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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA DIVERSIDADE GENÉTICA DE ACESSOS DE MANIÇOBA (Manihot spp.) DE OCORRÊNCIA NATURAL NO SEMIÁRIDO DO BRASIL ANA PAULA GOMES DA SILVA AREIA - PB DEZEMBRO DE 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

DIVERSIDADE GENÉTICA DE ACESSOS DE MANIÇOBA

(Manihot spp.) DE OCORRÊNCIA NATURAL NO SEMIÁRIDO DO

BRASIL

ANA PAULA GOMES DA SILVA

AREIA - PB

DEZEMBRO DE 2013

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

DIVERSIDADE GENÉTICA DE ACESSOS DE MANIÇOBA

(Manihot spp.) DE OCORRÊNCIA NATURAL NO SEMIÁRIDO DO

BRASIL

ANA PAULA GOMES DA SILVA

Tese apresentada ao Programa de

Doutorado Integrado em Zootecnia da

Universidade Federal da Paraíba,

Universidade Federal Rural de

Pernambuco e Universidade Federal do

Ceará como requisito parcial para

obtenção do título de Doutor em

Zootecnia.

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Phd Divan Soares da Silva – PDIZ- CCA- UFPB

Prof. Dr. Phd Mailson Monteiro do Rêgo – PPGA- CCA- UFPB

Prof. Dr.Alberício Pereira de Andrade – PDIZ- CCA- UFPB

AREIA - PB

DEZEMBRO DE 2013

Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.

S586d Silva, Ana Paula Gomes da. Diversidade genética de acessos de maniçoba (Manihot

spp.) de ocorrência natural no semiárido do Brasil / Ana Paula Gomes da Silva.-- Areia, 2013.

112f. : il. Orientador: Divan Soares da Silva Tese (Doutorado) – UFPB-UFCE-UFPRP 1. Zootecnia. 2. Banco de germoplasma. 3. Composição

bromatológica. 4. Marcadores moleculares. 5. Morfologia. 6.Morfoagronomia.

UFPB/BC CDU: 636(043)

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

ANA PAULA GOMES DA SILVA, filha de José Gomes da Silva e Candida Aparecida

Oliveira da Silva.

Em março de 2008 graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal de

Alagoas (UFAL).

Em março de 2008, ingressou no curso de pós-graduação em Zootecnia pela

Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em Produção Animal com área de concentração

em Forragicultura, concluindo no ano de 2010.

No ano de 2010 ingressou no Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia da

Universidade Federal de Areia (UFPB), em Produção de Animal com área de concentração

em Forragicultura, submetendo-se à defesa de tese em 13de dezembro de 2013.

Epígrafe

1O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.

2 Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas

tranqüilas.

3 Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu

nome.

4 Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum,

porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

5 Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com

óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.

6 Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da

minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

(Salmo 23)

“Não importam as circunstâncias e não importam as adversidades, por mais dificil que seja

eu vou seguir em frente e vou reunir todas as forças para que eu me transforme cada vez

mais na pessoa que eu decidir ser.”

Madre Tereza de Calcutá

Dedicatória

A Minha Família, razão pela qual enfrento todas as dificuldades, vocês são tudo para mim,

minha força, meu refúgio, minha fortaleza.

Minha mãe Cândida, Meu pai José

Meus Irmãos, Fernanda e Cristian

Minha sobrinha, Ana Clara.

Agradeço a Deus todos os dias por ter vocês e por sermos realmente uma família.

AMO VOCÊS!

A vocês dedico todo o meu esforço!

i

AGRADECIMENTOS

A Deus, razão da minha vida, quem me da forças pra lutar, ultrapassar obstáculos e

superar todas as dificuldades que encontro e ainda encontrarei;

A Universidade Federal da Paraíba, ao programa de Pós- Graduação em Zootecnia pela

oportunidade a mim concedida;

Ao CNPq, pela concessão da bolsa, contribuindo para a realização da pesquisa;

Ao meu orientador Professor Divan Soares da Silva, pelo apoio, amizade, por ter

acreditado em mim, me dado a oportunidade de conquistar mais uma etapa na minha

vida acadêmica;

Ao Professor Mailson Monteiro do Rêgo, a quem serei eternamente grata, mais que um

coorientador, um amigo, realmente um grande Mestre, por ter me acolhido ou melhor

“adotado” e assumido realmete mais que o seu papel, com sua simplicidade e paciência

ensinado tudo o que aprendi durante esse período em que estive junto a sua equipe de

trabalho;

Ao Professor Alberício Pereira de Andrade, pela amizade, e contribuição para a

construção desse trabalho;

A Professora Elizanilda Ramalho do Rêgo, pela amizade, apoio, incentivo, e sua grande

contribuição para a construção dessa pesquisa;

Ao Professor Edson Mauro e Professora Juliana, pela amizade, e que mesmo de forma

indireta, contribuíram me apoiando e incentivando para que eu conseguisse concluir

meu trabalho;

Aos Funcionários do laboratório de Nutrição Animal, Seu Costa, Antônio, Charles, José

Sales, Roberto e Marquinho; Dona Carmen e Damião (PPGZ), Seu Gabriel (Motorista),

agradeço a disponibilidade e ajuda a mim concedida;

ii

A secretária do PPGZ, Maria das Graças da Silva Cruz Medeiros, e Jacilene Cunha

Castro, pela sua amizade, atenção e disponibilidade sempre que precisei;

A minha família pela paciência, dedicação e incentivo, minha mãe Dona Cândida, meu

pai Seu José, meus irmãos Cristian e Fernanda, meus cunhados Lincon e Dore;

A Famíla Biomassa: Professor Mailson e Elizanilda. Angela e Joelson (meus

experimentos rsrsrs), Lindamara, Bruno, Priscila, Aline, Marcia, Mayana, Naysa, Laís,

Neto, Well, Jardel, Thaína, Lucas, Kaline, Maiara, Bruna, Lemerson, Marcelo, Ayron,

Michelle, Cristine, Sammara, Giovanna, Gláucia, Jorge, Júlio, espero não ter esquecido

nenhum nome rsrsr;

A Família GEF Professor Edson Mauro e Professora Juliana. Fleming, Rosângela,

Messias, Nagnaldo, Ana Paula, Ricardo, Higor, Henrique, Thiago (Timão), Tiago

(Brad), Alexandre Perazzo, Thomaz, Sansão, Marcela, Bete, Vinícius, Gildenia,

Robervânia, Danilo Marte, Danilo Linhares, João Paulo, Alberto, Douglas, Elber,

perdão se esqueci alguém rsrsrs;

As minhas companheiras de República, afinal formamos a grande família: Jussara,

Jailma, Pollyanna, Geovania, Rosana, Edvânia, Kleitiane, Anaiane, Cecília, Francinilda,

Luana, Glória, Lusiana. E as antigas companheiras de Ap: Gabriela Mafra, Renata,

Guadalupe;

À Jussara Telma dos Santos, pela grande amizade que construimos, pelo apoio,

solidariedade nos momentos alegres e nos momentos difíceis desde o início do curso até

os dias de hoje, nossa luta é grande, mas chegaremos lá com Fé em Deus.

Vocês foram grandes contribuidores para a construção desse trabalho sem vocês não

teria conseguido, estarão sempre guardados no meu coração, Deus abençoe a cada um.

A todos o meu eterno agradecimento,

Muito Obrigada!

iii

iv

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ................................................................................................... vi

LISTA DE FIGURAS.................................................................................................. viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ....................................................................x

RESUMO GERAL ........................................................................................................12

INTRODUÇÃO GERAL ..............................................................................................14

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ...........................................................................18

CAPÍTULO I

Variabilidade Genética entre Acessos de Manihot por Meio de Marcadores RAPD

RESUMO........................................................................................................................23

ABSTRACT ...................................................................................................................24

INTRODUÇÃO .............................................................................................................25

MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................27

RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................31

CONCLUSÃO................................................................................................................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................39

CAPÍTULO II

Caracterização morfológica e agronômica de acessos de Manihot spp. procedentes

de microrregiões do Semiárido brasileiro

RESUMO........................................................................................................................45

ABSTRACT ...................................................................................................................46

INTRODUÇÃO .............................................................................................................47

MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................49

RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................54

CONCLUSÃO................................................................................................................72

REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS ...........................................................................73

CAPÍTULO III

Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot spp.

pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB

RESUMO........................................................................................................................78

ABSTRACT ...................................................................................................................79

INTRODUÇÃO .............................................................................................................80

MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................82

RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................84

v

CONCLUSÃO................................................................................................................95

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................96

CONSIDERAÇÃO FINAL .........................................................................................100

APENDICE ..................................................................................................................101

ANEXOS ......................................................................................................................104

ANEXO - 1 ............................................................................................................................. 105

ANEXO - 2 ............................................................................................................................. 107

vi

LISTA DE TABELAS

Página

CAPÍTULO I: Variabilidade genética entre acessos de Manihot por meio de

marcadores RAPD

Tabela 1. Sequência dos 10 iniciadores utilizados nas reações de RAPD com

suas respectivas sequências de bases........................................................................

28

Tabela 2. Número de fragmentos amplificados, fragmentos polimórficos e

monomórficos obtidos para os 55 acessos utilizando os 10 iniciadores RAPD.......

31

Tabela 3. Matriz de dissimilaridade genética obtida do complemento aritmético

do coeficiente de dissimilaridade de Jaccard com base em marcador molecular

RAPD, entre os 55 acessos de Manihot ssp. Areia, PB............................................

33

Tabela 4. Correlação cofenética baseado nos dados moleculares (RAPD)

avaliados nos 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.).............................................

38

CAPÍTULO II: Caracterização morfológica e agronômica de acessos de

Maniçoba (Manihot spp.) procedentes de microrregiões do Semiárido

brasileiro

Tabela 1. Descrição dos caracteres morfológicos utilizados na caracterização dos

acessos de Manihot spp.........................................................................................................

50

Tabela 2. Correlação cofenética de 12 caracteres morfológicos avaliados nos 55

acessos de (Manihot spp.).........................................................................................

Tabela 3. Caracteres avaliados nas classes fenotípicas (morfologia) e frequência

de acessos em cada uma das classes........................................................................

55

58

vii

Tabela 4. Análise de variância de 18 características morfométricas avaliadas em

55 acessos de (Manihot spp.)....................................................................................

60

Tabela 5. Agrupamento de médias de 18 caracteres morfométricos avaliados em

55 acessos de (Manihot spp.)....................................................................................

63

Tabela 6. Contribuição relativa dos 18 caracteres para diversidade -

SINGH(1981) Distância Generalizada de Mahalanobis......................................

Tabela 7. Matriz de dissimilaridade genética obtida pela distância generalizada

de Mahalanobis com base nos caracteres morfométricos, entre os 55 acessos

de Manihot. Areia, PB..............................................................................................

Tabela 8. Correlação cofenética de 18 caracteres morfoagronômico avaliados nos

55 acessos (Manihot spp.).........................................................................................

65

67

70

CAPÍTULO III: Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos

de Manihot spp. pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB

Tabela 1. Análise de variância de 15 características bromatológicas (% na MS)

avaliadas em 55 genótipos de maniçoba (Manihot spp.)..........................................

84

Tabela 2. Agrupamento de médias de 15 caracteres bromatológicos (% na MS)

avaliados em 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.).............................................

88

Tabela 3. Agrupamento com base nos conteúdos de HCN (ácido cianídrico)

avaliados em 55 acessos de Maniçoba (Manihot spp.).............................................

92

viii

LISTA DE FIGURAS

Página

CAPÍTULO I - Variabilidade genética entre acessos de Manihot por meio de

marcadores RAPD

Figura 1. Dendrograma resultante da análise de agrupamento obtido pelo método

UPGMA a partir de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) baseado nos dados

da matriz de dissimilaridade genética obtidos pelo complemento aritmético dos

coeficientes de similaridade de Jaccard , utilizando-se 10 marcadores RAPD.

Valores do “bootstrap” em percentagem para 100 repetições..................................

37

CAPÍTULO II: Caracterização morfológica e agronômica de acessos de

Maniçoba (Manihot spp.) procedentes de microrregiões do Semiárido

brasileiro

Figura 1. Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de

maniçoba (Manihot spp.): ( a ) altura da planta (cm); ( b ) diâmetro do caule

(mm), ( c ) número total de gemas axilares; ( d ) número total de ramos por

planta; ( e ) número total de folhas; ( f ) número de flores; ( g ) número de ramos

florais; ( h ) número de frutos e ( i ) número de folhas senescentes.........................

Figura 2 - Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de

maniçoba (Manihot spp.): ( j ) comprimento do pecíolo da folha (cm); ( l )

diâmetro da base do pecíolo da folha (mm); ( m ) diâmetro da porção mediana do

pecíolo da folha (mm); ( n ) diâmetro proximal do pecíolo da folha (mm); ( o )

comprimento do lóbulo central (cm); ( p ) largura do lóbulo central (cm); ( q )

largura superior do lóbulo mediano (cm); ( r ) comprimento entre os lóbulos

basais da folha (cm); ( s ) comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm);

( t ) número e formato de lóbulos das folhas............................................................

Figura 3. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot

spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade

51

53

ix

genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2),

utilizando-se 12 descritores morfológicos.....................................................................

57

Figura 4. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot

spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade

genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2),

utilizando-se 18 descritores morfométricos. Valores do “bootstrap” em

percentagem para 100 repetições..............................................................................

71

CAPÍTULO III

Figura 1. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba

(Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de

dissimilaridade genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de

Mahalanobis (D2), utilizando-se 15 variáveis bromatológicas. Valores do

“bootstrap” em percentagem para 100 repetições.....................................................

91

Figura 2. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot

spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade

genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), com

base nos conteúdos de HCN. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100

repetições..................................................................................................................

94

x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AP Altura de planta

BAG Banco ativo de gemoplasma

Cm Centímetros

CCC Coeficiente de correlação cofenético

CHOT Carboidratos totais

CLC Comprimento do lóbulo central

CLBF Comprimento entre os lóbulos basais da folha

CLMF Comprimento entre os lóbulos medianos da folha

CNF Carboidratos não fibrosos

CPF Comprimento de pecíolo da folha

CT Carboidratos totais

CTAB Brometo de cetiltrimetilomônio

CV Coeficiente de variação

DBPF Diâmetro da base do pecíolo da folha

DIG. IN SITU Digestibilidade in situ

DMPF Diâmetro médio do pecíolo da folha

DMC Diâmetro médio do caule

DSPF Diâmetro superior do pecíolo da folha

EE Extrato etéreo

FDA Fibra insolúvel em detergente ácido

FDN Fibra insolúvel em detergente neutro

FDNi Fibra em detergente neutro indigestível

G Gramas

H Horas

HCN Ácido cianídrico

Kg Quilograma

LIG Lignina

LMLC Largura mediana do lóbulo central

LSLC Largura superior do lóbulo central

m2 Metros quadrados

MG Miligramas

xi

Min Minutos

Mm Milímetros

MM Matéria mineral

MO Matéria orgânica

MS Matéria seca

NIDA Nitrogênio indisponível em detergente ácido

NFS Número de folhas senescentes

NFR Número de frutos

NFolhas Número de folhas

NFlores Número de flores

NGA Número de gemas axilares

NR Número de ramos

NRF Número de ramos florais

P Probabilidade de erro

PB Proteína bruta

PIDA Proteína insolúvel em detergente ácido

RAPD Amplificação de DNA polimórfico ao acaso

Seg Segundos

UPGMA Método de agrupamento aos pares de média aritmética não

ponderada

12

SILVA, A. P. G. Diversidade genética de acessos de maniçoba (Manihot spp.) de

ocorrência natural no semiárido do Brasil. 2013. Tese (Doutorado em Zootecnia)

Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Areia-PB.

RESUMO GERAL

A maniçoba desempenha importante papel no cenário nordestino, especialmente na

região semiárida, onde é utilizada para manutenção dos rebanhos de animais domésticos

por ocasião de secas prolongadas por apresentar características nutricionais favoráveis.

Porém, o Gênero Manihot, pertence ao grupo de plantas cianogênicas e apresenta em

sua composição quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos, podendo muitas

vezes ser consideradas tóxicas para o consumo animal, além de apresentar, geralmente,

características morfológicas e morfoagronômicas diferenciadas, torna-se necessário o

estudo do conhecimento da variabilidade indispensável para o manejo de coleções de

germoplasma. Diante disto, o presente trabalho teve como objetivo analisar

a diversidade genética entre acessos de maniçoba (Manihot spp.), de diferentes

procedências, pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade

Federal da Paraíba, por meio de marcadores moleculares e descritores

morfoagronômicos, e de qualidade nutricional e conteúdos de ácido cianídrico. Foram

avaliados cinquenta e cinco acessos pertencentes ao banco ativo de germoplasma de

maniçoba do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da UFPB

(DZO/CCA/UFPB). A divergência genética entre os 55 acessos de maniçoba foi

estimada mediante o uso de marcadores moleculares RAPD. A partir dos dados obtidos

com as reações de RAPD, foi construída a matriz de dissimilaridade utilizando o

complemento (1-C) do coeficiente de similaridade Jaccard. Com base na matriz de

dissimilaridade foi realizada análise de agrupamento método de UPGMA utilizando

programa genes. Pôde-se observar a formação de 6 grupos, demonstrando que há

diversidade genética entre os acessos avaliados. Para a caracterização morfológica e

morfométrica foram usados 12 descritores qualitativos e 18 quantitativos. A

dissimilaridade foi gerada pela matriz de distância generalizada de Manhalanobis (D²), e

a análise de agrupamento foi obtida pelo método UPGMA. Esta análise possibilitou a

formação de 8 grupos de dissimilaridade com base nos caracteres morfológicos e 5

grupos para os caracteres morfométricos, evidenciando a presença de diversidade

13

genética entre os acessos avaliados. Para as avaliações da composição bromatologica

determinou-se os porcentuais de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), material

mineral (MM), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em

detergente ácido (FDA), nitrogênio indisponível em detergente ácido (NIDA), teores de

lignina, celulose e hemicelulose. Os carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não

fibrosos (CNF), digestibilidade in situ e fração indigestível (FNDi) e as análises de

determinação dos conteúdos de HCN. Os resultados foram submetidos à análise de

variância. A dissimilaridade foi gerada pela matriz de distância generalizada de

Manhalanobis (D²), e a análise de agrupamento foi obtida pelo método UPGMA.

Possibilitou a formação de 5 grupos de dissimilaridade com base nos caracteres

bromatológicos e 7 grupos para os conteúdos de HCN, evidenciando a presença de

diversidade genética entre os acessos avaliados. Houve efeito significativo (P<0,05)

para todos os caracteres bromatológicos avaliados. Com base nos resultados em todos

os parâmetros avaliados os acessos de números 16 Soledade, 38 Boa Vista, 36

Pocinhos, 3 Pedra Lavrada, 2; 10 e 29 Barra de Santa Rosa, 41; 46 e 55 Juazeirinho, 7;

39 e 54 Junco, 4 e 21 Monteiro, 50 Picuí e 5 Santa Cruz, são os mais promissores,

podendo ser utilizados com genitores em programa de melhoramento dessa espécie

como forrageira.

Palavras- Chave: banco de germoplasma, composição bromatologica, marcadores

moleculares, morfologia, morfoagrônomia.

14

INTRODUÇÃO GERAL

A região semiárida destaca-se por apresentar um bioma exclusivamente brasileiro,

denominado de Caatinga, localizado na região nordeste do país. Ocupa uma área de

aproximadamente 85.500 km2, representando cerca de 10% do território nacional e se

estende por grande parte da região Nordeste e Norte de Minas Gerais (SILVA et al.,

2004).

A Caatinga é caracterizada pela vegetação do tipo "Savana estépica", vegetação

com predomínio de árvores baixas e arbustos, que, em geral, perdem as folhas no

período seco, caracterizando-as como espécies caducifólias e muitas espécies de

cactáceas (SNIF, 2012). As plantas da Caatinga têm despertado interesse dos

pesquisadores, principalmente aquelas com potencial forrageiro, uma vez que, pela sua

extensão e grande diversidade de espécies vegetais, é a principal fonte de recurso

alimentar para a maioria dos rebanhos da região semiárida nordestina (ANDRADE et

al., 2004).

O potencial forrageiro da região Nordeste vem sendo cada vez mais explorado, na

busca por alternativas para tentar solucionar o problema e escassez de forragem para os

rebanhos, principalmente durante o período seco do ano, no qual há um déficit muito

elevado, afetando diretamente a produtividade dos rebanhos (MOREIRA FILHO et al.,

2008). Almeida et al. (2006) afirmaram que a irregularidade na distribuição de chuvas,

com prolongados períodos de estiagem, reflete em baixa produtividade dos rebanhos

fazendo-se necessário a busca por alimentos alternativos de qualidade para suprir o

déficit de forragem nesses períodos.

Nesse contexto, a maniçoba (Manihot spp.) aparece como alternativa alimentar

para a produção animal da região. Trata-se de uma espécie heliófila, perene, arbustiva,

pertencente à família das Euphorbiaceae de ocorrência natural no Brasil e encontrada

nas diversas áreas que compõem o Semiárido do Nordeste (BELTRÃO et al., 2006). A

família é constituída por 290 gêneros e aproximadamente 7.500 espécies distribuídas

por toda zona tropical do globo terrestre e são originárias da America do Sul (ALVES et

al., 2007).

A maniçoba desempenha importante papel no cenário nordestino, especialmente

na região semiárida, onde é utilizada para manutenção dos rebanhos de animais

domésticos por ocasião de secas prolongadas. Pode ser considerada como uma

forrageira de alta palatabilidade, por ser bastante procurada pelos caprinos, ovinos,

15

equinos e bovinos (MARTINS et al., 2007). França et al. (2010), em estudos realizados

com a espécie, destacam a maniçoba como sendo uma das plantas encontradas na

Caatinga com mecanismos de adaptabilidade às condições semiáridas e por apresentar

elevado valor nutritivo e alta palatabilidade, podendo ser utilizada como alternativa

alimentar para a produção animal nessa região.

O feno das ramas da maniçoba apresenta matéria seca (MS) em torno de 87%,

fibra em detergente neutro (FDN) entre 51,1 e 53,7% (%MS), fibra em detergente ácido

(FDA) entre 39,6 e 44,5%, proteína bruta (PB) entre 10,6 e 16,8%, extrato etéreo (EE)

entre 2,0 e 3,7%, e matéria mineral (MM) entre 6,9 e 10,6% (ARAÚJO et al., 2009;

SOUZA et al., 2006). Pinto et al. (2006) avaliando a composição nutricional do feno

das ramas da maniçoba verificaram conteúdos de 18,46% de PB, 39,37% de FDN e

6,42% de MM. Moraes et al. (2007) afirmam que as folhas da maniçoba podem

apresentar até 20% de PB e 60% de nutrientes digestíveis totais (NDT).

O Gênero Manihot, pertence ao grupo de plantas cianogênicas e apresenta em sua

composição quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos que, por meio da

hidrólise química ou mediante a ação das principais substâncias cianogênicas a

linamarina e lotaustralina, em presença de água, entram em contato com a enzima

linamarase, dando origem ao ácido cianídrico (HCN) (CASTRO, 2004). As plantas

desenvolvem-se na maioria dos solos, tanto calcários e bem drenados, como também

naqueles pouco profundos e pedregosos, das elevações e das chapadas, mas podendo

também ser encontrada em menor densidade em outros tipos de solos (LINHARES;

SOUZA JUNIOR, 2008).

Segundo Moreira Filho et al. (2009), pouco se conhece sobre o potencial da

maniçoba como espécie forrageira e sua utilização, o seu valor nutritivo, o manejo

adequado, o que implica no seu aproveitamento como alternativa de suporte forrageiro.

Já Nassar (2006) comenta que espécies silvestres do gênero Manihot, embora pouco

estudadas, apresentam importantes reservatórios de alelos de interesse a serem

transferidos para espécies cultivadas buscando o desenvolvimento de variedades

melhoradas, que sejam mais resistentes a fatores bióticos e abióticos com possibilidade

de expressarem maior produtividade.

Uma das grandes dificuldades quanto ao o uso de espécies do gênero Manihot em

programas de melhoramento genético é a limitação por não estarem prontamente

disponíveis ou muitas delas, por se tratarem de uma espécie silvestre por apresentarem

dificuldade de estabelecimento fora do seu ambiente natural, além do pouco

16

conhecimento sobre os aspectos da biologia reprodutiva, da constituição genômica e da

relação filogenética (LEDO et al., 2010).

Estudos de diversidade genética têm sido de grande importância em programas de

melhoramento, por fornecerem informações sobre caracteres de identificação de

genitores que possibilitem grande efeito heterótico e maior segregação em

recombinantes, aumentando a probabilidade do aparecimento de genótipos superiores

nas progênies (SILVA et al., 2008).

A caracterização torna-se o ponto de partida para o conhecimento da variabilidade

sendo indispensável para o manejo de coleções de germoplasma, e por meio dela torna-

se possível obter dados para descrever, identificar e diferenciar acessos dentro de

espécies, classes ou categorias, utilizando para isso descritores adequados (VICENTE et

al., 2005). No entanto, a caracterização de plantas, com base apenas em características

morfológicas, está frequentemente sujeita a erros que resultam a partir das variações nas

condições ambientais (CARVALHO; SCHAAL, 2001; COLLARD et al., 2005). Por

isso, também são utilizadas além das características morfológicas, as agronômicas,

bioquímicas e moleculares. Nascimento et al. (2008) afirmaram que a caracterização

morfológica, agronômica e molecular consiste em fornecer uma identidade para cada

acesso, através do uso de uma série de descritores que permitam estudar sua

variabilidade genética. A associação dessas características torna-se mais detalhada e

confiável, dando suporte maior ao estudo da diversidade, reduzindo consideravelmente

o grau de dificuldade de detectar as diferenças entre indivíduos geneticamente próximos

e permitindo a identificação de acessos mantidos em bancos de germoplasma

(CHAVARRIAGA-AGUIRRE et al.,1999; KIZITO et al., 2007.; ZACHARIAS et al.,

2004; ZANNOU et al., 2009).

Vieira et al. (2010), afirma que dentre as diversas técnicas utilizando marcadores

moleculares, o polimorfismo de DNA amplificado ao acaso (RAPD) merece destaque,

pelo baixo custo, rapidez, fácil execução e pelo fato de não exigir a síntese de

iniciadores específicos.

Dentro deste contexto, o objetivo da presente pesquisa foi analisar

a diversidade genética entre acessos de maniçoba (Manihot spp.), de diferentes

procedências, pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade

Federal da Paraíba, por meio de marcadores moleculares, descritores

morfoagronômicos, qualidade nutricional e conteúdo de ácido cianídrico.

17

O trabalho está distribuído em três capítulos da seguinte forma: Capítulo I:

Variabilidade Genética entre Acessos de Manihot por Meio de Marcadores RAPD;

Capítulo II: Caracterização Morfológica e Agronômica de Acessos de Maniçoba

(Manihot spp.) procedentes de Microrregiões do Semiárido Brasileiro; Capítulo III:

Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot spp.

pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB; e considerações finais.

18

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22

CAPÍTULO I

Variabilidade Genética entre Acessos de Manihot por Meio de

Marcadores RAPD

23

Variabilidade genética entre acessos Manihot por meio de marcadores RAPD

RESUMO

Objetivou-se analisar a diversidade genética entre acessos de Manihot spp. por meio de

marcadores moleculares. Foram avaliados cinquenta e cinco acessos pertencentes ao

banco ativo de germoplasma de maniçoba do Departamento de Zootecnia do Centro de

Ciências Agrárias da UFPB (DZO/CCA/UFPB). A divergência genética entre os 55

acessos de maniçoba foi estimada mediante o uso de marcadores moleculares RAPD.

Para a caracterização molecular foram feitas extrações de DNA genômico, PCR

utilizando marcadores RAPD, em seguida eletroforese. A partir dos dados obtidos com

as reações de RAPD, foi construída a matriz de dissimilaridade utilizando o

complemento (1-C) do coeficiente de similaridade Jaccard. Com base na matriz de

dissimilaridade foi realizada análise de agrupamento método de UPGMA utilizando

programa genes. Os 10 iniciadores RAPD testados geraram 72 fragmentos

amplificados, sendo 38 locos polimórficos e 34 locos monomórficos, sendo o iniciador

OPD1 e OPD2 os mais polimórficos, gerando 21 e 24 bandas polimórficas

respectivamente. Por outro lado, o iniciador OPD5 não revelou nenhum polimorfismo.

Pôde-se observar a formação de 6 grupos, demonstrando que há diversidade genética

entre os acessos avaliados. Os pares de acessos mais similares foram 3 x 49; 7 x 49; 17

x 49 e 29 x 49 (0,027), e o acesso mais dissimilar foi 49 x 55 (0,460). Com base nos

resultados obtidos, sugerem-se como potenciais genitores os acessos 5 Santa Cruz, 7

Junco, 46 Juazerinho, 36 Pocinhos, 55 Juazerinho, e 50 Picuí para cruzamentos futuros

no programa de melhoramento genético dessa espécie de alto potencial forrageiro.

Palavras-chave: diversidade genética, germoplasma, maniçoba, polimorfismo

24

Manihot genetic variability among accessions using RAPD marker

ABSTRACT

This study aimed to analyze the genetic diversity among accessions of Manihot spp.

using molecular markers. Fifty-five accessions belonging to active genebank manicoba

Department of Animal Science Center of Agricultural Sciences were evaluated UFPB

(DZO / CCA / UFPB) were evaluated. The genetic diversity among 55 accessions of

maniçoba was estimated by using RAPD markers. For molecular characterization of

genomic DNA extractions were made using PCR RAPD then electrophoresis. From the

data obtained with the RAPD reactions, the dissimilarity matrix was constructed using

the complement (1-C) of the Jaccard similarity coefficient. Based on the dissimilarity

matrix cluster analysis using UPGMA method program genes was performed. The 10

RAPD primers tested yielded 72 amplicons, 38 polymorphic loci and 34 monomorphic

loci, being the initiator and OPD1 OPD2 the most polymorphic, generating polymorphic

21:24 respectively. On the other hand, the initiator OPD5 revealed no polymorphism.

Could observe the formation of 6 groups, demonstrating that there is genetic diversity

among accessions. The more pairs of similar accessions were 3 x 49; 7 x 49; 17 x 49

and 29 x 49 (0,027), and most dissimilar access was 49 x 55 (0,460). Based on the

results obtained, are suggested as potential parents accesses Santa Cruz 5, 7 Reed, 46

Juazerinho, 36 Pocinhos, Juazerinho 55, and 50 Picuí for future crosses in breeding this

species of high forage potential program.

Keywords: genetic diversity, germplasm, manicoba, polymorphism

25

INTRODUÇÃO

O Semiárido brasileiro é caracterizado por apresentar um baixo regime

pluviométrico, com chuvas irregulares durante e entre os anos, com predominância de

Neossolo litólico (EMBRAPA, 2006) o que dificulta a produção de volumosos para

produção animal (LIMA, 1996). Com isso, faz-se necessário à busca por alimentos

alternativos de qualidade para suprir o déficit de forragem nos período de estiagem.

Dentre as espécies encontradas na Caatinga com suporte forrageiro para ser

explorado, destaca-se a Maniçoba (Manihot spp.), pertencente a família Euphorbiaceae.

Esta espécie de ocorrência natural no Brasil, especificamente na região da Caatinga, é

encontrada nas diversas áreas que compõem o Semiárido do Nordeste (BELTRÃO et

al., 2006). O gênero Manihot é constituído por um grande número de espécies cuja

origem se deu no Novo Mundo, de forma que no Brasil e no México elas formam

centros de diversidade distintos (NASSAR, 2000).

Segundo Nassar (2006) espécies silvestres de Manihot, embora pouco estudadas,

apresentam importantes reservatórios de alelos de interesse a serem transferidos para

espécies cultivadas buscando o desenvolvimento de variedades melhoradas que sejam

mais resistentes a fatores bióticos e abióticos com possibilidade de expressarem maior

produtividade.

Uma das grandes dificuldades quanto ao o uso de espécies de Manihot em

programas de melhoramento genético é a limitação por não estarem prontamente

disponíveis ou muitas delas, por se tratarem de espécies silvestres, apresentarem

dificuldade de estabelecimento fora do seu ambiente natural. Além do pouco

conhecimento sobre os aspectos da biologia reprodutiva, da constituição genômica e da

relação filogenética (LEDO et al., 2011).

Descritores morfológicos, agronômicos, bioquímicos e moleculares são

utilizados para caracterizar e avaliar germoplasma. Nascimento et al. (2008) afirmam

que essa caracterização, consiste em fornecer uma identidade para cada acesso por meio

do uso de uma série de descritores que permitam estudar sua variabilidade genética.

Vieira et al. (2010) afirmam que dentre as diversas técnicas utilizando

marcadores moleculares, o polimorfismo de DNA amplificado ao acaso (RAPD) merece

destaque, pelo baixo custo, pela rápida e fácil execução bem como pelo fato de não

exigir a síntese de iniciadores específicos.

26

Os avanços recentes nas técnicas de biologia molecular têm fornecido

ferramentas úteis para os estudos genéticos de diversas espécies de plantas (FALEIRO,

2007).

Rimoldi et al. (2010) estudando a diversidade genética em 14 espécies do gênero

Manihot verificaram a formação de grupos divergentes por meio da utilização de

marcadores moleculares RAPD. Costa et al. (2003) por meio destes marcadores

moleculares RAPD puderam estimar a similaridade genética entre cultivares de

mandioca-doce comprovando a eficiência de sua utilização.

A caracterização torna-se o ponto de partida para o conhecimento da

variabilidade, sendo indispensável para o manejo de coleções de germoplasma, sendo

possível obter dados para descrever, identificar e diferenciar acessos dentro de espécies,

classes ou categorias, utilizando para isso descritores adequados (QUEROL, 1988;

VICENTE et al., 2005).

Além disso, a caracterização de plantas com base apenas em características

morfológicas também pode ser frequentemente sujeitos a erros resultantes das variações

nas condições ambientais, especialmente se as cultivares em estudo é de origem

semelhante, ou se algumas características agronômicas não são específicas

(CARVALHO E SCHAAL, 2001; COLLARD et al., 2005).

O uso de marcadores moleculares pode permitir, entre outros aspectos, a

detecção de diferenças genéticas significativas entre os acessos mais próximos, quando

comparado com o uso de descritores agronômicos e morfológicos (COLLARD et al.,

2005) e a associação da caracterização molecular com as características agronômicas e

morfológicas, de acessos mantidos em bancos de germoplasma. Isso torna mais

confiável e reduz consideravelmente o grau de dificuldade de detectar as diferenças

entre indivíduos geneticamente próximos (CHAVARRIAGA-AGUIRRE et al., 1999;.

ZACHARIAS et al., 2004; KIZITO et al., 2007.; ZANNOU et al., 2009).

O objetivo deste trabalho foi avaliar a diversidade genética entre e de acessos de

(Manihot spp.), pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade

Federal da Paraíba, por meio de marcadores moleculares RAPD.

27

MATERIAL E MÉTODOS

Foram avaliados cinquenta e cinco acessos do gênero Manihot. SP, sendo 53

provenientes de microrregiões do Cariri Paraibano e 2 de regiões do estado de

Pernambuco. No Cariri Paraibano foram coletados acessos de Soledade, Juazerinho,

Pocinhos, Boa Vista, Sumé, Monteiro, Barra de Santa Rosa, Picuí, Pedra Lavrada,

Junco do Seridó, Cubati, Barra de Santana e ao longo da BR 230 entre os municípios de

Boa Vista e Pocinhos, e no Estado de Pernambuco os acessos foram coletados nos

municípios de Taquaritinga do Norte e Santa Cruz do Capibaribe. Todos

georeferenciados com o auxílio de um aparelho GPS (Global Position System)

(Apêndice 1).

De cada acesso foram retiradas quinze estacas com no mínimo 3 gemas,

fazendo-se um corte em bisel a 0,5 cm acima da gema. Em seguida foram desinfetadas

permanecendo por 15 mim em solução de hipoclorito de sódio a 2% e água na

proporção (1:1 v/v), após a esterilização foram mergulhadas em uma solução de AIB 15

mg.L-1

, dissolvido em água destilada, por 15 min. posteriormente foram plantadas em

sacos de poliestireno contendo substrato comercial.

As mudas permaneceram em casa de vegetação por um período de 2 meses, até

total enraizamento, após o período de permanência na casa de vegetação foram

transplantadas em covas sob um espaçamento de 1x1 m entre (linha x coluna),

estabelecendo assim o banco ativo de germoplasma (BAG) do Departamento de

Zootecnia, localizado no município de Areia na microrregião do Brejo Paraibano, com

latitude 6°58‟ S e longitude 35°41‟ W, a uma altitude de 618 m e apresentando um

clima tropical úmido, com verão seco, estação chuvosa com início em janeiro ou

fevereiro e término em setembro, podendo se adiantar até outubro. A temperatura média

é de 23º C, a umidade relativa média de 80% e a precipitação média anual são de 1.400

mm (MASCARENHAS et al., 2005).

Aproximadamente 60 dias pós-estabelecimento, iniciaram-se as avaliações e

coleta de material vegetal. As análises foram realizadas no Laboratório de Biotecnologia

do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Areia (PB)

(CCA/UFPB).

O DNA genômico foi extraído a partir de folhas jovens coletadas de cada acesso

do BAG, utilizando o método do brometo de cetiltrimetilomônio (CTAB), adaptado do

protocolo descrito por Ferreira e Grattapaglia (1995) (Anexo 1).

28

Na obtenção dos marcadores RAPD, foram utilizados 10 iniciadores decâmeros

da série Operon (Operon Biotechnologies) recomendados por Beltrão (2006), conforme

descritos na (Tabela 1).

Tabela 1. Sequência dos 10 iniciadores utilizados nas reações de RAPD com suas

respectivas sequências de bases.

Iniciador

Sequencia de bases

(5‟-3‟)

OPD1 5'-ACCGCGAAGG-3'

OPD2 5'-GCACCCAACC-3'

OPD3 5'-CTCGCCGTCA-3'

OPD4 5'-TCTGGTGAGG-3'

OPD5 5'-TGAGCGGACA-3'

OPD6 5'-ACCTGAACGG-3'

OPD7 5'-TTGGCACGGG-3'

OPD8 5'-GTGTGCCCCA-3'

OPD9 5'-CTCTGGAGAC-3'

OPD10 5'-GGTCTACACC-3'

A quantificação do DNA foi realizada imediatamente após a extração, as

amostras de DNA foram submetidas à análises de concentração e pureza por meio da

leitura de absorbância em 260 nm (UV - Concentração do DNA em mg/mL =

Absx100x50 µg/mL) e em 280 nm (quantificação de proteínas) no espectrofotômetro

(Eppendorf Bio-Photometer Plus).

As reações de amplificação foram realizadas em um volume final de 25 µL,

contendo 0,2 U de enzima Taq DNA polimerase (5 U), tampão da enzima 2,5 μmol L-

1 (10x), 1,5 μmol L

-1 de MgCl2 (50 mM), 0,5 μmol L

-1 de dNTP (10 mM), 2,5 μmol L

-1

de iniciador (10 μM), 2 μL de DNA genômico (50 ng) e 15,8 μL de água ultra pura.

Na etapa de amplificação dos segmentos de DNA, foi utilizado termociclador

modelo TC-Plus Techne Bibby Scientific Ltd. O programa consistiu de desnaturação

inicial a 94ºC por 5 min, seguido por 30 ciclos de desnaturação a 94ºC por 1 min, 36°C

por 1 min, 72°C por 2 mim e extensão final a 72ºC por 5 min, posteriormente, a

temperatura foi reduzida para l0°C.

Os produtos amplificados por PCR foram separados por eletroforese em gel de

agarose a 1,5% em tampão de TAE 1X contendo como corante brometo de etídio (10

mg/mL) sendo 3 µL de brometo de etídio /200 mL de tampão TAE.

29

Após a amplificação, foram adicionadas a cada 10 µL da amostra amplificada, 2

µL 1x de DNA Loading Blue I 10x, homogeineizado e aplicados 10 µL em cada poço

do gel, utilizou-se 5µL do padrão de peso molecular de 1Kb Plus DNA Ladder - 1

µg/µL. A corrida se deu em cuba de eletroforese à 70v por aproximadamente 1h e

30min. Os géis foram visualizados e visualizados em fotodocumentador modelo Geo-

Logic 212 Pro-Carestream.

Os produtos das reações de amplificação (marcadores RAPD) foram classificados

da seguinte forma: presença (1) e ausência (0) de bandas e convertidos em uma matriz

de dados binários a partir da qual foi estimada a similaridade genética entre os acessos,

por meio do coeficiente de similaridade de Jaccard (Sj) (JACCARD, 1908).

Sj = a/(a + b + c),

onde;

a, presença da banda nos dois acessos i e j;

b, presença da banda no acesso i e ausente no acesso j; e

c, ausência no acesso i e presença no acesso j.

O ponto de corte do dendrograma e definição dos grupos foram gerados pelo

método hierárquico descrito por Mojena (1977) que sugere procedimento baseado no

tamanho relativo dos níveis de fusões (distâncias) no dendrograma. Cuja proposta é

selecionar o número de grupos no passo j que, primeiramente, satisfizer a inequação:

aj > qk

onde:

aj, valor de distância do nível de fusão correspondentes aos passo j(j=1,2,....,g-1);

qk, valor referencial de corte, dado por:

qk= a +ksa

onde:

a, média;

Sa, desvio padrão dos valores de a;

30

k, constante cujo valor a ser adotado como regra para definição dos grupos é

igual a 1,25.

Assim, tem-se que:

Ʃ1

g-1 a =

g-1

j = 1

aj

e

g-1

j = 1 ajSa = √

g-1

j = 1

1

g-1

aj-

2

/ g - 2

Com base na matriz de dissimilaridade, foi construído um dendrograma por meio

do método de agrupamento da distância média entre grupo (UPGMA). A análise de

bootstrap foi realizada para verificar e dar suporte estatístico aos nós internos dos

dendrogramas gerados por meio do método de agrupamento UPGMA. O ajuste entre a

matriz de dissimilaridade e o dendrograma foi estimado pelo coeficiente de correlação

cofenética (r), conforme SOKAL & ROHLF (1962), por meio do programa Genes

(CRUZ, 2006).

31

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos 10 iniciadores utilizados foi possível gerar um total de 72 bandas

amplificadas, onde 38 fragmentos foram polimórficos e 34 monomórficos, sendo os

primers 1, 2, 4 e 8 os que apresentaram os maiores números de amplificações (Tabela

2). Estes resultados demonstram haver diversidade genética entre os 55 acessos

avaliados.

Tabela 2. Número de fragmentos amplificados, fragmentos polimórficos e

monomórficos obtidos para os 55 acessos utilizando os 10 iniciadores RAPD.

Iniciador

(Primer)

Sequencias de bases

(5‟-3‟)

Fragmentos

amplificados

Fragmentos

polimórficos

Fragmentos

monomórficos

OPD1 5'-ACCGCGAAGG-3' 21 12 9

OPD2 5'-GCACCCAACC-3' 24 21 3

OPD3 5'-CTCGCCGTCA-3' 1 1 0

OPD4 5'-TCTGGTGAGG-3' 7 0 7

OPD5 5'-TGAGCGGACA-3' 0 0 0

OPD6 5'-ACCTGAACGG-3' 1 1 0

OPD7 5'-TTGGCACGGG-3' 5 1 4

OPD8 5'-GTGTGCCCCA-3' 9 2 7

OPD9 5'-CTCTGGAGAC-3' 1 0 1

OPD10 5'-GGTCTACACC-3' 3 0 3

72 38 34

O número de marcadores amplificados variaram de 24 (OPD-2) a 0 (OPD-5). A

ausência de produtos de amplificação para o iniciador (OPD-5) pode ser indicativo do

não “anelamento” do iniciador à fita- molde de DNA.

O número de fragmentos polimórficos variaram de 21 (OPD-2) a 0 (OPD-4,

OPD-5, OPD-9 e OPD-10). Observou-se, dentre os fragmentos amplificados, a

ocorrência de bandas específicas aos indivíduos podendo ser visualizados na Figura 2,

com tamanhos variando entre 100 a 2000 pb, número de fragmentos esperado dentro

da faixa de valores quando se utiliza marcadores do tipo RAPD. Rimoldi et al. (2010)

utilizando marcadores RAPD em Manihot esculenta encontraram perfis de bandas de

fragmentos polimórficos variando de 150 a 2000 pares de bases. Mardadores RAPD

produzem, normalmente, amplificações entre duas e dez bandas visíveis na faixa de 400

pb a 2.000 pb (Bowditch et al.,1993; Mignouma et al., 1998).

32

Os resultados demonstram haver ampla variabilidade genética entre os 55 acessos

avaliados, o que concordam com os resultados de (FARIAS et al., 1997;

CHAVARRIAGA - AGUIRRE et al., 1999; ZACHARIAS et al., 2004; PERONI et al.,

2007; KIZITO et al., 2007; SIQUEIRA et al., 2009) realizados em seus estudos com

espécie do gênero Manihot utilizando marcadores moleculares os quais verificaram

ampla variabilidade, ratificando a eficiência do uso de marcardores em diferenciar os

genótipos.

A matriz de dissimilaridade genética gerada a partir de dados de RAPD encontra-

se na (Tabela 3). Os pares de acessos mais similares foram 3 x 49; 7 x 49; 17 x 49 e 29

x 49 (0,027), enquanto que o par de acesso mais dissimilar foi 49 x 55 (0,460) dentre

todas as distâncias entre os acessos, tornando–os mais indicados para ser utilizados

como genitores no programa de melhoramento de Manihot spp. Segundo Cruz e

Regazzi (1997) a distância genética entre os acessos deve ter prioridade dentre os

critérios de escolha de genitores em um programa de melhoramento, uma vez que a

variabilidade é condição fundamental para o processo de seleção.

33

Tabela 3. Matriz de dissimilaridade genética obtida do complemento aritmético do coeficiente de dissimilaridade de Jaccard com base em marcador

molecular RAPD, entre os 55 acessos de Manihot ssp. Areia, PB

Acesso 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

1 0 0.070 0.130 0.048 0.150 0.143 0.170 0.163 0.143 0.159 0.093 0.095 0.234 0.213 0.136 0.234 0.245 0.255 0.239 0.229 0.125 0.250 0.222 0.186 0.306 0.292 0.271 0.306

2 0 0.106 0.068 0.209 0.159 0.184 0.178 0.159 0.174 0.152 0.114 0.170 0.188 0.111 0.208 0.220 0.229 0.250 0.167 0.186 0.260 0.271 0.200 0.314 0.333 0.280 0.314

3 0 0.128 0.261 0.174 0.196 0.229 0.213 0.224 0.204 0.170 0.220 0.235 0.167 0.255 0.264 0.275 0.327 0.180 0.239 0.200 0.245 0.286 0.288 0.275 0.321 0.321

4 0 0.190 0.140 0.167 0.200 0.140 0.156 0.091 0.136 0.191 0.170 0.133 0.229 0.204 0.286 0.234 0.224 0.167 0.208 0.217 0.222 0.333 0.320 0.300 0.333

5 0 0.105 0.261 0.128 0.105 0.171 0.190 0.150 0.209 0.227 0.190 0.209 0.261 0.190 0.171 0.244 0.029 0.227 0.150 0.105 0.209 0.190 0.209 0.209

6 0 0.250 0.167 0.100 0.163 0.182 0.186 0.159 0.178 0.140 0.116 0.213 0.222 0.244 0.156 0.128 0.178 0.186 0.190 0.239 0.222 0.277 0.277

7 0 0.191 0.213 0.149 0.087 0.170 0.255 0.200 0.204 0.220 0.160 0.204 0.188 0.143 0.239 0.125 0.208 0.250 0.184 0.275 0.255 0.220

8 0 0.075 0.140 0.159 0.119 0.217 0.234 0.200 0.217 0.229 0.200 0.222 0.133 0.150 0.196 0.244 0.167 0.217 0.277 0.255 0.255

9 0 0.205 0.182 0.186 0.200 0.178 0.182 0.159 0.213 0.261 0.244 0.156 0.128 0.178 0.227 0.146 0.239 0.261 0.277 0.239

10 0 0.070 0.116 0.213 0.265 0.234 0.213 0.224 0.156 0.136 0.170 0.146 0.191 0.159 0.244 0.250 0.271 0.250 0.286

11 0 0.093 0.229 0.208 0.174 0.229 0.167 0.213 0.156 0.188 0.167 0.170 0.178 0.261 0.265 0.286 0.265 0.300

12 0 0.234 0.213 0.136 0.271 0.208 0.178 0.200 0.191 0.125 0.213 0.222 0.227 0.271 0.292 0.271 0.306

13 0 0.149 0.191 0.208 0.220 0.265 0.250 0.204 0.227 0.260 0.234 0.239 0.280 0.265 0.280 0.280

14 0 0.130 0.188 0.125 0.280 0.265 0.184 0.244 0.167 0.250 0.217 0.260 0.280 0.294 0.260

15 0 0.191 0.128 0.213 0.234 0.149 0.209 0.170 0.255 0.182 0.229 0.286 0.229 0.300

16 0 0.184 0.229 0.250 0.128 0.227 0.188 0.234 0.200 0.170 0.229 0.280 0.208

17 0 0.204 0.188 0.143 0.277 0.125 0.245 0.250 0.220 0.275 0.255 0.255

18 0 0.156 0.149 0.209 0.208 0.217 0.222 0.191 0.213 0.152 0.191

19 0 0.245 0.146 0.229 0.159 0.205 0.213 0.234 0.174 0.213

20 0 0.261 0.106 0.229 0.234 0.167 0.260 0.275 0.240

21 0 0.244 0.125 0.128 0.227 0.209 0.227 0.227

22 0 0.174 0.255 0.149 0.208 0.260 0.224

23 0 0.186 0.156 0.136 0.234 0.196

24 0 0.159 0.222 0.159 0.159

25 0 0.111 0.170 0.089

26 0 0.152 0.068

27 0 0.130

28 0

34

Continuação Tabela 3

Acesso 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

1 0.314 0.143 0.271 0.239 0.100 0.167 0.146 0.306 0.209 0.190 0.209 0.261 0.213 0.150 0.171 0.190 0.171 0.277 0.205 0.370 0.393 0.271 0.222 0.239 0.327 0.340 0.358

2 0.288 0.200 0.314 0.286 0.163 0.182 0.163 0.346 0.261 0.244 0.261 0.306 0.188 0.209 0.227 0.244 0.227 0.320 0.255 0.404 0.424 0.280 0.271 0.286 0.364 0.375 0.364

3 0.264 0.250 0.288 0.224 0.217 0.234 0.255 0.382 0.271 0.255 0.234 0.280 0.163 0.261 0.277 0.217 0.239 0.358 0.300 0.433 0.452 0.321 0.280 0.294 0.397 0.407 0.368

4 0.275 0.182 0.300 0.271 0.143 0.205 0.186 0.333 0.205 0.186 0.205 0.255 0.208 0.190 0.209 0.227 0.209 0.306 0.239 0.393 0.414 0.300 0.255 0.271 0.352 0.364 0.382

5 0.261 0.105 0.209 0.171 0.056 0.081 0.056 0.209 0.081 0.056 0.081 0.150 0.227 0.000 0.029 0.056 0.029 0.171 0.128 0.292 0.320 0.209 0.150 0.171 0.277 0.292 0.277

6 0.250 0.190 0.239 0.163 0.150 0.125 0.150 0.277 0.171 0.150 0.171 0.227 0.136 0.105 0.128 0.150 0.128 0.244 0.209 0.346 0.370 0.277 0.227 0.244 0.333 0.346 0.333

7 0.264 0.250 0.220 0.188 0.217 0.271 0.255 0.382 0.196 0.217 0.234 0.280 0.235 0.261 0.239 0.255 0.277 0.358 0.300 0.433 0.452 0.352 0.314 0.327 0.397 0.407 0.424

8 0.333 0.167 0.255 0.182 0.125 0.190 0.171 0.292 0.146 0.171 0.190 0.244 0.196 0.128 0.150 0.171 0.150 0.261 0.227 0.358 0.382 0.255 0.244 0.261 0.346 0.358 0.314

9 0.286 0.190 0.239 0.163 0.103 0.171 0.150 0.277 0.171 0.150 0.171 0.227 0.217 0.105 0.128 0.150 0.128 0.244 0.209 0.346 0.370 0.277 0.227 0.244 0.333 0.346 0.333

10 0.294 0.163 0.250 0.217 0.167 0.227 0.209 0.320 0.143 0.167 0.186 0.239 0.152 0.171 0.146 0.209 0.190 0.292 0.222 0.382 0.404 0.250 0.239 0.255 0.340 0.352 0.340

11 0.308 0.182 0.265 0.234 0.143 0.244 0.227 0.333 0.163 0.186 0.205 0.255 0.170 0.190 0.167 0.227 0.209 0.306 0.239 0.393 0.414 0.300 0.255 0.271 0.352 0.364 0.382

12 0.346 0.143 0.271 0.277 0.100 0.209 0.190 0.306 0.167 0.190 0.209 0.261 0.174 0.150 0.171 0.190 0.171 0.277 0.205 0.370 0.393 0.234 0.222 0.239 0.327 0.340 0.327

13 0.220 0.277 0.314 0.250 0.244 0.182 0.205 0.346 0.222 0.205 0.222 0.271 0.188 0.209 0.227 0.244 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.314 0.306 0.320 0.393 0.404 0.364

14 0.235 0.292 0.260 0.265 0.222 0.200 0.222 0.327 0.239 0.222 0.239 0.286 0.240 0.227 0.244 0.261 0.244 0.333 0.306 0.414 0.433 0.358 0.320 0.333 0.404 0.414 0.404

15 0.240 0.182 0.300 0.271 0.186 0.119 0.143 0.333 0.205 0.227 0.244 0.292 0.170 0.190 0.209 0.227 0.209 0.306 0.277 0.393 0.414 0.333 0.292 0.306 0.382 0.393 0.382

16 0.220 0.277 0.208 0.133 0.244 0.182 0.205 0.346 0.261 0.244 0.261 0.306 0.188 0.209 0.186 0.244 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.393 0.404 0.393

17 0.231 0.286 0.288 0.260 0.255 0.234 0.255 0.382 0.234 0.255 0.271 0.314 0.200 0.261 0.239 0.292 0.277 0.358 0.333 0.433 0.452 0.382 0.346 0.358 0.424 0.433 0.424

18 0.204 0.222 0.191 0.234 0.227 0.205 0.186 0.333 0.205 0.227 0.244 0.292 0.208 0.190 0.167 0.227 0.209 0.306 0.277 0.393 0.414 0.300 0.292 0.306 0.382 0.393 0.352

19 0.224 0.163 0.286 0.255 0.167 0.186 0.167 0.320 0.143 0.167 0.186 0.239 0.265 0.171 0.146 0.209 0.190 0.292 0.222 0.382 0.404 0.286 0.239 0.255 0.340 0.352 0.370

20 0.250 0.271 0.240 0.170 0.239 0.217 0.239 0.370 0.255 0.277 0.292 0.333 0.146 0.244 0.222 0.277 0.261 0.346 0.320 0.424 0.443 0.340 0.333 0.346 0.414 0.424 0.386

21 0.277 0.079 0.227 0.190 0.028 0.105 0.081 0.227 0.105 0.081 0.105 0.171 0.244 0.029 0.056 0.081 0.056 0.190 0.103 0.306 0.333 0.186 0.125 0.146 0.255 0.271 0.292

22 0.200 0.255 0.188 0.152 0.222 0.239 0.261 0.358 0.159 0.182 0.200 0.250 0.204 0.227 0.205 0.222 0.244 0.333 0.306 0.414 0.433 0.358 0.320 0.333 0.404 0.414 0.404

23 0.208 0.143 0.196 0.159 0.146 0.167 0.190 0.306 0.167 0.146 0.167 0.222 0.250 0.150 0.125 0.190 0.171 0.277 0.205 0.370 0.393 0.271 0.222 0.239 0.327 0.340 0.358

24 0.250 0.100 0.200 0.205 0.150 0.077 0.053 0.277 0.171 0.150 0.171 0.227 0.292 0.105 0.128 0.150 0.128 0.244 0.209 0.346 0.370 0.277 0.227 0.244 0.333 0.346 0.333

25 0.184 0.200 0.130 0.091 0.244 0.182 0.205 0.346 0.182 0.205 0.222 0.271 0.260 0.209 0.186 0.205 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.393 0.404 0.393

26 0.128 0.222 0.111 0.114 0.227 0.205 0.227 0.333 0.205 0.186 0.205 0.255 0.280 0.190 0.167 0.186 0.209 0.306 0.277 0.393 0.414 0.333 0.292 0.306 0.382 0.393 0.382

27 0.146 0.159 0.170 0.250 0.244 0.182 0.163 0.346 0.182 0.205 0.222 0.271 0.294 0.209 0.186 0.205 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.393 0.404 0.393

28 0.146 0.239 0.089 0.133 0.244 0.222 0.205 0.346 0.222 0.205 0.222 0.271 0.327 0.209 0.186 0.205 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.393 0.404 0.393

29 0 0.286 0.184 0.188 0.292 0.196 0.217 0.382 0.234 0.217 0.234 0.280 0.302 0.261 0.239 0.255 0.277 0.358 0.333 0.433 0.452 0.382 0.346 0.358 0.424 0.433 0.424

30 0 0.239 0.244 0.103 0.125 0.103 0.277 0.125 0.150 0.171 0.227 0.255 0.105 0.128 0.150 0.128 0.244 0.167 0.346 0.370 0.239 0.186 0.205 0.300 0.314 0.333

31 0 0.133 0.244 0.261 0.244 0.346 0.222 0.205 0.222 0.271 0.294 0.209 0.186 0.205 0.227 0.320 0.292 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.393 0.404 0.393

32 0 0.209 0.186 0.209 0.320 0.186 0.167 0.186 0.239 0.229 0.171 0.146 0.167 0.190 0.292 0.261 0.382 0.404 0.320 0.277 0.292 0.370 0.382 0.370

33 0 0.128 0.105 0.244 0.128 0.105 0.128 0.190 0.261 0.056 0.081 0.105 0.081 0.209 0.125 0.320 0.346 0.205 0.146 0.167 0.271 0.286 0.306

34 0 0.027 0.261 0.150 0.128 0.150 0.209 0.239 0.081 0.105 0.128 0.105 0.227 0.190 0.333 0.358 0.261 0.209 0.227 0.320 0.333 0.320

35 0 0.244 0.128 0.105 0.128 0.190 0.261 0.056 0.081 0.105 0.081 0.209 0.171 0.320 0.346 0.244 0.190 0.209 0.306 0.320 0.306

36 0 0.261 0.244 0.261 0.306 0.358 0.209 0.227 0.244 0.227 0.320 0.217 0.404 0.424 0.346 0.306 0.320 0.364 0.375 0.333

37 0 0.027 0.053 0.122 0.239 0.081 0.105 0.079 0.105 0.227 0.190 0.333 0.358 0.261 0.209 0.227 0.320 0.333 0.320

38 0 0.027 0.100 0.261 0.056 0.081 0.054 0.081 0.209 0.171 0.320 0.346 0.244 0.190 0.209 0.306 0.320 0.306

39 0 0.075 0.239 0.081 0.105 0.027 0.054 0.227 0.190 0.333 0.358 0.261 0.167 0.186 0.320 0.333 0.286

40 0 0.250 0.150 0.171 0.100 0.125 0.277 0.244 0.370 0.393 0.306 0.222 0.239 0.327 0.340 0.294

41 0 0.227 0.205 0.222 0.205 0.333 0.306 0.414 0.433 0.327 0.286 0.300 0.404 0.414 0.345

42 0 0.029 0.056 0.029 0.171 0.128 0.292 0.320 0.209 0.150 0.171 0.277 0.292 0.277

43 0 0.081 0.056 0.190 0.150 0.306 0.333 0.227 0.171 0.190 0.292 0.306 0.292

44 0 0.028 0.209 0.171 0.320 0.346 0.244 0.146 0.167 0.306 0.320 0.271

45 0 0.190 0.150 0.306 0.333 0.227 0.125 0.146 0.292 0.306 0.255

46 0 0.261 0.382 0.404 0.320 0.277 0.292 0.340 0.352 0.308

47 0 0.327 0.321 0.217 0.205 0.222 0.280 0.294 0.314

48 0 0.115 0.216 0.275 0.220 0.273 0.345 0.443

49 0 0.245 0.302 0.250 0.268 0.367 0.460

50 0 0.196 0.250 0.269 0.315 0.364

51 0 0.159 0.260 0.308 0.327

52 0 0.240 0.255 0.340

53 0 0.137 0.351

54 0 0.304

55 0

35

O dendrograma gerado a partir da análise de agrupamento usando o método

UPGMA e baseado na matriz de dissimilaridade genética obtida por meio do

complemento aritimético do coeficiente de similaridade de Jaccard é mostrado na

Figura 1.

Os 55 acessos de Manihot avaliados foram agrupados em seis grupos principais,

sendo o grupo VI, o que apresentou maior número de acessos (47), subdividido em dois

subgrupos. É possível observar a existência de variabilidade entre e dentro dos

subgrupos, a qual pode ser atribuída ao fato de esses acessos pertencerem a espécies

selvagens ou pouco domesticadas.

A maior distância foi obtida entre acessos 5 e 50 provenientes dos municípios de

Santa Cruz do Capiberibe (PE) e de Picuí respectivamente, indicando que estes acessos

são candidatos potenciais como fonte de variabilidade no programa de melhoramento

desta espécie, podendo os mesmo ser utilizados como possíveil genitores.

Colombo et al. (2000) utilizando marcadores RAPD em estudo com 126 genótipos

de mandioca distribuídos em quatro escalas geográficas, verificaram alta diversidade

genética, ilustrando que o uso dos marcadores RAPD pode ser útel para estudos de

diversidade genética das coleções possibilitando avaliação ou formação de uma coleção,

e especialmente, construção de um mapa genético. Podendo ainda serem considerados

válidos para identificação ou caracterização de cultivares, estabelecimento de distância

genética entre genótipos ou identificação de linhas idênticas em uma coleção de clones.

Costa et al. (2003) utilizando marcadores moleculares RAPD em acessos do

gênero Manihot confirmaram a existência de grande variabilidade genética, assim como

Mezette et al. (2013) em estudo de diversidade genética de acessos de mandioca

coletadas de diferentes regiões do Brasil, verificaram a existência de grande diversidade

genética entre os genótipos sendo a maior parte da diversidade genética distribuída no

interior das regiões devido o elevado fluxo gênico.

Os acessos Juazeirinho 55, Pocinhos 36 e Juazeirinho 46 pertencentes aos

grupos III, IV e V respectivamente, foram distintos em relação ao restante, o que os

tornam os mais divergentes entre os 55 acessos avaliados tendo o seu material genetico

diferenciado dos demais, podendo ser selecionados como possíveis genitores dentro de

um programa de melhoramento.

Lokko et al. (2006), Siqueira et al. (2009, 2010) utilizando marcadores

moleculares em mandioca verificaram uma maior variação dentro dos grupos do que

36

entre grupos. Já Mühlen (1999) em estudos comparativos entre espécies selvagens do

gênero Manihot e a espécie cultivada Manihot esculenta, observou que as espécies

selvagens contêm igual ou maior variabilidade genética que as espécies cultivadas pelo

fato de espécies selvagens se encontrarem em ambientes não controlados, se

intercruzam aumentando assim a variabilidade.

Segundo Martins & Oliveira (2009) a ampla variabilidade pode ser justificada

pelo fato de que espécies do gênero Manihot terem o sistema reprodutivo que favorece a

polinização cruzada, além de poder ser propagada vegetativamente facilitando a

dispersão dos genótipos e consequentemente, a troca de alelos.

O dendrograma gerado a partir dos dados de dissimilaridade de Jaccard

(Figura 3) apresentou valores de “bootstrap” baixos (38% e 45%). No entanto, a

dissimilaridade de 81% e 93%, proporcionaram a confiabilidade na formação dos ramos

do dendrograma. Segundo Cruz (2006), valores acima de 90% representam a junção

verdadeira significativa, inferindo na consistência e adequando o dendrograma para

representação de dissimilaridade e similaridade entre genótipos avaliados.

Figura 1. Dendrograma resultante da análise de agrupamento obtido pelo método UPGMA a partir de 55 acessos de maniçoba (Manihot

spp.) baseado nos dados da matriz de dissimilaridade genética obtidos pelo complemento aritmético dos coeficientes de similaridade de

Jaccard , utilizando-se 10 marcadores RAPD. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100 repetições.

69 %

V

IV

III

VI

II

I

81 %

45 %

93 %

38 %

A correlação cofenética obtido entre a matriz de distância de dissimilaridade e a

matriz de distância cofenética, obtido a partir do dendrograma, foi de elevada magnitude

(r=0,83**) considerada alta e adequada, evidenciando a consistência dos agrupamentos

(Tabela 4).

Tabela 4. Correlação cofenética baseado nos dados moleculares (RAPD) avaliados nos

55 acessos de maniçoba (Manihot spp.)

Correlação cofenética (CCC): 0.8332

Graus de liberdade: 1483

Valor de t: 58.0312

Probabilidade: .0 **

Distorção(%): 3.4813

Estresse (%): 18.6589

Segundo Vaz Patto et al. (2004), r > 0,56 é considerada ideal, pois indica haver

boa concordância entre a matriz de dissimilaridade e a de agrupamento.

Além disso, também foram observados porcentagens de distorções (3,48%) e de

estresse (18,65%) que segundo a escala de Kruskal (1964) são classificados como bons,

mostrando um bom ajuste entre a matriz de similaridade genética e a representação

gráfica do dendrograma.

CONCLUSÃO

O uso dos marcadores moleculares RAPD mostra ser eficiente em avaliar a

variabilidade genética entre os acessos de Manihot.

Com base nos resultados, a partir do uso de marcadores moleculares, os acessos

5 Santa Cruz, 7 Junco, 46 Juazerinho, 36 Pocinhos, 55 Juazerinho, e 50 Picuí podem

ser utilizados para tomada de decisão ao longo de um futuro programa de melhoramento

genético dessa espécie como forrageira alternativa.

39

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44

CAPÍTULO II

Caracterização morfológica e agronômica de acessos de Manihot spp.

procedentes de microrregiões do Semiárido brasileiro

45

Caracterização Morfológica e Agronômica de Acessos de Manihot spp.

procedentes do Semiárido Brasileiro

RESUMO

Para explorar a diversidade genética de espécies silvestres ou cultivadas são necessárias

a caracterização e avaliação dos acessos, auxiliando ao melhorista escolher os parentais

com potenciais a serem utilizados em programas de melhoramento genético. O objetivo

deste estudo foi realizar a caracterização morfológica e morfoagronômica de espécies

silvestres de Manihot provenientes do Semiárido brasileiro pertencentes à coleção do

Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba. Para a caracterização

dos 55 acessos foram usados 12 descritores qualitativos e 18 quantitativos. A

dissimilaridade foi gerada pela matriz de distância generalizada de Manhalanobis (D²), e

a análise de agrupamento foi obtida pelo método UPGMA. Foi possível verificar a

formação de 8 grupos de dissimilaridade com base nos caracteres morfológicos e 5

grupos para os caracteres morfométricos, evidenciando a presença de diversidade

genética entre os acessos avaliados. A variável de maior contribuição relativa foi o

comprimento entre os lóbulos central (19,17%), também houve efeito significativo

(P<0,05) para praticamente todos os caracteres morfométricos avaliados. Com base na

matriz de dissimilaridade os acessos 16 x 48 foram os mais distantes geneticamente e os

acessos 47 x 49 os mais próximos. Os acessos 4 Monteiro, 16 Soledade, 38 Boa Vista,

3 Pedra Lavrada, 7 Junco, 10 Barra de Santa Rosa, 21 Monteiro e 39 Junco, são os

mais promissores, podendo ser utilizados como genitores em programa de

melhoramento dessa importante espécie forrageira.

Palavras-chave: banco de germoplasma, descritores, diversidade genética

46

Morphological and Agronomic Access Manihot spp. coming from the Brazilian

semiarid

ABSTRACT

To explore the genetic diversity of wild and cultivated species, characterization and

evaluation of accessions, helping the breeder to choose parenting with potential for use

in breeding programs are needed. The aim of this study was to perform a morphological

and morphoagronomic of wild Manihot species from the Brazilian semiarid region

belonging to the collection of the Center for Agricultural Sciences, Federal University

of Paraíba. To characterize the 55 hits 12 quantitative and 18 qualitative descriptors

were used. The dissimilarity matrix was generated by Manhalanobis generalized

distance (D²), and cluster analysis was obtained by the UPGMA method. It was possible

to verify the formation of 8 groups of dissimilarity based on morphological characters

and 5 groups for morphometric characters, indicating the presence of genetic diversity

among accessions. The variable of greatest relative contribution was the length between

the central lobe (19.17%), there was also a significant effect (P<0.05) for almost all

evaluated morphometric characters. Based on the dissimilarity matrix 16 x 48

accessions were the most genetically distant accessions and 47 x 49 nearby. 4 accesses

Monteiro, 16 Soledad, 38 Boa Vista, 3 Pedra Lavrada, 7 Junco, 10 Barra de Santa Rosa,

Monteiro 21 and 39 Junco, are the most promising and could be used as parents in

breeding program of this important forage species.

Key words: germplasm bank, describers, genetic diversity

47

INTRODUÇÃO

O gênero Manihot spp. é constituído por um grande número de espécies cuja

origem se deu no Novo Mundo, de forma que no Brasil e no México elas formam

centros de diversidade distintos (NASSAR, 2000). Essa ampla variabilidade é atribuída

ao processo de seleção natural, ocorrido durante a evolução das espécies na pré e pós-

domesticação (FUKUDA e SILVA, 2002). De acordo com Almeida et al. (1993), os

processos de propagação sexuada e assexuada e a deiscência de seus frutos no campo

são as causas principais dessa diversificação, isto se da pelo sistema de polinização

cruzada (alogamia).

A maniçoba é uma planta de ocorrência natural na Caatinga, pertencente a

família Euforbiaceae, sendo encontradas nas diversas áreas que compõem o Semiárido

nordestino. Possui grande persistência à seca, devido ao seu sistema de raízes tuberosas

bastante desenvolvidas, onde acumulam as suas reservas sólidas e água, sendo uma das

primeiras espécies da Caatinga a desenvolver sua folhagem logo após o início do

período chuvoso (CASTRO, 2004). Desempenha importante papel no cenário

nordestino, especialmente na região semiárida, onde é utilizada para manutenção dos

rebanhos de animais domésticos por ocasião de secas prolongadas. Pode ser considerada

como uma forrageira de alta palatabilidade, por ser bastante procurada pelos caprinos,

ovinos, eqüinos e bovinos (MARTINS et al., 2007).

As espécies arbóreas de Manihot ocorrem na Região Nordeste e, assim como as

espécies herbáceas do Centro-Oeste, possuem fracas barreiras de isolamento

reprodutivo o que tem levado a uma extensiva hibridação natural, dificultando a

taxonomia e delimitação dessas espécies (BELTRÃO et al., 2006).

O uso dos descritores morfométricos e morfológicos possibilita diferenciar as

características fenotípicas que permitirão a fácil identificação e diferenciação a partir de

um banco de germoplasma no campo, tendo em vista que a espécie apresenta alto grau

de diversidade. Geralmente, esses descritores têm alta herdabilidade, sugerindo que

estão expressas mesmo em ambientes diferentes (FUKUDA e GUEVARA, 1998).

Segundo Nascimento et al. (2008) a caracterização morfológica, agronômica e

molecular, consiste em fornecer uma identidade para cada acesso através do uso de

uma série de descritores que permitam estudar sua variabilidade genética. Gusmão e

Neto (2008) avaliando acessos de mandioca concluíram que a diversidade morfométrica

e morfológica constitui uma importante ferramenta para a identificação e diferenciação

48

daqueles com algumas características semelhantes e detecção de materiais duplicados

em bancos genéticos, que eventualmente recebem diferentes nomenclaturas em locais

distintos.

Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a diversidade

e o potencial genético da maniçoba por meio das características morfométricas e

morfológicas, caracterizando-a e de forma a disponibilizá-la aos programas de

melhoramento da espécie em banco de germoplasma.

49

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi desenvolvido na área experimental pertencente ao Departamento

de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba,

Campus II – Areia, PB.

Utilizou-se para fins de caracterização, 55 acessos de maniçoba no estágio

reprodutivo maturação, compreendido entre final de floração e início de frutificação,

sendo selecionadas para avaliação 3 plantas por acesso, localizadas na linha central,

todos pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade Federal da

Paraíba. Os acessos do BAG foram oriundos do Semiárido brasileiro, especificamente

dos municípios de Soledade, Juazerinho, Pocinhos, Boa Vista, Sumé, Monteiro, Barra

de Santa Rosa, Picuí, Pedra Lavrada, Junco do Seridó, Cubati, Barra de Santana e ao

longo da BR 230 entre os municípios de Boa Vista e Pocinhos (todos no Estado da

Paraíba) e Taquaritinga do Norte e Santa Cruz do Capibaribe (no Estado de

Pernambuco), todos os acessos foram georeferenciados com o auxílio de um aparelho

GPS (Global Position System) (Apêndice, capítulo I).

Os acessos foram espaçados de 1,0 m entre linhas por 1,0 m entre plantas,

permitindo às plantas expressarem todo o potencial de desenvolvimento, evitando

competição intergenotípica, e assegurando material vegetativo para renovação, bem

como de multiplicação dos mesmos destinados à pesquisa. Utilizou-se para

caracterização, 12 descritores morfológicos, e 18 descritores agronômicos, conforme

metodologia descrita por FUKUDA et al. (2010).

Os caracteres morfológicos avaliados foram: tipo de planta, cor da folha apical,

forma do lóbulo central, cor da nervura, número de lóbulos, hábito de crescimento, cor

dos ramos terminais nas plantas adultas, níveis de ramificação, posição do pecíolo,

comprimento das estípulas, sinuosidade do lóbulo foliar e cor do pecíolo da folha verde.

As variáveis foram avaliadas por estimativas visuais, com base nos descritores da

(Tabela 1).

50

Tabela 1. Descrição dos caracteres morfológicos utilizados na caracterização dos

acessos de Manihot spp.

Caráter Classes fenotípicas

Tipo de planta 1- Compacta

2- Aberta

3- Guarda Sol

4- Cilíndrica

Cor da folha apical 1-Verde Claro

2-Verde Escuro

3-Verde Arroxeado

Forma do lóbulo central 1-Ovóide

2-Elíptica-Lanceolada

3-Obovada-Lanceolada

4-Lanceolada

Cor da nervura 1-Verde

2-Verde com vermelho em menos da metade

do lóbulo

Número de lóbulo 1-Três Lóbulos

2-Cinco Lóbulos

3-Sete Lóbulos

4-Nove Lóbulos

Hábito de crescimento 1-Reto

2-Zig-zag

Cor dos ramos terminais nas plantas adultas 1-Verde

2-Verde Arroxeado

3-Roxo

Níveis de ramificação 1-Uma

2-Duas

3-Três

4-Quatro

5-≥ Cinco

Posição do pecíolo 1-Inclinado para cima

2-Horizontal

Comprimentos das estípulas 1- Curta

2- Longa

Sinuosidade do lóbulo foliar 1-Liso

2-Sinuoso

Cor do pecíolo da folha verde 1-Verde Avermelhado

2-Vermelho

3-Roxo

51

Para as características morfométricas foram medidas, as variáveis de

crescimento: AP - altura de planta (cm) utilizando uma fita métrica, a partir da base do

solo até ápice da folha; DMC- diâmetro médio do caule (mm) com paquímetro digital a

20 cm do solo. Além destas variáveis foram realizadas contagens do NGA- número de

gemas axilares, NR- número de ramos, NF- número de folhas, NFL número de flores,

NRFL- número de ramos florais, NFR- número de Frutos, NFS – número de folhas

senescentes. (Figura 1).

Figura 1. Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de maniçoba (Manihot

spp.): ( a ) altura da planta (cm); ( b ) diâmetro do caule (mm), ( c ) número total de gemas axilares; ( d )

número total de ramos por planta; ( e ) número total de folhas; ( f ) número de flores; ( g ) número de

ramos florais; ( h ) número de frutos e ( i ) número de folhas senescentes.

( g ) ( h ) ( i )

( f ) ( e )

( c ) ( d )

( a ) ( b )

52

Após a planta atingir maturidade, final de floração e início de frutificação, foram

retirados de cada acesso 3 folhas completas de onde se tomou as medidas de: CPF-

comprimento de pecíolo da folha (cm), utilizando uma régua graduada, medido a partir

da inserção do pecíolo na haste principal até a inserção da folha; DBPF- diâmetro da

base do pecíolo da folha (mm); DMPF- diâmetro médio do pecíolo da folha (mm);

DSPF- diâmetro superior do pecíolo da folha (mm), com auxílio de um paquímetro

digital; CLC- comprimento do lóbulo central (cm) medido a partir da inserção do

pecíolo na haste principal até o ápice do lóbulo mediano da folha; LMLC- largura

mediana do lóbulo central (cm), LSLC- largura superior do lóbulo central (cm), CLM-

comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm) , CLBF- comprimento entre os

lóbulos basais da folha, todas realizadas com uma régua graduada (Figura 2).

Os dados quantitativos foram submetidos a ajustes de normalidade por meio da

equação: x‟= √(x+0,5). Os caracteres quantitativos obtidos foram submetidos à análise

de variância e as médias foram agrupadas por meio do teste de critério de Scott Knott

(1974), a 5% de probabilidade. Em seguida, a dissimilaridade foi gerada pela distância

generalizada de Manhalanobis (D²) e a análise de agrupamento foi obtida pelo método

UPGMA (SNEATH & SOKAL, 1973). A análise de bootstrap foi realizada para

verificar e dar suporte estatístico aos nós internos dos dendrogramas gerados por meio o

método de agrupamento UPGMA utilizando-se o programa Genes (CRUZ, 2006).

O ponto de corte do dendrograma e definição dos grupos foram gerados pelo

método hierárquico descrito por Mojena (1977) que sugere procedimento baseado no

tamanho relativo dos níveis de fusões (distâncias) no dendrograma, conforme inequação

descrita anteriormente no capítulo I.

A validação dos agrupamentos foi determinada pelo coeficiente de correlação

cofenético (Sokal e Rohlf, 1962). A quantificação da contribuição relativa das

características morfométricas na divergência genética foi estimada utilizando a

metodologia proposta por Singh (1981).

53

Figura 2 - Obtenção das medidas dos marcadores agronômicos nos 55 acessos de

maniçoba (Manihot spp.): ( j ) comprimento do pecíolo da folha (cm); ( l ) diâmetro da

base do pecíolo da folha (mm); ( m ) diâmetro da porção mediana do pecíolo da folha

(mm); ( n ) diâmetro proximal do pecíolo da folha (mm); ( o ) comprimento do lóbulo

central (cm); ( p ) largura do lóbulo central (cm); ( q ) largura superior do lóbulo

mediano (cm); ( r ) comprimento entre os lóbulos basais da folha (cm); ( s )

comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm); ( t ) número e formato de lóbulos

das folhas.

( j ) ( l ) ( m ) ( n )

( o ) ( p ) ( q )

( r ) ( s ) ( t )

54

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos evidenciaram a existência de variabilidade genética

(Figuras 3 e 4). Para os caracteres morfológicos (Figura 3), a partir do corte no

dendrograma, em aproximadamente 70%, foi observada a formação de 8 grupos de

dissimilaridade, evidenciando a presença de diversidade entre os acessos avaliados,

onde a maioria se concentraram no grupo VIII com total de 26 acessos dos 55

avaliados. O grupo VI e o grupo I apresentaram apenas um único indivíduo isolado,

sendo o acesso do grupo I o mais distante geneticamente quando comparado com os

demais. Os demais grupos, apesar de menos populosos verifica-se variabilidade entre os

acessos de um mesmo local de origem.

Vieira et al. (2007) estudando a diversidade genética de 356 genótipos de

Manihot esculenta utilizando os descritores morfológicos semelhantes aos avaliados

nesta pesquisa detectaram ampla variabilidade genética entre os acessos avaliados,

Afirmam que o uso dos descritores morfológicos é apropriado em programas de

melhoramento para expressar a variabilidade presente em um banco de germoplasma a

partir de avaliações de múltiplos caracteres.

Resultados semelhantes foram também obtidos por Campos et al. (2010)

avaliando a caracterização de 53 genótipos do gênero Manihot, utilizando análise de

agrupamento com base em características qualitativas e quantitativas, demonstraram ser

essas eficientes no estudo de diversidade servindo de suporte para trabalhos de

melhoramento.

A menor dissimilaridade encontrada foi entre os acessos Junco 7 e Barra de

Santa Rosa 10, a maior entre Junco 7 e Pedra Lavrada 3, podendo os mesmos serem

utilizados em programa de melhoramento. Essa distância genética provavelmente pode

se dar por se tratar de acessos originários de localidades opostas impossibilitando a

troca de material genético entre eles.

O coeficiente de correlação cofenético (CCC) obtido entre a matriz de distância

de dissimilaridade e a matriz de distância cofenética, foi de (r= 0,74*) com uma baixa

distorção e baixo estresse (Tabela 2), considerado alto e adequado, indicando uma boa

correlação entre as matrizes de distância e de agrupamento. Cruz e Carneiro (2006)

quanto maior o CCC menor será a distorção do agrupamento havendo a concordância

entre os valores originais de dissimilaridade e os representados pelo dendrograma,

possibilitando a confiabilidade nos dados gerados.

55

Apresentou ainda porcentagens de distorções (4,79%) e de estresse (21,90%) que,

segundo a escala de Kruskal (1964) são classificados como bons, mostrando um bom

ajuste entre a matriz de similaridade genética e a representação gráfica do dendrograma

(Tabela 3).

Tabela 2. Correlação cofenética de 12 caracteres morfológicos avaliados nos 55 acessos

de (Manihot spp.).

Correlação cofenética (CCC): 0,74

Graus de liberdade: 1483

Valor de t: 41,828

Probabilidade: 0,000 *

Distorção (%): 4,7991

Estresse (%): 21,9069

A análise dos resultados obtidos com base nas classes fenotípicas e suas

respectivas frequências podem afirmar que os acessos pertencentes ao BAG de

maniçoba, apresentam variabilidade genética, uma vez que apenas para o caráter

crescimento de estípulas não foi detectada variabilidade, todos os acessos avaliados

apresentam estípulas curtas, os demais caracteres apresentaram ampla variabilidade.

Esses resultados permitem o estabelecimento da hipótese de que esses acessos possuem

ampla base genética, o que pode ser explicada pelo fato de se tratar de espécies

consideradas selvagens (Tabela 4).

Segundo Asare et al. (2011) as características morfológicas são úteis para a

avaliação preliminar, pois oferecem uma abordagem fácil e rápida para avaliar a

extensão da diversidade.

Dentre os caracteres avaliados nas classes fenotípicas, os mais importantes para

utilização da espécie como forrageira são: tipo de planta, cor da folha, número de

lóbulos, hábito de crescimento, níveis de ramificação, conforme os resultados

apresentados na (Tabela 3).

Dentre os caracteres considerados observou-se que dos 55 acessos avaliados 28

apresentaram tipo de planta cilíndrica correspondendo a 50,91%, cor de folhas verde

escuro 90,91%, 85,45% com cinco lóbulos, 52,73% com hábito de crescimento reto,

níveis de ramificação acima de 5 sendo representado por 41,82%, esses fatores poderão

56

ser levados em consideração na escolha dos acessos em futuros programas de

melhoramento da espécies, pois proporcionarão um melhor manejo, aproveitamento

fotossintético, e uma maior produção de folhas, e consequentemente uma maior

produção de forragem.

57

Figura 3. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de

dissimilaridade genética, obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), utilizando-se 12 descritores morfológicos.

VIII

VII

V

IV

II

I

VI

III

58

Tabela 3. Caracteres avaliados nas classes fenotípicas (morfologia) e frequência de

acessos em cada uma das classes.

Dos 18 caracteres quantitativos avaliados, pode-se observar a existência de

diferenças significativas (P<0,05) entre os acessos para 14 variáveis. Esses resultados

revelam a existência de variabilidade fenotípica entre os acessos avaliados, podendo ser

Caráter Classes fenotípicas N° de acessos Frequência de

acessos (%)

Tipo de planta 1- Compacta 1 1,82

2- Aberta 14 25,45

3- Guarda Sol 12 21,82

4- Cilindrica 28 50,91

Cor da folha apical 1-Verde Claro 4 7,27

2-Verde Escuro 50 90,91

3-Verde Arroxeado 1 1,82

Forma do lóbulo central 1-Ovóide 3 5,45

2-Elíptica-Lanceolada 3 5,45

3-Obovada-Lanceolada 46 83,64

4-Lanceolada 3 5,45

Cor da nervura 1-Verde 42 76,36

2-Verde com vermelho em

menos da metade do lóbulo 13 23,64

Número de lóbulos 1-Três Lóbulos 4 7,27

2-Cinco Lóbulos 47 85,45

3-Sete Lóbulos 3 5,45

4-Nove Lóbulos 1 1,82

Hábito de crescimento 1-Reto 29 52,73

2-Zig-zag 26 47,27

Cor dos ramos terminais nas plantas

adultas 1-Verde 28 50,91

2-Verde Arroxeado 26 47,27

3-Roxo 1 1,82

Níveis de ramificação 1-Uma 5 9,09

2-Duas 9 16,36

3-Três 6 10,91

4-Quatro 12 21,82

5-≥ Cinco 23 41,82

Posição do pecíolo 1-Inclinado para cima 29 52,73

2-Horizontal 26 47,27

Comprimentos das estípulas 1- Curta 55 100,00

2- Longa 0 0,00

Sinuosidade do lóbulo foliar 1-Liso 38 69,09

2-Sinuoso 17 30,91

Cor do pecíolo da folha verde 1-Verde Avermelhado 42 76,36

2-Vermelho 9 16,36

3-Roxo 4 7,27

59

levados em consideração para a definição de estratégias de conservação de

germoplasma, bem como o seu uso no programa de melhoramento genético de

maniçoba. Nick et al. (2010) demonstraram através dos resultados da análise de

variância, diferenças para todas as características fenotípicas avaliadas, retratando a

presença de variabilidade para os caracteres agronômicos semelhantes aos utilizados

nesse estudo, comprovando a eficiência das mesmas em estudos de diversidade.

Essa existência de ampla variabilidade fenotípica era esperada uma vez que os

genótipos avaliados foram de origens diversas (Apêndice, capítulo I). Essa divergência

genética encontrada possibilitará a tomada de decisão na escolha das características

desejáveis nos futuros genitores, visando a obtenção de uma cultivar forrageira de alta

produção de biomassa com alta qualidade de forragem e excelente palatabilidade.

Vieira et al. (2008) verificaram diferenças para todos os caracteres quantitativos

aferidos, semelhantes ao dessa pesquisa, o que revela a existência de diferenças no

potencial agronômico dos genótipos e justificaram ampla variabilidade uma vez que

foram avaliados acessos de diferentes origens.

Os valores de herdabilidade foram altos, acima de 70%, exceto para a variável

CLBF (48,72%). Os maiores valores de herdabilidade encontrados foram para as

variáveis LMLC (97,2%) e CLMF (98,02%) seguido do NR (83,86%), NFolhas

(85,74%) e AP (83,13%), características favoráveis para produção de forragem,

auxiliando na escolha dos acessos como genitores para o melhoramento da espécie

como forragerira. Valores altos de herdabilidade devem ser considerados na eficiência

do processo seletivo das características a serem melhoradas.

A relação entre o coeficiente de variação genético/coeficiente de variação

ambiental (CVg/CVe) foi maior do que 1 para todas as características, com maior ênfase

para CLMF (4,08) e LMLC (3,40), indicando a eficácia na seleção de plantas com base

nessas características, potencializando a expressão do genótipo no ambiente.

60

Tabela 4. Análise de variância de 18 características morfométricas avaliadas em 55 acessos de (Manihot spp.)

Quadrados médios

FV GL AP DMC(mm) NGA NR N Folhas NFL NRFL NFR NFS

Acesso 54 8.27* 0.89* 0.18* 1.95* 21.23* 1.04* 0.46* 6.4* 5.24*

Resíduo 110 1.39 0.1 0.03 0.31 3.02 0.04 0.07 1.28 0.84

Total 164

Média 10.97 4.7 3.37 2.28 7.05 0.81 0.83 2.02 1.99

CV (%) 10.75 6.82 5.15 24.56 24.67 25.32 33.11 55.74 46.13

Razão CVg/CVe 1.28 1.59 1.30 1.32 1.42 2.81 1.29 1.15 1.32

Herdabilidade (%) 83.13 88.41 83.58 83.86 85.74 95.95 83.4 80 83.91

Quadrados Médios

FV GL CPF (cm) DBPF (mm) DMPF (mm) DSPF (mm) CLC (cm) LMLC (cm) LSLC (cm) CLMF CLBF

Acesso 54 0.78* 0.15 ns

0.08 ns

0.22 ns

0.56* 1.05* 0.18* 3.21* 0.96 ns

Resíduo 110 0.09 0.03 0.01 0.01 0.08 0.02 0.03 0.06 0.49

Total 164

Média 3.71 2.2 1.96 2.17 3.78 2.87 2.37 3.56 4.09

CV (%) 8.19 8.77 6.81 6.24 7.84 5.97 7.59 7.06 17.16

Razão CVg/CVe 1.58 1.01 1.13 1.93 1.35 3.40 1.23 4.08 0.56

Herdabilidade (%) 88.2 75.36 79.27 91.76 84.45 97.2 82 98.02 48.72

AP= altura de planta; DMC= diâmetro médio do caule (mm); NGA= número de gemas axilares; NR= número de ramos; NFolhas= número de folhas; NFL= número de

flores; NRFL= número de ramos florais; NFR= número de frutos; NFS= número de folhas senescentes; CPF= comprimento de pecíolo da folha (cm); DBPF= diâmetro

da base do pecíolo da folha (mm); DMPF= diâmetro médio do pecíolo da folha (mm); DSPF= diâmetro superior do pecíolo da folha (mm); CLC= comprimento do

lóbulo central (cm); LMLC= largura mediana do lóbulo central (cm); LSLC= largura superior do lóbulo central (cm); CLMF= comprimento entre os lóbulos medianos

da folha (cm); CLBF= comprimento entre os lóbulos basais da folha. ns

- não significativo

61

Verificou-se a formação de grupos distintos com base na comparação de médias

dos caracteres quantitativos. A variável com maior número de grupos distintos foi

DMC formando seis grupos cujas médias variaram de 10,73 mm para o acesso 53 a

36,49 mm para o acesso 16 (Tabela 5). Essa característica confere a planta, capacidade

de suporte e sustentação da mesma, principalmente por se tratar de uma espécie

arbustiva-arborea.

Para as variáveis, altura de planta (AP), número de gemas axilares (NGA),

número de ramos florais (NRF), número de folhas senescentes (NFS) houve a formação

de três grupos (a, b e c) (P<0,05) pelo teste de Scott Knott.

Dos 55 acessos avaliados, para a variável altura de planta, 11 acessos ficaram

agrupados no grupo (a) sendo consideradas plantas de maior porte com valores que

variaram de 226,30 cm para o acesso 24 a 155,30 cm acesso 1; 27 acessos no grupo b

(porte mediano) variando entre 147,50 cm para o acesso 33 e 115,00 cm para o acesso

43. As de porte menores ficaram no grupo c, 17 acessos, variando entre 100,40 cm para

o acesso 34 e 58,60 cm para o acesso 53.

Segundo Rós et al. (2011) a altura da planta é uma característica importante para a

adequação do espaçamento, para a definição do potencial de competição com plantas

daninhas e para a utilização das ramas como material de propagação, plantas mais altas

e ramificadas geralmente tendem a ter um maior potencial de produção de folhagem. De

acordo com Tomich et al. (2008), a altura de plantas adultas do gênero Manihot

normalmente varia de um a dois metros, embora algumas variedades alcancem quatro

metros. Plantas altas, contudo, também são mais susceptíveis ao acamamento, o que

dificulta o processo de colheita do material, além de diminuir a atividade fotossintética

(GOMES et al., 2007).

Os menores grupos formados foram para as variáveis número de flores (NFlores),

número de frutos (NFrutos), comprimento entre os lóbulos basais da folha (CLBF),

formando apenas 2 grupos por variáveis analisadas. O número de Flores e Frutos deve

ser levado em consideração para a espécie quando se deseja realizar cruzamentos entre

os acessos e propagação dos mesmos por meio de sementes.

Para número de ramos (NR), número de folhas (NFolhas), diâmetro da base do

pecíolo da folha (DBPF), diâmetro médio do pecíolo da folha (DMPF), comprimento do

lóbulo central (CLC) e largura superior do lóbulo central (LSLC) formaram 4 grupos.

Para comprimento de pecíolo da folha (CPF), diâmetro superior do pecíolo da folha

(DSPF), comprimento entre os lóbulos medianos da folha (CLMF) foram formados 5

62

grupos. Essas características são importantes na escolha dos genitores, pois, busca-se

utilizá-la como forrageira, uma vez que as mesmas poderão proporcionar uma maior

produção de matéria seca.

Os maiores valores encontrados para comprimento entre os lóbulos mediano das

folhas foram entre os pertencentes ao grupo a, variando entre 28,30 cm para o acesso 3 e

24,15 cm para o acesso 30 podendo esses serem selecionado com possível genitor, em

se tratando da utilização da espécie como forrageira.

Ledo et al. (2011) afirmaram que a relação entre comprimento/largura do lóbulo

central, bem como a largura do lóbulo central exercem influência sobre a taxa

fotossintética e, por consequência, na produção de massa foliar.

A característica que mais divergiu pelo teste de média foi a largura mediana do

lóbulo central (LMLC) formando 8 grupos distintos com maiores valores, variando

entre 16,00 cm para o acesso 15 e 18,50 cm para o acesso 18, ambos pertencentes ao

grupo a (4 acessos), e os menores valores para os acessos 48 e 53 com 3,80 cm e 3,30

cm respectivamente, os demais se distribuíram em grupos intermediários. Barbosa

(2013) em estudo sobre a caracterização morfométrica dos clones de mandioca,

encontrou para a maioria de seus clones avaliados uma média entre 4,4 cm e 2,98 cm e

afirma que lóbulos foliares estreitos permitem menor sombreamento entre as folhas da

mesma planta, o que possibilita uma melhor distribuição e utilização dos raios solares

para a fotossíntese. Observou também no mesmo estudo que as cultivares de lóbulos

estreitos e intermediários expressam maiores produções em relação às cultivares de

lóbulos largos.

63

Tabela 5. Agrupamento de médias de 18 caracteres morfométricos avaliados em 55 acessos de (Manihot spp.)

Acesso AP

(cm)

DMC

(mm)NGA NR N Folhas NFL NRFL N frutos NFS

CPF

(cm)

DBPF

(mm)

DMPF

(mm)

DSPF

(mm)

CLC

(cm)

LMLC

(cm)

LSLC

(cm)

CLMF

(cm)

CLBF

(cm)

1 155,30a 32,37b 90b 11b 199a 2b 5b 28a 25a 17,50b 7,58a 4,78b 5,12b 18,83a 8,50e 6,60a 23,00a 21,80a

2 133,60b 26,90c 55b 11b 104b 0b 0c 0b 12a 16,20b 4,5b 3,64c 4,82c 15,66b 5,83f 3,50d 21,45b 19,30a

3 115,20b 16,81e 22b 1d 20d 0b 1c 0b 1c 17,50b 6,28a 5,89a 7,89a 19,5a 9,07d 8,60a 28,30a 27,80a

4 176,10a 35,17a 198a 16a 142a 0b 0c 22a 33a 8,50e 2,83d 2,29d 2,81e 11,5c 6,50f 4,30c 17,80c 15,65b

5 111,00b 17,65e 29b 2d 32d 0b 0c 3b 7c 17,00b 5,29b 3,55c 4,33c 14,33b 6,00f 4,80c 19,30b 17,15a

6 79,00c 16,52e 10c 1d 31d 0b 0c 1b 0c 12,30d 3,32d 2,85d 3,89d 12,23c 4,25h 4,30c 13,10d 15,65b

7 153,00a 20,66d 27a 4c 54c 0b 0c 12a 15b 17,40b 5,60a 4,26b 4,82c 17,3a 7,50e 5,30b 19,00b 17,10b

8 146,00b 20,81d 21b 5c 72b 0b 0c 1b 3c 17,60b 3,79c 3,62c 4,52c 17,83a 7,50e 5,55b 21,50b 21,40a

9 143,00b 20,82d 28c 2d 12d 0b 0c 4b 1c 14,10c 4,50b 3,38c 4,12d 13,00c 7,15e 5,60b 12,90d 20,90a

10 108,50c 24,52c 100a 8b 112b 0b 0c 18a 24a 10,10d 3,69c 4,09c 3,2e 10,50d 4,75g 3,90d 12,75d 13,95b

11 165,30a 28,54c 94b 9b 54c 0b 0c 24a 13b 13,80c 4,58b 3,61c 4,48c 14,23b 7,05e 5,90b 16,25c 20,50a

12 144,30b 25,53c 42b 11b 81b 0b 0c 7b 22a 10,10d 3,80c 3,08d 3,39d 16,33b 12,15b 5,80b 4,80e 15,65b

13 121,30b 19,55d 36b 5c 54c 0b 0c 10b 2c 10,00d 4,62b 3,5c 4,15d 13,83c 12,50b 6,20b 4,65e 10,00b

14 150,00b 28,41c 35b 6b 72b 0b 2c 20a 0c 6,50e 2,86d 2,55d 2,33e 13,00c 11,10c 5,60b 4,00e 7,60b

15 117,30b 20,64d 37b 6b 38c 0b 0c 1b 6c 15,80c 6,21a 3,80c 4,85c 19,07a 16,00a 7,05a 5,60e 20,90a

16 173,00a 36,49a 138a 23a 188a 26a 9a 0b 22a 18,00b 4,74b 3,01d 3,38d 18,83a 15,50a 5,25b 3,50e 19,25a

17 143,30b 26,73c 36b 8b 39c 0b 0c 4b 8b 12,80c 4,74b 3,83c 4,61c 19,33a 14,50a 7,00a 5,90e 21,50a

18 169,30a 25,65c 48a 10b 62c 0b 0c 5b 12b 12,30c 5,02b 3,64c 4,82c 18,50a 14,50a 7,00a 5,30e 21,00a

19 150,00b 26,47c 41b 5c 62c 0b 2c 26a 1c 12,60d 5,44a 3,69c 3,82d 12,17c 12,00b 7,00a 5,50e 21,00a

20 127,60b 21,02d 18b 1d 12d 0b 0c 8b 2c 13,30c 3,95c 3,58c 3,98d 10,33d 12,00b 6,10b 5,30e 11,55b

21 144,30b 23,44c 16b 4c 43c 0b 0c 2b 4c 16,60b 4,27c 3,79c 4,62c 17,66a 12,50b 6,65a 5,50e 16,15b

22 63,50c 19,57d 8c 1d 7d 0b 0c 1b 3c 9,00d 3,90c 2,92d 2,55e 13,66c 11,20c 5,10b 3,60e 16,00b

23 77,60c 17,84e 16c 1d 27d 0b 0c 1b 5c 10,10d 3,19d 2,89d 3,05e 12,16c 10,30c 4,50c 4,00e 14,00b

24 226,30a 29,76b 54a 11b 106b 0b 0c 7b 8b 16,00c 3,58c 3,27c 3,85d 16,33b 11,60b 6,65a 5,15e 19,30a

25 118,00b 20,87d 17b 6b 41c 0b 0c 3b 11b 10,60d 4,12c 3,08d 3,39d 12,88c 11,30c 5,50b 4,30e 16,15b

26 79,60c 18,34d 37c 4c 32c 0b 0c 1b 2c 6,80e 3,05d 2,17d 2,21e 11,1c 9,30d 4,65c 3,80e 13,65b

27 76,60c 16,19e 17c 1d 23d 0b 0c 0b 3c 13,70c 3,62c 3,73d 2,94e 15,83b 14,00b 4,80c 4,00e 15,50b

28 164,00a 25,25c 39a 9b 120b 0b 0c 2b 8b 15,10c 5,84a 3,32c 4,03d 19,83a 14,00b 5,80b 5,15e 18,50a AP= altura de planta; NGA= número de gemas axilares; DMC= diâmetro médio do caule (mm); NR= número de ramos; NFolhas= número de folhas; NFL número de flores, NRFL-

número de ramos florais; NFR= número de frutos; NFS= número de folhas senescentes; CPF= comprimento de pecíolo da folha (cm); DBPF= diâmetro da base do pecíolo da folha

(mm); DMPF= diâmetro médio do pecíolo da folha (mm); DSPF= diâmetro superior do pecíolo da folha (mm); CLC= comprimento do lóbulo central (cm); LMLC= largura mediana

do lóbulo central (cm); LSLC= largura superior do lóbulo central (cm); CLMF= comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm); CLBF= comprimento entre os lóbulos basais

da folha.

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si do grupo genético a 5% pelo teste Scott-Knott.

64

Continuação Tabela 5

Acesso AP

(cm)

DMC

(mm)NGA NR N Folhas NFL NRFL N frutos NFS

CPF

(cm)

DBPF

(mm)

DMPF

(mm)

DSPF

(mm)

CLC

(cm)

LMLC

(cm)

LSLC

(cm)

CLMF

(cm)

CLBF

(cm)

29 142,60b 18,86d 20b 3d 37c 0b 1c 4b 2c 15,50c 4,83b 4,44c 4,13d 16,17b 12,00b 5,10b 4,80e 15,60b

30 145,30b 28,50c 22b 5c 74b 0b 0c 0b 0c 24,80a 5,42a 3,99b 9,24a 16,83b 8,40e 7,00a 24,15a 26,00a

31 178,00a 30,23b 41a 8b 72b 0b 0c 15a 3c 13,00c 4,63b 2,97c 4,27c 18,33a 12,50b 5,10b 4,80e 19,80a

32 98,60c 19,60d 6c 1d 25d 0b 0c 0b 0c 9,20d 3,99c 2,95d 5,27b 9,8d 5,00g 3,50d 13,60d 11,25b

33 147,50b 22,52d 16b 9b 52c 0b 0c 0b 0c 19,80b 3,61c 3,35d 5,10b 13,13c 5,90f 5,20b 17,85c 17,45a

34 100,40c 17,33e 7c 3c 14d 0b 0c 3b 3c 11,80d 4,22c 3,51c 3,78d 12,50c 5,70f 4,15c 13,80d 18,15a

35 168,70a 27,25c 134a 15a 163a 0b 1c 15a 9b 15,80c 6,07a 3,96c 4,01d 15,87b 6,20f 4.50c 22,00b 19,80a

36 121,30b 17,60e 35b 6b 37c 0b 0c 2b 4c 9,90d 4,89b 2,53c 4,38c 12,50c 5,30g 3,50d 16,15c 16,30b

37 77,30c 14,65e 6c 5c 44c 0b 0c 2b 3c 9,80d 4,29c 2,28d 2,73e 9,5d 5,00g 4,50c 12,80d 15,30b

38 161,80a 29,20b 86a 10b 194a 0b 0c 40a 2c 9,50d 3,99c 4,12d 2,94e 11,5c 5,50g 4,50c 14,65d 15,50b

39 136,00b 20,53d 39b 5c 57c 0b 1c 3b 2c 12,10d 5,77a 4,03c 5,68b 13,67c 6,80e 5,50b 16,30c 19,15a

40 142,00b 21,70d 31b 6b 60c 0b 0c 16a 5c 16,30b 5,54a 3,53c 4,28c 18,83a 7,30e 4,85c 24,50a 24,65a

41 126,00b 18,62d 19b 5c 49c 0b 0c 7b 2c 13,90c 4,71b 3,60c 4,10d 15,67b 5,20g 3,30d 17,50c 19,00a

42 100,50c 19,53d 7c 3c 42c 0b 0c 0b 2c 16,50b 4,55b 3,05c 4,45c 15,33b 5,00g 4,05c 22,15b 14,80b

43 115,00b 21,83d 35b 4c 24d 0b 1c 7b 1c 8,00e 3,92c 4,45d 3,43d 9,67d 3,80h 3,30d 14,15d 13,30b

44 117,30b 23,82c 31b 4c 67b 0b 0c 1b 16b 21,30a 5,46a 3,85b 4,81c 16,83b 8,20d 6,30a 26,15a 13,00b

45 134,00b 21,51d 24b 4c 73b 0b 0c 29a 1c 13,00c 5,46a 3,61c 4,89c 14,50b 5,80f 5,15b 17,30c 12,65b

46 63,40c 18,30d 8c 1d 17d 0b 0c 0b 0c 18,30b 4,09c 3,65c 6,25b 14,37b 6,20f 5,55b 21,65b 24,50a

47 88,50c 16,52e 10c 2d 38c 0b 0c 0b 0c 16,40b 4,28c 2,20c 5,78b 11,83c 5,30g 5,40b 20,30b 16,00b

48 64,00c 18,60d 8c 1d 17d 0b 0c 0b 0c 6,80e 2,68d 3,46d 3,48d 7,67d 3,50h 3,05d 10,80d 9,40b

49 88,00c 16,52e 8c 2d 41c 0b 0c 0b 0c 13,80c 3,99c 2,80c 4,82c 11,47c 6,25f 5,65b 17,23c 15,60b

50 82,30c 16,75e 8c 1d 12d 0b 0c 0b 0c 10,80d 3,05d 3,36d 3,95d 10,37d 4,10h 3,80d 16,10c 15,40b

51 112,30b 16,56e 17b 1d 19d 0b 0c 0b 0c 15,50c 3,91c 2,91c 5,28b 11,88c 5,05g 5,60b 19,50b 14,45b

52 118,00b 16,34d 24b 3c 44c 0b 0c 4b 0c 14,50c 4,22c 2,43d 5,27b 10,60d 4,60g 4,70c 14,10d 17,10a

53 58,60c 10,73f 3c 2d 25d 1b 1c 0b 0c 13,50c 2,53d 3,71d 3,60d 7,80d 3,30h 3,60d 12,60d 9,50b

54 80,60c 20,77d 4c 2d 35c 1b 1c 3b 0c 14,70c 4,56b 2,79c 5,78b 10,27d 3,60h 6,00b 19,35b 11,15b

55 84,00c 18,73d 10c 2d 45c 0b 0c 3b 1c 13,10c 4,04c 2,81d 2,99e 10,30d 5,00g 4,70c 11,20d 16,00b

AP= altura de planta; NGA= número de gemas axilares; DMC= diâmetro médio do caule (mm); NR= número de ramos; NFolhas= número de folhas; NFL número de flores, NRFL-

número de ramos florais; NFR= número de frutos; NFS= número de folhas senescentes; CPF= comprimento de pecíolo da folha (cm); DBPF= diâmetro da base do pecíolo da folha

(mm); DMPF= diâmetro médio do pecíolo da folha (mm); DSPF= diâmetro superior do pecíolo da folha (mm); CLC= comprimento do lóbulo central (cm); LMLC= largura mediana

do lóbulo central (cm); LSLC= largura superior do lóbulo central (cm); CLMF= comprimento entre os lóbulos medianos da folha (cm); CLBF= comprimento entre os lóbulos basais

da folha.

*Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si do grupo genético a 5% pelo teste Scott-Knott.

65

Neste trabalho, pôde-se detectar diferenças de variação, sendo a variável de

maior contribuição o comprimento entre os lóbulos central representando 19,17%,

característica de grande importância em se tratando da utilização da espécie como

forrageira, pois o tamanho de folha pode inferir num maior percentual de massa foliar

(Tabela 6).

Tabela 6. Contribuição relativa dos 18 caracteres para diversidade - SINGH(1981)

Distância Generalizada de Mahalanobis

Variável S.j Valor em %

Comprimento entre os lóbulos centrais (cm) 62328.8829 19.17

Número de gemas axilares 61970.9438 19.06

Altura de Planta 54819.8265 16.86

Largura mediana do lóbulo central (cm) 43704.9942 13.44

Número de flores 28904.2794 8.89

Diâmetro superior do pecíolo da folha (mm) 12768.1688 3.93

Número de folhas 9773.5790 3.01

Diâmetro médio do caule (mm) 8148.2219 2.51

Comprimento do lóbulo mediano (cm) 7153.7547 2.20

Comprimento de pecíolo da folha (cm) 7125.7525 2.19

Número de ramos florais 6890.6698 2.12

Número de frutos 5762.5876 1.77

Número de folhas senescentes 4688.1113 1.44

Comprimento entre os lóbulos basais da folha (cm) 2635.6303 0.81

Largura superior do lóbulo central (cm) 2590.6523 0.79

Número de ramos 2224.0705 0.68

Diâmetro da base do pecíolo da folha (mm) 2146.7035 0.66

Diâmetro médio do pecíolo da folha (mm) 1435.2682 0.44

S.j.: Contribuição relativa de cada variável

Seguindo o critério de relevância, o número de gemas axilares contribuiu com

19.06%, altura de planta 16,86% e largura mediana do lóbulo central 13,44% (Tabela

7). O número de gemas produtivas tem grande importância para a ramificação e, assim,

pode contribuir para o aumento da produtividade de massa verde e seca, notadamente a

parte da planta mais utilizadas na alimentação animal.

As variáveis diâmetro da base e diâmetro médio do pecíolo da folha poderão ser

descartadas em futuros estudos de melhoramento da espécie, pois contribuíram apenas

com 0,66% e 0,44%, respectivamente, no estudo da diversidade entre os acessos.

66

A matriz de dissimilaridade genética gerada a partir de dados morfométricos

encontra-se na (Tabela 7) demonstrado a proximidade e distanciamento entre os acessos

avaliados. O par de acessos mais similar foi 47 x 49 (1,464) podendo esse ser

descartado na escolha como genitor, se for levado somente em consideração à

proximidade genética, enquanto o par de acessos mais dissimilar foi 16 x 48 (209,592),

dentre todas as distâncias entre os acessos, o que os torna os mais indicados para serem

utilizado como genitor no programa de melhoramento de Manihot spp. no mapeamento

genético de genes de interesse. Segundo Cruz e Regazzi (1997), a distância genética

entre os acessos deve ter prioridade dentre os critérios de escolha de genitores em

programa de melhoramento, uma vez que a variabilidade é condição fundamental para o

processo de seleção.

67

Tabela 7. Matriz de dissimilaridade genética obtida pela distância generalizada de Mahalanobis com base nos caracteres morfométricos,

entre os 55 acessos de Manihot ssp. Areia, PB.

Acesso 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

1 0 48.218 61.775 77.019 58.969 102.282 40.567 53.729 69.137 59.982 38.644 59.552 73.274 93.854 53.557 78.374 49.719 44.902 41.134 81.940 56.333 113.121 107.944 55.720 68.564 123.376 103.654 40.506

2 0 59.489 30.697 16.896 35.326 16.837 12.993 26.574 19.801 14.650 22.836 39.467 64.541 32.261 115.574 25.432 25.337 43.311 41.094 24.614 54.677 42.385 30.245 24.556 55.051 44.400 20.382

3 0 132.861 35.581 65.782 38.161 34.340 37.191 88.679 50.391 77.971 64.170 123.105 30.057 182.637 39.854 47.061 52.044 57.269 38.274 76.611 80.463 76.500 63.851 104.760 69.304 51.411

4 0 55.074 62.952 48.613 45.716 56.416 15.242 24.613 20.646 51.023 39.290 72.473 122.025 47.931 42.159 52.800 57.049 52.163 75.361 59.053 30.277 33.762 55.112 72.003 44.666

5 0 12.562 8.993 9.211 4.903 26.457 15.465 27.840 21.022 52.800 18.768 147.076 22.167 26.992 26.285 15.741 14.164 25.677 21.158 40.625 15.025 33.550 19.366 24.365

6 0 36.674 22.777 9.658 38.281 34.906 39.588 26.673 43.693 40.761 172.133 41.845 51.037 41.776 19.812 28.757 13.296 8.628 62.031 19.593 13.268 12.237 49.299

7 0 13.855 18.634 20.589 10.645 21.861 20.677 53.690 19.360 134.400 17.787 18.135 25.688 21.422 13.222 48.279 40.884 28.645 20.514 56.974 38.421 16.352

8 0 11.482 28.261 13.214 23.310 25.978 52.018 18.850 128.627 14.726 17.573 26.383 24.063 9.797 39.196 31.977 21.585 18.876 42.844 27.844 16.104

9 0 31.320 15.410 26.867 18.833 43.619 17.127 149.750 17.668 24.715 18.428 9.886 11.532 15.304 15.168 37.894 11.137 23.360 14.194 27.116

10 0 12.625 16.421 27.359 34.736 49.093 131.579 34.006 31.127 31.961 29.393 31.339 52.939 37.945 27.977 18.956 43.367 49.097 30.603

11 0 13.366 23.906 40.612 22.879 120.972 12.688 12.325 15.020 22.609 14.452 44.361 38.247 17.031 14.312 46.061 40.366 16.071

12 0 15.545 25.879 21.972 107.268 10.734 9.293 25.052 22.394 13.387 34.568 26.576 13.711 6.004 30.514 29.226 12.157

13 0 18.241 21.141 138.915 19.253 21.031 18.884 7.229 11.010 24.447 19.257 29.564 9.379 23.865 20.765 20.770

14 0 60.344 133.973 45.494 47.138 31.652 27.217 37.733 39.166 32.628 41.392 25.546 25.186 40.302 47.951

15 0 126.186 5.419 8.617 21.274 22.746 6.827 31.884 33.960 29.472 15.736 47.203 24.535 9.827

16 0 113.653 107.651 119.477 151.853 121.885 168.911 158.660 104.418 123.613 164.398 156.117 103.245

17 0 1.808 17.283 20.928 4.277 34.666 33.940 14.171 11.398 43.979 28.894 6.551

18 0 17.815 25.929 7.262 46.287 42.516 9.216 13.784 51.735 38.403 4.275

19 0 17.606 15.747 39.376 38.717 23.913 18.334 43.884 37.306 20.138

20 0 10.394 17.819 13.734 33.547 9.328 22.568 15.482 29.780

21 0 27.699 24.059 15.596 9.405 35.895 19.175 8.631

22 0 3.965 65.831 14.899 7.175 4.489 47.876

23 0 55.124 10.067 4.827 3.624 42.738

24 0 23.465 60.945 53.367 11.612

25 0 14.715 12.476 16.471

26 0 10.934 52.631

27 0 36.935

28 0

68

Continuação Tabela 7

Acesso 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55

1 61.595 53.191 44.073 102.475 67.701 81.181 24.970 67.174 98.540 65.075 43.858 37.967 61.545 68.517 89.271 45.919 50.738 87.444 79.024 154.372 81.833 115.760 84.345 74.796 142.613 75.903 87.165

2 26.610 33.639 28.193 36.106 15.409 25.142 12.982 16.835 37.739 38.911 18.009 15.074 14.526 15.601 33.013 18.246 30.263 37.502 28.403 66.749 30.472 41.624 31.165 22.366 66.153 34.386 31.001

3 45.915 20.262 53.574 70.305 50.548 51.596 66.141 50.548 80.731 114.155 26.505 32.674 49.287 42.267 82.056 35.589 54.094 29.075 33.895 123.624 40.098 73.721 40.128 50.203 109.556 43.324 67.711

4 54.771 93.596 39.852 61.314 43.553 53.087 28.559 45.569 52.196 17.149 52.584 48.938 45.668 57.370 40.734 60.165 48.803 93.550 73.744 75.070 66.129 66.814 66.398 49.491 90.861 72.073 50.716

5 10.071 33.334 27.983 16.089 12.982 5.329 27.060 7.372 16.260 43.414 7.319 10.115 5.055 3.425 17.631 12.966 14.486 13.885 6.497 42.130 7.275 16.951 7.087 6.981 37.278 12.089 10.325

6 21.285 62.427 49.252 6.332 20.344 5.172 54.281 13.738 5.928 48.242 23.507 34.053 13.247 8.887 10.296 37.851 29.856 15.146 8.256 12.335 5.145 1.553 7.464 7.342 11.717 11.949 3.107

7 14.139 32.523 18.101 35.155 21.437 21.324 18.884 16.118 39.142 42.583 10.710 9.656 14.114 16.045 32.441 7.678 10.404 36.529 23.532 73.284 25.091 43.199 22.418 21.863 69.565 26.779 30.782

8 11.933 21.346 17.593 29.430 6.163 16.582 20.614 15.727 31.143 38.174 9.385 7.320 9.405 9.653 29.265 15.742 21.903 20.943 14.510 61.149 14.608 29.355 13.950 12.192 56.098 24.005 21.439

9 9.259 35.912 23.868 14.889 13.265 3.813 35.916 10.850 14.431 42.747 9.157 14.740 9.134 8.521 15.030 23.536 19.698 11.243 7.854 35.897 5.961 13.049 6.670 6.111 36.220 12.493 7.516

10 30.060 69.788 25.586 35.047 30.128 26.142 19.790 17.285 31.858 18.352 25.126 26.564 20.299 30.707 19.579 34.791 20.576 62.834 41.632 55.544 37.394 41.655 37.127 26.970 62.792 40.938 28.888

11 18.650 33.984 9.929 36.600 17.288 20.924 11.954 18.166 33.837 22.026 12.100 9.030 15.359 22.444 26.121 20.836 14.721 37.327 28.951 66.767 27.477 41.202 27.307 19.169 71.028 30.551 26.140

12 16.940 61.670 13.236 40.907 27.456 28.080 25.550 25.396 34.054 29.048 25.280 28.166 27.349 33.223 32.280 29.798 29.100 57.219 43.125 62.646 35.751 46.849 38.184 30.630 69.998 45.269 30.555

13 9.257 57.958 19.395 22.175 25.496 20.887 39.198 19.430 25.510 35.953 17.778 31.990 23.278 24.080 22.387 25.772 14.000 44.879 25.569 44.633 19.323 32.226 20.967 19.402 48.432 23.984 20.860

14 34.515 105.773 36.709 41.265 47.554 43.553 55.614 45.328 39.097 25.448 50.067 61.116 46.422 52.143 28.573 61.670 34.406 82.312 59.443 46.437 47.164 47.742 49.557 42.122 58.393 51.391 35.341

15 10.265 30.663 16.555 45.407 27.780 27.016 36.243 28.450 42.765 63.673 15.268 19.341 27.143 26.746 49.363 21.631 32.507 30.729 28.509 82.778 26.600 50.694 30.224 29.277 79.489 36.542 34.478

16 125.589 151.176 113.197 174.830 130.867 157.124 102.676 146.970 166.168 131.509 133.289 132.577 142.946 149.795 159.505 135.871 150.804 180.233 168.141 209.592 163.548 185.287 163.938 150.931 193.606 161.071 157.154

17 11.040 32.164 6.159 44.917 22.987 26.931 28.212 26.443 44.581 47.676 15.244 16.919 25.332 28.879 42.295 23.736 30.050 38.415 34.047 79.974 30.455 50.267 31.969 28.649 83.833 40.321 35.419

18 13.884 34.117 5.160 51.891 25.186 34.187 23.068 29.975 50.581 42.763 16.953 18.549 29.065 35.543 47.324 26.694 30.592 49.906 41.559 90.621 37.900 60.353 38.830 32.524 94.420 47.794 42.143

19 15.246 45.365 10.991 43.299 30.947 29.745 27.476 30.563 39.600 28.668 17.073 21.455 27.078 36.162 33.373 37.424 19.493 45.605 36.215 73.933 31.412 49.553 34.353 26.023 75.748 36.482 29.630

20 8.354 53.818 23.106 18.314 23.056 13.477 48.735 19.779 23.154 44.742 18.603 31.667 22.255 21.585 19.135 27.386 19.699 32.340 19.001 38.260 13.929 22.100 13.466 14.586 40.936 19.649 15.059

21 3.832 28.896 8.232 31.467 14.773 19.661 30.647 21.230 35.351 44.582 11.822 16.882 18.746 18.620 33.195 16.287 21.048 29.263 21.114 63.612 18.379 36.373 18.817 17.853 62.866 26.540 24.238

22 22.181 84.676 47.898 21.167 41.573 13.651 73.068 27.498 14.608 65.512 36.398 48.250 30.312 26.244 23.548 49.377 45.502 29.202 26.699 23.528 18.303 15.917 24.616 26.241 30.141 29.663 12.381

23 17.853 79.713 43.848 14.013 32.405 10.575 62.942 20.617 10.247 53.214 31.802 44.690 23.801 20.758 16.874 42.728 38.619 29.668 21.544 16.861 13.897 10.766 19.060 18.724 20.958 25.352 8.115

24 22.477 45.336 7.523 63.487 24.555 48.159 23.467 42.862 62.727 31.258 30.621 28.238 37.454 47.360 52.840 38.783 37.420 71.618 56.386 100.027 51.460 71.060 49.705 39.039 103.914 62.401 50.713

25 8.187 56.283 17.087 22.246 20.551 11.461 31.840 14.173 15.799 32.702 16.536 24.288 17.052 20.264 18.145 27.634 23.849 35.050 24.206 39.107 17.525 24.632 20.734 15.789 43.611 27.408 12.968

26 27.788 100.590 52.014 19.279 39.298 17.697 69.008 28.343 9.466 46.750 42.466 56.141 32.027 31.809 17.038 60.821 46.534 44.644 33.956 14.115 22.873 14.962 28.759 25.063 23.212 35.403 11.230

27 13.293 71.520 40.739 21.999 31.917 13.164 63.369 25.602 16.535 61.329 32.097 39.533 23.925 20.151 27.007 39.054 40.187 25.473 21.724 30.276 15.182 16.923 20.521 21.899 29.180 29.500 12.007

28 12.036 34.648 6.739 50.545 24.450 34.990 16.502 27.656 48.454 38.887 16.426 15.848 24.058 29.808 46.581 22.078 26.677 51.372 40.115 89.982 37.286 60.635 39.991 31.680 91.569 46.705 39.149

29 0 38.707 13.578 22.774 15.363 13.224 30.930 15.315 25.624 40.329 11.127 16.999 12.193 14.730 23.765 21.742 18.245 28.936 18.337 51.132 15.333 27.461 15.322 12.815 49.483 25.095 17.144

30 0 36.196 62.181 25.195 52.416 40.145 47.241 79.088 80.087 22.049 25.148 40.136 35.107 73.120 27.888 44.625 31.714 31.842 116.441 39.650 71.433 37.908 35.824 108.136 39.933 61.216

31 0 49.451 25.098 34.024 20.388 29.446 51.851 30.488 17.551 15.717 24.724 34.589 40.456 29.747 21.798 52.436 42.456 86.842 38.776 58.245 39.227 30.769 93.970 46.677 39.696

32 0 23.149 8.678 54.243 10.712 12.095 47.838 20.541 39.253 15.424 11.660 6.570 38.420 25.589 24.686 10.997 11.434 8.774 5.004 8.481 7.484 18.580 10.990 9.613

33 0 17.366 24.550 17.294 27.683 35.913 13.366 17.651 12.884 11.146 24.416 21.856 24.388 24.318 14.033 50.052 14.569 25.116 12.057 7.217 45.163 19.446 18.981

34 0 39.571 5.162 7.794 43.866 13.283 19.929 6.385 6.796 7.758 28.727 22.045 15.928 9.256 23.262 6.912 6.412 7.354 6.719 24.501 14.131 5.294

35 0 26.510 48.485 20.671 19.448 12.339 20.905 30.776 40.630 27.755 22.241 59.413 45.003 91.671 45.364 63.997 46.611 32.054 90.566 47.532 42.214

36 0 14.103 37.492 7.626 15.718 4.118 7.250 8.464 24.780 16.484 25.935 13.025 33.179 11.883 15.686 12.193 8.849 36.358 16.905 12.702

37 0 39.372 26.567 37.191 17.099 16.350 9.669 43.100 30.585 28.734 17.522 14.321 11.615 8.204 16.341 12.378 14.924 18.992 3.011

38 0 38.302 35.423 30.984 45.655 28.666 57.225 24.560 77.238 56.637 64.424 50.056 54.840 52.188 33.540 74.907 54.285 35.359

39 0 8.786 8.867 10.567 21.437 16.373 12.679 21.620 11.427 55.819 11.935 28.765 12.124 9.233 55.643 15.011 20.024

40 0 8.258 15.004 32.408 19.013 16.401 28.109 23.546 76.615 25.077 41.720 25.225 19.947 74.079 32.222 28.646

41 0 4.911 11.832 23.810 13.794 22.091 12.962 39.579 13.049 17.369 12.962 7.628 39.690 19.909 12.041

42 0 15.861 14.822 18.057 12.862 4.999 34.096 6.142 12.816 6.692 6.781 30.655 9.644 10.061

43 0 43.187 21.125 36.554 20.987 14.919 16.425 9.121 15.898 10.502 24.890 19.502 8.751

44 0 19.633 31.577 20.195 74.903 22.322 45.695 22.781 26.143 67.101 21.117 32.771

45 0 39.856 22.351 55.486 21.849 36.127 21.357 16.943 56.700 19.817 23.590

46 0 6.409 46.955 9.335 19.321 12.402 16.073 38.728 14.305 20.066

47 0 33.572 1.464 11.531 2.568 5.397 26.486 4.148 10.840

48 0 26.635 8.546 29.348 27.761 10.336 30.582 16.930

49 0 8.249 2.262 4.866 22.375 4.920 6.413

50 0 8.782 10.035 10.933 14.889 6.257

51 0 4.210 25.341 5.845 10.209

52 0 27.060 8.675 6.670

53 0 26.092 17.201

54 0 12.627

55 0

69

A análise de agrupamento realizada pelo método UPGMA, submetido a um corte

de cerca de 79%, possibilitou a formação de 5 grupos distintos bem distribuídos (Figura

4). Verifica-se a divergência entre e dentre os grupos, indivíduos de uma mesma

localidade pertencentes a grupos genéticos diferentes apresentando características

diferentes, podendo então ser utilizados para futuros trabalhos de melhoramento.

Campos et al. (2010) avaliando a divergência genética entre 53 acessos do gênero

Manihot, por meio de 28 descritores morfoagronômicos verificaram a formação de dez

grupos genético e concluíram que o gênero apresenta alto grau de variabilidade, sendo,

portanto, bastante diversificado, demonstrado que essas variáveis quando analisadas nas

espécies do gênero Manihot apresenta alta variabilidade, podendo ser levadas em

consideração dentro do estudo da análise de diversidade da espécie.

Araujo et al. (2012) avaliando 10 características quantitativas e 22 qualitativas,

semelhantes as utilizadas neste estudo, em 145 acessos de duas espécies silvestres de

Manihot, verificaram o agrupamento dos genótipos pelo método de UPGMA a

formação de 3 grupos de dissimilaridade, evidenciando a presença de diversidade

genética entre os genótipos avaliados, demonstrando eficiência dos descritores

morfológicos para a caracterização e estudos relacionados à determinação da

diversidade genética.

O dendrograma gerado a partir dos dados da matriz de dissimilaridade obtidos

pela distância generalizada de Mahalanobis (Figura 4), apresentou valores de

“bootstrap” com dissimilaridade de 89% e 92%, proporcionaram a confiabilidade na

formação dos ramos do dendrograma. Segundo Cruz (2006), esses valores representam

a junção verdadeira significativa, inferindo na consistência e adequando o dendrograma

para representação de dissimilaridade entre os acessos.

O coeficiente de correlação cofenético (Tabela 8) foi de 0,85%, indicando uma

alta correlação entre as matrizes de distância e de agrupamento. Quanto maior for o

valor da correlação, menor será a distorção provocada pelo agrupamento (MANLY,

2008). As porcentagens de distorções (11,42%) e de estresse (23,80%), segundo a escala

de Kruskal (1964) são classificados como bons, mostrando um bom ajuste entre a

matriz de similaridade genética e a representação gráfica do dendrograma.

70

Tabela 8. Correlação cofenética de 18 caracteres morfoagronômico avaliados nos 55

acessos (Manihot spp.).

Correlação cofenética (CCC): 0,85

Graus de liberdade: 1483

Valor de t: 61,678

Probabilidade: 0,0 **

Distorção (%): 11,42

Estresse (%): 23,80

71

Figura 4. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade genética,

obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), utilizando-se 18 descritores morfométricos. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100

repetições.

IV

III

II

I

V

75%

53%

92% 89%

72

CONCLUSÃO

Neste trabalho, observou-se que há variabilidade genética entre os acessos

avaliados com base nas características morfológicas e morfométricas e deve ser

considerada na escolha dos genitores potenciais em programa de melhoramento

genético com fins forrageiros.

Os acessos 4 Monteiro, 16 Soledade, 38 Boa Vista, 3 Pedra Lavrada, 7 Junco, 10

Barra de Santa Rosa, 21 Monteiro e 39 Junco, são os mais promissores como genitores.

73

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77

CAPÍTULO III

Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot

spp. pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB

78

Avaliação bromatológica e conteúdos de HCN dos acessos de Manihot spp.

pertencentes ao Banco de Germoplasma da UFPB

RESUMO

O objetivo do estudo foi analisar a diversidade genética entre acessos de maniçoba

(Manihot spp.), pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da Universidade

Federal da Paraíba, por meio de sua composição bromatológica e conteúdos de ácido

cianídrico. Foram utilizados 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.). As amostras

coletadas e devidamente armazenadas foram conduzidas ao Laboratório de Análise de

Alimento da UFPB. Para as avaliações da composição bromatológica determinou-se os

percentuais de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), material mineral (MM), proteína

bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),

nitrogênio indisponível em detergente ácido (NIDA), teores de lignina, celulose e

hemicelulose. Os carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não fibrosos (CNF),

digestibilidade in situ, fração indigestível (FNDi). Também foram realizadas análises de

determinação dos conteúdos de HCN. Para tanto foram coletadas folhas de 3 plantas

por acesso, em estádio de maturação completa, final de floração e início de frutificação.

Os resultados foram submetidos à análise de variância. A dissimilaridade foi gerada

pela matriz de distância generalizada de Manhalanobis (D²), e a análise de agrupamento

foi obtida pelo método UPGMA. Possibilitou a formação de 5 grupos de dissimilaridade

com base nos caracteres bromatológicos e 7 grupos para os conteúdos de HCN,

evidenciando a presença de diversidade genética entre os acessos avaliados. Houve

efeito significativo (P<0,05) para todos os caracteres bromatológicos avaliados. Com

base nos resultados de composição e conteúdos de HCN, os acessos 3 Pedra Lavrada,

10 Barra de Santa Rosa, 2 Barra de Santa Rosa, 29 Barra de Santa Rosa, 41

Juazeirinho, 46 Juazeirinho, 50 Picuí, 54 Junco e 21 Monteiro, são os mais

promissores, podendo ser utilizados como genitores em programa de melhoramento

dessa importante espécie forrageira.

Palavras-chaves: composição, diversidade, forragem

79

Bromatological review and HCN content of Manihot spp. belonging to the

Germplasm Bank of UFPB

ABSTRACT

The aim of the study was to analyze the genetic diversity among accessions manicoba

(Manihot spp.), Belonging to the Active Germplasm Bank (BAG), Federal University of

Paraíba, by their chemical composition and content of hydrocyanic acid. 55 hits

manicoba (Manihot spp.) Were used to collect and properly stored samples were

conducted at the Laboratory of Food Analysis UFPB. For reviews of the chemical

composition by determining the percentage of dry matter (DM), ether extract (EE),

mineral matter (MM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent

fiber (ADF), unavailable nitrogen acid detergent (NIDA), lignin, cellulose and

hemicellulose. The total carbohydrates (CHOT) and non-fiber carbohydrates (NFC)

estimated using the formula CHOT = 100 - ( % CP + % EE + % MM ), and NFC = 100

- ( % NDF + % CP + % EE + % MM ), in situ digestibility and indigestible fraction (

FNDi). To and analyzes for determining the content of HCN analysis sheets for all 3

plants per access in stage of full maturity, late flowering and early fruiting were

collected . The results were subjected to analysis of variance the dissimilarity matrix

was generated by Manhalanobis generalized distance (D2), and cluster analysis was

obtained by the UPGMA method. Enabled the formation of groups of 5 based on

dissimilarity bromatológicos characters and 7 groups for the contents of HCN,

indicating the presence of genetic diversity among accessions. Significant effects ( P <

0.05 ) for all reviews bromatológicos characters. Based on the results of composition

and content of HCN. The accesses 3 Pedra Lavrada, 10 Barra Santa Rosa, 2 Barra Santa

Rosa, 29 Barra Santa Rosa, 41 Juazeirinho, 46 Juazeirinho, 50 Picuí , 54 Junco and 21

Monteiro, are the most promising and can be used with parents in the breeding program

of this important forage species.

Key words: composition, diversity, forage

80

INTRODUÇÃO

A maniçoba desempenha importante papel no cenário nordestino, especialmente

na região semiárida, onde é utilizada como alternativa para manutenção dos rebanhos de

animais domésticos por ocasião de secas prolongadas. Pode ser considerada como uma

forrageira de alta palatabilidade, por ser bastante procurada pelos animais caprinos,

ovinos, equinos e bovinos (MARTINS et al., 2007).

França et al. (2010), em estudos realizados com a espécie, destaca a maniçoba

como sendo uma das plantas encontradas na região da Caatinga com mecanismos de

adaptabilidade às condições semiáridas, além de apresentar elevado valor nutritivo e alta

palatabilidade, podendo ser utilizada como alternativa alimentar para a produção

animal nessa região. Desenvolvem-se na maioria dos solos, tanto calcários e bem

drenados, como também naqueles pouco profundos e pedregosos, das elevações e das

chapadas, mas podendo também ser encontrada em menor densidade em outros tipos de

solos (LINHARES; SOUZA JUNIOR, 2008).

Estudos comprovam que a maniçoba, pode ser considerada um recurso forrageiro

de boa qualidade, além de poder ser cultivada de forma sistemática para essa finalidade,

tornando-se uma realidade alimentar para caprinos e ovinos, aumentando a eficiência

produtiva dos animais (Soares & Salviano, 2000; Castro et al., 2007; Silva et al., 2007).

Souza et al. (2006) ao pesquisarem a composição bromatológica de silagens de

maniçoba, verificaram teores de 28,54%; 10,61%; 3,66%; 50,11%; 39,62% e 16,79%

respectivamente para MS, MM, EE, FDN, FDA, PB e comprovaram que a mesma pode

suprir a necessidade de nutrientes na alimentação animal.

A espécie pertence ao grupo de plantas cianogênicas e apresenta em sua

composição quantidades variáveis de glicosídeos cianogênicos que, ao hidrolisarem-se e

mediante a ação de enzima específica, dão origem ao ácido cianídrico (HCN)

(CASTRO, 2004) tornando limitante a sua utilização na forma in natura. Segundo

Radostits et al. (2000) os glicosídeos presente nas plantas cianogênicas são compostos

secundários do metabolismo das plantas e fazem parte do sistema de defesa contra

herbívoros, insetos.

A maniçoba apresenta, na planta verde em início de brotação, teor médio de HCN

de 1.000 mg/kg de MS. Portanto, se o animal consumir grande quantidade, pode sofrer

intoxicação em poucos instantes. Araújo et al. (2001) avaliando as espécies silvestres de

Manihot existentes na região de Caatinga, verificaram a intoxicação em bovinos e em

81

outros ruminantes na Região Nordeste do Brasil. Por outro lado, quando triturada e seca

(fenada), o teor de HCN reduz para menos de 300 mg/kg de MS, quantidade

insuficiente para provocar qualquer sintoma de intoxicação em animais, mesmo que

consumida em grande quantidade e por muito tempo (Araújo & Cavalcanti, 2002).

O objetivo desta pesquisa foi analisar a diversidade genética entre acessos de

maniçoba (Manihot spp.), pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) da

Universidade Federal da Paraíba, apartir de sua composição bromatológica e conteúdos

de ácido cianídrico.

82

MATERIAL E MÉTODOS

Para determinação da composição bromatológica foram utilizados 55 acessos de

Manihot spp. pertencentes ao Banco Ativo de Germoplasma do CCA/UFPB. Foram

coletadas três amostras de cada acesso contendo aproximadamente 500g de matéria

verde, retiradas do terço médio da planta, sendo composta por folhas e ramos ≤ 1 cm de

diâmetro, as quais foram conduzidas ao Laboratório de Análise de Alimentos

pertencente ao CCA/UFPB, colocado em estufa de circulação forçada de ar a 65°C, até

atingir peso constante, para determinar a matéria pré-seca segundo a metodologia de

Silva e Queiroz (2006).

Após a pré-secagem as amostras foram moídas em moinhos tipo Willey em

peneira de 2mm de diâmetro e acondicionadas em recipiente devidamente identificados

para realização das análises químicas.

Determinou-se a porcentagem de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), material

mineral (MM) pela metodologia de Weende (1890), proteína bruta (PB) pelo método

Kjedahl (1883), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),

nitrogênio indisponível em detergente ácido (NIDA) seguindo as metodologias descritas

por Silva e Queiroz (2002), teores de lignina, celulose e hemicelulose pelo método de

Van Soest (1994). A estimativa dos carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não

fibrosos (CNF) pelas fórmulas CHOT = 100 – (%PB + %EE + %MM) e CNF = 100 –

(%FDN + %PB + %EE + %MM), respectivamente, segundo descrição encontrada em

(BERCHIELLI et al., 2006).

A digestibilidade e fração indigestível (FNDi) foi realizada segundo protocolo

de avaliação in situ descrito por CASALI et al. (2008).

Para as análises de determinação dos conteúdos de HCN, foram coletadas folhas

de três plantas por acesso, em estádio de maturação completa, final de floração e início

de frutificação. Imediatamente após a colheita, as folhas foram imersas em nitrogênio

líquido paralisando a atividade e evitando perdas por volatilização, em seguida o

material foi levado ao Laboratório de Análise de Alimentos pertencente ao Centro de

Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba - CCA/UFPB, para a

quantificação dos conteúdos de HCN conforme metodologia descrita por Ades &

Hernandes (1986) com modificações (ANEXO 2).

Os dados foram submetidos à análise de variância e posteriormente o teste de

média (Scott-Knott) ao nível de 5% de probabilidade. Este procedimento gerou um

83

arquivo de médias e a matriz de variâncias e covariâncias foram usadas para obtenção

da matriz de dissimilaridade, estabelecido pelo matriz de distância generalizada de

Mahalanobis (1936). Os agrupamentos foram obtidos pelo método UPGMA (SNEATH

& SOKAL, 1973) utilizando-se o programa Genes (CRUZ, 2006).

O ponto de corte do dendrograma e definição dos grupos foram gerados pelo

método hierárquico descrito por Mojena (1977) que sugere procedimento baseado no

tamanho relativo dos níveis de fusões (distâncias) no dendrograma, conforme inequação

descrita no capítulo I.

84

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentre as 15 variáveis analisadas, houve efeito significativo (P<0,05) para todos

os caracteres avaliados, indicando que há variabilidade genética entre os 55 acessos

(Tabela 1).

Tabela 1. Análise de variância de 15 características bromatológicas (% na MS) avaliadas em 55

genótipos de maniçoba (Manihot spp.)

Quadrados Médios

FV GL PB MO MM MS EE FDA NIDA FDN

Genótipo 54 34.58* 2.59* 2.59* 45,3* 2,92* 30,17* 0,19* 162,37*

Resíduo 55 0.35 0,03 0,03 0,06 0,42 0,36 0 22,66

Total 109

Média 15.71 92.82 7.17 26,71 5,47 27,04 1,13 42,7

CV (%) 3,81 0,18 2,35 0,97 11,84 2,23 5,27 11,14

Razão CVg/CVe 6.91 6,71 6.71 18,18 1,72 6,38 5,2 1,75

Herdabilidade (%) 98.96 98,9 98.90 99,84 85,61 98,78 98,18 86.04

Quadrados Médios

FV GL FDNi DIG IN

SITU LIG CELULOSE HEMICELULOSE CHOT CNF

Genótipo 54 59,06* 173,93* 15,77* 17,6* 65,54* 32,97* 216,57*

Resíduo 55 1,06 2,4 1,15 1,11 1,81 0,79 23,83

Total 109

Média 38,31 56,27 8,18 9,25 11,53 71,62 28,92

CV (%) 2,69 2,4 13,11 11,42 11,67 0,39 16,87

Razão CVg/CVe 5,22 5,97 2,51 2,71 4,19 4,48 2,01

Herdabilidade (%) 98,2 98,61 92,69 93,64 97,23 97,57 88,99

MS- matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; PB- proteína bruta; EE-extrato etéreo;

FDA- fibra em detergente ácido; NIDA- nitrogênio indisponível em detergente ácido; FDN- fibra em

detergente neutro; FDNi- fibra indisponível em detergente neutro; DIG. IN SITU- digestibilidade in situ;

LIG- lignina; CELULOSE; HEMICELULOSE; CHOT- carboidratos totais; CNF- carboidratos

nãofibrosos.

Os valores de herdabilidade foram altos, acima de 80%, para todas as variáveis

favoráveis para produção de forragem de qualidade, Valores altos de herdabilidade

influenciam possivelmente na eficiência do processo seletivo das características a serem

melhoradas, essa alta herdabilidade sobre a variação genotípica proporciona efeito do

genótipo sobre o fenótipo, o que poderá aumentar o efeito sobre o fenótipo auxiliando

na escolha dos acessos num processo de escolha de genitores para o melhoramento da

85

espécie. Barreto e Resendes (2010) relatam a importância de altos valores de

herdabilidade, afirmando que os ganhos genéticos são de alta magnitude e indicam uma

situação muito favorável para a seleção.

A relação entre o coeficiente de variação genético/coeficiente de variação

ambiental (CVg/CVe) foi maior do que 1 para todas as características, com maior ênfase

para PB (6,91) e MS (18,18), indicando a eficácia na seleção de plantas com base nessas

características, potencializando a expressão do genótipo no ambiente.

Verificou-se a formação de grupos distintos com base na comparação de médias

dos caracteres bromatológicos (Tabela 2), a variável com maior número de grupos

distintos foi MS formando quinze grupos cujas médias variaram de 37,22% para o

acesso 13 a 21,31% para os acessos 49 e 51. Almeida et al. (2006) afirmam que quanto

maior o teor de MS, maior aporte de nutrientes e o material se apresenta mais indicado

para consumo in natura, produção de fenos e silagens de boa qualidade, valores entre

30 a 40%, dependendo do período de maturação da planta, são indicados como

alimentos de boa qualidade, não comprometendo a composição dos demais nutrientes.

Ferreira et al. (2009) avaliando o valor nutritivo através das análises da

composição bromatológica da parte aérea de maniçoba encontraram percentuais de

34,66% MS, 6,80% MM, 19,14% PB, valores correspondentes aos encontrados entre os

acessos avaliados, o que torna a espécie com características nutritivas adequadas para

ser utilizada na alimentação animal.

Para as variáveis EE, FDN, CNF, houve a formação de dois grupos, obtendo

valores máximo de 7,4% para o acesso 36; 63,03% acesso 6 e 45,48% acesso 46

respectivamente e valores mínimos de 3,41% acesso 29, 25,05% acesso 50 e 8,26%

acesso 4. Os teores de CNF foram inferiores aos recomendados por Valadares Filho et

al. (2002) onde a digestibilidade da FDN e dos CNF, adequadas, em geral, devem se

encontrar próximos a 50% e 90%”, respectivamente.

A maioria dos teores de FDN encontrados nos acessos está de acordo com a

literatura, e vem sendo utilizado na dieta animal. Segundo Cardoso et al. (2000), a

quantidade ideal de FDN na dieta não está definida e pode variar de acordo com o nível

de produção animal e do tipo de forragem utilizada, para tanto, o teor de FDN da ração

não deve ser inferior a 25% de MS e 70% a 75% do teor de MS deve ser proveniente do

volumoso. A FDN é positivamente correlacionada à ruminação e ao tempo de

mastigação, promovendo adequado pH ruminal, e inversamente relacionada à ingestão

de MS. Segundo Mertens (1992), a redução drástica nos níveis de fibra em dietas para

86

ruminantes pode ser prejudicial para a digestibilidade total dos alimentos, uma vez que a

fibra é fundamental para manutenção das condições ótimas do rúmen. Animais

ruminantes consomem não apenas para atingir máxima eficiência, mas para manter

suficiente ingestão de fibras e garantir adequada função ruminal (Forbes, 1995).

Os teores de PB, NIDA, DIG. in situ, HEMICELULOSE e CHOT possibilitaram

a formação de 8 grupos, sendo encontrado valores para PB entre 24,70% para o acesso 7

e 9,44% acesso 47, apesar do alto teor protéico do acesso 7, o percentual de NIDA foi

de 1,49% indisponibilizando parte do nitrogênio responsável por melhorar a

digestibilidade e o consumo estimulando o crescimento microbiano, favorecendo a

atividade celulolítica e consequentemente disponibilizando mais energia para o animal

na forma de ácidos graxos voláteis (LANA, 2007).

Os acessos podem ser considerados com altos percentuais de PB do ponto de

vista nutricional, uma vez que os ruminantes precisam de 7,0% de PB para que possam

atingir níveis de consumo e digestibilidade suficientes para sua manutenção (VAN

SOEST, 1994). Costa et al. (2007) citam a maniçoba como boa forrageira para o

Semiárido, com níveis de proteína bruta de 18,03%.

A digestibilidade in situ variou de 74,91% para o acesso 50 a 37,43% acesso 6.

Lana (2007) relata que a capacidade máxima de consumo de alimentos pelos animais

encontra-se na interseção entre os fatores físicos que atuam pela distensão do aparelho

digestor causado pelo consumo de fibra e por fatores fisiológicos (metabólicos) pela

detecção de ácidos graxos voláteis no epitélio ruminal, sendo estes produzidos,

principalmente pela fermentação ruminal, ou seja, dietas com digestibilidade entre 65%

e 70% da matéria seca. Os valores encontrados nesta pesquisa estão dentro das

exigências mínimas requeridas. Araújo et al. (1996) encontraram valores, 9,46% PB,

digestibilidade de MS e PB de 66,8% e 54,57%, respectivamente, para o feno de

maniçoba, valores próximos aos encontrados nessa pesquisa podendo a espécie ser

considerada com um bom valor nutritivo.

Os valores de FDA possibilitaram a formação de 9 grupos, variando entre

36,94% acesso 24 e 19,75% acesso 46. Segundo Van Soest (1994) a FDA indica a

quantidade de fibra que não é digestível sendo, portanto, um dos indicadores

qualitativos da forragem é composta basicamente de celulose e lignina que são os

carboidratos estruturais menos digestíveis para os ruminantes, quanto menor o seu

valor, maior o valor energético do alimento, na média, um bom teor de FDA na

forragem fica ao redor de 30%. Moreira Filho et al. (2009) avaliando a composição

87

química das folhas de maniçoba verificaram um percentual de 20% FDA, 44,9% FDN,

24,5% CNF, 78% CHOT, 11% PB.

Trabalhos realizados com objetivo de verificar a composição bromatológica da

maniçoba tem sido realizados e os valores se aproximam dos encontrados nessa

pesquisa, confirmando seu potencial de utilização como forrageira. Sousa et al. (2006)

ao pesquisarem a composição bromatológica de silagem de maniçoba verificaram teores

de 28,54% MS, 10,61% MM, 16,79% PB, 3,66% EE, 50,11% FDN e 39,62% de FDA.

Medina et al. (2009) avaliando a composição bromatológica da maniçoba para ser

ofertada em dietas de caprinos, verificaram 26,66% MS, 91,23% MO, 8,77% MM,

20,42% PB, 3,27% EE, 62,65% FDN, 53,09% FDA, 10,80% LIG, 67,54% CHOT e

4,84% de CNF.

Barros et al. (1990) estudando a composição química e o valor nutritivo do feno

de maniçoba encontraram valores 12,0% de PB, 58,6% de FDN, 17,1% de lignina,

coeficientes de digestibilidade de MS e PB de 47,4 e 46,4%, respectivamente.

Araújo et al. (2004), avaliando o desempenho de ovinos submetidos a dietas

contendo diferentes níveis de feno de maniçoba, encontraram teores próximos ao desta

pesquisa, para cinzas (7%) e inferiores para PB (11%). Essa diferença pode estar

relacionada ao período de colheita, estádio de maturação, e tipo de material coletado o

que pode ter comprometido a composição. Santana et al. (2009), avaliando o valor

nutritivo do feno da maniçoba, obtiveram teores para PB e cinzas de 22,26 e 6,8%,

respectivamente.

88

Tabela 2. Agrupamento de médias de 15 caracteres bromatológicos (% na MS) avaliados em 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) CELU

LOSE

1 26,49j 91,76i 8,23c 14,61f 5,69a 27,71f 0,86g 47,59a 33,53f 53,37e 6,65e 7,42d 5,82d 71,45d 23,86b

2 25,90k 91,41j 8,58b 24,35a 3,64b 25,39g 1,77a 49,41a 41,90c 48,57f 5,92e 8,61c 16,50c 63,42h 14,01b

3 18,89s 92,48g 7,51e 13,73f 3,63b 21,27i 1,55c 51,96a 33,05f 49,49f 7,97d 8,56c 11,76e 75,10b 23,14b

4 31,22e 92,41g 7,58e 23,10b 4,73b 24,77g 1,37d 56,31a 41,02c 44,66g 5,51e 7,86d 16,24c 64,57g 8,26b

5 27,24i 96,63a 3,36k 22,55b 4,42b 25,12g 1,44c 53,87a 36,33e 46,09g 6,39e 8,75c 11,20e 69,66e 15,78b

6 22,52n 92,40g 7,59e 10,69h 3,38b 32,29c 1,23e 63,03a 24,85i 37,43h 9,23d 11,42c 7,43f 78,32a 15,29b

7 30,61f 91,82i 8,17c 24,70a 4,75b 26,98f 1,49c 51,25a 41,33c 48,72f 14,31b 16,57a 14,35d 62.37 11,11b

8 29,27g 93,31f 6,68f 11,57g 5,37b 26,58f 0,77h 55,01a 37,87e 42,95g 6,37e 6,36d 11,28e 76,36a 21,35b

9 34,68b 92,71g 7,28e 22,25b 3,7b 25,74g 1,22e 51,71a 43,09c 50,75e 13,49b 14,63b 17,34c 66,76f 15,05b

10 30,26f 92,62g 7,37e 21,42c 3,50b 27,00f 1,49c 56,46a 40,98c 45,99g 18,45a 19,78a 13,98d 67,69f 11,22b

11 27,53i 91,39j 8,60b 12,92g 6,56a 25,59g 0,53i 39,55b 35,73e 52,62e 5,52e 7,54d 10,14e 71,90d 32,35a

12 34,33b 91,69i 5,08c 11,70g 6,11a 28,40e 1,06f 40,34b 37,19e 59,63d 8,05d 9,09c 8,19f 73,87c 33,53a

13 35,27a 92,65g 7,34e 10,70h 6,82a 28,71e 0,84g 42,00b 37,47e 52,96e 8,65d 10,41c 8,76f 75,12b 33,12a

14 29,45g 91,27j 8,72b 12,73g 8,42a 25,69e 1,25d 43,91b 34,83f 56,07d 5,19e 10,54c 9,43f 70,11d 26,20a

15 28,56h 91,17j 8,82b 15,05e 7,58a 26,49f 1,56c 37,03b 35,70e 62,93c 9,78c 10,21c 9,21f 68,54e 31,50a

16 29,17g 94,26d 5,73h 11,54g 5,96a 28,66e 0,90g 49,22a 41,83c 45,75g 12,23c 12,57d 13,17d 76,75a 27,53a

17 21,86o 93,13f 6,68f 24,35a 5,42b 39,69b 1,52c 31,17b 44,19b 53,80e 10,43c 12,56d 2,25c 64,56g 33,38a

18 28,72h 92,89f 7,10f 13,48f 4,02b 27,27f 0,60i 39,69b 41,67c 58,27d 6,87e 7,10d 14,10d 75,78b 35,89a

19 32,36d 93,70e 6,29g 22,15b 5,63a 39,00e 1,62b 36,46b 39,99d 53,50e 7,88d 9,94c 10,98e 65,90g 29,44a

20 31,44e 92,04h 7,95d 12,50g 4,44b 25,30g 1,11f 36,52b 33,24f 59,94d 6,61e 6,62d 7,93f 75,10b 38,57a

21 24,58l 92,46g 7,53e 13,72f 4,98b 25,52g 0,87g 36,12b 34,84f 58,84d 5,44e 6,80d 9,31f 73,75c 37,61a

22 19,33r 92,16h 7,83d 14,51f 4,62b 23,80h 0,77h 31,74b 46,13b 68,23b 7,47d 8,60c 22,32a 73,02c 41,28a

23 26,64j 94,82c 5,17i 20,16c 5,110b 27,17f 1,41c 35,07b 46,90b 64,90c 10,54c 12,37d 19,71b 69,55e 34,48a

24 19,52r 92,09h 7,90d 12,31g 4,68b 36,94a 0,71h 43,77b 36,72e 56,20d 5,42e 6,67d 0,21h 75,08b 21,21a

25 23,27m 94,15d 5,84h 12,17g 5,16b 24,86g 0,81h 42,83b 44,55b 57,13d 9,17d 10,02c 19,68b 76,81a 33,98a

26 23,28m 93,36e 6,63g 10,65h 6,65a 34,78b 0,94g 47,97a 42,00c 47,49f 10,74c 11,47c 7,21f 76,06b 28,08a

27 31,46e 93,26e 6,73f 21,01c 7,15a 36,21a 1,47c 47,10a 45,54b 50,86e 9,57c 11,26c 9,33f 65,10g 17,99b

28 25,66k 91,35j 8,64b 20,83c 4,46b 24,94g 1,28d 45,33a 39,39d 54,63e 7,51d 9,15c 14,45d 66,05g 20,71b

29 30,29f 93,25f 6,74f 11,00g 3,41b 30,83d 1,14e 56,92a 40,15d 40,05h 6,45e 8,84c 9,31f 77,83a 20,91b

30 22,55n 92,95f 7,04f 13,77f 6,01a 30,95d 0,90g 62,83a 42,03c 27,13i 10,07c 10,81c 11,07f 73,16c 10,32b

Acesso MS MO MM FDN FDNi

DIG. IN

SITU LIGPB EE FDA NIDA

HEMI

CELULOSE CHOT CNF

MS- matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; PB- proteína bruta; EE-extrato etéreo; FDA- fibra em detergente ácido; NIDA- nitrogênio indisponível em

detergente ácido; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra indisponível em detergente neutro; DIG. IN SITU- digestibilidade in situ; LIG- lignina; CHOT- carboidratos totais;

CNF- carboidratos nãofibrosos.

* Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupos genético a 5% pelo teste Scott-Knott

89

Continuação Tabela 2

CELU

LOSE

31 26,57j 91,63i 8,36c 24,75a 5,16b 25,88g 1,50c 53,18a 42,18c 49,28f 7,70d 9,99c 16,29c 61,71h 8,52b

32 26,28j 93,25f 6,74f 18,31d 5,68a 30,12d 1,61b 43,00b 53,84a 56,96d 16,19a 17,91a 23,71a 69,25e 26,25a

33 32,61d 93,09f 6,90f 21,98b 4,45b 22,25h 1,26d 51,42a 47,62b 53,54e 8,03d 9,86c 25,37a 66,66f 15,23b

34 23,35m 92,57g 7,46e 14,85f 6,03a 32,05h 1,46c 43,68b 33,53f 56,28d 9,86c 10,38c 1,47h 71,67d 27,98a

35 32,27d 92,20h 7,79d 14,54f 6,81a 25,13g 1,55c 37,74b 38,60d 62,22c 9,87c 10,01c 13,46d 70,85d 33,10a

36 31,16e 92,34g 7,65e 14,28f 7,40a 32,51c 0,72h 41,15b 33,23f 59,32d 6,29e 8,45c 0,71h 70,65d 29,50a

37 24,61l 93,55e 6,61g 12,64g 7,30a 27,51f 1,33d 35,46b 40,45d 63,00c 10,15c 11,17c 12,93d 73,60c 38,14a

38 28,62h 91,39j 8,62b 16,02e 3,55b 22,96h 0,88g 36,43b 35,02f 63,54c 6,49e 7,08d 12,05e 71,80d 35,37a

39 34,24b 94,46d 5,53h 16,16e 6,58a 25,80g 0,95g 35,36b 31,51g 64,60c 6,49e 8,27d 5,71g 71,71d 36,34a

40 26,38j 94,13d 5,86h 14,33f 6,69a 27,31f 0,89g 36,20b 40,02d 62,76c 7,22d 8,61c 12,71d 73,10c 36,90a

41 27,24i 94,15d 5,84h 13,48f 6,89a 33,35b 0,95g 36,56b 38,88d 63,40c 8,17d 8,98c 5,35g 73,77c 37,10a

42 33,28c 92,62d 7,40e 12,07g 6,25a 24,94g 0,80h 33,34b 45,92b 66,62c 7,00d 7,77d 20,97b 75,25b 40,91a

43 30,19f 93,16f 6,63f 13,88f 6,38a 24,65g 1,33d 36,64b 39,54d 64,32c 7,98d 7,94d 14,89d 72,89c 36,25a

44 32,51d 93,17f 6,82f 15,30e 6,59a 23,42h 0,87g 34,89b 39,55d 63,08c 6,41e 6,99d 16,13c 71,27d 36,38a

45 20,22q 93,38e 6,61g 14,56f 6,19a 24,63g 0,65i 29,52b 31,85g 69,44b 3,59e 4,67d 6,48g 72,62c 43,09a

46 17,14t 93,60e 6,39g 16,44e 5,52a 19,75i 1,15e 26,14b 32,85f 73,82a 3,85e 5,21d 13,09d 71,63d 45,48a

47 18,54s 93,24f 6,75f 9,44c 5,48a 21,74h 0,78h 35,59b 27,56h 64,37c 4,85e 4,81d 5,81g 73,21c 37,61a

48 22,35n 93,19f 6,89f 13,62f 5,77a 23,01h 1,00f 32,12b 31,56g 67,85b 5,66e 5,69d 8,55f 72,69c 41,57a

49 21,31o 90,56k 9,43a 13,54f 4,62b 31,94c 0,85g 35,18b 37,42e 63,49c 8,20d 8,23d 5,47g 72,62c 36,92a

50 22,52n 91,80i 8,10c 10,35h 4,42b 20,30i 1,22e 25,05b 42,74c 74,91a 7,66d 7,70d 22,43a 77,11a 52,05a

51 21,31o 93,67e 6,32g 14,10f 5,00b 26,67f 1,35d 35,92a 29,02g 69,05b 7,94d 7,98d 2,35h 74,57b 38,65a

52 22,27n 91,27j 8,72b 14,31f 5,23b 27,52f 1,44c 45,85a 33,08f 57,11d 9,20d 9,23c 5,55g 71,71d 25,86a

53 22,62m 95,47b 4,52j 15,75e 4,52b 27,37f 0,86g 45,13a 35,23f 54,83e 8,95d 8,98c 7,86f 75,19b 30,06a

54 27,07i 92,92f 7,07f 15,52e 6,81a 25,35g 1,27d 54,79a 37,88e 45,17g 6,98d 7,01d 12,52d 70,59d 15,79b

55 22,31n 92,53g 4,38d 12,86e 5,80a 22,16h 1,13e 45,51a 33,95f 56,95d 7,32d 7,36d 11,78d 73,86c 28,34a

Acesso MS MO MM PB EE FDA LIG

HEMI

CELULOSE CHOT CNFNIDA FDN FDNi

DIG. IN

SITU

MS- matéria seca; MO- matéria orgânica; MM- matéria mineral; PB- proteína bruta; EE-extrato etéreo; FDA- fibra em detergente ácido; NIDA- nitrogênio

indisponível em detergente ácido; FDN- fibra em detergente neutro; FDNi- fibra indisponível em detergente neutro; DIG. IN SITU- digestibilidade in situ; LIG-

lignina; CHOT- carboidratos totais; CNF- carboidratos nãofibrosos.

* Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupos genético a 5% pelo teste Scott-Knott

90

A análise de agrupamento realizada com pelo método UPGMA, submetido a um

corte de cerca de 78%, possibilitou a formação de 5 grupos distintos, bem distribuídos

(Figura 1). Verificou-se a divergência entre indivíduos de uma mesma localidade

pertencente a grupos genéticos diferentes, podendo então ser utilizados para futuros

trabalhos de melhoramento.

De acordo com o dendrograma gerado a partir dos dados da matriz de

dissimilaridade obtidos pela distância generalizada de Mahalanobis (Figura 1), pode-se

inferir que os acessos 29 Barra de Santa Rosa e 10 Barra de Santa Rosa foram os mais

distantes geneticamente, podendo esses serem utilizados como possíveis genitores na

escolha dentro de um processo de seleção para melhoramento da espécie. Além de

“bootstrap” de 63%, 74%, 81% e 93%, esses valores de dissimilaridade proporcionaram

a confiabilidade na formação dos ramos do dendrograma. Segundo Cruz (2006),

representam a junção verdadeira significativa, inferindo na consistência e adequando o

dendrograma para representação de dissimilaridade entre os acessos.

91

Figura 1. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade genética,

obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), utilizando-se 15 variáveis bromatológicas. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100

repetições.

IV

I

V

II

III

63%

74%

81%

91%

92

Foi possível verificar agrupamento de médias pelo teste Scott-Knott (Tabela 3),

a formação de 16 grupos distintos com base no conteúdo de HCN dos 55 acessos do

gênero Manihot avaliados, com diferenças significativas (p<0,05) entre os acessos.

A diferença entre o acesso 11 com o maior concentração de HCN 241,2 mg/kg e

o acesso 20 com menor concentração 34,2 mg/kg, possibilita a utilização dos mesmos

como possíveis genitores dentro de um programa de melhoramento. Silva et al. (2009)

avaliando 29 acessos do gênero Manihot verificaram que os mesmos apresentaram

valores variando de 97,2 mg/Kg MS a 324,0 mg/Kg MS.

Valle et al. (2004) avaliando o cruzamento entre genótipos recombinantes

mostraram uma variação do potencial cianogênico bastante ampla, de 31,2 a 645,3

mgHCN/kg. Os autores reduziram o potencial cianogênico a valores inferior a 100 mg

HCN/kg, comprovando a eficiência no processo de seleção.

Tabela 3. Agrupamento com base nos conteúdos de HCN (ácido cianídrico) avaliados

em 55 acessos de Maniçoba (Manihot spp.)

Acesso mg/kg MS Acesso mg/kg MS Acesso mg/kg MS

11 241,2 a 33 151,2 g 19 111,6 j

28 219,6 b 44 147,6 h 42 113,4 j

9 217,8 b 39 145,8 h 5 109,8 j

7 207 c 2 140,4 h 8 106,2 k

10 201,6 c 51 138,6 h 16 104,4 k

4 201,6 c 45 136,8 h 48 104,4 k

41 185,4 d 54 136,8 h 6 97,2 k

1 180 e 12 133,2 i 25 90 l

13 180 e 22 133,2 i 3 86,4 l

29 178,2 e 18 131,4 i 47 77,4 m

26 169,2 f 55 129,6 i 31 64,8 n

43 165,6 f 14 126 i 32 68,4 n

23 158,4 g 24 126 i 37 68,4 n

30 158,4 g 38 122,4 i 40 63 n

34 158,4 g 50 120,6 i 17 54 o

49 158,4 g 36 117 j 35 54 o

21 156,6 g 46 117 j 20 34,2 p

15 154,8 g 27 115,2 j

53 154,8 g 52 115,2 j

* Médias seguidas da mesma letra nas colunas pertencem ao mesmo grupos genético a 5% pelo teste

Scott-Knott

93

Os resultados encontrados demonstraram elevada quantidade de HCN

considerados como alto grau de intoxicação. Segundo Araújo et al., (2004) o consumo

acima de 2,4 mg de HCN/Kg de peso corporal, pode causar intoxicação e até morte do

animal. Esse critério deve ser levado em consideração na escolha dos genitores, não só a

relação animal, mas também os fatores relacionados com a planta, pois o mesmo serve

como mecanismo de defesa para as plantas.

Com o dendrograma gerado a partir dos dados da matriz de dissimilaridade

obtidos pela distância generalizada de Mahalanobis (Figura 2), foi possível separar os

acessos em 7 grupos distintos, sendo o acesso 54 Junco e 2 Barra de Santa Rosa os mais

divergentes. Os valores de “bootstrap” foram de 62%, 72%, 84%, 875, 89% e 97% em

sua maioria proporcionaram a confiabilidade na formação dos ramos do dendrograma.

Segundo Cruz (2006), valores acima de 90% representam a junção verdadeira

significativa, inferindo na consistência adequando o dendrograma para representação de

dissimilaridade e similaridade entre genótipos avaliados.

94

Figura 2. Dendrograma resultante da análise de 55 acessos de maniçoba (Manihot spp.) obtido pelo método UPGMA baseado nos dados de dissimilaridade genética,

obtidos pela matriz de distância generalizada de Mahalanobis (D2), com base nos conteúdos de HCN. Valores do “bootstrap” em percentagem para 100 repetições.

VI

V

IV

I

II

III

VII

97%

72%

87%

62%

84%

89%

95

CONCLUSÃO

A composição bromatológica e os conteúdos de HCN demonstra ampla

variabilidade genética entre os 55 acessos analisados.

Os acessos 3 Pedra Lavrada, 10 Barra de Santa Rosa, 2 Barra de Santa Rosa, 21

Monteiro, 29 Barra de Santa Rosa, 41 Juazeirinho, 46 Juazeirinho, 50 Picuí, e 54 Junco,

21 Monteiro, são os mais promissores, podendo ser utilizados com genitores em

programa de melhoramento dessa importante espécie forrageira.

96

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2004.

100

CONSIDERAÇÃO FINAL

Os dados revelados pela análise de RAPD, associados aos resultados das

análises quantitativa e qualitativa, fornecerão subsídios para a criação e o

desenvolvimento de novos acessos. Assim, o potencial genético da espécie poderá ser

otimizado a partir da variabilidade genética disponível, vislumbrando a produção de

genótipos com alto potencial forrageiro.

101

APENDICE

102

Tabela 1. Coordenadas Geográficas dos acessos de Manihot spp. do banco de germoplasma do CCA/UPFB, coletados nos Estados da Paraíba e Pernambuco.

Acesso Locais de Coleta Km Espécie Grau de

Domesticação Estado Altitude (m) Latitude Longitude Amostragem

46 Juazerinho 221 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36° 34‟ 40‟‟ Estaquia

47 Juazerinho 221 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36° 34‟ 40‟‟ Estaquia

1 Juazeirinho 226 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36°34‟ 40‟‟ Estaquia

30 Juazeirinho 227 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36° 34‟ 40‟‟ Estaquia

41 Juazeirinho 232 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36° 34‟ 40‟‟ Estaquia

55 Juazeirinho 238 Manihot spp. Silvestre PB 554 S 07° 04‟ 04‟‟ W 36° 34‟ 40‟‟ Estaquia

26 Monteiro 128 Manihot spp. Silvestre PB 577 S 07°47‟10.5” W 37°00‟41.9” Estaquia

21 Monteiro 128 Manihot spp. Silvestre PB 577 S 07°47‟10.5” W 37°00‟41.9” Estaquia

13 Monteiro 136 Manihot spp. Silvestre PB 577 S 07° 10' 5‟‟ W 37° 41' 9‟‟ Estaquia

4 Monteiro 140 Manihot spp. Silvestre PB 608 S 07° 10' 6‟‟ W 37° 41' 9‟‟ Estaquia

51 Sumé 104 Manihot spp. Silvestre PB 562 S 07° 38‟ 13.3” W 36° 51‟ 43.1” Estaquia

20 Sumé 104 Manihot spp. Silvestre PB 565 S 07°44‟18.1” W 36°57‟52.7” Estaquia

40 Sumé 123 Manihot spp. Silvestre PB 563 S 07° 41‟ 48.8” W 36° 54‟ 43.0” Estaquia

19 Sumé 123 Manihot spp. Silvestre PB 562 S 07° 40′ 19″ W 36° 52′ 48″ Estaquia

7 Junco 256 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia

9 Junco 256 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia

28 Junco 256 Manihot spp. Silvestre PB 631 S 06° 56‟ 02‟‟ W 36° 24‟ 07‟‟ Estaquia

39 Junco 256 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia

44 Junco 256 Manihot spp. Silvestre PB 631 S 06° 56‟ 02‟‟ W 36° 24‟ 07‟‟ Estaquia

42 Junco 259 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia

52 Junco 259 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia

54 Junco 259 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia

12 Junco 260 Manihot spp. Silvestre PB 590 S 06° 59‟ 49‟‟ W 36° 42‟ 46‟‟ Estaquia

27 Picuí 8 Manihot spp. Silvestre PB 439 S 06° 36‟ 35.4” W 36° 12‟ 44.2” Estaquia

50 Picuí 360 Manihot spp. Silvestre PB 537 S 06° 36‟ 35.3” W 36° 12‟ 44.7” Estaquia

24 Pedra Lavrada 35 Manihot spp. Silvestre PB 578 S 06° 49‟ 57.9‟‟ W 36° 24‟ 24.1‟‟ Estaquia

3 Pedra Lavrada 40 Manihot spp. Silvestre PB 596 S 06° 42' 1‟‟ W 36° 59' 6‟‟ Estaquia

14 Pedra Lavrada 42 Manihot spp. Silvestre PB 596 S 06° 42' 1‟‟ W 36° 59' 6‟‟ Estaquia

103

Continuação Tabela 1

Acessos Locais de Coleta Km Espécie Grau de

Domesticação Estado Altitude (m) Latitude Longitude Amostragem

18

6

Cubatí

BR 230

8

181

Manihot spp.

Manihot spp.

Silvestre

Silvestre

PB

PB

475

593

S 06°52‟ 04‟‟

S 07° 20' 0‟‟

W 36° 21‟ 06‟‟

W 36° 58' 6‟‟

W 36° 40' 0‟‟

Estaquia

Estaquia

25 BR 230 181 Manihot spp. Silvestre PB 603 S 07° 10' 2‟‟ Estaquia

31 BR 230 181 Manihot spp. Silvestre PB 603 S 07° 10' 2‟‟ W 36° 40' 0‟‟ Estaquia

38 Boa Vista 6 Manihot spp. Silvestre PB 581 S 36° 35‟ 35.8” W 36° 14‟ 14.0” Estaquia

35 Boa Vista 7 Manihot spp. Silvestre PB 544 S 07° 24.5‟‟ W 036° 35.8‟‟ Estaquia

16 Soledade 222 Manihot spp. Silvestre PB 456 S 07° 58' 0‟‟ W 36° 27' 9‟‟ Estaquia

34 Soledade 222 Manihot spp. Silvestre PB 603 S 07° 02‟ 10.2‟‟ W 36° 27‟ 40” Estaquia

11 Pocinhos 20 Manihot spp. Silvestre PB 675 S 07°58' 6‟‟ W 36° 28' 6‟‟ Estaquia

22 Pocinhos 20 Manihot spp. Silvestre PB 456 S 07° 58' 0‟‟ W 36° 27' 9‟‟ Estaquia

15 Pocinhos 20 Manihot spp. Silvestre PB 456 S 07° 58' 0‟‟ W 36° 27' 9‟‟ Estaquia

17 Pocinhos 20 Manihot spp. Silvestre PB 607 S 07° 02‟ 10.3‟‟ W 36° 27‟ 40‟‟ Estaquia

36 Pocinhos 20 Manihot spp. Silvestre PB 456 S 07° 04‟ 58.0” W 36° 03‟ 27.9” Estaquia

32 Barra de Santa Rosa 23 Manihot spp. Silvestre PB 474 S 6° 46′ 58″ W 35° 49′ 15 Estaquia

23 Barra de Santa Rosa 33 Manihot spp. Silvestre PB 473 S 06° 12' 6‟‟ W 36° 41' 0‟‟ Estaquia

33 Barra de Santa Rosa 34 Manihot spp. Silvestre PB 473 S 06° 40‟ 12.6” W 36° 05‟ 41.0” Estaquia

49 Barra de Santa Rosa 35 Manihot spp. Silvestre PB 532 S 06° 36‟ 35.4” W 36° 12‟ 44.2” Estaquia

29 Barra de Santa Rosa 37 Manihot spp. Silvestre PB 473 S 06° 40‟ 12.6” W 36° 05‟ 41.0” Estaquia

45 Barra de Santa Rosa 37 Manihot spp. Silvestre PB 473 S 06° 40‟ 12.6” W 36° 05‟ 41.0” Estaquia

53 Barra de Santa Rosa 37 Manihot spp. Silvestre PB 474 S 06° 46′ 58″ W 35° 49′ 15'' Estaquia

10 Barra de Santa Rosa 40 Manihot spp. Silvestre PB 473 S 06° 12' 6‟‟ W 36° 41' 0‟‟ Estaquia

48 Barra de Santa Rosa 50 Manihot spp. Silvestre PB 513 S 06° 58‟ 30.3” W 35° 43‟ 17.0” Estaquia

2 Barra de Santana 187 Manihot spp. Silvestre PB 381 S 07° 42' 6‟‟ W 36° 57' 2‟‟ Estaquia

37 Taquaritinga do Norte 3 Manihot spp. Silvestre PE 425 S 07° 54‟ 31.6” W 36° 06‟ 58.2” Estaquia

43 Taquaritinga do Norte 3 Manihot spp. Silvestre PE 433 S 07° 55‟ 31.4” W 36° 06‟ 59.8” Estaquia

8 Taquaritinga do Norte 13 Manihot spp. Silvestre PE 425 S 07° 31' 6‟‟ W 36° 58' 2‟‟ Estaquia

5 Santa Cruz 5 Manihot spp. Silvestre PE 433 S 07° 31' 4‟‟ W 36° 59' 8‟‟ Estaquia

104

ANEXOS

105

ANEXO - 1

Extração DNA de Plantas

Protocolo detergente CTAB (Grattapaglia e Ferreira, 1998), adaptado

1. Pesar 180-200 mg de tecido vegetal jovem;

2. Adicionar N2 líquido e emacerar em almofariz;

3. Transferir o pó para microtubos eppendorf de 1,5 mL;

4. Adicionar 700 µL de tampão de extração CTAB 2% (c/β-mercaptoetanol);

5. Agitar por 1‟;

6. Incubar em Banho Maria 65°C por 30‟ (homogeneizar a cada 10‟);

7. Retirar do Banho Maria e deixar esfriar a temperatura ambiente;

8. Adicionar 600µL de CIA (Clorofórmio:álcool isoamílico 24:1(vv));

9. Agitar por 1‟;

10. Centrifugar a 13400rpm por 10‟;

11. Transferir a fase superior (600 µL) para um novo microtubo;

12. Adicionar 600 µL de CIA e agitar bem;

13. Centrifugar a 13400 rpm por 5‟;

14. Transferir a fase superior (400 µL) para um novo microtubo;

15. Adicionar 40 µL do volume do Tampão de Lavagem;

16. Homogeneizar por inversão durante 5‟;

17. Adicionar 500 µL de CIA e agitar bem;

18. Centrifugar a 13400 rpm por 5‟;

19. Transferir a fase superior (280 µL) para um novo microtubo;

20. Adicionar 185µL de isopropanol ou (álcool isopropílico) frio;

21. Misturar levemente;

22. Centrifugar a 13400 rpm por 5‟;

23. Descartar o sobrenadante;

24. Secar o pellet;

25. Adicionar 1mL de etanol 70%;

26. Centrifugar a 13400 rpm por 2‟;

27. Descartar o volume de álcool deixar sobre a bancada por 10‟;

28. Adicionar 1mL de etanol absoluto;

29. Centrifugar a 13400 rpm por 2‟;

106

30. Descartar o excesso de etanol e deixar o pellet secar;

31. Ressuspender o pellet com 50 µL de TE.

Eliminação do RNA

1. Adicionar 150 µL de TE contendo RNAse na concentração final de 40 µg/mL;

2. Incubar em Banho Maria a 37°C por 30‟. Todo o DNA deve estar ressuspenso ao

final desse passo, caso ainda não esteja, colocar a 65°C por 10‟ e agitar

levemente;

3. Deixar atingir a temperatura ambiente;

4. Adicionar NaCl 5M (ver anexo item 6) na proporção de 1:10 (NaCl:DNA

ressuspenso) ,ou seja, (20 µL NaCl 5M/ 200 µL DNA);

5. Adicionar 2/3 (146 µL de isopropanol gelado) para precipitar novamente;

6. Incubar na geladeira a 4°C durante a noite ou -20°C por 3 horas.

7. Centrifugar por a 14000 rpm por 10‟;

8. Remover o sobrenadante, lavar o precipitado 1 ou 2 vezes com etanol 70%;

9. Centrifugar por a 14000 rpm por 2‟;

10. Descartar o excesso de etanol, adicionar etanol 95%;

11. Centrifugar por a 14000 rpm por 2‟;

12. Descartar o excesso de etanol;

13. Secar o pellet a temperatura ambiente por 15‟;

14. Ressuspender o pellet com 200 µL de TE;

15. Armazenar as amostra no congelador a -20°C.

107

ANEXO - 2

Extração HCN

Protocolo Extração de HCN (Ades & Hernandes, 1986) , adaptado.

1. Coletar amostras de tecido vegetal imergir imediatamente em nitrogênio líquido;

2. Acondicionar e caixa de isopor com gelo;

3. Pesar 20g de tecido vegetal;

4. Adicionar N2 líquido e emacerar em almofariz;

5. Transferir o pó para tubos de ensaio de 50 mL (mesmo utilizado no digestor de

proteína, Kjedahl);

6. Adicionar 50 mL de água ultra pura fecha os frascos com papel alumínio;

7. Agitar por 1‟;

8. Incubar em à 70°C por 4 hs (homogeneizar a cada 30‟);

9. Após incubação retirar do bloco digestor;

10. Adicionar 150 mL de água a 70°C homogeneizar e coar;

11. Fracionar 50 mL em três tubos de ensaio de 50 mL;

12. Adicionar 7 mL de NaOH (0,5 g em 20 mL) em cada tubo;

13. Levar para o destilador;

14. Coletar 100 mL do destilado em erlenmeyer contendo 8 mL de NH4OH (2N) + 2

mL de KI a 5%;

15. Titular com AgNO3 á 0,02 N.

Conversão: 1 mL de AgNO3 á 0,02 N = 1,08 mg HCN (1Ag equivale a 2CN)