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CONFORTO AMBIENTAL: ERGONOMIA E ANTROPOMETRIA Universidade Ibirapuera – Arquitetura e Urbanismo AULA 5 ERGONOMIA Introdução 16.03.2015 Profª Mª Claudete Gebara J. Callegaro [email protected] http://claucallegaro.wordpress.com

AULA 5 ERGONOMIA Introdução - Claudete Gebara J ... processo de elaboração do projeto mental envolve, pois, uma série de variáveis, dentre as quais: •dimensão, forma e material

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CONFORTO AMBIENTAL: ERGONOMIA E ANTROPOMETRIA

Universidade Ibirapuera – Arquitetura e Urbanismo

AULA 5

ERGONOMIAIntrodução

16.03.2015

Profª Mª Claudete Gebara J. [email protected]

http://claucallegaro.wordpress.com

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A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema.

Os ergonomistas contribuem para o planejamento, projeto e a avaliação de tarefas, postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas, de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas.(IEA - Associação Internacional de Ergonomia – definição adotada desde o ano 2000 obtida em http://www.abergo.org.br em 07/03/2013).

Ergonomia (do grego)=

Ergo (trabalho) +

Nomos (normas, regras, leis naturais)

Alguns países, como os Estados Unidos e o Canadá, preferem a expressão “fatores humanos” ao invés de ergonomia, para abarcar todos os aspectos físicos, psicológicos, organizacionais, etc. que o trabalho humano envolve.

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A base da Ergonomia é intuitiva.

Desde os primórdios da civilização, descobrimos que os movimentos e as ferramentas devem ser escolhidos conforme finalidade da ação.

P. ex., a escolha de pedras e paus varia se objetivo é atacar um inimigo ou construir um artefato.

Intuitivamente (memória ancestral) ou por experiências anteriores nossas, avaliamos

• os recursos de que dispomos, • nossas limitações e pendores, • o objetivo a alcançar,

e elaboramos um projeto mental sobre o que e como fazer o que nos interessa.

Pintura rupestre. Imagem obtida em <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=9289>

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Esse processo de elaboração do projeto mental envolve, pois, uma série de variáveis, dentre as quais:

•dimensão, forma e material do objeto,•velocidade de operação,•posicionamento do corpo do operador,•peso, condições físicas e motivação do operador,•local em que a ação se dará.

Aos poucos, tais projetos se tornam conscientes e os transformamos em regras, manuais, leis, que passam de geração para geração.

http://www.cdof.com.br/atletism4.htm

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A desconsideração das proporções e limitações humanas na execução de um trabalho pode gerar

• doenças, • acidentes,

• situações de grande desconforto.

Imagem veiculada na Internet num arquivo intitulado “Plumber of the year award” (Prêmio do encanador do ano). Sem fonte ou data.

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Um projeto ergonômico para um Sistema de Trabalho envolve a análise de:

Homem (capacidades, limitações, necessidades, comportamento, idade, sexo, treinamento, motivação);

Máquina (equipamentos, ferramentas, mobiliário, instalações >> ajudas materiais que o homem utiliza para o trabalho);

Ambiente físico (temperatura, ruídos, vibrações, luz, cores, gases, entre outros aspectos físicos);

Informação (transmissão de informações entre elementos do sistema, processamento dessas informações, tomada de decisões);

Organização (horários, turnos de trabalho, formação de equipes e outros elementos do sistema produtivo);

Consequências do trabalho (inspeções, estudos de erros e acidentes, gastos energéticos, fadiga e stress).

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A Ergonomia pode ser aplicada em ambientes diversos de trabalho e seu campo de atuação está se expandindo:

•Indústria,•Agricultura e mineração,•Serviços (comércio, saúde, educação, escritórios, bancos, lazer)•Vida diária (meios de transporte, mobiliário, aparelhos domésticos).

Os conhecimentos de um especialista em Ergonomia também podem ser solicitados em outras situações como:

•no projeto de novos produtos de alta disputa de mercado,•na homologação de novos produtos (aeronaves, p.ex.),•na perícia sobre responsabilidades em caso de segurança do usuário (órgãos de defesa do consumidor, disputas judiciais),•na orientação ao consumidor (níveis de ruído, eficiência térmica, tempo de vida útil),•na melhoria do ambiente urbano (circulação de pedestres em locais públicos, adaptação para pessoas com deficiências físicas).

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Um pouco de história da

Ergonomia

como campo científico

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Talvez por falta de comunicação ou por envolverem hábitos bastante arraigados na cultura local, não ganhavam muita atenção e nem se imaginava que a situação pudesse ser diferente.

Trabalhadores das minas inglesas no início do século XX. Obtido em <http://cafehistoria.ning.com/photo/canal-do-mangue-1910-5>

Azulejo com imagem de ferreiro medieval. Obtido em <http://criscwb.blogspot.com.br/2009/11/o-

ferreiro.html>

Pontos gatilho. Obtido em <http://www.protecao.com.br/noticiasdetalhe/JyjiJjjg/pagina=4>

Dermatite de contato irritativa aguda. Obtido em <http://www.dermis.net/dermisroot/pt/12872/image.htm>

As doenças ocupacionais já eram observadas e reportadas na medicina desde o século XVII.

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Com a intensificação de sistemas de industrialização no século XVIII, os processos de fabricação foram divididos em operações simples.

Estas operações eram executadas

• sempre pelas mesmas pessoas,

• em ambientes sujos, barulhentos, perigosos, escuros,

• com espaços nem sempre suficientes para a boa movimentação humana,

• em jornadas de trabalho de até 16 horas diárias,

• sem férias.

Metalúrgica. Obtida em <http://www.maristen-

gymnasium.de/mgf_alt/faecher/geschichte/projekte/ir/ges

ellschaft.htm>

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No Iluminismo (entre os séculos XVII e XVIII),

o binômio Homem-Máquina

tornou-se uma constante nos modelos econômicos.

Imagem do filme “Tempos Modernos”, de 1936, com Charles Chaplin, com uma sátira sobre o binômio Homem-Máquina levado ao extremo dos interesses econômicos. O filme completo está disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=ieJ1_5y7fT8>

Em linhas gerais, o Iluminismo defendia:

• A liberdade econômica, ou seja, sem a intervenção do estado na economia.

• O Antropocentrismo, ou seja, o avanço da ciência e da razão.

• O predomínio da burguesia e de seus ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.

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Esse fato teve consequências positivas do ponto de vista da produção e da melhoria das condições de trabalho,

• com melhor iluminação e ventilação,

• dosagem das cargas e do tempo de trabalho,

• dimensionamento adequado de espaços para as atividades humanas.

Fábrica na França, século XIX. Observar sheds e estrutura de cobertura em treliça metálica. Obtido em <https://blogdoteletrabalho.wordpress.com/2013/07/30/a-palavra-supervisor-vem-do-frances-supervision-ver-de-cima/>

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Embora os ensinamentos clássicos ainda estivessem muito presentes na arquitetura de então, alguns profissionais já experimentavam outras formas de projetar.

Deixaram de lado o respeito a dogmas pré-estabelecidos (proporção áurea, p. ex.), dando lugar a uma visão pragmática, em que o objetivo era construir o espaço mínimo ideal para as atividades.

Por exemplo, em 1750, o arquiteto Nicolai Eigtved , no projeto do Hospital de Frederick (hoje Museu de Arte Decorativa), em Copenhague, Dinamarca.

Segundo Rasmussen (1986), Eigtved centrou-se nas atividades do setor de enfermagem, analisou as medidas humanas em situação estática (pacientes) e dinâmica (enfermeiras).

Com visão científica e bastante racional, projetou “módulos” de trabalho (“células de trabalho” no modelo de produção atual) e os justapôs formando um grande salão de enfermaria.

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RASMUSSEN, 1986, p.115

O arquiteto Eigtved considerou o módulo espacial com base na “célula de produção” (ele não usou essa expressão):

•elemento básico – leito hospitalar 180 x 90 cm•posicionamento dos leitos – perpendiculares às paredes, de maneira a ser possível a circulação das enfermeiras ao redor do paciente.•circulação – espaço entre leitos – 180 cm, suficiente para o cruzamento de 2 pessoas + acessórios (carrinhos, macas...)•distância entre leitos – 270 cm entre eixos•janelas – a cada 2 leitos – 540 cm entre eixos•largura do recinto – 2 leitos + circulação – 540 cm•estrutura – em função da posição das janelas e das dimensões do ambiente

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Parêntesis para esclarecimento:O uso das relações métricas nos projetos é muito recente.

Até o século XVIII, e mesmo depois, as plantas de arquitetura se baseavam nas proporções humanas indicadas em pés e polegadas, com divisão duodecimal.

Até hoje, há inúmeros objetos com medidas aparentemente estranhas em centímetros, e que encontram sua lógica quando estudados em outras bases: talheres, toalhas e lençóis, louça, modulação de ladrilhos, telhas.

Em 1792, com a definição do “metro” e o início de seu uso como medida padrão universal, passou-se a converter as medidas para esse padrão e a se utilizar o sistema decimal , esforço esse que persiste ainda hoje.

Na literatura sobre antropometria e ergonomia, ainda são encontradas muitas medidas em polegadas (25,4mm) e pés (12 polegadas ou 30,48cm), persistindo a relação direta com o corpo humano.

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No século XIX, a relação entre antropometria e condições de trabalho passou a ser estudada de maneira mais científica, aproveitando-se observações sobre fisiologia desenvolvidas em laboratório pela área médica.

Em 1912, o engenheiro Frederick Winslow Taylor (1856-1915) lançou, nos Estados Unidos, o livro “Princípios de Administração Científica”. O taylorismo buscava a melhor maneira de executar operações com eficiência e de constituir processos industriais eficazes.

P. ex.: aumentando-se ou reduzindo-se o tamanho e o peso de uma pá de carvão, a capacidade de transporte de carvão por trabalhador em um dia podia ser bastante maior do que nos moldes tradicionais.

O método de Taylor se baseava em observação empírica do trabalho e foi sendo aprimorado por outros estudiosos ligados à administração científica, nessa mesma linha do “homem econômico”.

O aprimoramento das operações e dos processos segundo a metodologia taylorista trouxe benefícios gerais para:

• saúde dos trabalhadores (movimentos adequados, limites), • melhoria do produto final (menos erros e variações), • meio ambiente (menor consumo de matéria prima e de energia).

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Com o tempo, alguns aspectos da abordagem taylorista começaram a ser contestados, tanto pelos trabalhadores como pela comunidade científica.

P. ex., Taylor e seus seguidores afirmavam que:• a baixa produtividade se devia à vadiagem dos trabalhadores; • os acidentes de trabalho eram resultado da negligência daqueles; • o dinheiro era a única motivação humana para o trabalho e, assim, os

trabalhadores deveriam ser pagos proporcionalmente a sua produtividade.

O excesso de controle dos movimentos físicos dos trabalhadores (metas, comparações de desempenho, etc.) provocou, por parte desses, reação negativa, boicotes, sabotagem das máquinas.

Além disso, os vários estudos de laboratório aos poucos demonstraram que os conceitos tayloristas não eram de todo verdadeiros:

• uma série de fatores contribui para a baixa produtividade e os acidentes, • o dinheiro não é o único motivador do trabalho humano.

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O início do século XX foi palco de muitas pesquisas no campo da Antropometria estática e dinâmica.

Em 1913, na Alemanha, Max Ruber fundou um centro de Fisiologia do Trabalho. Esse centro ainda existe e se dedica a pesquisas sobre gastos energéticos no trabalho.

Na mesma época, na Dinamarca e na Suécia, foram criados laboratórios para estudar os problemas de treinamento e coordenação muscular para o desenvolvimento de aptidões físicas.

Do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos, surgiu o Laboratório de Fadiga da Universidade Harvard, estudando fadiga muscular e aptidão física.

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As guerras mundiais demandaram pesquisas específicas que depois foram expandidas para a produção em geral.

Na Inglaterra, durante a I Guerra Mundial (1914-1917), fisiologistas e psicólogos trabalharam em conjunto na criação da Comissão de Saúde dos Trabalhadores na Indústria de Munições, para o aumento da produção de armamentos.

Terminada a I GG, a Comissão foi transformada em Instituto de Pesquisa da Fadiga Industrial e em 1929 transformou-se em Instituto de Pesquisa sobre Saúde no Trabalho, com uma abordagem interdisciplinar sobre: posturas, carga manual, iluminação, ventilação, etc.

Durante a II Guerra Mundial (1939-1945), foram utilizados os conhecimentos científicos e tecnológicos na construção de instrumentos bélicos complexos –submarinos, tanques, radares, aviões, sistemas contra incêndios e bombardeios.

Na condição tensa de um campo de batalha, as manobras do operador precisavam ser precisas e, para tanto, foi necessário redobrar o esforço de pesquisa para adaptação desses instrumentos bélicos às condições humanas evitando erros, p. ex. com a diferenciação de controles e o posicionamento lógico dos comandos.

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Em 1949, com o final da II GG, K.F.H. Murrel, engenheiro inglês, começou a dar um

conteúdo mais preciso ao termo Ergonomia, fazendo-o ser reconhecido como disciplina

científica.

Para isso, Murrel criou a Ergonomic Research Society(Associação de Pesquisa Ergonômica), que reunia fisiologistas, psicólogos e engenheiros interessados pela adaptação do trabalho ao homem, em situação não-bélica.

Ainda na Inglaterra, foi criada a Human Factors Society em 1957 e em 1959 a Associação Internacional de Ergonomia (IEA – International Ergonomics Association), que atua até o presente em rede com outras quarenta e duas organizações em todo o mundo.

No Brasil, a IEA é representada pela Associação Brasileira de Ergonomia –

ABERGO:http://www.abergo.org.br/

O objetivo da ergonomia é promover bem-estar

(segurança, satisfação) na relação entre o ser

humano e suas atividades de trabalho.

Como decorrência desse bem-estar, em geral se

obtém eficiência e produtividade.

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Enfim, a administração do trabalho vem mudando seus conceitos, humanizando-se e envolvendo o ambiente além do espaço entre

paredes.

Busca-se, para isso, promover:•projeto de máquinas e equipamentos adaptados às condições humanas,•ambiente físico salubre (iluminação, temperatura, ruídos, vibrações),•relacionamento humano harmonioso,•organização,•treinamento e educação,•motivação individual.

Com isso, os projetos de design e arquitetura também se modificam, de modo a se sintonizarem com a filosofia do cliente e com a época.

Do binômio homem-máquinapassa-se ao trinômio homem-máquina-ambiente.

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IIDA, 2001, p.13

Exemplo de solução de design decorrente de um problema ergonômico

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IIDA, 2001, p. 13

Exemplos de solução de design com redução de erros e economia de recursos

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As mudanças de postura e as pesquisas não param por aí.

A era espacial criou novos problemas de ergonomia tais comoa ausência de gravidade e forças gravitacionais extremas,

cujos graus de tolerância eram desconhecidos.

Novos objetos de consumo - eletro-eletrônicos, mobiliário, automóveis –levam em conta fatores ergonômicos em seus projetos e

a cada momento se chega a novas maneiras de se obter conforto.

Neste momento de transição de modelos de desenvolvimento,

o estudo do ambiente de trabalho como um todo passa a ser

condição básica para a sustentabilidade do conjunto.

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Os conhecimentos ergonômicos podem contribuir para a melhoria das situações de trabalho, aplicados sobre os sistemas e sobre os postos de trabalho.

Sua introdução pode ocorrer em vários momentos:

na concepção de um equipamento, operação ou ambiente – projeto, simulação, protótipo;

na correção de situação existente – substituição de máquinas, colocação de dispositivos para mudança de postura do operador, para segurança na operação, aumento de iluminação, redução de ruído;

na conscientização dos participantes de um processo ou operação –educação do operador, individualmente ou em grupo, para que trabalhe de forma segura e reconheça os riscos do ambiente, considerando que o sistema é aberto, ou seja, muitas alterações podem ocorrer modificando o estado “ideal” criado num momento (projeto + correção): desgaste das máquinas, alterações de layout, modificação de processos, programação da produção, etc.

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Exemplo de problema de design para redução de doenças ocupacionais

http://bancariose.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=14620:seeb-e-apcler-alertam-contra-a-lerdort&catid=4&Itemid=100018

http://www.fetecpr.org.br/trabalhadores-bancarios-lutam-contra-as-

causas-das-ler-e-dos-dort/

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A Associação Brasileira de Ergonomia, em sintonia com a IEA, divide a matéria em três domínios de especialização:

Ergonomia física - relacionada com atividade física, observando as características da anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica: postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, distúrbios músculo-esqueletais, postos de trabalho, segurança e saúde.

Ergonomia cognitiva - relacionada aos processos mentais, observando percepção, memória, raciocínio e resposta motora: carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem computador, stress, treinamento.

Ergonomia organizacional – relacionada à otimização das estruturas organizacionais, políticas e de processos: comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações (CRM - domínio aeronáutico), projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, tele-trabalho e gestão da qualidade.

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A formação em Ergonomia, no Brasil, se dá em nível de pós-graduação, por meio de cursos de Especialização (pós-graduação lato sensu), mas são poucos os profissionais especializados.

Contudo, aspectos de Ergonomia são estudados em múltiplas áreas de conhecimento:

•Arquitetos e Urbanistas•Desenhistas de interiores e de mobiliário•Médicos do trabalho•Analistas do trabalho•Psicólogos•Engenheiros•Desenhistas industriais•Enfermeiros•Engenheiros de segurança e de manutenção•Programadores de produção•Administradores•Compradores.

Um especialista em Ergonomia tem lugar nesse cenário, coordenando e entrosando os demais: reuniões periódicas, técnicas de solução conjunta de problemas, fluxos de comunicação, definição de atribuições e responsabilidades.

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REFERÊNCIAS PRINCIPAIS

ABERGO. <http://www.abergo.org.br/>

IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2001 (edição de 1990, 7ª impressão em 2001).

RASMUSSEN, Steen Eiler. Arquitetura vivenciada. São Paulo: Martins Fontes, 1986.