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Director: Augusto Santos Silva Director-adjunto: Silvino Gomes da Silva Internet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected] Nº 1218 - 21 Abril 2004 25 DE ABRIL A REVOLUÇÃO QUE FUNDOU A DEMOCRACIA Foi há 30 anos, no dia 25 de Abril, o início da liberdade e de uma vida em democracia para todos os portugueses. Por muito que alguns queiram, não se pode alterar o significado daquela madrugada, substituindo a celebração da Revolução pela simples e fria análise da evolução do país. A História não pertence a ninguém, antes é património dos portugueses tal como a viveram. O 25 de Abril deve ser recordado e comemorado como um dia de festa para todos e uma esperança num país melhor para as gerações futuras. Com milhares de cravos nas mãos, com orgulho nacional, com alegria, como vai acontecer com as iniciativas marcadas para todo o país pelo PS. O 25 de Abril foi o início de uma caminhada para o desenvolvimento, para a integração europeia, para a alternância democrática. Mas foi também o fim da guerra colonial e sobretudo da ditadura. Para a esquerda, para o PS, o 25 de Abril será sempre o dia da utopia, que se cumpre lutando por mais prosperidade, emprego, justiça social, solidariedade, liberdade e democracia. 5 Pré-campanha Pré-campanha Pré-campanha Pré-campanha Pré-campanha Europeias 2004 Europeias 2004 Europeias 2004 Europeias 2004 Europeias 2004 27 de Abril - 21.30h Debate com militantes do PS em S. João da Madeira 29 de Abril - 21.30h Conferência organizada pela Associação Industrial de Braga 30 de Abril Visita ao Distrito de Leiria (com António Costa) 2 de Maio Visita a Cinfães (com Elisa Ferreira e Francisco Assis), Resende, Lamego (almoço), e Arouca (com António Costa e Fausto Correia) Agenda de Sousa Franco Apresentada no Porto lista de candidatos ao Parlamento Europeu EUROPEIAS 3 Paulo Casaca: “Cada vez mais é o regime iraniano que manda no Iraque” ENTREVISTA 12 PS contesta em tribunal slogan de campanha da direita QUEIXA 6 Seguro exige transparência nas contas públicas PARLAMENTO 7

Augusto Santos Silva Director-adjunto: Silvino Gomes da ... · seguindo os capitães de Abril? “Revolução: mudança na Constituição de um Estado; transformação das suas Instituições”

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Page 1: Augusto Santos Silva Director-adjunto: Silvino Gomes da ... · seguindo os capitães de Abril? “Revolução: mudança na Constituição de um Estado; transformação das suas Instituições”

Director: Augusto Santos Silva Director-adjunto: Silvino Gomes da SilvaInternet: www.ps.pt/accao E-mail: [email protected]

Nº 1218 - 21 Abril 2004

25 DE ABRIL A REVOLUÇÃOQUE FUNDOU A DEMOCRACIAFoi há 30 anos, no dia 25 de Abril, o início da liberdade e deuma vida em democracia para todos os portugueses. Por muitoque alguns queiram, não se pode alterar o significado daquelamadrugada, substituindo a celebração da Revolução pelasimples e fria análise da evolução do país. A História nãopertence a ninguém, antes é património dos portugueses talcomo a viveram. O 25 de Abril deve ser recordado ecomemorado como um dia de festa para todos e umaesperança num país melhor para as gerações futuras. Com

milhares de cravos nas mãos, com orgulho nacional, comalegria, como vai acontecer com as iniciativas marcadas paratodo o país pelo PS. O 25 de Abril foi o início de uma caminhadapara o desenvolvimento, para a integração europeia, para aalternância democrática. Mas foi também o fim da guerracolonial e sobretudo da ditadura. Para a esquerda, para o PS,o 25 de Abril será sempre o dia da utopia, que se cumprelutando por mais prosperidade, emprego, justiça social,solidariedade, liberdade e democracia. 5

Pré-campanhaPré-campanhaPré-campanhaPré-campanhaPré-campanha

Europeias 2004Europeias 2004Europeias 2004Europeias 2004Europeias 200427 de Abril - 21.30h

Debate com militantes do PS em S. João da Madeira29 de Abril - 21.30h

Conferência organizada pela Associação Industrial de Braga30 de Abril

Visita ao Distrito de Leiria (com António Costa)2 de Maio

Visita a Cinfães (com Elisa Ferreira e Francisco Assis), Resende,Lamego (almoço), e Arouca (com António Costa e Fausto Correia)

Agenda de Sousa Franco

Apresentada noPorto lista decandidatos aoParlamentoEuropeu

EUROPEIAS

3

Paulo Casaca:“Cada vez mais éo regime iranianoque manda noIraque”

ENTREVISTA

12

PS contesta emtribunal slogande campanhada direita

QUEIXA

6

Seguro exigetransparêncianas contaspúblicas

PARLAMENTO

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2 21 ABRIL 2004ABERTURA

ANTOONIO COLAÇO

A EVOLUÇÃO DO INISTRO ORAIS ARMENTONão sei o que fazia o ministro da Presidência antes do 25 deAbril, e nunca lhe perguntei “onde estava nesse dia”… Mas quemtem memória, ou quem teve a sorte de não ter sido deixado naignorância que o ministro demonstra, sabe que, há 30 anos atrás,o que aconteceu em Portugal foi mesmo uma REVOLUÇÃO. Bastaver no dicionário:

“Revolução, s.f.: Revolta, Sublevação” - Não foi isso o que fizeramos militares que aderiram ao Movimento das Forças Armadasseguindo os capitães de Abril?

“Revolução: mudança na Constituição de um Estado; transformaçãodas suas Instituições” - Não foi isso o que o 25 de Abril permitiu,acabar com uma ditadura de mais de quatro décadas, abrir caminhoà democracia, com uma nova Constituição e instituiçõeslivremente eleitas pelo POVO?

Claro que sim. 25 de Abril de 1974 foi o dia da revolta que continhatodo o fermento duma REVOLUÇÃO, excepto a violência. Umaviolência previsível para pôr fim à nossa longa, mesquinha eantiquada ditadura, que ergueu barreiras ferozes às mudançaseconómicas, sociais e culturais que a Europa e o Mundodesenvolviam, que perseguiu todos os que discordavam,questionavam ou queriam aprender; os que queriam justiça e osque rejeitavam a guerra colonial; os que queriam sair do país ealguns dos que queriam voltar.

Uma ditadura sem evolução, porque evoluir não é dar uns toquesde cosmética apenas para manter a máscara velhíssima de

“apagada e vil tristeza” com que amordaçava Portugal. Uma ditaduraque queria os portugueses pobrezinhos mas honestos, analfabetose emigrantes, combatentes em África contra os africanos, anti-europeus, antiprogressistas, caladinhos, conformados.

Só uma REVOLUÇÃO podia acabar com isto.

A 25 de Abril – que ninguém esqueça – um punhado de soldadose oficiais fez-nos conhecer a LIBERDADE; devolveu-nos aresponsabilidade da CIDADANIA plena, abriu-nos de novo aosdesafios do mundo.

Ficará sempre connosco a REVOLUÇÃO DOS CRAVOS, e nãoimporta que alguns achem isso uma ingenuidade saloia, poucoconforme às vivências modernaças e à bacoca leveza com quetapam fórmulas batidas de “sucesso a todo o custo” e novosesquemas de controlo das nossas vidas e consciências…

Negar a REVOLUÇÃO é fazer o velho truque de reinvenção daHistória e apagamento dos seus protagonistas.

Se hoje somos o país de que as estatísticas traduzem as mudanças,à Revolução o devemos.

E porque não desistimos de ser esse país nascido a 25 de Abril,nem precisamos de nova REVOLUÇÃO para prosseguir aEVOLUÇÃO que merecemos: bastam umas eleições para dar aoInistro Orais Armento muito mais tempo para estudar História ePortuguês.

MANUELA MELOVICE-PRESIDENTE DO GP/PS

PORTUGAL NA FORCA

PS - Qualquer semelhança com outro polémico slogan eleitoral…. é mera coincidência

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321 ABRIL 2004

LISTA DE CANDIDATOS AO PE APRESENTADA NO PORTO

UMA EQUIPA EXCELENTE PARA LUTARPELA EUROPA E POR PORTUGALA lista de candidatos do PS ao ParlamentoEuropeu “constitui uma equipa excelenteque irá lutar por uma Europa e por umPortugal melhor”. Foi desta forma que osecretário-geral do PS, Ferro Rodrigues,apresentou, no Porto, os candidatos àseleições europeias, numa cerimónia emque intervieram também o cabeça-de-lista,Sousa Franco, e Francisco Assis, na suadupla qualidade de líder da distrital do Portoe candidato.Para Ferro Rodrigues, a lista socialista, alémde reflectir a preocupação de distribuirpessoas competentes por áreas deintervenção e com representatividaderegional, é também caracterizada por terfortes tradições europeístas. “Todos vãodedicar-se, em Bruxelas como em Portu-gal, ao combate político”, afirmou.O secretário-geral do PS criticou tambémduramente os partidos da coligação, “porestarem a desvalorizar as eleições para oParlamento Europeu” e, dessa forma, “acontribuir objectivamente para o aumentoda abstenção”, como se viu no sucessivoadiamento da apresentação do cabeça-de-lista.Ferro Rodrigues defendeu o modelo socialeuropeu e uma Europa mais forte a nívelmundial, capaz de regular a globalização.O líder do PS considerou ainda funda-mentais estas eleições europeias para queos portugueses possam mostrar um cartãoamarelo por “estes dois anos de desgover-nação”. “O país está farto da arrogância eda incompetência que grassa no Governo”,afirmou.

Candidatos à alturados compromissos

Também Sousa Franco elogiou oscandidatos, considerando que eles “estãoà altura dos compromissos que o PSassumiu com os portugueses”. “Esta é aúnica proposta europeísta em que osportugueses podem votar”, afirmou,

considerando que as eleições de dia 13 deJunho representam uma escolha clara dePortugal na Europa, para que a globalizaçãoque agora existe a nível planetário possadar lugar a uma ordem mais justa esolidária.“Só a União Europeia, em parceriaestratégica com outras regiões, podetransformar a ordem unilateral do caosnuma ordem de liberdade, justiça e paz.Para isso é preciso apostar na UniãoEuropeia”, sublinhou.Com efeito, o cabeça-de-lista do PSconsiderou que estas eleições, quetradicionalmente apresentam uma elevadaabstenção, justificam só por esse facto aexistência de um grau de esclarecimentomaior, pelo que, campanhas curtas, comopretende a coligação PSD/PP, “acabam porprejudicar o país, porque não facilitam acompreensão do que está em jogoactualmente na União Europeia”. E é muito:um alargamento sem precedentes nahistória da União Europeia, a aprovação de

um tratado constitucional, a votação danova Comissão, a decisão sobre asperspectivas financeiras que vão determinaros montantes atribuídos aos FundosEstruturais e ao Fundo de Coesão.Daí que Sousa Franco tenha consideradoque a fase de pré-campanha eleitoral éfundamental para promover o diálogo comos portugueses e mostrar quão importante

é o seu voto no dia 13 de Junho. De resto,Sousa Franco assumiu também ocompromisso dos eleitos prestaremperiodicamente contas aos eleitores, deforma a que haja mais proximidade comos cidadãos.Referindo-se a Portugal, o cabeça-de-listasocialista afirmou que o estado das finançasnacionais “é grave, ao contrário da situação

consolidada que o Governo do PartidoSocialista deixou”.Sousa Franco apelou ao voto no PS, paraque os portugueses possam mostrar a suainsatisfação em relação às políticas doGoverno. “Dispersar votos não é umaatitude inteligente. Queremos estabilidade,mas não esta tortura económica e socialem que o país foi mergulhado pelogovernação PSD/PP”, afirmou.Em vários países – disse ainda -, comoem França e Espanha, os europeus deramsinais de não estarem satisfeitos com arecessão económica nem com oseguidismo em relação à AdministraçãoBush. “É preciso que aconteça o mesmoem Portugal”, afirmou.

É possível outra política

O líder da distrital do Porto e tambémcandidato ao Parlamento Europeu,Francisco Assis, saudou a escolha deSousa Franco para cabeça-de-lista,considerando esse facto a evidência deque é possível outra política para Portugal.“Sousa Franco foi alguém que governoucom rigor orçamental sem pôr em causao crescimento da economia e a nossaaproximação à Europa”, afirmou.Segundo Assis, o Porto e a região Nortevivem hoje suspensos entre a depressãoe a esperança. Depressão devido ao au-mento da pobreza, desemprego e da que-bra dos rendimentos. Mas também hámotivos para que a esperança triunfe, por-que, com o contributo do Partido Socia-lista, são possíveis outras políticas paraPortugal e para a Europa. “Não somosperiféricos. Com boas políticas, temoscondições para promover um desenvol-vimento para uma sociedade maispróspera e justa. Basta haver as políticaadequadas”, considerou.Para Francisco Assis, “nunca como hojese sentiu tanto a necessidade de umaEuropa forte e coesa”. P.P.

IRAQUE

DURÃO INSULTA ESPANHAAs críticas feitas por Durão Barroso àdecisão do Governo espanhol de ordenar aretirada das tropas que se encontram noIraque são “injustas e graves”. Esta areacção do secretário-geral do PS àsdeclarações do primeiro-ministro.Ferro Rodrigues, que no passado dia 16de Abril foi ao Porto para participar nacerimónia de apresentação da lista decandidatos do PS às eleições europeias,considerou que “dizer que não se comprasegurança com posições dúbias é insul-tuoso para a Espanha, para a democraciaespanhola, para os espanhóis e para o novochefe do Governo”.O líder dos socialistas acusou DurãoBarroso de utilizar indevidamente o nomede Portugal para expressar uma opinião

pessoal, tal como já tinha feito quandoparticipou num comício de apoio ao PPde José María Aznar, durante a campanha

da ONU e da unidade da União Europeianesta matéria.Por outro lado, Ferro Rodrigues sublinhouque se fosse ele a decidir só deixaria que amissão da GNR continuasse em territórioiraquiano com mandato das NaçõesUnidas.“Se houvesse eleições, aquilo quediríamos é que a GNR só deveria manter-seno Iraque depois de cumprir o seu primeirocompromisso desde que a situação sealtere em termos de mandato e que esteseja claramente determinado pela ONU,havendo clara unidade da UE nestecontexto”, defendeu.Recorde-se que 30 de Junho é a dataprevista para a transferência do poder paraos iraquianos.

eleitoral espanhola.Segundo Ferro, ao ordenar a retirada dastropas, “Zapatero limitou-se a dar

cumprimento a um compromisso eleito-ral”, ressalvando que como o forte de Durãonão é o cumprimento dos seus compro-missos eleitorais, “é natural que ele seespante quando isso acontece”.Ferro Rodrigues aproveitou a ocasião paramanifestar ao novo líder do Governo es-panhol “a amizade e o respeito” dos soci-alistas portugueses, fazendo votos para queas declarações de Durão Barroso não enso-mbrem as relações entre os dois países.Entretanto, e após ser conhecida a decisãodo Executivo de Zapatero de retirar os seusmilitares do Iraque e do ministro FigueiredoLopes ter admitido o prolongamento dapermanência das forças da GNR após 30de Junho, o secretário-geral do PS voltoua defender a necessidade de um mandato

ACTUALIDADE

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4 21 ABRIL 2004

1º DE MAIO

TENDÊNCIAS SINDICAIS SOCIALISTASPROMETEM LUTA PELA ALTERNATIVAAs tendências socialistas da UGT e daCGTP acusam o Governo azul/laranja detudo fazer para diminuir e retirar direitosaos trabalhadores, pelo que fazem umbalanço muitíssimo negativo da suaactividade ao longo destes dois anos demandato.Em declarações ao “Acção Socialista”,Barbosa de Oliveira e Carlos Trindadelamentam as mudanças verificado noquadro legislativo laboral, as quaistiveram como única preocupação pro-mover o desequilíbrio das relações detrabalho com vantagens para o patronato.Para o representante da tendênciasindical socialista da UGT o novo códigolaboral “é um reflexo da vontade políticada direita de apertar os trabalhadores”.Segundo Barbosa de Oliveira, “a própriareforma da Segurança Social encetadapelo PS foi desvirtuada com a recentealteração dos subsídios de doença edesemprego e até com a Lei de Bases,que diminui direitos de cidadania aosportugueses mais desprotegidos, paraalém da passagem ardilosa do Rendi-mento Mínimo Garantido para oRendimento Social de Inserção”.Já para Carlos Trindade, “a revisão dalegislação sobre trabalho tem atentadocontra Constituição e tem contrariadotodas as promessas feitas por Durão

Barroso” na campanha eleitoral, que nãofoi ao encontro da contratação colectiva,“fazendo antes a ruptura de uma redeexistente e promovendo a extinção doarticulado que previne a precariedade dosvínculos laborais”.Assim, ambas as tendências sindicaissocialistas prevêem o agravamento dascondições de vida dos trabalhadores,com Trindade a sublinhar a regressãoocasionada por uma perda efectiva dopoder de compra e pelo desfasamentosalarial relativamente à média da UniãoEuropeia, enquanto Barbosa de Oliveiraacrescenta o acentuar das desigualdadessociais, o aumento galopante dodesemprego e o ressurgimento dofantasma da pobreza extrema e da fome.“Portugal está pior do ponto de vistasocial, as pessoas estão mais pobres emais desprotegidas”, afirmou.Como factos mais gravosos das políticasda direita, os responsáveis pelas TSS daUGT e da CGTP apontam a redução dosubsídio de doença, “que em vez deprevenir o absentismo incentiva as baixasprolongadas”, a pseudo-recompensa demais três dias de férias aos mais assíduos,esquecendo a avaliação e distinção dostipos de faltas e a reforma apressada daAdministração Pública, “feita à custa demuitas centenas de milhares de

funcionários”, como faz questão desalientar Barbosa de Oliveira.Por seu turno, Carlos Trindade aborda aquestão do desemprego chamando aatenção para duas vertentes: a da naturezado fenómeno e a da sua expressãoestatística.“Temos actualmente 500 mil pessoassem emprego”, refere, clarificando queeste drama familiar é também um flagelonacional uma vez que afectanegativamente o desenvolvimento dopaís”, disse.

Trindade destaca ainda que o desem-prego em Portugal, ao contrário do queacontece na Europa, afecta principal-mente os quadros jovens, com elevadaformação académica e valorizaçãoprofissional. Citando o exemplo daBombardier, lembra que com o encerra-mento desta empresa, “a última metalúr-gica pesada no país, “400 trabalhadoresque ficaram sem emprego, sendo que100 são engenheiros”.O responsável pela TSS da CGTP acusaainda o Governo de paralisar a actividade

da Inspecção-Geral do Trabalho.Como alternativas a toda esta política deprecarização e desregulamentação,Carlos Trindade defende o investimentopúblico não só no emprego, mas tambémna formação e qualificação dostrabalhadores, nos termos da políticaactiva delineada nos governos deAntónio Guterres, “baseada no diálogocom os parceiros sociais e no respeitopor eles, bem como na expurgação detodas as matérias negativas da legislaçãolaboral”.Por seu lado, Barbosa de Oliveira confes-sa não acreditar que as orientaçõesgovernativas mudem, porque “as políti-cas são feitas pelas pessoas”. Depositan-do as suas esperanças nas eleiçõeslegislativas, afirma que “para mudarpolíticas é preciso mudar de Governo”.Dada a actual situação, os sindicalistassocialistas levarão para ascomemorações do 1º de Maio umabandeira fundamental: a da lutapersistente pela construção de umaalternativa política que deve ter o seuprimeiro sinal já nas próximas eleiçõesde 13 de Junho. A luta a favor do empregoem condições dignas e justas será outrotema que não ficará arredado dascomemorações.

MARY RODRIGUES

UGT DENUNCIA INCAPACIDADEDO GOVERNO EM PROMOVER A COESÃOPassados dois anos de governação dedireita, João Proença acusa o Executivode Durão Barroso de não dar quaisquersinais de tentar procurar um acordo emsede de concertação social, “limitando-se a fazer meras declarações políticasformais, mas com evidente e fracoempenhamento”.O secretário-geral da UGT, em entrevistaao “Acção Socialista”, apontou asfrequentes dificuldades de consensocom que a central se depara na mesadas negociações em sede de concer-tação social, ao mesmo tempo quesublinha o facto da direita “revelar umaclara incapacidade para compreenderque Portugal precisa de um esforço sériode coesão”.“A recessão que o país sofre temagravado as desigualdades sociais, maso Governo apenas dirigiu a sua acçãoem prol do controlo do défice, esquecen-do que a prioridade deveria ter sido aaposta no emprego e falhando até naconsolidação da contas públicas”,observou, responsabilizando o Execu-tivo pelo agravamento da actual criseeconómica.Confiante no futuro do movimento sindi-cal em Portugal, João Proença garanteque os sindicatos continuam “fortes” e“activos” na negociação colectiva, “vi-vendo as dificuldades dos trabalhado-

res e zelando pela preservação dos seusdireitos.“O sindicalismo português continua vivoe de boa saúde”, reafirmou, lembrandoque o nosso é o País do Sul da Europaonde se regista uma maior taxa desindicalização.Em vésperas das comemorações do 1ºde Maio, 30 anos depois de Abril, o líderda UGT lembrou que a festa de 1974 foia maior de todas, ressalvando que hojeesta efeméride preserva a sua importân-

cia, “apesar dos ataques sofridos aolongo de 48 anos de ditadura fascista”.“Em liberdade, esta festa ganha um novosignificado”, declarou, apontando parao manifesto que a União Geral deTrabalhadores preparou para ascomemorações deste ano e onde propõe“sindicatos fortes” a favor dos trabalha-dores e contra o desemprego.No documento, a UGT afirma que o Diado Trabalhador surge, em 2004, numcontexto particularmente preocupante,“perante o agravamento do desemprego,a perda dos salários reais, o aumento dapobreza e o bloqueio da negociaçãocolectiva”.A central, por outro lado, reivindica umaaposta, por parte do Governo, “nocombate às violações da lei e àeconomia paralela, frisando anecessidade de garantir um melhorfuturo para os jovens, condições de vidadigna para os idosos, igualdade deoportunidades e integração dosimigrantes, empresas competitivas einvestimento na formação e qualificaçãodos recursos humanos.“O 1º de Maio é dia de luta, mas tambémé dia de festa”, concluem, saudandotambém o alargamento da UniãoEuropeia e a longevidade da democraciae da liberdade sindical.

M.R.

DESEMPREGO FEMININOEM DEBATE

No âmbito das comemorações do 1º de Maio, o Departamento Nacionaldas Mulheres Socialistas promove, na segunda semana de Maio, no Porto,uma mesa redonda subordinada ao tema “Quando o desemprego se escreveno feminino”.Este evento visa reunir os parceiros sociais (UGT, CGTP-IN, CAP , CCP , CPTe CIP) com um grupo de investigadores e militantes para diagnosticar oimpacto do desemprego na população activa feminina, discutir as suascausas e especificidades, bem como apontar boas práticas e formas deintervenção que ao longo dos tempos se têm verificado eficientes naminimização deste flagelo.

ACTUALIDADE

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521 ABRIL 2004 ACTUALIDADE

TRÊS PERGUNTAS A JOSÉ ROMANO

I CONGRESSODA DEMOCRACIA

PORTUGUESAImpulsionado pela Associação 25 de Abril, realiza-se a

11 e 12 de Novembro, na Fundação CalousteGulbenkian, em Lisboa, o I Congresso da Democracia

Portuguesa. O nosso camarada José Romano, um dosresponsáveis pelo evento, em resposta ao “Acção

Socialista”, explicou que o Congresso será umaoportunidade para, durante dois dias, diferentes

protagonistas debaterem o futuro do nosso país.

O que se pretende com a realizaçãodo I Congresso da DemocraciaPortuguesa?Juntar as pessoas e as organizações quepensam e actuam nas áreas da cidadania,das actividades partidárias, associativas,sindicais, de classe, universidades,comunicação social, entre outras, para,em conjunto, reflectir e debater sobre ofuturo de Portugal e da nossaDemocracia. Como nasceu a ideia da realizaçãodeste evento?A Associação 25 de Abril é uma ONGdedicada aos temas da Liberdade e daDemocracia onde participam algunsmilhares de pessoas, militares e civis,homens e mulheres, de todas as idades,das mais diversas famílias ideológicas e

de todas as regiões do país. Pela natureza da nossa associação somosnaturalmente tão politizados como apartidários. Não tomamos o partido daparte mas interpelamos o todo. Não comentamos a conjuntura, masquestionamos a estrutura – o regime. Estamos, agora como no passado,atentos e activos na vigilância do nosso regime democrático, na convicçãode que os valores maiores da Liberdade e da Democracia não são, nunca,valores absolutamente adquiridos, mas que carecem de um cuidadomilitante. Não são valores acabados ou perfeitos, mas aperfeiçoam-se,com o tempo, com trabalho, com cultura, com cidadania, com a experiênciadas virtudes da liberdade e com a memória das atrocidades do totalitarismoopressor do passado.As comemorações do 25 de Abril devem, no nosso ponto de vista, reunirsempre esta dupla valência de evocar o passado, numa lógica de respeitopelos que lutaram pela liberdade e fazendo pedagogia para os mais novos,mas ao mesmo tempo pensar o futuro, promovendo constantemente amelhoria do nosso regime e assim da qualidade de vida do nosso povo.Por isso ao comemorar o 30º aniversário do 25 de Abril de 74, entendemospertinente convidar os Portugueses para uma reflexão sobre o nosso futurocomum. Do nosso ponto de vista há hoje um espaço vazio, que nospropomos ocupar, de debate entre as diferentes formas de participaçãocívica e política – partidos políticos com e sem representação parlamentar,associações, sindicatos, estruturas mais informais como o Fórum SocialPortuguês, universidades, comunicação social, agentes económicos... eaté, naturalmente, com cada cidadão. No final a ideia é muito simples.Queremos apenas criar uma oportunidade para, durante dois dias, estesdiferentes protagonistas debaterem o futuro de Portugal. Quais os objectivos visados e temas propostos para esteI Congresso?Pedimos às pessoas que apresentem comunicações para três painéis:Desenvolvimento; Democracia; Portugal e o Mundo.

Para informações / inscrições:Rua da Misericórdia, 95, 1200 271, Lisboatel: 21 324 14 20 fax: 21 324 14 [email protected]

COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL

31 ANOS DO PS30 ANOS DE DEMOCRACIAUm jantar no dia 23, quinta-feira, pelas 20horas, no salão nobre da históricaassociação A Voz do Operário, organizadopela Concelhia de Lisboa, é o ponto altodas comemorações do PS de duas datastão significativas para todos socialistas: o19 de Abril de 1973, fundação do partidona Alemanha, e o 25 de Abril de 1974, datada Revolução dos Cravos que pôs fim àditadura no nosso país.Esta iniciativa contará com a presença dosecretário-geral, Ferro Rodrigues, docandidato ao Parlamento Europeu,António Costa, dos fundadores do partido,de dirigentes nacionais, federativos econcelhios, e autarcas, bem como doscapitães de Abril Vasco Lourenço eMarques Júnior, entre outros.Mas as comemorações socialistas dos 31anos do PS e dos 30 anos do 25 de Abrilnão se esgotam neste jantar, havendo portodo o país um vasto e diversificadoconjunto de iniciativas promovidas pelasfederações, concelhias e secções, e que o“Acção Socialista” dá conta.

PortoNo passado sábado, dia 16, a Federaçãodo PS/Porto organizou uma sessãocomemorativa da fundação do PS, em queparticiparam Francisco Assis, Vieira daSilva e António Costa. Na ocasião foramhomenageados mais de 200 camaradasportuenses que perfizeram 30 anos demilitância.Entretanto, no dia 23 realiza-se na Federaçãodo Porto, pelas 21h30, um debate sobre o25 de Abril, promovido pela Secção deCedofeita, que contará com a presença dacamarada Helena Roseta. Também no dia23 as concelhias da Maia e S. Mamede deInfesta realizam jantares comemorativos daRevolução dos Cravos, enquanto no dia 24é a vez das Concelhias de Paredes, SantoTirso, Valongo e Gondomar organizaremjantares alusivos a esta data. Já a Concelhiade Amarante assinala os 30 anos daRevolução com um almoço.

AlgarveO PS/Algarve realiza no dia 25, em S. Brásde Alportel, o já tradicional jantarcomemorativo do 25 de Abril e dehomenagem aos militantes socialistascom 20 anos de filiação partidária, norestaurante Beira Serra, pelas 20 horas.Ainda no âmbito das iniciativas daFederação para assinalar os 30 anos do 25de Abril, vai ter lugar um jantar no dia 24em Tavira, no restaurante Casa Grande, euma sessão pública na sede do PS/VilaReal de S. António, pelas 17 horas, quecontará com a presença do coronel JoséFontão, da Associação 25 de Abril.Já no dia 23 realiza-se em Lagoa um jantarde homenagem aos autarcas do concelhode Lagoa, com a presença de JoãoCravinho.

SantarémNo âmbito do ciclo de conferências eoutras iniciativas que a Federação deSantarém tem vindo a promover paraassinalar os 30 anos da Revolução dosCravos, vai ter lugar no dia 23 de Abril, nabiblioteca municipal de Tomar, às 21 horas,um debate sobre “Democracia e Cidada-nia”, que contará com a presença deGuilherme d´Oliveira Martins e Sérgio Faria,

estando também agendado para o dia 30de Abril, pelas 21 horas, no auditório daCâmara Municipal de Tomar, um outrodebate sobre “Políticas de Mudança”, emque participam Jorge Coelho e IdáliaMoniz.

MadeiraCerca de 600 militantes e simpatizantesvão participar no sábado, dia 24, num jantarcomemorativo do 25 de Abril, que terá lugarno restaurante Encumeada, no concelhoda Ribeira Brava. O líder do PS/Madeira,Jacinto Serrão, fará uma intervençãopolítica.

AçoresO PS/Açores assinalou os 30 anos daRevolução com um espectáculo musicalno Teatro Ribeira Grandense, na Ilha de S.Miguel, no passado dia 2 de Abril. Naocasião, o líder dos socialistas açorianose presidente do Governo Regional, CarlosCésar, fez uma intervenção política.

ViseuCerca de 500 militantes vão participar nodia 2 de Maio num almoço comemorativodos 30 anos do 25 de Abril, que terá lugarna serra das Meadas, em Lamego, numaorganização da Federação de Viseu.

CoimbraA Federação de Coimbra do PS decidiufestejar o 25 de Abril na Pampilhosa daSerra, para dar “força aos militantessocialistas do concelho e denunciar adesastrosa política seguida pela câmaralocal, do PSD”. Destaque no programa decomemorações para um almoço/convívio,às 13 horas, aberto à população, no parquede merendas do Cadavoso, seguindo-se,pelas 14h30, uma homenagem aosmilitantes com 25 anos de filiação, quereceberão emblemas de prata.

Castelo BrancoNo dia 23, no Hotel D. Amélia, vai ter lugarum jantar comemorativo do 25 de Abril,organizado pela Federação de CasteloBranco, que contará com a presença deJosé Sócrates e Edite Estrela, além dosdirigentes e autarcas socialistas do distrito.Está prevista a participação de cerca demeio milhar de militantes.

ÉvoraA Federação assinalou o 30º aniversárioda Revolução de Abril com a realização nopassado dia 23 de um fórum subordinadoao tema “Évora: o distrito, a Europa e ofuturo”, no auditório da Academia deMúsica, que contou com a participaçãode Jaime Gama.

BragançaNo âmbito das iniciativas da Federação deBragança para assinalar os 30 anos daRevolução dos Cravos, vão realizar-se doisjantares comemorativos que terão lugar emMiranda do Douro e Mogadouro,respectivamente, nos dias 24 e 25 de Abril,pelas 20 horas.

LeiriaPara assinalar os 30 anos da Revolução eos 31 anos do partido, a Federação deLeiria promove um almoço distrital, emPedrógão Grande, no restaurante Lago

Verde, que terá início às 13 horas.Por sua vez, a Concelhia de Alcobaçaorganiza um jantar no dia 24, enquanto aConcelhia de Figueiró dos Vinhos realizaum jantar no dia 25 de Abril.

BejaOrganizado pela Concelhia de Beja realiza-se no dia 22, na sede da Federação distrital,um serão/convívio que reunirá militantespara cantarem canções de Abril. Luís PitaAmeixa e José Monge, respectivamente,presidentes da Federação e Concelhia deBeja animam o debate político sobre os30 anos do 25 de Abril.

Vila RealPara assinalar os 30 anos da Revolução, aFederação de Vila Real tem agendados doisjantares para os dias 24 e 24 que decorrerão,respectivamente, em Chaves, no hotel S.Francisco de Chaves, e em Valpaços.

SesimbraA nova sede do PS/Sesimbra, em Santana,vai ser palco no dia 1 de Maio, de umacto comemorativo dos 30 anos do 25de Abril e da fundação desta estruturasocialista, que decorrerá entre as 16h30 eas 19 horas. Destaque para a presençados camaradas Jorge Coelho e MariaAmélia Antunes.

SetúbalA Federação de Setúbal decorou a suasede com uma faixa alusiva ao 25 deAbril. Por seu turno, a Concelhia deSetúbal organiza no dia 25 um almoçonas suas instalações.

TomarCom o título “Razões de Liberdade”, oPS/Tomar agendou um conjunto deiniciativas para assinalar o Dia daLiberdade e os 31 anos da Fundação doPS. Assim, no 25 de Abril, vai realizar-seuma Gala Socialista, às 13 horas, nosalão dos bombeiros municipais deTomar, em que serão distribuídosdiplomas aos militantes com 25 e 10 anosde filiação no partido, seguindo-se, pelas17 horas, na sede do PS/Tomar, ainauguração de uma exposição colectivade pintura e arquitectura de Deolinda Thain,Armando Marcos, Rui Lopes e MárioPedro.Para o dia 1 de Maio está programada umatarde de convívio na Linhaceira, pelas 18horas, em que será também debatido otema “Emprego e DesenvolvimentoEconómico”.

FAUL/MulheresNo restaurante da antiga FIL vai decorrerno dia 23 de Abril, pelas 21 horas, umjantar comemorativo do 30º aniversário do25 de Abril, uma organização doDepartamento das Mulheres Socialistas daFAUL, que contará com a presença deJorge Coelho e Joaquim Raposo.

CadavalA Secção do PS/Cadaval vai organizar nodia 25, pelas 20 horas, um jantarcomemorativo dos 30 anos da Revoluçãodos Cravos, que decorrerá no CentroCultural, Desportivo e Recreativo de Chãodo Sado.

J.C.C.B.

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6 21 ABRIL 2004

ACAMPAMENTO NACIONAL DA JS

FERRO ACUSA MAIORIADE POPULISMO E MANIPULAÇÃO

INICIATIVA

Ao misturar deliberadamente política comfutebol, como resulta da escolha do seu slogan“Força Portugal” na campanha para as eleiçõeseuropeias, a coligação PSD/PP entrou noscaminhos do “populismo” e da “manipulação”.Para Ferro Rodrigues, não pode haver confusãoentre o uso daquela sigla e o termo utilizadopelos portugueses no apoio à selecção nacional.Por isso, o PS vai pedir um parecer à ComissãoNacional de Eleições.

“Continuo a dizer que o populismo éum dos grandes inimigos da democraciae nós corremos o risco populista de adireita tentar confundir deliberadamenteo óbvio apoio dos portugueses àselecção nacional de futebol com oapoio à coligação”, disse o secretáriogeral socialista, no encerramento do IIAcampamento Nacional da JS, quedecorreu de 8 a 11 de Abril, em Olhão.E salientou que “não é por acaso queescolherem o título ‘Força Portugal’ paraa campanha, pois sabem perfeitamenteque esta terminologia está muito noscachecóis e anda na boca das pessoasque vão ao futebol e gostam daselecção”.O parecer que vai ser pedido à CNE,sublinhou, além da motivação política,tem também a ver com o facto de “haver,inclusivamente, várias marcas deimportantes multinacionais quepatrocinam o Euro 2004, e que têm nasua promoção a expressão ‘ForçaPortugal’.Por se tratar de “manipulaçãoinaceitável”, Ferro Rodrigues consideraque deve ser denunciada e publicamentereprovada. Como todas as manipulações,e como se viu em Espanha, “estádestinada ao fracasso”.Mas, acrescentou, “é brincar com ademocracia e é utilizar instrumentos

populistas que tentam misturar futebolcom a política, a selecção nacional coma coligação de direita, que não merecenenhuma vitória”.Reafirmando ser contra qualqueraproveitamento partidário docampeonato europeu de futebol, FerroRodrigues sublinhou que, “a haverpartidarização, quem poderia tirar os seusfrutos seria o PS, porque sem o PS nãoexistiria nunca o Euro 2004 em Portugal”.O líder socialista, que se encontravaladeado por Ana Gomes e JamilaMadeira, candidatas ao ParlamentoEuropeu, do deputado José Apolinário,e de Miguel Freitas e Francisco José Leal,respectivamente, presidentes do PS/Algarve e da Câmara de Olhão, teceutambém duras críticas à políticaeconómica do Governo, salientando quePortugal enfrenta, desde 2002, uma“estagnação”, com o produto internobruto a crescer apenas 0,8 por cento,contra 2 por cento na média da UniãoEuropeia.Tal significa, adiantou, “uma enormedivergência entre o nosso país e a União”,referindo que “mesmo em 2005 crescerámais um ano abaixo da média da UniãoEuropeia, abaixo das performancesmínimas necessárias para aconvergência, o que representa umhorizonte de mediocridade económica

e incompetência na gestão das políticasmacroeconómicas”.Sublinhando que, em matériaeconómica, o País “apenas convergiuno desemprego”, Ferro Rodriguesrecordou que, desde 2002, Portugal temrecebido cerca de dois milhões de contos(10 milhões de euros) por dia paragarantir a convergência “e com esteGoverno não só não o está a conseguir,como está a afastar-se”.Dirigindo-se em particular aos cerca de300 jovens presentes, disse que estes“não se esquecem que foram enganadospelas promessas do actual Governo”,nomeadamente ao nível do emprego, docrédito bonificado à habitação e aumentodas propinas sem qualquer melhoria deserviços nas universidades e institutospolitécnicos.

Apostar na juventude

Por sua vez, Jamila Madeira, secretária-

geral da JS e candidata ao ParlamentoEuropeu, salientou que os jovensdefendem “a Europa que garante aestabilidade democrática, que exigedireitos sexuais e reprodutivos, quegarante direitos aos jovens e aostrabalhadores, que protege o ambiente,a Europa de mais e melhor empregoda Cimeira de Lisboa”.E acrescentou que os jovensdefendem esta Europa porque nãoquerem a Europa que este Governonos impinge”, ou seja, “a Europa dodéfice falseado, da for talezasecuritária, que fomenta o medo pelosoutros”.Na sua intervenção, Jamila Madeiraalertou ainda que “o distanciamentoentre o discurso pol í t ico e asnecessidades das pessoas conduz aopopulismo e mata a democracia”,sustentando que aos jovenssocialistas cabe a responsabilidadede “ter respostas para os problemas

das pessoas e sobretudo ouvi-las”.Já Ana Gomes, membro do Secre-tariado Nacional e candidata aoParlamento Europeu, sublinhou que“a direita não aposta na juventude,aposta na jumentude”, referindo que,“enquanto em Bruxelas debita aEstratégia de Lisboa que o Governopôs na agenda europeia, em Portugaldesinveste no ensino, na formaçãodos trabalhadores, na ciência e nainvest igação, desinvest indo naqualificação dos jovens, para a seguirlhes atirar à cara com as falhas de umsistema educativo que boicota”.Mas, sal ientou, “os jovensportugueses não são burros, nem vãopela arreata da Direita”, e, por isso,“nas eleições para o ParlamentoEuropeu vão dar a resposta aoGoverno, sem abstenções ou votosem branco. Com cartões amarelos,votando PS”.

J. C. C. B.

Como se viu em Espanha, toda a manipulação está condenada ao fracasso

PS CONTESTA EM TRIBUNALSLOGAN DA DIREITA ÀS EUROPEIASO PS apresentou esta semana uma queixano Tribunal Constitucional contra acoligação PSD/PP por utilizar o slogan“Força Portugal” para a sua campanha ecomo inscrição nos boletins de voto. OPartido Socialista considera a adopçãodeste slogan “abusiva”, na medida emque ela é também utilizada no âmbito doEuro 2004, gerando-se assim umaconfusão de mensagens entre política efutebol.A queixa foi formalizada esta segunda-feira e surge depois dos partidos dacoligação terem anunciadopublicamente a sua intenção de

concorrerem às próximas eleiçõeseuropeias com aquele símbolo, sigla edenominação.Na base da queixa está o facto do sloganentrar em contradição com as disposi-ções da Constituição da RepúblicaPortuguesa, no artigo 51º, que estabeleceque os partidos políticos não podemusar emblemas que possam serconfundidos com símbolos nacionais.O mesmo acontece em relação àsexpressões utilizadas.De acordo com os termos da queixa, adesignação “Força Portugal”, além de“manifestamente ilegal”, é também

inaceitável à luz dos mais elementaresprincípios da ética, da lealdadedemocrática e da lisura política”.O documento refere que a confusão quederiva da utilização do slogan induzassociações subliminares entre oentusiasmo da generalidade do povoportuguês com a campanha da selecçãonacional e a campanha política ou parti-dária da coligação, o que “é de todo ina-ceitável e põe em causa, mais uma vez, oprincípio da igualdade de oportunidadesde acção e propaganda das candidaturasdurante a campanha eleitoral”.Para Pedro Adão e Silva, membro do

Secretariado Nacional do PS, trata-se deuma utilização “abusiva e ilegal”.Segundo afirma, o paradoxo de tudo istoé que o próprio Governo publicourecentemente o decreto-lei nº 86/2004de 17 de Abril, que dá protecção jurídicacontra aproveitamentos ilícitos emrelação ao Euro 2004”. Este diplomapretende garantir que “as denominaçõese símbolos já criados ou a criar paradesignar este evento desportivo nãosejam utilizados, para efeitos publicitáriosou comerciais, por entidades que,indevidamente, pretendem usufruir dosvalores que lhe estão associados”.

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721 ABRIL 2004

AEROPORTO DA OTA

APAGADA E VIL DESCRENÇA

Que falta de ambição e de sentidoestratégico ao não autonomizar o projecto

da Ota do quadro das nossas crescentesdependências de Madrid!

Encontramo-nos numa apagada e vildescrença e, para isso, tem contribuídoa gestão que o Governo tem feito doprojecto do aeroporto da OTA.Não foi por lapso que o ministro dasObras Públicas declarou ao semanário“Expresso”, a 31 de Maio último:- “A Portela será sempre o principalaeroporto de Lisboa” e- “A Ota pode vir a ser um aeroportopara voos ‘charter”’.Posteriormente, desdobrou-se emdeclarações ziguezagueantes mas queem nada desmentem o que disseinicialmente.Tenho-me interrogado sobre o que teráacontecido no seio dos partidos do

Governo – e que nos esteja a ser escondido – para que tenham atirado paratão mau destino o projecto estratégico do novo Aeroporto Internacional deLisboa na Ota.As desculpas que têm vindo a público não convencem.Consultei há dias um relatório internacional, datado de Janeiro de 2002, daresponsabilidade da Célula de Prospectiva da Conferência das RegiõesPeriféricas Marítimas Europeias.Na página 59 desse relatório, pode ler-se:“… Madrid exprimiu fortemente a sua oposição a uma estratégica destinadaa que Lisboa assumisse um papel mais activo no tráfego aéreotranscontinental”.Lembra o mesmo relatório que os principais aeroportos internacionais daUE estão saturados e que há lugar para aeroportos internacionais na costaAtlântica da Europa.Que esses aeroportos podem exercer um papel importante na gestão dotráfego intercontinental.E que Lisboa devia tirar partido da sua excelente posição.Na página 146, em síntese, são destacados seis elementos essenciais àconsolidação de Lisboa – e obviamente de Portugal – no contexto europeu,um dos quais é, nada mais do que:- “A confirmação da região de Lisboa enquanto ponto de ligaçãointercontinental sobre a costa atlântica”.Mas Madrid exprimiu fortemente a sua oposição…O relatório é datado de Janeiro de 2002.Castela, demonstradamente, não conseguiu convencer os governos PS.Mas, pelos vistos, conseguiu convencer os partidos da actual maioria e –quem sabe? - ainda na oposição.O ministro confrontado pelo “Diário de Notícias”, de 22 de Setembro,sobre a nossa possível função de placa giratória, no domínio aeroportuário,respondeu que não somos centro de coisa nenhuma.Mas, a nossa posição geográfica não nos permite trabalhar para um papelcentral nas ligações intercontinentais com, pelo menos, África e asAméricas?De facto, não é seguramente com a Portela – mesmo que completada coma OTA para “charters” – que Portugal exerce qualquer papel de plataformalogística – à escala intercontinental – na fachada atlântica da Europa.Esta questão exige pois as seguintes perguntas:- Que contrapartidas para Portugal é que este Governo obteve do Governo docastelhano senhor Aznar para subverter o projecto da OTA?- Foi a “luz verde” para o projecto prioritário n.º 16 – Ligação multimodalPortugal/Espanha, a caminho da Europa, para reforço da centralidade ibéricade Madrid?Que falta de ambição e de sentido estratégico ao não autonomizar o projectoda Ota do quadro das nossas crescentes dependências de Madrid!Acresce ser inadmissível que, em democracia, um novo Governo – natransitoriedade dos mandatos – tenha vindo com o propósito de “refundaro país”.É inadmissível que uma decisão vital para o desenvolvimento de Portugal,legitimamente adoptada pelo anterior Governo, seja dada como inexistentepor este Governo.É “uma atitude politicamente muito grave e estruturalmente desastrosa parao desenvolvimento do País”, como reconheceu a Comissão Política Distritalde Leiria do PSD, de 31 de Maio último.É por estas e outras que mora entre os portugueses uma apagada e vildescrença.

JOSÉ AUGUSTO DECARVALHO

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iniã

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PARLAMENTO

SEGURO EXIGE

TRANSPARÊNCIA TOTALNAS CONTAS PÚBLICASAntónio José Seguro desafiou a maioriaparlamentar de direita a aceitar a criaçãode uma comissão independente quefiscalize as contas públicas relativas a2003, “atendendo aos mesmos critériosque foram seguidos em 2001”, durantea governação socialista.Na sua primeira intervenção comopresidente da bancada do PS, Segurolançou também o repto ao PSD e ao PPde optarem pela transparência mediantea entrega, na Assembleia da República,do documento que a ministra dasFinanças, Manuela Ferreira Leite, fezchegar ao comissário Pedro Solbes, textoesse que terá estado na origem dolevantamento das sanções contraPortugal por défice excessivo.António José Seguro insistiu na crucia-lidade desta fiscalização parlamentar,explicando que o tipo de comissãocoordenada pelo Banco de Portugal, “foiboa em 2001, enquanto o PS foi poder”,pelo que “também deve servir para o actualGoverno”. Ao desafio e ao repto asbancadas da maioria nada responderam.“Não podiam ter feito pior”, declarouAntónio José Seguro depois debombardear as bancadas do PSD e doCDS com um conjunto de quadros eestatísticas que constituem prova cabaldo descalabro económico em que a

direita tem mergulhado Portugal.Desemprego crescente, encerramento deempresas, abandono de políticassociais, regressão e distanciamento donível de desenvolvimento europeu foramos graves problemas retomados nodebate por António José Seguro, queassegurou ser objectivo das iniciativasdo PS, a apresentação de “propostasalternativas e de alternância”.Numa intervenção fortemente aplaudida,Seguro prosseguiu a sua forte crítica àpolítica económica seguida peloExecutivo azul/laranja, socorrendo-se

das mais recentes previsões da UniãoEuropeia que se aponta para umcrescimento superior da Gréciarelativamente ao nosso país.Acusando o Governo de ser o únicoresponsável pelo agravamento desenfre-ado do desemprego, o líder do GP/PScondenou a insensibilidade da direitaface aos problemas dos portuguesesmais desprotegidos.“Vivemos num país em recessão, emdivergência com a UE, onde até a tãoansiada redução do défice espera umarevisão em alta por parte de Bruxelas”,afirmou.Na fase do debate que se seguiu, o líderda bancada do PP, Telmo Correia, chamoudemagogicamente o cabeça-de-lista doPS às europeias, Sousa Franco, “pai dodéfice português”.Seguro contra-atacou: “É verdade, temoscandidato”, garantindo de seguida queo PS está orgulhoso da sua escolha, paradepois lembrar que a maioria de direita,a dois meses do sufrágio para oParlamento Europeu, “só tem um slogan[“Força Portugal”] e que este “não é maisdo que a apropriação ilegítima do Euro2004”, um evento que “só veio parar aPortugal graças ao trabalho de umGoverno do PS”.

MARY RODRIGUES

PARLAMENTO ABERTO

Esta deslocação do GP/PS a Monchique insere-se no âmbito de uma nova iniciativaencetada pela actual direcção da bancada a que chamou Parlamento Aberto e quetem como objectivo promover deslocações temáticas dos deputados às segundas-feiras em vários pontos do país.Assim, na próxima segunda-feira, dia 26 de Abril, está já agendada uma deslocaçãosobre saúde, cujo programa está a ser definido. Certo é que a acção seguinte serácentrada na temática do desemprego.Os pormenores ficarão definidos em reunião do GP/PS que decorria à hora do fechodesta edição.

FOGOS FLORESTAIS

SOCIALISTAS PROPÕEM CRIAÇÃODE COMISSÃO PARA FISCALIZAR GOVERNOOs socialistas defendem a criação deuma comissão parlamentar eventual deacompanhamento das medidasgovernamentais de prevenção e combateaos incêndios florestais.Na primeira iniciativa do ParlamentoAberto, que levou uma delegação dedeputados do PS na passada segunda-feira ao Algarve para avaliar “in loco” asituação na serra de Monchique, ossocialistas concluem que o Governo nãoaprendeu nada com os erros do passadoface aos incêndios.Por isso, o PS marcou um agendamentopotestativo para hoje, quarta-feira, paraa apresentação de um projecto deresolução que visa criar uma comissãopara acompanhar o comportamento doExecutivo.“Não nos resignamos a que todos osanos tenha que haver uma tragédia.Obviamente dirão e bem que estacomissão não vem resolver essesproblemas por si só, mas o facto delaexistir obriga a que o Governo e aAdministração Pública tenham quefornecer informações e sejam obrigadosa executar as medidas pelas quais secomprometem”, afirmou António JoséSeguro em Monchique.O líder do Grupo Parlamentar do PSapelou à maioria para que aprenda a lição

do ano passado e viabilize estacomissão, lamentando que até aqui oGoverno tenha marginalizado bombeirose autarquias, assim como as campanhasde prevenção de fogos florestais.

Comissão de Reflorestaçãoexclui distrito da Guarda

Entretanto, os deputados do PS eleitospelo círculo da Guarda, Fernando Cabrale Pina Moura, pretendem saber quais oscritérios que levaram à exclusão dosconcelhos do distrito da Guarda daComissão de Reflorestação da BeiraInterior, uma das quatro comissõesconstituídas em todo o país para “áreasardidas vastíssimas e contínuas querequerem um tratamento especial e que

foram fustigadas no último Verão”.Em requerimento dirigido ao Governo,os deputados do PS referem que, comotem sido relatado, e é constante derelatórios oficiais, vários concelhos dodistrito da Guarda têm sido fustigadospelos fogos florestais todos os anos,incluindo o de 2003, sublinhando quetambém na nova Carta de Risco deIncêndios, recentemente conhecida, aquase totalidade da área do distrito daGuarda está inserida no nível “muitoalto” de risco de incêndios.Por isso, Fernando Cabral e Pina Mouraafirmam ter sido “com surpresa” queverificaram que nenhum concelho dodistrito da Guarda estava incluído naComissão de Reflorestação da BeiraInterior.

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8 21 ABRIL 2004

REGULAMENTAÇÃO DO CÓDIGO DO TRABALHO

MAIORIA LEGISLA CONTRA A CONSTITUIÇÃO“Uma incógnita” é como classifica odeputado socialista Artur Penedos ocomportamento dos partidos da maioriaem relação ao actual processo deregulamentação do Código do Trabalho,alertando que pode haver “uma claratentativa do PSD e PP de esconder ojogo, como forma de evitar qualquercontestação no 25 de Abril e 1º de Maio”.Em declarações ao “Acção Socialista”,o coordenador do PS da ComissãoParlamentar de Assuntos Sociais faz umbalanço muito crítico da postura damaioria sobre alguns dos pontos emdiscussão. Assim, no que respeita àsférias, Artur Penedos lamenta que oGoverno não tenha apresentado umaproposta de “clarificação” queeliminasse “qualquer dúvida”,salientando que o PS apresentou já umaproposta para aplicação já este ano dos25 dias de férias.“O Governo pratica um embuste serecusar a proposta socialista”, disse,acrescentando que “os empresários querespeitam as novas leis e aplicaramdesde 1 de Janeiro o novo modelo devemsentir-se ludibriados” face à posição doGoverno.Já no que respeita à licença dematernidade e paternidade, o deputadosocialista acusou o Governo de “vendergato por lebre” ao anunciar que iriaaumentar a licença de quatro para cinco

meses, quando agora vêm dizer que“concederá os cinco meses mas só vaipagar quatro”. O PS, referiu, “não aceitaqualquer perda de retribuição” e “rejeitaliminarmente este modelo imposto peloGoverno, ainda por cima sem terconsultado, como devia, os parceirossociais”.Também o modo como a maioriapretende regulamentar o encerramentotemporário de empresas merece do PSas mais “sérias reservas”, uma vez que,segundo Artur Penedos, “se esta questãonão for tratada com cuidado podemosestar perante uma situação de ‘black-out’, configurando assim uma claraviolação da Constituição”. Por isso,adiantou, “o PS vai apresentar propostastendentes a eliminar qualquer tentativade que o encerramento temporário deempresas sirva para aplicar o “black-out’”.Por outro lado, o deputado socialistacontesta ainda a interpretação que oGoverno pretende dar ao regime depluralidade das infracções, salientandoque “o PS entende que pluralidade sãovárias, enquanto o secretário de Estadodo Trabalho tem vindo a dizer que é umaelevada a dois’. Ou seja, explica, “nãopodemos concordar que seja aplicada amesma coima a uma empresa com 50trabalhadores a quem o patrão não pagahoras suplementares em relação a outra

com dois trabalhadores na mesmasituação. Não há uma graduação dagravidade da infracção quanto aonúmero de trabalhadores vítimas de umainfracção”.Quanto à protecção dos dados pessoais,outro dos pontos polémicos emdiscussão, Artur Penedos revê-se naposição da Comissão Nacional deProtecção de Dados (CNDP) quechamou recentemente a atenção daAssembleia da República para umconjunto de situações, referindo que “oPS vai adoptar todas as propostas que

aquele organismo formule no seu parecerem matéria de controlo dos testesgenéticos e biométricos, exames deretina, impressão digital, entre outros”.

Discriminação dostrabalhadores da FunçãoPública

Entretanto, o PS manifestou a sua satisfa-ção com a devolução ao Parlamento dodiploma do contrato individual de trabalho,acusando o Governo de “legislar contra aConstituição”.

Artur Penedos considerou que o“chumbo” desta proposta de lei constitui“uma derrota de um Governo que legislasempre contra os mesmos, ostrabalhadores, precisamente aqueles quetem de motivar, no âmbito da reforma daAdministração Pública”.O deputado socialista lamentou aindaque não se tenha aproveitado estaoportunidade para expurgar outrassituações de “constitucionalidadeduvidosa” como a possibilidade dedespedimento colectivo e de aplicaçãodo “lay-off” na Função Pública, que oPS “rejeita liminarmente”.Também os termos em que os contratosde trabalho podem ser consideradosnulos foram alvo das críticas de ArturPenedos, que lamentou que o presidentedo TC “não tenha consideradoinconstitucionais aspectos queconfiguram uma clara discriminação emrelação a todos os outros trabalhadoresdo País”.Assim, explicou, “a ausência do nomee da morada da entidade patronal torna,no sector privado, o contrato nulo,enquanto esta lei estabelece que naAdministração Pública o contrato étambém nulo, só que o trabalhador ficasem o seu posto de trabalho, o queconfigura uma dualidade de critériosinaceitável”.

J. C. CASTELO BRANCO

Para evitar contestações no 25 de Abril e 1º de Maio, a maioria esconde o jogo em relaçãoà regulamentação do Código do Trabalho

EDUCAÇÃO

PS DEFENDE DEMOCRATIZAÇÃO DA GESTÃO ESCOLARO PS exige a introdução de 14 pontos“fundamentais” na Lei de Bases daEducação, cuja proposta está emdiscussão na Assembleia da República.O socialistas reafirmam assim o seuempenhamento na construção de umquadro normativo para o sector educativoque exprima um consenso social epolítico alargado e que colha também asopiniões de todos quantos participaramna discussão pública desta matéria.Mas, da parte do PS, “só é possível umconsenso se ficarem claramentesalvaguardados, na lei, princípiosessenciais para uma democratizaçãoefectiva da organização do sistemaeducativo”.Augusto Santos Silva explicou àComunicação Social que o PS se “recusaa dar um voto favorável a qualquer textoque ponha em risco o princípio daautonomia e participação democrática dagestão das escolas, ou que diminua aresponsabilidade do Estado na garantiade uma rede de escolas públicas”.Segundo o deputado, nenhum dos pontosdefendidos pelos socialistas está salva-guardado na proposta de lei do Governo.Na discussão na especialidade, o PSpretende que se fixe a tutela pedagógica etécnica única do Ministério de DavidJustino sobre a educação pré-escolar eque a organização do ensino especialobedeça aos princípios da escolainclusiva.

Os deputados socialistas exigemigualmente que a Lei de Bases daEducação mantenha unificada a estruturacurricular dos 7º, 8º e 9º anos, que asescolas sejam dirigias por órgãoscolegiais, eleitos e representativos dedocentes, pais e encarregados deeducação, estudantes (ao nívelsecundário) e membros da comunidade.É ainda fundamental para o PS que adirecção executiva das escolas sejaassegurada por docentes, que a vontadede cada comunidade escolar prevaleça noprocesso de designação da sua direcçãoexecutiva, e que os conselhos pedagógi-cos das escolas tenham poderes efectivos.A Lei de Bases deverá ainda valorizar aformação de adultos, bem como aarticulação entre educação e formaçãoprofissional.Quanto ao ensino superior, o PS defendeque deve adequar-se aos princípios deconstrução de um espaço europeu e quedevem ser removidas as barreirasadministrativas ao desenvolvimento doensino politécnico.“Na proposta de lei do Governo a discutirna quarta-feira faltam este pontos. Ou sãoincluídos ou o PS não pode dar o seuacordo”, declarou Augusto Santos Silva.Segundo o deputado, se os 14 pontos daproposta socialista forem incluídos o textofinal será uma boa Lei de Bases daEducação.Por outro lado, a forma encontrada pelo

Governo para aumentar as vagas noscursos de saúde no ensino superiorpúblico, foi alvo de críticas do PS, quetambém qualificou como um “logro” aintenção do Governo de aumentar osucesso escolar em Matemática e Física.Augusto Santos Silva, ex-ministro daEducação socialista, enunciou as váriasrazões que justificam o descontentamentodo PS face ao documento apresentadopela ministra da Ciência e do EnsinoSuperior que sustenta a política de vagaspara o ensino superior e ao anúncio de

uma campanha para aumentar o sucessoescolar nas disciplinas de Matemática eFísica.Apesar de concordar com o aumento donúmero de vagas nas áreas das ciênciasda saúde, tecnologia e artes, o PSdiscorda que isso seja conseguido comcortes em áreas “onde há procura e oscandidatos apresentam notas excelentesde candidatura, como psicologia”.Os socialistas discordam ainda dautilização de um critério administrativo eda imposição de uma manutenção global

do número de vagas oferecidas.“Este critério não premeia a qualidade nematende aos cursos com procuraqualificada ao longo dos anos”,continuou.Para o deputado socialista, os cursos quetêm procura e boas notas de candidaturadevem continuar a crescer no número devagas, ao contrário dos cursos semprocura e com más notas.Quanto ao anúncio pela ministra GraçaCarvalho de um conjunto de medidas paraaumentar o sucesso escolar emmatemática e física, enquadradas naaposta governamental nos cursoscientíficos e tecnológicos, AugustoSantos Silva considerou estarmos perante“um logro”, porque, explicou, “esteGoverno diz que quer desenvolver osclubes de ciências e matemática quandoé de sua exclusiva responsabilidade aparalisação dos projectos de ciência viva(divulgação científica nas escolas) desde2002”.“É também um logro porque é este mesmoGoverno que na revisão curricular doensino secundário diminuiu o peso daformação científica mesmo nos cursosgerais de ciências e tecnologias”,acrescentou.O deputado do PS referiu ainda que a novarevisão “torna possível que um alunopossa acabar o curso secundário emciências sem ter física e química oumesmo biologia”.

AS 14 EXIGÊNCIAS SOCIALISTAS• Promover a democratização da educação

e garantir uma rede de escolas públicas;• Colocar a educação pré-escolar sob a

tutela pedagógica e técnica única doMinistério da Educação;

• Organizar a educação especial obede-cendo aos princípios da escola inclusiva;

• Manter unificada a estrutura curriculardos 7º, 8º e 9º anos, orientando-a naperspectiva do prosseguimento deestudos;

• Obedecer aos princípios e regras de auto-nomia e de participação democráticana administração e gestão das escolas;

• Assegurar que a direcção das escolastenha por base órgãos colegiais, eleitose representativos de docentes, pais eencarregados de educação, estudantes(ao nível secundário) e membros dacomunidade;

• Garantir que a direcção executiva dasescolas seja assumida por docentes;

• Fazer prevalecer a vontade de cadacomunidade escolar no processo dedesignação da sua direcção executiva;

• Consagrar poderes efectivos aosconselhos pedagógicos das escolas, nasua área de competências;

• Valorizar a educação e a formação dosadultos;

• Promover a articulação entre educaçãoe formação profissional;

• Institucionalizar a formação pós-secundária;

• Adequar a organização do ensinosuperior aos princípios de construçãode um espaço europeu do ensinosuperior;

• Eliminar as barreiras administrativas aodesenvolvimento do ensino politécnico.

PARLAMENTO

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921 ABRIL 2004

PS PROPÕE NOVA GERAÇÃODE POLÍTICAS AUTÁRQUICAS

O PS vai apresentar no Parlamento umprojecto-lei das finanças locais que visadar mais autonomia, equilíbrio eflexibilidade às autarquias na utilização dasreceitas de forma a que sejam menosdependentes das verbas oriundas deinvestimentos imobiliários.Assim, o primeiro passo será dado aindaeste mês, com a criação de um grupo detrabalho, coordenado por Guilhermed’Oliveira Martins, que está incumbido deapresentar a versão final da proposta parauma nova lei do financiamento dasautarquias até ao início do próximo ano,anunciou o presidente do Grupo Parlamentardo PS, António José Seguro, no final deum jantar de trabalho com os presidentesdas federações, em que participaramtambém Vieira da Silva e Jorge Coelho.Segundo António José Seguro, estainiciativa legislativa surgiu devido “ànecessidade de melhorar e adequar ofuncionamento das autarquias”, a um

“novo ciclo”.“Hoje há novos desafios que se colocamrelativos ao ordenamento do território eao ambiente, no quadro de umdesenvolvimento sustentável”, referiu,que exigem por parte das autarquias “umsalto qualitativo” para dar resposta a estanova realidade, muito diferente da“primeira geração” de políticasautárquicas centradas no investimento emsaneamento básico e abertura de vias decomunicação.O líder da bancada socialista manifestouainda o desejo que a actual maioria “sejasensível” e tenha uma “postura construtiva”em relação a esta iniciativa socialista, aqual espera ver aprovada num clima degrande consenso.

Candidaturas com regrasobjectivas

Em relação às próximas autárquicas

foram abordados alguns aspectosgerais visando a posterior definição deuma estratégia nacional.Sobre a metodologia de escolha doscandidatos socialistas a presidentesde Câmara, Jorge Coelho reafirmou queserão seguidas “regras objectivas”.“Ninguém será candidato a presidentede qualquer Câmara pelo PS sem umacordo entre as respectivas concelhiae federação e sem o aval de mimpróprio, que representarei nesseprocesso o secretário-geral, FerroRodrigues”, salientou.Quanto ao calendário para a escolhados candidatos autárquicossocialistas, Jorge Coelho referiu quenenhuma data se encontra aindadefinida, embora considerasse“desejável” que esse processo internose encerre na maioria dos concelhosaté ao final deste ano.

J. C. C. B.

ZAPATERO PRESIDENTE

Na semana que passou, o socialista JoséLuis Rodríguez Zapatero tomou posse docargo de presidente do Governo espanhol.Esta não foi uma tomada de posse comoqualquer outra. Representou a primeiraresposta democrática a uma certa formade fazer política que tem caracterizado,ultimamente, os governos de direita naEuropa Ocidental e nos Estados Unidos.Da lei da selva que vigora em Guantanamoàs mentiras sobre as armas de destruiçãomaciça, são vários os episódios queminam a confiança nas democracias. Se,em nome do combate ao terrorismo,abdicarmos de princípios democráticos

básicos, então estaremos já a falar de outro regime qualquer. Não se pode é«defender dos valores da democracia liberal» atacando-os sistematicamente.Na sequência dos atentados terroristas de 11 de Março, em Madrid, assistimosa mais uma tentativa de manipulação de uma opinião pública por parte de umGoverno democrático. Morreram 200 pessoas. Podia ter sido a ETA. Podia tersido a Al-Qaeda. Podia ter sido outro bando de criminosos qualquer. Aquestão não é essa. A questão é que já com informações sólidas a apontarema pista da Al-Qaeda, o senhor Rajoy, candidato a primeiro-ministro do PP, epessoa supostamente bem informada, limitava-se a partilhar com os espanhóisos seus estados de alma: «Foi a ETA: é apenas a minha convicção moral».O próprio presidente Aznar, em conferência de Imprensa, interrogava-se:«Alguém com dois dedos de testa poderia deixar de suspeitar da ETA? É essaa convicção lógica e racional do governo e da maioria dos espanhóis».Como se fosse função de um primeiro-ministro raciocinar como o merceeiroda esquina, ou dar palpites como se estivesse no café.Esta forma desastrada de fazer política teria a sua piada se não fosse tãodesastrosa para a democracia. É evidente que houve aqui má fé. A direcção doPP, na linha do que havia feito no caso Prestige, agiu em função de raciocíniosperversos: se for a ETA ganhamos; se for a Al-Qaeda perdemos, porqueapoiámos Bush. Como escreveu Jorge Almeida Fernandes, o pior que podiaacontecer às democracias era subordinarem a sua política externa à chantagemterrorista. É, aliás, uma ilusão pensar-se que democracias governadas porpartidos críticos da política externa de Bush estão a salvo de qualquer ataque:o alvo do fundamentalismo islâmico são valores partilhados por todas asdemocracias liberais. No entanto, a defesa do direito internacional e domultilateralismo na política externa, tal como o respeito pelos direitos, liberdadee garantias na política interna, não podem ser tratadas como «coisas boaspara satisfazer reivindicações de terroristas»; são coisas boas em si mesmas.E são também a única forma séria de combater o terrorismo, como se vê pelosrecentes acontecimentos no Iraque.Muitas coisas podem explicar o surpreendente resultado eleitoral de Espanha.Os politólogos lembram que houve tradicionais simpatizantes do PSOE queem momentos anteriores se abstiveram, mas que desta vez, motivados pelagravidade do momento, foram votar. O terrorismo intelectual do costumecontinuará a dizer que os espanhóis votaram com medo e cederam aoterrorismo. Parece-me claro que, independentemente das leituras sociológicas,há uma leitura política evidente: como diz o cartaz, «eles mentem, eles perdem».Durante muito tempo, as eleições assentaram em alinhamentos tradicionais(sociais, regionais, religiosos, étnicos, etc.). Surgiram, entretanto, novasclivagens associadas a novos temas (a ecologia, os direitos das mulheres edas minorias, etc.). A viragem brutal do sentido de voto (da esquerda para aesquerda) que se verificou em Espanha, e também nas eleições regionaisfrancesas, parece indicar que muito mais do que velhas e novas clivagens,muito mais do que a conjuntura económica, a exigência quanto à formacomo se faz política é o factor mais determinante nas escolhas do eleitorado.Zapatero parece ter percebido isto. Em conformidade com uma promessaeleitoral feita há meses, no discurso da tomada de posse, anunciou a retiradadas tropas espanholas no Iraque (sem dúvida, uma medida discutível nestafase de reconstrução). Quem não parece ter aprendido nada com a liçãoespanhola é o dr. Durão Barroso, que veio esta semana insultar o presidentedo Governo espanhol, acusando-o de «cedência aos terroristas». Já sabíamosque o cumprimento de promessas eleitorais não era o forte de Durão Barroso;agora ficamos a saber que nem para ministro dos Negócios Estrangeirosserve. Nas eleições europeias vai levar um primeiro cartão amarelo, e naslegislativas levará certamente o segundo. O dr. Durão está convencido que, apartir de agora, com um «discurso social» e orçamentos eleitoralistas, aindaganha as eleições legislativas de 2006. No fundo, vai seguir a receita doprofessor Cavaco. Ainda não percebeu que o tempo é outro.

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FILIPE NUNES

O terrorismo intelectual do costumecontinuará a dizer que os espanhóis

votaram com medo e cederam ao terrorismo

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INICIATIVA

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10 21 ABRIL 2004

Breves

COMISSÃO POLÍTICA

A revisão constitucional e a análise da situaçãopolítica nacional foram os dois principais pontosda ordem de trabalhos da reunião da ComissãoPolítica do Partido Socialista, que se realizouontem à noite.Não sendo possível apresentar as principaisconclusões da reunião nesta edição, o “AcçãoSocialista” divulgá-las-á no próximo número.

FEDERAÇÕES

A FAUL promoveu, em conjunto com asconcelhias do PS, dois debates na Biblioteca deOeiras, nos passados dias 12 e 14 de Abril.O primeiro destes encontros, subordinado ao tema“Europa – Espaço de Desenvolvimento e Coesão”,contou com a participação da candidata àseuropeias 2004, Elisa Ferreira, do presidente dadistrital socialista de Lisboa, Joaquim Raposo edo presidente do PS de Oeiras, Emanuel Martins.

A Federação do Baixo Alentejo do PS editouo seu boletim oficial de Março, onde se destaca areportagem do seminário realizado em Beja sobreos fundos estruturais e dos desafios doalargamento da União Europeia.

No âmbito das acções descentralizadas doSecretariado da Federação de Setúbal,realizou-se, no passado dia 17 de Abril, uma visitapara avaliar no terreno da actual situaçãoeconómica e social do concelho.No dia 19 de Abril, a Comissão Política Distritalreuniu na sede federativa para discutir, entre outrospontos, o balanço de dois anos de Governo PSD/PP e a alternativa do PS, bem como as próximaseleições europeias de 13 de Junho.

CONCELHIAS

A Concelhia do PS/Cascais acusou o autarcalaranja António Capucho de “manipulação, habilidadee mentiras”, sobre o processo que vai levar àconstrução de um empreendimento imobiliário daEstoril-Sol à entrada da vila, segundo um projectoque não corresponde ao que fora acordado noprotocolo estabelecido em 2002 entre a CâmaraMunicipal e aquela sociedade.Em comunicado divulgado no passado dia 11 deAbril, os socialistas de Cascais garantem ser “inédito”que a sala de sessões tenha servido para apresentar àImprensa um projecto privado que não foi aindadiscutido nem aprovado pelos órgãos de poder local.

José Sócrates e Maria de Belém participaram, nos dias14 e 15 de Abril, nas secções de Ajuda e do Limoeiro,respectivamente, em reuniões de análise de situaçãopolítica com os militantes destas estruturas socialistas,encontros promovidos pela Concelhia de Lisboa.

O presidente da Concelhia de Pampilhosa daSerra, Fernando Antunes, apresentou uma proposta,na reunião de câmara de 7 de Abril, aprovada peloexecutivo, que recusa em definitivo a instalação noconcelho do polémico centro de tratamentos de lixoindustrial.O dirigente manifesta, numa nota à Imprensa, a suasatisfação por este desfecho, onde a vitória pertenceao “bom senso”, fundamentado nos pareceres detécnicos qualificados e independentes e confirmadopela Quercus e pela Faculdade de Ciências eTecnologia da Universidade de Coimbra.

A Comissão Política Concelhia de Odivelaspromoveu, no passado dia 17 de Abril, um fórumsobre “Transportes e Acessibilidades” no PavilhãoPolivalente local, evento onde participaram o autarcaManuel Varges, o vereador responsável pelo

planeamento urbanístico Sérgio Paiva, o deputado JoséJunqueiro e o líder concelhio Vítor Peixoto.

Na sequência das visitas ao concelho da Moita que aComissão Política Concelhia do PS/Moita temvindo a afectuar, realizou-se recentemente mais umainiciativa que contou com a presença de elementosdo Secretariado da Federação de Setúbal.O tema da visita foi o desporto, numa reflexão conjuntacom as instituições que contribuem para odesenvolvimento desportivo do concelho, oscaminhos percorridos, a situação actual destes e oseu futuro.

A Concelhia do PS/Leiria exige que a CâmaraMunicipal e a Leirisport esclareçam, com “completatransparência”, quem são os verdadeiros detentoresdo capital da SAD do União de Leiria.O Secretariado socialista, em comunicado divulgadono passado dia 10, considera “não fazer qualquersentido que uma empresa que mantém relaçõespreferenciais com entidades públicas tenhaaccionistas-fantasma ou domiciliados em parteincerta”.

A Concelhia socialista de Salvaterra de Magosdenunciou “relações perigosas” existentes entre acâmara local e as estruturas nacionais do Bloco deEsquerda.

O Departamento federativo de Mulheres daFAUL promoveram, em conjunto com a Concelhiado PS/Amadora um debate sobre “Imigração ePolíticas de Integração”, encontro em que participaramCeleste Correia, deputada socialista, RosárioFarmhouse, do Jesuit Refugee Service, António RamosPreto, presidente da Concelhia da Amadora, e JoaquimRaposo, presidente da FAUL.Neste debate foram abordos os modelos para a gestãoda diversidade cultural e a importância da

multiculturalidade. Identificaram-se ainda osproblemas da legislação em vigor e da integraçãodos imigrantes em Portugal, apontando-se oscaminhos possíveis para uma cidadania inclusiva.

SECÇÕES

A Secção de Benfica e São Domingos deBenfica foi a sufrágio a 18 de Março, realizando-se a segunda volta eleitoral interna a 24 de Março,onde saiu vitoriosa a Lista A, com 147 votos,Fernando Saraiva foi eleito secretário-coordenador.

AUTARQUIAS

Os vereadores do PS na Câmara Municipalde Lisboa chumbaram o relatório de gestão de2003 da autarquia, abstendo-se no que diz respeitoàs demonstrações financeiras do mesmo ano.Num debate-balanço sobre a actuação do executivolaranja, o socialista Vasco Franco lamentou a baixataxa de execução registada e considerou“preocupante” o aumento das dívidas a fornecedores,criticando ainda a ausência no relatório em questãode “um enquadramento introdutório que sintetizasseo que foi feito e que era habitual”.

Os vereadores do PS na Câmara Municipalde Sintra recomendam ao Governo que retomede imediato as conversações com os operadoresdos transportes públicos.No passado dia 14 de Abril, os socialistas fizeramaprovar uma moção que recomenda ao Executivoque retome de imediato as conversações com osoperadores de transporte público com o objectivode colocar um ponto final nas ameaças que pairamsobre todos os utentes dos transportes públicosna Área Metropolitana de Lisboa.

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EN

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PS SECRETÁRIO-GERAL

22 de Abril – 20h00 – Ferro Rodrigues vai estar presente no jantar comemorativo do 25 deAbril e da fundação do PS promovido pela Concelhia de Lisboa, que terá lugar na Voz doOperário.23 de Abril – Ferro Rodrigues participa no Congresso do Partido Socialista Europeu, emBruxelas.25 de Abril – 10h00 – Ferro Rodrigues discursa na sessão solene comemorativa do 25 deAbril, na Assembleia da República.26 de Abril – Ferro Rodrigues vai estar presente na sessão de agraciamento pelo Presidenteda República a um conjunto de personalidades, no âmbito das comemorações dos 30 anosdo 25 de Abril.

FEDERAÇÕES

25 de Abril – 17h30 – I Encontro de Socialistas da Comunidade Urbana do Oeste, noCentro Cultural e Desportivo de Chão do Sado, que contará com a presença dos presidentesdas federações Regional do Oeste e de Leiria, respectivamente, José Augusto Carvalho e JoséMiguel Medeiros, e do co-fundador do PS Arons de Carvalho.30 de Abril – 21h00 – Reunião da Comissão Política da Federação do PS/Coimbra.30 de Abril – 21h30 – Numa organização da Federação do PS/Vila Real, vai realizar-se emMurça, no auditório municipal, uma conferência sobre a Europa, que contará com a presençados eurodeputados socialistas António Campos e Carlos Lage.24 de Abril – Encontro autárquico de Portalegre, no qual estará presente o dirigente socialistaAntónio Costa.

CONCELHIAS

24 de Abril – 9h00 – Vai ter lugar no auditório do Museu de Tapeçaria Guy Fino umEncontro de Autarcas do Concelho de Portalegre, no qual o camarada António Costa, candidatoao Parlamento Europeu, fará uma intervenção subordinada ao tema “As autarquias na Europa”.

8 de Maio – 14h30 - Sob o lema “O progresso e futuro para a nossa terra”, vai realizar-seo I Encontro Autárquico da Secção Concelhia do PS de Campo Maior, no Centro Culturallocal, que contará com a presença dos dirigentes socialistas Maria de Belém e Jorge Coelho.3 e 4 de Maio – 21h00 - Com o objectivo de apresentar as iniciativas referentes às eleiçõeseuropeias e fazer um balanço do actual momento político, a Concelhia de Lisboa vai promoverno dia 3 de Maio reuniões nas secções de Alcântara, Ajuda, Belém, Alvalade e Benfica e nodia 4 de Maio nas secções de Carnide, Campo de Ourique e Olivais.30 de Abril – Sessão pública no Hotel Montechoro, em Albufeira, com a participação dodirigente do PS José Sócrates. Organização conjunta da Comissão Política Concelhia deAlbufeira e Federação do PS/Algarve.8 de Maio - Encontro autárquico em Campo Maior, que contará com a presença do camaradaJorge Coelho.

SECÇÕES

28 de Abril – 21h30 – A recém-constituída Secção de Acção Sectorial da ComunicaçãoSocial vai realizar um debate sobre a Rádio, no edifício novo da Assembleia da República,que contará com a presença de José Manuel Nunes, da RDP, e Santos Silva, da Rádio Clubede Cascais.4 de Maio – 21h30 – A Secção de Benfica promove um encontro/debate sobre as europeias,no auditório da Junta de Freguesia de Benfica, que contará com a participação da dirigentesocialista Ana Gomes.6 de Maio – 21h00 – A Secção da Charneca de Caparica/Sobreda irá realizar uma sessãopública subordinada ao tema “Portugal na Europa”, que terá como orador o camarada AntónioCosta.

DEPARTAMENTO DAS MULHERES SOCIALISTAS

5 de Maio – 21h00 – Numa organização dos Departamentos Nacional e da FAUL dasMulheres Socialistas, vai ter lugar um debate sobre a Europa, que decorrerá na sede nacional,no Largo do Rato.

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1121 ABRIL 2004

“No meu caso, a actividade política não me viciou muito”Cavaco Silva, primeiro-ministro entre 1985 e 1995

DNA, 9 de Abril

“Estou contra o sistema que nos governa e consegui encontrar oinstrumento por Excelência da contestação: o voto em branco”

José Saramago, candidato aoParlamento Europeu nas listas da CDU

Expresso, 3 de Abril

“Se a ideia do voto em branco fosse seguida pelos portugueses,nós conseguíamos eleger os 24 eurodeputados”

Carlos CarvalhasExpresso, 3 de Abril

“O Iraque seguro, próspero e governado democraticamente já vema caminho”

Teresa Gouveia, ministra dos Negócios EstrangeirosExpresso, 3 de Abril

“Não existe uma política para as cidades. Penso que dentro deuma semana ou duas terei já um documento de reflexão paralançar essa política”

Amílcar Theias, ministro das CidadesExpresso, 3 de Abril

“Os ministros devem ser para quatro anos”idem

“O meu sucessor tem dito tantas coisas erradas que acontinuidade do meu silêncio poderia ser vista como umaaceitação”

Isaltino Morais, ex-ministro das Cidades

“Um campanha curta é boa para a abstenção”Pedro Santana Lopes, vice-presidente do PSD

DN, 14 de Abril

“Estou a pensar comprar um Smart para fugir ao trânsito deLisboa”

Pedro Santana Lopes, presidente da Câmara de Lisboa24horas, 13 de Abril

“Quem não cumpre o seu programa não tem moral para sercandidato a nada. É ponto de honra”

Pedro Santana Lopes sobre as presidenciaisDN, 14 de Abril

“Ou cumpro ou então não posso ir-me embora. É ponto de honra”Pedro Santana Lopes sobre as autárquicas

idem

“Comigo, tudo tem um interesse extraordinário”idem

“Considero-me libertária de esquerda, com fortes traços católicose conservadores”

Clara Ferreira Alves, “O Santana, parte II”Expresso, 3 de Abril

PS PÕE CONDIÇÕES PARA AVANÇARPARA REVISÃO CONSTITUCIONALO PS não avança para a revisão Constitu-cional sem que primeiro se estabeleçaum acordo para rever as leis eleitoraisdos parlamentos regionais dos Açores eda Madeira. As propostas do PS,apresentadas em Ponta Delgada porCarlos César, foram ontem analisadas evotadas na reunião da Comissão Política.Para o Partido Socialista, no âmbito dosistema eleitoral das regiões, deve sergarantido o princípio da representaçãoproporcional, a criação de um círculoeleitoral de compensação e a redução domínimo previsto de 68 para 51 deputados.Defende-se também a criação de umcírculo no exterior para os eleitores nãoresidentes, de forma a melhor representara imensa comunidade açoriana emigran-te e a garantia de um deputado entre oseleitos do Parlamento Europeu da forçapolítica mais votada a nível regional.Entre as outras propostas do PartidoSocialista, destaque para a clarificaçãona Constituição das competênciaslegislativas das regiões autónomas, de

forma a evitar conflitos entre com o Estadogerados pela “jurisprudência negativa”emanada do Tribunal Constitucional.Carlos César anunciou também que oPS defende a extinção do cargo de minis-tro da República e a sua substituiçãopor um representante especial do Estado

português, cujas tarefas principais serãoas de regular a legislação e o desem-penho de funções associadas ao chefede Estado.Algumas destas propostas têm sidosucessivamente apresentadas pararevisão constitucional, e embora o PSDda Madeira tenha assumido compro-missos para a sua adopção, tem sempreacabado por não os cumprir, inviabi-lizando assim as necessárias alteraçõeslegislativas.Um dos exemplos mais recentes é o quese refere ao chumbo das iniciativas daoposição pelo PSD, depois do TribunalConstitucional ter chumbado os dois cír-culos uninominais existentes na Madeira,levando o partido maioritário e os daoposição a assumir o compromisso derever a Constituição, o que nãoaconteceu.Também ficou por concretizar aaplicação do regime jurídico nacionalde incompatibilidades para os titularesde cargos políticos.

INICIATIVA

SOCIALISTAS VILA-REALENSES DENUNCIAMAUMENTO DA CRIMINALIDADE

ENCONTRO DE AUTARCAS DE CASTELO DE VIDE

GOVERNO VOTA INTERIOR AO OSTRACISMOFortes críticas à política económica esocial do Governo, responsável pelodescalabro a todos os níveis em que opaís se encontra mergulhado, emparticular as regiões do interior, marcarama intervenção do líder do GrupoParlamentar do PS, António José Seguro,no encerramento do Encontro de Autarcasde Castelo de Vide, no passado dia 17,no Centro Municipal de Cultura.Na sua intervenção, António José Seguropassou em revista as malfeitorias de doisanos de governação da direita, desde oaumento exponencial do desemprego, àdestruição das políticas sociais, passandopelo abandono dos investimentosprogramados pelo anterior Governo do PS

para as regiões do interior.O líder da bancada parlamentar do PSreferiu ainda que o país vive a maisprolongada recessão, sem quaisquersinais de retoma, em clara divergênciacom a Europa.Por sua vez, o presidente da Federaçãosocialista de Portalegre, Ceia da Silva,manifestou-se indignado com apolítica do actual Governo em relaçãoao distrito, lembrando que “os cercade 120 mil habitantes de Portalegre nãoaceitam que o investimento programadopara esta região do interior pelo anteriorGoverno socialista tenha ficado noesquecimento”.Ceia da Silva salientou a importância

destes encontros para preparar aspróximas eleições autárquicas, pondo osmilitantes e autarcas a discutir programase estratégias. “Estas e outras iniciativassão fundamentais para que o PS possaganhar o máximo de autarquias no nossodistrito”, sublinhou.Já o deputado Miranda Calha voltou abater na tecla da ausência de qualquerinvestimento público no distrito dePortalegre, a exemplo do que acontececom todas as regiões do interior, comgravíssimas consequências na coesãoterritorial, económica e social do país.No encontro estiveram presentes cerca de80 autarcas socialistas do concelho deCastelo de Vide.

O PS/Vila Real exigiu do Governo umanova política que reduza a criminalidadeno distrito, que aumentou de 13,4 porcento entre 2002 e 2003, tendo-seregistado a cada dia mais dois crimesque no ano anterior.Em comunicado, a Federação do PSrefere que se registaram 6224 crimes em2003, mais 735 ocorrências do que noano anterior.Com base nos dados do relatório deSegurança Interna apresentado naAssembleia da República, os socialistasvila-realenses salientam que os crimescontra o Estado e contra a vida foram osque mais crescerem, respectivamente52,2 por cento e 32,8 por cento.Também os crimes contra o património econtra as pessoas aumentaram 14,1 porcento e quatro por cento, respectivamente.Em 2003, foram registadas pelas forças

de segurança 4.288 crimes contrapessoas e património, o que perfaz umdelito em cada duas horas.Segundo o PS, da tipologia de crimesque integra o relatório só os que se referemao fogo posto sofreram uma diminuiçãode 2002 para 2003 - menos 4,7 por cento.“Todos os outros tipos de crimesconheceram aumentos significativos,sendo que o furto de veículo motorizadocresceu 64,2 por cento, observando-se oregisto de dois furtos por dia se a estesnúmeros associarmos as ocorrências defurto em veículo motorizado”, salienta ocomunicado.“Já não se pode dizer que o distrito éseguro como acontecia em anos nãodistantes”, referem os socialistas.O PS alerta ainda para diminuição dosefectivos das forças de segurançadependentes do Ministério da

Administração Interna, a redução dosserviços e das operações e a “tentativa deeliminação” de postos da GNR, o quecriou “desestabilização interna”.“Verificou-se ainda um aumento damarginalidade e do consumo de estupe-facientes, crescimento do desemprego eaumento expressivo do abandonoescolar”, refere ainda o comunicado.Para os socialistas, o isolamento e aexistência de milhares de agregadosfamiliares de idade avançada “permitemo trabalho fácil de criminosos” e aausência de propostas para o combate aoconsumo de drogas está a criar “problemasque só se verificam nas grandes cidades”.Face a este “balanço trágico” da governa-ção do PSD/CDS-PP, o PS de Vila Realdefende serem necessárias “medidasurgentes e uma acção concertada dosdiversos ministérios”.

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12 21 ABRIL 2004

Como surgiu e de quem partiu oconvite para se deslocar ao Iraque?O convite foi da Associação Nacional dasTribos Iraquianas que foi formalmentefundada em Bagdade no passado dia 5de Abril. Trata-se de uma associação quecongrega numerosos chefes tribais edignatários, líderes religiosos, movimen-tos políticos e associações da sociedadecivil, que tem como fio condutor onacionalismo iraquiano e o respeito pelasinstituições tradicionais e que se opõeao fundamentalismo e terrorismopromovidos pelo regime iraniano.

Esteve em representação doParlamento Europeu ou apenas atítulo particular?Fui convidado na minha qualidade dedeputado ao Parlamento Europeu, e por-tanto foi na minha função oficial que estivepresente, mas não estive em representaçãodo Parlamento enquanto tal.

Quais foram os contactos queestabeleceu?O principal contacto ocorreu no dia 7 deAbril, na província de Diyala, com umreunião promovida pela AssociaçãoNacional das Tribos Iraquianas quecongregou quase uma centena dedirigentes políticos, tribais e religiosos,bem como de numerosas associaçõescívicas.Em Bagdade, tive a oportunidade de reunircom o dr. José Lamego, responsávelportuguês na Autoridade Provisória daColigação, onde debatemos a situaçãopolítica iraquiana.Tive ainda oportunidade de visitar ocampo da organização de oposiçãoiraniana, os Mujahedine do Povo (PMOI)

na área de Bakuba. Trata-se de um camposob controlo norte-americano onde estãoconcentrados os antigos guerrilheirosdesta força baseada no Iraque, e que sededicam a numerosas actividades, nome-adamente ao estudo em duas universi-dades que aí estão a funcionar com pro-fessores universitários iraquianos.Em termos de organização social e urbanaeste campo é um exemplo no interior doIraque.A viagem de cerca de 2500 quilómetrospermitiu-me ter também uma ideia umpouco mais clara da realidade iraquiana.

Segundo a sua percepção darealidade, o conflito está sobretudoa aproveitar aos iranianos. Porquê?O nacionalismo árabe iraquiano, mais doque o regime de Saddam Hussein, era oprincipal adversário do regime iraniano, ea intervenção aliada foi muito para alémda deposição do regime de Saddam.Ao destruir o exército, ao purgar a totalida-de dos militantes do antigo partido único(e a militância no partido único era con-dição necessária para qualquer interven-ção pública, mesmo para se exercer aprofissão de advogado), ao fazer do Iraqueuma colecção de etnias, ao promover diri-gentes religiosos controlados pelo Irão parao Conselho Provisório, ao permitir a infil-tração de milhares de agentes do regimeiraniano, ao bombardear primeiro e desar-mar depois a oposição iraniana, ao mesmotempo que permitiu a criação e armamentodas milícias fundamentalistas xiitas, a Co-ligação permitiu que o regime iraniano seinstalasse solidamente em solo iraquiano.Os EUA estarão a gastar um bilião dedólares por semana com a ocupação, masseguramente não estão a gastar sequer 1

por cento dessa soma com acção socialde apoio em dinheiro, em géneros e emsaúde aos mais desfavorecidos efinanciamento de uma complexa rede deintervenção social. O regime iraniano,pelo seu lado, está a fazer tudo isso,acompanhado de uma evangelização nasua doutrina fanática e antidemocrática.Nessas circunstâncias, ninguém sepoderá surpreender que os partidos eforças sociais manobradas pelo regimeiraniano sejam hoje, de longe, maispopulares e mais fortes – mesmo fora daszonas xiitas – do que quaisquer outras.

Qual a importância que atribui,para o desenrolar das hostilidades,à divisão religiosa entre xiitas esunitas?Estou em crer que essa divisão religiosafoi exacerbada pelo Irão, numa lógicamuito simples: se os xiitas são 60 porcento da população e se o Irão ou a hierar-quia religiosa que este influencia controlaos legítimos representantes dos xiitas,então são eles que controlam no Iraque.É contra essa lógica que se ergueu estaorganização com a qual me reuni. Trata-se de pessoas que se tomam comopatriotas iraquianos e para quem asconvicções religiosas ou origens étnicassão questões secundárias.Conheci aliás, noutro contexto, umiraquiano que, quando lhe perguntei seera xiita ou sunita, me respondeu que asua religião era um assunto privado entreele e Deus, e o que interessava é que erairaquiano e orgulhoso de o ser.

E qual está a ser o papel das tribose dos líderes tribais?Estou convencidíssimo que é por eles que

passa a alternativa à guerra civil e ou àsatelização do Iraque pelo regime iraniano.

De que forma condiciona o petróleoa lógica dos interesses geopolíticos?Ninguém – seja quem for – no panoramageopolítico dos dias de hoje ignora oupode ignorar a importância do petróleo ea importância das reservas petrolíferas doIraque.

Para além da ocupação militarpelas tropas ocidentais, quemmanda hoje em dia no Iraque?Cada vez mais, o regime iraniano.

Há algum líder político iraquianoque se esteja a destacar?Não me parece, e esse é exactamente ogrande problema. Chalabi, exilado emquem os EUA depositaram grandes es-peranças, não me parece ter umaimagem positiva junto da generalidadedos líderes de opinião e é visto comdesconfiança – mesmo com algumdesprezo – pela generalidade dosiraquianos com quem falei.

Esteve no Iraque antes desta novafase de tomada de reféns. Na alturateve indicações de que a guerrapoderia entrar neste novo patamarde conflito?Estive no chamado triângulo sunita, exac-tamente nos dias em que decorreram osconfrontos mais mortíferos (6 de Abril) eno dia em que foram tomados numero-sos reféns (8 de Abril).Não presenciei nenhum confrontoarmado, mas a tensão era notória. Pensoque tive uma clara percepção dos riscosque corria mas, felizmente, consegui

passar as linhas de confronto semproblemas.

É notória a hostilidade contra osocidentais?Penso que não. Acho até que fui sempretratado com imensa cordialidade edeferência por todo o lado e trouxe umaexcelente impressão dos iraquianos comquem lidei (mesmo os da guerrilha anti-coligação, em situação muito complexa).O que me parece é que os iraquianos sãoextremamente orgulhosos da sua pátria ea ideia de estarem sob ocupação militarestrangeira é para uma grande parte delesintolerável e que boa parte dos problemasvem daí, sendo que se levou algum tempoa corrigir erros de palmatória nocomportamento das forças ocidentais.Em qualquer caso, parece-me absurdo quenão se esteja a intervir em massa na assis-tência médica e social, bem como nasmais diversas formas de intervenção nasociedade civil, como o está a fazer o Irão.Entre outras coisas, é a maneira mais baratae mais eficaz de se conquistarem aspopulações e de se assegurar alguma paz.

Quem é o alvo do ódio maior?A hostilidade dirige-se naturalmente aosEUA, que são o símbolo da ocupação.Em qualquer caso, gostaria de assinalarque encontrei vários iraquianos que viamnos EUA a única forma de evitar a eclosãode uma terrível guerra civil.

Quais as informações de relevo querecolheu e que podem ser úteis doponto de vista de análise e dasolução do problema?Acho que é vital alterar profundamente aactual política ocidental nos pontos

ENTREVISTA

PAULO CASACA EM ENTREVISTA AO “ACÇÃO SOCIALISTA”

REGIME IRANIANO MANDA CADA VEZ MA“Cada vez mais é o regime iraniano que mandano Iraque”, assegura o eurodeputado socialistaPaulo Casaca, que recentemente regressou deuma viagem àquele país onde manteve contactoscom diversas entidades, entre as quais sedestaca a Associação Nacional das TribosIraquianas, que junta cerca de uma centena dedirigentes políticos, tribais, e religiosos.Encontrou-se também com José Lamego, na suaqualidade de membro da Autoridade Provisóriada Coligação. Na entrevista que deu ao “AcçãoSocilialista Paulo Casaca aponta errosestratégicos na ocupação do Iraque pelosEstados Unidos e forças da coligação e refereque ninguém pode ignorar a importância dasreservas petrolíferas do território como uma dasmotivações subjacentes à guerra.O eurodeputado considera ainda que seria umaestratégia sensata para reduzir a tensão no paíso reconhecimento do patriotismo iraquiano e opapel fundamental dos líderes tribais, um apoiohumanitário, que agora, em comparação como esforço militar, é praticamente nulo, e odesmantelamento das “milícias do fanatismo”.

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1321 ABRIL 2004

seguintes:1. Reconhecimento do patriotismo iraqui-

ano como uma força positiva e indis-pensável e não ver o Iraque como umacolecção de milícias e obediênciasreligiosas;

2. Reconhecimento do papel fundamen-tal dos líderes tribais como fonte deestabilidade e de legitimidade;

3. Aposta imediata numa activa políticade apoio humanitário – social e médico– apoio às organizações da sociedadecivil, às forças políticas patrióticas,democráticas e antifanáticas, estímuloà pequena actividade económica;

4. Desmantelamento das milícias do fa-natismo, controlo e progressivo de-sarmamento de outras milícias,restabelecimento – tanto quanto forainda possível – de um exércitoiraquiano na base do antigo exército edas forças historicamente presentes,como as curdas, não permitindo oentrismo dos elementos fanáticos;

5. Expulsão de todos os agentes dosserviços secretos, guardas revolucio-nários, dignatários clericais e outrosfuncionários do regime iraniano,enquadramento do turismo religiosoiraniano a Karbala, de forma a evitarque este seja a capa da infiltração dasforças iranianas;

6. Limitar a purga do regime aos culpa-dos de crimes de sangue e aos seusmais elevados dignatários, deixandoem paz a enorme massa de militantesdo antigo partido único;

7. Excluir imediatamente a absurda clas-sificação do PMOI como organizaçãoterrorista – é a organização que mais lutacontra o terrorismo – e aceitar a suaacção política, desde que não violenta;

8. Assegurar a defesa dos direitos,liberdades e garantias mínimos,nomeadamente acabar com aperseguição aos estabelecimentos ouàs pessoas que vendem ou sãoconsumidores de filmes, roupa deestilo ocidental, bebidas alcoólicas oumúsica ocidental.

Qual poderia ser o papel da UniãoEuropeia, enquanto tal, na constru-ção de pontes que pudessemdevolver a paz à região?A União Europeia deveria ser o motor destaalteração de agenda política. Não adiantacontinuar a discussão das questões quenos dividiram no passado.Interessa chegar a um consenso quantoàs formas de actuação para podermos terum Iraque estabilizado e livre de fanatismo,respeitando a sua diversidade, democra-tizado e livre de tentações hegemónicas.

A grave crise internacional queatravessamos é de molde a permitira futura existência de um verda-deiro ministro dos Negócios Estran-geiros da União Europeia?Eu penso que estamos há mais de umadécada a discutir o problema de umapolítica externa e de segurança comumcomo se isso fosse um problemaconstitucional e jurídico, quando oproblema é da ausência de vontadepolítica para ter uma política externacomum.Enquanto a lógica dominante nopensamento estratégico dos vários lídereseuropeus for uma lógica de jogo degrandes potências, qualquer ministro dosNegócios Estrangeiros da Europa estarácondenado à irrelevância.

ENTREVISTA

VITORINO DEFENDE MAIOR COOPERAÇÃODA UNIÃO CONTRA O TERRORISMO “Iremos assistir a novos atentados terroristas na Europa”.O alerta é do comissário europeu para a Justiça e AssuntosExternos, António Vitorino. Nesse sentido, pediu a todosos Estados-membros da União que unam esforços atravésde uma cooperação multilateral. É que, sublinhou, “sópodemos ganhar a luta contra o terrorismo, se houvercooperação”.Falando na Comissão de Política Externa e AssuntosEuropeus da Assembleia da República, Vitorinoconsiderou que a cooperação bilateral, apesar deimportante, não é suficiente para fazer frente à “ameaçaglobal de matriz fundamentalista islâmica”.Neste contexto, salientou que o grande desafio que secoloca aos Estados-membros é conseguir “evoluirprogressivamente da relação bilateral para a multilateral”,nomeadamente ao nível das polícias, dos tribunais e dosserviços de informações.Uma cooperação que, realçou, terá de passar “pela confi-ança mútua, pela criação de mecanismos de filtragem dascomunicações e pela troca incondicional de informações.O comissário europeu defendeu ainda que a luta contra afrente externa do terrorismo não deve sobrepor-se à frenteinterna, lembrando, a propósito, que dois dos autores dosatentados de Madrid viviam na cidade há oito anos.

Constituição europeia

Por outro lado, António Vitorino declarou-se optimistaquanto ao sucesso da próxima cimeira de chefes de Estado

e de Governo que vai debater a futura Constituição europeia,tendo identificado cinco “questões duras” que vão estarem cima da mesa até ao final das negociações.São elas o processo orçamental, o sistema de ponderaçãode votos no Conselho Europeu, a futura composição daComissão Europeia, a introdução da maioria qualificadaem matérias que agora exigem unanimidade e ascooperações reforçadas.

IS NO IRAQUE

EUROPEIAS

MULHERES SOCIALISTASEM LUTA CONTRA A ABSTENÇÃOEmpenhado na mobilização do eleitorado para o sufrágiode 13 de Junho próximo, o Departamento Nacional deMulheres Socialistas (DNMS) tem vindo a organizar umciclo de debates sobre a Europa, chamando a atençãopara a importância da participação feminina na definiçãode novas respostas aos desafios de sociedade e política.Em conversa com o “Acção Socialista” e em jeito debalanço das iniciativas já concretizadas, Sónia Fertuzinhosmanifestou a sua satisfação pela “grande receptividade”por parte de militantes e dirigentes socialistas face àquiloa que chamou “a primeira volta ao país depois das eleiçõesinternas directas” para o DNMS.A líder das mulheres socialistas assegurou que naassistência destes encontros estiveram também homens“saudavelmente curiosos por saber como funciona naprática o Departamento”, atitude que saudou e queconsiderou estimulante e proveitosa para o futuro do PartidoSocialista.Satisfeita pela adesão “francamente positiva” que se temregistado a nível interno, face às actividades do DNMS,Sónia Fertuzinhos destacou a efectiva capacidade demobilização para as europeias que os debates têmdemonstrado, sublinhando ainda a importância do grandeenvolvimento nestes projectos por parte dosdepartamentos federativos de mulheres e das suaspresidentes.Para a presidente do DNMS, estes encontros constituem aprova de que “o PS está na linha da frente do combate àabstenção”, num trabalho continuado de mobilização edinamização das portuguesas e dos portugueses para quevotem nas eleições de 13 de Junho com a consciência deque “essa será a primeira oportunidade de dar um sinal devontade de mudança política no nosso país”.“Os portugueses não podem confiar na credibilidade desteGoverno para defender em Bruxelas o oposto do quepromove em Lisboa”, afirmou, categórica, a líder doDepartamento de Mulheres do PS, para quem o Executivode coligação “é dos piores alunos da Estratégia de Lisboa”,por ter voltado a posicionar o país na cauda da Europa,

“demonstrando deste modo que não tem capacidadeestratégica para negociações além fronteiras”.É da população feminina que Sónia Fertuzinhos esperaum contributo significativo, uma vez que, lembrou, asmulheres são mais de metade da população portuguesa e,por isso, têm a sua quota de responsabilidade nos destinosdo país.“O PS tem que saber contar com elas e mobilizar a suaforça de decisão, tornando-lhes claro que estão na basesdos seus projectos e propostas políticas”, sustentou,defendendo igualmente a necessidade de ter presente, nahora de delinear estratégias, que mulheres e homens sãoafectados de forma diferente pelo que acontece no seio dasociedade.O Departamento Nacional de Mulheres Socialistas járealizou um conjunto de sete debates sobre a Europa (Faro,FRO, Leiria, Portalegre, Évora, Madeira e Açores), estandoagendados ainda um total de mais 13 encontrossubordinados à mesma temática (Castelo Branco, Porto,Braga, Lisboa, Guarda, Vila Real, Coimbra, Viseu, Bragança,Aveiro, Viana do castelo, Setúbal e Beja), ao longo dosmeses de Abril, Maio e Junho.

MARY RODRIGUES

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14 21 ABRIL 2004EUROPA

SOUSA FRANCO

PORTUGUESES DEVEM PENALIZAR GOVERNOPELA PIOR RECESSÃO EM 30 ANOS

ANTÓNIO GUTERRES

FORÇAS OCUPANTES LEVAM IRAQUEA BECO SEM SAÍDA

BRAGA DA CRUZ MANDATÁRIO PORTUENSEPARA AS ELEIÇÕES EUROPEIAS

“É preciso que os eleitores se manifestemcontra um Governo que provocou a taxade desemprego mais alta da Europa euma recessão profunda como nuncahouve em 30 anos de democracia”,afirmou o cabeça-de-lista do PS aoParlamento Europeu, Sousa Franco, nofinal de um encontro com militantes emBarcelos, inserido num périplo de doisdias pelo distrito de Braga.No encontro, em que participaramtambém os candidatos Elisa Ferreira eAntónio Braga, e Joaquim Barreto, líderde federação, Sousa Franco voltou acriticar o péssimo desempenhoeconómico do Governo com base nosúltimos dados conhecidos. “No primeirotrimestre de 2004, os indicadoreseconómicos voltaram a ser negativos,inclusivamente nas exportações, quedesceram face a 2003”, sublinhou.Para Sousa Franco, o próximo actoeleitoral deve ser uma ocasião para osportugueses votarem na única forçapolítica que é alternativa ao Governo doPSD/PP, que acusou de ter “descarriladoo país nos últimos dois anos”.O ex-ministro das Finanças do Governodo Partido Socialista referiu-se tambémà candidatura de Deus Pinheiro comironia. Já é a vigésima ou a trigésima vez

que anunciam candidatos da coligaçãode direita, o que demonstra algumadesorientação”. Não obstante, afirmou,com um jogo de palavras, que “nem coma ajuda de Deus a direita ganhará aseleições”.Um sintoma maior desta desorientaçãoe também do incómodo causado pelasinsistentes críticas que têm sido feitasaos partidos da coligação por estaremobjectivamente a tentar desvalorizar aseleições europeias, reside no facto de

ainda há uma semana Santana Lopes terafirmado que o cabeça-de-lista só seriaapresentado depois de 25 de Abril.Sousa Franco defendeu a criação deimpostos europeus, substituindoimpostos nacionais, de forma a que oorçamento comunitário possa crescerpor receitas próprias, sem estardependente das contribuições daAlemanha ou da França. “É importanteque o orçamento comunitário semantenha e se expanda, pelo que, semse criarem novos impostos, essa seria asolução”, defendeu.Sousa Franco voltou a defender anecessidade de ser alargado o horárioda votação no dia das eleições, referindoque tem havido receptividade à sugestãopor parte de alguns dirigentes do PSD edo PP, pelo que seria agora importanteque isso correspondesse à respectivaalteração legislativa”.De referir ainda que, na semana passada,Sousa Franco participou no primeirodebate com vários cabeças-de-listaconhecidos, tendo defendido na ocasiãoa Europa social, em contraponto comas políticas do Governo, que têmprovocado um aumento do desempregoe um afastamento desse objectivo emtermos europeus.

O mandatário distrital do Porto doPartido Socialista para as eleiçõeseuropeias será o antigo ministro daEconomia do PS, Luís Braga da Cruz.O convite foi feito pelo presidente da

Federação do Porto, Francisco Assis eprontamente aceite.Segundo Francisco Assis, Luís Bragada Cruz, que também foi presidente daComissão de Coordenação da Região

O presidente da Internacional Socialista(IS), António Guterres, acusou as “forçasocupantes” do Iraque de conduzirem estepaís para um “beco sem saída”, apelandopor isso a um urgente reforço do papel dasNações Unidas.Numa conferência promovida, no dia 14de Abril, em Estocolmo, pelo PartidoSocialista Europeu (PSE) e pelo PartidoDemocrata norte-americano, intitulada“Construir uma aliança global para oséculo XXI”, Guterres manifestou-se “se-riamente preocupado com a generalizaçãodos confrontos” no Iraque, que constitu-em, segundo disse, “um resultado directodos erros cometidos pelas forças deocupação”.“As forças de ocupação correm o riscode conduzirem o Iraque para um becosem saída”, advertiu o líder da IS, paraquem “já se cometeram erros a mais”desde o início da intervenção militar

anglo-americana.“Neste momento, a única solução que vejopassa pelo reforço do papel das NaçõesUnidas e pelo reforço da legitimidade internada futura autoridade iraquiana, mas mesmoisso está a ficar cada vez mais difícil”,declarou.Falando num cenário após a saída de GeorgeW. Bush da presidência dos Estados Unidos,o ex-chefe do Governo português defendeua necessidade de se “reconstruir a coligaçãointernacional contra o terrorismo”.“Essa coligação internacional deveráempenhar-se em combater efectivamente oterrorismo e não em promover acçõesmilitares colaterais completamentecontraproducentes”, sustentou.

IS condena assassinatode Rantissi

Entretanto, a Internacional Socialista

condenou o assassinato de AbdelRantissi, dirigente do Hammas,considerando-o um “acto ilegal einaceitável, levado a cabo pelo Governode Ariel Sharon”.“Estes assassinatos devem parar. Elesconduzem a mais violência, enfraquecemas forças de paz entre israelitas epalestinianos e fortalecem os elementosextremistas”, afirma um comunicado daInternacional Socialista.A IS considerou, por outro lado, aspropostas do Executivo israelita pararetirar de Gaza como “um passo nadirecção para a qual a Internacionalsempre trabalhou”.“A IS encara a retirada por parte de Israelda Cisjordânia e de Gaza e o estabele-cimento de um Estado Palestiniano aolado de Israel, como um objectivo parauma solução definitiva do conflito”,afirma o comunicado.

Norte, “é uma personalidade dereferência, ligada ao processo dedesenvolvimento regional e à correctaaplicação dos fundos provenientes daUnião Europeia”.

A MARCHA FORÇADA PARAA CONSTITUIÇÃO EUROPEIA

1 De tal forma Olivier Duhamel, um dos mais brilhantes convencionais franceses, portodos reconhecido, professor de Direito Constitucional na Sorbonne, entra no rol dosconvencionais excluídos das listas europeias, desta vez pela mão do PSF.

Aquilo que pareceria impossível, háumas semanas atrás, está em vias de seconcretizar. A Conferência Intergoverna-mental (CIG), aberta em Outubro do anopassado e concluída em Dezembro, nofracassado Conselho Europeu deBruxelas, vai muito provavelmente serconvocada a nível ministerial para 17 deMaio, fixando o Conselho de AssuntosGerais do próximo dia 26 de Abril ocalendário de trabalhos que a CIG deverápercorrer até à sua conclusão que seespera positiva no Conselho Europeu de17 e 18 de Junho.Concorreram para esta perspectivapositiva os atentados de Madrid, as posições de abertura dos novos governosespanhol e polaco e o sentimento mal definido de incomodidade que afalta de iniciativa política e diplomática da Europa, face ao conflito noIraque, espalhou na opinião pública europeia.O adormecimento europeu, após o impasse de Dezembro passado, foisuperado por um acordar sobressaltado nas últimas semanas e, muitoparticularmente, a presidência irlandesa deu mostras de um alto sentido deresponsabilidade, muito para além da expectativa de que era tributária noinício do seu mandato, gerindo com discrição e eficácia os obstáculosque impediam uma saída para a crise da Constituição europeia.À falta de grandes iniciativas internacionais, a Europa retoma o trabalho decasa, condição sine qua non para vir a ter o protagonismo político universalde que tão dramaticamente hoje carece.Está de novo posta em cima da mesa, na agenda política das capitais dos25, a questão que muitos julgavam definitivamente enterrada, daConstituição europeia.Não faltam, porém, obstáculos a vencer para que a Europa se dote de umaMagna Carta que organize a democracia continental e consagre uma novacidadania europeia, elementos indispensáveis para uma política eficaz deluta contra o terrorismo e o crime à escala internacional.Desde logo, a questão do referendo britânico. Fiel às suas tradiçõesparlamentares, o primeiro-ministro, Blair, nunca quis pôr em causa asprerrogativas do sistema, para a decisão suprema em matéria de vinculaçãoda Grã Bretanha a tratados ou organizações comunitárias e internacionais.Do mesmo modo que nunca considerou as alterações introduzidas pelanova Constituição algo que modificasse, substancialmente, a natureza darelação de pertinência entre a Europa e o seu país. Porém, a reacção dosconservadores à Constituição europeia, na linha do seu eurocepticismotradicional, ameaçava dividir o eleitorado britânico, transformando-se emarma de arremesso da direita contra o Governo de Blair. E antes que aseleições europeias se percam por causa disso, abrindo caminho para umaderrota eleitoral nas legislativas do próximo ano, o primeiro-ministro atalhoucom a novidade de um referendo, depois do acto eleitoral, recentrando odebate político nas questões nacionais.Seja como for, são de esperar reposições britânicas na negociação final daConstituição, o que não augura, a meu ver, um texto de consenso avançadoe à medida dos grandes desafios da Europa. Veremos…Convém, também, não perder de vista o que a imaginação francesa é capazde produzir. O Partido Socialista Francês, tão exigente no aprofundamentoeuropeu, agora embalado pela vitória nas regionais, começa a levantardúvidas1 sobre o texto constitucional, catalogando-o, como faz a minoritáriaesquerda eurocéptica, de “Constituição de Giscard” e “Bíblia do liberalismoeuropeu”…No seu seio, e tendo em conta as dificuldades que um referendo podecausar à maioria de direita, há já quem defenda uma consulta popularnacional, estando entretanto praticamente decidido um referendo internopara definir a posição dos socialistas franceses face ao texto a acordar naCimeira de Junho.Por muito que se queira, não é possível desligar a política europeia dasvicissitudes da política interna que continua, veja-se na Espanha e naPolónia, e agora na Grã Bretanha e na França, a condicionar as opções e asestratégias dos Estados-membros sobre a Europa.Dito isto, que naturalmente todos percebemos, resta-nos a esperança deque, por isto ou por aquilo, não sejam os socialistas e sociais democrataseuropeus a impedir o avanço da Europa. Esse papel já tem dono e todos osactores são conhecidos!

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LUÍS MARINHO

Está de novo posta em cima da mesa, naagenda política das capitais dos 25, aquestão que muitos julgavam definitivamenteenterrada, da Constituição europeia

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1521 ABRIL 2004 EUROPA

MANUEL DOS SANTOS

COMISSÃO EUROPEIA ALERTADAPARA DEBILIDADES DO TÚNEL DO MARQUÊS

SÉRGIO SOUSA PINTO

UNIÃO DEVIA IMPEDIR CONSTRUÇÃODA BARRAGEM DE SABOR

PAULO CASACA

PRODUTORES DE LEITE TRADICIONAISESTÃO A SER DISCRIMINADOS

PARLAMENTO EUROPEU PEDE A CUBARESPEITO PELOS DIREITOS HUMANOS

Na sequência de um apelo feito pelo eurodeputado socialista Carlos Lage,que em finais de Março afirmou no plenário do Parlamento Europeu quenão se pode “ficar em silêncio” e que é preciso “repetir constantementeque Cuba tem que respeitar os Direitos Humanos”, o presidente doParlamento Europeu, Pat Cox, escreveu esta semana uma carta ao Presidentede Cuba, Fidel Castro, manifestando preocupação pela situação.Cox referia-se particularmente à detenção do jornalista e escritor RaúlRivero, a quem foi atribuído este ano o Prémio Mundial pela Liberdadede Imprensa. Na carta agora enviada, pode ler-se que “o ParlamentoEuropeu enfatiza que nenhuma lei pode restringir o direito à liberdadede expressão, nem em circunstância alguma impor penas de prisão aindivíduos que a exerçam”.

HELENA TORRES MARQUES

CONTRIBUIÇÕES DOSESTADOS DEVIAM FICAR

FORA DO DÉFICE

As contribuições para o orçamento comunitário não deviam contar para odéfice de cada Estado-membro, defende numa pergunta à ComissãoEuropeia a eurodeputada socialista Helena Torres Marques.A eurodeputada considera que se essa possibilidade existisse, ocumprimento do défice através da redução das contribuições para oorçamento comunitário deixaria de ser um pretexto impeditivo do aumentodas receitas nas perspectivas financeiras de 2007 a 2013.Helena Torres Marques lembrou que o orçamento europeu é essencial parao desenvolvimento equilibrado e coeso da União Europeia e para oprosseguimento de objectivos como o da “Estratégia de Lisboa”.

A União Europeia devia impedir aconstrução da barragem de Sabor, queo Governo português tem emperspectiva, porque irá destruir umvalioso património natural, sem querepresente um ganho significativo emtermos de produção de energia, afirma oeurodeputado Sérgio Sousa Pinto numapergunta dirigida à Comissão Europeia.O eurodeputado afirma que o Governoportuguês se prepara para construir umabarragem de grandes dimensões para oaproveitamento do Baixo Sabor, o queirá afectar dois sítios de grandes

importância ambiental.A construção da barragem destruirá, se-gundo o eurodeputado, “um patrimónionatural único”, afectando habitats de im-portância comunitária classificados peladirectiva Habitats e espécies de avesameaçadas, protegidas pela Directiva Aves.Não obstante os danos em termosambientais que a construção da barragemcausará, os ganhos energéticos serãoreduzidos, “o equivalente a 0,6% doconsumo nacional”, o que, para SérgioSousa Pinto “poderia ser substituídocom vantagem por um aumento da taxa

de eficiência energética de Portugal, queé a mais baixa da União Europeia.Assim, o eurodeputado pretende saber“que medidas a Comissão Europeia vaitomar para impedir este atentadoecológico que o Governo português seprepara para cometer, em violação dalegislação comunitária de protecção doambiente”.Por outro lado, quer saber se a Comissãoestá disposta a participar nofinanciamento daquela infraestruturailegal, nos termos da legislaçãoambiental comunitária.

A Comissão Europeia está a discriminaros agricultores e produtores de leitetradicionais em favor dos interesses dosgrandes grupos europeus ligados aosector agro-alimentar, acusou oeurodeputado Paulo Casaca num debatesobre a protecção dos interessesfinanceiros comunitários e a luta contra afraude na União, realizado no plenário do

Parlamento Europeu.“A grande questão é entender porque éque a Comissão Europeia trata com tantacondescendência e deixa impunesgrandes grupos agro-alimentares que sededicam à falsificação de derivados doleite e faz aplicar com severidadepenalizações – por meros incidentesadministrativos – a agricultores ou leitarias

artesanais”, afirmou o eurodeputado.Para Paulo Casaca, a Comissão e o seuresponsável pela agricultura, FranzFischler, “não pode ignorar a dimensãode escândalos como o da adulteração demanteiga ou outras fraudes”, praticadascontra o orçamento agrícola comunitárioatravés de subvenções à exportação oude subsídios ao escoamento.

A adjudicação das obras do túnel doMarquês de Pombal não levou em contaas fragilidades estruturais da zona ondeos trabalhos estão a decorrer e queconstam do programa base para aelaboração do projecto, facto que levantaalgumas inquietações por razões desegurança. O alerta foi feito pelo euro-deputado Manuel dos Santos, que pediuà Comissão Europeia esclarecimentossobre o assunto, na medida em que asobras estão a ser feitas com financia-mento comunitário.O eurodeputado socialista esclarece quea aprovação do concurso público para aempreitada de “Desnivelamento da Av.Duarte Pacheco, R. António de Aguiar eAv. Fontes Pereira de Melo” era bemexplícita quanto aos pressupostos queconstavam no Programa de Base para aelaboração do projecto.Refere-se nesses pressupostos aexistência de interferências entre ostrabalhos de construção do túnel ealgumas infraestruturas, o que obrigavaos concorrentes à empreitada aapresentarem soluções para o desviodessas infraestruturas que iriam serafectadas pela obra.Referia-se também que teriam de serapresentadas soluções, com base em

o programa base e com o caderno deencargos, e o próprio facto de a Câmarade Lisboa ter tomado em consideraçãoe encetado as negociações com essabase, prejudicando terceiros queactuaram de boa-fé, não viola oprincípio da igualdade de tratamento quedecorre da aplicação do direitocomunitário?”Manuel dos Santos explica que em 14de Março de 2003 a Câmara de Lisboanão adjudicou nenhuma propostarelativa a essa empreitada por todasapresentarem um preço total superior eaprovou que a adjudicação fosse feitapor ajuste directo. Com efeito, o recursoao ajuste directo não pode violar oprograma e o caderno de encargos queserviram de base a esse concurso. “Ora– refere o eurodeputado – na análise daspropostas, em sede de ajuste directo, aComissão decidiu que os encargoscorrespondentes à reposição deinfraestruturas não fossem consideradoselementos essenciais do contrato”.Assim, Manuel dos Santos pretende sabertambém se “o recurso ao ajuste directo,feito nos termos relatados, viola odisposto no artigo 7º, nº3, alínea a) dadirectiva 93/37/CEE e o princípio dalivre concorrência”.

estudos prévios que levassem emconsideração todas as especialidadesenvolvidas, designadamente as queestão relacionadas com o desvio dasocupações do subsolo.Finalmente, Manuel dos Santos recordaque na empreitada deviam estar incluídos

todos os trabalhos conducentes àtotalidade dos objectivos para a execuçãointegral da obra, incluindo os desviosdas concessionárias.É neste contexto que o eurodeputadointerroga a Comissão, tendo por base ofacto de não haver conformidade entre o

programa base e o caderno de encargoscom a proposta que veio a sercontemplada por ajuste directo, sem queaqueles aspectos tenham sido levadosem consideração.Manuel dos Santos pergunta, assim, se“a não conformidade da proposta com

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16 21 ABRIL 2004

SOCIALISTAS DE MIRANDA DO CORVO PEDEMDEMISSÃO DA PRESIDENTE DA CÂMARAO PS de Miranda do Corvo pediu ademissão da presidente da câmara local,Fátima Ramos, do PSD, por “teralicerçado a sua vitória eleitoral em 2001com base numa campanha assente empressupostos falsos que utilizou paradifamar os candidatos socialistas e quese têm vindo a revelar mentirosos”.Em causa está o facto o facto da entãovereadora laranja no último mandatosocialista à frente do município terdenunciado a diversas entidadesalegadas irregularidades na gestão daautarquia, que deram lugar a uma

investigação levada a cabo pelo PolíciaJudiciária, Ministério Público eDepartamento de Investigação e AcçãoPenal, que conclui pela inexistência dequalquer irregularidade, tendo osrespectivos autos sido arquivados.Em conferência de Imprensa destinadaa dar conhecimento do arquivamentodos autos relativos a processos dedenúncia, realizada na Federação deCoimbra, os socialistas de Miranda doCorvo consideram “lamentável que,infundadamente, e só por razõesestritamente políticas, e quiçá pessoais,

se possa denegrir a imagem e a vida depessoas incorruptíveis, como seriamneste caso os então presidente e vice-presidente da câmara, respectivamente,Jorge Cosme e Mário Ricardo”,sublinhando que “faltam agora julgarpoliticamente as denúncias infundadas,que ajudaram à conquista da autarquianas eleições de 2001”.Por outro lado, os socialistas de Mirandado Corvo garantem ainda quecontinuarão “a denunciar a inoperânciadeste executivo municipal, que muitoprometeu e nada prometeu”.

CRIADA SECÇÃO DE ACÇÃO SECTORIALDA COMUNICAÇÃO SOCIALA Secção de Acção Sectorial da Comu-nicação Social, recentemente consti-tuída, encontrou-se no passado dia 14com o secretário-geral do PS, FerroRodrigues, com o objectivo de oconvidar a estar presente num grandeencontro sobre Comunicação Socialagendado para Outubro e dar aconhecer os objectivos desta novelestrutura.No referido encontro estarão presentesmilitantes de todos os pontos do paíscom ligações à Comunicação Social,membros das secções do PS da RTP eda RDP e do Gabinete de Estudos do PScom interesses nesta área.Fazem parte do Secretariado destaSecção os camaradas Arons de Carvalho(secretário-coordenador), António Reis,José Manuel Nunes, Cipriano Correia eSebastião Lima Rego, enquantoConsiglieri Pedroso é o presidente daMesa da Assembleia Geral. Quaisquerinformações sobre esta estrutura poderãoser obtidas através do endereço

electrónico [email protected], no âmbito do ciclo decolóquios que tem vindo a realizar, estaSecção tem programado para o próximodia 28 de Abril, pelas 21h30, na Sala

Tejo, do edifício novo da Assembleiada República, um debate sobre a Rádio,que contará com a presença de JoséManuel Nunes, da RDP, e Santos Silva,da Rádio Clube de Cascais.

SÓCRATES AFIRMA

PORTUGUESES ESTÃO COM MUITA VONTADEDE DAR UMA LIÇÃO AO GOVERNO“O nosso partido não pode cair no errode transformar as próximas eleições numcolóquio sobre a Europa”, afirmou o diri-gente socialista José Sócrates, subli-nhando que “os portugueses estão commuita vontade de dar uma lição a esteGoverno”.Falando no dia 14 perante largas dezenasde militantes da Secção da Ajuda, emLisboa, José Sócrates defendeu que opartido deve centrar a sua estratégia em“mostrar ao eleitorado que a governaçãoeconómica tem sido desastrosa paraPortugal”, acrescentando que “o PS temque ganhar este debate se quer ganharas eleições”.Quanto ao envolvimento português naguerra do Iraque, que considerou “umerro político”, referiu que também estetriste episódio deve ser tido em contapelos eleitores em Junho, e defendeu, apropósito, que o primeiro-ministro “já

deveria ter vindo pedir desculpas aosportugueses”.O dirigente do PS defendeu ainda que“não se deve perder tempo com tiros aolado, uma vez que já chegou a altura deDurão Barroso deixar de se esconder atrásdos seus ministros”.

Referindo que, após dois anos no poder,o “Governo está de cabeça perdida”,Sócrates apontou como um sinal de“grande desorientação e fragilidade” ofacto de a coligação de direita não terainda apresentado um cabeça-de-listaàs eleições de Junho.“Andam há um mês para arranjar umcabeça-de-lista às europeias e nãoconseguem, porque vários já disseramque não. Haverá maior confissão defraqueza?”, disse.Questionado pelos militantes a pro-nunciar-se sobre uma eventual candida-tura à Câmara Municipal de Lisboa,Sócrates foi taxativo: “Não há nada piorque candidatos antes do tempo”. Eacrescentou que a prioridade deve ser decombate político para o próximo desafioeleitoral, as europeias de Junho, queconsiderou decisivo para o ciclo queterminará nas legislativas de 2006.

ELEIÇÕES NA SECÇÃO SECTORIALDE SAÚDE DO PS DE VILA REAL

No passado dia 5 decorreram as eleições para os diferentes órgãos daSecção de Acção Sectorial de Saúde do PS de Vila Real, uma nova estruturaque tem como secretário-coordenador o camarada Jorge Almeida.Segundo o presidente da Federação do PS/Vila Real, camarada AscensoSimões, “esta recém-criada estrutura insere-se no âmbito da aposta que aFederação vem fazendo na criação de secções sectoriais, tendo sido jáconstituída a das Comunicações, estando prevista para breve uma sobreEducação, isto para além dos clubes de política que são estruturasconcelhias destinadas a discutir questões temáticas que não têm um carácterpermanente”.

Afonso Candal critica contas da saúde

Por outro lado, no mesmo dia teve lugar uma conferência sobre “Políticasde Saúde”, promovida pela Federação de Vila Real, que contou com apresença do deputado Afonso Candal, vice-presidente do Grupo Parlamentardo PS.Na sua intervenção, centrada nas contas da saúde, Afonso Candal afirmouque “é imperceptível a falta de transparência das contas da saúde, muito emespecial as referentes aos Hospitais SA”.

INICIATIVA

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1721 ABRIL 2004

CASA DA MÚSICA

DERRAPAGEM FINANCEIRAPREOCUPA SOCIALISTAS

PARLAMENTO

MECENATO CIENTÍFICO

EMPRESAS DEVEM SER AGENTES DINAMIZADORESDE INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

JUSTIÇA

SOCIALISTAS QUEREM OUVIRCONSELHO SUPERIOR DE MAGISTRATURA

O projecto de lei socialista sobre omecenato científico baixou à respectivacomissão parlamentar, no passado dia14 de Abril, não tendo sido votado apedido do GP/PS, para ser discutidoem conjunto com o diploma doGoverno sobre a mesma matéria.O projecto do PS não refuta anecessidade de actualizar o estatutodo mecenato científico, corporizadona proposta do Executivo, masacrescenta no seu diploma o reforçodos incentivos à investigação e

desenvolvimento desenvolvidas pelaspróprias empresas.“As empresas não devem encarar ainvestigação como algo de exterior quepodem patrocinar como um bailadoou uma instituição de solidariedadesocial (...) A investigação deve estarno coração das empresas”, defendeuAugusto Santos Silva.Para o deputado do PS, definir oestatuto do mecenato científico semreforçar os incentivos fiscais àinvestigação empresarial tem um duplo

perigo: “Por um lado, qualquer empresapode obter o máximo benefício fiscalsem investir um cêntimo emInvestigação & Desenvolvimento. Poroutro, uma empresa que invistamilhões em I&D pode não ter qualquerbenefício fiscal”.Por sua vez, Eduardo Cabrita corroborouSantos Silva ao explicar que a propostado Governo é “insuficiente”, uma vezque “Portugal não precisa só demecenas, mas também de empresáriosque invistam em investigação”.

O PS vai questionar o Governo acerca daderrapagem de 70 milhões de euros sobreo custo inicialmente previsto para aconstrução da Casa da Música,aproveitando a presença do ministroPedro Roseta, esta semana, na ComissãoParlamentar de Educação, Ciência eCultura.Em 2001 previa-se que a Casa da Músicativesse um custo final de 30 milhões deeuros, mas o presidente daadministração, Alves Monteiro, declarouno passado dia 12 de Abril que devemser atingidos os 100 milhões,nomeadamente através de umempréstimo de 55 milhões de euroscontraído junto do Banco Europeu deInvestimentos.Segundo a vice-presidente da bancadasocialista Manuela Melo, que fez parteda Comissão Instaladora da SociedadePorto 2001, a necessidade de contrairempréstimos para a conclusão da obrasignifica que a Casa da Música não estáa receber a transferência de verbas quedeveria ser assegurada pelo Executivo.“Os empréstimos contraídos significamseguramente que a tutela não está a fazeratempadamente a transferência de verbaspara a Casa da Música e isso é muitograve porque representa a quebra de umcompromisso assumido pelo Governo”,afirmou, assegurando que “o PS vaiquestionar o ministro da Cultura”.

Nas declarações que fez à Imprensa,Manuela Melo também a umrequerimento que dirigiu Ministério daCultura para saber o preço final daconstrução da obra, sublinhando queaté à data não tinha recebido qualquerresposta.Apesar de afirmar que não dispõe deelementos suficientes para saber a causada derrapagem financeira, a parlamentardo PS considerou que “a Casa daMúsica está perto da ruptura” e que “há

alguma coisa que não está bemexplicada” relativamente ao custo dasúltimas empreitadas da obra.Também o deputado Augusto SantosSilva, considerou que “é essencial queo Governo preste esclarecimentos sobreo valor final da construção do projecto”,já que, na sua opinião, “sucedem-se ospedidos de empréstimo para financiar aobra, sem que a tutela e a administraçãotenham uma ideia clara e rigorosa” sobreo seu custo.

O Partido Socialista entregou no passadodia 14 de Abril um requerimento naAssembleia da República a pedir umaaudição urgente do Conselho Superiorda Magistratura para avaliar a “actualsituação judiciária”.A bancada do PS manifestou assim a suapreocupação com o alegado maufuncionamento da justiça, recordando o

caso do recente cancelamento da tomadade posse de 43 novos juizes por falta dedotação orçamental.“Este episódio, que é em si mesmorevelador da ausência de planeamentoadequado ao nível da nossa administraçãoda justiça, tornou evidente a importânciapara o Parlamento de ter um diálogo maisactivo e cooperante com as próprias

instituições independentes da área dajustiça”, afirmou o deputado Jorge Lacão.A maioria parlamentar de direita votoufavoravelmente à audiência com oConselho Superior de Magistratura, masdistanciou-se das críticas do PS aoMinistério da Justiça, que é acusado de“insuficiência reiterada na tomada dedecisões em tempo útil”.

CINEMA

PS CONTRA OLIGARQUIADE GESTORES

O Governo quer “criar um regime de apartheid entre o cinema de autor e ocinema com atractividade comercial”. Este o alerta deixado pelo deputadoAugusto Santos Silva, no passado dia 16, no debate parlamentar sobre ascompetências do ICAM, as formas de financiamento do sector e a criaçãode um fundo de investimento aberto a investidores privados.Reconhecendo que o projecto de lei das Artes Cinematográficas e do Audiovisualapresentado pela maioria “representa um avanço importante em relação ao quehoje existe, apresentando aspectos positivos, como o alargamento das fontesde financiamento”, Santos Silva, frisou que a lei do cinema e audiovisual nãopode “criar um sistema perverso de desvio de dinheiros públicos”, pelo que oPS “não aceita uma oligarquia de gestores” dos fundos”.As propostas de lei debatidas sexta-feira serão votadas no plenário deamanhã.

TAP

ANUNCIADA DEMISSÃO DE FERNANDOPINTO DEVE SER ESCLARECIDA

O deputado do PS Miguel Coelho exige que o Governo esclareça se o adminis-trador-delegado da TAP, Fernando Pinto, solicitou a sua demissão ao ministrodas Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Carmona Rodrigues.“Embora essa informação tenha sido parcialmente desmentida, no que serefere a um pedido de demissão por escrito, não foi no entanto esclarecidaa veracidade do seu conteúdo fundamental, ou seja, se Fernando Pintopretende sair antecipadamente da empresa”, refere deputado socialista emrequerimento entregue no Parlamento a 16 de Abril.De acordo com o Miguel Coelho, “o país tem sido confrontado com asituação de desconforto que os resultados positivos têm provocado aopresidente do Conselho de Administração da empresa, Cardoso e Cunha”.“Considera o ministro oportuna e eficaz a configuração actual do Conselhode Administração da TAP e pretende o Governo intervir no sentido deresolver a situação de permanente instabilidade gerada por Cardoso eCunha?”, questiona ainda o parlamentar socialista.

MERCADO ENERGÉTICO

AUTORIDADE DA CONCORRÊNCIACHAMADA AO PARLAMENTO

O PS reclama com carácter de urgência a presença do presidente da Autoridadeda Concorrência na Comissão Parlamentar de Economia e Finanças paraesclarecer questões relativas ao mercado energético em Portugal.Num requerimento entregue na Assembleia da República, no passado dia16 de Abril, o deputado socialista Maximiano Martins defende a necessidadede aprofundar a análise destas matérias que “determinam decisivamente aperformance competitiva da economia nacional”, sobretudo após aAutoridade da Concorrência ter encomendado um estudo ao CambridgeEconomic Policy Associates para avaliar os efeitos da reestruturação propostapelo Governo para o sector do Gás e da Electricidade em Portugal.Cientes da importância actual da arquitectura do sistema energético, ossocialistas exigem que a maioria disponibilize os resultados do referido estudo.

PATRIMÓNIO CULTURAL

NOVO CENTRO PARA PROMOÇÃODO BORDADO DE CASTELO BRANCO

Para incentivar “uma verdadeira riqueza nacional” e “um património de valorincalculável que urge preservar”, o Partido Socialista propõe a criação de umCentro para a Promoção e Valorização dos Bordados de Castelo Branco.O deputado do PS Fernando Serrasqueiro apresentou, no passado dia 18 deAbril, em Castelo Branco, um projecto de lei sobre esta matéria, onde seprevê que o Centro controle, certifique e fiscalize a qualidade e genuinidadeda produção de bordados regionais, promovendo ainda a formação evalorização profissional nesta área específica.

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18 21 ABRIL 2004

LEI DE BASES DO DESPORTONOVO ERRO DO GOVERNO

LAURENTINO DIASCOORDENADOR DO GP/PSPARA A ÁREA DO DESPORTO

O Governo aprovou e entregou no Parlamento uma Proposta de Lei deBases do Desporto e antes de o fazer, não consultou ninguém. Nemsequer o seu próprio órgão de consulta, o Conselho Superior do Desporto.Olhou para uma Proposta de Lei de Bases como se ela não fosse maisque um qualquer conjuntural diploma.Esqueceu que propor bases implica prévias opções quanto à função dodesporto, papel do Estado, das organizações desportivas, saúde e ética,modelo de financiamento, âmbito profissional e não profissional, educaçãofísica e escolar, entre outras.E, manifestamente, o Governo não teve coragem nem capacidade paradiscutir estes temas com os agentes e estruturas desportivas apesar de,paradoxalmente, no texto da Proposta assumir o que chama de “contextode partilha de responsabilidades”.Esta será a Lei de Bases do Governo e não a Lei de Bases do Desporto oudo Sistema Desportivo. A distância e as críticas das inúmeras entidadesouvidas em sede de especialidade ilustram e confirmam o erro cometido.Nos tempos de hoje a tomada de consciência do envolvimento social eeconómico da prática desportiva em Portugal implica novos desafios àinevitável parceria entre o Estado e o movimento desportivo.“Há Estado a mais no Desporto”, diz o Governo sempre que, e sãopoucas as vezes, lhe ocorre falar sobre o assunto. Até onde vai ou deveir o Estado?A Proposta de Lei dispõe: “A intervenção dos poderes públicos no âmbitoda política desportiva é complementar e subsidiária à intervenção doscorpos sociais intermédios que compõem o sistema desportivo, numcontexto de partilha de responsabilidades – artigo 11º - Princípio daIntervenção Pública”.O que aqui está dito é, preto no branco, que o Governo não tem políticadesportiva. E assim sendo, limitar-se-á, de forma complementar esubsidiária, a acompanhar os “corpos sociais intermédios” que compõemo sistema desportivo. Ou seja, não assume, não opta, não seresponsabiliza. Oferece as medalhas, distribui as condecorações e assisteno camarote.Ora, o Desporto é portador de valores positivos inalteráveis, e tem umafunção educativa e social que faz a sua essência e importa preservar. Nãoé do Estado a obrigação primeira promessa de o defender?O modelo de organização do Desporto em Portugal é conhecido ecorresponde em grande medida ao modelo europeu construído numarelação de parceria e cooperação entre o Estado e o movimento associativo.Todos estamos comprometidos com este modelo – administração pública,federações, clubes, praticantes, sociedades desportivas, agentesdesportivos, etc. – e todos temos a obrigação de o fazer evoluir para delepreservar tudo quanto tem de positivo.Não defendemos uma organização desportiva meramente concorrencial eprivada, privilegiando os seus actores económicos e mercantilizando aprática desportiva, nem um sistema estático e redutor, puramenteplanificado.Preservar um modelo é fazê-lo evoluir. E falar de solidariedade activa dodesporto profissional com o não profissional como se faz no artigo 6º,

sem apontar sequer onde e como, é permitir a continuação de equívocosperniciosos e admitir uma cada vez maior separação de ambos os sectorescom graves consequências a curto e médio prazo.O desporto é também uma actividade económica mas com especificidadesque lhe são próprias. O Estado não pode contentar-se apenas em aregulamentar. Tem de tomar posição. A delegação de poderes não significademissão de responsabilidades. O interesse público assim obriga.O Estado não pode, por outro lado, pretender incorporar num órgão queé essencialmente de natureza consultiva do Governo, o Conselho Superiordo Desporto, competências fiscalizadoras ou de arbitragem sem apontaro seu enquadramento nas actuais soluções.A proposta limitação de mandatos dos titulares dos órgãos estatutáriosnão acarretará quaisquer consequências na renovação do dirigismodesportivo como propagandisticamente se pretende fazer crer. Bem maiseficaz e positivo para as estruturas dirigentes desportivos seria apropositura de regras claras e abertas de composição de colégioseleitorais e regras eleitorais facultando o acesso de alternativas egarantindo o livre e democrático direito de participação e voto. Emsíntese, abertura, transparência, participação, democracia.Uma nota também para a criação de um Conselho de Ética Desportiva –artigo 15º da Proposta – com competência para o combate à Violênciano Desporto, ao mesmo tempo em que o Governo continua a produzirlegislação, dirigida a um Conselho Nacional Contra a Violência noDesporto de que aquele artigo é a formal certidão de óbito. Em 2003Conselho de Ética, em 2004 Conselho Nacional Contra a Violência.Assim, não.Esta Proposta de Lei não resiste a uma breve análise mesmo que discretae despretensiosa. Aos 43 artigos da actual lei sucederiam 89 seaceitássemos a actual Proposta. O título de campeã do salto emcomprimento está-lhe garantido. E a marca pode mesmo melhorar sealguém mais diligentes se propuser, por exemplo, a desvendar aidentificação – até aqui secreta – dos chamados “corpos sociaisintermédios”.O mais grave de tudo isto é que o desporto português carece de umareflexão séria, aberta e partilhada por todas as pessoas e estruturas quenele intervêem.O papel do Estado, da escola, dos clubes, das federações e associações,dos agentes desportivos; o equilíbrio financeiro dos clubes, profissionaise não profissionais e a medida necessária da sua solidariedade; a formaçãodos quadros técnicos; a dimensão económica e mediática do desporto; adignificação das representações nacionais; a protecção dos praticantesportadores de deficiência ou em situação de exclusão; a dispersão nacionaldas infraestruturas e meios técnicos; o financiamento do sistema desportivo.A solução de facilidade, que esta Proposta de Lei traduz, é evitar a discussãodestas questões como se elas não existissem ou então não fossemoscapazes de os resolver.Se assim se fizer, o desporto em Portugal ficará refém dos seus própriosproblemas e definhará. Não haverá evento, europeu ou mundial, quecom o seu êxito o disfarce.

O Desporto é portadorde valores positivosinalteráveis, e tem umafunção educativae social que faz a suaessência e importapreservar. Não é doEstado a obrigaçãoprimeira promessade o defender?

ARGUMENTOS

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1921 ABRIL 2004

A EUROPA E O FUTURO DO PAÍSA 13 de Junho, seremos chamados a eleger 24

deputados para o Parlamento Europeu. Quem são osadversários do PS nestas eleições? O que temos nós,

Partido Socialista, a oferecer neste acto eleitoral?

1. A abstençãoEm primeiro lugar dela depende politica-mente o nosso segundo adversário, acoligação PP/PSD. Não basta estarmospreocupados, apreensivos, temos que

tentar perceber e combater as razões conjunturais e mais profundas para estaquase certa abstenção.Segundo uma sondagem publicada na semana passada, a taxa de abstençãonestas eleições europeias seria de 69,4 por cento.Por que razão é então importante votar nestas eleições europeias?Em primeiro lugar, por causa do alargamento a Leste. É importante dar umsinal claro aos países que entrarão a 1 de Maio que somos capazes de umaparticipação eleitoral elevada, porque de certo que as suas taxas departicipação tenderão a ser mais altas do que as dos actuais membros.Por outro lado, estas eleições são as primeiras depois da entrada em vigordo Tratado de Nice. Isto significa não só que o Parlamento Europeu tem umpapel acrescido na escolha do presidente da Comissão europeia, comotem maiores poderes por via do processo de co-decisão na adopção dalegislação comunitária.Há ainda outro dado da sondagem que referi para o qual gostaria de chamar avossa atenção: a amostra. Foram entrevistadas 600 pessoas, 319 das quaismulheres. Sabemos que o eleitorado feminino é o menos propenso a ir votar.É por isso às mulheres portuguesas que temos que dedicar grande parte dosnossos esforços de sensibilização para a importância de votarmos nestaseleições. As mulheres são hoje, em Portugal, o rosto da desigualdade: sãoos rostos femininos que invadem os ecrãs das televisões quando as fábricasfecham, é a elas que dizem que devem ficar em casa e optar pelo trabalho atempo parcial. Uma tentativa clara de as retirar do mercado de trabalho,retirando-lhes assim uma das formas de participação activa na sociedade ea possibilidade de defender os seus direitos políticos, económicos e sociais.A nossa principal adversária é portanto a abstenção. Porque eu já estou aimaginar o dr. Durão Barroso, na noite de 13 de Junho, menosprezando avitória que não duvido que o PS terá neste acto eleitoral, minimizando-aface a uma elevada taxa de abstenção.

2. A coligação CDS-PP/PSDA par da abstenção, o nosso adversário é esta coligação incoerente e quejunta visões tão distintas da Europa do futuro, como uma visãosupostamente social-democrata e outra euro-realista ou eurocalma. Eu atéadmito que as pessoas mudem de ideias, evoluam, mas não percebo oconceito de eurocalmo. Uma vez eleitos, os eurodeputados do PP irãoprovavelmente juntar-se ao grupo parlamentar dito da “Europa das Nações”.E o que é esta “Europa das Nações”? É uma Europa dos nacionalismos,uma Europa da caridade. Essa não é a nossa Europa!Embora, por um lado, nos convenha explorar nestas eleições europeiasaspectos da política nacional, o facto de se tratar de eleições europeiastambém joga a nosso favor. Mobilizar os portugueses para o voto no dia 13de Junho é mostrar os benefícios da Europa e associá-los ao PS. O PSDestá novamente refém de um CDS/PP eurocéptico e antieuropeu.A Comissão Nacional de Eleições está a preparar uma campanha desensibilização dos cidadãos para o voto. Convém-nos estudá-la ecomplementá-la. A campanha do PS tem uma oportunidade única a explorar,graças a este nosso segundo adversário. O PS deve pois mostrar as vantagensassociadas à integração europeia no dia-a-dia dos portugueses. Isto exigemensagens claras: o euro, as taxas de juro para o crédito à habitação antese depois da adesão...Há fortes razões para pensar que se conseguirmos demonstrar de formasimples e clara os benefícios da participação na UE, essas pessoas votarãoPS, o único partido claramente europeísta que se apresenta aos portugueses.

3. Aproveitar as oportunidades da integração europeiaA Europa trouxe-nos estabilidade democrática e económica, enquadrou-nos também num grupo de países empenhados em promover direitos eliberdades fundamentais e a paz e a segurança no continente europeu.A estratégia de Lisboa, lançada pela presidência portuguesa em 2000, éhoje o referencial por excelência quando se trata do modelo dedesenvolvimento económico e social sustentável da União Europeia. E oque se decidiu em Lisboa? Tornar a Europa, até 2010, o espaço do mundomais competitivo, baseado na sociedade do conhecimento. E não só, eaqui é que se encontra a especificidade europeia, marcadamente socialista,em relação aos EUA: com mais e melhores empregos e mais coesão social.É importante que nos mantenhamos atentos e que consciencializemos oscidadãos para todas as oportunidades que a UE nos oferece e que temosque ser capazes de aproveitar. Muito se joga, lá longe, em Bruxelas. E comconsequências tão perto de nós. A opção europeia pode até não ter alternativa,mas a nossa Europa não é, com certeza, a Europa retrógrada e conservadoraassumida pelo PP e assumida pela coligação CDS-PP/PSD.Por isso, eu não defendo só o cartão amarelo e refuto o voto em branco,clamando aos socialistas e aos portugueses em geral por um votomaciçamente vermelho!

ANTÓNIO GAMEIROMEMBRO DA COMISSÃO

NACIONAL DE JURISDIÇÃO

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oUARTE!!Os objectivos de equilíbrio das contas públicas e do controlo do défice definidos peloactual Governo, de uma forma obsessiva diria eu, levaram à implementação de medidasque, nas mais variadas áreas, num prazo mais ou menos curto, resultaram num retrocessoreal em relação àquilo que o país já conhecia. A extinção da Unidade de Apoio à RedeTelemática Educativa (UARTE) no âmbito do ex-Ministério da Ciência e Tecnologia e apassagem das acções cometidas a essa Unidade para a responsabilidade do Ministérioda Educação (ME), de acordo com despacho de Novembro de 2003, são um bomexemplo disso mesmo.Ora, quem estava habituado a recorrer às actividades desenvolvidas pela UARTE facilmenteficará chocado com o facto de se aguardarem ainda “orientações superiores sobre osserviços (…) que serão disponibilizados”, tal como se refere no site da própria Unidade.Ou seja, há mais de cinco meses que a equipa da UARTE aguarda instruções doMinistério que agora a tutela, para continuar, ou não, a desenvolver a sua meritóriaactividade. Mas para provar que estamos perante uma medida irresponsável e deconsequências altamente negativas para toda a comunidade educativa, importaria fazerum pouco de história.A UARTE foi criada em 1997 e era responsável pela coordenação, acompanhamento edesenvolvimento do Programa Internet na Escola (PIE), um programa que, através da RCTS(Rede Ciência Tecnologia e Sociedade), fez chegar, gratuitamente, a Internet a todas asescolas do país, a bibliotecas públicas, a museus, associações profissionais e outrasinstituições científicas. Tratou-se de uma medida posta em prática pelo ex-ministro daCiência e Tecnologia, Mariano Gago, uma personalidade a quem o país deve muito pelaaposta clara no desenvolvimento científico e tecnológico do nosso país.Com a UARTE, pretendia-se incentivar as escolas para a utilização educativa da Internetatravés da produção de conteúdos científicos e tecnológicos disponibilizados na Redee do desenvolvimento de actividades telemáticas nas escolas, isto através de determinadasestratégias. Uma delas era a disponibilização de um servidor WWW que constituía oponto de lançamento de toda a animação para a comunidade educativa envolvida noPIE, composto por um extenso conjunto de actividades, ferramentas e materiais educativos,serviço de e-mail, videoconferência, alojamento de sites, chat, entre outras. Para alémdisso, a UARTE era constituída por professores que dinamizavam sessões de utilizaçãoda Internet nas escolas de todos os ciclos e disponibilizava o NetMóvel, uma carrinhaequipada com onze computadores que circulou pelo país com a finalidade da promoçãoda utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). A este propósito,nos últimos meses, a carrinha nunca mais se viu em concelho nenhum por,eventualmente, ter sido cortado o gasóleo para a sua circulação!!!Na verdade, este Governo e, em particular, este ministro da Educação, têm brindado opaís com montes de irresponsabilidades deste tipo. Para este ministro da Educação, oimportante é cortar nas despesas e isso, como é óbvio, leva também ao desmantelamentode estruturas educativas como a UARTE ou o Instituto de Inovação Educacional, escolhidasaleatoriamente. Mas a questão, mesmo para os tecnocratas, está em sabermos se essedesmantelamento não trará muito mais prejuízos para o país! Para este ministro, governartem sido mais destruir do que criar soluções para os problemas que, estruturalmente, osector da Educação atravessa. Tem sido mais retroceder do que dar passos em frente!Tem sido mais interromper do que continuar, mesmo aquilo que estava a correr bem!Mas essa estratégia, infelizmente, não resolve os problemas da Educação em Portugal.Pelo contrário, ainda os agrava!! Por isso, que bom seria podermos dizer que este ministronão fez nada pelo sector!! Fez sim senhor!! Muita asneira!!

LUÍS MIGUEL FERREIRAS. JOÃO DA MADEIRA

A UARTE foi criada em 1997e era responsável pelacoordenação,acompanhamentoe desenvolvimento doPrograma Internet na Escola(PIE), um programa que,através da RCTS (RedeCiência Tecnologiae Sociedade), fez chegar,gratuitamente, a Interneta todas as escolas do país,a bibliotecas públicas,a museus, associaçõesprofissionais e outrasinstituições científicas.

Ganhar o termalismoRecebendo mais uma edição do “Acção Socialista” comdata de 24 de Março de 2004, verifico que os nossos deputadostecem alguns considerandos sobre o balanço negativo destesdois últimos anos de governação PSD/PP.Todos os reparos relatados neste artigo são importantes paraque o eleitorado possa verificar do logro em que caíram aspromessas eleitorais. No entanto, há uma área quesistematicamente tem sido esquecida pelos nossosdeputados e cuja importância para a reviravolta da economiado Alto Tâmega e Barroso é por excelência a maior batalha ater que ser ganha. “Termalismo”. Porquê abandonado? Porquese permite que continuem a ser exploradas as vertentes deengarrafamento com total desprezo para a área Termal, cujoreflexo social pode ser deveras importante? Lembro que oinício destas concessões mineiras teve como única razão dasua aplicação o Termalismo e não o Engarrafamento, que emtal data ainda não se fazia. Não tenho dúvidas que este temadeveria ser cavalo de batalha para perguntar aos actuaisautarcas porque não se passa das promessas ao trabalho?Reparem que os três municípios do Alto Tâmega e Barroso

que têm as mais importantes termas deste País são do principalpartido do actual Governo. Estamos perto de mais umaseleições, nesta região era importante dar um sinal de reviravolta.Mas também é importante que a vida política a nível concelhioseja analisada seriamente porque após certos acidentes, osque nada valem continuam teimosos, fazendo perder acredibilidade de todos aqueles que gostariam de ver o seupartido novamente pujante. O PS sempre se apresentou comoum partido mais justo e sério para com o Povo, é precisopassar à prática, dar passos seguros, saber escolher osdirigentes políticos locais (pelo seu valor pessoaldemonstrado e não na base dos canudos do Doutoramento),para uma mudança oportuna e necessária justificada peloserros cometidos que levaram à perda da maioria das câmarassocialistas em Trás-os-Montes. Temos que fazer chegar ahora de mudança.Palavras sérias, coerentes e sem medo de o demonstrar, é arazão deste texto, o meu PS só por mim pode ser respeitado seos seus dirigentes cumprirem com lealdade os princípiosfundamentais da democracia que para todos nós pretendemos.

Joaquim M.S. Pires Ferreira

Esta rubrica designada “Correio dos Leitores” está aberta a todos os militantes quepretendam enviar-nos os seus pontos de vista sobre questões que consideremrelevantes. A direcção do “Acção Socialista” reserva-se o direito de ajustar adimensão dos textos em função do espaço disponível.Os endereços são: [email protected] ou, por correio normal, para PartidoSocialista, Largo do Rato, 2 - 1269-143 Lisboa

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20 21 ABRIL 2004BLOCO DE NOTAS

DIRECTOR Augusto Santos Silva | DIRECTOR-ADJUNTO Silvino Gomes da Silva [email protected] | REDACÇÃO J.C. Castelo

Branco [email protected]; Mary Rodrigues [email protected]; P. Pisco [email protected] | SECRETARIADO Virginia Damas [email protected]

PAGINAÇÃO ELECTRÓNICA Francisco Sandoval [email protected] | EDIÇÃO INTERNET José Raimundo; Francisco Sandoval

REDACÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E EXPEDIÇÃO Partido Socialista; Largo do Rato 2, 1269-143 Lisboa; Telefone 21 382 20 00, Fax 21 382 20 33

DEPÓSITO LEGAL Nº 21339/88 | ISSN: 0871-102X | IMPRESSÃO Mirandela, Artes Gráficas SA; Rua Rodrigues Faria 103, 1300-501 LisboaÓRGÃO OFICIAL DO PARTIDO SOCIALISTA

Propriedade do Partido Socialista

w w w . p s . p t / a c c a oToda a colaboração deverá ser enviada para o endereço do jornalou para [email protected]

OS NÚMEROS DA CRISE ECONÓMICA E SOCIAL

Numa das maiores operações de manipulação montadas emPortugal por um Governo, o ministro Morais Sarmento anda a atentar iludir os portugueses com a ideia de que o 25 de Abril foisó evolução.Não foi. Foi revolução.Mas mesmo que que tivesse sido só evolução então a verdademanda dizer que o bem-estar dos portugueses evoluiu até 2002e piorou com a políticas do dr. Durão Barroso.Os salários estão congelados, os produtos de primeiranecessidade aumentaram e tem o 3º crescimento de preços maisalto da Europa.Evolução dr. Durão Barroso?Consigo foi involução.

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