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16/08/2010 1 Teoria e História II Arquitetura e Urbanismo da Idade Média e do Renascimento Aula 03 Forma Urbana e Arquitetura Arabe Forma Urbana e Arquitetura Morfologia Urbana é o estudo da configuração e da estrutura exterior das cidades. É a ciência que estuda as formas, interligando-as com os fenomenos que a deram origem. Para a morfologia o que interessa são os instrumentos de leitura urbanística e de arquitetura. É a leitura do urbano como uma arquitetura: Aspectos quantitativos, de organização funcional, qualitativo e figurativos Fatores que explicam a expansão árabe: Queda do Império Romano Mudanças na organização política e social Unidade do mundo mediterrâneo é interrompida por causa da expansão islâmica. No Oriente disputa continuada entre o império Bizantino e o Persa. Os dois se combatiam há séculos, acabando por enfraquecer-se. No Ocidente: Fraqueza dos Estados germânicos Relativa liberdade religiosa aos povos vinculada ao pagamento do imposto do infiel. Forma Urbana e Arquitetura

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Aula sobre urbanismo arabe

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Teoria e História II

Arquitetura e Urbanismo

da Idade Média e do Renascimento

Aula 03

Forma Urbana e Arquitetura Arabe

Forma Urbana e Arquitetura

• Morfologia Urbana é o estudo da configuração e da estrutura

exterior das cidades. É a ciência que estuda as formas,

interligando-as com os fenomenos que a deram origem.

• Para a morfologia o que interessa são os instrumentos de

leitura urbanística e de arquitetura. É a leitura do urbano

como uma arquitetura:

• Aspectos quantitativos, de organização funcional,

qualitativo e figurativos

• Fatores que explicam a expansão árabe:

• Queda do Império Romano

• Mudanças na organização política e social

• Unidade do mundo mediterrâneo é interrompida por causa da expansão

islâmica.

• No Oriente disputa continuada entre o império Bizantino e o Persa. Os

dois se combatiam há séculos, acabando por enfraquecer-se.

• No Ocidente:

• Fraqueza dos Estados germânicos

• Relativa liberdade religiosa aos povos vinculada ao pagamento do

imposto do infiel.

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• No segundo quarto do século VII, Maomé, o „último‟ dos profetas, levantou

um movimento confessional nos desertos da Arábia

• expansão em todo o Oriente mediterrâneo até à Índia, todo o Norte

de África, Sicília e Sardenha e quase toda a Península Ibérica. Mais

de metade do Império Romano de Justiniano caiu nas suas mãos.

• Maomé nasceu em Meca em 570 ou 571 d.C. Aos 15 anos de idade entrou

para o comércio de caravanas. Nas suas viagens, Maomé entrou em contato

com o cristianismo e o judaísmo, que se tornaram a base do islamismo

(monoteísmo)

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• Mapa do território conquistado pelos árabes

• Segundo BENEVOLO (1993) “os árabes invadem as costas do

Mediterrâneo na metade do século VII; encontram primeiro as

zonas fortemente urbanizadas do Oriente helenístico, se

apoderam das cidades existentes -- Alexandria, Antioquia,

Damasco, Jerusalém -- e adaptam-nas às suas exigências:

Damasco se torna a primeira capital dos califas Omíadas (de 660

a 750 d.C.) e no recinto sagrado da cidade surge a primeira

mesquita”.

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“o que caracteriza as cidades da civilização

islâmica é a sua semelhança, desde o

Atlântico ao Golfo Persa” Goitia (1992)

• “Tanto quanto a arquitetura é causa, é o

refúgio onde o espírito do homem, a

alma, o corpo e encontrar refúgio e

abrigo” (trecho extraído do Manual de

gestão urbana de Ibn Abdun, juiz

andaluz do século XII)

• A expansão árabe teve como

característica a fundação de novas

cidades segundo a tradição dos califas

• 670 -Kairouan na Tunísia

• 674- Xiraz na Pérsia

• 711- Córdoba (Espanha)

• 762- Bagdá- a nova capital dos califas

Abássidas - na Mesopotâmia

• 808- Fez no Marrocos

• 827- Palermo (Sícilia)

• 969- Cairo no Egito

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• Contribuições da influência árabe na cultura ocidental:

• Agricultura: novos produtos agrícolas e novas técnicas de cultivo.

• Artesanato: artigos refinados em couro, seda e metal.

• Artes: Arquitetura das mesquitas,, introdução do minarete (torre da mesquita) e a decoração com letras do alfabeto (arabescos).

• Ciências: notáveis progressos na Física, Química, Matemática, Astronomia;.

• Literatura: contos As Mil e Uma Noites, o Livro dos Reis e Rubayat, de Omar Khayan.

• Filosofia: obra do médico e filósofo Ibn Rushd (Averróes), de Córdova, que traduziu as obras de Aristóteles para a língua árabe e introduziu-as no Ocidente.

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• Princípios culturais de ordenamento da cidade árabe:

• Cada grupo étnico religioso tem seu bairro distinto, e o príncipe reside numa zona periférica protegida dos tumultos (tradição islâmica-ex. Madinath Al-Zahra).

• Forte relação entre o modo de vida altamente formalizada e orientado pela vida religiosa (direitos individuais e sociais, fixados pelas convenções religiosas ).

• Ausência do planejamento formal da cidade árabe

• Espaço Sagrado: resultado da

combinação entre estruturas tribais e do clã familiar com vida religiosa.

• O sagrado dentro da cidade islâmicanão se destaca na paisagem como umelemento concentrado e de formaisolada, mas se espalha por todo otecido urbano como um todo.

• Vida pública: MESQUITA E MERCADOS (complexo arquitetônico coerente)

• Vida privada: espaço residencial voltado para pátios e conjugado como um todo continuo e indiferenciado

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• A transição do público ao

sagrado, ambas incluídas no

mesmo seção pública do tecido

urbano, é realizado por algumas

etapas, que permite a fácil

interação entre a mesquita e o

mercado.

• Espaço de oração tem de cumprir

requisitos especiais de limpeza-

marcada por portas e soleiras,

onde os visitantes tiram os

sapatos.

• O ambiente construído representa

uma lembrança contínua do

divino: homogeneidade dos

espaços urbanos e estruturas

internas diferenciadas

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Cordoba e a relação da Mesquita com o tecido urbano

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A Mesquita de Córdoba :espaços internos

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estrutura típica de um aglomerado de casas pátio em torno

de um beco sem saída ramificada

• Características das cidades no Império Islâmico:

• Regularidade das cidades romanas e helenística é

abandonada;

• Não existe administração municipal;

• Casas geralmente são térreas – quando

assobradadas sombreamento das ruas e casas

vizinhas;

• Ruas estreitas – labirintos Cidade compacta - muros

– separam a área civilizada da inculta e natural

• Muros diferenciam recintos:

• Medina – centro da cidade (Mesquita é o Centro

cultural/Ensino/Religioso/Administrativo/Tribunal da

cidade)

• Bazar – loja dos comerciantes;

• Príncipe governante – Alcazaba/Fortificada dentro

da Medina ou nos arrabaldes da cidade;

• Kasbah, ou 'casbá': significa nas cidades árabes, o 'palácio fortificado do soberano'

• Possuía mais de 100 fontes d'água, 50 termas [hammams] ou banhos públicos, 13 grandes mesquitas e mais de 100 salões de culto.

A cidade árabe “Kabash”

Kabash-1575

Imagem: historic-cities.huji.ac.il

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Kabash-1905Imagem: www.library.uq.edu.au

Kabash-1905Imagem: www.library.uq.edu.au

Kabash-1905

Imagem: www.library.uq.edu.au

Kabash-2006

Imagem: www.library.uq.edu.au

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Kabash-2006

Kabash-2006

• Fundada em 929 pelo Califa Abd al-Rahman al-Nasir a

oeste de Córdoba.

• O nome Al-Zahra foi tirado de uma amante do califa mas

também significa “cidade radiante”.

• Reflete nova ordem política: independência do califado al-

andalus de Bagda.

• Critérios para escolha do lugar da cidade: topografia,

defesa, paisagem, cursos d´água e fatores astrológicos.

A cidade real árabe de Madinat Al-Zahra

A cidade real árabe de Madinat Al-Zahra

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A cidade real árabe de Madinat Al-Zahra

Alcazar, casa militar e

administração

Jardins e praça cívica

Mesquita e praça militar e

comércio

A cidade real árabe de Madinat Al-Zahra

• Infra-estrutura

• Rede viária pavimentada com pedras.

• Abastecida por aquedutos (Valdepuentes) com poços de

ressalto na forma de trincheira

• Abastecimento feito por gravidade no interior de Al-

Zahra

A cidade real árabe de Madinat Al-Zahra

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Principais características da

cidade árabe

Condicionantes bioclimáticos e

culturais

Privacidade ao extremo: casas

fechadas e profundas

Espaços públicos estreitos: proteção

contra o vento seco e o sol forte

Pátios internos onde a água umidifica

o ambiente

Lisboa: Bairro alto e Mouraria

Assis, Itália (cidade “espontânea”)

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Berna, Suíça (cidade planejada)

Bagnaia, Itália

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Diferenças importantes em comparação com os complexos urbanos do mundo helênico

e de Roma:

• Cidades árabes não tem foros, basílicas, teatros, anfiteatros, estádios, ginásios,

mas somente habitações particulares - casas ou palácios

• Cidades árabes tem e dois tipos de edifícios públicos:

• os banhos para as necessidades do corpo, que correspondem às termas

antigas.

• as mesquitas para o culto religioso.

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• As ruas são estreitas e formam um labirinto de passagens tortuosas -- muitas vezes

também cobertas -- que levam às portas das casas mas não permitem uma orientação

e uma visão de conjunto do bairro.

• O Islã acentua o caráter reservado e secreto da vida familiar.

• As casas são quase sempre de um andar só (como prescreve a religião) e a cidade

se torna um agregado de casas que não revelam, do exterior, sua forma e sua

importância.

• A cidade se torna um organismo compacto, fechado por uma ou mais voltas de

muros que a diferenciam em vários recintos.

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• A porta de entrada é muitas vezes um

edifício monumental e complicado (com

uma porta externa, um ou mais pátios

internos e uma porta interna) e funciona

como vestíbulo para a cidade inteira”.

• É um elemento primordial na cidade

muçulmana, pois, além de um valor

simbólico preponderante, tinham

também um valor funcional.

• Na maioria dos casos as portas eram

verdadeiras composições arquitetônicas,

às vezes de grande complexidade

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Referencias bibliográficas

• Bianca, Stefano. Urban form in the Arab world:

past and present, Thames & Hudson, Londres

2000

• Leonardo Benevolo, A História da Cidade.

• http://www.youtube.com/watch?v=llcOOm2vwv8