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Direito civil – Professor André Petzhold Dias – 1º semestre de 2010 Aula 5- Representação e defeitos do negócio jurídico (erro, dolo, coação) 1. Representação 1.1. Origem e conceito Silvio Venosa explica que, em regra as pessoas por si mesmas praticam atos com sua vontade, celebrando negócios jurídicos. No direito romano, os atos tinham caráter solene e personalíssimo, de modo que só podiam ser praticados pelo próprio envolvido. Ainda se discute o porquê de tal limitação, sendo os diversos motivos apontados deveras convincentes. Como o inadimplemento de obrigação poderia gerar a perda da liberdade, justo parece que apenas o indivíduo pessoalmente pudesse contraí-la. Outros fundamentos apontados são o formalismo do sistema jurídico da época. De qualquer modo, esse sistema se mostrou insuficiente com a evolução da sociedade. O comércio passou a exigir das pessoas o dom ubiqüidade, sem o qual grandes negócios deixariam de ser praticados. Por tal razão o ordenamento jurídico evoluiu e apontou como solução a representação. Trata-se de instituto jurídico que, segundo Carlos Roberto Gonçalves, prevê a atuação jurídica em nome de outrem. Trata-se de uma substituição do representado pelo representante na celebração do negócio jurídico, “porque o substitui não apenas na manifestação externa, fática do negócio, como também na própria vontade do representado 1 ”. Ressalte-se, porém, que a relação jurídica terá como parte 1 Venosa, Silvio de Salvo. Direito Civil, 3ª edição, Volume I. São Paulo, Atlas, 2003, p. 392.

Aula 5- Representação e defeitos do negócio jurídico

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Direito civil – Professor André Petzhold Dias – 1º semestre de 2010

Aula 5- Representação e defeitos do negócio jurídico (erro, dolo, coação)

1. Representação

1.1. Origem e conceito

Silvio Venosa explica que, em regra as pessoas por si mesmas praticam atos com sua vontade, celebrando negócios jurídicos. No direito romano, os atos tinham caráter solene e personalíssimo, de modo que só podiam ser praticados pelo próprio envolvido.

Ainda se discute o porquê de tal limitação, sendo os diversos motivos apontados deveras convincentes. Como o inadimplemento de obrigação poderia gerar a perda da liberdade, justo parece que apenas o indivíduo pessoalmente pudesse contraí-la. Outros fundamentos apontados são o formalismo do sistema jurídico da época.

De qualquer modo, esse sistema se mostrou insuficiente com a evolução da sociedade. O comércio passou a exigir das pessoas o dom ubiqüidade, sem o qual grandes negócios deixariam de ser praticados. Por tal razão o ordenamento jurídico evoluiu e apontou como solução a representação. Trata-se de instituto jurídico que, segundo Carlos Roberto Gonçalves, prevê a atuação jurídica em nome de outrem. Trata-se de uma substituição do representado pelo representante na celebração do negócio jurídico, “porque o substitui não apenas na manifestação externa, fática do negócio, como também na própria vontade do representado1”. Ressalte-se, porém, que a relação jurídica terá como parte o representado, pois o negócio tem como parte o representado, nos termos do artigo 116 do Código Civil.

Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado.

Importante ressaltar que o Professor José Carlos Moreira Alves tratou do tema no Código Civil regula nos artigos 115 a 120, bem como no capítulo dedicado ao contrato de mandato, conforme se pode depreender da parte final do artigo 120 do Código Civil.

Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código.

1.2. Classificação da representação (do representante)

O artigo 115 traz em seu conteúdo duas espécies de representação:

1 Venosa, Silvio de Salvo. Direito Civil, 3ª edição, Volume I. São Paulo, Atlas, 2003, p. 392.

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Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.

Se os poderes de representação advêm da lei, trata-se de representação legal (como no caso dos absolutamente incapazes. Esse fenômeno, porém, não se restringe aos incapazes, pois a lei determina também a representação de pessoas capazes, como no caso dos sindicatos que tem legitimidade para ajuizar mandado de segurança coletivo representado seus associados (ou seja, esses são representados em juízo pelo sindicato), nos termos do artigo 5º, LXX, da Constituição, bem como em negociações para celebração de acordos coletivos.

Caso os poderes de representação sejam originados na vontade do interessado, trata-se de representação convencional ou voluntária. Nesse casos, os poderes são outorgados com a celebração de um negócio jurídico: o mandato. O representado outorga procuração, que é o instrumento do mandato (artigo 653 do Código Civil) ao representante, para que o representante atue em nome do representado.

Além da origem, outra grande diferença entre a representação legal e a representação convencional reside na possibilidade de revogação dos poderes. Na representação voluntária isso é possível a qualquer tempo, ao passo que na representação legal o representante não perde seus poderes por ato do representado.

Interessante notar que o relativamente incapaz pode ser mandatário, embora nesse caso o mandante sofra algumas restrições, nos termos do artigo 666 do Código Civil2.

Por fim, existe ainda o representante judicial, cujos poderes não decorrem da lei (diretamente) nem da vontade das partes, mas sim de um ato do juiz que nomeia o representante. É o caso do administrador judicial da massa falida e do inventariante.

1.3. Vinculação do representado

Conforme mencionado acima, os atos do representante repercutem na esfera jurídica do representado (artigo 116 do Código Civil). Sendo assim, o representante só vinculará o representado por meio de atos que praticar regularmente, em obediência aos limites dos poderes outorgados (pela lei ou pelo contrato). Em latim a expressão ultra vires significa além dos poderes. Logo, a atuação ultra vires do representante não vincula o representado (embora possa surgir uma discussão no caso concreto em razão da teoria da aparência ou nas relações de consumo). Nesse sentido a lição de Fabio Ulhôa Coelho:

“Na hipótese de titularizar poderes relativos limitados, o representante deve observar os termos de sua investidura, não podendo excedê-los. Em princípio o representado não

2 Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores.

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está vinculado aos negócios praticados em seu nome com extrapolação dos poderes pelo representante. (...) Mas a questão não se esgota na regra geral de eficácia do mandato circunscrita aos limites dos poderes outorgados. Há hipóteses particulares em que o direito, para proteger a boa-fé dos contratantes (teoria da aparência) ou em vista da vulnerabilidade de um deles em face do outro (tutela dos consumidores), vincula o representado pelos atos do representante, mesmo se praticados co excesso de poderes.”3

Para dar maior segurança ao tráfego jurídico, o Código Civil dispõe que o representante deve provar não só sua qualidade de representante como também a extensão de seus poderes àqueles com quem celebra negócios. Nesse sentido o artigo 118:

Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.

1.4. Contrato consigo mesmo

Se o representante pode contratar com terceiros em nome do representado, por que não pode, agindo em nome do representado, contratar com ele mesmo? Como explica Venosa, no caso de autocontratação, estão presentes dois contratantes, mas uma só pessoa. O Código regulou a matéria no artigo 117:

Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.

Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.

A vedação como regra geral decorre da tendência natural de o representante atuar no negócio com vistas a obter maior vantagem em detrimento dos interesses do representado. Em razão disso, o agente pode ser ilegítimo para praticar determinados negócios (como no caso do tutor comprar bens do pupilo, vide artigo 497 do Código Civil).

Essa vedação geral, contudo, pode ser afastada tratando-se de norma dispositiva. Para tanto, basta que o representado expressamente autorize tal contratação. O desembargador federal Mairan Maia, contudo, entende que a vedação da autocontratação deve ocorrer nos casos em que restar caracterizado o conflito de interesses, nos termos do artigo 119:

Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.

3 Curso de Direito Civil – parte geral. 4ª Edição. São Paulo, Ed. Saraiva, 2010, p. 316.

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Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.

Esse, aliás, o fundamento da súmula 60 do STJ, que impediu os bancos de utlizarem expediente comum na cobrança de seus mutuário, tornando o crédito exigível por título executivo (eliminando assim a necessidade do processo de conhecimento, e permitindo initio litis uma constrição sobre o patrimônio do mutuário):

"É nula a cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste".

1.5. Atos Praticados Contra o Interesse do Representado

Se o representante quando age, o faz expressando a vontade do representado, não poderá agir de forma contrária aos interesses do representado. Caso o representante atua dentro dos limites dos poderes que lhe foram outorgados, porém contra os interesses do representante estará desviando o contrato de sua finalidade. Nesse caso o contrato poderá ser invalidado.

1.6. Núncio

Figura diversa do representante é a do núncio, também chamado de mensageiro ou porta-voz. Enquanto o representante tem a tarefa de, com a sua vontade, agir em nome do representado, o núncio apenas porta declaração de vontade do representado. No caso de declaração de vontade escrita, a separação é clara, sendo fácil a distinção entre ele o representante.

No caso de declaração de vontade oral a ser transmitida que surgem as dificuldades de diferenciação. A grande diferença entre tais figuras, repita-se, está na ausência de vontade do núncio na celebração do negócio, enquanto a vontade do representante que forma o negócio por ele celebrado em nome do representado.

E, como visto acima, o relativamente incapaz, como já tem vontade para fins de direito, pode ser representante. O absolutamente incapaz não pode. Essa restrição não se aplica ao núncio, visto que é mero mensageiro. Se o mensageiro não faz declaração de vontade, sua capacidade se torna irrelevante.

2. Representação da pessoa jurídica

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Como já estudado no semestre anterior, a vontade é elemento psíquico que se existe apenas nas pessoas naturais (seres humanos). Apesar de tal limitação, admite-se que pessoas jurídicas pratiquem negócios jurídicos, que declarem sua vontade, por meio de seus órgãos.

Fabio Ulhôa, porém, alerta que o uso do termo “representação” é ambíguo não só na lei, mas também na doutrina. É sabido que a pessoa jurídica pratica atos por meio de seus órgãos constituídos (pessoa natural ou conjunto de pessoas naturais incumbidos pelo estatuto de praticar tais atos).

O citado professor afirma que “a rigor, dispensando a mais estrita atenção ao uso técnico dos conceitos jurídicos, não se poderia chamá-los de representantes legais destas. Eles não são sujeitos de direito investidos de poder para manifestar a vontade de outro sujeito; são membros de órgãos de entes não humanos com a atribuição de expressar a vontade deles. Não representam a pessoa jurídica; fazem presente a vontade dela”. Por isso mostra-se adequado o uso do termo “presentação” como asseverava Pontes de Miranda.

No momento, pois, é se mostra útil rever a explicação técnica dessa diferença em razão da teoria do órgão. O órgão não é dotado de personalidade jurídica, e, portanto, não é sujeito de direitos e obrigações por si próprio. Por isso seus atos são imputados à pessoa jurídica da qual faz parte.

Essa teoria surgiu na Alemanha, criada por Otto Gierke. A denominação órgão vem da anatomia, na qual cada parte do corpo humano que realiza uma função específica recebe o nome de órgão.

3. Defeitos do negócio jurídico

O código Civil dedica capítulo a alguns defeitos do negócio jurídico, indicando dentre eles o erro, o dolo, a coação, o estado de perigo a lesão e a fraude contra credores. Analisando o rol do código, constata-se que o legislador agrupou esses vícios como “defeitos do negócio” por ocasionarem a anulabilidade.

Isso porque todos os defeitos do negócio jurídico arrolados são vícios do consentimento, salvo a fraude contra credores, que é um vício social do negócio jurídico assim como a simulação. A simulação, entretanto, tem conseqüências mais graves sobre o negócio (é causa de nulidade). De qualquer modo, conceitualmente pode ser considerada como defeito do negócio jurídico segundo o conceito dado por Carlos Roberto Gonçalves:

“Defeitos do negócio jurídico, são, pois, as imperfeições que nele podem surgir, decorrentes de anomalias na formação da vontade ou na sua declaração”4.

4 Direito Civil Brasileiro, volume I, 8ª edição. São Paulo, Saraiva, 2010, p. 398.

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Mostra-se adequado, pois, o estudo da simulação junto às causas de invalidade do negócio jurídico qualificadas pelo Código como defeitos do negócio jurídico. Eis, portanto, o primeiro ponto relevante no tema. Trata-se de análise do negócio jurídico no plano da validade. Como visto na aula sobre a validade do negócio jurídico, a vontade (elemento essencial do negócio) deve ser livre, esclarecida, ponderada e de boa fé para atender aos requisitos de validade.

Caso a vontade não seja totalmente livre, esclarecida ou ponderada, resta caracterizado um vício do consentimento (erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo). Carlos Roberto Gonçalves explica que nesses casos a declaração de vontade não corresponde com o íntimo e verdadeiro querer do agente, surgindo assim divergências entre a vontade manifestada e a real intenção do agente.

Caso a vontade não tenha intenção pura e de boa fé, está presente um vício social do negócio jurídico (simulação e fraude contra credores). Nesse caso a intenção do agente de prejudicar terceiros é sua característica marcante.

Necessária, pois, a análise de cada um dos defeitos do negócio jurídico.

3.1. Erro

O erro é tratado junto da ignorância, e apesar de o legislador equipara-los, a doutrina diferenciou tais institutos. O erro é uma noção falsa de determinado objeto ou de determinada pessoa5 (no caso do casamento, por exemplo). A ignorância ao seu turno ocorre no caso de total desconhecimento acerca do objeto. Washington diferencia os institutos explicando que no erro a mente tem um registro falso sobre o objeto enquanto na ignorância não há qualquer registro sobre o objeto na mente do contratante.

Em ambos os casos a vontade não é esclarecida, pois, caso o contratante tivesse exata noção da realidade não praticaria o ato ou praticá-lo-ia em circunstâncias diversas. Em ambos os casos, pois, está ausente uma das características da vontade que seria necessária para a validade do ato. Isso por que a vontade deve ser livre, esclarecida, ponderada e de boa-fé.

Para que o erro torne o negócio jurídico anulável, esse deve ser substancial. Nesse sentido o artigo 138 do Código Civil:

Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

5 Erro de fato é, portanto, uma falsa noção da realidade.

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Com relação à teria adotada (cognoscibilidade x excusabilidade), a letra da lei é defeituosa com reconhece o próprio autor do ante-projeto. Explica Moreira Alves que após diversas revisões não resta claro qual teoria foi adotada.

No código de 1916, considerava-se implícita a escusabilidade (característica de ser perdoável) no erro. Nesse caso, segundo a jurisprudência, de acordo com as características do indivíduo, seu erro seria perdoável ou não. Nesse ponto, constata-se retrocesso no Código de 2002, ao se referir a uma pessoa de diligência normal (homem médio – bonus pater famílias).

Porém, da leitura do artigo 138 e de sua interpretação a partir dos princípios que nortearam a elaboração do diploma (verdadeiros vetores interpretativos, mandamentos nucleares do sistema que irradiam valores que influenciam na interpretação das normas) como a boa-fé objetiva e a eticidade, percebe-se que passou a ser adotada a teoria da cognoscibilidade. No caso, o erro deve ser reconhecível pela outra parte que se omite e não impede que o ato seja praticado com erro. Nesse sentido dispõe o enunciado 12 da jornada de direito civil promovida pelo Conselho da Justiça Federal:

“Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança”

Não obstante, mencione-se que diversos autores ainda tratam da escusabilidade como requisito para caracterização do defeito do negócio jurídico.

3.1.1. Classificações do erro

Como visto acima, para que o negócio seja defeituoso, imperioso que o erro seja substancial ou essencial. Isso significa que sem ele, o ato não se realizaria, ou se realizaria de modo muito diferente. Se opõe ao erro essencial o erro acidental, visto que incide sobre circunstância de menor relevância, e sua constatação não alteraria a celebração do ato ou não evitaria sua celebração.

Quanto ao objeto de sua incidência Roberto de Ruggiero, o professor da Universidade Real de Roma, os classifica da seguinte forma:

a) Error in negotio, isto é: um erro sobre a própria índole do negócio que se leva a efeito, como quando se troca, por falso conhecimento do direito, uma causa jurídica por outra, por exemplo: a enfiteuse com locação;

b) Error in corpore, isto é: um erro que versa sobre a identidade do objeto, como quando, por exemplo, declaro querer comprar um cavalo que está diante de mim, quero efetivamente comprá-lo, mas se tal quero é erradamente, por ter trocado por outro;

c) Error in substantia, isto é: um erro que versa sobre a essência da coisa ou sobre suas propriedades que em geral se consideram ou foram concretamente

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consideradas como essenciais para a destinação econômica e função social dessa coisa; por outras palavras: um erro sobre a qualidade do objeto que, objetiva ou subjetivamente, determina sua função; assim: se eu pensei e declarei comprar um anel que suponha ser de ouro, mas que é de prata dourada; um cavalo que suponho ser árabe e não é.

d) Error in persona, isto é: um erro que versa sobre a própria individualidade da pessoa ou sobre qualidades pessoais que, dada a natureza do negócio, costumam ter-se sempre em consideração como determinantes da vontade ou que, no caso concreto,tenham efetivamente sido decisivas para o declarante, assim, por exemplo: se eu dou a Fulano, que julgava ter salvo meu filho de um naufrágio, trocando-o por Beltrano, que foi quem o salvou (erro sobre a individualidade da pessoa) ou se eu encomendei a alguém a restauração de um quadro precioso, julgando tratar-se de um pintor de valor quando é apenas um modesto decorador (erro sobre qualidades essenciais).6

Imperioso mencionar que o agente não pode ser induzido a erro pela parte com quem contrata! Nesse caso se configura outro defeito do contrato (o próximo a ser estudado): o DOLO.

3.1.2. Convalescimento do erro

Sempre que o defeito do negócio jurídico for uma causa de anulabilidade (e não de nulidade), admite-se a convalidação do ato. Uma das formas de tornar válido o ato é disposta no artigo 144 do Código Civil:

Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.

Na situação prevista na lei, o destinatário da declaração de vontade eivada de erro se propõe a cumprir o pactuado na conformidade da vontade real do declarante, ou seja, como se não houvesse erro algum. Trata-se de aplicação de princípio relevantíssimo no Código Civi de 2002: princípio da conservação dos atos, segundo o qual não há nulidade sem prejuízo (no processo civil é comum se fazer referência a esse princípio como “instrumentalidade das formas”).

Como exemplo poderíamos citar um indivíduo que deseja comprar da construtora o apartamento 22 (com vista para a psicina), mas na verdade declara querer comprar o 21 (com vista para a rua). Caso a construtora lhe entregue o apartamento 22, a execução do negócio se dá de acordo com a vontade real (é eliminado o efeito do erro). Com isso o negócio é preservado.

6 Instituições de Direito Civil, Volume I, 3ª edição. Tradução: Antônio Chaves e Fabio Maria de Mattia. São Paulo, Saraiva, 1971, p. 235/6.

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3.1.3. Indenização do declaratário

Comum a referência a esse tema sob o tópico “interesse negativo”. Muitas vezes a parte com quem o declarante que incide em erro celebra o negócio jurídico tem prejuízos com a anulação do contrato. E a lei nada dispõe sobre tal indenização para o contratante nessa situação. A doutrina contudo (Venosa e Carlos Roberto Gonçalves, dentre outros), aponta para solução de anulação do negócio mas com os prejuízos do declaratário arcados pelo declarante cuja vontade esteja contaminada pelo erro.

Essa é a solução justa, sendo que tais prejuízos devem abranger não só aqueles do âmbito material, mas também os de âmbito processual (princípio da causalidade na condenação em despesas processuais e honorários advocatícios).

3.2. Dolo

Dolo é termo plurívoco sendo elemento do tipo no direito penal e espécie de defeito do negócio jurídico no direito civil. Washington de Barros faz menção aos diversos significados e conclui citando o autor do Código de 1916:

“Em sentido amplo, dolo civil é todo o artifício empregado para enganar alguém (dolus est consilium alteri nocendi). (...) Em sentido restrito e técnico, dolo é, consoante a definição de Clóvis, o artifício ou expediente astucioso empregado para induzir alguém à prática de um ato, que o prejudica, e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro”7

Deve ser diferenciado do erro por ser o erro espontâneo (e por isso faz surgir o interesse negativo do declaratário), pois uma parte se engana sem qualquer interferência da outra ou de terceiro. No erro o agente se ilude sozinho enquanto no dolo a ilusão é criada para que o ato seja praticado.

Essa indução, pois, torna quem agiu com dolo responsável pelos prejuízos sofridos.

3.2.1. Espécies de dolo

O dolo pode ser principal ou acidental. O dolo principal é aquele descrito no artigo 145 do Código Civil, quando se caracterizar como a causa do negócio jurídico. Sem esse vício, o negócio não teria se concretizado. O dolo acidental, aou seu turno, é descrito no artigo 146, e se caracteriza por não ser um óbice à realização do negócio, mas na ausência do vício o negócio teria se concretizado por outro modo (outro preço, outra data, etc.), evidentemente mais oneroso para a vítima do ardil da outra parte.

7 Curso de Direito Civil – Parte Geral. 5ª edição. São Paulo, 1967. Ed. Saraiva, p. 203.

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Essa distinção faz com que o dolo principal seja causa de anulabilidade e o dolo acidental resulte no surgimento de uma pretensão indenizatória por perdas e danos, nos termos dos artigos 145 e 146 do Código Civil.

Uma distinção cássica que remonta ao direito romano é a divisão do dolo em dolus bônus e dolus malus. Dolus Bonus é a “conversa de vendedor”, ou seja, é uma prática comercial aceitável que se caracteriza pela incapacidade de iludir o contratante.

O dolus malus, por sua vez, tem como características a intenção de ludibriar e de prejudicar a outra parte em benefício próprio. O dolus malus pode se caracterizar inclusive pela omissão no fornecimento de informações completas sobre o objeto do negócio. Nesses termos o artigo 147 do Código Civil8. Esse, aliás, outro critério de distinção entre as espécies de dolo.

O dolo será positivo ou comissivo quando a conduta ardilosa do negociante for de fazer algo que não deveria fazer e será negativo ou omissivo quando deixar de fazer algo que deveria ter feito.

Uma ultima e relevante classificação do dolo tem como critério distintivo a pessoa que comete o ardil. Logo o dolo pode ser de uma das partes ou de ambas (dolo bilateral ou recíproco). Ou pode ainda ser do representante de uma das partes, que, como visto acima, pode ser um representante legal ou convencional. Essa distinção é de extrema relevância para fins de apuração de responsabilidade e verificação de possibilidade de anulação do negócio. Nesses termos os artigos 148 a 150 do Código Civil:

Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.

Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.

Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.

3.2.2. Distinção de outros defeitos

8 Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.

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Como já mencionado acima, o dolo se diferencia do erro por sua origem. No erro a ilusão é criada pelo próprio iludido, enquanto no dolo essa ilusão é fruto do ardil alheio.

O dolo não se confunde com a simulação pois na simulação (a ser analisada futuramente) o lesado não é parte no negócio jurídico, no dolo, como analisado, a vítima será parte do negócio jurídico. Esse mesmo critério serve para diferenciar o dolo da fraude.

3.3. Coação

Sempre útil a lembrança de que a vontade deve ser livre, esclarecida e ponderada para que o negócio jurídico seja válido. Se no erro e no dolo a vontade não é esclarecida, na coação está ausente a característica da liberdade na declaração de vontade.

Segundo Fábio Ulhôa Coelho, coação “é o constrangimento da vontade da parte declarante, por meio de ameaça de violência física ou moral, feita pelo próprio destinatário da declaração, ou por terceiros”9.

A coação pode ser física (absoluta) ou moral (relativa). Na coação física, o agente não tem qualquer vontade, logo, o negócio é inexistente por ausência desse elemento. Exemplo disso seria segurar a mão de uma pessoa para apor sua assinatura ou impressão digital em um instrumento contratual. Nesse caso, diante da ausência de um dos elementos essenciais do negócio jurídico, ele deve ser considerado inexistente. Parte da doutrina, entretanto, trata da situação como causa de nulidade absoluta.

A coação relativa (moral) é aquela que oferece à vítima a opção de praticar o ato ou não praticar esse ato, mas caso deixe de praticar o ato poderá sofrer conseqüências da ameaça feita pelo coator. Atua, pois, no campo psicológico. No caso da coação moral o código a considera anulável.

O artigo 151 dispõe sobre os requisitos da coação para que se caracterize como suficiente para viciar no negócio:

Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.

Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.

Interpretando o artigo 151, temos os requisitos de sua caracterização:

9 Curso de Direito Civil – Parte Geral. 4ª edição. São Paulo, Saraiva, 2010. P. 352.

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a) Deve ser a causa determinante do ato: sem essa ligação (nexo de causalidade) entre o ato e o vício, o negócio não deve ser anulado. Exemplo, ameaçar um devedor pontual com um seqüestro de sua filha, caso não pague uma dívida. Como o devedor pontual pagaria a dívida de qualquer forma, o ato praticado sob coação teria sido praticado da mesma maneira, ainda que não existisse a coação. Logo o ato deve ser preservado.

b) Deve incutir ao paciente um temor justificado. São exemplos de coação incapaz de gerar esse temor como “faça isso senão vou te matar com meu poder da mente” ou “assine o contrato ou vou pedir ao fantasma de seu pai que puxe seu pé durante a noite”, ou ainda “ vou rogar uma praga para que você fique doente, colocando seu nome na encruzilhada, dentro de uma vasilha com cachaça, charuto, galinha, farofa e uma vela”. No caso da coação, ao contrário do erro, o homem médio não foi utilizado como padrão, mas assim as condições pessoais da vítima, nos termos do artigo 15210. Nesse sentido as palavras de Washington: “Cumpre, destarte, levar em conta o estado d’alma dos fracos e humildes que, sem personalidade, se impressionam facilmente e logo se deixam dominar. Como lembra Clóvis, ameaça que seria vã para um animo varonil, pode ser grave para uma alma tímida, para uma criança, para um velho, para um doente.

c) O temor incutido na vítima deve gerar um dano iminente. Isso significa que a vítima da coação não terá meios hábeis de evitar a concretização da ameaça, senão por meio do atendimento aos anseios do coator. Caso o dano possa ser evitado pela vítima sozinha ou com auxílio da autoridade pública, a coação não deve ser caracterizada.

d) O Dano deve ser considerável (grave). O código utiliza o termo “fundado”. A ameaça feita pelo coator deve causar um dano efetivo a um bem relevante. Então uma ameaça de dano insignificante (assine o cotrato senão piso no seu pé) ou a bem irrelevante (para a vitima). Por isso que se faz referência às pessoas da família. Se uma pessoa obriga outra a assinar um contrato, e caso não o faça, ele roubará a casa de um indivíduo desconhecido do outro lado do mundo, o patrimônio dessa pessoa não é relevante para a vítima. Mas o juiz sempre deve analisar o caso concreto para verificar se a coação foi grave ou não, de acordo com as condições da vítima.

e) O Dano deve ser injusto. Isso porque a coação não se caracteriza com a ameaça de exercício regular de direito. São exemplos clássicos a ameaça de protesto de título no caso de inadimplência de devedor ou ameaça de despejo no caso de inadimplência de inquilino. Nesses termos o artigo 153:

Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.

10 Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.

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O dispositivo trata ainda do temor reverencial como causa de coação, descaracterizando o vício nessa situação. Isso porque, como explica Carlos Roberto Gonçalves “não se reveste de gravidade suficiente para anular o ato o receio de desgostar os pais ou outras pessoas a quem se deve obediência e respeito, como os superiores hierárquicos.

3.3.1. Espécies de coação

A Coação, assim como o dolo, pode ser considerada principal e acidental, caso impeça a realização do negócio ou altere suas condições de celebração (preço, prazo, etc.). E, tal qual o dolo, há diferença no caso de coação exercida pela parte beneficiada ou por terceiro.

Sobre o tema, dispõem os artigos 154 e 155 do Código:

Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.

Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

EXERCÍCIOS

Parte 1: questões de provas objetivas

Prova(s): FCC - 2006 - TRT-20R - Analista Judiciário - Área Judiciária O negócio jurídico concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou, é

a) inexistente. b) nulo. c) válido. d) anulável. e) ineficaz.

Prova(s): FCC - 2007 - TRE-SE - Analista Judiciário - Área Judiciária Considere as afirmativas abaixo a respeito dos defeitos do negócio jurídico.

I. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve.

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II. Se ocorrer dolo do representante convencional de uma das partes, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. III. Ocorrerá a lesão quando uma pessoa, por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. IV. Ao apreciar a coação, não se levará em conta o sexo, a idade e o temperamento do paciente.

É correto o que se afirma APENAS em

a) I, II e III. b) I, II e IV. c) I, III e IV. d) II e III. e) II, III e IV.

Prova: CESPE - 2008 - TJ-DF - Analista Judiciário - Área Judiciária Certo ou errado?São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

Prova: CESPE - 2009 - TRE-GO - Analista Judiciário - Área Judiciária Acerca dos efeitos dos negócios jurídicos, assinale a opção correta.

a) O erro caracteriza-se como uma manifestação de vontade distorcida da realidade, em que o declarante a desconhece ou entende de modo errado aquilo que acontece. b) O erro, em qualquer de suas modalidades, torna o negócio passível de anulação. c) O dolo acidental causa a anulação do negócio jurídico. d) A coação absoluta e a relativa, modalidades de vício de vontade, tornam o negócio nulo de pleno direito.

Prova: CESGRANRIO - 2008 - Petrobrás - Advogado Em relação aos defeitos do negócio jurídico, analise as afirmações a seguir.

I - Na lesão é facultado ao lesado optar por requerer a anulação ou a revisão do negócio jurídico celebrado, sendo que o dano deve ser contemporâneo à celebração do contrato. II - No erro existe uma declaração enganosa da vontade, cujo objetivo é produzir efeito diverso do pretendido. III - O dolo de ambas as partes torna o negócio jurídico nulo. IV - O simples temor reverencial configura coação. V - O estado de perigo ocorre quando uma pessoa obtém lucro exagerado, desproporcional, aproveitando-se da situação de necessidade ou inexperiência do outro contratante.

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Está(ão) correta(s) APENAS a(s) afirmação(ões)

a) I b) I e III c) II e IV d) II e V e) III, IV e V

Prova: FCC - 2007 - TRF-3R - Analista Judiciário - Área Judiciária - Execução de Mandados A respeito dos defeitos dos negócios jurídicos, é correto afirmar que

a) o dolo acidental, a despeito do qual o negócio seria realizado, embora por outro modo, só obriga à satisfação de perdas e danos. b) o erro de cálculo afeta a declaração de vontade e prejudica a validade do negócio jurídico. c) se ambas as partes procederam com dolo, ambas podem alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. d) o negócio jurídico nulo é suscetível de confirmação e convalesce pelo decurso do tempo. e) o falso motivo, expresso como razão determinante, não vicia a declaração de vontade.

Prova: FCC - 2010 - TRE-AM - Analista Judiciário - Área Judiciária Com relação aos defeitos do negócio jurídico é correto afirmar:

a) Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, mas ambas poderão reclamar indenização. b) É nulo o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse conhecimento. c) O dolo acidental anula o negócio jurídico e obriga à satisfação das perdas e danos. d) Ao apreciar a coação ter-se-ão em conta, dentre outras circunstâncias, o sexo, a idade e o tempera- mento do paciente. e) Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, mas o simples temor reverencial caracteriza a coação direta.

Prova: CESPE - 2009 - TRT - 17ª Região (ES) - Analista Judiciário - Área Judiciária - Execução de Mandados. Certo ou errado?O dolo principal não acarretará a anulação do negócio jurídico, obrigando apenas à satisfação de perdas e danos ou a uma redução da prestação convencionada.

Prova: FCC - 2007 - TRE-SE - Analista Judiciário - Área Judiciária Considere as afirmativas abaixo a respeito dos defeitos do negócio jurídico.

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I. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve. II. Se ocorrer dolo do representante convencional de uma das partes, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. III. Ocorrerá a lesão quando uma pessoa, por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. IV. Ao apreciar a coação, não se levará em conta o sexo, a idade e o temperamento do paciente.

É correto o que se afirma APENAS em

a) I, II e III. b) I, II e IV. c) I, III e IV. d) II e III. e) II, III e IV.