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COVID-19 ESTADO DE MINAS D O M I N G O , 5 D E A B R I L D E 2 0 2 0 10 Atividade física é importante para idosos manterem a saúde física e mental, mesmo sem poder sair. Mas alguns cuidados devem ser tomados para não se machucarem Exercícios sem exagero ATENÇÃO PARA AS DICAS RESPIRAÇÃO Exercícios respiratórios também são importantes para melhorar o fluxo de oxigênio para todo o organismo, aumentando a capacidade ventilatória do pulmão EQUILÍBRIO E COORDENAÇÃO A dança e a yoga são ótimas para fortalecer a musculatura e trabalhar o centro gravitacional e a coordenação motora AGILIDADE Exercícios como subir e descer um degrau da escada recrutam a musculatura de forma rápida e ágil MUSCULATURA Musculação, pilates e ginástica localizada, feitos em casa nesse período, fortalecem os músculos e protegem as articulações, diminuindo o risco de quedas e o cansaço do dia a dia RELAXAMENTO Exercícios para relaxar ajudam a manter o tônus muscular para executar as tarefas cotidianas com menos fadiga NÃO EXCEDER A intensidade dos exercícios deve ser adaptada às condições de saúde de cada um, respeitando os limites do corpo e o espaço disponível. Alimente-se bem DEVAGAR E SEMPRE Atividades de intensidade baixa já são o suficiente para fortalecer o sistema imunológico. O importante é que sejam consistentes e realizadas com frequência CUIDADO! O ideal é que as pessoas que já praticavam atividades físicas mantenham contato com seus professores. A tecnologia é grande aliada. O idoso que já está acostumado e tem confiança no profissional não deve sofrer nenhuma intercorrência. NÃO SE AVENTURE Quem não tem a orientação de um profissional deve continuar fazendo o que já está acostumado. Tenha a consciência de que agora não é o momento de se aventurar em novas modalidades. PARA O CÉREBRO Treinamentos cognitivos, com atividades que envolvam raciocínio, memória e noção espacial, também são indicados. Suporte emocional também é importante ATENÇÃO AO LOCAL Prepare um espaço adequado: tapetes, móveis baixos, objetos no chão podem aumentar o risco de queda PARA COMEÇAR Recomenda-se um aquecimento articular adequado, mobilizando ombros, quadril e coluna, seguindo com exercícios básicos de fortalecimento muscular NO FIM, ALONGAMENTO Movimentos rítmicos ou pequenos deslocamentos do corpo estimulam o sistema cardiorrespiratório. Encerre com alongamento e relaxamento ROUPAS LEVES Arrume-se para praticar os exercícios da mesma forma que faria se fosse sair de casa O QUE FAZER O aquecimento precisa ser de baixa intensidade e feito antes de qualquer exercício, com o objetivo de elevar a temperatura corporal, preparando os músculos e as articulações para a prática Fonte: Daniel Oliveira, ortopedista JOANA GONTIJO Em época de recolhimento domiciliar, estar ativo é primor- dial para a saúde física, mental e emocional. Principalmente quando se trata dos idosos, que merecem maior cuidado por es- tar entre os acometidos mais gra- vemente pelo coronavírus. Mes- mo diante de todos os aspectos negativos quanto à doença, essa acaba sendo uma oportunidade para se cuidar melhor. Educado- res físicos ensinam como os mais velhos podem se exercitar den- tro de casa, com indicações para que a prática de atividades não ultrapasse os limites do corpo de cada um, sem risco de acometer a coluna ou prejudicar a mobili- dade, por exemplo. Nada de ficar o dia todo deitado, em frente à te- levisão. A hora é de se mexer. E abaixo os pijamas! Manter-se ativo na terceira idade é importante não só duran- te a quarentena. As atividades fí- sicas para idosos auxiliam em uma melhora na qualidade de vi- da, previnem males como a os- teoporose, depressão, doenças cardíacas e diabetes, entre outros. É o que pontua o ortopedista es- pecializado em coluna vertebral Daniel Oliveira. “Nessa fase, a mo- bilidade e a força muscular aca- bam comprometidas e os exercí- cios são fundamentais para me- lhorar o sistema imunológico, tão falado no momento, a resis- tência, a coordenação motora, o equilíbrio e a disposição ao longo do dia. Além de melhorar a saúde cardiovascular, respiratória e di- minuir o estresse nas articula- ções”, esclarece. Os idosos são apontados co- mo grupo de risco para o corona- vírus justamente pelas complica- ções advindas das características normais da idade avançada. Questões como a imunidade e o perigo maior quanto a doenças crônicas fazem com que o qua- dro de quem contrai o vírus se agrave, continua o médico. O pedido é para que essas pes- soas não saiam nas ruas. “Assim, aqueles que antes praticavam ca- minhada, hidroginástica ou ativi- dades nas academias ao ar livre acabam sem saber o que fazer em suas residências e como realizar esses exercícios. Diferentemente do que muitos pensam, é possível movimentar o corpo sem sair de casa. Alongamentos, caminhadas leves, mesmo que pelos cômodos da casa, além de atividades que fazem uso do próprio peso corpo- ral e danças são recomendados e essenciais. Além dos benefícios para o corpo físico, as atividades auxiliam também na redução da ansiedade durante este momen- to de pandemia”, ensina. não for possível, é preciso adap- tar os exercícios para um espaço menor”, orienta a educador físico. Ainda que seja um momento propício para estabelecer uma rotina de atividades físicas, exa- geros não são bem-vindos. E, para manter a saúde cere- bral, é importante acrescentar treinamentos cognitivos, com atividades que envolvam raciocí- nio, memória e noção espacial, ensina André. O maior desafio é lidar com as adaptações e driblar a falta de motivação que a ausên- cia da rotina de atividades pode proporcionar. Uma ideia é se ar- rumar da mesma forma, como se fosse sair de casa. “Alimente-se bem, coloque uma roupa apro- priada para exercícios (nada de pijamas!), encha uma garrafinha d'água, separe a toalhinha e vá para a sua academia particular”, reforça o educador físico. AJUDA FAMILIAR O contato com parceiros e profissionais para compartilhar metas e desafios é importante, mas é também im- prescindível o apoio da família. “Os familiares precisam se preo- cupar em manter os idosos em casa, mas, acima de tudo, preci- sam estimulá-los, encorajá-los e dar-lhes recursos tecnológicos e conhecimento para que se adap- tem à nova realidade. Não basta isolá-los.” Mario de Almeida tem 85 anos e, mesmo recolhido em casa, não fica parado – busca sempre ocu- par o tempo. À frente de uma empresa de representação co- mercial, com a qual trabalha até hoje, conta que a atividade pro- fissional está parada por enquan- to. Para afugentar o tédio, cami- nha todos os dias dentro do pró- prio apartamento, no terceiro an- dar, sobe e desce as escadas, con- tinua o caminho pelas depen- dências do prédio, em um per- curso de 60m, que repete várias vezes a cada dia, três vezes por se- mana. “Faço alongamento e exer- cícios de respiração, tomo muita água, tenho uma boa alimenta- ção, com frutas e salada, e tam- bém me ocupo com os afazeres domésticos”, conta ele, que exer- ce a função de síndico do edifício onde mora em Belo Horizonte, mais uma alternativa para se manter ativo. ON-LINE Pelos canais virtuais, é possível encontrar vídeos que en- sinam a praticar atividades físicas dentro de casa. A Cia Athletica, por exemplo, disponibiliza uma modalidade especial em aulas on-line focadas em treinos mul- tifuncionais e cognitivos. O con- teúdo é gratuito e pode ser aces- sado pelo IGTV da academia, em @ciaathleticabh. Ficar o dia todo deitado na ca- ma ou sentado no sofá pode oca- sionar dores na coluna e na lom- bar, além de prejuízos ao aspecto emocional dos mais velhos. A inatividade contribui para o au- mento nas taxas de queda, de obesidade e doenças cardíacas. "É tudo que o idoso não precisa, ain- da mais que está enquadrado co- mo grupo de risco para a COVID- 19. Hábitos devem ser recriados nesse período. Acordar, tomar ba- nho, trocar de roupa e tomar um café da manhã saudável já fazem com que a cama não seja a pri- meira opção", diz o ortopedista. Se ficar assentado no sofá, Daniel recomenda estipular um tempo específico para isso e, pelo menos a cada meia hora ou 40 minutos, levantar e andar pela casa. “A prática regular produz a sensação de bem-estar." Em meio a tantas notícias desastrosas, é fundamental encontrar equilí- brio.“A OMS, inclusive, listou al- gumas dicas para que consiga- mos passar por esse período tur- bulento com mais serenidade, e as atividades físicas, de relaxa- mento e lazer, mesmo que den- tro de casa, estão entre elas.” “Não podemos dizer, de forma alguma, que a alimentação ade- quada ou a atividade física previ- nem o contágio pelo coronavírus. Mas posso afirmar que uma pes- soa com o sistema imunológico fortalecido conseguirá passar pe- la doença, caso seja infectada, com mais chances de sair vitorio- sa”, continua. Caminhadas pelos cômodos (com atenção para evitar quedas), sentar e levantar da cadeira, exer- cícios que utilizam o peso do pró- prio corpo ou com pesos leves (ali- mentos ou garrafinhas de água) e cabos de vassoura, se liberados pe- lo profissional de saúde, são indi- cados. “Meu conselho é, se possí- vel, dedicar partes do dia para es- ses cuidados. Treinos de meia ho- ra a 40 minutos, de intensidade le- ve ou moderada, já são suficien- tes. É importante dizer que, den- tro de casa, não é hora de virar atleta, mas sim se movimentar, pensando nos benefícios que es- ses exercícios vão trazer para o corpo, a saúde e a cabeça.” SEM INVENÇÃO Os idosos preci- sam se exercitar de forma har- moniosa, de acordo com sua condição física, mesmo que seja o mínimo possível, ensina o educador físico da Cia Athletica André Chernicharo. Quem não estava acostumado à prática po- de fazer atividades simples e, pa- ra quem já tinha uma rotina de atividades físicas antes da pan- demia, deve continuar treinan- do de forma equilibrada, com acompanhamento apropriado, para não perder o ritmo, como esclarece André. Já que é um público com par- ticularidades inerentes à idade, o ambiente também precisa ser observado para assegurar a efi- ciência dos movimentos e evitar lesões. André lembra que tapetes, móveis baixos e objetos no chão podem ocasionar quedas. “O ide- al é que o espaço seja amplo. Se LARISSA RICCI Restaurantes locais precisam se reinventar para sobreviver em meio à pandemia do coronavírus. Uma grande campanha corre pela internet para que pessoas bus- quem pequenos estabelecimentos em vez de consumir de grandes empresas. Foi então que cresceu exponencialmente o número de serviços delivery de refeições em BH e no restante do país. Até mes- mo aplicativos do setor oferece- ram desconto para incentivar a compra. Porém, após as primeiras semanas, muitos optaram por en- cerrar as atividades por completo – seja devido à inexperiência com esse tipo de serviço, seja pelas taxas cobradas por plataformas de entre- ga, seja pela falta de fornecedores ou, ainda, pela segurança dos fun- cionários. É um momento de bus- ca de novas estratégias para man- ter o mínimo do faturamento. Op- tar por produtos congelados e pe- lo uso de vouchers está entre as al- ternativas encontradas por algu- mas das casas da capital. O restaurante Zuzunely abriu as portas em agosto de 2018. O me- nu é pensado em comida afetiva, com base nas receitas das avós da proprietária, que inspiraram o no- me da casa (Zulmira e Nely), e nas influências do pai, que trabalha com cozinha asiática há mais de 30 anos. Bruna Carvalho Haddad, de 26, dona e chef do restaurante do Bairro Serra, na Região Centro-Sul de BH, adotou o serviço de entrega para almoço. Porém, a adaptação não foi na- da fácil. “Não tínhamos embala- gem, nem entregador. Também não queríamos entrar em aplicati- vos de entrega, por achar as taxas absurdas e por vários outros pro- blemas”, contou ela, questionando também os valores pagos aos en- tregadores de app, que considera muito baixos. Ela, então, optou pe- la entrega independente, com pe- didos por telefone, WhatsApp e motoboy próprio. A expectativa é de que o almo- ço ou o lanche chegue em até 30 minutos. Logo que a decisão foi to- mada, surgiu mais uma dificulda- de. “Fazer delivery em um mo- mento em que a maioria das pes- soas está acostumada com o servi- ço que têm entrega terceirizada e vários entregadores é desafiador. Isso gera uma expectativa em rela- ção à entrega que, infelizmente, não é possível atender. Alguns clientes ficam frustrados”, conta. A estratégia passou a ser a das comidas congeladas, para produzir com calma e maior qualidade, e oferecer a possibilidade de o clien- te comprar o almoço para toda a semana. Deu certo:“Conseguimos faturar mais em menos tempo, sendo que os consumidores enco- mendam em média cinco refei- ções por pessoa”. Funcionou assim por três semanas, mas foi preciso dar uma pausa, e, agora, o serviço será retomado. A Casa Amora, que tem duas unidades – uma na Região Centro- Sul e outra na Região Leste de BH –, também precisou paralisar as ativi- dades. Patrícia Saggiro, de 32, sócia do estabelecimento, primeiro fe- chou as portas para o funciona- mento presencial e, posteriormen- te,dodelivery,pormotivosdiversos. O primeiro deles e o principal é a preocupação com a saúde dos cola- boradores.“Mesmo se funcionásse- mos com equipe reduzida para en- trega, sabemos que haveria notícia de que um amigo do trabalhador estava com suspeita de coronavírus ou de que alguém estaria com me- do de pegar o transporte público. Assim, decidimos parar”, disse. VOUCHER Em 26 de março, a Casa Amora anunciou uma novidade no Instagram: passaria a oferecer tíquetes. Serão três valores diferen- tes: R$ 30, R$ 50 e R$ 100. Patrícia explica que percebeu estratégias usadas por restaurantes e cafés de outras cidades. “Fez muito sentido fazer essa tentativa. Estamos co- meçando agora. Vamos aguardar. Mas, estamos antenadas para pen- sar outra estratégia”, disse. A Ambev, fabricante da marca Stella Artois, criou o movimento “Apoie um restaurante”, que doa dinheiro para os estabelecimen- tos. Acessando o site www.apoieu- mrestaurante.com.br o consumi- dor escolhe um estabelecimento, e, na compra de um voucher de R$ 100, paga só R$ 50 para consumir presencialmente no futuro. O des- conto de 50% é custeado pela mar- ca e parceiros. O boteco Nada Contra, que fica no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de BH, abriu as portas em novembro com a especialida- de em comida de estufa e vitrine. Funcionou até 11 de março. No dia 14, tentou emplacar o “pegar aqui e levar pra casa”. Não deu certo, contou Rafael Minoru Uchiama Andrade, de 27, sócio do bar. “Esta- mos acompanhando outros esta- belecimentos que estão com o voucher. Ao mesmo tempo em que tudo parece muito difícil é também muito inspirador várias iniciativas que vão surgindo”, disse. O dono e chef do Padu Cozinha Festiva, Zito Cavalcante, estuda aderir ao voucher e à comida con- gelada para retomar as atividades, encerradas pela crise e para man- ter os funcionários seguros. Ele es- tá preocupado e acredita que, nes- te momento, é necessário amparo por parte do poder público. "Espe- ro algo que responda aos impostos que a gente paga, em relação à pre- feitura e a todas as esferas.” Reinvenção é novo prato no cardápio Entrega em domicílio exige adaptações nos restaurantes sem experiência no serviço e já tem cedido lugar ao teste de outras opções JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS

Atividadefísicaéimportanteparaidososmanteremasaúdefísicae ......observado para assegurar aefi-ciênciadosmovimentoseevitar lesões.Andrélembraquetapetes, móveis baixos eobjetos

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    E S T A D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 5 D E A B R I L D E 2 0 2 0

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    Atividade física é importante para idosos manterem a saúde física e mental, mesmosem poder sair. Mas alguns cuidados devem ser tomados para não se machucarem

    Exercícios sem exageroATENÇÃO PARA AS DICAS

    RESPIRAÇÃO

    Exercícios respiratórios tambémsão importantes para melhorar ofluxo de oxigênio para todo oorganismo, aumentando acapacidade ventilatória do pulmão

    EQUILÍBRIO E COORDENAÇÃO

    A dança e a yoga são ótimas parafortalecer a musculatura etrabalhar o centro gravitacional e acoordenação motora

    AGILIDADE

    Exercícios como subir edescer um degrau daescada recrutam amusculatura de formarápida e ágil

    MUSCULATURA

    Musculação, pilates eginástica localizada,feitos em casa nesseperíodo, fortalecem osmúsculos e protegemas articulações,diminuindo o risco dequedas e o cansaço dodia a dia

    RELAXAMENTO

    Exercícios para relaxarajudam a manter otônus muscular paraexecutar as tarefascotidianas commenos fadiga

    NÃO EXCEDERA intensidade dosexercícios deve seradaptada às condiçõesde saúde de cada um,respeitando os limitesdo corpo e o espaçodisponível.Alimente-se bem

    DEVAGAR E SEMPREAtividades deintensidade baixa jásão o suficiente parafortalecer o sistemaimunológico. Oimportante é quesejam consistentes erealizadascom frequência

    CUIDADO!O ideal é que aspessoas que jápraticavam atividadesfísicas mantenhamcontato com seusprofessores. Atecnologia é grandealiada. O idoso que jáestá acostumado etem confiança noprofissional não devesofrer nenhumaintercorrência.

    NÃO SE AVENTUREQuem não tem aorientação de umprofissional devecontinuar fazendo oque já estáacostumado. Tenha aconsciência de queagora não é omomento de seaventurar em novasmodalidades.

    PARA O CÉREBROTreinamentos cognitivos, com atividades que envolvamraciocínio, memória e noção espacial, também sãoindicados. Suporte emocional também é importante

    ATENÇÃO AO LOCALPrepare um espaçoadequado: tapetes,

    móveis baixos, objetosno chão podem

    aumentar o risco dequeda

    PARA COMEÇARRecomenda-se umaquecimentoarticular adequado,mobilizando ombros,quadril e coluna,seguindo comexercícios básicos defortalecimentomuscular

    NO FIM, ALONGAMENTOMovimentos rítmicos ou pequenosdeslocamentos do corpo estimulamo sistema cardiorrespiratório. Encerrecom alongamento e relaxamento

    ROUPAS LEVESArrume-se parapraticar osexercícios damesma formaque faria se fossesair de casa

    O QUE FAZERO aquecimento precisa ser de baixa intensidade e

    feito antes de qualquer exercício, com o objetivode elevar a temperatura corporal, preparando

    os músculos e as articulações para a prática

    Fonte: Daniel Oliveira, ortopedista

    JOANA GONTIJO

    Em época de recolhimentodomiciliar, estar ativo é primor-dial para a saúde física, mental eemocional. Principalmentequando se trata dos idosos, quemerecem maior cuidado por es-tar entre os acometidos mais gra-vemente pelo coronavírus. Mes-mo diante de todos os aspectosnegativos quanto à doença, essaacaba sendo uma oportunidadepara se cuidar melhor. Educado-res físicos ensinam como os maisvelhos podem se exercitar den-tro de casa, com indicações paraque a prática de atividades nãoultrapasse os limites do corpo decada um, sem risco de acometera coluna ou prejudicar a mobili-dade, por exemplo. Nada de ficaro dia todo deitado, em frente à te-levisão. A hora é de se mexer. Eabaixo os pijamas!

    Manter-se ativo na terceiraidade é importante não só duran-te a quarentena. As atividades fí-sicas para idosos auxiliam emuma melhora na qualidade de vi-da, previnem males como a os-teoporose, depressão, doençascardíacas e diabetes, entre outros.É o que pontua o ortopedista es-pecializado em coluna vertebralDaniel Oliveira.“Nessa fase, a mo-bilidade e a força muscular aca-bam comprometidas e os exercí-cios são fundamentais para me-lhorar o sistema imunológico,tão falado no momento, a resis-tência, a coordenação motora, oequilíbrio e a disposição ao longodo dia. Além de melhorar a saúdecardiovascular, respiratória e di-minuir o estresse nas articula-ções”, esclarece.

    Os idosos são apontados co-mo grupo de risco para o corona-vírus justamente pelas complica-ções advindas das característicasnormais da idade avançada.Questões como a imunidade e operigo maior quanto a doençascrônicas fazem com que o qua-dro de quem contrai o vírus seagrave, continua o médico.

    O pedido é para que essas pes-soas não saiam nas ruas. “Assim,aqueles que antes praticavam ca-minhada, hidroginástica ou ativi-dades nas academias ao ar livreacabam sem saber o que fazer emsuas residências e como realizaresses exercícios. Diferentementedo que muitos pensam, é possívelmovimentar o corpo sem sair decasa. Alongamentos, caminhadasleves, mesmo que pelos cômodosda casa, além de atividades quefazem uso do próprio peso corpo-ral e danças são recomendados eessenciais. Além dos benefíciospara o corpo físico, as atividadesauxiliam também na redução daansiedade durante este momen-to de pandemia”, ensina.

    não for possível, é preciso adap-tar os exercícios para um espaçomenor”, orienta a educador físico.Ainda que seja um momentopropício para estabelecer umarotina de atividades físicas, exa-geros não são bem-vindos.

    E, para manter a saúde cere-bral, é importante acrescentartreinamentos cognitivos, comatividades que envolvam raciocí-nio, memória e noção espacial,ensina André. O maior desafio élidar com as adaptações e driblara falta de motivação que a ausên-cia da rotina de atividades podeproporcionar. Uma ideia é se ar-rumar da mesma forma, como sefosse sair de casa. “Alimente-sebem, coloque uma roupa apro-priada para exercícios (nada depijamas!), encha uma garrafinhad'água, separe a toalhinha e vápara a sua academia particular”,reforça o educador físico.

    AJUDA FAMILIAR O contato comparceiros e profissionais paracompartilhar metas e desafios éimportante, mas é também im-prescindível o apoio da família.“Os familiares precisam se preo-cupar em manter os idosos emcasa, mas, acima de tudo, preci-sam estimulá-los, encorajá-los edar-lhes recursos tecnológicos econhecimento para que se adap-tem à nova realidade. Não bastaisolá-los.”

    Mario de Almeida tem 85 anose, mesmo recolhido em casa, nãofica parado – busca sempre ocu-par o tempo. À frente de umaempresa de representação co-mercial, com a qual trabalha atéhoje, conta que a atividade pro-fissional está parada por enquan-to. Para afugentar o tédio, cami-nha todos os dias dentro do pró-prio apartamento, no terceiro an-dar, sobe e desce as escadas, con-tinua o caminho pelas depen-dências do prédio, em um per-curso de 60m, que repete váriasvezes a cada dia, três vezes por se-mana.“Faço alongamento e exer-cícios de respiração, tomo muitaágua, tenho uma boa alimenta-ção, com frutas e salada, e tam-bém me ocupo com os afazeresdomésticos”, conta ele, que exer-ce a função de síndico do edifícioonde mora em Belo Horizonte,mais uma alternativa para semanter ativo.

    ON-LINE Pelos canais virtuais, épossível encontrar vídeos que en-sinam a praticar atividades físicasdentro de casa. A Cia Athletica,por exemplo, disponibiliza umamodalidade especial em aulason-line focadas em treinos mul-tifuncionais e cognitivos. O con-teúdo é gratuito e pode ser aces-sado pelo IGTV da academia, em@ciaathleticabh.

    Ficar o dia todo deitado na ca-ma ou sentado no sofá pode oca-sionar dores na coluna e na lom-bar, além de prejuízos ao aspectoemocional dos mais velhos. Ainatividade contribui para o au-mento nas taxas de queda, deobesidade e doenças cardíacas. "Étudo que o idoso não precisa, ain-da mais que está enquadrado co-mo grupo de risco para a COVID-19. Hábitos devem ser recriadosnesse período. Acordar, tomar ba-nho, trocar de roupa e tomar umcafé da manhã saudável já fazemcom que a cama não seja a pri-meira opção", diz o ortopedista.Se ficar assentado no sofá, Danielrecomenda estipular um tempoespecífico para isso e, pelo menosa cada meia hora ou 40 minutos,levantar e andar pela casa.

    “A prática regular produz asensação de bem-estar." Em meioa tantas notícias desastrosas, éfundamental encontrar equilí-brio. “A OMS, inclusive, listou al-gumas dicas para que consiga-mos passar por esse período tur-bulento com mais serenidade, eas atividades físicas, de relaxa-mento e lazer, mesmo que den-tro de casa, estão entre elas.”

    “Não podemos dizer, de formaalguma, que a alimentação ade-quada ou a atividade física previ-nem o contágio pelo coronavírus.Mas posso afirmar que uma pes-soa com o sistema imunológicofortalecido conseguirá passar pe-la doença, caso seja infectada,com mais chances de sair vitorio-sa”, continua.

    Caminhadas pelos cômodos

    (com atenção para evitar quedas),sentar e levantar da cadeira, exer-cícios que utilizam o peso do pró-prio corpo ou com pesos leves (ali-mentos ou garrafinhas de água) ecabos de vassoura, se liberados pe-lo profissional de saúde, são indi-cados. “Meu conselho é, se possí-vel, dedicar partes do dia para es-ses cuidados. Treinos de meia ho-ra a 40 minutos, de intensidade le-ve ou moderada, já são suficien-tes. É importante dizer que, den-tro de casa, não é hora de viraratleta, mas sim se movimentar,pensando nos benefícios que es-ses exercícios vão trazer para ocorpo, a saúde e a cabeça.”

    SEM INVENÇÃO Os idosos preci-sam se exercitar de forma har-moniosa, de acordo com sua

    condição física, mesmo que sejao mínimo possível, ensina oeducador físico da Cia AthleticaAndré Chernicharo. Quem nãoestava acostumado à prática po-de fazer atividades simples e, pa-ra quem já tinha uma rotina deatividades físicas antes da pan-demia, deve continuar treinan-do de forma equilibrada, comacompanhamento apropriado,para não perder o ritmo, comoesclarece André.

    Já que é um público com par-ticularidades inerentes à idade, oambiente também precisa serobservado para assegurar a efi-ciência dos movimentos e evitarlesões. André lembra que tapetes,móveis baixos e objetos no chãopodem ocasionar quedas.“O ide-al é que o espaço seja amplo. Se

    LARISSA RICCI

    Restauranteslocaisprecisamsereinventar para sobreviver emmeio à pandemia do coronavírus.Uma grande campanha corre pelainternet para que pessoas bus-quempequenosestabelecimentosem vez de consumir de grandesempresas. Foi então que cresceuexponencialmente o número deserviços delivery de refeições emBH e no restante do país. Até mes-mo aplicativos do setor oferece-ram desconto para incentivar acompra. Porém, após as primeirassemanas, muitos optaram por en-cerrarasatividadesporcompleto–seja devido à inexperiência comessetipodeserviço,sejapelastaxascobradasporplataformasdeentre-ga, seja pela falta de fornecedoresou, ainda, pela segurança dos fun-cionários. É um momento de bus-ca de novas estratégias para man-teromínimodofaturamento.Op-tar por produtos congelados e pe-lo uso de vouchers está entre as al-ternativas encontradas por algu-mas das casas da capital.

    O restaurante Zuzunely abriuasportasemagostode2018.Ome-

    nu é pensado em comida afetiva,com base nas receitas das avós daproprietária, que inspiraram o no-me da casa (Zulmira e Nely), e nasinfluências do pai, que trabalhacomcozinhaasiáticahámaisde30anos. Bruna Carvalho Haddad, de26, dona e chef do restaurante doBairro Serra, na Região Centro-SuldeBH,adotouoserviçodeentregapara almoço.

    Porém, a adaptação não foi na-da fácil. “Não tínhamos embala-gem, nem entregador. Tambémnão queríamos entrar em aplicati-vos de entrega, por achar as taxasabsurdas e por vários outros pro-blemas”, contou ela, questionandotambém os valores pagos aos en-tregadores de app, que consideramuitobaixos.Ela,então,optoupe-la entrega independente, com pe-didos por telefone, WhatsApp emotoboy próprio.

    A expectativa é de que o almo-ço ou o lanche chegue em até 30minutos.Logoqueadecisãofoito-mada, surgiu mais uma dificulda-de. “Fazer delivery em um mo-mento em que a maioria das pes-soas está acostumada com o servi-ço que têm entrega terceirizada e

    vários entregadores é desafiador.Issogeraumaexpectativaemrela-ção à entrega que, infelizmente,não é possível atender. Algunsclientes ficam frustrados”, conta.

    A estratégia passou a ser a dascomidascongeladas,paraproduzircom calma e maior qualidade, eoferecer a possibilidade de o clien-te comprar o almoço para toda asemana. Deu certo:“Conseguimosfaturar mais em menos tempo,sendo que os consumidores enco-

    mendam em média cinco refei-çõesporpessoa”.Funcionouassimpor três semanas, mas foi precisodar uma pausa, e, agora, o serviçoserá retomado.

    A Casa Amora, que tem duasunidades – uma na Região Centro-Sul e outra na Região Leste de BH –,tambémprecisouparalisarasativi-dades. Patrícia Saggiro, de 32, sóciado estabelecimento, primeiro fe-chou as portas para o funciona-mento presencial e, posteriormen-

    te,dodelivery,pormotivosdiversos.O primeiro deles e o principal é apreocupaçãocomasaúdedoscola-boradores.“Mesmosefuncionásse-mos com equipe reduzida para en-trega, sabemos que haveria notíciade que um amigo do trabalhadorestavacomsuspeitadecoronavírusou de que alguém estaria com me-do de pegar o transporte público.Assim,decidimosparar”,disse.

    VOUCHER Em 26 de março, a CasaAmora anunciou uma novidadeno Instagram: passaria a oferecertíquetes.Serãotrêsvaloresdiferen-tes: R$ 30, R$ 50 e R$ 100. Patríciaexplica que percebeu estratégiasusadas por restaurantes e cafés deoutras cidades.“Fez muito sentidofazer essa tentativa. Estamos co-meçando agora. Vamos aguardar.Mas,estamosantenadasparapen-sar outra estratégia”, disse.

    A Ambev, fabricante da marcaStella Artois, criou o movimento“Apoie um restaurante”, que doadinheiro para os estabelecimen-tos. Acessando o site www.apoieu-mrestaurante.com.br o consumi-dor escolhe um estabelecimento,e, na compra de um voucher de R$

    100, paga só R$ 50 para consumirpresencialmente no futuro. O des-contode50%écusteadopelamar-ca e parceiros.

    O boteco Nada Contra, que ficano Bairro Funcionários, na RegiãoCentro-Sul de BH, abriu as portasem novembro com a especialida-de em comida de estufa e vitrine.Funcionouaté11demarço.Nodia14, tentou emplacar o “pegar aquie levar pra casa”. Não deu certo,contou Rafael Minoru UchiamaAndrade, de 27, sócio do bar.“Esta-mos acompanhando outros esta-belecimentos que estão com ovoucher. Ao mesmo tempo emque tudo parece muito difícil étambém muito inspirador váriasiniciativasquevãosurgindo”,disse.

    O dono e chef do Padu CozinhaFestiva, Zito Cavalcante, estudaaderir ao voucher e à comida con-gelada para retomar as atividades,encerradas pela crise e para man-ter os funcionários seguros. Ele es-tá preocupado e acredita que, nes-te momento, é necessário amparopor parte do poder público. "Espe-roalgoquerespondaaosimpostosqueagentepaga,emrelaçãoàpre-feitura e a todas as esferas.”

    Reinvenção é novo prato no cardápio

    Entrega em domicílio exige adaptações nos restaurantes semexperiência no serviço e já tem cedido lugar ao teste de outras opções

    JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS