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Aula – Anticoagulantes – AVCi – Mina O AVC é uma das principais causas de morte do mundo e 1/3 desses pacientes ficam com incapacidade permanente e com custo ao governo. Aqui no Brasil, há uma incidência que varia entre 137 a 168 a cada 100.000 habitantes/ano. A gente suspeita de AVC quando o paciente apresenta início súbito de déficit focal, com ou sem alteração do nível de consciência. A gente tem alguns sinais de alerta associados: perda súbita de força de um lado, com ou sem acometimento da face, com ou sem acometimento de membro superior ou membro inferior, dificuldade de falar ou de compreender, a perda visual súbita, uni ou bilateral, súbita tontura ou perda de equilíbrio, coordenação, uma dor de cabeça súbita sem causa aparente... Então, na realidade, a depender do território acometido, pode haver manifestações diferentes. O que é realmente típico de AVC é essa perda súbita de força e formigamento de um lado do corpo, que pode ter algo a ver com sangramento ou oclusão de um vaso. Então, a gente tem um grande investimento para dar o diagnóstico do AVC. O pessoal do SUS tem um treinamento para a identificação precoce do AVC para viabilizar um encaminhamento, visto que isso custa ao governo muito dinheiro em longo prazo. 1/3 desses pacientes ficam encostados. Pessoal tem que estar treinado, temos que aferir os dados vitais, a glicemia tem que estar entre 80 a 140. É muito importante a gente avaliar essa glicemia, pois a hipoglicemia pode se manifestar com sinais compatíveis com os sinais de AVC. A Oxigenoterapia para manter spO2 > 95%, hidratação com soro fisiológico ou glicosado, nos casos de hipoglicemia, e outras coisas para um atendimento médico adequado no pronto-socorro. Esta é uma escala pré-hospitalar que qualquer pessoa pode fazer: Qualquer pessoa pode fazer. Outra coisa importante é determinar a hora do início dos sintomas, pois isso pode mudar nossa conduta, pois, a depender da hora que esse paciente começou a apresentar esses sintomas, a gente vai saber se vai trombolisar este paciente. Saber também o último momento, isto é, o último momento em que ele foi visto normal. E se ele tiver dormindo? Como vamos saber? Vamos considerar a hora em que ele foi dormir. Bom, ai este paciente chegou à unidade de emergência. E aí? A gente vai fazer exame de imagem? Por quê? É importante fazer exame de imagem pra ele? Sim, basicamente pra excluir uma hemorragia! Faz parte do diagnóstico diferencial. O paciente pode ter um tumor! E entre os AVC’s, temos o hemorrágico e o isquêmico. Na unidade de emergência fazemos a TC. A Ressonância Magnética (RNM) demora mais, é mais caro e não é necessário. Tem algumas situações que a gente vai pedir a RNM. A TC é mais barato e mais rápida e ela detecta 95% das hemorragias subaracnoides e 100% das hemorragias intraparenquimatosas.

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Aula – Anticoagulantes – AVCi – Mina

O AVC é uma das principais causas de morte do mundo e 1/3 desses pacientes ficam com incapacidade permanente e com custo ao governo. Aqui no Brasil, há uma incidência que varia entre 137 a 168 a cada 100.000 habitantes/ano. A gente suspeita de AVC quando o paciente apresenta início súbito de déficit focal, com ou sem alteração do nível de consciência. A gente tem alguns sinais de alerta associados: perda súbita de força de um lado, com ou sem acometimento da face, com ou sem acometimento de membro superior ou membro inferior, dificuldade de falar ou de compreender, a perda visual súbita, uni ou bilateral, súbita tontura ou perda de equilíbrio, coordenação, uma dor de cabeça súbita sem causa aparente... Então, na realidade, a depender do território acometido, pode haver manifestações diferentes. O que é realmente típico de AVC é essa perda súbita de força e formigamento de um lado do corpo, que pode ter algo a ver com sangramento ou oclusão de um vaso. Então, a gente tem um grande investimento para dar o diagnóstico do AVC. O pessoal do SUS tem um treinamento para a identificação precoce do AVC para viabilizar um encaminhamento, visto que isso custa ao governo muito dinheiro em longo prazo. 1/3 desses pacientes ficam encostados. Pessoal tem que estar treinado, temos que aferir os dados vitais, a glicemia tem que estar entre 80 a 140. É muito importante a gente avaliar essa glicemia, pois a hipoglicemia pode se manifestar com sinais compatíveis com os sinais de AVC. A Oxigenoterapia para manter spO2 > 95%, hidratação com soro fisiológico ou glicosado, nos casos de hipoglicemia, e outras coisas para um atendimento médico adequado no pronto-socorro.

Esta é uma escala pré-hospitalar que qualquer pessoa pode fazer:

Qualquer pessoa pode fazer. Outra coisa importante é determinar a hora do início dos sintomas, pois isso pode mudar nossa conduta, pois, a depender da hora que esse paciente começou a apresentar esses sintomas, a gente vai saber se vai trombolisar este paciente. Saber também o último momento, isto é, o último momento em que ele foi visto normal. E se ele tiver dormindo? Como vamos saber? Vamos considerar a hora em que ele foi dormir.

Bom, ai este paciente chegou à unidade de emergência. E aí? A gente vai fazer exame de imagem? Por quê? É importante fazer exame de imagem pra ele? Sim, basicamente pra excluir uma hemorragia! Faz parte do diagnóstico diferencial. O paciente pode ter um tumor! E entre os AVC’s, temos o hemorrágico e o isquêmico. Na unidade de emergência fazemos a TC. A Ressonância Magnética (RNM) demora mais, é mais caro e não é necessário. Tem algumas situações que a gente vai pedir a RNM. A TC é mais barato e mais rápida e ela detecta 95% das hemorragias subaracnoides e 100% das hemorragias intraparenquimatosas.

Outra coisa é o tamanho. A previsão de tamanho tem a ver com a nossa conduta. Aqui: as lesões da artéria cerebral média podem ser detectadas nas primeiras 2 horas em 60% dos casos e nas primeiras 6 horas em 82% dos casos (pior prognóstico). Um dos critérios para exclusão para trombólise é hipodensidade em mais de 1/3 da região da Artéria Cerebral Média (ACM) – isso a gente consegue ver na TC. Quando a gente for ver quando é que a gente vai trombolisar, será mais fácil dizer se o paciente é candidato do que fazer a avaliação se ele tem contraindicação. Uma das contraindicações é ter mais que 1/3 da região da ACM acometido. Por que isso é contraindicação? Por conta do risco de sangramento. Quando esse AVCi é extenso o risco de sangramento é maior. E a RNM? Na emergência? Fica pra quando? A gente tem que definir agora sem ele tem ou não indicação de trombolisar. O raciocínio da emergência é rápido. Tem situações que eu preciso da RNM. Quais são os critérios pra trombólise? Idade > 18 anos, tem que ter iniciado os sintomas até 4 horas e meia e não ter sangramento. Grosseiramente a gente faz essa avaliação inicial e ver quem é candidato e quem não é. Se o paciente o paciente é candidato a gente vai abrir nosso livro de contraindicações e vai avaliar se ele se enquadra. Então se a criatura foi encontrada dormindo ou se aparece com tempo exatamente de 4horas e 45 minutos? E aí? Aí é que a gente pede a RNM! Por que através da RNM a gente consegue ver a área que ainda é viável. Se a gente não consegue identificar a hora, a gente pode fazer a RNM. A gente pode ver a área de penumbra, que a gente chama de “mismatch”, que é a área que ainda pode ser viável. Se eu trombolisar eu

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ainda posso conseguir salvar essa área. Quando eu tiver dúvida por causa do tempo. Se eu tenho um paciente com hemiparesia à esquerda e a familiar diz: “eu encontrei deste jeito”, então se houver possibilidade de uma RNM, a gente faz. A trombólise, para eu indicar, eu tenho que ter certeza, pois pode ter consequência, inclusive o óbito! Então, se eu tiver dúvida em relação a algo que pode mudar a minha conduta eu posso fazer a RNM. Em relação à área viável, se eu trombolisar e reperfundir aquela área, aquele neurônio ainda pode ser salvo. Lembrem-se que é no limite do tempo (4 horas e 45 min, por exemplo, ou na dúvida do tempo – encontrado desacordado).

Então aqui é coisa básica: monitorização, oximetria, temperatura, glicemia, punção de acesso venoso preferentemente no membro não parético, manter spO2> 95% e pra isso vai depender do nosso paciente. A gente sabe que a hipertermia pode piorar a lesão, então devemos sempre manter abaixo de 37,5ºC, soro fisiológico ou glicosado apenas em hipoglicemia. Aqui a lista de exames que a gente pede quando o paciente chega: além dos já citados, a gente pede enzimas, ECG. Uma taxa de aproximadamente 30% desses pacientes podem aparecer com alteração do ECG. Coagulograma, eletrólitos, função renal, hemograma e RX de tórax vão entrar como importantes ferramentas que podem ser avaliadas em pacientes que possam ser trombolisados, e, posteriormente, na enfermaria, quando o paciente estabilizar, a gente vai avaliar ECO, sorologia pra Chagas, doppler de carótidas, a gente vai investigar a etiologia. Alguém pergunta: “Professora, a Sra. pode me explicar o porquê do hemograma?” Por causa das plaquetas. Uma das contraindicações da trombólise é a plaquetopenia. Vou falar do Raio X e depois eu entro na sua pergunta. Quando houve as diretrizes, foi questionado se o RX deveria ou não entrar como exame na admissão, na emergência. Então foi mostrado que em torno de 3 a 6% dos pacientes modificaram conduta por causa do RX de tórax, devido à presença de infecção (foi contraindicada a trombólise, pois infecção é uma contraindicação). Então leucograma entra aqui junto com o RX. E a hemoglobina? Não me lembro por que ela entra. Depois a gente vê. Todos os exames indicados nas Diretrizes têm uma explicação, mas não me lembro agora da hemoglobina. Por exemplo, a gente dosa glicemia, enzimas e ECG. Por quê? Por que a gente sabe que 30% desses pacientes descompensam do ponto de vista cardiológico. Podem desenvolver IAM. Mas o restante geralmente é por causa da trombólise. Alguém pergunta: “Por que Chagas?” Por que pacientes com cardiopatia chagásica tem uma maior probabilidade de desenvolver FA e culminar com um AVC cardioembólico. Temos que avaliar se o AVC é cardioembólico ou aterotrombótico. Se ele é aterotrombótico, o que levou o paciente a desenvolver isso? Ele é dislipidêmico? É diabético? Essas são algumas das causas do AVCi aterotrombótico. Então essa

investigação posterior é nesse sentido, além do sentido de evitar um novo AVC, pois toda conduta pós-AVC será evitar um novo AVC.

O manejo da hipertensão é bem interessante: é fisiológico o aumento da PA no AVC. No intuito de tentar reperfundir uma área isquêmica. Então é um fator protetor. A gente tem que tomar cuidado, pois alguns médicos que tratam a hipertensão nessa fase inicial e isso piora o prognóstico do paciente. Então a gente tolera até 220 x 120 mmHg de PA se o paciente não vai trombolisar ou se ele não tem outra complicação que pode piorar com a PA elevada, como: suspeita de dissecção de aorta, IAM, Edema Agudo de Pulmão (EAP)...Se o paciente não tem nada disso, eu tolero até 220x 120 mmHg nas primeiras 24hs. Se eu resolver trombolisar o paciente é diferente, por que a pressão não compensada num paciente que vai trombolisar pode levar a um rompimento de um vaso e um sangramento. Nesse paciente eu mantenho PA< 185 x 110 mmHg (entre o intervalo de PAS: entre 160 a 185 mmHg). Inclusive, quando essa PA está baixa eu tenho indicação de aumentar a hidratação para subir essa PA e melhorar o prognóstico deste paciente. (contou um caso de uma paciente com AVC e que a médica do HGE prescreveu um captopril e que ela questionou).

Via de regra a gente não tem muito que oferecer de grande impacto ao paciente com AVCi a não ser a trombólise. Vamos então tentar ver sobre os componentes da hemostasia na cascata de coagulação. Então a gente tem um importante equilíbrio no sistema hemostático. Então, quem participa? Plaquetas, vaso, proteínas de coagulação, temos anticoagulantes naturais e um sistema de fibrinólise. Então, a gente vai começar falando da cascata: temos a via intrínseca e a extrínseca, que são separadas didaticamente, mas que são altamente interligadas. O início da coagulação se faz presente com o seu componente crítico que é o Fator Tecidual e a sua exposição ao espaço intravascular. Então o Fator Tecidual é uma glicoproteína de membrana e que funciona como receptor do Fator VII e ele expressa em fibroblastos que ficam próximos ao endotélio vascular. Então, teve lesão do endotélio, tem exposição do Fator Tecidual, este se liga ao fator VII e aqui começa a via extrínseca da cascata. O Fator VII e o Fator Tecidual (pois eles funcionam um como cofator do outro) ativam o fator X. A ativação do fator X é a via comum da coagulação. Esse mesmo Fator VIIa, junto com o Fator Tecidual, alimenta a via intrínseca. Ele pega o Fator IX e ativa (IXa) e aqui é o fim da via intrínseca. Então a via intrínseca começa lá em cima com o Fator XII, que depois de ativado (XIIa) ativa o Fator XI, que ativado (XIa) ativa o Fator IX, que se liga ao fator VIII ativado (que é um cofator), pra ativar o Fator X. Então as duas vias coincidem com o Fator X ativado (Xa). Na via comum da coagulação, a gente tem o Cofator Va que se liga ao Fator Xa pegando a protrombina e

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transformando em trombina (que é o Fator II ativado). E a trombina transforma o fibrinogênio em trombina. Vamos voltar tudo: Imagem abaixo:

Quando a gente fala em TP (Tempo de Protrombina) a gente tá mencionando a via extrínseca e quando a gente fala em TTPA (Tempo de Tromboplastina Parcial), a gente ta falando da Via Intrínseca. Se eu falo em alteração TP, visualizo a cascata e sei que é via extrínseca e TPPA a via intrínseca. A trombina (Fator IIa) é um pro-coagulante leva a ativação plaquetária e a ativação do Fator XIII que estabiliza o coágulo. Então, quais os complexos que a gente tem. A gente tem os complexos pro-coagulante: o complexo tenase extrínseco, que começa com o Fator Tecidual, e reflete a via extrínseca, a gente tem o complexo tenase intrínseco e a gente tem o complexo protrombinásico (?), que é a via comum da coagulação que começa com o fator X e termina com a formação da trombina. (ela diz que não vai cobrar essa via com esse fatores na prova. Diz que é só pra entender).

Nós temos os anticoagulantes naturais pra poder equilibrar a coagulação:

Inibidor Via Tecidual: inibe o Fator Tecidual e, com isso, inibe os Fatores X e IX; Proteína C e Proteína S: inibem os Fatores V e VIII (o início da via comum); Antitrombina: inibe basicamente o Fator X (Obs: a heparina faz o seu efeito

anticoagulante por que estimula a antitrombina)

E o sistema Plasminogênio-Plasmina? Esse sistema já atua com a fibrinólise. É diferente. Os anticoagulantes naturais atuam modulando a cascata, já o sistema Plasminogênio-Plasmina atua como uma tesoura, cortando a fibrina (fibrinólise). O fibrinolítico é baseado nesse efeito. Então a fibrinólise é a degradação da fibrina

mediada pela Plasmina, que degrada, não só a fibrina, mas também o fibrinogênio e os fatores V e VIII. O plasminogênio é convertido em plasmina pelo ativador do plasminogênio. Lembra que falamos do efeito da aldosterona no PAI-1? O PAI-1 é o inibidor do ativador do plasminogênio, então, o PAI-1 estimula o rTPA que estimula o plasminogênio a transformar-se em plasmina. E nessa plasmina, quem tá modulando é a macroglobulina, a antitripisina e a antiplasmina.

Então, quando a gente usa o anticoagulante a gente visualiza que ele está atuando na cascata de coagulação. Quando a gente usa um trombolítico a gente visualiza o sistema da trombólise, do plasminogênio e da plasmina, e seu efeito de abrir vasos. A trombólise é capaz de desfazer um trombo rapidamente. Por que a gente usa a trombólise na unidade de emergência e não usa um anticoagulante? Por que a trombólise abre vaso, mas não usamos continuamente, pois aumenta a chance de sangramento. Já os anticoagulantes desfazem trombo lentamente. Os antiagregantes plaquetários modulam trombo, mas não reduzem trombo. Lembram-se do efeito da aspirina na placa com um paciente com síndrome coronariana? A aspirina inibe o início da ação, mas se a gente for raciocinar num paciente com ICC, onde há estase no átrio e formação de trombo, a aspirina não consegue inibir essa formação do trombo. Pode até estabilizar o vaso, numa lesão, mas na estase ela não tem essa capacidade. Agora quem tem essa capacidade é o anticoagulante, que tanto inibe a formação do trombo quanto desfaz esse trombo, só que de forma lenta. Agora a trombólise sai desfazendo trombo em tudo o que canto. Nós sabemos que a aspirina tem seu benefício comprovado na Síndrome Coronariana e no AVCi aterotrombótico, mas não desfaz um trombo pré-existente.

TROMBOLÍTICOS

E a trombólise? A gente já sabe que podemos indicar trombólise para idade> 18 anos, tempo de até 4h e meia e com isquemia em qualquer território cerebral, sem risco de sangramento na TC ou RNM. Trombolisa por quê? Por que teve impacto, por que reduziu mortalidade e morbidade pós-Avc. O problema maior é o de excluir. Aqui os critérios de exclusão (imagem):

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A gente tem 2 possibilidades de trombolisar. Hoje a gente fica com essa aqui de baixo que é mais segura (ela se refere à rtPA). Vamos começar com a estreptoquinase:

ESTREPTOQUINASE: tudo começou com este trombolítico. A estreptoquinase vai se ligar ao plasminogênio, resultando em atividade da plasmina. A plasmina é que vai gerar o efeito da trombólise. Limitações da estreptoquinase: a primeira é por que são desenvolvidos anticorpos contra a droga. Então, se eu usei a estreptoquinase eu não poderei usar de novo dentro de um ano por causa dos anticorpos, e aí não terei mais muita eficácia. Agora a gente não usa mais a estreptoquinase porque hoje a rtPA possui um risco menor de sangramento.

rtPA: é o Ativador do Plasminogênio Tecidual Recombinante. A gente tem Alteplase ou Duteplase. Então quando a gente vai trombolisar a gente usa a rtPA, tanto pelo risco menor de sangramento e como também pela limitação da estreptoquinase em relação à sua reutilização, por causa dos anticorpos contra a droga.

Há duas situações que a Diretriz traz que não é uma contraindicação, mas serve pra podermos pesar: se vale a pena mesmo em pacientes com idade maior de 80 anos e em pacientes com hiperglicemia, com um estado hiperosmolar, pois o AVC leva a um descontrole glicêmico. Em pacientes com glicemia>400mg/dl, a efetividade da trombólise não é tão boa.

Se a gente vai trombolisar, a gente vai ter que ter uma monitorização rigorosa, manter a PA < 180 x 105 mmHg, por causa desse risco de sangramento. Esses pacientes têm que ser levados pra UTI. Temos que ficar atento para os sintomas de risco, por exemplo, o paciente que desenvolveu cefaleia intensa, ou que reduziu o nível de consciência, começou a vomitar, a ter náusea, a gente faz uma TC de controle, pois pode ser sinais de sangramento. Então não fazemos nenhum agente anticoagulante ou antiagregante plaquetário nas 24hs pós trombólise pelo risco de sangramento.

E se eu não fiz a trombólise, o que vamos fazer? Bom, monitorizamos, suporte da PA, O2, e as 2 coisas que a gente pode fazer são estatina e aspirina. Se houver contraindicação à aspirina é o mesmo esquema: clopidogrel. A gente pode também utilizar a enoxaparina ou a heparina em doses profiláticas em profilaxia para TVP. Bem, se o paciente está acamado, não está se mexendo direito, a gente ta falando em dose profilática. Quando eu falo em dose profilática, a gente não precisa nem monitorizar...com TP, com RNI, com nada. Elas não alteram os exames. Nessa situação, a estatina e a aspirina tem impacto na mortalidade a longo prazo. A estatina comprovadamente reduz o risco de novo AVC. Se o paciente já usa estatina eu mantenho e se não usa, eu aguardo 48hs e depois eu uso, Interessante que mostrou redução da mortalidade no paciente que usei após 48hs, mas no paciente que já usava e foi suspensa, foi pior.

ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS

A aspirina reduz comprovadamente o risco de recorrência de AVC. A gente começa nas 1as 48hs (160 a 300 g). Não houve benefícios quando associado a outros antiagregantes (ticlopidina e clopidogrel), nem com aquele inibidor da GP IIb/IIIa (Abciximabe), pois houve maior risco de sangramento.

ANTICOAGULANTES

Nós temos a Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM) e a Heparina Não Fracionada (HNF). Uma revisão sistemática de 2004 mostrou que esses pacientes com AVC tiveram 9x menor chance de ter um novo AVC e mais 9X maior taxa de hemorragia

OBS1: todos esses critérios são baseados no risco de sangramento

OBS2: AIT (Ataque Isquêmico Transitório): se o déficit resolver em até 24hs eu já posso definir como AIT

OBS3: Se o déficit é leve, temos que pesar: será que vale a pena trombolisar? Será que este paciente não pode melhorar com a fisioterapia sem ser submetido ao risco da trombólise?

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intracraniana. Então, por isso que a gente não utiliza esses anticoagulantes no AVCi. Mesmo em doses profiláticas temos que ter cuidado. Quem são esses anticoagulantes. Nós temos os parenterais e os orais.

PARENTERAIS: normalmente utilizadas a nível hospitalar. Em alguns casos usa-se o Clexane (HBPM) por via subcutânea.

*HBPM (subcutânea): ativa a antitrombina III e não altera TTPA

* HNF (via venosa ou subcutânea): ativa a antitrombina III. Monitoriza com TTPA.

ORAIS: uso de efeito prolongado.

*Varfarina: os Fatores de Coagulação que dependem da Vitamina K são os Fatores II, VII, IX e X. Ela também inibe a Proteína C (outro anticoagulante natural). Esses Fatores precisam ser carboxilados. A enzima carboxilase usa a Vitamina K como Cofator. A Varfarina se assemelha à Vitamina K e impede a sua redução. Ela compete com a Vitamina K. A carboxilase. Então o que acontece: a Protrombina é convertida em Trombina e depois a gente tem a carboxilação. Então eu pego a Vit K e oxido. Essa Vit K precisa ser reduzida pra ser utilizada de novo. A Varfarina compete aqui com essa enzima que reduz a Vitamina K. Então fica a Vit K oxidada sem ser reduzida, pois ela precisa ser reduzida para ser utilizada novamente.

Uma particularidade da Varfarina é que seu efeito terapêutico não é imediato. Tem uma latência de 1 a 3 dias. Pode acontecer trombose no início do tratamento. Então, quando a gente começa a utilizar, a gente precisa usar a heparina junto, nas primeiras 48-72hs. Por que a Varfarina pode levar a um risco de trombose nessas primeiras 48-72hs. Por que isso? Por causa da Proteína C. A Proteína C é um anticoagulante e é inibida pela Varfarina. Acontece que, com o uso da Varfarina, os níveis desse anticoagulante endógeno caem mais rápido que os Fatores de Coagulação, expondo o paciente ao risco de trombose. Em longo prazo, eu terei meu efeito de anticoagulação plena, mesmo com os níveis de Proteína C baixos.

Então, quando eu indico anticoagulação? TVP, TEP, FA, portadores de válvulas mitral e aórtica artificiais não biológicas, trombo atrial, ICC. Contraindicações: sangramento, gravidez, HAS não controlada. No AVCi cardioembólico por ter apresentado uma FA, eu usarei o anticoagulante, pois até o momento ele não tem doença de vaso. Então não entra a estatina ou a aspirina. Uso estatina e aspirina no AVCi trombo-

trombótico (ela falou assim). Como eu vou usar a Varfarina pra ele, a gente não vai associar a um antiagregante plaquetário. Ou usa um ou outro. Gente controla a Varfarina com TP (mantendo o RNI entre 2-3). No paciente do caso, como há risco cardioembólico associado ao risco aterotrombótico, opto por suspender a aspirina e usar a Varfarina que tem um efeito anticoagulante maior, mas ele tem que usar a estatina também. Existem pacientes que têm dificuldades em manter esse RNI entre 2 e 3, pois a Varfarina interage com alimentos, opioides e outras substâncias. Se o paciente sangrar usando a Varfarina a gente aplica a Vitamina K.

NOVOS ANTICOAGULANTES

Alguns mostraram alguns benefícios em relação à Varfarina. Alguns mostraram que não há necessidade de monitorizar e outros mostraram maior estabilidade, principalmente pela interação com alimentos e outros medicamentos da Varfarina.

PRADAXA (DABIGATRANA) – ORAL: o Mecanismo: inibidor direto da trombina. Inibe a trombina livre, a trombina

ligada à fibrina e a agregação de plaquetas induzida pela trombina. Ao inibir a trombina, inibe a conversão de fibrinogênio em fibrina, impedindo o desenvolvimento do trombo.

o Contraindicação: IRC (Clearance de creatinina < 30 ml/min), AVCH nos últimos 6 meses, Ins. Hepática e gravidez

o Vantagem: maior estabilidade. Pacientes com RNI lábio, em uso de Varfarina, podem passar a fazer uso da Pradaxa

RIVAROXABANO (XARELTO): o Mecanismo de ação: bloqueio do Fator Xa

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o Vantagem: não precisa de exame de controle. Todos usam 15 mg e não precisa ficar voltando pra ver RNI.

o Desvantagem: custo elevado

APIXABANO (ELIQUIS): o MA: bloqueio Fator Xao Vantagem: não há necessidade de exames de controle. Todos usam 50 mgo Mesmas contraindicações e recomendações para não associar com HNF,

HBPM, trombolíticos, antiagregantes...

Finalizando, esses pacientes vão precisar de reabilitação (fisioterapia, fonoterapia). Há uma taxa de depressão muito maior nesses pacientes.

OBS: se o paciente cehga na emergência com AVCi, sendo ele cardioembólico ou aterotrombótico, meu objetivo vai ser fazer a trombólise (após afastar os critérios de exclusão). Independente da etiologia da isquemia eu terei que desfazer aquele trombo. A diferença é a conduta posterior. Se for aterotrombótico, ele tem placa, vou usar estatina e aspirina. Se ele tem AVCi cardioembólico, se tem FA, vou fazer o outro tratamento. Por exemplo, o paciente do caso, tem um FA e com um trombo no átrio, eu preciso anticoagular. Em relação à FA, eu posso cardioverter ou anticoagular e inibir a condução atrioventricular pra que o ventrículo não fibrile. Coloco um Beta Bloqueador e o anticoagulante. Se eu pretendo cardioverter eu tenho primeiro que desfazer o trombo e depois cardioverter e manter o antiarritmico. Não posso cardioverter com o trombo lá, pois pode haver deslocamento do trombo. Eu posso primeiro anticoagular e desfazer o trombo e depois cardioverter.

Discussão do Caso 5 – Moodle

Os meninos que apresentaram sugerira: pra redução da PA: IECA + Tiazidico. Para reudzir a condução atrioventricular: Beta bloqueador. Pra dislipidemia a Estatina e como anticoagulante a Varfarina. Falou outra medicação que não

entendi. Alguém questionou o uso do diurético, já que o beta bloqueador também poderia ter esse fim, mas a professora responde que o beta bloqueador tem menor efeito anti-hipertensivo. Seu uso em HAS é muito pela redução da MVO2 e redução da mortalidade. No caso do paciente do AVA, o BB vai entrar simplesmente para reduzir a condução atrioventricular. Ela concordou com os meninos em relação ao uso do diurético (hidrocloratiazida), pois diz ter ótimos resultados no controle da PA em pacientes com AVC.