Aula 07

CURSO ON-LINE TRIBUNAL REGULAR DIREITO CIVIL Prof: Dicler Ferreira

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AULA 7 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS

Introduo

Um contrato um vnculo jurdico entre dois ou mais sujeitos de direito correspondido pela vontade, da responsabilidade do ato firmado, resguardado pela segurana jurdica em seu equilbrio social, ou seja, um negcio jurdico bilateral ou plurilateral. o acordo de vontades, capaz de criar, modificar ou extinguir direitos.

As clusulas contratuais criam lei entre as partes, porm so subordinados ao Direito Positivo. As clusulas contratuais no podem estar em desconformidade com o Direito Positivo, sob pena de serem nulas.

No Brasil, clusulas consideradas abusivas ou fraudulentas podem ser invalidadas pelo juiz, sem que o contrato inteiro seja invalidado. Trata-se da clusula geral rebus sic stantibus (ou reviso judicial dos contratos), que objetiva flexibilizar o princpio da pacta sunt servanda (fora obrigatria dos contratos), preponderando, assim, a vontade contratual atendendo Teoria da Vontade.

Princpios Contratuais

1) PRINCPIO DA AUTONOMIA DE VONTADE: representa a liberdade das partes estipulando o que lhes convier. Ou seja, as partes possuem a liberdade de escolher o tipo de contrato, de escolher a pessoa com quem se ir contratar, de celebrar ou no o contrato e de escolher o contedo do contrato, sem haver interferncia estatal. Entretanto, veremos que tal princpio limitado. Um exemplo de limite est no art. 426 do CC ao proibir a herana de pessoa viva como objeto de contrato.

Art. 426. No pode ser objeto de contrato a herana de pessoa viva.

2) PRINCPIO DA SUPREMACIA DA ORDEM PBLICA: significa que a autonomia de vontade relativa, pois est sujeita lei e aos princpios da moral e da ordem pblica, ou seja, representa um limite liberdade de contratar. Atualmente a interveno do Estado na vida contratual to intensa que pode ser facilmente notada em vrios setores (ex: telecomunicaes, consrcios, seguros, sistema financeiro, etc.) que se configura um dirigismo contratual. Ou seja, apesar das pessoas terem liberdade para contratar, devem observar as normas (ex: Cdigo de Defesa do Consumidor, Lei do Inquilinato, Lei da Usura, etc.) imperativas (que ordenam algum ato) e proibitivas (que vedam algum ato) impostas pelo Estado.

3) PRINCPIO DO CONSENSUALISMO: tal conceito decorre da moderna concepo de que o contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa. Os contratos so em regra consensuais, porm, so admitidas duas excees:

- nos contratos solenes ou formais, enquanto o ajuste no for reduzido a escrito, no haver uma formao vlida;



- nos contratos reais, que s se formam com a entrega da coisa, tambm no basta um simples consenso entre os contratantes.

4) PRINCPIO DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS: baseia-se na idia de que os efeitos do contrato atingem apenas as partes contratantes, ou seja, aqueles que manifestaram a vontade em celebr-lo. Entretanto, o referido princpio encontra excees expressamente consignadas em lei, tal como ocorre na estipulao em favor de terceiro (ser estudada no decorrer desta aula) e na conveno coletiva de trabalho (o acordo feito pelo sindicato beneficia toda uma categoria).

5) PRINCPIO DA OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS (art. 427 do CC): representa a fora vinculante das convenes feitas pelas partes contratantes. J sabemos que ningum obrigado contratar, mas se o fizer dever cumpr-lo. Tal princpio tem dois fundamentos:

- necessidade de segurana nos negcios;

- intangibilidade ou imutabilidade do contedo do contrato decorrente da convico de que o acordo faz lei entre as partes (pacta sunt servanda).

Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrrio no resultar dos termos dela, da natureza do negcio, ou das circunstncias do caso.

Estudaremos no tpico formao dos contratos as situaes detalhadas onde a proposta perde a sua fora vinculante e deixa de ser obrigatria.

6) PRINCPIO DA FUNO SOCIAL DOS CONTRATOS (art. 421 do CC): o contrato por ser um veculo de circulao de riqueza, centro da vida dos negcios e propulsor da expanso capitalista possui uma funo social que promover a realizao de uma justia comutativa, reduzindo as desigualdades substanciais entre os contratantes.

Art. 421. A liberdade de contratar ser exercida em razo e nos limites da funo social do contrato.

Podemos afirmar que o princpio da funo social do contrato consiste na prevalncia do interesse coletivo sobre os interesses individuais dos contratantes.

7) PRINCPIO DA BOA-F (art. 422 do CC): este conceito exigem que as partes se comportem de forma correta no s durante as tratativas, como tambm durante a formao e o cumprimento do contrato. Pode ser dividido em duas partes: boa-f subjetiva (concepo psicolgica) e boa-f objetiva (concepo tica). O quadro a seguir faz uma diferenciao entre essas duas partes.



BOA-F SUJETIVA BOA-F OBJETIVA

Trata-se de um estado psicolgico de inocncia. a boa-f do: eu no sabia, ou seja, o indivduo ignora um possvel vcio.

Exemplo: posse de boa-f.

uma clusula geral implcita em todos os contratos, ela tem status principiolgico, e que se traduz em uma regra de contedo

tico e exigibilidade jurdica.

Art. 422. Os contratantes so obrigados a guardar, assim na concluso do contrato, como em sua execuo, os princpios de probidade e boa-f.

No dispositivo legal citado, o Cdigo Civil consagra a boa-f objetiva fundando-se em uma regra de contedo tico.

Classificao dos Contratos

1) CONTRATOS UNILATERAIS, BILATERAIS (sinalagmticos) E PLURILATERAIS Nos contratos unilaterais, existe obrigao para apenas uma das partes. Pode ser exemplificado pela doao pura, pelo depsito e pelo comodato.

Nos contratos bilaterais ou sinalagmticos, os dois contratantes possuem responsabilidades recprocas, ou seja, um com o outro, sendo esses reciprocamente devedores e credores. Nesta espcie de contrato no pode um dos lados antes de cumprir suas obrigaes, exigir o cumprimento do outro. O nome provm do grego antigo synallagma, que significa "acordo mtuo".

Exemplo: na compra de um produto, o contratante (consumidor) e o contratado (vendedor) combinam de acertar a quantia em dinheiro somente no trmino do servio do contratado (entrega do produto); o contratado s pode cobrar aps entregar o produto e o contratante s o paga ao receber o objeto negociado.

Os contratos plurilaterais so aqueles que apresentam mais de duas partes, como nos contratos de consrcio e de sociedade.

2) CONTRATOS ONEROSOS E GRATUITOS Os contratos onerosos, so aqueles que as duas partes auferem vantagens sendo estes bilaterais - como exemplo, a locao de um imvel; o locatrio paga ao locador para poder usar o bem, e o locador entrega o que lhe pertence para receber o pagamento.

Nos contratos gratuitos, somente uma das partes obtm proveito, como na doao pura. Em regra os contratos gratuitos tambm so unilaterais e os contratos onerosos tambm so bilaterais.

3) CONTRATOS COMUTATIVOS E ALEATRIOS



O contrato comutativo o que, uma das partes, alm de receber prestao equivalente a sua, pode apreciar imediatamente essa equivalncia, como ocorre na compra e venda. Ou seja, h prestao e contraprestao certas.

Nos contratos aleatrios, as partes se arriscam a uma prestao inexistente ou desproporcional, como exemplos, seguros, emprstimos. Simplificando, o contrato de decises futuras onde h uma incerteza na contraprestao.

Os arts. 458 a 461 do Cdigo Civil tratam do assunto:

Art. 458. Se o contrato for aleatrio, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de no virem a existir um dos contratantes assuma, ter o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte no tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avenado venha a existir.

O art. 458 do CC corresponde compra de uma esperana, quando o comprador assume o risco da existncia da coisa (ex: comprar a ninhada de uma cadela).Trata-se de um contrato do tipo emptio spei. um tipo de contrato aleatrio em que um dos contratantes, na alienao de coisa futura, toma a si o risco existente da coisa, ajustando um preo, que ser devido integralmente, mesmo que nada se produza sem que haja dolo ou culpa do alienante.

Art. 459. Se for aleatrio, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, ter tambm direito o alienante a todo o preo, desde que de sua parte no tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior esperada. Pargrafo nico. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienao no haver, e o alienante restituir o preo recebido.

O art. 459 do CC se assemelha ao dispositivo anterior, entretanto assumido um risco na quantidade da coisa e no na existncia. Trata-se de contrato do tipo emptio rei speratae onde se no vier nada, ou se nada for produzido, o preo no ser devido. Desta forma, se a cadela no der cria, o preo pago deve ser devolvido. Por outro lado, se for esperado que a cria tenha 4 filhotes e tivermos apenas 2, nada poder ser reclamado.

Art. 460. Se for aleatrio o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, ter igualmente direito o alienante a todo o preo, posto que a coisa j no existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.

Art. 461. A alienao aleatria a que se refere o artigo antecedente poder ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante no ignorava a consumao do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa.

Os arts. 460 e 461 do CC tratam do risco da coisa j existentes, mas sujeitas a perecimento ou depreciao. Como exemplo temos o risco assumido quando se compra um produto com data de validade a vencer em breve dependendo do fim da greve da Receita Federal. A incerteza decorre da possibilidade do produto vencer e ainda no ter passado pelo desembarao aduaneiro.



4) CONTRATOS CONSENSUAIS OU REAIS Contratos consensuais so os que se consideram formados pela simples proposta e aceitao. J os contratos reais, so os que se formam com a entrega efetiva do produto, a entrega deste no decidida no contrato, mas somente as causas do que ir acontecer depois dessa entrega.

Para exemplificar, estudaremos na prxima aula que a compra e venda consensual, por outro lado o depsito e o mtuo so reais.

5) CONTRATOS NOMINADOS (TPICOS) E INOMINADOS (ATPICOS) Contratos nominados ou tpicos so os regulamentados por lei. Alguns dos regidos pelo Cdigo Civil so: compra e venda, troca, doao, locao, emprstimo, depsito, mandato, gesto, edio, representao dramtica, sociedade, parceria rural, constituio de renda, seguro, jogo e aposta, e fiana. Os contratos inominados ou atpicos (art. so contrrios aos nominados, no necessitando de uma ao legal, pois estes no esto definidas em lei, precisando apenas do conceito bsico inerente aos contratos (ex: que as partes sejam livres, que os produtos sejam lcitos, etc.).

Art. 425. lcito s partes estipular contratos atpicos, observadas as normas gerais fixadas neste Cdigo.

6) CONTRATOS SOLENES (formais) E NO SOLENES Contratos solenes so os que necessitam de formalidades nas execues aps ser concordado por ambas as partes, dando a elas segurana e algumas formalidades da lei, como na compra de um imvel, sendo necessrio um registro em cartrio para que este seja vlido. Os contratos no solenes so aqueles que no precisam dessas formalidades, necessitando apenas da aceitao de ambas as partes.

7) CONTRATOS PRINCIPAIS E ACESSRIOS Os contratos principais so os que existem por si s, sendo independente de outros. Os contratos acessrios so emendas do contrato principal, sendo que estes necessitam do outro para existirem.

Como exemplo temos o contrato de locao como principal e o contrato de fiana como acessrio.

8) CONTRATOS PARITRIOS OU POR ADESO Os contratos paritrios, so os que realmente so negociados pelas partes, discutindo e montando-o dentro das formalidades da lei. Ou seja, h possibilidade de se negociar as clusulas contratuais.

J os contratos de adeso, se caracterizam por serem prontos por um a das partes e aceitos pelas outras, sendo um pouco inflexveis por excluir o debate ou discusso de seus termos. Um exemplo comum o contrato que voc assina quando contrata uma



operadora de telefone mvel. VIVO, OI, TIM, CLARO, dentre outras, entregam ao cliente um contrato pr-escrito.

Os artigos 423 e 424 do CC tratam do contrato de adeso.

Art. 423. Quando houver no contrato de adeso clusulas ambguas ou contraditrias, dever-se- adotar a interpretao mais favorvel ao aderente.

Art. 424. Nos contratos de adeso, so nulas as clusulas que estipulem a renncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negcio.

Creio ser interessante um exemplo para aplicao do art. 424 do CC.

Imagine uma pessoa que vai ser fiador celebrando um contrato de fiana, Sabemos que a fiana um contrato acessrio que garante um contrato principal. Caso o devedor do contrato principal no pague a dvida, ento o fiador poder ser responsabilizado por ela. Porm, na fiana existe um benefcio de ordem, ou seja, a dvida deve ser cobrada primeiro do devedor principal para, caso a obrigao no seja paga, ser cobrada do fiador.

Nos moldes desta situao, imagine que o contrato de fiana seja de adeso (sem possibilidade de discutir as clusulas) e uma das clusulas estipule que o fiador renuncia ao benefcio de ordem e, por isso, a dvida possa ser cobrada diretamente dele.

Atravs do art. 424 do CC conclui-se que a clusula ora mencionada nula, pois est estipulando uma renncia antecipada a um direito resultante do contrato de fiana.

9) CONTRATOS DE EXECUO INSTANTNEA, DIFERIDA E CONTINUADA Tal classificao leva em considerao o momento em que os contratos devem ser cumpridos.

So contratos de execuo instantnea ou imediata aqueles que se consumam em um s ato, sendo cumpridos imediatamente aps a sua celebrao (ex: compra e venda vista).

Os contratos de execuo diferida tambm devem ser cumpridos em um s ato, mas em um momento futuro (ex: entrega em determinada data).

J os contratos de trato sucessivo ou de execuo continuada so os que se cumprem por meio de atos reiterados (ex: prestao de servios).

O esquema grfico a seguir permite uma visualizao da classificao em pauta:



CONTRATO DE EXECUO INSTANTNEA

CONTRATO DE EXECUO DIFERIDA

CONTRATO DE EXECUO CONTINUADA

10) CONTRATOS PRELIMINARES E DEFINITIVOS O contrato preliminar (pactumm de contrahendo) o que tem por objeto a celebrao de um contrato definitivo. Ou seja, por meio de um contrato preliminar, as partes se comprometem a celebrar, no futuro, um contrato definitivo. Pode-se dizer que o contrato definitivo o objeto do contrato preliminar.

Os arts. 462 a 466 disciplinam o contrato preliminar.

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.

Pelo art. 462 do CC possvel concluir que ao celebrar um compromisso de compra e venda de bem de bem imvel de alto valor, por ser um contrato preliminar, pode ser utilizado um instrumento particular como forma, apesar da compra e venda definitiva de bem imvel de alto valor necessitar de uma escritura pblica como forma (vide art. 108 do CC).

celebrao do contrato

execuo imediata


execuo diferida


execuo continuada



Art. 463. Concludo o contrato preliminar, com observncia do disposto no artigo antecedente, e desde que dele no conste clusula de arrependimento, qualquer das partes ter o direito de exigir a celebrao do definitivo, assinando prazo outra para que o efetive. Pargrafo nico. O contrato preliminar dever ser levado ao registro competente.

De acordo com o art. 463 do CC, o contrato preliminar d aos contratantes o direito de exigir o contrato definitivo.

Art. 464. Esgotado o prazo, poder o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo carter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigao.

Atravs do art. 464 do CC, possvel que um contrato preliminar adquira, atravs de sentena judicial, fora de contrato definitivo.

Art. 465. Se o estipulante no der execuo ao contrato preliminar, poder a outra parte consider-lo desfeito, e pedir perdas e danos.

A inexecuo do contrato preliminar pode acarretar indenizao por perdas e danos.

Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a mesma sem efeito, dever manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.

O contrato preliminar unilateral ou de opo aquele onde apenas uma das partes obrigada a celebrar o contrato definitivo, ao passo que a outra o celebra se quiser. Dessa forma, a parte obrigada deve manifestar prazo para a outra parte se manifestar. Decorrido esse prazo o bem poder ser alienado a terceiros.

Formao e lugar dos Contratos

Os contratos so a convergncia de duas vontades contrapostas: a parte que faz a proposta (uma declarao receptcia que precisa ser aceita) a parte proponente ou policitante e a parte que aceita chamada de aceitante ou oblato.

Os contratos reais formam-se com a entrega da coisa e os contratos formais, com a realizao da solenidade ou do instrumento prprio. Tratam-se das excees ao princpio do consensualismo.

So fases da formao dos contratos:

CONTRATO

PROPONENTE OU

POLICITANTE

ACEITANTE OU

OBLATO



1. negociaes preliminares: so conversaes anteriores proposta que visam preparar as bases do futuro contrato;

2. proposta ou policitao ou oferta: a declarao de vontade dirigida a algum com quem se quer contratar, contendo todas as clusulas essenciais do negcio. Pode ser de dois tipos: entre presentes e entre ausentes;

O contrato celebrado pela internet entre presentes ou entre ausentes? A pergunta no simples, pois a doutrina diverge a respeito da resposta. Entretanto, para efeitos de concurso pblico, sugiro pensar que as duas formas so possveis. Ou seja, na proposta feita pelo skype e pelo msn h possibilidade de aceitao imediata, portanto, trata-se de uma proposta entre presentes. Por outro lado, a proposta feita por e-mail costuma ser considerada entre ausentes.

Art. 428. Deixa de ser obrigatria a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, no foi imediatamente aceita. Considera-se tambm presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicao semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, no tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratao do proponente.

Art. 429. A oferta ao pblico equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrrio resultar das circunstncias ou dos usos. Pargrafo nico. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgao, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada.

Os arts. 428 e 429 do CC configuram excees ao princpio da irrevogabilidade da proposta, ou seja, so situaes onde a proposta deixa de ser obrigatria.

3. aceitao: a adeso total proposta, ou seja, uma resposta afirmativa a uma proposta de contrato.

- PROPOSTA ENTRE PRESENTES: aquela em que h possibilidade de aceitao imediata, ou seja, h um contrato com declarao consecutiva, independente dos contratantes estarem em um mesmo espao fsico. Como exemplo temos duas pessoas contratando pelo telefone, uma em Porto Alegre-RS e outra em Belm-PA.

- PROPOSTA ENTRE AUSENTES: aquela em que no h possibilidade de aceitao imediata, ou seja, h um contrato com declaraes intervaladas. Como exemplo temos aquele que envia a proposta atravs de uma carta e a aceitao tambm enviada atravs de uma carta.



Art. 430. Se a aceitao, por circunstncia imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunic-lo- imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.

Em se tratando de contrato entre ausentes, se a resposta chegar ao proponente, imprevisivelmente, de forma tardia e o objeto j tiver sido negociado, ento o proponente dever avisar ao aceitante sobre a no concluso do contrato, pois possvel que este imagine que o contrato est celebrado e comece a realizar despesas necessrias ao cumprimento.

Art. 431. A aceitao fora do prazo, com adies, restries, ou modificaes, importar nova proposta.

Para exemplificar a aplicao do art. 431 do CC, imagine uma proposta de venda de um carro por R$ 10.000,00 e que o destinatrio da proposta faa uma contra-proposta de compra por R$ 9.000,00. Pelo fato de haver uma modificao, a contra-proposta representa uma nova proposta de compra.

Art. 432. Se o negcio for daqueles em que no seja costume a aceitao expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se- concludo o contrato, no chegando a tempo a recusa.

Pelo art. 432 do CC, o silncio (falta de resposta), em regra, no configura uma aceitao tcita, ou seja, a aceitao deve ser expressa; entretanto, temos duas excees:

- quando se tratar de negcios em que no se costuma exigir a aceitao expressa (ex: um fornecedor costuma enviar os seus produtos a um determinado comerciante que lhe paga em poca oportuna, sem confirmar os pedidos e acarretando uma praxe comercial. Caso o comerciante queira interromper este ciclo, dever avisar ao fornecedor a recusa); e

- quando o proponente a tiver dispensado.

Art. 433. Considera-se inexistente a aceitao, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratao do aceitante.

Da mesma forma que o proponente (art. 428, IV do CC), o aceitante tambm pode se retratar da aceitao quando o contrato for celebrado entre ausentes, desde que a retratao chegue antes ou junto com a aceitao.

Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitao expedida, exceto: I - no caso do artigo antecedente; II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III - se ela no chegar no prazo convencionado.

O art. 434 do CC levanta uma polmica dentro da formao dos contratos. Tal polmica decorre da seguinte pergunta:



Quando que se considera formado o contrato entre ausentes, no momento em que a aceitao expedida, ou quando a aceitao chega ao conhecimento do proponente? Fundamentalmente, a doutrina criou duas teorias explicativas a respeito da formao do contrato entre ausentes.

1) TEORIA DA COGNIO: para os adeptos dessa linha de pensamento, o contrato entre ausentes somente se consideraria formado, quando a resposta do aceitante chegasse ao conhecimento do proponente. 2) TEORIA DA AGNIO: dispensa-se que a resposta chegue ao conhecimento do proponente. Subdivide-se em:

2.1) SUB-TEORIA DA DECLARAO: o contrato se formaria no momento em que o aceitante ou oblato redige ou datilografa a sua resposta. Peca por ser extremamente insegura, dada a dificuldade em se precisar o instante da resposta.

2.2) SUB-TEORIA DA EXPEDIO: considera formado o contrato, no momento em que a resposta expedida. 2.3) SUB-TEORIA DA RECEPO: reputa celebrado o negcio no instante em que o proponente recebe a resposta. Dispensa, como vimos, que leia a mesma. Trata-se de uma sub-teoria mais segura do que as demais, pois a sua comprovao menos dificultosa, podendo ser provada, por exemplo, por meio do A.R. (aviso de recebimento), nas correspondncias.

Mas, afinal, qual seria a teoria adotada pelo nosso direito positivo? No Direito brasileiro, a grande parte da doutrina entende que se deve aplicar a SUB-TEORIA DA EXPEDIO e uma parte pequena sustenta que se deve aplicar a sub-teoria da recepo.

Para efeitos de concurso pblico, sugiro adotar a SUB-TEORIA DA EXPEDIO, pois a que est consagrada no art. 434, caput, do CC.

Em todas as fases citadas (negociaes preliminares, proposta e aceitao) deve ser observado o princpio da boa-f objetiva.

Art. 435. Reputar-se- celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.

Para finalizar este tpico, o art. 435 do CC estabelece o local da celebrao do contrato.

ALGUMAS QUESTES COMENTADAS PARA FIXAR

1. (FGV - FISCAL DE RENDAS MS 2006) ato jurdico bilateral e sinalagmtico: (A) doao. (B) promessa de recompensa. (C) permuta. (D) comodato. (E) depsito gratuito.



Conforme comentado na classificao dos contratos tipo I, o sinalagma se caracteriza pela reciprocidade de direitos e obrigaes. Desta forma, segue a anlise das alternativas:

(A) ERRADA. A Doao o contrato em que uma pessoa. por liberalidade, transfere do seu patrimnio, bens ou vantagens para o de outra, que os aceita. Na doao no h obrigaes para o donatrio (que recebe) e no h direitos para o doador (que doa).

(B) ERRADA. Promessa de recompensa a declarao de vontade, feita mediante anncio pblico, pela qual algum se obriga a gratificar quem se encontrar em certa situao ou praticar determinado ato, independentemente do consentimento do eventual credor; obriga quem emite a declarao de vontade desde o instante em que ela se torna pblica, independentemente de qualquer aceitao, visto que se dirige a pessoa ausente ou indeterminada, que se determinar no momento em que se preencherem as condies de exigibilidade da prestao. Na promessa de recompensa s h obrigaes para a parte que promete.

(C) CERTA. A permuta ou troca o contrato pelo qual as partes se obrigam a dar uma coisa por outra que no seja dinheiro. Trata-se de um contrato bilateral, oneroso, comutativo, gerando, para cada contratante, a obrigao de transferir para o outro o domnio da coisa objeto de sua prestao. Por ter como caracterstica a reciprocidade de direitos e obrigaes, ento a permuta um ato jurdico bilateral e sinalagmtico.

(D) ERRADA. O comodato se define como o emprstimo gratuito de um bem que deve ser restitudo a seu dono aps o uso. Por ser gratuito, gera obrigaes para apenas uma parte.

(E) ERRADA. O depsito gratuito o contrato pelo qual um dos contraentes (depositrio) recebe de outro (depositante) um bem mvel, obrigando-se a guard-lo, temporria e gratuitamente, para restitu-lo quando lhe for exigido. Por ser gratuito, gera obrigaes para apenas uma parte.

Trataremos mais especificamente do depsito na aula seguinte. Gabarito: C

2. (FGV - FISCAL DE RENDAS RJ 2008) Paulo emite proposta de venda de seu carro a Jos. Pouco depois Paulo vem a falecer. Essa proposta: (A) vlida e eficaz. (B) anulvel e ineficaz. (C) perdeu validade com a morte do proponente. (D) perdeu eficcia com a morte do proponente. (E) torna-se inexistente, ante a morte do proponente.

Como assevera MARIA HELENA DINIZ, a proposta, oferta ou policitao uma declarao receptcia de vontade dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende celebrar o contrato), por fora da qual a primeira manifesta a sua inteno de se considerar vinculada se a outra parte aceitar. Tal instituto bem definido no art. 427 do CC.

Art. 427 do CC - A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrrio no resultar dos termos dela, da natureza do negcio, ou das circunstncias do caso.



Depreende-se do dispositivo acima a fora vinculante da oferta, ou seja, o proponente responder por perdas e danos se injustificadamente retirar a proposta. Dessa forma, a obrigatoriedade da proposta consiste no nus, imposto ao proponente, de no a revogar por certo tempo a partir de sua existncia, assegurando-se assim a estabilidade das relaes sociais.

Entretanto, a lei abre vrias excees sobre a essa regra, conforme o art. 428 do CC.

Art. 428 do CC - Deixa de ser obrigatria a proposta: I - se, feita sem prazo a pessoa presente, no foi imediatamente aceita. Considera-se tambm presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicao semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, no tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratao do proponente.

Percebe-se ento, que a morte ou a interdio do policitante (aquele que fez a proposta) no elimina a fora obrigatria da proposta. Ou seja, mesmo com a morte de Paulo, a proposta continua vlida e eficaz, no perdendo a sua obrigatoriedade.

Gabarito: A

3. (NCE ADVOGADO CIA DOCAS DE SANTANA 2007) Para efeito de formao dos contratos, pode-se afirmar que a proposta: (A) no gera qualquer obrigao ao proponente; (B) somente gera obrigaes para o proponente se feita a pessoa ausente; (C) somente gera obrigaes para o proponente se feita a pessoa presente; (D) obriga, via de regra, o proponente; (E) equivale s negociaes preliminares ou tratativas.

Conforme os comentrios da questo anterior, sabemos que a proposta possui fora vinculante e, nos termos do art. 427 do CC, obriga o proponente, apesar de existirem algumas excees.

Gabarito: D

Estipulao em favor de terceiro

Por meio da estipulao em favor de terceiro uma parte contratante convenciona com o devedor que o a vantagem resultante do contrato beneficiar um terceiro, alheio relao jurdica-base. Tal instituto constitui uma exceo ao princpio da relatividade dos contratos.



Como exemplo temos o seguro de vida onde o estipulante (segurado) convenciona com um promitente (seguradora) uma vantagem em favor de terceiro (beneficirio).

Os arts. 436 a 438 do CC tratam do assunto.

Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigao. Pargrafo nico. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigao, tambm permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito s condies e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante no o inovar nos termos do art. 438.

Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execuo, no poder o estipulante exonerar o devedor.

Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuncia e da do outro contratante. Pargrafo nico. A substituio pode ser feita por ato entre vivos ou por disposio de ltima vontade.

Promessa de fato de terceiro

possvel que uma pessoa se comprometa para que terceiro pratique um determinado ato. o que ocorre com um empresrio de um artista famoso que se compromete em nome do renomado artista na realizao de um show. Se o show no se realizar, desde que no haja caso fortuito ou fora maior, responde o empresrio por perdas e danos. O assunto tratado nos arts. 439 e 440 do CC.

Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responder por perdas e danos, quando este o no executar. Pargrafo nico. Tal responsabilidade no existir se o terceiro for o cnjuge do promitente, dependendo da sua anuncia o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenizao, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens.

Art. 440. Nenhuma obrigao haver para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar prestao.

Pelo art. 440 do CC, conclui-se que se o artista famoso pessoalmente se comprometer a realizar o show, a responsabilidade desloca-se do empresrio para ele.

Vcios redibitrios

So denominados vcios redibitrios os defeitos ocultos e de certa gravidade de uma coisa que a tornem imprpria ao uso a que destinada ou lhe diminuam o valor, como, por exemplo, os defeitos de uma mquina ou a doena de um cavalo, que o comprador normalmente no poderia ter percebido no momento da compra.

Os arts. 441 a 446 do CC tratam de disciplinar o assunto.



Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vcios ou defeitos ocultos, que a tornem imprpria ao uso a que destinada, ou lhe diminuam o valor. Pargrafo nico. aplicvel a disposio deste artigo s doaes onerosas.

Atravs do art. 441 do CC, percebe-se que s pode haver vcio redibitrio quando se tratar de contrato comutativo ou doaes onerosas. Ou seja, necessria a contraprestao, no se configurando o vcio redibitrio em contrato gratuito. Aqui vale o ditado que cavalo dado no se olha os dentes.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preo.

Percebe-se que duas situaes podem ocorrer quando se configurar um vcio redibitrio:

1) Resciso contratual: atravs da ao redibitria o prejudicado pode rescindir o contrato e exigir a devoluo da importncia paga.

2) Abatimento no preo: atravs de uma ao estimatria (quanti minoris) pode apenas pedir um abatimento no preo.

Art. 443. Se o alienante conhecia o vcio ou defeito da coisa, restituir o que recebeu com perdas e danos; se o no conhecia, to-somente restituir o valor recebido, mais as despesas do contrato.

Conforme foi estudado na aula de obrigaes, quando h culpa do devedor, surge a possibilidade de indenizao por perdas e danos. Em se tratando de vcio redibitrio, a m-f em omitir o vcio ou defeito oculto que acarreta a indenizao por perdas e danos.

Veja a tabela a seguir:

ALIENANTE CONHECIA O VCIO OU DEFEITO OCULTO

o prejudicado pode exigir a devoluo da importncia paga acrescida de perdas e danos

ALIENANTE NO CONHECIA O VCIO OU DEFEITO OCULTO

o prejudicado pode exigir apenas a importncia paga.

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa perea em poder do alienatrio, se perecer por vcio oculto, j existente ao tempo da tradio.

Aplicando o exemplo do cavalo com doena ao art. 444 do CC, caber ao adquirente provar que o vrus da doena que vitimou o animal j se encontrava encubado no momento da entrega do animal.

Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibio ou abatimento no preo no prazo de trinta dias se a coisa for mvel, e de um ano se for imvel, contado da entrega efetiva; se j estava na posse, o prazo conta-se da alienao, reduzido metade.



1o Quando o vcio, por sua natureza, s puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se- do momento em que dele tiver cincia, at o prazo mximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens mveis; e de um ano, para os imveis. 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vcios ocultos sero os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no pargrafo antecedente se no houver regras disciplinando a matria.

O art. 445 do CC estabelece prazos decadenciais para a propositura da redibio ou do abatimento no preo. So prazos decadenciais:

BEM MVEL 30 DIAS Contado da

entrega efetiva

SE J ESTAVA

NA POSSE

15 DIAS Contado da alienao

1/2 BEM IMVEL 01 ANO 6 MESES

O legislador entende que se o adquirente j estava na posse, j conhecia a coisa, ento deve ter um prazo menor para ingressar com ao contra o alienante. Como exemplo, temos a pessoa que mora em um imvel por comodato, sendo que o comodatrio decide adquirir o imvel, ser aplicado um prazo menor.

No caso de animais, estabelece o art. 445, 2 do CC que os prazos decadenciais devero ser regulados por lei especial ou, na falta desta, pelos usos locais.

EvicoConsiste na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa transferida, por fora de uma sentena judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de terceiro, denominado evictor.

A seguir temos um grfico esquemtico ilustrando a evico. Imagine que A venda uma casa para B, sendo que o objeto da venda esteja sendo alvo de uma ao de usucapio por parte de C.

A CASA B

C

USUCAPIO

PERSONAGENS: A: alienante B: adquirente ou evicto C: evictor

EVICO B perde a casa em razo de uma sentena judicial favorvel a C.

RESPONSABILIDADE PELA EVICO A deve indenizar B pelo prejuzo decorrente da evico.



Os arts. 447 a 457 do CC tratam do assunto:

Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evico. Subsiste esta garantia ainda que a aquisio se tenha realizado em hasta pblica.

A evico s pode ocorrer em contratos onerosos, no sendo admitida em contrato gratuito. Dessa forma, no h que se falar em evico nos contratos de doao simples e comodato (emprstimo gratuito de bens infungveis).

Analisando o final do art. 447 do CC, percebemos que a responsabilidade pela evico subsiste ainda que a aquisio se tenha realizado em hasta pblica. Dessa forma, se uma pessoa arrematar um determinado bem mvel em um leilo, ou bem imvel em uma praa, e, aps a arrematao e expedio da carta (comprobatria de seu direito) vier a ser demandada numa ao reivindicatria e sucumbir, ento poder exercer o seu direito de regresso contra o devedor, de cujo patrimnio se originou o bem levado hasta.

Art. 448. Podem as partes, por clusula expressa, reforar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evico.

Desta forma, se uma pessoa, agindo de boa-f, adquirir um bem e depois o perder para o real proprietrio, ento, via de regra, poder cobrar indenizao do alienante. Entretanto, essa responsabilidade do alienante pela evico poder ser reforada (ex: indenizao de 150% do valor pago), diminuda (ex: indenizao de apenas 50% do valor pago) ou excluda (isenta a responsabilidade do alienante), nos termos do art. 448 do CC.

Art. 449. No obstante a clusula que exclui a garantia contra a evico, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preo que pagou pela coisa evicta, se no soube do risco da evico, ou, dele informado, no o assumiu.

Art. 457. No pode o adquirente demandar pela evico, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.

Entretanto, quando houver clusula expressa de excluso da responsabilidade do alienante, tambm deve ser analisado se o adquirente tinha cincia do risco da evico. Dessa forma, temos as seguintes sentenas matemticas:

a) clusula expressa de excluso da garantia + cincia especfica do risco pelo adquirente = iseno do alienante de toda responsabilidade (art. 457 do CC).

b) clusula expressa de excluso da garantia cincia do risco pelo adquirente ou ter assumido o risco = responsabilidade do alienante apenas pelo preo pago pela coisa evicta (art. 449 do CC).

Art. 450. Salvo estipulao em contrrio, tem direito o evicto, alm da restituio integral do preo ou das quantias que pagou: I - indenizao dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; II - indenizao pelas despesas dos contratos e pelos prejuzos que diretamente resultarem da evico;



III - s custas judiciais e aos honorrios do advogado por ele constitudo. Pargrafo nico. O preo, seja a evico total ou parcial, ser o do valor da coisa, na poca em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evico parcial.

O dispositivo cuida da evico total sofrida pelo adquirente, que teve a perda ou o desapossamento da coisa de forma absoluta e estabelece os direitos do evicto.

Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigao, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.

A deteriorao da coisa evicta, em poder do adquirente, no afasta a responsabilidade do alienante, respondendo por evico total, exceto se houver ao dolosa do adquirente (deteriorao intencional do bem). No poder, assim, o alienante invocar a desvalorizao da coisa evicta, para reduzir o preo a restituir e/ou a indenizao por perdas e danos.

Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deterioraes, e no tiver sido condenado a indeniz-las, o valor das vantagens ser deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.

Caso o evicto j tenha sido compensado pelas deterioraes, ento o alienante poder deduzir o valor dessas vantagens da quantia que teria de restituir-lhe.

Art. 453. As benfeitorias necessrias ou teis, no abonadas ao que sofreu a evico, sero pagas pelo alienante.

Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evico tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas ser levado em conta na restituio devida.

As benfeitorias so obras realizadas pelo homem na estrutura da coisa principal com a inteno de conservao, melhoramento ou embelezamento. Estudamos que elas podem ser necessrias, teis ou volupturias na aula 2, entretanto os arts. 453 e 454 do CC tratam apenas das necessrias e teis.

Desta forma, imagine no exemplo grfico dado que antes de B sofrer a evico ele tivesse realizado benfeitorias necessrias ou teis na casa. Neste caso, se C (evictor) no indenizar B (evicto) pelas benfeitorias, ento a responsabilidade recai sobre A (alienante).

Art. 455. Se parcial, mas considervel, for a evico, poder o evicto optar entre a resciso do contrato e a restituio da parte do preo correspondente ao desfalque sofrido. Se no for considervel, caber somente direito a indenizao.

A evico pode ser de dois tipos: total (perda de todo o bem) ou parcial (perda de parte do bem).

Em caso de evico parcial (ex: reivindicao de parte de um terreno adquirido) temos duas possibilidades: a evico parcial ser considervel ou no considervel,, nos termos do art. 455 do CC.

A tabela a seguir ilustra as conseqncias da evico parcial:



EVICO PARCIAL

CONSIDERVEL

Direitos do evicto:

1. resciso do contrato; ou

2. restituio de parte do preo correspondente

ao desfalque sofrido.

NO CONSIDERVEL Direito do evicto:

1. indenizao.

Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evico lhe resulta, o adquirente notificar do litgio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo. Pargrafo nico. No atendendo o alienante denunciao da lide, e sendo manifesta a procedncia da evico, pode o adquirente deixar de oferecer contestao, ou usar de recursos.

No art. 456 do CC foi abordado um aspecto processual do instituto da evico.

Contrato com pessoa a declarar

Pode algum firmar um contrato, estipulando porm que outra pessoas, a ser indicada, assumir os direitos e obrigaes decorrentes, em cinco dias ou no prazo acordado. o que se conclui analisando os arts. 467 e 468 do CC.

Art. 467. No momento da concluso do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigaes dele decorrentes.

Art. 468. Essa indicao deve ser comunicada outra parte no prazo de cinco dias da concluso do contrato, se outro no tiver sido estipulado. Pargrafo nico. A aceitao da pessoa nomeada no ser eficaz se no se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato.

Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigaes decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.

o que acontece quando A e B concluem entre si um contrato, estipulando porm que C poder substituir A, por indicao deste, dentro de certo prazo, no mesmo contrato.

A B CONTRATO

C

CCCOOONNNTTTRRRAAATTTOOO

possvel substituio



Art. 470. O contrato ser eficaz somente entre os contratantes originrios: I - se no houver indicao de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceit-la; II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicao.

Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeao, o contrato produzir seus efeitos entre os contratantes originrios.

Conclui-se que o contrato valer apenas entre os contratantes originrios se no for feita a indicao de C, se C no aceitar o combinado ou se C for incapaz/insolvente.

MAIS ALGUMAS QUESTES COMENTADAS PARA FIXAR

4. (FGV - AUDITOR TCM-PA 2008) Analise as afirmativas a seguir: I. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essncia o princpio da boa-f subjetiva. II. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essncia o princpio da funo social dos contratos. III. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essncia o princpio da autonomia da vontade. IV. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essncia o princpio da boa-f objetiva. Assinale: (A) se todas as afirmativas estiverem corretas. (B) se apenas uma afirmativa estiver correta. (C) se nenhuma afirmativa estiver correta. (D) se apenas duas afirmativas estiverem corretas. (E) se apenas trs afirmativas estiverem corretas.

A mxima do Direito Romano ainda vigente no Direito Brasileiro nemo potest venire contra factum proprium significa que ningum pode se opor a fato a que ele prprio deu causa. Um dos grandes efeitos do princpio da boa-f objetiva se traduz na proibio de que uma parte se comporte de forma contraditria aos seus prprios atos anteriores. Ou seja, no lcito uma pessoa fazer valer um direito se contrapondo a uma conduta anterior interpretada objetivamente segundo a lei, segundo os bons costumes e a boa-f.

Para exemplificar, temos o contrato de prestaes peridicas com o pagamento sendo feito, reiteradamente, em outro lugar, conforme o art. 330 do CC.

Art. 330 do CC - O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renncia do credor relativamente ao previsto no contrato.

Imagine que um credor concorde, durante um contrato de prestaes peridicas, com o pagamento em lugar diverso do convencionado. Posteriormente, ele no poder surpreender o devedor com a exigncia literal do contrato.



O assunto foi alvo de discusso na IV Jornada de Direito Civil do CJF e deu origem ao Enunciado 362 que menciona o art. 422 do CC e dispe que:

Enunciado 362 Art. 422. A vedao do comportamento contraditrio (venire contra factum proprium) funda-se na proteo da confiana, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Cdigo Civil. Art. 422 do CC - Os contratantes so obrigados a guardar, assim na concluso do contrato, como em sua execuo, os princpios de probidade e boa-f.

Diante do que j foi explicado, percebe-se que apenas a afirmativa IV est correta.

Gabarito: B

5. (FGV - FISCAL DE RENDAS RJ 2009) A respeito dos contratos, analise as afirmativas a seguir: I. No caso de redibio de contrato comutativo, sempre ser devida reparao por perdas e danos. II. A responsabilidade por evico clusula essencial aos contratos onerosos e no pode, portanto, ser excluda pelas partes, ainda que expressamente. III. A aceitao de proposta de contrato fora do prazo ou com modificaes configura nova proposta. Assinale: (A) se somente a afirmativa II estiver correta. (B) se somente a afirmativa III estiver correta. (C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

Anlise das afirmativas:

I. ERRADA. A afirmativa trata dos vcios redibitrios (defeitos ocultos existentes em uma coisa alienada). A base legal para a soluo o art. 443 do CC.

Art. 443 do CC - Se o alienante conhecia o vcio ou defeito da coisa, restituir o que recebeu com perdas e danos; se o no conhecia, to-somente restituir o valor recebido, mais as despesas do contrato.

Ou seja, conclui-se que s haver perdas e danos se houver m-f por parte do vendedor que conhecia o dano e se omitiu a respeito.

II. ERRADA. A evico a perda da coisa, por fora de deciso judicial, fundada em motivo jurdico anterior, que a confere a outrem, seu verdadeiro dono, com o reconhecimento em juzo da existncia de nus sobre a mesma coisa, no denunciado oportunamente no contrato, conforme o art. 447 do CC.

Art. 447 do CC - Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evico. Subsiste esta garantia ainda que a aquisio se tenha realizado em hasta pblica.



Desta forma, se uma pessoa, agindo de boa-f, adquirir um bem e depois o perder para o real proprietrio, ento, via de regra, poder cobrar indenizao do alienante. Entretanto, essa responsabilidade do alienante pela evico poder ser reforada, diminuda ou excluda, nos termos do art. 448 do CC.

Art. 448 do CC - Podem as partes, por clusula expressa, reforar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evico.

III. CERTA. J comentamos sobre a proposta nas questes 2 e 3. A afirmativa reflete o art. 431 do CC.

Art. 431 do CC - A aceitao fora do prazo, com adies, restries, ou modificaes, importar nova proposta.

A aceitao da proposta deve ser oportuna e conter adeso integral oferta. Caso ocorra manifestao fora do tempo, estar configurada uma nova proposta.

Gabarito: B

6. (NCE PROCURADOR PREF. DE VARZEA PAULISTA 2006) O contrato bilateral requer que as duas prestaes sejam cumpridas simultaneamente, de forma que nenhum dos contratantes poder, antes de cumprir sua obrigao, exigir o implemento do outro, devido a: (A) Emptio spei; (B) Emptio rei speratae; (C) Obrigao propter rem; (D) Exceptio adimpleti contractus; (E) Exceptio non adimplenti contractus.

Anlise das alternativas:

(A) ERRADA. Emptio spei um tipo de contrato aleatrio em que um dos contratantes, na alienao de coisa futura, toma a si o risco existente da coisa, ajustando um preo, que ser devido integralmente, mesmo que nada se produza sem que haja dolo ou culpa do alienante. Este instituto est previsto no art. 458 do CC.

Art. 458 do CC - Se o contrato for aleatrio, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de no virem a existir um dos contratantes assuma, ter o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte no tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avenado venha a existir.

Corresponde compra de uma esperana, quando o comprador assume o risco da existncia da coisa (ex: comprar a ninhada de uma cadela).

(B) ERRADA. O conceito de emptio rei speratae se assemelha ao da alternativa anterior, entretanto, aqui o risco na quantidade, ento se no vier nada, ou se nada for produzido, o preo no ser devido. O instituto tratado no art. 459 do CC:



Art. 459 do CC - Se for aleatrio, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, ter tambm direito o alienante a todo o preo, desde que de sua parte no tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior esperada. Pargrafo nico. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienao no haver, e o alienante restituir o preo recebido.

(C) ERRADA. A obrigao propter rem aquela em que o devedor, por ser titular de direito sobre a coisa, fica sujeito a uma prestao que no proveniente de manifestao expressa ou tcita de sua vontade. o que ocorre com aquele que compra um imvel e assume a obrigao sobre todos os IPTUs atrasados do imvel, pois a obrigao de pagar o IPTU fica vinculada ao imvel.

(D) ERRADA. A exceptio adimplenti contractus, exceo do contrato cumprido, prev que mesmo ocorrendo o cumprimento das clusulas estipuladas no contrato, o aspecto oneroso ser mantido.

(E) CERTA. A exceptio non adimplenti contractus est prevista no art. 476 do CC, trata-se da exceo de contrato no cumprido.

Art. 476 do CC - Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigao, pode exigir o implemento da do outro.

Ou seja, em decorrncia dos contratos bilaterais ou sinalagmticos gerarem reciprocamente direitos e obrigaes para ambas as partes, ento uma das partes no pode exigir da outra o cumprimento de cumprir com a sua obrigao. E, linguagem simples, eu no posso cobrar o bem se eu no paguei.

Gabarito: E

7. (FGV - FISCAL DE RENDAS RJ 2008) Quanto ao contrato de execuo contnua, correto afirmar que: (A) as prestaes vencidas e no pagas produzem efeitos ex tunc. (B) a prescrio atinge por igual todas as parcelas do contrato. (C) no h liberao de uma das partes, se a outra no pode cumprir o contrato. (D) pode ser exigido o cumprimento das prestaes de forma simultnea. (E) a nulidade do contrato de prestao contnua no afeta seus efeitos j produzidos.

O contrato de execuo continuada ou de trato sucessivo aquele satisfeito mediante prestaes reiteradas, nos termos do que foi convencionado. So exemplo deste tipo de contratos os de locao, os de fornecimento de gua, gs, eletricidade, etc.

Anlise das alternativas:

(A) ERRADA. As prestaes vencidas e no pagas produzem efeitos ex nunc, ou seja, no retroage e, conseqentemente, no afeta os efeitos que j foram produzidos. Vamos pensar em um caso prtico usando o bom senso: imagine um contrato de fornecimento de energia eltrica, se, aps 1 ano de contrato, o consumidor deixar de pagar a conta, a cobrana no pode incidir sobre as prestaes que foram pagas.



(B) ERRADA. Ainda pensando no fornecimento de energia eltrica, as parcelas possuem data de vencimento diferente, ms a ms, ou seja, a prescrio das parcelas ocorrer em datas diferentes.

(C) ERRADA. A alternativa tem como tema a exceo do contrato no cumprido tratada no art. 477 do CC.

Art. 477 do CC - Se, depois de concludo o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuio em seu patrimnio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestao pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se prestao que lhe incumbe, at que aquela satisfaa a que lhe compete ou d garantia bastante de satisfaz-la.

Dessa forma, se uma das partes no puder cumprir o contrato, a outra est liberada da sua prestao.

(D) ERRADA. A caracterstica do contrato de trato sucessivo a periodicidade das prestaes, e no a simultaneidade.

(E) CERTA. Conforme os comentrios da alternativa (A).

Gabarito: E

Extino e resciso contratual

O contrato extingue-se atravs de duas formas: a forma normal ocorre com o seu cumprimento; j a forma anormal ocorre sem que as obrigaes tenham sido cumpridas.

Sobre as causas de extino anormal, podemos separ-las em anteriores ou contemporneas ao contrato (ex: nulidades e anulabilidades estudadas na aula 3) e em supervenientes (destroem os efeitos do contrato aps ele ter se formado).

A tabela a seguir enumera e sintetiza as causas anormais de extino dos contratos.

CAUSAS ANORMAIS DE EXTINO DO CONTRATO

ANTERIORES OU CONTEMPORNEAS SUPERVENIENTES

NULIDADES (arts. 166 e 167 do CC); ANULABILIDADES (art. 171 do CC); REDIBIO (vcios redibitrios).

RESCISO; RESOLUO; RESILIO; MORTE DO CONTRATANTE, nos contratos personalssimos.

Sobre as causas anteriores ou contemporneas, estudamos os vcios que so capazes de invalidar os negcios jurdicos. Pelo fato do contrato tambm ser um negcio jurdico, tais



vcios tambm podem extinguir um contrato invalidando-o totalmente (nulidade) ou parcialmente (anulabilidade).

Nos arts. 472 a 480 do CC (reproduzidos aps a tabela a seguir) temos disposies legais relativas s causas supervenientes anormais de extino do contrato.

Inicialmente faz-se necessrio distinguirmos as diferenas entre os termos resciso, resilio e resoluo. A tabela a seguir mostra que a resciso (que o gnero) possui as seguintes espcies: resoluo (extino do contrato por descumprimento do devedor, podendo ser com culpa ou sem culpa) e resilio (dissoluo por vontade bilateral tambm chamada de distrato - ou unilateral, quando admissvel por lei, de forma expressa ou implcita, pelo reconhecimento de um direito potestativo).

RESCISO

RESILIO RESOLUO

Ocorre quando h o desfazimento de um contrato por simples manifestao de vontade de uma ou de ambas as partes.

Ocorre quando houver um inadimplemento, ou seja, quando uma das partes no cumprir o contrato.

No interessa mais o vnculo contratual. Interessa o vnculo contratual.

A resilio pode ser de dois tipos:

- BILATERAL: o DISTRATO (art. 472 do CC), que deve ser celebrado atravs da mesma forma do contrato original.

- UNILATERAL (art. 473 do CC): a DENNCIA que deve ser notificada para a outra parte.

Aplica-se, especialmente, a contratos de atividades ou servios por tempo indeterminado.

A resoluo pode decorrer de uma clusula expressa ou tcita (art. 474 do CC).

- CLUSULA EXPRESSA: normalmente, os contratos trazem uma clusula resolutiva expressa dizendo que se no for cumprido algo determinado o contrato se resolve.Ou seja, o descumprimento provocar uma resoluo imediata.

- TCITA: sem a clusula resolutiva, o inadimplemento demanda uma notificao para a resoluo.

Ex: terminar um contrato de linha de celular ou de canal por assinatura.

Ex: alugar um apartamento e no pagar as parcelas de aluguel.

Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

Art. 473. A resilio unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denncia notificada outra parte. Pargrafo nico. Se, porm, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos considerveis para a sua execuo, a denncia unilateral s produzir efeito depois de transcorrido prazo compatvel com a natureza e o vulto dos investimentos.



Art. 474. A clusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tcita depende de interpelao judicial.

Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resoluo do contrato, se no preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenizao por perdas e danos.

Outro assunto muito cobrado em prova de concurso a exceo do contrato no cumprido (exceptio non adimpleti contractus) que um meio de defesa pelo qual a parte demandada pela execuo de um contrato pode argir que deixou de cumpr-lo pelo fato da outra ainda no ter satisfeito a prestao correspondente. Vide arts. 476 e 477 do CC.

Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigao, pode exigir o implemento da do outro.

Diante disso, imagine que voc contrate um pintor para pintar a sua casa e que fique convencionado o pagamento da metade no incio do servio e a outra metade ao final do servio. Se o pintor pedir a metade restante no meio da pintura, sem ter cumprido com a sua parte, voc em sua defesa, para no pagar a 2a metade, alega a exceo do contrato no cumprido.

Art. 477. Se, depois de concludo o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuio em seu patrimnio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestao pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se prestao que lhe incumbe, at que aquela satisfaa a que lhe compete ou d garantia bastante de satisfaz-la.

Caso o contrato seja celebrado, mas haja fundado receio de seu futuro descumprimento, por fora da diminuio posterior do patrimnio da parte contrria, preciso que se faa algo para resguardar o interesse dos contratantes.

Ou seja, o art. 477 do CC representa uma forma de proteo aos interesses daquele que, por fora da relao obrigacional, deve cumprir a prestao antes da parte contrria que teve o patrimnio diminudo.

O tema do quadro a seguir costuma ser abordado em provas de concursos:

CLUSULA SOLVE ET REPETE decorre do princpio da autonomia de vontade e significa uma clusula inserida no contrato que obriga o contratante a cumprir a sua obrigao, mesmo diante do descumprimento da do outro, para que possa questionar o descumprimento e exigir perdas e danos. Ou seja, trata-se de uma renncia ao direito de opor a exceo do contrato no cumprido.

Para finalizar a parte terica de hoje vamos abordar a TEORIA DA IMPREVISO consagrada nos art. 478 a 480 do CC.

Art. 478. Nos contratos de execuo continuada ou diferida, se a prestao de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinrios e imprevisveis, poder o devedor pedir a resoluo do contrato. Os efeitos da sentena que a decretar retroagiro data da citao.



Art. 479. A resoluo poder ser evitada, oferecendo-se o ru a modificar eqitativamente as condies do contrato.

Art. 480. Se no contrato as obrigaes couberem a apenas uma das partes, poder ela pleitear que a sua prestao seja reduzida, ou alterado o modo de execut-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.

Tal teoria consiste no reconhecimento de que a ocorrncia de um acontecimento novo e imprevisvel, com impacto na base econmica do contrato, justificaria a sua reviso ou resoluo. Entretanto, para que tal acontecimento influencie as bases do contrato, o contrato deve ser de execuo continuada ou de trato sucessivo, ou seja, de mdio ou longo prazo, uma vez que se mostraria intil nos de consumao instantnea. Conclui-se que est implcito na teoria da impreviso a clusula REBUS SIC STANTIBUS (enquanto as coisas ficarem como esto) que defende a permanncia do equilbrio contratual durante todo o perodo em que for celebrado.

Um exemplo seria o caso do empreiteiro com dificuldades de concluir a obra contratada, em razo de uma alta exagerada e imprevisvel do custo dos materiais.

Nos termos do art. 479 do CC, depreende-se o princpio da conservao do negcio jurdico desde que se reestabelea o equilbrio contratual perdido com o acontecimento extraordinrio e imprevisvel.

Por fim temos a possibilidade de reviso do contrato no art. 480 do CC.

Antes da nossa tradicional lista de exerccios da banca CESPE/UnB, temos duas questes muito interessante:.

8. (FGV - JUIZ SUBSTITUTO TJ-MS 2008) Celebrado contrato de promessa de compra e venda de imvel, e estando o devedor em dificuldades financeiras e objetivando no mais prosseguir na respectiva execuo, poder no tocante avena postular: (A) resciso. (B) resoluo. (C) resilio. (D) reviso. (E) revogao.

A questo apresenta nas suas alternativas conceitos que so bastante confusos e discutidos na doutrina sobre a extino ou alterao de contratos.

J estudamos no decorrer da aula a diferena entre a resciso, a resoluo e a resilio.

Sobre a questo, a jurisprudncia do STJ considera ser possvel a resilio unilateral do compromisso de compra e venda por iniciativa do promitente comprador se ele no rene mais as condies econmicas de suportar o pagamento das prestaes, o que enseja retenes pelo promitente vendedor de parte das parcelas pagas para compens-lo pelos custos operacionais da contratao.



Entretanto interessante comentarmos o instituto abaixo:

- revogao: consiste em uma modalidade de desfazimento de determinado negcio jurdico, por iniciativa de uma das partes isoladamente. o exemplo da resilio unilateral aplicvel a algumas modalidades contratuais, tal como o mandato e a doao.

Gabarito: C

9. (CESGRANRIO - ADVOGADO Secretaria Municipal de Sade SEMSA Prefeitura de Manaus-AM 2005) A extino de um contrato de compra e venda que tem por objeto bem mvel, celebrado por instrumento pblico: (A) se d automaticamente, pois nulo de pleno direito em funo da forma de celebrao. (B) tem de ocorrer por distrato celebrado por instrumento pblico. (C) pode ser requerida por qualquer das partes, pois anulvel em funo da forma de celebrao. (D) pode se dar por distrato celebrado por instrumento particular. (E) s pode se dar por distrato celebrado por instrumento particular se houver a concordncia do comprador, pois, em caso contrrio, ser o distrato celebrado por instrumento pblico.

A questo tem como base legal os arts. 108 e 472 do CC.

Art. 108 do CC - No dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial validade dos negcios jurdicos que visem constituio, transferncia, modificao ou renncia de direitos reais sobre imveis de valor superior a trinta vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas. Art. 472 do CC - O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

Os negcios jurdicos (art. 108 do CC) que envolvam bens imveis cujo valor no seja maior que 30 salrios mnimos e bens mveis de qualquer valor, em regra, no necessitam de escritura pblica por serem no solenes.

Dessa forma, nos termos do art. 472 do CC, para ocorrer a extino de um contrato de compra e venda de bem mvel tambm no ser exigvel a escritura pblica, bastando apenas o instrumento particular. Entretanto, nada impede que o distrato ocorra atravs de escritura pblica.

Gabarito: D



Lista dos exerccios apresentados no decorrer da aula

1. (FGV - FISCAL DE RENDAS MS 2006) ato jurdico bilateral e sinalagmtico: (A) doao. (B) promessa de recompensa. (C) permuta. (D) comodato. (E) depsito gratuito.

2. (FGV - FISCAL DE RENDAS RJ 2008) Paulo emite proposta de venda de seu carro a Jos. Pouco depois Paulo vem a falecer. Essa proposta: (A) vlida e eficaz. (B) anulvel e ineficaz. (C) perdeu validade com a morte do proponente. (D) perdeu eficcia com a morte do proponente. (E) torna-se inexistente, ante a morte do proponente.

3. (NCE ADVOGADO CIA DOCAS DE SANTANA 2007) Para efeito de formao dos contratos, pode-se afirmar que a proposta: (A) no gera qualquer obrigao ao proponente; (B) somente gera obrigaes para o proponente se feita a pessoa ausente; (C) somente gera obrigaes para o proponente se feita a pessoa presente; (D) obriga, via de regra, o proponente; (E) equivale s negociaes preliminares ou tratativas.

4. (FGV - AUDITOR TCM-PA 2008) Analise as afirmativas a seguir: I. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essncia o princpio da boa-f subjetiva. II. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essncia o princpio da funo social dos contratos. III. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essncia o princpio da autonomia da vontade. IV. O conceito de nemo potest venire contra factum proprium tem por essncia o princpio da boa-f objetiva. Assinale: (A) se todas as afirmativas estiverem corretas. (B) se apenas uma afirmativa estiver correta. (C) se nenhuma afirmativa estiver correta. (D) se apenas duas afirmativas estiverem corretas. (E) se apenas trs afirmativas estiverem corretas.

5. (FGV - FISCAL DE RENDAS RJ 2009) A respeito dos contratos, analise as afirmativas a seguir: I. No caso de redibio de contrato comutativo, sempre ser devida reparao por perdas e danos. II. A responsabilidade por evico clusula essencial aos contratos onerosos e no pode, portanto, ser excluda pelas partes, ainda que expressamente.



III. A aceitao de proposta de contrato fora do prazo ou com modificaes configura nova proposta. Assinale: (A) se somente a afirmativa II estiver correta. (B) se somente a afirmativa III estiver correta. (C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (E) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

6. (NCE PROCURADOR PREF. DE VARZEA PAULISTA 2006) O contrato bilateral requer que as duas prestaes sejam cumpridas simultaneamente, de forma que nenhum dos contratantes poder, antes de cumprir sua obrigao, exigir o implemento do outro, devido a: (A) Emptio spei; (B) Emptio rei speratae; (C) Obrigao propter rem; (D) Exceptio adimpleti contractus; (E) Exceptio non adimplenti contractus.

7. (FGV - FISCAL DE RENDAS RJ 2008) Quanto ao contrato de execuo contnua, correto afirmar que: (A) as prestaes vencidas e no pagas produzem efeitos ex tunc. (B) a prescrio atinge por igual todas as parcelas do contrato. (C) no h liberao de uma das partes, se a outra no pode cumprir o contrato. (D) pode ser exigido o cumprimento das prestaes de forma simultnea. (E) a nulidade do contrato de prestao contnua no afeta seus efeitos j produzidos.

8. (FGV - JUIZ SUBSTITUTO TJ-MS 2008) Celebrado contrato de promessa de compra e venda de imvel, e estando o devedor em dificuldades financeiras e objetivando no mais prosseguir na respectiva execuo, poder no tocante avena postular: (A) resciso. (B) resoluo. (C) resilio. (D) reviso. (E) revogao.

9. (CESGRANRIO - ADVOGADO Secretaria Municipal de Sade SEMSA Prefeitura de Manaus-AM 2005) A extino de um contrato de compra e venda que tem por objeto bem mvel, celebrado por instrumento pblico: (A) se d automaticamente, pois nulo de pleno direito em funo da forma de celebrao. (B) tem de ocorrer por distrato celebrado por instrumento pblico. (C) pode ser requerida por qualquer das partes, pois anulvel em funo da forma de celebrao. (D) pode se dar por distrato celebrado por instrumento particular.



(E) s pode se dar por distrato celebrado por instrumento particular se houver a concordncia do comprador, pois, em caso contrrio, ser o distrato celebrado por instrumento pblico.

GABARITO: 1-C 2-A 3-D 4-B 5-B 6-E 7-E 8-C 9-D



Lista de exerccios da banca CESPE/Unb

1. (FUNDAC/PB Advogado 2008) A essncia do contrato repousa na auto-regulamentao dos interesses particulares com a finalidade de criar, modificar ou

extinguir obrigaes. Em decorrncia, a locao de imvel residencial situado em zona residencial, para fins comercial ou industrial, atende aos ditames da funo social do contrato.

A funo social dos contratos significa que nem sempre os contratantes podero

livremente contratar. Ou seja, existe a autonomia privada (liberdade de contratar entre os

particulares), porm tal autonomia est limitada pelas questes de ordem pblica e por lei.

Dessa forma, se a zona onde se situa o imvel residencial, mas o contrato tem fins

comerciais ou industriais, no est se respeitando a funo social do contrato.

Gabarito: Errada.

2. (TJ/AC Juiz Substituto 2007) O princpio da funo social nas relaes contratuais vinculante e tem prioridade axiolgica sobre qualquer outra regra da disciplina contratual. A funo social considerada um fim para cuja realizao ou

preservao se justifica a imposio de preceitos inderrogveis e inafastveis pela vontade das partes.

Segundo Caio Mrio, a funo social do contrato serve precipuamente para limitar a

autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com o interesse social e

este deva prevalecer, ainda que essa limitao possa atingir a prpria liberdade de no

contratar, como ocorre nas hipteses de contrato obrigatrio. Tal princpio desafia a

concepo clssica de que os contratantes tudo podem fazer, porque esto no exerccio

da autonomia de vontade. Esta constatao tem como conseqncia, por exemplo,

possibilitar que terceiros, que no so propriamente partes do contrato, possam nele

influir, em razo de serem direta ou indiretamente por ele atingidos.

Gabarito: Certa.



3. (DPU Defensor Pblico 2007) O postulado da funo social do contrato (CC, art. 421), consectrio lgico dos princpios constitucionais da solidariedade (CF, art. 3., I) e da justia social (CF, art. 170), constitui uma clusula geral, a impor a reviso do princpio da relatividade dos efeitos dos contratos em relao a terceiros.

Conforme comentrios das duas questes anteriores.

Gabarito: Certa.

4. (CEF Advogado 2006) O princpio da boa-f objetiva impe o dever de cumprir a obrigao principal e vrias obrigaes acessrias, entre elas, a obrigatoriedade de o contratante fornecer ao outro todas as informaes necessrias para que este possa formar opinio esclarecida quanto a firmar ou no o contrato.

Sobre o enunciado da questo, o fornecimento de informaes visando consubstanciar a

formao de opinio para firmar ou no o contrato, temos que tal conduta est

diretamente relacionada com o princpio da boa-f objetiva.

Gabarito: Certa.

5. (CETURB/ES Advogado 2010) Como corolrio da clusula geral de boa-f objetiva, probe-se o venire contra factum proprium.

Ainda tendo como base o princpio da boa-f objetiva, temos que as atitudes de um dos

contratantes geram justas expectativas no outro contratante. Por isso, a linha de conduta

assumida por um dos agentes no pode ser contrariada pelo prprio agente atravs de

um ato posterior.

O venire contra factum proprium significa a proibio a um comportamento contraditrio.

Tal instituto funda-se na confiana despertada no outro sujeito de boa-f em razo da

primeira conduta realizada.

Gabarito: Certa.



6. (CEAJUR/SGA Procurador - 2007) O contrato comutativo se caracteriza pela equivalncia presumida das prestaes dos contratantes. Ambas as prestaes geradas esto definidas no momento da formao do contrato. Essas prestaes devem ser certas e compensar-se umas com as outras. Assim, os contratantes, alm de receberem prestaes equivalentes, podem apreciar imediatamente essa

equivalncia. Os contratos bilaterais onerosos se subdividem em comutativos e aleatrios. O contrato

oneroso o que traz benefcios e nus para ambas as partes, tal como o contrato de

compra e venda, o contrato de locao, etc. Ou seja, nesses tipos de contratos existe

uma prestao e outra contra-prestao.

Contrato comutativo: aquele onde as prestaes so certas, insuscetveis de variao.

Contrato aleatrio: aquele onde uma das prestaes pode variar em decorrncia de um evento incerto, tal como ocorre em um contrato de seguro automotivo, onde

o segurado paga o prmio e a seguradora somente ter uma conta-prestao se

ocorrer um sinistro.

Conclui-se que no contrato comutativo as partes realizam o negcio sabendo previamente

o que vo ganhar e perder.

Gabarito: Certa.

7. (Pref. Vila Velha/ES Tcnico Auditoria - 2008) Contrato sinalagmtico aquele que confere vantagens somente a um dos contratantes.

O contrato sinalagmtico aquele onde emergem obrigaes e vantagens recprocas, ou

seja, para ambas as partes contratantes, como ocorre no contrato de compra e venda

onde o vendedor se obriga a entregar a coisa e o comprador a pagar-lhe certo preo em

dinheiro.

Gabarito: Errada.



8. (FUNDAC/PB Advogado 2008) A proposta de contrato feita sem prazo determinado pessoa presente obriga o proponente, ainda que no aceita imediatamente.

Analisando o art. 428, I do CC, percebemos que a no aceitao imediata a uma proposta

feita pessoa presente sem prazo retira a obrigatoriedade da proposta.

Gabarito: Errada.

9. (AFTM Vitria-ES - 2007) Os contratos celebrados pela Internet ou por outro meio eletrnico so considerados contratos entre ausentes e as propostas so obrigatrias. Tais contratos so considerados perfeitos ou acabados a partir da expedio da proposta por um dos contratantes.

Quando se tratar de um contrato entre ausente, considera-se que o contrato se formou,

em regra, a partir do momento que a aceitao expedida (art. 434 do CC).

Gabarito: Errada. Os contratos pela Internet tambm podem ser entre presentes.

10. (TJ/SE Titularidade de Servios Notariais e de Registro 2007) Nos contratos celebrados entre pessoas presentes, a proposta tem fora obrigatria mesmo que seja feita sem prazo ou que no seja imediatamente aceita. Por fora dessa vinculao, a proposta cria uma relao jurdica e sujeita o inadimplente composio dos prejuzos por meio de indenizao por perdas e danos.

Segundo o art. 428, I do CC, a proposta sem prazo feita entre pessoas presentes, caso

no seja aceita imediatamente, perder a sua fora obrigatria.

Gabarito: Errada.

11. (STF Analista Judicirio Execuo de Mandados 2008) Feita a proposta entre presentes, a aceitao deve dar-se dentro do prazo estabelecido e, no havendo prazo, deve ser imediata, visto que, do contrrio, a proposta deixa de ser obrigatria. Nesse sentido, a aceitao por parte do destinatrio da proposta formaliza o contrato, uma vez que se atinge a convergncia de vontades, elemento essencial aos contratos.



Para consolidar o nosso estudo, vamos esquematizar as situaes de obrigatoriedade das

propostas::

Proposta entre presentes sem prazo: se torna obrigatria se houver aceitao imediata;

Proposta entre ausentes sem prazo: se torna obrigatria durante o decurso de tempo suficiente para a aceitao; e

Proposta entre ausentes com prazo: se torna obrigatria durante o prazo dado.

Gabarito: Certa.

12. (TJ/AC Juiz Substituto 2007) Por meio da estipulao em favor de terceiro, poder o promitente validamente fazer disposies de ltima vontade, outorgando benefcio pecunirio a um terceiro para aps a morte do estipulante e, ainda, renunciar ao direito de revogar a estipulao ou substituir o terceiro, bem como exigir do beneficirio uma contraprestao.

O assunto da questo a estipulao em favor de terceiro e a clssica situao que

exemplifica o instituto em pauta o contrato de seguro de vida. A assertiva apresenta a

seguinte incorreo:

- caso o contrato imponha ao terceiro uma contraprestao para que receba o seu

benefcio, no se caracterizar a estipulao em favor de terceiro (contrato

gratuito), mas sim um contrato de natureza sinalagmtica.

Gabarito: Errada.

13. (DPE/CE Defensor Pblico 2007) Se algum, ao contratar, promete fato de terceiro, esse contrato no tem a eficcia de obrigar quem dele no participou, vinculando obrigao aquele que assumiu o cumprimento da prestao, como devedor primrio. Assim, se o terceiro no executar a promessa feita no contrato, a responsabilidade patrimonial por perdas e danos incide sobre o promitente.

A questo trata da promessa de fato de terceiro. O assunto pode ser exemplificado pelo

empresrio que promete trazer um artista famoso para cantar em determinada cidade.



Caso o artista famoso no aparea para realizar o show, ento o empresrio promitente,

nos termos do art. 439 do CC, deve ser responsabilizado pelas perdas e danos

decorrentes da situao.

Gabarito: Certa.

14. (IEMA/ES Advogado - 2007) O contrato realizado por algum que prometeu fato de terceiro no tem a eficcia de obrigar quem dele no participou. Assim, se o terceiro no executar a promessa feita no contrato, a responsabilidade patrimonial por perdas e danos incide sobre o promitente.

Conforme os comentrios da questo anterior, este enunciado se enquadra no art. 439 do

CC.

Gabarito: Certa.

15. (TJ/AC Juiz Substituto 2007) Nos contratos onerosos, para que o alienante no responda pela evico e seja exonerado inclusive da restituio da quantia

paga pelo evicto, necessrio que, alm da clusula expressa de excluso da garantia, o adquirente tenha cincia do risco e o tenha assumido, como o caso de quem adquire coisa que sabe litigiosa.

A questo est de acordo com o art. 457 do CC.

Gabarito: Certa.

16. (PGM/Vitria-ES Procurador 2007) A responsabilidade pela evico consiste

na garantia instituda em favor do contratante que venha a perder a coisa adquirida por meio de contrato oneroso comutativo ou oneroso aleatrio, em virtude de direito de terceiro anterior ao contrato. Essa garantia inerente aos contratos, no sendo aplicvel na aquisio de bens em hasta pblica.



Analisando o final do art. 447 do CC, percebemos que a responsabilidade pela

evico subsiste ainda que a aquisio se tenha realizado em hasta pblica.

Gabarito: Errada.

17. (STF Analista Judicirio Execuo de Mandados 2008) Ocorrendo a evico parcial, mas sendo considervel a perda, faculta-se ao evicto postular a resoluo do contrato com a rejeio da coisa ou a restituio proporcional do preo. Tem-se, nesse caso, uma obrigao alternativa com escolha deferida ao credor.

Relembrando a tabela feita durante a aula, temos:

EVICO

PARCIAL

CONSIDERVEL

Direitos do evicto: 1. resciso do contrato; ou

2. restituio de parte do preo correspondente ao desfalque sofrido.

NO CONSIDERVEL Direito do evicto:

1. indenizao.

Gabarito: Certa.

18. (CODEBA Advogado 2006) Na hiptese de um comprador constatar que a coisa adquirida no o que pretendeu comprar, ele poder reclamar a resciso do contrato ou pedir abatimento no preo, alegando vcio redibitrio.

A questo faz uma mistura de conceitos entre erro e vcio redibitrio. O erro um vcio no negcio jurdico onde a pessoa que est contratando se

engana sozinha (ex: comprar um relgio dourado pensando que de ouro). Tal vcio

permite, nos termos do art. 138 do CC, que o negcio jurdico seja anulado.

Art. 138 do CC - So anulveis os negcios jurdicos, quando as declaraes de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligncia normal, em face das circunstncias do negcio.



Por outro lado, o vcio redibitrio um defeito oculto apresentado pelo bem

adquirido em razo de um contrato comutativo (tipo de contrato onde existe uma

contraprestao certa). Como exemplo temos a pessoa que compra um carro Santana e,

posteriormente, descobre que o motor do carro era de uma Braslia.

O vcio redibitrio permite dois tipos de ao:

1) ao redibitria: utilizada para redibir (cancelar) o contrato; e

2) ao estimatria: utilizada para reclamar abatimento no preo.

Com base no que foi aqui exposto, a questo trata de um situao de erro e no

de vcio redibitrio.

Gabarito: Errada.

19. (SGA/AC Advogado 2008) Quando o objeto adquirido pelo comprador, ao tempo da tradio, tiver um defeito oculto desconhecido do comprador, insuscetvel de verificao imediata, que o torne imprprio ao uso a que destinado ou lhe diminua o valor, o comprador pode, com ao redibitria, rejeitar a coisa e pedir a extino do contrato; no caso de o adquirente optar por ficar com o bem, ele tem direito ao abatimento no preo, que pode ser conseguido mediante ao estimatria.

Os vcios redibitrios e suas respectivas aes foram comentados na questo anterior.

Gabarito: Certa.

20. (SECONT/ES Auditor 2009) Considere que Jos tenha adquirido um carro zero quilmetro de determinada concessionria, por R$ 20.000,00. Convencionou-se que, antes da tradio, seria instalado um conjunto de som sofisticado por R$ 2.000,00. Passados 28 dias, Jos descobriu, durante uma reviso, que o rdio instalado era inferior em qualidade e ao valor convencionados. Nesse caso, a melhor medida a ser tomada por Jos a actio redibitoria.

Como o rdio no o objeto principal do contrato, a melhor medida a ser tomada na

situao apresentada seria a ao estimatria para reclamar abatimento no preo.

Provavelmente o valor de R$ 2.000,00 pago pelo som sofisticado.



Gabarito: Errada.

21. (PGE/PI Procurador - 2008) O contrato preliminar o compromisso para uma futura declarao de vontade, ou seja, um contrato que gera a obrigao de contratar. Trata-se de documento preparatrio para um negcio definitivo, devendo

ser observada, sob pena de nulidade, a forma do contrato a ser celebrado.

O contrato preliminar, tambm chamado de compromisso, pr-contrato, promessa de

contrato ou pacto de contraendo, tem por objeto a realizao de um contrato definitivo, ou

seja, as partes se comprometem a celebrar um contrato definitivo.

De acordo com o art. 462 do CC, o contrato preliminar deve ter todos os requisitos do

contrato definitivo visado, com exceo da forma. Ou seja, se eu celebrar um contrato

preliminar de compromisso de compra e venda de um imvel valioso, no h necessidade

de se utilizar uma escritura pblica.

Perceba que se for celebrado um contrato definitivo de compra e venda de bem imvel

valioso, deve-se utilizar a escritura pblica, mas o compromisso de compra e venda do

mesmo imvel pode ser celebrado mediante instrumento particular.

Gabarito: Errada.

22. (Procurador de Estado - PGE/PB 2008) Nos contratos aleatrios, as prestaes de uma ou ambas as partes so incertas, por dependerem de risco capaz de provocar variao; por isso, poder ocorrer desequilbrio entre as prestaes dos contratantes, dependendo do risco contratado.

J estudamos na questo 6 que o contrato aleatrio aquele onde h incerteza

em uma ou ambas as prestaes. Dessa forma, por haver uma incerteza decorrente do

risco assumido no h que se falar em desequilbrio entre as prestaes dos contratantes.

Gabarito: Errada.

23. (AGU Advogado 2006) O contrato bilateral caracteriza-se pela r

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Aula 07