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FATO JURÍDICO 1) Fato jurídico: é todo acontecimento natural ou humano apto a criar, modificar, conservar ou extinguir relações jurídicas. 2) Classificação: Os fatos jurídicos em sentido amplo podem ser classificados em: a)Fatos naturais , os quais decorrem da natureza. b)Fatos humanos , decorrentes da atividade humana. Estes podem ainda ser divididos em lícitos e ilícitos.

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 2imprimir

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FATO JURÍDICO

1) Fato jurídico: é todo acontecimento natural ou humano apto a criar, modificar, conservar ou extinguir relações jurídicas.

2) Classificação: Os fatos jurídicos em sentido amplo podem ser classificados em:

a) Fatos naturais, os quais decorrem da natureza. b) Fatos humanos, decorrentes da atividade

humana. Estes podem ainda ser divididos em lícitos e ilícitos.

FATO JURÍDICO

• Atos lícitos são aqueles em conformidade com o ordenamento jurídico e neles estão compreendidos o negócio jurídico, o ato jurídico em sentido estrito e o ato-fato jurídico.

• Interessa-nos o negócio jurídico.

Conceito: é toda manifestação de vontade tendente a criar, adquirir, transferir, modificar ou extinguir direitos.

• Aqui a manifestação de vontade tem finalidade negocial.

• Faz-se necessária uma vontade qualificada, ou seja, uma vontade que deve ser expressa sem defeitos.

NEGÓCIO JURÍDICO

• O negócio jurídico é analisado através dos planos da existência, validade e eficácia.

• Os defeitos do negócio estão no plano da validade e segundo o Código Civil são sete: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contra credores e simulação.

ESPÉCIES DE DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

ERRO

1) Conceito: Entende-se por erro a falsa representação positiva da realidade, ao passo que ignorância é uma situação negativa de desconhecimento.

• Para o Código Civil não há distinção entre elas no que diz respeito aos seus efeitos, pois ocorrendo erro ou ignorância o negócio jurídico será anulado.

ERRO

Previsão legal: Art. 138. São anuláveis os negócios

jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

ERRO

Classificação: Segundo o Código Civil, o erro pode ser quanto ao objeto, quanto à natureza do negócio, quanto à pessoa e de direito:

“Art. 139. O erro é substancial quando:I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da

declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a

quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;

III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.”

ERRO

• Alerte-se que o erro não se confunde com vício redibitório, já que o vício está na coisa e não na manifestação de vontade, prejudicando sua utilização, ou diminuindo seu valor. Neste caso, a ação a ser proposta é a edilícia, ao passo que no erro a ação deve ser anulatória.

ERRO

Exemplos:1) Assinar uma confissão de dívida em nome

próprio pensando ser um empréstimo.2) Alguém que pensa estar vendendo um objeto

quando na verdade esta realizando uma doação (erro de negócio).

3) Um indivíduo que acredita estar comprando uma motocicleta mas na realidade adquire um bicicleta (erro de objeto).

ERRO

4) Alguém que, sem saber, adquire uma casa de dois pavimentos mas acreditava estar comprando uma de três (erro de substância do objeto).

5) É o caso, por ex., do marido que, sem ter o conhecimento do fato, contrai matrimônio com mulher que possui doença mental grave que torne insuportável a vida em comum (erro de pessoa).

6) Alguém adquirir um veículo vermelho, quando o automóvel na verdade é preto (erro acidental).

DOLO

• Conceito: o dolo é um erro provocado, pois uma das partes é vítima de um ardil, é ludibriada para realizar um negócio jurídico prejudicial. Trata-se de outra causa de anulação do negócio.

DOLO

• Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.

• Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.

• Vale dizer, o dolo somente anula o negócio se atacar sua causa (dolo principal), isto é, o dolo acidental não provoca sua anulação, apenas impõe a obrigação de reparar perdas e danos.

DOLO

• Há ainda o dolo bilateral que ocorre quando as duas partes tentam se enganar. Para o Código Civil: se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização (art. 150).

DOLO

• Também há o dolo de terceiro e, nesta hipótese, o negócio somente será anulado se o beneficiário conhecia o defeito, ou seja, apenas se houver cumplicidade entre o terceiro e o beneficiário de má-fé. Caso contrário se resolverá em perdas e danos conforme o art. 148.

DOLO

DOLO

Exemplos:1) Alguém muito pobre que é dolosamente induzido a

vender, por preço baixo, quinhão hereditário relativamente valioso (dolo principal).

2) Alguém adquire uma fazenda sob o induzimento do vendedor de que ela contém área suficiente à plantação de pinheiros, necessária à participação de um projeto do governo, com grandes benefícios e isenção fiscal. O induzimento foi tal que levou o comprador se sentir beneficiado com a compra (dolo acidental).

DOLO

3) O produtor que vende safra de laranjas, ocultando ao comprador que seu pomar encontra-se infestado por pragas. Configura-se então o dolo do art. 147 (dolo negativo ou omissivo).

4) A ex-esposa e um amigo induziram a erro o contratante, fazendo-o assinar um contrato de financiamento do qual não tinha conhecimento, agindo ardilosamente, colocando o documento em meio a outros papéis da separação (dolo de terceiro).

COAÇÃO

• A coação, para caracterizar defeito do negócio jurídico, deve ser de maneira que a violência psicológica constranja a vítima a realizar negócio contrário a sua vontade interna.

• A coação física, por sua vez, acarreta a inexistência do negócio jurídico, uma vez que ataca diretamente a vontade do agente.

COAÇÃO

• É possível que a coação ainda seja feita por terceiro. Neste caso, cada um responde por sua culpa, não há solidariedade. Se o beneficiário não for cúmplice o coator responderá integralmente pelas perdas e danos:

COAÇÃO

Previsão legal: • “Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida

por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.”

• “Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.”

COAÇÃO

COAÇÃO

Exemplos:1) Pegar a mão da vítima à força para assinar

um documento (coação absoluta).2) Assine este documento, caso contrário

morrerá um membro da sua família ou alguém que assina um documento mediante tortura (coação relativa).

ESTADO DE PERIGO

• O estado de perigo, por sua vez, ocorre quando o agente, diante do perigo de dano, conhecido da outra parte, assume prestação excessivamente onerosa.

• Trata-se de causa de anulação do negócio jurídico, mas segundo a doutrina, poderá ser evitada se a outra parte oferecer suplemento suficiente ou aceitar a redução do proveito.

ESTADO DE PERIGO

Previsão legal:• “Art. 156. Configura-se o estado de perigo

quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.

Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.”

ESTADO DE PERIGO

Exemplo:1) Negócio jurídico celebrado em caso de

sequestro de pessoa da família, para que se possa pagar o resgate ou vítima de acidente que assume obrigações excessivamente onerosas para que não morra no local do acidente ou ainda doente que promete pagar honorários excessivos a cirurgião, com medo de não ser operado e falecer.

ESTADO DE PERIGO

2) Pessoa é compelida a efetivar depósito ou prestar garantia (caução) sob forma de emissão de cheques ou notas promissórias (ou outros títulos cambiais) para, por exemplo, prover atendimento clínico-hospitalar emergencial ou ainda para obter internação de paciente que corre grave perigo de vida.

LESÃO

• Conceito: é o vício que mais guarda relação com o abuso do poder econômico. É defeito que se manifesta no prejuízo resultante da desproporção entre as prestações pactuadas, em virtude do abuso da necessidade ou inexperiência de uma das partes.

LESÃO

• Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.

§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.

§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

LESÃO

LESÃO

Exemplo:1) Devedor insolvente, que, para obter meios de

pagamento, vende seus bens a preços irrisórios ou muito abaixo dos preços de mercado

FRAUDE CONTRA CREDORES

• Conceito: traduz a prática de um ato negocial que diminui o patrimônio do devedor insolvente, prejudicando credor pré-existente.

• Difere da simulação, pois esta não tem vítima específica, atinge genericamente terceiro ou a lei, enquanto a fraude tem vítima específica e não é camuflada, pois a alienação é pública.

FRAUDE CONTRA CREDORES

• A fraude apresenta dois requisitos para sua ocorrência: consilium fraudis e eventus damni. O primeiro é a má-fé do devedor. O segundo é o prejuízo do credor existente.

• A fraude contra credores é causa de anulação do negócio jurídico, cujo instrumento competente é a ação pauliana.

FRAUDE CONTRA CREDORES

Exemplo:1) João deve a Maria R$ 100.000,00 (cem mil

reais) e no intuito de prejudicar a cobrança da dívida, vende seu único bem valioso, a Pedro, que desconhecia a existência de qualquer dívida.

SIMULAÇÃO

• CONCEITO: Entende-se por simulação uma declaração enganosa de vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado.

• ESPÉCIES: A simulação pode ser absoluta ou relativa. Na primeira, as partes realizam um negócio jurídico destinado a produzir efeito jurídico algum. Na segunda as partes criam um negócio com finalidade de encobrir outro negócio jurídico que produzirá efeitos proibidos na lei (doação de um bem para a amante, por exemplo).

SIMULAÇÃO

• INVALIDADE: Por fim, tem-se que a simulação é o único defeito do negócio jurídico que é causa de nulidade absoluta do negócio jurídico.

SIMULAÇÃO

• PREVISÃO LEGAL: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.

§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas

daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não

verdadeira;III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-

datados.§ 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos

contraentes do negócio jurídico simulado.

SIMULAÇÃO

SIMULAÇÃO

1) O marido está à beira da separação e confessa dívidas a um amigo, sem que jamais tenha devido a ele (simulação absoluta).

2) Homem casado não pode doar para a concubina. Daí, ele doa, mas faz escritura pública de compra e venda para encobrir o negócio (simulação relativa ou dissimulação).