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AULA 03- QUESTÃO SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL NA FORMAÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA BRASILEIRA PROF. LUIZ ALBERTO GOMES Serviço Social - Legislação Social e Cidadania

Aula 03 - Questão Social e Serviço Social No Brasil

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03 Aula do curso de Serviço Social, disciplina Legislação Social e Cidadania.

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  • AULA 03-

    QUESTO SOCIAL E SERVIO SOCIAL NA

    FORMAO SCIO-HISTRICA

    BRASILEIRA

    PROF. LUIZ ALBERTO GOMES

    Servio Social - Legislao Social e Cidadania

  • Introduo

    Discusso central: Emergncia e Legitimidade da Questo Social no Brasil;

    Questo Social = resultado das lutas sociais histricas,provenientes dos antagonismos da sociedade e da economiacolonial-escravista;

    S houve publicizao da questo social, a partir das primeirasdcadas do sculo XX juntamente com:

    Capitalismo Moderno;

    Processo de industrializao e urbanizao da sociedade brasileira;

    Surgimento de novas classes, novo posicionamento antagnico nasrelaes de produo requalificam a Questo Social Implantao do Servio Social no Brasil;

  • Introduo

    Questo Social: Resulta das diversas crises econmicas prprias do capitalismo

    brasileiro, via de regra, gerando processos sociais conflitivosno campo e na cidade, desde o perodo escravista (IANNI,1991);

    Latente e Explcita centro das lutas sociais travadas nointerior da sociedade brasileira;

    Carter elitista das lutas, mas sempre buscando o apoio dasmassas:

    Lutas pela terra; Migraes internas; servido e extermnio doindgena, movimento negro, liberdade sindical, protestos sociaisdos trabalhadores emergentes da industrializao tardia, etc.

  • Introduo

    Questo Social: Traduz-se nas lutas sociais, partidrias ou sindicais que os

    seguimentos ou as classes sociais vem travando ao longo daformao socioeconmica capitalista do Brasil. (Autora);

    Estado, Igreja e Mercado retardam o reconhecimentoou legitimidade dessas lutas, visando garantir os interesses dosestamentos ou das classes dominantes;

    Manifestao da Questo Social no Brasil Colnia;

    Surgimento do Servio Social a partir da dcada de 1930;

    Transformaes das bases do Servio Social no Brasil;

    A Questo Social e o Servio Social na atualidade.

  • Razes Escravistas da Questo Socialno Brasil

    Brasil Colnia: Problemas sociais graves: Desemprego e Misria;

    Existncia de Vagabundos e Desenraizados utilizados comomo de obra servil e escrava, numa relao de explorao edominao de negros e ndios. (PRADO JR, 1970);

    O Estado e a sociedade s eram sentidos a partir de trabalhosde cristianizao da Companhia de Jesus e pela aplicao dalegislao pombalina; ambas em relao aos ndios, somente;

    Caractersticas da sociedade colonial:

    Estamental;

    Fechada;

    Escravos negros desenraizados eram maioria;

    Razes latentes da nossa Questo Social at hoje (PRADO JR.1970).

  • As Lutas Sociais na Monarquia e Repblica Velha

    Primeiras Manifestaes da Questo Social no Brasil: Embrio dos movimentos sociais, mesmo tendo origem elitista

    foram importantes por lutar contra a dominao imperial.(PRADO JR. 1969) (FERNANDES, 1975):

    Presses veladas e abafadas referidas ao mundo do trabalhoescravo que soavam como clamor de uma sociedade explorada,dominada e colonizada que, por sua vez, lutava paradescolonizar-se;

    Passagem pela Repblica de 1889:

    Avano no plano poltico e no plano das ideias no Brasil;

    Infelizmente, priorizou-se a modernizao administrativa,deixando a questo social em segundo plano ou como se entendiana poca: Questo social caso de polcia;

  • As Lutas Sociais na Monarquia e Repblica Velha

    Casos isolados como o de Rui Barbosa que se preocupou com aQuesto Social, mesmo sendo liberal individualista;

    Para Barbosa, ao Estado caberia uma justa medida paraminimizar os problemas sociais que afligiam a classe operriabrasileira, j presente na 1 Repblica;

    Causas que se tornaram objeto de legislao por parte de Barbosa:

    Construo da Casa Operria;

    Taxao da idade mnima e de salrios para menores;

    Higiene e segurana no trabalho;

    Reduo da jornada de trabalho para 8 horas;

    Proibio do trabalho noturno;

    Licena maternidade de 2 meses; e

    Acidentes de trabalho por causa das jornadas extensas;

  • As Lutas Sociais na Monarquia e Repblica Velha

    Sociedade civil na Repblica Velha:

    Profundos traos da formao colonial e imperial anteriores;

    Tentativa de branqueamento da sociedade atravs de imigrantesbrancos europeus;

    Composta por uma massa de miserveis marginalizados doprocesso poltico;

    Populao marginalizada + imigrantes europeus politizados construo da conscincia para si do nascente proletariadobrasileiro;

    Germe dos Movimentos Sociais Operrios no Brasil;

  • O Estado Novo e a Legitimidade da Questo Social

    Governo Vargas: Incrustado de questes herdadas do passado, mas que

    propunha trazer a modernidade para o pas:

    Revoluo industrial inglesa;

    Classe operria fabril;

    Trabalho nas fbricas;

    Das mquinas e equipamentos de produo e de novas formas deinvestimento econmico;

    Derrubada da base de sustentao da economia at ento =Lavoura Agrria;

    Modernidade tambm no plano das ideias.

    Mudanas permeadas de crises econmicas, polticas e sociais,diante de novos sujeitos e condies objetivas para fazer daQuesto Social o centro das preocupaes do Estado e daSociedade.

  • O Estado Novo e a Legitimidade da Questo Social

    Governo Vargas: Perodo em que o pensamento social bebeu de diferentes

    fontes:

    Do Nacionalismo autoritrio;

    Ao Marxismo revolucionrio;

    Transformao da Classe trabalhadora, antes servil, agora emclasse operria como protagonista principal do processo delegitimidade da questo social no Brasil;

    Esse o nico trao de similaridade com a realidade europeia, poisaqui:

    Sociedade com traos do trabalho escravo;

    Extermnio da populao indgena;

    Preconceito racial;

    Domnios estamentais/patrimonialistas + domnio autortrio-corporativo.

  • O Estado Novo e a Legitimidade da Questo Social

    Estado, Igreja e Mercado: Na estratgia de atender para enquadrar a luta dos

    trabalhadores e suas demandas, o Estado e a Igreja Catlicapassaram a implantar um conjunto de profisses na reasocial;

    Surge ento o Servio Social, que, nas suas protoformas,atuava de forma despolitizada com relao questo social;

  • O Servio Social e a Base Confessional-Conservadora da Questo Social

    Origem do Servio Social no Brasil:o Centralidade da Igreja e do Estado nas aes sociais;

    o Primeiras Escolas de SS foram So Paulo (1936) e Rio deJaneiro (1937);

    o Contexto do Estado Novo;

    o Surgimento e papel fundamental da classe operria na lutapor direitos trabalhistas e melhores condies de vida econtra a falta de proteo social;

    o O Estado ainda no reconhecia a Questo Social;

    o A Igreja Catlica s queria legitimar sua viso social;

    o Aplicao da Caridade e Filantropia, a partir da doutrinaliberal;

  • O Servio Social e a Base Confessional-Conservadora da Questo Social

    o Igreja Catlica abandonou a postura passiva e passou aintervir concretamente nos problemas sociais;

    o Papa Leo XIII Encclica Rerum Novarum (1891),reformulao da Doutrina Social da Igreja;

    o Papa Pio XI Encclica Quadragsimo Anno (1931); 40aniversrio da Encclica Rerum Novarum, fez um avaliaoda encclica anterior e aprofundou os assuntos;

    o As duas encclicas reconheciam a Questo Social e luta declasses entre operrios e patres, alm de colocar a Igrejacomo uma 3 Via entre o Capitalismo e o Socialismo;

    o Principalmente a segunda encclica foi muito utilizada pelaspioneiras do Servio Social para ampliar suas aes;

  • O Servio Social e a Base Confessional-Conservadora da Questo Social

    o At o fim do Imprio e incio da Repblica Velha (1891), aIgreja se encontrava totalmente imobilizada frente problemtica social;

    o A Igreja considerava a falta de f + cio = MISRIA Trabalho + Religio = cura dos males sociais;

    o Jos Paulo Netto (1992), considerou esse perodo demoralizao da questo social;

    o Ps-1930 Igreja Catlica enfrentou a questo social;

    o A Igreja foi pressionada pela luta de classes recmpercebida como questo social na poca:

    Burguesia concentradora e espoliadora da riqueza x Operariadofaminto e miservel;

    o Esse foi o contexto em que surgiram as Pioneiras do ServioSocial como agentes de interveno social;

  • O Servio Social e a Base Confessional-Conservadora da Questo Social

    Bases institucionais do Servio Social:o Fundamentado na filosofia neotomista (So Toms de

    Aquino) que fundamentava a Doutrina Social da IgrejaCatlica, a partir de Leo XIII;

    o Saiu da passividade para a militncia contra injustiassociais, englobando as Pioneiras do SS como engrenagemestratgica no avano da ideia de recristianizao dasociedade enfretamento da Questo Social;

    o Em 1940 foi o contexto de institucionalizao do SS naAmrica Latina;

    o Contexto do Estado Novo (1937-1945):

    Cooptao e consenso da classe trabalhadora;

    Poltica de Assistncia tinha carter Paternalista e Benemerente;

  • O Servio Social e a Base Confessional-Conservadora da Questo Social

    Racionalidade:

    o Controle Social + Incremento da Produtividade + Aumentoda Taxa de Lucro + Explorao dos Trabalhadores;

    o Para Netto (1991), o SS:

    Complexidade da Ordem Social Burguesa madura e consolidada;

    Individualista e fragmentada;

    Resultado do tratamento residual dado questo social, evitandoproblematiz-la adiando o enfrentamento;

    o As Pioneiras trataram a questo social:

    Em nome da justia e da caridade;

    1950 e 1960, o SS se afastou da questo social;

    Defesa ufanista do Bem-Estar;

  • O Movimento de Reconceituao e a Politizao da Questo Social

    Movimento de Reconceituao do SSo Um movimento que implicou (ou ainda implica) uma disputa de

    diferentes projetos que visam dar uma direo social para aprofisso;

    o Momento de Transio da Ditadura para Redemocratizao;

    o A Ditadura deixou marcas profundas na sociedade brasileira, dasquais a profisso tirou proveito ao questionar profundamentesuas bases ideolgicas e insero poltico-social;

    o Ps-1980, o Servio Social estava:

    Renovado;

    Politicamente engajado;

    Teoricamente qualificado;

  • Da Gnese Centralidade: O Debate contemporneo da questo social

    Questo Social vista atualmente:o Produto da desigualdade social e sinnimo de cidadania; (IANNI,

    1991)

    o Desagregao e desfiliao; (CASTEL, 1997)

    o Nova Questo Social; (ROSAVALLON, 1995)

    o Questo Social para alm do mundo do trabalho (WANDERLEY,1997):

    Gnero;

    Etnia; e

    Minorias Sociais.

    o Conjunto de problemas econmicos, polticos, sociais e culturaisprprios da sociedade capitalista; (CERQUEIRA FILHO, 1982)

  • Da Gnese Centralidade: O Debate contemporneo da questo social

    o No tempo das Pioneiras, a interveno do(as) Assistentes Sociaisera de forma absolutamente colada s instituies religiosas ecaritativas;

    o Nesse sentido, ideopoliticamente, uma interveno acrtica;

    o Na verdade, uma interveno norteada por valores morais ecristos;

    o Limite da mudana do status quo era a justia social (crist);

    o Portanto, supe-se que as ASs pioneiras, abriram caminho para ainstitucionalizao do SS no Brasil atuando de formaDESPOLITIZADA COM RELAO QUESTO SOCIAL;

    o Fase mudancista, 1940-50-60, o SS no se posicionavaclaramente com relao as consequncias das relaes sociaiscapitalistas;

    o Nesse momento, mergulhou-se na tcnica importada de foravisando as necessidades do modelo de desenvolvimento social;

  • Da Gnese Centralidade: O Debate contemporneo da questo social

    o Para Faleiros (2004) e Pereira (2004; 2005), a questo social naatualidade um problema terico a ser qualificado;

    o Diante da indefinio da categoria da Questo Social, Faleiros(2004), prope:

    Paradigma da articulao/regulao que embasa a ao profissional;

    Atravs de redes sociais e institucionais;

    Com o objetivo de fortalecer os sujeitos individuais e coletivos;

    No sentido da transformao da sociedade.

    o Pereira (2004; 2005), o desafio recai sobre a necessidade dedeixar claro no projeto de formao que est se chamando dequesto social:

    De que questo social est se falando?

    Ela existe?

    a questo social que, expressando a contradio capital x trabalho,se agrava na cena contempornea e coloca novos desafios para otrabalho profissional?

  • Concluso

    Formao da Questo Social no Brasilo Deve-se evitar neg-la;

    o Para no dar munio para as classes dominantes quehistoricamente tem se desobrigado das responsabilidades sobre aquesto social;

    o Negar a questo social, significa aceita a inexistncia de classessociais no Brasil;

    o Assim, fortalece-se o projeto neoliberal, desobrigando o Estadocom relao aos direitos sociais conquistados pelos trabalhadoresem mais de cem anos de lutas, fragmentando e tornando cada vezmais focalistas as politicas sociais;

  • Concluso

    Marx

    Ao contrrio das revolues burguesas, as revolues proletrias [...] no so feitas de mpetos momentneos, mas critica-se, interroga-se e interrompe-se constantemente na sua prpria

    marcha, voltam ao que parecia terminado, para comear de novo [...] parece que apenas derrubam seus adversrio para que este tire da

    terra novas foras [...] retrocedem perante a indeterminada enormidade de seus fins, at que se cria uma situao que se torna

    impossvel qualquer retrocesso [...]

    o O essencial para transformar a sociedade vigente est naCAPACIDADE DE LUTA E PACINCIA HISTRICA;

  • Obrigado!