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  • 7/26/2019 Aula 08Pedagogia

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    A nutrio em debate

    objet

    ivos

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    ULA

    Pr-requisitos

    Meta da aula

    Destacar a importncia da nutrio correta e osproblemas decorrentes da alimentao inadequada,

    ressaltando os cuidados na manipulao de alimentose o uso de aditivos qumicos, agrotxicos e alimentos

    geneticamente modicados.

    Esperamos que, aps o estudo do contedo desta aula, voc seja capaz de:

    Diferenciar os alimentos quanto origem.

    Relacionar os diferentes tipos de nutrientes sua funo.

    Analisar criticamente a funo nutricional dos alimentos.

    Discutir a importncia da ao governamental por meio de Programasno combate desnutrio de escolares.

    Reconhecer mitos e crenas acerca de alimentos.

    Propor e discutir atividades de Educao e Sade voltadas para alunose professores da Educao Bsica e da comunidade.

    Reveja as Aulas 1, 2,3, e de 8 a 16 de Bioqumica que discutem as

    propriedades fsico-qumicas e funcionais das biomolculas.

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    INTRODUO Nesta aula, discutiremos a importncia da alimentao balanceada. Para tal,

    apresentaremos os nutrientes e suas funes. Algumas regras para a boa

    alimentao sero vistas, bem como algumas referentes manipulao de

    alimentos. Questes atuais, como o debate sobre o uso de alimentos orgnicos,

    a utilizao de agrotxicos e os alimentos transgnicos, tambm tero lugar.

    NUTRIO, ALIMENTOS E NUTRIENTES

    Andra Galante (2005), presidente da Associao Brasileira de

    Nutrio, alerta que o conceito de nutrio evoluiu muito nos ltimos

    cinco anos, em decorrncia do avano tecnolgico, o que possibilitou uma

    ampliao do conhecimento acerca dos alimentos e da relao de preveno

    de doenas e promoo da sade. Hoje se fala em nutrio funcional, conceito

    que engloba a nutrio e todas as descobertas e avanos tecnolgicos. Mas,

    anal, o que vem a ser nutrio? o mesmo que alimentao? Para Ribeiro

    e Cozzolino (2005, p. 38), nutrio : Ato ou efeito de nutrir(-se), o qual

    compreende um conjunto de processos que envolvem desde a ingesto do

    alimento at sua assimilao pelas clulas.

    Quanto alimentao, nio Moura (1993) destaca que esta o

    ato voluntrio de consumir alimentos. Assim, por meio da alimentao,

    o indivduo pode nutrir seu organismo, j que o alimento compreende a

    fonte de matria e de energia. Existe uma grande variedade de alimentos,

    e, sem muito esforo, voc capaz de enumerar alguns exemplos: pes,

    frutas, leite, verduras, carne e outros. Mas, embora diferentes, a maioria

    composta por seis grupos de substncias os nutrientes cujos teores

    so variveis e que efetivamente nutrem o organismo (MOURA, 1993,

    p. 166). Os seis grupos de nutrientes, de que voc possivelmente j ouviu

    falar, so: carboidratos, protenas, lipdeos, vitaminas, minerais e gua.

    A nutrio dependente da quantidade e qualidade dos nutrientespresentes nos alimentos e necessrias ao pleno funcionamento do organismo.A complexidade de fatores envolvidos nas etapas da nutrio suscita a dvida:o que nos garante que a quantidade de nutrientes existente na dieta serutilizada pelo organismo? O termo biodisponibilidadepassou a ser utilizado,a partir dos anos 80, para indicar a proporo de determinado nutriente queseria realmente utilizada pelo organismo. Assim, a biodisponibilidade de umnutriente o resultado de um processo dinmico, o qual sofre a inuncia defatores diversos, relacionados dieta e tambm ao indivduo. Para maioresinformaes a este respeito, voc pode consultar o livro Biodisponibilidade

    denutrientes, de Slvia M. Franciscato Cozzolino (MANOLE, 2005).

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    ATIVIDADE

    1. Os alimentos podem ser classicados quanto origem. Completeo quadro a seguir, inserindo os exemplos apresentados de acordo

    com sua origem.CARNE FRUTAS MANTEIGA GUA AZEITE OVOS QUEIJO

    SAL IOGURTE ARROZ FEIJO PEIXE MILHO

    RESPOSTA COMENTADA

    Voc no deve ter tido diculdades em responder a esta questo,

    comumente utilizada para alunos do Ensino Fundamental. Nesse

    caso, possvel e recomendvel realizar variaes, com desenhos e

    colagem de gravuras.

    Os nutrientes podem ser classicados quanto sua natureza e

    sua funo predominante. Quanto natureza, podem ser orgnicos ou

    inorgnicos, e quanto funo, plsticos, energticos ou reguladores. Os

    nutrientes orgnicos so as protenas, os lipdeos e os carboidratos, pois

    apresentam carbono em sua composio. So encontrados exclusivamente

    em alimentos de origem animal e vegetal. J os nutrientes inorgnicos

    (no possuem carbono) so a gua e os sais minerais, encontrados em

    alimentos de todas as origens animal, vegetal e mineral.

    ANIMAL VEGETAL MINERAL

    ANIMAL VEGETAL MINERAL

    CARNE FRUTAS GUA

    IOGURTE AZEITE SAL

    MANTEIGA ARROZ

    OVOS FEIJO

    QUEIJO MILHO

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    Geralmente, os nutrientes so divididos em duas classes: macronutrientes emicronutrientes. Os primeiros incluem as protenas, as gorduras, os carboidratose alguns minerais, requeridos em grandes quantidades diariamente, constituindoa maior parte da dieta e fornecendo a energia e os componentes necessriospara o crescimento, a manuteno e a atividade humana. Os micronutrientes

    so requeridos em pequenas quantidades, variando de miligramas (um milsimodo grama) a microgramas (um milionsimo do grama) (BERKOW, 2002).

    FUNES DOS NUTRIENTES

    A seguir, apresentaremos as principais funes dos nutrientes.

    Protenas

    As protenas so os principais elementos plsticos do corpo,participando da formao e do crescimento dos tecidos, dos rgos e

    de estruturas celulares (SANTOS, 1993). Alm da funo estrutural,

    tambm cumprem funes reguladoras (enzimas), hormonal, de defesa

    (anticorpos) e de transporte nos uidos biolgicos. So molculas

    grandes compostas por combinaes de 20 aminocidos, cuja seqncia e

    proporo so variveis. Quando as protenas ingeridas nos alimentos so

    digeridas, liberam os aminocidos que, absorvidos atravs das paredes

    do intestino delgado, chegam s clulas, onde so reconstrudos emprotenas diferentes das originais (SANTOS, 1993).

    As protenas so uma fonte de calorias, e podemser fonte de energia se houver insuficinciade carboidratos, o que acontece em condiesespeciais, como, por exemplo, desnutrio grave(CARROLL & SMITH, 1996) ou exerccio exaustivo(CLARK, 1998).

    Do ponto de vista nutricional, os aminocidos foram, a princpio,

    descritos como essenciais e no-essenciais, sendo que os primeiros, o

    organismo no consegue produzir em quantidades sucientes, devendo

    ser adquiridos por meio da alimentao. Mais recentemente, a classe

    dos aminocidos condicionalmente essenciais foi introduzida. Estes

    so denidos como aqueles que podem ser considerados essenciais em

    determinados estados siolgicos ou em determinadas condies clnicas

    (TIRAPEGUI, CASTRO & ROSSI, 2005).

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    Tirapegui, Castro & Rossi (2005: 71) apresentam a classicao

    nutricional dos aminocidos:

    ESSENCIAISCONDICIONALMENTE

    ESSENCIAISNO-ESSENCIAIS

    Fenilalanina Glicina Alanina

    Triptofano Prolina cido asprtico

    Valina Tirosina cido glutmico

    Leucina Serina Asparagina

    Isoleucina Cistena e Cistina

    Metionina Taurina

    Treonina Arginina

    Lisina Histidina

    Glutamina

    As protenas podem ser encontradas em alimentos de origem animal

    e vegetal. Com relao biodisponibilidade, podemos classic-las em

    protenas completas, parcialmente incompletas e totalmente incompletas.

    As de origem animal (carne, leite e derivados, peixes, aves e ovos) so

    consideradas completas, pois fornecem todos os aminocidos essenciais ao

    organismo, em quantidades adequadas ao crescimento e manuteno. As

    protenas parcialmente incompletas, como as provenientes de leguminosas,oleaginosas e cereais, possuem aminocidos em quantidade suciente

    apenas para a manuteno orgnica. A gelatina um exemplo de protena

    totalmente incompleta, pois a quantidade de aminocidos essenciais no

    supre nem as necessidades para a manuteno do metabolismo.

    Os alimentos, entretanto, podem ser combinados para obter

    protenas completas (CARROLL & SMITH, 1996). Uma mistura

    adequada de leguminosas, as quais contm cerca de 10 a 30% de

    protenas (feijo, soja, ervilhas), com cereais (6 a 15% de protenas)como arroz, trigo, milho, na mesma refeio, poderia apresentar valor

    nutricional protico equivalente s protenas de origem animal, desde

    que consumida em propores balanceadas. Esta mistura lembra algo

    familiar ao povo brasileiro? O arroz e feijo, sem dvida, um bom

    exemplo da complementao nutricional de protenas.

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    Carboidratos

    Os carboidratos (ou acares) so a fonte de energia primria do

    organismo (CLARK, 1998). Por sua importncia secular na alimentao,

    aliada ao fenmeno da transio epidemiolgica no incio da dcada de

    1980, nos pases economicamente desenvolvidos, ou seja, altas taxas de

    doenas crnicas no transmissveis (diabetes, dislipidemias, doenas

    cardiovasculares e obesidade, por exemplo), foram intensicadas as

    necessidades de caracterizar melhor as propriedades qumicas e as

    caractersticas siolgicas dos carboidratos.

    O ndice glicmico (IG) dos alimentos foi desenvolvido para compreender o efeitosiolgico proporcionado por diferentes fontes de carboidratos, componentes de umadieta habitual mista. Pode ser denido como o incremento sobre a curva glicmica(ou seja, a resposta da glicose sangnea), causado pela ingesto de 50 gramas deum alimento fonte de carboidratos, expresso como um percentual da rea da curvaglicmica produzida pela mesma quantidade de carboidrato de alimento padro.Aritmeticamente, temos:

    IG = aumento da rea na curva glicmica do alimento teste x 100

    aumento da rea na curva glicmica do alimento padro

    (HENRIQUES, 2005).

    Assim, a classificao mais recente estabelece quatro tipos

    de acares: os monossacardeos (glicose, frutose e galactose), os

    dissacardeos (sacarose, maltose e lactose), os oligossacardeos (ranose,

    maltodextrinas, fruto e galactoligossacardeos) e os polissacardeos

    (amido, pectina, glicognio e celulose). Os mono e dissacardeos so

    denominados carboidratos glicognicos, pois so capazes de se converter

    em glicose mais rapidamente, disponibilizada para ser utilizada pelo

    organismo (HENRIQUES, 2005).

    Cerca de 10 a 15% da massa corporal formada por protena, embora seu contedovarie nas diferentes clulas (clula cerebral = 10%; hemcias e clulas musculares = 20%).Como no existem reservatrios de protena no corpo, as necessidades nutricionaisdevem ser supridas pela dieta. Quando isso no acontece, pode ser instalado um quadrode desnutrio protico-energtica (DPE), cujos casos mais graves so o marasmo(decincia crnica de energia causada por decincia na alimentao durante alactao) e o Kwashiorkor,alm de formas combinadas dos dois tipos. Este ltimo uma palavra africana que signica o primeiro e o segundo. Acomete crianas de 1 a4 anos, no ltimo perodo de lactao, desmame e ps-desmame e caracteriza-se poruma decincia crnica de protenas. O primeiro e o segundo refere-se ao fato dea me deixar de amamentar o primeiro lho, por ocasio do nascimento do segundo,deixando, aquele, de receber protenas via leite materno e tendo, como substituinte,apenas fontes de carboidratos (farinhas, pes, massas etc.).

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    Os oligossacardeos ocupam uma posio intermediria entre as

    molculas de mono e dissacardeos, mais simples, e as longas cadeias de

    polissacardeos. Inulina e frutoligossacardeos so oligossacardeos com

    caractersticas de FIBRAALIMENTAR, pois escapam da digesto tpica dos

    carboidratos, chegando s regies mais distais do trato gastrintestinal.

    Alm disso, so pr-biticos autnticos, ou seja, estimulam o crescimento

    de algumas espcies de bactrias, o que gera seletividade no clon,

    reduzindo a populao de microorganismos patognicos.

    O glicognio um polissacardeo de armazenamento presente nos

    msculos e fgado de mamferos. Uma pessoa bem nutrida, com cerca de

    80 Kg, armazena cerca de 500g de carboidratos no corpo. A dieta pode

    afetar signicativamente a quantidade armazenada: um jejum de 24 horas

    ou uma dieta isocalrica (calorias normais) pobre em carboidratos reduz

    drasticamente as reservas de glicognio. J a mesma dieta, por vrios

    dias, se for rica em carboidratos, duplica as reservas, em comparao

    com uma dieta balanceada (McARDLE, KATCH & KATCH, 2002).

    FIBRAALIMENTAR

    qualquer materialcomestvel que no

    seja hidrolisado pelasenzimas endgenas

    do trato digestivode humanos

    (RESOLUO RDC 40de 21/03/2001 Anvisa

    apudFILISETTI &LOBO, 2005: 174).

    encontrada em vegetais,frutas, gros integrais,

    sementes, algas marinhase razes (idem).

    Erroneamente, muitas pessoas acreditam que os carboidratos so osviles das dietas. muito comum, ento, quando se pretende emagrecer,restringir drasticamente a ingesto de alimentos fontes desse nutriente,

    o que pode trazer conseqncias como fraqueza e sonolncia. Almdisso, os carboidratos so a nica fonte de energia para o crebroe so os primeiros a serem utilizados como fonte de energia para ofuncionamento do corpo (STELLA, 2005).

    Santos (1993) apresenta uma ampla lista de alimentos para

    exemplicar esse grupo de nutrientes: cereais (arroz, aveia, trigo, milho)

    e derivados (massas, po, farinhas, mingaus etc.); frutas (banana, ma,

    tangerina, uvas), razes e tubrculos (beterraba, mandioca e batata).O acar branco nada mais do que

    o renamento do acar natural de

    vegetais, como, por exemplo, da cana,

    da beterraba etc. Contm, portanto,

    alta concentrao de glicdios. Outra

    grande fonte de acar o mel, que

    tambm renado e concentrado,

    mas por meio de um processo natural(so as abelhas que o fazem).

    Uma caloria a quantidade de calor necessria para elevar de 1Ca temperatura de 1kg (1L) de gua. A quilocaloria (Kcal) denemais corretamente a caloria. O valor energtico total (bruto) dosmacronutrientes medido por calormetros tipo bomba. O calorliberado pela queima do alimento neste calormetro conhecidocomo calor de combusto ou valor energtico total do alimento. Paraa queima de 1g de cada um dos diversos macronutrientes puros, osvalores encontrados so: carboidrato = 4,20Kcal; protena = 5,65Kcal;lipdio = 9,45Kcal. Assim, os lipdios liberam cerca de 65% mais energiapor grama do que as protenas e 120% mais do que os carboidratos

    (McARDLE, KATCH & KATCH, 2002).

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    Lipdios

    Os lipdios ou gorduras podem ser divididos em saturados e

    no-saturados, que diferem na composio qumica e na maneira de

    afetar o organismo (CARROLL & SMITH, 1996). O primeiro tipo encontrado em derivados do leite e em alguns alimentos de origem animal,

    e podem aumentar o risco de doena cardaca e cncer (CLARK, 1998).

    As gorduras insaturadas (mono e poliinsaturadas), menos prejudiciais,

    so, geralmente, de origem vegetal.

    Como exemplos de alimentos fontes de gorduras saturadas,

    temos: carne (de boi, de porco etc.), manteiga, toucinho, leite integral

    e ovos. Tambm alguns leos vegetais como o de coco, de palma e de

    dend. Como caracterstica, so gorduras slidas temperatura ambiente(CARROLL & SMITH, 1996).

    As gorduras insaturadas, por sua vez, so lquidas temperatura

    ambiente. Esto presentes em peixes, por exemplo, mas sua principal

    fonte compreende os leos vegetais, e podem ser divididas em gorduras

    monoinsaturadas (azeite extra-virgem, leo de canola, amendoim, castanha

    e abacate) e poliinsaturadas (leos de soja, milho, algodo e girassol),

    ambas bencas para o corao (CARROLL & SMITH, 1996).

    Dentre as funes dos lipdeos, podemos destacar o fornecimento

    de energia, o isolamento trmico e a sustentao e proteo da pele de

    alguns rgos (SANTOS, 1993). Tambm possuem funo plstica,

    compreendendo componentes estruturais das clulas (por exemplo,

    participam da formao da membrana plasmtica, junto com as

    protenas). So tambm valiosos no armazenamento e no transporte das

    vitaminas A, D, E e K (CARROLL & SMITH, 1996) e no suprimento dos

    cidos graxos essenciais: o cido linolico, o cido linolnico (encontrados

    nos leos vegetais), cido eicosapentaenico e o cido docosaexanico

    (essenciais para o desenvolvimento do crebro, encontrados nos leos de

    peixe (PACHECO, 2005), e o cido araquidnico (BERKOW, 2002).

    Os leos vegetais no possuem colesterol, pois este exclusivo

    dos tecidos animais. Assim, pode ser obtido pelo organismo humano

    por meio da ingesto de alimentos (colesterol exgeno), mas tambm a

    partir da sntese realizada pelo prprio organismo (colesterol endgeno).

    Mesmo numa dieta isenta de colesterol, sua sntese endgena varia entre

    0,5 a 2,0g por dia (McARDLE, KATCH & KATCH, 2002), mas no

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    se acumula nos tecidos (SANTANA, 2005). Como j foi estabelecida

    uma relao direta entre a incidncia de vrias doenas do corao e os

    nveis plasmticos de colesterol, importante avaliar o seu teor presente

    nos alimentos. A ingesto de cidos graxos mega 3 reduz os nveis do

    colesterol plasmtico (possivelmente por reduzir a sntese de VLDL).

    Vitaminas

    As vitaminas so catalisadores metablicos, agindo como

    auxiliares das enzimas, aumentando a velocidade de reaes qumicas

    do organismo. So indispensveis, e, como a maioria no produzida

    pelo corpo, devem estar presentes na dieta. Podem ser classicadas em

    dois grupos: (1) asVITAMINASHIDROSSOLVEIS: COMPLEXOB

    e vitamina C; (2)as LIPOSSOLVEIS: A, D, E e K.

    Uma dieta variada e balanceada supre as necessidades nutricionais

    de todas as vitaminas de que o organismo necessita. Assim sendo, os

    suplementos vitamnicos so recomendados a pessoas em situaes

    especiais, como, por exemplo, decincias vitamnicas, problemas

    de sade, doenas crnicas, treinamento fsico intenso, dentre outras

    (CLARK, 1998; CARROLL & SMITH, 1996), em que no seja possvel

    atingir as recomendaes vitamnicas via alimentao.Em julho de 2005, Drauzio Varella, entrevistando o Dr. Anthony

    Wong, mdico pediatra e toxicologista do Hospital das Clnicas da

    Universidade de So Paulo, colocou a seguinte questo: Como voc v

    essa vitaminoterapia que se transformou numa coqueluche, no s no

    Brasil, mas nos Estados Unidos e Europa tambm? A resposta, disponvel

    em http://www.drauziovarella.com.br/entrevistas/auto_wong9.asp, foi:

    Tudo pode ser veneno. A mesma substncia que, usada nas

    doses e momentos certos, remdio, se usada inadequadamente,

    pode ser veneno. Isso vale inclusive para as vitaminas. Estudos

    epidemiolgicos e sistemas de anlises clnicas cada vez mais

    aperfeioados mostraram coisas que no sabamos. Por exemplo,

    as megadoses de vitaminas no previnem nem curam doenas. Ao

    contrrio, podem at fazer mal. Durante muito tempo, acreditou-se

    que as oito vitaminas que participam da composio do complexo

    B no seriam txicas. Depois, descobriu-se que a tiamina, a

    piridoxina, o cido nicotnico e a niacina, quando acumulados,eram potencialmente txicos. Hoje se sabe que a superdosagem

    desses elementos pode causar uma srie de problemas srios.

    VLDL a siglapara very low

    density lipoprotein

    (lipoprotena de muitobaixa densidade)

    (SANTANA, 2005),que contm o maiorpercentual de lipdios

    e cuja degradaoproduz a LDL (low

    density lipoproteinoulipoprotena de baixa

    densidade). HDLsignica high densitylipoprotein, ou seja,lipoprotena de alta

    densidade, que possuio maior percentual de

    protenas e menores

    quantidades de lipdiostotais e colesterol

    (McARDLE, KATCH& KATCH, 2002).

    VITAMINAS

    HIDROSSOLVEIS

    = dissolvem-se e soveiculadas pela gua.

    VITAMINAS

    LIPOSSOLVEIS

    = dissolvem-se emlipdeos. So veiculadas

    e armazenadas nessenutriente.

    COMPLEXOBO complexo B

    compreende oitovitaminas: tiamina (B1),

    riboavina (B2), niacina,cido pantotnico,

    piridoxina (B6),biotina, cido flico,

    cianocobalamina (B12).

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    As vitaminas so micronutrientes necessrios em microquantidades, variando em funodo estado siolgico, sexo e quantidade de atividade fsica realizada pelo indivduo. Osrequerimentos nutricionais aumentam durante perodos de crescimento, de gestao e delactao, assim como em condies de trabalho intenso e na ocorrncia de determinadasdoenas, sobretudo as infecciosas (PAIXO & STAMFORD, 2004). As recomendaes atuais

    especicando as necessidades dirias de vitaminas so baseadas nas Dietary ReferenceIntakes (DRI) estabelecidas nos Estados Unidos e Canad. A dose diria recomendada(RDA = Recommended Dietary Allowance), para homens adultos, de algumas vitaminas,pode ser visualizada a seguir:

    A = 900g; B1 = 1,2mg; B2 = 1,3mg; niacina = 16mg; cido pantotnico = 5mg; B6= 1,3mg; cido flico = 400g; B 12 = 2,4g; H = 30 g; C = 75mg; D = 5g; E = 15mg;K =120 g (COZZOLINO, 2005).

    RDA a quantidade de nutriente suficiente para atender necessidade deaproximadamente 97-98% dos indivduos saudveis em determinado estgio da vidae gnero (NRC, 2001).

    A seguir, apresentamos um quadro com as principais vitaminas,

    suas funes, sintomas da carncia e principais fontes.

    VITAMINAS FUNES SINTOMAS DA CARNCIA FONTES

    A (retinol)

    Essencial para o

    crescimento normal e

    sade da pele, unhas

    e cabelos. Aumenta aresistncia das mucosas a

    infeces. Importante para

    a viso.

    Afeces da pele, xeroftalmia

    ou olho seco, perturbaes

    das mucosas, suscetibilidade

    a infeces, tendncia formao de clculos

    urinrios.

    Cenoura, abbora, couve,

    espinafre, batata, mamo,

    pssego, fgado, leite,

    manteiga (os vegetaistm alfa e betacaroteno,

    precursores da vitamina A).

    D

    D2(Ergocalciferol)

    D3(Colecalciferol)

    Ajuda o organismo a

    utilizar o clcio e o fsforo

    para a boa sade de ossos

    e dentes.

    Inibio do crescimento dos

    ossos longos; raquitismo;

    osteomalcia, perturbaes

    do metabolismo do clcio e

    do fsforo.

    Peixe, ovos, leo de fgado

    de bacalhau, sintetizada

    na pele por ao dos raios

    solares.

    E (Tocoferol)

    Antioxidante, ajuda

    na formao e ao

    funcionamento dosmsculos e outros tecidos.

    Estudos em animais: aborto,

    degenerao do epitlio

    germinativo, perturbaesneuromusculares, esterilidade.

    leos vegetais e cereais

    integrais, espinafre.

    K

    Necessria para a

    coagulao normal do

    sangue.

    Hemorragias

    Couve, alface, vagem,

    batata, ovos, sintetizada

    no intestino humano por

    bactrias.

    C(cido

    Ascrbico )

    Antioxidante. Participa na

    absoro do Ferro. Tem

    papel nos mecanismos de

    autodefesa do organismo

    contra as infeces.

    Escorbuto; hemorragias das

    articulaes, das mucosas,

    da pele, da gengiva e

    degenerao dental.

    Goiaba, acerola, laranja,

    limo, abacaxi, morango,

    couve, salsa, espinafre.

    Quadro 8.1: Caractersticas das vitaminas

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    C E D E R J 153

    AULA

    8

    MDULO1

    B1(Tiamina)

    Coenzima necessria no

    metabolismo de carboidratos,

    gorduras e protenas.

    Envolvida no funcionamento

    correto dos msculos e

    sistema nervoso.

    Beribri, insucincia

    cardaca, inamao dos

    nervos, atroa muscular,

    alteraes metablicas.

    Feijo, soja, ervilha,

    lentilha, gro-de-bico,

    aveia, arroz e trigo

    integrais, carne, gema.

    B2(Riboavina)

    Formao de hemcias.

    Regulao de enzimas

    tireoidianas. Co-fator redox

    no metabolismo gerador de

    energia.

    Leses nos cantos da boca,

    lbios e lngua, dermatite

    seborrica.

    Leite, ovos, fgado

    (principalmente), soja,

    lentilha, amendoim,

    sintetizada no intestino.

    NIACINA Precursor de coenzimas.

    Pelagra (quando ocorre

    decincia simultnea de

    triptofano).

    Carne, peixe, fgado,

    amendoim, leite e ovos,

    cereais, leveduras.

    CIDO

    PANTOTNICO

    Papel central no metabolismo

    de gerao de energia.

    Participao na biossntese de

    cidos graxos e de esterides.

    Desordens neuromotoras,

    depresso mental,

    distrbios gastrintestinais,

    diminuio da resposta

    imune.

    Carne, frango, aveia,

    batata, gema, tomate,

    brcolis, fgado.

    B6 (Piridoxina)

    Coenzima em mais de 100

    reaes enzimticas no

    metabolismo de lipdios,

    aminocidos, carboidratos e

    neurotransmissores.

    Convulso, anemia

    microctica, dermatite

    seborrica.

    Aveia, fgado, lentilha,

    manga, abacate, peixe,

    carne, leite, ovos,

    sintetizada no intestino.

    CIDO FLICO

    Na formao de eritrcitos

    e na preveno de certas

    formas de anemia. Mantm

    saudvel o sistema nervoso.

    Anemias, leses de

    mucosas, defeitos no tubo

    neural e complicaes na

    gravidez.

    Brcolis, espinafre, feijo,

    ervilha, lentilha, laranja.

    B12(Cobalamina)

    Ajuda a prevenir anemias.

    Co-fator para enzimas

    do metabolismo dos

    lipdios e sntese do cido

    nuclico.Coopera na

    formao dos glbulosvermelhos. Suporta o

    funcionamento correto do

    sistema nervoso. importante

    no metabolismo dos acares.

    Anemia megaloblstica,

    neuropatia,homocistinria.

    Alimentos de origem

    animal: carne, ovos,fgado, leite e derivados.

    H(Biotina)

    Participa no metabolismo

    dos acares, gorduras e

    protenas e na produo de

    energia.

    Dermatite esfoliativa e

    alopecia.

    Fgado, carne, frutas, leite

    (humano e de vaca), gema,

    sintetizada no intestino

    humano por bactrias.

    Fontes: Santos (1993); Moura (1993); Carrol & Smith (1996), McArdle, Katch & Katch (2002) e Cozzolino (2005).

  • 7/26/2019 Aula 08Pedagogia

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    154 C E D E R J

    Educao em Sade | A nutrio em debate

    Minerais

    Pelo menos 20 sais minerais desempenham papel na manuteno

    da funo de tecidos orgnicos e/ou no controle do metabolismo corporal.

    Os minerais no fornecem energia para o organismo. O quadro aseguir apresenta os minerais, suas funes, fontes e conseqncias das

    carncias.

    ELEMENTOS FUNES FONTESCONSEQNCIAS DA

    CARNCIA

    Clcio

    Constituinte de ossos e

    dentes; regulao muscular

    nervosa e sangnea.

    Leite e derivados (mais

    ricos), oleaginosas, folhas

    verdes, brcolis, sardinha.

    Osteoporose, raquitismo,

    osteomalcia,

    hipertenso.

    Fsforo

    Constituinte de ossos

    e dentes, membranas,

    nucleotdeos e cidos

    nuclicos. Auxilia na

    manuteno do Ph e no

    metabolismo energtico.

    Leite e queijo, peixe, carne,

    leguminosas, oleaginosas.

    A carncia rara, j

    que o contedo em

    alimentos fontes acima

    das recomendaes e a

    absoro eciente.

    Magnsio

    Constituinte de ossos

    e dentes. Afeta muitas

    funes celulares, atua no

    metabolismo de energia e

    proliferao celular.

    Vegetais folhosos, produtos

    marinhos, frutos secos,

    cereais, leite.

    Doena cardaca

    isqumica, hipertenso,

    diabetes, asma,

    osteoporose.

    Sdio

    Intervm na regulao

    do volume do plasma,

    equilbrio cido-bsico,

    funo nervosa e muscular.

    Normaliza o ritmo

    cardaco.

    Sal de cozinha

    Cibras, apatia mental,

    reduo do apetite.

    O excesso leva

    hipertenso.

    Potssio

    Funo nervosa e muscular.

    Equilbrio hdrico e cido-

    bsico. Normaliza o ritmo

    cardaco.

    Carne, laranja, banana,

    leite, batata, leguminosas

    e feijes.

    Alteraes cardacas

    e neuromusculares,

    confuso mental.

    CloroIntegra lquidos

    extracelulares.

    Alimentos com sal, vegetais

    e frutas.

    Improvvel com dieta

    adequada. Excesso

    contribui para a

    hipertenso (aliado ao

    sdio).

    Ferro

    Indispensvel na formao

    de hemoglobina,

    mioglobina e enzimas.

    Carne, fgado, ostras,

    legumes, espinafre, ervilha.

    Anemia ferropriva

    (problema nutricional

    mais comum no mundo,

    atingindo cerca de 2 a

    3 bilhes de pessoas).

    Excesso leva cirrose

    heptica.

    Quadro 8.2: Minerais e oligoelementos caractersticas

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    C E D E R J 155

    AULA

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    MDULO1

    IodoConstituinte dos hormnios

    tireoidianos.

    Sal iodado, peixes,

    moluscos e produtos

    marinhos.

    IDD (desordem associada

    decincia de iodo):

    retardo mental irreversvel,

    bcio, distrbios do sistema

    reprodutor, mortalidadeinfantil.

    Selnio

    Antioxidante.

    Potencializao do sistema

    imunolgico, preveno

    de doenas crnicas no-

    transmissveis. Papel

    mediador na ao da

    insulina.

    Castanha-do-brasil,

    carnes, cereais.

    Concentrao varia com

    a composio dos solos.

    Doena de Keshan e de Kasin-

    Beck. Alteraes cardacas e

    musculares. A intoxicao por

    selnio causa perda de unhas

    e cabelos e odor de alho pelas

    vias respiratrias.

    Zinco

    Essencial para a atividade de

    mais de 300 enzimas. Participada sntese e da degradao

    de lipdios, carboidratos,

    protenas e cidos nuclicos.

    Regula a expresso gnica.

    Ostras, carne, fgado,soja, germe de trigo,

    amendoim, aveia,

    iogurte.

    Anorexia, atraso na maturao

    sexual, intolerncia glicose,hipogonadismo, retardo

    no crescimento, disfunes

    imunolgicas e alteraes no

    paladar.

    Cromo

    Co-fator de protenas de

    baixo peso molecular.

    Importante na manuteno

    nos nveis de glicose

    circulante, insulina e

    lipdios.

    Gros, cereais, carne,

    frango, peixe.

    Diminuio do uso da glicose

    e aumento da necessidade de

    insulina (contribuio para

    o diabetes tipo II). Perda de

    peso inexplicvel e neuropatia

    perifrica.

    Cobre

    Constituinte de enzimas de

    oxidorreduo. Participa no

    metabolismo do esqueleto,

    no sistema imunolgico e

    na preveno de doenas

    cardiovasculares.

    Fgado, ostra, caju,

    castanha-do-brasil,

    avel, nozes.

    Anemia, sndrome

    de Menkes, danos

    neurolgicos, alteraes

    no metabolismo sseo,

    doena arterial coronariana,

    comprometimento do sistema

    imunolgico inato e humoral.

    Mangans

    Formao de ossos.

    Envolvido no metabolismo

    de aminocidos, colesterol e

    carboidratos e na regulao

    da atividade de diversas

    enzimas e de receptores de

    neurotransmissores.

    Germe de trigo, noz-

    pec, soja, oleaginosas,abacaxi, suco de uva,

    caju.

    Em espcies animais,

    prejuzos no crescimento,

    na funo reprodutora,

    alteraes no metabolismode carboidratos e lipdios e

    queda na tolerncia glicose.

    Osteoporose em mulheres.

    Molibdnio

    Co-fator de um nmero

    limitado de enzimas no

    catabolismo de aminocidos

    e compostos heterocclicos

    (purinas e pirimidinas).

    Sade neurolgica do recm-

    nascido.

    Lentilha, ervilha, feijo,

    oleaginosas, coco, ovos,

    alface, cebola, espinafre.

    Perda da funo das enzimas

    de molibdnio. Taquicardia,

    cegueira noturna, taquipnia,

    coma. Dano neurolgico em

    recm-natos que leva morte.

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    No Manual Merck de Informao Mdica Sade Para a Famlia

    (BERKOW, 2002), h a advertncia de que alguns ELEMENTOSVESTIGIAISso

    essenciais, como o ferro, o zinco, o cobre, o mangans, o molibdnio,

    o selnio, o iodo e o uoreto. H outros, essenciais na nutrio animal,

    mas ainda no denidos como indispensveis na nutrio humana: o

    arsnico, o cobalto, o nquel, o silcio e o vandio. Em excesso, todosos elementos vestigiais so txicos e alguns foram inclusive identicados

    como cancergenos (arsnico, nquel e cromo, por exemplo).

    GUA

    A gua essencial, pois compe cerca de 2/3 do corpo.

    responsvel por estabilizar a temperatura corporal, transportar nutrientes

    para as clulas e retirar os produtos de excreo, bem como auxiliar

    o funcionamento celular. A gua no prov energia para o organismo.Aproximadamente 2,5 litros devem ser ingeridos diariamente, j

    que, atravs da respirao, da transpirao, da urina e das fezes parte

    da gua expelida (CLARK, 1996; SANTOS, 1993; BERKOW, 2002).

    Alm da prpria gua, frutas e verduras so boa fonte desse nutriente.

    DIETA SAUDVEL X DESVIOS DA NUTRIO NORMAL

    A chave para uma dieta saudvel est numa alimentao variada ebalanceada. Para que a alimentao proporcione uma nutrio adequada,

    nio Moura (1993) sugere a adoo de quatro regras bsicas, que podem

    ser visualizadas a seguir.

    ELEMENTOSVESTIGIAIS

    OUOLIGOELEMENTOS

    (catalizadores dasreaes enzimticas).So nutrientes

    requeridos em dosesinnitesimais.(oligo = pouco).

    Quantidade A dieta deve suprir as necessidades nutricionais dirias da pessoa ao longo do dia.

    QualidadeComplementar primeira, ressalta a necessidade de inserir alimentos com bom valor

    nutritivo, representativos de todos os grupos de nutrientes.

    Quadro 8.3: Regras bsicas para a alimentao adequada

    Fontes: Santos (1993); Moura (1993); Carrol & Smith (1996), McArdle, Katch & Katch (2002) e Cozzolino (2005).

    Flor

    Sade ssea e dentria,

    preveno de cries e de

    osteoporose.

    gua potvel, peixes e

    crustceos.

    Crie dentria. O excesso

    leva a manchas nos

    dentes, densidade ssea

    aumentada, distrbios

    neurolgicos.

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    AULA

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    MDULO1

    Pirmide Alimentar

    A Pirmide Alimentar, segundo a legislao vigente, um

    instrumento, sob a forma grca, de orientao da populao para

    uma alimentao mais saudvel (Resoluo Anvisa RDCno 39, de 21

    de maro de 2001). Constitui um guia, no qual a pessoa pode escolher os

    alimentos a serem consumidos visando obteno de todos os nutrientes

    necessrios e quantidade certa de calorias. Como voc pode ver a

    seguir, a pirmide possui 4 nveis com 8 grandes grupos. Os alimentos

    dispostos na base da pirmide devem ter uma participao maior no

    total de calorias da alimentao, enquanto os alimentos dispostos no

    topo da pirmide devem contribuir com a menor parte das calorias de

    toda a alimentao.

    Variedade (ou regra da

    harmonia)

    Necessidade de estabelecer uma proporo harmnica entre vrios tipos de

    alimentos.

    AdequaoAlimentao deve ser adequada a cada indivduo, levando em conta caractersticasindividuais (idade, estado de sade, atividade fsica).

    Adaptado de Moura (1993).

    leos e gorduras

    1 2 pores

    Leite e produtos lcteos

    3 pores

    Frutas

    3 5 pores

    Acares e doces

    1 2 pores

    Carnes e ovos

    1 2 pores

    Leguminosas1 poro

    Hortalias

    4 5 pores

    Cerais, pes, tubrculos, razes

    5 9 pores

    RDC

    Resoluo daDiretoria Colegiada.

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    ATIVIDADE

    2. Na pirmide alimentar, cada grupo de alimentos fonte de nutrientes

    especcos e essenciais a uma boa manuteno do organismo. Se o

    acar um carboidrato e este nutriente compreende a principal

    fonte de energia para o organismo, por que se encontra no topo dapirmide?

    _____________________________________________________________

    _____________________________________________________________

    ____________________________________________________________

    RESPOSTA COMENTADA

    Embora seja um carboidrato, o acar branco renado no possui

    outros nutrientes, e denominado, por isso, caloria vazia. Por

    esse motivo, seu consumo deve ser moderado e outras fontes decarboidratos (cereais, pes, tubrculos e razes) ocupam a base da

    pirmide.

    O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla emingls) divulgou uma nova pirmide alimentar, para substituir a anterior(de 1992), que no se limita a apresentar as melhores combinaes e

    pores dos grupos de alimentos, mas traz informaes para uma vidamais saudvel. Nosite http://www.mypyramid.gov, h linksem que possvel ter uma indicao mais adequada de consumo calricodirio a partir de informaes de dados pessoais como idade, sexo equantidade de atividade fsica, por exemplo (MARINHO, 2005).

    Desvios da nutrio normal: fome e obesidade

    Em 7 de agosto de 2002, por ocasio da Rio +10 (Cpula Mundial

    para o Desenvolvimento Sustentvel), o jornal O Globopublicou um

    encarte intitulado Planeta Terra, cujo ttulo principal era: O desao

    de alimentar o mundo. A estatstica mundial da fome, salientada

    nesse material, assustadora. Naquele momento, a estimativa era de

    que 800 milhes de pessoas passavam fome, 95% delas em pases

    em desenvolvimento (JANSSEN, 2002). O tema se mantm atual e,

    no dia 2 de julho de 2005, roqueiros do mundo participando da srie

    de concertos Live 8, em diferentes cidades, zeram barulho visando

    pressionar os pases mais ricos a ajudarem a frica, onde milhes de

    pessoas passam fome. Como resultado, 26 milhes de pessoas no mundo

    inteiro assinaram um documento na Internet, no sitedos roqueiros.

    !

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    MDULO1

    No Brasil, a desigualdade alarmante: Janssen, em 2002,

    ressaltava que o Brasil ocupava o 1o lugar no ranking mundial de

    produo de acar, laranja e caf, e que possua o maior rebanho

    comercial bovino. Entretanto, o expressivo nmero de famintos variava

    em diversas estatsticas (23 milhes segundo o governo e 54 milhes de

    acordo com a Fundao Getulio Vargas). Em 2003, uma outra publicao

    do mesmo jornal ressaltava que o desperdcio de comida chegava a

    1,3% do PIB e que, segundo estudo da FAO/ OMS (Organizao das

    Naes Unidas para a Agricultura e a Alimentao), embora houvesse

    disponibilidade de 2.960 Kcal por dia (valor superior ao recomendado),

    cada brasileiro consumia, em mdia, apenas 1.659 calorias. A diculdade

    de acesso era devida falta de renda ou a fatores associados pobreza

    (PEA & AGGEGE, 2003).

    Este ltimo artigo apresentava algumas iniciativas para combater

    o problema da fome. Com relao ao desperdcio, o Mesa So Paulo

    um exemplo de programa que, em 2003, recolhia 185 mil quilos de

    alimentos por ms (sobras de 453 empresas que iriam para o lixo) e os

    redistribua para 376 entidades assistencialistas, atendendo uma estimativa

    de 56 mil pessoas. Mercados comunitrios, cooperativas e acesso a novas

    tecnologias de cultivo de alimentos so formas de combater o problema.A agricultura orgnica, por exemplo, possibilita melhores condies de

    existncia a pequenos produtores rurais.

    Outra alternativa sugerida a de incluir alimentos regionaisna dieta para combater a fome. Estudos da Universidade de Braslia

    comprovaram o alto teor nutricional de verduras do cerrado como a

    beldroega, a serralha, o caruru e a taioba, ricas em carotenides, que

    se convertem em vitamina A, uma das principais carncias. O Instituto

    Nacional de Pesquisas da Amaznia (Inpa) desenvolve um macarro

    adicionado de 10% de farinha de peixe e 10% de farinha de pupunha,

    o qual possui 5% de protena e 5% de lipdeo a mais do que o macarro

    comum e teve boa aceitao por pr-escolares da regio.

    Para maiores informaes, consulte osite: http://www.desnutriao.org.br/home.htm.

    !

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    ATIVIDADE

    3. Discuta a importncia do Programa Nacional de Merenda Escolar

    (PNME) como forma de combate desnutrio de escolares no Riode Janeiro.

    ______________________________________________________________

    _____________________________________________________________________________________________________________________________

    _______________________________________________________________

    _____________________________________________________________

    RESPOSTA COMENTADA

    Voc pode realizar essa atividade de vrias formas. Uma sugesto entrar

    em sitesde busca como, por exemplo, www.google.com.br e buscar o

    PNME. Voc poder encontrar dados que referendam que este programade alimentao o maior e o mais antigo do pas, existindo h 49 anos.

    Entretanto, como a merenda escolar responsvel pelo suprimento de

    15% das necessidades nutricionais dirias das crianas que freqentam a

    escola e, para muitas delas, compreende a nica refeio, as necessidades

    totais no so atendidas. Assim, o programa pode ter papel no combate

    desnutrio, alm da educao e da reeducao alimentar, mas muitas

    vezes, apenas um paliativo para a fome.

    Em dezembro de 2004, o Instituto Brasileiro de Geograa e

    Estatstica (IBGE) divulgou dados do mais completo levantamento sobre o

    consumo de alimentos na populao adulta (acima de 20 anos) brasileira.

    Os resultados foram surpreendentes e alarmantes: fome e desnutrio

    em bolses de misria e obesidade em percentuais que aproximam o pas

    das naes ricas. Observa-se, por meio desses resultados, que 40,6%

    da populao adulta brasileira tem excesso de peso (38,5 milhes de

    brasileiros) e, destes, 11% (10,5 milhes) so obesos.

    Para Fernando Gaiger, que participou dessa Pesquisa de

    Oramentos Familiares (POF) do IBGE, a elevada incidncia de obesidade

    entre os mais pobres pode ser atribuda maior ingesto de calorias

    vazias po, farinha e at cachaa em alimentos baratos e com altos

    teores energticos. O grande problema da obesidade o fato de ser fator

    de risco para vrias doenas tais como: diabetes (tipo 2), hipertenso,

    cncer, doenas cardiovasculares, alm de reduzir a expectativa de vidaem cerca de 7 anos, salienta o presidente da Associao Internacional

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    MDULO1

    para o Estudo da Obesidade, Claude Bouchard (apudWESTIN, 2004).

    Ele ainda destaca a importncia de salientar o ambiente obesognico em

    que vivemos (tecnologia que diminui o gasto energtico dirio aliada a

    alimentos mais baratos, palatveis, disponveis e associados, inclusive

    pela mdia, ao prazer).

    Andra Galante ressalta a presena da m alimentao em todas

    as classes sociais e dene a fome oculta:

    a baixa qualidade da dieta, onde podemos encontrar a

    carncia de nutrientes essenciais vida ou mesmo elementos

    presentes nos alimentos que previnam as doenas crnicas no

    transmissveis. Um indivduo pode ser obeso e ter a fome oculta

    (http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/nutricaoesaude/ult696u169.shtml).

    QUALIDADE DOS ALIMENTOS

    Parece recorrente a idia de que precisamos cada vez mais nos

    preocupar com a elaborao de uma dieta saudvel. Entretanto, paratal, no basta a preocupao com a seleo de alimentos, mas sobretudo

    com sua qualidade. Alimentos contaminados podem ser relacionados

    a muitas doenas. Como exemplos, podemos associar a febre tifide,

    hepatite e diarrias gua contaminada; o botulismo, a alimentos

    enlatados; a tenase, carne contaminada e intoxicaes graves, a

    peixes malconservados.

    Uma pesquisa da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    (Anvisa), em parceria com o Instituto Nacional de Controle deQualidade em Sade (INCQS) e as Vigilncias Sanitrias estaduais,

    em 2004, alertou a populao para a presena de contaminao por

    agrotxicos. Alface, batata, ma e banana tinham resduos de pesticidas

    alm do permitido. Morango e mamo, alm desse problema, ainda

    apresentavam irregularidades associadas contaminao por agrotxicos

    no autorizados.

    Embora seja difcil identicar a intoxicao por agrotxicos na

    dieta por no causarem reaes agudas, dentre os problemas associadosa esse tipo de contaminao, podemos citar: a neutralizao de vitaminas

    A Associao Brasileira para o Estudo daObesidade (Abeso) pode ser consultada,para maiores informaes: http://www.abeso.org.br.

    !

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    e minerais no organismo, a possibilidade de desenvolvimento de

    doenas degenerativas, alergias, problemas imunolgicos e hormonais

    (CLBICAR, 2004).

    Uma outra questo refere-se aos alimentos industrializados,

    aos quais sempre so adicionados aditivos alimentares para melhorar

    a cor, o sabor, a textura e at para conserv-los. Embora existam

    aditivos naturais (sal, lecitina, por exemplo), a maioria produzida em

    laboratrio. Embora a indstria garanta sua inocuidade, a tartrazina

    amarela, por exemplo, j foi correlacionada com hiperatividade em

    crianas e h relatos de alergias desencadeadas por certos aditivos que

    alteram o comportamento de crianas (CARROLL & SMITH, 1998).

    A alternativa segura, segundo mdicos e tcnicos, uma s: dar

    preferncia a vegetais orgnicos.

    Mesmo os vegetais orgnicos no so completamenteisentos de agrotxicos. Normalmente, uma pequena taxa encontrada, devido, principalmente, s concentraespresentes na gua utilizada para regar a colheita (carreiaagrotxicos utilizados em outras lavouras).

    Um outro exemplo que vem sendo alvo de ampla discusso so os

    alimentos transgnicos que, sem dvida, merecem maiores estudos antes

    de serem liberados em ampla escala. Na verdade, muitas vezes, esse o

    principal problema: o desconhecimento acerca do risco. Um exemplo

    disso o alerta da presidente da Sociedade Brasileira de Reproduo

    Assistida, Maria do Carmo Borges de Souza, em relao gua que vem

    sendo consumida por cariocas e uminenses:

    Os dados ainda so preliminares, mas o que estamos observando

    que a presena de metais pesados no rio Paraba do Sul, responsvel

    pelo abastecimento de 80% do municpio do Rio de Janeiro, pode

    afetar a fertilidade da populao, o que um problema grave

    (VALENTE, 2005).

    As plantas transgnicas, tambm denominadas organismos geneticamente modicados (OGM),tm sido alvo de avaliaes opostas: se, de um lado, acredita-se que possam resolver problemascontemporneos como fome e m nutrio, por exemplo, de outro, so entendidas como ameaaao equilbrio dos ecossistemas e segurana alimentar dos pequenos produtores e qualidadealimentar dos consumidores, sem contar as questes polticas envolvidas. Uma discusso bastante

    abrangente apresentada no livroTransgnicos, recursos genticos e segurana alimentar: o queest em jogo nos debates?, de Lavnia Pessanha & John Wilkinson (Armazm do Ip, 2005).

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    MDULO1

    ATIVIDADE

    4. Com muita facilidade, os alimentos sofrem alteraes que os tornam

    imprprios para o consumo. imprescindvel que sejam armazenados

    e manipulados de forma a prevenir contaminaes e manter suascaractersticas originais. Os prossionais responsveis por preparar

    refeies devem seguir uma srie de normas visando conservao

    dos alimentos. Faa uma pequena pesquisa sobre as normas para

    manipulao de alimentos nas escolas. Em seguida, visite a cantina

    de uma escola e anote as regras de higiene dos alimentos que vocobservar. Caso observe alguma irregularidade, registre-a tambm.

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    RESPOSTA COMENTADA

    Voc pode realizar a pesquisa de diversas formas. Pode buscar na

    Internet ou na Secretaria de Educao de seu municpio, caso haja um

    rgo responsvel pela orientao e scalizao da merenda. No Rio

    de Janeiro, existe o Instituto de Nutrio Annes Dias. Na escola que

    voc visitou, possvel encontrar as mais diversas situaes. Entretanto,

    algumas regras, por serem mais comumente encontradas, podem ser

    ressaltadas aqui: lavar bem as mos e os utenslios, especialmente

    depois de manipular carne crua; lavar frutas e verduras em gua corrente

    fria; guardar carne e peixes na parte mais fria do refrigerador; usar

    aventais limpos e prender os cabelos com touca. Como irregularidades,

    tambm comuns, pode ser que voc observe a lata de lixo destampada

    ou no interior da cozinha, prxima a alimentos que esto em fase de

    preparo. Alm disso, panelas destampadas, vegetais descascados para

    serem cozidos apenas no dia seguinte e pessoas com anis e unhas

    compridas e pintadas, sem luvas, so exemplos de irregularidades que

    podem vir a comprometer a conservao e a qualidade dos alimentospreparados.

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    CONCLUSO

    Andra Galante (2005) arma que, h 15 anos, quando se

    falava de alimentos e nutrientes, pensava-se em carncias nutricionais,

    desnutrio e pobreza. Hoje, sabemos que a m alimentao est presenteem todas as classes sociais. No Brasil, pas de desigualdades alarmantes,

    convivemos com a desnutrio das crianas e com a crescente obesidade

    em adultos, principalmente, mas no exclusivamente. Programas

    assistencialistas minimizam, sobretudo, a questo da fome imediata,

    mas a fome oculta, aquela que esconde a carncia de nutrientes, mesmo

    em situao de excesso de peso, s ser resolvida com vontade poltica

    e melhor distribuio de renda no nosso pas. Dados do Instituto de

    Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) demonstraram que a iseno detributos sobre os alimentos reduziria a populao indigente de 11 reas

    urbanas brasileiras em 24%. E ainda em 7,1% o nmero de pobres

    dessas regies (RIBEIRO, 2005, p. 28).

    Uma outra questo refere-se ao que comer. Todos sabemos o que

    comemos? Os alimentos so apenas fontes de nutrientes e calorias ou

    esto contaminados por agrotxicos, impregnados de aditivos como

    a gordura hidrogenada, presente at no po? Isso saudvel? Esses

    alimentos so adequados para o consumo? Como podemos optar pelos

    orgnicos, se so to difceis de serem encontrados e custam to caro?

    Essas e outras questes merecem nossa especial ateno, e de outros

    prossionais tambm comprometidos com a sade.

    ATIVIDADE FINAL

    Existem alguns mitos populares e conceitos equivocados acerca de alguns alimentos

    e sua inuncia na sade. Muitos deles relacionam-se supremacia do alimento

    industrializado em relao aos in natura (leite em p melhor do que o leite

    materno, por exemplo), sem comprovao cientca e, no exemplo selecionado,

    um verdadeiro equvoco.

    A seguir, encontram-se alguns desses mitos, sobre os quais provavelmente voc

    ter de prestar esclarecimentos em suas aulas de Cincias e/ou Biologia. Faa uma

    pequena pesquisa e comprove (ou no) os ditos populares.

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    RESPOSTA COMENTADA

    Uma pesquisa rpida deve ter permitido que voc identicasse que a

    nica alternativa vivel a de nmero 2, pois, como o acar mascavo

    menos renado do que o branco, ainda possui pequenas quantidades de

    vitaminas, sais minerais e bras. Normalmente, os produtos no-renadosso mais saudveis do que os renados (CARROLL; SMITH, 1996).

    Com relao ao item 1, o peixe no melhora o funcionamento do crebro

    mais do que qualquer protena. possvel que esse dito popular tenha

    sido desenvolvido para persuadir as crianas a comerem peixe, por ser

    um alimento altamente nutritivo, rico em protenas, vitaminas e minerais

    e pobre em gorduras saturadas.

    Quanto ao espinafre, o mito decorre do desejo dos pais de que as crianas

    comam verduras. O personagem Popeye, sem dvida, contribuiu para

    isso, mas o espinafre, embora seja boa fonte de vitaminas A e C, ferro e

    clcio, equivalente a outras verduras. Um outro mito diz respeito ao teor

    de ferro do espinafre: muito rico. nio Moura (1993) salienta que, na

    verdade, h cerca de 2,2 mg de ferro em 100 gramas de espinafre. Menos

    do que o encontrado em quantidade equivalente de folhas de beterraba

    (aproximadamente 3,1 mg), de carne (3 mg, mais ou menos) ou de

    fgado de boi (6,6 mg ou mais). Alis, outro mito refere-se presena de

    ferro na beterraba. A quantidade ressaltada refere-se s folhas, ou seja,

    aquilo que a maioria das pessoas joga fora.

    Com relao ao leite materno, ressaltado no enunciado, o melhor

    alimento para o recm-nascido, provendo todas as suas necessidadesnutricionais em quantidade e qualidade de nutrientes (gua, protenas,

    carboidratos, lipdios, minerais e vitaminas). Nos primeiros dias, o

    colostro, mais amarelo, composto por imunoglobulinas (IgA, IgG, IgM,

    IgD e IgE) que protegem contra infeces que possam penetrar via trato

    gastrintestinal.

    Dentre os benefcios do aleitamento materno, esto: menor chance

    de alergias, infeces gastrintestinais, urinrias, respiratrias, incluindo

    meningites, pneumonias, bacteremias, otites e reduzindo a freqncia de

    algumas doenas crnicas do sistema imunolgico e alergia alimentar.Sua utilizao vem sendo preconizada pela Organizao Mundial de

    Sade (OMS) e pelo Fundo das Naes Unidas para a Infncia (Unicef),

    para crianas menores de dois anos, como estratgia para combater

    MITOS COMENTRIOS

    1. Comer peixe torna a pessoa mais

    inteligente.

    2. O acar mascavo mais saudvel do queo branco.

    3. O espinafre torna as pessoas fortes.

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    Educao em Sade | A nutrio em debate

    a mortalidade infantil e reduzir a desnutrio protica-energtica

    (BATTOCHIO, SANTOS; COELHO, 2003).

    O leite materno exclusivo recomendado nos primeiros 4 a 6 meses

    de vida, prtica que, no Brasil, vem sendo atribuda preveno de

    mais de 6 milhes de mortes de crianas no primeiro ano de vida, acada ano (Idem).

    Para maiores informaes a respeito de composio dos alimentos, voc podeconsultar o livro: Tabela para avaliao de consumo alimentar em medidascaseiras, de Ana Beatriz V. Pinheiro, Elisa Maria de A. Lacerda, Esther H. Benzecry,Marisa C.da S. Gomes e Vernica M. da Costa (Atheneu, 2005). Boas informaestambm esto disponveis no siteda Organizao das Naes Unidas para a

    Agricultura e a Alimentao Ocina Regional para Amrica Latina e Caribe(http://www.rlc.fao.org/bases/alimento/busca.asp), onde voc poder visualizara Tabela de Composio dos Alimentos da Amrica Latina.

    R E S U M O

    Os conceitos de nutrio e alimentao, no que diz respeito s funes dos

    nutrientes e algumas regras para compor uma dieta saudvel, ou seja, aquela

    que atende s necessidades nutricionais dirias em quantidade e qualidade de

    nutrientes so de grande importncia. Assim sendo, todos os tipos de nutrientes

    devem estar presentes. Alm disso, para a elaborao de uma dieta realmente

    saudvel, devemos nos preocupar com a qualidade dos alimentos e com a maneira

    com que so preparados.

    INFORMAES SOBRE A PRXIMA AULA

    Na prxima aula, discutiremos as diversas formas de violncia, a excluso social

    e o estresse.

    !