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1. INTRODUÇÃO neo = novo e plasia = crescimento sinônimos = tumor (inicialmente utilizado nos processos inflamatórios edema) câncer (termo mais utilizado p/ tumores malignos) neoplasmas oncologia = ciência que estuda os tumores 2. DEFINIÇÃO DE NEOPLASIA embora todos médicos saibam o que é neoplasia, o termo é de difícil definição várias definições ao longo do tempo, desde 1872. definição segundo Sir Rupert Willis " neoplasia é uma massa tecidual anormal, cujo crescimento é excessivo, descontrolado em relação ao tecido normal. O crescimento persiste da mesma maneira excessiva após o término do estímulo que induziu a alteração. " a essa caracterização, podemos acrescentar que a massa anormal não apresenta função alguma (inútil), parasita o hospedeiro (compete com o suprimento energético e 117 NEOPLASIAS

AULA 7 - NEOPLASIAS

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Page 1: AULA 7 - NEOPLASIAS

NEOPLASIAS

1. INTRODUÇÃO

neo = novo e plasia = crescimento

sinônimos = tumor (inicialmente utilizado nos processos inflamatórios edema)

câncer (termo mais utilizado p/ tumores malignos)

neoplasmas

oncologia = ciência que estuda os tumores

2. DEFINIÇÃO DE NEOPLASIA

embora todos médicos saibam o que é neoplasia, o termo é de difícil definição várias definições ao longo do tempo, desde 1872.

definição segundo Sir Rupert Willis

" neoplasia é uma massa tecidual anormal, cujo crescimento é excessivo,

descontrolado em relação ao tecido normal. O crescimento persiste da mesma

maneira excessiva após o término do estímulo que induziu a alteração. "

a essa caracterização, podemos acrescentar que a massa anormal não apresenta função alguma (inútil), parasita o hospedeiro (compete com o suprimento energético e nutricional) e é virtualmente autônomo (massa cresce em pacientes caquéticos)

3. CLASSIFICAÇÃO DAS NEOPLASIAS

2 bases de classificação dos tumores

1. histogênese tipo celular que originou e compõe o tumor

2. comportamento biológico benignos

malignos

117

NEOPLASIAS

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classificação histogenética

- baseada no tipo celular ou tecido específico que originou e compõe o tumor

- tumores podem se originar a partir de qualquer tipo celular

- importante identificar o tecido que originou o tumor, pois o comportamento

biológico, tratamento e prognóstico podem ser bastantes diferentes

- geralmente os tumores são classificados como tendo origem epitelial ou

mesenquimal

classificação quanto ao comportamento biológico

- tumores benignos = menos inofensivos ao hospedeiro

malignos = oferecem risco à vida do hospedeiro

- importante a determinação do comportamento biológico do tumor para o

prognóstico e tratamento

4. NOMENCLATURA DOS TUMORES

baseada no componente do parênquima que constitui a massa tumoral

tumores benignos - sufixo OMA lipoma, fibroma, angioma

- arquitetura microscópica:

adenoma = neoplasia epitelial benigna que apresenta modelo glandular ou tumor

derivado de glândula (sem necessaria/e apresentar padrão glandular)

papiloma = projeções em forma de dedo (aspecto macro ou micro)

tumores malignos- sufixos SARCOMA = origem mesenquimal CARCINOMA = origem epitelial

- sarcoma : grego "sar"= mole (pouco tecido conectivo) fibrossarcoma, lipossarcoma, rabdomiossarcoma, leiomiossarcoma

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- carcinoma: espinocelular, mamário adenocarcinoma = modelo de crescimento glandular* VER QUADRO 4 ( Pág. 138 )

5. DIFERENCIAÇÃO ENTRE O TUMOR BENIGNO E MALIGNO

4 critérios básicos para diferenciação:

1. diferenciação e anaplasia2. taxa de crescimento3. invasão local4. metástase

5.1 - Diferenciação e Anaplasia

- diferenciação = grau de semelhança das células parenquimais neoplásicas com as

células normais, tanto morfologicamente quanto funcionalmente.

- célula indiferenciada proliferação diferenciação células especializada

- Ex: célula mesenquimal diferenciação osteoblastos osteócitos (osso)

condroblastos condrócitos (cartil.)

fibroblastos fibrócitos (TC)

- tumor bem diferenciado formado por células que se assemelham às células

normais maduras do tecido de origem da neoplasia e podem elaborar produtos

característicos das células normais

- tumor pouco diferenciado (indiferenciado ) possuem células não especializadas,

que parecem primitivas

- geralmente os tumores benignos mais diferenciados

malignos indiferenciados

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- anaplasia

- ausência de diferenciação das células tumorais (grau de desdiferenciação) - literalmente significa "formar p/ trás"

- caracterizada por várias alterações morfológicas e funcionais:

1. pleomorfismo celular células com tamanho e formas variadas quanto maior grau de pleomorfismo > anaplasia

2. relação núcleo/citoplasma (N/C) célula normal N/C = 1/4 a 1/6 célula neoplásica N/C = 1/1

3. cromatina nuclear célula normal cromatina mais dispersa célula neoplásica hipercromatose (cromatina condensada e distribuída junto ao envoltório nuclear)

4. nucléolos revelam a atividade sintética da célula células neoplásicas nucléolos bem evidentes e acidófilos (1 ou +)

5. figuras de mitoses geralmente as neoplasias malignas mitoses elevadas

(atípicas/bizarras)

5.2 - Taxa de crescimento

fatores que influenciam o crescimento do tumor:

- suprimento sanguíneo e nutrição

- resposta imune do hospedeiro

- fatores endócrinos

neoplasias benignas taxa crescimento mais lenta malignas taxa cresciemnto mais rápida

120

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5.3 - Invasão local

neoplasias benignas crescimento expansivo malignas crescimento infiltrativo, invasivo ("raízes")

mecanismos1. pressão física2. maior motilidade das células tumorais3. perda da inibição por contato das células4. diminuição da adesão/coesão das células tumorais5. liberação de enzimas destrutivas

5.4 - Metástases

características de neoplasias malignas principais causas de morbidade e mortalidade definição crescimento secundário da neoplasia num sítio distante do crescimento

primário

CRITÉRIOS BENIGNO MALIGNO

1. Anaplasia pouco acentuado bem acentuado2. Invasão < > (variável)3. Metástases ausente presente ou não4. Velocidade crescmento lenta rápida5. Capacidade crescimento crescer, regredir ou estacionar sempre rápido6. Modo crescimento expansivo infiltrativo, invasivo7. Presença de cápsula geral/e presente não8. Estroma abundante variável9. Recidivas raras frequentes10. Necroses + +++11. Hemorragias + +++12. Significado clínico perigoso devido perigoso - posição - cresc. infiltrativo - complicações acidentais - cresc. progressivo - excesso prod. hormônios - metástases

121

DIFERENCIAÇÃO ENTRE TUMOR BENIGNO E MALIGNO

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6. MECANISMOS DE INVASÃO E METÁSTASES DOS TUMORES

invasão e metástases são características biológicas de tumores malignos principais causas de morbidade e mortalidade objetos de intensas pesquisas

para a formação de um crescimento secundário de uma massa tumoral distante do foco primário é necessário uma sequência de etapas:

1. desprendimento de células tumorais da massa primária

2. penetração em vasos sangüíneos e linfáticos

3. disseminação pela corrente circulatória

4. produção de crescimento secundário num sítio distante ( Figura 37)

6.1 - MECANISMOS ENVOLVIDOS NA METÁSTASE TUMORAL (CASCATA METASTÁTICA)

1. célula transformada

2. expansão clonal (crescimento e diversificação) tumor primário

3. tumor primário = população heterogênea de células tumorais somente uma população

seleta tem a capacidade de se destacar do tumor primário (tumor = vários subclones

com graus variados de potencial metastático)

4. subclone metastático adesão e invasão da membrana basal

5. atravessam a matriz extracelular (MEC) (Figura 38)

6. intravasão = invadem a parede do vaso

7. circulação células tumorais interagem com células imunes do hospedeiro (linf.)

plaquetas aderem à massa tumoral

8. êmbolos tumorais

9. adesão das células tumorais à membrana basal do vaso

10. extravasão = saída do vaso células tumorais no tecido

11. tumor metastático

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transformação da célula a maioria dos tumores é originada de um clone ou seja, é derivada da proliferação de uma única célula transformada

heterogenicidade das células tumorais: - massa tumoral é constituída por células heterogêneas com potencial diferenciado

quanto a capacidade invasiva, taxa crescimento, resposta a hormônios e

susceptibilidade a drogas

- ocorre devido a mutações espontâneas (células instáveis geneticamente)

- muitas vezes quando o tumor primário é detectado, o paciente pode conter vários

subclones com potencial metastático

células tumorais devem penetrar a MEC em vários estágios da cascata metastática

células tumorais metastáticas aderir degradar atravessar MEC

Composição da MEC

1. membranas basais- colágeno tipo IV- glicoprots. específicas laminina proteoglicana sulfato de heparan

2. tecido conectivo intersticial- colágeno tipo I e tipo III (exceção da cartilagem : tipo II)- proteoglicanas- glicoproteínas (fibronectina)

membrana basal separa células endoteliais/epiteliais do tecido conectivo intersticial

laminina "cola"que mantém junto a membrana basal

alta afinidade com proteoglicanas e colágeno tipo IV

fibronectina principal proteína responsável pela adesão ao tecido intersticial

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6.2 - ETAPAS DA INVASÃO DAS CÉLULAS TUMORAIS :

1. Aderência das células tumorais aos componentes da MEC

a) mecanismos de adesão à laminina:

células cancerosas apresentam n0 de receptores na superfície para laminina

células tumorais secretam grandes quantidades de laminina que se ligam aos

receptores presentes nas células tumorais formando uma ponte entre a célula

tumoral e a membrana basal

b) mecanismos de adesão à fibronectina:

receptores na superfície das células tumorais reconhecem uma sequência de aa

RGD (Arg-Gly-Asp) peptídeos sintéticos contendo essa sequência bloqueiam a

adesão das células tumorais à fibronectina inibindo as metástases pulmonares

2. Degradação da MEC

a) degradação das membranas basais colagenases tipo IV, glicosidases, proteinases não específicas (elastase, catepsinas, plasmina) plasmina importante papel na invasão tumoral

ativação da colagenase tipo IV

b) degradação dos colágenos intersticiais (tipo I e III) colagenases intersticiais degradação dos componentes da MEC produtos da

clivagem atividade quimiotática, angiogênicas e promotor de crescimento

3. Migração das células tumorais através da MEC

células malignas são menos coesivas que as células normais (mais separadas) mais móveis

locomoção quimiotaxia (fragmentos da MEC)

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6.3 - DISSEMINAÇÃO VASCULAR E DEPOSIÇÃO DAS CÉLULAS TUMORAIS

circulação células tumorais são vulneráveis à resposta imune do hospedeiro

células tumorais aglomerados celulares (êmbolos)

agregados de células tumorais e plaquetas proteção ao ataque de células

linfóides aumentando a sobrevivência e implantabilidade tumoral

modelos experimentais: plaquetas metástases pulmonares

sítio de crescimento secundário

- células tumorais circulantes abandonam os capilares depósitos secundários

- distribuição das metástases vias naturais de drenagem e interação com receptores

- carcinomas disseminação através vasos linfáticos

- sarcomas disseminação através vasos sangüíneos

- pulmão e fígado > frequência de metástases sangue das vv. cavas pulmão

da área portal fígado

7. ETIOPATOGENIA DOS TUMORES

grande número de agentes transformação de células

agentes indutores de tumores podem ser agrupados em 3 categorias:

1. carcinógenos químicos

2. energia radiante

3. vírus oncogênicos

todos agentes etiológicos citados afetam a função de 2 classes de genes reguladores

1. proto-oncogenes promovem o crescimento celular precursores dos genes do câncer 2. anti-oncogenes

genes supressores ou inibidores do crescimento genes supressores dos cânceres

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- esses genes são componentes normais do genoma celular e seus produtos têm importante ação na regulação fisiológica do crescimento das células

7.1 - CARCINÓGENOS QUÍMICOS

200 anos atrás cirurgião londrino, Sir Percival Pott relacionou o câncer da pele da

bolsa escrotal com os limpadores de chaminés, devido à exposição crônica à fuligem

recomendou banhos diários aos limpadores de chaminés

1915 Yamagiwa e Tchikawsa através da aplicação repetida de alcatrão da hulha

induziram o aparecimento de câncer na orelha de coelho

Kimnaway e Cook extraíram 50 g de 3,4-benzopireno de 2 toneladas de alcatrão cru

e comprovaram a carcinogenicidade dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos

PATOGÊNESE DA CARCINOGÊNESE QUIMÍCA

- envolve uma sequência de múltiplas etapas

- 2 fases da carcinogênese química

a) iniciaçãob) promoção

- iniciador alteração permanente do DNA das células = transformação celular

sozinho não é suficiente para o desenvolvimento do tumor

- promotor pode induzir a formação do tumor em células iniciadas

(transformadas)

não são tumorigênicas por si só

alterações reversíveis

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- tipos de carcinógenos químicos

1. carcinógenos completos iniciação e promoção2. carcinógenos incompletos induz somente a iniciação

exemplos de carcinógenos químicos:

- aditivos, preservantes e flavorizantes alimentares

- corantes para marcar carne e frutas

- grãos de alimentos contaminados por pesticidas e micotoxinas

- fungicidas em frutas

- corante de manteiga

- corante vermelho escarlate (cerejas marasquino)

- adoçantes artificiais: sacarina e ciclamatos em doses elevadas

- nitritos= preservação de alimentos

- hidrocarbonetos policíclicos carnes e peixes defumados, carnes grelhadas,

combustão de tabaco

- aminas aromáticas e corantes azo câncer de bexiga

- aflatoxina e carcinoma hepático Aspergillus flavus aflatoxina

rações mofadas, contaminação de grãos e amendoins

- dietilbestrol tumores genitais em humanos

anos 40 prescrito para mulheres ameaçadas de aborto adenocarcinomas

utilizado engorda do gado potencial carcinogênico = tumores mamários

7.2 - CARCINOGÊNESE POR RADIAÇÃO

fonte luz solar, R-X e fissão nuclear

energia radiante é oncogênica alterações cromossômicas, translocação, pontos de mutação, alteração de proteínas e inativação de enzimas

possíveis mecanismos:

1. radiação ioniza diretamente macromoléculas celulares essenciais2. teoria indireta produção de RL lesão celular

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mutação induzida pela radiação depende de vários fatores :

a) qualidade da radiaçãob) dosec) reparo do DNAd) fatores do hospedeiro

mutação induzida pela radiação pode ativar proto-oncogenes

7.3 - ONCOGÊNESE VIRAL

grande número de vírus oncogênicos para humanos e animais

vírus oncogênicos 2 classes DNA vírus RNA vírus

ambos os tipos de vírus interagem com o DNA da célula transformação neoplasia

7.3.1 - RNA vírus

- vírus oncogênicos família retroviridae (retrovírus)

- material genético = RNA

- enzima transcriptase reversa transcrição do RNA viral DNA específico viral integra ao genoma celular replicação junto com o ciclo celular

- transcrição = cópia da mensagem genética do DNA em RNA m (ocorre no nucléolo)

- translação = leitura da mensagem no RNAm pelos polissomos síntese de polipeptídeos

- genoma dos retrovírus 3 classes de genes

a) gag síntese de virionb) pol síntese de transcriptase reversac) env síntese de glicoproteínas do envelope ligadas em cada lado pela

LTR (repetição terminal longa) síntese de RNA viral

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retrovírus de transformação aguda

- vírus indução rápida de tumores nos organismos afetados

- vírus que apresentam replicação defeituosa perda de genes que foram substituídos

por nova sequência de genes responsáveis pela capacidade de transformação

(genes causadores de tumores) v-oncs

- origem do v-oncs

- sequência dos v-oncs são quase idênticos à sequência encontrada no DNA da célula normal (proto-oncogenes) em quase todas as espécies

- v-oncs = representam cópias de proto-oncogenes da célula normal que foi capturada pelo genoma viral durante o processo de replicação viral

- proto-oncogenes estão presentes em todas as espécies da escala evolutiva, sugerindo um papel essencial provavelmente na diferenciação e regulação da proliferação celular

- proto-oncogenes e oncogene celular são muitas vezes utilizados como sinônimos, mas na realidade são 2 termos distintos:

proto-oncogene = sequência de gene celular que não são oncogênicos no seu estado fisiológico, mas podem originar ou se transformarem genes causadores de câncer oncogenes

- mecanismos de transfomação maligna para v-oncs

- durante a transdução (proto-oncogene v-onc) podem ocorrer mutações neoplasia

- transdução permite introdução de proto-oncogene na proximidade de potentes promotores retrovirais persistente expressão desse gene crescimento

descontrolado

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retrovírus de transformação lenta

- não apresentam oncogenes e apresentam replicação normal

- mecanismo de indução de neoplasiamutagênese insercional DNA proviral é quase sempre integrado próximo ao proto-oncogene promotor viral alteração estrutural e expressão exacerbada dos proto-oncogenes (c-onc)

7.3.2 - DNA vírus

associado à vários tipos câncer

mecanismos de ação

- células permissivas = replicação viral é completa morte celular/liberação de novos vírus células não sofrem transformação

- células não permissivas = não permitem a replicação viral completa podem sofrer transformação neoplásica

- células não permissivas DNA vírus oncogênicos geralmente formam associações estáveis com o genoma do hospedeiro (integração do DNA viral nos cromossomos da célula)

- maioria dos DNA vírus somente as porções do genoma são transcritas inicialmente no ciclo de vida viral : essenciais para transformação

PATOGÊNESE DO CÂNCER

Fatores ambientais e genéticos alterações no genoma das células somáticas ativação

de proto-oncogenes ou inativação de anti-oncogenes expressão de produtos genéticos

alterados e perda de produtos genéticos regulatórios expansão clonal, mutações

adicionais e heterogenicidade neoplasia maligna.

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8 - EFEITOS CLÍNICOS DA NEOPLASIA

Efeitos locais sistêmicos

Efeitos locais

- neoplasias expansão pressão nos tecidos normais circunjacentes

dor, isquemia e bloqueio dos vasos linfáticos obstrução de luzes e sistemas de ductos

Efeitos sistêmicos

Caquexia

- estágios terminais da doença neoplásica- causas: anorexia (depressão dos centros de apetite no cérebro) citocinas (macrófagos ativados TNF- ou caquexina mobilizam TG dos adipócitos)- células neoplásicas enzimas tumorais células captadoras de aa essenciais

Hipoglicemia

- característica dos tumores das células da ilhota pancreática insulina- outras neoplasias epiteliais, mesenquimatosas e hematopoéticas- ocorre geralmente nos estágios finais de neoplasia disseminada, mas também nos

estágios inicias- sinais clínicos inquietação, fraqueza, tremores e episódios de colapso e

convulsões

Anemia

- comum nas doenças neoplásicas metastáticas- causas invasão do tumor hemorragia - redução da eritropoese (invasão da medula óssea e destruição do tecido hematopoético, supressão da eritropoetina nos rins)

- fragmentação eritrocítica (anemia hemolítica microangiopática = hemólise em vasos anormais dos tumores)

- ativação do SMF hiperesplenismo remove excessivamente as hemácias sangüíneas

- anemias ferroprivas associadas a doenças inflamatórias - quimioterapia anemia ñ regenerativa

- neoplasias linfoproliferativas anemias auto-imune- contrastando com a supressão dos eritrócitos, as células tumorais policitemia

(secreção de eritropoetina = neoplasias renais humana)

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Defeitos da coagulação - trombocitopenia: comum nas leucemias virais e síndromes linfoproliferativas causas: supressão da atividade da medula óssea várias vezes auto-imune - trombose: ocorre em tumores grandes local nos tumores sólidos causas - células neoplásicas adesão/agregação plaquetária liberação fatores procoagulantes - endotelialização incompleta dos capilares dos tumores

- grande quantidade procoagulantes CID obstrução do glomérulos morte

Hipercalcemia

- complicação de muitos tumores, sendo letal em alguns deles- causas metástases osteolíticas de tumores sólidos com excesso de reabsorção

óssea e liberação excessiva de Ca- células tumorais secretam peptídeos que imitam hormônios paratireoideanos

aumentam atividade dos osteoclastos

Pseudohiperparatireoidismo

- resulta da secreção de peptídeos com atividade semelhante à do hormônio paratireoideano

- conseqüências hipercalcemia persistente hiperfosfatemia, hiperplasia das células C da tireóide e atrofia da paratireóide

- associado a carcinomas da glândula mamária, fibrossarcomas, linfomas e adenocarcinomas

Síndromes dos hormônios ectópicos

- células neoplásica sintetizam proteínas espaços intercelulares- secreção de peptídeos imitam hormônios síndromes de importância clínica- exemplos: vasopressina renina hipertensão, hipercalemia e hiperaldosteronismo

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Síndrome de Zollinger-Ellison

- associada a tumores do pâncreas que não são de células - células tumorais secretam polipeptídeo com atividade semelhante à gastrina

sinais clínicos diarréias, vômito, perda de peso, hipersecreção de ácido gástrico - úlceras do estômago e esôfago, enterite com atrofia das vilosidades, hipertrofia

da mucosa gástrica e proliferação das células C da tireóide

Diarréia

- neoplasia disseminada diarréia prolongada que não responde à terapia de rotina- câncer terminal está associado às infecções bacterianas e por protozoários

(tratamento imunossupressor)- tumores do intestino pode: diarréia (nãomuito comum)- células tumorais secretar peptídeos intestinais vasoativos diarréia

Febre

- algumas células tumorais pirogênicos- comum nos pacientes com neoplasias disseminadas avançadas- mais comum como resultado de doença inflamatória ou bacteriana complicadora

9 - IMUNOLOGIA TUMORAL

célula neoplásica desenvolve proteínas novas nas membranas superficiais atuam como antígenos tumorais evocam resposta imune

antígenos tumorais

1. Antígenos fetais

- células tumorais em desdiferenciação ativação de genes que controlam a produção desses antígenos- fetoproteína-alfa produzida no fígado durante vida fetal após nascimento decai a níveis indetectáveis (inativação dos genes controladores) transformação neoplásica hepatócitos podem produzir novamente esta proteína fetal detecção circulação diagnóstico do câncer hepático

2. Antígenos de diferenciação

- apenas em células que seguem uma via particular de diferenciação celular- todos linfócitos derivados do timo portam antígenos de diferenciação da mesma forma que os tumores linfóides originados destas células

3. Antígenos virais

135

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-relacionado com vírus da leucemia, aparece nas células malignas linfóides-expressão desses antígenos de superfície única evidência da presença de vírus (virions desaparecem quando o material genético é incorporado no DNA da célula hospedeira)

RESPOSTA IMUNE

Inata

- primeira barreira de defesa

- resposta inespecífica e não apresenta memória

- representada pela ação de macrófagos, neutrófilos e natural killer (NK)

Adaptativa

- ativada quando o agente ultrapassa a barreira do sistema imune inato

- caracterizada pela especificidade e capacidade de memória

- representada pela ação de linfócitos T e B

- resposta imune humoral Anticorpos (linfócitos B plasmócitos)

celular células imunocompetentes (linfócitos T)

macrófagos

- lise de células tumorais liberação de fatores citolíticosa) citocinas (TNF- )b) enzimasc) metabólitos do oxigênio

NK

- células assassinas, representa uma população de linfócitos imaturos que surgem no fim do período neonatal e decaem com avanço da idade

- citotoxicidade receptores para antígenos tumorais lise células tumorais dependente de anticorpos receptores para fragmento Fc

- atividade acentuada / aumentada nos pacientes deficientes de linfócitos T, estando diminuída em algumas doenças linfoproliferativas

resposta imune humoral

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Page 21: AULA 7 - NEOPLASIAS

Linfócitos B receptores que se combinam com antígenos tumorais diferenciação plasmócitos Anticorpos ativação do sistema C lise tumoral

resposta imune celular

Linfócitos T reconhecimento de antígenos tumorais (células apresentadoras de antígenos) liberação de linfocinas estimulam a diferenciação de linfócitos B em plasmóticos, estimulam a atividade de NK e ativam macrófagos

cooperação entre os 2 tipos de resposta imune

10 - GRADAÇÕES E ESTADIAMENTO

Gradação : grau de diferenciação das células tumorais e número de mitoses dentro

do tumor como supostos correlatos da agressividade do neoplasma.

Classificados como de graus I a IV com aumento de anaplasia

Estádio : tamanho, extensão e presença de metástases nos nódulos linfáticos e

presença ou ausência de metástases sistêmicas ou sangüíneas

UICC ( Union Internationale Contre Cancer )

Sistema TNM, onde :

T: tumor tamanho ( T1 a T4 )

N: envolvimento de nódulo linfático regional ( N1 a N3 )

M: metástases ( M0 a M2 )

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Page 22: AULA 7 - NEOPLASIAS

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Page 23: AULA 7 - NEOPLASIAS

ROTEIRO DE ESTUDO

01. Explique como é realizado a classificação das neoplasias.02. Explique como é realizado a nomenclatura das neoplasias.03. Quais critérios são utilizados na diferenciação das neoplasias ?04. O que diferencia neoplasias diferenciadas e indiferenciadas ?05. Defina anaplasia e cite as suas características celulares.06. Cite os fatores envolvidos na taxa de crescimento das neoplasias.07. Baseado em 10 critérios, diferencie neoplasias benignas de malignas.08. Cite resumidamente as etapas envolvidas na disseminação de uma neoplasia.09. Explique a heterogenicidade das células tumorais.10. Qual o papel da matriz extracelular nas metástases ?11. Explique a importância da laminina e fibronectina na cascata metastática.12. Qual o papel desenvolvido pela plasmina na cascata metastática ?13. Qual a influência das plaquetas na cascata metastática ?14. Quais as grandes categorias de agentes etiológicos das neoplasias ?15. Qual o papel desenvolvido pelos proto-oncogenes, no desenvolvimento da

neoplasia ?16. O que são anti-oncogenes ?17. Explique as duas fases da patogenia da carcinogênese química.18. Cite os fatores envolvidos no desenvolvimento de uma neoplasia por radiação. 19. Diferencie um proto-oncogene dos oncogenes.20. Explique resumidamente a patogênese das neoplasias malignas.21. Que efeitos clínicos locais uma neoplasia pode induzir ?22. Cite os tipos de resposta imune, um paciente portador de neoplasia pode

apresentar e suas principais diferenças.23. Qual a diferença da atuação de linfócitos T e linfócitos B, na resposta imune, em

pacientes portadores de neoplasias ?24. Defina, em relação à histogênese e comportamento biológico, as seguintes

neoplasias : Sarcoma osteogênico, Carcinoma hepatocelular, Cistadenoma, Coriocarcinoma, Seminoma, Fibroadenoma, Teratocarcinoma, Lipoma, Rabdomioma e Leucemias.

139