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Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DIRETORIA DE ENSINO FUNDAMENTAL
Prezado professor(a) segue algumas sugestões de Lendas para auxiliá-lo nas
atividades da sala de aula.
Acompanhe com atenção a leitura do texto que seu professor fará.
O dono da luz
No princípio, todo mundo vivia nas trevas. Os waraos procuravam o que comer na
escuridão, e a única luz que conheciam provinha do fogo que obtinham da madeira. Não
existiam então nem o dia nem à noite.
Um dia, um homem que possuía duas filhas ficou sabendo que existia um jovem que era
dono da luz. Então, chamou a filha mais velha e disse-lhe:
- Vá até onde se encontra o jovem dono da luz e traga-o para mim.
Ele fez sua trouxa e partiu. Mas encontrou pela frente muitos caminhos e acabou se
distraindo a brincar com ele.
Em seguida, voltou à casa do pai, porém sem trazer a luz.
Então o pai decidiu enviar a filha mais nova.
- Vá até onde se encontra o jovem dono da luz e traga-o para mim.
A jovem tomou o caminho certo e, depois de muito andar, chegou à casa do dono da luz e
disse-lhe:
- Vim para conhecê-lo ficar um pouco com você e obter a luz para meu pai.
O dono da luz lhe respondeu:
- Eu já esperava por você. Agora que chegou, viverá comigo.
Então o jovem pegou um baú de junco que tinha a seu lado e, com muito cuidado, abriu-o.
A luz iluminou imediatamente seus braços e seus dentes brancos. Iluminou também os cabelos
e os olhos negros da jovem.
Foi assim que ela descobriu a luz. O jovem, depois de mostrar a luz à moça, voltou a
guardá-la.
Todos os dias, o dono da luz a tirava do baú para que se fizesse a claridade e ele
pudesse se distrair com a jovem. E assim foi passando o tempo. Até que a moça se lembrou de
que tinha de voltar para casa e levar ao pai a luz que viera buscar.
O dono da luz, que já tinha ficado amigo da moça, deu a ela, de presente, a luz.
- Tome a luz, leve-a para você. Assim poderá ver tudo.
A jovem regressou à casa do pai e entregou-lhe a luz fechada no baú de junco. O pai
pegou o baú, abriu-lhe e pendurou-o num dos paus que sustentavam a palafita em moravam.
De imediato, os raios de luz iluminaram a água do rio, as folhas dos mangues e os frutos do
cajueiro.
Quando, nos vários povoados do delta do rio Orinoco, espalhou-se a notícia de que
existia uma família que possuía a luz, os waraos começaram a vir conhecê-la. Chegaram a
suas ubás do rio Araguabisi, do rio Mánamo e do rio Amacuro. Eram ubás e mais ubás, cheias
de gente e mais gente.
Até que chegou um momento em que a palafita já não podia aguentar o peso de tanta
gente maravilhada com a luz. E ninguém ia embora, pois ninguém queria continuar vivendo na
escuridão, já que com a vida era muito mais agradável.
Por fim, o pai das moças não pôde mais suportar tanta gente dentro e fora de sua casa.
- Vou pôr um fim nisto – disse. – Todos querem a luz? Pois lá vai ela!
E com um soco quebrou o baú e atirou a luz ao céu. O corpo da luz voou para o leste, e o
baú, para o oeste. Do corpo da luz fez-se o sol, e do baú em que ela estava guardada surgiu a
lua, cada um de um lado.
Mas, como eles ainda estavam sob o impulso da força do braço que as lançara longe, sol
e lua andavam muito rápido. O dia e a noite eram, assim, muito curtos, e a cada instante
amanhecia e anoitecia.
Então o pai disse à filha mais nova:
- Traga-me uma tartaruga.
Quando a tartaruga chegou às suas mãos, esperou que o sol estivesse sobre sua cabeça
e lançou-a a ele, dizendo-lhe:
-Tome esta tartaruga. É sua, é um presente que lhe dou. Espere por ela.
A partir desse momento, o sol ficou esperando a tartaruguinha. E, no dia seguinte, ao
amanhecer, viu-se que o sol caminhava lentamente, como a tartaruga, exatamente com anda
hoje em dia, iluminando até que a noite chegue.
Agora, converse com seus colegas:
Vocês já conheciam essa história ou outra parecida com essa?
Qual é o tema dessa história?
Qual é o tema dessa história?
Como ela explica o surgimento do dia e da noite?
Essa é uma explicação científica ou fantástica?
Quem são os personagens que a compõem?
Onde se passa toda a trama?
Por que você acha que os venezuelanos contavam essa história uns aos outros?
Você já ouviu falar na palavra LENDA? Sabe o que significa?
Beowulf e o Dragão
Havia um rei dinamarquês que era valente na guerra e sábio nos tempos de paz. Vivia
num castelo esplêndido. Recebia muitos convites e dava festas maravilhosas. Mas tudo isso
era bom demais para durar eternamente.
Um dia, no final de uma festa, todos ouviram um ruído estranho. Erao dragão Grandel,
que saíra do lago e entrara no castelo. Engoliu o primeiro homem que encontrou e gostou tanto
do sangue humano que atacou muitos outros.
Deixou um rastro vermelho como marca de sua passagem.
Desse dia em diante, a vida no castelo mudou completamente. O terrível Grandel
aparecia todas as noites, matava os homens, bebendo seu sangue, e carregava o corpo para o
lago.
Nem mesmo os guerreiros mais fortes conseguiam vencê-lo, e o castelo acabou sendo
abandonado.
Depois de doze anos, esta história chegou aos ouvidos de Beowulf, um cavaleiro jovem e
corajoso, capaz de vencer trinta homens ao mesmo tempo, quando soube da desgraça que
tinha homens ao mesmo tempo.
Quando soube da desgraça que tinha abatido sobre os súditos do rei dinamarquês, ficou
comovido e não pensou duas vezes. Escolheu catorze combatentes e partiu para a Dinamarca.
- Quem é você? – perguntou-lhe o rei.
- Sou Beowulf, viemos libertá-lo do terrível Grandel.
O rei sentiu o coração encher-se de esperança. Deus uma grande festa.
Enquanto todos celebravam, um estranho assobio atravessou o castelo. As portas de
ferro caíram por terra e o terrível Grandel entrou pela sala.
Os olhos brilhavam, a boca cuspia fogo e as garras eram espadas que rasgavam o chão.
Mas antes que ele conseguisse engolir um guerreiro, sentiu uma dor insuportável.
Beowulf havia se lançado na direção do dragão e apertava sua garganta com uma força
igual a de trinta homens. Grandel se retorceu, urrou, mas não conseguiu se soltar. Foi
empurrado por Beowulf até o lago e morreu.
O rei agradeceu ao herói e a vida voltou para o castelo. Mas no fundo do lago, uma velha
feiticeira, a mãe de Grandel, resolveu vingar a morte de seu filho.
Penetrou na grande sala do castelo e aprisionou o conselheiro do rei.
- Caro Beowulf - disse o rei-, preciso novamente se dua ajuda.
Nesse mesmo dia, Beowulf e o rei montaram a cavalo e foram até o lago.
Boiando sobre as águas, estava a cabeça ensanguentada do conselheiro.
Beowulf mergulhou imediatamente, até que chegou no antro dos monstros.
Viu uma mulher horrorosa sentada em cima de ossadas humanas.
Era a mãe de Grandel. A bruxa se atirou sobre ele. Beowulf foi mais rápido.
Sua espada cortou a garganta da velha. Mas ela continuou a atacá-lo.
Nisso, o cavaleiro avistou uma espada gigantesca. Agarrou-a e arrancou a cabeça da
velha. Foi só então que ele viu, ao lado o corpo monstruoso de Grandel. Beowulf também lhe
cortou a cabeça e carregou-a até a superfície.
Mas depois que Beowulf libertou a Dinamarca desse monstro sinistro, sentiu muitas
saudades de seu próprio país. Seu tio havia acabado de morrer. E como ele era o único
herdeiro, foi coroado rei. Governou durante cinquenta anos com sabedoria e justiça.
Foi quando novamente recebeu notícias de que um dragão incendiava a Dinamarca. Não
perdeu tempo. Convocou sua tropa e viajou para enfrentar o monstro.
O animal o esperava. De sua garganta saíram chamas envenenadas e uma fumaça
verde. Os cavaleiros de Beowulf apavoraram-se e fugiram: Beowulf viu-se só diante do
monstro. Mas havia alguém a seu lado: Wiglaf, o mais jovem dos homens de sua tropa.
Esquecendo-se da espada, Beowulf atacou o dragão com tanta força que nem parecia
que havia envelhecido. O monstro grunhiu e o sangue escorreu do ferimento de sua garganta.
Mesmo assim Beowulf foi atingi-lo com o golpe mortal e percebeu que sua espada havia se
partido ao meio.
Estava condenado. Então ouviu uma voz:
- Estou a seu lado, meu rei.
Era Wiglaf, que imediatamente atacou o dragão, ferindo-o mortalmente.
O dragão estendeu a pata e atingiu o rei com suas garras venenosas. Beowulf sentiu o
veneno penetrar nas profundezas de seu corpo. Antes que a vida o deixasse, disse:
- Eu te nomeio rei, fiel Wiglaf. E como prova disso, aqui está o meu anel.
Estas foram às últimas palavras do célebre matador de dragões, Beowulf.
Ele morreu tranquilo, porque sabia que seu sucessor era o mais corajoso de todos os
homens, o melhor de todos os guerreiros, e que reinaria com justiça, trazendo felicidade a seu
povo.
Converse com seu professor e demais colegas sobre as seguintes questões:
Essa lenda é mais parecida com as que você já conhecia? Em quê? Explique.
Em que essa lenda se parece com a que foi lida antes?
De que época você acha que é essa lenda?
De onde vem essa lenda? De que povo?
Qual você acha que é a finalidade dessa lenda?
Agora, acompanhe a leitura da “Lenda da vitória-régia”.
Comente com seus colegas e professor: Você já conhece essa lenda? De que ela trata?
A lenda da vitória-régia
A enorme folha boiava nas águas do rio. Era tão grande que, se quisesse, o curumim que
a contemplava poderia fazer dela um barco.
Ele era miudinho, nascera numa noite de grande temporal. A primeira luz que seus
pequeninos olhos contemplaram foi o clarão azul de um forte raio, aquele que derrubara a
grande seringueira, cujo tronco dilacerado até hoje ainda lá estava.
“Se alguém deve cortá-la, então será meu filho, que nasceu hoje”, falou o cacique ao vê-la
tombada depois da procela. “Ele será forte e veloz como o raio e, como este, ele deverá cortá-
la para fazer o ubá com que lutará e vencerá a torrente dos grandes rios...”
Talvez, por isso, aquele curumim tão pequenino já se sentisse tão corajoso e capaz de
enfrentar, sozinho, os perigos da selva amazônica. Ele caminhava horas, ao léu, cortando
cipós, caçando pequenos mamíferos e aves: porém, até hoje, nos seus sete anos, ainda não
enfrentara a torrente do grande rio, que agora contemplava.
Observando bem aquelas grandes folhas, imaginou navegar sobre uma delas, e não
perdeu tempo. Pisou com muito cuidado- os índios são sempre muito cautelosos – e, sentindo
que ela suportava o seu peso, sentou-se devagar, e com as mãozinhas improvisou um remo.
Desceu rio abaixo.
É verdade que a correnteza favorecia, mas, contudo, por duas vezes quase caiu.
Nem por isso se intimidou. Navegou no seu barco vegetal até chegar a uma pequena
enseada onde avistou a mãe e outras índias que, ao sol, acariciavam os curumins quase
recém-nascidos embalando-os com suas canções, que falam da lua, da mãe-d’água do sol e
de certas forças naturais que muito temem.
Saltando em terra, correu para junto da mãe, muito feliz com a façanha que praticara:
“Mãe, tenho o barco. Já posso pescar no grande rio?”
“Um barco? Mas aquilo é apenas uapê; é uma formosa índia que Tupã transformou em
planta.”
“Como, mãe? Então não é o meu barco? Você sempre me disse que eu um dia haveria de
ter um ubá...”
“Meu filho, o teu barco, tu o farás; este é apenas uma folha. É Naia, que se apaixonou
pela lua...”
“Quem é Naia”? Perguntou curioso o indiozinho.
“Vou contar-te”... Um dia, uma formosa índia, chamada Naia, apaixonou-se pela lua.
Sentia-se atraída por ela e, como quisesse alcançá-la, correu, correu, por vales e montanhas
atrás dela. Porém, quanto mais corriam, mais longe e alta ela ficava. Desistiu de alcançá-la e
voltou para a taba.
“A lua aparecia e fugia sempre, e Naia cada vez mais a desejava”.
“Uma noite, andando pelas matas ao clarão do luar, Naia se aproximou de um lago viu
nele refletida, a imagem da lua”.
“Sentiu-se feliz; julgo poder agora alcançá-la e, atirando-se nas águas calmas do lago,
afundou”.
“Nunca mais ninguém a viu, mas Tupã, com pena dela, transformou-a nesta linda planta,
que floresce em todas as luas”. Entretanto uapê só abre suas pétalas à noite, para poder
abraçar a lua, que se vem refletir na sua aveludada corola.
“Vês”? Não queiras, pois, tomá-la para teu barco. Nela irás, por certo, para o fundo das
águas.
“Meu filho, se se sentes bastante forte, toma o machado e vai cortar aquele tronco que foi
vencido pelo raio”. Ele é teu desde que nasceste.
“Dele farás o teu ubá; então, navegarás sem perigo”.
“Deixa em paz a grande flor das águas...”
Eis aí, como nasceu da imaginação fértil e criadora de nossos índios, a história da vitória-
régia, ou uapê, ou iapunaque-uapê, a maior flor do mundo.
Agora, converse com seu professor e demais colegas sobre as seguintes questões:
E essa lenda, é mais parecida com alguma das que você já conhecia? Em quê? Explique.
Com a ajuda de seus colegas e também do professor, preencha o quadro a seguir.
Para realizar esta atividade, você lerá novamente, com seu professor, as lendas da aula
anterior.
Depois, reúna-se com seu colega e procure descobrir o que as três histórias têm em
comum e quais são as diferenças entre elas. A seguir, converse com ele e organizem, na
tabela abaixo as informações levantadas.
Santo Tomás e o
Boi
que voava
Beowulf e
o dragão
A lenda da
vitória-régia
Época a qual
se refere
Origem
Propósito
Quadro comparativo das três lendas
O O que as lendas têm em comum? O O que as lendas têm de diferente?
Vocês lerão “A lenda do papagaio Crá-Crá”. Trata-se de uma lenda de origem indígena –
tupi – e, à medida que foi sendo contada, acabou incorporada e transformada pelo povo,
circulando, depois, pelo Brasil todo. Esse modo de contar, a linguagem presente nessa versão
da lenda, é mais típico das regiões Sul e Sudeste do país.
A lenda do papagaio Crá-Crá
Conta à lenda que, antigamente, morava em um vilarejo um menino muito guloso. Tudo
que via, queria comer, e a gula era tanta, a pressa de comer era tamanha, que ele tinha
costume de engolir a comida sem mastigá-la.
Uma vez sua mãe encontrou frutos de batoí e assou-os na cinza.
O filho, sem querer esperar, comeu todos os frutos, tirando-os diretamente do fogo e,
como sempre, engoliu-os sem pestanejar.
Os frutos do batoí são frutos cuja polpa viscosa se mantém quentíssima por muito tempo.
Comendo-os tão quentes, sapecaram-lhe a garganta, de forma que doía muito e queimavam-
lhe o estômago.
O menino, tentando vomitar os frutos comidos, começou a fazer força para expulsá-los.
Arranhava a garganta grunhindo crá-crá-crá! Mas os frutos não saíam... e entalaram na
garganta, sufocando-o.
No mesmo momento, cresceram-lhe as asas e as penas e ele tornou-se um papagaio.
Voou pra longe. Até hoje se pode ouvi-lo vagando pelas matas do lugar, voando e gritando
“crá-crá-crá”!
Retome o quadro com as características das lendas analisadas e comente com seu
professor e colegas: essa lenda contém as características comuns às demais lendas até o
momento? Para explicar, procure responder às questões no quadro da página seguinte.
Analisando “A lenda do papagaio Crá-Crá”
Aspectos Informações observadas
O que essa lenda procura explicar?
Esta lenda revela um
aspecto da cultura do povo brasileiro.
Qual é ele?
Quem são os protagonistas?
São pessoas comuns?
Os fatos narrados são tratados como
episódios comuns da vida das
pessoas?Explique.
Há outros aspectos
importantes a ser considerados?
Com seus colegas e com a ajuda de seu professor, releia “A lenda do papagaio Crá-Crá”
observando as expressões que foram utilizadas para contar a história. Anote-as em seu
caderno.
Agora, sente-se com sua dupla de trabalho e procurem, em seu livro, as lendas que foram
lidas. Escolha duas delas para fazer a mesma análise, anotando, cada um em seu caderno, as
expressões interessantes que encontrarem.
Depois, compartilhe o trabalho com os demais colegas da turma.
Agora você irá participar de uma roda de leitura. Você já sabe que, nesses momentos,
deve comentar o que leu, recomendando – ou não – para seus colegas.
Neste momento, estamos estudando lenda, e a sua tarefa foi selecionar uma obra na sala
de leitura ou biblioteca pública e comentá-la, de maneira que essa obra possa, por um lado,
compor nosso inventário de lendas e, por outro, ser indicada para compor a coletânea que a
classe organizará.
Segue abaixo um roteiro de indicação de leitura para que você se oriente para executar
essa atividade.
Roteiro para indicação de leitura
Apresente a obra que você leu, informando:
a. Título:______________________________________________________________
b. Autor:______________________________________________________________
c. Editora:____________________________________________________________
d. Como a obra se organiza (só lendas brasileiras, só apresenta uma lenda etc.).
Nesse momento você pode até dar uma lida rápida no índice, se achar interessante para
os colegas; não se esqueça de mostrar-lhes o livro também;
Comente a lenda que você leu, informado:
a. Título;
b. Origem da lenda (se houver informação sobre isso no livro);
c. Em que região costuma circular;
d. Tema, ensinamento ou fenômeno que explica;
e. Personagens;
f. Se constam ilustrações da lenda;
g. Se há relações que se possa estabelecer com alguma lenda do inventário da classe ou
outra que você mesmo conheça.
Apresente um pequeno resumo da lenda, comentando:
a. Se gostou ou não e por quê;
b. Se recomendaria – ou não – para compor a coletânea da classe, explicando o motivo
de sua afirmação ou negação;
c. Se quiser, pode ler um trecho da lenda também ou, pelo menos, aquele que você
considerou mais interessante ou bonito. Ao final da apresentação, não esqueça de registrar a
lenda lida no inventário da classe, caso ela tenha sido recomendada para compor a coletânea.
Leia, silenciosamente, a lenda sobre um conhecido personagem da mitologia grega
chamado Narciso.
Narciso
Há muito tempo, na floresta, passeava Narciso, o filho do sagrado rio Kiphissos. Era lindo,
porém tinha um modo frio e egoísta de ser. Era muito convencido de sua beleza e sabia que
não havia no mundo ninguém mais bonito que ele.
Vaidoso, a todos dizia que seu coração jamais seria ferido pelas flechas de Eros, filho de
Afrodite, pois não se apaixonava por ninguém.
As coisas foram assim até o dia em que a ninfa Eco o viu e imediatamente se apaixonou
por ele.
Ela era linda, mas não falava; o máximo que conseguia era repetir as últimas sílabas das
palavras que ouvia.
Narciso, fingindo-se de desentendido, perguntou:
- Quem está se escondendo aqui perto de mim?
-...de mim - repetiu a ninfa assustada.
- Vamos, apareça! – ordenou. – Quero ver você!
-... ver você! – repetiu a mesma voz em tom alegre.
Assim, Eco aproximou-se do rapaz. Mas nem a beleza e nem o misterioso brilho nos
olhos da ninfa conseguiram amolecer o coração de Narciso.
- Dê o fora! – gritou, de repente. – Por acaso pensa que eu nasci para ser da sua
espécie? Sua tola!
- Tola! – repetiu Eco, fugindo de vergonha.
A deusa do amor não poderia deixar Narciso impune depois de fazer uma coisa daquelas.
Resolveu, pois, que ele deveria ser castigado pelo mal que havia feito.
Um dia, quando estava passeando pela floresta, Narciso sentiu sede e quis tomar água.
Ao debruçar-se num lago, viu seu próprio rosto refletido na água. Foi naquele momento
que Eros atirou uma flecha direto em seu coração.
Sem saber que o reflexo era de seu próprio rosto, Narciso imediatamente se apaixonou
pela imagem.
Quando se abaixou para beijá-la, seus lábios se encostaram na água e a imagem se
desfez. A cada nova tentativa, Narciso ia ficando cada vez mais desapontado e recusando-se a
sair de perto da lagoa. Passou dias e dias sem comer nem beber, ficando cada vez mais fraco.
Assim, acabou morrendo ali mesmo, com o rosto pálido voltado para as águas serenas do
lago.
Esse foi o castigo do belo Narciso, cujo destino foi amar a si próprio.
Eco ficou chorando ao lado do corpo dele, até que a noite a envolveu. Ao despertar, Eco
viu que Narciso não estava mais ali, mas em seu lugar havia uma bela flor perfumada. Hoje, ela
é conhecida pelo nome de “narciso”, a flor da noite.
Agora, comente essa lenda com seus colegas, observando:
De que trata a lenda?
Quem são os personagens?
Onde se passa a história?
O que a lenda procura explicar?
Que outros comentários poderiam ser feitos a respeito dessa lenda?
Agora acompanhe, com atenção, a leitura que seu professor fará dessa lenda.
A seguir, prepare-se para recontá-la a colegas de outras turmas.
Acompanhe a leitura que seu professor fará de “A lenda da Lagoa das Guaraíras”.
Trata-se de uma história da época da colonização brasileira, do tempo em que os
portugueses aqui chegaram. Com eles vieram os padres jesuítas, que começaram a catequizar
os índios. Você sabe o que é “catequizar”?
Catequização: instrução que os jesuítas – padres portugueses que vieram para o Brasil
assim que foi descoberto – davam aos índios, para ensinar-lhes a religião cristã. Essa instrução
era dada oralmente, por meio de histórias bíblicas.
No processo de catequização, os portugueses pretendiam que os índios abandonassem
traços de sua cultura e assumissem os costumes portugueses. Essa lenda fala um pouco
disso: da ameaça que representava para os portugueses a antropofagia, que era o costume de
os índios comerem carne humana, e de como consideravam importante que esse traço cultural
fosse eliminado.
A lenda da lagoa das Guaraíras
Certo índio da aldeia de Guaraíra, em momento de retorno sentimental à vida selvagem,
esquecido das lições que recebia, matou uma criança. Matou e comeu.
O povo e os parentes da pequena vítima reagiram veementemente. Não preocupavam,
àquela altura, se prejudicariam o trabalho paciente, mas superficial, dos padres da Companhia
Jesuítica. A família queria que fossem tomadas providências para terminar com a tradição
cultural da antropofagia, que recomeçara sem que se esperasse, ameaçando a cultura branca
europeia.
O superior da Missão não pôde se omitir na circunstância, mas não podia usar de
violência, segundo a norma invariavelmente adotada nos métodos da catequese dos discípulos
de Santo Inácio. Tinha, porém, que impor o castigo exigido. E mandou que o índio, farto das
carnes da criança, ficasse dentro d’água até que fosse chamado.
Assim, o índio ficou lá, mas quando procurado não foi encontrado. Foi quando começou a
aparecer nas águas da lagoa um peixe-boi indo e vindo de um lado para o outro. Alta noite, o
que se ouvia subindo das águas salgadas da lagoa, era o gemido pavoroso de tremer,
horripilante, dolorido, inesquecível.
O castigo devia pendurar por muitos anos, segundo sentença do missionário. Os
pescadores iam pescar e voltavam; a rede, enxuta, sem peixe nenhum.
Antes mesmo de eles lançarem a rede, o peixe-boi aparecia varejando a canoa com toda
a velocidades possível.
De lá de baixo subia o gemido cortante, agoniado e rouco, como se alguém estivesse
afogando. Era o índio que devorara a criança. Os gemidos eram mais feios, mais lancinantes,
pungentes, mais magoados nas noites de luar.
E quando a mareta se erguia, via-se ao reflexo da lua o dorso do peixe-boi que subia à
superfície.
O pior era a incerteza. O peixe-boi aparecia em toda a parte. Uma noite estava lá no
canto do Borquei. Outra, no córrego das Capivaras. Na Barra do Tibau, em especial, vinham
aos ouvidos os urros tremendamente feios, medonhos, apavorantes!!! Singular destino dessa
lagoa. Quando menos se espera, o mar a devolve. Depois retoma. Tudo é um precioso
mistério. Em Tibau do Sul, Rio Grande do Norte, na Lagoa das Guaraíras.
Pense e converse com seus colegas: Esta lenda contém as características comuns às
demais lendas lidas até o momento? Por que isso acontece?
Agora, sente-se com sua dupla de trabalho e, juntos, façam a descrição do peixe-boi.
Vocês podem consultar as imagens para realizar a tarefa.
O PEIXE-BOI
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Seu professor lerá para você agora uma lenda intitulada “O Negrinho do Pastoreio”.
Trata-se de uma lenda meio africana, meio cristã, muito contada no final do século XIX
pelo brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular no Sul do Brasil, em
especial no Rio Grande do Sul.
O Negrinho do Pastoreio
No tempo dos escravos, havia um estancieiro muito ruim, que levava tudo por diante, a
grito e a relho. Naqueles fins de mundo, fazia o que bem entendia, sem dar satisfação a
ninguém.
Entre os escravos da estância havia um negrinho, encarregado do pastoreio de alguns
animais, coisa muito comum nos tempos em que os campos de estância não conheciam cerca
de arame; quando muito, havia apenas alguma cerca de pedra erguida pelos próprios
escravos, que não podiam ficar parados, para não pensar bobagem... No mais, os limites dos
campos eram aqueles colocados por Deus nosso Senhor: rios, cerros, lagoas.
Pois de uma feita, o pobre negrinho, que já vivia as maiores judiarias nas mãos do patrão,
perdeu um animal no pastoreio. Pra quê! Apanhou uma barbaridade atado a um palanque e,
depois, cai-caindo, ainda foi mandado procurar o animal extraviado. Como a noite vinha
chegado, ele agarrou um toquinho de vela e uns avios de fogo, com fumo e tudo, e saiu
campeando. Mas nada! O toquinho acabou o dia veio chegando e ele teve que voltar para a
estância.
Então, foi outra vez atado ao palanque e dessa vez apanhou tanto que morreu, ou
pareceu morrer. Vai daí, o patrão mandou abrir a “panela” de um formigueiro e atirar lá dentro,
de qualquer jeito, o pequeno corpo do negrinho, todo marcado de laço e banhando em sangue.
No outro dia, o patrão foi com a peonada e os escravos ver o formigueiro.
Qual não é a sua surpresa ao ver o Negrinho do Pastoreio: ele estava lá, mais de pé, com
a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a Virgem Nossa Senhora, e
mais adiante o baio e os outros cavalos.
O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu.
Apenas beijou a mão da santa, montou no baio e partiu conduzindo a tropilha.
Desde aí, o Negrinho do Pastoreio ficou sendo o achador das coisas extraviadas. E não
cobra muito: basta acender um toquinho de vela, ou atirar num canto qualquer naco de fumo.
Converse com o seu professor e colegas:
Qual é o tema dessa história?
Como ela explica o surgimento desse ícone religioso?
Essa é uma explicação científica, fantástica ou de fé?
Eles conhecem alguma outra lenda similar?
Quem são os personagens que a compõem?
Onde se passa a trama?
Agora você lerá outra versão dessa mesma história. Fique atento e observe semelhanças
e diferenças entre elas considerando que podem ser de conteúdo ou na linguagem, isto é, as
histórias podem trazer informações divergentes ou dizer o mesmo de outro modo.
Depois, você resgistrará suas descobertas no caderno.
Negrinho do Pastoreio
Era o tempo da escravidão, e um menino negrinho, pretinho que nem carvão, humilde e
raquítico era escravo de um fazendeiro muito rico, mas por demais avarento. Se alguém
necessitasse de um favor, não podia contar com este homem. Não dava um níquel a ninguém
e seu coração era a morada de uma pedra, não nutria qualquer sentimento por ninguém, a não
ser seu filho, um menino tão malvado quanto seu pai, pois, afinal, a fruta nunca cai muito longe
da árvore. Estes dois eram extremamente perversos e maltratavam o menino-escravo desde o
raiar do dia, sem lhe dar trégua. Este jovenzinho não tinha nome, porque ninguém se deu
sequer o trabalho de pensar algum para ele; assim, respondia pelo apelido de “Negrinho”.
Seus afazeres não eram condizentes com seu porte físico, não parava o dia inteiro. O sol
nascia e lá estava ele ocupado com seus afazeres e mesmo ao se pôr, ainda se encontrava o
Negrinho trabalhando. Sua principal ocupação era pastorear. Depois de encerrar seu laborioso
dia, juntava os trapos que lhe serviam de cama e recebia um mísero prato de comida, que não
era suficiente para repor as energias perdidas pelo sacrificado trabalho.
Mesmo sendo tão útil considerado mestre do laço e o melhor peão-cavaleiro de toda a
região, o menino era inúmeras vezes castigado sem piedade.
Certa vez, o estancieiro atou uma carreira com um vizinho que se gabava de possuir um
cavalo mais veloz que seu baio. Foi marcada a data da corrida, e o Negrinho ficou encarregado
de treinar e montar o famoso baio, pois sabia seu patrão não haver ninguém mais capaz que
ele para tal tarefa.
Chegando o grande dia, todos os habitantes da cidade, vestindo suas roupas
domingueiras, se alojaram na cancha da carreira. Palpites discutidos, apostas feitas, inicia-se a
corrida.
Os dois cavalos saem emparelhados. Negrinho começa a suar frio, pois sabe o que lhe
espera se não ganhar. Mas, aos poucos, toma à dianteira e quase não há dúvida de que seria
vencedor. Mas eis que o inesperado acontece: algo assusta o cavalo, que para, empina e
quase derruba Negrinho. Foi tempo suficiente para que seu adversário o ultrapassasse e
ganhasse a corrida.
E agora? O outro cavalo venceu. Negrinho tremia feita “vara verde” ao ver a expressão de
ódio nos olhos de seu patrão. Mas o fazendeiro, sem saída, deve cobrir as apostas e põe a
mão no lugar que lhe é mais caro: o bolso.
Ao retornarem à fazenda, o Negrinho tem pressa para chegar à estrebaria.
- Aonde pensa que vai? – pergunta-lhe o patrão.
- Guarda o cavalo, sinhô! – balbuciou bem baixinho.
- Nada feito! Você deverá passar trinta dias e trinta noites com ele no pasto e cuidará
também de mais trinta cavalos. Será seu castigo pelo meu prejuízo. Mas ainda tem mais.
Passe aqui que vou lhe aplicar o devido corretivo.
O homem apanhou seu chicote e foi em direção ao menino:
- Trinta quadras tinham a cancha da corrida, trinta chibatadas vais levar no lombo e
depois trate de pastorear a minha tropilha.
Lá vai o pequeno escravo, doído até a alma levando o baio e os outros cavalos a caminho
do pastoreio. Passou dia, passou noite, choveu, ventou e o sol torrou-lhe as feridas do corpo e
do coração. Nem tinha mais lágrima para chorar e então resolveu rezar para a Nossa Senhora,
pois como não lhe foi dado nome, dizia-se afilhado da Virgem. E foi a “santa solução”, pois
Negrinho aquietou-se e então, cansado de carregar sua cruz tão pesada, adormeceu.
As estrelas subiram aos céus e a lua já tinha andado metade de seu caminho quando
algumas corujas curiosas resolveram chegar mais perto, pairando no ar para observar o
menino. O farfalhar de suas asas assustou o baio, que se soltou e fugiu, sendo acompanhado
pelos outros cavalos. Negrinho acordou assustado, mas não podia fazer mais nada, pois ainda
era noite e a cerração, como um lençol branco, cobria tudo. E, assim, o negrinho-escravo
sentou-se e chorou...
O filho do fazendeiro, que andava pelas bandas, presenciou tudo e apressou-se em
contar a novidade ao seu pai. O homem mandou dois escravos buscá-lo.
O menino até tentou explicar o acontecimento para seu senhor, mas de nada adiantou.
Foi amarrado no tronco e novamente açoitado pelo patrão, que depois ordenou que ele fosse
buscar os cavalos. Ai dele que não os encontrasse!
Assim, Negrinho teve que retornar ao local do pastoreio e para ficar mais fácil sua
procura, acendeu um toco de vela. A cada pingo dela, deitado sobre o chão, uma luz brilhante
nascia em seu lugar, até que todo lugar ficou tão claro quanto o dia e lhe foi permitido, desta
forma, achar a tropilha. Amarrou o baio e, gemendo de dor, jogou-se ao solo desfalecido.
Danado como ele só e não satisfeito com o que já fizera ao escravo, o filho do fazendeiro
aproveitou a oportunidade de praticar mais uma maldade: dispensar os cavalos. Feito isso,
correu novamente até seu pai e contou-lhe que Negrinho havia encontrado os cavalos e os
deixara fugir de propósito. A história se repete, e dois escravos vão buscá-lo, só que dessa vez
seu patrão está decidido em dar cabo dele. Amarrou-o pelos pulsos e surrou-o como nunca. O
chicote subia e descia, dilacerando a carne e picoteando-a como guisado. Negrinho não
aguentou tanta dor e desmaiou. Achando que o havia matado, seu senhor não sabia que
destino dar ao corpo. Enterrá-lo lhe daria muito trabalho e, avistando um enorme formigueiro,
jogou-o lá. As formigas acabariam com ele em pouco tempo, pensou.
No dia seguinte, o cruel fazendeiro, curioso para ver de que jeito estaria o corpo do
menino, dirigiu-se até o formigueiro. Qual sua surpresa quando o viu em pé, sorrindo e rodeado
pelos cavalos e o baio perdido. O Negrinho montou-o e partiu a galope, acompanhado pelos
trinta cavalos.
O milagre tomou o rumo dos ventos e alcançou o povoado, que se alegrou com a notícia.
Desde aquele dia, muitos foram os relatos de quem viu o Negrinho passeando pelos pampas,
montado em seu baio e sumindo em seguida por entre nuvens douradas. Ele anda sempre à
procura das coisas perdidas, e quem necessitar de seu ajutório, é só acender uma vela entre
as ramas de uma árvore e dizer:
Foi aqui que eu perdi
Mas Negrinho vai me ajudar
Se ele não achar Ninguém mais conseguirá!
Retome as lendas lidas até o momento e analise o modo com as narrativas começaram,
assim como o tema central que cada uma aborda. Para organizar melhor as informações,
preencha o quadro a seguir.
Título da lenda Como inicia Tema central
O dono da luz
Santo Tomás e o boi
que voava
Beowulf e o dragão
A lenda da
vitória-régia
A lenda do papagaio
Crá-Crá
A lenda de Narciso
A lenda da Lagoa das
Guaraíras
O Negrinho do pastoreio
Apresente as observações do grupo para os demais colegas e o professor, discutindo-as.
A seguir, elaborem, coletivamente, um registro que sintetize as observações gerais sobre as
lendas e as dicas para serem utilizadas na posterior reescrita das lendas.
Acompanhe, com atenção, a leitura que seu professor fará de lenda “Maria Pamonha”.
Depois, faça o que se pede.
Maria Pamonha
Certo dia apareceu na porta da casa-grande da fazenda uma menina suja e faminta.
Nesse dia, deram-lhe de comer e de beber. E no dia seguinte também. E no outro, e no outro, e
assim sucessivamente.
Sem que as pessoas da casa se dessem conta, a menina dói ficando, ficando, sempre
calada e de canto em canto.
Uma tarde, os garotos da fazenda perguntaram-lhe como se chamava e ela respondeu
com um fiozinho de voz:
- Maria.
E os garotos, às gargalhadas, fecharam-na numa roda e começaram a debochar dela:
- Maria, Maria Pamonha, Maria, Maria Pamonha...
Uma noite de lua cheia, o filho da patroa estava se arrumando para ir a um baile, quando
Maria Pamonha apareceu no seu quarto:
- Me leva no baile? – pediu-lhe.
O jovem ficou duro de espanto.
- Quem você pensa que é para ir dançar comigo? – gritou. – “Ponha-se no seu lugar” Ou
quer levar uma cintada?
Quando o rapaz saiu do baile, Maria Pamonha foi até o poço que havia no mato, banhou-
se e perfumou-se com capim-cheiroso e alfazema, Voltou para casa, pôs um lindo vestido da
filha da patroa e prendeu os cabelos.
Quando a jovem apareceu no baile, todos ficaram deslumbrados com a beleza da
desconhecida. Os homens brigavam para dançar com ela, e o filho da patroa não tirava os
olhos de cima da moça.
- De onde é você? – perguntou-lhe, por fim.
- Ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Cintada – respondeu a garota.
Mas o rapaz a olhava tão embasbacado que não percebeu nada.
Quando voltou para casa, o jovem não parava de falar para a mãe da beleza daquela
garota desconhecida que ele vira no baile. Nos dias que se seguiram, procurou-a por toda a
fazenda e pelos vizinhos, mas não conseguiu encontrá-la. E ficou muito triste.
Uma noite sem lua, dez dias depois, o jovem foi convidado para outro baile. Como da
primeira vez, Maria Pamonha apareceu no seu quarto e disse-lhe com sua vozinha:
- Me leva no baile?
E o jovem voltou a gritar-lhe:
- Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar
um espetada?
Logo que o jovem saiu, Maria Pamonha correu para o poço, banhou-se, perfumou-se, pôs
outro vestido da filha da patroa e prendeu os cabelos.
De novo, no baile, todos se deslumbraram com a beleza da jovem desconhecida. O filho
da patroa aproximou-se dela, suspirando, e perguntou-lhe:
- Diga-me uma coisa, de onde você é?
- Ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Espetada – respondeu a
jovem. Mas ele nem se deu conta do que ela estava querendo lhe dizer, de tão apaixonado que
estava. Ao voltar para casa, não se cansava de elogiar a desconhecida do baile.
Nos dias que se seguiram, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, mas
não conseguiu encontrá-la. E ficou mais triste ainda.
Uma noite de lua crescente, dez dias depois, o rapaz foi convidado para outro baile. Pela
terceira vez, Maria Pamonha apareceu em seu quarto e disse-lhe com aquele fiozinho de voz:
- Me leva no baile?
E pela terceira vez gritou:
- Quem você pensa que é para ir dançar comigo? Ponha-se no seu lugar! Ou quer levar
uma sapatada?
Outra vez, Maria Pamonha vestiu-se maravilhosamente e apareceu no baile. E outra vez
todos ficaram deslumbrados com sua beleza.
O jovem dançou com ela, murmurando-lhe palavras de amor, e deu-lhe de presente um
anel. Pela terceira vez, ele lhe perguntou:
- Diga-me uma coisa, de onde você é?
- Ah, ah, ah, eu venho de muito, muito longe. Venho da Cidade de Sapatada.
Mas como o rapaz estava quase louco de paixão, nem se deu conta do que queriam dizer
aquelas palavras.
Ao voltar para casa, ele acordou todo mundo para contar como era bela a jovem
desconhecida. No dia seguinte, procurou-a por toda a fazenda e pelos povoados vizinhos, sem
conseguir encontrá-la.
Tão triste ele ficou que caiu doente. Não havia remédio que o curasse, nem reza que o
fizesse recobrar as forças. Triste, triste, já estava a ponto de morrer.
Então Maria Pamonha pediu à patroa que a deixasse fazer um mingau para o doente. A
patroa ficou furiosa.
- Então você acha que meu filho vai querer que você faça o mingau, menina?
Ele só gosta do mingau feito por sua mãe.
Mas Maria Pamonha preparou o mingau e, sem que ninguém visse, colocou o anel dentro
dele.
Enquanto tomava o mingau, o jovem suspirava:
- Que delícia de mingau, mãe!
De repente, ao encontrar o anel, perguntou surpreso:
- Mãe quem foi que fez este mingau?
- Foi Maria Pamonha. Mas por que você está me perguntando isso?
E antes mesmo que o jovem pudesse responder, Maria Pamonha apareceu no quarto,
com um lindo vestido, limpa, perfumada e com os cabelos presos.
E o rapaz sarou na hora. E casou-se com ela. E foram muito felizes.
Em seu caderno, copie os trechos sublinhados transformando o discurso direto em
indireto e vice-versa. Lembre-se de usar dois-pontos, parágrafo e travessão quando
necessário!
Ao terminar, compartilhe com seu professor e colegas o modo como foi construído os
diálogos entre os personagens.
Junto a sua dupla de trabalho, releia silenciosamente “A lenda do papagaio Crá-Crá”.
A lenda do papagaio Crá-Crá
Conta à lenda que, antigamente, morava em um vilarejo um menino muito guloso. Tudo
que via, queria comer, e a gula era tanta, a pressa de comer era tamanha, que ele tinha
costume de engolir a comida sem mastigá-la.
Uma vez sua mãe encontrou frutos de batoí e assou-os na cinza.
O filho, sem querer esperar, comeu todos os frutos, tirando-os diretamente do fogo e,
como sempre, engoliu-os sem pestanejar.
Os frutos do batoí são frutos cuja polpa viscosa se mantém quentíssima por muito tempo.
Comendo-os tão quentes, sapecaram-lhe a garganta, de forma que doía muito e queimavam-
lhe o estômago.
O menino, tentando vomitar os frutos comidos, começou a fazer força para expulsá-los.
Arranhava a garganta grunhindo crá-crá-crá! Mas os frutos não saíam... e entalaram na
garganta, sufocando-o.
No mesmo momento, cresceram-lhe as asas e as penas e ele tornou-se um papagaio.
Voou pra longe. Até hoje se pode ouvi-lo vagando pelas matas do lugar, voando e gritando
“crá-crá-crá”!
Observem que o início dessa lenda está em negrito. Esse trecho deverá ser reescrito por
vocês de dois modos diferentes. Para isso, utilizem a folha pautada entregue por seu professor.
Fiquem atentos às possibilidades de escrita que já foram abordadas em aula, lembrando-
se de que as lendas começam remetendo-se ao passado, mas sem definir um tempo
específico. Vocês poderão optar pelo discurso direto ou indireto quando acharem mais
apropriados, e podem enriquecer a lenda com descrições de personagens e ambientes.
Quando terminarem, façam uma boa revisão do texto, observando se faltam informações
ou se há erra de gramática ou ortografia.
Finalmente, escolham a versão que lhes pareceu mais interessante para ler para os
colegas.
Nesta atividade você realizará quatro tarefas: selecionará lendas que comporão a
coletânea do projeto; escolherá a lenda que você irá reescrever; planejará a reescrita da lenda;
reescreverá a lenda. Fique atento para as orientações de seu professor.
Alguns lembretes para você, quando for planejar e reescrever a lenda escolhida:
Considere que você reescreverá um das lendas de que a classe mais gostou para alunos da
1ª à 4ª série, compondo um livro-coletânea para construir o acervo da sala de leitura.
Considere que seu texto deve estar adequado a essas características o máximo possível,
pois isso garantirá que o leitor o compreenda.
Considere os aspectos abaixo, estudados ao longo das atividades, como orientadores do
planejamento e reescrita:
- Iniciar a lenda diretamente, sem definir precisamente tempo e lugar e sem muitas
descrições.
- Utilizar expressões como: “Conta à lenda que...”; “Contam... que...”; “Havia um...”; “Um
certo...em...” ou outra com sentido similar.
- Não apresentar explicitamente os ensinamentos ou explicações que o texto pretende
passar; ao contrário, estes devem vir diluídos ao longo do texto.
- As lendas que contêm explicações de fenômenos naturais apresentam menos fala de
personagem, organizando-se pelo discurso narrativo, sem referência às falas propriamente
ditas. Considere isso na reescrita. As demais lendas utilizam discurso direto, marcado de
diferentes maneiras: por dois-pontos, parágrafos e travessão; ou por dois-pontos, parágrafo,
aspas.
- É possível utilizar expressões de variedades regionais e escrever mais à vontade se a
situação de produção possibilitar, isto é, se considerar que os leitores pensados
compreenderão o texto.
- Elaborar uma relação dos aspectos que precisarão constar na lenda, na ordem em que
devem ser apresentados.
- Lembre-se que, enquanto redige a história propriamente dita, deve ser apresentados.
- Lembre-se que, enquanto redige a história propriamente dita, deve considerar o leitor e
as características das lendas, bem como ir lendo enquanto escreve para conferir a intenção
comunicativa e também se não está esquecendo informações importantes. Fique atento
também para corrigir possíveis erros ortográficos e gramaticais.
- Antes de entregar seu texto para o professor, lembre-se de dar uma conferida para ver
se não está faltando nada do que foi planejado.