos, somando o

montante de recursos de 123,6 milhões de Reais conforme mostra a Tabela 1. Destes,

18 já foram concluídos e 27 contratos ainda estão em execução, sendo 15 executados

por 8 diferentes entidades não governamentais e 12 pela Emater.

Cabe destacar que este instrumento de Chamada Pública passou por

aperfeiçoamentos, e, observando-se a demanda, ainda deve ser melhorado, visando o

atendimento de maior abrangência nos municípios, bem como a qualificação das

entidades que executam estes contratos para de fato, contemplar todos os aspectos da

Ater e que são prioritários para o desenvolvimento da família/Unidade Produtiva, seja

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econômico, social, ambiental ou produtivo. No caso dos contratos do Estado, as 20

chamadas atenderam pouco mais de 52,6 mil famílias. Lembrando que o Paraná

possui 203.770 mil DAPs – Declaração de Aptidão ao Pronaf, além de outras famílias

que vivem e trabalham no campo. As Chamadas, no entanto, não constituem na única

forma de apoio federal à Ater, sendo também firmados Termos de Cooperação e

Contratos de Repasse com o Estado e as entidades de Ater pública estadual.

Tabela 1: Distribuição das Chamadas Públicas de Ater por ano em número de contratos, número de famílias e valor contratado.

ANO N° DE

CHAMADAS N° DE

CONTRATOS N°

FAMILIAS VALOR CONTRATADO

ENTIDADE CONTRATADA

2010 4 6 9.600 R$ 7.812.875,47 COOPERIGUAÇU e

EMATER

2011 1 1 960 R$ 1.118.194,85 EMATER

2012 4 7 17.690 R$ 44.191.099,29 ADEOP, APPA, ARCAFAR e

EMATER

*2012 2 2 - R$ 6.497.186,38

EMATER, ICAF,

PLANAPEC, 3ª VIA,

COOPTRASC,

COOPERIGUAÇU,

CEAGRO, ADEOP,

F. TERRA, IBS,

BIOLABORE,

ARCAFAR-SUL

2013 8 26 23.172 R$ 60.005.455,44

2014 1 3 1.200 R$ 4.061.536,07

TOTAL 20 45 52622 R$ 123.686.347,50

* Específica para cooperativas de agricultores Fonte: Delegacia MDA/PR

Ressaltamos que as Chamadas possuem temática específica, visando atender

carências pontuais e fortalecer cadeias produtivas (ex. leite, café, vitivinicultura), bem

como para o atendimento de público diferenciado, seja para atender gênero e geração;

beneficiários do Crédito Fundiário; assentados; para cooperativas; ou com foco na

temática agroecológica/orgânica.

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Para debater sobre o sistema de ATER, a gestão e o financiamento há que se

considerar toda a disponibilidade do serviço nos municípios, territórios e no Estado.

Analisar se a capacidade física instalada é suficiente para universalizar o serviço, tal

qual preconiza a política de ATER. Refletir sobre as relações que devem se

estabelecer na contratação dos serviços, entre as esferas de governo municipal,

estadual e federal, assim como a participação das entidades de ATER privada e as

representativas dos agricultores familiares na definição das demandas.

REFERÊNCIAS:

BROSLER, Taisa Marotta et alii. Métodos na nova extensão rural no Brasil:

caminho para a participação, de quem? Sociedade Brasileira de Economia,

Administração e Sociologia Rural. Campo Grande. 2009. Disponível

em:<http://www.sober.org.br/palestra/15/396.pdf>.

EMATER PARANÁ. Histórico da Extensão Rural Oficial - Uma História de

Compromisso com a Agricultura do Paraná. Disponível em:

<http://www.emater.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=43>

JARA, Carlos Julio ET elii. As dimensões intangíveis do desenvolvimento. IICA.

2001.

LIMA, Ozeir Celestino de. Agricultura Familiar: análise a partir da fundamentação

de autores a cerca do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura

Familiar - PRONAF.Disponível em:

<http://www2.ufersa.edu.br/portal/view/uploads/setores/241/Agricultura%20Familiar%20

-%20Enviar.pdf>.

PEIXOTO, Marcus. Extensão rural no Brasil – uma abordagem histórica da

legislação. Textos para Discussão 48.Brasilia. 2008.