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CURSO ONLINE ATUALIDADES E GEOGRAFIA PARA ABIN PROFESSORA VIRGINIA GUIMARÃES 1 Prof. Virginia Guimarães www.pontodosconcursos.com.br Olá amigos, tudo bem? Espero que até aqui as coisas estejam ficando claras para que todos possam fazer uma excelente prova de geografia e atualidades. Estou me esforçando ao máximo para que vocês tenham o melhor e mais completo material possível. Todavia, reforço a importância de vocês utilizarem o fórum de dúvidas sem pudores. Às vezes, ficamos com uma pequena dúvida que se não for sanada acaba nos impedindo de ter uma boa compreensão de um assunto que será tratado mais à frente, portanto não deixem de perguntar, ok? Responderei a todos o mais breve possível e restando ainda alguma questão, perguntem outra vez, estou aqui para ajudá-los a atingir o sucesso rumo à aprovação. Antes de começarmos a nossa aula, acho interessante que inicialmente tenhamos uma pequena bagagem conceitual sobre determinados itens. 1 – Como ocorreu o processo de inserção da Venezuela no MERCOSUL? A entrada da Venezuela no MERCOSUL como membro pleno aconteceu oficialmente em 31 de julho de 2012. Com exceção do Paraguai, que já se encontrava suspenso do bloco devido ao golpe de estado sofrido pelo ex-presidente Fernando Lugo, todos os outros países-sócios se reuniram em Brasília para oficializar a entrada da Venezuela como membro-pleno do bloco. 2 – Qual a diferença entre BIRD e BID? O BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento - é uma organização financeira internacional com sede na cidade de

Atualidades e Geografia - Aula 02

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Olá amigos, tudo bem? Espero que até aqui as coisas

estejam ficando claras para que todos possam fazer uma excelente

prova de geografia e atualidades. Estou me esforçando ao máximo

para que vocês tenham o melhor e mais completo material possível.

Todavia, reforço a importância de vocês utilizarem o fórum de

dúvidas sem pudores. Às vezes, ficamos com uma pequena dúvida

que se não for sanada acaba nos impedindo de ter uma boa

compreensão de um assunto que será tratado mais à frente, portanto

não deixem de perguntar, ok? Responderei a todos o mais breve

possível e restando ainda alguma questão, perguntem outra vez,

estou aqui para ajudá-los a atingir o sucesso rumo à aprovação.

Antes de começarmos a nossa aula, acho interessante que

inicialmente tenhamos uma pequena bagagem conceitual sobre

determinados itens.

1 – Como ocorreu o processo de inserção da Venezuela no

MERCOSUL?

A entrada da Venezuela no MERCOSUL como

membro pleno aconteceu oficialmente em 31 de julho de 2012. Com

exceção do Paraguai, que já se encontrava suspenso do bloco devido

ao golpe de estado sofrido pelo ex-presidente Fernando Lugo, todos

os outros países-sócios se reuniram em Brasília para oficializar a

entrada da Venezuela como membro-pleno do bloco.

2 – Qual a diferença entre BIRD e BID?

O BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento - é

uma organização financeira internacional com sede na cidade de

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Washington, E.U.A, e criada no ano de 1959 com o propósito de

financiar projetos viáveis de desenvolvimento econômico, social e

institucional e promover a integração comercial regional na área da

América Latina e o Caribe. Esse desenvolvimento é

promovido, principalmente, pela concessão de empréstimos e

operações de cooperação técnica para esses países. Colaborando

assim com o combate a pobreza promovendo a igualdade social.

Ainda que tenha nascido no seio da Organização de Estados

Americanos (OEA) não guarda nenhuma relação com essa instituição

pan-americana, nem com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou

com o Banco Mundial, os quais dependem da Organização das Nações

Unidas.

Já o BIRD - Banco Internacional para Reconstrução

e Desenvolvimento - foi fundado após a segunda guerra mundial,

cujo objetivo inicial foi o de auxiliar na reconstrução dos países

europeus, os quais ficaram destruídos economicamente e

socialmente. Com o passar do tempo e com o sucesso na recuperação

da Europa, o BIRD passou a assumir funções mais amplas. A

instituição é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) e junto a

esta busca promover a qualidade de vida no mundo.

O BIRD passou a integrar o chamado Banco Mundial, e por muitas

vezes, inclusive, um é confundido com o outro.

Na verdade, o Banco Mundial é formado por duas instituições, o BIRD

e a Associação Internacional de Desenvolvimento (AID). O objetivo

do Banco Mundial é reduzir a pobreza no mundo,

Dentro do Banco Mundial, cabe ao BIRD promover o desenvolvimento

econômico e social dos países, emprestando dinheiro a juros baixos

ou mesmo sem juros aos países, promovendo o intercambio de

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conhecimento técnico e investimentos em programas variados de

recuperação do meio-ambiente.

3 – Qual a diferença entre a harmonização das políticas econômicas e

equalização das políticas econômicas?

Como harmonização e equalização são palavras que nos

indicam coisas muito semelhantes pode ser difícil mesmo perceber a

diferença entre elas. Porém, apesar de sutil essa diferença existe!

Para ficar bem fácil de visualizar, pensemos num quadro.

Nesse quadro foi pintada uma imagem que a simples admiração dele

lhe traz uma sensação de bem estar. Muito provavelmente essa

tela está repleta de cores que se harmonizam, ou seja, possui cores

que combinam entre si. Apesar de diferentes, uma vez juntas num

mesmo contexto, elas não interferem uma na outra, resultando numa

diversidade que se combina que se harmoniza.

Por outro lado, se pretendermos que essa tela

fique equalizada, usaríamos uma cor só e ela estaria preenchida

totalmente por apenas uma cor, ou seja, em qualquer ponto da

tela as cores utilizadas seriam exatamente iguais, tal como um

quadro negro. Assim, elas também não se agrediriam, pelo simples

fato de serem absolutamente iguais.

No caso das políticas econômicas é a mesma coisa! Elas

estarão em harmonia quando apesar de diferentes não ferirem ou

influenciarem negativamente uma na atuação da outra. Em

contrapartida, elas estarão equalizadas quando a mesma política

adotada em uma região for adotada na outra. “

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4 – De que forma o crescimento dos blocos sul-americanos se

contrapõem às ambições da ALCA? Existem casos ou possibilidades

concretas de retaliações dos EUA?

A Área de livre comércio das Américas (ALCA) é um projeto que

ficou parado no tempo. Ela tinha como objetivo a formação de uma

área de livre comércio nas Américas. No entanto, em virtude de

interesses divergentes entre os países que a formariam, suas

negociações foram abandonadas.

Vejam só: os países integrantes do Tratado Norte-

Americano de Livre Comércio (NAFTA) tinham como maior interesse

as negociações que envolviam serviços, investimentos e propriedade

intelectual. Já os países do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL)

viam com prioridade os temas de acesso a mercados e agricultura.

Os Estados Unidos da América (EUA), por sua vez, foram

relutantes, à época das negociações, em retirar os altos subsídios que

concediam ao setor agrícola e reduzir o protecionismo em alguns

setores, como o do aço. O que era de fundamental interesse para os

outros países.

Quanto ao crescimento da integração na América do Sul,

não dá pra falarmos em contraposição às ambições da (ALCA), já que

nem se fala mais hoje nesse bloco comercial. Também não existe a

possibilidade de qualquer retaliação dos EUA, atualmente, as regras

do comércio internacional somente as admitem quando autorizadas

pela OMC no âmbito de uma disputa comercial.

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Bom meus amigos, dito isso, podemos partir direto para

nossa aula, não é mesmo?

Abordaremos outros importantes tópicos do edital, que se

atêm a questões mais nacionais. Se até agora estávamos entendendo

a globalização e suas repercussões mundiais, é chegada a hora de

nos voltarmos às peculiaridades da inserção do Brasil no capitalismo

mundial.

1 - A integração do Brasil no processo de internacionalização

da economia.

Enxurrada de produtos chineses eletrônicos a preços baixos,

popularização da batata “Pringles” e da Coca-Cola. Esses são apenas

alguns demonstrativos de que o Brasil se inseriu profundamente no

cenário econômico mundial. Até aí nada de novo, todos nós já

sabíamos, não é mesmo? Mas como foi que tudo isso começou? Como

o Brasil passou da condição de mero fornecedor de matérias primas à

uma das economias mais fortes do mundo?

Na aula passada vimos sobre a migração das grandes

empresas para países que ofereciam boas condições para instalação

de indústrias, pois bem, então vamos dar seqüência a partir desse

fato.

Assim como a maioria dos países subdesenvolvidos, o Brasil

não ficou à margem da ofensiva capitalista internacional, tendo sido

invadido por dois setores em especial: os grupos financeiros e as

multinacionais.

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A superioridade capitalista que vemos hoje e que

proporcionou a inserção do Brasil na economia internacional surgiu

por dois motivos. Um deles foi a acumulação de divisas em ouro,

resultante do forte financiamento da guerra e das restrições de

consumo que ocorreram durante a guerra. O outro ocorreu devido a

reorganização e reconstrução da Europa (Plano Marshall), que

proporcionou impulso nos negócios. Assim, frente a uma enorme

concentração de capital nas mãos de grupos financeiros, estes

aplicavam em países subdesenvolvidos, como o Brasil, na expectativa

de ótimos rendimentos.

Já as empresas multinacionais, beneficiárias diretas da

conjuntura de grande quantidade de excedente financeiro, buscavam

novas oportunidades de negócios se expandindo especialmente para

os países onde tudo ainda estava por ser construído, como o Brasil.

Na década de 60, o Brasil viveu um período conhecido

como, “milagre econômico”, devido justamente a um salto sem

precedentes nos investimentos que ocorreram nesta época. O Brasil

oferecia boas perspectivas e garantias de bons negócios, como a

abundante disponibilidade de mão-de-obra barata e relações de

trabalho bem mais amenas do que as encontradas nos países

desenvolvidos - onde as exigências e a liberdade de exprimí-las

tornaram dispendiosas e incômodas a relação empregado/patrão.

Assim, o chamado terceiro mundo se tornou um dos

principais destinos do fluxo de capitais ou poupança externa e de

tecnologia dos grandes centros para imprimir-lhes um surto de

crescimento industrial, do qual o Brasil foi exemplo.

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Todavia, o tão bem sucedido sistema capitalista sofreu um

forte baque no início da década de 70, quando se instalou uma forte

e generalizada inflação de preços acompanhada de desemprego e

inatividade das empresas.

Apesar de a crise ter atingido a todos os países que

compunham o mundo capitalista, é claro que quem mais sofreu foram

os países que estavam se industrializando. Um exemplo disso foi o

Brasil, onde faltaram recursos de crédito para continuar financiando o

milagre econômico que o país vivenciava às custas de muito

empréstimo dos bancos americanos.

Ao mesmo tempo em que a contração de uma volumosa

dívida externa trouxe progressos industriais ao Brasil, ela também

impôs uma perda relativa da autonomia econômica e da livre

disposição dos recursos naturais brasileiros. A crise das décadas de

80 e 90 mostrou que o Brasil reservava a maior parte de seus

recursos para pagar dívida externa e isso comprometia mais de um

terço do Produto Nacional Bruto.

Toda essa atividade econômica em nações como o Brasil,

serviu muito mais para consolidar os setores relativamente mais

restritos da população que têm acesso a esse progresso do que a

maioria em si. Ao aproveitar ao máximo a especulação externa, que

fervilhou nos últimos anos do capitalismo, o Brasil contraiu uma

dívida externa sem antecedentes na sua história, sacrificando esferas

desprivilegiadas da população, que continua pagando o pesado

tributo de uma divida que não contraiu.

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Ok, professora, mas como é que isso pode ser cobrado na

prova?

Vamos dar uma olhadinha na questão, que apesar da data

ser bem antiga esse é um daqueles assuntos quase atemporais que

falei pra vocês:

(CESPE/DPF-2002) No Brasil, a discussão em torno do

conceito de globalização levou o presidente da República a

abordar esse tema na abertura da sessão da Assembléia Geral

das Nações Unidas, em novembro de 2001.

Com o auxílio do texto I, julgue os itens que se seguem, a

respeito do lugar do Brasil e da América Latina na

globalização.

1 Embora um forte setor governamental no Brasil, o

econômico-financeiro, tenha defendido o conceito de

globalização benéfica, setores adjacentes não acreditaram no

automatismo da equação que associa liberalização e

privatizações às necessidades do desenvolvimento econômico

e social da nação.

Comentários: Como já vimos anteriormente, a globalização

tem como principal característica estimular o crescimento econômico

nos países. No entanto, ela também traz inúmeros efeitos negativos,

como o aumento da pobreza, da desigualdade e da violência.

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A livre concorrência entre empresas e países, tão

estimulada pela globalização, coloca em competição economias com

diferentes graus de desenvolvimento - o que tende a aumentar o

tamanho do abismo existente entre os países ricos e pobres. Estando

o Brasil na parte mais fraca da corda, é absolutamente normal que

setores críticos da sociedade não acreditem que liberalizações e

privatizações possam originar um desenvolvimento social para

nação.

Ao contrário do que possa parecer, o desenvolvimento

econômico não traz necessariamente o desenvolvimento social e, se

não for devidamente controlada, a globalização pode aumentar e

marginalizar ainda mais as sociedades e economias mais pobres.

Portanto, a questão está correta.

2 (CESPE/DPF-2002) A ética e a cidadania, idéias fortes na

conformação de uma sociedade moderna e civilizada,

ocuparam o papel central na definição das políticas públicas

de inserção internacional da América Latina na década de 90

do século passado.

Comentários: Ética e cidadania são dois conceitos que

deveriam ser lembrados para responder esta questão. Sabendo o

que eles significam e olhando para nossa realidade, saberíamos

logo de cara que a questão está errada! Mas por quê? O

sistema capitalista tem sua maior expressão na globalização que,

através de suas representantes máximas (multinacionais),

buscam o lucro a qualquer custo! Desta forma, foge a qualquer

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lógica ética que uma multinacional permita que pais de famílias

sejam substituídos por máquinas e percam sua cidadania não é

mesmo?! O conceito de cidadania está profundamente atrelado à

noção de direitos individuais, ou melhor, ao direito de ter direito -

seja a um emprego, ao lazer, saúde, educação ou cultura. Porém,

o acesso a esses direitos não é o ponto central do capitalismo,

que se rege pela busca constante do lucro.

3 (CESPE/DPF-2002) Apesar de a força do liberalismo que se

irradiou na América Latina nos anos 90 do século XX ter

chegado ao Brasil, este manteve seu padrão de racionalidade

e continuidade dos últimos sessenta anos, sob a égide do

nacional-desenvolvimentismo de matriz estatal.

Comentários

Na década de 90, a economia latina, assim como a mundial, foi

regida pelas idéias neoliberais formuladas no Consenso de

Washington, não é mesmo? Naquela ocasião, foram estabelecidas

medidas de estímulo à privatização das estatais e o fim do Estado de

Bem-Estar Social, ou seja, o fim do Estado como protetor da

sociedade e regulador da economia. Portanto, é errado afirmar que

o Brasil manteve seu padrão de racionalidade sob a égide do

nacional-desenvolvimentismo de matriz estatal, pois o neoliberalismo

propõe a quase nulidade de ações do estado.

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4 (CESPE/DPF-2002) A atual crise pela qual passa a

Argentina, apesar de ter caráter exclusivamente econômico,

em nada pode ser associada ao tema tratado no texto I, pois,

nesse país, a estabilidade da moeda foi conseguida de forma

natural, considerando-se apenas o real equilíbrio entre suas

exportações e importações

Comentários

Em fins de 2001 e inicio do ano de 2002, a Argentina

passou por uma crise sem precedentes em toda a sua história devido

a seu escopo e amplitude. Essa crise abarcou o setor social,

econômico (fiscal, financeiro e corporativo), político e até mesmo

institucional (Suprema Corte). Portanto, quando a questão afirma o

caráter exclusivamente econômico da crise, ela já incorre no

primeiro erro da assertiva. Após isso, a questão aborda o caráter

natural do equilíbrio da moeda argentina - outra inverdade - uma vez

que a paridade do peso argentino com o dólar só foi conseguida com

a interferência do estado, independente das leis de mercado.

________________x_________________

Pessoal, que nos perdoem aqueles que não são muito

amantes de História, mas terei mesmo que abordar um pouquinho

dela para comentar a próxima questão, ok? Prometo ser breve!

Até aqui eu falei de industrialização, globalização e sobre

como as indústrias se instalaram e se distribuíram pelo território

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brasileiro. Mas, afinal, como foi o início de todo esse complexo

industrial e estrutural que temos hoje?

Não há como pensar em industrialização no Brasil sem

lembrar-nos de um polêmico presidente: Getúlio Vargas. Entre os

anos de 1930 e 1945, esse presidente teve um papel essencial na

edificação de uma nova trajetória política e econômica do Brasil rumo

a uma sociedade urbana e industrial. Ao lado da modernização

econômica por meio da implementação de indústrias, Vargas instituiu

um rígido autoritarismo político – levando o país a conhecer a

repressão e a censura. Apesar de se pretender progressista, visto os

moldes utilizados nos direitos que originaram a legislação trabalhista,

a chamada “Era Vargas” trouxe ao Brasil uma modernização

conservadora. E por quê?

Bom, uma coisa de cada vez...

Modernização porque foi ele quem estimulou a formação

da indústria de base no país por meio da construção de importantes

empresas estatais. Até o ano de 1941, o presidente ainda

apresentava uma política pendular entre os EUA e a Alemanha quanto

ao seu posicionamento na Segunda Guerra Mundial. Todavia,

exatamente neste ano, Vargas obteve financiamento norte-americano

para a montagem de uma das principais indústrias da economia

brasileira: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), na cidade de

Volta Redonda/RJ. Todavia, esse foi apenas o início de suas

modernizações econômicas, uma vez que, seguido a isso, tivemos a

criação da Eletrobrás em 1952 e a campanha pela nacionalização

total do petróleo com o slogan "o petróleo é nosso", que resultou na

criação da Petrobrás em 1953.

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Por outro lado, é considerada conservadora, pois toda a

vontade de progresso que notamos na administração de Getúlio

Vargas sempre esteve diretamente ligada a um forte sentimento de

nacionalismo. Esse sentimento significava uma maior dificuldade do

capital financeiro externo em dominar setores importantes da

sociedade – conforme esperava o liberalismo econômico vigente. Em

outras palavras, o nacionalismo do governo Vargas dificultava

bastante a vida dos investidores externos, sobretudo estadunidenses,

quando se tratava de entregar as riquezas brasileiras.

Além disso, o aspecto político certamente contribuiu para

que o governo de Getúlio fosse visto como conservador, uma vez que

vivíamos uma ditadura interna, que procurava acalmar os ânimos

mais exaltados em sua legitimidade com os trabalhadores. Para não

perdê-la, no dia 1º de maio de 1954 o então presidente concedeu

finalmente o prometido aumento de 100% no Salário Mínimo.

Apesar disso, em pesquisas recentes para avaliar quem foi a

maior liderança política do Brasil do século XX, Getúlio Vargas

apareceu em segundo lugar. Para surpresa de muitos, em primeiro

lugar ficou Juscelino Kubitschek, justamente por ter ligado sua

imagem no Brasil à promessa de um desenvolvimento sem conflitos,

com democracia e liberdade para todos.

Vargas, apesar de ter sido o precursor do desenvolvimento

industrial no país e do “amor” que lhe devotaram os pobres, graças à

legislação trabalhista e à tragédia de sua morte em nome da bandeira

nacionalista, só foi lembrado em segundo lugar. Todavia, é preciso

reconhecer que Getúlio foi o grande organizador do Estado brasileiro

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e o coordenador do pacto social que prevaleceu praticamente

intocável durante mais de 50 anos.

Então, pessoal, dito isso vamos ver como esse assunto já foi

cobrado em provas anteriores da ABIN.

5 (CESPE/ABIN-2004) Vargas comandou o processo de

modernização do Brasil, inserindo-o na contemporaneidade

que o século XX exprimia. Do ponto de vista econômico,

verificou-se o estímulo à industrialização, com o Estado

assumindo papel relevante na montagem da infra-estrutura de

que o país carecia.

Comentários

A questão toca exatamente nas questões que comentei

acima, não é mesmo? Vargas foi mesmo o pioneiro no processo de

modernização do Brasil e foi o principal responsável por inserir nosso

país no novo circuito econômico do século XX. Essa inserção foi

pautada, principalmente, pelo estímulo à industrialização e sempre

com o Estado assumindo papel relevante na instalação da infra-

estrutura de que o país necessitava. Logo, a questão está correta.

6 (CESPE/ABIN-2004) Companhia Siderúrgica Nacional (Volta

Redonda), Fábrica Nacional de Motores e Companhia Vale do

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Rio Doce são símbolos da arrancada industrial brasileira que a

Era Vargas patrocinou .

Comentários

Sustentado em sua política nacionalista, a administração de

Getúlio Vargas explorou as riquezas brasileiras, assistido pelos grupos

nacionais e contrariando os grupos estrangeiros. Dentre essas

explorações, destaca-se a extração mineral, a exportação de minérios

e a siderurgia.

Nesse sentido, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi

instalada em Volta Redonda, Estado do Rio de Janeiro, no ano de

1941 com o objetivo de produzir aço. Foi a primeira das importantes

empresa que Getulio conseguiu instalar no Brasil.

A Fábrica Nacional de Motores (FNM) foi fundada em 1943

pelo Estado Novo e nela eram fabricados motores de aviões com

tecnologia norte-americana. Do mesmo modo, e com o mesmo

objetivo de industrializar a economia brasileira, em 1942 foi erguida a

Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) com a meta especifica de cuidar

da extração das riquezas minerais. Portanto, essas três empresas são

sim símbolos da arrancada industrial brasileira durante Era Vargas,

estando a questão correta.

Bom pessoal, só para ficar mais completo o assunto, é bom

lembrarmos também da criação da Petrobrás, que ocorreu já no fim

da era Vargas, em 1953 ok?

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7 (CESPE/ABIN-2004) A Segunda Guerra Mundial (1939-

1945) trouxe resultados econômicos positivos para o Brasil. A

cessão de bases militares no Nordeste e a entrada no conflito,

ao lado dos aliados, permitiram a negociação vantajosa para a

obtenção de empréstimos norte-americanos para o

financiamento da indústria de base brasileira.

Comentários: Corretíssima. Apesar de ser um assunto

pouco estudado no colégio e pela própria historiografia, a

participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial é um assunto

extremamente amplo e complexo. Amplo, pois teve

conseqüências econômicas, políticas e sociais. Complexo, pois

quando abordamos esses assuntos muitas perspectivas são

possíveis de serem analisadas.

Mas, para não viajarmos demais nesse assunto, que

particularmente me interessa e me encanta profundamente (já que

minha dissertação de mestrado foi sobre isso), vamos nos ater aqui

às conseqüências econômicas da Segunda Guerra Mundial para o

Brasil.

Apesar de iniciado em 1939 o conflito na Europa, o Brasil só

sentiu os efeitos negativos da guerra em 1942, quando começaram a

ser torpedeados por submarinos alemães, no litoral do país,

embarcações civis e mercantes. Esses torpedeamentos resultaram

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em mais de mil mortos em águas brasileiras e a pressão popular

acabou colocando soldados brasileiros em solo italiano para lutar.

Todavia, os anos que antecederam esses afundamentos

foram marcados pela política econômica pendular de Vargas entre

países aliados e países do eixo. Nesse período, Getúlio aproveitou

todas as ocasiões para negociar com o Estado Alemão, tanto que as

cotas de exportação colocavam a Alemanha em 2º lugar no comércio

exterior brasileiro (19,1%), aproximando-se, a cada ano ao índice

das negociações norte-americanas (34,3%).

Assim, o Brasil dava claras demonstrações de que manteria

suas negociações tanto com os países do Eixo (Alemanha e Itália)

quanto com os Estados Unidos. Nessa gangorra de quem daria mais,

o presidente Getúlio Vargas buscava desenvolver e industrializar

nosso país, mas pra isso seria necessário conseguir o apoio financeiro

norte-americano ou dos países totalitários. E foi com esse joguinho

que ele conseguiu o reequipamento e ampliação das ferrovias, a

construção da hidrelétrica Paulo Afonso, a instalação da indústria

aeronáutica, a importação de navios e equipamentos militares

pesados e a criação da usina siderúrgica de Volta Redonda.

Entretanto, com os torpedeamentos a embarcações

brasileiras, a oscilação de Getúlio foi colocada em xeque pela própria

população, que saiu às ruas pedindo pela entrada do Brasil na guerra

ao lado dos EUA.

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8 [Adaptada (CESPE/ABIN- 2004)] - A popularidade de JK

decorreu de sua política desenvolvimentista de fundo

radicalmente nacionalista, o que explica seu rompimento com

o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as dificuldades por

ele impostas à presença do capital estrangeiro no Brasil

Comentários

O mandato de Juscelino geralmente é lembrado pelo grande

desenvolvimento e incentivo ao progresso econômico do país por

meio da industrialização.

Ao assumir o governo, ele lançou o Plano Nacional de

Desenvolvimento, comumente conhecido como Plano de Metas, em

que ele se comprometia a trazer o desenvolvimento para o Brasil de

forma absoluta. Foi a partir daí que surgiu sua célebre frase

"Cinquenta anos em cinco", quando ele se propôs a realizar 50

anos de progresso em apenas cinco de governo.

Para tanto, ele elaborou um plano com 31 metas divididas

entre os pontos que ele achava primordiais: energia, transportes,

alimentação, indústria de base, educação, e é claro, sua meta

principal: a construção de Brasília! Todavia, todo o desenvolvimento

industrial conseguido por seu governo concentrou-se no Sudeste

brasileiro, enquanto as outras regiões continuavam com suas

atividades econômicas tradicionais. E por quê? Porque as empresas

de base criadas por Getúlio estavam no Sudeste- o que gerou um

aumento nas correntes migratórias principalmente do nordeste para o

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sudeste. Aliás, todo o desenvolvimento industrial conseguido por JK

só foi possível graças à criação da CSN e da Petrobrás no governo

Vargas.

Alguns de vocês podem estranhar, mas JK de fato rompeu

com FMI! No entanto, esse rompimento nada teve a ver com

dificuldades impostas por ele à entrada do capital estrangeiro no

Brasil, conforme afirma a questão. Pelo contrário, nunca se entrou

tanto capital estrangeiro no país como durante o governo JK, quando

a dívida externa brasileira deu saltos. Afinal de contas, um programa

tão ambicioso (cinqüenta anos em cinco!) não poderia ser realizado

com verbas modestas, não é mesmo?

Mas tamanha ambição acabou por estremecer as relações

do governo brasileiro com o Fundo Monetário Internacional, que

queria que o presidente abrisse mão de seu plano de metas, o qual

puxou a inflação e o arrocho salarial para as alturas. Portanto,

pessoal, essa questão está errada!

9 (CESPE/ABIN-2004) O governo Fernando Henrique Cardoso

afastou-se do modelo de Estado desenhado por Vargas. Esse

afastamento presidiu muitas das medidas que tomou, a

exemplo da privatização de empresas estatais e da

flexibilização das leis trabalhistas.

Comentários

Foi durante o governo de Fernando Henrique Cardoso que

ocorreram as maiores privatizações da história de nosso país. Era

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comum ouvirmos de pessoas mais velhas falarem que Getúlio devia

estar se remexendo no caixão com toda aquela história de

privatizações. Portanto, pessoal, o governo de FHC aproximou-se

imensamente do neoliberalismo, adotando várias das posturas

recomendadas, como as privatizações, o que o afastou

definitivamente do modelo de Estado desenhado por Vargas. A

questão está correta.

10 (CESPE/ABIN-2008) Para a inserção de países como o

Brasil, o México e a Argentina na nova realidade econômica

mundial, as organizações financeiras internacionais exigiram a

reforma do Estado, para a ampliação da autonomia deste e

para a garantia do crescimento econômico por meio da

centralização da tomada de decisão.

Comentários

Ao se inclinar a emprestar dinheiro para países

subdesenvolvidos, como Brasil, México e Argentina, as organizações

financeiras mundiais estipulam as suas condições. Se nos lembrarmos

das medidas neoliberais elaboradas no consenso de Washington e

absorvidas pelo FMI, por exemplo, veremos que uma das exigências

feitas segue sempre rumo à reforma estatal sim, porém visando

exatamente uma descentralização da tomada de decisão. A questão

afirma exatamente o oposto, o que a torna errada.

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2 - A Divisão inter-regional do trabalho e da produção

Como já disse anteriormente, tivemos um verdadeiro “surto

industrial” na década de 60 no Brasil. Além das mudanças

econômicas que vieram na garupa desse desenvolvimento, houve

também um incremento na divisão social do trabalho em função da

industrialização. Assim, não é segredo pra nós que a indústria se

tornou o principal cerne ativo da economia e da expansão econômica

desse período, certo?

Porém, pessoal, é muito importante pensarmos que uma

análise exclusivamente econômica não dá conta da compreensão da

dinâmica das mudanças nessa nova sociedade industrial. Uma análise

apenas econômica não permite que compreendamos, por exemplo, a

automação ou o controle da produção pela informação. Atualmente,

os computadores são aptos a orientar e avaliar a condição dos artigos

no interior das linhas de produção. Do mesmo modo, robôs vêm cada

vez mais substituindo o trabalho humano. Assim, meus amigos, é

importante analisar esse processo de transformações técnicas e

culturais que ocorreu paralelo ao desenvolvimento econômico e

industrial.

E por que preciso falar aqui de aspectos culturais? Porque é

importante sabermos que o processo de desenvolvimento tem

implicações muito mais amplas que a economia, a fim de que

possamos compreender a causa das indústrias estarem localizadas

onde estão.

Bem, desde o início da globalização, a mídia no Brasil vem

trabalhando com padrões estéticos importados, sobretudo dos EUA,

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como instrumento daquilo que alguns estudiosos chamam de

“colonização cultural”. Publicidades de cigarros, bebidas, carros e

moda estimulam o consumismo e reforçam uma dependência

econômica. Mas tudo bem, não vamos perder muito tempo falando

dessa colonização cultural. O importante é sabermos que ela existe e

que a atividade industrial, em qualquer parte do mundo, está

diretamente ligada aos padrões estéticos e econômicos do

consumidor.

Ao mesmo tempo em que o crescimento dos mercados

estimulou o crescimento e a diversificação do processo industrial, ele

também intensificou o processo de diversificação na divisão social e

territorial do trabalho.

Novos papéis foram sendo inventados no interior das

fábricas, especializações profissionais cresceram em número e

qualidade, o proletariado se tornou mais complexo e passou a

consumir mais e engrossar o mercado que era exclusivo da classe

media e alta da sociedade. Assim, firmou-se no mundo capitalista,

uma nova divisão de trabalho, em que o Estado passa a intermediar

seus próprios interesses com os interesses da sociedade e das

empresas privadas, para planejar a exploração do mercado. Nessa

nova divisão, há uma tendência em concentrar as empresas junto aos

grandes centros de consumo, como o ABC paulista, que fica bem

próximo a um dos maiores centros financeiros do mundo.

Se tivesse que definir qual a principal determinante para

expansão dessa industrialização, seria de extrema relevância falar da

revolução tecnológica dos últimos anos. O progresso das técnicas e

do conhecimento, que compõem o mundo contemporâneo, instituiu

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as bases dessa nova ordem mundial, incluindo formas de agir e

pensar. As nações que controlam essa evolução são capazes de

constituir fronteiras políticas, econômicas e culturais tanto na divisão

das fronteiras entre os países como no interior dos mesmos. E como

isso é possível?

Um bom exemplo para compreendermos tudo isso seria

pensarmos no Brasil. A defasagem entre o Brasil e os países

estrangeiros no que se refere ao desenvolvimento tecnológico nos

induz a pensar que quando as multinacionais se instalam aqui elas

trazem consigo toda uma bagagem de conhecimentos e estratégias

modernas de produção, certo? Errado! Ao penetrarem no mercado

brasileiro, elas acabam se apropriando do desenvolvimento que a

tecnologia nacional vinha produzindo a “passos de tartaruga”.

Antes das grandes empresas internacionais chegarem ao

Brasil, as pequenas indústrias (aquelas de “fundo de quintal”) já

vinham apresentando um significativo desenvolvimento técnico para

a realidade da época. Um exemplo são as indústrias de peças para

automóveis importados e as fábricas têxteis, que escolhiam

seletivamente as regiões aonde esse processo vinha acontecendo

para implantar seus estabelecimentos.

A preferência acabou sendo pelo Sudeste brasileiro, tendo

em vista as melhores estruturas em relação às demais regiões do

Brasil. Aí vocês podem se questionar: mas se houveram tantos

avanços tecnológicos em todas as áreas possíveis, porque as

empresas continuavam se instalando próximo aos grandes centros? É

verdade que o desenvolvimento dos meios de comunicação,

indústrias químicas e eletrônicas, o aparecimento dos caminhões de

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grande porte e contêineres favoreceram muito a dispersão geográfica

das indústrias sem qualquer prejuízo ao poder de controle das

matrizes sobre suas filiais. Com o avanço das comunicações, a

qualquer momento, a matriz pode acompanhar possíveis problemas

administrativos ou políticos, podendo tomar qualquer tipo de decisão

administrativa – ainda que isso afete diretamente o país onde ela

está instalada.

Nesse sentido, é comum encontrarmos estudiosos que falam

sobre uma “colonização” cultural dos países de origem das empresas

sobre os outros que necessitam economicamente que as indústrias

permaneçam produzindo em seu território.

Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico que as

multinacionais têm acesso, elas preferem se utilizar de territórios

onde haja um sólido mercado de bens e serviços para viabilizar sua

produção. Como assim? Energia, transportes, serviços bancários,

mão-de-obra, tudo isso é fundamental para o perfeito funcionamento

das empresas e desencadeia um círculo de desenvolvimento. Os

empreendimentos se instalam em locais onde não se precisa investir

em infra-estrutura ou serviços como os que mencionei. Isso acaba

atraindo e impulsionando o mercado de bens e de serviços, que

migram para onde há indústrias, e assim por diante.

O Sudeste brasileiro, na época da implantação dos grandes

empreendimentos estrangeiros, apresentava economias externas

muito desenvolvidas, frutos das atividades empresariais nacionais.

São chamadas economias externas justamente os serviços externos a

indústrias, mas também essenciais para o escoamento e bom

funcionamento da produção - energia, transporte etc. Ou seja, o

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simples fato de ter essa economia externa desenvolvida já fazia da

região uma garantia de sucesso dos novos empreendimentos

Porém, não podemos nos esquecer que grande parte dessa

economia externa - centrais hidrelétricas, usinas siderúrgicas,

estradas, qualificação de mão-de-obra, etc. - foram custeadas com

investimentos do Estado Brasileiro. E é por isso que o governo do

Brasil vem ampliando seus investimentos em áreas menos

industrializadas do país - como as regiões Norte e Nordeste.

Quando foi lançado o PAC – Programa de Aceleração do

Crescimento, no governo Lula, uma das metas propostas era investir

no Estado de Pernambuco. Considerado um dos principais pólos

econômicos do Nordeste, seriam destinados R$60,4 bilhões para

serem divididos entre os setores de logística, energia e infra-

estrutura urbana e social. Dei apenas o exemplo de Pernambuco para

não ficar nos atendo aqui a números. Todavia, é importante

sabermos que investimentos governamentais têm sido feitos em

diferentes regiões do Brasil, como forma de “correr atrás do prejuízo”

acumulado pelo seu subdesenvolvimento tecnológico.

Apesar dos avanços conseguidos nas diversas áreas do

conhecimento, ainda estamos muito longe de possuir o domínio da

tecnologia da informática e comunicação por satélite. O sistema

rodoviário cresceu muito, mas o ferroviário está em péssimas

condições de funcionamento e, apesar de termos centrais

hidrelétricas, não temos controle da energia nuclear. E o que eu

quero dizer com isso tudo?

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Quero que entendam o seguinte: apesar das mudanças

sistemáticas que vem ocorrendo em nosso país, ainda existem muitos

entraves que precisam ser superados. Para isso, o governo teria que

viabilizar a assimilação de novas tecnologias pela empresas

brasileiras e não simplesmente preparar equipes técnicas para gerar

nova tecnologia. Tudo isso porque a conquista das novas tecnologias

é uma condição fundamental para o desenvolvimento econômico e

social.

Muito ainda está por ser feito, apesar de tanto já termos

caminhado, e por isso podemos afirmar que a configuração do

território brasileiro sofreu e continua sofrendo transformações ao

longo dos anos

Vamos ler a questão a seguir e perceber como esse assunto

é avaliado em provas para perceberem por que estou batendo tanto

nessa mesma tecla!

11 (CESPE/ABIN-2004) Nos últimos anos, constatou-

se um processo de mudança no desenho regional brasileiro,

em que a se nota uma certa desconcentração das atividades

econômicas depois de intensa concentração em São Paulo.

Com relação a esse tema julgue os itens que seguem.

A) A maior diversidade das estruturas produtivas regionais e o

esforço de certas especializações em determinadas áreas do país são

características desse processo de desconcentração espacial.

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B) Entre os fatores determinantes da desconcentração econômica

está o deslocamento da fronteira mineral.

C) O processo de desconcentração identificado é seletivo, pois o

Nordeste do país é ainda uma região fora do alcance desse processo.

D) O processo de industrialização vivido pelo país, ao promover

maior integração do território, minimizou as disparidades entre as

regiões brasileiras, originarias da política agroexportadora herdada do

passado.

Comentários

A - Essa questão aborda exatamente o que comentei acima, não

é? As novidades tecnológicas, a abertura comercial, a fundação de

blocos econômicos como o MERCOSUL e a estabilidade monetária

determinaram uma reestruturação produtiva das indústrias. Essas

mudanças suscitaram uma trajetória de desconcentração regional,

com as indústrias instalando-se em outros lugares que não apenas

as regiões mais tradicionais. É claro que essa desconcentração só

pode ocorrer devido a investimentos governamentais no que

chamamos de economia externa da região. Portanto está correta.

B - A descoberta de novas jazidas minerais nos últimos dez anos

no Brasil foi uma das principais responsáveis pelo deslocamento

industrial para áreas do país esquecidas em outros momentos. O

consumo de minerais nas indústrias do país fez dobrar as

descobertas de jazidas em território brasileiro. Em 2007, os preços

dos principais metais dispararam e a economia brasileira acendeu

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com bastante vigor. Um dos responsáveis por este aumento da

demanda por minerais é o Programa de Aceleração do Crescimento

(PAC), que aumentou a demanda por materiais de construção.

Isso levou o diretor geral do Departamento Nacional de Produção

Mineral (DNPM), Miguel Nery, em entrevista exclusiva à Gazeta

Mercantil a declarar que: “Estamos vivendo um momento ímpar

para a mineração no cenário mundial. Na década passada,

enfrentamos baixos preços e falta de investimentos.” Portanto a

questão está correta.

C - Depois de tudo que lemos sobre investimentos em áreas

anteriormente esquecidas, sabemos, logo de cara, que essa

questão esta errada, não é? Ora, o que vemos é exatamente o

contrário. Nos últimos anos, sobretudo devido ao PAC, houve uma

inversão de capitais para outras regiões do país, que ofereciam

uma série de facilidades para a instalação de indústrias. Essas

áreas fogem à tríade formada pelos estados de Minas Gerais, Rio

de janeiro e São Paulo e passam a contemplar regiões como Norte

e Nordeste.

D - Essa questão está errada, pois, se por um lado o processo

de industrialização vivido pelo país promoveu alguma integração

do território nacional, por outro lado não houve minimização das

disparidades entre as regiões brasileiras. Além disso, a política

agroexportadora que existia, por exemplo, no Nordeste, como o

cultivo da cana de açúcar, foi substituída por outras com produtos

de maior valor no mercado como o álcool.

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3 - A ação do Estado na economia e políticas contemporâneas.

Ao ler este título alguns de vocês podem estar pensando:

mas depois da expansão do neoliberalismo pelo mundo, inclusive no

Brasil, o Estado ainda pode ter ação na economia? O Consenso de

Washington não propunha medidas que visavam extirpar a

participação do Estado em todos os setores econômicos? É uma

questão interessante para pensarmos!

Em primeiro lugar, não podemos tratar as coisa de forma

homogênea, pois, definitivamente, elas não são! Nos países mais

desenvolvidos, até conseguimos encontrar uma menor participação

do Estado na Economia, o que não significa que ele se isente de

interferências. Um exemplo disso são os constantes subsídios

fornecidos pelo governo dos EUA aos agricultores que cultivam

algodão. Uma vez que esse auxílio interfere diretamente nos preço

final do produto, ele acaba prejudicando as relações e acordos

comerciais, como no caso Brasil/ Estados Unidos.

Em dezembro de 2009, o Brasil foi autorizado pela

OMC a aplicar retaliações comerciais em US$ 830 milhões

contra os Estados Unidos justamente por causa dos subsídios

americanos à produção de algodão. Parte dessa retaliação já

está sendo aplicada na forma de aumento do imposto de

importação incidente sobre alguns bens originários dos EUA.

Outra parte da retaliação deverá recair sobre direitos de

propriedade intelectual.

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Pois bem, se em países desenvolvidos o Estado ainda

interfere na economia a ponto de gerar uma controvérsia

internacional, como será esse apoio no Brasil?

Tanto aqui quanto na grande maioria dos países

subdesenvolvidos, o Estado é o grande aliado dessa etapa

contemporânea da economia, pois auxilia a modernização tecnológica

em vários sentidos. O apoio estatal oferecido assume diferentes

aspectos e formas de país para país, oscilando entre um apoio mais

aberto, como no caso do governo americano com seus agricultores, e

entre formas mais sutis, como no caso do Brasil.

Pelas bandas de cá, entre as principais formas de apoio ao

surgimento e incremento de um ciclo econômico moderno estão

desde a assistência conferida aos monopólios até os subsídios à

produção e à exportação de produtos.

Deste modo, pessoal, quando o governo se propõe a

construir infra-estruturas caras, como a construção do Porto de

Suape, no Estado de Pernambuco, ele está indiretamente

contribuindo para a afirmação das grandes empresas em

determinados lugares. Mas como? Com a construção do porto,

grandes empresas migram para cidades mais próximas devido à

facilidade de escoamento de sua produção e recebimento de matérias

primas necessárias ao seu funcionamento. Mas não acaba aí!

Ao arquitetar uma infra-estrutura desse porte, o governo

conseguiu atrair grandes empresas, certo? Mas do que esses grandes

empreendimentos precisam para funcionar? Além de matéria prima,

eles precisam também de mão-de-obra qualificada! Assim, o governo

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carece de investimentos na formação profissional. Como se pode

perceber, a criação de infra-estrutura é uma maneira de financiar

indiretamente a implantação de indústrias em determinado local.

Mas, pessoal, estejamos atentos às infra-estruturas que são

indispensáveis à modernização de qualquer Estado. É importante que

saibamos distinguí-las das que têm o objetivo deliberado de atrair

investimentos – ainda que ambas promovam mais ou menos o

mesmo resultado: atrair indústrias.

Outra forma do Estado agir na economia é por intermédio

de investimentos. Nesse caso, o governo participa das empresas

privadas ou da criação de indústrias de base nacionais, sempre com

capital público. Ao optar por esse investimento, o Estado beneficia

indústrias leves privadas, as quais conseguem uma significativa

redução nos seus custos de operação. Além disso, ele pode optar por

subsidiar a produção e a exportação, ou mesmo firmar acordos com

as empresas dominantes da economia e elaborar legislações fiscais

discriminatórias, leis de investimentos etc.

Tudo isso reduz a capacidade de investimento dos Estados

nacionais nos setores que interessam diretamente à população. Ou

seja, ao optar pelo apoio aos monopólios e corporações, o Estado

acaba deixando de lado outros investimentos que seriam importantes

para a qualidade de vida da população, em especial das camadas

mais desfavorecidas.

Paralelo a todas essas iniciativas, o Estado também interfere

na dinâmica interna ao buscar novas parcerias para sua inserção na

economia mundial, como o MERCOSUL. Porém, não vamos nos

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prender a isso agora, pois em aulas posteriores analisaremos

detidamente as alianças que o Brasil tem feito na America Latina e

pelo mundo afora.

4 - As conseqüências da transformação do espaço socialista.

Em novembro de 2009, o mundo comemorou o aniversário

de 20 anos da queda do muro de Berlim, vocês se lembram?

Pois é, pessoal, há quase vinte e quatro anos, quando o

muro veio abaixo, era claro e notório o descontentamento popular

dentro dos países onde reinava o modelo socialista. Esse sentimento

tinha como origem principal as inúmeras propagandas que o bloco

capitalista fazia de si mesmo como um sistema quase perfeito, com

liberdade e boas condições de vida para todos. E por que estou

falando desse tal muro agora? Porque a sua queda é o grande

símbolo do início das mudanças no espaço socialista.

Se, outrora, o muro “escondia” as belezas e

monstruosidades do mundo capitalista, após sua queda os habitantes

do outro lado puderam conhecer de perto as inúmeras mudanças

pelas quais o mundo havia passado nas duas últimas décadas em que

o muro os isolava.

Assim, em 9 de novembro de 1989, o mundo abandonou a

polarização que viveu durante a guerra fria, entre comunismo e

capitalismo, e adentrou numa nova fase, em que o sistema capitalista

era o grande vitorioso.

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Porém, pessoal, uma vez em contato com os “mistérios” do

mundo capitalista, muitas pessoas que acreditavam ser possível

usufruir apenas do lado bom desse sistema ou o enxergavam como

um modelo de sistema equilibrado, começaram, em pouco tempo, a

sentir os problemas do desemprego, do desequilíbrio social e da

frustração profissional. Com o declínio do stalinismo na ex-URSS

houve uma deterioração das condições de vida da grande maioria da

população. Do dia para a noite, a economia socialista, que antes era

conduzida e protegida de forma quase paternalista pelo Estado, foi

colocada diante das turbulências do mercado.

Essa exposição teve como principal consequência uma forte

instabilidade nas áreas da educação, saúde, habitação e

principalmente, emprego. Além disso, todas as transformações que

ocorreram no Leste europeu fizeram com que o mapa político desse

continente fosse modificado em decorrência do nascimento de um

grande número de novos Estados nacionais

Assim, a desintegração da URSS e o fim da política de

bipolaridade trouxeram profundas mudanças econômicas para

aqueles países que haviam optado por uma economia planificada.

Com a reunificação da Alemanha, novos paradigmas foram firmados e

a mundialização da economia capitalista levou também ao Leste

europeu integração pela interdependência e uma relativa

uniformização das condições de existência das sociedades humanas.

Como assim? Empresas multinacionais foram para o centro da

produção material daqueles países, houve uma mudança na estrutura

de produção, distribuição e consumo dos bens e serviços.

Vejamos a seguir uma questão de prova:

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12 (CESPE/ABIN-2004) Com a decomposição da URSS

verificou-se o recrudescimento de nacionalismos e o

desencadeamento de conflitos étnicos, que impedem a

participação de seus ex-integrantes em organizações de

cooperação para o incremento do comércio externo.

Comentários

A primeira parte da questão traz uma importante pauta de

discussão para pensarmos as conseqüências das transformações no

espaço socialista para o mundo, que é o recrudescimento dos

nacionalismos e conflitos étnicos. Essa parte da questão está correta,

pois a queda do muro de Berlim também representou mudanças ruins

para o planeta, dando margem ao surgimento de redes globais de

terrorismo, recrudescimento de nacionalismos e de conflitos étnicos.

Entretanto, quando a questão afirma que os movimentos

nacionalistas e os conflitos étnicos impedem a participação desses

países em organizações de cooperação para o incremento do

comércio externo, ela se torna errada. Isso porque mais de vinte

anos após o fim da separação entre as duas Alemanhas, nós

podemos afirmar com toda certeza que o mundo avançou muito nas

áreas política, econômica, social e tecnológica e que, apesar dos

conflitos separatistas, como na Chechênia, os países ex-integrantes

da URSS nunca foram impedidos de negociar com qualquer um dos

blocos econômicos mundiais.

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E por que estou falando tanto da queda do muro de Berlim?

Por que é importante tratarmos desse assunto? Porque todos os

acontecimentos do mundo, durante a Guerra Fria (inclusive nos

países subdesenvolvidos como o Brasil), podem ser vistos como

reflexo da disputa que havia entre capitalismo e comunismo.

Portanto, pessoal, é quase impossível entendermos qualquer

desenrolar de fatos nesse período, em qualquer parte do mundo, sem

analisarmos o confronto que existia entre EUA e URSS. Portanto, a

questão está errada.

5 - Movimentos migratórios internacionais e crescimento

demográfico

O movimento migratório pode ser classificado de várias

maneiras podendo ser inter-regionais, rurais - urbanos e

interurbanos. Para ficar mais claro: as migrações podem acontecer

tanto dentro de um mesmo país, quanto entre países diferentes.

Paralelo a isso, as migrações podem ser entendidas como um dos

principais termômetros da desigualdade sócio-econômica no mundo.

Quando falamos do Brasil da década de 50 e 60, toquei,

sutilmente, na questão da migração inter-regional, ao falar dos

deslocamentos de nordestinos rumo ao Sudeste, até então único pólo

industrial do país. Pois bem, ainda não é agora que nos deteremos

sobre a migração no Brasil, mas não se preocupem, pois ela será

trabalhada em outra aula.

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A migração internacional foi acelerada nas últimas décadas

devido à globalização, que se propunha a integrar as regiões.

Atualmente há cerca de 125 milhões de imigrantes em todo o mundo,

sendo que 80 milhões são considerados imigrantes "recentes". Vamos

entender a diferença!

São considerados imigrantes todos aqueles que saem de seu

país de origem rumo a outro. Essa atitude geralmente é movida pela

busca de uma vida melhor, menos violenta ou mais abundante de

recursos. Com as guerras, o número de imigrantes pelo mundo era

bastante significativo, pois as pessoas estavam fugindo da guerra e

de todas as tragédias e misérias humanas que uma guerra traz.

Porém, quando falei de imigrantes “recentes” estava me referindo a

pessoas que migram pelos motivos que a contemporaneidade lhes

impõe e não devido às guerras – ainda que o objetivo seja

exatamente o mesmo: a busca por uma vida melhor!

O número cada vez maior de homens, mulheres e crianças

que imigram vem causando um grave impacto mundial, pois atinge

por um lado aos países abandonados e, por outro, aos países ao qual

se destinam. Apesar da gravidade e crescimento do problema, as

autoridades continuam se recusando a tratar da situação com a

seriedade que ela merece.

Em meio à formação de blocos econômicos e negociações de

novos acordos comerciais, o debate sobre imigração tem sido jogado

para debaixo do tapete – o que acaba legitimando a crescente onda

de violência contra imigrantes. A crise econômica internacional,

iniciada em fins de 2008, foi um elemento a mais de tensão contra

imigrantes, sobretudo aqueles que vivem na Europa. As regiões mais

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afetadas pela crise, como Espanha e Irlanda, há alguns anos

registram um significativo aumento das hostilidades entre imigrantes

e trabalhadores locais. Inconformados com a concorrência de mão-

de-obra estrangeira, geralmente bem mais baratas do que as locais,

a crise acabou evidenciando dissidências perigosas que culminaram

em selvageria.

Nesse sentido, notamos um considerável aumento da

Xenofobia, principalmente, na União Européia. As acusações de

violência racial aumentaram ao menos em 8 países do bloco desde os

atentados do dia 11 de Setembro. A verificação foi feita por juntas

de Direitos Humanos que, analisando 11 países, encontraram 18 mil

casos de agressão contra imigrantes na Alemanha. Esses dados,

além de nos assustar, mostram que a migração internacional se

transformou num sério problema, que merece a atenção de todos

nós.

É mister que compreendamos, hoje, como a migração

ocorre no cenário mundial para nas próximas aulas trazermos o tema

para o Brasil. Apesar de imigração não ser um assunto difícil, ele

parece ter caído nas graças dos examinadores nos últimos concursos

e temos bastante questões para irmos estudando o assunto em cima

delas. Portanto, mãos à obra!

(CESPE/ABIN-2008) As migrações internacionais ocupam

parte importante das diplomacias e dos serviços de defesa do

Estado e dos cidadãos comuns que atravessam fronteiras

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diariamente, em todo o mundo. A respeito desse tema, julgue

os itens seguintes(13 ao 17).

13 A criminalização crescente das migrações econômicas e

sociais denota que o direito de ir e vir da pessoa faz-se

subalterno ao privilégio universal da livre circulação dos

capitais.

Comentários

Essa questão traz à tona um importante conhecimento

sobre a separação existente entre a integração de capitais e o

intercâmbio de pessoas. Como todos nós sabemos, há uma grande

expectativa da população de alguns países com relação à qualidade

de vida que poderiam ter em outros. Esse sentimento de que o

jardim do vizinho é sempre mais verde que o nosso (e, muitas vezes,

é mesmo!) vem aumentando consideravelmente a movimentação de

pessoas rumo aos países mais desenvolvidos ou com melhores

condições de trabalho. O grande problema é que essa imigração, que

muitas vezes ocorre clandestinamente, tem incomodado

intensamente os moradores dos países de destino, que se sentem

ameaçados pela concorrência de mão-de-obra. Esse incômodo

popular vem se refletindo nas recentes leis criadas com o intuito de

criminalizar a imigração.

Em maio de 2009, o Parlamento da Itália aprovou um

polêmico projeto de lei que criminaliza a imigração ilegal no país. A

legislação, aprovada em junho pelo Senado, transformou em crime a

entrada irregular em território italiano, prevendo rigorosas medidas

repressivas. Dentre as principais medidas, posso destacar o

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estabelecimento de prisão para pessoas que abriguem imigrantes

ilegais e o aumento no tempo de detenção provisória dos

clandestinos antes da deportação.

Essa lei permite ainda que cidadãos comuns formem

patrulhas para verificar a existência de imigrantes ilegais no país.

Apesar de estar desarmada, a patrulha exerce uma função

investigativa, ou seja, essa lei estimula uma espécie de “caça às

bruxas”, aumentando o xenofobismo na Itália. Um exemplo disso é

que, depois da aprovação dessa lei, alguns cidadãos, pertencentes à

extrema-direita, criaram um grupo que chamam de “Guarda Nacional

Italiana” cujos uniformes são enfeitados com símbolos fascistas e

nazistas.

É pessoal, por tudo isso podemos dizer que a questão está

certa!

14 - Legislações draconianas, como as que vêm sendo

adotadas pela União Européia, expõem, por um lado, a noção

de que a função histórica da grande imigração de africanos e

asiáticos para o trabalho nas indústrias européias do pós-

guerra perdeu função histórica e, por outro, que a

reciprocidade internacional em relação à América Latina,

formada em parte por imensas levas de desterrados europeus,

perdeu valor de direito internacional ante o realismo político

dos interesses nacionais e comunitários europeus.

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Comentários

O ideal para analisarmos essa questão é dividí-la ao meio

para podermos ter uma compreensão total das informações ali

contidas. Uma vez feito isso, vamos aos conceitos intrínsecos ao

texto. Para quem não sabe, são chamadas de leis draconianas

aquelas consideradas extremamente severas, como as que vêm

sendo adotadas pela UE. Na questão acima, dei o exemplo da Itália,

mas esse país não é uma exceção.

No segundo semestre de 2008, foi aprovada uma diretriz

que pretendia harmonizar as regras dos países europeus para a

repatriação de imigrantes ilegais, e em 2010, essa diretriz foi

transformada em lei. As novas regras integram um processo de

organização e endurecimento da política migratória em toda União

Européia.

Essa retaliação aos imigrantes é um forte sinal de que a

imigração, outrora considerada essencial para o trabalho nas

indústrias européias do pós-guerra, perdeu função histórica. Se em

tempos de guerra e fome na Europa sua população teve como destino

principal países da América Latina, o direito à recíproca perdeu seu

valor com as novas leis. Portanto, essa questão também está

correta.

15 As migrações internacionais, amenizadas no continente

africano diante do fim do ciclo belicoso interno das últimas

décadas do século XX, deixou de ser um tema relevante das

relações interestatais afro-europeias.

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Comentários

Ora, pessoal, depois de tudo o que escrevi até aqui sobre a

polêmica de novas leis de imigração, espero que seja de fácil

entendimento que as migrações internacionais nunca foram um

assunto tão relevante nas relações interestatais como atualmente.

Portanto, essa questão esta errada.

16 O Brasil, país marcado, no fim do século XIX e início do

século XX, pelas imigrações européias e asiáticas, fator

importante para a formação do Brasil contemporâneo, mudou

seu padrão migratório ao ter-se tornado também país de

emigrantes.

Comentários

A imigração no Brasil é bem antiga do que o século XIX

citado na questão, pois foi uma das principais medidas colonizadoras

da região. Todavia, no período citado, o nosso país foi marcado pelas

imigrações européias e asiáticas sim. Mas qual foi a causa disso?

Com o fim da escravidão, em 1888, o trabalho livre ganhou

significativa repercussão social e a imigração cresceu notavelmente,

sobretudo rumo ao Sul do país, onde a lavoura cafeeira se baseava

no trabalho escravo. Para termos uma idéia do quanto a abolição

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influenciou no aumento da imigração no Brasil, somente nos dez anos

subseqüentes a esse acontecimento adentraram o Brasil mais de 1,4

milhão de imigrantes, que vinham na esperança de uma vida melhor.

Já no século XX, outros fatores estimularam a imigração e

aumentaram a diversificação de nacionalidades dessas correntes

migratórias, que passaram a contemplar europeus e asiáticos. Assim,

as duas guerras mundiais e todas as misérias materiais que elas

impuseram aos habitantes dos locais por elas afetados, foi o principal

impulsionador da imigração pra o Brasil. Além disso, a lenta

recuperação européia no pós-guerra e a crise no Japão contribuíram,

significativamente, para que os japoneses formassem a quarta

colônia de imigrantes do Brasil, ainda em 1950.

Apesar de desde o seu descobrimento o Brasil ter sido um

receptor de imigrantes, nos últimos anos ele tem sido fornecedor de

pelo menos 1% de sua população, donde 70 % se encontram nos

EUA. Portanto, a questão esta correta!

17 A migração forçada ou enganosa, muitas vezes em forma

de tráfico de pessoas, ainda que seja um tema de impacto

internacional, possui modesta implicação na segurança dos

Estados nacionais neste início de século.

Comentários

As migrações forçadas ou enganosas têm diversas

manifestações e causas. Por esse motivo é fundamental que a

sociedade, as organizações internacionais e os governos se detenham

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sobre episódios tão comuns como os deslocamentos humanos atuais.

Este tipo de migração acontece, principalmente, por falhas

estruturais, políticas econômicas equivocadas, desordem política,

fome e miséria. Pode ser encaixado na migração forçada o caso de

europeus e asiáticos que para se refugiar da guerra migraram para o

Brasil. Também pode ser considerada migração forçada a saída de

pessoas de um território em razão de graves violações de direitos

humanos.

Mas como temos lido até agora, esse é um assunto de pauta

em todos os países mais desenvolvidos do mundo, os quais são os

principais destinos dos imigrantes. Imigração hoje está atrelada à

segurança dos Estados nacionais e por isso a questão está errada.

(IRB-2008) - As migrações aparecem como característica

permanente da espécie humana. Max Sorre afirma que a

mobilidade é a lei que rege todos os grupos humanos,

portanto, o estudo da circulação ocupa lugar importante na

Geografia Humana. Nele está inserida a discussão das raças e

a das miscigenações, levando à definição das etnias. A.

Damiani. População e Geografia. São Paulo: Contexto, 2006, p.

51 (com adaptações).

Considerando o texto acima, julgue (C ou E) os itens

seguintes(18-19-20-21).

18 - A abertura de fronteiras à entrada de migrantes é uma

realidade em determinados países desenvolvidos, dada a

carência de mão-de-obra em setores das atividades

econômicas.

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Comentários

Apesar de todas as medidas que criminaliza a imigração

ilegal na Europa, a verdade é que alguns países europeus precisam

dos imigrantes para realização de determinadas atividades. A taxa de

natalidade da União Européia vem caindo ano a ano e, muito em

breve, esses países terão de rever suas posturas em relação aos

imigrantes, pois vão precisar deles! De 1998 para 1999, por exemplo,

houve uma queda de 0,5% no número de nascimentos na UE, que

somado ao envelhecimento da população, deixará a Europa com um

contingente bastante reduzido de mão-de-obra.

Em março de 2005, a UE recomendou a Portugal que

aumentasse sua imigração, pois a taxa de natalidade nesse país

baixou para metade em quarenta anos. Desta forma, o relatório da

Comissão Européia recomendou que "serão necessários maiores

fluxos de migrações para satisfazer as necessidades de

trabalho e salvaguardar a prosperidade européia". Ou seja, a

imigração em algumas regiões da Europa tornou-se "vital" para

garantir o crescimento populacional.

Apesar de outros países ainda estabelecerem muitas

restrições, e até criminalizarem a imigração ilegal, há exemplos onde

ela não só é permitida, como também é necessária. Nesse sentido,

alguns países, como a Itália, possuem uma legislação que admite a

entrada de um número fixo de trabalhadores por ano, justamente

para suprir a carência de mão-de-obra existente.

Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU),

publicado em 2009, mostra que a Itália precisará receber, até 2025,

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300 mil estrangeiros por ano e a Alemanha, 500 mil. Essas

estatísticas indicam que, mesmo contra a vontade, os países

europeus terão, num futuro próximo, que alargar ainda mais suas

portas de entrada para os imigrantes.

Portanto, pessoal, a questão está correta.

19 - A quantidade de fluxos migratórios vem diminuindo no

contexto de mercado de trabalho globalizado, uma vez que a

facilidade atual de circulação de mercadorias substitui a

necessidade de movimentação dos trabalhadores.

Comentários

Bem pessoal, depois de tantas leituras sobre a globalização

e suas consequências, uma certeza que nós temos é que ocorre

exatamente o contrário do que a questão afirma, não é mesmo?

Ao contrário do que a lógica capitalista nos levava a pensar,

a globalização não tornou os movimentos migratórios menos

intensos, muito pelo contrário. Com o aumento da desigualdade e da

concentração de riquezas em apenas alguns países, o fluxo de

pessoas em direção a eles, buscando uma melhor qualidade de vida,

aumenta na proporção da disparidade social. Portanto, essa

questão está errada.

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20 - Com a miscigenação e o multiculturalismo — atualmente

presentes em diversos países, as diferenças étnicas deixaram

de ser causa para migração e conflitos sociais.

Comentários

Que a miscigenação e o multiculturalismo estão presentes

em diversos países do mundo, todos nós sabemos e ratificamos.

Entretanto, a diferença étnica continua sendo uma das principais

causas de migração e, sobretudo, de conflitos sociais!

No dia 07 de março de 2010, a opinião pública mundial se

chocou com a crueldade do massacre étnico ocorrido na Nigéria.

Nesse conflito entre nômades islâmicos e aldeões cristãos perto da

cidade nigeriana de Jos, a diferença étnico-religiosa foi a grande

responsável pela tortura e morte de mais de 100 pessoas.

Infelizmente, essa não é a primeira vez que isso acontece.

Em janeiro, também de 2010, mais de 200 pessoas já tinham sido

mortas durante confrontos na mesma cidade, que fica na divisa entre

o norte, de maioria muçulmana, e o sul do país, de maioria cristã.

Devido a esses conflitos, milhares de pessoas tiveram de deixar a

região e migrar em busca de maior tolerância. Portanto a questão

está errada.

21 - O Brasil apresenta tanto a saída de população como a

entrada de migrantes estrangeiros em busca de emprego e

melhor nível de qualidade de vida.

Comentários Apesar de atualmente o Brasil ser um País

com mais gente emigrando do que imigrando, ou seja, mais gente

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indo do que vindo, ele continua atraindo estrangeiros. Se na primeira

metade do século XX os imigrantes vinham, em sua maioria, da

Europa e da Ásia, hoje os fluxos de imigração mais intensos são

oriundos de países da própria América Latina. Nesta corrente, estão,

principalmente, peruanos, bolivianos, paraguaios e colombianos.

Portanto a questão está correta.

____________________X______________________

Resumo

1- Para que fosse possível o Brasil se integrar ao processo

de internacionalização da economia, a modernização da estrutura

industrial brasileira foi imprescindível.

Dois presidentes contribuíram sobremaneira para esse

processo: Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Getúlio, com sua

modernização conservadora, criou as bases para a expansão

industrial que JK traria ao país durante seu governo, à custa de muito

capital estrangeiro.

2 - A divisão inter-regional do trabalho e da produção,

apesar de todo o desenvolvimento tecnológico, continua priorizando

os territórios onde haja um sólido mercado de bens e serviços para

viabilizar sua produção.

Novos papéis foram sendo criados no interior das fábricas e

especializações profissionais cresceram em número e qualidade.

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3 - Principalmente nos países subdesenvolvidos, o Estado é

o grande aliado da economia contemporânea, pois auxilia a

modernização tecnológica em vários sentidos.

O Estado atua hoje como colaborador do desenvolvimento

da economia externa para fornecer as bases da expansão industrial.

4 - Com as transformações no espaço socialista, as

empresas multinacionais foram para o centro da produção material

daqueles países, trazendo inúmeras mudanças tanto nas relações

sociais, quanto na estrutura de produção, distribuição e consumo dos

bens e serviços.

5 - A globalização acelerou nas ultimas décadas os

movimentos migratórios internacionais, que podem ser entendidos

como um dos principais termômetros da desigualdade sócio-

econômica no mundo

Apesar de muitos países precisarem da mão-de-obra

imigrante, as leis contra imigração ilegal têm se enrijecido cada vez

mais na Europa.

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Bibliografia

Artigos disponíveis em < http://www.sep.org.br/artigo >

Acessado em 18/03/2010

ROSS, Jurandir Sanches (org). GEOGRAFIA DO BRASIL. -

6ª- edição - São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.

GREGORY, Derek, et alli. Geografia Humana. Sociedade,

Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

SANTOS, Milton. Por uma Geografia nova. São Paulo:

Editora da Universidade de São Paulo, 2008.

_____________. O Espaço dividido: os dois circuitos da

Economia urbana dos países subdesenvolvidos. São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo, 2008.

SILVEIRA, Maria Laura (org.). Continente em Chamas.

Globalização e território na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 2005.

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Lista de Exercícios

(CESPE/DPF-2002) No Brasil, a discussão em torno do

conceito de globalização levou o presidente da República a abordar

esse tema na abertura da sessão da Assembléia Geral das Nações

Unidas, em novembro de 2001.

Com o auxílio do texto I, julgue os itens que se seguem, a

respeito do lugar do Brasil e da América Latina na globalização.

1 ( ) Embora um forte setor governamental no Brasil, o

econômico-financeiro, tenha defendido o conceito de globalização

benéfica, setores adjacentes não acreditaram no automatismo da

equação que associa liberalização e privatizações às necessidades do

desenvolvimento econômico e social da nação.

2 ( ) A ética e a cidadania, idéias fortes na conformação de

uma sociedade moderna e civilizada, ocuparam o papel central na

definição das políticas públicas de inserção internacional da América

Latina na década de 90 do século passado.

3 ( ) Apesar de a força do liberalismo que se irradiou na

América Latina nos anos 90 do século XX ter chegado ao Brasil, este

manteve seu padrão de racionalidade e continuidade dos últimos

sessenta anos, sob a égide do nacional-desenvolvimentismo de

matriz estatal.

4 ( ) A atual crise pela qual passa a Argentina, apesar de

ter caráter exclusivamente econômico, em nada pode ser associada

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ao tema tratado no texto I, pois, nesse país, a estabilidade da moeda

foi conseguida de forma natural, considerando-se apenas o real

equilíbrio entre suas exportações e importações

5 (CESPE/ABIN-2004) Vargas comandou o processo de modernização

do Brasil, inserindo-o na contemporaneidade que o século XX

exprimia. Do ponto de vista econômico, verificou-se o estímulo à

industrialização, com o Estado assumindo papel relevante na

montagem da infra-estrutura de que o país carecia.

6 (CESPE/ABIN-2004) Companhia Siderúrgica Nacional (Volta

Redonda), Fábrica Nacional de Motores e Companhia Vale do Rio

Doce são símbolos da arrancada industrial brasileira que a Era Vargas

patrocinou

7 (CESPE/ABIN-2004) A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe

resultados econômicos positivos para o Brasil. A cessão de bases

militares no Nordeste e a entrada no conflito, ao lado dos aliados,

permitiram a negociação vantajosa para a obtenção de empréstimos

norte-americanos para o financiamento da indústria de base

brasileira.

8 [Adaptada (CESPE/ABIN- 2004)] A popularidade de JK decorreu de

sua política desenvolvimentista de fundo radicalmente nacionalista, o

que explica seu rompimento com o Fundo Monetário Internacional

(FMI) e as dificuldades por ele impostas à presença do capital

estrangeiro no Brasil

9 (CESPE/ABIN-2004) O governo Fernando Henrique Cardoso

afastou-se do modelo de Estado desenhado por Vargas. Esse

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afastamento presidiu muitas das medidas que tomou, a exemplo da

privatização de empresas estatais e da flexibilização das leis

trabalhistas.

10 (CESPE/ABIN-2008) Para a inserção de países como o Brasil, o

México e a Argentina na nova realidade econômica mundial, as

organizações financeiras internacionais exigiram a reforma do Estado,

para a ampliação da autonomia deste e para a garantia do

crescimento econômico por meio da centralização da tomada de

decisão.

11 (CESPE/ABIN-2004) Nos últimos anos, constatou-se um processo

de mudança no desenho regional brasileiro, em que a se nota uma

certa desconcentração das atividades econômicas depois de intensa

concentração em São Paulo. Com relação a esse tema julgue os itens

que seguem.

A) A maior diversidade das estruturas produtivas regionais e o

esforço de certas especializações em determinadas áreas do país são

características desse processo de desconcentração espacial.

B) Entre os fatores determinantes da desconcentração econômica

está o deslocamento da fronteira mineral.

C) O processo de desconcentração identificado é seletivo, pois o

Nordeste do país é ainda uma região fora do alcance desse processo.

D) O processo de industrialização vivido pelo país, ao promover maior

integração do território, minimizou as disparidades entre as regiões

brasileiras, originarias da política agroexportadora herdada do

passado.

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12 (CESPE/ABIN-2004) Com a decomposição da URSS verificou-se o

recrudescimento de nacionalismos e o desencadeamento de conflitos

étnicos, que impedem a participação de seus ex-integrantes em

organizações de cooperação para o incremento do comércio externo.

(CESPE/ABIN-2008) As migrações internacionais ocupam parte

importante das diplomacias e dos serviços de defesa do Estado e dos

cidadãos comuns que atravessam fronteiras diariamente, em todo o

mundo. A respeito desse tema, julgue os itens seguintes.

13- A criminalização crescente das migrações econômicas e sociais

denota que o direito de ir e vir da pessoa faz-se subalterno ao

privilégio universal da livre circulação dos capitais.

14 - Legislações draconianas, como as que vêm sendo adotadas pela

União Européia, expõem, por um lado, a noção de que a função

histórica da grande imigração de africanos e asiáticos para o trabalho

nas indústrias européias do pós-guerra perdeu função histórica e, por

outro, que a reciprocidade internacional em relação à América Latina,

formada em parte por imensas levas de desterrados europeus,

perdeu valor de direito internacional ante o realismo político dos

interesses nacionais e comunitários europeus.

15 - As migrações internacionais, amenizadas no continente africano

diante do fim do ciclo belicoso interno das últimas décadas do século

XX, deixou de ser um tema relevante das relações interestatais afro-

européias.

16 - O Brasil, país marcado, no fim do século XIX e início do século

XX, pelas imigrações européias e asiáticas, fator importante para a

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formação do Brasil contemporâneo, mudou seu padrão migratório ao

ter-se tornado também país de emigrantes.

17 - A migração forçada ou enganosa, muitas vezes em forma de

tráfico de pessoas, ainda que seja um tema de impacto internacional,

possui modesta implicação na segurança dos Estados nacionais neste

início de século.

(IRB-2008) - As migrações aparecem como característica permanente

da espécie humana. Max Sorre afirma que a mobilidade é a lei que

rege todos os grupos humanos, portanto, o estudo da circulação

ocupa lugar importante na Geografia Humana. Nele está inserida a

discussão das raças e a das miscigenações, levando à definição das

etnias. A. Damiani. População e Geografia. São Paulo: Contexto,

2006, p. 51 (com adaptações).

Considerando o texto acima, julgue (C ou E) os itens seguintes.

18 ( ) A abertura de fronteiras à entrada de migrantes é uma

realidade em determinados países desenvolvidos, dada a carência de

mão-de-obra em setores das atividades econômicas.

19 ( ) A quantidade de fluxos migratórios vem diminuindo no

contexto de mercado de trabalho globalizado, uma vez que a

facilidade atual de circulação de mercadorias substitui a necessidade

de movimentação dos trabalhadores.

20 ( ) Com a miscigenação e o multiculturalismo — atualmente

presentes em diversos países, as diferenças étnicas deixaram de ser

causa para migração e conflitos sociais.

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21 ( ) O Brasil apresenta tanto a saída de população como a

entrada de migrantes estrangeiros em busca de emprego e melhor

nível de qualidade de vida.

GABARITO

1C 2E 3E 4E 5C 6C 7C 8E 9C 10 E

11a

C

11b

C

11c

E

11d

E

12 E 13 C 14 C 15 E 16 C 17 E

18 C 19 E 20 E 21 C