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CURSO ON-LINE – LEGISLAÇÃO ESPECIAL P/ ESCRIVÃO E PERITO - PF PROFESSOR: MARCOS GIRÃO www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA – 02 Caro futuro Policial, Nesta aula você fará uma grande e boa viagem por uma das mais cobradas normas em concursos públicos: a Lei nº 8.069/90, o Estatuto Da Criança e do Adolescente, mais conhecido como ECA. O Estatuto da Criança e do Adolescente comparece no nosso ordenamento jurídico enquanto forma de regulamentação do art. 227 da Constituição Federal, que absorveu os ditames da doutrina da proteção integral e contemplando o princípio da prioridade absoluta. Formulado com o objetivo de intervir positivamente na tragédia de exclusão experimentada pela nossa infância e juventude, o Estatuto da Criança e do Adolescente apresenta duas propostas fundamentais, quais sejam: garantir que as crianças e adolescentes brasileiros, até então reconhecidos como meros objetos de intervenção da família e do Estado, passem a ser tratados como sujeitos de direitos; o desenvolvimento de uma nova política de atendimento à infância e juventude, informada pelos princípios constitucionais da descentralização político-administrativa (com a consequente municipalização das ações) e da participação da sociedade civil. Pois bem, o Edital PF te pede o conhecimento dos aspectos processuais e penais dessa norma. Aí você me pergunta: professor, preciso estudar a lei inteira se o edital de meu concurso só me pede tal conhecimento? Olhe, sinceramente não consigo visualizar um estudo eficiente e efetivo do ECA somente olhando para seus aspectos processuais e penais. É um risco muito grande fazer apenas esse foco para a sua prova!! Pela experiência de outros certames, o melhor a fazer é ter um conhecimento amplo da matéria para que você abra sua mente e, assim, o seu entendimento fique mais apurado ao chegar ao estudo dos aspectos processuais e penais dessa lei. E é dessa forma que está estruturada esta aula!! Você estudará os conceitos estruturais trazidos pelo ECA e, em seguida, lá pelo meio da aula, adentraremos com a profundidade necessária naquilo que de fato o edital vem cobrando. Você perceberá que seu entendimento estará facilitado e, certamente, como consequência seu aproveitamento nas inúmeras questões aqui apresentadas será muito, mas muito melhor. Quer ver?? Vamos em frente!!

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AULA – 02

Caro futuro Policial,

Nesta aula você fará uma grande e boa viagem por uma das mais cobradas normas em concursos públicos: a Lei nº 8.069/90, o Estatuto Da Criança e do Adolescente, mais conhecido como ECA.

O Estatuto da Criança e do Adolescente comparece no nosso ordenamento jurídico enquanto forma de regulamentação do art. 227 da Constituição Federal, que absorveu os ditames da doutrina da proteção integrale contemplando o princípio da prioridade absoluta.

Formulado com o objetivo de intervir positivamente na tragédia de exclusão experimentada pela nossa infância e juventude, o Estatuto da Criança e do Adolescente apresenta duas propostas fundamentais, quais sejam:

garantir que as crianças e adolescentes brasileiros, até então reconhecidos como meros objetos de intervenção da família e do Estado, passem a ser tratados como sujeitos de direitos;

o desenvolvimento de uma nova política de atendimento à infância e juventude, informada pelos princípios constitucionais da descentralização político-administrativa (com a consequente municipalização das ações) e da participação da sociedade civil.

Pois bem, o Edital PF te pede o conhecimento dos aspectos processuais e penais dessa norma. Aí você me pergunta: professor, preciso estudar a lei inteira se o edital de meu concurso só me pede tal conhecimento?

Olhe, sinceramente não consigo visualizar um estudo eficiente e efetivo do ECA somente olhando para seus aspectos processuais e penais. É um risco muito grande fazer apenas esse foco para a sua prova!! Pela experiência de outros certames, o melhor a fazer é ter um conhecimento amplo da matéria para que você abra sua mente e, assim, o seu entendimento fique mais apurado ao chegar ao estudo dos aspectos processuais e penais dessa lei.

E é dessa forma que está estruturada esta aula!! Você estudará os conceitos estruturais trazidos pelo ECA e, em seguida, lá pelo meio da aula, adentraremos com a profundidade necessária naquilo que de fato o edital vem cobrando. Você perceberá que seu entendimento estará facilitado e, certamente, como consequência seu aproveitamento nas inúmeras questões aqui apresentadas será muito, mas muito melhor.

Quer ver?? Vamos em frente!!

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I – ECA – CONCEITOS INICIAIS

1.1. A CRIANÇA E O ADOLESCENTE

Vamos combinar o seguinte para nossa aula: chamaremos o Estatuto da Criança e do Adolescente pelo seu mais conhecido apelido – ECA, pois você há de concordar comigo que, assim, as citações a ele ficarão bem mais fáceis.

Pois bem, a Lei nº 8.069/90, que instituiu o ECA, nos diz que ela dispõe sobre a proteção integral à CRIANÇA e ao ADOLESCENTE.

Então pergunto: quem o ECA considera como criança? E qual a definição por ele dada de adolescente? Vamos às definições:

IMPORTANTE

CRIANÇA Pessoa ATÉ OS 12 ANOS DE IDADE INCOMPLETOS.

ADOLESCENTE Pessoa entre 12 e 18 ANOS DE IDADE.

Nos casos expressos em lei, aplica-se EXCEPCIONALMENTE o Estatuto às pessoas entre 18 e 21 anos de idade.

Dito isso, perceba no quadro acima outra informação muito relevante: as disposições do ECA não são exclusivas para pessoas até 18 anos de idade. Em casos excepcionais, os maiores de 18 e menores de 21 anos poderão ser contemplados com disposições desse Estatuto.

Além da proteção integral, a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana (em obediência irrestrita aos fundamentos de nossa Constituição).

A eles deve ser assegurado, seja por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social.

Tudo em condições de liberdade e de dignidade!!

É de fundamental importância saber que não só é dever da família, mas também da comunidade, da sociedade em geral, e do poder público, assegurar, com absoluta prioridade a efetivação dos direitos fundamentais da criança e do adolescente.

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Você então me pergunta: o que significa essa garantia de prioridade absoluta? E que direitos fundamentais são esses?

A garantia de prioridade absoluta compreende o que chamamos de 4 Ps:

Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

Privilégio na destinação de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Acabei de responder sobre a garantia de prioridade (nunca se esqueça de que ela é absoluta!!). Falta responder-lhes sobre os tais direitos fundamentais da criança e do adolescente. São eles os direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

É importante que você, caro aluno, não se esqueça também desses direitos, pois versa ainda o ECA que nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.

Quem desrespeita tal regra certamente será responsabilizado nos termos do Estatuto. Quando estudarmos sobre os crimes previstos no ECA, conheceremos esses termos e como se dá a responsabilização dos agentes infratores.

Nosso intuito não será o de detalhar letra por letra o que o ECA regulamenta sobre cada um dos direitos acima citados. Entretanto, vou falar um pouco mais sobre eles, pois sem o conhecimento de suas linhas gerais, fica mais difícil fazermos links futuros com os atos infracionais, as infrações administrativas e os crimes previstos no Estatuto.

Vamos começar a ver como isso tem sido cobrado em provas:

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01. [FCC – AGENTE PENITENCIÁRIO- SJDH/BA – 2010] O Estatuto da Criança e do Adolescente aplica-se, apenas, a pessoas entre 12 e 18 anos.

02. [CEC – EDUCADOR SOCIAL I – PREF. PALMEIRA/SC – 2012] O ECA estabelece que é dever exclusivo do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária das crianças e adolescentes.

Questão 01: A questão usa a expressão “apenas a pessoas de 12 a 18 anos de idade”. Você já sabe: essa regra não é absoluta!! O próprio Estatuto versa que ele poderá ser aplicado, em casos excepcionais, a pessoas com idade entre 18 e 21 anos de idade.

Gabarito: ERRADO

Questão 02: Não é só do poder público o dever de assegurar com absoluta prioridade a efetivação dos direitos fundamentais da criança e do adolescente. É também da família, da comunidade e da sociedade em geral.

Gabarito: ERRADO

Antes de adentrarmos na seara dos direitos fundamentais, faz-se necessário que você conheça alguns conceitos extremamente importantes regulamentados pelo Estatuto. Conhecidos tais conceitos, estudaremos com mais propriedade os direitos fundamentais da criança e do adolescente.

1.2. A FAMÍLIA NATURAL

O conceito é simples: família natural é a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Os descendentes são aqueles que nascem da pessoa e a sucedem na escala familiar, como por exemplo, filhos e netos. A família natural de uma criança ou adolescente, portanto, é aquela formada pelos seus pais (ou pai ou mãe sozinhos) e seus irmãos (ou outro descendente de seus pais, se houver).

A Constituição Federal, em seu art. 226, nos ensina que para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

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Mas ela não para por aí quanto ao conceito de entidade familiar e nos ensina ainda que também se entende como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.

Perceba que o ECA corrobora com a definição constitucional!! E mais:

IMPORTANTE

Deve ser dada preferência à permanência da criança ou adolescente em sua família natural, sendo sua transferência para uma família substituta (veremos já também esse conceito), medida de caráter EXCEPCIONAL.

É daí que se deriva o PODER FAMILIAR. De acordo com o Estatuto, esse poder será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência.

Agora pergunto: e o filhos havidos fora do casamento?

O ECA estabelece que os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação.

1.3. A FAMÍLIA EXTENSA OU AMPLIADA

Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade.

Para que seja realmente considerada família extensa, veja que não basta tal família ser formada por parentes próximos. Além dessa prerrogativa, outras duas precisam ser cumpridas cumulativamente:

A criança ou adolescente deve nela CONVIVER e;

Deve nela manter dois VÍNCULOS: o de afinidade e o de afetividade.

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Ter afinidade significa ter uma relação de simpatia, de aproximação. Ter afetividade significa ter sentimentos mais profundos de emoção, amor e carinho.

IMPORTANTE

A família extensa terá PREFERÊNCIA no acolhimento familiar de criança ou adolescente que, por qualquer razão, não possa permanecer (ainda que temporariamente) na companhia de sua família natural.

1.4. A FAMÍLIA SUBSTITUTA

Entende-se como família substituta aquela na qual a criança ou o adolescente foi ou estão inseridos mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente de situação jurídica, nos termos do Estatuto.

Importante não perder de vista, no entanto, que a colocação de criança ou adolescente em família substituta é medida de proteção que visa beneficiar a estes e não aos adultos que eventualmente a pleiteiem.

IMPORTANTE

A família substituta possui também um caráter EXCEPCIONAL, pois a preocupação precípua, inclusive em respeito ao disposto no art. 226 da CF, deve ser a manutenção da criança ou adolescente em sua família de origem.

A colocação em família substituta estrangeira constitui medida ainda mais excepcional, somente admissível na modalidade de ADOÇÃO.

É exatamente por seu caráter excepcional, que a criança ou o adolescente que for colocado em família substituta será, sempre que possível, previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada.

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IMPORTANTE

Tratando-se de MAIOR DE 12 ANOS de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência.

Bom, ainda sobre a colocação em família substituta, o ECA prevê que, em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é obrigatório:

que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal;

que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia;

a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso.

Vamos ver como esses conceitos foram cobrados pelo CESPE:

03. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Na colocação da criança ou do adolescente em família substituta, somente este, cuja opinião deve ser devidamente considerada, deve ser previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado o seu grau de compreensão sobre as implicações dessa medida.

04. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A criança ou o adolescente devem ser ouvidos por equipe interprofissional, respeitados seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão, antes da colocação em família substituta.

Questão 03: Caro aluno, preste bem atenção no pequeno e maldoso deslize que a banca comete nessa assertiva. Ela afirma que na colocação da criança ou do adolescente em família substituta, somente este, ou seja, SOMENTE O ADOLESCENTE, terá que ser previamente ouvido e sua opinião devidamente

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considerada. De jeito nenhum!! E a criança não deve ser ouvida não é? Claro que sim e da mesma forma que o adolescente!!

Gabarito: ERRADO

Questão 04: Observe que essas duas últimas questões, elaboradas pelo nosso querido CESPE, foram para cargos de juízes, do mesmo ano de aplicação, e abordaram praticamente a mesma coisa. Nessa, a banca acertou direitinho estando em conformidade com o que já discutimos e que é o disposto no art. 58, § 1º do ECA. Não tem o que temer!! A sua prova trará também questões nesse grau de “dificuldade”!!

Gabarito: CERTO

Ao conceituar FAMÍLIA SUBSTITUTA, faz-se relevante estudar em detalhes os conceitos de guarda, tutela e adoção conforme dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente.

A Guarda

O ECA conceitua a guarda como a obrigação da prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.

Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público.

Dá-se o nome de guardião àquele a quem é deferida a guarda da criança ou do adolescente. A guarda pode coexistir com o poder familiar e não confere o direito de representação do guardião em relação ao guardado.

Cabe ressaltar que o fato de o guardião ser obrigado a prestar assistência material à criança não desobriga os pais deste mesmo dever

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podendo ser os mesmos demandados a prestar alimentos ao filho que estiver sob a guarda de terceiro, contribuindo com sua manutenção, atendendo aos critérios de necessidades do alimentado/ possibilidades do alimentante.

IMPORTANTE

A guarda confere à criança ou adolescente a condição de DEPENDENTE, para todos os fins e efeitos de direito, inclusiveprevidenciários.

A guarda poderá ser revogada A QUALQUER TEMPO, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.

Por fim, o Estatuto estabelece ainda que o poder público estimulará, por meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar.

Vamos exercitar!!

05. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou ao adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais, além de conferir à criança ou ao adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.

06. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Salvo expressa e fundamentada determinação judicial em contrário, ou se a medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede que os pais exerçam o seu direito de visita nem que cumpram o dever de lhe prestar alimentos.

Questão 05: Veja como o CESPE, em uma questão se nível superior, copiou exatamente a literalidade da Lei!! A assertiva em tela está corretíssima e representa as disposições do art. 33 caput e § 3º do ECA.

Gabarito: CERTO

Questão 06: Perfeito!! Essa é uma das determinações do ECA por nós estudadas, disposta no seu art. 33, § 4º.

Gabarito: CERTO

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A Tutela

A tutela é o instituto que a primeira vista tende a proporcionar ao menor em situação de desamparo, decorrente da ausência do poder familiar, proteção pessoal e a administração de seus bens, por nomeação judicial de pessoa capaz, objetivando atender o melhor do menor.

IMPORTANTE

O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação DA PERDA OU SUSPENSÃO do poder familiar e implica NECESSARIAMENTE o dever de GUARDA.

O ECA regulamenta que a tutela será deferida, nos termos do Código Civil Brasileiro, a pessoa DE ATÉ 18 ANOS INCOMPLETOS.

O objetivo precípuo da tutela (e seu maior diferencial em relação à guarda), é o de conferir um representante legal à criança ou adolescente que não o possui, valendo lembrar que a simples guarda, embora atribua ao guardião a condição de responsável legal pela criança ou adolescente, não lhe confere o direito de representá-la na prática dos atos da vida civil.

Quando o tutelado atinge a idade da plena capacidade civil ou é emancipado, a tutela cessa.

Perceba que ao contrário do que ocorre com a guarda, a tutela não pode coexistir com o poder familiar, tendo assim por pressuposto a prévia suspensão, destituição ou extinção deste.

É imprescindível, portanto, que a criança ou adolescente resida com o tutor nomeado, que deverá prestar-lhe toda assistência MATERIAL, MORAL e EDUCACIONAL e representá-lo ou assisti-lo na prática dos atos da vida civil.

Veja como o CESPE cobrou:

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07. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A tutela é uma medida precária, deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até dezoito anos de idade completos.

08. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O deferimento da tutela do menor a pessoa maior de dezoito anos incompletos pressupõe prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e não implica dever de guarda, o que só se efetiva após os dezoito anos completos.

Questão 07: Temos dois erros nessa questão: o primeiro está em afirmar que a tutela é uma medida precária. Ora, se ela só pode ser destituída judicialmente, é claro que não pode ser revogada a qualquer tempo e, por isso, não se constitui em medida precária. O segundo erro está em dizer que a tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até dezoito anos de idade completos quando na verdade é de até dezoito anos incompletos.

Gabarito: ERRADO

Questão 08: Veja bem: de fato, o deferimento da tutela pressupõe sim prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar, mas implica necessariamente o dever de guarda. E outra: Não há o que se falar em dever de guarda depois que o menor atinge os 18 anos completos, pois a tutela cessa quando o tutelado atinge a idade da plena capacidade civil ou quando é emancipado.

Gabarito: ERRADO

A Adoção

O processo de adoção de criança e de adolescente, em nosso país, é todo regido pelo ECA. E é exatamente ele que nos traz o conceito de adoção.

A adoção atribui a condição de filho ao adotado com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com os pais e os parentes originais, salvo os impedimentos matrimoniais.

Uma vez consumada a adoção, a relação de parentesco original é extinta e, de forma concomitante, uma nova relação de parentesco é estabelecida, passando o adotado, a partir daí, a ter os mesmos direitos e obrigações que os filhos biológicos em relação a seus pais e parentes adotivos.

Saiba que, conforme o Estatuto, a adoção é medida excepcional à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da

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criança ou adolescente na família natural ou extensa e será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos.

A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legaldo adotando. No entanto, o consentimento será dispensado em relação à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituídos do poder familiar.

IMPORTANTE

A adoção é medida irrevogável e o adotando deve contar com, NO MÁXIMO, 18 ANOS À DATA DO PEDIDO, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes.

Para a sua adoção, em se tratando de adotando MAIOR DE 12 ANOS de idade, será também NECESSÁRIO o seu consentimento.

E aí você me pergunta: ok, professor, mas quem pode adotar uma criança ou um adolescente? Existem pré-requisitos para a adoção? Se sim, quase são??

Ufa, calma!! Vamos às respostas:

O ECA regulamenta que podem adotar os maiores de 18 anos, independentemente do estado civil, desde que esses adotantes não sejamascendentes ou irmãos do adotando. Nesses casos a adoção é PROIBIDA!!

Qualquer pessoa maior de 18 (dezoito) anos, mesmo que seja solteira, pode adotar, devendo, no entanto, se submeter ao procedimento de habilitação previsto no próprio Estatuto e demonstrar, em qualquer caso, que possui maturidade e preparo para adoção. Vale também mencionar que, apesar de prever uma idade mínima para adoção, não há, no Direito Brasileiro, a previsão de uma idade máxima, tal qual ocorre em outros países.

Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família.

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IMPORTANTE

O adotante há de ser, PELO MENOS, 16 ANOS MAIS VELHO do que o adotando.

É VEDADA a adoção POR PROCURAÇÃO.

A morte dos adotantes NÃO RESTABELECE o poder familiar dos pais naturais.

A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do caso. O estágio de convivência será acompanhado pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência familiar.

O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo.

IMPORTANTE

Em caso de adoção por pessoa ou casal RESIDENTE ouDOMICILIADO FORA DO PAÍS, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias.

Preenchidos todos os requisitos, como então será efetivamente constituída a adoção?

O vínculo da adoção constitui-se por SENTENÇA JUDICIAL, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão. Tal inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes, ou seja, dos seus “novos” avós. O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o registro original do adotado.

E mais: nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas certidões do registro!!

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E se o adotante falecer no curso do procedimento antes de prolatada a sentença judicial que concederá a adoção? O processo é extinto e a criança ou o adolescente deixará de ser adotado?

De jeito nenhum!! Ainda assim a adoção poderá ser deferida ao adotante!!

Para finalizarmos os principais aspectos sobre a adoção, é preciso salientar também que o adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes. Entretanto, ele só goza desse direito após completar 18 (dezoito) anos!!

Há casos em que o acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica.

Mais questões CESPE para analisarmos:

09. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A adoção, medida excepcional e irrevogável, concedida apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa, pode ser realizada mediante procuração.

10. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA MILITAR/ES – 2009] O direito de saber a verdade sobre sua paternidade é decorrência jurídica do direito à filiação, que visa assegurar à criança e ao adolescente a dignidade e o direito à convivência familiar.

11. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, não podendo tal estágio ser dispensado.

Questão 09: A questão até que acerta quando afirma que a adoção é medida excepcional e irrevogável, concedida apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. Entretanto, erra ao firmar que a adoção pode ser realizada mediante procuração. O ECA, já vimos, estabelece que é vedada (não esqueça!!) a adoção por procuração.

Gabarito: ERRADO

Questão 10: Vimos que o adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada. O normal é que ele goze desse direito só após completar 18 (dezoito) anos, porém vimos também que há casos em que o acesso ao

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processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos. Isso tudo, obviamente, decorre sim do direito à filiação!!

Gabarito: CERTO

Questão 11: A adoção de fato será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, mas você estudou comigo que tal estágio poderá sim ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo.

Gabarito: ERRADO

2.4. O CONSELHO TUTELAR

O CONSELHO TUTELAR, importantíssimo para o nosso estudo, é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

IMPORTANTE

Em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar composto de 05 MEMBROS, escolhidos pela comunidade local para mandato de 03 ANOS, permitida uma recondução.

O Conselho Tutelar possui um caráter institucional, ou seja, uma vez criado e instalado, passa a ser, em caráter definitivo, uma das instituições integrantes do chamado Sistema de Garantias dos Direitos da Criança e do Adolescente, não mais devendo haver solução de continuidade em sua atuação, mas apenas a renovação periódica de seus membros.

A autonomia é sinônimo de independência funcional, que por sua vez, se constitui numa prerrogativa do órgão, enquanto colegiado, imprescindível ao exercício de suas atribuições. Embora, como resultado de sua autonomia, o Conselho Tutelar não necessite submeter suas decisões ao crivo de outros órgãos e instâncias administrativas, lhe tendo sido inclusive conferidos instrumentos para execução direta das mesmas, estão aquelas sujeitas ao controle de sua legalidade e adequação pelo Poder Judiciário, mediante provocação por parte de quem demonstre legítimo interesse ou do Ministério Público.

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O Conselho Tutelar é órgão municipal que possui completa autonomia em relação ao Poder Judiciário, e embora, dentre outras atribuições, tome decisões e aplique medidas de proteção a crianças, adolescentes, pais e responsáveis (que estudaremos mais adiante), estas possuem um caráter meramente administrativo.

Uma das ideias básicas que inspirou a criação do Conselho Tutelar foi a “desjudicialização” do atendimento à criança e ao adolescente, na perspectiva de assegurar maior capilaridade (quis o legislador que o Conselho Tutelar estivesse presente - fisicamente - em todos os municípios, o que não ocorre com o Poder Judiciário, cujas comarcas, não raro, abrangem diversos municípios), assim como maior agilidade e menos burocracia na aplicação de medidas e encaminhamento para os programas e serviços públicos correspondentes.

Para tornar-se um membro do Conselho Tutelar, o ECA exige os seguintes requisitos:

Reconhecida idoneidade moral;

Idade superior a 21 anos;

Residir no município.

Sobre os impedimentos à participação no Conselho Tutelar, o art. 140 do ECA estabelece que são impedidos de servir no mesmo Conselho:

marido e mulher;

ascendentes e descendentes;

sogro e genro ou nora;

irmãos;

cunhados, durante o cunhadio;

tio e sobrinho;

padrasto ou madrasta e enteado.

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Importante salientar também que o membro do Conselho Tutelar não integra o Poder Judiciário nem se confunde com a figura do antigo “comissário de menores”.

2.4.1. Atribuições e competências do CONSELHO TUTELAR

O Estatuto, em seu art. 136, elenca uma série de atribuições do Conselho Tutelar. Sugiro que você, caro aluno, dê uma lida em todas as atribuições procurando entendê-las. No entanto, listarei as competências que considero mais importantes para as finalidades de nosso estudo, ou seja, aquelas relacionadas ao direito penal e a processual penal.

Assim, temos, dentre outras, as seguintes atribuições do Conselho Tutelar:

Atender as crianças e adolescentes sempre que os seus direitos reconhecidos no ECA forem ameaçados ou violados por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; em razão de sua conduta.

Se uma das hipóteses acima acontecer, o Conselho Tutelar será autoridade competente para aplicar qualquer uma das seguintes medidas de proteção:

Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

Orientação, apoio e acompanhamento temporários;

Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;

Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;

Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

Acolhimento institucional;

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Tais medidas protetivas poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo. Na aplicação das medidas serão levadas em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

IMPORTANTÍSSIMO

O Conselho Tutelar terá a competência para aplicar uma das mesmas medidas acima quando uma CRIANÇA (e não um adolescente) cometer qualquer ATO INFRACIONAL.

Dispõe o ECA que ato infracional é a conduta descrita como crime ou contravenção penal. Para os adolescentes que cometem tais atos, o Estatuto prevê algumas punições enquanto que, para as crianças infratoras, caberá ao Conselho Tutelar, a aplicação das medidas de proteção acima mencionadas.

Trataremos mais adiante sobre os procedimentos a serem tomadas quando do cometimento de atos infracionais por adolescentes.

Continuemos com outras importantes competências dos conselhos tutelares:

Cabe ao Conselho Tutelar atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando a eles uma das seguintes medidas previstas:

Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;

Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;

Encaminhamento a cursos ou programas de orientação;

Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;

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Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado e;

Advertência.

Outras competências a se destacar:

Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;

Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;

Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;

Representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.

O objetivo fundamental da intervenção do Conselho Tutelar não é com a pura e simples (e burocrática) aplicação de medidas (e/ou com o mero “encaminhamento” para os programas de atendimento e serviços existentes), mas com a efetiva solução dos problemas que afligem a população infanto-juvenil, proporcionando-lhes, de maneira concreta, a proteção integral que lhes é prometida pelo ECA.

Assim sendo, a intervenção do Conselho Tutelar deve ter um caráter RESOLUTIVO, de modo que as causas que se enquadram na sua esfera de atribuições sejam por ele próprio solucionadas, não podendo o órgão servir de mero “degrau” para que o caso chegue ao Poder Judiciário.

Para isso, o Estatuto prevê que as decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse. E quem é essa autoridade judiciária?

Antes de responder, exercitemos!!

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12. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O conselho tutelar constitui órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

13. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Em cada estado, deve haver, no mínimo, um conselho tutelar, composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de cinco anos, permitida uma reeleição.

Questão 12: Tranquila, não é mesmo? O Conselho Tutelar é órgão municipal permanente que possui completa autonomia em relação ao Poder Judiciário. Embora, dentre outras atribuições, tome decisões e aplique medidas de proteção a crianças, adolescentes, pais e responsáveis, estas possuem um caráter meramente administrativo não sendo, portanto, um órgão jurisdicional.

Gabarito: CERTO

Questão 13: Uma questão que traz duas pegadinhas bem bobas. Se você de uma lida rápida, será induzido ao erro!! Primeiro: não é no estado e sim no município que deve haver no mínimo um Conselho Tutelar. Segundo: o mandato dos membros do Conselho Tutelar é de 03 anos e não de 05 como afirma a questão.

Gabarito: ERRADO

2.5. A JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

A autoridade judiciária a que se refere o Estatuto da Criança e do Adolescente é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei de organização judiciária local.

Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o seu atendimento, inclusive em plantões. E é nessa vara especializada que esse Juiz exerce suas funções.

Diante da extrema complexidade e relevância das causas que envolvem interesses infanto-juvenis, a criação de varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude, sobretudo nos grandes centros, é de suma importância para que se possa garantir um atendimento adequado e prioritário

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a crianças e adolescentes, com reais condições de lhes proporcionar a proteção integral há tanto prometida.

2.5.1. Competências da JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

Caro aluno, são várias as competências da Justiça da Infância e da Juventude elencadas pelo ECA. É importante que você, como futuro agente de segurança pública, conheça todas elas. Você vai encontrá-las no art. 148 do referido Estatuto.

No entanto, assim como fiz com as atribuições dos Conselhos Tutelares, elencarei, a seguir, aquelas que entendo serem as principais e mais diretamente ligadas ao nosso propósito maior.

Assim, temo que a Justiça da Infância e da Juventude é competente para:

conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ATO INFRACIONAL atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;

conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;

conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;

conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;

aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contranorma de proteção à criança ou adolescente;

conhecer de casos encaminhados pelo conselho tutelar, aplicando as medidas cabíveis.

Sempre que os direitos da criança e do adolescente, reconhecidos no ECA, forem AMEAÇADOS ou VIOLADOS por ação ou omissão da sociedade ou do Estado ou por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável em razão de sua conduta a Justiça da Infância e da Juventude será também competente para o fim de:

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conhecer de pedidos de guarda e tutela;

conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda;

conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;

determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito.

suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;

conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do poder familiar;

conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais;

designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou representação, ou de outros procedimento judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente;

conhecer de ações de alimentos.

Em termos processuais, sobre a competência do juízo menorista(expressão sinônima de Juizado da Infância e da Juventude), o ECA estabelece em seu art. 147 que esta será determinada:

1º - pelo domicílio dos pais ou responsável.

2º- Se estes faltarem, a competência se dará pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente.

A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente.

Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção.

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Bom, conforme for necessário, faremos ainda outras remissões tado às competências do Conselho Tutelar como às do Juiz e às da Justiça da Infância e da Juventude.

Vamos às questões!!

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Com relação à competência da justiça da infância e da juventude, julgue os itens a seguir.

14. A competência da justiça é determinada pelo lugar onde se encontre a criança ou o adolescente, independentemente de serem conhecidos o domicílio e a identidade dos pais ou responsável.

15. No caso de ato infracional, são competentes para o processo e o julgamento da ação tanto a autoridade do lugar em que o ato foi praticado quanto a do lugar onde se produziu ou deveria ter-se produzido o resultado.

16. Nas hipóteses de aplicação das medidas de proteção a criança ou adolescente, a justiça da infância e da juventude é competente para conhecer de ações de alimentos.

Questão 14: A questão erra ao inverter as ordens das coisas. O certo seria dizer que a competência será determinada pelo domicílio dos pais ou responsável e, somente se estes faltarem, é que será pelo lugar onde se encontre a criança ou o adolescente.

Gabarito: ERRADO

Questão 15: Retificando a informação: nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e prevenção.

Gabarito: ERRADO

Questão 16: Perfeito!! Estudamos aqui que essa é de fato uma das competências da Justiça da Infância e da Juventude.

Gabarito: CERTO

Finalizamos nosso tópico sobre os conceitos e fundamentos iniciais dos principais “atores” do ECA. Durante esse estudo, citei por varas vezes que o Estatuto reconhecia expressamente alguns direitos fundamentais da criança e do adolescente. É preciso, pois, que entendamos as principais diretrizes dadas pelo ECA sobre tais direitos para só assim chegarmos com qualidade ao nosso alvo: o estudo dos atos infracionais e dos crimes previstos neste Estatuto.

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Estudaremos agora os direitos fundamentais da criança e do adolescente previstos no ECA.

III – OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Aqueles que por ação ou omissão desrespeitarem os direitos fundamentais da criança e do adolescente expressos no Estatuto, fatalmente incorrerão em prática de infração administrativa ou, a depender da gravidade, até mesmo de crime tipificado no Estatuto. Assim, reitero que é de fundamental importância que você, aluno, antes de estudar as infrações e os crimes, conheça as linhas mestras desses direitos fundamentais. Vamos a elas!

3.1. DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

Versa o Estatuto que a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

A Gestante

À gestante é assegurado, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal (pouco depois do nascimento). A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal (não é uma obrigação, mas uma recomendação!!)incubindo também ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à nutriz (aquela que amamenta) que dele necessitem.

O poder público deve proporcionar ainda assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado pós-parto. Esse tipo de assistência deve ser prestado inclusive a gestantes ou a mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção.

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As gestantes ou as mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude.

Ainda quanto às gestantes, o ECA regulamenta deveres especiais a serem exigidos dos hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, sejam eles públicos ou particulares. Revisaremos tais deveres quando estudarmos um dos crimes previstos no Estatuto. Aguarde!!

Cabe destacar também que o poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas para o aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães submetidas à medida privativa de liberdade.

A Criança e o Adolescente

É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. A criança e o adolescente portadores de deficiênciadevem receber atendimento especializado.

O poder público tem o dever de fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação e os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.

Aos trabalhos!!

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Acerca dos direitos fundamentais inerentes à criança e ao adolescente, julgue os itens a seguir.

17. Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe no pré e no pós-natal, desde que a mãe não manifeste interesse em entregar seus filhos para adoção.

18. Não há previsão legal de atendimento preferencial da parturiente, no SUS, pelo médico que a tenha acompanhado no período pré-natal.

Questão 17: Para não esquecer: o poder público deve proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como

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forma de prevenir ou minorar as consequências do estado pós-parto. Esse tipo de assistência deve ser prestado inclusive a gestantes ou a mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção. Perceba que a questão equivoca-se ao afirmar que essa assistência será dada apenasquando a mãe não manifeste interesse em entregar seus filhos para adoção.

Gabarito: ERRADO

Questão 18: Simples, não é verdade?? Nem dá para acreditar que foi questão CESPE e para cargo de Juiz!! É claro que o ECA prevê sim atendimento preferencial da parturiente, no SUS, pelo médico que a tenha acompanhado no período pré-natal.

Gabarito: ERRADO

3.2. DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE

A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;

opinião e expressão;

crença e culto religioso;

brincar, praticar esportes e divertir-se;

participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;

participar da vida política, na forma da lei;

buscar refúgio, auxílio e orientação.

O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação:

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da imagem;

da identidade;

da autonomia;

dos valores, ideias e crenças;

dos espaços e objetos pessoais.

O direito à dignidade da criança e do adolescente é dever de TODOS, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

Muitos dos crimes contra crianças adolescentes, previstos no Eca e que estudaremos mais adiante, têm intrínseca relação com o desrespeito a esses três direitos aqui relatados, principalmente, o desrespeito à DIGNIDADE da criança e do adolescente.

3.3. DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

Já tratamos muito desse direito quando estudamos os conceitos de família natural, família ampliada ou extensa e família substituta. Entretanto, vamos aqui dar uma reforçada em outros aspectos trazidos pelo ECA.

Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 06 meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta, seja por guarda, tutela ou adoção.

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IMPORTANTE

A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvocomprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em programas de orientação e auxílio.

Ainda sobre esse direito, o ECA estabelece que aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.

E ainda mais: os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.

3.4. DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER

O direito à educação tem o objetivo precípuo de promover o pleno desenvolvimento da criança e do adolescente, o seu preparo para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho.

O estatuto nos ensina que esse direto deve assegurar à criança e ao adolescente:

Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

Direito de ser respeitado por seus educadores;

Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

Direito de organização e participação em entidades estudantis e;

Acesso à escola PÚBLICA e GRATUITA próxima de sua residência.

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O Estado em todas as suas instâncias é o agente que tem papel fundamental para a promoção desse direito. O Estatuto, em seu art. 54, traz os deveres do Estado relacionados à promoção da educação para as crianças e adolescente. Fiz um resumo desses deveres trazendo aqueles que considero os principais:

CRIANÇA de 0 a 06 anos atendimento em creche e pré-escola;

ENSINO FUNDAMENTAL deve ser obrigatório e gratuito (inclusive para os que a ele não tiveram acesso à idade própria);

ENSINO MÉDIO progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade;

ENSINO NOTURNO REGULAR oferta adequada às condições do adolescente trabalhador;

PORTADORES DE DEFICIÊNCIA atendimento especializado preferencialmente na rede regular de ensino.

Já sei que você vai me perguntar: professor, você acabou de me dizer que o ECA estabelece que é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade. Mas isso não vai de encontro ao que diz a nossa Lei Maior, a Constituição Federal? Em seu art. 208, inciso IV, ela estabelece que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade. Como faço agora para a minha prova?

Bom, quando se estuda a hierarquia normativa brasileira, é indubitável que a Constituição Federal sempre prevalecerá frente às demais normas infraconstitucionais. No entanto, perceba que o inciso IV do art. 54 não foi revogado na letra da lei nem muito menos está escrito nele qualquer observação do tipo "vide Constituição Federal".

Para efeitos de prova (nosso foco central), é um risco enorme para as bancas inserirem questões dando como gabarito correta o limite de idade de 0 a 06 anos indicado pelo ECA. No entanto, perceba que, por não estar revogado, mesmo com o respeito à hierarquia de normas, nada impede a organizadora considerar a afirmativa como certa se no enunciado ela especificar que quer a "resposta correta segundo o disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente, ou na Lei nº 8.069/90". Se assim o fizer, ela poderá considerar o disposto nesse inciso e só nos restará tentar os velhos recursos.

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Como já vi cada coisa vindo dessas bancas, o mais correto, portanto, é ficar em alerta e prestar atenção no enunciado da questão. Se essa afirmação for a única correta (ou menos errada) marque-a sem medo de ser feliz!! Se na questão tiver as duas opções (e o enunciado não for claro) marque a disposição constitucional.

Versa também o Estatuto que o Estado deve garantir o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um e que deverão ser respeitados, no processo educacional, os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.

Outra garantia é o atendimento no ensino fundamental por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.

E quanto aos pais? Quais os seus direitos e deveres no que tange À educação?

Os pais ou o responsável têm como DEVER a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino e como DIREITO o de ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.

No âmbito do ensino fundamental, os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental também têm algumas obrigações. Eles devem comunicar ao Conselho Tutelar: os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos; a reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; e os elevados níveis de repetência.

Por fim, vamos consolidar o aprendizado:

19. [CONSULPLAN – EDUCADOR SOCIAL- PREF. PAULO AFONSO/BA – 2008] Conforme determina o Estatuto, os dirigentes de escolas públicas e privadas de Ensino Fundamental deverão comunicar ao Conselho Tutelar, dentre outros, os casos de maus tratos envolvendo seus alunos, de reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar.

Questão 19: Como você acabou de ver, os dirigentes de estabelecimentos, no âmbito do ensino fundamental, devem comunicar ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos, a reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar - esgotados os recursos escolares -, e os elevados níveis de repetência. Tudo certinho!!

Gabarito: CERTO

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3.5. DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO DO TRABALHO

O Estatuto estabelece que o adolescente tem direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados o respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento e a capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.

Vamos ver em que termos o ECA trata sobre a profissionalização do adolescente falando um pouco sobre a condição de aprendiz e sobre com se dá a sua formação técnico-profissional.

3.5.1. O trabalho e a criança e o adolescente

Gostaria, caro aluno, que você observasse a seguinte regulamentação dada pelo ECA:

ECA – Lei 8.069/90

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal)

Ao ler esse artigo, você é levado a constatar que o trabalho de menores de 14 anos é proibido. Até aí, tudo bem!! Entretanto, continuando a leitura você percebe que há uma ressalva: salvo na condição de aprendiz. Isso nos leva a crer que quem for menor de 14 anos, ou seja, até mesmo uma criança, poderá trabalhar desde que na condição de aprendiz.

Essa interpretação há muito está EQUIVOCADA!! Em vermelho está a remissão que o próprio art. 60 faz à Constituição Federal. O link nos remete diretamente ao art. 7º, inciso XXXIII da nossa Carta Magna, in verbis:

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CF/88

Art. 7º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

(...)

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, A PARTIR de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Ora, de acordo com essa redação, não é permitido o trabalho nem na condição de aprendiz aos menores de 14 anos!! Poderemos traduzir a redação do dispositivo constitucional supracitado da seguinte forma:

ATÉ 14 anos trabalho proibido sob qualquer hipótese.

MAIOR de 14 até os 16 anos trabalho permitido somente na condição de aprendiz.

Trabalho noturno, perigoso ou insalubre proibido.

MAIOR de 16 até 18 anos permitido qualquer trabalho com exceção do trabalho noturno, perigoso ou insalubre

MAIOR de 18 anos permitido qualquer trabalho inclusive o noturno, o perigoso ou o insalubre.

Perceba que essa redação vai completamente de encontro ao que versa o ECA. Aí você me pergunta: mais por que professor? Em qual delas devo me basear diante de uma questão da minha prova?

Nesse caso posso garantir-lhe com toda tranquilidade: você se baseará na disposição constitucional!!

Dê uma lida novamente no inciso VIII acima mencionado e veja que ele teve nova redação a partir da Emenda Constitucional de nº 20 de 1998, emenda essa aprovada 08 anos após a publicação do ECA. Como não foi outra lei ordinária que deu nova redação ao dispositivo (e nem poderia ser), não

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houve mudança na redação no art. 60 do ECA. Isso não quer dizer que devamos obedecer aquilo que lá está escrito. Tanto é que, ao acessar a redação do art. 60, há um link direto para o art. 7º, inciso VIII da CF, obrigando o leitor a respeitar o que ali está estabelecido.

Vou repetir: o trabalho só é permitido para pessoas a partir de 14 anose na condição de aprendiz!!

Corroborando com a CF/88, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que para o adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou não-governamental, é vedado o trabalho:

noturno, realizado entre as 22hs de um dia e as 05hs do dia seguinte;

perigoso, insalubre ou penoso;

realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;

realizado em horários e locais que não permitam a freqüência à escola.

O ECA assegura ao adolescente aprendiz os direitos trabalhistas e previdenciários além do trabalho protegido ao adolescente portador de deficiência.

3.5.1. A formação técnico-profissional do adolescente

Versa a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT - que a formação técnico-profissional caracteriza-se por atividades teóricas e práticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho.

Pois bem, a formação técnico-profissional, ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor, é considerada pelo Estatuto como aprendizagem e deve obedecer aos seguintes princípios:

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Garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;

Atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;

Horário especial para o exercício das atividades.

Caro aluno, com a explanação desse último direito, finalizamos a nossa parte inicial do Estatuto da Criança e do Adolescente. Agora, você tem base suficiente para estudar o conteúdo dos próximos IMPORTANTÍSSIMOS TÓPICOS dessa aula. Antes disso, um questãozinha para consolidar o seu aprendizado:

20. [FGV – TÉCNICO JUDIC. SEGURANÇA – TRE/PA – 2010] Com relação à proteção reservada ao menor em nosso ordenamento jurídico, está de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente o desenvolvimento de capacitação profissional, assegurado ao menor de 12 anos o trabalho como ajudante.

Questão 67: Fico até sem graça de comentar mais uma questão tão bobinha como essa. Bobinha para você, meu estimado aluno do Ponto!! A questão afirma erroneamente que, aos menores de 14 anos, é assegurado algum tipo de trabalho. Insinua que o trabalho de ajudante é permitido ao menor de 12 anos. De jeito nenhum!! Você já sabe que não!!

Gabarito: ERRADO

Estudaremos a partir de agora os temas do Estatuto que os grandes alvos de questões em concursos na área policial e jurídica: os atos infracionais cometidos por crianças e adolescentes. Vamos agora ao verdadeiro foco das questões CESPE sobre o assuntoo. Prepare-se para fortes emoções!!

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IV – OS ATOS INFRACIONAIS

4.1. CONCEITO DE ATO INFRACIONAL

O ECA define ato infracional como a conduta descrita como crime ou contravenção penal.

Começo o tópico com uma pergunta:

Por que o Estatuto fala em ato infracional e em crime ou contravenção penal propriamente ditos? Qual a diferença entre eles?

Resposta na ponta da língua: toda conduta que a Lei Penal tipifica como crime ou contravenção, se praticada por criança ou adolescente é tecnicamente denominada ato infracional.

Pois bem, a Constituição Federal, em seu art. 228, estabelece que são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos. Ser inimputável significa, em linhas geriais, não ter a capacidade de ser responsabilizado penalmente pelos seus próprios atos. Ora, se uma criança ou um adolescente não pode ser responsabilizado penalmente por seus atos então, em tese, não se pode responsabilizá-los por crimes ou contravenções penais tipificados em Lei. Concorda?

Agora te faço então outra pergunta: e se uma criança ou um adolescente fere ou mata alguém? Fica impune pelo fato de não poder responder penalmente por esse ato? Claro que não!!

Foi por essa razão que o ECA utilizou a terminologia de ato infracional. O intuito foi o de produzir uma designação diferenciada procurando enaltecer o caráter extra penal da matéria e o atendimento a ser prestado em especial ao adolescente em conflito com a lei. Isso quer nos dizer então que, ao cometer um crime ou uma contravenção penal, a criança ou o adolescente não ficará de todo impune. Haverá sim algum tipo de responsabilização diferenciada.

Nessa mesma linha de raciocínio, você há de convir comigo que, mesmo sendo responsabilizados de forma especial, não é coerente que o tratamento dado a um adolescente seja o mesmo dado a uma criança quando ambos tenham cometido, por exemplo, o mesmo ato infracional. Não poderiam mesmo ser!! As eventuais medidas a serem tomadas devem respeitar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

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O ECA estabelece, portanto, que a criança ou o adolescente que cometer ato infracional estará sujeito às medidas nele previstas e que, para o estabelecimento dessas medidas, será considerada a idade do adolescente à data do fato. A regra é a seguinte:

IMPORTANTE

Se o agente cometer ato infracional enquanto tiver idade inferior a 12 (doze) anos, será tratado como CRIANÇA mesmo após completar esta idade.

Se praticar o ato estando com a idade entre 12 (doze) e 17 (dezessete) anos, será tratado como ADOLESCENTE mesmo após completar 18 (dezoito) anos.

Vamos ver como essas disposições foram cobradas?

21. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2006] Nos termos do que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se ato infracional a conduta praticada por criança ou adolescente que esteja descrita como crime na legislação penal, não abrangendo a legislação em referência as contravenções penais.

22. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Ato infracional é a ação tipificada como contrária a lei que tenha sido efetuada pela criança ou adolescente. São inimputáveis todos os maiores de 18 anos e não poderão ser condenados a penas.

Questão 21: A assertiva erra ao afirmar que uma contravenção penal praticada por criança ou adolescente não é um ato infracional. É sim!! Repetindo: toda conduta que a Lei Penal tipifica como crime ou contravenção, se praticada por criança ou adolescente é tecnicamente denominada ato infracional.

Gabarito: ERRADO

Questão 22: Dois erros nessa questão: o primeiro é o de conceituar ato infracional de forma errada; o segundo é o de afirmar que os maiores de 18 são inimputáveis e não poderão ser condenados a penas. Ato infracional é o crime ou a contravenção penal quando cometido por criança ou adolescente. E inimputáveis são os menores de 18 anos!!

Gabarito: ERRADO

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No próximo tópico, trataremos das medidas passíveis de serem aplicadas à crianças que cometem atos infracionais. Em seguida, estudaremos aquelas a serem aplicadas aos adolescentes infratores.

4.2. ATO INFRACIONAL COMETIDO POR CRIANÇAS

Se uma criança comete um crime ou uma contravenção penal, você já sabe que ela não pode responder conforme as disposições do Código Penal e nem as da Lei de Contravenções Penais. Estará sujeita às medidas estabelecidas no ECA.

Pois saiba também que a criança autora de ato infracional não está sujeita à aplicação das medidas sócio-educativas previstas no Estatuto (como é o caso dos adolescentes), mas apenas a das medidas de proteção. Umas são bem diferentes das outras!! As medidas de proteção a serem aplicadas às crianças infratoras são as seguintes:

Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;

Orientação, apoio e acompanhamento temporários;

Matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;

Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;

Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;

Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

Acolhimento institucional;

Inclusão em programa de acolhimento familiar;

Colocação em família substituta.

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IMPORTANTE

O órgão competente para aplicar as medidas de proteção às crianças infratoras é o CONSELHO TUTELAR;

O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidasPROVISÓRIAS E EXCEPCIONAIS, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.

A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

Sobre os atos infracionais cometidos por crianças, são essas as disposições que você precisa levar para sua prova.

Agora, quanto aos adolescentes infratores, os procedimentos são um pouco mais rigorosos. No tópico a seguir, vamos conhecer quais são as suas garantias processuais, as medidas sócio-educativas para eles previstas e o procedimento para a apuração dos fatos.

Antes, vamos praticar:

23. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece medidas de proteção à criança e ao adolescente, dentre as quais estão o acolhimento institucional, a colocação em família substituta e a matrícula e frequência facultativas em estabelecimento de ensino livre.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] No que se refere às medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes, julgue os itens a seguir.

24. As medidas de proteção são aplicadas às crianças; as socioeducativas, aos adolescentes.

25. As medidas de proteção poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, mas não podem ser substituídas a qualquer tempo.

26. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de cinco anos, salvo comprovada necessidade, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

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27. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] A criança acusada de um crime deverá ser conduzida imediatamente à presença de um delegado.

Questão 23: A questão até que ia bem não fosse pela afirmação de que a medida de proteção de matrícula e frequência facultativas deve ser aplicada em estabelecimento de ensino livre, quando vimos que tal estabelecimento deve ser oficial e de ensino fundamental. Você pode ainda achar que há outro erro nessa questão: a afirmação de que as medidas de proteção não são aplicáveis a adolescentes. Muita calma nessa hora!! Não foi isso que eu disse!!

As medidas de proteção foram estabelecidas pelo ECA tanto para a criança como para o adolescente. Elas visam, na verdade, à proteção integral dessas pessoas quando elas forem submetidas a determinadas situações previstas no Estatuto. São elas:

Art. 98 As medidas de proteção à CRIANÇA e ao ADOLESCENTEsão aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III - em razão de sua conduta.

Essas medidas visam, portanto, à proteção geral da criança e do adolescente. Agora, ao se falar em atos infracionais cometidos por essas pessoas, aí teremos que separar o joio do trigo.

Se o infrator for criança, só poderá ser submetido às medidas de proteção;

Se for adolescente, só poderá ser apenado com uma das medidas socioeducativas.

Estudaremos sobre essas medidas sócio-educativas logo mais adiante. Por enquanto guarde essa informação e saiba que não foi ela que causou o erro da questão em análise.

Gabarito: ERRADO

Questão 24: Brincadeira!! Parece que a questão foi copiada da anterior!! O erro aqui é o mesmo. Repetindo para não esquecer:

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescentesão aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

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II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III - em razão de sua conduta.

A criança autora de ato infracional não está sujeita à aplicação das medidas sócio-educativas previstas no Estatuto (como acontece com os adolescentes), mas apenas a medidas de PROTEÇÃO.

As medidas socioeducativas são destinadas apenas a adolescentes acusados da prática de atos infracionais, devendo ser considerada a idade do agente à data do fato.

Gabarito: ERRADO

Questão 25: As medidas de proteção, já vimos, estão elencadas no art. 101 do ECA. Em seu art. 98, o referido Estatuto estabelece que “as medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo”. Estabelece ainda que na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Gabarito: ERRADO

Questão 26: Quanto ao acolhimento familiar, é importante não esquecer que a permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não poderá se prolongar por mais de 02 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

Gabarito: ERRADO

Questão 27: Você já sabe que a criança acusada de ato infracional, não é submetida a medidas sócio-educativas e, sim, a medidas de proteção. E quem é competente, segundo o ECA, para aplicar tais medidas às crianças infratoras? O Conselho Tutelar e não um delegado!!

Gabarito: ERRADO

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4.3. ATO INFRACIONAL COMETIDO POR ADOLESCENTES

No caso de adolescentes que cometem atos infracionais, é preciso que tenhamos em mente os seguintes princípios fundamentais:

Aos procedimentos regulados no ECA aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação processual pertinente.

É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos no Estatuto, assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes.

Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal.

O último dos princípios acima todos conhecemos, pois ele deriva do art. 5º, inciso LIV da nossa Constituição Federal. Veremos que o procedimento para apuração de ato infracional praticado por adolescente, embora revestido das mesmas garantias processuais e demandando as mesmas cautelas que o processo penal instaurado em relação a imputáveis, com este não se confunde.

Isto se dá pelo fato de que ao contrário do processo penal instaurado em relação a imputáveis, o procedimento para a apuração de ato infracional não tem como objetivo final a singela aplicação de uma pena, mas sim, em última análise, a proteção integral do jovem, para o que as medidas sócio-educativas se constituem apenas no meio que se dispõe para chegar a este resultado.

Para tanto, o procedimento possui regras e, acima de tudo, princípios que lhe são próprios, cuja inobservância, por parte da autoridade judiciária, somente pode conduzir à nulidade absoluta do feito. Antes de estudarmos as regras para a apuração dos atos infracionais, vejamos quais são as garantias processuais asseguradas aos adolescentes.

4.3.1. AS GARANTIAS PROCESSUAIS DOS ADOLESCENTES

Partindo-se do princípio que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, da inevitável incidência da regra básica de que toda e qualquer disposição estatutária somente pode ser interpretada e aplicada no sentido da proteção integral infanto-juvenil, e da

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previsão expressa da aplicação, em caráter subsidiário, das regras gerais contidas na Lei Processual Penal, não é possível, lógica e legalmente, negar ao adolescente acusado da prática de ato infracional qualquer dos direitos e garantias assegurados tanto pela Lei Processual Penal quanto pela Constituição Federal aos imputáveis acusados da prática de crimes.

E é exatamente por esse motivo que o legislador preocupou-se em reforçar tais garantias e discriminá-las no referido Estatuto. São, portanto, estas as garantias asseguradas aos adolescentes:

Pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;

Igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;

Defesa técnica por advogado;

Assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;

Direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;

Direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.

Conheceremos agora as medidas sócio-educativas que poderão ser aplicadas ao adolescente infrator. Vamos a elas!!

4.3.2. AS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

Você já sabe que as medidas socioeducativas são destinadas aos adolescentes acusados da prática de atos infracionais, devendo ser considerada a idade do agente à data do fato (a criança está sujeita APENAS a medidas de proteção). Embora pertençam ao gênero "sanção estatal" (decorrentes da não conformidade da conduta do adolescente a uma norma penal proibitiva ou impositiva), não podem ser confundidas ou encaradas como penas, pois têm natureza jurídica e finalidade diversas.

Pois bem, enquanto as penas possuem um caráter eminentemente retributivo/punitivo, as medidas socioeducativas têm um caráter

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preponderantemente pedagógico, com preocupação única de educar o adolescente acusado da prática de ato infracional, evitando sua reincidência.

Versa o Estatuto que verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

Advertência;

Obrigação de reparar o dano;

Prestação de serviços à comunidade;

Liberdade assistida;

Inserção em regime de semi-liberdade;

Internação em estabelecimento educacional e;

Todas as medidas de proteção aplicadas às crianças infratoras, com exceção das medidas de acolhimento institucional, de inclusão em programa de acolhimento familiar e de colocação em família substituta(essas três não serão aplicadas aos adolescentes infratores como modalidades de medidas sócio-educativas).

Trataremos logo em seguida dos detalhes mais importantes de cada uma dessas medidas, mas antes disso preciso destacar outros princípios fundamentais referentes ás medidas sócio-educativas:

IMPORTANTE

A imposição das medidas de obrigação de reparar o dano, de prestação de serviços à comunidade, de liberdade assistida, de inserção de regime de semi-liberdade e a de internação pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão.

A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração;

Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mentalreceberão tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

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E quem tem competência para aplicá-las?

É só lembrar-se das competências do Juiz de Infância e da Juventude, estudadas em tópico anterior. Uma de suas competências é exatamente a de conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis.

Uma bateria de questões para treinarmos:

28. [CONSULPLAN – ADVOGADO – AVAPE/SP – 2009] Prescreve o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente, dentre outras, as medidas de colocação em família substituta, de advertência, de prestação de serviços à comunidade e de liberdade assistida.

29. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. SÃO JOSE PINHAIS/PR – 2011] De acordo com o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente, dentre outras, as medidas de obrigação de reparar o dano, a internação em estabelecimento não educacional e a prestação de serviços à comunidade somente se autorizado pelos pais.

30. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Se uma criança e ou adolescente efetivamente praticou ato infracional será aplicada medida específica de punição, conforme estabelece o art. 101 do ECA, tais como reclusão, frequência obrigatória em ensino fundamental, entre outras medidas.

31. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN – 2008] Em se tratando de menor inimputável, inexiste pretensão punitiva estatal propriamente, mas apenas pretensão educativa, que é dever não só do Estado, mas da família, da comunidade e da sociedade em geral, conforme disposto expressamente na legislação de regência e na CF.

32. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN – 2008] O instituto da prescrição não é compatível com a natureza não-penal das medidas socioeducativas.

33. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere que determinado crime foi praticado por um adolescente, em detrimento de bens e serviços da União. Nesse caso, tratando-se de menor de 18 anos de idade, inimputável, caberá conhecer do ato infracional o juiz da infância e da juventude, ou o juiz que exercer essa função, na esfera estadual.

34. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008 – ADAPT.] Compete exclusivamente à autoridade judiciária e ao membro do

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MP a aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente pela prática de ato infracional.

35. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] As medidas socioeducativas só devem ser aplicadas em face da existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão.

36. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A medida de advertência poderá ser aplicada à criança ou ao adolescente sempre que houver prova da autoria e da materialidade da infração.

Questão 28: A questão estaria certinha se não fosse o erro em afirmar que uma das medidas aplicáveis a adolescentes infratores seria a sua colocação em família substituta. Acabamos de ver que essa não é medida aplicável nesses casos!!

Gabarito: ERRADO

Questão 29: O Estatuto não prevê que haja necessária autorização dos pais para a aplicação das medidas sócio-educativas a um adolescente infrator. Esse é o primeiro equívoco!! O segundo é o que afirma que a internação deve ser obrigatoriamente em estabelecimento não educacional. Aí é demais, não é mesmo?? É claro que o estabelecimento tem que ser educacional.

Gabarito: ERRADO

Questão 30: Uma coisa que você não pode esquecer: não existe no ECA nenhuma medida de punição para adolescentes infratores, muito menos para crianças infratoras. O que existe são medidas de proteção (para crianças e adolescentes) e medidas sócio-educativas (para adolescentes) nos casos de práticas de atos infracionais. E mesmo no rol de medidas sócio-educativas não há previsão de reclusão.

Gabarito: ERRADO

Questão 31 Isso mesmo!! O ECA utiliza a terminologia de ato infracional no intuito de produzir uma designação diferenciada procurando enaltecer o caráter extra penal da matéria e o atendimento a ser prestado em especial ao adolescente em conflito com a lei.

Gabarito: CERTO

Questão 32: Em momento algum, a Lei nº 8.069/1990 (o nosso ECA) dispõe sobre a “prescrição”. A prescrição é a perda do direito de punir do Estado pelo decurso do tempo. Apesar de não ser a medida mais adequada e nem se constituir a melhor opção (em razão da natureza jurídica diversa das medidas socioeducativas em relação às penas), a matéria foi objeto da Súmula nº 338, do Superior Tribunal de Justiça. Segunda a referida súmula: “a prescrição

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penal é aplicável nas medidas sócio-educativas”. O item afirma exatamente o oposto.

Gabarito: ERRADO

Questão 33: A autoridade competente para aplicar as medidas sócio-educativas aos adolescentes é o Juiz da Infância e da Juventude. No entanto, em seu art. 146, o Estatuto prevê que outro juiz que exerça essa função, na forma da lei de organização judiciária local, será também considerado competente. Daí você pode me perguntar: professor, mas não seria o Juiz Federal o competente para julgar crimes contra bens e serviços da União?

Já te respondo: de fato são os juízes federais os competentes para julgar os crimes cometidos em detrimento de bens e serviços da União, mas quando um adolescente os pratica não há que se falar em crimes e, sim, em atos infracionais de competência, portanto, das varas estaduais da infância e da juventude. E quem dá esse poder ao Estatuto da Criança e do Adolescente? A própria CF em seu art. 228!! Veja:

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.

Gabarito: CERTO

Questão 34: Compete exclusivamente à autoridade judiciária a aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente pela prática de ato infracional. O Ministério Público não aplica tais medidas e, sim, auxilia e fiscaliza o processo de apuração desses atos e a aplicação das medidas deles decorrentes.

Gabarito: ERRADO

Questão 35: A questão está quase certa. O problema foi generalizar e afirmar que as medidas socioeducativas, aí subentendidas todas, só devem ser aplicadas em face da existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão. Não é bem assim, pois a regra não vale para todas as medidas!!

Vimos que a imposição medidas de obrigação de reparar o dano, de prestação de serviços à comunidade, de liberdade assistida, de inserção de regime de semi-liberdade e a de internação é que pressupõe a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão.

Gabarito: ERRADO

Questão 36: Não se esqueça!! Estamos falando de medidas sócio-educativas a serem aplicadas para os ADOLESCENTES infratores. Logo, como a medida de advertência é uma delas, já vimos que não há o que se falar em sua aplicação à CRIANÇA infratora. E outra: a medida de advertência não está incluída no rol

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daquelas que, para a sua imposição, há a necessidade de haver prova de autoria e materialidade da infração.

Gabarito: ERRADO

Vamos agora conhecer um pouco mais sobre as tais medidas sócio-educativas:

A advertência

Versa o Estatuto que a advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.

Professor, e como se dá essa admoestação verbal?

Admoestar é aconselhar, advertir, repreender com brandura.

Pois bem, a advertência é a única das medidas socioeducativas que deve ser executada diretamente pela autoridade judiciária. O Juiz deve estar presente à audiência admonitória, assim como o representante do Ministério Público e os pais ou responsável pelo adolescente, devendo ser este alertado das consequências da eventual reiteração na prática de atos infracionais e/ou do descumprimento de medidas que tenham sido eventualmente aplicadas cumulativamente.

Os pais ou responsável deverão ser também orientados e, se necessário, encaminhados ao Conselho Tutelar para receber as medidas a eles pertinentes (reveja essas medidas no nosso tópico sobre o Conselho Tutelar).

A obrigação de reparar o dano

Se o ato infracional cometido por um adolescente tiver reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.

É fundamental que a reparação do dano seja cumprida pelo adolescente, e não por seus pais ou responsável, devendo ser assim verificado, previamente, se esse adolescente tem reais capacidades de cumpri-la. A reparação pode se dar diretamente, através da restituição da coisa, ou

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pela via indireta, através da entrega de coisa equivalente ou do seu valor correspondente em dinheiro.

IMPORTANTE

Se houver manifesta impossibilidade do adolescente reparar o dano, a medida poderá ser substituída por outra adequada.

Duas questões tranquilas cobradas elaboradas em provas para juízes:

37. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Tratando-se de medida de obrigação de reparar o dano, o magistrado deve determinar a restituição da coisa ao seu verdadeiro proprietário, ainda que o ato infracional tenha sido praticado por criança.

38. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Verificada a prática de ato infracional por adolescente, a autoridade competente poderá exigir do menor infrator a obrigação de reparar o dano por meio de trabalho necessário prestado a instituição mantida pelo setor público.

Questão 37: As questões vão sempre querer induzi-lo ao erro insinuando que crianças infratores são submetidas às medidas sócio-educativas. Tenho certeza que você, meu estimado aluno do Ponto, não cai mais nessa. Crianças infratoras não são submetidas a nenhuma medida sócio-educativa. Somente os adolescentes!!

Posso até dizer que há entendimentos doutrinários de que seja possível que crianças infratoras reparem os danos causados pela prática de atos infracionais. Normalmente, em se tratando do ECA, o CESPE busca a literalidade da Lei para as suas questões, pois trata-se de uma norma polêmica e de várias discussões doutrinárias. Veja que estamos diante de uma questão para JUIZ e a banca não complicou a coisa.

Gabarito: ERRADO

Questão 38: Se houver manifesta impossibilidade do adolescente reparar o dano, a medida poderá ser substituída por outra adequada, mas isso não quer dizer que o juiz possa exigir que o menor necessariamente trabalhe em instituição mantida pelo setor público.

Gabarito: ERRADO

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A prestação de serviços à comunidade

A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

Cabe ressaltar que as tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumprida aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis. Mas atenção:

IMPORTANTE

Para a prestação de serviços comunitários o adolescente deverá cumprir jornada máxima de 08 horas de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho;

A prestação de serviços comunitários não poderá exceder os 06 meses;

Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado;

O adolescente vinculado a tal medida não pode ser obrigado a realizar atividades degradantes, humilhantes e/ou que o exponham a uma situação constrangedora. A medida não pode se restringir à “exploração da mão de obra” do adolescente, devendo ter um cunho eminentemente pedagógico.

Ao CESPE:

39. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a quarenta e cinco dias, em entidades assistenciais, hospitais, escolas e estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

40. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] A prestação de serviços à comunidade consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não inferior a seis meses.

41. [CESPE – ANALISTA MINISTERIAL – PROCESSO – MPE/PI – 2012] A prestação de serviços comunitários como medida socioeducativa consiste na

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realização de tarefas gratuitas de interesse geral, não podendo exceder, em nenhuma hipótese, a seis meses.

Questão 39: O erro está em afirmar que a prestação de serviços comunitários não pode exceder a 45 dias quando o correto seria 06 meses.

Gabarito: ERRADO

Questão 40: Exato!! A prestação de serviços comunitários não poderá excederos 06 meses. A questão afirma o contrário: que não poderá ser inferior a 06 meses!!

Gabarito: ERRADO

Questão 41: Alguma dúvida? Às vezes nossa banca abusa nas repetições. duas questões aplicadas nesse ano quase idênticas!! Você já está cansado de saber: a prestação de serviços à comunidade não poderá exceder os 06 meses. E em nenhuma hipótese mesmo!!

Gabarito: CERTO

Inserção em regime de semi-liberdade

O Estatuto dispõe que o regime de semi-liberdade pode ser determinado de duas formas: como medida inicial ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.

A semi-liberdade é das medidas de execução mais complexa e difícil dentre todas as previstas pelo ECA. Em 1996, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – CONANDA expediu a Resolução n° 47, de 06/12/1996, na tentativa de regulamentar a matéria. Em que pese tal esforço, vários aspectos sobre a forma como se dará o atendimento do adolescente permanecem obscuros, o que sem dúvida contribui para a existência de poucos programas em execução em todo o País.

É importante que se diga que não há qualquer obrigatoriedade de o adolescente que está internado passe primeiro pela semi-liberdade antes de ganhar o meio aberto e que a medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

E assim a nossa estimada banca cobrou:

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42. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A medida de semiliberdade pode ser aplicada desde o início, quando, pelo estudo técnico, se verificar que é adequada e suficiente do ponto de vista pedagógico. A possibilidade de atividades externas é inerente a essa espécie de medida e depende de autorização judicial.

43. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O regime de semiliberdade pode ser determinado, desde o início, pelo prazo de seis meses, como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.

Questão 42: Há sim a possibilidade de atividades externas, mas essa possibilidade independe de autorização judicial.

Gabarito: ERRADO

Questão 43: Acabamos de estudar que a medida de semiliberdade não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação. Não há expressa determinação legal para que esse tal prazo seja de seis meses informado na questão.

Gabarito: ERRADO

A liberdade assistida

A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. A autoridade designará pessoa capacitada, denominado orientador, para acompanhar o caso. Essa pessoa poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.

A liberdade assistida é a medida que melhor traduz o espírito e o sentido do sistema sócio-educativo estabelecido pelo ECA e, desde que corretamente executada, é sem dúvida a que apresenta melhores condições de surtir os resultados positivos almejados, não apenas em benefício do adolescente, mas também de sua família e, acima de tudo, da sociedade.

Não se trata de uma mera liberdade vigiada, na qual o adolescente estaria em uma espécie de período de prova, mas sim importa em uma intervenção efetiva e positiva na vida do adolescente e, se necessário, em sua dinâmica familiar, por intermédio de uma pessoa capacitada para acompanhar a execução da medida, chamada de “orientador”.

Incumbe ao orientador, como o apoio e a supervisão da autoridade competente, a realização das seguintes tarefas:

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• promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência social;

• supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;

• diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;

• apresentar relatório do caso.

IMPORTANTE

A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de 06 meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

E vamos trabalhar:

44. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A medida de liberdade assistida deve ser fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvidos o orientador, o MP e o DP.

45. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A aplicação da medida de liberdade assistida, uma das mais rigorosas, prevê a manutenção do adolescente em entidades de atendimento.

46. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, presumindo-se que poderá ser fixada pelo tempo que o juiz da infância e da juventude considerar necessário.

Questão 44: É exatamente a literalidade do art. 188, § 2º do ECA: a liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de 06 meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

Gabarito: CERTO

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Questão 45: Nada a ver!! Muito pelo contrário. Vou repetir: a liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. Não é uma medida rigorosa, pois não se trata de uma mera liberdade vigiada, na qual o adolescente estaria em uma espécie de período de prova. E nem é uma privação de liberdade. É na verdade uma intervenção efetiva e positiva na vida do adolescente e, se necessário, em sua dinâmica familiar.

Gabarito: ERRADO

Questão 46: A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvidos o orientador, o Ministério Público e o defensor.

O Estatuto silencia quanto ao tempo a ser fixado para a liberdade assistida, logo, percebe-se que tal medida poderá ser sim fixada pelo tempo que o juiz da infância e da juventude considerar necessário.

Gabarito: CERTO

A internação

A internação constitui medida privativa de liberdade, sujeita aos princípios:

da brevidade;

da excepcionalidade e;

do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

A reclusão de um jovem em um estabelecimento deve ser feita apenas em último caso e pelo menor espaço de tempo necessário. Medida privativa de liberdade por excelência, a internação somente deverá ser aplicada em casos extremos, quando, comprovadamente, não houver possibilidade da aplicação de outra medida menos gravosa devendo sua execução se estender pelo menor de tempo possível.

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IMPORTANTE

A medida de internação só poderá ser aplicada quando tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa; por reiteração no cometimento de outras infrações graves ou por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.

A medida de internação não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximoa cada 06 meses. Mas preste atenção: caso a medida seja aplicada por conta de descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta(e somente neste caso), o prazo de internação não poderá ser superior a 03 meses.

A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. Durante todo o período de internação, mesmo que essa internação seja provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. E ainda mais: a realização de atividades externas será permitida a critério da equipe técnica da entidade a não ser por expressa determinação judicial em contrário.

IMPORTANTÍSSIMO

Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a 03 anos;

Atingido o tempo limite de 03 anos, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida;

A liberação será COMPULSÓRIA (obrigatória) aos 21 anos de idade.

Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público apenas.

Vale salientar que este prazo máximo de 03 anos de duração da medida privativa de liberdade extrema abrange todos os atos infracionais anteriores à sentença que a decretou e ao início de sua execução (ainda que, por uma

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razão ou por outra, não tenham sido por ela expressamente abrangidos), vez que não há previsão legal para o “somatório” de medidas socioeducativas.

Assim sendo, por exemplo, independentemente de quantos tenham sido os atos infracionais anteriores à sentença em cujos procedimentos houve o decreto da medida sócio-educativa extrema da internação, estará o adolescente sujeito ao máximo de 03 (três) anos de privação de liberdade.

Devemos lembrar que a tônica do procedimento para apuração de ato infracional é a celeridade, e se isto não foi respeitado, e o adolescente não recebeu, ao tempo e modo devidos, a intervenção socioeducativa que se fazia necessária na espécie, não pode ser por tal razão prejudicado.

Uma perguntinha: você se lembra que, além das crianças (pessoas de até 12 anos incompletos) e dos adolescentes (entre 12 e 18 anos) estarem protegidos pelo ECA, o Estatuto também prevê casos em que suas disposições seriam excepcionalmente aplicadas às pessoas entre 18 e 21 anos de idade?

Pois bem, a liberdade compulsória, a que se refere o quadro acima, se constitui numa dessas exceções da aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente a jovens entre de 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos de idade. E continua em pleno vigor, apesar da alteração na idade do advento da plena capacidade civil, promovida pelo art. 5º, do Código Civil de 2002. Uma vez atingido o limite etário de 21 anos, não mais será possível a aplicação e/ou execução de qualquer medida sócio-educativa, devendo ser o jovem desinternado compulsoriamente, com o máximo de celeridade.

A medida de internação deverá ser cumprida em entidade exclusivapara adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.

Por fim, é preciso saber que o Estatuto elencou um rol de direitos aos adolescentes internados, ou seja, privados de liberdade. São muitos os direitos, no entanto, para o nosso estudo, vou destacar a seguir apenas aqueles os quais considero mais importantes:

ser tratado com respeito e dignidade;

permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;

receber visitas, ao menos, semanalmente;

corresponder-se com seus familiares e amigos;

habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;

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receber escolarização e profissionalização;

realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;

ter acesso aos meios de comunicação social;

receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade;

em hipótese alguma poderá ficar incomunicável.

Em se tratando do direito à visita semanal, estamos diante de uma regra que não é de todo absoluta, pois o Estatuto prevê que a autoridade judiciária (e somente ela!!) poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

A internação é muito cobrada em provas. Veja:

47. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA MILITAR/ES – 2009] Qualquer medida privativa de liberdade imposta a adolescentes deve ter como pressuposto a brevidade e excepcionalidade da medida.

48. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008] A medida de internação pode ser aplicada em caso de prática de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa ou em caso de ato infracional semelhante a crime hediondo.

49. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A medida de internação não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a cada três anos.

50. [CONSULPLAN – ADVOGADO – AVAPE/SP – 2009] Sobre a internação (medida privativa da liberdade prevista no ECA, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento), é INCORRETO afirmar que tal medida não excederá o período de três anos e que será aplicada exclusivamente quando se tratar de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Considerando o que dispõe o ECA a respeito da medida de internação, julgue os itens a seguir.

51. A desinternação deve ser precedida de autorização judicial, ouvidos o MP e o DP.

52. A medida de internação restringe-se aos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa.

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53. A internação deve ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, no mesmo local destinado ao abrigo, atendida rigorosa separação por critérios de idades, compleição física e gravidade da infração.

54. Durante a internação, medida excepcional, não é permitida a realização de atividades externas, salvo expressa determinação judicial em contrário.

55. A internação não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a sua manutenção, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] No que se refere às medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes, julgue os itens a seguir.

56. A aplicação do regime de semiliberdade deve ser reavaliada a cada seis meses e não comporta prazo máximo.

57. O acolhimento, seja institucional ou familiar, equipara-se à internação, visto que afasta o menor do seio familiar.

Questão 47: Certinha!! A questão está em perfeita conformidade com dois dos princípios por nós estudados: o da brevidade e o da excepcionalidade.

Gabarito: CERTO

Questão 48: O erro está em afirmar que a internação pode ser aplicada em caso de prática de ato infracional semelhante a crime HEDIONDO. De forma alguma!! A medida de internação só poderá ser aplicada em três casos: ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa; por reiteração no cometimento de outras infrações graves ou por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

Gabarito: ERRADO

Questão 49: De fato, a medida de internação não comporta prazo determinado, entretanto, sua manutenção deverá ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 06 meses e não a cada 03 anos. A nossa querida banca teve a “inocente” intenção de confundir o candidato trocando os prazos reativos à medida de internação.

Reavaliação da internação a cada 06 meses

Período Máximo de Internação 03 anos

Gabarito: ERRADO

Questão 50: Preste atenção: a questão erra ao dizer que é INCORRETO afirmar que a medida de internação não poderá exceder a 03 anos. Isto está falso, pois o Estatuto afirma exatamente o contrário: a internação não excederá a três anos (art. 121 § 3º do ECA).

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Quanto ao fato de que a internação é uma medida aplicável exclusivamentemediante grave ameaça ou violência à pessoa, aí sim temos uma afirmação incorreta, pois sabemos que há as outras duas opções possíveis. Se a afirmativa da questão fosse somente essa, a assertiva estaria correta!! O que a tornou errada foi a primeira afirmação.

Gabarito: ERRADO

Questão 51: Errado!! O ECA determina, em seu art. 121, § 6º, que em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público apenas.

Gabarito: ERRADO

Questão 52: Já vimos que não é só nesse caso que poderá ser aplicada a medida de internação. A medida de internação, vou repetir, só deve ser aplicada nos seguintes casos:

por ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa;

por reiteração no cometimento de outras infrações graves ou;

por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

Gabarito: ERRADO

Questão 53: Sobre o local para o cumprimento da medida de internação, o ECA, em seu art. 123, estabelece que tal medida deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo (contrariando o que diz a questão), obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.

Gabarito: ERRADO

Questão 54: Não é bem assim!! Quero relembrar-lhe que a realização de atividades externas é permitida sim ao adolescente internado, a critério da equipe técnica da entidade, salvo por expressa determinação judicial em contrário.

Gabarito: ERRADO

Questão 55: Perfeito!! É exatamente o que já estudamosa sobre a modalidade de internação e é o que rege o art. 121, § 2º, do ECA.

Gabarito: CERTO

Questão 56: A banca maldosamente trocou as bolas!! A regra dessa assertiva não é para a medida de semi-liberdade e, sim, para a medida de internação!!

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É a medida de internação que não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 06 meses.

Gabarito: ERRADO

Questão 57: Outra maldadezinha da banca!! Não confunda acolhimento com internação, pelo amor de Deus!! (rsrsrs). O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas de proteção à criança e ao adolescente previstas no art. 101 do ECA. O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade. O intuito não é o de afastar a criança do seio familiar. Já a internação, como vimos, constitui medida privativa da liberdade. Esta sim tem o condão de afastar o menor seio familiar.

Gabarito: ERRADO

Finalizamos mais um importantíssimo tópico.

Vamos tratar agora do processo de apuração de ato infracional cometido por adolescente. Antes disso, precisamos falar também do instituto da remissão. O que ela significa?

4.3.3. A REMISSÃO

Versa o Estatuto, em seu art. 126, que antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a REMISSÃO, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.

Professor, você poderia explicar melhor o que de fato representa para o adolescente infrator essa tal remissão?

A remissão se constitui em instituto próprio do Direito da Criança e do Adolescente, que pretende sanar os efeitos negativos e prejudiciais acarretados pela deflagração ou demora na conclusão do procedimento judicial destinado à apuração do ato infracional praticado por adolescente. A concessão da remissão deverá ser sempre a regra, podendo já ocorrer logo após a oitiva informal do adolescente pelo representante do Ministério Público, ou a

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qualquer momento, antes de proposta a ação socioeducativa, via representação.

A remissão visa evitar ou abreviar o processo envolvendo o adolescente acusado da prática infracional, permitindo uma rápida solução para o caso. Vale lembrar que o objetivo do procedimento sócio-educativo não é a aplicação de uma sanção estatal, mas sim a efetiva recuperação do adolescente, sempre da forma mais célere e menos traumática possível. Isso pode perfeitamente ocorrer via remissão, notadamente nos casos de menor gravidade, através do ajuste de uma ou mais medidas sócio-educativas e/ou protetivas, conforme as necessidades pedagógicas específicas do adolescente.

Detalhe IMPORTANTE!!

Iniciado o procedimento judicial, a concessão da REMISSÃO será feita pela autoridade judiciária e importará na suspensão ou extinção do processo.

Mas porque esse detalhe é importante? Porque pode ser alvo de pegadinha em provas!! Veja bem:

Antes de oferecida a representação sócio-educativa, a prerrogativa pela concessão da remissão é do Ministério Público, que afinal, é o titular exclusivo da ação sócio-educativa. Neste caso, a remissão concedida excluiráo processo (evitará a representação).

Entretanto, após o oferecimento da representação sócio-educativa, a prerrogativa pela concessão da remissão passa à autoridade judiciária(invariavelmente o Juiz da Infância e Juventude), que pode optar por tal solução a qualquer momento, antes de prolatar a sentença, após ouvir o Ministério Público. Em tal hipótese, a remissão poderá ser concedida como forma de suspensão ou extinção do processo.

Segundo o Estatuto, a remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.

A remissão como forma de SUSPENSÃO do processo será, em regra, cumulada com medida sócio-educativa não privativa de liberdade cuja execução se prolongue no tempo, que deverá ser ajustada entre a autoridade judiciária e o adolescente, ouvido o Ministério Público.

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Já a remissão como forma de EXTINÇÃO do processo será concedida pela autoridade judiciária, também em regra, quando desacompanhada de medidas socioeducativas ou quando cumulada unicamente com a advertência que se exaure num único ato.

Por fim, temos que a medida aplicada por força da remissão poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

Mais questões de nossa estimada banca:

58. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.

59. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008] Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público pode conceder a remissão, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Essa remissão implica extinção do processo e reconhecimento da responsabilidade por parte do adolescente.

60. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Compete exclusivamente à autoridade judiciária conceder remissão ao adolescente pela prática de ato infracional equivalente aos crimes de furto e estelionato.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] Com relação à prática de ato infracional, julgue os itens a seguir.

61. A concessão de remissão não impede que se aplique qualquer medida socioeducativa.

62. Cabe ao MP conceder remissão em qualquer fase do procedimento para apuração de ato infracional.

63. [CESPE – ANALISTA MINISTERIAL – PROCESSO – MPE/PI – 2012] A remissão concedida pelo representante do MP como forma de exclusão do processo poderá ser determinada em qualquer fase do procedimento judicial, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.

Questão 58: Essa questão é bem simples. Sua redação está de acordo com o que acabamos de estudar e nos diz de forma correta o que deve acontecer em caso de concessão da remissão, depois de oferecida a denúncia em qualquer

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fase do processo, antes da sentença: A EXTINÇÃO ou SUSPENSÃO do processo.

Gabarito: CERTO

Questão 59: Outra do CESPE, aplicada no mesmo ano da questão anterior, e que pede o mesmo conhecimento!! O art. 126 do ECA rege que antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a REMISSÃO, como forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Agora, a remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes.

Gabarito: ERRADO

Questão 60: A concessão da remissão não é de competência exclusiva da autoridade judiciária, pois o Ministério Público também é competente para tanto. É preciso, no entanto, que você se lembre que a competência para a concessão da remissão dependerá do momento do processo. Antes de oferecida a representação sócio-educativa, a prerrogativa pela concessão da remissão é do Ministério Público. Após o oferecimento da representação sócio-educativa, a prerrogativa pela concessão da remissão passa à autoridade judiciária (invariavelmente o Juiz da Infância e Juventude).

Gabarito: ERRADO

Questão 61: O Estatuto ainda dispõe que a remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-liberdade e a internação. A parte em negrito traduz o erro da questão, pois não é qualquer medida socioeducativa que pode ser aplicada junto à remissão. As exceções são a colocação em regime de semi-liberdade e a internação.

Gabarito: ERRADO

Questão 62: O representante do Ministério Público poderá:

promover o arquivamento dos autos;

conceder a remissão;

representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educativa.

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A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, mas cuidado com um detalhe importantíssimo: DEVE SER APLICADA SOMENTE ANTES DA SENTENÇA.

Gabarito: ERRADO

Questão 63: A remissão como forma de suspensão do processo será, em regra, cumulada com medida sócio-educativa não privativa de liberdade cuja execução se prolongue no tempo, que deverá ser ajustada entre a autoridade judiciária e o adolescente, ouvido o Ministério Público.

Já a remissão como forma de extinção do processo será concedida pela autoridade judiciária, também em regra, quando desacompanhada de medidas socioeducativas ou quando cumulada unicamente com a advertência que se exaure num único ato.

Gabarito: ERRADO

4.3.4. A APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL COMETIDO POR ADOLESCENTE

Os Direitos Fundamentais do Adolescente

Em respeito aos Direitos Individuas elencados no art. 5º de nossa Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente determina que NENHUM ADOLESCENTE será privado de sua liberdade senão:

em flagrante de ato infracional ou;

por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

Ainda em consonância com o referido dispositivo da CF/88, o Estatuto prevê que a apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão imediatamente comunicados à autoridade judiciáriacompetente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. O adolescente também goza, é claro, do direito à identificação dos

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responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

O Código de Processo Penal servirá de base para definição das situações em que restará caracterizado o flagrante de ato infracional praticado por adolescente, que serão exatamente as mesmas em que um imputável seria considerado em flagrante de crime ou contravenção penal. A apreensão de criança ou adolescente sem que esteja caracterizado o flagrante de ato infracional ou sem ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente caracteriza, em tese, crime previsto no Estatuto (estudaremos sobre os crimes mais adiante).

Por fim, saiba ainda, caro aluno, que em respeito ao art. 5º da CF/88, o adolescente civilmente identificado não será submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

Vamos às nossas primeiras questões de hoje!!

64. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] O procedimento de apuração de ato infracional só é aplicável em se tratando de conduta praticada por adolescente (pessoa entre 12 e 18 anos de idade). Se o ato praticado for imputável a criança (pessoa de até 12 anos de idade), o caso deve ser apreciado pelo conselho tutelar na respectiva localidade.

65. [CONSULPLAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PORTO VELHO/RO – 2012] A apreensão de adolescente e o local onde ele se encontra recolhido devem ser comunicados imediatamente à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

66. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/BA – 2005] Os atos infracionais compreendem crimes e contravenções penais, e, para a prova da idade do adolescente, o documento primordial é a certidão de nascimento, muito embora esta gere presunção apenas relativa (juris tantum) da idade, o que significa poder ser afastada, diante de prova idônea em contrário. Por outro lado, no caso de apreensão de adolescente já civilmente identificado, é juridicamente possível, a depender das circunstâncias, a identificação compulsória por parte da autoridade policial.

Questão 64: Com as informações até aqui estudas, já é possível concluir com tranquilidade que há sim, de fato, um procedimento diferenciado para a apuração de atos infracionais cometidos por ADOLESCENTES. E é isso que nos informa corretamente a questão em análise.

Gabarito: CERTO

Questão 65: Com certeza!! Versa o ECA (art. 107) que a apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti

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comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Gabarito: CERTO

Questão 66: A assertiva está correta ao afirmar que a certidão de nascimento gera apenas presunção relativa de comprovação da idade e, acerta também, ao dizer que a identificação compulsória de um adolescente infrator por parte da autoridade policial é juridicamente possível, a depender das circunstâncias. Como regra geral, vimos que o adolescente civilmente identificado não deve ser submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais. Entretanto, o próprio ECA, em seu art. 109, prevê uma exceção: tal medida pode ser tomada para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada.

Gabarito: CERTO

Pois bem, suponhamos que um adolescente cometeu um ato infracional ou é suspeito de tê-lo cometido. Como é então o procedimento propriamente dito para que esse adolescente possa responder pelo seu ato e a ele ser (ou não) atribuída uma das medidas sócio-educativas previstas pelo ECA?

A Apreensão do Adolescente Infrator

A fase que agora estudaremos é bem similar a do inquérito policial para imputáveis. O adolescente, após cometer ou ser suspeito de ter cometido um ato infracional, é encaminhado à autoridade policial, de preferência de uma delegacia especializada, a fim de ser tomado o seu depoimento e eventuais depoimentos de vítima(s) ou testemunha(s). Após essa fase veremos como o Ministério Público entra na história.

IMPORTANTE

O adolescente apreendido em FLAGRANTE de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade POLICIAL competente.

O adolescente apreendido por força de ORDEM JUDICIAL será, desde logo, encaminhado à autoridade JUDICIÁRIA.

Não será admitida a apreensão de adolescente PARA SIMPLES “AVERIGUAÇÃO”

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Em caso de FLAGRANTE de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial, respeitadas as disposições até aqui estudadas, deverá:

lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;

apreender o produto e os instrumentos da infração;

requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da materialidade e autoria da infração.

IMPORTANTE

Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser substituída por Boletim de Ocorrência Circunstanciada.

É isso mesmo!! Admite-se a forma simplificada do procedimento, ante a não ocorrência de flagrante de ato infracional mediante violência ou grave ameaça à pessoa. Nestes casos, não será possível, nem mesmo em tese, a aplicação de medida privativa de liberdade ao adolescente, devendo o caso ser resolvido, em regra, através da concessão de remissão no qual independe da comprovação da autoria e materialidade da infração.

Ademais, o que se procura é agilizar o atendimento prestado na repartição policial, com o mínimo de constrangimento ao adolescente, que após lavrado o boletim, deverá ser desde logo entregue aos pais.

Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.

Impende ressaltar que o ECA admite a internação antes da sentença judicial, mas nesse caso, ela só poderá ser determinada pelo prazo máximo de 45 dias. Apenas o Juiz da Infância e da Juventude é competente para determinar a internação provisória de adolescente acusado da prática de ato infracional.

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IMPORTANTE

Saiba que a ÚNICA FORMA de manter apreendido o adolescente após seu flagrante, é decretando sua internação provisória.

E ainda assim: a decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a NATUREZA IMPERIOSA da medida.

Caso o ato praticado não seja de natureza grave, o decreto da internação provisória será juridicamente impossível e, mesmo diante da prática de atos de natureza grave, a contenção cautelar do adolescente, somente deverá ocorrer quando comprovada nos autos (e devidamente fundamentada), a “necessidade imperiosa” da medida, devendo, em regra, ser o adolescente liberado pela própria autoridade policial, independentemente de ordem judicial, mediante termo.

Caro aluno, vou repetir: a regra geral é que ao adolescente, após apresentado a autoridade policial, seja liberado imediatamente (com a presença dos pais ou responsável, é claro!!).

Professor, e se não houver a necessidade de internação provisória e os pais ou o responsável pelo adolescente não comparecerem à delegacia? Como fica a situação desse adolescente? Ele vai para onde?

Nessa hipótese, o adolescente não poderá ser liberado pela autoridade policial. Nesses casos (da não liberação do adolescente), versa o Estatuto que a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

Agora, no caso de ser possível a liberação desse adolescente, a autoridade policial encaminhará imediatamente ao representante do MINISTÉRIO PÚBLICO cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

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Revisando:

Adolescente liberado deverá apresentar-se no mesmo dia ou no dia útil seguinte ao Ministério Público Autoridade Policial encaminhará imediatamente ao MP cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

Adolescente não liberado Autoridade Policial encaminhará o adolescente desde logo ao Ministério Público juntamente com cópia do auto de infração ou de boletim de ocorrência.

Agora, pode acontecer também de o ato infracional ter acontecido, mas não ter havido flagrante delito. Se, mesmo afastada a hipótese de flagrante, houver indícios de participação de adolescente na prática de ato infracional, prevê o ECA que a autoridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público relatório das investigações e demais documentos.

Veja como esse tópico, bastante explorado pelas bancas, foi cobrado:

67. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Nenhum adolescente pode ser privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional, permitindo-se a sua prisão preventiva ou temporária desde que decretada por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

68. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Se for adolescente e em caso de flagrância de ato infracional, o jovem de 12 a 18 anos será levado até a autoridade policial mais próxima.

69. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] A responsabilidade penal de um adolescente de 17 anos de idade que comete um crime grave deve ser aferida em exame psicológico e psicotécnico, pois, restando demonstrado em laudo pericial que este tinha plena capacidade de entendimento à época do delito, deverá responder criminalmente, ficando à mercê dos dispositivos do Código Penal brasileiro.

70. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] É totalmente ilegal a apreensão do adolescente para "averiguação". A apreensão somente ocorrerá quando for em flagrância ou por ordem judicial e em ambos os casos esta apreensão será comunicada, de imediato, ao juiz competente, bem como à família do adolescente.

71. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere que uma autoridade policial de determinado município, ao transitar em via pública, observou a presença de menores perambulando pela rua,

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tendo, de pronto, determinado aos seus agentes a apreensão de dois deles para fins de averiguação. Nessa situação, a atitude da autoridade policial está correta por se tratar de adolescentes em situação de risco.

72. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] Antes da sentença, a internação do adolescente infrator poderá ser determinada pelo juiz por prazo indeterminado.

73. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN – 2008] A internação provisória do menor não pode extrapolar o prazo de 60 dias estabelecido pelo ECA.

74. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Em caso de flagrante da prática de ato infracional, o adolescente não é prontamente liberado pela autoridade policial, apesar do comparecimento dos pais, quando, pela gravidade do ato infracional e por sua repercussão social, o adolescente deve permanecer sob internação para manutenção da ordem pública.

[NCE/UFRJ – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/DF – 2005] De acordo com a Lei 8.069/90, julgue os itens a seguir.

75. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

76. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

77. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

78. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de internação imediata, em respeito à condição peculiar da pessoa em desenvolvimento.

79. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, devendo a decisão ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

80. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O prazo máximo da internação provisória do adolescente, para a aplicação de medida socioeducativa, é de até sessenta dias, constituindo a privação da liberdade verdadeira medida cautelar.

Questão 67: A nossa questão insinua equivocadamente que há a possibilidade de decretação de prisão preventiva ou temporária para o adolescente infrator,

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desde que decretada por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Não foi isso que acabamos de estudar!! O máximo que pode acontecer é a decretação de internação provisória e isso só se dará em caráter de exceção!!

Gabarito: ERRADO

Questão 68: Isso mesmo!! Rege o ECA (art. 171, caput e parágrafo único) que o adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente e, de preferência, a uma delegacia especializada. Mas cuidado: isso não quer dizer que a autoridade policial competente seja necessariamente a mais próxima. É aí que está a pegadinha a banca!!.

Gabarito: ERRADO

Questão 69: Você já sabe que qualquer conduta descrita como crime ou contravenção penal, se cometida por um adolescente, é chamada pelo ECA de ato infracional. Sabe também que são penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos e que, por isso, serão sujeitos às medidas previstas no estatuto da criança e do adolescente.

Pois bem, a questão comete dois erros: o primeiro em afirmar que a responsabilidade penal de um adolescente (que comete um crime grave) será aferida por exame psicológico e psicotécnico. De tudo que já foi estudado, você há de concordar comigo que não há previsão no ECA para a realização de tais exames em adolescentes infratores, não é mesmo? Segundo: afirmar que o adolescente ficará à mercê, para responder criminalmente, dos dispositivos do Código Penal Brasileiro caso seja confirmado que ele tinha plena capacidade de entendimento à época do delito. De jeito nenhum!! Ele ficará à mercê do procedimento apuratório estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente o qual estamos a estudar.

Gabarito: ERRADO

Questão 70: Apreensão de adolescentes para simples averiguação é terminantemente proibida pelo Estatuto.

Gabarito: ERRADO

Questão 71: Autoridade policial nenhuma pode apreender criança ou adolescente para fins de averiguação a não ser em flagrante delito de cometimento de ato infracional ou por expressa ordem judicial. O fato de os menores estarem perambulando pelas ruas não se traduz em motivo para apreensão dos menores.

Gabarito: CERTO

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Questão 72: Olha só essa questão!! Pode acreditar, é fácil e elaborada pelo CESPE? Nessa você não cai mais, não é verdade? Antes da sentença, a internação do adolescente infrator poderá ser determinada pelo juiz, mas não por prazo indeterminado. Nesses casos, a duração da internação não poderá exceder 45 dias (art. 108).

Gabarito: ERRADO

Questão 73: A nossa banca gosta de trocar o prazo máximo permitido para a internação provisória. Repetindo: o prazo desse tipo de internação é de no máximo 45 dias!!

Gabarito: ERRADO

Questão 74: A regra é que comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato. A exceção à regra se dá quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública. É exatamente o que afirma a nossa questão!!

Gabarito: CERTO

Questão 75: Corretinha!! Traz exatamente as únicas duas possibilidades de um adolescente ser privado de sua liberdade:

Flagrante de ato infracional ou;

Por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciáriacompetente.

Gabarito: CERTO

Questão 76: A assertiva acima está corretíssima. Expressa tanto a determinação do parágrafo único do art. 106 do ECA como a regra constitucional.

Gabarito: CERTO

Questão 77: A afirmativa acima é de fato uma das determinações procedimentais, previstas no ECA, para atos infracionais praticados por adolescentes.

Gabarito: CERTO

Questão 78: Sabemos que não é bem assim. A única forma de manter apreendido o adolescente após seu flagrante é decretando sua internação provisória. E mesmo assim, rege o ECA que tal medida é realizada em caráter

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excepcional cuja decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a natureza imperiosa da medida.

Gabarito: ERRADO

Questão 79: Foi o que acabamos de discutir!! Muda a banca, mas a cobrança se repete: o conhecimento do prazo máximo para a internação provisória. Você já está cansado de saber: o prazo máximo é de 45 dias.

Gabarito: CERTO

Questão 80: Realmente a medida de internação provisória é uma medida cautelar, mas a aplicação dessa internação, vou repetir de novo, é de até 45 dias e não de até 60 como afirma a questão!!

Gabarito: ERRADO

O Encaminhamento do caso ao Ministério Público

Terminada a fase policial entramos na fase de apreciação do processo pelo representante do Ministério Público. É o Ministério Público o competente - segundo o que estabelece o art. 201, inciso II do ECA - para promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes.

Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível, a de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.

IMPORTANTE

O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de responsabilidade.

Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público notificará os pais ou responsável para apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das POLÍCIAS CIVIL e MILITAR.

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Pois bem, ao receber o adolescente infrator, o representante do Ministério Público, poderá tomar uma das providências:

promover o arquivamento dos autos;

conceder a remissão;

representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educativa.

A decisão pelo ARQUIVAMENTO DOS AUTOS ou pela REMISSÃO

Suponhamos que o representante do Ministério Público decida por promover o arquivamento dos autos ou por conceder a remissão ao adolescente. Se assim o fizer, deverá remeter conclusos os autos, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, à autoridade judiciária que será a responsável pela homologação.

A decisão pela aplicação da MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA

Se por qualquer razão o representante do Ministério Público nãopromover o arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá representação à autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação da medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.

Essa representação será oferecida por petição, que conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.

ATENÇÃO!!

A representação à autoridade judiciária independe de prova pré-constituída da autoria e materialidade.

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Caro aluno, tendo em vista que a tônica do procedimento é a celeridade, com uma rápida sucessão de atos processuais, visando agilizar a solução do caso, não se exige, quando do oferecimento da representação, a prova pré-constituída da autoria e da materialidade da infração, bastando meros indícios.

Importante não perder de vista, no entanto, que ao final do procedimento, para que possa ser a representação julgada procedente e aplicada ao adolescente alguma medida socioeducativa, autoria e materialidade devem estar devidamente comprovadas.

Veja como o CESPE cobriu:

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/TO – 2007] Com relação à representação para aplicação de medida socioeducativa pelo Ministério Público, em casos de prática de ato infracional, à luz do ECA, julgue os itens a seguir.

81. A representação depende de prova pré-constituída da autoria e materialidade, sob pena de ser rejeitada.

82. O Ministério Público, caso entenda não ser o caso de oferecimento da representação para aplicação de medida socioeducativa, poderá promover o arquivamento dos autos ou conceder a remissão.

[CESPE – ANALISTA JUDIC. COMIS. INFANCIA E JUVENT. – TJ/ES – 2011] No que concerne aos procedimentos e ao papel do Ministério Público, conforme estabelecido no ECA, julgue os itens que se seguem.

83. Ao parquet compete, de forma exclusiva, promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes.

84. Em caso de infração, comparecendo um dos pais ou responsável, o adolescente deverá ser, em qualquer caso, prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, devendo a autoridade policial fundamentar sua decisão para não incidir nas penas elencadas no estatuto.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] Julgue os itens a seguir a respeito das medidas protetivas destinadas a crianças e adolescentes.

85. O MP tem competência para determinar o afastamento da criança do convívio familiar, devendo comunicar o fato ao juiz competente em até quarenta e oito horas.

86. Na área do direito da criança e do adolescente, a falta de intervenção do MP pode acarretar a nulidade do processo, desde que requerida pelo interessado e se devidamente comprovado prejuízo processual.

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87. No que tange à promoção e ao acompanhamento dos procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescente, a competência do MP é exclusiva.

88. É facultativa a atuação do MP na área do direito da criança e do adolescente.

Questão 81: A assertiva equivoca-se ao afirmar que a representação dependede prova pré-constituída da autoria e materialidade, sob pena de ser rejeitada. Acabamos de ver que não há essa dependência.

Gabarito: ERRADO

Questão 82: Verdade!! São três as providências possíveis a serem tomadas pelo Ministério Público quando do recebimento do adolescente infrator:

Promover o arquivamento dos autos;

Conceder a remissão;

Representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-educativa.

Assim, conclui-se que se o MP decidir por não oferecer a representação para aplicação de medida socioeducativa, poderá mesmo promover o arquivamento dos autos ou conceder a remissão.

Gabarito: CERTO

Questão 83: O enunciado da questão pede que o aluno foque nos procedimentos e no papel do Ministério Público. Nesse item em análise, a banca fez uma gracinha de muito mau gosto com o intuito de “pegar” um monte de candidatos usando o termo “parquet”. Refrescando sua memória, o termo parquet, no ramo do Direito, significa Ministério Público ou faz referência a um membro do Ministério Público. Apesar do termo não ter referência direta no texto das leis, é de uso frequente no meio judiciário, inclusive em despachos e sentenças, quando o juiz se refere ao representante do Ministério Público.

Pois bem, o inciso II do art. 201 (ECA) estabelece que compete ao MP promover e acompanhar os procedimentos relativos à apuração de atos infracionais cometidos por adolescentes. Saiba que toda ação socioeducativa é pública incondicionada, sendo o Ministério Público seu titular exclusivo (art. 129, I da CF/88).

Vá ao Estatuto e constate que todo o procedimento descrito nos seus arts. 174 a 183 têm o MP (ou o parquet, como queira chamar) como o principal agente de condução do procedimento apuratório. Verifique também as competências do Juizado da Infância e da Juventude e constate que não há, dentre elas, a de

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acompanhar os procedimentos relativos à infrações atribuídas a adolescentes. Dessa forma, podemos afirmar com toda certeza que o MP é sim o titular exclusivo para promover e acompanhar os procedimentos acima mencionados.

Gabarito: CERTO

Questão 84: Caro aluno, cuidado com a afirmação desse item!! De fato, a determinação do Estatuto é para que o adolescente infrator, apreendido em uma delegacia especializada deva ser imediatamente liberado, diante do comparecimento dos pais ou responsável. Mas não em qualquer caso!! Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.

Gabarito: ERRADO

Questão 85: O art. 101, seu § 2º, determina que sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e de outras providências, o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária E não do MP!!). Essa medida importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.

Gabarito: ERRADO

Questão 86: A resposta para essa assertiva encontra-se no art. 204 do ECA ao estabelecer a falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz OU a requerimento de qualquer interessado.

Destaquei o “ou” exatamente para mostrar que há duas formas do processo ser anulado.

Gabarito: ERRADO

Questão 87: Perfeito!! Mais uma vez temos o CESPE afirmando que essa competência é exclusiva do MP, apesar de não vir expressa a palavra “exclusiva” no art. 201 do ECA. Veja:

Art. 201. Compete ao Ministério Público:

I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;

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II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes;

No entanto, já vimos em comentário anterior que a CF/88 garante essa exclusividade de competência ao MP.

Gabarito: CERTO

Questão 88: Não é o que afirma o art. 202 do ECA. Veja:

Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.

Gabarito: ERRADO

A autoridade judiciária (Juiz da Infância e da Adolescência) e sua decisão final

Acabamos de estudar que o representante do Ministério Público poderá decidir pelo arquivamento ou pela concessão de remissão ao adolescente acusado de ter cometido ato infracional. Vimos também que, em ambas as decisões, esse representante deve enviar os autos conclusos à autoridade judiciária que decidirá ou não pela homologação.

Cabe à autoridade judiciária a aferição da legalidade e da adequação do arquivamento ou da remissão concedida pelo representante do Ministério Público, devendo homologar o arquivamento ou a remissão exatamente como constam do seu respectivo termo. Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida.

Agora, caso deles discorde total ou parcialmente, a autoridade judiciária fará remessa dos autos ao PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA, mediante despacho fundamentado. O referido Procurador, por sua vez, oferecerá representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar.

O procedimento acima citado é similar ao previsto pelo art. 28, do CPP. Em sendo o Ministério Público o titular exclusivo da ação sócio-educativa, caso o Procurador-Geral de Justiça ratifique a manifestação original, no sentido do

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arquivamento ou concessão da remissão ao adolescente, a autoridade judiciária não terá alternativa além da homologação da promoção respectiva.

Vimos também que o representante do Ministério Público pode não arquivar o processo e nem conceder a remissão, optando por representar à autoridade judiciária propondo a adoção de determinada medida sócio-educativa.

Pois bem, oferecida a representação, a autoridade judiciáriadesignará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da INTERNAÇÃO (caso esteja internado provisoriamente). Lembre-se que nesse caso, como a internação será decretada ou mantida antes da sentença, sua duração não pode exceder a 45 dias. E mais: esse prazo é IMPRORROGÁVEL!!

IMPORTANTE!!

A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.

O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da representação, e notificados a comparecer à audiência, acompanhados de advogado. Se o adolescente já estiver INTERNADO, será requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.

Agora vamos para a audiência:

A audiência de apresentação é muito mais que um simples “interrogatório”, pois visa colher elementos que vão além da conduta infracional propriamente dita, sendo ainda o primeiro momento no qual a autoridade judiciária avaliará a possibilidade de concessão de remissão ao adolescente. Vale notar que o ECA determina que a autoridade judiciária não deve se limitar a ouvir o adolescente, mas precisa ouvir também seus pais ou responsável, colhendo informes sobre a conduta pessoal, familiar e social daquele.

A intervenção de uma equipe interprofissional, neste momento, é de suma importância para apuração das circunstâncias de ordem psicossocial, que levaram o adolescente a cometer a infração, de suas necessidades pedagógicas específicas e de sua capacidade de cumprir determinada medida sócio-educativa e/ou protetiva que lhe venha a ser aplicada.

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IMPORTANTE

Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado SEM DEFENSOR;

Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua preferência;

Será prestada assistência judiciária integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.

Caso o advogado (ou defensor constituído) não esteja presente quando da realização da audiência de apresentação, deverá ser pessoalmente intimado a apresentar a defesa prévia, no prazo de 03 (três) dias a contar da audiência de apresentação. Na defesa prévia o defensor deverá arrolar não apenas testemunhas presenciais dos fatos, mas também aquelas que possam prestar informações acerca da conduta pessoal, familiar e social do adolescente, vez que tais informações são de suma importância quando da análise da medida sócio-educativa mais adequada.

Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, QUE EM SEGUIDA PROFERIRÁ DECISÃO.

IMPORTANTE

Se já houver elementos suficientes, a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, poderá DESDE LOGO CONCEDER REMISSÃO ao adolescente, proferindo a sua decisão.

Outro fator importantíssimo que você não pode se esquecer é que a autoridade judiciária NÃO APLICARÁ QUALQUER MEDIDA, se reconhecer na sentença que:

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a inexistência do fato está provada;

não há prova da existência do fato;

não se constitui o fato ato infracional;

não existe prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional.

Versa o Estatuto que, nas hipóteses acima citadas, estando o adolescente internado, será imediatamente colocado em LIBERDADE.

Não acontecendo nenhuma dessas hipóteses, o juiz então proferirá a sentença aplicando a medida sócio-educativa pertinente. Se a medida decidida for MEDIDA DE INTERNAÇÃO ou REGIME DE SEM-LIBERDADE, a intimação da sentença que aplicar a medida será feita ao adolescente e ao seu defensorou, quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.

Porém, se a medida decidia for qualquer outra que não seja de internação ou regime de semi-liberdade, a intimação far-se-á unicamente na pessoa do defensor.

Revisando

Se a medida aplicada pelo juiz for de INTERNAÇÃO OU REGIME DE SEMI-LIBERDADE a intimação será feita ao adolescente e a seu defensor. Não encontrado o adolescente, aos seus pais ou responsável (e também ao defensor)

Se medida aplicada pelo juiz for para QUALQUER OUTRA DAS MEDIDAS SOCIO-EDUCATIVAS intimação será feita ao seu defensor.

Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença.

Fique ligado, pois esse é mais um tópico bastante explorado pela nossa banca CESPE. Vamos ver como o assunto foi cobrado:

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[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] Com relação à representação para aplicação de medida socioeducativa pelo Ministério Público, em casos de prática de ato infracional, à luz do ECA, julgue os itens a seguir.

89. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente, somente após a qual decidirá sobre a decretação ou manutenção da internação.

90. O prazo máximo para a conclusão do procedimento para apuração de ato infracional, estando o adolescente internado provisoriamente, será de 45 dias, prorrogável uma única vez por igual período.

91. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] A internação pode ser cumprida em estabelecimento prisional comum, desde que o adolescente permaneça separado dos demais presos, se não existir na comarca entidade com as características definidas em lei para tal finalidade.

92. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente, à audiência de apresentação, a autoridade judiciária deve decretar sua revelia e encaminhar os autos à defensoria pública para apresentação de resposta escrita.

93. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Durante o período de internação, é vedado à autoridade judiciária ou policial suspender temporariamente a visita dos pais do adolescente.

94. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] A medida de internação decretada por autoridade judiciária poderá excepcionalmente ser cumprida em estabelecimento prisional, quando não existir na comarca entidade exclusiva para adolescentes.

95. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A internação de adolescente infrator decretada ou mantida pelo juiz deve ser cumprida em estabelecimento prisional com condições adequadas para abrigar adolescentes.

96. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Não se computa, no prazo máximo de internação, o tempo de internação provisória.

97. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] Com relação ao procedimento dos atos infracionais, nos termos do ECA, é desnecessária a defesa técnica por advogado, desde que seja nomeado curador para o menor infrator, ainda que leigo.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Com referência ao procedimento para apuração de ato infracional cometido por adolescente, julgue os itens a seguir.

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98. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, em qualquer caso, é de quarenta e cinco dias.

99. Justifica-se a representação quando o curador da infância e da juventude entender que o adolescente, pelo ato infracional praticado, deva cumprir uma das medidas socioeducativas elencadas no estatuto, já que, para a representação, é necessária prova préconstituída da autoria e da materialidade.

100. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional deve ser, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

101. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O adolescente apreendido por força de ordem judicial ou em flagrante de ato infracional deve ser, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

102. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Em caso de apuração de ato infracional atribuído a adolescente, o prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.

Questão 89: O erro está na afirmação de que somente após a audiência de apresentação do adolescente é que a autoridade judiciária decidirá sobre a decretação ou manutenção da internação. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da INTERNAÇÃO

Gabarito: ERRADO

Questão 90: De fato, estando o adolescente internado provisoriamente, será de 45 dias o prazo máximo para a conclusão do procedimento para apuração de ato infracional, mas o ECA, em seu art. 183, determina que esse prazo é improrrogável. Não caia nessa, ok??

Gabarito: ERRADO

Questão 91: A assertiva em análise usa da argumentação furada de que desde que o adolescente permaneça separado dos demais presos, a internação pode ser cumprida em estabelecimento prisional comum. De jeito nenhum!! A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.

Gabarito: ERRADO

Questão 92: Não falamos nada até aqui a respeito de decretação de revelia. É justamente porque não existe mesmo tal decretação em processo de apuração de ato infracional cometido por adolescente. Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer injustificadamente à audiência de apresentação, a

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autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução coercitiva (art. 187, ECA).

Gabarito: ERRADO

Questão 93: O ECA, em seu art. 124 § 2º, estabelece que a autoridade judiciária poderá suspender sim temporariamente as visitas, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente. Mas só a autoridade judiciária!! A questão insinua que autoridades policiais também têm essa competência, o que não é verdade.

Gabarito: ERRADO

Questão 94: Você já está cansado de saber que, em nenhuma hipótese, a internação decretada por autoridade judiciária poderá ser cumprida em estabelecimento prisional. Para reforçar, é preciso lembrar que o art. 123 do ECA determina que a internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. E mais: inexistindo na comarca entidade com tais características, o adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais próxima. Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de 05 dias, sob pena de responsabilidade.

Gabarito: ERRADO

Questão 95: Nossa banca adora repetir questões!! Essa você deve ter respondido em menos de 01 segundo, não é mesmo?? Está mais do que claro que, em nenhuma hipótese, a internação decretada por autoridade judiciária poderá ser cumprida em estabelecimento prisional. Deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.

Gabarito: ERRADO

Questão 96: Vamos lá, mais uma vez: a internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de 45 dias. Essa é a chamada internação provisória. Você já sabe também que em nenhuma hipótese o período máximo de internação (o definitivo) excederá a três anos. Pois bem, sendo condenado em definitivo à medida de internação, e estando já internado provisoriamente, esse tempo será computado dentro do prazo de internação a ele aplicado. E quem nos diz isso? O nosso Código Penal ao estabelecer, em seu art. 42, que computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior. É a chamada detração!!

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Gabarito: ERRADO

Questão 97: O ECA, em seu art. 111, prevê que são asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:

pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio equivalente;

igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;

defesa técnica por advogado;

assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;

direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;

direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do procedimento.

Com relação à defesa técnica, o ECA também prevê que a assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado. Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autoridade judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado constituído, nomeará defensor. Não há aqui o que se falar, portanto, em nomeação de curador, muito menos, alguém leigo.

Gabarito: ERRADO

Questão 98: Revisando o que já comentamos: o prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento será de 45 dias apenas se o adolescente estiver internado provisoriamente (art. 183). Só nessa situação!!

Gabarito: ERRADO

Questão 99: O CESPE usa nessa questão a função de “curador da infância e da juventude”. Faz isso só pra dificultar um pouquinho a vida dos candidatos já que poucos ligam a cara ao crachá. Quando você vir em questões tal expressão, saiba que ela se refere ao membro do Ministério Público!! Você já revisou aqui comigo que a representação do curador da infância e da juventude (membro do MP) à autoridade judiciária independe de prova pré-constituída da autoria e materialidade. E é justamente onde erra a afirmativa de nossa questão!!

Gabarito: ERRADO

Questão 100: Cuidado com a pegadinha!! Eu disse para você não se esquecer:

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O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade POLICIAL competente.

O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade JUDICIÁRIA.

Gabarito: ERRADO

Questão 101: Veja que interessante!! Duas questões quase idênticas aplicadas em dois concursos no mesmo ano pelo CESPE!! Parece até invenção minha, mas o melhor é que não é!! O comentário da questão anterior já nos dá a resposta dessa.

Gabarito: ERRADO

Questão 102: Insisto em mostrar a você, caro aluno, como a nossa estimada banca repete questões em várias de suas provas. Já comentamos aqui umas duas ou três parecidas!! Nessa há uma afirmação que bate diretinho com o que você já estudou e com o que versa o ECA em seu art. 183.

Gabarito: CERTO

Bom, finalizamos aqui o estudo sobre os crimes e contravenções penais (ditos atos infracionais) cometidos POR criança ou adolescente. Abordaremos, a partir de agora, os crimes e infrações administrativas cometidos CONTRA a criança e o adolescente e que estão previstos no ECA.

V – OS CRIMES CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE

Caro aluno, não há como se falar em crimes CONTRA a criança e o adolescente se antes revisarmos um princípio basilar fundamental trazido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Na aula passada, vimos que o ECA versa, em seu art. 5º, a seguinte determinação:

Nenhuma CRIANÇA ou ADOLESCENTE será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, PUNIDO NA FORMA DA LEI QUALQUER ATENTADO, POR AÇÃO OU OMISSÃO, aos seus direitos fundamentais.

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Essa regra consiste em um desdobramento do contido no art. 227, caput, da CF que impõe a todos o dever de velar pelos direitos assegurados a crianças e adolescentes, auxiliando no combate a todas as formas de violência, negligência ou opressão.

O ECA relaciona inúmeras condutas atentatórias aos direitos de crianças e adolescentes que, se praticadas, podem caracterizar crimes (arts. 228 a 244-A) e outras que constituem as chamadas infrações administrativas (arts. 245 a 258-B). Estudaremos nesse tópico aquelas condutas comissivas ou omissivas que, se praticadas contra a criança e o adolescente, serão consideradas como CRIME.

IMPORTANTE

Quem comete esses crimes estará sujeito a responder penalmente não só pelo que dispõe o ECA, mas também pelas disposições presentes na LEGISLAÇÃO PENAL vigente em nosso país.

Os crimes definidos no ECA são TODOS de ação pública incondicionada!!

Aos crimes tipificado no Estatuto, serão aplicadas as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal!! Não se esqueça dessa informação!!

Na verdade não existe qualquer diferencial, em termos processuais, entre os crimes previstos no ECA e os crimes previstos no Código Penal, ressalvado o fato de serem todos aqueles de ação penal pública incondicionada. Interessante observar que o processo e o julgamento destes crimes não estão definidos como sendo de competência do Juízo da infância e da juventude, ficando, a rigor, a cargo do Juízo criminal (ressalvada a existência de disposição em contrário na Lei de Organização Judiciária local).

Seu processo e julgamento, no entanto, está também sujeito ao princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente e aos princípios e normas de interpretação próprios do ECA e do Direito da Criança e do Adolescente devendo, portanto, ser as normas incriminadoras interpretadas e aplicadas da forma que melhor assegure a proteção integral infanto-juvenil.

A atuação da autoridade policial no sentido da investigação de qualquer notícia de um dos crimes definidos no ECA será, pois, obrigatória, independentemente da iniciativa da vítima e/ou de seus representantes. Tamanha a gravidade dos crimes relacionados no ECA, e tamanha a importância de sua adequada apuração e repressão, que é

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perfeitamente admissível que a investigação acerca de sua prática fique a cargo do Ministério Público.

Aos exercícios:

103. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] Todos os crimes previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada.

104. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A maioria dos crimes definidos no ECA é de ação pública incondicionada.

Questão 103: A atuação da autoridade policial no sentido da investigação de qualquer notícia de um dos crimes definidos no ECA será, pois, OBRIGATÓRIA, independentemente da iniciativa da vítima e/ou de seus representantes. Dessa forma, a nossa questão está perfeita ao afirmar que todos os crimes previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada.

Gabarito: CERTO

Questão 104: Caros alunos, não tenham duvidas: não é a maioria, mas todos os delitos previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada (art. 227 do ECA).

Gabarito: ERRADO

Feita esta introdução chegou a hora de conhecermos os crimes previstos pelo Estatuto. É preciso esclarecer que, mais do decorá-los ou memorizá-los (o que será uma tarefa árdua), é preciso que você os entenda em sua essência.

A nossa missão nesta aula será tentar facilitar ao máximo seu trabalho. Mas já te adianto que não há receita “mágica” de bolo para uma memorização mnemônica de cada um deles. Busquei agrupar, por assunto, aqueles crimes que direta ou indiretamente são correlatos. Para grande parte deles, teceremos alguns comentários e faremos também remissões a vários dispositivos presentes no Estatuto.

Tenho absoluta certeza de que você, com certa facilidade, conseguirá resolver as questões de provas relacionadas aos crimes. Vamos então dar início a nossa jornada!!

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5.1. CRIMES RELACIONADAS À APREENSÃO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE

Bom, puxando o gancho do estudo que acabamos de fazer sobre os procedimentos de apuração de atos infracionais, começaremos o estudo dos crimes previstos no ECA por aqueles cometidos por quem não observa as regras estatuídas para o devido processo legal de apreensão de criança ou adolescente. Vamos conhecê-los:

Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua

apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

Caro aluno, você já estudou nesta aula que, em respeito aos Direitos Individuas elencados no art. 5º de nossa Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente determina que nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em FLAGRANTE de ato infracional ou por ORDEM ESCRITA E FUNDAMENTADA da autoridade judiciária competente.

Você viu também que é o CPP que servirá de base para definição das situações em que restará caracterizado o flagrante de ato infracional, que serão exatamente as mesmas em que um imputável seria considerado em flagrante de crime ou contravenção penal.

Vale destacar que as crianças que se encontrem em flagrante de ato infracional podem ser apreendidas (inclusive como forma de preservar a ordem pública e mesmo de colocá-las a salvo de represálias por parte de populares) e os atos infracionais a elas atribuídos, a rigor, devem ser investigados pela polícia judiciária (inclusive no que diz respeito à apuração da eventual participação de terceiros). A diferença em relação aos adolescentes é que, na sequência, as crianças acusadas deverão ser encaminhadas ao Conselho Tutelar, não podendo, sob qualquer circunstância, permanecer privadas de liberdade.

Pois bem, quem desrespeita essa determinações do ECA incorrerá certamente no crime acima previsto. O Estatuto estabelece ainda que INCIDE NA MESMA PENA aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades legais como, por exemplo, quando o adolescente não for informado de seus direitos constitucionais (inclusive o de permanecer calado);

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quando não for lavrado auto de apreensão em flagrante ou boletim de ocorrência circunstanciado etc.

Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

Caro aluno, a comunicação da apreensão à autoridade judiciária, à família do apreendido ou, na falta desta, à pessoa por ele indicada deve ser efetuada incontinenti, ou seja, no exato momento em que o adolescente apreendido dá entrada na repartição policial, devendo ser a lavratura do auto de apreensão em flagrante ou boletim de ocorrência circunstanciado efetuada na presença dos pais ou responsável pelo adolescente, que na sequência já irão, em regra, receber o adolescente liberado, firmando termo de compromisso de apresentação do adolescente ao representante do MP.

Vale lembrar que a CRIANÇA apreendida em flagrante de ato infracional deverá ser encaminhada incontinenti ao Conselho Tutelar e a apreendida por força de mandado de busca e apreensão deverá sê-lo à autoridade judiciária competente (nenhuma criança pode ser submetida a medidas privativas de liberdade), sem prejuízo, em ambos da imediata comunicação aos pais ou responsável legal.

Quem desrespeita essas determinações, passa então a responder pelo tipo penal aqui analisado.

Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

Numa interpretação sistemática desse crime, percebe-se que o dispositivo abrange não apenas aqueles casos em que o dever de guarda decorre expressamente da lei (como nos casos da guarda propriamente dita, tutela, equiparação do dirigente da entidade de acolhimento institucional ao guardião ou como atributo natural do poder familiar), mas também toda e qualquer situação em que um adulto se coloca na posição de “autoridade” e/ou de “cuidador” de uma criança ou adolescente, como é caso do policial

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quando da apreensão de criança ou adolescente em flagrante de ato infracional, o professor ou diretor da escola onde a criança estuda etc.

O crime em questão pode restar caracterizado quando da violação dos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes. O sujeito ativo será o pai, mãe, tutor, guardião, dirigente da entidade de entidade de acolhimento familiar, policial, membro do Conselho Tutelar, Ministério Público ou Poder Judiciário, comissário de vigilância da infância e da juventude, professor, diretor de escola e/ou qualquer outra pessoa que detém autoridade em relação à criança ou ao adolescente, assim como as pessoas encarregadas de sua guarda ou vigilância.

Para caracterização da infração aqui tipificada, em tese, não há necessidade de que o agente use de violência ou grave ameaça (tal qual ocorre com o tipo penal previsto no art. 146, do CP), dada a “ascendência” natural que o mesmo exerce em relação à criança ou adolescente. Vale dizer que é perfeitamente admissível o concurso material entre este e outros crimes tipificados no ECA ou na Lei Penal.

Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

Sabemos que o que deve marcar o processo de apuração de ato infracional é a sua agilidade. O atendimento prestado na repartição policial deve ser o mais breve possível, com o mínimo de constrangimento ao adolescente, que após lavrado o boletim, deverá ser desde logo entregue aos pais.

O crime terá como sujeitos ativos tanto a autoridade policial quanto a autoridade judiciária. Vale lembrar que, seja qual for o ato infracional praticado e mesmo quando perfeito o flagrante, a regra será a colocação do adolescente em liberdade, inclusive pela própria autoridade policial, independentemente de ordem judicial.

Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

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Professor, e que prazos são esses?

Os prazos a que se refere o dispositivo são:

• Internação provisória - 45 dias (art. 121, §2º);

• Reavaliação judicial da necessidade de continuidade da medida de internação - no máximo a cada 06 meses (art. 121, §3º c/c art. 122, incisos I e II);

• Período máximo de duração da medida de internação sócio-educativa - 03 anos (art. 121, §5º);

• Liberação compulsória - quando o jovem completar 21 anos (art. 122, inciso III c/c §1º);

• Período máximo de duração da internação por descumprimento de medida anteriormente imposta - 03 meses (art. 175, §1º);

• Encaminhamento do adolescente apreendido ao MP - 24 horas (art. 185, §2º)

• Transferência de adolescente apreendido da repartição policial para entidade própria para adolescentes – 05 dias.

É preciso que se atente para o fato de os referidos prazos serem computados do dia em que o adolescente é apreendido (inclusive), não podendo ser em hipótese alguma dilatados ou prorrogados.

Impedir a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

Vale notar que constitui o mesmo crime impedir ou embaraçar a ação tanto da autoridade judiciária quanto de membro do Conselho Tutelar, o que reafirme o status de autoridade pública que este possui, instituído na já mencionada perspectiva de “desjudicializar” e agilizar o atendimento à criança e ao adolescente.

O Estatuto determina ainda que INCIDE NAS MESMAS PENAS quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa.

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5.2. CRIMES RELACIONADOS À GESTANTE

Começaremos com os crimes cometidos contra as gestantes!!

O Estatuto estabelece em seu art. 10 que os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são OBRIGADOS a:

Manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de DEZOITO ANOS;

Identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

Proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;

Fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;

Manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.

Repetindo: as obrigações acima mencionadas são de responsabilidade não só de HOSPITAIS, mas também dos DEMAIS ESTABELECIMENTOS DE ATENÇÃO À SAÚDE DE GESTANTES. E mais: são responsáveis não só os da rede pública, mas também os particulares.

O Estatuto tipifica dois crimes para quem desobedece as disposições acima:

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Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de DEZOITO ANOS, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato:

Pena – Se for DOLOSO, detenção de 06 meses a 02 anos.

Se o crime for CULPOSO:

Pena - detenção de 02 a 06 meses, OU multa.

Vale lembrar que a declaração de nascimento, que servirá de base ao registro da criança, deverá ser fornecida gratuitamente, independentemente do pagamento de eventual débito hospitalar.

Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido:

Pena – Se o crime for DOLOSO, detenção de 06 meses a 02 anos.

Se o crime for CULPOSO:

Pena - detenção de 02 a 06 meses, OU multa. (perceba que a opção de multa é só para a modalidade culposa!!)

5.3. CRIME RELACIONADO À GUARDA E À TUTELA

No começo da aula estudamos os conceitos de GUARDA, TUTELA e FAMÍLIA SUBSTITUTA. Dentre as várias regras estudadas, uma delas é que a colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial.

Quem desobedece à regra, certamente incorrerá em um dos crimes abaixo citados:

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Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:

Pena - reclusão de 02 a 06 anos + multa.

Para caracterização do tipo penal previsto neste dispositivo é necessária a presença de dolo específico, ou seja, a subtração da criança ou adolescente deve ter por objetivo a colocação em lar substituto.

5.4. CRIME RELACIONADOS AO COMERCIO E AO TRANSPORTE IRREGULAR DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE

Ainda quanto às gestantes, vimos também que as gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão OBRIGATORIAMENTE encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude.

O ECA prevê o seguinte crime para aquelas mães que porventura queiram ou prometam entregar seus filhos ou pupilos (enteado, sobrinho, filho adotivo) mediante recebimento de dinheiro. Veja:

Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:

Pena - reclusão de 01 a 04 anos + multa.

O STJ já decidiu que o conceito de “filho”, para fins de tipificação deste crime, abrange o nascituro, sendo necessário, no entanto, que a oferta ou promessa seja efetuada a pessoa determinada, e não de maneira genérica.

IMPORTANTE

Incide NAS MESMAS PENAS quem OFERECE OU EFETIVA a paga ou recompensa!!

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O Estatuto determina que nenhuma criança possa viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.

Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização somente será dispensável, se a criança ou adolescente:

estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;

viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida.

Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.

Lembre-se também de que é possível a colocação de criança ou adolescente em família substituta ESTRANGEIRA, mas que essa será uma medida EXCEPCIONAL, somente na modalidade de adoção e respeitando-se estritamente os requisitos e procedimentos legais previstos no próprio Estatuto.

Quem desobedecer às disposições acima citadas estará sujeito a responder pelo seguinte crime:

Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:

Pena - reclusão de 04 a 06 anos + multa.

Se for praticado com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:

Pena - reclusão, de 06 a 08 anos, além da pena correspondente à violência.

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5.5. CRIMES RELACIONADOS À PEDOFILIA

Dentre os crimes sexuais tanto combatidos pela sociedade desde os tempos mais remotos e agora com mais freqüência, estão, sem sombras de dúvidas entre os mais reprováveis, os atos insanos decorrentes da PEDOFILIA, que além de serem depravados, sórdidos, repugnantes e horrendos, produzem seqüelas irreparáveis para as inocentes crianças vítimas e seus familiares.

O termo pedofilia que é de conotação clinica ingressa na área penal não como um tipo definido de crime, mas como atos que formam os delitos sexuais contra as crianças.

A pedofilia que é a perversão sexual de uma pessoa adulta ou adolescente contra crianças com idade anterior a sua puberdade, é classificada pela Organização Mundial de Saúde, como sendo uma desordem mental e um desvio sexual, enquanto que para outros estudiosos no assunto, trata-se de uma parafilia, um distúrbio psíquico que se caracteriza pela obsessão de adultos por praticas sexuais anormais, mas que, em ambos os casos tratável pela psiquiatria ou pela psicologia.

Há ainda os casos mais violentos da espécie em que o construto obsessivo do pedófilo pode chegar às formas mais desumanas possíveis, até mesmo com o assassinato da vítima praticado com extremo sadismo, pois nesse caso o que provoca o prazer sexual ao criminoso é o sofrimento da vítima, não o ato sexual propriamente dito.

Os meios legais de punição aos indivíduos considerados PEDÓFILOS, estatuídos no nosso ordenamento jurídico estão devidamente relacionados no Estatuto da Criança e do Adolescente nos seus artigos 240 a 241-D e 244-A, assim como, nos artigos 217-A a 218-B do Código Penal, cujos criminosos são passíveis a diversas penalidades.

Caro aluno, como esse assunto é fruto de recentes debates e de muita polêmica, aconselho que você dê uma ATENÇÃO ESPECIALÍSSIMA a esse conjunto de normativos. Revise-os várias vezes e busque entender as similaridades e diferenças entre eles, pois serão fundamentais para sua prova!!

Antes de qualquer coisa, é preciso que entendamos o conceito, definido pelo próprio Estatuto, de “cena de sexo explícito ou pornográfica”:

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IMPORTANTE

A expressão “CENA DE SEXO EXPLÍCITO OU PORNOGRÁFICA” compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais

São, portanto, esses os crimes de pedofilia tipificados no ECA:

Crime de PRODUÇÃO de pornografia INFANTIL

Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 04 a 08 anos + multa.

Esse crime proíbe e combate a PRODUÇÃO de qualquer forma de pornografia envolvendo criança ou adolescente, cujas penas para os transgressores, como você acabou de ver, são a de reclusão de 04 a 08 anos, e a de multa. Para você ter uma idéia da gravidade, o simples ato de fotografar criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica já caracteriza o crime neste artigo tipificado.

Mas não é só quem produz, reproduz, dirige, fotografa, filma ou registra essas cenas que responderá por esses crimes não!!

O ECA estabelece que incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente em cenas de sexo explícito ou pornográfica, ou ainda quem com esses contracena.

E as penas previstas podem ainda ser aumentadas de um terço (1/3)caso o referido crime seja praticado por:

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Pessoa no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la;

Pessoa que se prevaleça de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou

Pessoa que se prevaleça de relações:

de parentesco consangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção,

de tutor;

de curador;

de preceptor;

de empregador da vítima ou;

de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela.

E O MAIS IMPORTANTE!!

Nos casos acima mencionados, a pessoa responderá pelo crime e tem sua pena aumentada em até um 1/3 MESMO QUE A CRIANÇA OU O ADOLESCENTE TENHA CONSENTIDO as práticas citadas nesse crime em espécie!!

A lei pune com maior rigor aqueles que, prevalecendo-se de sua função ou da relação de parentesco ou proximidade com a criança ou adolescente, a induz à prática das condutas que o dispositivo visa coibir. Em qualquer caso, o eventual “consentimento” da vítima e/ou o fato de já ter se envolvido em situações similares no passado é absolutamente irrelevante para caracterização do crime.

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Crime de VENDA de pornografia INFANTIL

Vender ou expor à venda fotografia, VÍDEO ou OUTRO REGISTRO que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 04 a 08 anos + multa.

Estima-se que o comércio de pornografia infantil movimenta mais de 3 bilhões de dólares por ano, só no Brasil. Um número deverasmente devastador e preocupante que comprova a grande quantidade de pedófilos existente no nosso país.

Existem sites e pessoas maledicentes que procuram enganar, incitar, induzir ou seduzir crianças e adolescentes a acessar na internet conteúdos imorais e indecentes como pornografia de todo tipo e até infantil, no intuito de obter fotos e informações pessoais de tais vítimas também em situações semelhantes, em troca de favores diversos.

Crime de DIVULGAÇÃO de pornografia INFANTIL

Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 03 a 06 anos + multa.

Se a pessoa troca fotos pornográficas envolvendo crianças e adolescentes através da internet, resta caracterizada a conduta descrita no tipo penal acima, uma vez que permite a difusão da imagem para um número indeterminado de pessoas, tornando-as públicas.

Para a caracterização desse crime não se exige dano individual efetivo, bastando o potencial. Significa não se exigir que, em face da publicação, haja dano real à imagem, respeito à dignidade etc. de alguma criança ou adolescente, individualmente lesados. O tipo penal se contenta com o dano à imagem abstratamente considerada.

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Vale destacar que se as imagens foram trocadas entre pessoas residentes no Brasil, a competência para processar e julgar o crime será da Justiça ESTADUAL.

No entanto, em se tratando de divulgação de imagem em site de relacionamento (Orkut, Facebook e outros etc.), dada abrangência da divulgação, que potencialmente extrapola o âmbito do território nacional, a competência para processar e julgar o crime em questão passa a ser da Justiça FEDERAL.

E não para por aí!! Não é só quem oferece, troca, disponibiliza, transmite, distribui, publica ou divulga essas cenas que poderá ser enquadrado nesse crime.

O Estatuto estabelece que NAS MESMAS PENAS incorra quem assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de sexo explícito ou pornográfica e quem assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores a essas fotografias, cenas ou imagens.

Esse é o caso, por exemplo, dos proprietários de lan-houses que permitam (ou sem omitem) tanto o armazenamento quanto o acesso a esses dados.

ATENÇÃO!!

O responsável legal pela prestação do serviço (o dono de uma lan-house ou de um site de internet, por exemplo) SÓ INCORRERÁ NAS MESMAS PENASse depois de oficialmente notificado, deixar de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito tratado nesse crime.

Crime de POSSE de pornografia INFANTIL

Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 01 a 04 anos + multa.

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Com o disposto acima, o Estatuto passa a criminalizar a simples posse de material pornográfico envolvendo criança ou adolescente, sob qualquer forma, visando assim coibir a ação de pessoas mantém tais registros para uso próprio.

IMPORTANTE

Agora, se o material encontrado com a pessoa for de pequena quantidade sua pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços).

Crime de PRODUÇÃO de pornografia INFANTIL SIMULADA

Esse é o crime que trata das cenas pornográficas montadas e versa o seguinte:

Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificaçãode fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual

Pena – reclusão, de 01 a 03 anos + multa.

Muitas das imagens de pornografia infantil divulgadas são na verdade imagens fictícias tecnologicamente alteradas pelos abusadores sexuais para tornar os fatos como sendo normais ou banais aos olhos das crianças. O intuito é o de conseguir que estas inocentes vítimas produzam suas próprias fotos ou vídeos encaminhando-as para tais criminosos em troca de alguma vantagem auferida ou prometida, por isso também a preocupação do legislador em cercar tal possibilidade de delinqüência.

Cabe destacar que, para caracterização do crime acima tipificado, sequer é necessária a prática real de sexo com criança ou adolescente. Basta a sua simples simulação, ainda que por intermédio de montagem ou edição de cenas e imagens. O objetivo da norma é desestimular toda e qualquer produção de imagens pornográficas envolvendo crianças ou adolescentes.

Mesmo que a pessoa não seja o produtor dessa simulação ou montagem, ela incorrerá nas mesmas penas se vender, expor à venda, disponibilizar,

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distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, adquirir, possuir ou armazenar o material produzido.

PRESTE BASTANTE ATENÇÃO!!

NÃO HÁ CRIME se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas dos crimes de produção, venda, divulgação ou produção simulada de pornografia infantil, quando a comunicação for feita por:

Agente público no exercício de suas funções;

Membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamento de notícia dos crimes acima citados;

Representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário.

As pessoas acima mencionadas deverão manter SOB SIGILO o material ilícito referido.

Crime de ALICIAMENTO de criança

Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:

Pena – reclusão, de 01 a 03 anos + multa.

O crime acima descrito, muito estranhamente cita apenas a criança omitindo o adolescente, ou seja, deixando a entender que não é crime se cometido contra adolescente. É possível, no entanto, que as condutas venham a caracterizar outros crimes, previstos no próprio ECA ou em outras leis, valendo observar, em especial, o disposto no art. 217-A, do Código Penal (com

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a redação que lhe deu a Lei nº 12.015/2009), que considera “estupro” a prática de qualquer ato libidinoso com menor de 14 (quatorze) anos.

O ECA estabelece ainda que NAS MESMAS PENAS incorre quem:

facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso;

pratica as condutas descritas acima com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.

É muito comum esse tipo de assédio pela internet, através de salas de bate-papo tipo chats ou programas de relacionamento tipo MSN, ORKUT, MySpace... Sendo também comum o caso do criminoso pedófilo que pede a criança para se mostrar nua, seminua ou em poses eróticas diante de uma webcam, ou mesmo pessoalmente.

5.6. CRIME DE PROSTITUIÇÃO INFANTIL

Preste bastante atenção a esse crime, pois é um dos mais graves. Te todos os crimes vistos até aqui, esse precisa correr em suas veias para a sua prova!! Vamos a ele:

Submeter criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual:

Pena – reclusão de 04 A 10 ANOS + multa.

As normas instituídas no sentido da responsabilização penal dos agentes que praticam abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes decorrem nada menos que do disposto nos art. 227 caput e §4º da CF, como forma de resguardar, acima de tudo, o princípio da dignidade da pessoa humana.

A garantia da cidadania plena de todas as crianças e adolescentes, em especial daquelas que se encontram em condição de maior vulnerabilidade, sem dúvida passa pelo reconhecimento de que, nos casos de exploração sexual, independentemente de qualquer "experiência prévia" da vítima, a mesma invariavelmente se encontra em posição de inferioridade em relação ao

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agente, restando, portanto, sempre presente uma relação desigual de poder e de "submissão" que, necessariamente, levará à caracterização do tipo penal acima descrito.

Crianças e adolescentes, em razão de sua peculiar condição de pessoas em desenvolvimento, estarão sempre em posição de inferioridade em relação aos adultos, notadamente para fins de caracterização de abuso ou exploração sexual.Assim sendo, para fins de caracterização desse crime, é absolutamente irrelevante se perquirir acerca da conduta da criança ou adolescente vítima da exploração sexual, até porque não é esta quem deve ser julgada (e muito menos discriminada) e a repressão a este tipo de infração, de elevada reprovabilidade moral, social e jurídica, transcende o interesse individual e, como ocorre com outras normas que visam tutelar a dignidade humana de crianças e adolescentes, atinge a toda sociedade.

Trata-se, portanto, de um crime formal, para cuja caracterização a conduta da vítima é absolutamente irrelevante. Assim, devem ser considerados incursos neste tipo penal todos aqueles que, de alguma forma, praticam ou contribuem para prática de atos libidinosos com crianças e adolescentes, notadamente a troco de vantagens de qualquer ordem.

Importante saber que INCORREM NAS MESMAS PENAS o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas de prostituição ou exploração sexual. E ainda mais: constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.

Relacionado ainda à questão dos criminosos sexuais contra crianças, disposta no nosso ordenamento repressivo penal, temos os que se enquadram juridicamente no CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, cujas penas são bem mais rigorosas. Esse crime não está previsto no ECA e, sim, no art. 217-A do Código Penal, mas pela sua relevância e atualidade, faz-se necessário que eu revise esse tipo penal com você.

5.7. CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL

Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:

Pena - reclusão, de 08 a 15 anos.

Incorre na mesma pena quem pratica as ações acima descritas com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

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Aquela pessoa que tiver conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos estará sujeita, além das penas acima previstas, a não obter certos benefícios da Lei pelo fato do crime ser considerado comohediondo.

O entendimento do estupro de vulnerável nasceu de forma mais real, mais presente, mais viva, vez que substituiu a duvidosa presunção da violência do antigo tipo. O dispositivo busca punir toda relação sexual ou ato considerado libidinoso, de qualquer natureza, ocorridos com ou sem consentimento do menor de 14 anos de idade, não importando o meio usado para a consolidação do fato, se por violência, ameaça, fraude ou livre vontade da vítima.

5.8. CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES

Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:

Pena - reclusão, de 01 a 04 anos.

Impende observar que o crime acima tipificado é meramente formal, razão pela qual é irrelevante o fato de as crianças ou adolescentes com as quais o crime é praticado tenham ou não antecedentes infracionais.

Outro fato importante a respeito desse crime é que INCORRRERÁ NAS MESMAS PENAS pratica tais condutas utilizando-se de quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. Podemos ainda nesse crime inserir também o PEDÓFILO, vez que se configura com a indução de alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem.

E mais: caso o crime praticado em companhia de criança ou adolescente se enquadre no rol dos chamados “crimes hediondos”, a pena é aumentada em 1/3 (um terço), dada maior reprovabilidade da conduta. É o caso de alguém que corrompe um menor de 18 anos a junto com ele praticar um latrocínio ou um estupro, por exemplo.

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5.9. CRIMES RELACIONADOS À VENDA DE ARMAS, SUBSTÂNCIAS CAUSADORAS DE DEPENDÊNCIA E FOGOS DE ARTIFÍCIO

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 81, PROÍBE EXPRESSAMENTE a venda à criança ou ao adolescente de:

Armas, munições e explosivos;

Bebidas alcoólicas;

Produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida;

Fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;

Pois bem, e o que acontece com quem desrespeita uma dessas proibições? Certamente será responsabilizado por um dos crimes que trataremos agora. Vamos conhecê-los:

Armas, munições e explosivos

Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:

Pena - reclusão, de 03 a 06 anos.

Sobre esse crime é preciso que façamos uma reflexão, observando o disposto também no art. 13 do Estatuto do Desarmamento!!

O art. 13, do Estatuto do Desarmamento estabelece que caracteriza-se, em tese, crime punível com detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa:

“deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade”.

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O Estatuto do Desarmamento, aliás, em seu art. 16, par. único, inciso V, também considera crime, punível de 03 (três) a 06 (seis) anos de reclusão, e multa:

“vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente”.

Quer nos parecer, portanto, que o crime de venda de armas de munições e explosivos à criança e adolescente aqui examinado foi tacitamente revogado pelo citado art. 16, par. único, da Lei nº 10.826/2003, que além de se tratar de lei posterior, estabelece um tratamento mais rigoroso ao agente, por incluir a multa como pena a ser também aplicada, conjuntamente com a privativa de liberdade.

Entretanto, caro aluno, perceba que essa revogação não está oficialmente estabelecida na letra do ECA. Diante disso, para fins de sua prova, recomendo que você considere que o crime de fato é previsto sim na lei, mas que, no entanto, há o entendimento doutrinário acima explanado. Fazendo isso você se protege de possíveis armadilhas em sua prova.

Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida:

Pena - detenção de 02 a 04 anos + multa, se o fato não constitui crime mais grave.

Trata-se de um tipo penal aberto, posto que somente aplicável a substâncias que não são consideradas “drogas ilícitas”. Essa conduta foi tipifica justamente para permitir a punição daqueles que fornecem a crianças e adolescentes produtos tais como thinner e outros solventes, "cola de sapateiro" e outros inalantes, que por utilização indevida, podem causar dependência física ou psíquica.

A rigor aqui também são enquadrados o cigarro comum (pois a nicotina nele contida comprovadamente pode causar dependência) e a bebida alcoólica. Em que pese alguns julgados excluírem as bebidas alcoólicas do rol de substâncias cuja venda ou fornecimento caracterizaria o crime tipificado neste artigo, semelhante entendimento, não é razoável nem correto, haja vista que jamais foi a intenção do legislador tal exclusão.

Desnecessário dizer que seria um verdadeiro contra-senso criminalizar o fornecimento de um simples cigarro comum (tal qual permite o dispositivo) e

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considerar que o fornecimento de bebida alcoólica caracterizaria mera contravenção penal. Vale lembrar que todas as disposições contidas no ECA, inclusive as relativas aos crimes praticados contra crianças e adolescentes, devem ser invariavelmente interpretadas e aplicadas da forma que melhor assegurem a proteção integral prometida no ECA, punindo da maneira mais rigorosa e eficaz aqueles que violam seus direitos.

Importante observar que o crime somente é punível a título de DOLO, ou seja, o agente deve ter consciência de que está fornecendo a substância à criança ou a adolescente e que este a utilizará como entorpecente.

Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, EXCETO aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos + multa.

Esse crime é de simples compreensão, porém vale destacar que não são todos os tipos de fogos de estampido ou de artifício que o ECA proíbe que sejam vendidos, fornecidos ou entregues à criança ou ao adolescente. O próprio tipo penal acima descrito exclui do delito aqueles tipos de fogos que, pelo reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físicomesmo que sejam usados indevidamente. Lembre-se disso!!

Boa notícia: as questões de crimes não têm chamado muita atenção das bancas e, quando são cobradas, não trazem dificuldades para aqueles que realmente estudaram (o seu caso!!). Comprove:

[CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011] Determinado cidadão, penalmente responsável, valendo-se de uma adolescente de treze anos de idade, sexualmente corrompido, produziu imagens eróticas em cenário previamente montado, divulgando-as por meio de sistema de informática em sítio da Internet. O mantenedor do sítio, tão logo divulgadas as imagens, foi notificado pelo juiz da infância e da juventude do conteúdo ilícito do material e, de imediato, desabilitou o acesso às imagens.

Com referência à situação hipotética acima, julgue os itens a seguir à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente.

105. Na situação considerada, é viável a prisão em flagrante do mantenedor do sítio, porquanto a sua conduta é classificada como crime permanente, uma vez ultrapassada a fase de notificação e não desativado o acesso.

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106. Para a configuração da conduta do criador das imagens em relação ao tipo penal descrito como produzir imagem pornográfica envolvendo adolescente, exige-se a prática de relação sexual entre o agente e o menor, não se demandando qualquer correção moral do adolescente.

107. À conduta do produtor das imagens não caberão, de regra, os benefícios penais da transação penal, da suspensão condicional do processo e da suspensão condicional da pena, em face de a pena cominada à conduta ser superior a quatro anos.

108. A natureza jurídica da notificação do mantenedor do sítio constitui condição de procedibilidade e a ação penal somente poderá ser intentada quando a notificação tiver sido efetivamente realizada e o serviço de acesso não tiver sido desabilitado.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] Nos termos do ECA, julgue os itens a seguir.

109. O ator que, em representação televisiva, contracena com criança ou adolescente em cena vexatória pratica crime.

110. A conduta de divulgar pela Internet fotografias ou imagens com pornografia infantil é crime material, ou seja, de resultado.

111. No crime de submeter criança à exploração sexual, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de funcionamento do estabelecimento em que ocorreu o fato.

112. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que é proibida a venda à criança ou ao adolescente de armas, munições e explosivos; de bebidas alcoólicas; de fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; de bilhetes lotéricos e equivalentes e; de produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, salvo se tal efeito resultar de utilização indevida.

113. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] É atípica a conduta de fornecer fogos de estampido ou de artifício que, pelo reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida.

114. [IAUPE – EDUCADOR SOCIAL- PREF. OLINDA/PE – 2008] O educador que trabalha com crianças e adolescentes deve estar informado sobre os produtos e os serviços que não devem ser oferecidos a essa população. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, é proibida a venda à criança e aos adolescentes, dentro outros, de guloseimas que prejudiquem seu desenvolvimento físico e intelectual, de vestimentas inadequadas que agridem e atentam ao seu pudor e de bebidas alcoólicas e produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica.

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115. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2004] Rodrigo compareceu ao Aeroporto Internacional de Belém com seu filho Gustavo, de 8 anos de idade, para juntos embarcarem em um vôo com destino à Venezuela, onde deveriam se encontrar com a mãe da criança, que havia viajado uma semana antes e deixado com Rodrigo uma autorização por escrito, sem firma reconhecida, para que ele levasse Gustavo à capital venezuelana. Nessa situação, o embarque de Gustavo deve ser autorizado porque, estando ele acompanhado de seu pai, o reconhecimento de firma na autorização é uma formalidade dispensável.

Questão 105: Vamos analisar o fato: uma pessoa produziu imagens eróticas de uma adolescente em um cenário previamente montado e as divulgou por meio de sistema de informática em sítio da Internet. De acordo com o que acabamos de estudar, existe um grupo de crimes previstos pelo ECA que tem relação direta com a pedofilia e, analisando a situação hipotética da questão, percebemos que dois desses crimes foram cometidos por essa pessoa: o crime de PRODUÇÃO de pornografia infantil (produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente) e o crime de DIVULGAÇÃO de pornografia infantil (oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente).

Até aí tudo bem, mas acontece que ao divulgar essa imagem, não é só o carinha que responderá por pelo crime de divulgação não!! O ECA também estabelece que o responsável legal pela prestação do serviço (o mantenedor do sítio na Internet) incorrerá NAS MESMAS PENAS do crime de DIVULGAÇÃO se depois de oficialmente notificado, deixar de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito tratado nesse crime. Vimos no enunciado da questão que o mantenedor do sítio foi notificado pelo juiz da infância e da juventude do conteúdo ilícito do material e, de imediato, desabilitou o acesso às imagens. Se assim não tivesse feito, praticaria sim esse crime, seria esse considerado de fato um crime permanente e tal conduta viabilizaria de imediato a sua prisão em flagrante. É o que argumenta corretamente a assertiva da questão.

Gabarito: CERTO

Questão 106: Essa assertiva tem a clara intenção de “pegar” aquele aluno menos preparado. E esse não é esse o seu caso, eu seu disso!! Ao estudar o crime de produção de pornografia infantil, vimos que é um crime tão grave que, o simples ato de fotografar criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica, já o caracteriza. Não há necessidade alguma de que haja a relação sexual para que o crime seja consumado. E ainda mais: também incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente em cenas de sexo explícito ou pornográfica, ou ainda quem com esses contracenam!!

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Gabarito: ERRADO

Questão 107: Na preparação para a sua prova, ao ver o Direito Penal, certamente você já estudou ou estudará sobre a Lei 9.099/95, a Lei dos Juizados Especiais Criminais. O maior objetivo dessa lei foi pautar os processos contra crimes de menor potencial ofensivo pelos critérios da oralidade, informalidade, economia processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. Para tanto, ela traz algumas vantagens (ou benefícios) para quem reponde por esses crimes. Dentre outras, temos a transação penal e a suspensão condicional do processo ou da pena.

Nos crimes considerados de menor potencial ofensivo (crimes cuja pena máxima não exceda a 02 anos), pode o Ministério Público negociar com o acusado sua pena. Chamamos isso de transação penal, ou seja, é um “bem bolado” entre a acusação e a defesa pra evitar que o processo corra, poupando o réu (e o Estado também) de todas as cargas consequentes (sociais, psicológicas, financeiras etc.). As propostas podem abranger só duas espécies de pena: multa e restritiva de direitos. A primeira é obviamente pecuniária, a segunda pode ser prestação de serviços à comunidade, impedimento de comparecer a certos lugares, proibição de gozo do fim de semana etc., depende da criatividade dos promotores (que atualmente só conhecem o pagamento de cesta básica). A aceitação da proposta não pode ser considerada reconhecimento de culpa ou de responsabilidade civil sobre o fato, não pode ser utilizada para fins de reincidência e não consta de fichas de antecedente criminal.

Outro benefício trazido por essa lei é a suspensão condicional do processoque é uma forma de solução alternativa para problemas penais. Busca evitar o início do processo em crimes cuja pena mínima não ultrapasse 1 ano (pena ≤1 ano) quando o acusado não for reincidente em crime doloso e não esteja sendo processado por outro crime.

Por último, temos a suspensão condicional da pena, instituto regulamentado pela Lei de Execuções Penais (art. 156) e que consiste num benefício concedido ao acusado onde este não terá sua liberdade tolhida em razão de ter praticado determinado delito cuja cominação da pena não SEJA SUPERIOR A 2 (DOIS) ANOS, atendidos, ainda, os requisitos da Lei e demais condições impostas pelo juiz.

Agora te pergunto: qual a pena para o crime de produção de pornografia infantil, crime esse praticado pelo agente de nossa questão? Reclusão de 04 A 08 anos e multa!! Ora, se a pena mínima já é maior que 02 anos, esse crime jamais será de menor potencial ofensivo e, sim, de MAIOR potencial. Por esse motivo, o criminoso não gozará dos benefícios penais suscitados na questão: transação penal, suspensão condicional do processo e suspensão condicional de pena.

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Gabarito: CERTO

Questão 108: De fato, a notificação do mantenedor do sítio tem natureza apenas processual, pois não significa que, ao ser autuado, necessariamente ele estará respondendo a uma ação penal. Ao ser notificado, o mantenedor deve suspender de imediato o acesso às imagens ilícitas. Agora, caso não o faça, aí sim, responderá a ação criminal e incorrerá, se condenado, às mesmas penas de quem produziu as imagens.

Gabarito: CERTO

Questão 109: Cena vexatória é a que humilha, molesta, atormenta ou causa vergonha. O ator que contracena com criança ou adolescente em cena vexatória será sim enquadrado na prática do crime de PRODUÇÃO de pornografia infantil, abaixo transcrito:

Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 04 a 08 anos + multa.

O ECA estabelece que incorra nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente em cenas de sexo explícito ou pornográfica, ou ainda quem com esses contracena. Uma observação importante:

Para a doutrina, o conceito de cena vexatória (expor a vexame) engloba também a molestação e pode ser considerado sim crime de pedofilia o fato de um autor contracenar com criança em cena desse tipo. É claro que cada caso concreto deve ser analisado. Se pesquisar decisões de tribunais, você constatará isso.

De qualquer forma, cabe destacar que essa questão foi elaborada antes da sanção da Lei n. 11.829/08. Essa Lei modificou a redação do art. 240 do ECA retirando a palavra "vexatória". Muito provavelmente, por ter sido a questão baseada na redação anterior, o gabarito foi dado como certo. Mesmo assim não podemos, nos dias atuais, dizer que a questão está de todo errad!! O fato da palavra ter saído da redação do artigo, como lhe disse, não retira o fato da doutrina, a depender do caso concreto, considerar tal cena vexatória como prática de pedofilia. Bom, e aí vem a pergunta: e para a prova do dia 06/05, o que fazer? Tenha certeza que a banca usará, para eventual questão em sua prova, a redação atual do referido art. 240 e, certamente, não deverá utilizar o termo novamente tal qual foi usado nessa questão.

Gabarito: CERTO

Questão 110: Para a caracterização desse crime – divulgação de pornografia infantil -, não se exige dano individual efetivo, bastando o dano potencial.

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Significa não se exigir que, em face da publicação, haja dano real à imagem, respeito à dignidade etc. de alguma criança ou adolescente, individualmente lesados. O tipo penal se contenta com o dano à imagem abstratamente considerada. Não há que se falar, portanto, em crime material.

Gabarito: ERRADO

Questão 111: Submeter a criança à exploração sexual é o famoso crime de prostituição infantil. O ECA, em seu art. 244-A, §§ 1º e 2º, estabelece que incorre nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas de prostituição ou exploração sexual. Versa também que a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento constitui efeito obrigatório da condenação.

Gabarito: CERTO

Questão 112: O ECA, em seu art. 81, determina que é proibida a venda à criança ou ao adolescente de:

armas, munições e explosivos;

bebidas alcoólicas;

produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida;

fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;

revistas e publicações a que alude o art. 78;

bilhetes lotéricos e equivalentes.

A questão está correta, portanto, quando afirma a proibição de venda desses produtos à criança ou ao adolescente. Agora, preste bastante atenção na pegadinha da banca: é crime vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que por utilização indevida. Perceba que a questão usa a palavra “salvo” no intuito de insinuar que a proibição não é válida se o efeito desses componentes resultar de utilização indevida. Muito pelo contrário!!

Gabarito: ERRADO

Questão 113: Beleza!! Foi o que acabamos de ver: o ECA traz a proibição venda à criança ou ao adolescente de fogos de estampido e de artifício, mas a proibição não é absoluta, pois excetua da regra aqueles fogos que pelo seu

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reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida.

Gabarito: CERTO

Questão 114: Questão bem parecida com a anterior, mas cheia de invenções trazidas pelo imaginário da banca!! É bem verdade, já vimos, que há no ECA (art. 81) a proibição da venda à criança e ao adolescente de bebidas alcoólicas e produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica. No entanto, o Estatuto nada fala a respeito de proibição de venda de guloseimas que prejudiquem seu desenvolvimento físico e intelectual e nem de vestimentas inadequadas que agridem e atentam ao seu pudor.

Gabarito: ERRADO

Questão 115: Olhando para o caso hipotético de nossa questão, temos que Rodrigo está viajando para o exterior (Venezuela) levando consigo seu filho. Conforme estudamos, se ele está viajando sozinho com seu filho, precisaria de uma autorização expressa da mãe para tanto. De fato, a mãe fez a referida autorização, porém não reconheceu firma. Com isso, sua autorização não tem validade alguma à luz do que estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim, Rodrigo não poderá embarcar com o seu filho. Se assim o fizer praticará o crime previsto no art. 239 do ECA e estará sujeito às penas de reclusão de 04 a 06 anos e multa. A questão afirma equivocadamente que no caso do transporte de Gustavo é dispensável o reconhecimento de firma.

Gabarito: ERRADO

VI – AS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Caro aluno, estamos enfim terminando!! Ao introduzir sobre crimes, pontuamos que o ECA trata algumas condutas atentatórias aos direitos de crianças e adolescentes como crime e outras como infrações administrativas (arts. 245 a 258-B).

Pois bem, embora não cheguem a ser caracterizadas como crimes, no entender do legislador estatutário, certas condutas que acarretam a violação de direitos infanto-juvenis devem ser alvo da repressão estatal, através do processo e julgamento perante a Justiça da Infância e da Juventude.

Ao estudar, sobre o Juizado da Infância e da Juventude, vimos que uma de suas principais competências é exatamente a de aplicar penalidades

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administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou adolescentes (cf. art. 148, inciso VI, do ECA).

O mais curioso sobre as infrações administrativas previstas no ECA é que algumas delas trazem as sanções expressas em “salários-de-referência”, que há muito não mais existem. No caso das infrações administrativas, não se fala em penas privativa de liberdade (detenção ou reclusão). Embora tais salários-de-referência ainda estejam na letra da lei, as multas ainda podem sim ser aplicadas, agora em reais, usando os parâmetros mínimo e máximo fixados pela lei, tomando por base o último salário-de-referência, devidamente corrigido (embora já se tenha admitido fixar a pena em salários mínimos).

O art. 145 c/c art. 264 do ECA estabelece que o produto da arrecadação dessas multas é revertido ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Importante também mencionar que as multas administrativas, cominadas a estas infrações, não se confundem com as multas penais, tendo um prazo prescricional também diferenciado: 05 (cinco) anos, vez que são consideradas “receitas não tributárias”, consoante disposto no Código Tributário Nacional.

Para a sua prova, você não precisará se preocupar em memorizar ou saber quando caberá ou não a aplicação desse tipo de pena, pois nenhuma prova elaborada até hoje ousou cobrar do aluno tal conhecimento. Você há de concordar comigo que, para o elaborador, há muitos assuntos bem mais interessantes e inteligentes que possam suscitar questões do que o conhecimento das multas de infrações administrativas.

Nossa preocupação aqui não será com os valores de multa e sim em explicar as infrações administrativas mais relevantes.

E quais são então essas infrações administrativas? Vamos conhecê-las!!

Maus-tratos

Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

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Já estudamos que no âmbito do ensino fundamental, os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental devem comunicar ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos. E não só os dirigentes de escola!! Os professores ou responsáveis por estabelecimento de atenção à saúde, pré-escola ou creche.

O estatuto determina, em seu art. 13, que os casos de suspeitas ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente devem ser OBRIGATORIAMENTE comunicados ai Conselho Tutelar da respectiva localidade. Quem assim não o fizer, incorrerá na prática de infração acima descrita.

Diretos do adolescente em regime de internação

Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Aos estudarmos sobre a internação de adolescente infrator, vimos que o Estatuto elencou um rol de direitos aos adolescentes internados, ou seja, os privados de liberdade. Dentre eles quero destacar aqueles a que se refere a infração administrativa acima citada. O responsável ou funcionário da entidade de atendimento que desrespeitá-los responderá por essa infração. São eles os seguinte direitos:

Peticionar diretamente a qualquer autoridade;

Avistar-se reservadamente com seu defensor;

Receber visitas, ao menos, semanalmente;

Corresponder-se com seus familiares e amigos e;

Receber escolarização e profissionalização.

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Sigilo nos processos

Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato infracional:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

O Estatuto veda expressamente a divulgação de ATOS JUDICIAIS, POLICIAIS e ADMINISTRATIVOS que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. E se houver algum tipo de divulgação ou notícia a respeito do fato, estabelece ainda que não poderá haver a identificação da criança ou do adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.

É, inclusive, irrelevante determinar se houve ou não dolo, bastando a simples constatação da divulgação indevida, sem autorização judicial, para caracterizar a infração respectiva. A criança e o adolescente têm direito ao resguardo da imagem e intimidade e, por isso, é vedado, por isso, aos órgãos de comunicação social narrar fatos, denominados infracionais, de modo a identificá-los.

IMPORTANTE

INCORRE NA MESMA PENA quem exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.

Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista acima, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação.

Caro aluno, muita atenção: esta última regra sofreu recente mudança através da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN nº 862-DF)!!

Antes dessa ADIN, a parte final dessa regra tinha a seguinte redação:

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“...e a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como a publicação do periódico até por dois números”.

Pois bem, essa frase foi declarada INCONSTITUCIONAL e hoje não mais tem efeitos jurídicos. Subsiste, portanto, para o órgão de imprensa ou emissora de rádio ou televisão, que exibe, total ou parcialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional a possibilidade de aplicação tanto da multa administrativa quanto da pena acessória da apreensão da publicação em que houve a divulgação indevida.

Poder Familiar, Guarda e Tutela

Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de regularizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos pais ou responsável:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o dobro em caso de reincidência, independentemente das despesas de retorno do adolescente, se for o caso.

O presente dispositivo é muito criticado por, de um lado, desvirtuar o instituto da guarda e comprometer o regular exercício do direito à convivência familiar (que deve ocorrer preferencialmente no seio da família de origem da criança ou adolescente) e, de outro, dar uma aparente “legitimidade” a uma das formas mais “tradicionais” de exploração do trabalho juvenil.

O guardião, por razões óbvias e dada amplitude de seus deveres para com o guardado, não deve se confundir com a figura de seu empregador, sendo desnecessário dizer, a propósito que, na pior das hipóteses, para prestação de serviços domésticos o adolescente teria de contar, no mínimo, com 16 (dezesseis) anos de idade e ter obrigatoriamente registrada sua CTPS, com a garantia de todos os direitos trabalhistas e previdenciários, na forma da lei e da Constituição Federal.

Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

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Sobre essa infração, sugiro que você dê uma olhadinha também nos arts. 244, 246 e 247 do Código Penal, que definem os crimes de abandono material, abandono intelectual e abandono moral (respectivamente).

A responsabilidade dos pais, nos termos dessa infração, pode decorrer, inclusive, da constatação da prática de condutas ilícitas de seus filhos, que traduziriam o descumprimento do dever de educação no mais amplo sentido da palavra, que àqueles incumbe.

Interessante observar a equiparação, em termos de importância, do Conselho Tutelar em relação à autoridade judiciária. Haverá incidência da infração administrativa em questão tanto quando do descumprimento, por parte dos pais ou responsável por criança ou adolescente, das medidas aplicadas pelo Conselho Tutelar, quando do descumprimento, por parte das autoridades competentes, das requisições efetuadas pelo órgão, no regular exercício de suas atribuições.

Vale mencionar que semelhante disposição visa dar coercibilidade às determinações e requisições do Conselho Tutelar, de modo a assegurar que os casos de ameaça ou violação dos direitos infanto-juvenis por ele atendidos sejam rapidamente solucionados, sem que, para tanto, tenha de ser acionada a autoridade judiciária.

Importante também não perder o crime que já estudamos de “impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei”, o que reforça a idéia de que o Conselho Tutelar possui o status de autoridade pública, dotada de poderes equiparados aos da autoridade judiciária e Ministério Público, para fins de defesa dos direitos infanto-juvenis.

Hospedagem indevida de menores

Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere:

Pena – multa.

Tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas podem ser sujeitos passivos desta infração administrativa, que restará caracterizada ainda que o

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acesso irregular no estabelecimento seja permitido por negligência do responsável pelo estabelecimento ou seus prepostos.

No caso das pessoas jurídicas, temos ainda que, em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária poderá determinar O FECHAMENTO DO ESTABELECIMENTO POR ATÉ 15 DIAS. E ainda tem mais: se comprovado que o estabelecimento reincidiu em período inferior a 30 dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença cassada.

O legislador demonstrou, com isso, ter colocado a pessoa jurídica no pólo passivo da infração administrativa, ao prever como pena acessória à multa, no caso de reincidência na prática de infração, o "fechamento do estabelecimento". É fundamental que os estabelecimentos negligentes - que fazem pouco caso das leis que amparam o menor - também sejam responsabilizados, sem prejuízo da responsabilização direta das pessoas físicas envolvidas em cada caso, com o intuito de dar efetividade à norma de proteção integral à criança e ao adolescente.

Transporte indevido de menores

Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, sem observar as exigências constantes nos arts. 83, 84 e 85 do ECA (vide artigos):

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Importante aqui observar que não se exige o fim de lucro e/ou qualquer qualidade especial do agente. Qualquer pessoa, física ou jurídica, que efetuar o transporte irregular da criança ou adolescente, estará, em tese, sujeito às sanções contidas no dispositivo.

Exibição de espetáculos, filmes, rádio e televisão impróprios

Para esse grupo de infrações administrativas vou fazer um bate-pronto mencionando as condutas estabelecidas pelo Estatuto e que devem ser respeitadas e, para cada uma delas, mencionarei a infração correspondente para quem as descumpre, ok?

O ECA versa que O PODER PÚBLICO, ATRAVÉS DO ÓRGÃO COMPETENTE, regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza

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deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada.

Determina também que os responsáveis pelas diversões e espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação.

A desobediência a essa determinação legal incorrerá no cometimento da infração a seguir:

Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa etária e as crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.

Assim:

Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não se recomendem:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), duplicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.

As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto-juvenil, programas com finalidadeseducativas, artísticas, culturais e informativas e nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição.

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Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação:

Pena - multa de (vinte a cem salários de referência); duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão da programação da emissora por até dois dias.

Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:

Pena - multa de (vinte a cem salários de referência); na reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. Tais fitas deverão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.

Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência); em caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Revistas e publicações

As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes devem ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo. As editoras devem cuidar para que as capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca.

As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de

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BEBIDAS ALCOÓLICAS, TABACO, ARMAS e MUNIÇÕES, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Para quem descumprir essas obrigações responderá por infração administrativa e terá como pena multa de (três a vinte salários de referência), duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista ou publicação.

Gestantes e a Adoção

Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção:

Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais). (ESSA PENA É BEM RECENTE!!)

Incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a supracitada comunicação.

O objetivo da norma é evitar que profissionais de saúde e/ou encarregados de programas de atendimento a crianças, adolescentes e famílias promovam a “intermediação” de adoções irregulares. Demonstra a preocupação do legislador em assegurar que as adoções sejam sempre realizadas em estrita observância das regras e parâmetros estabelecidos em lei, na perspectiva de abolir, em definitivo, as práticas ilegais e abusivas tradicionalmente verificadas.

Pensou que as questões tinham acabado? Vamos fechar a contas e terminar essa aula com as seguintes:

116. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Constitui crime vender ou locar a criança ou a adolescente programação em vídeo em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente.

117. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Não constitui crime, mas mera infração administrativa, divulgar pela televisão, sem autorização devida, o nome de criança envolvida em procedimento policial pela suposta prática de ato infracional.

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118. [CESPE – ANALISTA JUDIC. COMIS. INFANCIA E JUVENT. – TJ/ES – 2011] O valor das multas aplicadas em face de crimes e infrações administrativas cometidas pelos órgãos auxiliares será revertido ao fundo gerido pelo conselho dos direitos da criança e do adolescente do estado no qual esteja localizado o órgão autuado.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT – 2005] A adolescente Kátia, com dezessete anos de idade, submetida ao poder familiar de seus pais, está sendo judicialmente processada por prática de ato infracional. Considerando essa situação hipotética, julgue os itens a seguir.

119. É permitido à imprensa noticiar o fato pelo qual Kátia está sendo processada, desde que não se divulgue a imagem de Kátia e que ela seja identificada apenas pelas iniciais de seu nome.

120. Se, antes do oferecimento da representação, o promotor de justiça competente houvesse concedido remissão a Kátia, essa remissão seria válida independentemente de homologação judicial, pois ainda não havia sido iniciado o processo judicial de apuração do ato infracional.

Questão 116: A questão erra ao afirmar que constitui crime vender ou locar à criança ou ao adolescente programação em vídeo em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. Não é crime e, sim, infração administrativa prevista no art. 256 do ECA.

Gabarito: ERRADO

Questão 117: Foi o que você acabou de constatar ao estudar as infrações administrativas previstas no ECA!! Divulgar pela televisão, sem autorização devida, o nome de criança envolvida em procedimento policial pela suposta prática de ato infracional é uma conduta considerada pelo ECA como uma infração administrativa e não um crime.

Gabarito: CERTO

Questão 118: Saiba, caro aluno, que as multas aplicadas em decorrência de crimes e infrações administrativas, só serão exigíveis do réu após o trânsito em julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento. Em seu art. 214, o ECA estabelece também que os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município e não do Estado como afirma a assertiva.

Gabarito: ERRADO

Questão 119: O Estatuto veda expressamente a divulgação de ATOS JUDICIAIS, POLICIAIS e ADMINISTRATIVOS que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. E se houver algum tipo de divulgação ou notícia a respeito do fato, estabelece ainda que não

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poderá haver a identificação da criança ou do adolescente, vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. É, inclusive, irrelevante determinar se houve ou não dolo, bastando a simples constatação da divulgação indevida, sem autorização judicial, para caracterizar a infração respectiva. A criança e o adolescente têm direito ao resguardo da imagem e intimidade e, por isso, é vedado, por isso, aos órgãos de comunicação social narrar fatos, denominados infracionais, de modo a identificá-los.

Gabarito: ERRADO

Questão 120: O representante do Ministério Público poderá decidir pelo arquivamento ou pela concessão de remissão ao adolescente acusado de ter cometido ato infracional. Vimos que em ambas as decisões, esse representante deve enviar os autos conclusos à autoridade judiciária que decidirá ou não pela homologação. Cabe à autoridade judiciária a aferição da legalidade e da adequação do arquivamento ou da remissão concedida pelo representante do Ministério Público, devendo homologar o arquivamento ou a remissãoexatamente como constam do seu respectivo termo. Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medida (art. 181, § 1º). A questão afirma que a remissão seria válida independente da homologação, o que é um erro!!

Gabarito: ERRADO

Quer um palpite?? Arrisco dizer que as questões de sua prova terão certamente “inspiração” em uma dessas todas que resolvemos nessa aula!! E principalmente da questão 21 em diante!!

Fica o registro para a posteridade...

*****

Ufa!! Finalizamos mais um passo de sua caminhada para a grande vitória!! Sei que a aula foi extensa, mas para o estudo completo do ECA não tinha outro jeito... O que importa é que a grande quantidade de questões CESPE lhe deixará bastante “alimentado” e “protegido” para a sua prova.

Não deixe de prestigiar o fórum de seu curso com suas dúvidas e questionamentos. Já disse e repito: estarei sempre por lá à sua disposição!! Conte comigo!! Sempre que puder, cheque também o quadro de avisos de seu curso!!

Até a próxima aula!!

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QUESTÕES DE SUA AULA

01. [FCC – AGENTE PENITENCIÁRIO- SJDH/BA – 2010] O Estatuto da Criança e do Adolescente aplica-se, apenas, a pessoas entre 12 e 18 anos.

02. [CEC – EDUCADOR SOCIAL I – PREF. PALMEIRA/SC – 2012] O ECA estabelece que é dever exclusivo do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária das crianças e adolescentes.

03. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Na colocação da criança ou do adolescente em família substituta, somente este, cuja opinião deve ser devidamente considerada, deve ser previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado o seu grau de compreensão sobre as implicações dessa medida.

04. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A criança ou o adolescente devem ser ouvidos por equipe interprofissional, respeitados seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão, antes da colocação em família substituta.

05. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou ao adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais, além de conferir à criança ou ao adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários.

06. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Salvo expressa e fundamentada determinação judicial em contrário, ou se a medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede que os pais exerçam o seu direito de visita nem que cumpram o dever de lhe prestar alimentos.

07. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A tutela é uma medida precária, deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até dezoito anos de idade completos.

08. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O deferimento da tutela do menor a pessoa maior de dezoito anos incompletos pressupõe prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e não implica dever de guarda, o que só se efetiva após os dezoito anos completos.

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09. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A adoção, medida excepcional e irrevogável, concedida apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa, pode ser realizada mediante procuração.

10. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA MILITAR/ES – 2009] O direito de saber a verdade sobre sua paternidade é decorrência jurídica do direito à filiação, que visa assegurar à criança e ao adolescente a dignidade e o direito à convivência familiar.

11. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, não podendo tal estágio ser dispensado.

12. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O conselho tutelar constitui órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

13. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Em cada estado, deve haver, no mínimo, um conselho tutelar, composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local para mandato de cinco anos, permitida uma reeleição.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Com relação à competência da justiça da infância e da juventude, julgue os itens a seguir.

14. A competência da justiça é determinada pelo lugar onde se encontre a criança ou o adolescente, independentemente de serem conhecidos o domicílio e a identidade dos pais ou responsável.

15. No caso de ato infracional, são competentes para o processo e o julgamento da ação tanto a autoridade do lugar em que o ato foi praticado quanto a do lugar onde se produziu ou deveria ter-se produzido o resultado.

16. Nas hipóteses de aplicação das medidas de proteção a criança ou adolescente, a justiça da infância e da juventude é competente para conhecer de ações de alimentos.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Acerca dos direitos fundamentais inerentes à criança e ao adolescente, julgue os itens a seguir.

17. Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e à mãe no pré e no pós-natal, desde que a mãe não manifeste interesse em entregar seus filhos para adoção.

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18. Não há previsão legal de atendimento preferencial da parturiente, no SUS, pelo médico que a tenha acompanhado no período pré-natal.

19. [CONSULPLAN – EDUCADOR SOCIAL- PREF. PAULO AFONSO/BA – 2008] Conforme determina o Estatuto, os dirigentes de escolas públicas e privadas de Ensino Fundamental deverão comunicar ao Conselho Tutelar, dentre outros, os casos de maus tratos envolvendo seus alunos, de reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar.

20. [FGV – TÉCNICO JUDIC. SEGURANÇA – TRE/PA – 2010] Com relação à proteção reservada ao menor em nosso ordenamento jurídico, está de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente o desenvolvimento de capacitação profissional, assegurado ao menor de 12 anos o trabalho como ajudante.

21. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2006] Nos termos do que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se ato infracional a conduta praticada por criança ou adolescente que esteja descrita como crime na legislação penal, não abrangendo a legislação em referência as contravenções penais.

22. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Ato infracional é a ação tipificada como contrária a lei que tenha sido efetuada pela criança ou adolescente. São inimputáveis todos os maiores de 18 anos e não poderão ser condenados a penas.

23. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece medidas de proteção à criança e ao adolescente, dentre as quais estão o acolhimento institucional, a colocação em família substituta e a matrícula e frequência facultativas em estabelecimento de ensino livre.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] No que se refere às medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes, julgue os itens a seguir.

24. As medidas de proteção são aplicadas às crianças; as socioeducativas, aos adolescentes.

25. As medidas de proteção poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, mas não podem ser substituídas a qualquer tempo.

26. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará por mais de cinco anos, salvo comprovada necessidade, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

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27. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] A criança acusada de um crime deverá ser conduzida imediatamente à presença de um delegado.

28. [CONSULPLAN – ADVOGADO – AVAPE/SP – 2009] Prescreve o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente, dentre outras, as medidas de colocação em família substituta, de advertência, de prestação de serviços à comunidade e de liberdade assistida.

29. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. SÃO JOSE PINHAIS/PR – 2011] De acordo com o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente, dentre outras, as medidas de obrigação de reparar o dano, a internação em estabelecimento não educacional e a prestação de serviços à comunidade somente se autorizado pelos pais.

30. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Se uma criança e ou adolescente efetivamente praticou ato infracional será aplicada medida específica de punição, conforme estabelece o art. 101 do ECA, tais como reclusão, frequência obrigatória em ensino fundamental, entre outras medidas.

31. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN – 2008] Em se tratando de menor inimputável, inexiste pretensão punitiva estatal propriamente, mas apenas pretensão educativa, que é dever não só do Estado, mas da família, da comunidade e da sociedade em geral, conforme disposto expressamente na legislação de regência e na CF.

32. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN – 2008] O instituto da prescrição não é compatível com a natureza não-penal das medidas socioeducativas.

33. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere que determinado crime foi praticado por um adolescente, em detrimento de bens e serviços da União. Nesse caso, tratando-se de menor de 18 anos de idade, inimputável, caberá conhecer do ato infracional o juiz da infância e da juventude, ou o juiz que exercer essa função, na esfera estadual.

34. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008 – ADAPT.] Compete exclusivamente à autoridade judiciária e ao membro do MP a aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente pela prática de ato infracional.

35. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] As medidas socioeducativas só devem ser aplicadas em face da existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão.

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36. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A medida de advertência poderá ser aplicada à criança ou ao adolescente sempre que houver prova da autoria e da materialidade da infração.

37. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Tratando-se de medida de obrigação de reparar o dano, o magistrado deve determinar a restituição da coisa ao seu verdadeiro proprietário, ainda que o ato infracional tenha sido praticado por criança.

38. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Verificada a prática de ato infracional por adolescente, a autoridade competente poderá exigir do menor infrator a obrigação de reparar o dano por meio de trabalho necessário prestado a instituição mantida pelo setor público.

39. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não excedente a quarenta e cinco dias, em entidades assistenciais, hospitais, escolas e estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.

40. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] A prestação de serviços à comunidade consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não inferior a seis meses.

41. [CESPE – ANALISTA MINISTERIAL – PROCESSO – MPE/PI – 2012] A prestação de serviços comunitários como medida socioeducativa consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, não podendo exceder, em nenhuma hipótese, a seis meses.

42. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A medida de semiliberdade pode ser aplicada desde o início, quando, pelo estudo técnico, se verificar que é adequada e suficiente do ponto de vista pedagógico. A possibilidade de atividades externas é inerente a essa espécie de medida e depende de autorização judicial.

43. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O regime de semiliberdade pode ser determinado, desde o início, pelo prazo de seis meses, como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades externas, independentemente de autorização judicial.

44. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A medida de liberdade assistida deve ser fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvidos o orientador, o MP e o DP.

45. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A aplicação da medida de liberdade assistida, uma das mais rigorosas, prevê a manutenção do adolescente em entidades de atendimento.

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46. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, presumindo-se que poderá ser fixada pelo tempo que o juiz da infância e da juventude considerar necessário.

47. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA MILITAR/ES – 2009] Qualquer medida privativa de liberdade imposta a adolescentes deve ter como pressuposto a brevidade e excepcionalidade da medida.

48. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008] A medida de internação pode ser aplicada em caso de prática de ato infracional cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa ou em caso de ato infracional semelhante a crime hediondo.

49. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A medida de internação não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a cada três anos.

50. [CONSULPLAN – ADVOGADO – AVAPE/SP – 2009] Sobre a internação (medida privativa da liberdade prevista no ECA, sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento), é INCORRETO afirmar que tal medida não excederá o período de três anos e que será aplicada exclusivamente quando se tratar de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Considerando o que dispõe o ECA a respeito da medida de internação, julgue os itens a seguir.

51. A desinternação deve ser precedida de autorização judicial, ouvidos o MP e o DP.

52. A medida de internação restringe-se aos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa.

53. A internação deve ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, no mesmo local destinado ao abrigo, atendida rigorosa separação por critérios de idades, compleição física e gravidade da infração.

54. Durante a internação, medida excepcional, não é permitida a realização de atividades externas, salvo expressa determinação judicial em contrário.

55. A internação não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a sua manutenção, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.

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[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] No que se refere às medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes, julgue os itens a seguir.

56. A aplicação do regime de semiliberdade deve ser reavaliada a cada seis meses e não comporta prazo máximo.

57. O acolhimento, seja institucional ou familiar, equipara-se à internação, visto que afasta o menor do seio familiar.

58. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.

59. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008] Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do Ministério Público pode conceder a remissão, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional. Essa remissão implica extinção do processo e reconhecimento da responsabilidade por parte do adolescente.

60. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Compete exclusivamente à autoridade judiciária conceder remissão ao adolescente pela prática de ato infracional equivalente aos crimes de furto e estelionato.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] Com relação à prática de ato infracional, julgue os itens a seguir.

61. A concessão de remissão não impede que se aplique qualquer medida socioeducativa.

62. Cabe ao MP conceder remissão em qualquer fase do procedimento para apuração de ato infracional.

63. [CESPE – ANALISTA MINISTERIAL – PROCESSO – MPE/PI – 2012] A remissão concedida pelo representante do MP como forma de exclusão do processo poderá ser determinada em qualquer fase do procedimento judicial, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.

64. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] O procedimento de apuração de ato infracional só é aplicável em se tratando de conduta praticada por adolescente (pessoa entre 12 e 18 anos de idade). Se o ato praticado for imputável a criança (pessoa de até 12 anos de idade), o caso deve ser apreciado pelo conselho tutelar na respectiva localidade.

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65. [CONSULPLAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PORTO VELHO/RO – 2012] A apreensão de adolescente e o local onde ele se encontra recolhido devem ser comunicados imediatamente à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

66. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/BA – 2005] Os atos infracionais compreendem crimes e contravenções penais, e, para a prova da idade do adolescente, o documento primordial é a certidão de nascimento, muito embora esta gere presunção apenas relativa (juris tantum) da idade, o que significa poder ser afastada, diante de prova idônea em contrário. Por outro lado, no caso de apreensão de adolescente já civilmente identificado, é juridicamente possível, a depender das circunstâncias, a identificação compulsória por parte da autoridade policial.

67. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Nenhum adolescente pode ser privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional, permitindo-se a sua prisão preventiva ou temporária desde que decretada por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

68. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Se for adolescente e em caso de flagrância de ato infracional, o jovem de 12 a 18 anos será levado até a autoridade policial mais próxima.

69. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] A responsabilidade penal de um adolescente de 17 anos de idade que comete um crime grave deve ser aferida em exame psicológico e psicotécnico, pois, restando demonstrado em laudo pericial que este tinha plena capacidade de entendimento à época do delito, deverá responder criminalmente, ficando à mercê dos dispositivos do Código Penal brasileiro.

70. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] É totalmente ilegal a apreensão do adolescente para "averiguação". A apreensão somente ocorrerá quando for em flagrância ou por ordem judicial e em ambos os casos esta apreensão será comunicada, de imediato, ao juiz competente, bem como à família do adolescente.

71. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] Considere que uma autoridade policial de determinado município, ao transitar em via pública, observou a presença de menores perambulando pela rua, tendo, de pronto, determinado aos seus agentes a apreensão de dois deles para fins de averiguação. Nessa situação, a atitude da autoridade policial está correta por se tratar de adolescentes em situação de risco.

72. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] Antes da sentença, a internação do adolescente infrator poderá ser determinada pelo juiz por prazo indeterminado.

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73. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN – 2008] A internação provisória do menor não pode extrapolar o prazo de 60 dias estabelecido pelo ECA.

74. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Em caso de flagrante da prática de ato infracional, o adolescente não é prontamente liberado pela autoridade policial, apesar do comparecimento dos pais, quando, pela gravidade do ato infracional e por sua repercussão social, o adolescente deve permanecer sob internação para manutenção da ordem pública.

[NCE/UFRJ – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/DF – 2005] De acordo com a Lei 8.069/90, julgue os itens a seguir.

75. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

76. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

77. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

78. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de internação imediata, em respeito à condição peculiar da pessoa em desenvolvimento.

79. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, devendo a decisão ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

80. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O prazo máximo da internação provisória do adolescente, para a aplicação de medida socioeducativa, é de até sessenta dias, constituindo a privação da liberdade verdadeira medida cautelar.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/TO – 2007] Com relação à representação para aplicação de medida socioeducativa pelo Ministério Público, em casos de prática de ato infracional, à luz do ECA, julgue os itens a seguir.

81. A representação depende de prova pré-constituída da autoria e materialidade, sob pena de ser rejeitada.

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82. O Ministério Público, caso entenda não ser o caso de oferecimento da representação para aplicação de medida socioeducativa, poderá promover o arquivamento dos autos ou conceder a remissão.

[CESPE – ANALISTA JUDIC. COMIS. INFANCIA E JUVENT. – TJ/ES – 2011] No que concerne aos procedimentos e ao papel do Ministério Público, conforme estabelecido no ECA, julgue os itens que se seguem.

83. Ao parquet compete, de forma exclusiva, promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes.

84. Em caso de infração, comparecendo um dos pais ou responsável, o adolescente deverá ser, em qualquer caso, prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, devendo a autoridade policial fundamentar sua decisão para não incidir nas penas elencadas no estatuto.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] Julgue os itens a seguir a respeito das medidas protetivas destinadas a crianças e adolescentes.

85. O MP tem competência para determinar o afastamento da criança do convívio familiar, devendo comunicar o fato ao juiz competente em até quarenta e oito horas.

86. Na área do direito da criança e do adolescente, a falta de intervenção do MP pode acarretar a nulidade do processo, desde que requerida pelo interessado e se devidamente comprovado prejuízo processual.

87. No que tange à promoção e ao acompanhamento dos procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescente, a competência do MP é exclusiva.

88. É facultativa a atuação do MP na área do direito da criança e do adolescente.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] Com relação à representação para aplicação de medida socioeducativa pelo Ministério Público, em casos de prática de ato infracional, à luz do ECA, julgue os itens a seguir.

89. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente, somente após a qual decidirá sobre a decretação ou manutenção da internação.

90. O prazo máximo para a conclusão do procedimento para apuração de ato infracional, estando o adolescente internado provisoriamente, será de 45 dias, prorrogável uma única vez por igual período.

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91. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] A internação pode ser cumprida em estabelecimento prisional comum, desde que o adolescente permaneça separado dos demais presos, se não existir na comarca entidade com as características definidas em lei para tal finalidade.

92. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Se o adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente, à audiência de apresentação, a autoridade judiciária deve decretar sua revelia e encaminhar os autos à defensoria pública para apresentação de resposta escrita.

93. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Durante o período de internação, é vedado à autoridade judiciária ou policial suspender temporariamente a visita dos pais do adolescente.

94. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] A medida de internação decretada por autoridade judiciária poderá excepcionalmente ser cumprida em estabelecimento prisional, quando não existir na comarca entidade exclusiva para adolescentes.

95. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A internação de adolescente infrator decretada ou mantida pelo juiz deve ser cumprida em estabelecimento prisional com condições adequadas para abrigar adolescentes.

96. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Não se computa, no prazo máximo de internação, o tempo de internação provisória.

97. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] Com relação ao procedimento dos atos infracionais, nos termos do ECA, é desnecessária a defesa técnica por advogado, desde que seja nomeado curador para o menor infrator, ainda que leigo.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Com referência ao procedimento para apuração de ato infracional cometido por adolescente, julgue os itens a seguir.

98. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, em qualquer caso, é de quarenta e cinco dias.

99. Justifica-se a representação quando o curador da infância e da juventude entender que o adolescente, pelo ato infracional praticado, deva cumprir uma das medidas socioeducativas elencadas no estatuto, já que, para a representação, é necessária prova préconstituída da autoria e da materialidade.

100. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional deve ser, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

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101. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O adolescente apreendido por força de ordem judicial ou em flagrante de ato infracional deve ser, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

102. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Em caso de apuração de ato infracional atribuído a adolescente, o prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.

103. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] Todos os crimes previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada.

104. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A maioria dos crimes definidos no ECA é de ação pública incondicionada.

[CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011] Determinado cidadão, penalmente responsável, valendo-se de uma adolescente de treze anos de idade, sexualmente corrompido, produziu imagens eróticas em cenário previamente montado, divulgando-as por meio de sistema de informática em sítio da Internet. O mantenedor do sítio, tão logo divulgadas as imagens, foi notificado pelo juiz da infância e da juventude do conteúdo ilícito do material e, de imediato, desabilitou o acesso às imagens.

Com referência à situação hipotética acima, julgue os itens a seguir à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente.

105. Na situação considerada, é viável a prisão em flagrante do mantenedor do sítio, porquanto a sua conduta é classificada como crime permanente, uma vez ultrapassada a fase de notificação e não desativado o acesso.

106. Para a configuração da conduta do criador das imagens em relação ao tipo penal descrito como produzir imagem pornográfica envolvendo adolescente, exige-se a prática de relação sexual entre o agente e o menor, não se demandando qualquer correção moral do adolescente.

107. À conduta do produtor das imagens não caberão, de regra, os benefícios penais da transação penal, da suspensão condicional do processo e da suspensão condicional da pena, em face de a pena cominada à conduta ser superior a quatro anos.

108. A natureza jurídica da notificação do mantenedor do sítio constitui condição de procedibilidade e a ação penal somente poderá ser intentada quando a notificação tiver sido efetivamente realizada e o serviço de acesso não tiver sido desabilitado.

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[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] Nos termos do ECA, julgue os itens a seguir.

109. O ator que, em representação televisiva, contracena com criança ou adolescente em cena vexatória pratica crime.

110. A conduta de divulgar pela Internet fotografias ou imagens com pornografia infantil é crime material, ou seja, de resultado.

111. No crime de submeter criança à exploração sexual, constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de funcionamento do estabelecimento em que ocorreu o fato.

112. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que é proibida a venda à criança ou ao adolescente de armas, munições e explosivos; de bebidas alcoólicas; de fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; de bilhetes lotéricos e equivalentes e; de produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica, salvo se tal efeito resultar de utilização indevida.

113. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] É atípica a conduta de fornecer fogos de estampido ou de artifício que, pelo reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida.

114. [IAUPE – EDUCADOR SOCIAL- PREF. OLINDA/PE – 2008] O educador que trabalha com crianças e adolescentes deve estar informado sobre os produtos e os serviços que não devem ser oferecidos a essa população. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, é proibida a venda à criança e aos adolescentes, dentro outros, de guloseimas que prejudiquem seu desenvolvimento físico e intelectual, de vestimentas inadequadas que agridem e atentam ao seu pudor e de bebidas alcoólicas e produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica.

115. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2004] Rodrigo compareceu ao Aeroporto Internacional de Belém com seu filho Gustavo, de 8 anos de idade, para juntos embarcarem em um vôo com destino à Venezuela, onde deveriam se encontrar com a mãe da criança, que havia viajado uma semana antes e deixado com Rodrigo uma autorização por escrito, sem firma reconhecida, para que ele levasse Gustavo à capital venezuelana. Nessa situação, o embarque de Gustavo deve ser autorizado porque, estando ele acompanhado de seu pai, o reconhecimento de firma na autorização é uma formalidade dispensável.

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116. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Constitui crime vender ou locar a criança ou a adolescente programação em vídeo em desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente.

117. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008] Não constitui crime, mas mera infração administrativa, divulgar pela televisão, sem autorização devida, o nome de criança envolvida em procedimento policial pela suposta prática de ato infracional.

118. [CESPE – ANALISTA JUDIC. COMIS. INFANCIA E JUVENT. – TJ/ES – 2011] O valor das multas aplicadas em face de crimes e infrações administrativas cometidas pelos órgãos auxiliares será revertido ao fundo gerido pelo conselho dos direitos da criança e do adolescente do estado no qual esteja localizado o órgão autuado.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT – 2005] A adolescente Kátia, com dezessete anos de idade, submetida ao poder familiar de seus pais, está sendo judicialmente processada por prática de ato infracional. Considerando essa situação hipotética, julgue os itens a seguir.

119. É permitido à imprensa noticiar o fato pelo qual Kátia está sendo processada, desde que não se divulgue a imagem de Kátia e que ela seja identificada apenas pelas iniciais de seu nome.

120. Se, antes do oferecimento da representação, o promotor de justiça competente houvesse concedido remissão a Kátia, essa remissão seria válida independentemente de homologação judicial, pois ainda não havia sido iniciado o processo judicial de apuração do ato infracional.

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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 E E E C C C E E E C

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 E C E E E C E E C E

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 E E E E E E E E E E

31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 C E C E E E E E E E

41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 C E E C E C C E E E

51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 E E E E C E E C E E

61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 E E E C C C E E E E

71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 C E E C C C C E C E

81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 E C C E E E C E E E

91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 E E E E E E E E E E

101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 E C C E C E C C C E

111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 C E C E E E C E E E