Atps Direito Penal 3 - Gean Carlo 6 Semestre 2015

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resolução da atps de direito penal 3

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Etapa 1

Crimes contra a vidaHomicdios

Em nosso Cdigo Penalelenca os seguintes crimes contra a vida:- homicdio (art. 121);- induzimento, instigao ou auxlio a suicdio (art. 122); infanticdio (art. 123); - aborto (arts. 124 a 128).HOMICDIOHomicideo e a morte de uma pessoa provocada por outrem, e um crime por excelncia, o homicdio tem a primazia entre os crimes mais graves, pois e o atentado contra a fonte mesma da ordem e sobre o respeito e a segurana segurana geral, sabendo se que todos os bens pblicos e privados

ConceitoObjeto jurdicoObjeto materialSujeito ativoSujeito passivoElementos subjetivoMomento consumativoTentativaHomicdio simplesHomicdio privilegiadoHomicdio qualificado

Sobre o induzimento , Instigao, Auxilio ao suicdioConceitoObjeto jurdicoElemento do tipoAo do nuclearSujeito ativo Sujeito passivoMomento consumativoTentativasFormasPacto de morte

Roleta russa Duelo americano

InfanticdioConceito Elemento do tipoAo nuclearSujeito ativoSujeito passivoMeiso consumativosClausula temporal estado de puerperalMomento consumativoTentativa

AbortoConceito Elemento do tipoAo nuclearMeios de consumativoSujeito ativoSujeito passivoConsumaoExame de corpo de delitoNexo causalTentativaFormas de abortoCausas de excluso de ilicitudeAborto de anenceflico

Jurisprudncia de crimes contra a vida.E explicar

Etapa 2Crimes contra a honra

Distino entre calunia , injuria e difamao

caluniaConceito Objetivo jurdicoElemento tipoAo nuclearElemento normativo do tipoFalsificao da imputaoPropalao da caluniaSujeito ativoSujeito passivoElemento subjetivoMomento da consumativoTentativaExceo da verdade Exceo da notoriedade Diferencia entre calunia e denunciao caluniosa

difamaoConceito Objetivo jurdicoAo nuclearPropalao da difamao Sujeito ativoSujeito passivoElemento subjetivoMomento consumativoTentativaFormasInjuriaConceito Objetivo jurdicoElemento tipoAo nuclearSujeito ativoSujeito passivoElemento subjetivoMomento consumativoTentativaFormasPerdo judicial

Jurisprudncia de crimes contra a vida.E explicar

Os crimes contra vida esto descritos no Ttulo I Dos crimes contra a pessoa Capitulo I, da Parte Especial do Cdigo Penal. O Cdigo Penal elenca os seguintes crimes contra a vida: Homicdio (art. 121); Induzimento, instigao ou auxlio a suicdio (art. 122); Infanticdio (art. 123) e Aborto (arts. 124 a 128). 1 HOMICDIO: Homicdio a morte de um homem provocada por outro homem. a eliminao da vida de uma pessoa praticada por outra (CAPEZ, 2006, v. 2, p. 3). A conduta tpica do homicdio matar algum, eliminar a vida de uma pessoa humana, podendo ser praticada de forma livre, por meios diretos ou indiretos. Objeto jurdico do crime o bem jurdico, isto , o interesse protegido pela norma penal. O Cdigo Penal obedece a um critrio que leva em considerao o objeto jurdico do crime, colocando-se em primeiro lugar os bens jurdicos mais importantes: vida, integridade corporal, honra, patrimnio etc. Especificamente, o homicdio tem por objeto jurdico o direito vida. Genericamente, objeto material de um crime a pessoa ou coisa sobre as quais recai a conduta. o objeto da ao. No se deve confundi-lo com o objeto jurdico, que o interesse protegido pela lei penal. Assim, o objeto material do homicdio a pessoa sobre quem recai a ao ou omisso. Sujeito ativo da conduta tpica o ser humano que pratica a figura tpica descrita na lei, isolada ou conjuntamente com outros autores. O conceito abrange no s aquele que pratica o ncleo da figura tpica (quem mata), como tambm o partcipe, que aquele que, sem praticar o verbo (ncleo) do tipo, concorre de algum modo para a produo do resultado. Trata-se de crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa. J o sujeito passivo o titular do bem jurdico lesado ou ameaado. No caso do delito de homicdio, o sujeito passivo qualquer pessoa com vida humana. Em relao ao Elemento subjetivo, o fato tpico, tradicionalmente, composto de quatro elementos: conduta dolosa ou culposa + resultado naturalstico (s nos crimes materiais) + nexo causal (s nos crimes materiais) + tipicidade. A mera subsuno for mal da ao ou omisso ao tipo no suficiente para operar o fato tpico, sendo imprescindvel que a atuao do agente tenha sido dolosa ou, quando prevista tal modalidade, culposa. Sem dolo e culpa no existe fato tpico; logo, no h crime. O CP s conhece as figuras do homicdio doloso e do culposo, de maneira que a ausncia de um desses elementos acarreta atipicidade, pois no h uma terceira forma de homicdio. O tipo penal, portanto, tem uma parte objetiva, consistente na correspondncia externa entre o que foi feito e o que est descrito na lei, e uma parte subjetiva, que o dolo e a culpa. Por essa razo, o caso fortuito e a fora maior excluem a conduta, dado que eliminam a parte subjetiva da infrao, excluindo dolo e culpa, o mesmo ocorrendo com a coao fsica, ou com atos derivados de puro reflexo. O elemento subjetivo do homicdio doloso o dolo. Dolo o elemento psicolgico da conduta. vontade e a conscincia de realizar os elementos constantes do tipo legal, isto , de praticar o verbo do tipo e produzir o resultado. Mais amplamente, a vontade manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta. No homicdio a consumao do crime aquele em que foram realizados todos os elementos constantes de sua definio legal (CP, art.14, I). No caso dos crimes materiais, como o homicdio, a consumao se d com a produo do resultado naturalstico morte. Outrossim, considera-se tentado o crime quando, iniciada a sua execuo, no se verifica o resultado naturalstico por circunstncias alheias vontade do agente (CP, art. 14, II). Tratando-se de crime material, o homicdio admite tentativa, que ocorrer quando, iniciada a execuo do homicdio, este no se consumar por circunstncias alheias vontade do agente. Para a tentativa, necessrio que o crime saia de sua fase preparatria e comece a ser executado, pois somente quando se inicia a execuo que haver incio de fato tpico. Agora vejamos separadamente alguns tipos de homicdio. 1.2 Homicdio Simples: Art. 121. Matar algum: Pena - recluso, de 6 (seis) a 20 (vinte anos). No art. 121 do Cdigo Penal brasileiro, vemos que ser simples o homicdio que no for qualificado ou privilegiado, sendo aquele que cometido buscando o resultado de morte, sem qualquer agravante no ato criminoso. Trata-se de crime onde h morte de uma pessoa humana praticada por outra. Matar algum, mediante conduta dolosa, sem qualquer causa de diminuio de pena, qualquer circunstncia privilegiada ou qualquer circunstncia qualificadora, no homicdio simples, o modo de execuo livre, que pode ser comissivo ou omissivo, valendo-se na maioria dos casos de mecanismos fsicos como armas de fogo, instrumentos perfuro cortante ou mesmo mecanismos psquicos, podendo ser cometido por autoria direta ou interposta, a pessoa pode ser sujeito ativo ou passivo de homicdio simples. 1.3 Homicdio Privilegiado: Est previsto no art. 121, 1: Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob domnio de violenta emoo, logo em seguida a injusta provocao da vtima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um tero. As hipteses que geram o privilgio in casu abordado so: a) motivo de relevante valor social ou moral para cometimento do crime: o relevante valor social diz respeito aos interesses da coletividade (ex: matar um traidor da ptria); enquanto que o relevante valor moral corresponde a interesses individuais do agente (ex: pai que mata o estuprador da sua filha); b) domnio de violenta emoo, logo aps a injusta provocao da vtima: para ocorrncia dessa hiptese deve o agente estar tomado (e no apenas influenciado) por poderosa emoo e sua ao se dar imediatamente depois de ter sido provocado injustamente pela vtima. Vale lembrar que na hiptese do agente reagir injusta (antijurdica) agresso, a hiptese ser de excluso da ilicitude por legtima defesa, e no de crime privilegiado, da ser importante distinguir injusta provocao de injusta agresso. Ainda, que o CP fala que o juiz pode reduzir a pena uma vez detectada uma dessas hipteses, porm esse pode no indica uma faculdade, mas sim um dever, pois a reduo trata-se de direito subjetivo do agente. 1.4 Homicdio Qualificado: Encontra previso no art. 121, 2, do CP. No demais lembrar que a qualificadora um tipo derivado da figura simples de determinado delito. Traz, portanto, um preceito secundrio (pena) prprio, que independe daquele constante no tipo simples do qual deriva. No caso em questo, o homicdio simples impe uma pena de seis a vinte anos de recluso, enquanto que o homicdio qualificado eleva esse quantum para 12 (doze) a 30 (trinta anos). O homicdio se torna qualificado quando praticado: a) Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe: torpe o motivo abjeto que causa repugnncia, nojo, sensao de repulsa pelo fato praticado pelo agente; paga o valor ou qualquer outra vantagem, tenha ou no natureza patrimonial, recebida antecipadamente, para que o agente leve a efeito a empreitada criminosa. J na promessa de recompensa, como a prpria expresso est a demonstrar, o agente no recebe antecipadamente, mas sim existe uma promessa de pagamento futuro. b) Motivo ftil: o motivo insignificante, evidentemente desproporcional ao resultado produzido. c) Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: indispensvel frisar que a qualificadora em estudo trata de estabelecer uma maior apenao quando o homicdio for praticado por meio insidioso ou cruel, ou de quepossa resultar perigo comum. d) Homicdio traio, de emboscada, ou mediante dissimulao ou outro recurso que dificulte ou torne impossvel a defesa do ofendido: Traio ataque desleal, repentino e inesperado (ex.: atirar na vtima pelas costas ou durante o sono). A emboscada pressupe ocultamento do agente, que ataca a vtima com surpresa. Denota essa circunstncia maior covardia e perversidade por parte do delinquente. J a dissimulao significa fingimento, ocultando (disfarando) o agente a sua inteno hostil, apanhando a vtima desatenta e indefesa. e) para assegurar a execuo, a ocultao, a impunidade ou vantagem de outro crime: Trata-se de qualificao pela conexo (ligao) com outro crime. O homicdio, nesse caso, aparece em um plano secundrio, pois somente levado a efeito em razo de outro delito. O outro crime mencionado pode ser pertinente ao prprio sujeito ativo do homicdio ou a terceiro. 2 INDUZIMENTO, INVESTIGAO E AUXLIO AO SUICDIO Sobre o tema, o Cdigo Penal em seu artigo 122 traz: Art. 122 - Induzir ou instigar algum a suicidar-se ou prestar-lhe auxlio para que o faa: Pena - recluso, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicdio se consuma; ou recluso, de 1 (um) a 3 (trs) anos, se da tentativa de suicdio resulta leso corporal de natureza grave. Pargrafo nico - A pena duplicada: Aumento de pena I - se o crime praticado por motivo egostico; II - se a vtima menor ou tem diminuda, por qualquer causa, a capacidade de resistncia. O suicdio a deliberada destruio da prpria vida (Fernando Capez). A conduta de destruir a prpria vida no incriminada. O suicdio ocorre quando algum, deliberadamente, subtrai contra a prpria vida. O suicdio no crime (o fato atpico), at mesmo pela impossibilidade fsica de cumprir a sano. A tentativa de suicdio tambm no punvel. Isto se d porque o bem mais valioso tutelado pelo Direito Penal a vida. Alm disso, o objeto jurdico desse crime a preservao da vida. Elemento Subjetivo o dolo direto ou eventual consistente na vontade livre e consciente de concorrer para que a vtima se suicide, porm, tambm o dolo especfico fim de que o sujeito passivo se suicide. O sujeito ativo qualquer pessoa, pois trata de crime comum. J o passivo qualquer pessoa com capacidade de resistncia e discernimento. Isto por que: Quando o suicida inimputvel ou menor sem compreenso, no ocorrer o delito em estudo, diante da capacidade de resistncia nula da vtima, mas um homicdio tpico. Aquele que convence uma criana de trs anos ou um doente mental a matar-se pratica o crime mais grave porque a vtima, no caso, mero instrumento do agente (MIRABETE, 2008, v.II, p. 51). A vtima tem que ser determinada (uma ou mais pessoas); de modo que, o crime no se aperfeioa se o sujeito ativo age em desfavor de pessoas indeterminadas. 2.1 - Ao Nuclear Ncleo do tipo: Induzir, Instigar ou Auxiliar. Tipo misto alternativo: o agente, ainda que realize todas as condutas, responde por um s crime; Crime de ao livre: no exige o tipo qualquer forma especial de execuo do delito; Participao moral: -Induzir: suscitar a ideia, sugerir o suicdio; -Instigar: reforar, estimular, encorajar um desejo j existente. Participao material: -Auxlio: prestao de ajuda material (carter meramente secundrio) -Auxlio por omisso: Admissvel agente tem o dever de impedir o resultado e sua omisso acaba sendo causa para a produo do evento (Manzini, Altavilla, Maggiori, Magalhes Noronha, Nlson Hungria, Mirabete, Capez); Inadmissvel prestar auxlio sempre conduta comissiva (Jos Frederico Marques, Damsio, Celso Delmanto). O crime em apreciao somente se consuma com a morte da vtima ou quando esta sofre, em decorrncia do fato, leso corporal de natureza grave. , portanto, um crime material. Porm, a tentativa inadmissvel. De acordo com a previso legal do Cdigo Penal, se no houver ocorrncia de morte ou leso corporal de natureza grave, o fato atpico. As formas simples esto previstas no caput do art. 122, e as qualificadas no pargrafo nico do art. 122; - Motivo egostico: diz respeito a interesse prprio, obteno de vantagem pessoal; - Vtima menor: funda-se na menor capacidade de resistncia moral da vtima criao ou estmulo do propsito suicida por parte do agente (doutrina majoritria maior de 14 e menor de 18 anos); - Capacidade de resistncia diminuda por qualquer causa: diz respeito diminuio da capacidade de resistncia por qualquer causa (embriaguez, idade avanada, enfermidade fsica ou mental). Se a capacidade de resistncia for nula, o delito ser de homicdio. 2.2 - Suicdio a dois ou Pacto De Morte. Quando duas pessoas resolvem suicidar-se juntas. Havendo um sobrevivente que realizou o ato executrio, o crime ser de homicdio, e se no realizar o ato executrio, o delito ser o do artigo 122. Se os dois sobreviverem, havendo leso corporal de natureza grave: aquele que realizou o ato executrio, responder por tentativa de homicdio; se no realizou o ato executrio, o delito ser o do art. 122; Se os dois sobrevivem e no h leso corporal de natureza grave: aquele que realizou o ato executrio, responder por tentativa de homicdio; e se no realizou o ato executrio o fato ser atpico; Se os dois sobrevivem e ambos realizaram atos executrios, respondero por homicdio tentado. 2.3 - Roleta Russa e Duelo Americano: Roleta Russa: aqui temos uma arma com um projtil, assim os participantes ficam a merc da sorte, puxando o gatilho (contra si mesmo). O sobrevivente responde pelo art. 122 do Cdigo Penal. Duelo Americano: nesse caso temos duas armas, sendo certo que somente uma delas est carregada. Assim, os participantes atiram contra a prpria cabea. O sobrevivente responde pelo art. 122 do Cdigo Penal. 3 - INFANTICDIO Segundo o artigo 123 do Cdigo Penal, define o infanticdio como o crime que a me realiza contra o prprio filho sob a influncia do estado puerperal, durante o parto ou logo aps, como tipifica nosso ordenamento. O objetivo jurdico do Estado preservar a vida desde o momento do nascimento, protegendo o direito vida. O infanticdio denomina-se pela realizao do verbo matar, assim como no delito de homicdio, que significa destruir a vida alheia. a ao fsica da prpria me, que deve ocorrer durante ou logo aps o parto a eliminao da vida de seu prprio filho. o crime que pode ser praticado por qualquer meio comissivo, ou seja, intencionalmente, por exemplo, enforcamento, estrangulamento, afogamento, fraturas cranianas, ou por qualquer meio omissivo, ou seja, dever de agir para impedir o resultado, por exemplo, deixar de amamentar a criana, abandonar recm-nascido em lugar ermo, com o fim de provocar a sua morte. Como denominado, 1."matar" ( nucleo verbal, tirar a vida alheia); 2. sob a influencia do estado puerperal (situao de alteraes e transtornos mentais, advindas das dores fsicas capazes de alterar temporariamente o psiquismo da mulher previamente s de modo a lev-la a agir violentamente contra o prprio filho durante o seu nascimento ou logo aps o parto); 3. o prprio filho ( se a me, conferindo a criana, acreditando ser dela, e vem a matar, comete o crime de infanticdio, artigo 123 do CPB. Porm, se a identidade da criana, nao foi conferida, houve erro quanto pessoa artigo 20 3 do CPB, contudo, responder pelo crime de homicdio, artigo 121 do CPB). (ANDRADE) Em relao ao sujeito passivo do crime, o artigo 123 do Cdigo Penal referencia-se ao filho durante ou aps o parto. Denomina-se contra o ser nascente se o crime for cometido durante o parto, e ao recm-nascido ou neonato, se logo aps. importante ressaltar que haver o crime de infanticdio se o feto nascente estava vivo, a principal e mais simples caracterstica da prpria respirao como sinal mnimo de atividade funcional. 3.1 - Da influncia do estado puerperalA mulher, em consequncia das circunstancias do parto, referentes convulso, emoo causada pelo choque fsico etc., pode sofrer perturbao de sua sade mental. O Cdigo fala em influencia do estado puerperal. Este o conjunto das perturbaes psicolgicas e fsicas sofridas pela mulher em fase do fenmeno de parto. No suficiente que a mulher realize a conduta durante o perodo do estado puerperal. necessrio que haja uma relao de causalidade entre a morte do nascente ou neonato e o estado puerperal. Essa relao causal no meramente objetiva, mas tambm subjetiva. O Cdigo Penal exige que o fato seja cometido pela me sob a influncia do estado puerperal. No h incompatibilidade entre a descrio tpica do infanticdio ( artigo 123) e o disposto no artigo 26 e se pargrafo nico do Cdigo Penal, que trata da inimputabilidade e da semiresponsabilidade. Trs hipteses podem ocorrer: 1.) Se, em decorrncia do estado puerperal, a mulher vem a ser portadora de doena mental, causando a morte do prprio filho, aplica-se o artigo 26, caput, do Cdigo Penal: excluso da culpabilidade pela inimputabilidade causada pela doena mental. 2.) Se, em consequncia da influncia do estado puerperal, a mulher vem a sofrer simplesmente perturbao da sade mental, que no lhe retire a inteira capacidade de entendimento e de autodeterminao, aplica-se o disposto no artigo 26.pargrafo nico, do Cdigo Penal. Neste caso, desde que se prove tenha sido portadora de uma perturbao psicolgica patolgica, como delrio ou psicose, responde por infanticdio com a pena atenuada. 3.) possvel que, em consequncia do puerprio, a mulher venha a sofrer uma simples influencia psquica, que no se amolde regra do artigo 26, pargrafo nico, do Cdigo Penal. Neste caso, responde pelo delito de infanticdio, sem atenuao da pena. Assim, se o puerprio no causa nenhuma perturbao psicolgica na mulher, se ela matar o prprio filho, pratica crime de homicdio. Entretanto, possvel que o estado puerperal cause na mulher uma perturbao psicolgica de natureza patolgica. Nesta hiptese, preciso distinguir. Se essa perturbao psquica constitui doena mental, est isenta de pena nos termos do artigo 26, caput. Se a perturbao psquica no lhe retira a inteira capacidade de entender e de querer, responde pelo delito de infanticdio, porm com a pena atenuada, em face do artigo 26. pargrafo nico, do estatuto penal. 3.2 - Limite temporal: O Cdigo Penal determina um limite temporal para que se possa caracterizar o delito de infanticdio. Determina que esse comportamento seja levado a efeito durante o parto ou logo aps. A expresso durante o parto nos est a indicar o momento a partir do qual o fato deixa de ser considerado como aborto e passa a ser entendido como infanticdio. Dessa forma, o marco inicial para o raciocnio correspondente figura tpica do infanticdio , efetivamente, o incio do parto. A doutrina tem afirmado que o incio do parto pode ocorrer em trs momentos, a saber: a) com a dilatao do colo do tero; b) com o rompimento da membrana amnitica; c) com a inciso das camadas abdominais, no parto cesariana. Por outro lado, o que devemos entender pela expresso logo aps o parto? Entendemos que a expresso logo aps o parto deve ser entendida luz do princpio da razoabilidade. A lei penal usa, expressamente, a expresso logo aps o parto, e no somente aps o parto. Assim, a parturiente somente ser beneficiada com o reconhecimento do infanticdio se entre o incio do parto e a morte do seu prprio filho houver uma relao de proximidade, a ser analisada sob o enfoque do princpio da razoabilidade. Merece ser frisado, ainda, que para o infanticdio ser reconhecido haver necessidade, tambm, de prova pericial, a fim de que fique evidenciado que, ao tempo da ao ou da omisso da parturiente, encontrava-se esta sob a influncia do estado puerperal, pois, caso contrrio, o crime por ela praticado se amoldar figura do art. 121 do CP. 3.3 Consumao e Tentativa: O crime de infanticdio consuma-se com a morte da vtima. Sendo um crime plurissubsistente, possvel a ocorrncia de tentativa. 4 ABORTO O aborto a interrupo da gravidez com a morte do produto da concepo, que pode ser o ovo, o embrio ou o feto, conforme a fase de sua evoluo. Pode ser espontneo, natural ou provocado, sendo neste ltimo caso criminoso, exceto se praticado em uma das formas previstas no artigo 128 do CP. 4.1 - Espcies de aborto: Podem ocorrer duas espcies de aborto, a saber: a) natural ou espontneo; b) provocado (dolosa ou culposamente). Ocorre o chamado aborto natural ou espontneo quando o prprio organismo materno se encarrega de expulsar o produto da concepo. Para fins de aplicao da lei penal, no nos interessa o chamado aborto natural ou espontneo. Por outro lado, temos o aborto provocado, sendo esta provocao subdividida em: dolosa e culposa, tambm reconhecida como acidental. As espcies dolosas so aquelas previstas nos arts. 124 (auto-aborto ou aborto provocado com o consentimento da gestante), 125 (aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante) e 126 (aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante). 4.2 - Bem juridicamente protegido e objeto material: O bem juridicamente protegido, de forma precpua, por meio dos trs tipos penais incriminadores, a vida humana em desenvolvimento. O objeto material do delito de aborto pode ser o vulo fecundado, o embrio ou o feto, razo pela qual o aborto poder ser considerado ovular (se cometido at os dois primeiros meses de gravidez), embrionrio (praticado no terceiro ou quarto ms de gravidez) e, por ltimo, fetal (quando o produto da concepo j atingiu os cinco meses de vida intra-uterina e da em diante). 4.3 - Elemento subjetivo: Os crimes de auto-aborto, aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante e aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante somente podem ser praticados a ttulo de dolo, seja ele direto ou eventual. Tambm poder o agente atuar com dolo eventual, uma vez que, ao agredir uma mulher sabidamente grvida, no se importava se essa viesse a abortar, o que realmente acontece. Nessa hiptese, dever responder pelas leses corporais produzidas na gestante em concurso formal imprprio com o delito de aborto, pois que agia com desgnios autnomos, aplicando-se-lhe, no caso em exame, a regra do cmulo material de penas. 4.4 - Consumao e tentativa: Consuma-se o crime com a morte do feto, resultante da interrupo da gravidez. Pode ocorrer dentro do tero materno como ser subsequente expulso prematura. Fundamental a prova de que o feto estava vivo no momento da ao ou da omisso do agente, dirigidas no sentido de causar-lhe a morte. No exige a doutrina, para fins de caracterizao do aborto, que o feto seja vivel, ou seja, que possua uma capacidade de desenvolvimento que o conduza maturao. Na qualidade de crime material, podendo-se fracionar o iter criminis, perfeitamente admissvel tentativa de aborto. 4.5 - Prova da vida: O aborto um crime que deixa vestgios. Nesse caso, nos termos do art. 158 do CPP, quando a infrao deixar vestgios, ser indispensvel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, no podendo supri-lo a confisso do acusado. Contudo, tambm de acordo com o art. 167 do CPP, no sendo possvel o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestgios, a prova testemunhal poder supri-lhe a falta. JURISPRUDNCIA: PENAL. HOMICIDIO SIMPLES. EXCESSO DOLOSO NA LEGITIMA DEFESA. APELAO DA ASSISTNCIA DE ACUSAO NA AUSENCIA DE RECURSO DO MINISTRIO PBLICO POR TER SIDO A SENTENA CONDENATORIA. VIABILIDADE. JURI. SEGUNDA ANULAO PELO TRIBUNAL DE JUSTIA POR ENTENDER QUE CABIA AO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JURI PROSSEGUIR COM AS DUAS OUTRAS SERIES DE QUESITAO (LEGITIMA DEFESA DA PROPRIA HONRA E LEGITIMA DEFESA DA HONRA DOS FILHOS). RECURSO ESPECIAL CONHECIDOE PROVIDO. I - O APELADO, EM SEGUNDO JURI, FOI CONDENADO A SEIS ANOS DE RECLUSO (CP, ART. 121, CAPUT). A DEFESA APRESENTOU TRES SERIES DE QUESITOS: A) LEGITIMA DEFESA PROPRIA, B) LEGITIMA DEFESA DA PROPRIA HONRA E C) LEGITIMA DEFESA DA HONRA DE TERCEIROS (FILHOS). O JUIZ-PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JURI PAROU NA PRIMEIRA SERIE, UMA VEZ QUE O CONSELHO DE SENTENA RECONHECEU QUE O REU HAVIA AGIDO COM EXCESSO DOLOSO AO SE DEFENDER. ASSIM, PREJUDICADAS TERIAM RESTADO AS DUAS OUTRAS SERIES. A ASSISTNCIA DA ACUSAO APELOU PARA VER A PENA MAJORADA. O TRIBUNAL DE JUSTIA, POR SEU TURNO, ENTENDEU QUE HOUVE CERCEAMENTO DE DEFESA: CABIA AO JUIZ CONTINUAR COM AS DUAS OUTRAS SERIES DE QUESITAES E, INCLUSIVE, COM O QUESITO DA QUALIFICADORA. ANULOU O JULGAMENTO. A ASSISTNCIA DA ACUSAO INTERPOS RECURSO ESPECIAL (ALINEAS 'A' E 'C'). II - MESMO EM SE TRATANDO DE SENTENA CONDENATORIA, PODE A ASSISTNCIA DA ACUSAO, NA OMISSO DO MINISTRIO PBLICO, PELEJAR POR PENA MAIOR. NO SE TRATA DE VINDITA, MAS DA BUSCA PELA PENA JUSTA. PRECEDENTES DO STF. III - NO SE PODE INVOCAR CERCEAMENTO DE DEFESA IN CASU. SE OS JURADOS RECONHECERAM QUE O RECORRIDO (REU), EMBORA TENHA MATADO EM DEFESA PROPRIA, AGIU COM EXCESSO DOLOSO, MISTER NO SE FAZIA CONTINUAR COM AS DUAS OUTRAS SERIES DE QUESITOS (LEGITIMA DEFESA DA PROPRIA HONRA E DA HONRA DOS FILHOS). TAMBEM PREJUDICADA RESTOU A QUALIFICADORA. ADEMAIS, POR OCASIO DO JULGAMENTO A DEFESA NO LAVROU NENHUM PROTESTO. NO HA REGISTRO EM ATA. IV - RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (STJ - REsp: 31881 DF 1993/0002666-6, Relator: Ministro ADHEMAR MACIEL, Data de Julgamento: 24/08/1993, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicao: DJ 08.11.1993 p. 23586 RCJ vol. 62 p. 202 RDJTJDFT vol. 43 p. 63 REVJUR vol. 198 p. 99 DJ 08.11.1993 p. 23586 RCJ vol. 62 p. 202 RDJTJDFT vol. 43 p. 63 REVJUR vol. 198 p. 99) INDUZIMENTO, INSTIGACAO OU AUXILIO A SUICIDIO. PROVA SUFICIENTE PARA CONDENAR REU NAS PENAS DO ART-122 DO CDIGO PENAL. (RESUMO) (Reviso Criminal N 696023738, Segundo Grupo de Cmaras Criminais, Tribunal de Justia do RS, Relator: Vladimir Giacomuzzi, Julgado em 19/04/1996). (TJ-RS - RVC: 696023738 RS , Relator: Vladimir Giacomuzzi, Data de Julgamento: 19/04/1996, Segundo Grupo de Cmaras Criminais, Data de Publicao: Dirio da Justia do dia) INFANTICDIO - Autoria e materialidade comprovadas - Deciso dos Jurados em conformidade com a prova dos autos - Impossibilidade de anulao do julgamento - Readequao da pena imposta e do regime de cumprimento - Recurso parcialmente provido Prescrio da pretenso punitiva reconhecida de ofcio, com a consequente declarao da extino da punibilidade da r. (TJ-SP - APL: 19764720048260052 SP 0001976-47.2004.8.26.0052, Relator: Christiano Kuntz, Data de Julgamento: 19/04/2012, 7 Cmara de Direito Criminal, Data de Publicao: 24/04/2012) EMENTA: ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO (ARTIGO 125, DO CP). 1- INPCIA DA DENNCIA INICIAL QUE NO OSTENTA, NEM DE LONGE, MNIMO VCIO, POIS A PROMOTORIA PBLICA CUMPRIU OS REQUISITOS CONTIDOS NO ARTIGO 41, DO CPP. 2- CERCEAMENTO DE DEFESA - O ARTIGO 222, DO CPP, PRECONIZA O SEGUINTE: 1- A EXPEDIO DE PRECATRIA NO SUSPENDE A INSTRUO CRIMINAL. 2- FINDO O PRAZO MARCADO, PODER REALIZAR-SE O JULGAMENTO, MAS, A TODO TEMPO, A PRECATRIA, UMA VEZ DEVOLVIDA, SER JUNTA AOS AUTOS . ASSIM, NO SE REVESTE DE NULIDADE A OITIVA DE TESTEMUNHAS APS O INTERROGATRIO E SUBSEQUENTE PRONNCIA (PRECEDENTES DO STJ); 3- ABSOLVIO SUMRIA (ARTIGO 415, DO CPP)- CONVICTO DA MATERIALIDADE DO FATO E DA EXISTNCIA DE INDCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA, O JUIZ PRO-NUNCIAR O ACUSADO (ARTIGO 413, DO CPP). SOB PENA DE NULIDADE DA DECISO INTERLOCUTRIA, DEFESO AO MAGISTRADO ESMIUAR O ACERVO PROBATRIO (TAREFA COMPREENDIDA NA SOBERANA COMPETNCIA CONSTITUCIONAL DO CORPO DE JURADOS). A ABSOLVIO SUMRIA EXIGE PROVA RO-BUSTA, CRISTALINA, DE CLAREZA SOLAR, ATRIBUTOS QUE NO SE FAZEM PRESENTES. DESTARTE, A TESE DEFENSIVA, CONSISTENTE NA NEGATIVA DE AUTORIA, DEVER SER OBJETO DE AMPLA COGNIO PERANTE O CONSELHO DE SENTENA. DESPROVIMENTO DO APELO DEFENSIVO. (TJ-RJ - RSE: 00147317920128190000 RJ 0014731-79.2012.8.19.0000, Relator: DES. PAULO DE TARSO NEVES, Data de Julgamento: 04/09/2012, SEXTA CAMARA CRIMINAL, Data de Publicao: 05/12/2013 18:05) DOS CRIMES CONTRA A HONRA A honra na concepo comum o conjunto de atributos morais, intelectuais e fsicos de uma pessoa, porm esse conceito muito singelo consoante importncia do atributo honra para o ser humano. Honra o profundo sentimento de grandeza, de glria, de virtude e de probidade que cada um faz de si prprio, portanto a questo sensivelmente subjetiva, haja vista, que cada ser humano tem embutido em seu subconsciente a valorao de seus atributos personalssimos. Assim, a ofensa a qualquer de seus atributos pessoais se caracteriza como fato tpico e antijurdico, desta forma, requer punio ao ofensor por parte do Estado, que tem obrigao principal de tutelar a individualidade de cada pessoa. Desta forma h que se caracterizar a honra em objetiva e subjetiva. Objetiva porque diz respeito ao conceito que os outros fazem de algum, portanto quem ataca a honra objetiva de outra pessoa, tambm estar criando uma situao em que poder acarretar uma mudana de conceito da sociedade em relao pessoa ofendida, visto que lhe imputando fato seja ele falso ou ofensivo a sua reputao, estar consequentemente dificultando seu convvio social. Quanto honra subjetiva, podemos equacionar na forma do sentimento e no juzo que cada um faz de si mesmo, e dividida em honra-dignidade que diz respeito s qualidades morais da pessoa e honra-decoro que preza pelas qualidades intelectuais e fsicas. Justamente por ser to importante para cada pessoa que a honra tem captulo especial no Cdigo Penal, que caracteriza os crimes contra a honra em Calnia, Difamao e Injria. A seguir veremos como esses crimes podem afetar nossas vidas com apenas uma simples palavra. 1 CALNIA Calnia significa imputar falsamente fato tipificado como criminoso a algum, ou seja, atribuir a algum indivduo a responsabilidade pela prtica de algum fato previsto como criminoso. No importa se a manifestao se refere a crime de ao pblica ou privada (em regra privada), importa sim a atribuio de um fato concreto pelo caluniador responsabilizando o caluniado pela autoria do fato. A calnia se consuma quando o fato propagado chega ao conhecimento de uma terceira pessoa, mesmo porque, se trata de crime que atinge a honra objetiva. A calnia o mais grave de todos os crimes contra a honra previstos pelo CP. Podemos indicar os trs pontos principais que especializam a calnia com relao s demais infraes penais contra a honra, a saber: a) a imputao de um fato; b) esse fato imputado vtima deve, obrigatoriamente, ser falso; c) alm de falso, o fato deve ser definido como crime. Classificao doutrinria: Crime comum, formal (uma vez a sua consumao ocorre mesmo que a vtima no tenha sido, efetivamente, maculada em sua honra objetiva, bastando que o agente divulgue, falsamente, a terceiro, fato definido como crime), doloso, de forma livre, instantneo, comissivo (podendo ser tambm omissivo imprprio, desde que o agente goze do status de garantidor), monossubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente (pois que o ato de caluniar pode ser concentrado, ou, ainda, fracionado, oportunidade em que se poder visualizar a tentativa), transeunte (sendo que, em algumas situaes, poder ser considerado no transeunte, a exemplo do agente que divulga a terceiro, por meio de carta, um fato definido como crime falsamente atribudo vtima), de contedo variado (podendo o agente no somente caluniar a vtima, como tambm se esforar no sentido de divulg-la a mais pessoas, devendo responder, portanto, por uma s infrao penal). Objeto material e bem juridicamente protegido: Bem juridicamente protegido pelo delito de calnia a honra, aqui concebida.