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AUDITOR E ANALISTA FISCAL
Disciplina: Legislação Tributária
Professor: Alessandro Spilborghs
Aula: 01
Monitor: Caroline
MATERIAL DE APOIO - MONITORIA
Índice
I. Anotações
II. Lousas
III. Exercícios
I. ANOTAÇÕES
IMPOSTOS
- Imposto de renda
- imposto sobre produtos industrializados
* Encontrados na CF, no CTN e em seus regulamentos
Tema da aula
Competência federal para impostos
Imposto de Renda
Critérios orientadores
Renda e Proventos. Conceito
Disponibilidade econômica e jurídica
Acréscimo patrimonial
1º CAPÍTULO – CARACTERÍSTICAS DO TRIBUTO
Gênero - Art. 3º, CTN
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
- Prestação pecuniária
- Compulsória
- Cobrada em moeda corrente nacional
- Que não constitua sanção de ato ilícito
- Instituída em lei
2
- Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada
Espécies - CF/88 (são 5) – encontradas no texto da CF/88
Possui peculiaridades
- Impostos
- Taxas
- Contribuições de melhoria
- Empréstimos Compulsórios
- Contribuições especiais
IMPOSTO – Características
Art. 16, CTN
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
O imposto será cobrado independentemente do este federado oferecer algo em troca
Ex: imposto de renda declarado e recolhido (Mas por que você pagou IR? O que a União lhe ofereceu em
troca para que diante dessa oferta pagasse o IR? A União não ofereceu nada em troca. Imposto independe
de contraprestação estatal. Pagamos imposto simplesmente porque praticamos um fato gerador. Fato
gerador qualquer, no caso, do IR, o fato gerador seria auferir renda ou proventos de qualquer natureza. O
ente federado não precisa fazer nada em troca para lhe obrigar a recolher este tributo).
Art. 167, IV, CF
Art. 167. São vedados:
(..)
IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a
repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159,
a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária,
como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação
de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §
8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo.
A arrecadação de impostos (federais, estaduais ou municipais), por regra, NÃO pode ter destinação
específica.
Ex: Nota de um jornal dizendo que parte da arrecadação do IR foi destinada a custear determinadas
despesas dos jogos olímpicos. Isso fere frontalmente o texto da CF.
3
O dinheiro dos impostos serve para abastecer os cofres públicos. Abastecidos os cofres públicos, aí sim o
ente federado irá usar o dinheiro onde achar melhor, de acordo com o seu plano governamental. Isso é
uma preocupação de direito financeiro.
#SELIGA
Art. 16, CTN faz alusão ao FATO GERADOR dos impostos e a regra fixada por este dispositivo é
conhecido como PRINCÍPIO DA NÃO VINCULAÇÃO (não pode estar vinculado a nenhuma
contraprestação estatal);
Art. 167, IV, CF faz referência ao PRODUTO DA ARRECADAÇÃO dos impostos. A regra desse
dispositivo é conhecida como PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO;
Geralmente há confusão com o princípio da não vinculação.
Cuidado! A arrecadação dos impostos não pode estar vinculada a nenhum órgão, fundo ou despesa. Essa
afirmativa está correta. Mas está relacionada com o princípio da não afetação (e não ao princípio da
vinculação).
2º CAPÍTULO – COMPETÊNCIAS DA UNIÃO
Tipos de competência – Modalidades (5)
Competência Tributária é um tema previsto pela CF, mas cuidado! Isso não significa dizer que é a CF quem
institui os tributos, porque o papel da CF é determinar qual será a competência tributária, entregando o
exercício da competência para cada um dos entes federados.
A CF distribui competência.
A CF outorga feixes de competência para cada um dos entes federados (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios).
Dica: Territórios Federais não são entes federados, ou seja, não possuem competência tributária
Privativa: impostos
Comum: taxas e contribuições de melhoria
Especial: contribuições especiais e empréstimos compulsórios
Residual
Extraordinária
As competências residual e extraordinária foram atribuídas à União
Competência Federal para Impostos:
Para impostos, a União possui 3 modalidades de competência
Extraordinária: art. 154, II, CF
4
Residual: art. 154, I, CF
Ordinária: art. 153, CF
COMPETÊNCIA RESIDUAL
Art. 154, I, CF
Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam
não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados
nesta Constituição;
A União poderá instituir impostos residuais (são novos impostos), desde que observados 3 requisitos:
Por Lei Complementar
Não cumulativos (representa um princípio)
Não podem copiar fato gerador ou base de cálculo dos impostos já existentes
Ex: Há algum tempo atrás, instituíram a CPMF que era provisória e durou mais de uma década. Era uma
contribuição, mas antes pensaram em instituir um imposto provisório sobre movimentação financeira,
porém não deu certo porque não se adequava a esses 3 requisitos, além de não poder ter destinação
específica. CPMF era destinada à saúde. Foi então, que optaram pela instituição de uma contribuição que
poderia ter destinação específica.
COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA
Art. 154, II, CF – instituição de imposto extraordinário de guerra pela União
Guerra externa ou sua iminência (hipótese que enseja a sua instituição – cuidado! Guerra civil não
pode ensejar a instituição desse imposto)
Imposto Extraordinário
Compreendido ou não na competência federal (situações de relevância ou urgência e sob
circunstâncias que eventualmente estão na esfera de outros entes federados)
Suprimido cessadas as causas de sua instituição (se a guerra acaba, o imposto não poderá mais ser
cobrado)
Art. 76, CTN – O imposto será suprimido gradativamente (aos poucos) no prazo máximo de cinco anos
contados da data da celebração da paz (ou seja, após a celebração da paz, ainda é possível a cobrança do
imposto extraordinário de guerra, por exemplo, era cobrado sob uma alíquota de 5% e aos poucos essas
alíquotas vão sendo reduzidas até cessarem)
Art. 76. Na iminência ou no caso de guerra externa, a União pode instituir,
temporariamente, impostos extraordinários compreendidos ou não entre os referidos nesta
5
Lei, suprimidos, gradativamente, no prazo máximo de cinco anos, contados da celebração
da paz.
COMPETÊNCIA ORDINÁRIA
É a competência para os sete impostos federais
Art. 153, CF
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
3º CAPÍTULO – LEGISLAÇÃO SOBRE O IMPOSTO DE RENDA
Visão geral: Legislação do IR deve comportar o texto da CF, do CTN e a legislação extravagante
CTN basicamente trabalha com as informações de fato gerador, base de cálculo e contribuintes do IR.
COMPETÊNCIA RESIDUAL COMPETÊNCIA EXTRAORDINÁRIA
Tipo Lei Complementar
* Não se admite medida
provisória para temas
reservados à lei
complementar
Tipo de lei Lei Ordinária
* Medida Provisória só pode ser usada
se cumpridos os requisitos de
relevância e urgência
Observa as 2 anterioridades
Não observa anterioridade
Deve ser não cumulativo
Não precisa ser não cumulativo
Não pode copiar fato gerador
e base de cálculo de outros
impostos
Pode copiar fato gerador e base de
cálculo de outros impostos
6
A legislação extravagante diz respeito à outras leis e infralegais (leis ordinárias de IR pessoa física, IR
pessoa jurídica, além do regulamento do IR que é um decreto – ato infralegal).
Constituição Federal
Campo de incidência
Limitações ao poder de tributar
Repartição de receitas (parte da arrecadação do IR é repartida)
Código Tributário Nacional
Fato gerador – art. 43
Base de cálculo – art. 44
Contribuintes – art. 45 (fala também de responsáveis)
Legislação extravagante
Leis Ordinárias para IR pessoa física/ pessoa jurídica
Decretos regulamento do IR (Decreto 3.000) – norma infralegal
Normas complementares – norma infralegal – servem para complementar o que está no decreto e
na lei
#SELIGA
Legislação tributária compreende um conjunto que envolve (art. 96, CTN)
Leis
Tratados e convenções internacionais
Decretos
Normas complementares
Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções
internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte,
sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.
“que versem no todo ou em parte” significa dizer que para uma lei ser classificada como lei tributária, a
legislação inteira não precisa tratar de tributo. Se tiver apenas um dispositivo, já poderá ser qualificada.
Normas complementares estão no art. 100 do CTN
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções
internacionais e dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; (ex: portarias,
instruções normativas)
7
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei
atribua eficácia normativa; (decisão administrativa precisa ter eficácia normativa atribuída
por lei)
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; (ex: usos
e costumes)
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios. (ex: acordos firmados entre os entes federados – os principais que temos no
país dizem respeito à permuta de informações em mútua fiscalização – os que a União
firma com os Estados sobre nota fiscal)
4º CAPÍTULO – BASE CONSTITUCIONAL DO IMPOSTO DE RENDA
Constituição Federal
Campo de incidência – art. 153, III, CF
Limitações ao poder de tributar – art. 150 a 152, CF
Repartição da receita – art. 157 ao 162, CF
Todas essas informações estão catalogadas na CF no capítulo chamado de Sistema Tributário Nacional.
Porém, há uma informação que não é de natureza tributária, mas que denota uma regra de direito
financeiro, ainda que localizada no Sistema Tributário Nacional: o tema de repartição de receitas.
Dica: Repartição de receitas ainda que seja uma regra de direito financeiro, pode cair na prova de tributário,
porque o sistema tributário nacional é o direito tributário em suas principais linhas.
Campo de incidência
Art. 153, III, CF
Compete à União instituir imposto sobre:
Rendas
e
Proventos
Um não exclui o outro. O imposto de renda abarca uma hipótese em que se tributa renda e proventos. A
CF não deu toda a liberdade para que o legislador venha a definir o que seja renda ou provento. Ela tem
uma ideia inicial do que pode ser tributado.
NÃO INCIDÊNCIA (imunidade)
ART. 153, § 2º, II, CF – atenção
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Não incidirá, nos termos e limites fixados em lei, sobre rendimentos provenientes de aposentadoria e
pensão, pagos pela previdência social da U/E/DF/M, a pessoa com idade superior a 65 anos, cuja renda
total seja constituída, exclusivamente, de rendimentos do trabalho.
Se é uma regra de não incidência definida pela CF, trata-se de imunidade. Ocorre que este dispositivo foi
revogado.
Uma imunidade representa muitas vezes uma verdadeira cláusula pétrea, porque perfaz uma garantia
individual do contribuinte. E se são direitos fundamentais, sequer por emenda constitucional, essas
informações poderiam ser alteradas ou suprimidas.
Cuidado! Nem todas a imunidades são qualificadas em um patamar de cláusulas pétreas.
#SELIGA nº 01
IMUNIDADE. ART. 153, § 2º, II DA CF/88. REVOGAÇÃO PELA EC Nº 20/98. POSSIBILIDADE. 1. Mostra-se
impertinente a alegação de que a norma art. 153, § 2º, II, da Constituição Federal não poderia ter sido
revogada pela EC nº 20/98 por se tratar de cláusula pétrea. 2. Esta norma não consagrava direito ou
garantia fundamental, apenas previa a imunidade do imposto sobre a renda a um determinado grupo social.
Sua supressão do texto constitucional, portanto, não representou a cassação ou o tolhimento de um direito
fundamental e, tampouco, um rompimento da ordem constitucional vigente. 3. Recurso extraordinário
conhecido e improvido.
(RE 372600, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 16/12/2003, DJ 23-04-2004 PP-
00040 EMENT VOL-02148-12 PP-02337 RTJ VOL-00192-03 PP-01062)
Cuidado! Essa imunidade foi revogada, mas isso não significa que incide IR sobre rendimentos provenientes
de aposentadoria e pensão.
#SELIGA nº 02
Lei 7.713/88
Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas:
XV - os rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, de transferência para a reserva remunerada
ou de reforma pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
por qualquer pessoa jurídica de direito público interno ou por entidade de previdência privada, a partir do
mês em que o contribuinte completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, sem prejuízo da parcela isenta
prevista na tabela de incidência mensal do imposto, até o valor de:
i) R$ 1.903,98 (mil, novecentos e três reais e noventa e oito centavos), por mês, a partir do mês de abril
do ano-calendário de 2015;
* Trata-se de um benefício fiscal que não encontrava mais amparo na CF e hoje encontra-se na lei.
Atualmente é uma isenção.
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PRINCÍPIOS GERAIS E ESPECÍFICOS
Gerais - porque valem para todos os tributos
Específicos – restringem-se ao IR
EXPLÍCITOS (na CF)
LEGALIDADE
IGUALDADE
ANTERIORIDADE
IRRETROATIVIDADE
NÃO CONFISCO
UNIFORMIDADE DA TRIBUTAÇÃO
IMPLÍCITOS
CAPACIDADE CONTRIBUTIVA
NÃO VINCULAÇÃO
NÃO AFETAÇÃO
LEGALIDADE
Todo e qualquer tributo dependem de lei (relacionado ao conceito de tributo)
Art. 150, I, CF
IR
instituição tributo lei ordinária (não é a CF ou o CTN)
majoração (mudanças de alíquota ou da base de cálculo) tributo lei ordinária
fixação isenção (revogação) lei ordinária
Art. 150, §6º, CF
Art. 150.
(...)
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito
presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá
ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou
contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
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“lei específica” = isenções só poderão ser concedidas pelo ente federado que tiver competência para instituir
o tributo (seja para conceder, seja para revogar).
IGUALDADE
Art. 150, II, CF
Art. 150.
(...)
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por
eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou
direitos;
Essa é a velha regra que diz que os iguais deverão ser tratados igualmente e os desiguais, desigualmente
na medida de sua desigualdade.
Só que também um legislador não pode fazer distinção em razão do cargo ou função exercida. Certa vez,
os magistrados receberam pela própria União um benefício para que sobre parte dos seus rendimentos não
recairia o IR (subsídio, por exemplo). No caso, era a verba de remuneração. O STF derrubou essa isenção,
porque ofendia a isonomia. Os magistrados só tinham direito ao benefício em razão do cargo que exerciam.
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. REMUNERAÇÃO DE
MAGISTRADOS. IMPOSTO DE RENDA SOBRE A VERBA DE REPRESENTAÇÃO. ISENÇÃO. SUPERVENIÊNCIA
DA PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. ISONOMIA TRIBUTÁRIA. INSUBSISTÊNCIA DO
BENEFÍCIO. 1. O artigo 150, inciso II, da Constituição Federal, consagrou o princípio da isonomia tributária,
que impede a diferença de tratamento entre contribuintes em situação equivalente, vedando qualquer
distinção em razão do trabalho, cargo ou função exercidos. 2. Remuneração de magistrados. Isenção do
imposto de renda incidente sobre a verba de representação, autorizada pelo Decreto-lei 2.019/83.
Superveniência da Carta Federal de 1988 e aplicação incontinenti dos seus artigos 95, III, 150, II, em face
do que dispõe o § 1º do artigo 34 do ADCT-CF/88. Consequência: Revogação tácita, com efeitos imediatos,
da benesse tributária. Recurso extraordinário não conhecido.(RE 236881, Relator(a): Min. MAURÍCIO
CORRÊA, Segunda Turma, julgado em 05/02/2002).
IRRETROATIVIDADE
Art. 150, III, “a”, CF
Art. 105, CTN
CF
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
11
(...)
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado;
Ex:
Estamos em agosto de 2016
Prestei serviços ao longo do ano, estando, portanto, sujeito ao ISS sob a alíquota de 4%
No início de agosto, o município de SP majorou a alíquota de ISS para 5%
Será que o município pode cobrar referente aos fatos geradores praticados antes de agosto, uma diferença
de 1%?
NÃO. O princípio da segurança jurídica (sobre princípio) protege essa situação com o princípio da
irretroatividade.
Modificar o passado é algo que não pode acontecer de jeito nenhum.
CTN
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos
pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja
completa nos termos do artigo 116.
É verdade que é impossível aplicar a legislação tributária imediatamente a um fato gerador futuro, porém
essa afirmativa é correta.
Fato gerador pendente é aquele cuja ocorrência se iniciou, mas ainda não se completou.
Ex:
- Do dia 1º de janeiro até 31 de dezembro de 2016 é o ano base;
- Acumulou mais renda no 1º semestre;
- Ocorrerão vários fatos geradores ao longo do ano;
- O fato gerador do IR é conhecido como complexo ou complexivo, ou seja tem como termo inicial o dia 1º
de janeiro e como termo final, o dia 31 de dezembro;
- Se em 1 de julho a alíquota mínima era de 7,5% e foi majorada para 10% (cuidado! Não será aplicado de
julho em diante, mas será aplicado a todo fato gerador);
- Nesse caso, a legislação tributária deve ser aplicada imediatamente (alcançará todo o ano base de 2016);
#SELIGA
SÚMULA 584, STF
Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício
financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
12
Está dizendo que sobre os rendimentos de 2016 será aplicada legislação de 2017, ou seja que retroage.
Existem 2 tipos de retroatividades (atividades para o passado)
- Retroatividade própria – foi abertamente proibida pela CF no art. 150, III, “a”
- Retroatividade imprópria – relacionada aos fatos geradores pendentes (art. 105, CTN)
De 2013/2014 até agora, no julgamento do RE 587.008 e Resp 419.814, trazem claramente novas
informações no sentido de que eles demonstram um entendimento que tem prevalecido na nossa
jurisprudência. Nunca se admitiu a retroatividade própria, mas também não se admite a retroatividade
imprópria (também chamada de falsa, retrospectividade).
Ver o voto da Ministra Ellen Gracie
A súmula 584 do STF é válida.
Agora, se perguntarem qual é a atual orientação do STJ. Pode responder que essa súmula 584 do STF não
é válida, porque não se admite a retroatividade própria nem a imprópria.
ANTERIORIDADE
Art. 150, III, “b” (anual) e “c” (nonagesimal), CF
Art. 150, §1º, CF
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
III - cobrar tributos:
(...)
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou; ANTERIORIDADE ANUAL
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou, observado o disposto na alínea b; ANTERIORIDADE NONAGESIMAL/
NOVENTENA/ MÍNIMA/ QUALIFICADA
Tributo majorado – observa-se as 2 anterioridades
Tributo reduzido – não se observa as 2 anterioridades
O princípio da anterioridade assegura ao contribuinte um determinado período de tempo para que o
contribuinte possa se preparar para pagar um tributo mais caro. Agora, quando o tributo é reduzido, não
precisa haver essa preparação (quem pode mais, pode menos).
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Art. 150, §1º, CF
Art. 150.
(...)
§ 1º A vedação do inciso III, b (ANUAL), não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148,
I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c (NONAGESIMAL), não se aplica
aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base
de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.
IR está no art. 153, III, CF
O IR não está sujeito à anterioridade nonagesimal, mas precisa aguardar o exercício financeiro seguinte
Ex:
Suponha que o IR tenha sido majorado no dia 01/08/2016
Não precisa observar a noventena
Mas está sujeito à anterioridade anual, o que significa que essa nova alíquota do IR só poderá ser cobrada
a partir do dia 01/01/2017
Imagine que o IR seja majorado no dia 31/12/2016
Não precisa observar a noventena
Mas está sujeito à anterioridade anual, o que significa que o exercício financeiro seguinte será 01/01/2017
Isso significa dizer que se a ESAF perguntar se existe a possibilidade de uma nova alíquota de IR ser exigida
no dia seguinte à sua majoração? A resposta é afirmativa. Caso o IR seja majorado no dia 31 de dezembro
de determinado ano.
NÃO CONFISCO
Art. 150, IV, CF
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União,
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
Não dá para definir o que é ou não confisco pela alíquota.
Identificação do confisco – ADI 2010
Será determinado confisco toda vez que houver uma ofensa/ limitação à dignidade da pessoa humana, à
prática processual ou à livre iniciativa.
14
Depende, portanto, da análise particular de cada caso. O que pode ser confisco para uma pessoa pode não
ser para outra. É subjetivo.
Verifica-se o efeito confiscatório não só pela cobrança isolada do tributo, mas pela cobrança conjunta de
vários tributos que isoladamente não representariam confisco, mas que reunidos tornariam insuportável a
carga tributária para o contribuinte (cobrança conjunta = pertencentes a um mesmo ente federado cobrados
em um mesmo período de tempo).
UNIFORMIDADE DA TRIBUTAÇÃO
Art. 151, III, CF
Art. 151. É vedado à União:
(...)
II- tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em
níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
Só restringe tributos federais.
A União pode tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, bem como a remuneração e os proventos de servidores estaduais e municipais.
O que não pode é ao tributar a renda das dívidas públicas estaduais e municipais e a remuneração e os
proventos dos servidores estaduais e municipais, tributar em níveis superiores àqueles que são utilizados
para dívidas públicas federais e para servidores públicos federais.
Títulos públicos Estaduais/ Municipais deve ser igual aos Federais
Servidores públicos Estaduais/ Municipais deve ser igual aos Federais
REPARTIÇÃO DE RECEITAS ADVINDAS DO IR
Art. 157, I, CF – Estados/ DF
Art. 158, I, CF – Municípios
Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:
I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer
natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas
autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer
natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas
autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem;
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A União não pode cobrar IR de nenhum ente federado, em razão da imunidade recíproca.
Esses dispositivos informam que pertencem ao Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, 100% do IR
que eles arrecadam como fonte pagadora de rendimentos.
Um Estado membro tem vários funcionários públicos. Imagine que é uma pessoa jurídica de direito público.
Pense nele como uma empresa. São fonte pagadora dos funcionários públicos. Eles retêm na fonte uma
determinada parcela do IR que o funcionário público deveria pagar. Trata-se de uma retenção que é
obrigada a eles, porém a arrecadação dessa retenção não precisa ser repassada à União. O dinheiro fica
com eles na integralidade. É uma forma de repartir a arrecadação.
E se os Estados, DF ou Municípios promoverem essa retenção em um valor maior do que o devido ou se
retenção ocorrer em um valor que não estaria sujeito ao IR. Quem devolve esse dinheiro? O IR é tributo
federal, mas e se a retenção foi feita pelo Estado?
Neste caso, o pedido de restituição deverá ser feito ao Estado, apesar de ser imposto federal. Deve ser
solicitado ao ente federado que fez a retenção de modo equivocado e a ação de restituição tramitará na
justiça estadual.
Súmula 447, STJ
Súmula 447 - Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição
de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores.
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II. LOUSAS
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III. EXERCÍCIOS
1. (2012 - ESAF - Receita Federal - Auditor Fiscal da Receita Federal) Tendo por base a legislação
do Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica (IRPJ), assinale a opção incorreta.
a) As filiais, sucursais, agências ou representações no País das pessoas jurídicas com sede no exterior
sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda sobre Pessoas Jurídicas (IRPJ).
b) A prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter
personalíssimo ou não, com ou sem designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da
sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, sujeita-se à incidência do Imposto de Renda
das Pessoas Jurídicas (IRPJ).
c) As sociedades cooperativas de consumo, que tenham por objeto a compra e fornecimento de bens aos
consumidores, não se sujeitam à incidência do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ).
d) O espólio não se sujeita à incidência do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ).
e) As sociedades coligadas e controladas, com sede no exterior, que tenham as respectivas pessoas jurídicas
controladoras residentes ou domiciliadas no Brasil, não são sujeitos passivos do Imposto de Renda sobre
Pessoas Jurídicas (IRPJ).
GABARITO: C
2. (2014 - ESAF - Receita Federal - Auditor Fiscal da Receita Federal) Caracteriza omissão de
receita, e não mera presunção de omissão de receita, constituindo prova suficiente para o
lançamento do Imposto de Renda em desfavor da pessoa jurídica:
a) falta de emissão de nota fiscal ou documento equivalente por ocasião da efetivação das vendas de
mercadorias.
b) falta de escrituração de pagamentos efetuados.
c) manutenção de obrigações já pagas registradas no passivo.
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d) divergência entre a quantidade de matéria-prima registrada na entrada e a soma da quantidade de
mercadorias registradas na saída com os produtos em estoque.
e) diferença de valores no confronto entre a movimentação bancária contabilizada e a receita auferida
registrada.
GABARITO: A
3. (2012 - ESAF - PGFN - Procurador da Fazenda Nacional) Sobre o Imposto sobre a Renda e
Proventos de qualquer Natureza, julgue os itens a seguir, para então assinalar a opção que
corresponda às suas respostas.
I. Como renda deve-se entender a aquisição de disponibilidade de riqueza nova, na forma de um acréscimo
patrimonial, ao longo de um determinado período de tempo.
II. Tanto a renda quanto os proventos de qualquer natureza pressupõem ações que revelem mais-valias,
isto é, incrementos na capacidade contributiva.
III. Limitações temporais ou quantitativas com relação às despesas e provisões não necessariamente
guardam estrita compatibilidade com a teoria do acréscimo patrimonial e com a atividade do contribuinte.
IV. Embora haja diversas teorias que se destinem a delinear o conceito de renda, em todas prevalece a
ideia de que haja a necessidade de seu confronto com o conjunto de desembolsos efetivados relativamente
ao conjunto das receitas.
V. Pode-se afirmar, a partir de alguns julgados do Supremo Tribunal Federal, que o conceito
legalista/fiscalista de renda, assim considerado aquilo que a legislação do imposto de renda estabelecer que
é, está ultrapassado.
Estão corretos apenas os itens:
a) II, IV e V.
b) I, II e III.
c) II, III, IV e V.
d) I, II, IV e V.
e) todos os itens estão corretos.
GABARITO: D