119
O Enfermeiro Face ao Alívio da O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor Dor e do Sofrimento e do Sofrimento Teresa Reis, Maio 2010 1º Curso de Pós – Graduação de Aperfeiçoamento em Enfermagem para Cidadãos Estrangeiros com Formação Superior em Enfermagem

Aula de Dor e Sofrimento - 1Aula de 5-1-06

  • Upload
    danigor

  • View
    920

  • Download
    10

Embed Size (px)

Citation preview

O Enfermeiro Face ao Alívio da O Enfermeiro Face ao Alívio da DorDor

e do Sofrimentoe do Sofrimento

Teresa Reis, Maio 2010

1º Curso de Pós – Graduação de Aperfeiçoamento em Enfermagem para Cidadãos Estrangeiros com

Formação Superior em Enfermagem

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e doSofrimento

Finalidade:

Compreender a Pessoa com dor e/ou em sofrimento

Contribuir para uma melhor qualidade de vida da Pessoacom dor e/ou em sofrimento

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do Sofrimento

Objectivos:

Conhecer o conceito de dor e de sofrimento

Perceber a relação entre a dor sentida e a dor expressa

Reconhecer a Pessoa (Adulto e Idoso) com dor e em sofrimento

Identificar a dor como um fenómeno multidimensional

Conhecer sucintamente o mecanismo de transmissão da dor

Descrever as diferentes formas como a dor pode ser classificada

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do Sofrimento

Objectivos (continuação)

Conhecer os diferentes tipos de dor

Enumerar os indicadores da observação e da entrevista para a avaliação da dor

Conhecer os vários instrumentos de avaliação da dor

Conhecer e descrever as duas categorias de tratamento da dor

Identificar o papel do enfermeiro na abordagem da Pessoa com dor e a especificidade da Dor no Idoso

O ENFERMEIRO FACE AO ALÍVIO DA DOR E DO SOFRIMENTO

“Todo o mundo é capaz de suportar a dor, com excepção de quem a sente”

William Shakespeare

Definição de dor

“Dor é tudo aquilo que a pessoa que a vive diz que é e existe daforma que a pessoa diz que existe “

McCaffery,1972

“ um conceito abstracto que se refere a uma sensação pe ssoal e privada de dor, um estímulo nocivo que anuncia uma le são tecidular, actual ou eminente e um padrão de resposta para proteger o organismo contra um dano”.

STERNBACH citado por SERRANO e PIRES, 2000

Definição de Dor

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do Sofrimento

“uma experiência sensorial e emocional

desagradável associada a uma lesão tecidular

potencial ou real, ou cuja descrição pode

corresponder à existência de tal lesão”

Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP )

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do Sofrimento

Definição de Dor

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do Sofrimento

A definição de dor da IASP é adoptada pela OMS por se r a mais abrangente. Nela há a considerar 2 conceitos:

• Dor é uma experiência individual e subjectiva;

• A Dor tem dois componentes:

1. Componente Neurofisiológica e Sensorial

2. Componente Psicológica e Comportamental

Temos pois uma definição que engloba não só aquilo que a pessoa sente, mas também o modo como a sente, os significados que lhe atribui e a forma como a manife sta.

Dor é um fenómeno multidimensional, envolvendo componentes sensitivos, afectivos, motivacionais,

ambientais e cognitivos

(MELZACK & CASSEY, citados por Dias, 2000)

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do Sofrimento

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e doSofrimento

Sofrimento

�Fenómeno complexo, que podendo emergir de diversas fon tes, se traduz numa experiência psico-emocioal difícil de suportar.

�O Homem sofre quando sente dor e desconforto físico (e sse sofrimento pode ser intenso e penoso), mas para além dessa causa evidente pode, quando sente qualquer perda (ou falta) significativa (real ou em perspectiva para o seu futu ro próximo) e sofre, ainda, quando se culpa do “mau” resultado de uma sua opção (ou falta dela) no passado.

Gameiro, 1998

Mecanismo de Transmissão da DorMecanismo de Transmissão da Dor

Lesão Tecidular de origem física, térmica (calor ou frio) ou química (endógena ou exógena)

Reacção Inflamatória

Substâncias Algiogênicas (Bradicina, Histamina, Prostaglandinas,)

Terminações Nervosas livres presentes no SNP

Despolarizam a Membrana Neural e emitem um Impulso Elé ctrico

Fibras Aferentes Nociceptivas(Fibras A Delta e Fibras C)Medula

Libertação de substâncias químicas

Excitam

Mecanismo de Transmissão da DorMecanismo de Transmissão da Dor

MedulaInformação dolorosa é

encaminhada

Tronco Cerebral Tálamo Estruturas do Sistema Límbico e Áreas Corticais

Processo mediadopor

Neurotransmissores

Respostas Neurovegetativasde fuga ou ataque

Localizada espacialmente

Projectada para

Carácter Emocionale de desconforto

Mecanismo de Transmissão da DorMecanismo de Transmissão da Dor

Sistema Nociceptivo

Tem a sua actividade modulada

Sistema Supressor da Dor

Mecanismo de Transmissão da DorMecanismo de Transmissão da Dor

O Sistema Supressor da Dor é composto por:

�Elementos Neuronais da Medula, Tronco Celíaco, Tálamo, Estruturas Sub-corticais, Córtex cerebral e SNP

�Neurotransmissores, Encefalinas (morfinas endógenas), Serotoninas (opiáceos endógenos) e Serotoninérgico.

Mecanismo de Transmissão da DorMecanismo de Transmissão da Dor

A activação do Sistema Supressor da Dor aumenta a síntese destes neurotransmissores que são projectados na substância cinzenta da medula e depois ascendem para extruturas encefálicas exercendo uma actividade inibitória sobre os componentes do Sistema Nociceptivo .

O Sistema Supressor da Dor é activado pela Dor, por aspectos emocionais e

cognitivos e tem como finalidade neutralizar a percepção dolorosa

desagradável.

Mecanismo de Transmissão da DorMecanismo de Transmissão da Dor

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do Sofrimento

Classificação da Dor

Existem várias formas de classificar a Dor, uma delas é por Tipos Baseados na:

�Duração – Aguda e Crónica

�Intensidade - Ligeira; Moderada; Intensa; Agónica

�Origem – Somática e Visceral

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do Sofrimento

De acordo com Bianca a Dor pode ser classificada em:

� Aguda

� Crónica- Não maligna- Oncológica

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do Sofrimento

Tipos de Dor

De acordo com os mecanismos neurofisiológicos a do r pode ser classificada em:•Nociceptiva (somática ou visceral)

•Neuropática

De acordo com aquilo que a pessoa sente a dor pode ser classificada em :

•Aguda

•Crónica

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e doSofrimento

Dor Nociceptiva

Ocorre por estimulação dos receptores periféricos por pre ssão,compressão ou alterações químicas relacionadas com a d oença.

Dor Somática

�Resulta da activação de nociceptores em estruturas periféricas como a pele ou estruturas profundas como os músculos, tendões e ossos, ou seja, é uma dor do sistema músculo-esquelético;

�Causada por processo inflamatório;

�Dor bem localizada;

�Agravada pela tosse, espirros, movimento e palpação.

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do Sofrimento

Dor visceral

�Resulta de processos de compressão, distensão e infiltração, tem origem nas vísceras;

�Incluí todos os orgãos (vísceras) localizados nas cavidades (craneana,torácica,abdominal e pélvica);

�Dor profunda, difusa e reflexa

Dor Nociceptiva:

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e doSofrimento

Dor Dor NeuropáticaNeuropática ou de ou de DesaferenciaçãoDesaferenciação

É um tipo de dor que ocorre em uma ou mais partes do corpo e é associada a lesões que ocorrem em qualquer parte de uma via nervosa, ou seja, nos nervos periféricos, na medula ou no cérebro

Pode ocorrer como resultado de:

�Cirurgia, QT ou RT

�Infiltração tumoral dos nervos periféricos ou da espinal medula

�Compressão do tecido nervoso por massa tumoral

�Doenças infecciosas que afectam os nervos através da libertação de tóxinas ou pela degeneração provocada pela presença de microrganismos

�Traumatismos em estruturas nervosas por acidentes ou fracturas

�Diabetes mellitus que na fase degenerativa lesa a capa que reveste os nervos (bainha de mielina) – neuropatia diabética

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do

Sofrimento

Exemplos de doenças ou lesões que provocam Dor Exemplos de doenças ou lesões que provocam Dor NeuropáticaNeuropática

�Nevralgia do trigémio

�Nevralgia do glossofaríngeo (nervo da língua e garganta)

�Nevralgia traumática (pós acidentes)

�Nevralgia incisional (de cicatrizes)

�Nevralgia pós-herpética

�Tumores que comprimem os nervos�Dor do membro fantasma

Dor Neuropática

�Lesões das fibras finas

Manifesta-se como uma sensação de queimadura, aperto e peso

�Lesões das fibras grossas

Manifesta-se por uma dor aguda penetrante como um choque eléctrico;

�Lesões mistas

Quando existem ambos os tipos de dor (o mais comum)

�Pode ser ou não acompanhada de parestesias de uma determinada parte do corpo

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e doSofrimento

Dor Neuropática (continuação)

�Mononeuropatia ou polineuropatia (quando só uma estrutura nervosa está comprometida – dor bem localizada; quando vários nervos estão alterados ou lesados – dor difusa e generalizada)

�A dor pode ser contínua ou intermitente (em crises surgindo em horários intercalados)

�A intensidade da dor varia desde fraca a intolerável, dependendodo estado da doença ou do grau de comprometimento dos nervos

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e doSofrimento

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e doSofrimento

Tipos de Dor

Dor Aguda

“ Dor de início recente e de provável duração limitada,havendo normalmente uma definição temporal e/ou causal”

IASP

Tipos de Dor

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e doSofrimento

Dor Aguda

�Início súbito

�Grande intensidade

�Causa conhecida

�Duração curta

�Acompanha-se de sinais fisiológicos: sudorese, vasoconstrição, taquipneia, taquicardia

Tipos de Dor

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e doSofrimento

Dor Crónica

“ ...dor prolongada e persistente no tempo, normalmente com difícil identificação temporal e/ou causal, provocando sofrimento. Podemanifestar-se com várias características e gerar vários estadiospatológicos.

É uma doença!...”

IASP

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e doSofrimento

Tipos de Dor

Dor crónica

�Dor contínua e persistente

�Início mais ou menos insidioso

�Causa conhecida ou não

�Curso de intensidade variável

�Duração prolongada

�Mais resistente ao tratamento

�Pode alterar a personalidade, o estilo de vida e a capacidadefuncional

O Enfermeiro Face ao Alívio da Dor e do

Sofrimento

Dor Crónica ���� Mudança de comportamento

�Redução da Marcha

�Redução nas Actividades de Vida Diária

�Interrupção da Actividade Laboral

�Dificuldade em manter Tarefas de Responsabilidade

�Perturbações do Sono

�Diminuição da Líbido e da Actividade Sexual

�Outros

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

A DOR É O 5º SINAL VITAL

�A sua abordagem deve ser Multi e Interdisciplinar�Condicionou a necessidade de estabelecer alterações nas práticas de controle da dor

MENSAGEM MUDANÇA DE

COMPORTAMENTOS

Áreas de Intervenção do EnfermeiroÁreas de Intervenção do Enfermeiro

� Acolhimento/Relação com o utente família/pessoas significativas

� Avaliação da Dor

� Cuidados físicos

� Suporte Emocional ao utente e família

� Estratégia TerapêuticaTerapêutica FarmacológicaTerapêutica Não Farmacológica

Áreas de Intervenção do EnfermeiroÁreas de Intervenção do Enfermeiro

ACOLHIMENTO/RELAÇÂO QUE AJUDA

�A relação estabelecida entre o Enf./Utente/Família deve ter como princípios:

� Respeito pela Pessoa do utente/família� Aceitação� Confiança

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

A Avaliação da Experiência de uma Pessoacom Dor é Vital

Deve Incluir os seguintes elementos:

�Subjectivos –Descrição que a própria pessoa faz da sua experiência dolorosa

�Objectivos – Observação feita pelo enfermeiro a uma pessoa com dor

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

Entrevista de Enfermagem:

� Perceber a História da Origem e Ocorrência da dor� Localização da dor� Caracterização da dor:

- Tipo- Classificação- Duração- Intensidade

� Tratamento prévio e qual o efeito� Medicamentos que toma para o controle da dor (tipo de

fármaco, via, dose e periodicidade) � Existência de efeitos colaterais como náuseas e vómitos,

prurido, alterações sensoriais, obstipação, etc.

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

Entrevista de Enfermagem:

� Identificar factores desencadeantes, atenuantes e agravantes� Quando e como a dor parou� Perceber o significado da dor para a pessoa� Observar expressões e comportamentos verbais e não verbais da pessoa� Identificar as necessidades e actividades de vida diária afectadas pelo quadro de dor (quais e de que forma)� Identificar os mitos/medos/receios/dúvidas da pessoa face ao tratamento� Perceber qual a informação que a pessoa tem face à sua situação de doença de base e quais os seus antecedentes pessoais

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

Exemplo de uma Avaliação Subjectiva da Dor Aguda pós-operatória:

� Intensidade da dor,� Características da dor (cortante,tipo mionha, penetrante, tipo queimadura, tipo facada, etc.)� localização da dor,� O que a agrava,� O que a alivia;� Resposta ao último fármaco analgésico.

Exemplo de uma Avaliação Objectiva da Dor Agudapós-operatória:

� Hipertensão

� Taquicardia

� Taquipneia

� Diafurese

� Posição defensiva do corpo

� Inquietação e agitação

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

Relativamente à dor crónica, questões a colocar:

� Quando e como começou a dor?� Início associado a lesão?� Qual a localização? Transmite-se a outro local?� Quais as características da dor? � Qual a intensidade da dor?� Como é que a dor afecta as suas actividades?� Como é que a dor afecta o apetite e o sono?� O que pensa/diz a família?� O que piora/alivia a dor?� Quais as expectativas face ao alívio da dor (tratamento)?� Fez recentemente tratamento com radiações?

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

Instrumentos de Avaliação da Dor

� Permitem uma avaliação objectiva da intensidade, da eficácia e adequação das medidas terapêuticas adoptadas

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

ESCALA VERBAL – Keele (1948)

� Instrumento mais simples para a mensuração da intensidade da dor, no entanto tem pouca sensibilidade

�É a escala preferida por muitos idosos, inclusive para aqueles com leve e moderado déficit cognitivo

� Adjectivação da dor por níveis de intensidade dolorosa, traduzidos por exemplo em:

- Ausência de dor; Dor ligeira; Dor moderada; Dor intensa; Dor insuportável

-

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

ESCALA VERBAL – Questionário da dor de McGill

� É constituído por 93 descrições individuais de dor, agrupadas em subgrupos (20), cotadas de 1 a 5

� A dor é descrita em termos sensorial, emotivo e intensidade global

� Instrumento detalhado mas que requer treino para análise e interpretação dos resultados

� É um instrumento rigoroso, fiável, muito útil para fins de investigação, no entanto, pouco usado na prática porque é moroso e a sua análise, demorada também, não permite uma aplicabilidade imediata

Escala Visual Analógica (EVA)Nayes e Peterson anos 20 -

(Atenção nos Idosos com alterações cognitivas e visuais)

Escala NuméricaDownie anos 70

9 10876543210

Sem Dor Dor Máxima

________________________________________

Sem Dor Dor Máxima

AVALIAÇÃO DA DORAVALIAÇÃO DA DOR

Escala de Faces

0 1 2 3 4 5

Sem Dor Dor Máxima

REGRAS DE APLICAÇÃO DAS ESCALAS DE REGRAS DE APLICAÇÃO DAS ESCALAS DE AVALIAÇÃOAVALIAÇÃO

� Utilizar sempre a mesma escala para o utente

� Realizar ensino prévio à sua utilização

� Registar sempre a dor referida pelo utente, que

corresponde ao momento da sua colheita

Tratamento Não Farmacológico da DorTratamento Não Farmacológico da Dor

� Os objectivos das intervenções para o controle da dor são o alívio e controle da queixa dolorosa, a melhoria da funcionalidade física, psíquica e socialtraduzida como melhoria da Qualidade de Vida

� O controle da dor é mais efectivo quando envolve intervenções que actuem nos diversos componentes da dor, compreendendo medidas de ordem educacional, física, emocional e comportamental que podem ser ensinadas aos utentes e elemento cuidador

MEDIDAS NÃO FARMACLÓGICAS :

� Modalidades Físicas de Controle da Dor-TENS (Estimulação nervosa eléctrica

transcutânea)- Acupuntura- Calor- Frio

� Métodos Mecânicos- Massagem- Exercícios e Actividade Física

� Métodos Cognitivos- Relaxamento - Distracção dirigida

Modalidades Físicas de Controle da Dor

� TENS (Estimulação nervosa eléctrica transcutânea)

� Liga-se uma máquina de TENS a eléctrodos na pele do utente, estimulando as fibras mielínicas aferentes, o que reduz o impulso das nociceptores à medula e ao cérebro

30 a 45 min 1 ou 2 X por semana

Tratamento Não Farmacológico da DorTratamento Não Farmacológico da Dor

Modalidades Físicas de Controle da Dor

� TENS (Estimulação nervosa eléctrica transcutânea)

�Usada em dor crónica (dor leve a moderada)� Dor aguda de origem somática� Dor na região da cabeça e pescoço� Dor por compressão ou invasão tumoral

nervosa� Nevralgia pós-herpética� Dor óssea metastática

Em utentes com dor crónica 70% inicialmente respondem ao TENS mas passado um Ano apenas 30% beneficiam da sua eficácia

Modalidades Físicas de Controle da Dor

Modalidades Físicas de Controle da Dor

Acupuntura:

� Introdução de agulhas finas em pontos apropriados, rodando-os emseguida ou aplicando uma corrente eléctrica

� Usado em casos de dor associadoa espasmo muscular, espasmo vesical, em casos de hipererstesias, nevralgia pós-herpética

APLICAÇÃO DE CALOR (Aramburu et al, 1998)

�CALOR: > vasodilatação >permeabilidade capilar ⇒⇒⇒⇒melhoria das condições metabólicas

�O calor reduz a dor por diminuir a isquémia tecidualaumentando o fluxo sanguíneo e relaxamento muscular

Banhos quentes, raios infravermelhos, compressas quentes,

sacos de água quente durante 20 a 30 minutos 3 a 4 Xdia

Modalidades Físicas de Controle da Dor

Modalidades Físicas de Controle da Dor

APLICAÇÃO DE CALOR (Aramburu et al, 1998)

Pode provocar » edema, Insuficiência vascular, Isquémia, queimaduras e necrose�Avaliar a temperatura e proteger fonte de calor

Infecção, hemorragia, sobre tumor, trauma agudo, insuficiência vascular, alteração da sensibilidade térmica e consciência

Artralgias e espasmos musculares

PrecauçõesNão UsarUsar

Modalidades Físicas de Controle da Dor

Aplicação de FRIO (Aramburu et al, 1998)

� A acção do frio está relacionada com a contracção muscular,diminuição do fluxo sanguíneo e diminuição do edema

� O frio reduz a velocidade da condução nervosa, retardando os estímulos nociceptivos à medula

Compressas frias, sacos de gelo (precauções especiais em doentes com patologia vascular) 15 min 2 a 3X dia

Aplicação de FRIO (Aramburu et al, 1998)

Modalidades Físicas de Controle da Dor

� Observar alterações da pele� Não exceder o tempo� Proteger fonte

Doença vascular periférica, insuficiência arterial, alteração da sensibilidade térmica e consciência

Dor músculo-esquelética, contusão e torção

PrecauçõesNão UsarUsar

Tratamento Não Farmacológico da DorTratamento Não Farmacológico da Dor

Métodos Mecânicos

� Massagem� Efeito semelhante ao calor

� Melhora a circulação periférica

� Acelera a eliminação de produtostóxicos do metabolismo celular

� Relaxa a musculatura, produzindosensação de conforto aliviando tambéma tensão psíquica

Métodos Mecânicos

� Massagem

Contraindicações:

Problemas de coagulaçãoLesões da peleTromboflebitesQuando existem metásteses ósseas

Considerações da técnica de massagem:

Aplicação de toque suave em tecidos moles, músculos, tendões e ligamentos

Deve ser suave e lenta,Efectuar massagem superficial da região distal para a

proximal

Exercícios e Actividade física

Usado para combater as síndromes de desuso, distrofia e hipotonia muscular, decorrentes do repouso prolongado e da limitação da actividade local

Melhora o humor, qualidade de vida, função intelectual, capacidade de autocuidado, padrão de sono e poderá reduzir a ansiedade

Os utentes deverão ser estimulados a realizar exercícios suaves de contracção e alongamento

Métodos Mecânicos

Métodos Cognitivos:Relaxamento

� Estado de relativa ausência de ansiedade e tensão muscular� Há uma diminuição do consumo de oxigénio, da TA, dafrequência cardíaca e respiratória� O utente deve fechar os olhos� Contrair e relaxar progressivamente grupos musculares

Tratamento Não Farmacológico da DorTratamento Não Farmacológico da Dor

Aromoterapia

Musicoterapia

Técnicas de Distracção

Tratamento FarmacológicoTratamento Farmacológico

Terapêutica Médica Conservadora

Técnicas Invasivas

Tratamento FarmacológicoTratamento Farmacológico

Dor

Dor

AINE’sParacetamol

Não opióides

Opióides parador moderada

Opióides parador intensa

CodeínaTramadol

Buprenorfina

Morfina

± F. Adjuvantes± Não Opióides± F. Adjuvantes

± Não Opióides± F. Adjuvantes

Escada Analgésica

(O.M.S.)

Tratamento FarmacológicoTratamento FarmacológicoPrincípios do controle da dor OMS:

� Pela Boca

� Pelo Relógio

� Pela Escada Analgésica

� Para o indivíduo

Efeitos Adversos dos Opiáceos

Sedação

Depressão respiratória

Obstipação

Náuseas e vómitos

Hipotensão e Bradicardia

Retenção urinária

Prurido

Antagonista dos Opiáceos

NALAXONA

Terapêutica Adjuvante

Antidepressivos (ex: Amitriptilina):

� Os mais usados são os antidepressivos tricíclicos

� Exercem os seus efeitos antidepressivos e analgésicos bloqueando a recaptação de serotonina e noradrenalinapelo SNC

� Muito usados em casos de dor constante, com sensação de queimadura ou parestesia, usado em casos de dor neuropática

� São iniciados com baixas doses e o seu aumento é progressivo devido aos seus efeitos colaterais (boca seca, visão turva, hipotensão postural,confusão mental)

Terapêutica Adjuvante

Anticonvulsivantes (ex: Carbamazepina):

� Usados em casos de dor neuropática, especialmente dor lacinante como nevralgia do trigêmio, pós-herpética e dor associada a compressão medular

� A sua acção de alívio da dor ocorre pela supressão de circuitos hiperactivos da medula e do córtex cerebral e estabilização das descargas neuronais nas membranas das vias aferentes primárias

Corticosteróides (ex: Dexametazona, prednisolona):

� Os esteróides ajudam a diminuir o edema associado a processos inflamatórios e crescimento tumoral

� Usado em utentes com dor causado por tumor que exerce pressão nas estruturas sensíveis à dor, como no caso de metástases cerebrais e hepáticas

� Usados na dor neuropática devido à compressão nervosa pela massa tumoral ou infiltração de plexos ou nervos periféricos

Terapêutica Adjuvante

Terapêutica Adjuvante

Antihistamínicos:

� Têm um efeito ligeiro de analgesia, antiemético e de sedação, para além dos efeitos antialérgicos

� São muitas usados em associação com opióides

Ansióliticos:

� Usados por vezes para minimizar situações de ansiedade e espasmos musculares associados à dor, mas não têm qualquer propriedade analgésica

Tratamento Farmacológico Tratamento Farmacológico –– Vias Vias de Administraçãode Administração

� Via Oral� Via Transdérmica� Via Subcutânea� Via Transmucosa oral� Via Rectal�Via Endovenosa� Via Epidural

Tratamento FarmacológicoTratamento Farmacológico

Via Oral - Morfina

� Sulfato de Morfina em comprimidos ou cápsulas de libertação lenta. Não esmagar o comprimido.

� Sulfato de Morfina em comprimidos de libertação imediata.

� Cloridrato de Morfina em solução aquosa ou alcoólica, de libertação imediata.

Tratamento FarmacológicoTratamento Farmacológico

Via Transdérmica (Buprenorfina, Fentanil)

� Sob a forma de pensos trandérmicos� Período de acção 72 horas� Pico analgésico entre as 12h e 48 h� Rodar os locais de aplicação, remover pêlos de necessário para ficar bem aderente

Tratamento FarmacológicoTratamento Farmacológico

Via Transmucosa Oral (Citrato de Fentanil)

� Indicado na Dor Irruptiva

� Início de acção rápida – 5 min

Tratamento FarmacológicoTratamento Farmacológico

Via Subcutânea:

� Usado através de uma seringa infusora, PCA, DIB

� Observar diariamente o local da punção (sinais inflamatórios, hematoma, dor, quisto de retenção ou discrasia hemorrágica no local da punção)

� Deve-se proceder à rotatividade do local da punção conforme o ilustrado na figura

� O tempo de permanência no mesmo local vai depender da existência ou não de sinais inflamatórios e do tipo de drogas que se estão a perfundir

Tratamento FarmacológicoTratamento Farmacológico

Técnicas Invasivas:

� Bloqueio epidurais

� Bloqueios neurolíticos

� Radioterapia antiálgica

� Quimioterapia

� Bombas Infusoras Implantáveis

� Colocação de Seringas infusoras, PCA, DIB

Técnicas Invasivas

Bloqueios:

� Consiste na injecção de anestésicos locais ou agentesneurolíticos perto dos nervos para bloquear a condução de impulsos sobre os nervos.

� Usados no alívio sintomático da dor a para tratar a dor crónica associada a doença vascular periférica, nevralgia do trigémio, lombalgias e cancro

� Mais usados são os Bloqueios Epidurais (cervicais, torácicos e lombares), Bloqueios de nervos periféricos (nervo supra-escapular)

�Nos Bloqueios Neurolíticos pode-se utilizar o álcool, fenol, radiofrequência e a crioterapia

� As ondas da radiofrequência produzem calor que penetram nos nervos coagulando-os

� O fenol destrói a mielina e os axónios

� O equipamento necessário para realizar os bloqueios é constituído por: fármaco ou agente neurolítico, uma agulha especial para infiltração, um estimulador nervoso e um aparelho de eletromiografia

Técnicas Invasivas

Bloqueios(continuação):

Técnicas Invasivas

Radioterapia antiálgica:

� Usada em casos de dor óssea por metastização, � Dor por compressão medular� Dor torácica secundário a cancro inoperável� Disfagia com dor associada a cancro do esófago e cárdia

Quimioterapia:

� Usado em casos de metástases intracraneanas� Metástases hepáticas� Cancro do pâncreas

DIB - Drug Infusión Baloon

PCA – Patient Controled Analgesia

Métodos de Administração de Fármacos

DIB - Drug Infusión Baloon

DIB - Drug Infusión Baloon

Métodos de Administração de Fármacos

� É uma bomba de perfusão portactil em silicone de um só uso

� Perfusão pré determinada de X ml/h (devido à força de contracção do balão de silicone)

�Existem várias versões de DIB E.V. e EPIDURAL: escolhido em função da duração da perfusão desejada e do próprio ritmo da perfusão

DIB - Drug Infusión Baloon

Espaço Epidural– espaço virtual que se situa entre canal medular ósseo e o ligamento amarelo, a nível posterior

Métodos de Administração de Fármacos

Via Via EpiduralEpidural

Material para colocação de Material para colocação de Cateter EpiduralCateter Epidural

Cuidados de Enfermagem a doentes comanalgesia por cateter epidural

Observar o local de inserção do cateter epidural:- Infecção- Sangramento- Extravasamento do fármaco

Suspender a administração do fármaco e contactar o Anestesista em caso de:

- O doente verbalizar desconforto- Se antes da administração se aspirar e refluir mais do que ½ ml de

fluido- Refluir sangue- Alteração das provas de coagulação

Intervenções de enfermagem idênticas ao doente com PCA

Métodos de Administração de Fármacos

PCA – Patient Controled Analgesia

Sistema constituído por uma bomba infusora programável

que contem um determinado tipo de analgesia que o doente

pode auto administrar usando para tal um manipulo da bomba

PCA – Patient Controled Analgesia

A via de administração preferencial é a E.V. mas também pode ser usado a via subcutânea e epidural

Forma como o analgésico é administrado pode ser:

� PCA “pura” (bolús)

� PCA+perfusão contínua programada e quando o doente activa o manipulo é-lhe fornecido um bólussuplementar

O grupo de analgésicos preferencialmente usados são os opióides como a morfina e seus derivados

PCA – Patient Controled Analgesia

A PCA é programada pelo anestesista de acordo com as necessidades do doente, patologias associadas e quadro álgicode forma a evitar sobredosagem do fármaco

São programadas as variáveis:

� A dose do fármaco em perfusão contínua

� O lock-out (período de tempo entre a possibilidade de efectivamente ser administrado outro bolús)

� A dose máxima permitida entre um período de tempo (geralmente durante 4 horas)

� A dosagem do bolús

PCA – Patient Controled Analgesia

Monitorizar função respiratória/ função cardíaca / pressão venosa central

Monitorizar:� Grau de sedação� Intensidade da dor� T.A. ; F.C. e oximetrias digitais periféricas� Aparecimento de náuseas e vómitos� Balanço Hídrico (não desalgaliar se algaliado no pós operatório)

Administrar apenas os analgésicos do protocolo ou os prescritos pelo anestesista

Garantir a existência do antagonista dos narcóticos

Cuidados de Enfermagem a doentes comanalgesia por PCA

A alta prevalência de dor em idosos está associada a patologias crónicas, particularmente doenças musculoesqueléticas como osteoartrites e osteoporose.

Além disso, o aumento na incidência de cancro, a nec essidade de procedimentos cirúrgicos, as úlceras de pressão e as doenças cardiovasculares contribuem para o aumento das queixas álgicas neste grupo etário

Dor Crónica nos Idosos

A dor crónica é factor limitante de funções, aumenta a agitação, o risco de stress emocional e de mortalidade, afectand o parte do corpo, ou regiões, e limitando o funcionamento fís ico dos indivíduos idosos.

A literatura aponta o impacto da dor nas actividades diárias e ainfluência dos altos níveis de incapacidade funcion al na maior fragilidade e níveis aumentados de comorbilidades nes ses utentes.

Impacto da Dor Crónica no Idoso

A dor está entre os principais factores que tem um impacto negativo na qualidade de vida do indivíduo idoso, pois limita suas actividades, aumenta a agit ação, o risco para stress e o isolamento social.

A mensuração precisa dessa experiência pode contribuir para que esse impacto seja minimizado, evitando sofrimento desnecessário .

Impacto da Dor Crónica no Idoso

Mitos em relação à Dor dos Idosos

• A dor é um resultado natural do envelhecimento;

• A percepção da dor ou da sensibilidade diminui com a idade;

• Os efeitos secundários potenciais tornam-se muito perigosos para serem utilizados no alívio da dor nos idosos;

Mitos em relação à Dor dos Idosos• Se o idoso parecer estar ocupado, dormindo ou

se distrair de outra forma da dor, não deverá ter muita dor

• Se o idoso está deprimido, especialmente se não houver causa conhecida para a dor é a depressão que causa a dor

• A dor é um sintoma de depressão e diminuiria se a depressão fosse tratada adequadamente

• ...Fonte: Dousset V. et al, 2001

Medo de doença grave ou morte iminente, necessidade de hospitalização, métodos diagnósticos ou medicações que têm efeitos indesejáveis, despesas adicionais, ou perda da independência e da autonomia, dificultando a express ão e avaliação dessa Experiência.

Padrão de sono e processos familiares alterados, ansied ade, medo da morte e da solidão também podem modificar a resposta à dor .

Dor no Idoso

A depressão está associada ao aumento da frequência e intensidade das queixas de dor e é identificada como uma variável dependente ou resultante dela.

Considerando a estreita associação entre depressão, ansiedade e dor aponta-se a importância da avaliação rotineira do impacto dessas experiências na capacidade do indivíduo em realizar actividade física, em relacion ar-se com outras pessoas, em alcançar um padrão de sono adequado e alimentar-se.

Dor no Idoso

Envelhecimento e Dor

• A diminuição das capacidades sensorioperceptuais causada pelo envelhecimento afecta a necessidade de comunicar do idoso;

• Esta diminuição manifesta-se por uma redução da capacidade de receber e tratar informação proveniente do meio ambiente;

• Dificuldades de comunicação verbal provocadas por quadros de demência, afasia, problemas da caracter, ...

Envelhecimento e Dor

• Dificuldade de abstracção – idosos têm dificuldade em compreender o conceito de auto-avaliação – “qual a relação entre uma régua e a dor’”

• Falta de sensibilidade por Subavaliação da dor –por medo de incomodar ou por receio de pré-julgamento; ou sobreavaliação em casos de ansiedade, hipocondria ou depressão;

Envelhecimento e Dor

• Falta de especificidade – o idoso pode ter alguma tendência a avaliar as consequências a dor (incómodo, limitações) mais do que a intensidade a dor.

Escala de Hetero-avaliação da dor (Escala Comportamental)- Escala Doloplus 2 -

Escala Doloplus 2

• A escala contém 10 itens distribuídos por 3 subgrupos:

- Repercussão Somática (queixas somáticas, posições antálgicas em repouso, protecção de zonas dolorosas, expressão facial e sono)

- Repercussão psicocomotora (higiene e/ou vestir e movimento)

- Repercussão psicossocial (comunicação, vida social e alterações do comportamento)

Dor? Não obrigado!!!!