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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA ATRIBUTOS QUÍMICO-BROMATOLÓGICOS DE ESPÉCIES DA CAATINGA COM POTENCIAL FORRAGEIRO, FAUNA EDÁFICA E CINÉTICA DE CO 2 ARIANE LOUDEMILA SILVA DE ALBUQUERQUE ZOOTECNISTA AREIA PB JULHO-2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

ATRIBUTOS QUÍMICO-BROMATOLÓGICOS DE ESPÉCIES DA

CAATINGA COM POTENCIAL FORRAGEIRO, FAUNA EDÁFICA

E CINÉTICA DE CO2

ARIANE LOUDEMILA SILVA DE ALBUQUERQUE

ZOOTECNISTA

AREIA – PB

JULHO-2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

ATRIBUTOS QUÍMICO-BROMATOLÓGICOS DE ESPÉCIES DA

CAATINGA COM POTENCIAL FORRAGEIRO, FAUNA EDÁFICA

E CINÉTICA DE CO2

ARIANE LOUDEMILA SILVA DE ALBUQUERQUE

AREIA – PB

JULHO-2013

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ARIANE LOUDEMILA SILVA DE ALBUQUERQUE

ATRIBUTOS QUÍMICO-BROMATOLÓGICOS DE ESPÉCIES DA

CAATINGA COM POTENCIAL FORRAGEIRO, FAUNA EDÁFICA

E CINÉTICA DE CO2

Tese apresentada ao Programa de

Doutorado Integrado em Zootecnia, da

Universidade Federal da Paraíba, do

qual participa a Universidade Federal

Rural de Pernambuco e a Universidade

Federal do Ceará, como requisito para

obtenção do título de Doutor em

Zootecnia.

Área de Concentração: Forragicultura

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Albericio Pereira de Andrade – Orientador

Prof. Dr. Divan Soares da Silva - Co-orientação

Profa. Dra. Kallianna Dantas Araújo - Co-orientação

AREIA – PB

JULHO-2013

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Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, campus II, Areia – PB.

A345a Albuquerque, Ariane Loudemila Silva de. Atributos químico-bromatológicos de espécies da Caatinga com potencial forrageiro, fauna edáfica e cinética de CO2 / Ariane Loudemila Silva de Albuquerque - Areia: UFPB/CCA, 2013.

153 f.: il.

Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2014.

Bibliografia. Orientador: Alberício Pereira de Andrade. Coorientador: Divan Soares da Silva.

1. Forragicultura 2. Atividade microbiana 3. Fauna edáfica. 4. Semiárido -

vegetação I. Andrade, Alberício Pereira de (Orientador) II. Título. UFPB/CCA CDU: 636.085(043.2)

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vi

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

ARIANE LOUDEMILA SILVA DE ALBUQUERQUE – Nascida em 14 de agosto, em

Palmeira dos Índios, AL. Técnica Agropecuária, formada pelo Instituto Federal de

Educação, Ciências e Tecnologia de Alagoas - IFET/AL, em 2004. Em 2004 ingressou

no curso de Zootecnia pela Universidade Federal de Alagoas – CECA/UFAL, em

dezembro de 2007 defendeu seu TCC. Ingressou no curso de mestrado em Zootecnia

em Fevereiro de 2008, onde foi bolsista do CNPq, concluído o curso em 2010, na área

de concentração em Produção Animal e Melhoramento Genético, pelo Programa de

Pós-graduação em Zootecnia pela Universidade Federal do Ceará – CCA/UFC.

Defendeu sua dissertação em Fevereiro de 2010. Em Março do mesmo ano ingressou no

Doutorado Integrado em Zootecnia (UFPB/UFC/UFRPE), na área de Forragicultura, foi

bolsista da CAPES pelo programa de pós-graduação. Defendendo sua tese de doutorado

em Julho de 2013.

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vii

"Ando devagar porque já tive pressa, E

levo esse sorriso, porque já chorei demais, Hoje

me sinto mais forte, mais feliz quem sabe, Só

levo a certeza de que muito pouco eu sei, ou nada

sei, Todo mundo ama um dia, todo mundo chora,

Um dia a gente chega, no outro vai embora. Cada

um de nós compõe a sua história."

Almir Sater

"Nos dias de hoje, cada vez mais,

acentua-se a necessidade de ser forte. Mas não há

uma fórmula mágica que nos faça chegar à força

sem que antes tenhamos provado a fraqueza."

Padre Fábio de Melo

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viii

DEDICO

Aos meus pais Roberto Bezerra de

Albuquerque e Maria Elza Silva de Albuquerque,

que são fontes de inspirações em minha vida.

As minhas irmãs Andréia Cristina e

Adriane Michele, pelo carinho, incentivo, amor e

conselhos durante toda minha vida e que se sentem

orgulhosas da minha conquista.

OFEREÇO

Aos meus sobrinhos (as) Isis, Davi,

Dandara, Luca e Maria, que são luzes em minha

vida.

À minha grande família composta por

cunhados, tios, primos e avós, que sempre me

escutaram quando eu necessitei de seus incentivos

e orações.

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ix

Agradecimento especial

A minha família,

Pelo apoio constante e pela base de toda minha educação, sempre me provando

que nunca é tarde para começar. Mostrando-me que todo caminho tem uma saída e que

nenhum obstáculo é maior que as nossas forças para transpô-lo.

Agradeço aos meus pais e minhas irmãs por acreditarem em mim e sempre me

apoiar em todos os momentos dessa caminhada, pelo amor, confiança, paciência, forças,

coragem, determinação, perseverança, companheirismo, compreensão, incentivando-me

e motivando-me a ser uma pessoa melhor a cada dia.

Apesar de estarmos distante, sempre encontraram uma maneira de demonstrar

seu amor por mim acompanhando todos os meus passos, orgulhando-se sempre de cada

sonho que consigo realizar.

Penso em vocês todos os dias e agradeço a Deus pela família maravilhosa que

tenho que é à base da minha vida, alicerce da minha construção moral, espiritual e

profissional.

Ariane Loudemila Silva de Albuquerque

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x

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo fortalecimento da fé, pela renovação da esperança e pela saúde frente aos

obstáculos vencidos.

À Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Principalmente ao Departamento de Pós-

Graduação em Zootecnia pela oportunidade de realizar este curso de mestrado e por

essa conquista em minha vida, na qual é de grande importância nesse momento.

A CAPES pela concessão da bolsa de estudos.

Ao Professor Alberício Pereira de Andrade pela orientação, amizade e compreensão

durante todo o doutorado.

Ao Professor Dr. Divan Soares da Silva, pela atenção e orientação.

A Professora Dra. Kallianna Dantas Araújo, pelos ensinamentos, apoio, amizade e

incentivo.

Ao Professor Dr. Ivandro da França Silva, pelo incentivo, atenção, paciência,

transmissão de conhecimentos e amizade.

Aos Professores Jacob Silva Souto, Alecksandra Vieira de Lacerda, José Carlos Dubeux

Junior, Geane Dias Ferreira e Edson Mauro dos Santos pelas sugestões feitas no meu

trabalho, enriquecendo mais ainda o conteúdo.

Ao Dr. Geovergue Rodrigues, pela amizade, incentivo, força e apoio.

A Professora Dra. Silvanda de Melo Silva, pela atenção e sugestões feitas no trabalho

de qualificação.

Ao Professor Leonardo Pessoa Felix, pela ajuda na identificação das espécies botânicas.

Ao Professor. Dr. Ariosvaldo Medeiros Nunes, pela atenção.

A todos os professores do Departamento de Pós-Graduação em Zootecnia, pelos

ensinamentos.

A Dra. Fabiane Rabelo Costa pela amizade, incentivo, conselhos.

À Diretoria Executiva do Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI), por permitir o

desenvolvimento da pesquisa nas dependências da Estação Experimental Lagoa Bonita

do INSA/MCTI.

Aos funcionários e Bolsistas da Fazenda Experimental do Instituto Nacional do

Semiárido – INSA, por terem me recebido bem, pelo apoio, amizade e ajuda em

especial Fátima, Antônio Ramos, Gustavo e Valéria.

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xi

A família Lira (Maria, Felipe e Sr. Isaias) pelo carinho, amizade e por ter mim recebido

muito bem em Campina Grande.

Ao amigo Diogo de Souza Ferraz pelo apoio, amizade, ajuda, paciência e ensinamentos.

Ao amigo Jeffrey Van Grunsven pelo carinho e amizade, que mesmo muito distante

sempre me apoio.

A minha amiga Laíza Sofia por quem tenho muito carinho e respeito. Por nossa amizade

de longo tempo e conversas intermináveis nas madrugadas. Obrigada por tudo.

A família Abdalla pela amizade de anos e o carinho.

Ao amigo Blackstone Vieira pelo carinho, amor, amizade e incentivo.

Aos colegas de campo Alex Barbosa, Angeline Santos, Luiza Daiana, Paula Frassinetti,

Rômulo Gil, Mariah Tenório, Lácio, pela amizade e ajuda viabilizando a execução do

trabalho.

Aos amigos do Doutorado Integrado em Zootecnia Roseane Madeira, Francisco Hugo,

Norivaldo Santos, Carla Almeida, Maria Caroline, Tatiana Gouveia e agradeço a todos

que fizeram parte de minha vida durante todo período do doutorado.

Aos colegas do Laboratório de Nutrição Animal – UFPB, pela amizade. Principalmente

a Luana Melo, Alenice Ramos e Ana Catharina pela paciência, carinho, amizade,

incentivo, ajuda, cuidados e por me escutarem horas e horas...

Aos meus amigos do Ceará, que mesmo distante sempre tiveram uma palavra amável a

me oferecer.

A todos os alunos da Graduação da Universidade Federal da Paraíba que conheci

durante esse tempo.

Aos funcionários da Biblioteca da Universidade Federal da Paraíba, Sr. Eron, Sr.

Roberval e Katiane, pelo apoio e ajuda.

Aos meus psicólogos Dra. Eliane e Dr. Rodolfo, pela ajuda e ensinamentos que mesmo

diante dos obstáculos devemos manter a nossa cabeça erguida e seguir em frente sendo

dignas das nossas vitórias e reconhecendo nossas derrotas e limitações.

A Maria das Graças, secretaria do curso de Pós-Graduação em Zootecnia, pelos serviços

prestados no decorrer do curso.

E a todos que de uma forma ou de outra contribuíram para que eu pudesse realizar esse trabalho,

e também aqueles que me fizeram ser a pessoa que sou hoje, pessoas que me decepcionando ou

me fazendo feliz, moldaram minha personalidade e meu jeito de encarar a vida.

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xii

SUMÁRIO

Lista de Tabelas............................................................................................................xiii

Lista de Figuras.............................................................................................................xv

Resumo........................................................................................................................xviii

Abstract.........................................................................................................................xx

Considerações Iniciais...................................................................................................01

Capítulo 1 – Referencial Teórico..................................................................................02

Referências Bibliográficas............................................................................................20

Capítulo 2 Diversidade da fauna edáfica em uma área de Caatinga no município de

Campina Grande – PB..................................................................................................30

Resumo............................................................................................................................31

Abstract............................................................................................................................32

Introdução........................................................................................................................33

Material e Métodos..........................................................................................................36

Resultados e Discussão....................................................................................................45

Conclusões.......................................................................................................................64

Referências Bibliográficas...............................................................................................65

Capítulo 3 Cinética de CO2 do solo em uma área de Caatinga no município de

Campina Grande-PB.....................................................................................................71

Resumo............................................................................................................................72

Abstract............................................................................................................................73

Introdução........................................................................................................................74

Material e Métodos..........................................................................................................76

Resultados e Discussão....................................................................................................80

Conclusões.......................................................................................................................87

Referências Bibliográficas...............................................................................................88

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xiii

Capítulo 4 Levantamento florístico, fitossociológico e composição químico-

bromatológica do componente arbustivo-arbóreo da Caatinga no município de

Campina Grande-PB.....................................................................................................91

Resumo............................................................................................................................92

Abstract............................................................................................................................93

Introdução........................................................................................................................94

Material e Métodos..........................................................................................................97

Resultados e Discussão..................................................................................................108

Conclusões.....................................................................................................................125

Referências Bibliográficas.............................................................................................126

Considerações Finais.....................................................................................................131

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xiv

LISTA DE TABELAS

Capítulo 2

Página

TABELA 1. Relação dos grupos encontrados de indivíduos em uma área de Caatinga no

município de Campina Grande, PB............................................................45

TABELA 2. Frequência absoluta e relativa dos grupos da macrofauna edáfica em uma

área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...........................47

TABELA 3. Teores de carbono e matéria orgânica do solo (g Kg-1

) em uma área de

Caatinga no município de Campina Grande, PB........................................51

TABELA 4. Índice de Diversidade de Shannon (H) e Índice de Uniformidade de Pielou

(e), em uma área de Caatinga no município de Campina Grande,

PB...............................................................................................................52

TABELA 5. Número total e percentagem de indivíduos coletados em uma área de

Caatinga no município de Campina Grande, PB.....................................55

TABELA 6. Frequência absoluta e relativa dos grupos da mesofauna do solo

amostradas em uma área de Caatinga no município de Campina Grande,

PB.............................................................................................................59

TABELA 7. Índice de Diversidade de Shannon (H) e Índice de Uniformidade de Pielou

(e), em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.......62

Capítulo 3

Página

TABELA 1. Efluxo de CO2 do solo (mg m-2

h-1

) durante as estações seca e chuvosa, e

nos turnos diurno e noturno, em uma área de Caatinga no município de

Campina Grande, PB..................................................................................79

TABELA 2. Fluxos de CO2 do solo, precipitação pluviométrica mensal acumulada,

conteúdo de água do solo (CAS) (0-10 cm), temperatura do solo (TS) (10

cm), carbono orgânico total do solo (COT) (0-10 cm), e matéria orgânica

(MO) em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...83

TABELA 3. Correlação de Pearson entre os fluxos diurno e noturno de CO2 do solo e a

precipitação pluvial, conteúdo de água do solo, temperatura do solo,

carbono orgânico total do solo, em uma área de Caatinga no município de

Campina Grande, PB..................................................................................82

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xv

TABELA 4. Atividade microbiana no período de dez horas, no período de estiagem, em

uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...................83

TABELA 5. Atividade microbiana no período de dez horas, no período chuvoso, em

área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...........................84

Capítulo 4

Página

TABELA 1. Famílias e espécies registradas na área de vegetação natural em uma área

de Caatinga no município de Campina Grande-PB..........................109-110

TABELA 2. Espécies amostradas em área de Caatinga no município de Campina

Grande – PB e seus respectivos descritores estruturais em ordem

decrescente com base no valor de importância........................................114

TABELA 3. Classificação quanto à agregação pelo índice de MacGuinnes dos

indivíduos amostrados em uma área de Caatinga no município de

Campina Grande-PB..............................................................................117

TABELA 4. Composição bromatológica de material foliar das espécies coletadas em

uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB................121

TABELA 5. Composição bromatológica das hastes de espécies coletadas em uma área

de Caatinga no município de Campina Grande-PB..................................123

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xvi

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 2

Página

FIGURA 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área

experimental...............................................................................................37

FIGURA 2 Armadilhas do tipo Provid com 200 mL de solução de detergente a 5% e 5

gotas de Formol P.A e armadilhas enterradas com os orifícios ao nível da

superfície do solo....................................................................................... 37

FIGURA 3. Lavagem do material coletado em peneira de 0,25 mm e armazenamento

dos organismos numa solução de álcool 70%............................................38

FIGURA 4. Umedecimento do solo no período seco, com introdução dos anéis no solo,

e Bateria de extratores Berlese – Tullgren................................................ 40

FIGURA 5.Coleta de amostras de solo a 10 cm de profundidade e com

acondicionamento em sacos plásticos........................................................41

FIGURA 6. Placa elétrica para aquecimento em fervura branda e processo de

titulação......................................................................................................42

FIGURA 7. Coleta de amostras de solo na profundidade de 0-10 cm e secagem em

estufa a 105 ºC durante 24 horas................................................................44

FIGURA 8. Distribuição dos grupos taxonômicos da macrofauna do solo (%).............46

FIGURA 9. Evolução dos grupos faunísticos da macrofauna do solo em relação à

precipitação (A) e conteúdo de água no solo (B), em uma área de Caatinga

no município de Campina Grande, PB.......................................................48

FIGURA 10. Distribuição dos grupos faunísticos da macrofauna do solo, no período

seco e chuvoso, em uma área de Caatinga no município de Campina

Grande, PB...............................................................................................49

FIGURA 11. Dendrograma a partir da distância de ligação referente aos organismos da

macrofauna no período seco e chuvoso (A e B) em uma área de Caatinga

no município de Campina Grande, PB....................................................53

FIGURA 12. Representantes de Ordens da mesofauna edáfica encontrados em amostra

de solo mais serrapilheira, em uma área de Caatinga no município de

Campina Grande, PB...............................................................................55

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xvii

FIGURA 13. Distribuição dos grupos faunísticos da mesofauna do solo, no período seco

e chuvoso em uma área de Caatinga no município de Campina Grande,

PB.............................................................................................................57

FIGURA 14. Evolução dos grupos faunísticos da mesofauna do solo em relação à

precipitação (A) e conteúdo de água no solo (B), avaliados em uma área

de Caatinga no município de Campina Grande, PB.................................59

FIGURA 15. Dendrograma a partir da distância de ligação referente aos organismos da

mesofauna no período seco e chuvoso em uma área de Caatinga no

município de Campina Grande, PB.........................................................62

Capítulo 3

Página

FIRGURA 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área

experimental.............................................................................................76

FIGURA 2. Titulação com HCl 0,1 N e os indicadores a fenolftaleína e o alaranjado de

metila a 1% e recipiente de vidro contendo solução 10 ml de KOH 0,5N,

para medição do fluxo de CO2 e cinética de CO2 com balde cobrindo a

amostra, medição da temperatura do solo..................................................78

FIGURA 3. Fluxos de CO2 do solo (mg m-2

h-1

) e precipitação pluvial diária (mm) em

uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB...................81

Capítulo 4

Página

FIGURA 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área

experimental...............................................................................................97

FIGURA 2. Demarcação da área para o levantamento florístico e fitossociológico na

Estação Lagoa Bonita-Lucas/INSA em Campina Grande,

PB...............................................................................................................97

FIGURA 3. Coleta das espécies e o acondicionamento em jornais (A), e montagem das

exsicatas (B) das espécies vegetais constatada na área experimental........98

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xviii

FIGURA 4. Medição da altura 1,0 m, circunferência à altura da base (CAB) 9 cm e

identificação das espécies do levantamento fitossociológico, na Estação

Lagoa Bonita-Lucas/INSA em Campina Grande, PB................................99

FIGURA 5. Material acondicionado em sacos de papel previamente identificados,

pesadas e secas em estufa com ventilação forçada a 45 °C por 72

horas.......................................................................................................104

FIGURA 6.Separação das folhas e ramos finos, moagem das amostras e

acondicionamento das amostras em recipientes de

vidro.......................................................................................................105

FIGURA 7. Centrifugação das amostras a 14.000 rpm, banho-maria 95 °C por 70

minutos e amostras lidas no espectrofotômetro 550 nm..........................106

FIGURA 8. Curva do coletor na área do experimento com o número de espécies

registradas em uma área de 20 hectares (40 parcelas)...........................107

FIGURA 9. Números de espécies por família amostrada em uma área de Caatinga no

município de Campina Grande-PB...........................................................111

FIGURA 10. Número de indivíduos por espécie amostrada em uma área de Caatinga no

município de Campina Grande-PB........................................................112

FIGURA 11. Valor de importância de cada espécie amostrada em uma área de Caatinga

no município de Campina Grande-PB...................................................115

FIGURA 12. Distribuição do número de indivíduos por classe de diâmetro em uma área

de Caatinga no município de Campina Grande-PB...............................118

FIGURA 13. Distribuição do número de indivíduos por classe de altura em uma área de

Caatinga no município de Campina Grande-PB....................................119

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xix

Atributos químico-bromatológicos de espécies da caatinga com potencial

forrageiro, fauna edáfica e cinética de CO2

RESUMO GERAL

Atualmente a Caatinga esta em processo de degradação, ocasionado por desmatamento

e uso inadequado dos recursos naturais, na qual se observa perdas irrecuperáveis da

diversidade florística e faunística, aceleração do processo de erosão. O objetivo da

pesquisa foi avaliar a taxa de evolução do CO2, abundância, riqueza e diversidade da

fauna edáfica e sua dinâmica em função das estações chuvosa e seca, assim como

determinar a composição químico-bromatológica das espécies de caatinga com

potencial forrageiro. A pesquisa foi conduzida na Estação Experimental Lagoa

Bonita/Lucas, do Instituto Nacional do Semiárido – INSA/MCTI, localizado no

município de Campina Grande, PB, de novembro de 2010 a novembro de 2011, em uma

área de 20h de caatinga em Campina Grande - PB. Foram realizadas determinações

bimensais de macro e mesofauna, dióxido de carbono (CO2), carbono, matéria orgânica,

conteúdo de água do solo e cinética de CO2 a cada duas horas (05:00 às 17:00 h). Na

avaliação da macrofauna, foram utilizadas armadilhas Provid contendo 200 mL de uma

solução de detergente a uma concentração de 5% e 5 gotas de Formol P.A. onde

permaneceram no campo por um período de quatro dias (96 horas). Para a mesofauna

do solo foram coletadas amostras de solo + serrapilheira com o emprego de anéis,

utilizado o método de Berlese-Tullgren modificado. Para avaliação quantitativa da

macro e mesofauna, foi mensurado o número total de organismos (abundância de

espécies) e qualitativamente, mediante a diversidade. Os grupos predominantes da

macrofauna do solo na área estudada foram: Hymenoptera, Diptera, Araneae, Acarina e

Orthoptera no período de estiagem Hymenoptera, Acarina, Diptera, Araneae e

Coleoptera no período chuvoso. Em relação à mesofauna do solo os grupos dominantes

na área estudada foram: Acarina, Collembola e Diptera no período seco e no período

chuvoso se destacaram Acarina, Collembola e Protura indicando que esses organismos

possuem papel importante na área de Caatinga. Para determinar a liberação de CO2,

foram distribuídos recipientes de vidro contendo 10 ml de KOH a 0,5 N para absorver o

CO2 liberado. Esses recipientes foram cobertos por baldes brancos com capacidade para

22 litros. Analise estatística foi realizada através do programa de Bio-Estat 5.0. A

atividade microbiana estimada pela produção de CO2 foi maior na estação chuvosa,

quando comparada com a estação seca, sendo favorecida pela precipitação pluvial. A

concentração de carbono orgânico total no solo foi o parâmetro ambiental que mais se

correlacionou com o desprendimento de CO2 do solo. Na área experimental realizou-se

levantamentos florístico e fitossociológico em 40 parcelas, sendo anotados: a espécie, a

altura e o diâmetro dos indivíduos circunferência à altura da base ≥ a 9 cm e ≥ 1 m. Para

caracterizar a estrutura da comunidade arbustiva-arbórea, foram calculados, para cada

espécie, os parâmetros fitossociológicos: Área basal, Frequência Absoluta, Frequência

Relativa, Densidade Absoluta, Densidade Relativa, Dominância Absoluta, Dominância

Relativa, Índice de Valor de Importância, Índice de Valor de Cobertura. Os dados foram

analisados utilizando-se do Software Mata Nativa 2©. No levantamento florístico os

materiais vegetais foram coletados e enviados para o Centro de Ciências Agrárias

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(UFPB/CCA) “Herbário Jayme Coelho de Moraes” (EAN), para identificação por meio

de comparação com exsicatas e por meio de literatura especializada. Para composição

química-bromatológica determinaram-se os teores de matéria seca (MS), proteína bruta

(PB), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), estrato etéreo (EE), fibra em

detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), Lignina (LIG) e Tanino

condensado das espécies com potencial forrageiro. Na área de caatinga as famílias com

maior número de espécies no estrato arbustivo-arbóreo foram: Euphorbiaceae e

Mimosaceae, as espécies que apresentaram o padrão de distribuição agregada de acordo

com o índice de McGuines foram Croton blanchetianus, Piptadenia stipulacea,

Allophylus quercifolius, Bauhinia cheilantha e Manihot carthaginensis. Apesar de que a

maioria das espécies encontradas na área do presente estudo foi classificada como

tendência ao agrupamento ou uniforme. Croton blanchetianus predominou com relação

às outras espécies em todos os outros parâmetros fitossociológicos (Ni, DA, FA, FR

DoA, DoR e VC). As espécies Bauhinia cheilantha, Mimosa tenuiflora e Croton

blanchetianus apresentam baixas concentrações de taninos condensados totais para

folhas quando comparado com a parte de hastes superiores.

Palavras-chave: atividade microbiana, diversidade, semiárido, vegetação.

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Chemical-bromatological attributes Caatinga species with forage potential, soil

fauna and kinetics of CO2

ABSTRACT

Currently the Caatinga is in the process of degradation caused by deforestation and

misuse of natural resources, which is observed irrecoverable loss of floristic and faunal

diversity, accelerating in the erosion process. The research objective was to evaluate in

the rate of evolution of CO2, abundance and diversity of soil fauna and its dynamics in

terms of rainy and dry seasons, as well as determine in the chemical composition of the

species of scrub with forage potential. The research was conducted at the Estação

Experimental Lagoa Bonita/Lucas, in the Instituto Nacional do Seminárido-INSA/

MCTI, located in Campina Grande, PB, November 2010 to November 2011, in an area

of Caatinga 20h in Campina Grande-PB. Bimonthly determinations of macro and

mesofauna, carbon dioxide (CO2), carbon, organic matter, soil water content and

kinetics of CO2 every two hours (05:00 to 17:00) were performed. In the evaluation of

macrofauna PROVID traps were used, containing 200 ml of a detergent solution with a

concentration of 5% formalin and 5 drops of PA in the field where they remained for a

period of four days (96 hours). For soil mesofauna soil + litter with the use of samples

rings, used the method of modified Berlese-Tullgren were collected. For quantitative

evaluation of macro and mesofauna was measured the total number of organisms

(abundance of species) and qualitatively by diversity. The predominant groups of soil

macrofauna in the study area were: Hymenoptera, Diptera, Araneae, Acarina Orthoptera

and Hymenoptera in the dry season, Acarina, Diptera, Coleoptera and Araneae in the

rainy season. Regarding soil mesofauna dominant groups in the study area were:

Acarina, Collembola and Diptera in the dry season and the rainy season stood Acarina,

Collembola and Protura indicating that these organisms play an important role in the

area of Caatinga. To determine the release of CO2 were distributed glass containers

containing 10 ml of 0.5 N KOH to absorb CO2 released. These containers were covered

in white buckets with capacity of 22 liters. Statistical analysis was performed using the

Bio-Stats 5.0 program. The estimated CO2 production by microbial activity was higher

in the rainy season compared to the dry season, being favored by rainfall. The

concentration of total organic carbon in the soil was the environmental parameter that

best correlated with the release of CO2 from the soil. The experimental field was held

floristic and phytosociological surveys in 40 installments, recorded: species, height and

diameter of individuals circumference at base height ≥ 9 cm and ≥ 1 m. To characterize

the structure of the shrub-tree community, were calculated for each species, the

phytosociological parameters: basal area, frequency Absolute Frequency Relative,

Absolute Density, Relative Density, Absolute Dominance, Relative Dominance,

Importance Value Index, Index Amount of Coverage. Data were analyzed using the

Software Mata Nativa 2©

. In floristic plant materials were collected and sent to the Centro

de Ciências Agrárias (UFPB/CCA) "Herbário Jayme Coelho de Moraes" (EAN) for

identification by comparison with herbarium specimens and through literature. For

chemical-chemical composition were determined the dry matter (DM), crude protein

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(CP), mineral matter (MM), organic matter (OM), ether layer (EE), neutral detergent

fiber (NDF) and fiber acid detergent (ADF), lignin (LIG) and condensed tannin species

with forage potential. From Caatinga families with the largest number of species in the

woody layer were: Euphorbiaceae and Mimosaceae, the species showing the

distribution pattern of aggregate according to the index were McGuines: Croton

blanchetianus, Piptadenia stipulacea, Allophylus quercifolius, Bauhinia cheilantha and

Manihot carthaginensis. Although most species found in the area of this study was

classified as the group or tendency uniform. Croton blanchetianus predominated with

respect to other species in all other phytosociological parameters (Ni, DA, FA, FR DoA,

DoR and VC). The Bauhinia cheilantha, Mimosa tenuiflora and Croton blanchetianus

species have low concentrations of condensed tannins to total leaves when compared

with the upper part of stems.

Keywords: microbial activity, diversity, semiarid, vegetation.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O semiárido da região nordeste apresenta irregularidades climáticas que é a

característica principal, apresentando um prolongado período seco, que se reflete na

paisagem. A precipitação é altamente variável, entre os diferentes anos, como também,

durante a estação de chuvas a cada ano. Na região semiárida, estudos ecológicos sobre a

dinâmica da fauna edáfica, associada ao ecossistema caatinga são escassos. Com isso

surge a preocupação no sentido de buscar informações sobre os indicadores biológicos

em relação à variabilidade observada no ecossistema caatinga.

A avaliação da vegetação na região nordeste é de grande importância para o

conhecimento de causas e efeitos ecológicos em uma área, já que a vegetação é o

resultado da ação dos fatores ambientais sobre as espécies que habitam uma

determinada área, cogitando o clima, as propriedades do solo, a disponibilidade de água,

os fatores bióticos e os fatores antrópicos. A caatinga é a vegetação predominante do

semiárido brasileiro, apresentando um grande número de espécies vegetais, na quais,

muitas são citadas como importantes forrageiras, no entanto, sem ter sido avaliado seu

potencial. Diante deste contexto, sabe-se que a importância na manutenção e/ou

recuperação da biodiversidade, torna-se evidente a necessidade de complementar estudo

de composição florística fitossociológica, para auxiliar nas estratégias de conservação e

manejo desse ecossistema.

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CAPÍTULO 1

Referencial Teórico

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1. Referencial teórico

1.1. Caracterização do Semiárido Brasileiro

A maior parte da região Nordeste é ocupada por uma vegetação xerófila, de

fisionomia e composição florística variada, denominada caatinga. Fitogeograficamente,

o bioma caatinga ocupa cerca de 10% do território nacional, abrangendo os estados da

Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e o

norte de Minas Gerais único estado localizado na região Sudeste (ANDRADE et. al.,

2010). A caatinga ocupa cerca de 800.000 km² do Nordeste, o que corresponde a 70%

da região (DRUMOND et al., 2000). É um bioma único e apresenta grande variedade de

paisagens, riqueza biológica e endemismo.

Os parâmetros climáticos e a vegetação assume papel preponderante na

caracterização do bioma. A caracterização do semiárido nordestino como comumente e

encontrado na literatura, sempre tende a minimizar a importância dessa região, pois

quase sempre e enfocada num contexto centrado numa visão concebida muito mais no

imaginário que na realidade que ela apresenta (ANDRADE et. al., 2006).

Na região Semiárida nordestina os índices pluviométricos são baixos, mal

distribuídos e chove em média de 350 a 700 mm/ano. Com o déficit hídrico e a

evapotranspiração elevada, comumente a produção e qualidade da massa verde

diminuem durante o período de estiagem, pois há uma estreita relação entre a

precipitação pluviométrica e a produção (ANDRADE et. al., 2010). De modo que nesta

fase, os criadores buscam alternativas para suprir a carência alimentar dos seus

rebanhos. Em contrapartida, durante o período chuvoso, grande quantidade de forragem

nativa é desperdiçada, por consumo insuficiente por parte dos animais bem como pelo

pouco conhecimento quanto aos métodos de conservação de forragem pelos produtores

(SILVA et al., 2004).

O clima predominante na região semiárida nordestina é tipo Bsh', conforme a

classificação de Köppen, ou seja, tropical seco com a evaporação excedendo a

precipitação, com ocorrência de pequenos períodos de chuvas sazonais com

precipitações escassas e mal distribuídas. A região situa-se entre as isoietas de 500 a

800 mm com o período chuvoso concentrado em três a quatro meses. A situação crítica

anual de limitações hídricas torna-se mais dramática pela ocorrência de secas

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periódicas, podendo ocorrer períodos com 18 ou mais meses, e com reduções drásticas

dos índices pluviométricos (RODRIGUES, 1988).

A região de clima semiárido na sua maioria apresenta o solo raso e pedregoso,

embora relativamente fértil e com relevo suave ondulado. O aspecto agressivo da

vegetação contrasta com o colorido diversificado das flores no período das chuvas. A

temperatura se situa entre 24 e 26 °C e varia pouco durante o ano. Além dessas

condições climáticas rigorosas, a região das caatingas está submetida a ventos fortes e

secos, que contribuem para a aridez da paisagem nos meses de seca (SAMPAIO e

RODAL, 2000). A vegetação da Caatinga é adaptada às condições de aridez composta

principalmente por espécies com características xerofíticas. Quanto à flora, por

exemplo, há registro de 932 espécies de planta vasculares vegetais, destas sendo 318

endêmicas (GIULIETTI et al., 2004).

Segundo Fernandes (2000) é mais prático considerar basicamente duas

fitofisionomias: caatinga arbórea e caatinga arbustiva. Segundo esse autor, as descrições

pormenorizadas e cuidadosas devem ficar a cargo de cada pesquisador, quando as

peculiaridades dos locais estudados assim o exigirem. Ultimamente, as caatingas têm

sido classificadas como savana-estépica, hierarquizadas em diversas tipologias

(ALCOFORADO-FILHO et al., 2003). Assim, a Savana-estépica poderá ser

classificada como vegetação caducifólia espinhosa, florestas ombrófilas e as florestas

estacionais nos brejos de altitude (IBGE, 1992).

1.2. Variabilidade das chuvas no Nordeste brasileiro

A precipitação é a variável climatológica mais importante nos trópicos. A

despeito da simplicidade de sua medida, é uma das variáveis mais difíceis de serem

observadas com acurácia, uma vez que apresenta erros instrumental, de exposição e de

localização. A precipitação pluvial tem sido bastante estudada em diferentes regiões do

mundo, em face de sua importância no ciclo hidrológico e a manutenção dos seres vivos

no planeta. As secas constituem sério problema para a sociedade humana e para os

ecossistemas naturais (DINPASHOH et al., 2004). Neste sentido, diferentes

metodologias têm sido utilizadas para se analisar a variabilidade da precipitação pluvial.

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Silva et al. (2005), estudaram a variabilidade da precipitação pluvial no Estado

da Paraíba, com base na teoria da entropia. Analisando a variabilidade climática no

Nordeste do Brasil, com base no teste de Mann-Kendall, Silva (2004) observou

tendências significativamente decrescentes em várias localidades desta região, e sugeriu

que tal variabilidade pode estar relacionada com mudanças climáticas no Nordeste do

Brasil, que atinge não apenas o semiárido da região, mas, também, a área litorânea.

Como a variação sazonal da precipitação pluvial exerce forte influência sobre as

condições ambientais, muitos pesquisadores vêm desenvolvendo estudos com base no

número de dias chuvosos (BRUNETTIA et al., 2001; SELESHI e ZANKE, 2004;

ZANETTI et al., 2006; MODARRES e SILVA, 2007).

As regiões semiáridas têm, como característica principal, as chuvas irregulares,

variando espacialmente e de um ano para outro (BALME et al., 2006). O Nordeste do

Brasil é conhecido como uma região seca, em que a maioria da população sobrevive da

agricultura de sequeiro. O sucesso das culturas implantadas depende da regularidade e

quantidade das chuvas. As variabilidades espacial e temporal da precipitação pluvial nas

regiões áridas e semiárido são fatores limitantes para a agricultura de sequeiro (GRAEF

e HAIGIS, 2001).

A precipitação pluvial pode variar consideravelmente, até mesmo dentro de

alguns quilômetros de distância e em escalas de tempo diferentes, tornando as colheitas

das culturas imprevisíveis. A maior parte da região Nordeste do Brasil se situa dentro da

zona semiárida, com grandes problemas para a sociedade e para os ecossistemas

naturais, decorrentes das secas periódicas. As regiões semiáridas têm, como

característica principal, as chuvas irregulares, variando espacialmente e de um ano para

outro.

As irregularidades no regime pluvial são provocadas pelas mudanças da

frequência e/ou intensidade dos eventos de precipitação. O melhor entendimento do

comportamento da precipitação pluvial, com vistas ao seu aproveitamento máximo nas

atividades agrícolas, pode ser obtido com o estudo do número de dias de chuva. A

variabilidade espacial e temporal da precipitação pluvial no Nordeste do Brasil, apesar

dos estudos aqui mencionados, ainda tem sido pouco estudada apesar de sua

importância para o propósito de formulação de estratégias de combate aos efeitos da

seca no semiárido (ANDRADE et al. 2010).

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Com a chegada das chuvas, mesmo com um período muito curto, chegando de

três a cinco meses, os vegetais apresentam um poder de regeneração e rebrotamento

muito vigoroso, com isso a paisagem muda muito rapidamente cobrindo-se de folhas e o

solo fica forrado de pequenas plantas, por isso pode-se afirmar que a Caatinga apresenta

uma grande eficiência no convívio em ambientes de clima rigoroso (ANDRADE et al.,

2010).

Os ecossistemas da caatinga podem ser abordados baseando-se no modelo de

“pulso-reserva” desenvolvido por Mark Westoby e Ken Bridges (dados não publicado,

apresentados por Noy-Meir (1973), que descreve uma relação simples e direta entre

eventos de chuvas, que provocam “um pulso” e a produção primária, e por sua vez

resulta em reservas de carbono e de energia que são acumuladas nas sementes e nos

órgãos de produção de assimilados da planta.

Estas reservas são consideradas inativas até que se reinicie um pulso. Quando

não ocorrem chuvas consideradas importantes sob o ponto de vista biológico, ou seja,

para desencadear mudanças nos processos fisiológicos e morfológicos, essas reservas

diminuem lentamente com o tempo (em consequência da respiração, abscisão,

senescência, herbivoria, dentre outros) (ANDRADE et al., 2006). Entretanto, nos

períodos chuvosos, os intervalos entre cada evento podem estimular os pulsos de

crescimento da planta (REYNOLDS et al., 2004), e como consequência a recuperação

dessas reservas.

1.3. Matéria orgânica do solo

O solo é o habitat natural para uma grande variedade de organismos que forma a

biota do solo, e esses apresentam uma grande variedade de tamanhos e metabolismos

(OLIVEIRA e SOUTO, 2011). O solo é uma máquina biotransformadora, regulando

processos globais de trocas gasosas e fluxos de nutrientes no sistema solo-planta-

atmosfera. O solo é o destino final dos resíduos orgânicos de origem vegetal e animal e

dos produtos resultantes das suas transformações.

A vegetação é o principal gerador da deposição de materiais orgânicos no solo,

principalmente pela queda de material morto (necromassa) do dossel, restos culturais

formadores da serapilheira, manta, liteira e da rizodeposição no solo entorno das raízes.

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O tipo de vegetação e condições ambientais são fatores determinantes da quantidade e

qualidade do material depositado no solo, resultando a heterogeneidade e taxa de

decomposição do material depositado na superfície, com isso poderá resultar em

aumento no teor de carbono orgânico (CO) do solo (FARIA et al., 2008).

A matéria orgânica do solo é definida por Oades (1996) exclusivamente como

resíduos de plantas e animais decompostos. Porém, a maioria dos métodos analíticos de

determinação da matéria orgânica não distingue entre resíduos de plantas e animais

decompostos ou não decompostos, que passem através da peneira de 2 mm (DOORAN

e JONES, 1996). Magdoff (1992) definiu matéria orgânica do solo em sentido amplo,

como organismos vivos, resíduos de plantas e animais pouco ou bem decompostos, que

variam consideravelmente em estabilidade, susceptibilidade ou estágio de alteração.

O acúmulo da matéria orgânica do solo é importante para a manutenção do

estoque de carbono. O carbono, proveniente da vegetação, entra no solo por meio da

queda de folhedo, do “turnorver” das raízes e micorrizas e da exsudação de carbono

pelas raízes finas. O ganho de carbono é compensado pelas perdas, sob a forma de

respiração heterotrófica dos decompositores da liteira e da matéria orgânica do solo

(MURTY et al., 2002).

A qualidade da matéria orgânica, em diferentes tipos de solo, é influenciada por

fatores, como condições hidrotérmicas, composição química da vegetação, composição

mineralógica e textura do solo (HOWARD e HOWARD, 1993). Dada a grande

importância e sua lenta taxa de ciclagem, em suas porções mais recalcitrantes, podem

apresentar tempos de resposta a distúrbios e outras mudanças ambientais em escala de

tempo maior que as consideradas pela prática humana (SCURLOCK e HALL, 1998).

A razão da decomposição da serapilheira e matéria orgânica do solo dependem

do conteúdo de nitrogênio e lignina do material, ou seja, da sua qualidade (ROBERTS,

2000). A qualidade da matéria orgânica é o numero de passos (reações) enzimáticos

requeridos para que um átomo de carbono de um composto orgânico acumulado (ou

não) no solo depende diretamente do tipo de cobertura vegetal, que segundo Wagai et.

al. (1998) tem influencia no microambiente, biomassa microbiana e biomassa de raízes,

as quais juntas controlam o fluxo de CO2.

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1.4. A importância da temperatura do solo

A temperatura do solo é um fator variável no tempo e no espaço assumindo

grande importância nos processos físicos do solo e nas trocas de energia com a

atmosfera. A temperatura determina as taxas de evaporação e aeração do solo, assim

como o tipo e a intensidade das reações químicas. Devido a isso, o conhecimento da

dinâmica da temperatura do solo é fundamental para a agricultura, pois sua variação

interfere na germinação, no crescimento radicular, na absorção de água e nutrientes

pelas plantas e na atividade microbiana do solo (HILLEL, 1998).

Alternativas de manejo do solo estão sendo empregadas e comparadas, a fim de

se minimizar os impactos das altas temperaturas dos solos tropicais. As coberturas

protetoras desempenham importante função na agricultura porque podem modificar as

variações de temperatura no interior do solo, particularmente próximo da superfície,

podendo alterar consideravelmente o ambiente para o desenvolvimento da flora e da

fauna do solo. Para Jorge (1985) a temperatura do solo influencia grandemente a

atividade microbiana, a decomposição e mineralização da matéria orgânica e o

crescimento das plantas. Alguns estudos a mais são necessários sobre a importância da

temperatura do solo, no semiárido nordestino, na atividade microbiológica do solo,

absorção de nutrientes e água, desenvolvimento radicular, decomposição e

mineralização da matéria orgânica (SOUTO et. al., 2009).

De acordo com Prevedello (1996), a temperatura do solo é um dos fatores mais

importantes para o desenvolvimento das plantas. O solo, além de armazenar e permitir

os processos de transferência de água, solutos e gases, também armazena e transfere

calor. Ainda segundo o autor, se o solo não apresentar uma temperatura dentre dos

limites fisiológicos envolvidos, a atividade microbiológica poderá ser interrompida, as

sementes poderão não germinar e as plantas não se desenvolverem.

O aumento da temperatura do solo até determinado valor eleva a cinética das

conversões enzimáticas microbianas, sendo um indicador da intensidade de

decomposição. Essa intensidade mostra-se distinta no curso diário e anual e depende do

clima e da atividade biológica do solo (CHIMNER, 2004). Os organismos do solo e o

fluxo de carbono do solo são altamente sensível à mudança de temperatura, pequenas

mudanças na temperatura da superfície do solo, podem influenciar a magnitude do fluxo

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de CO2 e no desaparecimento dos organismos do solo. Desta forma, se ocorrer um

aumento na emissão de CO2 do solo para a atmosfera, poderá ter um efeito positivo na

concentração atmosférica ou nas mudanças globais (KIRSCHBAUM, 1995).

1.5. Conteúdo de água no solo

A umidade do solo desempenha um papel fundamental nos processos de

transferência de calor entre a atmosfera e a superfície. A interação entre estes dois

sistemas é realizada trocando umidade, energia interna (calor) e momento. As

propriedades do solo limitam o armazenamento e perda de água para a atmosfera, além

de regular a infiltração nas várias camadas do solo (condutividade e difusividade

hidráulicas). O conhecimento do conteúdo de água no solo é importante na dinâmica de

solutos, calor, gases e da própria água no solo. Em escala global, sua importância está

relacionada com o importante sistema solo/água/planta/atmosfera. (LIBARDI, 2004).

Os mecanismos da respiração do solo estão associados com as condições de

temperatura, e umidade, e dependem da variabilidade temporal e espacial destas

variáveis, que exercem forte influência no processo de decomposição microbiana.

Generalizações sobre os efeitos conhecidos das variações no fluxo de CO2 do solo

ocorrem complicadas devido à interação entre temperatura e umidade (HOWARD;

HOWARD, 1993; TIWARI et al., 1987). Estes autores demonstraram que a umidade do

solo altera significativamente a população microbiana e sua atividade.

Estudos sobre emissão de CO2 encontraram relação significativa deste processo

com a umidade do solo, sugerindo que o nível de umidade ótimo para emissão de CO2

ocorre na capacidade de campo. Entretanto, Howard; Howard (1993) dizem que este

nível de umidade seria prejudicial à atividade aeróbia, que é a maior fonte de CO2

emitido do solo.

Zanchi et al. (2003) observaram que logo após um evento de chuva ocorre um

grande aumento do fluxo do CO2, isto porque a água quando drenada para o solo força a

saída do CO2 presente nos poros, e após algumas horas, há uma queda brusca no fluxo,

que se dá devido a uma camada de proteção que a água faz no solo, evitando assim a

emissão do CO2 para a atmosfera. Esta emissão vai se tornando maior à medida que a

água vai evaporando e drenando para o lençol freático, pois assim os poros ficam livres.

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1.6. Organismos Edáficos

O solo é o habitat de uma grande variedade de organismos que são responsáveis

por inúmeras funções e, apresentam grande variedade de tamanho, forma e

metabolismo. As características de um solo, bem como sua qualidade são determinadas

por vários fatores, entre eles, especialmente pelos organismos presentes (OLIVEIRA e

SOUTO, 2011). Souto (2006), afirma que a atividade biológica do solo é responsável

por inúmeras transformações físicas e químicas dos resíduos orgânicos que são

depositados, mantendo assim a sustentabilidade dos ambientes.

A fauna do solo tem importante papel na sustentabilidade do sistema através de

seus efeitos nos diversos processos do solo como decomposição, mineralização e

humificação de resíduos orgânicos, imobilização e mobilização de macro e

micronutrientes, fixação de nitrogênio atmosférico, estruturação e agregação do solo e

regulação de pragas e doenças (MERCANTE et. al., 2004).

De outra forma, a fauna do solo pode ser influenciada pelas características

físicas, químicas e biológicas do solo (CORREIA, 2002; MELO et. al., 2009; MERLIM

et. al., 2005). Os distúrbios induzidos por atividades antrópicas e naturais ao solo e à sua

cobertura vegetal alteram a distribuição da fauna edáfica à medida que transformam a

disponibilidade de recursos alimentares, modificando as interações ecológicas intra e

interespecíficas (MELO et. al., 2009).

Os organismos do solo podem ser classificados conforme seu tamanho

(LAVELLE et. al., 1994), onde a macrofauna corresponde a organismos com

comprimento (> 2 mm) incluindo formigas (Hymenoptera), mosquito (Diptera) cupins

(Isoptera), besouros (Coleoptera) e outros (SILVA et. al., 2007). Na qual desempenha

um papel chave no funcionamento do ecossistema, pois ocupa diversos níveis tróficos

dentro da cadeia alimentar do solo e afeta a produção primária de maneira direta e

indireta.

As populações e atividades dos microrganismos são responsáveis pelos

processos de mineralização, humificação e, em consequência, exerce influência sobre o

ciclo de matéria orgânica e a disponibilidade de nutrientes assimiláveis pelas plantas

(DECÄENS et. al., 2003). Na mesofauna estão os organismos entre 0,2 e 2,0 mm, que

se movimentam em fissuras, poros e na interface como exemplam os ácaros (Acarina),

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colêmbolos (Collembola) e outros insetos. As atividades tróficas desses animais

incluem tanto o consumo de microorganismos e da microfauna, como a fragmentação

de material vegetal em decomposição (CORREIA e ANDRADE, 1999).

A população desses organismos pode ser influenciada pelo sistema de cultivo,

adubação e calagem. O uso de diferentes coberturas vegetais e de práticas culturais

parece atuar diretamente sobre a população da fauna do solo. Este efeito é muitas vezes

relacionado à permanência de resíduos orgânicos sobre a superfície do solo (BARROS

et. al., 2001; LAVELLE et. al., 1997). A cobertura de solo geralmente forma uma

camada espessa de folhas com vários estratos de matéria fresca e em decomposição,

capaz de abrigar uma população diversificada da fauna edáfica.

A fauna edáfica exerce uma grande contribuição na decomposição de resíduos

orgânicos e estruturação do solo. Portanto, a determinação da sua população e

diversidade é de fundamental importância para uma avaliação das interações biológicas

no sistema solo/planta (BENEDETTI et. al., 2002). Em geral, a alteração da abundância

de organismos no solo, informa a diversidade e composição do grupo de indicadores,

indicando a perturbação do ambiente, assim, indicadores ambientais devem ser

organismos sensíveis às alterações na estrutura de um ecossistema, caracterizando

inclusive a qualidade da cobertura do solo (LIMA et. al., 2003).

As coberturas com leguminosas favorecem um número de organismos edáficos,

bem como um maior número de espécies, pois a disponibilidade de ambientes

favoráveis é maior (CANTO, 1996). A fauna edáfica exerce uma grande contribuição na

decomposição de resíduos orgânicos e estruturação do solo. Portanto, a determinação da

sua população e diversidade é de fundamental importância para uma avaliação das

interações biológicas no sistema solo/planta.

Em geral, a alteração da abundância de organismos no solo, informa a

diversidade e composição do grupo de indicadores mede a perturbação do ambiente,

assim, indicadores ambientais devem ser organismos bastante sensíveis às alterações na

estrutura de um ecossistema, caracterizando inclusive a qualidade da cobertura do solo

(LIMA et al., 2003).

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1.6.1. Macrofauna Edáfica

Dentre os organismos do solo, a macrofauna edáfica compreende os maiores

invertebrados, organismos com mais que 10 mm de comprimento ou com mais de 2 mm

de diâmetro corporal (SWIFT et al, 1979; LAVELLE et al., 1994; CORREA, 2005;

AQUINO et al., 2008b;), e apresenta um grande potencial para ser utilizada como

bioindicadora da qualidade do solo (LAVELLE et al., 2006). Dentre os organismos

edáficos mais estudados como bioindicadores estão alguns representantes dos

Hymenoptera (formigas e abelhas), Isoptera (cupins), Coleoptera (besouros), Arachnida

(aranhas), Collembola (colêmbolos), Oligochaeta (minhocas), entre outros integrantes

da macrofauna do solo (SILVA et al., 2004; WINK et al., 2005).

Existem grupos da macrofauna do solo, como os anelídeos (minhocas), cujos

benefícios são cada vez mais conhecidos pela importância que desempenham no

crescimento das plantas e na ciclagem de nutrientes que se reflete na produtividade

agrícola (ORTIZ-CEBALLOS et al., 2007) e na melhoria das propriedades químicas,

físicas e biológicas do solo (LAVELLE et al., 2006).

Estes organismos do solo desempenham um significativo papel ecológico à

medida que participam das rotas e processos que contribuem com o desenvolvimento da

estrutura e da fertilidade do solo, interagindo com as comunidades microbianas e

atuando naturalmente no controle populacional de diversos componentes vivos do

ambiente (PRIMAVESI, 1990).

Os invertebrados do solo alteram as populações e atividade de microrganismos

responsáveis pelos processos de mineralização e humificação da matéria orgânica do

solo e, portanto, exercem influência sobre a disponibilidade de nutrientes assimiláveis

pelas plantas (DECAËNS et al., 2003). A composição da comunidade da macrofauna

edáfica do solo e sua abundância são indicadores da biodiversidade do solo e da

intensidade das atividades biológicas (VELÁSQUEZ et al., 2007).

No entanto, os efeitos dos organismos do solo sobre os processos dos

ecossistemas raramente são aparentes em virtude da escala em que as medições são

feitas, comumente incapazes de representar grandes áreas, e dos curtos intervalos de

tempo normalmente pesquisados. Dessa forma, esses processos são mais

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frequentemente relacionados a outras variáveis, como vegetação, propriedades do solo

(pH, mineralogia etc.) e, principalmente, clima (ANDERSON, 2009).

Portanto, a macrofauna é importante na fragmentação e incorporação dos

resíduos ao solo, criando assim, condições favoráveis à ação decompositora dos

microrganismos (BAYER e MIELNICZUK, 1999). Através da ação mecânica no solo

contribuem para a formação de agregados estáveis, que permitem proteger uma parte da

matéria orgânica da rápida mineralização (SÁNCHEZ e REINÉS, 2001).

Sendo eficaz na mobilidade vertical de nutrientes assimiláveis, favorecendo o

sistema radicular das plantas (SILVA et al., 2004). A maior concentração dos

organismos pertencentes à macrofauna encontra-se na camada superficial de 0-10 cm de

profundidade, que é a camada mais afetada pelas práticas de manejo, como preparo do

solo, adubação e deposição de resíduos orgânicos (BARETTA et. al., 2006).

1.6.2. Mesofauna Edáfica

A mesofauna do solo é composta por organismos com diâmetro corporal entre

0,2 e 2 mm, compreendendo ácaros, colêmbolos, (BÖHM et al., 2007; NASCIMENTO

et al., 2007; MORSELLI, 2007), bem como os protura, diplura, thysanura e pequenos

insetos (LAVELLE et al. 1994), que se movimentam em fissuras, poros e na interface

do solo (GIRACCA et al., 2003). Segundo Seastedt (1984), os ácaros (Acarina) e

colêmbolos (Collembola) são os principais representantes da fauna edáfica e

desempenham um importante papel na ciclagem de nutrientes por suas atividades

reguladoras na decomposição da matéria orgânica e na liberação de nutrientes.

No entanto as populações de ácaros e colêmbolos são consideradas

extremamente sensíveis às modificações do ambiente (MELO e LIGO, 1999;

NASCIMENTO et al., 2007), sendo que a introdução de novas espécies vegetais pode

modificar a diversidade destes organismos. Esta sensibilidade da população as

alterações ambientais pode ser útil no monitoramento da degradação e o estágio de

recuperação das áreas (LEIVAS e FISCHER, 2008).

A diversidade de ácaros e colêmbolos edáficos esta relacionado com o tipo de

solo e com suas características físicas e químicas, então, qualquer das alterações nestes

atributos podem ser observado através das análises de diversidade da fauna, sendo este

um bom indicador (DUARTE, 2004). Os organismos da mesofauna são responsáveis

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principalmente pela transformação física e química da serrapilheira (DIAS et al.,

2007a).

O tamanho dos invertebrados do solo define a extensão em que a atividade dos

mesmos pode modificar as propriedades do solo e a extensão em que podem ser

influenciados pelo manejo do solo, e o comportamento destes organismos no solo

também esta diretamente relacionada ao sistema de manejo utilizado nos

agroecossistemas. Por exemplo, a população de ácaros varia de acordo com vários

aspectos como matéria orgânica, proteção do solo, espécies cultivadas e microclima,

entre outros. Já os colêmbolos requerem, além disso, umidade no solo entre 40 e 70%.

Esses organismos, apesar de extremamente dependentes da umidade do solo, são

caracteristicamente terrestres. As atividades tróficas desses animais incluem tanto o

consumo de microorganismos e da microfauna, como a fragmentação de material

vegetal em decomposição (CORREIA e ANDRADE, 1999). Para Giracca et al. (2003) a

determinação da população e diversidade da mesofauna é de fundamental importância

para avaliar as interações biológicas no sistema solo/planta.

No solo, as atividades principais desses organismos são: decomposição da

matéria orgânica, produção de húmus, ciclagem de nutrientes e energia, produção de

complexos que causam agregação do solo, entre outros benefícios (HOFFMANN et al.,

2009; MORSELLI, 2007; NASCIMENTO et al., 2007). O uso de diferentes coberturas

vegetais e de práticas culturais parece atuar diretamente sobre a população da fauna do

solo.

1.7. Respiração edáfica do solo

No fluxo energético de um ecossistema do solo, grande parte da energia captada

e transformada em energia química é liberada pela atividade metabólica das plantas.

Uma fração dessa energia liberada provém da atividade respiratória das raízes das

plantas. De acordo com Macfadyen (1970), pelo menos 50% do CO2 emanado do solo

de uma comunidade vegetal têm origem na respiração das raízes. O restante provém das

atividades da microflora e microfauna do solo (os decompositores) e dos pequenos

invertebrados que atuam também na degradação da matéria orgânica (os detritívoros)

(GRISI, 1978).

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Segundo Schienter e Cleve (1985) o processo de desprendimento do CO2 do solo

na sua superfície, surge basicamente através de três fontes metabólicas que seriam a

respiração microbiana, a respiração das raízes e a respiração de outros organismos que

compõe a mesofauna e macrofauna. Para Killham (1994), a biota do solo pode ser

limitada por características como estrutura e textura do próprio solo, o que segundo

Bastos et al., (2004) vai afetar diretamente a respiração edáfica.

A respiração edáfica é o CO2 liberado tanto pela atividade dos microrganismos

quanto pelo resultante da respiração do sistema radicular dos vegetais de uma área

(POGGIANI et al., 1977). É a soma total de todas as atividades metabólicas em que o

CO2 é produzido, podendo ser utilizado como índice para monitorar as respostas dos

ecossistemas aos distúrbios (BEHERA et al., 1990). Vários fatores incluindo

temperatura, umidade, profundidade do solo, aeração e populações microbianas

determinam a taxa de fluxo de CO2 para a superfície do solo (SILVA et al., 2006).

Dentre os fatores citados, a temperatura do solo é a que mais contribui para o

aumento de CO2. Para Bley Jr. (1999), a respiração do solo eleva-se com a temperatura,

e para determinada temperatura ela é maior em condições de umidade ótima. As

interações que existem entre CO2, temperatura, fotossíntese, umidade do solo e

disponibilidade de nutrientes disponíveis para as plantas, podem determinar não

somente a estrutura e composição da planta e comunidades microbianas, como também

o tamanho e modificação dos reservatórios de C no solo (TATE e ROSS, 1997).

O preparo do solo em combinação com outras práticas de manejo e com a ação

da temperatura e umidade influenciam a taxa de emissão de C-CO2 para a atmosfera

(FRANZLUEBBERS et al., 1995). A evolução do CO2, como medição da respiração,

representa a taxa de decomposição total, uma vez que o CO2 é liberado durante a

biodegradação aeróbica da maioria das substâncias orgânicas (SKAMBRAKS e

ZIMMER, 1998).

Estudos de cinética da respiração edáfica ajudam explicar muitos processos que

ocorrem no solo e são de fundamental importância para a recuperação de áreas

degradadas (SOUTO et al., 2009). A estimativa através da liberação de CO2 mostra-se

indicada como uma das ferramentas para avaliar a recuperação de áreas degradadas,

pelo seu baixo custo, eficiência e por indicar mudanças rapidamente (PASSIANOTO et

al., 2001).

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A respiração do solo pode ser mensurada no campo em condições naturais, ou

em laboratório, nos quais são adequados para o estudo da atividade microbiana, por

respiração do solo. (ASSIS JÚNIOR et al., 2003). A localização da mensuração

dependerá dos objetivos do experimento. A determinação da respiração do solo no

campo tem sido usada para avaliar a atividade geral da biomassa do solo, destacando-se

a influência do clima, as propriedades físicas e químicas do solo e as práticas agrícolas.

Também são observadas estimativas da mineralização e estabilização do C

quando relacionadas ao tipo de matéria orgânica e a sua taxa de adição sobre ou dentro

do solo. O objetivo de muitas destas medidas tem sido compreender o processo de

mineralização e, portanto o ganho de nutrientes e carbono no solo, possibilitando que a

matéria orgânica seja mais eficientemente utilizada e conservada (ANDERSON, 1982;

PARKINSON e COLEMAN, 1991).

Estudos têm mostrado que a taxa de respiração do solo é um indicador de

atividade microbiana do solo, aumentando linearmente com a temperatura (BEKKU et

al., 2003; SUBKE et al., 2003). Estes trabalhos consideraram que a produção do CO2

dentro do solo é basicamente um processo bioquímico e responde assim fortemente às

variações de temperatura. Isso pode mudar com a idade da matéria orgânica, e também

com a disponibilidade de água para as reações bioquímicas relevantes, (FANG e

MONCRIEFF, 2001).

1.8. Florística e Fitossociologia na região semiárida

O Nordeste do Brasil tem a maior parte de seu território ocupado pela caatinga

que se caracteriza por ser uma vegetação xerófila, de fisionomia e florística variada

(DRUMOND et al., 2000). Esta vegetação até pouco tempo era tida pouco diversa,

sendo desvalorizada e muito pouco estudada. Na ultima década passou-se a estudar este

tipo vegetacional mais detalhadamente e ainda hoje pouco se conhece das suas

potencialidades. Segundo Queiroz (2004), a Paraíba apresenta predominantemente

clima quente e seco, ocorrência de secas periódicas, baixa pluviosidade, alta

temperatura media alta taxa de luminosidade, grande volume de evaporação e

evapotranspiração.

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Barbosa (1998) explica que um dos maiores problemas associados ao semiárido

é o elevado grau de degradação ambiental. No qual é provocada principalmente pelo

desmatamento destinado a ocupação de áreas com atividades agrícolas e de pecuária. O

uso não planejado dos recursos oferecidos pelo Bioma Caatinga tem proporcionado à

fragmentação da sua cobertura vegetal, restringindo sua distribuição a remanescentes

que podem ser considerados refúgios para a biodiversidade local.

Estudos sobre o levantamento florístico é listar as espécies vegetais e a família

dos indivíduos ocorrentes em determinada área (CAVASSAN e MARTINS, 1989;

SOUZA et al., 2009), enquanto a fitossociologia como ciência, busca conhecer as

comunidades vegetal do ponto de vista florístico e estrutural (BROWN-BLANQUET,

1950). A determinação das comunidades vegetais é importante para se entender melhor

a dinâmica das espécies no meio.

Os estudos de florística e fitossociologia contribuem significativamente para o

conhecimento das formações florestais, já que evidenciam a riqueza e a heterogeneidade

dos ambientes amostrados. Segundo Sampaio et al. (1996) os estudos fitossociológicos

contribuem para o conhecimento da estrutura das comunidades e de algumas

populações, bem como o conhecimento da flora regional, subsidiando desta forma, o

manejo, a recuperação e/ou conservação dos ecossistemas (NASCIMENTO, 2002).

Portanto, o conhecimento de parâmetros como o número de espécies e famílias;

percentagem de agregação (classificação do padrão dos indivíduos das espécies);

diversidade avaliada através do índice de Shannon-Wiener (H’); dominância de

Simpson (C) que mede a probabilidade de dois indivíduos selecionados ao acaso na

amostra reportar-se à mesma espécie, com valor estimado de C variando de zero a um;

cobertura, que se refere à percentagem da área de solo coberta pela vegetação; e a curva

acumulativa de espécies (expressa em ordem real de amostragem nas parcelas), que

permite avaliar a suficiência de amostragem do levantamento florístico.

Existe uma grande quantidade de trabalhos em fitossociologia já realizados no

semiárido do Nordeste, mais ainda falta muito para se conhecer a vegetação dessa

região, havendo necessidade de continuar os levantamentos de espécies, determinando

seus padrões de distribuição geográfica, abundância e suas relações com os fatores

ambientais.

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1.9. Bromatologia

A caatinga consiste no tipo de vegetação predominante do semiárido brasileiro,

onde está inserida grande variedade de espécies nativas, em sua maioria caducifólia de

uso forrageiro, porém, essa utilização vem sendo exercida sem o devido conhecimento

do potencial produtivo e quase nenhuma técnica de controle ambiental (DAMASCENO,

2007). Ainda segundo o mesmo autor, esta região apresenta evapotranspiração elevada,

comprometendo a produção de massa verde, provocando escassez de forragem, em

qualidade e quantidade, nas épocas secas, limitando a produtividade do rebanho. Assim,

a falta de alimento volumoso vem causando fortes transtornos econômicos, gerando

aflição e problemas sociais, aos agricultores e pecuaristas do semiárido.

Na região Nordeste do Brasil existe uma diversidade extraordinária de plantas

endêmicas e exóticas. Porém, a exploração predominante da caatinga tem sido precária,

pois esta se encontra estagnada devido ao desaparecimento de muitas espécies de

forrageiras herbáceas e ao desconhecimento dos potenciais forrageiros das mesmas

(FILHO et al., 2011).

Os animais apresentam maior preferencia pelo consumo de folhas e partes novas

da planta, pois e nestas fracções que se encontram as maiores quantidades de nutrientes

e os maiores coeficientes de digestibilidade. Sendo assim é muito importante que seja

ofertada ao animal em pastejo, uma forragem com elevada proporção de folhas e

possibilidade de seletividade. Os animais consomem as folhas e ramos finos (até 5 mm

de diâmetro) no campo, porém é possível aproveitar ramos de até 10 mm de diâmetro

(BAKKE et. al., 2010).

Em termos forrageiros, a caatinga é muito rica e diversificada. Entre as

diversas espécies, Drumond et al., (2000) destaca: o angico (Anadenanthera

macrocarpa (Benth)), a catingueira, a catingueira-rasteira (Caesalpinia microphylla

Mart.), a canafistula (Senna spectabilis var. excelsa (Sharad) H.S.Irwine & Barnely), a

jurema-preta (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poiret), o sabiá (Mimosa caesalpinifolia

(Benth.)) e o juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.), entre as espécies arbóreas; o mororó

(Bauhinia sp.), o engorda-magro (Desmodium sp.), a marmelada-de-cavalo (Desmodium

sp.), o feijão bravo (Capparis flexuosa L.), o matapasto (Senna sp.) e as urinárias

(Zornia sp.), entre as espécies arbustivas e subarbustivas; e as mucunãs (Stylozobium

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sp.) e as cunhãs (Centrosema sp.), entre as lianas e rasteiras. Destacam-se como

frutíferas, o umbu (Spondias tuberosa Arruda), araticum (Annona glabra L., A.

coriacea Mart., A. spinescens Mart.), mangaba (Hancornia speciosa Gomez), jatobá

(Hymenaea spp.), juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.), murici (Byrsonima spp.), e o licuri

(Syagrus coronata (Mart.) Becc.), que são exploradas de forma extrativista pela

população local, sem qualquer técnica de cultivo.

A finalidade da bromatologia é estudar os alimentos, sua composição química,

sua ação no organismo, seu valor alimentício e calórico, suas propriedades físicas,

químicas, toxicológicas. Química bromatológica estuda a composição química dos

alimentos, bem como suas características de aptidão para o seu consumo. Importante

conhecer técnicas e métodos adequados que permitam conhecer a composição

centesimal dos alimentos, ou seja, determinar o percentual de umidade, minerais,

proteínas, lipídeos, fibras e carboidratos, que permitam o cálculo do volume calórico do

alimento.

A avaliação químico-bromatológica de uma planta é importante por fornecer

uma descrição dos compostos que a formam, e assim oferecer um direcionamento

quanto às propriedades biológicas e/ou forrageiras das mesmas. Necessita de atenção a

seus resultados, que podem ser influenciados por fatores como: método de colheita da

planta, processamento e armazenamento, idade da planta (COSTA, 2004). As análises

clássicas comumente realizadas visam obter informações, como o teor de Matéria Seca

(MS), Cinza ou Matéria Mineral (MM), Proteína Bruta (PB), Extrato Etéreo (EE), Fibra

em Detergente Neutro (FDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA).

Vários trabalhos atestam que os taninos presentes nas forrageiras podem ter

importantes consequências nutricionais para os ruminantes, contudo, os métodos

tradicionais de análise de alimentos não incluem avaliação de taninos e, em função

disso, pouco se sabe a respeito da natureza desses compostos nas espécies forrageiras

tropicais. A quantidade de taninos sintetizados pela planta depende da espécie, cultivar,

tecido, estágio de desenvolvimento e condições ambientais. Os taninos presentes nas

forrageiras possuem efeitos positivos e negativos sobre o valor nutricional das mesmas.

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CAPÍTULO 2

Diversidade da fauna edáfica em uma área de Caatinga no município de Campina

Grande - PB

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CAPÍTULO 2

Diversidade da fauna edáfica em uma área de Caatinga no município de Campina

Grande - PB

RESUMO

A diversidade dos grupos da fauna edáfica permite compreender a funcionalidade destes

organismos e a complexidade ecológica destas comunidades, assim como as

modificações do clima e do manejo do solo exercem influência direta e indireta sobre os

organismos podendo diminuir ou aumentar o número e a diversidade dos mesmos.

Objetivou-se com este trabalho avaliar a diversidade e riqueza da macro e mesofauna

edáfica no período chuvoso e seco, como indicadora da qualidade do solo na região

semiárida. Foram realizadas avaliações durante o período de um ano (novembro 2010 a

novembro de 2011) em uma área da caatinga. O experimento foi conduzido na Estação

Experimental Lagoa Bonita/Lucas, do Instituto Nacional do Semiárido – INSA/MCTI,

localizado no município de Campina Grande, PB. As observações foram feitas em uma

área de 20 ha, utilizando 20 pontos de coleta fixos. Para a avaliação da macrofauna,

foram utilizadas armadilhas Provid contendo 200 mL de uma solução de detergente a

uma concentração de 5% e 5 gotas de Formol P.A. onde permaneceram no campo por

um período de quatro dias (96 horas). Para a mesofauna do solo foram coletadas

amostras de solo + serrapilheira com o emprego de anéis metálicos (diâmetro = 4,8 cm e

altura = 3 cm) a 0-5 cm de profundidade. As amostras foram instaladas na bateria de

extratores Berlese-Tullgren modificada por 96 horas exposta à luz. Para avaliação

quantitativa da macro e mesofauna, foi mensurado o número total de organismos

(abundância de espécies) e qualitativamente, mediante a diversidade. Os grupos

predominantes da macrofauna do solo na área estudada foram: Hymenoptera, Diptera,

Araneae, Acarina e Orthoptera no período seco, Hymenoptera, Acarina, Diptera,

Araneae e Coleoptera no período chuvoso. O grupo que apresentou o menor índice de

diversidade foi Hymenoptera, apresentando índice de Shannon (0,09) e (0,46), no

período seco e chuvoso respectivamente. Em relação à mesofauna do solo os grupos

dominantes na área estudada foram: Acarina, Collembola e Diptera no período seco e no

período chuvoso se destacaram Acarina, Collembola e Protura indicando que esses

organismos possuem papel importante na área de Caatinga. O grupo Acarina apresentou

o índice de Shannon menor (0,10) e (0,09) para o período seco e chuvoso

respectivamente, indicando que o período chuvoso mostrou-se mais expressivo.

Palavras-chave - bioindicadores, índice diversidade, organismos do solo, semiárido

brasileiro

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54

CHAPTER 2

Diversity of soil fauna in an area of Caatinga in Campina Grande – PB

ABSTRACT

The diversity of soil fauna groups allows us to understand the functionality of these

organisms and the ecological complexity of these communities, as well as the changes

of climate and soil management exert direct and indirect influence on organisms may

decrease or increase the number and diversity of them. The objective of this work was

to assess the diversity and richness of macro and soil mesofauna in the rainy season and

dry as an indicator of soil quality in the semiarid region. Evaluations were carried out

during the period of one year (November 2010 to November 2011) in an area of

Caatinga. The experiment was conducted at the Estação Experimental Lagoa Bonita/

Lucas, the Instituto Nacional do Semiárido - INSA/MCTI, located in Campina Grande,

PB. The observations were made in an area of 20 ha, using 20 fixed collection points.

For the evaluation of macrofauna PROVID traps were used, containing 200 ml of a

detergent solution to a concentration of 5 % formalin and 5 drops of PA in the field

where they remained for a period of four days (96 hours). For soil mesofauna samples

were collected from soil + litter with the use of metal rings (diameter = 4.8 cm and

height = 3 cm) at 0-5 cm depth. The samples were installed in the battery of extractors

modified Berlese - Tullgren for 96 hours exposed to light. For quantitative evaluation of

macro and mesofauna was measured the total number of organisms (species abundance)

and qualitatively by diversity. The predominant groups of soil macrofauna in the study

area were: Hymenoptera, Diptera, Araneae, Acarina and Orthoptera in the dry,

Hymenoptera, Acarina, Diptera, Coleoptera and Araneae in the rainy season. The group

that had the lowest diversity index was Hymenoptera, featuring Shannon index (0.09)

and (0.46) in the dry and rainy seasons respectively. Regarding the soil mesofauna

dominant groups in the study area were: Acarina, Collembola and Diptera in the dry

season and the rainy season stood out Acarina, Collembola and Protura indicating that

these organisms have an important role in the area of Caatinga. The group presented the

Acarina Shannon index lower (0.10) and (0.09) for the dry and rainy seasons,

respectively, indicating that the rainy season was more expressive.

Keywords – bioindicators, diversity index, soil organisms, Brazilian semiarid

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1. Introdução

Os invertebrados do solo são componentes importantes dos ecossistemas nativos

e sensíveis às mudanças no hábitat (BROMHAM, CARDILHO e BANNET, 1999). A

relação complexa desses animais com seus nichos ecológicos no solo, o fato que muitos

deles são até certo ponto sedentários e a estabilidade da composição da comunidade,

proporcionam bons pontos de partida para a bioindicação de mudanças nas propriedades

do solo e dos impactos de atividades humanas.

Muitos invertebrados são importantes no consumo e na decomposição da

matéria orgânica, assim como constituem fonte alimentar para muitas outras espécies

animais. Outros possuem grande variedade de poros e outras estruturas organo-minerais

(macro-agregados, montículos e ninhos) que possuem o efeito de descompactar o solo,

facilitando a infiltração da água, nutrientes em solução e oxigênio para as plantas.

Muitos são predadores, com potencial para serem usados como controle biológico de

pragas agrícolas (MOREIRA, SIQUEIRA E BRUSSAARD, 2008).

De acordo com Taylor e Doran (2001), os invertebrados podem ser selecionados

como indicadores ambientais, para serem monitorados de modo que as mudanças no

ambiente possam ser detectadas ou ainda como indicadores ecológicos, para serem

usados para avaliar o impacto das perturbações ambientais sobre as comunidades

biológicas. Os invertebrados do solo são divididos em macro, meso e microfauna.

A macrofauna do solo inclui os organismos invertebrados maiores que 10 mm de

comprimento (LAVELLE et al., 1997) e/ou com diâmetro corporal maior que 2 mm

(SWIFT et al., 1979) atuantes no conjunto serrapilheira solo em pelo menos um estágio

do seu ciclo biológico completo. A macrofauna, além de muito afetada pelas práticas

agrícolas (JONES et al., 2003; DECÄENS et al., 2004; EGGLETON et al., 2005;

SANTOS et al., 2005), apresenta relação com as características físico-químicas e da

matéria do solo (VELÁSQUEZ, 2004), podendo ser utilizada como indicadora da

qualidade do solo, possibilitando uma avaliação rápida, fácil e econômica, o que a torna

uma poderosa ferramenta na avaliação e monitoramento da qualidade do solo.

A macrofauna invertebrada do solo desempenha um papel-chave no

funcionamento do ecossistema, pois ocupa diversos níveis tróficos dentro da cadeia

alimentar do solo e afeta a produção primária de maneira direta e indireta. Altera por

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exemplo, as populações e atividade de microrganismos responsáveis pelos processos de

mineralização e humificação e, em consequência, exerce influência sobre o ciclo de

matéria orgânica e a disponibilidade de nutrientes assimiláveis pelas plantas

(DECÄENS et al., 2003). A macrofauna pode ser também vetora de microrganismos

simbióticos das plantas, como fixadores de nitrogênio e fungos micorrízicos, e é capaz

de digerir, de maneira seletiva, microrganismos patogênicos (BROWN, 1995).

Os organismos da macrofauna respondem às diversas intervenções antrópicas

realizadas no ambiente (LAVELLE e SPAIN, 2001). Portanto, a densidade e a

diversidade desses organismos, assim como a presença de determinados grupos

específicos em um sistema, podem ser usadas como indicadores da qualidade dos solos

(CHAUSSOD, 1996; TIAN et al., 1997; PAOLETTI, 1999; BARROS et al., 2003).

A mesofauna segundo Crosley e Coleman (1999) e Lavelle et al., (2003), são

invertebrados de 0,2 a 10 mm de comprimento e são formados por Collembola, Protura,

Diplura, Symphyla, Acari, Pseudoscorpionida etc. A mesofauna grupo mais abundante e

frequente, principalmente Acari e Collembola (FRANKLIN et al., 2001).

De acordo Salvadori e Parra (1990), o desenvolvimento, reprodução e

comportamento dos insetos são diretamente influenciados por vários fatores abióticos,

entre eles a temperatura. Silveira Neto (1989) considera que a temperatura ótima para o

desenvolvimento dos insetos, fica em torno de 25 °C. E a faixa ótima para o

desenvolvimento e atividade dos insetos é de 15 até 38 °C. Para alguns insetos a

temperatura atua sobre a quantidade de alimentos consumidos e sobre a fecundidade. O

inseto se alimenta mais durante o dia que de noite abaixo de 25 °C, e mais durante a

noite que de dia acima de 25 °C (DAJOZ, 1983).

A umidade relativa do ar está diretamente ligada á chuva que o ambiente recebe.

De um modo geral, ambientes muito úmidos ou muito secos diminuem a diversidade de

insetos, permitindo que só as espécies mais adaptadas persistam no local (MURARI,

2005). O teor de umidade relativa constitui uma barreira à distribuição geográfica de

várias espécies de insetos.

Os efeitos da umidade relativa são frequentemente indiretos, pois se relacionam

com o desenvolvimento de doenças causadas principalmente por fungos entomófagos,

as quais se manifestam, sobretudo, em temperaturas elevadas. A umidade baixa

associada á temperatura elevada, pode provocar a morte de insetos como consequência

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da intensa desidratação (VIANA, 1999). Precipitações elevadas podem condicionar a

existência de espécies de insetos, enquanto precipitações deficientes têm consequência

nos seus hospedeiros.

Objetivou-se com este trabalho avaliar a diversidade e riqueza da macro e

mesofauna edáfica no período chuvoso e seco, como indicadora da qualidade do solo na

região semiárida.

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2. Material e Métodos

2.1. Caracterização geral da área de estudo

O experimento foi realizado na Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas,

pertencente ao Instituto Nacional do Semiárido - INSA/MCTI, localizado no município

de Campina Grande – PB, situada nas coordenadas geográficas 7°16’23’’de latitude Sul

e 35°58’24’’ longitude Oeste (Figura 1). O município está inserido na região geográfica

da Borborema, mesorregião do Agreste Paraibano e microrregião de Campina Grande,

com altitude média que varia entre 400 e 600 m. Faz parte da unidade geomorfológica

da superfície da Borborema. O tipo climático da área é BSh – Semiárido quente com

chuvas de verão, segundo Köppen, com precipitação pluvial de 750 mm ano-1

e

temperatura média do ar de 22,5 °C.

Conforme as informações dos pesquisadores e funcionários do Instituto

Nacional do Semiárido a área antigamente era de propriedade particular e havia criação

de gado de leite. A partir de 2005 a área do experimento foi adquirida pelo Instituto

Nacional do Semiárido, que vem procurando preservá-la e utilizá-la como referência de

Caatinga para pesquisas. Este bioma é caracterizado por uma adaptação máxima a

déficit hídrico prolongado ao longo do ano, pode-se constatar a presença de vegetação

herbácea, arbustiva e arbórea.

O relevo da área experimental caracteriza-se como suave ondulado, com

altitude variando de 466 a 490 m. O solo é raso, com presença de afloramentos

rochosos. Na área do experimento predomina o Neossolo litólico (EMBRAPA, 2006).

A vegetação predominante é formada pela floresta subcaducifólica e caducifólica

conhecida na região como caatinga de cipó, a qual se modifica drasticamente ao longo

das estações seca e chuvosa, cobrindo uma área de 20 ha, na qual o histórico apresenta

pastejo e utilização da biomassa lenhosa pelas comunidades vizinhas.

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Figura 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área

experimental.

2.3. Quantificação dos organismos da fauna edáfica

2.3.1. Macrofauna

Na área experimental foram realizadas coletas bimestrais (novembro de 2010,

janeiro/março/maio/julho/setembro/novembro de 2011) da macrofauna invertebrada do

solo, em 20 pontos de determinação, mediante utilização de armadilhas do tipo Provid

(GIRACCA et al., 2003; FORNAZIER et al., 2007) constituída por garrafa PET com

capacidade de 2L, contendo quatro orifícios com dimensões de 2,0 x 2,0 cm na altura de

20 cm de sua base, contendo 200 mL de uma solução de detergente a uma concentração

de 5% e 5 gotas de Formol P.A. (Formaldeído) (Figura 2A).

As armadilhas foram enterradas de modo que os orifícios ficassem ao nível da

superfície do solo (Figura 2B) e foram mantidas no mesmo local para todas as coletas

(ALMEIDA et al., 2007) permanecendo no campo por um período de quatro dias (96

horas) (DRESCHER et al., 2007).

A B

Figura 2. Armadilhas do tipo Provid com 200 mL de solução de detergente a 5% e 5

gotas de Formol P.A. (A) e armadilhas enterradas com os orifícios ao nível da

superfície do solo (B). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2010).

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Posteriormente, as armadilhas foram recolhidas e o material coletado foi

lavado em peneira de 0,25 mm (Figuras 3A e 3B) e com o auxílio de lupa e pinças, foi

feita a contagem e identificação dos organismos da ordem dos grandes grupos

taxonômicos. Os organismos encontrados com mais de 10 mm de comprimento ou com

diâmetro corporal superior a 2 mm foram extraídos e armazenados numa solução de

álcool a 70% (Figuras 3C).

A

B

C

Figura 3. Lavagem do material coletado em peneira de 0,25 mm (A e B) e

armazenamento dos organismos numa solução de álcool 70% (C). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2010).

Na avaliação quantitativa da macrofauna, foi mensurado o número total de

organismos (abundância de espécimes) e qualitativamente, mediante a diversidade. As

comparações das comunidades dos diferentes tratamentos foram feitas mediante a

utilização dos Índices de Diversidade de Shannon (H) e o Índice de Equitabilidade de

Pielou (U).

O índice de Shannon (H) foi calculado pela equação:

H = - ∑pi . log pi (1)

em que:

Pi = ni/N

ni = Densidade de cada grupo;

N = Σ ni.

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Esse índice assume valores que pode variar de 0 a 5, sendo que o declínio de

seus valores é o resultado de uma maior dominância de grupos em detrimento de outros

(BEGON et al., 1996).

O Índice de Uniformidade de Pielou (e) é um índice de equitabilidade ou

uniformidade, em que a uniformidade refere-se ao padrão de distribuição dos indivíduos

entre as espécies, sendo definido por:

e = H/log S (2)

em que:

H= índice de Shannon;

S = Número de espécies ou grupos.

2.4. Quantificação de organismos do solo

2.4.1. Mesofauna

Para determinar a mesofauna do solo foram coletadas amostras de solo +

serrapilheira com o emprego de anéis metálicos (diâmetro = 4,8 cm e altura = 3 cm).

Esses anéis foram introduzidos no solo com sucessivos golpes de martelo, até que estes

fossem totalmente preenchidos com solo (Figura 4A). Para retirar o anel do solo, foi

utilizada uma espátula introduzida lateralmente. O excesso de solo foi retirado e, o anel

posteriormente foi envolvido em dois discos de tecidos distintos, sendo um de tecido

filó e outro de TNT (Tecido Não Texturizado) de coloração branca, em seguida foram

acondicionadas cuidadosamente em bandejas plásticas, cobertas com sacos para

minimizar as perdas de conteúdo de água do solo e de material.

Durante todo o período seco, antes da retirada das amostras com o anel, a área

foi umedecida, de modo a evitar que a amostra se desprendesse e, com isso venha

prejudicar a extração dos organismos. Depois de coletada, as amostras foram levadas até

a bateria de extratores Berlese-Tullgren modificado (Figura 4B) para a extração dos

organismos constituintes da mesofauna do solo. Este método consiste na migração

descendente dos insetos da amostra do solo, devido à elevação da temperatura

provocada pela temperatura, na superfície do solo. Os insetos caíram no funil e

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posteriormente no recipiente de vidro com capacidade para 240 mL, onde continha uma

medida de 30 mL de solução de álcool etílico a 70%.

A

B

Figura 4. Introdução dos anéis no solo (A), bateria de extratores Berlese-Tullgren

modificado contendo recipientes de vidro com 30 ml de solução de álcool etílico a 70%

(B). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2010).

O aparato de Berlese-Tullgren foi dividido em dois compartimentos, no

compartimento superior deste aparato foram instalados os anéis com as amostras de solo

e as lâmpadas de 25 W, enquanto que no compartimento inferior foram instalados os

funis e os frascos de vidro com solução de álcool etílico para o recolhimento dos

organismos. Todas as amostras foram mantidas no extrator por 96 horas expostas à luz e

calor, com a temperatura na parte superior do anel atingindo 42 °C. Essa radiação

emitida pelas lâmpadas, no decorrer de 96 horas fez com que o solo fosse secando

progressivamente de forma descendente, forçando os organismos a migrarem para as

camadas mais profundas da amostra de solo e em seguida para os funis e para os frascos

receptores, devidamente identificados, contendo a solução.

A bateria de extratores foi vedada com telas de náilon, para evitar que as luzes

dos extratores atraíssem outros insetos durante o período noturno, o que poderia

mascarar as informações. O conteúdo de cada frasco foi transferido para as placas de

Petri e posteriormente foram feita a contagem e a identificação no nível de ordem dos

organismos presentes em cada amostra, com o auxílio de uma lupa binocular.

As análises foram feitas no Laboratório do Instituto Nacional do Semiárido

(INSA) em Campina Grande. A mesofauna do solo, com comprimento entre (0,2 - 2

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mm) (SWIFT et al., 1979), foram avaliada quantitativamente através da abundância

(número total de organismos) e qualitativamente, através da diversidade. Em seguida

foram feitas comparações dos grupos utilizando o índice de diversidade de Shannon e o

índice de equitabilidade de Pielou (e), de forma semelhante ao procedimento utilizado

para quantificação da macrofauna do solo.

2.5. Determinações de carbono e matéria orgânica do solo

2.5.1. Carbono

A determinação do carbono e matéria orgânica (g kg-1

) nas unidades

experimentais foi feita através de coletas de materiais de solo, bimestrais (novembro de

2010, janeiro/março/maio/julho/setembro/novembro de 2011), na profundidade de 0-10

cm. Foram realizadas 20 amostras de solo próximo aos pontos onde foram instaladas as

armadilhas da fauna edáfica. As amostras de solo foram coletadas (Figura 5A) e

acondicionadas em sacos plásticos (Figura 5B). Em seguida, foram secas ao ar,

destorroadas, passadas em peneira de malha 2 mm (Terra Fina Seca ao Ar – TFSA). As

amostras foram analisadas no Laboratório de Nutrição do solo no Departamento de

Agronomia da Universidade Federal da Paraíba.

A

B

Figura 5. Coleta de amostras de solo a 10 cm de profundidade (A), com

acondicionamento em sacos plásticos (B). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2010).

Inicialmente foram pesados 0,5 g de solo e colocado em erlenmeyer de 250

mL. Em seguida, foram adicionados 10 mL da solução de dicromato de potássio 0,4 N.

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Na boca do erlenmeyer foram inserido funil de vidro, funcionando como condensador.

Posteriormente, o erlenmeyer foi levado à placa elétrica para o aquecimento em fervura

branda, durante cinco minutos (Figura 6A).

Depois de frio, foram adicionados 80 mL de água destilada, 2 mL de ácido

ortofosfórico e 3 gotas do indicador difenilamina, sendo titulado com solução de sulfato

ferroso amoniacal 0,1 N até que a cor preta cedesse lugar a cor verde (Figura 6B). O

volume gasto na titulação foi anotado para posterior cálculo. Foi feito uma prova em

branco com 10 mL da solução de dicromato de potássio 0,4 N (EMBRAPA, 1997).

A

B

Figura 6. Placa elétrica para aquecimento em fervura branda (A) e solução antes (cor

preta) e após o processo de titulação (cor verde) (B). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2010).

Para calcular a quantidade de carbono orgânico total do solo na amostra foi

utilizada a seguinte equação:

-1TFSA = 0,06 x V (40 - Va x f) em g kg (3)

em que:

TFSA = Terra Fina Seca ao Ar;

V = Volume de dicromato de potássio empregado (10 mL);

Va = Volume de sulfato ferroso amoniacal que foi gasto na titulação da amostra;

f = 40/volume de sulfato ferroso amoniacal que foi gasto na titulação do branco;

0,06 = Fator de correção, decorrente das alíquotas tomadas.

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2.5.2. Matéria orgânica

Para determinar a matéria orgânica contida na amostra foi calculado por meio da

equação:

MO = C x 1,729 em g kg-1

(4)

em que:

MO = Matéria orgânica do solo;

C = Carbono orgânico;

1,724 = Fator utilizado por se admitir que na composição média do húmus, o carbono

participa com 58%.

As determinações químicas foram feitas de acordo com a metodologia da

EMBRAPA (1997) e foram realizadas no Laboratório de Solos do Departamento de

Agronomia da Universidade Federal de Paraíba.

2.6. Conteúdo de água do solo

Para avaliar o conteúdo de água do solo, em cada parcela amostral foram

coletadas 20 amostras de solo bimestrais (novembro de 2010,

janeiro/março/maio/julho/setembro/novembro de 2011, na profundidade de 0-10 cm,

que foram acondicionadas em latas de alumínio com peso conhecido (Figura 7A). As

latas foram pesadas e levadas à estufa retilínea a uma temperatura de 105 ºC até atingir

peso constante, durante um período de 24 horas (Figura 7B), seguindo a metodologia de

Tedesco et al. (1995). Em seguida, foram transferidas para um dessecador até atingirem

a temperatura ambiente e novamente pesadas e posteriormente foi determinada a

percentagem de água existente. O conteúdo de água do solo foi determinado de acordo

com a equação:

U% = (Pu – Ps) / Ps x 100% (5)

em que:

U = Conteúdo de água do solo;

Pu = Peso do solo úmido;

Ps = Peso do solo seco.

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A B

Figura 7. Coleta de amostras de solo na profundidade de 0-10 cm (A) e secagem

em estufa a 105 ºC durante 24 horas (B).

2.8. Análise estatística

Para análise dos dados da macrofauna e mesofauna edáfica, foram analisados

pela estatística descritiva e histograma.

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3. Resultados e Discussões

3.1 Macrofauna do solo

Após a triagem do material foram obtidos 8.586 indivíduos pertencentes a 20

grupos taxonômicos, sendo 16 grupos de organismos adultos e quatro grupos de larvas,

já que se considerou a distinção entre adultos e larvas, devido às diferenças funcionais

observadas nos estádios de vida destes organismos (Tabela 1). Os grupos de organismos

mais representativos da macrofauna edáfica em ordem decrescente foram: Hymenoptera

(64,35%), Diptera (14,30%), Acarina (11,38%), Araneae (3,72%), Orthoptera (2,19%) e

Coleoptera (1,35%). Além desses, outros 14 grupos de organismos (adultos e/ou formas

jovens) estiveram presentes na área estudada, com frequência inferior a 1% (Tabela 1).

Tabela 1. Relação dos grupos encontrados de indivíduos em uma área de Caatinga no

município de Campina Grande, PB

Grupo Faunístico NI %

Hymenoptera 5.525 64,35

Diptera 1.227 14,30

Acarina 977 11,38

Araneae 319 3,72

Orthoptera 188 2,19

Coleoptera 116 1,35

Thysanura 64 0,75

Organismos não identificados 49 0,57

Hemiptera 44 0,51

Pseudoscorpiones 31 0,36

Chilopoda 19 0,22

Isoptera 7 0,08

Diplopoda 5 0,06

Blattodea 3 0,03

Embioptera 3 0,03

Mantoptera 3 0,03

Lepidoptera 2 0,02

Larva de diptera 2 0,02

Larva de coleoptera 1 0,01

Larva de lepidoptera 1 0,01

Total 8.586 100

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Com relação à riqueza (número de grupos taxonômicos) observou-se que o

grupo taxonômico Hymenoptera foi o que apresentou os maiores números de indivíduos

coletados na área com (64,35%) (Figura 8). Este grupo mostra-se relevante para a

comunidade da fauna do solo, por outro lado, o hábito social e a repartição do trabalho

entre classes os tornam apenas indicativo de sua atividade. Em seguida Diptera

(14,30%) foi o segundo grupo dominante, esta proporção pode ser justificada pela

alimentação dos indivíduos através de matéria orgânica em decomposição, além de

outros hábitos alimentares como pragas e inimigos naturais de insetos. Posteriormente,

o grupo Acarina também teve um boa representação (11,38%) entre os grupos

estudados, sendo considerados, por Souto et al. (2008) como espécies dominantes. Os

demais grupos tiveram uma menor representação no presente estudo.

Figura 8. Distribuição dos grupos taxonômicos da macrofauna do solo (%).

Com relação à Frequência Absoluta (FA) e a Frequência Relativa (FR)

observou-se que os valores mais expressivos correspondem aos grupos Hymenoptera,

Diptera, Acarina, Araneae, Orthoptera e Coleoptera com (FA=100%; FR= 9,10) (Tabela

2). Houve grupos faunísticos que tiveram uma menor ocorrência, com apenas um

indivíduo por área. Souto (2006) menciona que os grupos faunísticos que aparecem em

0

10

20

30

40

50

60

70

mer

o d

e In

div

ídu

os

(%)

Grupo Faunístico

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menor número, provavelmente estão restritos a ambientes mais favoráveis, mas, apesar

disso, são de grande importância no processo de decomposição da matéria orgânica.

Tabela 2. Frequência absoluta e relativa dos grupos da macrofauna edáfica em uma área

de Caatinga no município de Campina Grande, PB

Grupo Faunístico Área

NI NP FA FR

Hymenoptera 5.525 20 100 9,10

Diptera 1.227 20 100 9,10

Acarina 977 20 100 9,10

Araneae 319 20 100 9,10

Orthoptera 188 20 100 9,10

Coleoptera 116 20 100 9,10

Thysanura 64 16 80 7,27

Organismos não identificados 49 16 80 7,27

Hemiptera 44 8 40 3,63

Pseudoscorpiones 31 3 60 5,41

Chilopoda 19 8 40 3,63

Isoptera 7 5 40 3,63

Diplopoda 5 4 20 1,82

Blattodea 3 2 20 1,82

Embioptera 3 2 20 1,82

Mantoptera 3 3 20 1,82

Lepidoptera 2 1 20 1,82

Larva de diptera 2 1 20 1,82

Larva de lepidoptera 1 1 20 1,82

Larva de coleoptera 1 1 20 1,82

Total 8.586 191 1100 100 Sendo: NI = Nº de indivíduos; NP = Nº de parcelas de ocorrências; FA = Frequência absoluta; FR =

Frequência relativa.

Foi observada uma redução no número de organismos edáficos logo após a

chuva torrencial, ocorrendo no mês de março (110 mm) e maio (276,87 mm),

diminuindo a abundância para este último mês (Figura 9A e 9B). Provavelmente a

redução dos grupos faunísticos, foi decorrente de possíveis mudanças nas condições de

sobrevivência agravada pelos acréscimos de precipitação mensal, no qual foi superior ao

que a área poderia suportar em um único dia, restando apenas os indivíduos mais

adaptados a tais condições, já que estes indivíduos são encontrados mais na superfície

do solo. Esse resultado está relacionado à grande sensibilidade da maior parte das

espécies da macrofauna observadas às condições climáticas (NUNES et al., 2008).

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70

Souto (2006) também constatou redução do número de indivíduos quando ocorreu um

aumento de precipitação mensal.

A

B

Figura 9. Evolução dos grupos faunísticos da macrofauna do solo em relação à

precipitação (A) e conteúdo de água no solo (B), em uma área de Caatinga no município

de Campina Grande, PB.

0

20

40

60

80

100

120

140

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

12

75

37

91

05

131

157

183

209

235

261

287

313

339

365

391

417

443

469

495

521

547

573

599

625

651

677

703

729

Pre

cip

ita

ção

Plu

via

l (m

m)

mer

o d

e In

div

ídu

os

Tempo (Dias Juliano)

Precipitação Pluvial Número de Indivíduos

0

5

10

15

20

25

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Co

nte

úd

o d

e á

gu

a d

o s

olo

(%

)

mer

o d

e o

rga

nis

mo

s

Tempo (meses)

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71

Comparativamente, observa-se que o número total 5.446 de indivíduos no

período seco foi superior aos 3.140 indivíduos no período chuvoso. No entanto,

percebe-se que no período seco (novembro 2010, janeiro, setembro e novembro de

2011) foram identificados 16 grupos taxonômicos com predomínio de alguns grupos

como (Hymenoptera, Diptera, Aranaea, Acarina e Orthoptera) e na época chuvosa

(março, maio e julho 2011) foram identificados 17 grupos taxonômicos com

dominância para os grupos em ordem decrescente (Hymenoptera, Acarina, Diptera,

Aranaea e Coleoptera), (Figura 10).

Figura 10. Distribuição dos grupos faunísticos da macrofauna do solo, no período seco

e chuvoso, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.

O maior número de indivíduos no período seco foi justamente daqueles que são

mais adaptados a este período, pois na caatinga há uma dinâmica entre populações de

organismos que predominam no período seco e outros que predominam no período

chuvoso. De acordo com Lee (1994), os organismos da macrofauna edáfica apresentam

comportamento sazonal ou são ativos apenas em determinados períodos do ano. Podem

também apresentar caráter oportunista, explorando condições favoráveis do solo para

aumentarem rapidamente suas populações, as quais podem, logo em seguida, serem

diminuídas novamente (LEE, 1994).

Em ambos os períodos estudados podem ser observados a dominância do grupo

Hymenoptera. Segundo Wink et al. (2005) as formigas são o grupo taxonômico

4443

416 185 141 108 16

1082 811

134

836

80 100

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

Hymenoptera Diptera Araneae Acarina Orthoptera Coleoptera

mer

o d

e In

div

ídu

os

Grupo Faunístico

Período seco Período chuvoso

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72

dominante na maioria dos ecossistemas, estando presentes nos mais diferentes habitats.

As formigas são relatadas frequentemente como o grupo mais abundante no solo, é

considerada um dos principais agentes na fragmentação da serrapilheira e na

incorporação da matéria orgânica no solo, sendo responsáveis pela aeração do solo,

aumentando a infiltração e as trocas gasosas. A predominância do grupo Hymenoptera

na caatinga foi também apresentada por Araújo et al. (2009), Rodrigues et al. (2007) e

Souto et al. (2008). Esses insetos se caracterizam por serem sociais e possuírem grande

resistência às variações climáticas, o que pode explicar a ocorrência mais constante

(TOLEDO, 2003).

O teor de carbono total e matéria orgânica presente no solo influenciam na

presença dos organismos edáficos (Tabela 3). Este fato demonstra como as

características químicas podem ocasionar ao longo do tempo, e a vegetação influenciou

diretamente nas propriedades do solo, sendo que o teor de matéria orgânica diminui a

partir do momento que ocorre uma elevação do grau de antropização de uma área que

anteriormente se encontrava em equilíbrio ambiental.

Tabela 3. Teores de carbono e matéria orgânica do solo (g Kg-1

) em uma área de

Caatinga no município de Campina Grande, PB

Meses Macrofauna Carbono total do solo

(g kg-1

)

Matéria Orgânica

(g kg -1

)

Novembro 2010 2.756 7,1 12,1

Janeiro 2011 1.674 9,4 16,2

Março 2011 690 7,8 13,4

Maio 2011 1.445 4,5 7,8

Julho 2011 1.015 6,5 11,2

Setembro 2011 540 10,5 18,2

Novembro 2011 466 12,0 20,7

Os teores de CO e MO mais elevados podem estar relacionado ao maior tempo

de cobertura da área. Além disso, o fato de não ter ocorrido desmatamento, possibilitou

um tempo de acúmulo de carbono, pelo aporte de serrapilheira. O conteúdo de carbono

orgânico e de matéria orgânica do solo tem uma relação direta com a idade da cobertura

vegetal.

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73

3.1.1. Índice de diversidade e uniformidade

Os valores da diversidade biológica foram avaliados através do índice de

Shannon (H) e Pielou (e), que são utilizados para identificar o domínio dos grupos

faunísticos na área do presente estudo. O grupo Hymenoptera apresentou o menor

índice de diversidade em comparação aos demais grupos avaliados, com os valores de

(0,46) e (0,09), no período chuvoso e seco, respectivamente, mostrando-se o grupo

dominante (Tabela 4). Quanto menor for o valor do índice de Shannon, menor o grau de

incerteza e, portanto, a diversidade da amostra é baixa. A diversidade tende a ser mais

alta quanto maior o valor do índice.

Dados semelhantes foram encontrados por Souto et al. (2008) trabalhando em

uma área do município de Santa Terezinha, Paraíba, verificaram que no período de

setembro a novembro de 2007 (época seca) e de março a maio de 2008 (época chuvosa)

onde a maior diversidade e dominância da macrofauna foram do grupo Hymenoptera.

Correia et al. (2009) trabalhando em áreas com cultivo de Malpighiae marginata DC.

(acerola), Manihot esculenta (mandioca) e uma área de mata obtiveram o predomínio do

grupo Hymenoptera nos períodos seco e chuvoso.

Outros grupos que mostraram expressividade foram os grupos Araneae e

Acarina durante o período chuvoso e Diptera no período de estiagem são uma evidência

que a alta densidade de indivíduos reduziu a diversidade no ecossistema. A maior

abundância desses insetos reduziu a uniformidade (e), confirmando a acentuada

dominância desses organismos nas amostragens realizadas e, portanto, reduzindo a

equitabilidade, uma vez que a diversidade de espécies está associada a uma relação

entre o número de espécies (riqueza) e a distribuição do número de indivíduos entre as

espécies (equitabilidade) (MOÇO et al., 2005).

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74

Tabela 4. Índice de Diversidade de Shannon (H) e Índice de Uniformidade de Pielou

(e), em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB

Grupo faunístico Período Chuvoso Período Seco

H e H e

Hymenoptera 0.46 0.38 0.09 0.07

Araneae 0.57 0.47 1.47 1.22

Acarina 0.59 0.48 1.59 1.32

Diptera 1.37 1.11 1.12 0.93

Coleoptera 1.50 1.22 2.53 2.10

Orthoptera 1.59 1.30 1.70 1.41

Organismos não identificados 2.02 1.64 2.46 2.04

Thysanura 2.03 1.65 2.19 1.82

Pseudoescorpiones 2.20 1.78 2.69 2.24

Hemiptera 2.89 2.35 2.13 1.77

Isoptera 2.89 2.35 3.26 2.71

Chilopoda 3.02 2.45 2.53 2.10

Montoptera 3.20 2.60 3.74 3.10

Larva de diptera 3.20 2.60 . .

Larva de Lepidoptera 3.50 2.84 . .

Blattodea 3.50 2.84 3.43 2.85

Odonata 3.50 2.84 . .

Embioptera . . 3.26 2.71

Lepidoptera . . 3.43 2.85

3.1.2. Análise de Agrupamento para a Macrofauna Edáfica

A análise de agrupamento evidencia a similaridade dos grupos faunísticos em

relação à abundância por meio da distância mediana entre os números de organismos

capturados por m2 de cada grupo ou classe taxonômica. Nas Figuras 11A e 11B podem

ser visualizados os dendrogramas obtidos pela análise de agrupamento, onde os

números nos eixos verticais representam a “Distância Euclidiana” reescalada de 0 a 8 e

no eixo horizontal a abundância dos principais grupos taxonômicos da fauna edáfica

(organismos capturados/armadilha) que geraram os agrupamentos.

A caracterização do arranjo interno da comunidade da macrofauna edáfica,

avaliada pela análise de agrupamento, evidenciou para o período seco e chuvoso que o

grupo Hymenoptera foi o de maior distância de ligação, em relação aos demais grupos

do dendrograma, e que os grupos com menor frequência relativa foi de grande

similaridade entre si. Dados semelhantes foram encontrados por (Correia et al., 2009),

no período seco para o grupo Hymenoptera.

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75

A

B

Figura 11. Dendrograma a partir da distância de ligação referente aos organismos da

macrofauna no período seco e chuvoso (A e B) em uma área de Caatinga no município

de Campina Grande, PB.

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76

As formigas se adaptam, facilmente, às condições locais, podendo haver

predomínio de uma ou poucas espécies. A ocorrência ampla, associada à variedade de

hábitos alimentares, confere a esses organismos o potencial de atuar como eficientes

polinizadores, dispersores de sementes, detritívoros e predadores, participando,

ativamente, do equilíbrio dinâmico de agroecossistemas conservacionistas (LOBRY de

BRUYN, 1999). A estrutura das comunidades das formigas é fundamental em estudo

de impacto ambiental, por manter e restaurar a qualidade do solo.

Outro grupo que apresentou maior distância de ligação foi Diptera, ocorrendo

maior similaridade com os grupos de menor frequência relativa.

3.2. Mesofauna do solo

Foram coletadas 20 amostras de solo + serapilheira bimestral onde delas foram

extraídos 591 indivíduos nos dois períodos avaliados chuvoso e seco, distribuídos em 10

grupos faunísticos (Tabela 5 e Figura 12A a 12H). Observou-se um predomínio do

grupo Acarina na área de estudo (77,66%) seguida do grupo Collembola (12,69%), nos

períodos avaliados e os demais grupos apresentaram número reduzido de indivíduos.

Tabela 5. Número total e percentagem de indivíduos coletados em uma área de

Caatinga no município de Campina Grande, PB

Grupo Faunístico NI %

Acarina 459 77,66

Collembola 75 12,69

Diptera 22 3,72

Psocoptera 11 1,86

Organismos não identificados 8 1,35

Protura 6 1,02

Diplura 3 0,51

Larva de diptera 3 0,51

Larva de Coleoptera 3 0,51

Coleoptera 1 0,17

Total 591 100

NI = Número de Indivíduos

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77

A

B

C

D

E

F

G

H

Figura 12. Representantes de Ordens da mesofauna edáfica encontrados em amostra de

solo mais serrapilheira, em uma área de Caatinga no município de Campina Grande,

PB: Acarina (A); Collembola (B); Coleoptera (C); Diptera (D); Diplura (E); Psocoptera

(F); Larva de Coleoptera (G); Larva de Diptera (H). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2011).

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78

A expressividade dos grupos Acarina e Collembola servem de indicador da

condição biológica do solo, pela sensibilidade às condições ambientais (DAMÉ et al.,

1996). Esses organismos melhoram o solo, especialmente no que diz respeito à

mobilização de nutrientes, através das enzimas e o melhoramento da estrutura, através

da ativação da microvida (PRIMAVESI, 1990). Além disso, desempenham papel

determinante em processos edáficos, tais como: ciclagem de nutrientes, decomposição

da matéria orgânica, melhoria de atributos físicos como agregação, porosidade,

infiltração de água e no funcionamento biológico do solo (SANGINGA et al., 1992).

Comparando-se os períodos seco e chuvoso, registrou-se baixo número de

indivíduos da mesofauna no período de estiagem (Figura 13), provavelmente devido aos

baixos índices pluviométricos. Dados semelhantes foram encontrados por Souto et al.

(2008) e Araújo et al. (2009). Souto et al. (2008) afirmam que no período seco, os

organismos que restam são os mais adaptados às condições de escassez e de alimento,

bem como temperaturas elevadas no solo. Para Primavesi (1999), a densidade de seres

vivos no solo é determinada pela quantidade de alimento existente no local. Assim, com

a redução da disponibilidade de alimento ocorrerá uma diminuição da presença de

alguns grupos encontrados na área.

Os grupos faunísticos que apresentaram maior ocorrência no período seco

foram: Acarina, Diptera e Collembola, os demais apareceram em menor número,

possivelmente, devido a características que estes indivíduos possuem para viver naquele

determinado ambiente. Souto et al. (2008) explicam que seja provável que o grupo

Diptera seja resistente e perfeitamente adaptados às condições de altas temperaturas.

Rovedder et al. (2004) observaram que a redução da precipitação pluvial

provocou uma redução do número de organismos do solo, uma vez que a escassez do

conteúdo de água no solo restringe processos metabólicos e aumenta a taxa de

mortalidade em ordens mais sensíveis como Collembola. Dados semelhantes foram

constatados por Vitti et al. (2004), ao verificarem que esses elementos influenciaram

diretamente a densidade populacional dos grupos Acarina e Collembola. Dias et al.

(2007) constataram que houve queda no número de organismos em decorrência de

fatores ambientais, como menor precipitação pluvial e conteúdo de água no solo.

No período chuvoso os grupos que apresentaram em maior abundância no

presente estudo foram: Acarina, Collembola, Protura, Diptera e Diplura. Os grupos

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79

Acarina e Collembola sobressaíram com relação ao período seco, como também aos

demais grupos taxonômicos, o que pode ter ocorrido devido à grande quantidade de

serrapilheira e matéria orgânica encontrada neste ambiente e também pela sensibilidade

às alterações ambientais (DAMÉ et al., 1996). Dados semelhantes foram encontrados

por Araújo et al. (2009) trabalhando em áreas de Caatinga teve o grupo Collembola em

maior predominância no período chuvoso, já com relação ao grupo Acarina ocorreu o

contrário, apresentou maior ocorrência no período seco.

Os grupos Protura e Diplura estavam presentes somente no período chuvoso.

Segundo Lavelle e Spain (2001), estes grupos podem ser localmente importantes devido

às suas relativas abundâncias e atividades que desempenham na cadeia trófica dos solos.

Figura 13. Distribuição dos grupos faunísticos da mesofauna do solo, no período seco e

chuvoso em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.

Com relação à Frequência Absoluta (FA) e a Frequência Relativa (FR) os grupos

Acarina e Collembola apresentaram maior FR (21,73%) e FA (100%). Outro grupo com

importância destacada foi Diptera com FR (13,04%) e FA (60%) nos períodos

avaliados. Os demais grupos da mesofauna edáfica atingiram FR inferior a 10% (Tabela

6).

Com relação à riqueza faunística os grupos de maiores ocorrências foram:

Acarina>Collembola>Diptera>Psocoptera>Organismos não identificados>Protura,

157

18 15

302

4

60

0

50

100

150

200

250

300

350

Acarina Diptera Collembola

mer

o d

e In

div

ídu

os

Grupo Faunístico

Período seco Período chuvoso

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80

representando um total de 59,1%, os demais grupos tiveram percentuais abaixo de 1%.

De modo geral, no presente estudo, a maior riqueza de indivíduos foi observada no

período chuvoso. Provavelmente, essa riqueza esteja relacionada com o maior conteúdo

de matéria orgânica (POGGIANI et al., 1996). Como também à presença de

leguminosas arbórea na área de estudo, a qual criou condições favoráveis à fauna, já que

a serapilheira depositada possui um maior teor de nitrogênio, o que favorece a

fragmentação dos resíduos pelos indivíduos edáficos (ALONSO et al., 2005; DIAS et

al., 2006; LOK et al., 2005; SANTOS et al., 2008).

Tabela 6. Frequência absoluta e relativa dos grupos da mesofauna do solo amostradas

em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB

Grupo Faunístico NI NP FA FR

Acarina 459 20 100 21,73

Collembola 75 20 100 21,73

Diptera 22 12 60 13,04

Psocoptera 11 8 40 8,7

Organismos não identificados 8 5 40 8,7

Protura 6 5 40 8,7

Diplura 3 1 20 4,35

Larva de Diptera 3 1 20 4,35

Larva de Coleoptera 3 1 20 4,35

Coleoptera 1 1 20 4,35

Total 591 74 460 100 Sendo: NI = Nº de indivíduos; NP = Nº de parcelas de ocorrências; FA = Frequência absoluta; FR =

Frequência relativa.

Observou-se que o número de organismos variou no tempo, provavelmente

afetado por condições ambientais ao logo do experimento. No período seco ocorreu uma

redução na abundância de organismos, quando comparado com período chuvoso e com

maior conteúdo de água no solo (Figura 14A e 14B). Segundo Araújo (2009), afirma

que essa redução dos grupos faunísticos foi decorrente de possíveis mudanças nas

condições de sobrevivência, agravada pelo déficit hídrico e conteúdo de água no solo,

restando apenas os mais adaptados a essas condições, bem como às temperaturas do

solo mais elevadas, uma vez que esses organismos habitam as camadas internas do solo,

apresentando-se mais intempéries quando comparado com os organismos que são

encontrados com facilidade na superfície do solo. Provavelmente, o baixo conteúdo de

água no solo no presente estudo provocou a migração dos organismos edáficos para

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81

outras áreas, em casos de extrema escassez pode ter ocasionado à morte de alguns

organismos.

A

B

Figura 14. Evolução dos grupos faunísticos da mesofauna do solo em relação à

precipitação (A) e conteúdo de água no solo (B), avaliados em uma área de Caatinga no

município de Campina Grande, PB.

0

20

40

60

80

100

120

140

0

50

100

150

200

250

0 100 200 300 400 500 600 700 800

Pre

cip

ita

ção

Plu

via

l (m

m)

mer

o d

e In

div

ídu

os

Tempo (Dias Juliano)

Precipitação Pluvial Número de Indivíduos

0

5

10

15

20

25

0

50

100

150

200

250

Nov-10 Jan-11 Mar-11 May-11 Jul-11 Sep-11 Nov-11

Co

nte

úd

o d

e á

gu

a n

o s

olo

mer

os

de

Org

an

ism

os

Tempo (meses)

Conteúdo de água no solo Mesofauna

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82

3.2.1. Índice de diversidade e uniformidade

Os índices de Shannon (H) e de Pielou (e) mostram o domínio dos grupos

faunísticos nas áreas estudadas em ordem decrescente: Acarina>Collembola

>Protura>Diptera>Diplura (Tabela 7). O grupo Acarina apresentou o índice de Shannon

menor (0,09) e (0,10) para os períodos chuvoso e seco, respectivamente, indicando que

esse grupo é o mais expressivo dentre os demais avaliados, o que pode ser confirmado

pelo índice de Pielou, (0,13) e (0,12), respectivamente (Tabela 7). Comparando esse

grupo entre os períodos estudados, o índice de Shannon mostrou-se mais expressivo no

período chuvoso. Posteriormente, outro grupo que apresentou expressividade foi os

Collembola (0,70), evidenciando a presença de uma grande quantidade de indivíduos

desse grupo e refletindo na reduzida diversidade. Os demais grupos apresentaram uma

quantidade inferior de organismos nos dois períodos estudados, tendo a presença

somente em uma das épocas avaliada.

Dados semelhantes foram encontrados por Souto (2006) e Araújo (2009) ao

constatarem que, nos meses onde foram registrados os maiores índices pluviométricos e

conteúdo de água no solo foram capturados maiores quantidades de indivíduos. Souto

(2006) atribuiu esses resultados às condições favoráveis no microclima do solo na

estação úmida, uma vez que os elementos meteorológicos e/ou climáticos são fatores

limitantes para crescimento da população de organismos do solo (JACOBS et al., 2007).

BZUNECK, (1988) afirma que no final do período chuvoso geralmente os

ambientes naturais estão cobertos por folhas, ramos e galhos caídos acima da superfície

do solo fazendo com que a temperatura não diminua tanto quanto nos ambientes

desprotegidos e dessa forma fica mais favoráveis ao desenvolvimento de Ácaros e

Collembola conservando a umidade do solo.

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Tabela 7. Índice de Diversidade de Shannon (H) e Índice de Uniformidade de Pielou

(e), em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB

Grupos faunísticos Período Chuvoso Período Seco

H e H e

Acarina 0.09 0.13 0.10 0.12

Collembola 0.77 1.11 0.96 1.14

Diptera 1.92 2.75 0.89 1.06

Psocoptera . . 1.07 1.27

Coleoptera . . 1.95 2.31

Protura 1.75 2.50 . .

Diplura 2.04 2.92 . .

Larva de diptera . . 1.70 2.01

Larva de Coleoptera . . 1.70 2.01

Total 6.57 9.41 8.37 9.92

3.2.2. Análise de Agrupamento para a Mesofauna Edáfica

De acordo com a análise de agrupamento, observa-se que no período seco e

chuvoso o grupo Acarina apresentou maior distância de ligação entre os grupos,

sugerindo menor similaridade entre si (Figura 15A e 15B) provavelmente em

decorrência da alta frequência de organismos capturados nas amostragens realizadas. Os

grupos faunísticos que apareceram em menor número e apenas no período de maior

disponibilidade hídrica, provavelmente, estão restritos a ambientes mais favoráveis,

mas, apesar disso, são de grande importância no processo de decomposição da matéria

orgânica.

Segundo Damé et al. (1996), a presença desses seres serve como indicadores da

condição biológica do solo, pela sua sensibilidade às alterações ambientais. No entanto,

a presença dos outros grupos não deixa de ser relevante, na qual pouco se conhece sobre

os organismos que habitam os solos sob a Caatinga e seu papel na ciclagem de

nutrientes.

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84

A

B

Figura 15. Dendrograma a partir da distância de ligação referente aos organismos da

mesofauna no período seco e chuvoso (A e B), respectivamente, em uma área de

Caatinga no município de Campina Grande, PB.

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85

4. Conclusões

A abundância da macrofauna do solo corresponde a seguinte ordem: a) estação

chuvosa: Hymenoptera >Acarina>Diptera>Aranaea>Coleoptera, b) estação seca:

Hymenoptera>Diptera>Aranaea>Acarina>Othoptera;

Á área estudada apresenta-se degradada o que pode ser constatado pela

dominância de um grupo faunístico (Hymenoptera) nas duas estações avaliadas;

A estação chuvosa evidenciam o predomínio dos grupos Acarina e Collembola,

dentre os organismos da mesofauna do solo;

A distribuição temporal da precipitação pluvial e do conteúdo de água do solo

influenciam a riqueza taxonômica da macro e mesofauna edáfica;

Acarina é grupo que tem maior distância de ligação em relação aos demais

grupos em função de sua maior frequência no período seco e chuvoso.

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CAPÍTULO 3

Cinética de CO2 do solo em uma área de Caatinga no município de Campina

Grande-PB

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93

CAPÍTULO 3

Cinética de CO2 do solo em uma área de Caatinga no município de Campina

Grande-PB

RESUMO

Fatores como a distribuição de raízes, física e química, temperatura e umidade do solo

interferem no processo de liberação de dióxido de carbono pelo solo. O objetivo deste

trabalho foi avaliar a influência da sazonalidade na dinâmica do efluxo de CO2 do solo e

a correlação da respiração edáfica com variáveis ambientais em uma área de Caatinga

no município de Campina Grande, PB. O experimento foi realizado na Estação

Experimental Lagoa Bonita/Lucas, do Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI),

localizado no município de Campina Grande – PB, situada nas seguintes coordenadas

7°16'35,97"S e 35°57'55,72" O, com altitude média que varia entre 400 e 600 m. As

observações foram feitas em uma área de 20 ha, utilizando 20 pontos de coleta fixos.

Foram feitas coletas bimensais nos meses de janeiro a novembro de 2011, nos períodos

diurno (5:00 às 17:00 h) e noturno (17:00 às 05:00 h) em parcelas permanentes de 100

m2. Foram distribuídos recipientes de vidro contendo 10 ml de KOH a 0,5 N para

absorção do CO2 liberado. Esses recipientes foram cobertos por baldes brancos os quais

permaneceram no local por doze horas, posteriormente os recipientes foram retirados e

fechados, em seguida foram levados ao laboratório para serem titulados com HCl a

0,1N. Foram considerados como indicadores a fenolftaleína e o alaranjado de metila a

1%. Foram quantificadas as taxas de cinética de CO2 bimensais nos mesmos pontos de

coleta do fluxo, no intervalo de duas horas (das 05:00 às 17:00h) no período diurno e foi

verificado a temperatura do solo com termômetro digital a cada duas horas. As analises

estatísticas foram realizadas no programa Bio-Estat 5.0. A atividade microbiana

estimada pela produção de CO2 foi maior na estação chuvosa, quando comparada com a

estação seca, sendo favorecida pela precipitação pluvial. A concentração de carbono

orgânico total no solo foi o parâmetro ambiental que mais se correlacionou com o

desprendimento de CO2 do solo.

Palavras-chave: atividade microbiana, semiárido brasileiro, temperatura do solo.

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94

CHAPTER 3

Kinetics of soil CO2 in Caatinga area in Campina Grande-PB

______________________________________________________________________

ABSTRACT

Factors such as the distribution of roots, physics and chemistry, temperature and soil

moisture interfere in the process of release of carbon dioxide by soil. The aim of this

study was to evaluate the influence of seasonality on the dynamics of soil CO2 efflux

and the correlation of respiration edaphic environmental variables in an area of Caatinga

in Campina Grande, PB. The experiment was conducted at the Estação Experimental

Lagoa Bonita/Lucas, the Instituto Nacional do Semiárido (INSA/MCTI), located in

Campina Grande - PB, located at the following coordinates 7°16'35,97"S and 35°

57'55,72"O, with an average altitude of between 400 and 600 m. The observations were

made in an area of 20ha, using 20 fixed collection points. Samples were collected

bimonthly from January to November 2011, during daytime (5:00 to 17:00) and

nighttime (17:00 to 05:00) in permanent plots of 100m2. Were distributed glass

containers containing 10ml of 0.5N KOH for absorption of CO2 released. These

containers were covered with white buckets which remained in place for twelve hours

later the containers were sealed and removed , and then were taken to the laboratory to

be titrated with 0.1N HCl. Were considered as indicators phenolphthalein and methyl

orange 1%. Were quantified kinetic rates of CO2 in the same bimonthly sampling points

of the flow, in the range of two hours (from 05:00 to 17:00 h) during the day and was

found soil temperature with a digital thermometer every two hours. The statistical

analyzes were performed on the Bio-Estat 5.0. Microbial activity estimated by CO2

production was higher in the rainy season compared to the dry season, is favored by

rainfall. The concentration of total organic carbon in the soil was the environmental

parameter most correlated with the detachment of soil CO2.

Keywords: microbial activity, brazilian semiarid, soil temperature

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1-Introdução

Uma das formas de liberação do carbono para a atmosfera é através da

respiração do solo, correspondendo à troca de CO2 entre solo, planta e atmosfera

(MORARU et al. 2010). A respiração do solo pode variar no tempo e no espaço devido

a fatores como a química e a física do solo, distribuição de raízes (SOE; BUCHMANN,

2005) e umidade do solo (MERBOLD et. al., 2011). O efluxo do CO2 do solo é o maior

componente do ciclo do carbono da biosfera. Entender a sua variação de acordo com o

microclima local torna-se importante para analisar como esse gás se comporta em

relação às variáveis climáticas estudadas, como a temperatura do solo, umidade do solo

e precipitação.

Para estimar a quantidade de respiração do solo e sua variabilidade temporal é

essencial avaliar a relação entre respiração do solo e variáveis ambientais (KOSUGI et

al. 2007). Para Panosso et al. (2007) a temperatura e o conteúdo de água do solo são os

principais fatores de controle da variabilidade da emissão de CO2 em solos e, essas

podem ser modificadas rapidamente após as precipitações. De forma complementar,

Souto et al. (2007) também consideram que os fatores limitantes para a atividade

microbiana em área de caatinga são os baixos conteúdos de água e elevadas

temperaturas do solo. As variações de temperatura do solo dependem fundamentalmente

do clima, cobertura vegetal, teor de água do solo e da sua coloração (SOUTO, 2002).

Na quantificação do efluxo de CO2 a umidade do solo, pode tanto favorecer

como inibir a produção de CO2. Segundo LINN e DORAN (1984) a respiração

microbiana do solo é limitada pela restrição de difusão de O2 (oxigênio necessário para

a respiração aeróbica) através dos poros quando o solo encontra-se muito úmido e, por

outro lado, limitando também na condição seca, devido à restrição da solubilidade de

substratos de carbono orgânico, que constitui a fonte de energia para os

microorganismos heterotróficos.

O desenvolvimento microbiano é influenciado pela variação dos fatores

climáticos, principalmente umidade e temperatura, assim como, pelos efeitos que essas

variações causaram sobre a cobertura vegetal, em um estudo realizado por Cattelan e

Vidor (1990). Espera-se que a respiração do solo aumente com o incremento do

conteúdo de água do solo, e que, no semiárido brasileiro, com elevado déficit hídrico e

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sazonalidade climática evidenciada, o tamanho e a duração dos eventos de precipitação

pluvial sejam determinantes para o fluxo de CO2 (HUXMAN et al., 2004).

Andrade et al. (2006) afirmam que nos ambientes semiáridos uma característica

predominante é a alta variabilidade das chuvas, onde os eventos são constituídos

normalmente por “pulsos’’ de precipitações. Esses pulsos são formas especiais de se

avaliar a dinâmica desse ecossistema. O conhecimento do sincronismo e da amplitude

das chuvas é de fundamental importância para compreender a dinâmica da caatinga. Os

pulsos-reserva uma vez estimulados se desenvolvem e transformam os nutrientes em

produção primária.

No entanto, há um consenso que essas variações ecofisiológicas das plantas

dependem de interações complexas entre a umidade do solo, nutrientes disponíveis, tipo

de cobertura do solo e temperatura, quando combinados resultam em diferentes

respostas de cada organismo às condições ambientais (NOY-MEIR, 1973). Os fatores

climáticos exercem influência na composição das comunidades vegetais da caatinga no

tempo e no espaço.

O método comumente utilizado para medição do fluxo de CO2 do solo, no

semiárido brasileiro, tem sido o da absorção alcalina em câmeras estáticas colocadas na

superfície do solo, o qual é baseado na absorção de CO2 por uma solução alcalina. Este

método apresenta-se vantajoso por integrar o fluxo por um período de 24 horas ou mais

e a habilidade de monitorar muitos pontos ao mesmo tempo (COSTA et al., 2006).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a variabilidade temporal da emissão de CO2

e das variáveis ambientais, em área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.

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97

2. Material e Métodos

2.1. Caracterização geral da área em estudo

O experimento foi realizado na Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas,

pertencente ao Instituto Nacional do Semiárido - INSA/MCTI, localizado no município

de Campina Grande – PB, situada nas coordenadas geográficas 7°16’23’’de latitude Sul

e 35°58’24’’ longitude Oeste (Figura 1). O município está inserido na região geográfica

da Borborema, mesorregião do Agreste Paraibano e microrregião de Campina Grande,

com altitude média que varia entre 400 e 600 m. Faz parte da unidade geomorfológica

da superfície da Borborema. O tipo climático da área é BSh – semiárido quente com

chuvas de verão, segundo Köppen, com precipitação pluvial de 750 mm ano-1

e

temperatura média do ar de 22,5 °C.

Conforme as informações dos pesquisadores e funcionários do Instituto

Nacional do Semiárido a área antigamente era de propriedade particular e havia criação

de gado de leite. A partir de 2005 a área do experimento foi adquirida pelo Instituto

Nacional do Semiárido, que vem procurando preservá-la e utilizá-la como referência de

Caatinga para pesquisas. Este bioma é caracterizado por uma adaptação máxima a

déficit hídrico prolongado ao longo do ano, pode-se constatar a presença de vegetação

herbácea, arbustiva e arbórea.

O relevo da área experimental caracteriza-se como suave ondulado, com

altitude variando de 466 a 490 m. O solo é raso, com presença de afloramentos

rochosos. Na área do experimento predomina o Neossolo litólico (EMBRAPA, 2006).

A vegetação predominante é formada pela floresta subcaducifólica e caducifólica

conhecida na região como caatinga de cipó, a qual se modifica drasticamente ao longo

das estações seca e chuvosa, cobrindo uma área de 20 ha, na qual o histórico apresenta

pastejo e utilização da biomassa lenhosa pelas comunidades vizinhas.

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Figura 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área

experimental.

2.2. Procedimento das coletas

Na unidade experimental foram coletados dados bimestrais

(janeiro/março/maio/julho/setembro/novembro de 2011 referentes à liberação de CO2 do

solo (atividade microbiana), em 20 pontos de determinação na unidade experimental,

durante 12 horas no período diurno (5:00 às 17:00 h) e no período noturno (17:00 às

5:00 h) totalizando 40 amostras de CO2 na área avaliada. As leituras foram realizadas

com base na metodologia descrita por Grisi (1978) em que o CO2 liberado por uma área

de solo é absorvido por uma solução de KOH 0,5 N e pela dosagem por titulação com

HCl 0,1 N. Foram considerado como indicadores a fenolftaleína e o alaranjado de

metila a 1% (Figura 2A e 2B), preparado segundo Morita e Assumpção (1972). Foi

utilizado um frasco controle ou testemunha que permaneceu hermeticamente fechado e

que também foram submetido ao processo de titulação. A determinação do CO2

absorvido foi realizada a partir da equação:

2ACO = (A-B) x 2 x 2,2 em mg (1) -2 -1

2 2A'CO = ACO x (4/3 x 10000/h + S) em mg m h (2)

em que:

A’CO2 = Absorção de CO2;

A = diferença, em mL, entre a 1ª e a 2ª viragem da coloração da amostra;

B = diferença, em mL, entre a 1ª e 2ª viragem da coloração do controle ou testemunha;

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x 2 = porque o HCl 0,1 N adicionado, titulou apenas metade do carbonato do frasco

experimental, ou seja, da amostra;

x 2,2 = sendo o equivalente-grama do CO2 = 44/2 = 22 e como se usou HCl 0,1 N

(decinormal), esse equivalente torna-se então 22/10 = 2,2;

h = período de permanência da amostra no solo (horas);

S = área de abrangência do balde.

Para efetuar a medição de CO2 foram distribuídos na área de estudo recipientes

de vidro contendo 10 mL de KOH a 0,5 N, totalizando 40 recipientes, sendo 20 no

período diurno e 20 no noturno, os quais foram cobertos com baldes plásticos com

capacidade para 22 litros, distando entre si 20 m (Figura 2C).

O balde possui formato cilíndrico, com 29,8 cm de diâmetro e 36,5 cm de

altura, cobrindo uma área de solo de 697,46 cm2. As bordas do cilindro foram

enterradas cerca de 3 cm, para evitar as trocas gasosas diretamente com a atmosfera.

Cada recipiente contendo a solução de KOH 0,5 N foi rapidamente destampado para

que fixasse o CO2 liberado do solo. Após doze horas de permanência no local, os baldes

foram retirados e os recipientes foram rapidamente tampados e em seguida titulados.

Também foram quantificadas as taxas de cinética de CO2 mensalmente nos

mesmos pontos de coleta do fluxo, no intervalo de duas horas (das 05:00 às 17:00h) no

período diurno, foram coletados 72 recipientes e verificado a temperatura do solo com

termômetro digital (Figura 2D).

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100

A B

C D

Figura 2. Titulação com HCl 0,1 N e os indicadores a fenolftaleína e o alaranjado de

metila a 1% (A e B) e recipiente de vidro contendo solução 10 ml de KOH 0,5N, para

medição do fluxo de CO2 e cinética de CO2 com balde cobrindo a amostra (C), medição

da temperatura do solo (D). Foto: ALBUQUERQUE, A. L. S. (2011)

2.3. Análise estatística

Para verificar o efeito da sazonalidade a da variação diária sobre as estimativas

de fluxo de CO2 foi realizada análise de variância não paramétrica com o teste de

Kruskal-Wallis. O grau de associação entre o fluxo de CO2 e as variáveis ambientais foi

verificado através da Matriz de Correlação. As analises estatísticas foram realizadas no

programa Bio-Estat 5.0.

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3. Resultados e Discussão

A atividade microbiana estimada pela produção de CO2 apresentou variação nas

quantidades liberadas na área experimental oscilando no período seco entre 79,49 e

147,06 mg m-2

h-1

e no período chuvoso de 124,21 e 169,77 mg m-2

h-1

no turno diurno

(Tabela 1). Estes valores encontram-se dentro dos limites obtidos em outras medições,

em matas secundárias do bioma Caatinga. Souto et al. (2009) quantificaram o efluxo em

60,97 mg m-2

h-1

, no período final da estação seca e Correia et al. (2009) em 202,7 mg

m-2

h-1

no período inicial da estação chuvosa no turno diurno no semiárido paraibano.

Os fluxos diurno e noturno registrados no período chuvoso foram

significativamente maiores que os fluxos na estação seca. No entanto, não houve

diferença significativa entre os turnos, dentro de cada estação (Tabela 1). De acordo

com Husman et. al. (2004) o efluxo de dióxido de carbono do solo em regiões

semiáridas é maior na estação chuvosa.

Tabela 1. Efluxo de CO2 do solo (mg m-2

h-1

) durante as estações seca e chuvosa, e nos

turnos diurno e noturno, em uma área de Caatinga no município de Campina

Grande, PB

Atributo descritivo Estação seca Estação chuvosa

Diurno Noturno Diurno Noturno

mg m-2

h-1

Média 111,26a 117,32a 149,62b 155,07b

Mínimo 79,49 95,61 124,21 130,38

Máximo 147,06 135,99 169,77 167,81

Desvio Padrão 21,22 14,36 16,21 13,37 Médias com letras distintas, na mesma linha, diferem estatisticamente pelo teste de Kruskal -

Wallis ao nível de 5% de probabilidade.

Observou-se uma maior amplitude e desvio padrão nos valores do fluxo, durante

o período diurno, para as duas estações avaliadas (Tabela 1). A maior heterogeneidade

espacial das condições ambientais diurnas, a temperatura do solo, entre as parcelas

experimentais, determinou esta variabilidade. Em muitas situações a variação diária da

respiração do solo, foi explicada pela temperatura do solo, devido ao fato desta ser uma

variável que muda muito em escala diária.

A liberação do CO2 ao longo dos meses variou no período seco e para os meses

com elevado índice pluviométricos (Tabela 2). Dados semelhantes foram obtidos por

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102

Araújo et al. (2007, 2009) que em local mais seco a liberação ao longo do ano variou de

80 a 150 mg m-2

h-1

. Souto (2006) em pesquisa realizada no município de Santa

Terezinha, Sertão paraibano, observou que, durante o período em que o conteúdo de

água do solo permaneceu em torno de 14% e a temperatura média do solo a 10 cm de

profundidade, foi superior a 30 °C, e os valores médios de produção de CO2 foram

elevados, alcançando aproximadamente 300 mg m2h

-1. Uma única medida em áreas com

pastagem e com caatinga em diferentes tempos de regeneração não encontrou diferença

entre elas e valores entre 80 e 200 mg m-2

h-1

(CORREIA, 2009).

Verificou-se que os maiores valores de liberação de dióxido de carbono, foram

verificados durante a noite, na época de chuva e quando houve redução da temperatura

do solo, onde os valores foram 20% maior a noite que durante o dia e até duas vezes

maiores na época de chuva que na época seca (Tabela 2).

Tabela 2. Fluxos de CO2 do solo, precipitação pluviométrica mensal acumulada,

conteúdo de água do solo (CAS) (0-10 cm), temperatura do solo (TS) (10

cm), carbono orgânico total do solo (COT) (0-10 cm), e matéria orgânica

(MO) em uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB

Período Fluxo CO2 (mg m-2

h-1

) Precipitação CAS TS COT MO

Diurno Noturno Médio mm % °C g kg-1

g kg-1

Janeiro 114,96 117,80 116,38 29,00 2,54 32,00 9,40 16,2

Março 141,34 154,59 147,96 110,00 2,84 32,00 7,80 13,4

Maio 165,35 149,65 157,50 276,87 22,29 22,00 4,50 7,8

Julho 151,27 167,81 159,54 207,50 21,16 24,00 6,50 11,2

Setembro 133,00 132,52 132,76 0,50 2,10 27,00 10,60 18,2

Novembro 85,83 101,64 93,73 0,80 1,40 31,00 12,00 20,7

O aumento da quantidade e intensidade das chuvas pode ter desencadeado uma

resposta positiva na atividade dos microrganismos, elevando o fluxo médio para 147,96

mg m-2

h-1

neste mês. No entanto, a pequena elevação do conteúdo de água do solo

decorreu da alta demanda evaporativa, considerando que no início da estação chuvosa

as temperaturas do solo estavam elevadas (Tabela 2), e as camadas do solo próximas da

superfície secaram rapidamente após cada evento de chuva.

O conteúdo de água no solo determinado ao longo do período experimental

seguiu a tendência natural de variação do teor de água no solo em função do regime de

eventos climáticos relacionado a chuvas aferido no mesmo período. O mês de maio de

2011 registrou o maior valor de conteúdo de água no solo, 22,29%, mês este de maior

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volume registrado de precipitação no período experimental (276,87 mm), e o mês de

novembro de 2011 apresentou a menor média de conteúdo de água do solo (1,44%).

Verificou-se, que nos meses onde ocorreram as maiores precipitações, houve tendência

de aumento no conteúdo de água no solo, com decréscimos imediatos quando ocorria

diminuição no regime hídrico. Portanto o regime pluviométrico a região onde foi

desenvolvido o trabalho é caracterizado por apresentar alta variabilidade temporal das

chuvas.

Lira (1999) também encontrou valores mais elevados de CO2 quando as

temperaturas do solo estavam mais amenas e conteúdo de água no solo mais elevado.

Araújo (2005) menciona que mesmo quando a disponibilidade de água no solo se eleva

nos meses de maiores precipitações, o aumento ou a diminuição da taxa de CO2 também

é influenciado pela temperatura do solo, consequência da radiação solar.

O solo, após a ocorrência de pequenos picos de precipitação apresentou um

efluxo médio de CO2 maior comparado à média do efluxo de CO2 do solo obtida no

período seco, esse fato pode estar associado a um aumento da taxa de decomposição da

matéria orgânica devido à presença de água no subsolo (Figura 3). Um evento similar

foi encontrado por Matteucci (2000), que encontrou aumento no efluxo após eventos de

chuva, gerando uma relação da drenagem da água do solo com o efluxo de CO2 do solo.

Figura 3. Fluxos de CO2 do solo (mg m-2

h-1

) e precipitação pluvial diária (mm) em uma

área de Caatinga no município de Campina Grande, PB.

0

20

40

60

80

100

120

140

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

11

32

53

74

96

17

38

59

71

09

121

133

145

157

169

181

193

205

217

229

241

253

265

277

289

301

313

325

Pre

cip

ita

ção

Plu

via

l (

mm

)

Flu

xo

de

CO

2 (m

g m

-2h

-1)

Tempo (Dias Juliano)

Precipitação Pluvial Fluxo CO2

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104

Foram observadas correlações significativas do fluxo de CO2, no turno diurno,

com as variáveis ambientais: precipitação pluvial e carbono orgânico total (Tabela 3).

Apesar de diversos trabalhos indicarem forte associação entre a respiração edáfica e o

conteúdo de água do solo, a dinâmica das interações no microambiente de medição do

fluxo pode ter determinado a ausência de correlação. Entre a variação do efluxo de CO2

e o conteúdo de água do solo neste período resultou em baixa correlação, relativa, entre

estas variáveis.

Tabela 3. Correlação de Pearson entre os fluxos diurno e noturno de CO2 do solo e a

precipitação pluvial, conteúdo de água do solo, temperatura do solo, carbono

orgânico total do solo, em uma área de Caatinga no município de Campina

Grande, PB

Fluxo

CO2 Precipitação

Conteúdo de

água no solo

Temperatura

do solo

Carbono orgânico

total do solo

Diurno 0,83*

0,75 -0,72 - 0,91*

Noturno 0,74 0,69 -0,67 - 0,81

Médio 0,81 0,74 -0,72 - 0,88*

* Correlação significativa, em nível de 5% de probabilidade, entre os fluxos de CO2 e a variável ambiental.

O aumento da atividade heterotrófica dos microrganismos decompositores

promoveu decréscimo nos teores de carbono orgânico total do solo, sendo confirmado

pelos altos coeficientes de correlação negativa entre a respiração edáfica diurna e estas

variáveis ambientais (Tabela 3).

Segundo Wildung et al. (1975), nestas regiões, ocorre interdependência da

temperatura e do conteúdo de água do solo na taxa de respiração edáfica e na

decomposição das raízes das plantas. Temperaturas elevadas das camadas próximas à

superfície do solo (30 a 45 °C), durante a estação úmida, conduzem a uma máxima

liberação de CO2 do solo (WILDUNG et al., 1975). Segundo Luo e Zhou (2006), a

respiração do solo é mais sensível a variações de temperatura quando o conteúdo de

água do solo está situado no intervalo de 10 a 25%.

Os baixos limites de precipitação pluvial para a região, que não ultrapassam

1.000 mm, com alta variabilidade na quantidade, no espaço e no tempo associados à alta

demanda evaporativa, fazem com que este ambiente apresente um balanço hídrico

negativo durante a maior parte do ano. Dessa maneira, pulsos de precipitação pluvial,

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em um solo seco, alteram imediatamente o balanço de carbono do sistema (AUSTIN et

al., 2004).

O aumento da atividade microbiana, acelerando o processo de decomposição e

mineralização de nitrogênio, ocorre rapidamente seguindo um evento de chuva e

resultando em considerável lançamento de CO2 para a atmosfera. Por outro lado, altas

concentrações de CO2, formadas por fontes inorgânicas de carbono e atividade

microbiana do solo durante o período seco (interpulso), são fisicamente deslocadas pela

água de percolação que preenchem os espaços porosos do solo. Neste caso, a quantidade

do efluxo de CO2 dependerá da textura do solo (HUXMAN et al., 2004).

3. Cinética da respiração edáfica

Verificou-se que a medição de CO2 da atividade microbiana determinada no

período de doze horas, apresentou variações em função das horas nos meses de estiagem

e chuvoso (Tabela 4 e 5). Ao longo do tempo observou-se um aumento de CO2, à

medida que às horas foram passando, ocorrendo maior acréscimo da atividade

microbiana.

Tabela 4. Atividade microbiana no período de dez horas, no período de estiagem, em

uma área de Caatinga no município de Campina Grande, PB

Fluxo CO2 (mg m-2

h-1

)

Horário Janeiro/11 Setembro/11 Novembro/11 Média

Temperatura do solo

°C (10 cm)

07:00 14,43 25,82 12,27 18,69 26,0

09:00 42,29 52,75 25,47 40,41 29,0

11:00 53,97 76,87 41,44 57,23 32,0

13:00 84,46 116,12 73,77 87,61 35,0

15:00 96,79 124,48 102,51 103,08 36,0

17:00 120,11 138,85 91,53 114,04 31,0

Verificou-se que o menor incremento da atividade microbiana foi constatada no

horário de 07:00 h, quando a temperatura do solo a 10 cm de profundidade foi de (26,0

°C). E a máxima liberação ocorreu às 17:00 h, nos meses de janeiro e setembro de 2011

(31,0 °C), tendo sido neste último horário o máximo desprendimento verificado. No

mês de novembro de 2011 o aumento da atividade microbiana aconteceu às 15:00 h,

quando a temperatura foi maior (36,0 °C), provavelmente, isto pode ser explicado

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106

devido ao fato de a maioria dos microrganismos do solo se adaptar bem a temperaturas

mais elevadas.

De acordo com Souto et. al. (2009), há indicativo de que os microrganismos

aumentam sua atividade entre 40 e 45 ºC na região semiárida, e quando alcançam

valores próximos aos 50 ºC há inibição da atividade microbiana e, consequentemente,

menor produção de CO2. Resultados semelhantes foram obtidos por Araújo et. al.

(2011) que trabalhando em três áreas de caatinga São João do Cariri semiárido

paraibano, encontraram menor atividade microbiana às 07:00 h e a máxima às 17:00 h

em temperatura de aproximadamente 34,8 °C.

Observou-se menor incremento da atividade microbiana às 07:00 h, quando a

temperatura do solo a 10 cm de profundidade foi de (23,0 °C). E a máxima liberação de

CO2 ocorreu às 15:00 h, no mês de março (27,0 °C) e nos meses de maio e julho de

2011 ocorreram às 17:00h (26,0 °C) (Tabela 5).

Tabela 5. Atividade microbiana no período de dez horas, no período chuvoso, em área de

Caatinga no município de Campina Grande, PB

Fluxo CO2 (mg m-2

h-1

)

Horário Março/11 Maio/11 Julho/11 Média

Temperatura do solo

°C (10 cm)

07:00 15,77 15,95 17,30 16,34 23,0

09:00 43,98 52,75 31,25 42,66 25,0

11:00 62,73 67,93 71,96 67,54 26,0

13:00 105,84 80,49 80,37 88,90 26,0

15:00 127,22 91,41 81,08 99,90 27,0

17:00 115,31 111,45 96,85 107,87 26,0

Comparando-se a média entre os dois períodos avaliados, observou-se que os

maiores incremento ocorreram no intervalo de 15:00 às 17:00 h, tendo ênfase para o

período de estiagem com a média de 114,04 mg m-2

h-1

às 17:00 h, com temperatura do

solo de aproximadamente 31 °C. A temperatura média do solo para o período de coleta

refletiu diretamente no efluxo de CO2 do solo. No período de estiagem houve menor

disponibilidade de água no solo e aumento da temperatura aumentando a emissão de gás

carbônico do solo para atmosfera.

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De acordo com Paul e Clark (1996), a menor atividade dos microrganismos,

resultando em decréscimos de CO2 liberado em função de baixas temperaturas, está

associada à adaptabilidade dos microrganismos a diferentes extremos de temperatura.

Desse modo, a estabilização do CO2 nas horas de temperaturas extremas possivelmente

tenha resultado na inibição da atividade microbiana, sendo uma resposta dos

microrganismos às condições reinantes do ambiente.

Alterações mínimas na matéria orgânica do solo, que é muito sensível à

temperatura, podem resultar na liberação de grandes quantidades de CO2 para a

atmosfera, elevando a concentração dos gases do efeito estufa e, consequentemente,

contribuindo para o aquecimento global (JENKINSON et al., 1991; LISBOA et al.,

2006).

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4. Conclusões

Os maiores fluxos de CO2 do solo ocorrem tanto na estação seca como na

chuvosa à noite.

A intensidade de efluxo de CO2 do solo depende da distribuição temporal dos

pulsos de precipitação pluvial;

A precipitação pluvial correlaciona-se positivamente com o efluxo de CO2

enquanto que, o carbono orgânico total do solo é inversamente proporcional ao efluxo

de CO2.

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CAPÍTULO 4

Levantamento florístico, fitossociológico e composição químico-bromatológica do

componente arbustivo-arbóreo da Caatinga no município de Campina Grande-PB

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CAPÍTULO 4

Levantamento florístico, fitossociológico e composição químico-bromatológica do

componente arbustivo-arbóreo da Caatinga no município de Campina Grande-PB

RESUMO

A caatinga está presente em quase toda área de clima semiárido do nordeste brasileiro e

apresenta formações vegetais, fisionômica e florísticamente distintas. Este trabalho teve

como objetivo realizar um estudo fitossociológico do componente arbustivo-arbóreo

com o intuito de caracterizar a composição florística e conhecer as espécies de maior

potencial forrageiro através da determinação da composição bromatológica, no

município de Campina Grande, Paraíba. O experimento foi realizado na Estação

Experimental Lagoa Bonita/Lucas, do Instituto Nacional do Semiárido, localizado no

município de Campina Grande – PB. O levantamento florístico e fitossociológico foi

realizado pelo método de parcelas. Foram quantificados, em cada parcela, todos os

indivíduos arbustivo-arbóreos vivos com circunferência à Altura da Base ≥ a 9 cm e

altura ≥1 m. Os dados foram analisados utilizando-se do Software Mata Nativa 2©. No

levantamento florístico os materiais vegetais foram coletados e enviados ao “Herbário

Jayme Coelho de Moraes”, para identificação por meio de comparação com exsicatas e

por meio de literatura especializada. Para composição química-bromatológica

determinaram-se os teores de matéria seca, proteína bruta, matéria mineral, matéria

orgânica, estrato etéreo, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, lignina e

tanino condensado das espécies com potencial forrageiro, as analises estatísticas foram

realizadas no programa SAS. Foram constatados, nas 40 parcelas amostradas da área

experimental, 1.479 indivíduos, distribuídos em 26 gêneros, 26 espécies e 16 famílias.

Das 26 espécies encontradas, 15 possuem hábito de vida arbóreo e 11 são arbustivas.

Croton blanchetianus, Piptadenia stipulacea e Poincianella pyramidalis foram às

únicas espécies que apresentaram valor de importância superior a 10%, o que demonstra

a dominância das mesmas na população. Fabaceae e Euphorbiaceae são as famílias que

apresentaram o maior número de espécies arbustivas - arbóreas na área de estudo o que

confirma o padrão para o Semiárido brasileiro. As espécies que apresentaram o padrão

de distribuição agregada de acordo com o índice de MacGuines foram Croton

blanchetianus (IGA= 4,09), Piptadenia stipulacea (IGA= 3,18), Allophylus quercifolius

(IGA= 3,35), Bauhinia cheilantha (IGA= 2,48) e Manihot carthaginensis (IGA= 2,21).

Apesar de que a maioria das espécies encontradas na área do presente estudo foi

classificada como tendência ao agrupamento ou uniformes. O valor encontrado para o

índice de Shannon (H’) foi de 1,39. Croton blanchetianus predominou com relação às

outras espécies em todos os outros parâmetros fitossociológicos (Ni, DA, FA, FR, DoA,

DoR e VC). Dentre as variáveis químico-bromatológica estudadas a proteína bruta,

lignina, FDN, FDA e extrato etéreo não apresenta diferença entre si. As espécies

Bauhinia cheilantha, Mimosa tenuiflora e Croton blanchetianus apresentam baixas

concentrações de taninos condensados totais para folhas quando comparado com a parte

de hastes superiores.

Palavras-chave: composição botânica, diversidade, semiárido, valor nutritivo

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114

CHAPTER 4

Floristic, phytosociological and chemical composition of the woody component of

Caatinga in Campina Grande-PB

ABSTRACT

The Caatinga is present in almost every area of the northeastern Brazilian semiarid

climate and presents the vegetation, physiognomic and floristic distinct. This study

aimed to conduct a phytosociological woody component with the aim of characterizing

the composition and know the species of higher forage potential by determining the

chemical composition, in Campina Grande, Paraíba. The experiment was conducted at

the Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas, the Instituto Nacional do Semiárido

located in Campina Grande, PB. The floristic and phytosociological survey was

conducted by the plot method. Were quantified in each plot, all tree species living in

circumference at the base height ≥ 9 cm and height ≥ 1 m . Data were analyzed using

the Software Mata Nativa 2©. In floristic plant materials were collected and sent to the

"Herbário Jayme Coelho de Moraes" for identification by comparison with herbarium

specimens and through literature. For chemical-bromatological determined the dry

matter, crude protein, mineral matter, organic matter, stratum ethereal, neutral detergent

fiber, acid detergent fiber, lignin and condensed tannin species with forage potential, the

statistical analysis were performed in SAS. Were found in 40 sampled plots of the

experimental area, 1.479 individuals belonging to 26 genera, 26 species and 16 families.

Of the 26 species found, 15 have life habit and 11 are woody shrubs. Croton

blanchetianus, Piptadenia stipulacea and Poincianella pyramidalis were the only

species with importance values above 10 %, which demonstrates the dominance of the

same population. Fabaceae and Euphorbiaceae are the families with the largest number

of tree - shrub species in the study area which confirms the standard for the Brazilian

Semiarid. The species showing the distribution pattern of aggregate according to the

index were MacGuines Croton blanchetianus (IGA = 4.09), Piptadenia stipulacea (IGA

= 3.18), Allophylus quercifolius (IGA = 3.35), Bauhinia cheilantha (IGA = 2.48) and

Manihot carthaginensis (IGA = 2.21). Although most species found in the area of this

study was classified as a group or tendency to uniform. The value found for the

Shannon index (H') was 1.39. Croton blanchetianus predominated with respect to other

species in all other phytosociological parameters (Ni, DA, FA, FR, DoA, DoR and VC).

Among the variables studied bromatological crude protein, lignin, NDF, ADF and ether

extract shows no difference between them. The species Bauhinia cheilantha, Mimosa

tenuiflora and Croton blanchetianus have low concentrations of tannins total sheet as

compared to the above rods.

Keywords: botanical composition, diversity, semiarid, nutritional value

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1. Introdução

O Nordeste do Brasil tem a maior parte de seu território ocupado pela caatinga

que se caracteriza por ser uma vegetação xerófila, de fisionomia e florística variada

(DRUMOND et al., 2000). Na Paraíba a região semiárida ocupa cerca de 70% do

Estado (PARAIBA, 1997), e caracteriza-se, por apresentar predominantemente clima

quente e seco, ocorrência de secas periódicas, baixa pluviosidade, alta temperatura,

media alta taxa de luminosidade, grande volume de evaporação e evapotranspiração.

Levantamentos florísticos e fitossociológicos são extremamente importantes

para o entendimento e conhecimento das florestas tropicais. A identidade das espécies e

o comportamento das mesmas em comunidades vegetais são o começo de todo processo

para a compreensão deste ecossistema (MARANGON et al., 2007). Esses estudos são

básicos para o conhecimento das floras regionais e nacional, seus potenciais diversos,

bem como para o estudo das relações entre comunidades de plantas e fatores ambientais

ao longo das variações da latitude, longitude, altitude, classes de solos, gradientes de

fertilidade e de umidade dos solos (SILVA JÚNIOR, 2005).

A finalidade de um levantamento florístico é listar as espécies vegetais ocorrentes

em determinada área (CAVASSAN e MARTINS, 1989), enquanto a fitossociologia é o

estudo de métodos de conhecimento e definição de comunidades vegetais no que se

refere à origem, estrutura, classificação e relações com o meio, ou seja, o estudo da

fitossociologia pressupõe a existência de comunidades de plantas (FELFILI e

REZENDE, 2003).

Conforme Silva et al. (2004), pelas análises fitossociológica horizontal e

vertical, a estrutura da comunidade vegetal pode ser representada como um todo e

comparada com outras comunidades, tanto do ponto de vista da composição de espécies

como da abundância de suas populações por estratos. Fitossociologicamente, a

densidade, frequência e dominância das espécies são determinadas pelas variações

topográficas, tipo de solo e pluviosidade (DRUMOND et al., 2000).

A vegetação é o componente do ecossistema que expõe os efeitos das

condições ambientais e fatores históricos, de maneira óbvia e mensurável (MULLER-

DOMBOIS e ELLENBERG, 1974). Medir a vegetação consiste em avaliar uma ou mais

propriedades, possibilitando a identificação e interpretação da resposta animal,

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116

verificação dos efeitos de manejo, obtenção das estimativas da capacidade de suporte,

entre outras (NASCIMENTO JÚNIOR, 1991). A vegetação da caatinga tem grande

importância para a manutenção da pecuária no semiárido, pois apresenta grande

diversidade em sua flora, com inúmeras espécies forrageiras arbustivas, arbóreas e

herbáceas. Estudos realizados no nordeste brasileiro estimam que 70% das espécies da

caatinga participam, significativamente, da composição da dieta dos ruminantes.

Para Guim et al. (2004) a manipulação de árvores, arbustos e herbáceas

forrageiras, para o aumento da produção de forragem e por extensão da produção

animal, requerem conhecimento adequado de suas características de produção de

fitomassa e do valor nutritivo. Apesar de apresentar boa disponibilidade de fitomassa no

período chuvoso, parte significativa desse material não é utilizada na alimentação dos

animais. O conhecimento mais detalhado do potencial das espécies encontradas neste

bioma indicará o potencial de manejo dessa vegetação, de forma a viabilizar sua

utilização.

O conhecimento da composição bromatológica é o ponto de partida para o

discernimento da concentração e disponibilidade dos nutrientes, o que contribui para

predizer a resposta animal em diferentes situações de pastejo (VAN SOEST, 1994). Na

análise da composição bromatológica, são avaliados, principalmente, os teores de

matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em

detergente ácido (FDA), matéria mineral (MM), etc. Assim, é importante conhecer a

composição química de forrageiras, para melhor identifica-las e servir para consumo

animal. A análise bromatológica possibilita a obtenção da composição química das

espécies da Caatinga, ou seja, a determinação das frações nutritivas desse vegetal.

Algumas plantas, no entanto, podem conter substâncias que podem ter um efeito

adverso na resposta animal, sendo denominadas de substâncias antiqualitativas ou

antinutricionais. Dentre essas substâncias existem os compostos fenólicos são derivados

do ácido chiquímico ou ácido mevalônico (PERES, 2008). Provavelmente, a síntese e

acumulação de muitas dessas substâncias estão associadas com a adaptação das plantas

à variação de seu habitat, sendo que a função dessas substâncias nos vegetais é

frequentemente vista como um método de proteção da planta contra o pastejo excessivo

pelos animais herbívoros (ANDRADE et al., 2010).

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117

Todavia, em virtude da riqueza florística forrageira da caatinga ser pouco

conhecida, torna-se difícil à seleção de espécies com potencial forrageiro para

melhoramento das pastagens nativas. Por essa razão, nesta pesquisa objetivou-se

conhecer as espécies de maior ocorrência na área experimental e com potencial

forrageiro através da determinação da composição químico-bromatológica.

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118

2. Material e Métodos

2.1. Caracterização geral da área em estudo

O experimento foi realizado na Estação Experimental Lagoa Bonita/Lucas,

pertencente ao Instituto Nacional do Semiárido - INSA/MCTI, localizado no município

de Campina Grande – PB, situada nas coordenadas geográficas 7°16’23’’de latitude Sul

e 35°58’24’’ longitude Oeste (Figura 1). O município está inserido na região geográfica

da Borborema, mesorregião do Agreste Paraibano e microrregião de Campina Grande,

com altitude média que varia entre 400 e 600 m. Faz parte da unidade geomorfológica

da superfície da Borborema. O tipo climático da área é BSh – semiárido quente com

chuvas de verão, segundo Köppen, com precipitação pluvial de 750 mm ano-1

e

temperatura média do ar de 22,5 °C.

Conforme as informações dos pesquisadores e funcionários do Instituto

Nacional do Semiárido a área antigamente era de propriedade particular e havia criação

de gado de leite. A partir de 2005 a área do experimento foi adquirida pelo Instituto

Nacional do Semiárido, que vem procurando preservá-la e utilizá-la como referência de

Caatinga para pesquisas. Este bioma é caracterizado por uma adaptação máxima a

déficit hídrico prolongado ao longo do ano, pode-se constatar a presença de vegetação

herbácea, arbustiva e arbórea.

O relevo da área experimental caracteriza-se como suave ondulado, com

altitude variando de 466 a 490 m. O solo é raso, com presença de afloramentos

rochosos. Na área do experimento predomina o Neossolo litólico (EMBRAPA, 2006).

A vegetação predominante é formada pela floresta subcaducifólica e caducifólica

conhecida na região como caatinga de cipó, a qual se modifica drasticamente ao longo

das estações seca e chuvosa, cobrindo uma área de 20 ha, na qual o histórico apresenta

pastejo e utilização da biomassa lenhosa pelas comunidades vizinhas.

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119

Figura 1. Localização do município de Campina Grande-PB, com ênfase para área

experimental.

2.2. Procedimento das coletas

2.3. Levantamento florístico e fitossociológico

O levantamento florístico e fitossociológico foi realizado pelo método de

parcelas contíguas, em uma área de 20 hectares, sendo dividida em 40 parcelas de 10 m

x 10 m (Figura 2A e 2B).

A B

Figura 2. Demarcação da área para o levantamento florístico e fitossociológico na

Estação Lagoa Bonita-Lucas/INSA em Campina Grande, PB.

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2.3.1. Levantamento florístico

Para determinação da composição florística foram coletados materiais

botânicos das espécies presentes na área experimental; posteriormente foram

acondicionados em jornais (Figura 3A), etiquetados, prensado, seco em estufa por 48

horas e em seguida enviado ao Herbário Jaime Coelho de Morais da Universidade

Federal da Paraíba, os quais foram expurgados, classificado, identificado e tombado

(Figura 3B). Dessa identificação resultou a listagem de espécies amostradas na área de

estudo, agrupadas por família, conforme o sistema de taxonomia vegetal utilizado na

classificação de espécies.

A sinonímia e a grafia dos táxons foram atualizadas mediante consulta ao

índice de espécies do banco de dados Tropicos®

do Missouri Botanical Garden

(Disponível em: <http://www.tropicos.org/>) Saint Louis - Missouri, EUA. A lista

florística foi organizada de acordo com o sistema Angiosperm Phylogeny Group III

(APG III) (BREMER et al., 2009).

A B

Figura 3. Coleta das espécies e o acondicionamento em jornais (A), e montagem das

exsicatas (B) das espécies vegetais constatada na área experimental.

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121

2.3.2. Levantamento fitossociológico

Para determinação dos parâmetros fitossociológicos, foram anotados em cada

parcela: a espécie, a altura e a circunferência de todos os indivíduos arbóreo-arbustivos

vivos (RODRIGUES, 1989), a circunferência à altura da base (CAB) ≥ a 9 cm e altura

(h) mínima de 1 m (RODAL, 1992) (Figura 4A e 4B). Em casos de indivíduos

ramificados, a área basal individual resultou da soma de áreas basais de cada

ramificação (RODRIGUES, 1989). As medidas de altura foram realizadas com auxílio

de uma régua graduada e para medir a circunferência dos indivíduos foi utilizada uma

fita métrica. Todos os indivíduos presentes na área foram identificados com etiquetas

enumeradas, contendo o número da planta (Figura 4C). Em seguida foi calculado o

diâmetro pela equação:

CABD

(1)

em que:

D = diâmetro;

CAB = circunferência a altura da base.

A B C

Figura 4. Medição da altura 1,0 m, circunferência à altura da base (CAB) 9 cm e

identificação das espécies do levantamento fitossociológico (A), (B) e (C) na Estação

Lagoa Bonita-Lucas/INSA em Campina Grande, PB.

Os dados fitossociológicos de estrutura horizontal foram obtidos por meio do

programa Mata Nativa 2® (CIENTEC, 2006), cujos parâmetros analisados foram:

Densidade Absoluta e Relativa (DA e DR), Frequência Absoluta e Relativa (FA e FR),

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122

Dominância Absoluta e Relativa (DoA e DoR), Valor de cobertura e Valor de

Importância (IVC e IVI) para cada espécie (MULLER-DOMBOIS e ELLENBERG,

1974). Foram determinados os seguintes parâmetros:

Frequência Absoluta (FA): Expressa em porcentagem, a relação entre o

número de parcelas ou pontos que ocorre uma dada espécie e o número total de

amostras.

% 100%Pi

FA xP

(2)

em que:

Pi = número de ocorrência da espécie i;

P = número total de amostras.

Frequência Relativa (FR): é a relação entre a frequência absoluta de uma

dada espécie com as frequências absolutas de todas as espécies, expressa em

percentagem.

% 100%i

i

FAFR x

FA

(3)

Densidade Absoluta (DA): é à medida que expressa o número de indivíduos

de uma dada espécie (ni) por unidade de área (A). Parcelas em que cada espécie ocorre

(%).

niDA

A ha (4)

em que:

ni = número de indivíduos da espécie i;

A = área total amostrada (ha).

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123

Densidade Relativa (DR): é a relação entre o número de indivíduos de uma

determinada espécie (ni) e o número de indivíduos amostrados de todas as espécies (N),

expressa em percentagem.

% 100%ni

DR xN

(5)

Dominância Absoluta (DoA): é dada a partir da somatória da área basal dos

indivíduos de cada espécie (ABi), dividido pela área total amostrada (A).

ABiDoA

A ha (6)

Dominância Relativa (DoR): é a relação entre a área basal total de uma

determinada espécie e a área basal total de todas as espécies amostradas, expressa em

percentagem. Este parâmetro também informa a densidade da espécie, contudo, em

termos de área basal, identificando sua dominância sob esse aspecto.

% 100%ABi

DoR xABi

(7)

Índice de Valor de Importância (IVI): representa a soma dos valores relativos

de densidade, de frequência e de dominância de cada espécie. A importância de uma

espécie caracteriza-se pelo número de árvores e suas dimensões (abundância e

dominância) que determinam sua ocupação no ecossistema floresta, não importando se

as árvores aparecem isoladas ou em grupos. A frequência relativa na fórmula do VI só

exerce influência quando algumas espécies aparecem em grupo.

IVI = DR + DoR + FR (8)

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124

Índice de Valor de Cobertura (IVC): representa a soma dos valores relativos de

densidade e dominância de cada espécie, informando a importância ecológica da espécie

em termos de distribuição horizontal.

IVC = DRi + DoRi (9)

Índice de diversidade

Para quantificar a diversidade do ecossistema foi utilizado o índice de

diversidade de Shannon-Weaver que considera igual peso entre as espécies raras e

abundantes (MAGURRAN, 1988), é estimado pela equação:

.ln( ) ln( )

'

S

i lN N ni ni

HN

(10)

em que:

H’ = Índice de diversidade de Shannon-Weaver;

N = número total de indivíduos amostrados;

n i = número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie;

S = número de espécies amostradas;

ln = logaritmo de base neperiana (e).

Apresentará valor máximo quando cada indivíduo pertencerem a uma espécie

diferente e no mínimo quando todos pertenceram à mesma espécie. Quanto maior o

valor de H´, maior será a diversidade florística da comunidade em estudo (PERKINS,

1982; BROWER; ZAR, 1984).

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125

Padrão agregação das espécies

Para a avaliação da distribuição espacial das espécies (agregação) foi aplicado

o Índice de Agregação de MacGuinnes, também denominado de IGA, segundo

(MCGUINNES, 1934), a partir da equação:

ii

i

DIGA

d (11)

Sendo:

ii

nD

uT (12)

ln 1i id f (13)

ii

uf

uT (14)

em que:

IGA i = "Índice de MacGuinnes" para a i-ésima espécie;

Di = densidade observada da i-ésima espécie;

di = densidade esperada da i-ésima espécie;

fi = frequência absoluta da i-ésima espécie;

ln = logaritmo neperiano;

ni = número de indivíduos da i-ésima espécie;

ui = número de unidades amostrais em que a i-ésima espécie ocorre;

uT = número total de unidades amostrais.

Classificação IGA = Classificação do padrão de distribuição dos indivíduos das

espécies, que obedece a seguinte escala:

IGAi < 1: distribuição uniforme;

IGAi = 1: distribuição aleatória;

1 < IGAi <= 2: tendência ao agrupamento;

IGAi > 2: distribuição agregada ou agrupada.

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126

2.3.3. Estrutura das classes

Os dados relacionados à distribuição diamétrica foram analisados a partir da

elaboração de histogramas de distribuição de frequência de classes com intervalos de 3

cm de todos os indivíduos amostrados. Com relação à distribuição das classes de altura

foram construídos histogramas de frequência com intervalos de um metro.

2.4. Análise químico-bromatológica de espécies da caatinga com potencial

forrageiro

Para a avaliação da composição químico-bromatológica, foram coletadas as

folhas e ramos da parte superior de cada espécie vegetal no estado apreciado, no mês de

março correspondente ao período chuvoso. As espécies escolhidas na área experimental

que apresentam maior potencial forrageiro são: Bauhinia cheilantha, Cynophalla

flexuosa, Mimosa tenuiflora, Croton blanchetianus, Poincianella pyramidalis,

Piptadenia stipulacea e Mimosa sp. As amostras coletadas das plantas forrageiras foram

acondicionadas em sacos plásticos e transportadas até o laboratório do INSA/MCTI.

Foram feitas a separação das folhas e ramos finos com aproximadamente 2 mm de

diâmetro, posteriormente, acondicionadas em sacos de papel previamente identificados,

pesadas e secas em estufa com ventilação forçada a 55 °C por 72h, em seguida, foram

pesadas novamente determinando-se assim a amostra seca ao ar (ASA) (Figura 5A, B, C

e Figura 6D).

A B C

Figura 5. Material acondicionado em sacos de papel previamente identificados (4A),

pesadas (B) e secas em estufa com ventilação forçada a 45 °C por 72h (C).

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127

Todo o material amostrado foi processado separadamente em moinho tipo Willey,

em peneiras de 1 mm, posteriormente, acondicionado em recipientes de vidros

hermeticamente fechados e identificados com o nome da planta, o local que foi coletado

a amostra e a data (Figura 6E e F). Para análise do material vegetal foi conduzido para o

Laboratório de Análises de Alimentos do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da

Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Areia – PB. Foi analisada individualmente

para os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE),

proteína bruta (PB) matéria orgânica (MO), lignina (LIG), fibra em detergente neutro

(FDN), fibra em detergente ácido (FDA) pela metodologia descrita por Silva e Queiroz

(2002).

D E F

Figura 6. Separação das folhas e ramos finos (D), moagem das amostras (E) e

acondicionamento das amostras em recipientes de vidro (F).

Para a caracterização dos taninos condensados foram determinados os teores em

tanino solúvel (TCS) e tanino ligado ao resíduo da amostra (TCL), determinados pelo

método butanol-HCL descrito por Terril et al. (1992). A concentração total em taninos

condensados foi obtida pela soma das frações solúvel e ligada ao resíduo.

Amostras de 10 mg, em duplicata, tiveram seus taninos condensados solúveis

extraídos por uma mistura de 2,5 mL de acetona aquosa a 70% com ácido ascórbico a

0,1% e 2,5 mL de dietil éter. Após remoção dos solventes por evaporação, o extrato foi

ajustado para 5 mL com água destilada, centrifugado a (3500 rpm por 10 minutos)

(Figura 7Q) e separado do resíduo sólido.

Em seguida foi adicionado 1,8 mL de butanol-HCL a 5% em alíquotas de 0,5 mL

do extrato e levado a banho-maria a 95 °C por 70 minutos (Figura 7R). Os taninos

condensados ligados ao resíduo foram determinados por adição de 0,7 mL de água

destilada e 4,2 mL de butanol-HCL a 5% e banho-maria a 95 °C por 70 minutos e

centrifugado a 14000 rpm por 5 minutos.

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128

Em ambos os casos, as amostras tiveram suas absorbâncias lidas a 550 nm em

espectrofotômetro (Figura 7S) e o resultado convertido em % de tanino condensado

com base na equação de regressão da curva padrão da espécie da jurema-preta. A

concentração total em taninos condensados foi obtida pela soma das frações solúvel e

ligada ao resíduo (MUPANGWA et al., 2000).

Q R S

Figura 7. Centrifugação das amostras a 14.000 rpm (Q), banho-maria 95 °C por 70

minutos (R) amostras lidas no espectrofotômetro 550 nm (S).

2.5. Análise estatística

Os dados da composição químico-bromatológica das plantas foram submetidos

análise de variância não paramétrica com o teste de Kruskal-Wallis. As analises

estatísticas foram realizadas no programa SAS (SAS INSTITUTE, 1997). Os valores

médios obtidos nas análises foram provenientes da soma dos teores de todas as plantas

analisadas individualmente para MS, PB, MM, EE, FDN, FDA, TCS, TCL, TT e não de

um pool de espécies.

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129

3. Resultados e Discussão

3.1. Curva do coletor

A riqueza e a diversidade de espécies dependem, além da própria natureza da

comunidade, do esforço amostral despendido, uma vez que o número de espécies

aumenta com o aumento do número de indivíduos amostrados. As curvas de

acumulação de espécies (curvas do coletor) permitem avaliar o quanto um estudo se

aproxima de capturar todas as espécies do local. Quando a curva estabiliza, ou seja,

nenhuma espécie nova é adicionada, significa que a riqueza total foi obtida. A partir

disso, novas amostragens não são necessárias. Analisando-se a curva do coletor

apresentada na (Figura 8), constata-se que o número de parcelas foi suficiente para

estimar a realidade da composição da fitocenose, devido que ocorreu uma estabilização

na curva do coletor, o que demonstra uma alta significância estatística dos dados,

consequência do não ingresso de novas espécies nas últimas parcelas.

Figura 8. Curva do coletor na área do experimento com o número de espécies

registradas em uma área de 20 hectares (40 parcelas).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39

mer

o d

e es

péc

ies

Número de Parcelas

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130

3.2. Composição e riqueza florística

Nas 40 parcelas inventariadas foram amostrados 1.479 indivíduos, representando

26 gêneros, 26 espécies e 16 famílias (Tabela 1). Das 26 espécies encontradas, 15

possuem hábito de vida arbóreo e 11 são arbustivas. Ambas apresentam importância

econômica, social e ambiental para a região nordeste. Todas as espécies listadas têm sua

distribuição nas Caatingas, como exemplo o Croton blanchetianus, Poincianella

pyramidalis e Aspidosperma pyrifolium. A importância econômica e social varia, pois

existem algumas com múltiplos usos, que vai desde medicinal (casca) a utilização da

madeira para confecção de móveis. Como também existem algumas com potencial

forrageiro: Cynophalla flexuosa e Bauhinia cheilantha.

Ao comparar o levantamento florístico realizado com as demais áreas do

semiárido nordestino, verificou-se que esses valores foram superiores aos encontrados

por Andrade et al. (2005), Queiroz et. al. (2006), Pegado et al. (2006), Santana e Souto

(2006), Fabricante e Andrade (2007), Pinheiro e Alves (2007), Pessoa et al.(2008),

Rodal et al. (2008b), Souza e Rodal (2010) e Araújo et al. (2010), inferiores aos

encontrado por Lemos e Rodal (2002), Pereira et al. (2002), Lacerda et al. (2005),

Lacerda et. al. (2007), Rodal et al. (2008a), Ramalho et al. (2009), Souza (2011) e

Barbosa (2012), e sendo semelhantes ao encontrado por Barbosa (2011) e Pereira

Junior, Andrade e Araújo (2012).

De acordo com Rodal (1992) o maior ou menor número de espécies nos

levantamentos realizados deve ser resposta a um conjunto de fatores, tais como situação

topográfica, classe, profundidade e permeabilidade do solo e não apenas o total de

chuvas embora esse seja um dos fatores mais importantes.

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131

Tabela 1. Famílias e espécies registradas na área de vegetação natural em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB

Divisão/Família/Espécie Nome popular Hábito

ANGIOSPERMAE

ANACARDIACEAE

Schinopsis brasiliensis Engl. Baraúna Árvore

Spondias tuberosa Arr. Câm. Umbu Árvore

APOCYNACEAE

Aspidosperma pyrifolium Mart. Pereiro Árvore

BORAGINACEAE

Tournefortia rubicunda Salzm. ex A.DC. Cipó-de-nego Arbusto

BURSERACEAE

Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillett. Imburana Árvore

CACTACEAE-CACTOIDEAE

Pilosocereus pachycladus subsp. Pernambucoensis (Ritter) Zappi Facheiro Arbusto

Cereus jamacaru Dc. Mandacaru Árvore

CAPPARACEAE

Cynophalla flexuosa (L.) J. Presl Feijão bravo Arbusto

Neocalyptrocalyx longifolium (Mart.) Cornejo e Iltis Icó Árvore

EUPHORBIACEAE

Euphorbia tirucalli L. Aveloz Arbusto

Sapium glandulosum (L.) Morong Burra leiteira Arbusto

Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. Pinhão Arbusto

Manihot carthaginensis subsp. glaziovii (Müll.Arg.) Allem Maniçoba Arbusto

Croton blanchetianus Baill. Marmeleiro Arbusto

Continuação...

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132

FABACEAE-CAESALPINACEAE

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz Catingueira Árvore

Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz Jucá Árvore

FABACEAE-CERCIDEAE

Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Mororó Arbusto

FABACEAE-MIMOSOIDEAE Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema preta Árvore

Mimosa sp. Unha de gato Árvore

Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Jurema branca Árvore

MALVACEAE

Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil.) A. Robyns Imbiratanha Árvore

NYCTAGINACEAE

Guapira sp. João Mole Árvore

RHAMNACEAE

Ziziphus joazeiro Mart. Juazeiro Árvore

RUBIACEAE

Guettarda sericea Müll. Arg. Veludo Arbusto

SAPINDACEAE

Allophylus quercifolius Radlk. Sipaúba Árvore

VERBENACEAE

Lantana camara L. Chumbinho Arbusto

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133

As famílias com maior riqueza foram Fabaceae com seis espécies, Euphorbiaceae com

cinco espécies, Anacardiaceae, Cactaceae e Capparaceae foram representadas por duas

espécies. As demais famílias foram representadas por única espécie totalizando nove espécies

(Figura 9), evidenciando, assim, um baixo índice de diversidade na área amostrada.

Principalmente na Caatinga, este fato também é destacado nos trabalhos de Rodal (1992) e

Araújo et al. (1995). Pereira et al. (2002) em estudo realizado em remanescente de caatinga no

agreste da Paraíba, detectaram a família Fabaceae com maior número de espécies. Dados

semelhantes também foram encontrados por Trovão et al. (2010) analisando a composição

florística de uma vegetação no semiárido paraibano, também constataram uma maior

abundância das famílias Fabaceae, Euphorbiaceae e Cactaceae. Representantes destas famílias

apresentam-se notáveis em áreas de caatinga, sendo observado em vários trabalhos de

levantamentos quantitativos (Souza e Rodal, 2010; Andrade et al., 2009; Oliveira et al.,

2009).

Figura 9. Números de espécies por família amostrada em uma área de Caatinga no município

de Campina Grande-PB.

Vale ressaltar que as famílias Fabaceae e Euphorbiaceae são as mais representativas

em número de espécies na maioria dos levantamentos realizados em área de Caatinga

instalada no cristalino, o que pode ser explicado pelo condicionante geral da semiaridez da

6

5

2 2 2

1 1 1 1 1 1 1 1 1

0

1

2

3

4

5

6

7

Qu

an

tid

ad

e d

e E

spéc

ies

Família

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134

região (AMORIM et al., 2005). Essas famílias são definidas por Lacerda et al. (2005) como as

de maior riqueza de espécies no componente arbustivo-arbóreo da Caatinga.

Os táxons mais abundantes na área experimental, em ordem decrescente de grandeza

foram: Croton blanchetianus (604 ind.), Piptadenia stipulacea (381 ind.), Poincianella

pyramidalis (119 ind.), Allophylus quercifolius (80 ind.) e Mimosa sp (69 ind.), sendo estas

responsáveis por mais de 84,72% do total das espécies amostradas. (Figura 10). Maracajá et

al. (2003), em estudo realizado na região semiárida de Serra do Mel, RN, Dantas et al. (2010)

e Holanda (2012) trabalhando em uma área de Caatinga ambos em Pombal-PB constataram

um elevado número de indivíduos da espécie Croton blanchetianus em relação a outras

espécies encontradas na região semiárida da Paraíba atribuindo esse predomínio à grande

facilidade de rebrota dessa espécie.

De modo semelhante, Andrade et al. (2005) e Araújo et al. (2010) em estudo realizado

em São João do Cariri - PB, constataram que além do Croton blanchetianus, outras espécies

como Poincianella pyramidalis, Aspidosperma pyrifolium foram encontradas com maior

número de indivíduos. Sampaio (1996) menciona que as três primeiras espécies se destacam

em relação ao número de indivíduos para maioria dos trabalhos realizados em área de

Caatinga, sendo adaptadas as características climáticas da região.

Figura 10. Número de indivíduos por espécie amostrada em uma área de Caatinga no

município de Campina Grande-PB.

604

381

119 80 69

39 30 23 21 18 17 14 10 10 10 8 7 5 4 3 2 1 1 1 1 1 0

100

200

300

400

500

600

700

Cro

ton b

lanch

etia

nus

Pip

taden

ia s

tip

ula

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Po

inci

an

ella

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bic

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La

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Ziz

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Neo

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liu

m

Com

mip

ho

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ph

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ndia

s tu

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osa

Arr

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a.

Eu

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Lib

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a

Sch

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psi

s b

rasi

lien

sis

Sap

ium

gla

nd

ulo

sum

An

ad

enan

ther

a c

olu

bri

na

Qu

an

tid

ad

e d

e In

div

ídu

os

Espécies

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135

Maia (2004) descreve Croton blanchetianus como uma árvore de pequeno porte, de

grande resistência a seca e quando cortada assume aparência arbustiva, pelas ramificações que

nascem desde a base. Planta pioneira, que ocupa capoeiras, margens de estradas e todo o tipo

de áreas degradadas, com solos de fertilidade natural bom e boa drenagem, com exceções de

lugares extremamente secos, podendo ser considerada como indicadora do nível de

perturbação antrópica, ocorrendo com elevada frequência em lugares com vegetação muito

devastada. No geral o Croton é o segundo maior gênero de Euphorbiaceae, com

aproximadamente 1.200 espécies distribuídas predominantemente no continente americano.

Com cerca de 300 espécies, o Brasil é um dos principais centros de diversidade do

gênero, que está representado nos mais variados ambientes e tipos vegetacionais (BERRY et

al. 2005). Segundo Santana e Souto (2006), que sua ampla densidade nos levantamentos, é

uma característica importante da espécie, indicando que pode ser usada na recuperação de

áreas degradadas, podendo ocupar nichos inóspitos e, proporcionando, assim, melhorias nas

condições do solo que podem permitir a continuidade da sucessão. Em outros trabalhos

realizados em localidades próximas a área estudada, Poincianella pyramidalis também foi

apontada como uma das espécies mais frequentes (ALCOFORADO-FILHO et al., 2003;

ANDRADE et al., 2005; SILVA, 2005; SANTANA; SOUTO, 2006; ARAUJO, 2007;

FABRICANTE; ANDRADE, 2007; DANTAS et al. 2010; HOLANDA, 2012). De acordo

com Maia (2004) essa espécie apresenta ampla dispersão no semiárido nordestino.

3.4. Estrutura fitossociologica

3.4.1. Descritores estruturais das espécies amostradas

No levantamento fitossociológico do estrato arbustivo-arbóreo realizado na área da

estação experimental do INSA em Campina Grande, PB foram amostrados 1.479 indivíduos

nas 40 parcelas inventariadas. Verificou-se que as espécies com maior número de indivíduos

foram Croton blanchetianus, Piptadenia stipulacea, Poincianella pyramidalis, Allophylus

quercifolius e Mimosa sp, equivalentes 84,72% de todos os indivíduos encontrados na área

experimental. Dentre as 26 espécies amostradas, Croton blanchetianus, apresentou uma

melhor distribuição, presente em quase todas as parcelas e com uma densidade relativa que

apresentou (DR= 40,84%) (Tabela 2).

Na análise da estrutura horizontal das espécies a maior contribuição de frequência

absoluta e relativa foi demonstrada por Croton blanchetianus que apresentou (FA= 97,5%;

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136

FR= 13,45%) e para densidade absoluta (DA= 1.510 Ind./ha-1

), por conseguinte alto valor de

importância (Tabela 2). Outra espécie representativa foi a Piptadenia stipulacea apresentando

(FA= 95,0%; FR= 13,1%), e densidade absoluta (DA= 952,5 Ind./ha-1

), a terceira foi

Poincianella pyramidalis (FA= 80,0%; FR= 11,03%), e densidade absoluta (DA= 297,5

Ind/ha-1

). Para dominância absoluta (DoA) e dominância relativa (DoR), destacaram-se,

Croton blanchetianus com (3,03m2) e Poincianella pyramidalis (1,91m

2) de área basal.

Tabela 2. Espécies amostradas em área de Caatinga no município de Campina Grande – PB e

seus respectivos descritores estruturais em ordem decrescente com base no valor de

importância

ESPÉCIE

DA

(Ind./ha-1

)

DR

(%)

FA

(%)

FR

(%)

DoA

(m2/ha

-1)

DoR

(%)

VC

(%)

VI

(%)

Croton blanchetianus 1.510 40,84 97,5 13,45 7,569 30,84 35,84 28,38

Piptadenia stipulacea 952,5 25,76 95,0 13,10 3,481 14,18 19,97 17,68

Poincianella pyramidalis 297,5 8,05 80,0 11,03 4,783 19,49 13,77 12,86

Mimosa sp 172,5 4,67 67,5 9,31 0,913 3,72 4,19 5,90

Allophylus quercifolius 200,0 5,41 45,0 6,21 0,953 3,88 4,65 5,17

Chloroleucon foliolosum 75,0 2,03 47,5 6,55 0,795 3,24 2,63 3,94

Bauhinia cheilantha 97,5 2,64 32,5 4,48 0,992 4,04 3,34 3,72

Guettarda sericea 52,5 1,42 30,0 4,14 0,447 1,82 1,62 2,46

Pilosocereus pachycladus 35,0 0,95 25,0 3,45 0,675 2,75 1,85 2,38

Cereus Jamacaru 25,0 0,68 22,5 3,1 0,778 3,17 1,92 2,32

Cynophalla flexuosa 45,0 1,22 32,5 4,48 0,161 0,66 0,94 2,12

Ziziphus joazeiro 17,5 0,47 17,5 2,41 0,771 3,14 1,81 2,01

Aspidosperma pyrifolium 25,0 0,68 17,5 2,41 0,693 2,82 1,75 1,97

Jatropha ribifolia 57,5 1,56 25,0 3,45 0,095 0,39 0,97 1,80

Tournefortia rubicunda 25,0 0,68 20,0 2,76 0,165 0,67 0,67 1,37

Manihot carthaginensis 42,5 1,15 17,5 2,41 0,087 0,35 0,75 1,31

Euphorbia tirucalli 2,50 0,07 2,50 0,34 0,757 3,08 1,58 1,17

Neocalyptrocalyx longifolium 12,5 0,34 10,0 1,38 0,195 0,79 0,57 0,84

Lantana camara 20,0 0,54 10,0 1,38 0,055 0,23 0,38 0,72

Guapira sp 7,5 0,2 7,5 1,03 0,074 0,3 0,25 0,51

Commiphora leptophloeos 10,0 0,27 7,5 1,03 0,056 0,23 0,25 0,51

Spondias tuberosa 5,0 0,14 5,0 0,69 0,013 0,05 0,09 0,29

Libidibia ferrea 2,5 0,07 2,5 0,34 0,016 0,06 0,07 0,16

Schinopsis brasiliensis 2,5 0,07 2,5 0,34 0,012 0,05 0,06 0,15

Sapium glandulosum 2,5 0,07 2,5 0,34 0,007 0,03 0,05 0,15

Anadenanthera colubrina 2,5 0,07 2,5 0,34 0,002 0,01 0,04 0,14

Total 3697,5 100 725 100 24,542 100 100 100 Ni= Número de Indivíduos, AB= Área Basal, DA = Densidade Absoluta, DR = Densidade Relativa, FA =

Frequência Absoluta, FR = Frequência Relativa, DoA = Dominância Absoluta, DoR = Dominância Relativa, VC

= Valor de Cobertura e VI= Valor de Importância

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137

Observa-se que as espécies que apresentaram o valor de importância (VI) e valor de

cobertura (VC) mais expressivo na área estudada, em ordem decrescente foram: Croton

blanchetianus (VI= 28,38%), Piptadenia stipulacea (VI= 17,68%), Poincianella pyramidalis

(VI= 12,86%), Mimosa sp (VI= 5,9%) e Allophylus quercifolius (VI= 5,17%) (Figura 11). A

importância pode ser atribuída principalmente à alta densidade de indivíduos na área

estudada, obtiveram maior valor de importância totalizando 69,99% do valor total e valor de

cobertura com um total de 78,42%.

De acordo com Andrade et al. (2005), os baixos valores de VI constatados para a

maioria das espécies, refletem a predominância de indivíduos de pequeno porte, ou ainda a

presença de poucos indivíduos para a maioria das espécies. Verificou-se que o Croton

blanchetianus sobressaiu em todos os parâmetros estudados, pode ser considerado um das

espécies mais importante dentro do ecossistema terrestre.

Figura 11. Valor de importância de cada espécie amostrada em uma área de Caatinga no

município de Campina Grande-PB.

0

5

10

15

20

25

30

Cro

ton b

lanch

etia

nus

Pip

taden

ia s

tip

ula

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Po

inci

an

ella

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Gu

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pa

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us

Cer

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Cyn

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ha

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Ma

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Eu

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long

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sum

An

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Va

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de

Imp

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ân

cia

(%

)

Espécies

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138

3.4.2. Índice de diversidade de Shannon-Weaver (H’)

O índice usado para avaliar a diversidade florística da área estudada foi o Índice de

Shannon-Weaver (H’). Este índice expressa a diversidade da vegetação e, quanto maior for o

valor de H’, maior também será a diversidade florística da comunidade em estudo (PERKINS,

1982; BROWER; ZAR, 1984).

O valor encontrado para o índice de Shannon (H’) foi de 1,39, o qual este valor esta

baixo quando comparado com outros trabalhos de levantamento realizado em áreas de

caatinga como Andrade et al., (2005) (H’= 1,51 e 1,43), Santana e Souto (2006) (H’=2,35),

Araújo et al. (2012) (H’= 1,47, 1,45 e 1,69); Barbosa (2011) (H’= 1,98); Pereira Junior,

Andrade e Araújo (2012) (H’= 2,29) e no Rio Grande do Norte por Amorim et al. (2005)

(H’= 1,86 e 1,94), Freitas et al. (2007) (H’ = 1,44 e 0,19).

3.4.3. Índice de Agregação ou Índice de MacGuinnes (IGA)

O índice de MacGuinnes (IGA) se refere à distribuição espacial de uma espécie, no

qual é possível visualizar esta distribuição dentro da comunidade, as quais podem ser

classificadas, de acordo com a sua distribuição espacial, em: agregadas, com tendência ao

agrupamento, uniformes ou aleatórias.

Observa-se que as espécies que apresentaram o padrão de distribuição agregada de

acordo com o índice de McGuines foram Croton blanchetianus (IGA= 4,09), Piptadenia

stipulacea (IGA= 3,18), Allophylus quercifolius (IGA= 3,35), Bauhinia cheilantha (IGA=

2,48) e Manihot carthaginensis (IGA= 2,21), totalizando cinco espécies na área experimental

(Tabela 3). Segundo Matteucci e Colma (1982), as causas da agregação das espécies podem

ser diversas, tais como: a variação das condições do habitat, método de dispersão das

espécies, modificações do local por essa ou outras espécies. O padrão de distribuição

agregado tem sido relacionado também às condições edáficas e à estrutura da mata (WARD e

PARKER, 1989).

As espécies que apresentaram tendência ao agrupamento foram: Poincianella

pyramidalis, Mimosa sp, Chloroleucon foliolosum, Guettarda sericea, Pilosocereus

pachycladus, Cynophalla flexuosa, Aspidosperma pyrifolium, Jatropha molíssima,

Tournefortia rubicunda, Neocalyptrocalyx longifolium, Lantana camara, Commiphora

leptophloeos. E as demais foram uniformes de acordo o índice de MacGuinnes (IGA),

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139

totalizando nove espécies (Tabela 3). A maioria das espécies encontradas na área do presente

estudo foi classificada como tendência ao agrupamento ou uniformes, provavelmente a área

ainda não atingiu um estado maduro e avançado de desenvolvimento.

Segundo Matteucci e Colma (1982), o tipo de padrão de distribuição espacial vai

depender do tamanho das áreas amostrais e da distância entre estas. Unidades menores e mais

distantes entre si denotam um padrão aleatório na distribuição das espécies. Se as unidades

são maiores, os resultados refletirão um padrão agregado. Isso justifica o fato de grande parte

das espécies encontradas na área terem o padrão de distribuição uniforme.

Tabela 3. Classificação quanto à agregação pelo índice de MacGuinnes dos indivíduos

amostrados em uma área de Caatinga no município de Campina Grande-PB

Nome Científico Nome Comum Ui IGA Classificação IGA

Croton blanchetianus Baill. Marmeleiro 39 4,09 Agregada

Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke Jurema branca 38 3,18 Agregada

Poincianella pyramidalis (Tul.) Catingueira 32 1,85 Tendência Agrupamento

Mimosa sp. Unha de gato 27 1,53 Tendência Agrupamento

Allophylus quercifolius R. Sipaúba 18 3,35 Agregada

Chloroleucon foliolosum (Benth.) Arapiraca 19 1,16 Tendência Agrupamento

Bauhinia cheilantha (Bong.) Mororó 13 2,48 Agregada

Guettarda sericea Müll.Arg. Veludo 12 1,47 Tendência Agrupamento

Pilosocereus pachycladus F. Ritter Facheiro 10 1,22 Tendência Agrupamento

Cereus jamacaru Dc. Mandacaru 9 0,98 Uniforme

Cynophalla flexuosa (L.) Feijão bravo 13 1,14 Tendência Agrupamento

Ziziphus joazeiro Mart. Juazeiro 7 0,91 Uniforme

Aspidosperma pyrifolium Mart. Pereiro 7 1,3 Tendência Agrupamento

Jatropha mollissima (Pohl) Baill. Pinhão brabo 10 2 Tendência Agrupamento

Tournefortia rubicunda Salzm. Cipó-de-nego 8 1,12 Tendência Agrupamento

Manihot carthaginensis (Jacq.) Mull. A. Maniçoba 7 2,21 Agregada

Euphorbia tirucalli L. Aveloz 1 0,99 Uniforme

Neocalyptrocalyx longifolium Mart. Icó 4 1,19 Tendência Agrupamento

Lantana camara L. Chumbinho 4 1,9 Tendência Agrupamento

Guapira sp. João mole 3 0,96 Uniforme

Commiphora leptophloeos Mart. Umburana 3 1,28 Tendência Agrupamento

Spondias tuberosa Arruda Câm. Umbu 2 0,97 Uniforme

Libidibia ferrea Mart. Jucá 1 0,99 Uniforme

Schinopsis brasiliensis Engl. Baraúna 1 0,99 Uniforme

Sapium glandulosum (L.) Burra leiteira 1 0,99 Uniforme

Anadenanthera colubrina (Vell.)

Angico de

caroço 1 0,99 Uniforme Ui = Número de unidades amostrais em que ocorre a espécie, IGA = Índice de agregação MacGuinnes.

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140

3.4.4. Distribuição das classes diâmetro

Observa-se na área experimental que os maiores números de indivíduos ocorreram a

partir da segunda classe diamétrica de 3 a 6 cm (701) e na terceira classe de 6,1 a 9 cm (354)

(Figura12). O maior diâmetro observado foi de 149 cm pertencente à espécie catingueira

(Poincianella pyramidalis). Dados semelhantes foram encontrados por Barbosa (2011), com

relação ao maior número de indivíduos na segunda e terceira classe diamétrica. Pereira Junior,

Andrade e Araújo (2012), observaram o maior diâmetro de 114 cm para a espécie catingueira

(Poincianella pyramidalis) e o menor diâmetro, foi de 3 cm, pertencente a um indivíduo de

catinga branca (Croton rhamnifolioides). As diferenças existentes entre as distribuições

diamétricas das espécies podem está relacionadas a diversos fatores, incluindo aspectos da

história natural de cada espécie e do histórico de perturbações do fragmento (MACHADO et

al., 2004).

Comparando com outros estudos realizados na região semiárida, foi verificado maior

número de indivíduos em classes diamétricas menores, ratificando o grau de desenvolvimento

dos indivíduos (RODAL, 1992; PEREIRA, 2000; ARAÚJO, 2007), bem como do nível de

antropização e do histórico de uso do fragmento de caatinga estudado.

Figura 12. Distribuição do número de indivíduos por classe de diâmetro em uma área de

Caatinga no município de Campina Grande-PB.

79

701

354

155

88 36 30 9 13 6 2 2 1 2 4

0

100

200

300

400

500

600

700

800

mer

o d

e In

div

ídu

os

Classe de Diâmentro (cm)

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141

3.4.5. Distribuição das classes altura

A distribuição percentual dos indivíduos por classes de altura mostrou também maior

concentração de plantas nas classes mais inferiores, ocorrendo gradual redução à medida que

se aproxima das classes com maior valor de altura, com 102 indivíduos se concentrando na

primeira classe (1-2 m), 465 na segunda (2,1- 3,0 m), 553 na terceira (3,1-4,0 m) e 273 na

quarta classe (4,1-5,0 m) (Figura 13), mostrando haver uma serie geométrica decrescente,

demonstrando uma população equilibrada em processo de regeneração, como também

observou Martins (1991).

As espécies com maior altura media foram Pilosocereus pachycladus e Cereus

jamacaru, atingindo uma faixa de 10 m, enquanto as mais baixas foram Jatropha molíssima e

Cynophalla flexuosa com altura inferior a 2 m. As demais espécies se situaram na faixa de 2,0

m a 9 m. Observa-se que a maior concentração de indivíduos ocorreu nas classes de menor

altura, ocorrendo o contrário para as classes de maior valor. Segundo Santana e Souto (2006),

afirmam que a baixa altura média, deve-se ao número de indivíduos amostrados que

pertencem a espécies consideradas arbustivas, o que contribui para redução deste parâmetro.

Dados semelhantes foram encontrados por Amorim et al. (2005) que constataram

apenas duas plantas com mais de 8 m de altura, em estudo realizado em área de caatinga no

Seridó do Rio Grande do Norte. Como também aos constatados por Araújo (2010), o qual

registrou sete indivíduos com até 7 m de altura.

Figura 13. Distribuição do número de indivíduos por classe de altura em uma área de

Caatinga no município de Campina Grande-PB.

102

465

553

273

76

7 2 2 2 0

100

200

300

400

500

600

mer

o d

e in

div

ídu

os

Classe de Altura (m)

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142

4.0. Análise química-bromatológica

Na tabela 4, estão apresentadas as percentagens de MS, os teores de PB, MM, EE,

FDN, FDA, LIG e MO e os coeficientes de variação. Verificou-se efeito significativo

(P<0,01) para as variáveis MS, MO, FDA e LIG. De acordo com os coeficientes de variação,

pode-se julgar a grande variabilidade entre as espécies avaliadas. As diferenças dos

percentuais entre as espécies mororó, feijão-bravo, jurema-preta, marmeleiro, catingueira,

jurema-branca e unha-de-gato podem estar relacionadas à idade fisiológica da planta e aos

fatores edafoclimáticos da região. Espécies forrageiras diferentes, crescendo nas mesmas

condições ambientais podem demonstrar características nutritivas diferentes, resultando

variações na composição química das espécies.

Dentre os fatores que alteram a qualidade de uma planta forrageira, destacam-se as

características inerentes à espécie e estádio de desenvolvimento. Com a maturidade reduz-se a

concentração de proteína (RAUZI et al., 1969; KILKER, 1981) nas folhas. As reduções nos

teores de proteína bruta parecem ser as principais alterações químicas observadas na

composição da matéria seca.

Dados semelhantes foram encontrados por Almeida Neto et al. (2011), trabalhando com

feijão-bravo registraram 91,95% de matéria orgânica, 8,17% de proteína bruta, 5,37% de

extrato etéreo e 8,05% de matéria mineral. Moreira et al. (2006), observaram valores

superiores para (FDN 49,06%, FDA 40,53% e PB 13,1%), valores semelhantes de MM

(7,49%), e dados inferiores de EE (1,74%) avaliando folhas do mororó em áreas de caatinga.

O teor de proteína bruta (PB) presente na catingueira, verificado neste trabalho, foi de 8,91%.

Este teor pode ser considerado baixo, quando comparado com 17,06% (BRAGA, 1960),

15,25% (ARAÚJO FILHO e SILVA, 1994) e 14,4% (ARAÚJO FILHO et al., 1998) 11,70%

(VASCONCELOS, 1997) e 11,81% (LIMA, 1996).

A concentração de taninos condensados solúvel variou entre as espécies de marmeleiro

(1,11%) e jurema branca (16,02%). Já na concentração de tanino condensado ligado às

espécies avaliadas permaneceram constantes não apresentando diferença entre si. Verificou-se

que a espécie mororó apresentou o menor valor para tanino condensado ligado. As espécies se

comportaram de forma distinta quanto à forma de apresentação do tanino em suas folhas.

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143

Tabela 4. Composição bromatológica de material foliar das espécies coletadas em uma área de Caatinga no município de Campina

Grande -PB

Variáveis Espécies Mororó Feijão-bravo Jurema-preta Marmeleiro Catingueira Jurema branca Unha-de-gato CV %

MS* 46,27ab 45,04ab 44,46ab 42,38b 49,46ab 44,55ab 57,37a 0,40

MO 94,01ab 92,28b 95,36ab 93,55ab 96,32ab 94,38ab 96,70a 0,20

MM 6,42a 8,06a 4,99a 6,89a 3,90a 3,74a 3,15a 3,75

PB 9,38a 10,14a 12,10a 9,68a 8,91a 13,51a 15,2a 21,42

EE 2,75a 6,37a 11,59a 4,81a 6,99a 5,21a 7,35a 22,63

FDN 43,31a 46,50a 50,14a 43,36a 38,44a 55,26a 24,83a 21,80

FDA 29,32ab 34,21ab 46,15a 26,85ab 31,66ab 41,59ab 11,01b 15,07

LIG 8,07ab 14,03a 11,87a 7,10ab 5,81ab 5,71ab 2,93b 7,86

TCS 2,99ab 6,27ab 2,03ab 0,76b 2,88ab 16,02a 5,00ab 100,00

TCL 0,17b 5,56a 0,52ab 0,34ab 1,95ab 0,41ab 4,26a 115,52

TT 3,15ab 11,84ab 2,56ab 1,11b 4,83ab 16,43a 9,26ab 80,40 Médias com letras distintas, na mesma linha, diferem estatisticamente pelo teste de Kruskal - Wallis ao nível de 1% de probabilidade. *matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em

detergente ácido (FDA), lignina (LIG), tanino condensado solúvel (TCS), tanino condensado ligado (TCL) e tanino total (TT)

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144

O principal enfoque dado à presença de taninos condensados nas forrageiras tropicais é

sua importante ação antinutricional quando em alta concentração (acima de 5% da MS). Os

valores obtidos nesse trabalho podem ser considerados de moderados a baixos, se referenciada

a literatura e, provavelmente, não acarretam em problemas de ordem nutricional. Os valores

em lignina foram mais baixos na unha-de-gato (2,93%), e elevados no feijão-bravo e jurema-

preta.

Beelen (2002) encontrou 20,7% de tanino condensado (TC) na matéria seca (MS) das

folhas de jurema preta, 12,7% das folhas de mororó e 20,1% das folhas de sabiá. Este autor

afirma que a alta concentração de tanino condensado influencia negativamente a degradação

ruminal da matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente neutro, como, também, diminuiu

o consumo, a adesão microbiana às folhas das forrageiras e reduz a atividade enzimática no

conteúdo ruminal de caprinos. Lima (1996), ao analisar a parte aérea da maniçoba, detectou a

presença de 2,3% de tanino condensado. Nozella (2001), ao estudar plantas do Nordeste com

potencial forrageiro, encontrou 9% de tanino condensado no angico (Anadenanthera

macrocarpa benth) e 1,4% no feijão-bravo (Capparis flexuosa).

Houve influência (p<0,01) para MS, MO, TCS e TT entre as espécies estudadas

(Tabela 5). Os valores para teores de PB, MM, EE, FDN, FDA, LIG e TCL não diferiram

estatisticamente entre as espécies: mororó, feijão-bravo, jurema-preta, marmeleiro,

catingueira, jurema branca e unha-de-gato. Não foram encontrados dados na literatura que

corroborassem com os valores encontrados na tabela 5 de composição bromatológica dos

ramos finos das espécies.

Comparando os teores de proteína bruta entre folhas e ramos finos, verificou-se que as

maiores concentrações de proteína bruta ocorreram nas folhas sendo de alto valor biológico,

variando muito pouco entre as espécies, e não se alterando significativamente, nem com o

declínio dos teores de proteína bruta devido à maturidade, nem com o aumento da proteína

bruta em razão do período chuvoso (Tabela 4 e 5).

As espécies comportaram-se de forma distinta quanto à forma de apresentação do

tanino em seus ramos. As espécies que apresentaram maior teor de taninos totais foram:

jurema-preta e marmeleiro com 45,74% e 23,39%, respectivamente. A baixa quantidade de

tanino observada para as espécies mororó, feijão-bravo, catingueira, jurema branca e unha-de-

gato é um fator positivo para o uso destas como forrageiras in natura ou conservadas na

forma de feno ou silagem.

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Tabela 5. Composição bromatológica das hastes de espécies coletadas em uma área de Caatinga no município de Campina Grande - PB

Variáveis Espécies

Mororó Feijão-bravo Jurema-preta Marmeleiro Catingueira Jurema branca Unha-de-gato CV %

MS 55,35ab 47,92b 49,55ab 49,53ab 56,61ab 58,88ab 64,45a 0,33

MO 88,18ab 94,81b 97,38ab 96,64ab 95,87ab 98,28a 97,7ab 4,66

MM 5,15a 5,19a 2,62a 3,36a 4,13a 1,72a 2,30a 11,04

PB 3,11a 7,97a 5,63a 4,08a 3,96a 3,61a 6,17a 18,59

EE 2,01a 2,85a 3,17a 4,94a 2,22a 1,52a 2,95a 43,44

FDN 59,63a 66,00a 53,99a 63,54a 65,19a 80,56a 49,05a 23,94

FDA 46,87a 43,34a 40,49a 52,94a 46,09a 63,23a 56,85a 5,83

LIG 15,72a 14,03a 11,49a 11,43a 12,24a 21,37a 14,28a 3,50

TCS 1,61b 5,42ab 40,59a 20,68a 10,93ab 3,31ab 14,75ab 97,55

TCL 3,43a 3,25a 5,15a 2,72a 0,64a 2,95a 0,34a 63,17

TT 5,04b 8,67ab 45,74a 23,39a 11,57ab 6,26ab 15,09ab 86,45 Médias com letras distintas, na mesma linha, diferem estatisticamente pelo teste de Kruskal - Wallis ao nível de 1% de probabilidade. Legenda: matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em

detergente ácido (FDA), lignina (LIG), tanino condensado solúvel (TCS), tanino condensado ligado (TCL) e tanino total (TT).

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5. Conclusão

As famílias mais representativas na área de Caatinga estudada são Fabaceae e

Euphorbiaceae;

As espécies Croton blanchetianus, Piptadenia stipulacea, Poincianella

pyramidalis apresentam os maiores valores de importância;

As espécies encontradas na área em sua maioria apresenta padrão de distribuição

com tendência ao agrupamento ou uniforme;

A maior concentração de indivíduos é verificada nas menores classes

diamétricas e o maior número de indivíduos nas menores classes de altura na área

estudada;

Dentre as variáveis químico-bromatológica estudadas a proteína bruta, lignina,

FDN, FDA e extrato etéreo não apresenta diferença entre si com relação às folhas.

As espécies mororó, jurema-preta, marmeleiro, catingueira e unha-de-gato

apresentam baixas concentrações de taninos condensados totais para folhas quando

comparado com a parte de hastes superiores, as demais espécies feijão-bravo e jurema

branca os resultados de folhas são superiores quando comparado com as hastes.

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Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e

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Page 153: ATRIBUTOS QUÍMICO-BROMATOLÓGICOS DE ESPÉCIES DA …ww2.pdiz.ufrpe.br/sites/ww2.prppg.ufrpe.br/files/ariane_loudemila... · Mas não há uma fórmula mágica que nos faça chegar

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7. Considerações Finais

A fauna do solo pode ser usada como indicadora de qualidade do solo, pois se

mostra sensível às perturbações no ambiente, além de ser fácil e econômica de medir,

auxiliando na tomada de decisões para um manejo ecológico mais sustentável do solo.

Estudos com relação à cinética da respiração edáfica, ajudam entender e

esclarecer muitos processos que ocorrem no solo da região Nordeste, e são importantes

na recuperação de áreas degradadas.

Devido a grande diversidade de espécies, recomenda-se que outros trabalhos

sejam realizados, para avaliação florística e fitossociológica, para que se mantenham a

preservação das comunidades vegetais na região do Nordeste brasileiro.