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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA NÍVEIS DE METIONINA+CISTINA PARA GALINHAS POEDEIRAS LEVES NAS FASES DE RECRIA E POSTURA MARCELO HELDER MEDEIROS SANTANA AREIA PB FEVEREIRO - 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE …ww2.pdiz.ufrpe.br/sites/ww2.prppg.ufrpe.br/files/marcelo_helder... · Nutrição animal 3. Galinhas ... em especial Josa e Ramalho,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

NÍVEIS DE METIONINA+CISTINA PARA GALINHAS POEDEIRAS LEVES NAS

FASES DE RECRIA E POSTURA

MARCELO HELDER MEDEIROS SANTANA

AREIA – PB

FEVEREIRO - 2014

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

NÍVEIS DE METIONINA+CISTINA PARA GALINHAS POEDEIRAS LEVES NAS

FASES DE RECRIA E POSTURA

MARCELO HELDER MEDEIROS SANTANA

Zootecnista

AREIA – PB

FEVEREIRO - 2014

iii

MARCELO HELDER MEDEIROS SANTANA

NÍVEIS DE METIONINA+CISTINA PARA GALINHAS POEDEIRAS

LEVES NAS FASES DE RECRIA E POSTURA

Tese apresentada ao Programa de

Doutorado Integrado em Zootecnia da

Universidade Federal da Paraíba,

Universidade Federal Rural de

Pernambuco e Universidade Federal do

Ceará, como requisito parcial para

obtenção do título de Doutor em

Zootecnia.

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa – Orientador Principal

Prof. Dra. Patrícia Emília Naves Givisiez

Prof. Dr. Ricardo Romão Guerra

AREIA – PB

FEVEREIRO – 2014

iv

Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.

S232n Santana, Marcelo Helder Medeiros.

Níveis de metionia+cistina para galinhas poedeiras leves nas fases de recria e postura / Marcelo Helder Medeiros Santana. - Areia: UFPB/CCA, 2014.

127f. : il. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2014.

Bibliografia.

Orientadores: Fernando Guilherme Perazzo Costa

1. Avicultura 2. Nutrição animal 3. Galinhas poedeiras -

alimentação I. Costa, Fernando Guilherme Perazzo (Orientador) II.

Título.

UFPB/CCA CDU: 636.5(043.2)

v

vi

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

MARCELO HELDER MEDEIROS SANTANA – Nascido em 18 de fevereiro de

1986 na cidade de Campina Grande – PB. Cursou o ensino fundamental e médio nas escolas,

Carl Rogers e Colibri Athenas, na cidade de João Pessoa – PB, concluindo o período escolar

no ano de 2003. No ano seguinte ingressou no Bacharelado em Zootecnia da Universidade

Federal da Paraíba, Campus II, Areia – PB, sendo monitor da disciplina de Genética Animal

durante o ano de 2007 e bolsista PIBIC/CNPq no ano de 2008, graduando-se no início do ano

de 2009. No mesmo ano ingressou no curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em

Zootecnia da UFPB, Areia – PB, concentrando seus estudos na área de Produção e Nutrição

de Não Ruminantes, obtendo o título de Mestre em Zootecnia em 25 de Fevereiro de 2011.

Em Março de 2011, ingressou no curso de Doutorado em Zootecnia no Programa de

Doutorado Integrado em Zootecnia, UFPB/UFRPE/UFC. Em fevereiro de 2014, submeteu-se

à defesa da Tese para obtenção do título de Doutor em Zootecnia.

vii

Aos meus pais, familiares e amigos

À minha esposa

DEDICO

viii

AGRADECIMENTOS

A Deus, que nos mostra os caminhos a percorrer na vida, nos conforta nos

momentos difíceis e dá sentido a todas as coisas da vida.

Aos meus familiares, em especial os meus pais, irmãos, tios, primos e avó, pela

dedicação na minha educação, ensinamentos e estímulo ao estudo, ao longo dos anos

na minha carreira.

A minha querida esposa Ana Maria Medeiros de A. Santana por todo amor

cedido, que me tranquiliza, me conforta e que me dá forças pra seguir em frente e

enfrentar todas as barreiras da vida.

Aos meus professores e mestres do Ensino Médio, em especial “Tia Leila”,

“Tia Edilma” e “Tia Diva”, por terem iniciado e embasado os meus primeiros passos

na minha carreira profissional, os meus sinceros agradecimentos.

Ao Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal da Paraíba, por

oferecer toda a estrutura para a minha formação, desde a graduação ao doutorado.

A todos os meus professores da universidade, em especial os meus

orientadores, Professora Patrícia Emília Naves Givisiez e o Professor Fernando

Guilherme Perazzo Costa, pelos ensinamentos, confiança e oportunidades oferecidas

ao longo da minha carreira acadêmica.

Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia e ao Programa de Doutorado

Integrado em Zootecnia, da Universidade Federal da Paraíba, por toda a estrutura

física e acadêmica, durante a minha formação na pós-graduação.

A CAPES, Adisseo Animal Nutrition e Granja Planalto, pelo apoio a realização

da pesquisa.

Aos membros do Grupo de Estudos em Tecnologias Avícolas (GETA), pelo

companheirismo, ajuda e força para a realização dos trabalhos que envolveram esta

pesquisa.

Aos funcionários do aviário, em especial Josa e Ramalho, pela dedicação e

ajuda para a realização da pesquisa.

ix

Aos meus amigos de universidade, em especial Pessoa, Élcio, Denise (Tuca),

Danielly, Sarah, Rafael e Bruno, pela amizade construída e pela força e dedicação nos

momentos mais difíceis da minha formação.

Aos meus amigos de infância, em especial Luis, Euriko, Renata, Ernani,

Daniel, Paulo Vitor (PV), Larissa, Guilherme, Gabriel, dentre outros, pelo

companheirismo e amizade, que me dá forças e que, apesar da distância, se mantêm

forte e unida.

Aos meus novos colegas de trabalho do IFAC – Sena Madureira, pela força e

companheirismo demonstrados nesse pouco tempo de convivência.

A todas as pessoas que participaram direta ou indiretamente da construção

desse sonho realizado, meus sinceros agradecimentos a todos.

x

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. x

LISTA DE FIGURAS................................................................................................. xii

RESUMO GERAL ...................................................................................................... xiv

GENERAL ABSTRACT............................................................................................. xvi

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 3

Referencial teórico .............................................................................................. 3

Introdução ........................................................................................................... 4

Metabolismo de aminoácidos sulfurosos ............................................................ 6

Influência dos níveis de metionina + cistina sobre o desempenho de galinhas

poedeiras na fase de crescimento e postura .................................................................... 9

Influência dos níveis de metionina + cistina sobre a atividade imunológica de

galinhas poedeiras ........................................................................................................ 18

Considerações Finais ........................................................................................ 23

Referências Bibliográficas ................................................................................ 25

CAPÍTULO 2 .............................................................................................................. 33

Níveis de metionina + cistina para galinhas poedeiras leves na fase de recria 33

Resumo ............................................................................................................. 34

Abstract ............................................................................................................. 36

Introdução ......................................................................................................... 38

Material e métodos ........................................................................................... 39

Resultados e discussão ...................................................................................... 44

Conclusões ........................................................................................................ 70

CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 76

Níveis de metionina + cistina para poedeiras leves na fase de postura ............ 76

Resumo ............................................................................................................. 77

Abstract ............................................................................................................. 79

Introdução ......................................................................................................... 80

xi

Material e métodos ........................................................................................... 81

Resultados e discussão ...................................................................................... 85

Conclusões ...................................................................................................... 106

Referências bibliográficas .............................................................................. 107

LISTA DE TABELAS

Capítulo 1 – Referencial Teórico: Níveis de metionina + cistina para poedeiras

leves nas fases de recria e postura

Tabela 1. Composição de aminoácidos essenciais do ovo em pó (mg de

aminoácido/g de proteína) ........................................................................................... 15

Capítulo 2 – Níveis de metionina + cistina para poedeiras leves na fase de recria

Tabela 2. Ingredientes e composição química das dietas experimentais .......... 40

Tabela 3. Efeito dos tratamentos sobre o peso vivo final (PF, g/ave), ganho de

peso (GP, g/ave), consumo de ração (CR, g/ave), conversão alimentar (CA, g/g),

consumo de metionina + cistina (CMC, mg/ave/dia) e consumo de lisina (CLIS,

mg/ave/dia), de poedeiras leves de 13 a 18 semanas de idade ..................................... 44

Tabela 4. Propriedades dos modelos não-lineares utilizados na curva de

crescimento de poedeiras leves de 13 a 18 semanas de idade ...................................... 50

Tabela 5. Efeitos dos tratamentos sobre a atividade da albumina (ALB, g/dL),

alanina aminotransferase (ALT, U/L), aspartato aminotransferase (AST, U/L),

creatinina (CRE, mg/dL), gamma-glutamiltransferase (GGT, U/L) e da proteína sérica

(PTN, g/dL), das aves 13 a 18 semanas de idade ......................................................... 52

Tabela 6. Efeitos dos tratamentos sobre o peso relativo (%) do peso sem

vísceras (PSV), fígado (FIG), baço (BAÇO) e gordura celomática (GCE) das aves com

18 semanas de idade ..................................................................................................... 62

Tabela 7. Efeito residual dos tratamentos sobre a idade ao primeiro ovo (IPO,

dias), peso ao primeiro ovo (PPO, g), número de ovos no período (NOP, total de

ovos), número de dias de produção (NDP, dias), taxa de postura (TXP, %), peso médio

dos ovos (PMO, g) e massa de ovos (MO, g/ave/dia) das de 18 a 29 semanas de idade

...................................................................................................................................... 66

xii

Tabela 8. Efeito residual dos tratamentos sobre a produção de ovos (PR, %),

peso do ovo (PO, g), massa de ovos (MO, g/ave/dia), gravidade específica (GE,

g/mL), espessura de casca (ESPC, mm), percentagem de albúmen (ALB, %), gema

(GEM, %) e casca (CASCA, %), das aves de 34 a 50 semanas de idade .................... 67

Tabela 9. Efeito residual dos tratamentos sobre a produção de ovos (PR, %),

peso do ovo (PO, g), massa de ovos (MO, g/ave/dia), percentagem de albúmen (ALB,

%), gema (GEM, %), casca (CASCA, %), gravidade específica (GE, g/mL) e

espessura de casca (ESPC, mm) das aves de 54 a 70 semanas de idade ...................... 69

Capítulo 3 – Níveis de metionina + cistina para poedeiras leves na fase de postura

Tabela 10. Ingredientes e composição química das dietas experimentais ........ 82

Tabela 11. Efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração (CR, g/ave/dia),

produção de ovos (PR, %), peso do ovo (PO, g), massa de ovos (MO, g), conversão

alimentar por massa de ovos (g/g), conversão alimentar por dúzia de ovos (kg/dz),

porcentagem de gema (GEM, %), albúmen (ALB, %) e casca (CASCA, %), espessura

da casca (ESPC, mm), gravidade específica (GE, g/mL), consumo de metionina +

cistina (CMC, mg/ave/dia) e consumo de lisina (CLIS, mg/ave/dia) de poedeiras leves

de 34 a 50 semanas de idade......................................................................................... 86

Tabela 12. Efeito dos tratamentos sobre o peso relativo (%) do peso sem

vísceras (PSV), fígado (FIG), baço (BAÇ) e gordura celomática (GCE) das aves com

50 semanas de idade ................................................................................................... 101

Tabela 13. Efeito residual dos tratamentos sobre a produção de ovos (PR, %),

peso do ovo (PO, g), massa de ovos (MO, g/ave/dia), espessura de casca (ESPC, mm),

percentagem de albúmen (ALB, %), gema (GEM, %) e casca (CASCA, %), das aves

de 54 a 70 semanas de idade....................................................................................... 103

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 1 – Referencial Teórico: Níveis de metionina + cistina para poedeiras

leves nas fases de recria e postura

Figura 1. Metabolismo de aminoácidos sulfurosos, colina (CHOL) e betaína

(BET) ............................................................................................................................. 8

xiii

Figura 2. Perfil de crescimento ou ganho de peso semanal de frangas de

reposição ....................................................................................................................... 11

Capítulo 2 – Níveis de metionina + cistina para poedeiras leves na fase de recria

Figura 3. Peso vivo final de poedeiras leves com 18 semanas de idade,

alimentadas com níveis de metionina + cistina ............................................................ 46

Figura 4. Ganho de peso de poedeiras leves com 18 semanas de idade,

alimentadas com níveis de metionina + cistina ............................................................ 47

Figura 5. Conversão alimentar de poedeiras leves com 18 semanas de idade,

alimentadas com níveis de metionina + cistina ............................................................ 47

Figura 6. Consumo de metionina + cistina de poedeiras leves com 18 semanas

de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina ............................................. 48

Figura 7. Curva de crescimento de poedeiras leves de 13 a 18 semanas de

idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina e ajustada de acordo com o

modelo de Brody .......................................................................................................... 51

Figura 8. Efeito dos tratamentos sobre o nível de albumina (g/dL) de poedeiras

leves com 18 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina ........ 54

Figura 9. Efeito dos tratamentos sobre o nível de proteína sérica (g/dL) de

poedeiras leves com 18 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina +

cistina ............................................................................................................................ 54

Figura 10. Fotomicrografias do fígado de poedeiras leves com 18 semanas de

idade suplementadas com níveis de metionina + cistina .............................................. 57

Figura 11. Imagens de microscopia eletrônica do intestino de poedeiras leves

com 18 semanas de idade suplementadas com níveis de metionina + cistina .............. 59

Figura 12. Fotomicrografias do magno de poedeiras leves com 18 semanas de

idade suplementadas com níveis de metionina + cistina e imagem de microscopia

eletrônica do magno ..................................................................................................... 61

Figura 13. Efeito dos tratamentos sobre o peso relativo (%) do baço de

poedeiras leves com 18 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina +

cistina ............................................................................................................................ 63

Figura 14. Efeito residual dos tratamentos sobre a porcentagem de gema de

poedeiras leves de 34 a 50 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina +

cistina ............................................................................................................................ 68

xiv

Capítulo 3 - Níveis de metionina + cistina para poedeiras leves na fase de postura

Figura 15. Efeito dos tratamentos sobre a produção de ovos de poedeiras leves

de 34 a 50 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina............. 90

Figura 16. Efeito dos tratamentos sobre a massa de ovos de poedeiras leves de

34 a 50 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina ................. 91

Figura 17. Efeito dos tratamentos sobre a conversão alimentar por massa de

ovos de poedeiras leves de 34 a 50 semanas de idade, alimentadas com níveis de

metionina + cistina ....................................................................................................... 91

Figura 18. Efeito dos tratamentos sobre a conversão alimentar por dúzia de

ovos de poedeiras leves de 34 a 50 semanas de idade, alimentadas com níveis de

metionina + cistina ....................................................................................................... 92

Figura 19. Fotomicrografias do fígado de poedeiras leves com 50 semanas de

idade suplementadas com níveis de metionina + cistina .............................................. 95

Figura 20. Fotomicrografias do intestino delgado de poedeiras leves com 50

semanas de idade suplementadas com níveis de metionina + cistina ........................... 97

Figura 21. Fotomicrografias do magno de poedeiras leves com 50 semanas de

idade suplementadas com níveis de metionina + cistina .............................................. 99

Figura 22. Fotomicrografias do útero de poedeiras leves com 50 semanas de

idade suplementadas com níveis de metionina + cistina ............................................ 100

Figura 23. Efeito residual dos tratamentos sobre a produção de ovos de

poedeiras leves de 54 a 70 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina +

cistina .......................................................................................................................... 105

xv

NÍVEIS DE METIONINA+CISTINA PARA GALINHAS POEDEIRAS LEVES

NAS FASES DE RECRIA E POSTURA

RESUMO GERAL

Objetivou-se com esse trabalho avaliar os níveis de metionina + cistina para galinhas

poedeiras leves na fase de recria (13 a 18 semanas de idade) e na fase de postura (34 a

50 semanas de idade), além do efeito residual nas fases subsequentes. Foram

desenvolvidos seis experimentos, divididos em dois períodos experimentais. No

primeiro período 480 aves foram distribuídas em um delineamento inteiramente

casualizado, com seis tratamentos (níveis de metionina + cistina), 10 repetições, com

oito aves por unidade experimental, para a fase de avaliação das dietas experimentais.

Em seguida foi avaliado o efeito residual da fase anterior no período de produção: pré-

postura (18 a 29 semanas), postura I (34 a 50 semanas) e postura II (54 a 70 semanas),

com oito repetições e oito aves por unidade experimental, e seis repetições e seis aves

por parcela, respectivamente. No segundo período 336 aves foram distribuídas em um

delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos (níveis de metionina +

cistina), 14 repetições e quatro aves por unidade experimental, para a fase de avaliação

das dietas experimentais. Posteriormente foi avaliado o efeito residual da fase anterior

no período da postura II (54 a 70 semanas), com sete repetições e quatro aves por

unidade experimental. Os tratamentos dietéticos consistiram de um tratamento

controle com base nas exigências de metionina + cistina de acordo com o NRC (1994)

e outras cinco dietas com variações dos níveis de aminoácidos sulfurosos digestíveis,

de acordo com as tabelas brasileiras de exigências nutricionais, equivalentes a 80, 90,

100, 110 e 120% das recomendações nutricionais para a fase de recria e postura.

Foram avaliados dados de desempenho zootécnico e qualidade dos ovos, além de

análise sorológica e histopatológica. Para a fase de recria houve efeito linear crescente

para o peso vivo final, ganho de peso e consumo de metionina + cistina, efeito linear

decrescente para conversão alimentar e efeito quadrático para a atividade da albumina,

níveis de proteínas séricas, porcentagem de gema (postura I) e peso relativo do baço.

As exigências de metionina + cistina estimadas para estas características foram de

91,25% (0,361%), 87,40% (0,346%), 107,79% (0,426%) e 100,44% (0,398%) para

xvi

atividade da albumina, nível de proteína sérica, porcentagem de gema e peso relativo

do baço, respectivamente. Para a fase de postura houve efeito quadrático significativo

para produção e massa de ovos, e conversão por massa e por dúzia de ovos, sendo as

exigências de metionina + cistina estimadas para essas características em 103,25%

(0,691%), 102,91% (0,689%), 110,03% (0,737%) e 109,03% (0,730%),

respectivamente. Também houve efeito quadrático significativo para produção de ovos

(postura II), sendo estimada a exigência de metionina + cistina para essa variável em

105,72% (0,708%). Recomenda-se o nível de metionina + cistina digestível superior a

0,475% (120%) para a fase de recria (13 a 18 semanas de idade), correspondente à

relação metionina + cistina: lisina superior a 98% e o nível de 0,737% de metionina +

cistina digestível, com relação metionina + cistina: lisina de 90% e correspondente ao

consumo de 756,53 mg/ave/dia, para a fase de postura (34 a 50 semanas de idade).

Palavras-chave: aminoácidos sulfurados, análise histopatológica, atividade

enzimática, curva de crescimento, exigências nutricionais

xvii

LEVELS OF METHIONINE AND CYSTINE FOR LIGHT LAYING

HENS AT GROWTH AND POSTURE PHASES

GENERAL ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the levels of methionine and cystine for

light laying hens in the growing phase (13 to 18 weeks old) and the laying phase (34 to

50 weeks old), and the residual effect on subsequent phases. Six experiments were

divided into two experimental periods were developed. In the first period 480 birds

were distributed in a completely randomized design with six treatments (levels of

methionine and cystine), 10 replicates of eight birds per experimental unit for the

assessment phase of the experimental diets. Then the residual effect of the previous

phase has been reported in the period of production: pre - laying (18-29 weeks),

posture one (34-50 weeks) and posture two (54-70 weeks), with eight replicates of

eight birds per experimental unit, and six replicates of six birds per plot, respectively.

In the second period 336 birds were distributed in a completely randomized design

with six treatments (levels of methionine and cystine), 14 replicates of four birds per

experimental unit for the assessment phase of the experimental diets. Subsequently the

residual effect of the previous phase has been reported during the posture two (54-70

weeks), with seven replicates of four birds each. Dietary treatments consisted of a

control treatment based on methionine + cystine according to the NRC (1994) and five

other diets with varying levels of digestible sulfur amino acids, according to the

brazilian tables of nutritional requirements, equivalent to 80, 90, 100, 110 and 120%

of the nutritional recommendations for the rearing and laying. Data production

performance and egg quality were assessed, as well as serological and

histopathological analysis. For the growing phase was increased linearly to the final

live weight, weight gain and consumption of methionine + cystine, linear effect on

feed conversion and quadratic effect on the activity of albumin, serum protein levels,

yolk percentage (posture one) and relative weight of spleen. The methionine + cystine

estimated for these traits were 91,25% (0.361%), 87.40% (0.346%), 107.79%

xviii

(0.389%) and 100.44% (0.398%) to albumin, serum protein level, percentage activity

yolk, and relative weight of spleen, respectively. To the laying phase there was a

significant quadratic effect for production and egg mass, and mass dozen eggs

conversion, with the methionine + cystine estimated for these characteristics in

103.25% (0.691%), 102.91% (0.689%), 110.03% (0.737%) and 109.03% (0.730%),

respectively. There was also significant quadratic effect for egg production (posture

II), estimated the methionine + cystine for this variable at 105.72% (0.708%). The

level of methionine + cystine than 0.475% (120%) for the growing phase (13 to 18

weeks old), corresponding to methionine + cystine is recommended: more than 98%

lysine and 0.737% level of methionine + cystine with methionine and cystine : lysine

ratio of 90% and corresponding to the consumption of 756.53 mg/bird/day for the

laying phase (34-50 weeks old ).

Key words: enzymatic activity, growth curve, histopathology analysis, nutritional

requirements, sulfur amino acids

1

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A avicultura de postura passou por diversas transformações nas últimas

décadas, a partir do surgimento de linhagens mais produtivas, aperfeiçoamento de

equipamentos e instalações, aplicação de técnicas de sanidade e prevenção de

enfermidades e grandes avanços relacionados à nutrição e alimentação das aves. Este

último é responsável por grande parte dos custos de produção na avicultura de postura

e o conhecimento das reais exigências nutricionais dos animais e os valores

nutricionais dos alimentos é extremamente necessário.

A proteína da dieta é caracterizada por ser um dos nutrientes que mais onera no

custo final da ração. Na nutrição de galinhas poedeiras os ingredientes proteicos são

fundamentais para que as aves atinjam índices produtivos satisfatórios e sua eficiência

de utilização depende de diversos fatores, como a porcentagem na ração, composição

em aminoácidos, presença de fatores antinutricionais e a digestibilidade.

Por muitos anos a formulação de rações para aves foi baseada nas exigências

de proteína bruta e, dessa forma, superestimando as reais necessidades nutricionais em

aminoácidos. Como consequência disso, o desbalanceamento dos aminoácidos da

dieta era evidente, provocando queda no desempenho das aves e maior excreção de

poluentes no ambiente de criação.

Atualmente, o conceito de proteína ideal, definido como uma mistura de

aminoácidos com disponibilidade total na digestão e metabolismo (Parsons & Baker,

1994), já está bem difundido na formulação de rações para galinhas poedeiras, graças

ao avanço na indústria de produção de aminoácidos sintéticos. Esse crescimento

possibilitou a redução do preço desses produtos, tornando-o mais acessível e com

maior disponibilidade no mercado. A inclusão dos aminoácidos cristalinos nas rações

de poedeiras proporciona um aumento na eficiência da utilização da proteína dietética,

menor inclusão de fontes proteicas vegetais e, consequentemente, menor excreção de

nitrogênio ao ambiente, principalmente em sistemas de produção avícola em larga

escala.

2

A metionina, primeiro aminoácido limitante nas dietas de galinhas poedeiras,

participa de diversas reações metabólicas e é fundamental para a síntese proteica no

organismo. Em aves poedeiras pode interferir de maneira significativa na produção e

na qualidade dos ovos. Além disso, por ser o principal doador de grupos metil para o

organismo dos animais, sua deficiência ou o excesso na dieta pode provocar sérios

prejuízos metabólicos, como lesões hepáticas e renais, menor desenvolvimento

tecidual e redução da síntese enzimática.

A determinação do nível adequado desse aminoácido para galinhas poedeiras é

essencial, pois interfere diretamente nos custos das dietas e no desempenho produtivo

das aves. As exigências nutricionais de metionina+cistina para poedeiras vêm sendo

determinadas ao longo dos últimos anos, no entanto, ainda divergem. Esse fato pode

ser explicado por mudanças significativas nas linhagens, nutrição, idade e condições

ambientais.

Os dados de pesquisa relativos às exigências nutricionais de aminoácidos

sulfurosos para poedeiras no período de recria e pré-postura ainda são escassos e

bastante conflitantes, principalmente por não existir um consenso nas tabelas quanto à

padronização do período de avaliação experimental e do modelo estatístico utilizado

na pesquisa. Aliado a isso, o conhecimento dos requerimentos das aves em

aminoácidos sulfurosos na fase de recria é fundamental para o ciclo de produção de

ovos, já que nesse período ocorre um intenso desenvolvimento dos órgãos

reprodutivos e o fornecimento de rações com níveis inadequados de metionina +

cistina pode provocar sérios prejuízos fisiológicos.

Diante do exposto, objetivou-se determinar as exigências nutricionais de

metionina + cistina digestível para poedeiras leves durante as fases de recria (13 a 18

semanas de idade) e primeiro ciclo de postura (34 a 50 semanas de idade), além de

avaliar os efeitos dos níveis testados nas fases subsequentes.

3

CAPÍTULO 1

Referencial Teórico

Níveis de Metionina+Cistina para Galinhas Poedeiras Leves nas Fases de

Recria e Postura

4

INTRODUÇÃO

O avanço da avicultura industrial alcançado nas últimas décadas está, em

grande parte, alicerçado no estudo do melhoramento genético dos animais. Atualmente

existem no mercado diversas linhagens de frangos corte e de galinhas poedeiras que

apresentam um alto desempenho produtivo e uma excelente eficiência na conversão de

matérias-primas em produtos nobres para a alimentação humana, como a carne e os

ovos de consumo. Entretanto, o balanço inadequado de nutrientes de uma dieta pode

interferir diretamente no desempenho das aves, já que com a evolução genética da ave,

os níveis nutricionais requeridos pelos animais também foi alterado, sendo necessária

a revisão constante das tabelas de exigências nutricionais.

Os custos com alimentação na avicultura ultrapassam os 70% do custo total de

produção, destacando-se os ingredientes proteicos e energéticos. De acordo com Costa

et al. (2012), os recentes aumentos nos custos de produção, principalmente dos

ingredientes utilizados na alimentação de aves, demandam a adoção de estratégias

nutricionais que proporcionem melhor aproveitamento dos nutrientes, com

consequente melhora da eficiência produtiva.

O desenvolvimento da nutrição animal, acompanhado do melhor conhecimento

do metabolismo proteico e melhor avaliação nutricional dos ingredientes,

possibilitaram a otimização das dietas de galinhas poedeiras, estabelecendo os

requerimentos com base em aminoácidos, reduzindo custos e ocasionando em menor

impacto ao meio ambiente.

Com o avanço da produção de aminoácidos sintéticos pela indústria de rações,

foi possível reduzir a inserção de fontes proteicas tradicionais, principalmente o farelo

de soja. Essa técnica permite a formulação de rações com menor custo, com teores de

proteína bruta inferiores aos preconizados pelas tabelas de exigências nutricionais e

atendendo os requerimentos dos animais em aminoácidos. Segundo Moura (2004), o

conhecimento das reais necessidades em aminoácidos essenciais permite evitar

problemas como a redução no consumo de ração, aumento das perdas energéticas por

incremento calórico e excreção excessiva de ácido úrico, pois diminui o excedente de

aminoácidos circulantes no sangue.

5

A proteína ideal, bem definida por Parsons & Baker (1994), é caracterizada

como uma mistura de aminoácidos com disponibilidade total na digestão e

metabolismo e cuja composição seria idêntica às exigências do animal para

manutenção e crescimento. Esses autores ainda relataram que, para ser ideal, uma

proteína ou a combinação destas, devem apresentar todos os aminoácidos em níveis

exatamente requeridos para atender as exigências de manutenção e máxima deposição

de proteína corporal, sem deficiência e sem excesso de aminoácidos.

A proteína corporal é composta por aproximadamente 20 aminoácidos e estes

são requeridos para diversas funções no organismo, como a síntese proteica orgânica,

constituinte de tecidos corporais, imunoglobulinas, hormônios, formação de pele,

penas, músculos, órgãos, além de participarem do metabolismo de outros nutrientes no

organismo. Conceitualmente, os aminoácidos podem ser classificados quanto a sua

capacidade de síntese pelo organismo das aves: os aminoácidos essenciais, que não

podem ser sintetizados pelo organismo ou sua síntese é insuficiente para atender a

demanda metabólica; e os aminoácidos não essenciais, que podem ser sintetizados no

organismo das aves a partir de aminoácidos ou de outros metabólitos.

Dessa forma, a metionina, primeiro aminoácido limitante em rações avícolas, é

o principal doador de grupamentos metil (S-adenosilmetionina) para diversas reações

metabólicas e participa diretamente da síntese proteica (Leeson & Summers, 2001).

Aliado a isto, serve como fonte alternativa de cistina em um processo não-reversível,

e, por esse motivo, segundo Goulart et al. (2011), os requerimentos de metionina e

cistina são usualmente considerados juntos. Esses aminoácidos desempenham um

papel fundamental na estrutura de diversas proteínas e interligando cadeias

polipeptídicas por meio de pontes dissulfeto (Lenningher, 1996).

Como primeiro aminoácido limitante em rações de frangos de corte e

poedeiras, a metionina é caracterizada por interferir diretamente nos índices

produtivos das aves e sua suplementação (aminoácido sintético) resulta em aumento

na eficiência de utilização da proteína. De acordo com Jordão Filho et al. (2006),

rações deficientes em metionina + cistina reduzem a produção e o peso dos ovos, além

de aumentar a deposição de gordura no fígado de poedeiras. A deficiência de

metionina pode causar prejuízos renais e hepáticos (Brumano, 2008), já que as reações

6

de metilação são essenciais no metabolismo da gordura no fígado, evitando assim, a

síndrome do fígado gorduroso.

Assim, a formulação de rações com níveis de aminoácidos sulfurosos em

quantidades requeridas pelas galinhas poedeiras, permite um melhor aproveitamento

do potencial genético das aves e possibilita a produção de alimentos de alta qualidade,

com redução de custos com ingredientes proteicos e melhorando o desempenho

produtivo dos animais.

METABOLISMO DE AMINOÁCIDOS SULFUROSOS

Nas aves a digestão proteica inicia-se no estômago (proventrículo), a partir da

ação de enzimas proteolíticas, ácido clorídrico e pepsinogênio. Este último é

transformado em pepsina (forma ativa) através do conteúdo ácido do estômago (pH

entre 2,0 e 4,0) e pela própria pepsina. As proteínas em meio ácido são desnaturadas e

sofrem a ação direta da pepsina, que hidrolisa as ligações peptídicas entre os

aminoácidos leucina-valina, tirosina-leucina, fenilalanina-tirosina. Em seguida o

alimento vai sendo triturado e digerido, através da motilidade do proventrículo-moela

e as proteínas parcialmente digeridas passam para o duodeno. No intestino, as

proteínas da ingesta sofrem ação de enzimas proteolíticas secretadas pelo pâncreas e

pelo próprio intestino, sendo reduzidos inicialmente para oligo, tri e dipeptídeos e

alguns aminoácidos livres. Finalmente, peptidases de membrana completam a

hidrólise proteica para a absorção de aminoácidos livres pela via porta (Rutz, 2002).

Os principais aminoácidos sulfurosos de relevância para a nutrição animal são

a metionina e a cistina. Esta última é obtida através da oxidação de outro aminoácido

sulfuroso, a cisteína, que faz parte da síntese de enzimas importantes no organismo,

como a ubiquitina ligase, responsável pela síntese de ubiquitina (degradação de

proteínas indesejáveis) e a enzima caspase, fundamental para o processo de apoptose

celular (morte de células que podem desenvolver tumores e doenças). A cisteína é

7

também utilizada para a síntese proteica, formação da pele, penas e pêlos, e sendo

fundamental frente ao estresse e ao status inflamatório (Tesseraud et al., 2008).

Em um processo irreversível, a metionina pode ser uma fonte alternativa de

cistina, apresentando funções importantes nas estruturas de várias proteínas, como

imunoglobulinas e insulina, ligando várias cadeias polipeptídicas via pontes dissulfeto

(Nelson & Cox, 2005). A cistina ainda participa da síntese de glutationa, um

importante antioxidante celular para o organismo dos animais (Tesseraud et al., 2008).

Devido a essa inter-relação, as exigências de metionina e cistina são consideradas

juntas nas tabelas de requerimentos nutricionais para aves.

A metionina é fundamental para o funcionamento normal do organismo de

galinhas poedeiras, pois está envolvida em diversas reações e funções metabólicas

orgânicas, como a participação direta na síntese proteica, em reações de metilação no

organismo, no empenamento, e, além disso, segundo Barbosa et al. (2009), os

aminoácidos sulfurados têm grande importância sobre o tamanho e o peso dos ovos.

Corroborando essa ideia, Pavan et al. (2005) utilizaram três níveis de proteína bruta

(14, 15,5 e 17%) e de aminoácidos sulfurados (0,57, 0,64 e 0,71%) e constataram que

o peso do ovo e a porcentagem de albúmen aumentaram com a elevação dos níveis de

metionina + cistina.

Sob a forma de S-adenosilmetionina, a metionina é exigida para a biossíntese

de várias substâncias envolvidas no crescimento de galinhas poedeiras, como a

cisteína, carnitina, poliaminas, epinefrina, colina e melatonina (Baker et al., 1996). É

também responsável pelo fornecimento de enxofre para a síntese de outros

componentes químicos que apresentam enxofre na sua composição e essencial para a

síntese de taurina, um dos aminoácidos mais abundantes no organismo, que age como

um transmissor neuroinibidor juntamente com a glicina (Wu, 2003).

Outro aspecto que merece destaque no metabolismo da metionina é que esse

aminoácido atua como um agente lipotrópico, através do seu papel como doador de

grupamentos metil ou também pelo envolvimento no metabolismo da colina, betaína,

ácido fólico e da vitamina B12 (Chen et al., 1993). De acordo com Brumano (2008) a

deficiência de metionina pode causar sérios prejuízos renais e hepáticos já que as

reações de metilação são essenciais no metabolismo da gordura no fígado, evitando

assim, a síndrome do fígado gorduroso.

8

Devido à intensa semelhança em algumas funções orgânicas, como a doação de

grupos metil e a ação lipotrófica, há uma forte inter-relação entre a metionina, colina e

betaína. Esta ligação está explicada na Figura 1, na qual a homocisteína, encontrada

num ponto de ramificação do metabolismo de aminoácidos sulfurosos, pode sofrer

transulfuração irreversível à cisteína ou passar pelo processo de remetilação à

metionina via vitamina B12 ou via betaína (dependente de colina) (Pillai et al., 2006).

Figura 1 – Metabolismo de aminoácidos sulfurosos, colina (CHOL) e betaína (BET) (Adaptado

de Pillai et al., 2006).

Os números indicam as enzimas apresentadas a seguir: 1 – Met adenosiltransferase; 2 – Várias enzimas;

3 – S-adenosilhomocisteína hidrolase; 4 – Cistationa β-sintase; 5 – Cistationa γ-liase; 6 – N5, N

10-

metilenotetrahidrofolato redutase; 7 – Met sintase; 8 – Colina desidrogenase; 9 – Betaína aldeído

deidrogenase; 10 – Betaína-Homocisteína metiltransferase.

Devido à intensa relação no metabolismo, a colina e/ou a betaína podem atuar

como fontes poupadoras de metionina, reduzindo os requerimentos nutricionais para

esse aminoácido. Esse efeito poupador está intimamente ligado ao processo de

remetilação da homocisteína à metionina (reciclagem de metionina) no metabolismo

9

de aminoácidos sulfurados (Figura 1), envolvendo enzimas de diversos órgãos, tais

como o fígado, pâncreas e rins.

Entretanto, segundo Pillai et al. (2006) o fluxo de remetilação da homocisteína

varia bastante entre as espécies e está diretamente ligada a atividade da enzima

betaína-homocisteína metil transferase (BHMT). Ainda segundo esses autores,

alterações nos níveis de aminoácidos sulfurados, colina ou betaína resultam em

alterações na atividade dessa enzima, entretanto, o efeito poupador da colina e/ou

betaína sobre o requerimento de metionina ainda não é claro. Pesquisas da década de

80 relatam que cerca de 54% da homocisteína hepática é remetilada à metionina em

mamíferos e que cerca de 38% da homocisteína é remetilada à metionina no fígado de

homens adultos (Finkelstein & Martin, 1984; Storch et al., 1988). Todavia, as

informações sobre o fluxo de remetilação hepática da homocisteína em aves ainda são

escassos.

INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS DE METIONINA + CISTINA SOBRE O

DESEMPENHO DE GALINHAS POEDEIRAS NA FASE DE CRESCIMENTO

E POSTURA

Poedeiras em crescimento (frangas de reposição)

A evolução genética alcançada na avicultura moderna proporciona o

surgimento de linhagens cada vez mais produtivas. Esse fato implica na necessidade

em desenvolver dietas balanceadas, a fim de atender com mais precisão os

requerimentos nutricionais das aves. As fases de crescimento e desenvolvimento das

futuras galinhas poedeiras tornam-se essenciais frente a esse desafio, gerado pela

intensa modificação dos materiais genéticos na avicultura de postura.

De acordo com D’Agostini et al. (2012a), a maturidade reprodutiva e o

desempenho produtivo da poedeira moderna estão diretamente relacionados com o

desenvolvimento adequado da ave nas fases anteriores ao período de produção de

ovos. Ainda segundo esses autores, isso ocorre porque fatores que interferem na idade

10

da ave e na maturidade sexual estão diretamente relacionados com o peso corporal e a

uniformidade do lote, alcançados durante as fases iniciais de criação das galinhas

poedeiras.

Ao atingirem a maturidade sexual, as poedeiras devem apresentar peso

corporal satisfatório, de modo a garantir o pleno funcionamento e desenvolvimento

dos órgãos reprodutivos e permitindo a expressão de todo o seu potencial genético.

Segundo Silva et al. (2009), a produção ideal de ovos depende diretamente da forma

como as frangas de reposição foram criadas durante as fases de crescimento, pois o

peso ótimo no início do período produtivo e sua manutenção condicionam o

desempenho da galinha por toda a fase de postura.

A partir do conhecimento da curva de crescimento em aves de reposição, é

possível perceber que cerca de 70% do peso adulto de uma poedeira deve ser atingido

até 12 semanas de idade (Faria & Junqueira, 1998), 82% até 15 semanas e 92% até as

22 semanas de vida, enquanto que os 8% restantes devem ser depositados

posteriormente (Kwakkel, 1992). De acordo com D’Agostini et al. (2012a), aves com

peso abaixo do ideal atrasam o início da postura, reduzindo a produção de ovos; em

contrapartida, aves com peso acima do ideal entram em postura precocemente e

produzem ovos pequenos, prejudicando a rentabilidade do segmento. Da mesma

forma, Leeson & Summers (1997) afirmam que o peso corporal influencia diretamente

a maturidade sexual da ave, ressaltando a importância de otimizar o ganho de peso da

poedeira.

Na Figura 2 encontra-se o perfil de crescimento ou ganho de peso semanal em

frangas de reposição até 24 semanas de idade. De acordo com o esquema proposto por

Bertechini (2012), o crescimento das frangas de reposição segue o modelo fisiológico

multifásico. Na fase de 1 a 5 semanas, ocorre prioridade fisiológica de crescimento

visceral, seguido de crescimento ósseo de 6 a 12 semanas e de 12 a 16 semanas de

idade, o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos, com aumento de densidade óssea e

acúmulo de reservas orgânicas para o início de produção.

11

Figura 2 – Perfil de crescimento ou ganho de peso semanal de frangas de reposição (Adaptado

de Bertechini, 2012).

Nesse sentido, a metionina + cistina como primeiro aminoácido limitante para

aves, é fundamental para o desenvolvimento corporal e reprodutivo de galinhas

poedeiras, haja a vista a intensa participação desse aminoácido no processo de síntese

proteica e doação de grupamentos metil no organismo. A intensa modificação do perfil

genético das linhagens de postura fortalece a necessidade de atualizar constantemente

as exigências de metionina + cistina, evitando assim o desequilíbrio aminoacídico da

dieta.

Outro fator relevante é a falta de padronização no período que compreende

cada fase de criação de poedeiras, sendo observado em diversas tabelas diferenças

significativas para estes períodos. Nas tabelas brasileiras de exigências nutricionais

para aves e suínos (Rostagno et al., 2011), as recomendações nutricionais para frangas

de reposição estão divididas em três fases: 1 a 6, 7 a 12 e 13 a 18 semanas de idade. Já

o manual da linhagem Dekalb White (2009) estabelece as exigências para esses

animais para 1 a 5, 6 a 10 e de 11 a 15 semanas de idade. A falta de um consenso entre

as informações contidas nas tabelas de exigências nutricionais para frangas de

reposição pode prejudicar a aplicação de dietas balanceadas para cada fase de criação

dos animais, gerando assim prejuízo econômico aos produtores.

12

De acordo com as tabelas brasileiras de aves e suínos (Rostagno et al., 2011),

as exigências nutricionais de metionina + cistina total para aves de reposição leves é

de 0,710% (0,640% dig.), 0,552% (0,497% dig.) e 0,446% (0,396% dig.), com relação

metionina + cistina/lisina de 73, 80 e 82, para as fases de 1 a 6, 7 a 12 e 13 a 18

semanas de idade, respectivamente. Já para as aves de reposição semipesadas, os

requerimentos de metionina + cistina total para estas fases é de 0,688% (0,619% dig.),

0,543% (0,489% dig.) e 0,431% (0,383% dig.), para as fases de 1 a 6, 7 a 12 e 13 a 18

semanas de idade, respectivamente, com a mesma relação metionina + cistna/lisina

preconizada para aves de reposição leves.

As tabelas oferecidas pelos manuais das linhagens de postura geralmente

apresentam os níveis dos nutrientes recomendados acima do preconizado pelas tabelas

brasileiras de aves e suínos. Por exemplo, o manual da linhagem Dekalb White (2009)

recomenda para frangas de reposição leves os níveis de metionina + cistina digestível

de 0,75%, 0,65% e 0,64%, para as fases de 1 a 5, 6 a 10 e 11 a 15 semanas de idade,

respectivamente.

Algumas pesquisas vêm sendo realizadas ao longo dos últimos anos, com a

finalidade da determinação das exigências nutricionais de metionina + cistina para

poedeiras durante a fase de crescimento, todavia, com resultados ainda contraditórios.

D’Agostini et al. (2012a) determinaram as exigências nutricionais de metionina

+ cistina para frangas (Lohmman LSL e Lohmman Brown) de 13 a 18 semanas de

idade, além dos efeitos residuais durante a fase de postura. Esses autores obsevaram

que os níveis de metionina + cistina oferecidos durante a fase de crescimento da

poedeira não afetaram o desempenho produtivo na fase de postura, além de

estabelecerem as exigências para este aminoácido em 0,679% de metionina + cistina

total (0,611% de met + cis digestível) para aves leves e 0,646% de metionina + cistina

total (0,581% de met + cis digestível) para aves semipesadas.

Este fato implica em afirmar que mesmo recebendo uma dieta deficiente em

metionina + cistina na fase de crescimento, as aves têm a capacidade produtiva

reestabelecida na postura, desde que recebam uma dieta balanceada na fase de

produção, que, segundo Kwakkel et al. (1991), pode ser explicada pela hipótese do

ganho compensatório.

13

Também foi relatado pelos mesmos autores que as frangas de reposição leves

que receberam rações com os menores níveis de metionina + cistina tiveram a postura

retardada e somente atingiram 50% de produção com 161 dias de idade (23 semanas

de idade). Este nível de produção está abaixo do recomendado pelos principais

manuais de criação de linhagens de poedeiras, que preconizam 50% de produção das

aves, em média, entre 21 e 22 semanas de idade.

D’Agostini et al. (2012b) avaliaram a influência dos níveis de metionina +

cistina para frangas de reposição de 7 a 12 semanas de idade, onde observaram

resposta positiva para o aumento no ganho de peso de aves leves e semipesadas, a

partir do aumento da inclusão de metionina + cistina nas rações. Semelhantemente ao

estudo anterior conduzido por D’Agostini et al. (2012a), as frangas semipesadas

apresentaram maior consumo de ração, maior ganho de peso e melhor conversão

alimentar, em comparação com as aves leves, no entanto, a exigência de metionina +

cistina total das aves nesta fase de crescimento foi semelhante para as linhagens

estudadas. O nível recomendado para metionina + cistina total nesse estudo para aves

leves e semipesadas foi de 0,710% (0,639% de met + cis digestível) e de 0,706%

(0,635% de met + cis digestível), respectivamente.

Silva et al. (2009) avaliaram os requerimentos de metionina + cistina para aves

de reposição leves e semipesadas de 1 a 4 semanas de idade, alimentadas com ração

farelada e triturada, e observaram que, independente da linhagem e forma física da

ração, a exigência de metionina + cistina total para as aves nesta fase é de 0,79%, para

um consumo de 146 mg/dia (leves) e 160 mg/dia (semipesadas). Um aspecto relevante

relatado pelos autores é que tanto os menores níveis de aminoácidos sulfurosos,

quanto os mais altos nas dietas das aves, provocaram queda no desempenho produtivo

durante a fase experimental. Outro fator importante observado no estudo foi o

aumento no ganho de penas com a elevação dos níveis de aminoácidos sulfurados nas

dietas experimentais, enfatizando a importância desses aminoácidos com o

empenamento de galinhas poedeiras.

Segundo Baker (1986), as aves mais pesadas exigem maior quantidade de cada

nutriente essencial, em comparação às leves. No entanto, evidências sugerem que as

exigências expressas como porcentagem ou miligrama por quilograma de ração não

variam, ou são inferiores às propostas para poedeiras leves de mesma idade. O que é

14

observado na prática é que as exigências de poedeiras semipesadas são atendidas com

o aumento do consumo de ração.

De acordo com Klasing (1998), a deficiência de um aminoácido essencial se

manifesta na redução do consumo de ração da ave, que torna a deficiência ainda mais

severa. O mesmo acontece a partir da utilização de níveis acima do exigido pela ave

em aminoácidos, tendo influência negativa sobre o consumo de ração, que, segundo

D’Mello (1994), pode provocar sintomas de anorexia em aves que recebem rações

desbalanceadas. D’Agostini et al. (2012b) afirmam que a deficiência de nutrientes nos

estágios iniciais de crescimento de frangas é crítica para o desenvolvimento de tecidos

específicos do corpo da ave, como os músculos, órgãos do trato digestivo e a gordura

no tecido intramuscular.

Poedeiras na fase de produção

O ovo é um alimento completo e rico em proteínas de alto valor biológico,

energia, minerais e vitaminas, além de apresentar baixo custo, quando comparado a

outras fontes alimentares. A comercialização dos ovos de galinhas é realizada em

grande parte sob a forma in natura e em condições de temperatura ambiente, o que

pode comprometer a qualidade do produto. Todavia, nos últimos anos, o

processamento dos ovos vem ganhando mercado, seja na forma líquida ou em pó,

devido a sua praticidade na utilização e no armazenamento.

A indústria vem buscando ao longo dos anos métodos de processamento dos

ovos de galinhas poedeiras, evitando assim perdas significativas durante o processo

produtivo. Devido a esse aumento no processo de industrialização dos ovos de

galinhas poedeiras, os pesquisadores vêm buscando alternativas nutricionais que

permitam melhorar a qualidade do produto, principalmente em relação ao tamanho,

peso e conteúdo de sólidos dos ovos. De acordo com Silva (2006), atualmente as

indústrias exigem ovos com tamanho, peso e frescor bem definidos, além do conteúdo

de sólidos nos componentes dos ovos, que devem ser altos para um maior rendimento

durante o processamento.

15

A metionina, sendo o primeiro aminoácido limitante para aves, em dietas a

base de milho e farelo de soja, tem papel fundamental sobre a produtividade de

galinhas poedeiras leves. Os aminoácidos sulfurosos têm função determinante no

processo de síntese proteica orgânica, além de participarem como os principais

doadores de grupos metil para o organismo e, dessa forma, os níveis desses

aminoácidos nas rações de galinhas poedeiras influenciam tanto de forma quantitativa,

quanto de forma qualitativa a produção de ovos.

Vários fatores podem interferir na qualidade dos ovos de galinhas poedeiras,

como a idade da ave, a genética e, principalmente, a nutrição. Os níveis de proteína e

de aminoácidos presentes na dieta têm influência direta na qualidade e nas

concentrações de proteína ou de sólidos totais dos componentes dos ovos, destacando-

se a metionina lisina e treonina (Shafer et al., 1996; Shafer et al., 1998). Corroborando

essas informações, Sá et al. (2007) e Pavan et al. (2005) afirmam que os níveis de

metionina + cistina podem interferir nos principais parâmetros produtivos em galinhas

poedeiras, como a produção e o peso dos ovos, além das características inerentes à

qualidade interna dos ovos.

Os níveis de aminoácidos essenciais (mg de aminoácido/g de proteína) do ovo

em pó estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1 – Composição de aminoácidos essenciais do ovo em pó (mg de aminoácido/g de

proteína)

Aminoácidos essenciais Ovo em pó

Fenilalanina + Tirosina 98,64

Histidina 22,12

Isoleucina 34,64

Leucina 83,9

Lisina 91,44

Metionina + Cistina 40,05

Treonina 53,5

Triptofano nd

Valina 47,52

nd – não determinado

Adaptado de Pires et al. (2006)

16

Como pode ser observado na Tabela 1, a metionina + cistina está presente em

quantidades significativas no conteúdo aminoacídico do ovo em pó, no entanto, outros

aminoácidos estão presentes em níveis superiores aos aminoácidos sulfurosos. Este

fato implica em afirmar que, mesmo não sendo o principal aminoácido presente no

ovo de galinha, a metionina + cistina apresenta papel fundamental para a síntese de

outros aminoácidos, graças a sua intensa participação no metabolismo orgânico para a

síntese proteica.

A importância do perfeito balanço entre os aminoácidos presentes nas dietas de

galinhas poedeiras vem sendo relatado por autores nas pesquisas nos últimos anos.

Pars & Summers (1991) citam que o desbalanço aminoacídico provocado pela

deficiência de aminoácidos sulfurosos causa efeitos negativos sobre o consumo de

alimentos e o desempenho de crescimento em aves de corte. Esse efeito da anorexia

também foi observado por Narváez-Solarte (1996) para poedeiras leves e semipesadas

mantidas com dietas deficientes em metionina + cistina. A elevada deficiência de

metionina na dieta de galinhas poedeiras acarreta na diminuição desse aminoácido na

corrente sanguínea e nesta situação um sinal é enviado ao sistema nervoso central, que

ativa os mecanismos responsáveis pela redução no consumo de alimentos (Austic,

1986).

Da mesma forma, Cao et al. (1995) relataram que a deficiência ou o excesso de

metionina na ração de poedeiras aumenta a degradação de metionina no fígado. No

entanto, de acordo com Koelkebeck et al. (1991), poedeiras de alta produção

apresentam certa tolerância para excessos individuais de aminoácidos em dietas à base

de milho e farelo de soja.

A determinação das exigências de aminoácidos para galinhas poedeiras tem

ocupado espaço significativo na literatura científica, haja vista que atualmente calcular

rações comerciais a partir dos requerimentos dos aminoácidos em vez da proteína

total, se tornou uma prática universal (Sá et al., 2007). Segundo Cupertino et al.

(2009), as exigências nutricionais de metionina + cistina para poedeiras em produção

vêm sendo determinadas ao longo dos anos, embora com pouca analogia entre as

recomendações. Esse fato pode ser explicado pela intensa modificação na genética,

nutrição e no manejo das aves, além dos efeitos da idade, dieta e das condições

ambientais (Waldroup & Hellwig, 1995).

17

De acordo com Jordão Filho et al. (2006), vários fatores podem influenciar os

requerimentos de metionina + cistina, como o teor de proteína da ração, a linhagem, o

ambiente térmico e o teor energético, assim como a presença de fatores

antinutricionais e o processamento da matéria-prima utilizada na ração. Ademais,

segundo Schutte et al. (1994), o nível de metionina + cistina exigido para otimizar a

conversão alimentar é maior que aquele para a maximização da produção de ovos.

Sá et al. (2007) determinaram as exigências nutricionais de aminoácidos

sulfurosos para poedeiras leves e semipesadas durante a fase de postura (34 a 50

semanas de idade). Esses autores observaram efeitos positivos da suplementação de

aminoácidos sulfurados na dieta das aves leves e semipesadas, e recomendaram os

níveis de 0,693 e 0,692% metionina + cistina digestível, respectivamente.

Semelhantemente, Cupertino et al. (2009) avaliaram a exigência nutricional de

metionina + cistina digestíveis para poedeiras leves e semipesadas, de 54 a 70 semanas

de idade e também observaram efeito significativo dos níveis de aminoácidos

sulfurosos sobre as principais variáveis produtivas avaliadas. No entanto, respostas

distintas entre as linhagens foram observadas, sendo que os efeitos da deficiência de

aminoácidos sulfurosos reduziram de forma mais significativa o consumo de ração e

de aminoácidos entre as poedeiras semipesadas, em comparação às aves leves. Os

níveis estimados para aminoácidos sulfurosos digestíveis para galinhas poedeiras leves

e semipesadas foram de 0,645% e 0,655%, correspondente a um consumo de 712 e

723 mg/ave/dia, respectivamente.

Em estudo mais recente, Brumano et al. (2010) avaliaram os níveis de

metionina + cistina digestível para poedeiras leves no período de 42 a 58 semanas de

idade, e observaram aumento no peso dos ovos, a partir da suplementação com

aminoácidos sulfurosos na dieta das galinhas poedeiras. Segundo os autores, essa

elevação no peso médio dos ovos é reflexo do aumento do peso da gema e do

albúmen, que variaram de 15,4 a 17,5 e de 37,8 a 41,4g, respectivamente, além do

aumento da porcentagem desses componentes no ovo.

Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Barbosa et al. (2009),

que também observaram aumento linear crescente no peso dos ovos de poedeiras

comerciais leves, alimentadas com níveis de metionina + cistina na ração. Esses

18

autores observaram aumento no peso médio dos ovos de 57,53 a 65,50 g, a partir do

aumento dos níveis de aminoácidos sulfurosos da dieta.

Outros autores (Bertran et al., 1995; Narvaez-Solarte, 1996; Rodrigues et al.,

1996; Novak et al., 2004; Novak et al., 2006) também relataram resposta significativa

na produtividade de galinhas poedeiras ao fornecerem dietas com diferentes níveis de

aminoácidos sulfurosos.

Os níveis de aminoácidos sulfurados para poedeiras no segundo ciclo de

produção também são responsáveis por influenciarem a produtividade dos animais.

Dessa forma, Laurentiz et al. (2005) avaliaram os níveis de aminoácidos sulfurados

totais para poedeiras semipesadas após a muda forçada e foi observado que a

deficiência ocasionada pelo menor fornecimento do aminoácido em estudo provocou

menor consumo de ração e aminoácidos sulfurosos, assim como menor peso corporal

pós-muda. Ainda foi observado nesse estudo que durante a fase de produção, o

fornecimento do menor nível de metionina + cistina total (0,45%) provocou redução

no peso médio dos ovos.

Polese et al. (2012) ao avaliarem a influência dos níveis de aminoácidos

sulfurosos digestíveis para poedeiras em segundo ciclo (75 a 91 semanas de idade)

sobre as principais variáveis produtivas não observaram efeito dos níveis de metionina

+ cistina digestível sobre as características de produção e de qualidade interna e

externa dos ovos de galinhas poedeiras semipesadas pós-muda forçada.

INFLUÊNCIA DOS NÍVEIS DE METIONINA + CISTINA SOBRE A

ATIVIDADE IMUNOLÓGICA DE GALINHAS POEDEIRAS

O avanço do melhoramento genético na avicultura alcançado até os dias de

hoje, possibilitou o aumento da eficiência produtiva das atuais linhagens utilizadas

pelos produtores. No entanto, apesar dessa evolução significativa, a saúde dos animais

preocupa pesquisadores e produtores no mundo inteiro. Os altos índices de ganho de

peso, produção de ovos e precocidade na produção, provavelmente não foram

19

acompanhados pela evolução dos animais, no que se refere às defesas naturais do

organismo. Dessa forma, o aporte de nutrientes presentes nas dietas de aves pode

auxiliar os mecanismos de defesa do organismo, evitando o surgimento de doenças

nos animais.

A imunologia é um campo de estudos referentes às respostas desencadeadas

após a exposição do organismo dos animais a agentes patológicos. Esse sistema no

organismo é capaz de não apenas defender o organismo de agentes patogênicos, mas

também de controlar uma série de eventos importantes para o equilíbrio do organismo,

a sua homeostasia. Com a finalidade de executar essas diversas funções, o organismo

possui células e produz várias moléculas específicas, obtendo assim uma resposta à

entrada de substâncias estranhas, denominada resposta imune. (Morgulis, 2002).

As respostas imunes desencadeadas nos animais são classificadas em dois

tipos, baseadas nos componentes que participam dessas respostas: a imunidade

humoral e a imunidade mediada por células. A primeira é mediada por moléculas,

denominadas anticorpos, responsáveis pelo reconhecimento e eliminação dos

antígenos e que podem ser transferidas através do soro ou do plasma de um indivíduo

imunizado para outro não imunizado. Já a imunidade mediada por células, também

chamada de imunidade celular, envolve as células denominadas linfócitos T, sendo

que a transferência de imunidade de um animal para outro é feita através dessas

células de animais imunizados (Morgulis, 2002).

Os sistemas linfoides e não linfoides constituem as principais estruturas do

sistema imunológico das aves. Entre os componentes linfoides nas aves, a bursa de

Fabrícius e o timo, local de desenvolvimento e diferenciação de linfócitos B e T,

respectivamente, são considerados órgãos linfoides primários, enquanto que o baço é

considerado órgão linfoide secundário. Aliado a isto, estruturas linfoides distribuídas

ao longo do trato intestinal representam uma barreira imunológica. Já as estruturas não

linfoides do sistema imune incluem células que propiciam uma defesa imunológica

não específica para o hospedeiro. As células do sistema fagocítico atuam primeiro

nesta categoria, destacando-se monócitos sanguíneos e macrófagos, que são

importantes devido a sua ampla distribuição nos fluidos corpóreos, órgãos e cavidades

(Rutz et al., 2012).

20

Os efeitos dos níveis de nutrientes sobre as respostas imunes em frangos de

corte e galinhas poedeiras vêm sendo avaliadas ao longo dos últimos anos,

destacando-se principalmente a utilização de fontes orgânicas de minerais e

suplementação vitamínica. No entanto, os estudos ainda são escassos no que se refere

ao efeito dos aminoácidos na imunocompetência de aves de produção. Segundo Rutz

et al. (2012), a deficiência crônica severa de micronutrientes (vitaminas e minerais)

são mais debilitantes ao sistema imunológico das aves do que a energia e o nível

proteico da dieta.

Características de desempenho e função imune de aves que sofreram estresse

por calor são melhoradas com a suplementação de vitamina C (Pardue et al., 1985),

vitamina E (El-Boushy, 1988) e piridoxina (Blalock et al., 1984). De acordo com Rutz

et al. (2012), as vitaminas participam no metabolismo como imunomoduladores para

melhorar as funções imunológicas e a resistência a infecções em aves e outros animais

domésticos.

Do mesmo modo, minerais complexados a moléculas orgânicas também vêm

sendo avaliados como alternativas nutricionais frente ao status imunológico de aves de

produção. De acordo Figueiredo Júnior et al. (2012), os minerais na forma orgânica

são absorvidos pelos carreadores intestinais de aminoácidos e peptídeos e não por

transportadores intestinais clássicos de minerais, evitando assim a competição entre

minerais pelos mesmos mecanismos de absorção.

Dentre os minerais orgânicos utilizados em ensaios experimentais para avaliar

o papel desses micronutrientes no sistema imunológico, destacam-se o zinco e o

selênio. Este último é componente da glutationa peroxidase, que tem como principal

função evitar a oxidação dos tecidos e manter a integridade das membranas das

células. Já o zinco é um micromineral intimamente ligado ao metabolismo de

aminoácidos, além de estar envolvido em diversas reações enzimáticas, já que,

segundo Underwood (1999), mais de 200 proteínas contendo zinco em sua estrutura

apresentam papeis biológicos no organismo dos animais.

No entanto, as respostas desencadeadas pelo sistema imunológico da ave

também podem estar diretamente ligadas ao suprimento adequado de proteína e

aminoácidos na dieta. Wu et al. (1999) afirmaram que diversos estudos indicaram que

a deficiência de proteína dietética, com consequente redução na concentração de

21

aminoácidos plasmáticos, pode comprometer o funcionamento do sistema imune.

Dessa forma, há um grande interesse dos pesquisadores em avaliar o verdadeiro papel

dos aminoácidos na função imune de mamíferos, aves, peixes e outras espécies

animais (Roch, 1999; Calder, 2006; Grimble, 2006; Kim et al., 2007).

Nas últimas décadas, pesquisadores do mundo inteiro vêm buscando entender

os mecanismos celulares e moleculares, que envolvem o papel dos aminoácidos nas

respostas imunes. O entendimento dessas funções metabólicas pode ajudar no

desenvolvimento de estratégias eficazes para melhorar a saúde e prevenir doenças

infecciosas nos animais (Li et al., 2007).

Vários aminoácidos essenciais e não essenciais estão envolvidos nas diversas

rotas metabólicas que envolvem as respostas imunes nas aves, destacando-se a

arginina, asparagina, aminoácidos de cadeia ramificada, aspartato, glutamato,

glutamina, glicina, histidina, lisina, fenilalanina, tirosina, serina, prolina e aminoácidos

sulfurosos. Estes últimos participam diretamente na doação de grupamentos metil e

como fonte de enxofre para diversas reações metabólicas.

Tsiagbe et al. (1987) observaram que a suplementação de metionina em dietas

a base de milho e farelo de soja aumentam a produção de anticorpos e elevam a

estimulação mitogênica provocada pela fitohematoglutinina. Outras pesquisas

revelaram que a cisteína pode exercer efeitos específicos na modulação da resposta

imune em frangos de corte (Takahashi et al., 1997; Konashi et al., 2000). De acordo

com Grimble (2006), o consumo adequado de metionina e cistina são importantes para

a síntese de proteínas do sistema imune.

Diversos trabalhos nas últimas décadas determinaram as exigências

nutricionais de aminoácidos sulfurosos para galinhas poedeiras, porém, baseados em

resultados de desempenho produtivo, como ganho de peso, conversão alimentar e

produção de ovos. Segundo Swain & Johri (2000), as necessidades de metionina para

uma ótima produção de anticorpos em aves de produção são maiores do que para um

ótimo crescimento corporal.

Segundo Grimble (2006), o sistema imune dos animais, agindo contra

organismos invasores, abrange uma série complexa de células e moléculas. Entretanto,

o mecanismo da variação da disponibilidade tecidual de aminoácidos sulfurados e os

22

produtos de seu metabolismo, interagindo com as respostas imunes, ainda são

desconhecidos.

De acordo com Rubin (2007), a suplementação dietética com aminoácidos

sulfurados e a quebra das proteínas teciduais são necessárias para a síntese de

proteínas e dos peptídeos envolvidos em um funcionamento normal do sistema

imunológico. Todavia, os estudos avaliando o consumo elevado de aminoácidos

sulfurosos sobre a função imune em animais de produção são escassos.

Através da S-adenosilmetionina, a metionina doa grupamentos metil que

participam da metilação do DNA e proteínas e regulação da expressão gênica (Wu et

al., 2006). Devido as poliaminas serem importantes para a proliferação e diferenciação

dos linfócitos (Flynn et al., 2002), a metionina pode desenvolver um papel importante

como constituinte direto das proteínas. Ademais, a metionina age como substrato para

a síntese da colina, assim como da fosfatidilcolina e acetilcolina, que são essenciais

para as funções nervosas do organismo e para o metabolismo dos leucócitos (Kim et

al., 2007).

Outra forte relação dos aminoácidos sulfurosos com a atividade imunológica de

galinhas poedeiras se dá através da síntese de glutationa. De acordo com Malmezat et

al. (2000), a cisteína é precursora da glutationa em células animais e seu metabolismo

é significativamente alterado em resposta a processos infecciosos. Outro fator

importante citado por Wu et al. (2004) é que a síntese desse importante antioxidante

celular é influenciado pelo consumo dietético de aminoácidos sulfurosos e, dessa

forma, observa-se uma correlação positiva entre a via de transulfuração e as

concentrações de glutationa no fígado, baço e músculos (Malmezat et al., 2000).

A glutationa destrói radicais livres e outras substâncias oxidativas (radicais

hidroxila, lipoperóxidos, peróxido de hidrogênio), além de participar do processo de

detoxificação de substâncias tóxicas ao organismo dos animais (Fang et al., 2002).

Existem evidências que as concentrações intracelulares de GSH desempenham um

papel importante na regulação de vias de sinalização celular, em resposta aos desafios

imunológicos (Fratelli et al., 2005).

De acordo com Rubin (2007), a síntese de glutationa, que é realizada

principalmente no fígado, utiliza com enzima precursora a gama-glutamil cisteína

23

sintetase. Assim, a conversão de cisteína à glutationa é influenciada fortemente pela

taxa de utilização e do transporte de glutationa dentro e entre as células do corpo, ou

seja, a síntese desse antioxidante celular é um processo conduzido pela demanda

orgânica, desde que a cisteína esteja disponível. Em condições de baixa

disponibilidade de cisteína, a síntese proteica será mantida e a síntese de sulfato,

taurina e glutationa diminuída. As mudanças na disponibilidade de taurina e glutationa

podem influenciar significativamente a função imune dos animais.

A deficiência dietética de aminoácidos sulfurosos em galinhas poedeiras pode

reduzir a atividade do sistema imunológico, principalmente através da diminuição da

produção e proliferação de linfócitos (Obled et al., 2004) e redução da atividade

antioxidante da glutationa. A suplementação com aminoácidos sulfurosos em dietas de

galinhas poedeiras pode melhorar o efeito das respostas imunológicas, no entanto, é

necessário evitar o excesso desses aminoácidos na dieta, devido aos possíveis efeitos

negativos do imbalanço aminoacídico, com consequente redução na ingestão e

utilização de outros aminoácidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As alterações metabólicas da deficiência e do excesso de aminoácidos

sulfurosos nas dietas de poedeiras em crescimento e durante a fase de produção são

evidentes. Esse imbalanço provoca queda no desempenho produtivo e redução da

qualidade dos ovos destinados ao consumo humano.

O intenso trabalho dos geneticistas na avicultura de postura nas últimas

décadas e a grande variação dos materiais genéticos utilizados nos atuais sistemas de

criação reforça a necessidade da constante avaliação dos requerimentos em

aminoácidos sulfurosos em todas as fases de criação de galinhas poedeiras. No

entanto, os estudos referentes à determinação das exigências de aminoácidos

sulfurosos para galinhas poedeiras durante a fase de crescimento e pré-postura ainda

são escassos na literatura.

24

O correto estabelecimento do nível de aminoácidos sulfurosos nas dietas de

aves de postura permite um melhor desempenho dos animais, desde a produção e

qualidade dos ovos ao melhor desenvolvimento de órgãos reprodutivos e ativação do

sistema imune e a atividade antioxidante do organismo.

Em consequência disso, os melhores resultados obtidos a campo permitem uma

maior rentabilidade e lucratividade da atividade para os produtores, sempre na busca

por dietas com menores custos e sem prejudicar a eficiência produtiva dos animais e a

qualidade dos produtos gerados.

25

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Nutrition, v.129, p.1347–1354, 1999.

WU, G.; FANG, Y.Z.; YANG, S. et al. Glutathione metabolism and its implications

for health. Journal of Nutrition, v.134, p.489–492, 2004.

WU G.; BAZER, F.W.; WALLACE, J.M. et al. Intrauterine growth retardation:

implications for the animal sciences. Journal Animal Science. v.84, p.2316–2337,

2006.

32

33

CAPÍTULO 2

Níveis de Metionina+Cistina para Galinhas Poedeiras Leves na Fase de

Recria

34

Níveis De Metionina+Cistina Para Galinhas Poedeiras Leves Na Fase De

Recria

RESUMO

Objetivou-se com esse trabalho avaliar os níveis de aminoácidos sulfurosos nas dietas

de galinhas poedeiras leves durante a fase de recria (13 a 18 semanas de idade). Foram

distribuídas 480 aves da linhagem Dekalb White com 13 semanas de idade em um

delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos, 10 repetições e oito aves

por unidade experimental. As dietas consistiram em um tratamento controle,

formulada para atender as exigências nutricionais de aminoácidos sulfurosos de acordo

com o NRC (1994) e outras cinco dietas que foram estabelecidas de acordo com as

recomendações das tabelas brasileiras de aves e suínos (Rostagno et al., 2005), exceto

para metionina + cistina, que consistiram em cinco variações do nível desse

aminoácido (80, 90, 100, 110 e 120%), resultando nos níveis de 0,317 0,356; 0,396;

0,436 e 0,475% de metionina + cistina digestível. A pesquisa teve a duração de 329

dias e foi dividida em quatro fases experimentais: recria (13 a 18 semanas de idade),

pré-postura (19 a 29 semanas de idade), postura I (34 a 50 semanas de idade) e postura

II (54 a 70 semanas de idade). No primeiro período da pesquisa foram avaliados os

níveis de metionina + cistina entre os tratamentos e nas demais fases foi avaliado o

efeito residual dos níveis testados na fase de recria. Foram avaliados dados de

desempenho zootécnico e de qualidade dos ovos, sorológicos e histopatológicos das

aves. Houve efeito linear crescente para o peso vivo final, ganho de peso e consumo

de metionina + cistina, efeito linear decrescente para conversão alimentar e efeito

quadrático para a atividade da albumina, níveis de proteínas séricas, porcentagem de

gema (postura I) e peso relativo do baço. As exigências de metionina + cistina

digestível estimadas para estas características foram de 91,25% (0,361%), 87,40%

35

(0,346%), 107,79% (0,426%) e 100,44% (0,398%) para atividade da albumina, nível

de proteína sérica, porcentagem de gema e peso relativo do baço, respectivamente.

Baseado nos resultados obtidos e nas respostas biológicas das aves recomenda-se a

utilização de níveis superiores a 0,475% de metionina + cistina digestível,

correspondente à relação metionina + cistina: lisina digestível superior a 98% para

galinhas poedeiras leves de 13 a 18 semanas de idade.

Palavras-chave: aminoácidos sulfurosos, curva de crescimento, desempenho

produtivo, exigência nutricional

36

Levels Of Methionine And Cystine For Laying Hens At Growth Phase

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the levels of sulfur amino acids in the diets

of laying hens hens during the rearing period (13-18 weeks old). 480 birds of Dekalb

White with 13 weeks of age were distributed in a completely randomized design with

six treatments, 10 replicates and eight birds each. The diets consisted in a control

treatment, formulated to meet the nutritional requirements of sulfur amino acids

according to the NRC (1994) and five other diets that have been established in

accordance with the recommendations of the brazilian poultry and swine tables

(Rostagno et al. 2005), except for methionine and cystine, which consisted of five

variations in the level of this amino acid (80, 90, 100, 110 and 120%) , resulting in

levels of 0.317, 0.356, 0.396, 0.436 and 0.475% of methionine + cystine. The study

lasted 329 days and was divided into four experimental stages: growth phase (13 to 18

weeks of age), pre-posture (19 to 29 weeks of age) posture one (34 to 50 weeks of age)

and posture two (54-70 weeks old). In the first survey period were evaluated levels of

methionine and cystine between treatments and the remaining stages the residual

effect of the levels tested in the growing phase was evaluated. Data production

performance and egg quality, serological and histological were evaluated. Increased

linearly for the final body weight, weight gain and intake of methionine and cystine,

linear effect on feed conversion and quadratic effect on the activity of albumin, serum

protein levels, yolk percentage (posture one) and relative weight of spleen. The

methionine + cystine estimated for these traits were 91,25% (0.361%), 87.40%

(0.346%), 107.79% (0.426%) and 100.44% (0.398%) to albumin activity, levels of

serum protein, yolk percentage and relative weight of spleen, respectively. Based on

37

these results obtained and the biological responses of birds is recommended using

levels above 0.475% of methionine + cystine, corresponding to methionine + cystine:

lysine digestible relationship more than 98%, for light laying hens with 13-18 weeks

old.

Key words: growth curve, nutritional requirements, productive performance, sulfur

amino acids

38

INTRODUÇÃO

A proteína dietética, ao lado do conteúdo energético da dieta, é caracterizada

por ser um dos nutrientes que mais onera o custo final das rações para galinhas

poedeiras. Nesse contexto, como primeiro aminoácido limitante para poedeiras, em

dietas a base de milho e farelo de soja, a metionina desenvolve papel importante na

produtividade dos animais e o fornecimento de níveis exatamente requeridos por estes

nas dietas tem impacto significativo nos resultados econômicos.

Dentre as principais funções dos aminoácidos sulfurosos, destacam-se: a

participação na doação de radicais metil para diversas reações metabólicas no

organismo, participa diretamente da síntese proteica orgânica, destacando-se a síntese

de proteínas do sistema imune (Grimble, 2006), regulação da expressão gênica (Wu et

al., 2006), é substrato para a síntese de colina e, assim, fosfatidilcolina e acetilcolina,

que são essenciais para a função nervosa e no metabolismo de leucócitos (Kim et al.,

2007).

Durante a fase de crescimento em galinhas poedeiras, há um intenso

desenvolvimento de órgãos reprodutivos e outros tecidos. O fornecimento de dietas

com deficiência em metionina nessa fase podem afetar o ganho de peso dos animais e

a maturidade sexual. Segundo D’Agostini et al. (2012), os fatores que interferem na

idade da ave e na maturidade sexual estão diretamente relacionados com o peso

corporal e a uniformidade do lote na fase de recria. Esses autores ainda afirmam que

aves com peso abaixo do ideal retardam o início da postura, reduzindo a produção de

ovos. Em contrapartida, aves com excesso de peso iniciam a postura precocemente e

produzem ovos pequenos, o que também não é viável.

39

Mesmo com a devida importância dessa fase, poucos trabalhos são encontrados

na literatura sobre as exigências de aminoácidos sulfurosos para poedeiras na fase de

recria. Esse fato pode ser explicado pelo alto custo e ao tempo necessário para a

realização de pesquisas com esses animais (Rostagno et al., 1996)

Diante do exposto, objetivou-se com esta pesquisa determinar as exigências

nutricionais de aminoácidos sulfurosos para frangas de reposição na fase de recria (13

a 18 semanas de idade), assim como avaliar os efeitos desses aminoácidos no

desempenho produtivo nas fases subsequentes (pré-postura, postura I e postura II).

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Setor de Avicultura, do Departamento de Zootecnia,

da Universidade Federal da Paraíba, Câmpus II, Areia-PB. Esse município está

localizado a 112 km de João Pessoa e situado na microrregião do Brejo Paraibano

(6°58’12’’ de latitude sul e 35°42’15’’ de longitude oeste). Apresenta como

característica climática tropical semi-úmido, estação chuvosa no período outono-

inverno, precipitação pluviométrica de aproximadamente 1500 mm, temperatura anual

entre 22 e 30ºC e umidade relativa do ar entre 75 e 87%.

A pesquisa teve a duração de 329 dias e foi subdividida em quatro fases

experimentais: recria (13 a 18 semanas de idade), pré-postura (19 a 29 semanas de

idade), postura I (34 a 50 semanas de idade) e postura II (54 a 70 semanas de idade).

Na primeira fase da pesquisa foram avaliados os níveis de metionina + cistina entre os

tratamentos e nas demais foi avaliado o efeito residual dos níveis testados na fase de

recria.

Período de Avaliação das Dietas Experimentais

40

Nesse período foram utilizadas 480 aves da linhagem Dekalb White, com idade

inicial de 13 semanas. As aves foram alojadas em gaiolas de produção, com

comedouro do tipo calha e bebedouro do tipo sparkcup, para fornecimento de ração e

água à vontade, respectivamente.

Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado,

composto por seis tratamentos e dez repetições, com oito animais por unidade

experimental. As dietas experimentais (Tabela 2) foram elaboradas da seguinte forma:

um tratamento controle, formulada para atender as exigências nutricionais seguindo as

recomendações do NRC (1994); e os demais tratamentos foram estabelecidos de

acordo com as recomendações das tabelas brasileiras de aves e suínos (Rostagno et al.,

2005), exceto para metionina + cistina, que consistiram em cinco variações do nível

desse aminoácido (80, 90, 100, 110 e 120%), resultando nos níveis de 0,317 0,356;

0,396; 0,436 e 0,475% de metionina + cistina digestível. As dietas foram

suplementadas com DL-Metionina-99% (0; 0,039; 0,078; 0,117; 0,156%), em

substituição ao farelo de glúten de milho, para atingir os níveis dietéticos.

Tabela 2 – Ingredientes e composição química das dietas experimentais.

Ingredientes NRC Rostagno et al, 2005

(1994)* 80% 90% 100% 110% 120%

Milho

77,653 79,847 79,847 79,847 79,847 79,847

Farelo de Soja, 45% 18,518 15,212 15,212 15,212 15,212 15,212

Fosfato Bicálcico 2,994 1,180 1,180 1,180 1,180 1,180

Sal

0,332 0,329 0,329 0,329 0,329 0,329

Cloreto de Colina

0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070

Premix Vitamínico2

0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050

Premix Mineral1

0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050

Antioxidante3

0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010

Carbonato de Potássio 0,00 0,005 0,005 0,005 0,005 0,005

Calcário

0,323 1,123 1,123 1,123 1,123 1,123

Farelo de Glúten de Milho, 60% 0,00 2,124 2,085 2,046 2,007 1,968

DL-Metionina 0,00 0,00 0,039 0,078 0,117 0,156

Total 100 100 100 100 100 100

Composição Química

(D-Digestível) Unidade

Proteína Bruta % 15 14 14 14 14 14

41

Cálcio % 0,800 0,780 0,780 0,780 0,780 0,780

Fósforo Disponível % 0,646 0,310 0,310 0,310 0,310 0,310

Energia Metabolizável kcal/kg 2900 2900 2900 2900 2900 2900

Arginina-D % 0,670 0,531 0,531 0,531 0,531 0,531

Isoleucina-D % 0,400 0,372 0,372 0,372 0,372 0,372

Lisina-D % 0,450 0,483 0,483 0,483 0,483 0,483

Met + Cis-D % 0,420 0,317 0,356 0,396 0,436 0,475

Treonina-D % 0,370 0,333 0,333 0,333 0,333 0,333

Triptofano-D % 0,110 0,106 0,106 0,106 0,106 0,106

Sódio % 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150 0,150

Cloro % 0,243 0,244 0,244 0,244 0,244 0,244

Potássio % 0,544 0,500 0,500 0,500 0,500 0,500

Balanço Eletrolítico mEq/kg 135,87 124,36 124,36 124,36 124,36 124,36

* Ração formulada com base em aminoácidos totais. 1Premix mineral inorgânico por kg de produto: Mn, 20 g; Fe,

10 g; Zn, 13,7 g; Cu, 2,5 g; Se, 0,063 g; I, 0,19 g; e veículo q.s.p., 500 g .2 Premix vitamínico por kg de ração: Vit.

A - 15.000.000 Ul, Vit. D3 - 1.500.000 Ul, Vit. E - 15.000 Ul, Vit.B1 - 2,0 g, Vit.B2-4,0 g, Vit B6 - 3,0 g, Vit.B12 -

0,015 g, Ácido nicotínico - 25 g, Ácido pantotênico- 10 g, Vit.K3 - 3,0 g, Ácido fólico- 1,0 g, Bacitracina de zinco

- 10 g, Selênio - 250 mg.3Antioxidante BHT - 10 g, e veículo. q.s.p. - 1.000 g.

As variáveis avaliadas foram: peso vivo final (g/ave), ganho de peso (g/ave),

consumo de ração (g/ave), conversão alimentar (g/g), consumo de metionina + cistina

(mg/ave), consumo de lisina (mg/ave), peso sem vísceras (g/ave), peso do fígado

(g/ave), peso da gordura celomática (g/ave), peso do baço (g/ave), análise sorológica

da alanina aminotransferase ((U/L), aspartato aminotransferase (U/L), gamma-

glutamiltransferase (U/L), creatinina (mg/dL), albumina (g/dL) e proteína sérica

(g/dL). Ademais, foi realizada análise histopatológica do fígado, intestino delgado e

magno, além da mensuração da curva de crescimento no período de 13 a 18 semanas

de idade.

Os animais e as rações foram pesados no início e no final do período

experimental para a mensuração do peso vivo final, ganho de peso, consumo de ração,

conversão alimentar, consumo de metionina + cistina e consumo de lisina.

Para as análises sorológicas, histopatológicas e as mensurações dos órgãos,

cinco aves por unidade experimental foram abatidas no final do período experimental.

As análises sorológicas foram realizadas por meio do equipamento VetTest Blood

Chemistry Analyzer. Já para as análises histopatológicas, fragmentos do intestino

delgado, fígado e magno foram imersos em substância fixadora metacarn (60%

42

metanol, 30% clorofórmio e 10% ácido acético), por 12 horas e posteriormente

transferidos para álcool 70%.

Para a microscopia óptica foi feita a inclusão dos fragmentos dos órgãos em

paraplast, sendo realizados cortes seriados dos mesmos de 5µm de espessura. Para a

análise histológica, foram utilizadas as colorações, hematoxilina e eosina, periodic

acid Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram obtidas através de

microcâmera acoplada a um microscópio Olympus BX-51 e as imagens digitalizadas

no software KS 400.3 (Zeiss).

Para a mensuração da curva de crescimento, todas as aves das unidades

experimentais foram pesadas semanalmente durante o período de 13 a 18 semanas de

idade. Os dados coletados foram submetidos aos modelos equacionais propostos Von

Bertalanffy, Brody, Gompertz, Logístico e Richards, utilizando-se o programa

estatístico computacional GOSA, obtendo-se o melhor ajuste as equações

matemáticas. Foi utilizado o critério de informação de AKAIKE (AIC) para a escolha

do modelo matemático com melhor ajuste aos dados de peso e idade das aves na curva

de crescimento.

Avaliação do Efeito Residual

Após o período de avaliação das dietas experimentais, as aves foram

alimentadas com água e ração à vontade, de acordo com as exigências nutricionais

para cada fase, seguindo as recomendações de Rostagno et al. (2005). Desse modo, foi

permitido avaliar o efeito residual dos níveis de metionina + cistina do período de 13 a

18 semanas de idade sobre as fases subsequentes.

Para a fase de pré-postura (19 a 29 semanas de idade), 384 aves selecionadas

aleatoriamente nos tratamentos foram distribuídas em oito repetições, com oito

animais por unidade experimental. Nesse período foram avaliadas as seguintes

variáveis: idade ao primeiro ovo (dias), peso do primeiro ovo (g), número de ovos por

período (total de ovos), número de dias de produção (dias), taxa de postura (%), peso

dos ovos e massa de ovo (g/ave/dia).

43

Ao iniciar a produção de ovos, os mesmos eram anotados para a determinação

da idade ao primeiro ovo e posteriormente pesados em balança analítica, para a

determinação do peso do primeiro ovo, assim como a determinação do número de

ovos por período e o número de dias de produção.

A taxa de postura foi determinada através da relação entre o total de ovos do

período e o número de aves corrigido pela mortalidade, sobre o número de dias de

produção, multiplicado por 100. O peso médio dos ovos foi obtido por meio da relação

entre o peso total dos ovos sobre o número de ovos do período. A massa de ovos foi

determinada pela multiplicação da produção pelo peso dos ovos.

Nas fases subsequentes (postura I e postura II) as variáveis analisadas foram:

produção de ovos (%), peso dos ovos (g), massa de ovo (g/ave/dia), percentagem de

gema (%), albúmen (%) e casca (%), gravidade específica (g/mL) e espessura de casca

(mm).

A produção de ovos foi determinada pela relação do número de ovos

produzidos e o número de aves corrigido pela mortalidade, por cada período e

multiplicado por 100. A massa de ovos foi calculada multiplicando-se a produção e o

peso dos ovos. Para o cálculo do peso médio e dos componentes internos dos ovos, os

mesmos foram pesados individualmente em balança analítica. As percentagens de

gema e albúmen foram obtidas através da relação entre o peso médio da gema e do

albúmen sobre o peso médio do ovo, multiplicando-se por 100.

As cascas dos ovos foram secas em estufa a 55-60ºC, por um período de 24

horas e pesadas em balança digital de precisão para a obtenção do peso médio. A

porcentagem da casca foi determinada pela relação entre o peso médio da casca sobre

o peso médio do ovo e multiplicado por 100. Já a espessura da casca foi obtida por

meio da utilização de micrômetro digital Mitutoyo de 0-25 mm, com precisão de 0,001

mm. A gravidade específica foi determinada pelo método de flutuação salina, proposto

por Hamilton (1982). Os ovos foram imersos em quinze soluções salinas (NaCl),

variando entre 1,070 a 1,090 g/mL, com gradiente de 0,0025 entre elas.

Análises Estatísticas

44

As análises estatísticas das variáveis avaliadas foram realizadas por meio do

programa estatístico computacional SAS (SAS Institute, 2011). O tratamento controle

(NRC, 1994) foi comparado com os demais tratamentos (variações dos níveis de

metionina + cistina, de acordo com Rostagno et al., 2005), através do teste Dunnett a

5% de probabilidade. O requerimento de metionina + cistina digestível foi estimado

através de análise de regressão, de modo a considerar o valor do R2 e a resposta

biológica das aves.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Variáveis de Desempenho Zootécnico

De acordo com a Tabela 3, foi verificado efeito significativo (P<0,05) entre os

tratamentos para todas as variáveis em estudo, exceto para consumo de ração, quando

submetidos ao teste Dunnet.

Tabela 3 – Efeito dos tratamentos sobre o peso vivo final (PF, g/ave), ganho de peso (GP, g/ave), consumo de

ração (CR, g/ave), conversão alimentar (CA, g/g), consumo de metionina + cistina (CMC, mg/ave/dia) e

consumo de lisina (CLIS, mg/ave/dia), de poedeiras leves de 13 a 18 semanas de idade.

Tratamento MET:LIS*

PF GP CR CA CMC CLIS

NRC, 1994 93 1207,36 350,30 2207,80 6,32 220.78 236.55

Rostagno et

al. (2005)

80% 66 1209,17 351,16 2131,47 6,08 160.24¥ 244.15

90% 74 1215,09 361,28 2121,64 5,88 179.83¥ 243.99

100% 82 1235,62¥ 378,18¥ 2174,54 5,75 205.03¥ 250.07¥

110% 90 1240,53¥ 382,73¥ 2132,83 5,58 221.41 245.28

120% 98 1253,60¥ 395,87¥ 2129,85 5,38¥ 240.88¥ 244.93

Regressão

Rostagno et al. (2005)

L** L** ns L** L** ns

C.V.(%)

1,53 4,33 3,17 4,89 3,13 3,14

45

*Relação metionina+cistina:lisina (%). C.V.(%): Coeficiente de variação; ¥: médias diferentes pelo teste Dunnett

a 5% de probabilidade; L**: Efeito significativo ao modelo de regressão linear a 1% de probabilidade

As aves que receberam as dietas com os níveis recomendados pelo NRC (1994)

apresentaram menor peso final e ganho de peso, quando comparado com os animais

alimentados com as dietas com 100, 110 e 120% dos níveis de metionina + cistina

digestível preconizados por Rostagno et al. (2005). As aves alimentadas com o nível

de 120% das exigências deste aminoácido, recomendado pelas tabelas brasileiras de

exigências nutricionais, apresentou melhor conversão alimentar, quando comparado ao

tratamento controle.

Estes resultados podem ser explicados pelo melhor balanço aminoacídico das

dietas formuladas com base em aminoácidos digestíveis, quando comparado com

dietas que estabelecem suas exigências em aminoácidos totais. A tabela de exigência

nutricional do NRC (1994), além dos aminoácidos sulfurosos, recomenda níveis de

aminoácidos essenciais abaixo dos requerimentos das aves, quando considerados os

valores de aminoácidos digestíveis. Dessa forma, possivelmente as aves alimentadas

com o tratamento controle, ou seja, com a dieta do NRC (1994), tiveram redução no

desempenho devido a menor disponibilidade de aminoácidos na dieta, já que os

mesmos são essenciais às funções normais do organismo das aves.

A formulação de ração com base na composição em aminoácidos digestíveis

contribui para maior precisão no fornecimento de aminoácidos, pois considera a

capacidade da ave em aproveitar os aminoácidos dos alimentos e superar eventuais

diferenças na digestibilidade dos ingredientes (Rombola et al., 2008). No entanto, os

resultados de estudos referentes aos critérios de formulação (total ou digestível) para

poedeiras ainda são controversos. Casartelli et al. (2004), utilizando rações formuladas

pelos conceitos de aminoácidos totais e digestíveis, observaram que as formulações

com aminoácidos totais promoveram melhores resultados de consumo de ração e

conversão alimentar.

Também foi observado efeito significativo (P<0,05) entre os tratamentos para

as variáveis, consumo de metionina + cistina e consumo de lisina. As aves que

receberam a dieta controle apresentaram um maior consumo de aminoácidos

sulfurosos, quando comparado com as aves alimentadas com as dietas com 80, 90 e

46

100% das exigências desses aminoácidos das tabelas brasileiras de exigências

nutricionais, enquanto que os animais alimentados com a dieta com 120% de

metionina + cistina digestível apresentaram maior consumo de aminoácidos

sulfurosos, quando comparado com a dieta controle.

Mesmo não sendo observado efeito significativo (P<0,05) entre os tratamentos

para o consumo de ração, o maior consumo de aminoácidos sulfurosos das aves

alimentadas com a dieta controle pode ser explicado pelo maior consumo de ração dos

animais, quando comparado aos tratamentos com 80, 90 e 100% das exigências

nutricionais de metionina + cistina digestível recomendadas por Rostagno et al.

(2005).

De acordo com a análise de regressão, foi observado comportamento linear

significativo (P<0,01) para as variáveis, peso vivo final, ganho de peso, conversão

alimentar e consumo de metionina + cistina. Seguem abaixo, as figuras e as equações

correspondentes para cada variável analisada.

Figura 3 – Peso vivo final de poedeiras leves com 18 semanas de idade, alimentadas com

níveis de metionina + cistina.

Ŷ = 1,143x + 1116,5

R² = 0,966

1200

1210

1220

1230

1240

1250

1260

80 90 100 110 120

Pes

o v

ivo

fin

al

(g)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005)

47

Figura 4 – Ganho de peso de poedeiras leves com 18 semanas de idade, alimentadas com níveis

de metionina + cistina.

Figura 5 – Conversão alimentar de poedeiras leves com 18 semanas de idade, alimentadas com

níveis de metionina + cistina.

Ŷ = 1,108x + 262,97

R² = 0,9792

340

350

360

370

380

390

400

80 90 100 110 120

Ga

nh

o d

e P

eso

(g

)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005)

Ŷ= -0,017x + 7,434

R² = 0,9955

5,20

5,40

5,60

5,80

6,00

6,20

80 90 100 110 120

Co

nv

ersã

o a

lim

enta

r (g

/g)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005)

48

Figura 6 – Consumo de metionina + cistina de poedeiras leves com 18 semanas de idade,

alimentadas com níveis de metionina + cistina.

Houve efeito linear crescente (P<0,01) para as variáveis, peso vivo final, ganho

de peso e consumo de metionina + cistina, em poedeiras leves alimentadas com níveis

de metionina + cistina digestível, de 13 a 18 semanas de idade. De acordo com as

Figuras 3, 4, 5 e 6, é possível observar que a suplementação com aminoácidos

sulfurosos melhorou o desempenho do crescimento das aves durante a fase de recria,

no entanto, não foi possível estimar a exigência nutricional para este período. Desta

forma, a exigência de metionina + cistina digestível para poedeiras leves de 13 a 18

semanas de idade é superior ao nível de 0,475% na dieta.

D’Agostini et al. (2012) avaliaram as exigências de metionina + cistina para

frangas de reposição na fase de recria (13 a 18 semanas de idade) e observaram que a

exigência desse aminoácido, estimada para a variável de ganho de peso foi de 0,502%,

com base em aminoácidos digestíveis, resultado superior ao sugerido no presente

estudo (0,475%).

O manual da linhagem Dekalb White (2009) sugere como recomendação

nutricional para metionina + cistina digestível o nível de 0,640%, para a fase de 11 a

15 semanas, valor também superior ao sugerido no estudo (0,475%). A nova tabela

brasileira de exigências nutricionais para aves e suínos (Rostagno et al., 2011)

recomenda o mesmo nível de metionina + cistina digestível da edição anterior (ano de

Ŷ= 2,028x - 1,382

R² = 0,996

160

175

190

205

220

235

250

80 90 100 110 120

Co

nsu

mo

de

met

ion

ina

+ c

isti

na

(m

g)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005)

49

2005), sugerindo o nível de 0,396%, correspondente ao nível de 100% desse

aminoácido no estudo.

Da mesma forma, houve efeito positivo da suplementação de aminoácidos

sulfurosos sobre a conversão alimentar das aves durante o período experimental, sendo

que os maiores níveis desses aminoácidos na dieta proporcionaram os melhores

resultados. Esses resultados estão de acordo com os dados encontrados por D’Agostini

et al. (2012), que observaram efeito linear decrescente dos níveis de metionina +

cistina, sobre a conversão alimentar de poedeiras Lohmann LSL, de 13 a 18 semanas

de idade.

Segundo Silva et al. (2009), o atendimento das exigências dos aminoácidos

para aves de reposição durante a fase de crescimento é uma etapa crítica na otimização

do desempenho na fase de produção. Os níveis mais baixos de metionina + cistina

digestível nas dietas das poedeiras em crescimento proporcionaram os piores

resultados de desempenho nesse estudo, haja vista a intensa participação dos

aminoácidos sulfurosos como doadores de grupamentos metil para diversas reações

metabólicas, assim como na participação direta na síntese proteica.

De acordo com Baker et al. (1996), a metionina sob a forma de S-

adenosilmetionina é exigida para a biossíntese de substâncias envolvidas no período

crescimento das aves, como a cisteína, carnitina, poliaminas, epinefrina, colina e

melatonina e, dessa forma, a deficiência desse aminoácido observada nos tratamentos

com os menores níveis de suplementação, pode explicar o baixo desempenho dos

animais.

Não houve efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração das aves durante o

período experimental. Mesmo sendo considerado um dos aminoácidos mais tóxicos

para as aves, quando consumido em excesso, os níveis mais altos de metionina +

cistina nas dietas não foram capazes de depreciar o consumo de ração no período.

Jordão Filho et al. (2006) afirmam que as aves possuem a habilidade de reduzir

a ingestão de alimentos para compensar o excesso de aminoácidos da ração. Esse

mecanismo é utilizado como estratégia em situações de alta ingestão de misturas

desbalanceadas, que podem causar lesões patológicas e, geralmente é percebida de 2 a

3 dias do início da alimentação das aves com uma dieta desbalanceada (Park & Austic,

50

1998). Dessa forma, o maior nível de metionina + cistina (0,475%) não foi suficiente

para ativarem esses mecanismos fisiológicos de redução no consumo de ração durante

o período experimental.

Curva de Crescimento

Os dados da curva de crescimento das aves no período de 13 a 18 semanas de

idade obtiveram melhor ajuste ao modelo proposto por Brody, que apresentou o menor

AIC (1610,565), de acordo com a Tabela 4. Esses dados estão representados na Figura

7, que demonstra a curva média de crescimento das aves no período de 13 a 18

semanas de idade.

Os piores ajustes foram observados nos modelos de Richards e Logistic,

apresentando o AIC de 1612,620 e 1611,064, respectivamente, valores superiores aos

do modelo matemático selecionado.

Tabela 4 – Propriedades dos modelos não-lineares utilizados na curva de crescimento de poedeiras leves de 13 a

18 semanas de idade

MODELO EQUAÇÃO AIC

Von Bertalanffy Y = A(1− Be−Kt

) 3 + ε 1610,650

Brody Y = A(1- Be -Kt

) + ε 1610,565

Gompertz Y = Ae -Be-Kt

+ ε 1610,747

Logistic Y = A(1+ Be-Kt

) -1 + ε 1611,064

Richards Y = A(1- Be-Kt

)M

+ ε 1612,620

51

Figura 7 – Curva de crescimento de poedeiras leves de 13 a 18 semanas de idade, alimentadas

com níveis de metionina + cistina e ajustada de acordo com o modelo de Brody.

É possível observar que as aves alimentadas com o tratamento com 120% das

exigências de metionina + cistina digestível (Figura 7) das tabelas brasileiras

apresentaram maior crescimento no período de 13 a 18 semanas de idade, seguido

pelos tratamentos de 110 e 100%.

Os piores resultados foram observados nas aves alimentadas com o tratamento

controle (NRC, 1994) e nos tratamentos referentes aos menores níveis de

suplementação de metionina + cistina digestível (80 e 90%) de Rostagno et al. (2005).

Também é possível observar que os efeitos positivos da suplementação de

aminoácidos sulfurosos na dieta de poedeiras em crescimento tornou-se mais evidente

a partir da 15ª semana de idade, destacando-se o tratamento com 120% das exigências

de metionina + cistina digestível das tabelas brasileiras.

Esse resultado corrobora o comportamento observado no desempenho dos

animais avaliados por meio da análise de regressão, em que os maiores níveis de

suplementação de metionina + cistina na dieta proporcionaram os melhores resultados.

Outro fator relevante é que as aves que apresentaram o pior desempenho na curva de

crescimento, ou seja, as aves alimentadas com as dietas do tratamento controle (NRC,

800

900

1000

1100

1200

1300

13 14 15 16 17 18

Pes

o V

ivo

(g

)

Idade (Semanas)

Curva de Crescimento

NRC

80%

90%

100%

110%

120%

52

1994) e dos tratamentos com 80 e 90% de metionina + cistina digestível, irão levar

mais tempo para atingir o peso ideal para o período de produção.

De acordo com Kwakkel (1999), as empresas fornecedoras de material

genético enfatizam a importância das aves atingirem o chamado “peso alvo”, que as

tornariam aptas à produção. No entanto, as reações fisiológicas entre o peso alvo e a

produção não são tão claras.

Dessa forma, diversos modelos de crescimento das aves de reposição vêm

sendo estudados nos últimos anos e a configuração da curva de crescimento corporal

passou a fornecer informações adicionais sobre o subsequente desempenho das aves.

Sendo assim, o estudo das curvas de crescimento é importante para entender como as

aves crescem e podem depositar os seus tecidos, possibilitando a elaboração de

programas nutricionais mais adequados (Neme et al., 2006).

Análise Sorológica

Houve efeito significativo (P<0,05) entre o tratamento controle (NRC, 1994) e

os demais tratamentos (Rostagno et al., 2005) para todas as variáveis analisadas, de

acordo com o teste Dunnett (Tabela 5).

Tabela 5 – Efeitos dos tratamentos sobre a atividade da albumina (ALB, g/dL), proteína sérica (PTN, g/dL),

aspartato aminotransferase (AST, U/L), alanina aminotransferase (ALT, U/L), gamma-

glutamiltransferase (GGT, U/L) e creatinina (CRE, mg/dL) das aves de 13 a 18 semanas de idade.

Tratamento MET:LIS* ALB PROT AST ALT GGT CRE

NRC, 1994 93 1,562 3,48 123,4 3,4 28,4 0,508

Rostagno et al. (2005)

80% 66 2,334¥ 4,74¥ 175,2¥ 3,8 37,6¥ 0,654¥

90% 74 2,384¥ 4,92¥ 157,8 3,2 37,2 0,626¥

100% 82 2,414¥ 4,56¥ 176,4¥ 5,4¥ 32,2 0,676¥

110% 90 2,258¥ 4,44¥ 156 5,2 33,6 0,744¥

120% 98 1,852 3,74 124,2 4,4 28,6 0,604¥

Regressão Rostagno et al. (2005) Q* Q* ns ns ns ns

C.V. (%) 16,273 13,319 15,48 21,84 12,17 12,412 *Relação metionina+cistina:lisina (%). C.V.(%): Coeficiente de variação; ¥: médias diferentes pelo teste Dunnett

a 5% de probabilidade; Q*: Efeito significativo ao modelo de regressão quadrática a 5% de probabilidade.

53

O nível sérico de albumina das aves alimentadas com o nível de metionina +

cistina do tratamento controle foi significativamente menor (P<0,05), quando

comparado com os animais que receberam os níveis de aminoácidos sulfurosos das

tabelas brasileiras, com exceção para o tratamento com 120% das exigências de

metionina + cistina digestível. De acordo com Schmidt et al. (2007), a albumina, que é

sintetizada no fígado, representa de 40 a 50% da proteína plasmática total das aves,

sendo que seus teores normais podem variar de 0,8 a 2,0 g/dL, valores próximos aos

encontrados nesse estudo.

A redução dos níveis de albumina sérica pode ser ocasionada por diversos

fatores. Aves inoculadas com cepa virulenta do vírus da doença de Newcastle

provocaram diminuição nos níveis de albumina e, consequentemente, diminuição da

concentração das proteínas totais. Outra possível causa para a redução do nível de

albumina pode ser ocasionada por lesões em vísceras, principalmente do sistema

digestório, com ulcerações intestinais e hemorragias (Schmidt et al., 2007). Ademais, a

anorexia, causada pela diminuição na ingestão de alimentos, também pode reduzir as

concentrações séricas de albumina em aves (Kaneko et al., 1997).

O comportamento dos resultados dos níveis séricos de albumina nas aves

alimentadas com níveis de metionina + cistina é semelhante aos dados obtidos dos

níveis de proteínas totais séricas, sendo observado comportamento quadrático

significativo (P<0,05), entre os tratamentos correspondentes aos níveis de metionina +

cistina digestível de Rostagno et al. (2005), conforme as figuras 8 e 9. Os níveis de

metionina + cistina digestível recomendados, a partir da derivada das equações das

funções obtidas para albumina e proteínas séricas, é de 91,25 e 87,40%,

correspondente ao nível de 0,324 e 0,311% de metionina + cistina digestível,

respectivamente.

54

Figura 8 – Efeito dos tratamentos sobre o nível de albumina (g/dL) de poedeiras leves com 18

semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina.

Figura 9 – Efeito dos tratamentos sobre o nível de proteína sérica (g/dL) de poedeiras leves

com 18 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina.

A albumina é um dos principais componentes das proteínas séricas, fato este

que pode explicar o comportamento semelhante entre essas duas variáveis.

Os níveis mais elevados de albumina e proteínas séricas nas aves alimentadas

com os tratamentos correspondentes aos níveis de metionina + cistina das tabelas

brasileiras podem ser explicados pelo início da produção de ovos. Segundo Schmidt et

Ŷ = -0,0008x2 + 0,146x - 4,3476

R² = 0,9741

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

80 90 100 110 120

Alb

um

ina

(g

/dL

)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005)

y = -0,001x2 + 0,1923x - 3,68

R² = 0,955

3,5

4

4,5

5

5,5

80 90 100 110 120

Pro

teín

a S

éric

a (

g/d

L)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005)

91,25

%

87,40

%

55

al. (2007), a produção de ovos pode afetar as concentrações de proteínas totais,

incluindo a albumina. Galinhas poedeiras antes da postura podem apresentar

hiperproteinemia induzida por estrógenos (Campbell, 2004), fato que pode explicar os

níveis elevados de albumina e proteínas séricas das aves. Souza et al. (2013) não

observaram efeito da suplementação com níveis de aminoácidos sulfurosos para

codornas de corte sobre o nível sérico de albumina.

As aves alimentadas com os tratamentos com 80 e 100% das exigências de

metionina + cistina digestível apresentaram maior nível da enzima aspartato

aminotransferase, quando comparado com o tratamento controle. Para a atividade da

alanina aminotransferase, apenas o tratamento com 100% das exigências nutricionais

de metionina + cistina digestível diferiu do tratamento controle.

De acordo com Kaneko et al. (1997), o aumento significativo da aspartato

aminotransferase sugere lesão hepática grave e difusa, além de distúrbios musculares,

pois a aspartato aminotransferase não é hepato-específica. No entanto, para que seja

considerada lesão hepática considerável, os valores dessa enzima devem ser superiores

a 275 U/L (Schmidt et al., 2007) e, dessa forma, não foi observada lesão no fígado das

aves que receberam os níveis de metionina + cistina.

Souza et al. (2013) avaliaram as atividades enzimáticas séricas (aspartato

aminotransferase e alanina aminotransferase) de codornas de corte alimentadas com

níveis de metionina + cistina: lisina digestível durante a fase inicial e não observaram

efeito dos tratamentos sobre os níveis das enzimas estudadas. Essas enzimas não

possuem atividade específica para o fígado, sendo encontrada atividade em outros

órgãos, como o coração e músculo, e por esse fato, não podem ser utilizadas

exclusivamente como indicador de lesões hepáticas.

De acordo com Borsa et al. (2006), os valores de referência de perfil

bioquímico em aves comerciais são escassos na literatura mundial, não havendo

padronização quanto a atividade produtiva, linhagem, período, região, nutrição, entre

outros fatores, dificultando a interpretação dos resultados de pesquisas nessa área.

As aves alimentadas com o tratamento com 80% das exigências de metionina +

cistina digestível apresentaram maior atividade da enzima gamma-glutamiltransferase,

quando comparado com o tratamento controle. A atividade sérica elevada dessa

56

enzima se dá pelo aumento da produção e liberação pelo tecido hepatobiliar (Meyer et

al., 1995). Provavelmente, a deficiência de aminoácidos sulfurosos pode ter provocado

a elevação da atividade da gamma-glutamiltransferase, nas aves alimentadas com a

dieta com 80% das exigências de metionina + cistina digestível.

Segundo Schmidt et al. (2007), os valores de GGT entre 0-10 U/L são

considerados normais, no entanto, as diferenças nas metodologias para determinação

da GGT podem contribuir nas variações nos valores de referência dessa enzima

(Lumeij, 1997). Além disso, os níveis de GGT elevados encontrados nesse estudo

podem ser explicados pela idade das aves, já que animais jovens apresentam valores

elevados dessa enzima.

De acordo com os resultados de GGT, AST e ALT obtidos no estudo, não foi

possível observar lesões hepáticas significativas, com o aumento dos níveis de

metionina + cistina na dieta.

Os animais que receberam as dietas com a variação dos níveis de metionina +

cistina (80 a 120% de metionina + cistina digestível) apresentaram maior nível sérico

de creatinina, quando comparados com os animais do tratamento controle. Não foi

observado efeito significativo (P<0,05) dos níveis de aminoácidos sulfurosos sobre a

atividade da creatinina nas aves, após a análise de regressão. No entanto, os níveis de

metionina + cistina nas dietas não foram capazes de ocasionar uma deficiência na

funcionalidade renal das aves.

Batista et al. (2013) avaliaram os efeitos da suplementação de lisina e arginina

sobre os níveis séricos de creatinina e ácido úrico de codornas de corte e também não

observaram efeito significativo dos tratamentos sobre as variáveis analisadas. Esses

autores ainda afirmam que altos níveis de creatinina indicam deficiência na

funcionalidade renal e valores baixos podem ser explicados pela baixa ingestão de

proteínas. Da mesma forma, Rojas (2012) também não observou efeito significativo

dos níveis de glicerina + serina e do excesso de treonina sobre os níveis séricos de

creatinina em frangos de corte na fase inicial.

57

Análises Histológicas

De acordo com a Figura 10 (C e D), é possível observar que as aves

alimentadas com 100 e 110% das exigências de metionina + cistina digestível das

tabelas brasileiras, apresentaram menor acúmulo de glicogênio hepático, com menor

positividade para coloração periodic acid Schiff. Todavia, os animais alimentados com

as dietas com os menores níveis de metionina + cistina digestível (Figura, 10 B), não

apresentaram redução no acúmulo de glicogênio hepático.

Figura 10 – Fotomicrografias do fígado de poedeiras leves com 18 semanas de idade

suplementadas com níveis de metionina + cistina. A) Imagem representando o tratamento controle

(NRC, 1994); B) Imagem representando os tratamentos 80 e 90% de metionina + cistina digestível

(Rostagno et al., 2005); C) Imagem representando o tratamento com 100% de metionina + cistina

digestível (Rostagno et al., 2005); D) Imagem representando o tratamento com 110% de metionina +

cistina digestível (Rostagno et al., 2005); E) Imagem representando o tratamento com 120% de

metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005). Coloração periodic acid Schiff. Aumento de

100x.

Segundo Lehnninger et al. (1995), o glicogênio hepático é uma fonte de

carboidrato fundamental para o organismo, servindo como fonte de energia e

A

)

B

)

C

)

D

)

E

)

58

fornecedor de glicose para a manutenção da homeostase glicêmica. Possivelmente, a

deficiência de aminoácidos sulfurosos reduziu a deposição de glicogênio hepático, que

é resultado da sua conversão a α-cetobutirato e consequente transformação em energia,

sendo acumulada a nível hepático. O menor acúmulo de glicogênio nos animais dos

tratamentos com 100 e 110% das exigências de metionina + cistina digestível das

tabelas brasileiras também pode estar atribuído ao amadurecimento mais precoce do

sistema reprodutivo, com deposição de energia excedente em outros tecidos.

Aliado a isso, observa-se a presença de vacúolos citoplasmáticos de lipídios

nos hepatócitos das aves alimentadas com o tratamento com 100% de metionina +

cistina digestível. No entanto, não foi possível observar esse efeito nos tratamentos

com os menores níveis de metionina + cistina digestível (Figura 10, B), assim como

não foi evidenciado o processo de esteatose hepática em nenhum dos tratamentos.

Uma maior presença de lipídios nos hepatócitos pode indicar o início da

síndrome do fígado gorduroso, ocasionado pela deficiência de aminoácidos sulfurosos.

A metionina pode atuar no metabolismo orgânico como um agente lipotrópico, tanto

pela doação de grupamentos metil, como também pelo envolvimento no metabolismo

da colina, betaína, ácido fólico e da vitamina B12 (Chen et al., 1993). Pompeu et al.

(2011) não observaram efeito significativo sobre a histopatologia de frangos de corte

machos alimentados com níveis crescentes de colina, resultados semelhantes aos

relatados por Wolford & Murphy (1972), que não detectaram nenhuma alteração no

conteúdo de gordura no fígado de aves que receberam dietas suplementadas com

vitaminas lipotrópicas.

Provavelmente, a deficiência de metionina + cistina observada no tratamento

com 100% das exigências desse aminoácido das tabelas brasileiras, pode ter

ocasionado o início do acúmulo de gordura no fígado, já que, segundo Brumano

(2008), as reações de metilação são essenciais no metabolismo da gordura no fígado,

evitando a síndrome do fígado gorduroso nas aves.

De acordo com Jordão Filho et al. (2006), rações deficientes em metionina

aumentam a deposição de gordura no fígado. De acordo com os dados de desempenho

zootécnico, poedeiras na fase de crescimento (13 a 18 semanas de idade) possuem uma

exigência para metionina + cistina digestível acima do valor de 20% superior ao nível

recomendado por Rostagno et al. (2005).

59

De acordo com as imagens de microscopia eletrônica de varredura do intestino

delgado das poedeiras leves com 18 semanas de idade (Figura 11), é possível observar

aumento na altura das vilosidades intestinais, a partir da suplementação com metionina

+ cistina nas dietas. A imagem representando as aves alimentadas com o tratamento

com 120% de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005) demonstra maior

altura das vilosidades intestinais, ilustrado pelo linha vermelha na imagem (Figura 8,

C), evidenciando o efeito benéfico desse aminoácido no aumento da área de superfície

de absorção do intestino delgado.

Figura 11 – Imagens de microscopia eletrônica de varredura do intestino delgado de poedeiras

leves com 18 semanas de idade suplementadas com níveis de metionina + cistina. A) Imagem

representando os tratamentos, controle (NRC, 1994), 80 e 90% de metionina + cistina digestível

(Rostagno et al., 2005); B) Imagem representando os tratamentos com 100 e 110% de metionina +

cistina digestível (Rostagno et al., 2005); C) Imagem representando o tratamento com 120% de

metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005).

Resultados semelhantes foram encontrados por Soares et al. (2008), que

observaram aumento na altura das vilosidades intestinais e maior profundidade de

cripta em frangos de corte alimentados com dietas com níveis de metionina + cistina

digestível, na fase pré-inicial. Semelhantemente, Lima et al. (2012) também

observaram maior largura das vilosidades intestinais em galinhas poedeiras leves

alimentadas com níveis de triptofano digestível.

Segundo Gomide Junior et al. (2004), o desenvolvimento intestinal está

relacionado com o consumo de nutrientes e consequente aumento do diâmetro do

intestino. Aliado a isso, o desenvolvimento da mucosa intestinal consiste no aumento

da altura e densidade dos vilos, correspondendo a um aumento em número de suas

A B C

60

células epiteliais (enterócitos, células caliciformes e enteroendócrinas) (Maiorka et al.,

2002). Com o aumento das vilosidades e, consequentemente, maior área de contato do

alimento com as células absortivas (enterócitos), ocorre aumento da absorção

intestinal (Aptekmann et al., 2001; Gomide Júnior et al., 2004).

A presença de agentes tróficos, neste caso os aminoácidos sulfurosos,

provavelmente estimularam o desenvolvimento da mucosa intestinal, a partir do

processo de síntese de novas células epiteliais e sendo fator determinante para o

equilíbrio do turnover proteico, pois, de acordo com Rezende e Beletti (2008), o

desenvolvimento das vilosidades intestinais em galinhas poedeiras ocorre

intensamente até a nona semana de idade.

Segundo Tarachi & Yamauchi (2000), na presença de nutrientes, o lúmen

intestinal apresenta maior desenvolvimento, traduzido pela altura dos vilos, número de

células em mitose e extrusão, sugerindo que o estímulo primário para o

desenvolvimento da mucosa são as características químicas dos nutrientes.

O magno das poedeiras leves com 18 semanas de idade, alimentadas com os

tratamentos com 110 e 120% das exigências de metionina + cistina digestível

apresentaram um aumento no número de glândulas funcionais secretoras de albúmen

(setas), além de maior presença de dobras secundárias do órgão (Figura 12, C), que

aumenta a área epitelial do magno.

61

Figura 12 – Fotomicrografias do magno de poedeiras leves com 18 semanas de idade

suplementadas com níveis de metionina + cistina e imagem de microscopia eletrônica do magno. A)

Imagem de microscopia eletrônica do magno de poedeiras leves com 18 semanas de idade, com

destaque para as dobras do órgão; B) Imagem representando os tratamentos, controle (NRC, 1994), 80,

90 e 100% de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005); C) Imagem representando os

tratamentos com 110 e 120% de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005). Coloração

hematoxilina-eosina (100x). Setas: estoques de albúmen; Pontas de setas: dobras secundárias do magno.

Estes resultados indicam um desenvolvimento mais precoce do trato

reprodutivo das aves alimentadas com os maiores níveis de suplementação com

aminoácidos sulfurosos na dieta. Aliado a isso, o aumento da área epitelial do magno

facilita a passagem do ovo em formação no oviduto, já que o epitélio desse órgão é

rico em células caliciformes que produzem muco.

Efeito semelhante foi encontrado por Lima et al. (2012), que observaram

aumento na produção de albúmen pelo magno de poedeiras leves suplementadas com

níveis de triptofano digestível. Segundo Novak et al. (2004), a síntese de proteína no

tecido do magno, local de produção do albúmen, pode ser afetada pela concentração

de aminoácidos no sangue. Dessa forma, possivelmente a maior concentração de

B C

A

62

aminoácidos sulfurosos no sangue permitiu um melhor desenvolvimento das pregas do

magno, com consequente aumento no número de células secretoras de albúmen nas

aves alimentadas com os maiores níveis de metionina + cistina na dieta.

Peso dos Órgãos

Houve efeito quadrático significativo (P<0,05) entre os níveis de metionina +

cistina digestível para o peso do baço de poedeiras leves com 18 semanas de idade.

Para as demais variáveis, não houve efeito significativo (P>0,05) entre os tratamentos,

tanto pelo teste Dunnet, quanto pela análise de regressão (Tabela 6).

Tabela 6 - Efeitos dos tratamentos sobre o peso relativo (%) do peso sem vísceras (PSV), fígado (FIG), baço

(BAÇO) e gordura celomática (GCE) das aves com 18 semanas de idade.

*Relação metionina + cistina: lisina (%); ns: não significativo; Q*: Efeito significativo ao modelo de regressão

quadrática a 5% de probabilidade; C.V. (%): Coeficiente de variação.

O nível de metionina + cistina digestível estimado pela derivada da equação do

gráfico (Figura 13), para o peso do baço das aves com 18 semanas de idade é de

100,44%, correspondente ao nível de 0,398% na dieta. O aumento do peso do baço das

aves suplementadas com níveis de metionina + cistina pode estar atribuído à maior

modulação da resposta imune das aves, já que esse órgão é caracterizado como uma

das principais glândulas responsáveis pela atividade imunológica das aves, juntamente

com a Bursa de Fabricius.

Tratamento

MET:LIS* PSV BAÇO FIG GCE

NRC, 1994 93 89.26 0.22 2.36 3.24

Rostagno et al.

(2011)

80% 66 90.51 0.22 2.40 3.60

90% 74 89.21 0.28 2.28 4.16

100% 82 91.49 0.28 2.20 4.38

110% 90 90.58 0.26 2.12 3.74

120% 98 90.67 0.24 2.30 4.12

Regressão Rostagno et al. (2011) ns Q* ns ns

C.V. (%) 0.98 11.02 4.52 10.91

63

Segundo Rubin (2007), a suplementação dietética com aminoácidos sulfurosos

e a quebra das proteínas teciduais são necessárias para a síntese de proteínas e dos

peptídeos envolvidos no funcionamento normal do sistema imunológico. No entanto, o

mecanismo de modulação da resposta imune frente à suplementação com metionina +

cisitina para galinhas poedeiras ainda é controverso.

Figura 13 – Efeito dos tratamentos sobre o peso relativo (%) do baço de poedeiras leves com

18 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina.

De acordo com Grimble (2006), o mecanismo da variação da disponibilidade

tecidual de aminoácidos sulfurosos e os produtos de seu metabolismo, interagindo com

as respostas imunes, ainda são desconhecidos. Esse fato pode estar atribuído às

diversas interrelações dos aminoácidos sulfurosos com a modulação da resposta imune

nas aves.

Segundo Tsiagbe et al. (1987) a suplementação de metionina em dietas a base

de milho e farelo de soja aumentaram a produção de anticorpos e elevaram a

estimulação mitogênica, provocada pela fitohematoglutinina.

Outra forte relação dos aminoácidos sulfurosos com a atividade imunológica de

galinhas poedeiras se dá através da síntese de glutationa., já que a cisteína, obtida

através da metionina, é precursora da glutationa em células animais e seu metabolismo

y = -0,000129x2 + 0,025914x - 1,024000

R² = 0,865546

0,2000

0,2100

0,2200

0,2300

0,2400

0,2500

0,2600

0,2700

0,2800

0,2900

80 90 100 110 120

Pes

o d

o b

aço

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005)

100,44

%

64

é significativamente alterado em resposta a processos infecciosos (Malmezat et al.

2000). Outro fator importante é que a síntese desse importante antioxidante celular é

influenciado pelo consumo dietético de aminoácidos sulfurosos (Wu et al. 2004) e,

dessa forma, observa-se uma correlação positiva entre a via de transulfuração e as

concentrações de glutationa no fígado, baço e músculos (Malmezat et al., 2000).

Ademais, segundo Fang et al. (2002), a glutationa destrói radicais livres e outras

substâncias oxidativas (radicais hidroxila, lipoperóxidos, peróxido de hidrogênio),

além de participar do processo de detoxificação de substâncias tóxicas ao organismo

dos animais.

Segundo Rubin (2007), a síntese de glutationa no fígado utiliza como enzima

precursora a gama-glutamil cisteína sintetase. Dessa forma, a conversão de cisteína à

glutationa é altamente influenciada pela taxa de utilização e do transporte de glutationa

dentro e entre as células do corpo, ou seja, a síntese desse antioxidante celular é um

processo conduzido pela demanda orgânica, desde que a cisteína esteja disponível.

Outra forma de estímulo da resposta imune a partir da suplementação com

aminoácidos sulfurosos se dá pela participação ativa da metionina como doadora de

grupamentos metil. Segundo Wu et al. (2006), sob a forma da S-adenosilmetionina, a

metionina doa grupamentos metil que participam da metilação do DNA e proteínas,

além da regulação da expressão gênica. Aliado a isso, a metionina age como substrato

para a síntese da colina, assim como da fosfatidilcolina e acetilcolina, que são

essenciais para as funções nervosas do organismo e para o metabolismo dos leucócitos

(Kim et al., 2007).

Assim, a deficiência de aminoácidos sulfurosos nas dietas de galinhas

poedeiras pode reduzir a atividade do sistema imunológico, haja vista a grande

participação desses aminoácidos na resposta imune. A suplementação com

aminoácidos sulfurosos em dietas de galinhas poedeiras pode melhorar o efeito das

respostas imunológicas e consequentemente aumentar o peso do baço. No entanto, é

necessário evitar o excesso desses aminoácidos na dieta, devido aos possíveis efeitos

negativos do imbalanço aminoacídico, com consequente redução na ingestão e

utilização de outros aminoácidos.

Para as demais variáveis, as diferentes bases de formulação das rações

(aminoácidos totais vs aminoácidos digestíveis), assim como os níveis de metionina +

65

cistina digestível, não foram capazes de alterar o peso relativo do fígado e da gordura

celomática das aves. No entanto, mesmo não apresentando efeito significativo

(P>0,05), o peso do fígado das aves alimentadas com os tratamentos com 100 e 110%

de metionina + cistina digestível foi menor, quando comparado com os demais

tratamentos. Esse resultado pode ser explicado pelo menor acúmulo de glicogênio

hepático das aves desses tratamentos, representados pela menor positividade à

coloração periodic acid Schiff.

De acordo com Bertechini (2012), o desenvolvimento dos órgãos vitais e o

crescimento visceral das frangas de reposição ocorrem principalmente de 1 a 5

semanas de idade. Esse fato pode explicar a ausência de diferença significativa entre

os tratamentos para o peso relativo do fígado das aves com 18 semanas de idade.

O fígado é o principal órgão responsável pelo metabolismo e distribuição dos

nutrientes no organismo. Dessa forma, o fluxo de nutrientes nesse órgão pode

aumentar a sua taxa metabólica e consequentemente alterar o seu peso. No entanto, os

níveis de aminoácidos sulfurosos avaliados nesse estudo não foram capazes de

modificar de forma significativa o metabolismo e o peso relativo do fígado das aves no

período experimental.

Avaliação do Efeito Residual

Não foi observado efeito estatístico significativo (P>0,05) dos tratamentos

oferecidos no período experimental (13 a 18 semanas de idade) sobre as variáveis

inerentes ao início de produção de ovos (19 a 29 semanas de idade), tanto pelo teste

Dunnet, quanto pela análise de regressão (Tabela 7).

66

Tabela 7 - Efeito residual dos tratamentos sobre a idade ao primeiro ovo (IPO, dias), peso ao primeiro ovo (PPO,

g), número de ovos no período (NOP, total de ovos), números de dias de produção (NDP, dias), taxa

de postura (TXP, %), peso médio dos ovos (PMO, g) e massa de ovos (MO, g/ave/dia) das aves de 19

a 29 semanas de idade.

Tratamento IPO PPO NOP NDP TXP PMO MO

NRC 1994 148.38 41.88 230.25 59.63 54.66 58.47 31.99

Rostagno et al. (2005)

80% 148.13 44.00 256.88 59.88 56.86 59.60 33.88

90% 143.13 42.50 246.88 64.88 51.96 58.51 30.35

100% 140.25 41.88 244.63 67.75 48.19 58.33 28.11

110% 140.75 41.75 260.38 67.25 50.87 58.05 29.55

120% 139.75 41.75 250.50 68.25 48.95 58.68 28.76

Regressão

Rostagno et al. (2005) ns ns ns ns ns ns ns

C.V.(%) 6.27 8.47 25.25 13.91 19.85 2.42 19.86

C.V.(%): Coeficiente de variação; ns: não significativo.

Os níveis de aminoácidos sulfurosos, presentes nas dietas das aves no período

experimental, não foram capazes de afetar a precocidade sexual das aves, assim

como a taxa de produção no início da postura. D’Agostini et al. (2012), em estudo

semelhante, avaliaram a suplementação de metionina + cistina na fase de recria (13 a

18 semanas de idade) para poedeiras leves e os efeitos residuais nas fases

subsequentes. Esses autores observaram que o fornecimento do menor nível de

aminoácidos sulfurosos (0,399% de metionina + cistina total) retardou o início da

postura nas aves, atingindo 50% de produção com 161 dias. Também foi relatado que

as aves que foram alimentadas com níveis superiores a 0,469% de metionina +

cistina total, atingiram 50% de produção aos 150 dias de idade, ou seja, com onze

dias de antecedência.

Ao final do período de avaliação das dietas experimentais, todas as aves

receberam ração basal de acordo com as exigências nutricionais estabelecidas por

Rostagno et al. (2005) e possivelmente, apresentaram recuperação metabólica na fase

subsequente avaliada. Dessa forma, é possível afirmar que a restrição nutricional

(aminoácidos sulfurosos) nesse estudo, provocada no período experimental, não afeta

o desempenho das aves no início de produção.

67

No entanto, esse comportamento pode variar de acordo com o tipo de restrição

nutricional. Araújo et al. (2008) observaram que o aumento da fibra, provocado pela

inclusão do farelo de trigo na dieta de poedeiras semipesadas na fase de recria, reduz

a taxa de crescimento das frangas e retarda o início da postura. Dessa forma, é

necessário que se busque constantemente informações acerca dos efeitos do

fornecimento de dietas na fase de crescimento das frangas, sobre a precocidade

sexual e produtividade dos animais no início da postura.

Houve efeito estatístico significativo (P<0,05) para a espessura da casca entre o

tratamento controle e os tratamentos com 90, 100 e 110% dos níveis de metionina +

cistina digestível das tabelas brasileiras, para o período de avaliação do efeito

residual de 34 a 50 semanas de idade (Tabela 8). Ademais, houve efeito quadrático

significativo (P<0,05) para a percentagem de gema entre os tratamentos com os

níveis de metionina + cistina digestível das tabelas brasileiras, para o mesmo

período.

Tabela 8 - Efeito residual dos tratamentos sobre a produção de ovos (PR, %), peso de ovo (PO, g), massa de

ovos (MO, g/ave/dia), gravidade específica (GE, g/mL), espessura de casca (ESPC, mm),

percentagem de albúmen (ALB, %), gema (GEM, %) e casca (CASCA, %), das aves de 34 a 50

semanas de idade.

Tratamento PR PO MO GE ESPC ALB GEM CASCA

NRC 1994 96.11 66.19 63.61 1.0844 509.16 60.97 26.36 9.70

Rostagno et al. (2005)

80% 93.77 66.58 62.41 1.0835 496.17 61.93 25.56 9.52

90% 95.48 65.34 62.34 1.0846 490.51¥ 61.65 25.76 9.48

100% 92.99 65.78 61.16 1.0842 491.94¥ 61.03 26.52 9.61

110% 95.81 65.83 63.07 1.0833 492.13¥ 60.84 26.77 9.57

120% 96.71 66.30 64.12 1.0834 500.99 61.46 26.01 9.55

Regressão

Rostagno et al. (2005) ns ns ns ns ns ns Q* ns

C.V.(%) 2.91 2.13 3.03 0.17 2.11 1.35 2.93 2.68

C.V.(%): Coeficiente de variação; ¥: médias diferentes pelo teste Dunnett a 5% de probabilidade; Q* Efeito

significativo ao modelo de regressão quadrática a 5% de probabilidade.

As aves alimentadas com os tratamentos com 90, 100 e 110% dos níveis de

metionina + cistina digestível apresentaram menor espessura de casca, quando

comparadas com as aves que receberam o tratamento controle. No entanto, as aves que

receberam o tratamento com 120% das exigências de metionina + cistina digestível

68

não diferiram estatisticamente das aves que foram alimentadas com o tratamento

controle, pelo teste Dunnet.

A menor espessura da casca das aves alimentadas com os tratamentos com 90,

100 e 110% dos níveis de metionina + cistina pode ser explicada pelo aumento no

tamanho dos ovos. Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Cupertino et

al. (2009), que também observaram redução no percentual de casca, à medida que

aumentaram os níveis de aminoácidos sulfurosos nas dietas de galinhas poedeiras

leves, e, da mesma forma, sendo atribuída a justificativa da redução da qualidade da

casca, devido ao aumento do tamanho dos ovos.

O nível estimado de metionina + cistina digestível, a partir da derivada da

equação referente à porcentagem de gema, no período de 34 a 50 semanas, foi de

107,79%, correspondente ao nível de 0,426% de metionina + cistina digestível na

ração (Figura 14).

Figura 14 – Efeito residual dos tratamentos sobre a porcentagem de gema de poedeiras leves de

34 a 50 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina.

Esses resultados demonstram que as aves alimentadas com os maiores níveis de

aminoácidos sulfurosos durante o período de avaliação das dietas experimentais

apresentaram maior percentual de gema durante a postura, devido à maior

disponibilidade de aminoácidos para a formação da gema dos ovos. Esses resultados

y = -0,0017x2 + 0,3665x + 7,1909

R² = 0,7635

25,2

25,4

25,6

25,8

26

26,2

26,4

26,6

26,8

27

80 90 100 110 120

Po

rce

nta

gem

de

ge

ma

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2005)

107,79

%

69

são semelhantes aos encontrados por diversos pesquisadores (Shafer et al., 1998;

Harms & Russel, 2003; Novak & Scheideler, 2004), que comprovaram aumento nos

componentes internos dos ovos (gema e albúmen), ocasionado pelo aumento do nível

de metionina da dieta.

Não houve efeito significativo (P>0,05) dos níveis de metionina + cistina da

fase de recria para nenhuma das variáveis avaliadas no período de 54 a 70 semanas de

idade das aves (postura II) (Tabela 9).

Tabela 9 - Efeito residual dos tratamentos sobre a produção de ovos (PR, %), peso de ovo (PO, g), massa de ovos

(MO, g/ave/dia), percentagem de albúmen (ALB, %), gema (GEM, %) e casca (CASCA, %),

gravidade específica (GE, g/mL) e espessura de casca (ESPC, mm) das aves de 54 a 70 semanas de

idade.

Tratamento PR PO MO GE ESPC ALB GEM CASCA

NRC 1994 88.38 67.01 59.23 1.0779 491.19 60.03 27.41 9.57

Rostagno et al. (2005)

80% 86.78 66.49 57.70 1.0764 488.02 60.71 26.87 9.20

90% 90.29 64.95 58.60 1.0774 478.44 59.94 27.88 9.30

100% 88.53 65.45 57.95 1.0789 476.61 60.68 26.94 9.21

110% 88.35 66.05 58.36 1.0769 477.07 59.94 27.10 9.24

120% 89.46 66.43 59.43 1.0768 479.61 60.94 27.87 9.23

Regressão

Rostagno et al. (2005) ns ns ns ns ns ns ns ns

C.V.(%) 3.51 2.46 4.16 0.23 2.91 2.10 5.66 4.27

C.V.(%): Coeficiente de variação; ns: não significativo.

Esses resultados demonstram a capacidade de recuperação metabólica das aves

que receberam dietas deficientes em aminoácidos sulfurosos durante o período de

avaliação experimental, a partir do momento em que é fornecida uma dieta basal,

atendendo as exigências nutricionais das aves nas fases subsequentes. Segundo

D’Agostini et al. (2012), a inclusão de níveis de metionina + cistina na fase de recria

afeta as características produtivas das aves nesta idade, no entanto, não mantém seus

efeitos nas aves durante a fase de postura. Esses autores ainda afirmam que as aves

alimentadas com deficiência de aminoácidos sulfurosos na fase de recria podem

recuperar seu desempenho produtivo, caso recebam dietas adequadas durante a fase de

produção.

70

CONCLUSÕES

Recomendam-se níveis superiores a 0,475% de metionina + cistina digestível e

relação metionina + cistina:lisina superior a 98, para aves de reposição leves de 13 a

18 semanas de idade.

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76

CAPÍTULO 3

Níveis de Metionina+Cistina para Galinhas Poedeiras Leves na Fase de

Postura

77

Níveis de Metionina + Cistina para Poedeiras Leves na Fase de Postura

RESUMO

Objetivou-se com esse trabalho avaliar os níveis de aminoácidos sulfurosos nas dietas

de galinhas poedeiras leves de 34 a 50 semanas de idade. 336 aves da linhagem

Dekalb White foram distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado,

composto por seis tratamentos, 14 repetições e quatro aves por unidade experimental.

As dietas consistiram em um tratamento controle, formulada para atender as

exigências nutricionais de aminoácidos sulfurosos de acordo com o NRC (1994) e

outras cinco dietas que foram estabelecidas de acordo com as recomendações das

tabelas brasileiras de aves e suínos (Rostagno et al., 2011), exceto para metionina +

cistina, que consistiram em cinco variações do nível desse aminoácido (80, 90, 100,

110 e 120%), resultando nos níveis de 0,536; 0,603; 0,670; 0,737 e 0,804% de

metionina + cistina digestível. A pesquisa teve a duração de 224 dias e foi dividida em

duas fases experimentais: postura I (34 a 50 semanas de idade) e postura II (54 a 70

semanas de idade). No primeiro período da pesquisa foram avaliados os níveis de

metionina + cistina entre os tratamentos e na fase posterior foi avaliado o efeito

residual dos níveis testados na fase de postura I. Foram avaliados dados de

desempenho zootécnico e de qualidade dos ovos e histopatológicos. Houve efeito

quadrático significativo para produção e massa de ovos, e conversão por massa e por

dúzia de ovos, sendo as exigências de metionina + cistina estimadas para essas

características em 103,25% (0,691%), 102,91% (0,689%), 110,03% (0,737%) e

109,03% (0,730%), respectivamente. Também houve efeito quadrático significativo

para produção de ovos (postura II), sendo estimada a exigência de metionina + cistina

para essa variável em 105,72% (0,708%). Os níveis de metionina + cistina

influenciaram significativamente os tecidos analisados no estudo. Recomenda-se o

nível de metionina + cistina digestível de 0,737%, com relação metionina + cistina:

lisina de 90% e correspondente ao consumo de 756,53 mg/ave/dia, para galinhas

poedeiras leves durante a fase de postura (34 a 50 semanas de idade).

78

Palavras-chave: aminoácidos sulfurosos, exigências nutricionais, produção de ovos,

qualidade de ovos.

79

Levels of Methionine + Cistine for Light Laying Hens at Production Phase

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the levels of sulfur amino acids in the diets

of laying hens of 34-50 weeks of age. 336 Dekalb White birds were distributed in a

completely randomized design with six treatments, 14 replicates of four birds each.

The diets consisted in a control treatment, formulated to meet the nutritional

requirements of sulfur amino acids according to the NRC (1994) and five other diets

that have been established in accordance with the recommendations of the brazilian

poultry and swine tables (Rostagno et al., 2011), except for methionine and cystine,

which consisted of five variations in the level of this amino acid (80, 90, 100, 110 and

120%), resulting in levels of 0.536, 0.603, 0.670, 0.737 and 0.804% of methionine +

cystine. The study lasted 224 days and were divided into two experimental phases:

posture one (34 to 50 weeks of age) and posture two (54 to 70 weeks old). In the first

survey period the levels of methionine and cystine between treatments and later stage

were evaluated the residual effect of the tested levels has been reported in the laying

phase one. Data production performance and egg quality, serological and histological

were evaluated. There was a significant quadratic effect for production and egg mass,

and mass and dozen conversion per eggs, with the methionine + cystine estimated for

these characteristics in 103.25% (0.691%), 102.91% (0.689%), 110.03% (0.737%) and

109.03% (0.730%), respectively. There was also significant quadratic effect for egg

production (posture two), estimated the methionine + cystine for this variable in

105.72% (0.708%). The methionine + cystine levels significantly influenced the

tissues analyzed in the study. The level of 0.737% of digestible methionine + cystine,

with 90% of methionine + cystine: lysine relationship, and 756.53 mg/bird/day of

consumption, is recommended to light laying hens in the posture phase (34 to 50

weeks old).

Key words: egg quality, egg production, nutritional requirements, sulfur amino acids.

80

INTRODUÇÃO

A produção de ovos de galinha no Brasil, de acordo com dados do IBGE

(2013), foi de 668,3 milhões de dúzias no primeiro trimestre de 2013 e apresentando-

se constante nos últimos três anos. Desse total da produção de ovos, aproximadamente

99% é destinado ao cosumo interno e apenas 1% dos ovos de galinha são exportados

(Ubabef, 2012). Esse fato pode estar atribuído aos baixos índices de industrialização

desses produtos, que viabilizaria a sua comercialização ao exterior.

Nesse contexto, a melhor qualidade desse produto é fundamental para a

manutenção desses índices de produção, assim como na busca por novos mercados

consumidores. Grande parte dessa melhoria na qualidade dos ovos de consumo está

atribuída ao fornecimento de dietas balanceadas, respeitando o atendimento das

exigências de todos os nutrientes, nas diversas fases de criação.

A metionina, primeiro aminoácido limitante nas dietas de galinhas poedeiras, a

base de milho e farelo de soja, são essenciais para a manutenção da produção de ovos

em um ciclo de postura e diretamente ligados à qualidade do produto, já que a

metionina é fundamental no processo de síntese proteica no organismo.

Os aminoácidos são importantes no desempenho produtivo de poedeiras, pois

estão diretamente ligados à produção de ovos, com a conversão e eficiência alimentar

e à melhoria na utilização do nitrogênio, evitando assim maiores níveis de excreção ao

meio ambiente. Além disso, são componentes essenciais dos ovos e constituem as

moléculas proteicas presentes no albúmen e na gema (Leeson & Summers, 2001).

Ademais, o imbalanço aminoacídico da dieta pode provocar inúmeros prejuízos

metabólicos, como maior excreção de nitrogênio, lesões hepáticas e renais, além de

um menor desenvolvimento de vilosidades intestinais e das células do trato

reprodutivo de galinhas poedeiras.

81

Dessa forma, objetivou-se com este trabalho avaliar os níveis de metionina +

cistina nas dietas de galinhas poedeiras leves em postura, assim como os efeitos dos

tratamentos testados na fase subsequente.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado no Setor de Avicultura, do Departamento de Zootecnia,

da Universidade Federal da Paraíba, Câmpus II, Areia-PB. Esse município está

localizado a 112 km de João Pessoa e situado na microrregião do Brejo Paraibano

(6°58’12’’ de latitude sul e 35°42’15’’ de longitude oeste). Apresenta como

característica climática tropical semi-úmido, estação chuvosa no período outono-

inverno, precipitação pluviométrica de aproximadamente 1500 mm, temperatura anual

entre 22 e 30ºC e umidade relativa do ar entre 75 e 87%.

A pesquisa teve a duração de 224 dias e foi dividida em duas fases: período de

avaliação das dietas experimentais (34 a 50 semanas de idade, postura 1); e avaliação

dos efeitos dos tratamentos oferecidos na postura 1, sobre o desempenho dos animais

na fase subsequente (54 a 70 semanas de idade, postura 2).

Período de Avaliação das Dietas Experimentais

Nesse período foram utilizadas 336 aves da linhagem Dekalb White, com 34

semanas de idade. As aves foram alojadas em gaiolas de produção, com comedouro do

tipo calha e bebedouro do tipo sparkcup, para fornecimento de ração e água à vontade,

respectivamente. O programa de luz adotado para o período experimental foi de 17

horas de luz (natural + artificial).

Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado,

composto por seis tratamentos e quatorze repetições, com quatro animais por unidade

experimental. As dietas experimentais (Tabela 10) foram elaboradas da seguinte

forma: um tratamento controle, formulada para atender as exigências nutricionais

82

seguindo as recomendações do NRC (1994); e os demais tratamentos foram

estabelecidos de acordo com as recomendações das tabelas brasileiras de aves e suínos

(Rostagno et al., 2011), exceto para metionina + cistina, que consistiram em cinco

variações do nível desse aminoácido (80, 90, 100, 110 e 120%), resultando nos níveis

de 0,536; 0,603; 0,670; 0,737 e 0,804% de metionina + cistina digestível. As dietas

foram suplementadas com DL-Metionina-99% (0,093; 0,160; 0,227; 0,294; 0,361%),

em substituição ao amido, para atingir os níveis dietéticos.

Tabela 10 – Ingredientes e composição química das dietas experimentais.

Ingredientes NRC Rostagno et al, 2011

(1994)* 80% 90% 100% 110% 120%

Milho

66,797 71,675 71,675 71,675 71,675 71,675

Farelo de Soja 16,077 13,360 13,360 13,360 13,360 13,360

Calcário 9,654 9,587 9,587 9,587 9,587 9,587

Fosfato Bicálcico 1,195 1,158 1,158 1,158 1,158 1,158

Sal

0,435 0,523 0,523 0,523 0,523 0,523

Cloreto de Colina

0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070

Premix Vitamínico2

0,100 0,100 0,100 0,100 0,100 0,100

Premix Mineral1

0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050

Farelo de Glúten de Milho 60% 4,281 2,642 2,642 2,642 2,642 2,642

L-Lisina 0,211 0,222 0,222 0,222 0,222 0,222

L-Treonina

0,000 0,103 0,103 0,103 0,103 0,103

L-Triptofano

0,000 0,040 0,040 0,040 0,040 0,040

DL-Metionina 0,179 0,093 0,160 0,227 0,294 0,361

Amido de Milho

0,936 0,361 0,294 0,227 0,160 0,093

Total 100 100 100 100 100 100

Composição Química

(D- Digestível) Unidade

Proteína Bruta % 18,800 16,500 16,500 16,500 16,500 16,500

Cálcio % 4,060 4,020 4,020 4,020 4,020 4,020

Fósforo Disponível % 0,310 0,300 0,300 0,300 0,300 0,300

Energia Metabolizável kcal/kg 2800,0 2800,0 2800,0 2800,0 2800,0 2800,0

Arginina D % 0,880 0,736 0,736 0,736 0,736 0,736

Isoleucina D % 0,810 0,559 0,559 0,559 0,559 0,559

Lisina D % 0,860 0,736 0,736 0,736 0,736 0,736

Met + Cis D % 0,730 0,536 0,603 0,670 0,737 0,804

Treonina D % 0,590 0,559 0,559 0,559 0,559 0,559

83

Triptofano D % 0,159 0,169 0,169 0,169 0,169 0,169

Sódio % 0,190 0,225 0,225 0,225 0,225 0,225

Cloro % 0,303 0,355 0,355 0,355 0,355 0,355

Potássio % 0,532 0,580 0,580 0,580 0,580 0,580

Balanço Eletrolítico mEq/kg 0,419 0,450 0,450 0,450 0,450 0,450

* Ração formulada com base em aminoácidos totais. 1

Premix mineral inorgânico por kg de produto: Mn, 20g;

Fe, 10g; Zn, 13,7g; Cu, 2,5g; Se, 0,063g; I, 0,19g; e veículo q.s.p., 500g. 2

Premix vitamínico por kg de ração:

vit. A – 15.000.000Ul, vit. D3 – 1.500.000Ul, vit. E – 15.000Ul, vit.B1 – 2,0g, vit.B2 – 4,0g, vit. B6 – 3,0g,

vit.B12 – 0,015g, Ácido nicotínico – 25g, Ácido pantotênico – 10g, vit. K3 – 3,0g, Ácido fólico – 1,0 g,

Bacitracina de zinco – 10g, Selênio – 250mg, Antioxidante BHT – 10g, e veículo. q.s.p. – 1.000g.

As variáveis estudadas foram: consumo de ração (g/ave), produção de ovos

(%), peso dos ovos (g), massa de ovos (g), conversão alimentar por massa de ovos

(g/g), conversão alimentar por dúzia de ovos (g/g), porcentagem de gema (%), casca

(%) e albúmen (%), espessura da casca (mm), consumo de metionina + cistina

(mg/ave), consumo de lisina (mg/ave), peso sem vísceras (g/ave), peso do fígado

(g/ave), peso da gordura celomática (g/ave) e peso do baço (g/ave).

Ademais, foi realizada análise histopatológica do fígado, rins, intestino

delgado, magno e útero. Para tanto, fragmentos desses órgãos foram imersos em

substância fixadora metacarn (60% metanol, 30% clorofórmio e 10% ácido acético),

por 12 horas e posteriormente transferidos para álcool 70%.

Para a microscopia óptica foi feita a inclusão dos fragmentos dos órgãos em

paraplast, sendo realizados cortes seriados dos mesmos de 5µm de espessura. Para a

análise histológica, foram utilizadas as colorações, hematoxilina e eosina, periodic

acid Schiff (PAS) e tricômio de Masson. As fotomicrografias foram obtidas através de

microcâmera acoplada a um microscópio Olympus BX-51 e as imagens digitalizadas

no software KS 400.3 (Zeiss).

As rações foram pesadas no início e no final de cada ciclo de avaliação

experimental (28 dias) para a mensuração do consumo de ração, conversão alimentar

por massa e por dúzia de ovos, consumo de metionina + cistina e consumo de lisina.

Diariamente, os ovos eram coletados em cada unidade experimental para a

mensuração da produção de ovos. A conversão alimentar por dúzia de ovos foi

calculada dividindo-se o consumo de ração pelo número de dúzias de ovos produzidos.

Já a conversão por massa de ovos foi obtida pela divisão do consumo de ração pela

84

massa de ovos produzidos. Esta última foi obtida multiplicando-se a produção pelo

peso dos ovos.

Os ovos de cada parcela foram pesados em balança digital de três dígitos

(0,001g), para o cálculo do peso médio dos ovos, assim como os componentes internos

dos ovos (gema e albúmen), que também foram pesados individualmente e

separadamente em balança digital de três dígitos (0,001g), para mensuração das

porcentagens de gema e albúmen.

As cascas dos ovos, previamente identificadas, foram secas em estufa a 55-

60ºC por um período de 24 horas e posteriormente pesadas em balança digital com

precisão de 0,01g, para a obtenção da porcentagem das cascas. A espessura da casca

foi obtida através da utilização de um micrômetro digital Mitutoyo de 0-25 mm, com

precisão de 0,001 mm. Para as análises histopatológicas e as mensurações dos órgãos,

cinco aves por unidade experimental foram abatidas no final do período experimental.

Avaliação do efeito residual

Após o período de avaliação das dietas experimentais na postura 1, as aves

foram alimentadas com água e ração à vontade, de acordo com as exigências

nutricionais recomendadas por Rostagno et al. (2011). Desse modo, foi permitido

avaliar o efeito residual dos níveis de metionina + cistina do período de 34 a 50

semanas de idade sobre a fase subsequente (54 a 70 semanas de idade).

Para a avaliação do efeito residual, 168 aves foram selecionadas aleatoriamente

nos tratamentos em sete repetições, com quatro animais por unidade experimental. As

variáveis avaliadas nesse período foram: produção de ovos (%), peso dos ovos (g),

massa de ovos (g), porcentagem de gema (%), casca (%) e albúmen e espessura de

casca (mm). Para a determinação dessas variáveis foi utilizada a mesma metodologia

empregada na fase de avaliação das dietas experimentais.

Análises Estatísticas

85

As análises estatísticas das variáveis analisadas foram realizadas por meio do

programa computacional SAS (SAS Institute, 2011). O tratamento controle (NRC,

1994) foi comparado com os demais tratamentos (variações dos níveis de metionina +

cistina digestível, de acordo com Rostagno et al., 2011), através do teste de médias

Dunnett a 5% de probabilidade. O requerimento de metionina + cistina digestível foi

estimado através de análise de regressão, de modo a considerar o valor do R2 e a

resposta biológica das aves.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Variáveis de Desempenho Zootécnico

Houve efeito significativo (P<0,05) para as seguintes variáveis de desempenho

zootécnico: produção, peso, massa e conversão alimentar por massa de ovos, consumo

de metionina + cistina e consumo de lisina, quando submetidos ao teste Dunnet

(Tabela 11). Já para as demais variáveis, não houve diferença estatística significativa

entre o tratamento controle (NRC, 1994) e os demais tratamentos.

86

Tabela 11 – Efeito dos tratamentos sobre o consumo de ração (CR, g/ave/dia), produção de ovos (PR, %), peso dos ovos (PO, g), massa de ovos (MO, g), conversão alimentar

por massa de ovos (CMO, g/g), conversão alimentar por dúzia de ovos (CDZ, kg/dz), porcentagem de gema (GEM, %), albúmen (ALB, %) e casca (CASCA, %), espessura

da casca (ESPC, mm), gravidade específica (GE, g/ml), consumo de metionina + cistina (CMC, mg/ave/dia) e consumo de lisina (CLIS, mg/ave/dia) de poedeiras leves de 34

a 50 semanas de idade.

Tratamento MET:LIS* CR PR PO MO CMO CDZ GEM ALB CASCA ESPC GE CMC CLIS

NRC, 1994 84 103,35 91,43 64,15 58,46 1,78 1,37 26,06 59,22 9,79 511,69 1,085 684,61 787,77

Rostagno et al. (2011)

80 65 103,54 86,07¥ 62,70¥ 53,97¥ 1,92¥ 1,45¥ 26,36 60,63 10,06 515,03 1,086 559,89¥ 768,81

90 73 104,14 88,13¥ 61,82¥ 54,48¥ 1,92¥ 1,42¥ 27,05 59,17 10,05 520,42 1,086 626,30¥ 764,44

100 81 104,23 89,07¥ 62,36¥ 55,56¥ 1,88¥ 1,41¥ 26,23 59,97 9,93 520,36 1,086 692,21 760,40

110 90 102,65 88,69¥ 62,33¥ 55,28¥ 1,85¥ 1,39 26,54 60,19 10,00 516,06 1,086 737,23¥ 736,23¥

120 98 102,52 87,40¥ 62,29¥ 54,43¥ 1,89¥ 1,41¥ 27,08 59,09 10,24 515,34 1,086 815,92¥ 746,91¥

Regressão Rostagno et al.

(2011) ns Q** ns Q* Q* Q** ns ns ns ns ns ns ns

C.V (%) 2,00 4,07 3,56 5,55 5,79 4,36 1,60 1,07 1,50 5,02 0,21 13,36 7,54 *Relação metionina+cistina:lisina (%). C.V.(%): Coeficiente de variação; ¥: médias diferentes pelo teste Dunnett a 5% de probabilidade; Q*: Efeito significativo ao modelo de

regressão quadrática a 5% de probabilidade; Q**: Efeito significativo ao modelo de regressão quadrática a 1% de probabilidade; ns: não significativo

87

As aves alimentadas com a dieta controle (NRC, 1994) apresentaram melhor

desempenho produtivo, quando comparado com os animais que receberam os níveis

crescentes de metionina + cistina digestível estabelecido pelas tabelas brasileiras de

Rostagno et al. (2011), expressados pela maior produção, peso e massa de ovos, além

de menor conversão alimentar por massa de ovos.

Os níveis de arginina, isoleucina e lisina digestível da dieta estabelecida pelo

NRC (1994) estão acima dos valores preconizados pelas tabelas brasileiras de aves e

suínos. Provavelmente, as dietas formuladas com base nas exigências nutricionais das

tabelas brasileiras (níveis de metionina + cistina digestível) não atenderam os

requerimentos desses aminoácidos para as aves, acarretando em menor desempenho

produtivo, quando comparado com os animais que receberam a dieta com base em

aminoácidos totais.

As linhagens de poedeiras comerciais atuais apresentam melhor capacidade de

conversão de nutrientes da ração na produção, peso e massa de ovos. Em detrimento a

isso, os requerimentos nutricionais das aves elevam-se, com o intuito de dar suporte

aos altos índices produtivos. Possivelmente, as aves alimentadas com a dieta

formulada com base nas exigências nutricionais do NRC (1994) apresentaram melhor

aproveitamento dos nutrientes da dieta, expressadas pela melhor produção, peso,

massa e conversão alimentar por massa de ovos.

Também foi possível observar que os níveis elevados dos aminoácidos

essenciais, das dietas do NRC (1994), principalmente a arginina, lisina e isoleucina,

não foram capazes de provocar redução no desempenho ocasionada pelo possível

excesso de nitrogênio da dieta. De acordo com Koelkebeck et al. (1991), poedeiras de

alta produção apresentam certa tolerância para excessos de aminoácidos em dietas à

base de milho e farelo de soja.

Segundo Rombola et al. (2008), a formulação de rações com base na

composição em aminoácidos digestíveis contribui para maior precisão no

fornecimento de aminoácidos, já que permite considerar a capacidade da ave em

aproveitar os aminoácidos dos alimentos e superar eventuais diferenças na

digestibilidade dos ingredientes.

88

A efetividade das dietas com base em aminoácidos digestíveis já está

comprovada para frangos de corte, a partir do desenvolvimento de diversas pesquisas

ao longo dos últimos anos (Rostagno et al., 1995; Maiorka et al., 2004; Araújo et al.,

2006). No entanto, essa efetividade não está comprovada para poedeiras comerciais

durante a fase de postura e os resultados ainda são controversos (Silva et al., 2000;

Casartelli et al., 2004).

O menor rendimento das aves alimentadas com as dietas formuladas com base

nas tabelas de Rostagno et al. (2011) pode ser explicado pela possível deficiência

aminoácidos essenciais nas dietas, como a lisina, arginina e isoleucina. Segundo

Jordão Filho et al. (2006), os aminoácidos essenciais são exigidos pelo organismo das

galinhas poedeiras para atender três necessidades básicas: mantença, formação de

tecidos corporais e deposição de proteína para o ovo. Ainda segundo esses autores,

erros na concentração dos aminoácidos essenciais nas rações podem comprometer o

desempenho produtivo das aves, destacando-se a metionina, em que a sua deficiência

pode provocar a redução na produção e no peso dos ovos.

O consumo de aminoácidos sulfurosos pelas aves alimentadas com o

tratamento controle (NRC, 1994) foi significativamente superior (P<0,05) ao consumo

desse aminoácido para os animais alimentados com os tratamentos 80 e 90% de

metionina + cistina digestível, enquanto que não diferiu do tratamento com 100% e foi

significativamente menor com relação aos tratamentos com 110 e 120% de metionina

+ cistina digestível das tabelas brasileiras.

Esses resultados podem ser explicados pela ausência de diferença significativa

(P>0,05) para o consumo de ração entre os tratamentos, já que o nível de metionina +

cistina digestível do tratamento controle (0,657%) é superior aos níveis dos

tratamentos com 80 e 90%, semelhante ao tratamento com 100% e inferior aos níveis

dos tratamentos com 110 e 120% de metionina + cistina digestível.

O consumo de lisina digestível dos animais alimentados com a dieta controle

(NRC, 1994) foi significativamente superior (P<0,05) às aves alimentadas com as

dietas com os níveis 110 e 120% de aminoácidos sulfurosos estabelecidos por

Rostagno et al. (2011).

89

O nível de lisina digestível do tratamento controle (0,756%) é semelhante ao

nível desse aminoácido das tabelas brasileiras (0,736%). Mesmo não havendo

diferença significativa entre os tratamentos para o consumo de ração, os animais

alimentados com os tratamentos com 110 e 120% de metionina + cistina digestível

apresentaram menor consumo de ração, quando comparado com o tratamento controle,

explicando assim o menor consumo de lisina digestível para esses tratamentos.

As diferentes bases de formulação de ração (aminoácidos toais vs aminoácidos

digestíveis), assim como os níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al.,

2011), não foram capazes de afetar significativamente o consumo de ração dos

animais. A ausência de diferença significativa (P>0,05) para o consumo de ração nesse

estudo corrobora os resultados encontrados em outros estudos que avaliaram os níveis

de metionina + cistina para galinhas poedeiras (Sá et al., 2007; Cupertino et al., 2009;

Varela, 2009; Polese et al., 2012).

No entanto, o comportamento do consumo de ração é bastante controverso em

pesquisas que avaliaram os níveis crescentes de aminoácidos sulfurosos nas dietas de

galinhas poedeiras, podendo ser demonstrado tanto pelo decréscimo no consumo de

ração (Jordão Filho et al., 2006), quanto pelo aumento no consumo de alimentos

(Narvaez Solarte, 1996; Harms et al., 1998; Barbosa et al., 2009; Brumano et al.,

2010). O consumo de ração pode ser afetado por diversos fatores, como a temperatura

ambiente, umidade relativa do ar, níveis dietéticos dos nutrientes, estresse, dentre

outros, fato que pode explicar a grande variação de respostas dos animais relacionadas

ao consumo de alimentos.

Os níveis de aminoácidos sulfurosos não foram capazes de alterar a qualidade

dos ovos das aves nesse estudo, sendo expressados pela ausência de diferença

estatística significativa (P>0,05) entre os tratamentos dietéticos, tanto para o teste

Dunnet, quanto para os dados submetidos à análise de regressão linear e quadrática.

Esses resultados estão de acordo aos encontrados por Jordão Filho et al. (2006), Sá et

al. (2007), Valera (2009) e Polese et al. (2012), que também não observaram efeito

significativo dos níveis de metionina + cistina sobre a qualidade dos ovos de galinhas

poedeiras.

Por outro lado, Mendonça Jr & Lima (1999), Barbosa et al. (2009) e Brumano

et al. (2010) encontraram influência significativa dos níveis aminoácidos sulfurosos

90

sobre a qualidade dos ovos de galinhas poedeiras. Mesmo não estando presente em

quantidades significativas nos componentes internos dos ovos de galinha (Pires et al.,

2006), os aminoácidos sulfurosos participam diretamente da síntese proteica orgânica

e podem influenciar a qualidade dos ovos de poedeiras, no entanto, os níveis dietéticos

trabalhados nesse estudo não foram suficientes para ocasionar mudanças significativas

na qualidade dos componentes internos e externos dos ovos.

Com base nos dados da análise de regressão, houve efeito quadrático

significativo (P<0,01) para produção (Figura 15) e conversão alimentar por dúzia de

ovos (Figura 18), além de efeito quadrático (P<0,05) para as variáveis, massa (Figura

16) e conversão alimentar por massa de ovos (Figura 17).

Figura 15 – Efeito dos tratamentos sobre a produção de ovos de poedeiras leves de 34 a 50

semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina.

y = -0,0057x2 + 1,1779x + 28,512

R² = 0,9983

85,5

86

86,5

87

87,5

88

88,5

89

89,5

80 90 100 110 120

Pro

du

ção

de

ov

os

(%)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011)

103,25%

91

Figura 16 – Efeito dos tratamentos sobre a massa de ovos de poedeiras leves de 34 a 50

semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina.

Figura 17 – Efeito dos tratamentos sobre a conversão alimentar por massa de ovos de poedeiras

leves de 34 a 50 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina.

y = -0,0029x2 + 0,6001x + 24,464

R² = 0,863

53,6

53,8

54

54,2

54,4

54,6

54,8

55

55,2

55,4

55,6

55,8

80 90 100 110 120

Ma

ssa

de

ov

os

(g)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011)

y = 0,0000643x2 - 0,0141571x + 2,6520000

R² = 0,6518883

1,84

1,85

1,86

1,87

1,88

1,89

1,9

1,91

1,92

1,93

1,94

80 90 100 110 120

Co

nv

ersã

o a

lim

enta

r p

or

ma

ssa

de

ov

os

(g/g

)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011)

110,03%

102,91%

92

Figura 18 – Efeito dos tratamentos sobre a conversão alimentar por dúzia de ovos de poedeiras

leves de 34 a 50 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina.

A partir da derivada das equações obtidas nas análises acima, o nível de

metionina + cistina digestível estimado para produção de ovos, massa de ovos,

conversão por massa de ovos e conversão por dúzia de ovos é de 103,25% (0,691% de

metionina + cistina digestível), 102,91% (0,689% de metionina + cistina digestível),

110,03% (0,737% de metionina + cistina digestível) e 109,03% (0,730% de metionina

+ cistina digestível), respectivamente.

Como pôde ser observado, as exigências de metionina + cistina digestível para

as variáveis relacionadas à conversão alimentar são superiores às variáveis de

produção e massa de ovos. Esses resultados estão de acordo a afirmação de Schutte et

al. (1994), que verificaram que o nível de metionina + cistina exigido para otimizar a

conversão alimentar das aves é maior que aquele para a maximização da produção de

ovos.

Com base nos resultados de desempenho zootécnico obtidos nesse estudo e nas

respostas biológicas dos animais frente aos níveis de aminoácidos sulfurosos

avaliados, estima-se o nível de metionina + cistina digestível correspondente à

conversão alimentar por dúzia de ovos, ou seja, 0,730% de metionina + cistina

digestível, para galinhas poedeiras leves de 34 a 50 semanas de idade.

y = 0,000064x2 - 0,013957x + 2,156000

R² = 0,931548

1,38

1,39

1,4

1,41

1,42

1,43

1,44

1,45

1,46

80 90 100 110 120

Co

nv

ersã

o a

lim

enta

r p

or

zia

de

ov

os

(g/g

)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011)

109,03%

93

Os valores estimados para aminoácidos sulfurosos nesse estudo estão acima do

nível preconizado no manual da linhagem Dekalb White (2009), que recomenda

0,660% de metionina + cistina digestível durante a fase de postura. Da mesma forma,

o nível de aminoácidos sulfurosos estimado nesse estudo são superiores aos

encontrados em pesquisas semelhantes ao longo dos últimos anos.

Nesse sentido, tem-se observado em pesquisas recentes um aumento

significativo nos requerimentos nutricionais em aminoácidos sulfurosos para galinhas

poedeiras em produção. Esse fato está principalmente atribuído ao melhoramento

genético, que tornaram as aves mais eficientes e com maior capacidade produtiva,

devendo sempre serem revistas e atualizadas as tabelas de exigências nutricionais de

galinhas poedeiras em produção. Corroborando esse fato, Sá et al. (2007) afirmaram

que as diferenças nos valores da exigência em metionina para poedeiras tornam-se

evidentes, principalmente com as mudanças na genética, nutrição e no manejo que

aves estão submetidas, além dos efeitos da idade, do tipo da dieta e das condições

ambientais.

Togashi et al. (2002) determinaram o nível de 0,565% de metionina + cistina

para poedeiras semipesadas em postura alimentadas com rações contendo Levedura

Seca (Saccharomyces cerevisae). Sá et al. (2007) e Cupertino et al. (2009), estimaram

as exigências de aminoácidos sulfurosos para galinhas poedeiras leves em produção e

recomendaram o nível de 0,693 e 0,655% de metionina + cistina digestível,

respectivamente.

Mais recentemente, Brumano et al. (2010) avaliaram os níveis de metionina +

cistina digestível para poedeiras leves no período de 42 a 58 semanas de idade e

estimaram o nível de aminoácidos sulfurosos para a fase em 0,775%, valor próximo ao

estimado nesse estudo (0,730%).

De acordo com Waldroup & Hellwig (1995), os requerimentos em

aminoácidos sulfurosos para galinhas poedeiras apresentam um pico para produção de

ovos no período que compreende entre a 51ª e a 58ª semana de idade, provavelmente

pelo aumento no tamanho dos ovos. Na presente pesquisa, o período de avaliação das

dietas experimentais situou-se próximo à fase do pico de exigência de metionina para

poedeiras e, dessa forma, pode explicar o nível estimado nesse estudo que foi

94

significativamente superior aos valores preconizados nas principais tabelas de

exigências nutricionais.

As aves alimentadas com os menores níveis de aminoácidos sulfurosos (80 e

90%), assim como os animais que receberam o tratamento com 120% de metionina +

cistina digestível, tiveram menor produção, peso e massa de ovos, além de pior

conversão alimentar. Dessa forma, pode-se inferir que o imbalanço aminoacídico

provocado tanto pela deficiência, quanto pelo excesso de aminoácidos sulfurosos na

dieta, provoca prejuízos na produção de ovos de galinha.

Os resultados encontrados nesse estudo são semelhantes aos relatados por

Jordão Filho et al. (2006), que observaram redução no peso dos ovos de poedeiras

semipesadas nos níveis extremos de metionina + cistina, que foram explicados pelos

autores devido a deficiência e o excesso de aminoácidos sulfurosos da ração sobre esta

variável.

De acordo com D’Mello (2003), a metionina tem um papel chave no

metabolismo como doador de grupamentos metil ativos. Aliado a isto, tem função

importante como precursora da homocisteína e cisteína, que é fundamental para o

organismo na síntese de diversas enzimas envolvidas no metabolismo proteico. De

acordo com Jordão Filho et al. (2006), erros nas concentrações de aminoácidos das

rações de poedeiras, principalmente metionina e lisina, podem comprometer o

desempenho produtivo, expressados pela redução na produção e no peso dos ovos,

além de aumentar a deposição de gordura no fígado.

O desbalanço aminoacídico provocado pela deficiência de metionina causa

efeitos negativos sobre o consumo de alimentos, a taxa de crescimento e sobre a

produtividade de frangos de corte e galinhas poedeiras leves e semipesadas (Pars &

Summers, 1991; Narváez Solarte, 1996).

Dentre os aminoácidos essenciais, os aminoácidos sulfurosos são considerados

um dos mais tóxicos para não ruminantes, principalmente por conter enxofre em sua

composição. Dessa forma, possivelmente, o excesso de metionina + cistina da dieta

com 120% das exigências nutricionais para esse aminoácido, pode ter provocado

toxidez aos animais, reduzindo principalmente a produção e a eficiência alimentar no

período.

95

Análises Histológicas

A partir das imagens das fotomicrografias do fígado das aves (Figura 19), é

possível perceber que as aves alimentadas com o tratamento controle (NRC, 1994) e

com a dieta com 120% das exigências de metionina + cistina digestível, apresentaram

desorganização parenquimal hepática, em função de um maior acúmulo de vacúolos

citoplasmáticos nas células do fígado.

Figura 19 – Fotomicrografias do fígado de poedeiras leves com 50 semanas de idade suplementadas

com níveis de metionina + cistina. A) Imagem representando o tratamento controle (NRC, 1994); B) Imagem

representando os tratamentos 80 e 90% de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011); C) Imagem

representando o tratamento com 100 e 110% de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011); D)

Imagem representando o tratamento com 120% de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011).

Coloração de periodic acid Schiff. Barras: 400µm.

96

Aliado a isto, os animais alimentados com o tratamento controle (NRC, 1994) e

as aves que receberam o nível de 120% de metionina + cistina digestível, apresentaram

maior acúmulo de glicogênio hepático, representado pela maior positividade a

coloração de periodic acid Schiff.

Em contrapartida, o fígado das aves dos tratamentos com 80, 90, 100 e 110%

das exigências de metionina + cistina digestível não apresentaram indícios de esteatose

ou desorganização parenquimal hepática, além de ser observado menor acúmulo de

glicogênio hepático, com menor positividade a coloração periodic acid Schiff, quando

comparado com os demais tratamentos.

Esses dados estão de acordo com os resultados encontrados em trabalho

realizado por Bunchasak & Silapasorn (2005), que relataram aumento na gordura

hepática de aves de postura que receberam altos níveis de metionina na dieta. Esses

autores ainda afirmaram que o aumento da gordura do fígado das aves pode ter sido

causado pela maior síntese de estrogênio no ovário, em detrimento às altas taxas de

produção de ovos, corroborando os dados desse estudo, onde foram observados

maiores índices de produção de ovos no tratamento controle (NRC, 1994).

As células hepáticas estão envolvidas em processos de síntese proteica,

secreção biliar, armazenamento de glicogênio, biotransformação e detoxificação e no

metabolismo de aminoácidos, lipídios e glicose, dentre outras funções (Takashima &

Hibiya, 1995). Provavelmente, os níveis de metionina + cistina alteraram o

metabolismo hepático, evidenciado pelo maior acúmulo de glicogênio hepático dos

animais do tratamento controle (NRC, 1994) e as aves que receberam o nível de 120%

de metionina + cistina digestível.

Apesar de instalada esteatose hepática moderada nesses tratamentos,

provavelmente os efeitos desse distúrbio metabólico não interferiram diretamente

sobre os resultados de desempenho zootécnico, já que os melhores índices produtivos

foram encontrados nos animais que receberam a dieta controle (NRC, 1994). Aliado a

isso, nessa idade os animais já possuem todos os órgãos e sistemas desenvolvidos e, o

excedente de energia, pode ter sido estocado no fígado e utilizado para outras funções,

como a produção de ovos (Bunchasak & Silapasorn, 2005).

97

O fígado é um órgão capaz de armazenar diversas substâncias no organismo,

dentre elas lipídios e glicogênio. A síntese de glicogênio no organismo é o processo

pelo qual a glicose é polimerizada a glicogênio, que é armazenada nos hepatócitos e

funcionam como depósito de energia acessível à célula.

Segundo Graciano (2009), as reservas de glicogênio nos animais podem ser

afetadas por desvios metabólicos, principalmente em função da dieta. Dessa forma, um

possível excesso de aminoácidos nos animais alimentados com a dieta controle (NRC,

1994), ocasionado pelo maior nível de proteína bruta da dieta e dos níveis elevados

dos principais aminoácidos essenciais dietéticos, pode explicar o maior nível de

glicogênio hepático dos animais desse tratamento.

Com relação às imagens das fotomicrografias do intestino delgado das aves

(Figura 20) alimentadas com níveis de aminoácidos sulfurosos, é possível observar

que os animais que receberam os níveis mais baixos de metionina + cistina digestível

(Figura 20A) apresentaram menor largura das vilosidades intestinais.

Figura 20 – Fotomicrografias do intestino delgado de poedeiras leves com 50 semanas de idade

suplementadas com níveis de metionina + cistina. A) Imagem representando os tratamentos com 80 e 90% de

metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011); B) Imagem representando os tratamentos com 100, 110 e

120% de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011) e o tratamento controle (NRC, 1994), os quais

apresentaram vilosidades com maior largura (barra vertical) e mais ramificações (pontas de seta). Coloração de

hematoxilina-eosina. Barras: 400µm.

98

Já os animais que receberam o tratamento controle (NRC, 1994) e os níveis

com 100, 110 e 120% de metionina + cistina digestível das tabelas brasileiras,

apresentaram maior largura das vilosidades intestinais.

O aumento da largura e da altura das vilosidades está diretamente ligado a uma

maior área de absorção de nutrientes no intestino delgado, já que este órgão é o

principal sítio de digestão e captação de nutrientes no organismo. Vários ingredientes

vêm sendo utilizados na nutrição com função trófica sobre a mucosa intestinal,

destacando-se os aminoácidos sintéticos. Nesse sentido, a metionina, primeiro

aminoácido limitante para aves de produção em dietas a base de milho e farelo de soja,

e elemento chave no processe de síntese proteica no organismo, tem participação

direta no desenvolvimento intestinal.

Soares et al. (2008) observaram melhor desenvolvimento das estruturas do

intestino delgado de pintos de corte com sete dias de idade e suplementados com

metionina na dieta. Em contrapartida, Zavarize et al. (2011) não observaram

modificações morfológicas representativas na mucosa intestinal de galinhas poedeiras

leves submetidas ao estresse por calor e termoneutralidade e suplementadas com

glutamina na dieta.

No entanto, de acordo com Rezende e Beletti (2008), independentemente do

segmento intestinal considerado, as vilosidades tendem a ter a sua altura e largura

intensamente aumentadas até a nona semana de vida e, após essa etapa, existe uma

tendência de se estabilizarem.

Dessa forma, possivelmente a deficiência de aminoácidos sulfurosos provocou

uma redução na capacidade do processo de renovação das células epiteliais do

intestino delgado das aves alimentadas com os menores níveis de metionina + cistina,

havendo redução da largura do vilo, quando comparado com os demais tratamentos.

De acordo com a Figura 21, todas as imagens demonstram a presença de

glândulas ativas secretoras de albúmen no magno das aves de todos os tratamentos.

Todavia, os animais que receberam as dietas com 80 e 90% das exigências de

metionina + cistina digestível (Figura 21B) apresentaram quantidade reduzida de

células secretoras de albúmen no magno, quando comparado com as aves que

receberam o tratamento controle (Figura 21A) e os animais dos tratamentos com 100,

99

110 e 120% das exigências de metionina + cistina digestível, os quais apresentaram

maior quantidade de glândulas ativas em comparação aos demais tratamentos.

Figura 21 – Fotomicrografias do magno de poedeiras leves com 50 semanas de idade suplementadas

com níveis de metionina + cistina. A) Imagem representando o tratamento controle (NRC, 1994) B) Imagem

representando os tratamentos com 80 e 90% de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011); C)

Imagem representando os tratamentos com 100, 110 e 120% de metionina + cistina digestível (Rostagno et al.,

2011). Asterisco representa glândulas ativas do magno. Coloração de hematoxilina-eosina. Barras: 200µm.

Efeito semelhante foi relatado por Lima et al. (2012), que observaram maior

atividade das glândulas secretoras de albúmen no magno e consequente maior

produção de albúmen em galinhas poedeiras leves suplementadas com triptofano

digestível na dieta.

O aumento das pregas do magno, aliado a uma maior atividade desse órgão e

maior estoque de albúmen, permite a produção de ovos em um período mais curto,

aumento a produtividade e o peso e massa de ovos (King & McLelland, 1979). Dessa

forma, o melhor desenvolvimento do órgão e o maior estoque de albúmen,

principalmente nos animais alimentados com a dieta controle e com os maiores níveis

de metionina + cistina digestível das tabelas brasileiras, permitiram uma maior

produção, peso e massa de ovos, além de uma melhor conversão alimentar, conforme

demonstrado nos dados de desempenho zootécnico.

As fotomicrografias do útero das aves não demonstraram mudanças

histológicas significativas entre os tratamentos, no entanto, pode-se observar que as

100

aves dos tratamentos com 110 e 120% de metionina + cistina digestível apresentaram

uma maior largura das pregas uterínicas (Figura 22).

Figura 22 – Fotomicrografias do útero de poedeiras leves com 50 semanas de idade suplementadas com

níveis de metionina + cistina. A) Imagem representando os tratamentos com 80 e 90% de metionina + cistina

digestível (Rostagno et al., 2011); C) Imagem representando os tratamentos com 100, 110 e 120% de

metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011) e o tratamento controle (NRC, 1994). Coloração de

hematoxilina-eosina (barra de 100µm).

Corroborando esses dados, Lima et al. (2012) observaram que a suplementação

de triptofano na dieta de galinhas poedeiras leves em postura proporciona um maior

desenvolvimento e elevada quantidade de pregas secundárias no útero das aves, além

de hiperplasia do órgão.

De acordo com King & McLlland (1979), o maior desenvolvimento das pregas

do útero, também proporciona a produção de ovos mais rapidamente, já que o

processo de formação e deposição dos cristais de carbonato de cálcio na casca dos

ovos se dá com mais eficiência. No entanto, essas mudanças no desenvolvimento do

útero das aves não foram suficientes para alterar a qualidade da casca dos ovos, não

sendo encontradas diferenças significativas para porcentagem e espessura de casca, e

gravidade específica.

Peso dos Órgãos

101

Não foi verificado efeito estatístico significativo (P>0,05) dos tratamentos

dietéticos sobre o peso dos órgãos das aves com 50 semanas de idade, não sendo

observadas diferenças entre as diferentes formulações, aminoácidos total vs digestível,

pelo teste Dunnett, assim como entre os níveis de metionina + cistina digestível, pela

análise de regressão (Tabela 12).

Tabela 12 - Efeitos dos tratamentos sobre o peso relativo (%) do peso sem vísceras (PSV), fígado (FIG),

baço (BAÇ) e gordura celomática (GCE) das aves com 50 semanas de idade.

Tratamento MET:LIS* PSV BAÇO FIG GCE

NRC, 1994 93 70,82 0,100 2,58 3,03

Rostagno et al.

(2011)

80% 66 71,16 0,119 2,66 2,22

90% 74 70,16 0,105 2,79 2,23

100% 82 72,27 0,094 2,73 1,98

110% 90 71,08 0,098 2,65 2,41

120% 98 72,33 0,091 2,73 2,16

Regressão Rostagno et al. (2011) ns ns ns ns

C.V. (%) 1,18 9,87 2,77 15,64

*Relação metionina + cistina: lisina (%); ns: não significativo; C.V. (%): Coeficiente de variação.

A ausência de diferença estatística significativa para essas variáveis,

principalmente o fígado e o baço, pode ser explicada pelo fato do crescimento e

desenvolvimento desses órgãos ocorrerem principalmente nas primeiras semanas de

vida da ave, onde é possível observar diferenças nos pesos dos órgãos a partir da

manipulação dos níveis dos nutrientes dietéticos.

Segundo Bertechini (2012), o crescimento das frangas de reposição segue o

modelo fisiológico multifásico, sendo que na fase de 1 a 5 semanas ocorre prioridade

fisiológica de crescimento visceral (órgãos vitais), seguido de crescimento ósseo de 6

a 12 semanas e de 12 a 16 semanas de idade o desenvolvimento dos órgãos

reprodutivos, com aumento de densidade óssea e acúmulo de reservas orgânicas para o

início de produção.

Dessa forma, o aumento no peso dos órgãos viscerais em galinhas poedeiras é

mais evidente durante a fase de crescimento e nas semanas que antecedem a postura.

Segundo Saki et al. (2011), a metionina pode influenciar as características de carcaça e

102

órgãos viscerais, principalmente o fígado, sendo que altos níveis de metionina

aumentaram a atividade metabólica desse órgão em poedeiras durante a fase de

crescimento. Do mesmo modo, Hazelwood et al. (1986) relataram que o fígado de

poedeiras aumenta de peso nos períodos que antecedem a fase de postura.

Já o baço é um órgão diretamente ligado à atividade imunológica das aves e os

níveis de aminoácidos dietéticos também podem influenciar a atividade metabólica e

consequentemente, o peso desse órgão. De acordo com Carvalho (2012), os

aminoácidos sulfurosos podem exercer diversas funções no organismo das aves, dentre

elas a melhoria no sistema imune das aves. No entanto, segundo Kidd (2004), as

exigências nutricionais para as respostas imunes nos animais diferem daquelas para o

crescimento e deposição tecidual, e este fato, pode explicar a ausência de diferença

significativa entre os tratamentos para o peso do baço das aves.

As diferentes formas de formulação da ração (aminoácidos totais vs

aminoácidos digestíveis), assim como os níveis de metionina + cistina digestível das

tabelas brasileiras não foram capazes de alterar o acúmulo de gordura corporal das

aves durante o período experimental.

Silva Júnior et al. (2005) observaram que os níveis de metionina + cistina

afetaram de forma significativa a deposição de gordura celomática em frangos de corte

aos 42 dias de idade, sendo atribuído ao maior acúmulo de gordura no corpo ao

desequilíbrio aminoacídico das dietas com excesso de aminoácidos sulfurosos. Esses

autores ainda afirmaram que esse desequilíbrio limita o acúmulo de tecido magro e

direciona as calorias para os adipócitos, aumentando o acúmulo de gordura na

cavidade abdominal das aves.

Outro fato que pode explicar a ausência de diferença significativa entre os

tratamentos para a porcentagem de gordura celomática das aves é a grande variação

entre as médias, destacada pelo valor elevado do coeficiente de variação. Como pôde

ser observado na Tabela 11, os animais alimentados com a dieta controle apresentaram

maior porcentagem de gordura celomática (efeito numérico), quando comparado com

os demais tratamentos. Aliado a isto, esses animais também apresentaram maior

acúmulo de glicogênio hepático (Figura 18), provavelmente ocasionado pelo excesso

de aminoácidos na dieta das aves.

103

Avaliação do Efeito Residual

Houve efeito residual significativo (P<0,05) dos níveis de metionina + cistina

entre o tratamento controle e os demais tratamentos oferecidos no período de 34 a 50

semanas de idade, sobre a produção e massa de ovos, casca e espessura de casca, das

aves no período de produção de 54 a 70 semanas de idade (Tabela 13).

Tabela 13 - Efeito residual dos tratamentos sobre a produção de ovos (PR, %), peso de ovo (PO, g), massa de

ovos (MO, g/ave/dia), espessura de casca (ESPC, mm), percentagem de albúmen (ALB, %), gema

(GEM, %) e casca (CASCA, %), das aves de 54 a 70 semanas de idade.

Tratamento PR PO MO ESPC ALB GEMA CASCA

NRC, 1994 82,51 67,55 55,66 512,39 58,39 28,66 8,65

Rostagno et al. (2011)

80% 85,90 67,58 58,01 541,71 59,98 27,96 9,05

90% 89,40 65,41 58,57 530,64 59,63 27,33 9,13

100% 92,76¥ 67,37 62,41 530,42 58,80 28,58 8,98

110% 94,01¥ 68,65 64,37¥ 541,71 60,48 27,68 6,57

120% 90,31 67,74 61,20 559,82¥ 56,40 27,04 6,13¥

Regressão Rostagno et al.

(2011) Q* ns ns ns ns ns ns

C.V (%) 3,54 1,58 5,32 2,94 2,47 2,35 16,82

C.V.(%): Coeficiente de variação; ¥: médias diferentes pelo teste Dunnett a 5% de probabilidade; Q*: Efeito

significativo ao modelo de regressão quadrática a 5% de probabilidade; ns: não significativo

As aves alimentadas com as dietas dos tratamentos com 100 e 110% de

metionina + cistina digestível das tabelas brasileiras apresentaram maior produção de

ovos, quando comparadas com as aves que receberam a dieta controle (NRC, 1994).

Da mesma forma, a massa de ovos das aves alimentadas com a dieta do tratamento

com 110% de metionina + cistina digestível foi superior à massa das aves alimentadas

com o tratamento controle.

Esses resultados demonstram uma perda da capacidade produtiva das aves

alimentadas com a dieta controle (NRC, 1994) durante o período de avaliação do

efeito residual das dietas oferecidas de 34 a 50 semanas de idade. Essas aves, durante

104

o período de avaliação das dietas experimentais, apresentaram melhor desempenho

produtivo, quando comparado com as aves que receberam os níveis de aminoácidos

sulfurosos das tabelas brasileiras, no entanto, não mantiveram esse desempenho

quando receberam uma ração basal (Rostagno et al., 2011) de 54 a 70 semanas de

idade.

Essa redução no desempenho pode ser explicada pela mudança na dieta das

aves do tratamento controle (NRC, 1994), para a dieta formulada com base nas

exigências nutricionais das tabelas brasileiras (Rostagno et al., 2011). Esta última

possui o nível de proteína bruta, assim como os níveis dos principais aminoácidos

essenciais dietéticos, abaixo dos valores recomendados pela tabela do NRC (1994).

Outra hipótese para a redução no desempenho das aves alimentadas com a

dieta controle (NRC, 1994) é a possível toxicidade ocasionada pelo excesso de

aminoácidos dietéticos. De acordo com Rutz (2002), a toxicidade se aplica a condições

nas quais um efeito adverso é causado devido à suplementação excessiva de um

aminoácido, nesse caso, vários dos aminoácidos essenciais da dieta. Ainda segundo

esses autores, sob o ponto de vista prático, dentre os aminoácidos potencialmente

tóxicos, a metionina é o que apresenta maior preocupação.

Dessa forma, a possível toxicidade do excesso do conteúdo proteico da dieta

citada acima só apresentou efeitos negativos sobre o desempenho produtivo das aves

após o período de avaliação das dietas experimentais.

O excesso de aminoácidos da dieta é catabolizado no organismo e podem

seguir diversas rotas metabólicas. Segundo Rutz (2002), os aminoácidos liberados

após o catabolismo podem ser utilizados na síntese proteica ou desviados para a

produção de ATP. Após a remoção do nitrogênio da cadeia, o restante da cadeia

aminoacídica (ceto-ácido) pode entrar na cadeia glicolítica ou ciclo de Krebs. Essa

cadeia pode ser metabolizada para produzir dióxido de carbono e formar ATP, ou pode

ser usada como intermediária para a formação de glicose. Esse fato está evidenciado

pelo maior acúmulo de glicogênio hepático nas aves alimentadas com a dieta controle

(NRC, 1994) no período de avaliação das dietas experimentais (34 a 50 semanas de

idade).

105

Houve efeito quadrático significativo (P<0,05) para a variável produção de

ovos no período de avaliação do efeito residual das dietas experimentais de 54 a 70

semanas de idade (Figura 23).

Figura 23 – Efeito residual dos tratamentos sobre a produção de ovos de poedeiras leves de 54 a

70 semanas de idade, alimentadas com níveis de metionina + cistina.

A exigência estimada de metionina + cistina, a partir da derivada da equação da

variável produção de ovos, é de 105,72%, correspondente ao nível de 0,708% de

metionina + cistina digestível. Com base nesses resultados é possível observar que o

fornecimento de dietas deficientes em aminoácidos sulfurosos no período de 34 a 50

semanas de idade prejudica o desempenho de poedeiras leves nas fases subsequentes

de produção, não havendo recuperação metabólica das aves, no momento em que é

fornecida uma dieta basal atendendo as exigências nutricionais de acordo com a fase

de produção.

No entanto, D’agostini et al. (2012) não observaram efeito residual

significativo dos níveis de metionina + cistina no período de 13 a 18 semanas de idade

sobre as variáveis produtivas e de qualidade dos ovos de poedeiras leves e

semipesadas durante a fase de postura.

y = -0,0118x2 + 2,495x - 38,625

R² = 0,9418

85,00

86,00

87,00

88,00

89,00

90,00

91,00

92,00

93,00

94,00

95,00

80 90 100 110 120

Pro

du

ção

de

ov

os

(%)

Níveis de metionina + cistina digestível (Rostagno et al., 2011)

105,72%

106

Dessa forma, pode-se concluir que os efeitos do fornecimento de dietas

deficientes em aminoácidos sulfurosos sobre as variáveis produtivas no período de

postura, dependem do estágio em que são fornecidas as dietas, ou seja, a deficiência de

metionina + cistina digestível no período de 34 a 50 semanas de idade tem efeito

negativo sobre a produtividade no período subsequente (54 a 70 semanas de idade).

Também foi verificado efeito estatístico significativo (P<0,05) entre o

tratamento controle (NRC, 1994) e tratamento com 120% das exigências nutricionais

de metionina + cistina digestível das tabelas brasileiras para as variáveis porcentagem

e espessura de casca. A porcentagem da casca dos ovos das aves alimentadas com a

dieta com 120% de metionina + cistina digestível foi significativamente menor,

quando comparado com as aves que receberam a dieta controle (NRC, 1994). Aliado a

isto, a espessura da casca das aves que receberam o tratamento com 120% de

metionina + cistina digestível foi significativamente maior, quando comparado com as

aves do tratamento controle.

Esses resultados podem ser explicados pela maior largura das pregas uterínicas

(Figura 22) dos animais do tratamento com 120% das exigências de metionina +

cistina digestível, devido ao melhor desenvolvimento do órgão e expressado pela

maior espessura da casca.

Em contrapartida, D’Agostini et al. (2012) não observaram efeito residual

significativo sobre a qualidade da casca de poedeiras leves em postura, alimentadas

com níveis de metionina + cistina digestível na fase de recria (13 a 18 semanas de

idade).

CONCLUSÕES

Recomenda-se o nível de 0,730% de metionina + cistina digestível, com

relação metionina + cistina:lisina de 99% e correspondente ao consumo aproximado

de metionina + cistina de 751,24 mg/ave/dia, para poedeiras leves de 34 a 50 semanas

de idade.

107

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